Psicanálise no hospital?
Psychoanalysis at a hospital?
Venicius Scott Schneider 1
Complexo Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Paraná CHC-UFPR -Curitiba/PR
RESUMO
O presente trabalho está composto por duas partes. A primeira apresenta uma
discussão sobre o exercício da psicanálise na instituição hospitalar, partindo da
constatação de que tal prática ainda convoca fortes interrogações sobre sua
viabilidade nesse contexto. Especialmente tendo em vista as objeções de
operar em um espaço em que a dominância discursiva estaria mais pautada no
discurso universitário e do mestre, onde a demanda relativa a um trabalho
psicanalítico não estaria propriamente colocada e as condições para o setting
analítico estariam inviabilizadas ou pelo menos restringidas. A partir da
problematização de proposições apresentadas sobre a impossibilidade da
psicanálise no hospital e as consequências dessa premissa, desenvolvem-se
as perspectivas de um trabalho de escuta clínica orientado em direção ao
impossível. Conclui-se nessa parte do texto que o exercício desse discurso
somente é viável desde um referencial ético, fundamentando-se na proposição
de uma abertura visando dar lugar à manifestação da singularidade de cada
um. A segunda parte apresenta a fundamentação e articulação de duas linhas
diretivas: a da medicina, desde a leitura da tela “Medicina” de Klimt, e a
psicanalítica, que situa o lugar da medicina a partir da perspectiva lacaniana.
Palavras-chave: psicanálise; hospital; clínica; ética; impossível.
ABSTRACT
This work is composed by two parts. The first one is a discussion about the
psychoanalytic practice at hospitals, considering that this practice still raises
questions regarding its viability in this context. Considering that the master’s
discourse and the university’s discourse are predominant in the hospital, it is
believed that there is a difficulty in operating the psychoanalytical discourse.
Moreover, it is said that there is not a demand towards the psychoanalytical
work in a way that the conditions for the analytical setting are unfeasible or at
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Psicólogo. Psicanalista. Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
CHC-UFPR -Curitiba/PR. Coordenador do eixo específico de Psicologia em Residência
Multiprofissional. Tutor e Preceptor do Programa de Residência Multiprofissional do Adulto e
do Idoso/PSAI. Especialista em Filosofia e Psicanálise/UTP-PR. Mestre em Psicanálise,
Saúde e Sociedade/UVA-RJ. E-mail: vsschneider@gmail.com.
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least restricted. Starting with the propositions presented about the impossibility
of psychoanalysis at a hospital and the consequences of this premise, the
perspectives of a work with clinical listening in the direction of the impossible
are developed. In this part of the work it is concluded that the operation of this
discourse is only possible from an ethical perspective, which is based on a
premise of an openness to make way for each one’s singularity. The second
part of the work presents the fundamentals and articulations of two lines of
work: medicine, read accordingly to the painting of Klimt called “Medicine”, and
the psychoanalytical, that places medicine in accordance with a Lacanian
perspective.
Keywords: psychoanalysis; hospital; clinic; ethics; impossible.
Scriptum
Abordar o tema da impossibilidade do exercício da psicanálise em uma
instituição, mais especificamente, a hospitalar, torna-se importante na medida
em que ainda são suscitadas fortes interrogações sobre sua viabilidade.
Especialmente tendo em vista as objeções de operar em um espaço em que a
dominância dos fundamentos de entendimento estariam mais pautados no
discurso universitário e do mestre, no qual a demanda relativa a um trabalho
psicanalítico não estaria propriamente colocada e em que as condições para o
setting analítico ficariam inviabilizadas ou pelo menos restringidas.
Tal interrogação foi levantada recentemente em um grupo de estudos
que tem vigência em um hospital sob a responsabilidade do presente autor,
cuja temática principal visa estudaras limitações e possibilidades da práxis da
clínica psicanalítica no hospital. Evidentemente, faz-se necessário colocar
todas as reservas quanto ao que foi efetivamente dito por aquele que levantou
a questão que foi apresentada no grupo, pois trazia o seu entendimento do que
escutou da fala de uma pessoa que se apresentou como psicanalista em um
outro contexto. Entretanto, tal questão serve, muito mais do que para
responder ao nosso suposto interlocutor, para produzir em nós mesmos uma
reflexão sobre o afazer de cada um nesse campo, como será desenvolvido na
sequência.
