Joana Antunes
PhD | The Limit of the Margin in Portuguese Art (14th to 16th century)
["O Limite da Margem na Arte em Portugal (sécs. XIV-XVI)"]
Master's Degree Dissertation | An Epopee between Sacred and Profane: the choir stall of Santa Cruz de Coimbra's monastery, FLUC, 2011.
["Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: o cadeiral de coro do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra"]
["O Limite da Margem na Arte em Portugal (sécs. XIV-XVI)"]
Master's Degree Dissertation | An Epopee between Sacred and Profane: the choir stall of Santa Cruz de Coimbra's monastery, FLUC, 2011.
["Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: o cadeiral de coro do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra"]
less
Related Authors
Lúcia Maria Cardoso Rosas
Universidade do Porto
Luís U Afonso
University of Lisbon
Hugo Miguel Carriço
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Silvia Ferreira
FCSH, Universidade Nova de Lisboa (Portugal)
Saul António Gomes
Universidade de Coimbra
Pedro Redol
FCT / Universidade Nova de Lisboa
Maria João Pereira Coutinho
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa
Milton Pacheco
Universidade de Coimbra
InterestsView All (23)
Uploads
Books by Joana Antunes
I. O Espaço Devocional - a ponderação sobre a interação entre igreja e liturgia, em que o espaço assume a obrigatória reciprocidade com os objetos litúrgicos.
II. Ordenação, Regra e Espaço - a focalização do olhar sobre as dependências monásticas na circunscrição da obediência à Regra, refletindo sobre os problemas ligados à circulação interna e eficácia no usufruto do espaço.
III. Quotidiano e Reserva - a abordagem aos espaços normalmente arredados da visibilidade ao exterior, como a enfermaria, o dormitório, a cerca ou os paços que dialogam com o contexto clerical (interferindo nas áreas da saúde, repouso, lazer e morada), mas vitais para a estabilidade da estrutura material e espiritual das comunidades.
ÍNDICE
Apresentação
I. O ESPAÇO DEVOCIONAL
The fresco decoration of the church of the Cassinese monastery of San Sisto in Piacenza, Italy: meaning and function
Sonia Cavicchioli
Ritual, objetos litúrgicos e imagens nos Mosteiros de Santa Maria de Pombeiro e Alcobaça
Lúcia Maria Cardoso Rosas
O tesouro de Santa Clara-a-Velha: funcionalidade e articulação com a liturgia
Francisco Pato de Macedo
«Mais lugar pera se ver a Deos somente»: os cadeirais de coro manuelinos e a sua (in)visibilidade no espaço monástico
Joana Antunes
A festa do Corpus Christi no Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV
Catarina Fernandes Barreira
O quotidiano musical no fim da Europa no século XVII: uma perspectiva sobre os primeiros anos do convento de S. Boaventura em Santa Cruz das Flores
Luís Henriques
II. ORDENAÇÃO, REGRA E ESPAÇO
Pratiques dévotionnelles et organisation de l’espace ecclésial dans les établissements de moniales au Moyen Age
Nicolas Reveyron
O coro alto: o convento de Cristo no arranque da Reforma Católica
Maria de Lurdes Craveiro
Espaço e vida monástica: a cartuxa de Évora entre a fundação quinhentista e a renovação pós-conciliar da vida religiosa
João Luís Inglês Fontes, Maria Filomena Andrade
Reformas Humanistas: o mosteiro de S. Miguel de Refojos de Basto e a fundação dos colégios de S. Bento e de S. Jerónimo, em Coimbra
Manuel Joaquim Moreira da Rocha
«El nuestro modo de proceder» e a especificidade da arquitectura da tipologia escolar jesuíta na província lusitana (1580-1759)
Inês Gato de Pinho
III. QUOTIDIANO E RESERVA
A última reforma do mosteiro da Batalha: 1541-1562
Pedro Redol
De scriptoria: para uma iconografia do espaço doméstico nos séculos XV e XVI
Marta Simões
«Para recreação de huns conegos clausurados»: estrutura e programa artístico da cerca monástica de São Vicente de Fora
Sandra Costa Saldanha
A capela do cruzeiro no dormitório novo do Convento de Cristo: o discurso moralizador em espaço de repouso
Gabriel Pereira
O Paço do Vigário na vila intra-muros de Tomar
Maria José Travassos Bento
O Paço do Infante D. Henrique no Convento de Cristo, em Tomar
Luísa Trindade, André Dias Goes
Recuperando o universo devocional que motivou a criação das obras de arte, constitui uma obra de referência nos domínios da História da Arte, da Iconografia e da Conservação e Restauro.
