Papers by Anna M. Klobucka
Via Atlântica, 2023
Este artigo procura reexaminar a participação de Judith Teixeira no episódio histórico da “Litera... more Este artigo procura reexaminar a participação de Judith Teixeira no episódio histórico da “Literatura de Sodoma”, com recurso a uma contextualização alargada da sua estreia poética e do lançamento de Decadência. Argumento que uma compreensão mais completa e matizada dos eventos de 1922-23 no que diz respeito a Teixeira deverá levar em conta a sua inserção em dois conjuntos distintos mas, através dela, relacionados de agentes socioculturais: os “perversos” (masculinos) do campo modernista português e as “poetisas”, cuja emergência robusta no mercado literário dos inícios da década de 1920 formava o contexto incontornável da estreia da autora de Decadência.
Actas do Congresso Internacional Fernando Pessoa, Casa Fernando Pessoa, 2017
A presente comunicação prolonga a reflexão que apresentei no congresso organizado pela Casa Ferna... more A presente comunicação prolonga a reflexão que apresentei no congresso organizado pela Casa Fernando Pessoa em novembro de 2013, intitulada «Fernando Pessoa ativista queer: Uma releitura do 'Antinous'». Argumentei então que a edição revista deste poema inglês homoerótico de Pessoa, lançada em 1921 pela Olisipo, na qual o autor eliminou do léxico do poema todas as palavras e expressões associáveis com um juízo de valor negativo sobre a homossexualidade deve ser vista como fruto de um avanço de consciencialização política, que se revela mais completa e coerente do que aquela que terá contribuído para a gestação da versão original do poema. Nesta última, a representação proléptica do projeto de luto do imperador Adriano como um fundamento para a luta vitoriosa das gerações vindouras de homens homossexuais é minada na sua eficácia política pelas partículas da linguagem homofóbica dispersas através do texto, gerando um conflito ideológico interno que a «refundição» do poema em 1921 suprime. 7 O que tenciono iluminar hoje é a imbricação paralela, e igualmente sugestiva, entre várias enunciações e eventos protagonizados, promovidos ou acompanhados por Pessoa entre a época do Orpheu e a época da Contemporânea, com destaque particular para a chamada polémica da «Literatura de Sodoma» que se estendeu de julho de 1922 até à primavera de 1923. Com isto, pretendo fundamentar, mas sobretudo alargar, o alcance da observação de Rui Ramos de que as contribuições de Pessoa e Raul Leal a esta polémica eram o que Portugal teve de mais próximo do «movimento de afirmação pública e emancipação dos homossexuais […] na Alemanha da década de vinte» (p. 590). Na realidade, a Literatura de Sodoma não inaugura propriamente, mas apenas cristaliza, explicita e radicaliza as correntes de militância estético-política presentes já no modernismo órfico e nos seus antecedentes e paralelos de cunho dito «decadentista» (quanto a estes últimos, penso sobretudo no romance Nova Sapho do Visconde de Vila Moura e no número único da revista Centauro de Luís de Montalvor). Para estabelecer este elo de ligação entre o ambiente do Orpheu e o da Literatura de Sodoma será útil citar dois apontamentos de Pessoa tirados na altura da gestação e do lançamento da revista de 1915, em que o autor performatiza em voz de outrem várias atitudes de reação aos conteúdos e valores que a revista representaria ou promoveria. Uma destas críticas inventadas assume uma perspetiva explicitamente homofóbica, realçando, assim, a heterodoxia sexual como uma das facetas cruciais da identidade do Orpheu, na visão pessoana (PESSOA, 2009, pp. 61-62): 7 O próprio Pessoa refere-se à reescrita do poema como uma «refundição» na sua «Tábua bibliográfica», publicada na revista Presença em 1928.
Iberic@al, 2021
Carmen de Burgos e Ramón Gómez de la Serna desenvolveram uma relação duradoura com Portugal entre... more Carmen de Burgos e Ramón Gómez de la Serna desenvolveram uma relação duradoura com Portugal entre 1915 e 1926, ambientando
no país vizinho várias das suas obras literárias, assim como textos jornalísticos (da parte de Burgos). Um dos aspetos pouco desenvolvidos
da fortuna crítica que esta relação transnacional gerou é a interação entre os textos de Burgos e de Gómez de la Serna sobre Portugal, sobretudo no que diz respeito ao tratamento dos tópicos de género e sexualidade, inclusivamente na dimensão autobiográfica que tanto ela como
ele robustamente empregaram nas suas ficções. Outra faceta que este artigo procura desvendar é a contribuição deste acervo ficcional e jornalístico ao mapeamento dos elementos ainda ocultos da cultura modernista em Portugal, em particular das redes de convivência feminina e lésbica na época.
