Língua baniua
Baniua (Baníwa) | ||
---|---|---|
Falado(a) em: | Brasil, Venezuela e Colômbia | |
Região: | Rio Içana | |
Total de falantes: | 6 070 (1983 SIL) | |
Família: | Aruaque Japurá-Colômbia Baniua (Baníwa) | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | São Gabriel da Cachoeira, e de todo o estado do Amazonas | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
| |
ISO 639-2: | --- | |
ISO 639-3: | bwi
| |
A língua baniua,[1] também conhecida como baniba, baniva[2] Baníwa,[3] baniua do içana, dakenei, issana, kohoroxitari ou maniba é uma língua aruaque falada pelo povo Baniwa, constituído de aproximadamente 4 700 indígenas localizados às margens do rio Içana, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela.
É um dos idiomas oficiais do município de São Gabriel da Cachoeira desde 2003, ao lado do nheengatu, do tucano e do português. Tem diversos dialetos, como o carútana (já extinto), hohodené (hoódene, hohodena, kadaupuritana, cadaupuritana), siusy-tapuya (seuci, siuci, siusi).
Em 2023, foi declarada língua oficial de todo o Amazonas, juntamente com outras 15 línguas indígenas.[4]
Dialetos
[editar | editar código-fonte]A língua baniwa-koripako tem três superdialetos (Ramirez 2020: 44):[5]
- Superdialeto Meridional (Karotana): no baixo rio Içana, mais um grupo vivendo em Victorino no rio Guainia (fronteira Colômbia-Venezuela). Subdialetos:
- mapatsi-dákeenai (yurupari-tapuya)
- wadzoli-dákeenai (urubu-tapuya)
- dzawi-mínanai (yauareté-tapuya)
- adaro-mínanai (arara-tapuya)
- Superdialeto Central (Baniwa): no médio rio Içana (da missão Assunção até Siuci-Cachoeira) e seus afluentes (rio Aiari e baixo rio Cuiari). Subdialetos:
- hohódeeni
- walipere-dákeenai (siucí-tapuya)
- máolieni (cáuatapuya)
- mápanai (ira-tapuya)
- awádzoronai
- molíweni (sucuriyú-tapuya)
- kadáopoliri
- etc.
- Superdialeto Setentrional (dito “Koripako” no Brasil): no alto rio Içana (de Matapi acima), rio Guainia, cabeceiras do rio Cuiari. Subdialetos:
- ayáneeni (tatú-tapuya)
- payoálieni (pacútapuya)
- komada-mínanai (ipéca-tapuya)
- kapitti-mínanai (coatí-tapuya)
- etc.
Comparação lexical dos dialetos baniwa-koripako (Ramirez 2020: 45-46):[5]
Português | Superdialeto Centrais | Superdialeto Setentrionais | Victorino | Tariano |
---|---|---|---|---|
cabeça | -hiwida | -hiwida | -hiwida | -hiwida |
cabelo | -tʃi-kʊɺe | -tʃi-kʊɺe | -tsi-kʊɺe | -tʃi-aɺe |
dente | -ee(-tsha) / -jai | -eetʃha | -jai | -ee / -ja |
unha | -tsʊta / tsʊɺa | -tʃʊta | tsʊɺa | -ʊʊpada / -tsʊta |
costas | -t̪ama | -danhiit̪e | -inhaapi | -tsame |
fígado | -jhʊpana | -jhʊʊpana | -kabaɺe (< baré) | -kaɺe-tana |
onça | dzaawi | jaawi | dzaawi | jaawi |
cobra | aapi | aapi | eepi-tsi | ããpi |
pássaro | kepiɻa | wiiphiaɻʊ | tsiika | kepiɾa |
galinha | kaɺaka | kʊama | kaɺaka | kaɺaka |
criança | i-eni-pe-t̪i | i-eni-pe-t̪i | mhaapeni | i-eni-pe |
sol | kamʊi | heeɻi | kamʊi | keeɾi (“lua”) |
rede | pieta | aamakʊ, aapieta | makaithepa | aamakʊ |
ir | -aa | -aa | -pitʊ | -aa |