Com coordenação científica de Maria de Lurdes Craveiro, Joana Antunes e Carla Alexandra Gonçalves, constitui o catálogo da exposição “No Rasto da Devoção: Escultura em Pedra no Convento de Cristo (século XIV-XVI)”, patente no Convento de Cristo, Tomar, até ao dia 27 de Julho de 2018.
ÍNDICE
Apresentação
Andreia Bianchi Aires de Carvalho Galvão
Introdução
Maria de Lurdes Craveiro, Joana Antunes, Carla Alexandra Gonçalves
I. A proteção patrimonial no Convento de Cristo
Maria de Lurdes Craveiro
II. O habitat da escultura
Joana Antunes
III. A formação e a organização do trabalho escultórico
Carla Alexandra Gonçalves
IV. Escultura devocional: da oficina de Mestre Pero ao estaleiro da Batalha
Francisco Pato de Macedo
V. A grande oficina: entre Coimbra e Tomar
1. O SÉCULO XV: OFICINAS E PODER NOS CIRCUITOS DA IMAGEM
Joana Antunes
2. O SÉCULO XVI: HUMANISMO, DESCOBERTA E ESPIRITUALIDADE
Maria de Lurdes Craveiro
2.1. João de Ruão
Carla Alexandra Gonçalves
3. IMAGENS INVISÍVEIS E MUNDO SENSÍVEL: FUNÇÃO E REPRESENTAÇÃO NA PINTURA E NA ESCULTURA PORTUGUESAS DOS SÉCULOS XV E XVI
Dalila Rodrigues
3.1. Anjo Ceroferário
Joana Antunes
3.2. A Virgem do Leite
Carla Alexandra Gonçalves
3.3. Calvário
Joana Ramôa Melo
3.4. Santíssima Trindade
Carlos A. Moreira Azevedo
3.5. S. Brás
Maria José Goulão
3.6. Arcanjo S. Miguel
Mário Jorge Barroca
3.7. Outras devoções: S. Sebastião, S. Roque e S. Vicente
Carlos A. Moreira Azevedo
VI. Intervenção de conservação e restauro
4. NO RASTO DA DEVOÇÃO: INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Fernando Costa, Catarina Cunha, Nuno Pereira, Marco Rocha
5. NO RASTO DO ORIGINAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO MATERIAL E TÉCNICO DE ESCULTURA POLÍCROMA
Ana M. Cardoso, Ana F. Machado, António Candeias, José C. Frade, Sara Valadas
VII. Catálogo
Carla Alexandra Gonçalves, Joana Antunes, Madalena Cardoso da Costa, Maria de Lurdes Craveiro, Maria João Vilhena de Carvalho, Pedro Ferrão
Bibliografia
Resulting from recent research developed from the privileged viewpoint offered by the margin, this volume brings together the contributions of young researchers along with the work of career scholars. Likewise, it does not obey a traditional or a rigid diachronic structure, being rather organized in three major parts that organically articulate the different essays. Within each of these parts in which the book is divided, papers are sometimes organized according to their timeframes, providing the reader with an encompassing (though not encyclopedic) overview of the common ground over which the various artistic disciplines build their methodological, theoretical, and thematic centers and margins. The intended eccentricity of this volume – and the original essays herein presented – should provide researchers, scholars, students, artists, curators, and the general reader interested in art with a refreshing approach to its various scientific strands.