Colóquio/Letras, 2011
Sobre o coletivo da Poesia 61 numa perspetiva de género/sexualidade
Feministas Unidas, 2003
The gynocritical paradigm in feminist theory and criticism, as defined by Elaine Showalter in her... more The gynocritical paradigm in feminist theory and criticism, as defined by Elaine Showalter in her influential essay, "Feminist Criticism in the Wilderness" (1978), and fleshed out in what can be described as its founding texts, Showalter's A Literature of Their Own (1977) and Sandra M. Gilbert's and Susan Gubar's Madwoman in the Attic (1979), has become over the last two decades an empowering framework for a considerable number of critical studies aiming to trace a specifically female literary tradition in various national and transnational contexts. To give but one among many possible examples, monographs published in the series Women in Context (Athlone Press) are historical investigations (dating back to mid-nineteenth century) of women's writing in, respectively, Norway, Italy, France, Sweden, and so on. Showalter herself had projected that feminist studies proceeding from gynocritical postulates would aim to investigate and theorize such subjects as "the psychodynamics of female creativity; linguistics and the problem of the female language; the trajectory of the individual or collective female literary career; literary history; and, of course, studies of particular writers and works" (1992, 382). Some of these pathways of inquiry-especially those dependent on the potentially essentializing and homogenizing notions of "female creativity" and "female language"-were soon to be accused, on the one hand, of relying on a naively tautological assumption "that a 'feminine' identity is one which signs itself with a feminine name" (Kamuf 285) and, on the other, of ignoring or diminishing the constitutive importance of racial, ethnic and geopolitical differences among women writers. By contrast, socially and historically contextualized investigations focusing on the politics of canonicity and the symbolic and ideological constructs shaping national literary histories were energized by the gynocritical call to arms, while at the same time remaining relatively immune to the charges of theoretical and political nearsightedness. In her own recent (1998) contribution to the series Women in Context, Spanish Women's Writing 1849-1996, Catherine Davies recognizes that the last two decades of the twentieth century witnessed "a surge of books on the culture and history of Spanish women" and of "excellent critical studies" on the literary production by women in Spain (1). While it is debatable to what extent this dynamic publishing activity (rooted largely, although not exclusively, in Anglo-American academic environments) has affected canonical constructs of critical and literary-historical writing in Spain itself, it appears that the gynocritical model (as represented, among others, by Susan Kirkpatrick's pioneering study Las Románticas: Women Writers and Subjectivity in Spain, 1835-1850 [1989] or John C. Wilcox's more recent Women Poets of Spain, 1860-1990. Toward a Gynocentric Vision [1997]), has interfaced well with the Spanish literary and cultural contexts, especially of the nineteenth and twentieth centuries. It is through an examination, however cursory, of this contrastive Iberian setting that we can perceive with greater clarity the unique challenges that arise when the gynocritical paradigm of historical-literary investigation is tentatively deployed in the Portuguese context and the urgent need for a wide-reaching, theoretically grounded debate on actual and potential directions that feminist criticism of Portuguese literature has taken and/or may be hoped to take. As a theoretical and pragmatic viewpoint, gynocriticism is dependent on historical depth; it is only against the background of longues (or at least medium-sized) durées that explicit or implicit genealogical plotting of patterns of intertextual or metaliterary connectedness among individual women writers or literary generations can occur. In formal terms, such studies rely on relational and developmental modes of inquiry; they emphasize patterns of historical (dis)continuity and foreground such key concepts as trajectory, evolution, recovery, reinterpretation, or rewriting. Yet, the archaeological excavation that provides the foundation for Isabel Allegro de Magalhães's O tempo das mulheres (1987)-the first (and to date only) book-length essay published in Portugal Klobucka Fall 2003 Volume 23.2 35
The edge of one of many circles: homenagem a Irene Ramalho Santos
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitali... more A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso.
