Papers by Maria Felisa Rodriguez Prado
Angústia oceânica, africanidade atlântica, cultura marítima e insularidade total são sintagmas qu... more Angústia oceânica, africanidade atlântica, cultura marítima e insularidade total são sintagmas que se repetem aplicados a Cabo Verde, à sua cultura e à sua produção literária.
O mar e a terra definindo juntamente o arquipélago, é por isso que telurismo e talassoricismo aparecem na sua literatura de mãos dadas; como, de resto, acontece na obra de Nuno de Miranda, escritor pertencente à geração dos jovens estudantes liceais que, em 1944, criaram no Mindelo a revista Certeza, sob influência dos ventos neorealistas e das tendências universalistas em voga na altura.
Este trabalho, realizado no seio do grupo Galabra da Universidade de Santiago de Compostela, enqu... more Este trabalho, realizado no seio do grupo Galabra da Universidade de Santiago de Compostela, enquadra-se
no projeto de pesquisa “Discursos, imagens e práticas culturais sobre Santiago de Compostela como meta dos
Caminhos”, situando-se como um pequeno contributo –em forma de teste ou primeira aproximação– para o
início da fase de estabelecimento de um diálogo contrastivo entre aquilo que se encontra e é transmitido tanto
nos textos literários relacionados com Compostela como nos depoimentos dos visitantes à cidade, em termos de
discursos, imagens e práticas culturais (sejam estas possíveis ou efetivadas).
Focalizando o período de I968 a 1978 -decisivo para a conformação da Espanha actual com a superaç... more Focalizando o período de I968 a 1978 -decisivo para a conformação da Espanha actual com a superação da ditadura franquista e o referendo constitucional-, neste trabalho tenciona detectar-se a (in)existência de uma mudança significativa no relacionamento cultural hispano-luso a raiz das transformações operadas na sequência da Revolução dos Cravos portuguesa, de 1974, através da observação das presenças de Portugal em periódicos espanhóis. Para tal, centra-se a análise em uma publicação de carácter generalista e uma outra literária: Triunfo, por muito se ter significado, ter sido maciçamente lida e depois ter deixado de existir, e Ínsula, jornal cultural especializado no âmbito das letras e, nesse sentido, bastante minoritário, mas já de longo curso nos anos sessenta e ainda vivo na actualidade.
Conscientes de que não há produção literária que possa ser cabalmente compreendida fora do seu co... more Conscientes de que não há produção literária que possa ser cabalmente compreendida fora do seu contexto e sem umas coordenadas culturais e espácio-temporais mínimas, esboçamos uma rápida aproximação às ilhas africanas de Cabo Verde e fazemos um breve percurso pelas letras cabo-verdeanas até Nuno de Miranda, cuja obra narrativa, que nos leva dos anos sessenta até aos noventa do século XX, focaremos.
Neste trabalho propomos ler alguns dos escritores cabo-verdeanos não na qualidade de autores de t... more Neste trabalho propomos ler alguns dos escritores cabo-verdeanos não na qualidade de autores de textos considerados literários, mas como responsáveis por outros produtos culturais -não literários- cujo tema-objecto é o campo literário em/de Cabo Verde. Isto porque, debruçando-nos sobre certos ensaios de relativa dimensão, artigos mais ou menos extensos, breves reflexões críticas ou depoimentos em entrevistas feitos por alguns dos produtores cabo-verdeanos, captamos olhares que, apesar de individuais, são significativos e reveladores de uma tomada de posição a respeito dessa realidade não apenas literária na qual se inserem e em que, não se limitando a observar, intervêm.
Poca es la literatura angoleña que podemos encontrar en el Estado español y casi toda traducida d... more Poca es la literatura angoleña que podemos encontrar en el Estado español y casi toda traducida del portugués al castellano, con excepción de un par de títulos asociados al público infantil-juvenil en euskera, algumos textos en catalán y diversas ediciones monolingües, en el idioma original, aparecidas en Galicia. Siguiendo la pista literaria de Angola en el siglo XXI, con respecto a la poesía se constata que disponemos únicamente de una decena de textos traducidos y que en ellos surge la marcada presencia de la poesía de (Ana) Paula Tavares. En este trabajo, procedemos a introducir brevemente la palabra poética de Angola y algunos de los aspectos más característicos de la obra de Tavares, ofreciendo, al mismo tiempo, la traducción de algunos de sus textos.