Talks by Joana Antunes
O que é, no entanto, a margem na arte medieval? Onde se encontra? Como se define? Estas questões, fundamentais para a compreensão da arte medieval no seu todo, encontram na representação do corpo – o corpo humano que assume, nestes espaços, a prolixidade fisiológica do animal e do monstro – o indicador seguro de uma resposta instável. Mais do que explicar-se através do seu posicionamento marginal numa dada obra, a representação grotesca do ser humano, tornada demasiado expressiva por uma gesticulação exagerada, explicitamente escatológica pelo imediatismo da sua fisiologia, ou ainda aparentemente monstruosa por um hibridismo mais ou menos extremo, funciona como indício de uma marginação que, não raras vezes, se encontra no próprio centro físico, temático e semântico de determinada imagem ou composição.
Levando o conceito de “arte medieval” ao limite possível da sua elasticidade cronológica, geográfica e tipológica, procuraremos demonstrar os principais mecanismos de marginação do corpo humano na arte medieval. Nudez, fealdade, desfiguração, hibridismo, contorção, exibicionismo, são apenas alguns dos ingredientes presentes no receituário de uma representação outra do ser humano: uma representação cujas origens se explicam pelo desprezo, pela desconfiança e pelo medo, mas também pelo fascínio irresistível que o corpo sempre exerceu sobre a razão humana. Tendo em conta os dados mais recentemente avançados para o entendimento da época medieval como a idade do gesto e da arte coeva como manifestação de uma estética estreitamente vinculada à fruição de um belo que é, quase sempre, altamente racionalizado, procurar-se-á colocar estas imagens liminares em diálogo inteligível com aquelas cuja centralidade é garantida por uma pertença evidente aos princípios de ordem, decoro, sobriedade, serenidade, proporção, harmonia e claridade de sentido que ancoram positivamente a estética medieval.
Através da análise e do cruzamento de imagens provenientes de manuscritos iluminados e conjuntos escultóricos de natureza vária, procurar-se-á, então, oferecer à reflexão o tema da representação do corpo humano fora do domínio do cânone e das formas cristalizadas pela tradição ou pela ortodoxia. Entendendo o corpo como recipiente de tensões de natureza emocional, psíquica, intelectual e espiritual que o descomprometimento da margem permite reflectir de forma menos velada (ainda que não menos codificada), procurar-se-á também explorar a transparência do carácter na aparência. Entendendo a marginação no sentido amplo de um processo que torna intrinsecamente marginal e dota de alteridade uma imagem sem que ela sofra um radical processo de separação do entorno físico que lhe confere sentido, procurar-se-á, por fim, lançar os fundamentos para um entendimento polissémico do lugar da margem na arte medieval, bem como do seu potencial semântico e simbólico, através da forma como o homem medieval se representou a si próprio em situação de liminaridade.
O mais antigo exemplar deste tipo de mobiliário litúrgico a sobreviver intacto em território português, o cadeiral quinhentista de Santa Cruz de Coimbra (c. 1513), foi projectado por D. Manuel I e pelo prior D. Pedro Gavião, como peça fundamental de uma estratégia artística de fortes contornos políticos e propagandísticos. Sintomáticos da constante activação dos mecanismos de manipulação do espaço religioso por parte do poder régio são, por isso, os seus movimentos dentro da igreja crúzia, que se pautam por uma presença efémera, mas significativa, na proximidade imediata com o altar e a liturgia eucarística que, por implicar porventura um contacto demasiado próximo com a congregação adscrita à igreja de fora, rapidamente deu lugar a uma passagem para um coro alto, local de recato e decoro estrategicamente projectado sob os desígnios reformistas de Frei Brás de Braga (1531), já sob a égide de D. João III.