brincar | -tʊpika | -tʊpika | -matshʊʊta | -manika |
cortar | -takhaa | -jʊa | -takhaa | -apitsa |
lavar | -kʊtshʊ | -hipa | -kʊtshʊ | -hipa |
morrer | maɺiʊme | ma-jami | -dzaami | -jami |
nadar | -aajhaa | -hiɲa | -aanhaa | -aajhaa |
saber | -aanhee | -anhii | -aanhee | -aanhi |
ter medo | kaaɻʊ | kaaɻʊ | kaiwaa | kaɾʊ |
virar | -kapʊkʊ | -kabʊkʊ | -pedʊkeeta | -kapʊkʊ |
velho | pedaɺia | pekiɻi | pedaɺia | pedaɺia |
comprido | japi | haɺipa | japi | wia |
longe | jakaa | teekʊ | jakaa | wia-ka |
pesado | hamiɲa | hamiɲa | hameɻʊ | hamiɲa |
aqui | aahã | aahĩ | aakhe | hĩ |
como? | kʊame? | kʊahĩ? | kʊadzʊ? | kʊena? |
não | ɲame, kaɻʊ | ɲame, kʊɻi | kheni, kaɻʊ | kʊɾipʊa, -kade |
sim | ʊʊhʊ͂ | ʊʊhʊ͂, aahã | eehe͂ | aahã |
Falantes
[editar | editar código-fonte]Os baniuas ou Baníwa vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela, em Assunção do Içana[6] e outras aldeias localizadas às margens do rio Içana (um dos principais afluentes do Rio Negro) e seus tributários (Cuiari, Aiairi e Cubate). Há também comunidades no Alto Rio Negro/ Guainía (denominação do rio Negro acima da confluência com o canal de Cassiquiari[7]) e nos centros urbanos de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. Já os Curripacos ou Kuripako, que falam um dialeto da língua baniua, vivem na Colômbia e no Alto Içana (Brasil).
As etnias aparentadas são exímias na confecção de cestaria de arumã (Ischnosiphon arouma), cuja arte milenar lhes foi ensinada pelos heróis criadores e que, hoje, vem sendo comercializada no mercado brasileiro.
Recentemente, os Baníwa têm se destacado pela participação ativa no movimento indígena da região. Trata-se de um complexo cultural de 22 etnias diferentes, mas articuladas em uma rede de trocas e em grande medida identificadas no que diz respeito a organização social, cultura material e visão de mundo.[8]
Havia cerca de 5 460 falantes de baniua no Brasil em 1983 (Conf. SIL), sendo 4 047 da tribo do mesmo nome, mil Hohodené e 403 Seuci. Na Venezuela, eram 610 de um total étnico baniua de 2 048 pessoas.[9] No Brasil, vivemàs margens do rio Içana e, na Venezuela, estão nas proximidades dos rios Curipaco e Guarequena, junto à fronteira com a Colômbia.
A língua baniwa do Içana compreende uma série de dialetos correspondentes aos vários pequenos grupos em que se divide essa etnia. Esses grupos se distribuem ao longo do rio Içana, seus afluentes e subafluentes, no extremo norte do estado do Amazonas, e são às vezes referidos como Karútana (os que habitam a região do Baixo Içana) e Koripaka, Koripako ou Kuripako ( os que habitam o Alto Içana). São mais de 20 grupos denominados individualmente por etnônimos em língua baniwa do Içana e na língua geral amazônica (nhangatu). Assim, entre os Karútana, incluem-se, entre outros, os Adáru-minanei (Arára-tapúya: ‘gente da arara’), os Dzawi-minanei (Yawareté-tapúya: ‘gente da onça’). Entre os Kuripako, estão os Adzáneni (Tatu-tapúya: ‘gente do tatu’) e os Kapité-mnanei (Kuatí-tapúya: ‘gente do quati’), entre outros.
