ERP usage in higher education learning context
Manuela Aparicio
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTE-IUL) ISTAR-IUL NOVA, Information
Management School (NOVA IMS), Universidade Nova de Lisboa
Joao Raposo
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTE-IUL), Portugal
Carlos J. Costa
ISEG (Lisbon School of Economics & Management) Universidade de Instituto
Universitario de Lisboa (ISCTE-IUL) ISTAR-IUL
This is the final, accepted version of the conference paper published by
IEEE
Aparicio, M., Raposo, J., & Costa, C. J. (2018). A Utilização de ERP em contexto de Ensino
Superior [ERP usage in higher education learning context]. In Proceedings of CISTI 2018:
13th Iberian Conference on Information Systems and Technologies (Vol. 2018, pp. 1-6).
IEEE Computer Society. DOI: 10.23919/CISTI.2018.8399302
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A Utilização de ERP em contexto de Ensino Superior
ERP Usage in Higher Education Learning Context
Manuela Aparicio
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTEIUL) ISTAR-IUL
NOVA, Information Management School
(NOVA IMS), Universidade Nova de Lisboa
manuela.aparicio@acm.org
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTE-IUL)
Portugal
joao_nuno_raposo@iscte-iul.pt
Resumo — Os sistemas Enterprise Resource Planning (ERP) são a
pedra angular dos sistemas de informação das organizações. A
utilização destes sistemas em contexto de ensino da gestão constitui
uma oportunidade que as instituições de ensino têm vindo a
aproveitar, de forma a melhorar os seus indicies de performance
empregabilidade, satisfação e a aproximarem-se das necessidades
do mercado. Este artigo avalia se a adoção e utilização de um
software de ERP num contexto de ensino, traz melhorias na
aprendizagem e sedimentação de conhecimentos de gestão e mais
próximo dos requisitos de mercado. De forma a realizar esta
avaliação, foi inicialmente elaborado um plano curricular capaz
fornecer aos alunos a aprendizagem de conceitos teóricos sobre
sistemas empresariais e de proporcionar a interação com um ERP
real. De seguida com o intuito de avaliar o sucesso da integração
do ERP no plano curricular foi desenvolvido um estudo com
métodos qualitativos para averiguar o entendimento dos alunos
quanto a conhecimentos chave sobre os ERP e da gestão em geral.
Palavras Chave - ERP; Enterprise Resource Planning; Gestão;
Ensino Superior; Open Source.
Abstract — Enterprise Resource Planning (ERP) systems are the
corner stone of organizational information systems. ERP usage in
higher education is an opportunity that universities have
undertaken to achieve students’ performance, employment,
satisfaction, and align with the labor market. This paper evaluates
if the usage of an ERP in higher education context improves the
management learning nearer to the market requisites. To perform
this evaluation, it was developed a syllabus plan aiming to provide
a solid theoretical background on organizational information
systems and also providing interaction with a real ERP in classes.
Followed by a qualitative study method to infer the students’
knowledge on management key concepts and ERP usage in
general.
Keywords – ERP; Enterprise Resource Planning; Management;
Higher Education; Open Source.
I.