Entregue a sua execução a um enigmático artista de nome Machim, de provável origem germânica, tudo o que aconteceu antes do último pagamento documentado (o único até agora conhecido) permanece incógnito. No entanto, e apesar do laconismo das fontes, as etapas de execução do trabalho e os aspectos materiais nele envolvidos são ainda reconstituíveis, tendo em conta aquilo que conhecemos da sua reformulação, uma vez que o cadeiral acabaria por ser alvo de um previsivelmente complexo processo de desmontagem, re-ensamblagem e ampliação – desta feita dirigido por um entalhador francês, Francisco Lorete –, encontrando no recém-construído coro alto renascentista o espaço que viria a ocupar até hoje.
A transferência de espaços, a manipulação e intervenção formal e o aggiornamento decorativo daí resultantes são, assim, as forças motrizes desta proposta de abordagem ao cadeiral de coro quinhentista de Santa Cruz de Coimbra, em que se pretende colocar em contacto vertentes como a arquitectura, a escultura e o mobiliário, a história religiosa e a liturgia, a iconografia e a simbólica.
What are, then, the real differences and similarities between these two figures, both offspring of Nature and of the medieval mind, and what is their importance?
Working in the context of the present historiographical concerns about marginalization and margins, we aim to explore the conceptual and visual relation between the Wild Man and the Green Man, from a broader, European context, to the detailed analysis of the Portuguese example(s).
Ao tentar construir uma "historiografia das margens" para a primeira metade do século XX surgem, desde logo, autores e obras que nos confrontam com a relativa indefinição de um corpo iconográfico que se entende como "não oficial" mas, sobretudo, como heteróclito e heterogéneo e cujas influências (que lhe fundamentam, então, a existência) oscilam entre um fundo cultural autóctone, uma filtragem do legado clássico de feição romana e uma proveniência oriental multiforme. Começando por questionar esta viagem das formas pela perspectiva de autores como Joaquim de Vasconcelos (Arte Românica em Portugal, 1918) e Aarão de Lacerda (O Fenómeno Religioso e a Simbólica, 1922), em Portugal, e Goblet d'Alviella (La Migration des Symboles, 1891) e Jurgis Baltrusaitis (Le Moyen-Âge fantastique. Antiquités et exotismes dans l'art gothique 1955), em contexto internacional, abre-se à discussão todo um conjunto de hipóteses para a conformação de um imaginário entre influências, permanências, resistências e essências.
I. O Espaço Devocional - a ponderação sobre a interação entre igreja e liturgia, em que o espaço assume a obrigatória reciprocidade com os objetos litúrgicos.
II. Ordenação, Regra e Espaço - a focalização do olhar sobre as dependências monásticas na circunscrição da obediência à Regra, refletindo sobre os problemas ligados à circulação interna e eficácia no usufruto do espaço.
III. Quotidiano e Reserva - a abordagem aos espaços normalmente arredados da visibilidade ao exterior, como a enfermaria, o dormitório, a cerca ou os paços que dialogam com o contexto clerical (interferindo nas áreas da saúde, repouso, lazer e morada), mas vitais para a estabilidade da estrutura material e espiritual das comunidades.