Os grupos nas áreas dos rios Içana e Ayarí que falam a língua baniua são: Hohodené, Kadaupuritana, Sucuriyu-Tapuya, Siusy-Tapuya, Irá-Tapuya, Kawá-Tapuya, Walipere-dakenai.
São nômades e se deslocam entre o Brasil, a Venezuela e a Colômbia. Muitos falam o espanhol ou o português e alguns usam o alfabeto latino para escrever em língua baniua.
Escrita
[editar | editar código-fonte]Como todas as línguas nativas da Amazônia, o baniua usa o alfabeto latino, que, para o idioma, tem a forma como segue:
- vogais - são A, E, I, U nas formas curta e longa (dupla).
- consoantes - a língua utiliza menos consoantes se comparada ao português, não tem C, F, G, L, Q, V, X, Z; o S não aparece isolado; tem os conjuntos Dz, Kh, Ph, Rr, Th, Ts, o Ñ e o apóstrofo (').
Fonologia
[editar | editar código-fonte]Bilabial | Dental | Alveolar | Palatal | Velar | Glotal | ||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Stop | plain | p | t̪ | t | k | ||
aspirada | pʰ | t̪ʰ | tʰ | kʰ | |||
sonora | b | d | |||||
Africada | plana | ts | tʃ | ||||
sonora | dz | dʒ | |||||
Fricativa | plana | ʃ~ʂ | h | ||||
sonora | ʒ~ʐ | ||||||
Vibrante | ɺ | ||||||
Nasal | m | n | ɲ | ||||
Aproximante | w | j |
Anterior | Posterior | |
---|---|---|
Fechada | i iː | |
Medial | e eː | o oː |
Aberta | a aː |
Gramática
[editar | editar código-fonte]Alinhamento
[editar | editar código-fonte]Baniua apresenta um alinhamento ativo-passivo.[11] Isso significa que o sujeito de uma cláusula intransitiva às vezes é marcado da mesma maneira que o agente de uma cláusula transitiva]] e, às vezes, da mesma maneira que o agente da passiva de uma cláusula transitiva. Em Baniua, o alinhamento é realizado através de concordância verbal, a saber, por prefixos e enclíticos.
Prefixos são usados para:
- Sujeitos de transitivos ativos (S a )
- Agentes de cláusulas transitivas (A)
- Possuidores
- Argumentos de adposições
Os enclíticos são usados para marcar:
- Sujeitos de intransitivos estáticos (S o )
- Passivos de cláusulas transitivas (O)
Prefixos | Enclíticos | |||
---|---|---|---|---|
singular | plural | singular | plural | |
1ª pessoa | nu- | wa- | -hnua | -hwa |
2ª pessoa | pi- | i- | -phia | -ihia |
3ª pessoa não-feminina | ri- | na- | -ni/ -hria | -hna |
3ª pessoa feminina | ʒu- | |||
Impessoal | pa- | -pha |
As diferenças entre cláusulas intransitivas ativas e predicativas podem ser ilustradas abaixo:
- Transitivo: ri-kapa-ni 'Ele o vê'
- Intransitivo ativo: ri-emhani 'Ele caminha'
- Intransitivo predicativo: hape-ka-ni 'Ele é frio'
Classe de substantivos
[editar | editar código-fonte]Baniua tem um sistema interessante de classificação de substantivos que combina um sistema de gênero] com um sistema [lassificador de substantivos.[12] Baniua tem dois gêneros: feminino e não feminino. A concordância para o gênero feminino existe somente para se referir a referentes femininos, enquanto que para o gênero não feminino é usado para todos os outros referentes. Os dois gêneros se distinguem apenas na terceira pessoa do singular. Aihkenvald (2007) considera que o sistema de gênero bipartido é herdado do Proto-Aruaque.[12]