Carlos J. Costa
João Raposo
INTRODUÇÃO
Nas empresas de consultoria de sistemas empresarias
responsáveis pela comercialização de licenças de software de
ERP, existe um aumento da procura por colaboradores com
percursos académico não só nas áreas técnicas de programação,
mas também em áreas de gestão. De forma a diminuir o gap entre
ISEG (Lisbon School of Economics
& Management) Universidade de
Instituto Universitario de Lisboa (ISCTE-IUL)
ISTAR-IUL
cjcosta@iseg.ulisboa.pt
as duas áreas, as empresas têm investido numa formação inicial
mais abrangente e exaustiva, capaz de formar colaboradores
multifacetados e competentes. No ensino universitário não
existem ainda estudos suficientes, acerca do impacto do uso de
sistemas ERP, que estes podem possuir na aprendizagem dos
alunos. A introdução de sistemas empresariais, também
conhecidos como sistemas de ERP, veio dar resposta às
necessidades das empresas bem como potenciar as suas
capacidades. Estes são vistos como uma solução integradora,
que possibilitam às organizações uma integração crossfuncional e a otimização da gestão de processos da cadeia de
abastecimento [1]. Inicialmente, os ERP, apenas eram adotados
por grandes organizações, isto pois, s sua implementação
requeria um elevado consumo de recursos. Contudo o
aparecimento de opções mais simples e flexíveis, veio permitir
que empresas de média dimensão adotassem também este tipo
de sistemas empresarias [18] [36]. Tradicionalmente, as
universidades têm estruturado os seus programas académicos
consoante funções de negócio, como marketing, operações,
contabilidade, finanças, sistemas de informação [2]. Foram
definidos os seguintes objetivos de investigação: OB1: Proposta
de curso ERP; OB2: Desenvolver programa curricular. A
investigação proposta, pretende introduzir um sistema de ERP
no currículo pedagógico de forma a avaliar os seus impactos na
aprendizagem e na satisfação dos alunos. Com base na revisão
de literatura, foi possível propor um programa curricular
(ensino) utilizando um sistema ERP em ambiente de aulas de
gestão. Atualmente existe um software open source de ERP,
localizado para Portugal e implementado por alunos de
engenharia informática do ISCTE-IUL para contexto de ensino
superior. O programa pedagógico foi estruturado segundo as
contribuições da framework e das práticas de ensino de Ruhi[1].
II.
ENQUADRAMENTO TEÓRICO CONCEPTUAL DOS ERP
ERP (Enterprise Resource Planning) é definido por Klaus et
al. [3] como uma solução em formato de software que tenta
integrar completamente todos os dados, processos e funções de
negócio de forma a apresentar uma visão holística do negócio a
partir de uma arquitetura informacional e tecnológica única. Os
dados são guardados centralmente numa base de dados que
funciona como “HUB” (ponto central da empresa) que
armazena, partilha e circula informação entre todos os
departamentos da organização [4]. Segundo Shehab et al. [5],
os sistemas de ERP possibilitam um fluxo de dados e informação
constantes, em tempo real e online permitindo acesso em
qualquer altura e lugar, tornando as decisões dos gestores mais
eficazes e eficientes. O conceito de ERP tem a sua origem nos
sistemas de produção utilizados na década de 60, onde as
empresas podiam deter elevadas quantidades de stock para
satisfazer as necessidades da procura e ainda ser competitiva [6].
A maioria dos sistemas de produção utilizados na altura, apenas
tinham em consideração o controlo do stock segundo os
conceitos tradicionais sobre stocks gestão e controlo de stocks
representavam os únicos sistemas empresariais os sistemas de
produção [7]. O desenvolvimento constante dos sistemas de
produção através da introdução da introdução de ferramentas de
trabalho como o Computer Integrated Manufacturing (CIM) e o
Electronic Data Processing (EDP), deu origem a sistemas mais
integrantes e com um scope mais amplo como o ERP [8].
Todavia, em 2000, O novo conceito é uma extensão do ERP
tradicional, que passa a incorporar o e-business e a gestão
colaborativa da cadeia de abastecimento, através dos módulos
de Customer Relationship Managment (CRM) e de Supply
Chain Managment (SCM) [9] [10] A integração de fornecedores
e clientes, possibilitaria às organizações partilhar dados precisos,
atualizados com os seus clientes, colaboradores e parceiros da
cadeia de valor, independentemente da localização ou
linguagem [11]. Devido à crescente importância que os ERP
assumem no contexto organizacional, nas ultimas décadas a
investigação sobre os sistemas de ERP tem aumentado [12],
sendo a fase de implementação do sistema o tema mais
investigado, seguida pelas fases de uso e evolução do sistema
[13] [14] [15] [39] [40].
III.