ÍNDICE
Apresentação
I. O ESPAÇO DEVOCIONAL
The fresco decoration of the church of the Cassinese monastery of San Sisto in Piacenza, Italy: meaning and function
Sonia Cavicchioli
Ritual, objetos litúrgicos e imagens nos Mosteiros de Santa Maria de Pombeiro e Alcobaça
Lúcia Maria Cardoso Rosas
O tesouro de Santa Clara-a-Velha: funcionalidade e articulação com a liturgia
Francisco Pato de Macedo
«Mais lugar pera se ver a Deos somente»: os cadeirais de coro manuelinos e a sua (in)visibilidade no espaço monástico
Joana Antunes
A festa do Corpus Christi no Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV
Catarina Fernandes Barreira
O quotidiano musical no fim da Europa no século XVII: uma perspectiva sobre os primeiros anos do convento de S. Boaventura em Santa Cruz das Flores
Luís Henriques
II. ORDENAÇÃO, REGRA E ESPAÇO
Pratiques dévotionnelles et organisation de l’espace ecclésial dans les établissements de moniales au Moyen Age
Nicolas Reveyron
O coro alto: o convento de Cristo no arranque da Reforma Católica
Maria de Lurdes Craveiro
Espaço e vida monástica: a cartuxa de Évora entre a fundação quinhentista e a renovação pós-conciliar da vida religiosa
João Luís Inglês Fontes, Maria Filomena Andrade
Reformas Humanistas: o mosteiro de S. Miguel de Refojos de Basto e a fundação dos colégios de S. Bento e de S. Jerónimo, em Coimbra
Manuel Joaquim Moreira da Rocha
«El nuestro modo de proceder» e a especificidade da arquitectura da tipologia escolar jesuíta na província lusitana (1580-1759)
Inês Gato de Pinho
III. QUOTIDIANO E RESERVA
A última reforma do mosteiro da Batalha: 1541-1562
Pedro Redol
De scriptoria: para uma iconografia do espaço doméstico nos séculos XV e XVI
Marta Simões
«Para recreação de huns conegos clausurados»: estrutura e programa artístico da cerca monástica de São Vicente de Fora
Sandra Costa Saldanha
A capela do cruzeiro no dormitório novo do Convento de Cristo: o discurso moralizador em espaço de repouso
Gabriel Pereira
O Paço do Vigário na vila intra-muros de Tomar
Maria José Travassos Bento
O Paço do Infante D. Henrique no Convento de Cristo, em Tomar
Luísa Trindade, André Dias Goes
Recuperando o universo devocional que motivou a criação das obras de arte, constitui uma obra de referência nos domínios da História da Arte, da Iconografia e da Conservação e Restauro.
Com coordenação científica de Maria de Lurdes Craveiro, Joana Antunes e Carla Alexandra Gonçalves, constitui o catálogo da exposição “No Rasto da Devoção: Escultura em Pedra no Convento de Cristo (século XIV-XVI)”, patente no Convento de Cristo, Tomar, até ao dia 27 de Julho de 2018.
ÍNDICE
Apresentação
Andreia Bianchi Aires de Carvalho Galvão
Introdução
Maria de Lurdes Craveiro, Joana Antunes, Carla Alexandra Gonçalves
I. A proteção patrimonial no Convento de Cristo
Maria de Lurdes Craveiro
II. O habitat da escultura
Joana Antunes
III. A formação e a organização do trabalho escultórico
Carla Alexandra Gonçalves
IV. Escultura devocional: da oficina de Mestre Pero ao estaleiro da Batalha
Francisco Pato de Macedo
V. A grande oficina: entre Coimbra e Tomar
1. O SÉCULO XV: OFICINAS E PODER NOS CIRCUITOS DA IMAGEM
Joana Antunes
2. O SÉCULO XVI: HUMANISMO, DESCOBERTA E ESPIRITUALIDADE
Maria de Lurdes Craveiro
2.1. João de Ruão
Carla Alexandra Gonçalves
3. IMAGENS INVISÍVEIS E MUNDO SENSÍVEL: FUNÇÃO E REPRESENTAÇÃO NA PINTURA E NA ESCULTURA PORTUGUESAS DOS SÉCULOS XV E XVI
Dalila Rodrigues
3.1. Anjo Ceroferário
Joana Antunes
3.2. A Virgem do Leite
Carla Alexandra Gonçalves
3.3. Calvário
Joana Ramôa Melo
3.4. Santíssima Trindade
Carlos A. Moreira Azevedo
3.5. S. Brás
Maria José Goulão
3.6. Arcanjo S. Miguel
Mário Jorge Barroca
3.7. Outras devoções: S. Sebastião, S. Roque e S. Vicente
Carlos A. Moreira Azevedo
VI. Intervenção de conservação e restauro
4. NO RASTO DA DEVOÇÃO: INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Fernando Costa, Catarina Cunha, Nuno Pereira, Marco Rocha
5. NO RASTO DO ORIGINAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO MATERIAL E TÉCNICO DE ESCULTURA POLÍCROMA
Ana M. Cardoso, Ana F. Machado, António Candeias, José C. Frade, Sara Valadas