Além do gênero, o Baniua também possui 46 classificadores. Os classificadores são usados em três contextos principais:[12]
- Como sufixo derivacional dos substantivos, Ex.: tʃipaɾa-api (CL – objeto metálico oco) 'panela'
- Com numerais, Ex.: apa-api mawapi (Uma-CL. Arma oca- CL. Longa fina) 'uma arma de fogo'
- Com adjetivos, Ex.: tʃipaɾa-api maka-api (objeto metálico -CL.grande oco-CL.oca) 'panrla grande'
Aihkenvald (2007) divide os classificadores Baniua em quatro classes diferentes. Um conjunto de classificadores é usado para seres humanos, seres animados e partes do corpo. Outro conjunto de classificadores especifica a forma, consistência, quantificação ou especificidade do substantivo. Mais duas classes podem ser distinguidas. Um é usado apenas com números e o outro é usado apenas com adjetivos.[12]
Classificadores para Humanos seres animados:[12]
Classificador | Uso | Exemplo |
---|---|---|
-ita | para machos animados e partes do corpo | apa-ita pedaɾia 'um homem idoso' |
-hipa | só para humanos masculinos | aphepa nawiki 'homem idoso' |
-ma | for female referents | apa-ma inaʒu 'uma mulher' |
Classificadores de acordo com forma, consistência, quantificação e especificidade:[12]
Classificador | Uso | Exemplo |
---|---|---|
-da | objetos redondos, fenômenos naturais e classificador genérico | hipada 'pedra' |
-apa | seres animados, semi-ovais, voadores | kepiʒeni 'ave' |
-kwa | algo plano, redondo, extensos | kaida 'praia' |
-kha | objetos curvilíneos | a:pi 'cobra' |
-na | objetos verticais em pé | haiku 'árvore' |
-Ø | objetos ocos e pequenos | a:ta 'copa' |
-maka | objeto extensíveis | tsaia 'saia' |
-ahna | líquidos | u:ni 'água' |
-ima | ladoss | apema nu-kapi makemaɾi 'um lado grande de minha mão' |
-pa | caixas, pacotes | apa-'pa itsa maka-paɾi uma grande caixa de anzóis' |
-wana | fatia fina | apa-wana kuphe maka-wane 'uma grande fatia de peixe' |
-wata | pacote para transporte | apa-wata paɾana maka-wate 'um pacote grande de bananas' |
-Ø | canoas | i:ta 'canoa' |
-pawa | rios | u:ni 'rio' |
-ʃa | excremento | iʃa 'excremento' |
-ya | peles | dzawiya 'pele de jaguar' |
Os classificadores associados aos nomes de animais e plantas (Ramirez 2020: 234-235):[5]
- -da 'arredondado'
- Certos mamíferos: porco, tatu, paca, rato, cuandu.
- Certas aves, geralmente pequenas e de forma arredondada: inambu, pombo, etc.
- Certos peixes, geralmente de forma arredondada: acará, pacu, piranha, bodó, anujá, pirarara, etc.
- Outros animais de forma arredondada: jabuti, caracol, mosca, besouro, pulga, piúm, ura (larva), maruim, mucuim, etc.
- Frutos e tubérculos arredondados: goiaba, pimenta, mamão, manga, limão, laranja, abiu, maracujá, grão de feijão, mandioca, cará, etc.
- -na 'forma de tronco, de pé de árvore'
- Certos mamíferos, geralmente quadrúpedes (que estão “de pé”): cão, gato, onça, anta, boi, tamanduá, veado, irara, lontra, quati, capivara, cutia, mucura, boto.
- Árvore, pau, esteio, lenha, maniva.
- -aápa 'oblongo, alongado'
- Muitas aves: arara, papagaio, jacamim, urubu, coruja, beija-flor, gavião, mutum, jacu, cujubim, japim, gaivota, pica-pau, garça, saracura, pato, tucano, martim-pescador, anu, bacurau, bem-te-vi, pipira, andorinha, etc.