ERP NO ENSINO
Existe um aumento da procura de colaboradores
especializados e competentes nas áreas de sistemas de ERP e de
gestão, capazes de lidar com a complexidade do sistema
empresarial [1]. Atualmente as universidades e em particular as
escolas de gestão enfrentam um duplo desafio. Primeiro,
construírem programas relevantes através da incorporação de
competências e conhecimentos importantes para o mercado e
alunos, segundo, projetar e implementar novas abordagens
ensino inovadores, de forma a facilitar a aprendizagem [19] [20]
[21] [37]. Um programa académico baseado em sistemas
empresariais é uma estratégia pedagógica útil para aprofundar o
conhecimento, sobre a natureza cross-funcional dos processos
de negócio e decisões corporativas e para ultrapassar as
desatualizadas abordagens funcionais (“stovepipe view”), que
ditam a organização do currículo, segundo áreas funcionais [1].
Ao integrar sistemas de ERP, as universidades valorizam a sua
oferta curricular, não só por estes incluírem temas como cadeia
de abastecimento, integração da cadeia de valor, gestão de
processo de negócio e de workflow e de e-negócios/etecnologias, mas também por tornarem o ensino mais prático e
orientado para as competências requeridas pelo mercado [17]
[22] [23]. Além destes benefícios, a integração e o uso destes
sistemas empresarias no percurso académico, confere às
universidades uma maior taxa de empregabilidade dos seus
alunos [20] [22] [25]Segundo Andera et al. [33] a procura por
colaboradores com conhecimentos e competências em sistemas
de ERP traduz-se em salários mais elevados, para estudantes que
receberam formação sobre estes sistemas do que os que não
obtiveram, a diferença salarial anual é em média de 4 056,00$
(quatro mil e cinquenta e seis dólares).
A. Práticas Pedagógicas Contemporâneas
As Universidades/Escolas de Gestão tradicionalmente têm
estruturado os seus programas académicos por áreas funcionais
como marketing, operações, finanças, contabilidade e sistemas
de informação [25]. Contudo, esta abordagem pode representar
uma barreira para os alunos compreenderem a crossfuncionalidade e integração de processos de negócio [26].
Avanços nas abordagens pedagógicas colocam grande
importância numa aprendizagem ativa, criticando abordagens
onde apenas se recorre a palestras ou conferências. Segundo
Auster e Wylie [27] os alunos procuram uma aprendizagem
ativa onde possam ter oportunidades de aplicar o seu
conhecimento e simular situações reais. Com o avanço
tecnológico e de sistemas empresariais, as universidades,
aproveitando estas oportunidades, estão adotar estratégias para
implementar currículos que contemplem componentes teóricos
e práticos sobre ERP [26].
B. Abordagens Macro e Micro
Segundo Ruhi [1] as técnicas de ensino contemporâneas
usadas para lecionar sistemas empresariais, podem ser divididas
em duas tipos de abordagens, a nível macro e a nível micro.
Adiante serão apresentadas práticas pedagógicas provenientes
da revisão de literatura realizada por Ruhi [1]. Numa abordagem
macro a estrutura do programa académico é concebida como um
todo sendo. O principal objectivo do programa é a transmissão
de conhecimento e o resultado da aprendizagem dos alunos. De
seguida Ruhi [1] apresenta várias alternativas de planos
curriculares, nomeadamente unidades curriculares individuais
(standalone-course) VS variadas unidades curriculares
(multiple-course) (planos curriculares). No plano curricular
standalone-course tem como objetivo fornecer os conceitos e
aplicações dos sistemas de ERP numa unidade curricular (UC)
especializada, normalmente esta é uma UC central do curso.
Segundo Ruhi [1] os ERP são: Sistemas de Informação; Funções
de Negócio; Sistemas com Processos Centralizados; Modelos de
Processos Organizacionais; Planeamento e Implementação de
Sistemas Empresariais; Gestão de Reengenharia e da Mudança;
Administração de Sistemas e de Redes; Desenvolvimento de
Aplicações Organizacionais. A abordagem pedagógica a nível
micro ocupa-se de especificar as atividades e as práticas de
ensino a serem utilizadas nas diferentes UC de sistemas
empresariais. Segundo a revisão de literatura de Ruhi [1], podem
ser utilizadas as seguintes: conferências ou palestras;
participação ativa; casos de estudo; jogos de simulação; projeto
final.