Aproximando-nos da produção cultural do pequeno arquipélago de Cabo Verde, antiga colónia de Port... more Aproximando-nos da produção cultural do pequeno arquipélago de Cabo Verde, antiga colónia de Portugal, não deve resultar estranha a presença nela das duas línguas que coexistem nesse espaço: a oficial e a materna -também conhecida como nacional-, isto é, a portuguesa e a cabo-verdeana. A fala, maioritariamente em crioulo, garante importante presença da língua cabo-verdeana nos produtos musicais -raramente em português- e mesmo nos teatrais e cinematográficos. No entanto, a escrita, como produto da escolarização e da alfabetização feitas em português, foi e continua a ser domínio quase exclusivo da língua portuguesa, apesar da frequente reivindicação da língua cabo-verdeana como válida para a expressão escrita. A fim de ver de que modo isto se traduz no âmbito da literatura, recorreremos à reflexão dos próprios produtores para observar diferentes momentos, vozes e posições a respeito da escolha linguística no desenvolvimento literário do arquipélago.
No fim dos anos sessenta e na década de setenta detecta-se a existência de transferências, apelos... more No fim dos anos sessenta e na década de setenta detecta-se a existência de transferências, apelos solidários e de apoio mútuo CClll duzentes a umha certa articulaçorn de entre-ajuda impulsionada por alguns sectores das nacionalidades periféricas. A comum preferência do repertório da poesia social-realista, de compromisso e inlervençom, nas chamadas «línguas vernáculas» e o êxito da cançó catalá favorece a difusom de Salvador Espriu, figura de destaque na cultura cat.:. ' llá, que passa a ser (rc)conhecido, nom apenas na Catalunha ou entre os intelectuais galegos estabelecidos nela, mas também na Galiza e nos seus enclaves e, ainda, no conjunto do Estado Espanhol, nom em poucas ocasions fazendo parte da tríade completa da palo basco Gabriel Aresti e o galego Celso Emilio Ferreiro. Este trabalho tem por objectivo dar a conhecer e interpretar as transferências de Salvador Espriu e da sua obra para um sistema ga lego cm construçom que encontra na Catalunha, com frequência, o seu referente de analogia ou de emulaçom. Nesla comunicaçom, eslando longe da nossa inknçom e possibi lidades fazer um levantamento exaustivo da presença e referências a Salvador Espriu na Galiza e/ou em galego, tentaremos dar um mo desto contributo para esse trabalho, que é (apenas) umha das mani festaçons do diálogo intercultural das periferias peninsulares.
Na Espanha, onde a experiência colonial africana nom atingiu a extensom nem a profundidade que ma... more Na Espanha, onde a experiência colonial africana nom atingiu a extensom nem a profundidade que marcarom a Inglaterra, a França, Portugal ou a Bélgica, é pouca a informaçom que se oferece do continente africano, em geral, e quase minúscula a específica da chamada África Negra, tanto no que se refere às notícias jornalísticas como no relativo a aspectos da história da humanidade. Sendo poucas as referências à totalidade dos países, é óbvio que as dos PALOP nom podem deixar de ser insignificantes em termos percentuais, quando existem.
DE ES S auctoritas reconhecida. Isto aumenta a dificuldade de reconstrução do ambiente pré-Certez... more DE ES S auctoritas reconhecida. Isto aumenta a dificuldade de reconstrução do ambiente pré-Certeza, ainda acrescida por outras razões: escassa produção escrita dos intervenientes, quase imediata dispersão deles não só pelas ilhas mas pelo funcionalismo colonial e nas quatro partidas do mundo e, sobretudo, situação terrivelmente precária em que (sobre)vive nessa altura o jornalismo cabo-verdeano, de que pode dar a medida o facto de o único jornal das ilhas, Notícias de Cabo Verde, ter estado praticamente interrompido entre Outubro de 1944 e de 1945 -nesse intervalo apenas foi publicado o número 229 (6.3.1945)e de o anterior órgão para a expressão da juventude ter desaparecido em 1936, um ano antes de que se fechasse a mais tarde baptizada como primeira fase da Claridade. As condições para reconstruir o ambiente de fervilhar cultural na forma ou manuscritas, jornalísticas ou outras -, de tal modo que a sua reconstrução habitualmente só pode ser enfrentada recorrendo às pegadas que deixa a concretização do ideado. Assim sendo, as realizações grupais em forma de publicação, perduráveis, as breves notas na imprensa contemporânea, a correspondência entre os seus artífices ou, então, o depoimento, já afastado no tempo, dos participantes -quer activos, quer passivos-nesse acontecer são os instrumentos para recuperar essa movimentação.