- Certos peixes: aracu, jacundá, traíra, peixe-cachorro, etc.
- Outros animais: camarão, vespa, mutuca, carapanã, grilo.
- Certos tubérculos ou frutos oblongos: milho, macaxeira, ingá, banana, abacaxi, etc.
- -iíta 'achatado'
- Certos mamíferos: macaco, esquilo, morcego, jupará.
- Certos peixes: mandi, tucunaré, arraia, piaba, etc.
- Quelônios aquáticos, sapos e rãs.
- Outros animais, principalmente insetos: formiga, abelha, cupim, aranha, escorpião, barata, piolho, gafanhoto, libélula, borboleta, carrapato, caranguejo, etc.
- -khaa 'serpentiforme, filiforme'
- Cobras e lagartos.
- Minhocas e lagartas.
- Miriápodes: embuá, lacraia.
- Certos peixes de forma serpentiforme: poraquê, muçum, sarapó, jandiá, surubim, piraíba, etc.
Negação
[editar | editar código-fonte]Existem dois modos independentes principais para negação nas variedades Kurripako-Baniua:
- Marcadores negativos independentes
- O prefixo derivativo privativo ma-
Diferentes variedades têm diferentes marcadores negativos. Isso é tão proeminente que os falantes identificam os dialetos de Kurripako de acordo com as palavras 'sim' e 'não'.
Dialeto | Falado em | Sim | Não |
---|---|---|---|
Aha-Khuri | Colômbia, Venezuela & Brasil | Aha | Khuri |
Ehe-Khenim | Venezuela | Ehe | Khenim |
Oho-Karo | Colômbia & Brasil | Oho | Karo |
Oho-Ñame | Colômbia & Brasil | Oho | Ñame |
Os marcadores negativos independentes vêm antes do verbo. São usados como negadores orais em sentenças declarativas e interrogativas. Sãotambém são usados para vincular cláusulas.
O sufixo privativo é anexado aos substantivos para derivar um verbo que significa 'sem' o substantivo do qual foi derivado. O oposto do prefixo privativo é o prefixo atributivo ka- . Isso deriva um verbo que significa 'ter' o substantivo do qual foi derivado. A diferença pode ser ilustrada abaixo:
- Substantivo: iipe 'carne'
- Privativo: ma -> meepe 'ser magro' (lit. falta carne)
- Atributivo: ka - iipe> keeppe 'ser gordo' (lit. tem carne)
Esses prefixos são utilizados em combinação com o sufixo restritivo -tsa para formar imperativos negativos: Ex. ma-ihnia-tsa 'não coma!'. Um prefixo privativo também é reconstruído no Proto-Arawak privativo como * ma-.a! ' Um prefixo privado também é reconstruído no privativo Proto-Arawak como * ma-.[13]
Ordem das palavras
[editar | editar código-fonte]Granadillo (2014) considera o Baniua como uma língua Verbo-Objeto-Sujeito (VOS).