C. Teoria da aprendizagem empírica/experiencial
No centro do processo de aprendizagem empírica está a
afirmação que as pessoas aprendem através das suas descobertas
e experiencias, que moldam a forma como elas compreendem o
conhecimento afetando consequentemente o desenvolvimento
cognitivo [28]. De forma a esquematizar o processo de
aprendizagem empírica, Kolb [28] ilustrou o ciclo de
aprendizagem empírica, mecanismo este que descreve como o
conhecimento é criado através da transformação de
experiencias. Segundo o mesmo autor, o individuo atravessa
quatro etapas de um ciclo de aprendizagem (figura 2). Kolb
fornece a seguinte explicação sobre as quatro etapas do processo
de aprendizagem empírica [28] [29]: 1) Experiências Concretas
(Concrete Experiences) – interação com aspetos dos fenómenos
a ser explorados onde a aprendizagem ocorre através dos
sentimentos do individuo em vez de uma abordagem sistemática
onde se investiga e soluciona os problemas; 2) Observação
Refletiva (Reflective Observation) – a aprendizagem ocorre
através do entendimento de ideias e situações de vários pontos
de vista, que em conjunto com pensamentos e sentimento
individuais formulam opiniões; 3)Conceitos Abstratos (Abtract
Conceptualisation) – o sujeito baseia-se em teorias e análise de
ideias de forma a compreender situações, ao invés de apenas
confiar em sentimentos; 4) Experimentação Ativa (Active
Experimentation)possibilita
a
aprendizagem
pela
experimentação, ou seja, através de interação com o assunto em
estudo. Indivíduos tem uma visão pratica dos assuntos sabendo
o que realmente funciona. O ciclo de aprendizagem empírica
também identifica duas dimensões ou eixos de aprendizagem:
perceção e processamento [29]. Os dois eixos em conjunto com
as quatro etapas de aprendizagem originam diferentes estilos de
aprendizagem. Estes estilos estão divididos por quatro
quadrantes sendo denominados de: 1) Acomodado
(Accommodator) – preferem experienciar em vez de obterem
conhecimento teóricos e aprendem mais eficazmente quando
fornecidas oportunidades práticas; 2) Divergente (Divergent) –
aprendem mais eficazmente através da reunião de informação
relevante de várias fontes e de terem em consideração vários
pontos de vista; 3) Assimilador (Assimilator) – aprendem
através da organização de um vasto conjunto de informação,
tornando esta informação concisa e lógica; 4) Convergentes
(Converger) – aprendem melhor quando são apresentadas
oportunidades onde se pode aplicar conhecimento teórico.
Figura 1. Ciclo de Aprendizagem Empírica. [28]
Um axioma central da teoria de aprendizagem empírica é que
apesar de cada indivíduo deter um estilo de aprendizagem
dominante, todas as pessoas acabam por utilizar uma
combinação em diferentes alturas. A propensão para integrar
todos os estilos na aprendizagem melhora através do
desenvolvimento pessoal e profissional ao longo da vida [29].
IV.
FRAMEWORK
Apesar dos fundamentos da teoria da aprendizagem empírica
serem reconhecidos na melhoria da aprendizagem dos alunos em
vária UC’s [29] [30], as práticas pedagógicas baseadas nesta
teoria não têm sido adotadas sistematicamente [1]. Assim Ruhi
[1] apresenta uma framework (figura 2) baseada na teoria da
aprendizagem empírica, apresentada por Kolb, e nas práticas
pedagógicas propostas por si. Estas práticas pedagógicas, são
um esforço Ruhi [1] de reunir as práticas contemporâneas
referidas na sua revisão de literatura, com recomendações
baseadas na sua vasta experiência no ensino de múltiplas UC’s,
na área de sistemas empresariais. Na framework (figura 2) podese verificar a relação entre as práticas pedagógicas e os processos
de aprendizagem empírica e seus subjacentes modos cognitivos,
através da coloração das interceções. As interações onde a
coloração se apresenta mais escura representa um forte
alinhamento entre as práticas pedagógicas adotadas pelo
professor e processo de aprendizagem do aluno [1].