O presenle artigo lem I'or objectivo apresentar um percurso mínimo do estudo das lileraturas afri... more O presenle artigo lem I'or objectivo apresentar um percurso mínimo do estudo das lileraturas africanas, em geral, e da produção lilerária dos Países Africanos <k Lín . gua Oficial Portuguesa. em particular. Alravts do recurso a algumas obras de refe~n_ da que servem como apresentaçõcs -mas obedecem a criltrios de organizaçNo v6rios-chama_se a atenção sobre o .tralamento gregário~ que costuma presidir esse estudo e sobre a priorização da escrita nas línguas q ue foram carread", pelos colonizadores europeus. Finalmente, lenta_se pôr de manifeslo alguns dos equívocos e das limilações que, para o CQnhecimento e a CQmpreensllo do:s (prelos).!istemas literários de Cabo Verde:. Guin~-Bis.sau, São To~ e Príncipe, Angola e MOofambique, supOe Uma aproximação abrangeme e centrada apenas na escrita em língua portuguesa.
E laborar uma bibliografia exaustiva dos trabalhos de Margarido apresenta-se como uma tarefa difí... more E laborar uma bibliografia exaustiva dos trabalhos de Margarido apresenta-se como uma tarefa difícil de cumprir, sobretudo tendo em conta que se trata de identificar a(s) escrita(s), numa só pessoa, de um sociólogo, um antropólogo, um historiador, um professor, um tradutor, um crítico literário, um jornalista, um romancista, um poeta e também -mas não necessariamente concluindo a lista-um homem de arte, conforme testemunham o seu interesse na escultura, cerâmica e pintura e algumas realizações na área.
Thesis Chapters by Maria Felisa Rodriguez Prado
CAPE VERDEAN NARRATIVE IN THE TWENTIETH CENTURY
Maria Felisa Rodríguez Prado
ABSTRACT
In deali... more CAPE VERDEAN NARRATIVE IN THE TWENTIETH CENTURY
Maria Felisa Rodríguez Prado
ABSTRACT
In dealing with the literary production from the Cape Verde Islands, it is frequent to identify the Claridade magazine and generation of the 1930s with the beginning of a body of national literature which, basically written in Portuguese, differs from Portuguese Literature not only in terms of a thematic, (self-)proclaimed “cape-verdeanness”, but also in terms of a linguistic “cape-verdeanization”.
When examining the texts of both the first propagandists or promotors as well as those of later scholars who have studied this literature/literary tradition over half of a century, we can detect that, the focus placed upon the so-called claridosos as well as upon their works, have created a discourse which, together with the relevance of anticolonial Nova Largada generation of the sixties, tends to conceal the period in-between, and, particularly, the 1940s.
Given the lack of attention to this question, this dissertation explores the Cape-verdean context and group – contemporary to the politic leader Amílcar Cabral – from the S. Vicente Islands as presented through Certeza magazine (1944-1945). Both the group and the Certeza journal are considered to have had a greater social engagement [than the previous generation], characteristic of neorealism. Then, this study intends to trace the literary career of the young certezista, Nuno (de) Miranda, who, over the following decades, creates a body of poetry, essays and fiction which received a wide and positive reception during the colonial period, but which has rarely been mentioned since the independence of the archipelago in 1975.
Key-words: literature, Cape Verde, literary history, Certeza, Nuno (de) Miranda, twentieth century.
A NARRATIVA CABO-VERDEANA NO SÉCULO XX
Maria Felisa Rodríguez Prado
RESUMO
Ao abordar a produç... more A NARRATIVA CABO-VERDEANA NO SÉCULO XX
Maria Felisa Rodríguez Prado
RESUMO
Ao abordar a produção literária de Cabo Verde, é comum a identificação da revista e a geração da Claridade, da década de 30 do século XX, com o início de uma literatura nacional que, fundamentalmente escrita em português, se diferencia da literatura portuguesa através de uma proclamada “cabo-verdeanidade” temática e também de uma “cabo-verdeanização” linguística.