Vocabulário
[editar | editar código-fonte]Verbos
[editar | editar código-fonte]Baniua | Português |
---|---|
Kapa | Ver |
Za | Beber |
Hima | Ouvir |
Cami | Morrer |
Nu | Vir |
Lista de palavras
[editar | editar código-fonte]Lista de palavras baniuas (Sousa 1959):[15]
Português | Baniua |
---|---|
homem | atxinari (txi, muito rápido) |
mulher | inarru |
menino | iene-pati |
menina | inarru |
criança | iém-bêti |
rapaz | atxinarru (ou i) |
moça | inarru |
pai | pa-dzô |
mãe | noo-duá |
filho | noenipé |
filha | noo-idô |
neto | nudâ-querri |
neta | nudâ-quedua |
genro | nutxi-marré |
nora | noo-itô |
tio | noo-querri |
tia | nocuirrô |
sobrinho | ni-ri |
sobrinha | nôpérrirri |
cunhado | nô-ri |
cunhada | nó-i-duâ |
avô | noo-perri |
avó | indaquê-duâ |
cabeça | nê-uí-dâ |
olhos | nô-txi |
olho direito | nôtxi-macaia |
olho esquerdo | nocâ-cudâ |
cabelo | notxi-coré |
testa | noécoá |
orelhas | noéni |
ouvido | nonacorico |
nariz | itacó |
boca | nunumá |
língua | noénêné |
dentes | noé-txá |
lábios | nunumaia |
face | nuca-cuiá |
queixo | nué-râ ("r" brando) |
pescoço | nué-galicô |
ombros | nuqui-apá |
peito | nô-cudá |
costa, costelas | numiruâpi |
coração | nucàrê |
pulmão | nô-êni |
barriga | nô-au-á |
braço direito ou esquerdo | noná-pâ |
mão direita ou esquerda | nô-capi |
umbigo | nô-motxi |
dedos | nô-capuira |
perna | nô-côtxi |
pé | nô-ipá |
dedos do pé | nô-ipé-uidá |
calcanhar | nô-corô-dâ |
unha | nossô-tá |
céu | e-enô |
estrelas | e-uitxi |
sol | amôri |
lua | kê-rri |
raio, trovão | e-enô |
dia | ê-quapi |
noite | de-pi |
morro, montanha | i-zzapá |
rio | u-uni |
lago | cá-retá |
chuva | i-zzá |
vento | cuára |
igarapé | inhâu-opô |
água | u-ni |
ilha | qué-véré |
cachoeira | ri-ipá |
roça | kênihé |
casa | pan-etê |
canoa | ni-dá |
rancho | ti-iná |
terreiro | i-ipaí |
fogo, lenha | ti-izzé |
tição, brasa | tizé-vên |
rede | iê-tá |
chão | u-paí |
árvore | ai-cô |
moquém | nu-miqué |
cuia | cuia |
comida | nô-inhau-adá |
faca | cápa |
machado | má-târi |
panela | tô-rrô |
pote de barro | tô-rô-dá |
balaio | guaraia |
peneira | dôpêtzi |
banana | paraná |
beiju | pé-tké |
mandioca | cae-ini |
farinha | ma-tçoca |
batata-doce | nôo-cacá; cará-atxi |
pimenta | a pi |
cana | mâpa |
galinha | matxucá |
ovo | rie-fé |
cachorro | ci-nô |
porco | a-pidzá |
onça | tzzâui |
veado | né-irri |
cutia | ti-itxi |
tatu | aridâri |
anta | ê-má |
jacaré | cal-xerri |
peixe | cu-pé |
paca | dapâ |
bicho | acôrro |
formiga | hamé |
conta, miçanga | marôio |
sal | iuquira (língua geral) |
fósforos | palito (língua geral) |
sabão | sabão |
calça | txurra |
camisa | camisá |
chapéu | chapéu |
pente | ma-uidá |
sim | hôn-hôn |
não, nada ou não tem nada | curi-papa |
solteira [-o?] | nô-i-nô |
casado | nô-i-nêrri |
viúvo | nô-ine-dzangó |
bonito, bom | ma-txi-ádê |
feio | dôpo |
ruim | matxidé |
frio | a-pêrri |
quente | a-mûdê |
febre | tacûa |
dor | cá-idê |
1 | pauéridza |
2 | dzamâuari |
3 | madariaui |
4 | uadáca |
5 | cinco (contando nos dedos) |
6 | seis (contando nos dedos) |
7 | sete (contando nos dedos) |
8 | oito (contando nos dedos) |
9 | nove (contando nos dedos) |
10 | dez (contando nos dedos) |
Frases
[editar | editar código-fonte]Frases baniuas:[16]
Português | Baniua |
---|---|
Tenho sede | Dépi-atoâ |
Tenho fome | Nauitá-caí |
Estou doente | Manupé-dê |
Estou com sono | Numá-toâ |
Quero dormir | Numatêna |
Traga-me um pouco dágua | Pidé-oni |
Tem fruta? | Panêreta-atxi? |
Tem alguém doente? | Idzá-migoitá? |
O que você quer de pagamento? | Quapiu-mariricuada? |
Boa-noite | Dzamóre |
Bom-dia | Pauari-ecuápe |
Vou trabalhar na roça | Manu-câ |
Quantos filhos têm? | Manupé-dê? |
Mora aqui há muito tempo? | Opinapi-ha-cuá? |
Quantos anos? | Paná-hamuri? |
Amostra de texto
[editar | editar código-fonte]- 1. Liaji iacoti Cafidali, liofa caidalitsa, liofa lipeyatoa linaita piomi liaji pacapali tsaca, oopi liofa Dios iinai caidalitsa ima Dioscan.