Figura 2. Framework de Aprendizagem Empírica. [1]
Com esta framework, Ruhi pretende fornecer um ponto de
partida para o desenvolvimento de um planeamento formativo
adequado, permitindo que professores e as instituições de ensino
possam escolher, entre as várias técnicas pedagógicas, a mais
apropriada, tendo em conta modo de aprendizagem e tipo de
estilo de aprendizagem que esta suporta [1]. De forma a suportar
e complementar a framework, o autor fornece ainda, algumas
linhas orientadoras sobre ações a desenvolver para cada prática
pedagógica.
V. PROPOSTA DE CURSO ERP
Para o desenvolvimento de um programa curricular
adequado é necessário definir uma estratégia compatível com os
recursos e tempo disponíveis, para a sua execução. Assim, a
estratégia adotada pretende, inicialmente, que os alunos
adquiram alguns conceitos teóricos sobre os sistemas de
informação e que de seguida tenham a possibilidade de interagir
com um software de ERP. O programa curricular será dividido
em duas sessões, uma teórica e outra prática. Na sessão teórica
abordam-se conceitos básicos de sistemas empresariais,
explicando a sua evolução, importância estrutura, de forma a
fornecer uma base teórica sólida aos alunos. Posteriormente, na
sessão prática, através da utilização de um software de ERP, os
alunos teriam a oportunidade verificar e aplicar os conceitos
abordados na sessão anterior, bem como interligar
conhecimentos adquiridos noutras UC. O programa curricular
foi desenvolvido, tendo em atenção as restrições, a estratégia
delineada e a revisão de literatura realizada. Cruzando a
estratégia delineada com a teoria da aprendizagem experiencial
[28][29] averiguou-se que o processo de aprendizagem situa-se
entre a “Conceptualização Abstrata” e a “Experimentação
Ativa”. Concluindo, deste modo, que o estilo de aprendizagem
mais adequado é o “Convergentes”, onde os alunos aprendem
melhor quando fornecida a oportunidade de aplicar o
conhecimento teórico.
VI.
IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO ERP
A. Sessão Teórica
Na primeira sessão do plano de formação, utilizou-se uma
abordagem teórica, tendo sido escolhida a prática pedagógica
“Palestras e Seminários”. Esta prática é considerada adequada
para fornecer uma síntese do conhecimento proveniente de
várias fontes, convergindo assim, conhecimentos relevantes
sobre ERP e familiarizando os alunos com os conceitos teóricos
atuais [1]. Foi exibida a estrutura arquitetónica do ERP tendo
sido explicado como são operacionalizados os sistemas (base de
dados central, módulos, aplicações, intervenientes). Nesta fase
da sessão foi ainda evidenciada a capacidade integrativa destes
sistemas [31] ao ser ilustrada as relações existentes entre
módulos funcionais e através da introdução do conceito ERP-II.
Para concluir, a caracterização dos ERP, foram apresentados os
impactos organizacionais resultantes da adoção e
implementação deste tipo de sistemas [32], tendo sido abordado
os seus principais benefícios e ainda discutido os possíveis
problemas adjacentes á sua implementação e exploração.
Figura 3. Desenvolvimento do programa curricular
Na segunda parte da sessão foi apresentada uma
caracterização do mercado e das empresas da indústria. Assim,
foi exibida a divisão do mercado com recurso as quotas que
cada empresa detém bem como o valor estimado da indústria.
De seguida foram apresentadas algumas empresas e os seus
ERP, expondo imagens dos seus interfaces e realçando as
principais diferenças entre concorrentes. Para finalizar a aula
foi abordado um tema central a todos os softwares de ERP,
nomeadamente o módulo de faturação. Foi explicado aos
alunos, que para um ERP ser certificado o módulo de faturação
deve cumprir determinados requisitos impostos pela lei
portuguesa e que nem todos os softwares são certificados.
Tendo sido apresentado um website governamental onde é
possível verificar uma lista de todos os softwares certificados
em Portugal.
B. Sessão de Apresentação e Descrição do ERP
A sessão prática iniciou-se com um breve resumo da sessão
anterior (teórica), tendo sido revista as principais funções e
objetivos dos sistemas de ERP para o desempenho de funções
empresariais. Durante a apresentação, foram abordadas
algumas relações interdepartamentais (Armazém ↔ Produção;
Produção ↔ Contabilidade) e interempresariais (Compras e
Vendas) e como se traduzem ao nível de sistemas de
informação. De seguida foi apresentado o sistema de ERP que
viria a ser utilizado durante a formação.