Cadernos de Literatura Comparada
Gendering the Portuguese-Speaking World: From the Middle Ages to the Present, ed. Francisco Bettencourt, 2021
O Cânone, 2020
Ensaio sobre Florbela Espanca no volume O Cânone, organizado por António M. Feijó, João R. Figuei... more Ensaio sobre Florbela Espanca no volume O Cânone, organizado por António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen (Lisboa: Tinta da China, 2020)
Actas do Colóquio Internacional "Virgínia Victorino: na Cena do Tempo", 2019
Este artigo revisita a viragem dramática na paisagem literária e cultural portuguesa nas primeira... more Este artigo revisita a viragem dramática na paisagem literária e cultural portuguesa nas primeiras décadas do século vinte, operada pela expansão da autoria feminina no mercado editorial, principalmente em forma de poesia lírica. Procuro nele abalar os pressupostos heteronormativos que têm gerido as interpretações deste arquivo, tanto no discurso canónico da história literária portuguesa quanto nas abordagens revisionistas articuladas pelas estudiosas feministas. A discussão centra-se no caso de Virgínia Vitorino, a poetisa mais aclamada no Portugal dos anos 1920, cujos sonetos de amor, largamente neutros em termos de género, lidos no contexto da sua existência lésbica encoberta, encorajam uma interpretação de Vitorino como uma intermediária estética e política entre as culturas da heterossexualidade compulsória e do desejo homossocial feminino.
Journal of Lusophone Studies, 2019
This study seeks to recover the novel Nova Safo (1912) by Visconde de Vila-Moura from the margina... more This study seeks to recover the novel Nova Safo (1912) by Visconde de Vila-Moura from the marginal status to which it has been consigned in Portuguese literary history by arguing for its momentous cultural relevance as Portugal's first queer novel. Given the extremely limited number and scope of existing critical approaches to the text, my reading is oriented by a reparative strategy that aims, first and foremost, to remedy its precarious status as an archival object. I describe the novel's inchoate and cluttered collection of references, images, and storylines as a countercultural scrapbook of queer feeling, ruled by an antiquarian sensibility, whose structures of cohesion belong less to the realm of formal aesthetics than to the sphere of homophilic affective epistemology. Further, I chart Nova Safo's intersecting gestures of transitive embodiment-transnational, transgender, and transracial-by discussing the novel's mournful evocation of three recently departed icons of fin-de-siècle literary culture:
Originally published on the blog Queering Style, http://queeringstyle.com/o-primeiro-coming-out-publico-em-portugal/
Na área da ainda muito pouco estudada epistemologia cultural e literária do armário portuguêspara... more Na área da ainda muito pouco estudada epistemologia cultural e literária do armário portuguêspara ecoar o título de um dos estudos fundacionais dos estudos queer, A Epistemologia do Armário (1990) de Eve Kosofsky Sedgwick-a vida, a escrita e o espetáculo da notoriedade pública do poeta António Botto (1897-1959) conjugam-se para formar um caso singularmente complexo. Longe de afastar ou encobrir a homossexualidade assumida da sua personalidade poético-existencial, Botto cultivava o homoerotismo literário em primeira e desinibida pessoa como se nisso não houvesse nada de extraordinário para a época. Na realidade, e ao contrário do que se verifica com alguns dos seus contemporâneos muito mais ilustres e reconhecidos no seu papel de pioneiros da reivindicação identitária, como o escritor francês André Gide, na trajetória da vida documentada de Botto não existe nenhum momento-chave de consciencialização da sua identidade, nenhuma viragem dramática no caminho de autoconhecimento e atuação pública, nenhuma superação documentada-literária ou autobiograficamente-das resistências internas e externas à identificação homossexual. O Botto das Canções do Sul (o primeiro volume da sua poesia homoerótica, publicado nos finais de 1920) irrompe no mercado literário português, aos vinte e poucos anos, como-chamemos-lhe assim anacronicamente-um poeta gay out and proud, dono de um discurso homoafetivo plenamente formulado e assumido. Importa ainda sublinhar que a limpidez e naturalidade afirmativas da poesia de Botto não encontram paralelo, naquela época, em nenhuma literatura moderna europeia ou ocidental, pelo menos no que diz respeito a obras publicadas e divulgadas em circulação aberta.
O poeta português António Botto, o primeiro escritor da língua portuguesa a cultivar a expressão ... more O poeta português António Botto, o primeiro escritor da língua portuguesa a cultivar a expressão homoerótica em primeira e desembaraçada pessoa, passou os últimos 12 anos da sua vida no Brasil (1947-59). O registo da sua vida em São Paulo e Rio de Janeiro abunda em episódios, largamente desconhecidos, que contribuem
não apenas para a reconstrução da biografia do autor ou para uma história alternativa da imigração portuguesa no Brasil, mas para o
projeto de traçar as coordenadas de um cosmopolitismo queer no eixo luso-brasileiro. Os materiais inéditos preservados no espólio do autor
na Biblioteca Nacional de Portugal, juntamente com os reflexos da sua vida e obra que se encontram na imprensa brasileira da época, oferecem
também um contraponto sugestivo às ainda recentes iniciativas de recuperação e construção de uma história cultural da homossexualidade
masculina no Brasil no século vinte, particularmente nos estudos de Richard Parker (Abaixo do Equador) e James Green (Além do Carnaval).