- 2. Niini nocaiteca, oopipia lipeyatoa linaita cucacatsa liofa Dios iinai.
- 3. Nite liaji Dios licada linaita piomi; curritsa cuca inaitaca cucacatsa icamitsa liatsa inaita piomi
Português
- 1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
- 2. O mesmo aconteceu no princípio com Deus.
- 3. Todas as coisas foram feitas por ele; e sem ele nada do que foi feito foi feito.[17]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- APOLINÁRIO, Valkiria. Estudo de aspectos fonológicos do Baníwa (Aruák) do médio Içana, por uma falante nativa. 2020. 72 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
- Angenot, Jean-Pierre; Valadares, Simoni B.; Martins, Valteir (1992). Um processo de metátese no complexo baniwa/Kuripako, subgrupo Arawak do Rio Negro: Análise sincrônica e diacrônica. In J.-P. Angenot et al. (eds). Estudos Arawák do NUPELA, n°1: 61-67. Florianópolis: UFSC Working Papers in Linguistics, 53.
- Bedoya, Octavio de Jesús (1992). Diccionario Kurripako. Bogotá: Fundación Etnollano.
- Bezerra, Zenilson Agostinho (1997). Processos fonológicos e as subclasses dos morfemas em Curipaco. São Gabriel da Cachoeira: Missão Novas Tribos do Brasil (manuscrito).
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- Bezerra, Zenilson Agostinho (2014b). Dicionário Koripako/Português. Manaus: Missão Novas Tribos do Brasil.
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- González-Ñáñez, Omar (1985). Los numerales en um dialecto curripaco. Boletín de Lingüística 11: 15-28. Caracas.
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- Granadillo, Tania (2004). Nominal possessives in the Ehe dialect of Kurripako: morphology, phonology and semantics. Coyote Papers: Working Papers in Linguistics 13: 31-39. Universidade de Arizona.
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- Loewen, Henry (1991). Dicionário Português/Baniua e Baniua/Português. New Tribes of Brasil (manuscrito).
- Santos, Sérgio A. Botileiro dos (1996). Análise fonológica da língua curipaco, descrição preliminar. New Tribes of Brasil (manuscrito).
- Scheibe, Paul (1957). Phonemic analysis of Baniua. New Tribes of Brasil (manuscrito no Museu Nacional, Rio de Janeiro).
- Souza, Erick Marcelo Lima de (2012). Estudo Fonológico da língua Baniwa-Kuripako. Dissertação de Mestrado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
- Taylor, Gerald (1991). Introdução à Língua baniwa do Içana. Campinas: UNICAMP.
- Taylor, Gerald (s.d.). Breve léxico da língua baniwa do Içana (manuscrito).
- Wright, Robin (1981). The history and religion of the Baniwa Peoples of the upper Rio Negro Valley. Tese de doutorado. Universidade de Stanford.
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Baniua». Michaelis On-Line. Consultado em 6 de janeiro de 2023
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 229.