Figura 4. ERP Open Source Localizado para fins didaticos
O ERP utilizado é considerado uma versão simples, quando
comparado com outros sistemas existentes no mercado, visto ter
sido desenvolvido com a finalidade de ensino. Apesar da
simplicidade, o software adotado exibe os conteúdos e as
transações empresariais essenciais para suportar um plano de
formação, semelhante aos das organizações profissionais. O
ERP é, então, constituído pelas seguintes funções empresariais
(módulos): Vendas; Compras; Artigos e Inventário; Centros de
custos; Bancos e Contabilidade; Configurações. No software
utilizado neste estudo é possível aos utilizadores definir os
dados da empresa (nome, morada, etc.), configurar acessos dos
utilizadores e parâmetros fiscais, realizar backups e restauros de
dados entre outras. Após a apresentação do ERP e uma breve
explicação das suas funcionalidades, foi proposto aos alunos
que realizassem um exercício prático (Step-by-Step).
C. Execicio Prático com recurso ao uso do ERP
Para aplicar e verificar os conceitos abordados teoricamente, foi
proposto aos alunos que realizassem um conjunto de registos e
transações, usando o ERP apresentado anteriormente. As
figuras seguintes são referentes a uma dessas sessões praticas
no dia 2 de Dezembro de 2016, numa aula de pós-graduação no
ISCTE-IUL. O exercício proposto aos alunos apresenta um
conjunto de indicações necessárias para realizar alguns
processos organizacionais. Este exercício, não tem como
objetivo avaliar a correta realização dos processos por parte dos
alunos, pretende sim expor os alunos ás transações empresariais
mais frequentes. O objetivo principal do caso prático, é que os
alunos consigam verificar e compreender a aplicação dos
conceitos teóricos num ambiente mais próximo da realidade
empresarial. O desenvolvimento deste caso prático foi baseado
em planos de formação de softwares de ERP profissionais
concebidos para empresas. Inicialmente é apresentada a Bill of
Materials (estrutura do produto) de um produto da empresa,
sendo pedido aos alunos que confirmem no sistema se todas as
componentes da estrutura estão corretas e atualizadas. De
seguida, é lhes solicitado que registem uma encomenda do
cliente no sistema, desencadeando um conjunto de ações
necessárias para satisfazer o pedido. Os processos realizados no
exercício são os seguintes: 1) Planeamento de Compras –
Verificar stock em armazém e calcular necessidades de matériaprima; 2) Compras– Encomendar as necessidades de matériaprima aos fornecedores; 3) Receção de Matéria-Prima – Dar
entrada da matéria-prima em armazém, realizar pagamentos e
faturação; 4) Produção – Dar ordem de produção; 5) Entrega de
Encomenda – Entregar encomenda ao cliente a efetuar
faturação e recebimentos.
VII. AVALIAÇÃO DO USO DO ERP EM CONTEXTO DE AULA
Para cumprimento dos objectivos do presente estudo foi
utilizado um ERP em open source que cumpre com os aspetos
de localização de um ERP para Portugal [34] e foi implementada
essa framework de localização em sistema cloud computing no
ISCTE-IUL [16] [35] [38]. De forma a avaliar os impactos e o
sucesso que a introdução de um sistema de ERP no plano
curricular, foram usados dois tipos de modelos. Numa segunda
análise, duas questões foram colocadas a dois grupos de alunos
com percursos académicos distintos. Um dos grupos era
constituído por alunos da Licenciatura de Engenharia
Informática (LEI) e o outro por alunos do Mestrado de Gestão
de Serviços e Tecnologias (MGST). No total foram submetidos
45 questionários pelos dois grupos, contudo apenas 21 respostas
foram validadas, sendo que os alunos de LEI representam 66%
da amostra (14 respostas) e os alunos de GST representam 33%
(7 respostas). As questões pretendiam que os alunos
identificassem as possíveis limitações dos sistemas empresariais
e as vantagens da sua utilização para os gestores de produção e
financeiros. Recorrendo a uma analise de frequências dos
cometarios é possível realizar uma análise conteúdo e assim
identificar as expressões mais utilizadas para responder às
questões. Pela análise dos resultados retirados da tag cloud é
possível verificar que os dois grupos de alunos dão destaques a
diferentes expressões/palavras. Quanto aos benefícios que os
ERP podem trazer para gestores de produção e financeiros, a
palavra mais utilizada pelos alunos de engenharia foi “melhor”,
seguida de “controlo”, “organização” e “produção” (figura 6),
por outro lado os alunos de gestão dão mais foco a palavras
como “tempo”, “acesso” e “informação” (figura 7). Estes
resultados demonstram a existência de dois perfis, indicando que
os alunos de engenharia dão mais relevância a aspetos
operacionais como a melhoria do controlo e da organização da
produção e de stocks (produtos). Enquanto que os alunos da área
de gestão dão importância aspetos mais abrangentes/estratégicos
como a disponibilidade de informação, informação em tempo
real e central.