VII. Catálogo
Carla Alexandra Gonçalves, Joana Antunes, Madalena Cardoso da Costa, Maria de Lurdes Craveiro, Maria João Vilhena de Carvalho, Pedro Ferrão
Bibliografia
Resulting from recent research developed from the privileged viewpoint offered by the margin, this volume brings together the contributions of young researchers along with the work of career scholars. Likewise, it does not obey a traditional or a rigid diachronic structure, being rather organized in three major parts that organically articulate the different essays. Within each of these parts in which the book is divided, papers are sometimes organized according to their timeframes, providing the reader with an encompassing (though not encyclopedic) overview of the common ground over which the various artistic disciplines build their methodological, theoretical, and thematic centers and margins. The intended eccentricity of this volume – and the original essays herein presented – should provide researchers, scholars, students, artists, curators, and the general reader interested in art with a refreshing approach to its various scientific strands.
O que é, no entanto, a margem na arte medieval? Onde se encontra? Como se define? Estas questões, fundamentais para a compreensão da arte medieval no seu todo, encontram na representação do corpo – o corpo humano que assume, nestes espaços, a prolixidade fisiológica do animal e do monstro – o indicador seguro de uma resposta instável. Mais do que explicar-se através do seu posicionamento marginal numa dada obra, a representação grotesca do ser humano, tornada demasiado expressiva por uma gesticulação exagerada, explicitamente escatológica pelo imediatismo da sua fisiologia, ou ainda aparentemente monstruosa por um hibridismo mais ou menos extremo, funciona como indício de uma marginação que, não raras vezes, se encontra no próprio centro físico, temático e semântico de determinada imagem ou composição.
Levando o conceito de “arte medieval” ao limite possível da sua elasticidade cronológica, geográfica e tipológica, procuraremos demonstrar os principais mecanismos de marginação do corpo humano na arte medieval. Nudez, fealdade, desfiguração, hibridismo, contorção, exibicionismo, são apenas alguns dos ingredientes presentes no receituário de uma representação outra do ser humano: uma representação cujas origens se explicam pelo desprezo, pela desconfiança e pelo medo, mas também pelo fascínio irresistível que o corpo sempre exerceu sobre a razão humana. Tendo em conta os dados mais recentemente avançados para o entendimento da época medieval como a idade do gesto e da arte coeva como manifestação de uma estética estreitamente vinculada à fruição de um belo que é, quase sempre, altamente racionalizado, procurar-se-á colocar estas imagens liminares em diálogo inteligível com aquelas cuja centralidade é garantida por uma pertença evidente aos princípios de ordem, decoro, sobriedade, serenidade, proporção, harmonia e claridade de sentido que ancoram positivamente a estética medieval.
Através da análise e do cruzamento de imagens provenientes de manuscritos iluminados e conjuntos escultóricos de natureza vária, procurar-se-á, então, oferecer à reflexão o tema da representação do corpo humano fora do domínio do cânone e das formas cristalizadas pela tradição ou pela ortodoxia. Entendendo o corpo como recipiente de tensões de natureza emocional, psíquica, intelectual e espiritual que o descomprometimento da margem permite reflectir de forma menos velada (ainda que não menos codificada), procurar-se-á também explorar a transparência do carácter na aparência. Entendendo a marginação no sentido amplo de um processo que torna intrinsecamente marginal e dota de alteridade uma imagem sem que ela sofra um radical processo de separação do entorno físico que lhe confere sentido, procurar-se-á, por fim, lançar os fundamentos para um entendimento polissémico do lugar da margem na arte medieval, bem como do seu potencial semântico e simbólico, através da forma como o homem medieval se representou a si próprio em situação de liminaridade.