- ↑ Dicionário Houaiss: Baníwa
- ↑ https://www-em-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/www.em.com.br/app/noticia/diversidade/2023/07/21/noticia-diversidade,1523437/amp.html?amp_gsa=1&_js_v=a9&usqp=mq331AQIUAKwASCAAgM%3D#amp_tf=De%20%251%24s&aoh=17069806520707&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&share=https%3A%2F%2Fwww.em.com.br%2Fapp%2Fnoticia%2Fdiversidade%2F2023%2F07%2F21%2Fnoticia-diversidade%2C1523437%2Festado-do-amazonas-passa-a-ter-16-linguas-indigenas-oficiais.shtml Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ a b c Ramirez, Henri (2020). Enciclopédia das línguas Arawak: acrescida de seis novas línguas e dois bancos de dados. 1 1 ed. Curitiba: Editora CRV. 412 páginas. ISBN 978-65-5578-895-2. doi:10.24824/978655578895.2
- ↑ PINTO, Ilzon Castro et al. Agrofloresta: Sustentabilidade na Comunidade Indígena Assunção do Içana – AM. Rev. Bras. De Agroecologia/nov. 2009 Vol. 4 No. 2
- ↑ Melatti, Julio Cezar. Áreas Etnográficas da América Indígena. Capítulo 13 - Noroeste da Amazônia Arquivado em 22 de julho de 2015, no Wayback Machine..
- ↑ MELATTI, Julio. Áreas etnográficas da América indígena Arquivado em 16 de agosto de 2013, no Wayback Machine.. Capítulo 13 Noroeste da Amazônia Arquivado em 22 de julho de 2015, no Wayback Machine.
- ↑ Indígenas do Brasil . Baniwa
- ↑ de Souza, Erick Marcelo Lima (1986). Estudo Fonológico da Língua Baniwa-Kuripako (PDF). [S.l.: s.n.]
- ↑ Aikhenvald, "Arawak", in Dixon & Aikhenvald, eds., The Amazonian Languages, 1999.
- ↑ a b c d e f Aikhenvald, Alexandra (2007). «Classifiers in Multiple Environments: Baniwa of Içana/Kurripako—A North Arawak Perspective on JSTOR». International Journal of American Linguistics. 73 (4): 475. doi:10.1086/523774
- ↑ Michael, Lev; Granadillo, Tania; Granadillo, Lev Michael|Tania (1 de janeiro de 2014). Negation in Arawak Languages » Brill Online. [S.l.: s.n.] doi:10.1163/9789004257023
- ↑ «The ASJP Database - Wordlist Baniva». asjp.clld.org. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ SOUSA, Boanerges Lopes de. Do rio Negro ao Orenoco (a terra - o homem). Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/Conselho Nacional de Proteção aos Índios, 1959. p. 238-9. (Vocabulários e dicionários de línguas indígenas brasileiras.)
- ↑ SOUSA, Boanerges Lopes de. Do rio Negro ao Orenoco (a terra - o homem). Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/Conselho Nacional de Proteção aos Índios, 1959. p. 238-9. (Vocabulários e dicionários de línguas indígenas brasileiras.)
- ↑ Bíblia – Rei James em Baníua
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Povos Indígenas no Brasil. Instituto Socioambiental. Baniwa
- Baniwa no Ethnologue
- Native languages - Baniwa
- Orinoco.org Baniwa
- Baniwa - Omniglot
- SOUZA, Erick Marcelo Lima de; Estudo fonológico da Língua Baniwa-Kuripako. Campinas: Unicamp, 2012.
- Vocabulário baniua 1 - SOUSA, Boanerges Lopes de. Do rio Negro ao Orenoco (a terra - o homem). Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/Conselho Nacional de Proteção aos Índios, 1959. p. 238-9.
- Vocabulário baniua 2 - Schuller (1911)
- Portal Japiim (Dicionários das Línguas Indígenas do Brasil)