Percorrendo os textos tanto dos primeiros divulgadores desse facto literário como dos académicos que o estudaram ao longo de quase meio século, detecta-se que a colocação dos chamados claridosos e das suas obras no centro da atenção criou um discurso que, unido ao realce anticolonial da geração da Nova Largada dos anos sessenta, tende a invisibilizar o período intermédio e em particular a década de 40.
A partir dessa lacuna, este trabalho foca o contexto cabo-verdeano e o grupo que na ilha de S. Vicente se apresenta através da revista Certeza (1944-1945), do qual Amílcar Cabral é contemporâneo e a que se atribui um maior compromisso social, característico do neo-realismo. Por fim, desenha-se a trajectória literária de um dos jovens certezistas, Nuno (de) Miranda, que ao longo das décadas seguintes constrói uma obra poética, ensaística e ficcional com ampla e positiva recepção durante a época colonial, mas escassamente referida depois da independência do arquipélago, em 1975.
Palavras-chave: literatura, Cabo Verde, história literária, Certeza, Nuno (de) Miranda, século
Call for Papers by Maria Felisa Rodriguez Prado
Vozes, silêncios e silenciamentos nos estudos do discurso
Veus, silencis i silenciaments en els ... more Vozes, silêncios e silenciamentos nos estudos do discurso
Veus, silencis i silenciaments en els estudis del discurs
Voices, silences and silencing in discourse studies
Voces, silencios y silenciamientos en los estudios del discurso
Primeira convocatória
Analisar o discurso é uma tarefa que deve tomar em consideração quais as vozes que se ouvem e quais aquelas que não se escutam, o que é dizível e visível, assim como aquilo que é calado, invisível e indizível sob diferentes ordens do discurso. O silêncio e o ato de silenciar são consequências da estratificação de falantes, de discursos e de línguas (nomeadas) conforme a evolução dos modelos que legitimam a condição de se 'ser falante', de cidadania e de mobilidade. A reflexão sobre a conexão entre vozes e silêncios / silenciamentos pode lançar luz sobre as relações sociais de poder nos vários contextos, assim como sobre as condições de geração de conhecimento a que está sujeito o nosso trabalho de analistas do discurso. O IV Simpósio Internacional EDiSo visa trazer para o primeiro plano o não dito, o não visto e o não escutado, como forma de entender a conformidade, o conflito, a resistência e mesmo a subversão face às ordens discursivas, sociolinguísticas e económicas dominantes na modernidade tardia. Serão bem vindos painéis, oficinas, mesas redondas e contributos individuais sobre os seguintes temas:
✓ Silêncios e silenciamentos do multilinguismo em contextos de mobilidade e diversidade.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos em políticas linguísticas.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos nos diversos espaços institucionais. ✓ Silêncios e silenciamentos nos nossos dados discursivos, etnográficos ou interacionais.
✓ Silêncio e silenciamento como medida de acção, resistência ou controlo do discurso que implica (auto)censura, diálogo e apagamento ideológico.
✓ Vozes e silêncios na nossa produção de conhecimento.
Uploads
Papers by Maria Felisa Rodriguez Prado
O mar e a terra definindo juntamente o arquipélago, é por isso que telurismo e talassoricismo aparecem na sua literatura de mãos dadas; como, de resto, acontece na obra de Nuno de Miranda, escritor pertencente à geração dos jovens estudantes liceais que, em 1944, criaram no Mindelo a revista Certeza, sob influência dos ventos neorealistas e das tendências universalistas em voga na altura.
no projeto de pesquisa “Discursos, imagens e práticas culturais sobre Santiago de Compostela como meta dos
Caminhos”, situando-se como um pequeno contributo –em forma de teste ou primeira aproximação– para o
início da fase de estabelecimento de um diálogo contrastivo entre aquilo que se encontra e é transmitido tanto
nos textos literários relacionados com Compostela como nos depoimentos dos visitantes à cidade, em termos de
discursos, imagens e práticas culturais (sejam estas possíveis ou efetivadas).