Eis a suposta afirmação e a argumentação do nosso interlocutor
imaginário, e que serão tomadas como fidedignas: “A psicanálise no hospital é
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impossível. O que é possível é uma escuta com o referencial psicanalítico.
Apesar de ter conhecimento de opiniões divergentes de colegas, eles teriam
que se esforçar muito para me convencer do contrário. O trabalho do
psicanalista no hospital está mais voltado para viabilizar uma passagem pela
internação na qual as manifestações de angústia seriam amenizadas, as
situações de luto relativo ao adoecer, elaboradas, de forma que as
intervenções médicas ficariam facilitadas, permitindo que o processo da
internação siga um fluxo melhor ou, pelo menos, normal, sem maiores
intercorrências.”
O que responder diante de tal proposição? Pausa: Mas você não disse
que não se tratava de responder ao suposto interlocutor? ...Flagrado com as
calças na mão!!!???... Bem, o fato é que se trata de elucidar o que está em
jogo em tal pergunta e suas ressonâncias no efetivo participante do grupo e,
principalmente, para o que nos interessa aqui, em minha própria concepção
sobre o trabalho. Pois, o modo como cada um entende o trabalho, concerne-o
de maneira específica e especificável, apesar de nem sempre estar
fundamentada, estabelecendo os parâmetros que direcionam seu modo de
intervir e seu entendimento do que se pode esperar de tal trabalho.
Mesmo sem saber sobre as referências teóricas e práticas do nosso
interlocutor imaginário poderíamos inicialmente apresentar nosso acordo em
relação à assertiva relativa à impossibilidade do exercício da psicanálise no
hospital, já que ela é freudiana. Pode-se situá-la na afirmativa que consta no
escrito de Freud sobre a “Análise terminável e interminável” (1937/1975), onde
se apresenta a ideia de que o psicanalisar, conjuntamente com o governar e o
educar são profissões impossíveis. Desde essa perspectiva a afirmação de que
a psicanálise não é possível no hospital poderia ser restringida ao não ser
possível e ponto, logo, no complemento, ou seja, no hospital, também não
seria possível.
O que nos leva à segunda frase: O que é possível é uma escuta com um
referencial psicanalítico. Consequência lógica da primeira afirmativa. Pois, se a
psicanálise não pode ser exercida como tal por se dar num hospital, somente
teríamos derivados devido a adaptações e, por isso mesmo, ela não seria
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exercida em sua pureza, em virtude da necessidade do uso dos recursos
disponíveis pela técnica da sugestão. Proposta que pode encontrar seus
fundamentos no texto de Freud, “Linhas de progresso na terapia psicanalítica”
(1919/1975), no qual ele defende a proposta de que a psicanálise, para ser
exercida nas instituições, precisaria misturar a pureza de seu ouro ao cobre da
sugestão. Principalmente devido à limitação implicada no tempo necessário a
um tratamento psicanalítico em toda a sua extensão. Assim, onde a pureza
deveria ser separada da impureza, o limpo do sujo, para assegurar o ideal da
assepsia, com a proposta da escuta com orientação psicanalítica, constitui-se
um espaço de permissão para a mistura, justificada pela inclusão do conceito
de tempo. Desse modo estaríamos desculpados dessa “heresia” de conspurcar
o ouro psicanalítico com o cobre da sugestão, pois, mesmo sabendo que
estamos um pouco sujos, estamos nos apoiando na palavra do mestre, tendo
assim o seu suposto aval. Visão geral do quadro da psicanálise no hospital:
pobrinha, sujinha, mas comportada!!!! Pois seu valor decaiu do ouro ao cobre,
conspurcou-se com a mistura da transferência com a sugestão e adaptou-se às
circunstâncias adversas, fundamentando-se supostamente na palavra do pai...
Temos então um lugar de possibilidade limitado pelos fatores de tempo,
dinheiro, transferência, interpretação, ausência de divã, entre outros, que no
consultório particular podem ser considerados em sua pureza, resultando a
conclusão de que ali sim, efetivamente a psicanálise é possível.