The largely forgotten novel Nova Sapho (1912), fictional debut of Visconde de Vila Moura (1877-19... more The largely forgotten novel Nova Sapho (1912), fictional debut of Visconde de Vila Moura (1877-1935), merits recovery from the oblivion is has been consigned to in canonical Portuguese literary history for a variety of reasons, not least among them the unprecedented (and unmatched even through the following century of Lusophone writing) figure of its protagonist, Maria Peregrina, an intellectually and sexually assertive lesbian and poet of genius. This paper focuses in particular on what I claim is the relationship between Vila Moura’s creation and female-gendered configurations of perversion and creativity in the Portuguese Modernist canon, such as Orpheu’s Violante de Cysneiros, the "americana fulva" of Mário de Sá-Carneiro’s Confissão de Lúcio, and José de Almada Negreiros’s A Engomadeira. I argue that a mapping of this relationship allows, among other goals, for a reassessment (in terms akin to those of Vincent Sherry’s recent study, Modernism and the Reinvention of Decadence) of the commonplace assertion distancing the aesthetics and politics of decadentism from the form and content of the Modernist rupture in the Portuguese context.
Tomando como o ponto de partida o fenómeno da colaboração no Orpheu 2 da poetisa inventada Violan... more Tomando como o ponto de partida o fenómeno da colaboração no Orpheu 2 da poetisa inventada Violante de Cysneiros, este ensaio esboça uma interrogação preliminar sobre a relação entre as figurações subjetificadas do protagonismo feminino associado a uma poética de vanguarda em alguns dos textos canónicos do Modernismo português (como, além do próprio Orpheu, A Confissão de Lúcio de Mário de Sá-Carneiro e A Engomadeira de José de Almada Negreiros) e a herança estética e política decadentista, esta última em boa parte suprimida pela visão da época modernista consolidada na perspetiva histórico-literária dominante. O estudo de caso que sustenta esta proposta de revisão foca um texto em particular, o romance Nova Sapho (1912) do Visconde de Vila Moura, cuja protagonista, uma fidalga minhota de nome Maria Peregrina, lésbica e poetisa de génio, antecipa tais personagens modernistas posteriores como a “americana fulva” de Sá-Carneiro e a “engomadeira” de Almada. O que distingue ainda o romance Nova Sapho é a sua conjugação simbiótica do nativismo regionalista do Norte com uma visão amplamente cosmopolita—corporizada através da itinerância experiencial e intertextual da Maria Peregrina—princípio que contradiz a polarização, avançada por Fernando Pessoa e largamente aceite pelos estudiosos do Modernismo português, entre o regionalismo e nacionalismo estreitos cultivados pelo círculo d’A Águia e o cosmopolitismo agregador de todas as tendências artísticas modernas, cultivado pela “escola de Lisboa” (Pessoa), ou seja, o grupo do Orpheu.
Embora se trate de um truísmo, não há como não repeti-lo: o cânone da literatura portuguesa é com... more Embora se trate de um truísmo, não há como não repeti-lo: o cânone da literatura portuguesa é composto exclusivamente por autores de sexo masculino até aos meados do século vinte, abrindo-se eventuais e questionáveis exceções a esta regra para algumas freiras-poetisas barrocas, principalmente Violante do Céu, para a Marquesa de Alorna e, já no século vinte, para
Gilberto Freyre's doctrine of Lusotropicalism, arguably the most influential of twentieth-century... more Gilberto Freyre's doctrine of Lusotropicalism, arguably the most influential of twentieth-century discourses legitimizing the survival of the Portuguese empire, was rooted to a significant degree in a foundational fantasy of erotic encounter between white explorers and Asian or African women. In this fantasy, regularly reiterated in Freyre's writings, the figure of Camões came to play an increasingly prominent role. The "Isle of Love" episode of The Lusiads may be read as an implicit antecedent of Freyre's insistence on amorous underpinnings of the Lusotropical continuum. The narrative sequence of cantos nine and ten, in which sexual coupling between Gama's sailors and the nymphs inhabiting the island is followed by a collective marriage ceremony (and culminates in a prophecy of Portuguese imperial greatness) is shown to reverberate in the unresolved contradiction of Freyre's argument, with its simultaneous endorsement of the colonial contract viewed as a monogamous conjugal union and as polygamous multiplication of procreative opportunity.