Thesis Chapters by Maria Felisa Rodriguez Prado
Maria Felisa Rodríguez Prado
ABSTRACT
In dealing with the literary production from the Cape Verde Islands, it is frequent to identify the Claridade magazine and generation of the 1930s with the beginning of a body of national literature which, basically written in Portuguese, differs from Portuguese Literature not only in terms of a thematic, (self-)proclaimed “cape-verdeanness”, but also in terms of a linguistic “cape-verdeanization”.
When examining the texts of both the first propagandists or promotors as well as those of later scholars who have studied this literature/literary tradition over half of a century, we can detect that, the focus placed upon the so-called claridosos as well as upon their works, have created a discourse which, together with the relevance of anticolonial Nova Largada generation of the sixties, tends to conceal the period in-between, and, particularly, the 1940s.
Given the lack of attention to this question, this dissertation explores the Cape-verdean context and group – contemporary to the politic leader Amílcar Cabral – from the S. Vicente Islands as presented through Certeza magazine (1944-1945). Both the group and the Certeza journal are considered to have had a greater social engagement [than the previous generation], characteristic of neorealism. Then, this study intends to trace the literary career of the young certezista, Nuno (de) Miranda, who, over the following decades, creates a body of poetry, essays and fiction which received a wide and positive reception during the colonial period, but which has rarely been mentioned since the independence of the archipelago in 1975.
Key-words: literature, Cape Verde, literary history, Certeza, Nuno (de) Miranda, twentieth century.
Maria Felisa Rodríguez Prado
RESUMO
Ao abordar a produção literária de Cabo Verde, é comum a identificação da revista e a geração da Claridade, da década de 30 do século XX, com o início de uma literatura nacional que, fundamentalmente escrita em português, se diferencia da literatura portuguesa através de uma proclamada “cabo-verdeanidade” temática e também de uma “cabo-verdeanização” linguística.
Percorrendo os textos tanto dos primeiros divulgadores desse facto literário como dos académicos que o estudaram ao longo de quase meio século, detecta-se que a colocação dos chamados claridosos e das suas obras no centro da atenção criou um discurso que, unido ao realce anticolonial da geração da Nova Largada dos anos sessenta, tende a invisibilizar o período intermédio e em particular a década de 40.
A partir dessa lacuna, este trabalho foca o contexto cabo-verdeano e o grupo que na ilha de S. Vicente se apresenta através da revista Certeza (1944-1945), do qual Amílcar Cabral é contemporâneo e a que se atribui um maior compromisso social, característico do neo-realismo. Por fim, desenha-se a trajectória literária de um dos jovens certezistas, Nuno (de) Miranda, que ao longo das décadas seguintes constrói uma obra poética, ensaística e ficcional com ampla e positiva recepção durante a época colonial, mas escassamente referida depois da independência do arquipélago, em 1975.
Palavras-chave: literatura, Cabo Verde, história literária, Certeza, Nuno (de) Miranda, século
Call for Papers by Maria Felisa Rodriguez Prado
Veus, silencis i silenciaments en els estudis del discurs
Voices, silences and silencing in discourse studies
Voces, silencios y silenciamientos en los estudios del discurso
Primeira convocatória
Analisar o discurso é uma tarefa que deve tomar em consideração quais as vozes que se ouvem e quais aquelas que não se escutam, o que é dizível e visível, assim como aquilo que é calado, invisível e indizível sob diferentes ordens do discurso. O silêncio e o ato de silenciar são consequências da estratificação de falantes, de discursos e de línguas (nomeadas) conforme a evolução dos modelos que legitimam a condição de se 'ser falante', de cidadania e de mobilidade. A reflexão sobre a conexão entre vozes e silêncios / silenciamentos pode lançar luz sobre as relações sociais de poder nos vários contextos, assim como sobre as condições de geração de conhecimento a que está sujeito o nosso trabalho de analistas do discurso. O IV Simpósio Internacional EDiSo visa trazer para o primeiro plano o não dito, o não visto e o não escutado, como forma de entender a conformidade, o conflito, a resistência e mesmo a subversão face às ordens discursivas, sociolinguísticas e económicas dominantes na modernidade tardia. Serão bem vindos painéis, oficinas, mesas redondas e contributos individuais sobre os seguintes temas:
✓ Silêncios e silenciamentos do multilinguismo em contextos de mobilidade e diversidade.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos em políticas linguísticas.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos nos diversos espaços institucionais. ✓ Silêncios e silenciamentos nos nossos dados discursivos, etnográficos ou interacionais.