O mais antigo exemplar deste tipo de mobiliário litúrgico a sobreviver intacto em território português, o cadeiral quinhentista de Santa Cruz de Coimbra (c. 1513), foi projectado por D. Manuel I e pelo prior D. Pedro Gavião, como peça fundamental de uma estratégia artística de fortes contornos políticos e propagandísticos. Sintomáticos da constante activação dos mecanismos de manipulação do espaço religioso por parte do poder régio são, por isso, os seus movimentos dentro da igreja crúzia, que se pautam por uma presença efémera, mas significativa, na proximidade imediata com o altar e a liturgia eucarística que, por implicar porventura um contacto demasiado próximo com a congregação adscrita à igreja de fora, rapidamente deu lugar a uma passagem para um coro alto, local de recato e decoro estrategicamente projectado sob os desígnios reformistas de Frei Brás de Braga (1531), já sob a égide de D. João III.
Entregue a sua execução a um enigmático artista de nome Machim, de provável origem germânica, tudo o que aconteceu antes do último pagamento documentado (o único até agora conhecido) permanece incógnito. No entanto, e apesar do laconismo das fontes, as etapas de execução do trabalho e os aspectos materiais nele envolvidos são ainda reconstituíveis, tendo em conta aquilo que conhecemos da sua reformulação, uma vez que o cadeiral acabaria por ser alvo de um previsivelmente complexo processo de desmontagem, re-ensamblagem e ampliação – desta feita dirigido por um entalhador francês, Francisco Lorete –, encontrando no recém-construído coro alto renascentista o espaço que viria a ocupar até hoje.
A transferência de espaços, a manipulação e intervenção formal e o aggiornamento decorativo daí resultantes são, assim, as forças motrizes desta proposta de abordagem ao cadeiral de coro quinhentista de Santa Cruz de Coimbra, em que se pretende colocar em contacto vertentes como a arquitectura, a escultura e o mobiliário, a história religiosa e a liturgia, a iconografia e a simbólica.
What are, then, the real differences and similarities between these two figures, both offspring of Nature and of the medieval mind, and what is their importance?
Working in the context of the present historiographical concerns about marginalization and margins, we aim to explore the conceptual and visual relation between the Wild Man and the Green Man, from a broader, European context, to the detailed analysis of the Portuguese example(s).
Ao tentar construir uma "historiografia das margens" para a primeira metade do século XX surgem, desde logo, autores e obras que nos confrontam com a relativa indefinição de um corpo iconográfico que se entende como "não oficial" mas, sobretudo, como heteróclito e heterogéneo e cujas influências (que lhe fundamentam, então, a existência) oscilam entre um fundo cultural autóctone, uma filtragem do legado clássico de feição romana e uma proveniência oriental multiforme. Começando por questionar esta viagem das formas pela perspectiva de autores como Joaquim de Vasconcelos (Arte Românica em Portugal, 1918) e Aarão de Lacerda (O Fenómeno Religioso e a Simbólica, 1922), em Portugal, e Goblet d'Alviella (La Migration des Symboles, 1891) e Jurgis Baltrusaitis (Le Moyen-Âge fantastique. Antiquités et exotismes dans l'art gothique 1955), em contexto internacional, abre-se à discussão todo um conjunto de hipóteses para a conformação de um imaginário entre influências, permanências, resistências e essências.
Sin embargo, la relectura e interrogación de las fuentes medievales de la Catedral Vieja (Sé Velha) de Coimbra, nos permiten hoy esbozar nuevas propuestas para el interior de la iglesia de los siglos XII-XV, marcadas por una lógica de visibilidad y de ocupación y disfrute del espacio arquitectónico fundamentalmente diferente a la que se implantará a partir del siglo XVI. Centrándose operativamente en la capilla mayor, este trabajo intentará identificar y analisar sus equipamientos y objetos litúrgicos, sus dispositivos de exhibición u ocultación de imágenes, y los desplazamientos, pérdidas y supervivencias de su patrimonio artístico.