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Papers by Anna M. Klobucka
no país vizinho várias das suas obras literárias, assim como textos jornalísticos (da parte de Burgos). Um dos aspetos pouco desenvolvidos
da fortuna crítica que esta relação transnacional gerou é a interação entre os textos de Burgos e de Gómez de la Serna sobre Portugal, sobretudo no que diz respeito ao tratamento dos tópicos de género e sexualidade, inclusivamente na dimensão autobiográfica que tanto ela como
ele robustamente empregaram nas suas ficções. Outra faceta que este artigo procura desvendar é a contribuição deste acervo ficcional e jornalístico ao mapeamento dos elementos ainda ocultos da cultura modernista em Portugal, em particular das redes de convivência feminina e lésbica na época.
não apenas para a reconstrução da biografia do autor ou para uma história alternativa da imigração portuguesa no Brasil, mas para o
projeto de traçar as coordenadas de um cosmopolitismo queer no eixo luso-brasileiro. Os materiais inéditos preservados no espólio do autor
na Biblioteca Nacional de Portugal, juntamente com os reflexos da sua vida e obra que se encontram na imprensa brasileira da época, oferecem
também um contraponto sugestivo às ainda recentes iniciativas de recuperação e construção de uma história cultural da homossexualidade
masculina no Brasil no século vinte, particularmente nos estudos de Richard Parker (Abaixo do Equador) e James Green (Além do Carnaval).
no país vizinho várias das suas obras literárias, assim como textos jornalísticos (da parte de Burgos). Um dos aspetos pouco desenvolvidos
da fortuna crítica que esta relação transnacional gerou é a interação entre os textos de Burgos e de Gómez de la Serna sobre Portugal, sobretudo no que diz respeito ao tratamento dos tópicos de género e sexualidade, inclusivamente na dimensão autobiográfica que tanto ela como
ele robustamente empregaram nas suas ficções. Outra faceta que este artigo procura desvendar é a contribuição deste acervo ficcional e jornalístico ao mapeamento dos elementos ainda ocultos da cultura modernista em Portugal, em particular das redes de convivência feminina e lésbica na época.
não apenas para a reconstrução da biografia do autor ou para uma história alternativa da imigração portuguesa no Brasil, mas para o
projeto de traçar as coordenadas de um cosmopolitismo queer no eixo luso-brasileiro. Os materiais inéditos preservados no espólio do autor
na Biblioteca Nacional de Portugal, juntamente com os reflexos da sua vida e obra que se encontram na imprensa brasileira da época, oferecem
também um contraponto sugestivo às ainda recentes iniciativas de recuperação e construção de uma história cultural da homossexualidade
masculina no Brasil no século vinte, particularmente nos estudos de Richard Parker (Abaixo do Equador) e James Green (Além do Carnaval).
Heritages of Portuguese Influence:
Histories, Spaces, Texts, and Objects
Guest Editors
Miguel Bandeira Jerónimo, Anna M. Klobucka, Walter Rossa
Call for Papers
Interdisciplinary in nature and scope, Critical Heritage Studies is a vibrant field of research. In all its conceptual, methodological and analytical diversity, mobilizing distinct disciplines and promoting their fruitful dialogue, Critical Heritage Studies can be particularly relevant to the study of the living cultural heritages of the communities and landscapes that were influenced by the Portuguese diasporas through time. This special issue aims to gather studies—originating in diverse disciplinary domains, and potentially fostering interdisciplinary cross-fertilizations—that deal with the multifaceted nature of this topic and discuss “heritage” and “influence” as critical cultural and political arguments and practices, and as historical manifestations entailing different perspectives, motivations and consequences, formed in colonial and postcolonial situations, imagining the past, the present and the future.
The themes this special issue intends to foster include the following:
• The history of heritage politics and policies in the Portuguese speaking-world
• Colonial and postcolonial heritage(s) and legacies: Pasts in the present
• Language and heritage: past, present, future
• The cultures of heritage: the role of humanities and social sciences
• Heritage, development and sustainability
• Diasporic heritage(s)
• Heritage and sustainable tourism
• Dominant and alternative pedagogies of heritage
Please send an abstract of up to 300 words to PLCS Executive Editor Mario Pereira (mpereira6@umassd.edu), before April 15, 2019. The proposals will be selected and authors informed by April 30, 2019.