✓ Silêncio e silenciamento como medida de acção, resistência ou controlo do discurso que implica (auto)censura, diálogo e apagamento ideológico.
✓ Vozes e silêncios na nossa produção de conhecimento.
O mar e a terra definindo juntamente o arquipélago, é por isso que telurismo e talassoricismo aparecem na sua literatura de mãos dadas; como, de resto, acontece na obra de Nuno de Miranda, escritor pertencente à geração dos jovens estudantes liceais que, em 1944, criaram no Mindelo a revista Certeza, sob influência dos ventos neorealistas e das tendências universalistas em voga na altura.
no projeto de pesquisa “Discursos, imagens e práticas culturais sobre Santiago de Compostela como meta dos
Caminhos”, situando-se como um pequeno contributo –em forma de teste ou primeira aproximação– para o
início da fase de estabelecimento de um diálogo contrastivo entre aquilo que se encontra e é transmitido tanto
nos textos literários relacionados com Compostela como nos depoimentos dos visitantes à cidade, em termos de
discursos, imagens e práticas culturais (sejam estas possíveis ou efetivadas).
Maria Felisa Rodríguez Prado
ABSTRACT
In dealing with the literary production from the Cape Verde Islands, it is frequent to identify the Claridade magazine and generation of the 1930s with the beginning of a body of national literature which, basically written in Portuguese, differs from Portuguese Literature not only in terms of a thematic, (self-)proclaimed “cape-verdeanness”, but also in terms of a linguistic “cape-verdeanization”.
When examining the texts of both the first propagandists or promotors as well as those of later scholars who have studied this literature/literary tradition over half of a century, we can detect that, the focus placed upon the so-called claridosos as well as upon their works, have created a discourse which, together with the relevance of anticolonial Nova Largada generation of the sixties, tends to conceal the period in-between, and, particularly, the 1940s.
Given the lack of attention to this question, this dissertation explores the Cape-verdean context and group – contemporary to the politic leader Amílcar Cabral – from the S. Vicente Islands as presented through Certeza magazine (1944-1945). Both the group and the Certeza journal are considered to have had a greater social engagement [than the previous generation], characteristic of neorealism. Then, this study intends to trace the literary career of the young certezista, Nuno (de) Miranda, who, over the following decades, creates a body of poetry, essays and fiction which received a wide and positive reception during the colonial period, but which has rarely been mentioned since the independence of the archipelago in 1975.
Key-words: literature, Cape Verde, literary history, Certeza, Nuno (de) Miranda, twentieth century.
Maria Felisa Rodríguez Prado
RESUMO
Ao abordar a produção literária de Cabo Verde, é comum a identificação da revista e a geração da Claridade, da década de 30 do século XX, com o início de uma literatura nacional que, fundamentalmente escrita em português, se diferencia da literatura portuguesa através de uma proclamada “cabo-verdeanidade” temática e também de uma “cabo-verdeanização” linguística.
Percorrendo os textos tanto dos primeiros divulgadores desse facto literário como dos académicos que o estudaram ao longo de quase meio século, detecta-se que a colocação dos chamados claridosos e das suas obras no centro da atenção criou um discurso que, unido ao realce anticolonial da geração da Nova Largada dos anos sessenta, tende a invisibilizar o período intermédio e em particular a década de 40.
A partir dessa lacuna, este trabalho foca o contexto cabo-verdeano e o grupo que na ilha de S. Vicente se apresenta através da revista Certeza (1944-1945), do qual Amílcar Cabral é contemporâneo e a que se atribui um maior compromisso social, característico do neo-realismo. Por fim, desenha-se a trajectória literária de um dos jovens certezistas, Nuno (de) Miranda, que ao longo das décadas seguintes constrói uma obra poética, ensaística e ficcional com ampla e positiva recepção durante a época colonial, mas escassamente referida depois da independência do arquipélago, em 1975.