Figura 6. Tag cloud
benefícios Eng. Informática
Figura 7. Tag cloud
benefícios GST
Relativamente à identificação de possíveis limitações dos
ERP, verifica-se que existem também perspetivas diferentes
entre os dois cursos. Os alunos de engenharia informática
referem
termos
como
“custos”,
“manutenção”,
“implementação” (figura 8), apontando assim aspetos
relacionados com a exploração do software. Por outo lado os
alunos de gestão apontam questões mais técnicas, como
problemas decorrentes da utilização do software como a
complexidade e consequentemente os erros daí resultantes
(figura 9). Contudo, em ambos os casos apontam a formação
como principal desvantagem, isto pois devido à complexidade
e á importância dos ERP para as organizações, apesar dos
alunos reconhecerem a formação como necessário, na sua
perspetiva é um fator gerador de muitos custos e encargos.
Figura 8. Tag cloud limitações
Eng. Informática
Figura 9. Tag cloud limitações
GST
Através desta análise qualitativa é possível retirar algumas
ilações relevantes sobre a perceção com que os alunos ficaram
após a formação. Ambos os grupos de alunos demonstram uma
boa compreensão dos tópicos abordados, afim de conseguirem
identificar de forma clara os principais benefícios dos sistemas
de ERP, como a melhoria do controlo de processos e a
integração central da informação. Foi possível observar que,
apesar de entenderem bem os conceitos, os dois grupos
demonstram ligeiras diferenças na forma como percecionam os
benefícios e as limitações dos ERP.
VIII. CONCLUSÕES
Os sistemas ERP são considerados uma ferramenta basilar para
gestão organizacional, sendo quase um pré-requisito para
empresas atuais e competitivas. A procura por colaboradores
com conhecimentos e competências em sistemas ERP aumenta.
Para além da oportunidade de colmatar o gap do mercado e
melhorar o nível de empregabilidade dos seus cursos, as
universidades devem encarar a utilização destes softwares
como uma ferramenta de ensino visto permitirem um melhor
entendimento e articulação de conhecimentos de SI e de gestão.
Desta análise, concluiu-se que os alunos mostraram algum
sentido critico e uma boa ligação entre conceitos, exibindo
assim um bom nível de conhecimento sobre os sistemas de
ERP. Foi ainda observado, que os diferentes grupos de alunos
demonstram diferentes preocupações sobre os tópicos
abordados, levando a concluir que distintos percursos
académicos têm influência na assimilação de conhecimentos.
Estas diferenças são naturais e expectáveis e realçam a
necessidade de se efetuar pequenos ajustamentos no plano de
curricular, consoante a áreas de aprendizagem dos alunos.
Apesar da investigação ter demonstrado bons resultados e ser
possível retirar algumas limitações e sugestões podem
apontadas. Quanto às limitações do estudo, estas prendem-se
principalmente com a amostra escolhida e com a profundidade
do programa curricular. Os resultados da investigação
demonstram a integração de um ERP num plano curricular de
sistemas de informação, permite que os alunos adquiram
simultaneamente conhecimento conceptual e processual,
através dos processos cognitivos “analisar e pensar” e “fazer e
experimentar”.
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