Num premeditado jogo de visibilidade e invisibilidade, o mobiliário litúrgico foi um protagonista insuspeito da reforma dos equipamentos religiosos projectada e cuidadosamente observada por D. Manuel I. Indispensável à vida das comunidades monásticas, em particular, o investimento na sua renovação respondeu tanto a reais necessidades práticas, de substituição de peças deterioradas ou obsoletas, como (senão mais) a uma nova dimensão expositiva da devoção, de que a piedade régia seria sempre exemplo maior. Obras importantes, pela sua ligação ao espaço e às actividades corais, os cadeirais de coro assumiram, contudo, para D. Manuel um claro de sentido de prioridade, de que são exemplos casos como o de Santa Cruz de Coimbra, de São Francisco de Évora, do Convento de Cristo ou de Santa Maria de Alcobaça, todos eles expressamente requeridos e acompanhados pelo monarca, por vezes com precedência relativamente à conclusão da própria estrutura arquitectónica que os receberia - gerando algum desconforto historiográfico quanto às respectivas datações. No entanto, a relação dos cadeirais de coro com a exposição visual no espaço da igreja foi muito mais opaca do que este empenho comitente pode fazer pensar. Se os próprios retábulos, feitos para serem vistos, se inscreveram com frequência em dinâmicas de exposição e ocultação garantidas por panejamentos e cortinas, as soluções procuradas para o enquadramento visual dos cadeirais de coro foram muito mais diversas, dependendo simultaneamente dos constrangimentos físicos dos espaços corais, do decoro e solenidade a ele exigidos e da ostentação dos muitos poderes que nesse mesmo espaço se cruzavam.
Partindo destes quatro estudos de caso, dos quais só o conjunto crúzio remanesce - devidamente acompanhado pelo também sobrevivente cadeiral da Sé do Funchal que, pela sua filiação catedralícia, tomaremos apenas como objecto de comparação - procuraremos tomar o pulso a este evidente jogo de forças, por vezes hesitante, entre a exposição e a ocultação, na expectativa de aclarar a relação entre os cadeirais de coro manuelinos e o espaço devocional, feito de muitas categorias espaciais, das quais a arquitectónica e a litúrgica são apenas duas das mais importantes.
In an introductory, transversal, and mainly iconological approach, this papel will deal with eight illuminated manuscripts (14th to 16th centuries) kept at Portuguese libraries or resulting from Portuguese commisions. From these calendars, their coincidences and their specificities, we will consider the image(s) of time that, in different contexts (and timeframes), various groups and individuals chose to create.
The topics suggested for proposed papers, which do not exclude marginal proposals to these themes and questions, are the following:
Inquiring (on) the edge: theoretical and methodological approaches
The margin at the centre, or the centre as margin: processes, themes, subjects, characters
The limits of Art: interart relations, art and image, ergon and parergon
Transgression and Paradox: (im)possibilities
Monstrum monstrat: monstrosity, the limits of the human, and the eloquence of ontological indeterminacy
A place for the margin: real, operative, and symbolical spaces
Please send abstracts of no more than 400 words (20 min. presentation) and a short biographical note (300 words) to coloquioamargem@gmail.com no later than March 5, 2017. Abstracts and papers may be presented in Portuguese, Spanish, English and French.
All participants will be notified by the end of March, with the immediate communication of the definite programme.
17 de junho
Módulo 1
Contextos historiográficos
24 de junho
Módulo 2
Coimbra medieval
1 de julho
Módulo 3
A compreensão das fontes medievais
8 de julho
Módulo 4
Testamentos e documentos necrológicos
15 de julho
Módulo 5
Abordagens digitais às fontes medievais
16 de julho
Atividades Visitas de estudo e ateliers de experimentação
Informações e inscrições através do email commemortis@gmail.com .