Palavras-chave: literatura, Cabo Verde, história literária, Certeza, Nuno (de) Miranda, século
Veus, silencis i silenciaments en els estudis del discurs
Voices, silences and silencing in discourse studies
Voces, silencios y silenciamientos en los estudios del discurso
Primeira convocatória
Analisar o discurso é uma tarefa que deve tomar em consideração quais as vozes que se ouvem e quais aquelas que não se escutam, o que é dizível e visível, assim como aquilo que é calado, invisível e indizível sob diferentes ordens do discurso. O silêncio e o ato de silenciar são consequências da estratificação de falantes, de discursos e de línguas (nomeadas) conforme a evolução dos modelos que legitimam a condição de se 'ser falante', de cidadania e de mobilidade. A reflexão sobre a conexão entre vozes e silêncios / silenciamentos pode lançar luz sobre as relações sociais de poder nos vários contextos, assim como sobre as condições de geração de conhecimento a que está sujeito o nosso trabalho de analistas do discurso. O IV Simpósio Internacional EDiSo visa trazer para o primeiro plano o não dito, o não visto e o não escutado, como forma de entender a conformidade, o conflito, a resistência e mesmo a subversão face às ordens discursivas, sociolinguísticas e económicas dominantes na modernidade tardia. Serão bem vindos painéis, oficinas, mesas redondas e contributos individuais sobre os seguintes temas:
✓ Silêncios e silenciamentos do multilinguismo em contextos de mobilidade e diversidade.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos em políticas linguísticas.
✓ Vozes, silêncios e silenciamentos nos diversos espaços institucionais. ✓ Silêncios e silenciamentos nos nossos dados discursivos, etnográficos ou interacionais.
✓ Silêncio e silenciamento como medida de acção, resistência ou controlo do discurso que implica (auto)censura, diálogo e apagamento ideológico.
✓ Vozes e silêncios na nossa produção de conhecimento.
Pepetela, tendo publicado mais de uma dúzia de romances entre As aventuras de Ngunga (1973) e Predadores (2005).
Dez anos depois de lhe terem concedido o Prémio Camões, a AELG outorgou-lhe a distinção de "Escritor Galego Universal", que o trouxe por vez primeira à Galiza em maio de 2007.
Essa foi uma oportunidade para conhecê-lo ao vivo e ouvi-lo em Santiago de Compostela.
nas nossas casas por (meios de comunicaçom) ocidentais, nom resulta estranho que o papel atribuído à nossa acçom com respeito ao continente negro tenha muito de positivo: civilizador, formador, solidário, humanitário, democrático ...
Também nom é estranho -porque é assim como chega a
chamar a nossa atençom- que associemos o continente
africano com desastres naturais, fames terríveis, golpes de
estado, violaçons dos direitos humanos ou enfrentamentos
real ou supostamente tribais. De tudo isso sentimo-nos muito
longe, para a nossa felicidade e descanso.
Se, mudando a fonte e, por isso, a perspectiva, formos ao
encontro do continente negro seguindo os olhares africanos
através dos trilhos da(s) sua(s) literahIra(s) teremos a oportunidade de descobrir outras realidades ...
Cales son os efectos, sobre todo na Zona Vella, dos discursos sobre a cidade?
En que medida as persoas que nos visitan se relacionan coa comunida de e a cultura local?
Cal é a diferenza entre a persoa que peregrina e quen vén de visita ou por turismo?
Que visitante se parece máis connosco? Cales son os nosos espazos máis queridos?
Santiago é agora máis a cidade do Camifío e menos a cidade capital, patrimonial, cultural, universitaria?
A Cidade, o Camino e Nós, con resultados de investigación de proxec tos da Rede Galabra sediados na USC, pretende contribuír para respon der diversas preguntas relacionadas con Santiago de Compostela e as súas xentes do abundantes informacións sobre como somos, como nos vemos, como vemos quen nos visita e como esta xente nos ve, inclúese a síntese das diversas perspectivas manifestadas en oito mesas redon das de representantes cidadáns/ás que acompafíaron o proxecto expo sitivo que dá título a esta obra, xunto coas motivacións dun traballo divulgativo deste tipo.
Este libra continúase co volume Visitar, Comerciar e Habitar a Cidade, Andavira, 2020