A terceira frase, “apesar de ter conhecimento de opiniões divergentes de
colegas, eles teriam que se esforçar muito para me convencer do contrário.”, é
impagável! Pois nos remete à proposta psicanalítica no que concerne ao modo
como concebe o tema da demanda, que permite indagar sobre o motivo pelo
qual alguém solicitaria a um outro, cujo modo de entendimento diverge do seu
próprio, para ser convencido do que ele pensa. Ora, por acaso não estaria eu
tão convicto do que eu mesmo penso? Para não demonstrar má vontade,
pode-se considerar que a forma de exposição poderia fazer referência aos
recursos da retórica de modo a aliviar a relação com o outro ao não colocar o
opositor como um completa e decididamente equivocado, situando-se como
alguém com abertura para o diverso. Para o que nos importa, a referência ao
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outro marca o que é próprio da estrutura, cuja lógica estabelece que, ao fixá-lo
em um ponto qualquer, tem-se como retorno o lugar que se ocupa. Assim, não
se trata, quando se está efetivamente imerso na situação que chamaremos de
clínica, das referências teóricas divergentes ou convergentes, mas do que “de
fato” se faz diante dela, nesses momentos em que se apresenta a hora da
verdade. Aqui aparece, sem maquiagem, o osso do trabalho e nossa relação a
ele. Como pode ser ilustrado na referência a uma história narrada sobre um
famoso sufi chamado Mulá Nasrudin (Shah, 2011):
Nasrudin algumas vezes levava pessoas para viajar no
seu barco. Um dia, um pedagogo melindroso o contratou
para atravessar um rio muito largo. Assim que
embarcaram, o erudito perguntou se a travessia seria
turbulenta. “Não me pergunta nada disso”, falou Nasrudin.
“Você nunca estudou gramática?” “Não”, respondeu o
Mulá. “Nesse caso, metade da sua vida foi desperdiçada.”
O Mulá não disse nada. Logo, uma terrível tempestade
desabou. O barquinho frágil e descontrolado do Mulá
começou a se encher de água. Ele se virou para o
companheiro e perguntou: “Você alguma vez aprendeu a
nadar?” “Não”, respondeu o pedante. “Nesse caso,
professor, TODA a sua vida está perdida, pois estamos
afundando.”
Marcadas as devidas proporções, não é propriamente infrequente que
nos encontremos na situação do professor, fazendo uma travessia, munidos de
um saber que enfeita as bibliotecas, mas sem a operatividade necessária na
hora do encontro. Momento em que costumamos vislumbrar o lugar em que
nos situamos em nossa práxis, geralmente desencadeador de angústia,
produtor de solicitação de sessões extras de análise e/ou buscas eventuais de
uma supervisão, principalmente para aqueles que não a tem como uma
desejável prática contínua.
O lugar que se ocupa na clínica está marcado, a cada momento, pelo
modo como se concebe aquilo que se faz, saiba-se disso ou não. Afirmativa
que fica elucidada com a retomada da quarta parte do discurso do nosso
psicanalista imaginário. Relembremos: o trabalho do psicanalista no hospital
estaria voltado para viabilizar uma passagem pela internação na qual as
manifestações de angústia seriam amenizadas, as situações de luto relativo ao
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adoecer, elaboradas, de forma que as intervenções médicas ficariam
facilitadas, permitindo que a alta siga um fluxo melhor ou, pelo menos, normal,
sem maiores intercorrências. Quem poderia se opor a um discurso como esse?
Afinal, quem trabalha com psicanálise seria um grande estraga prazeres que
quer ver o circo pegar fogo, mais do que desfrutar do espetáculo? Certamente
que não. O problema está colocado em outra dimensão, a saber: será que o
paciente foi comunicado sobre o que deve fazer na encenação do espetáculo?
E mais, caso informado, será que está de acordo? O que a clínica nos
oportuniza verificar é que os pacientes podem ter um modo de entender
bastante diferente do estabelecido pelo autor da peça, e que, quando ocorre,
costuma estragar o espetáculo esperado. Nesses momentos em que o script
da peça não é seguido, como operar? Eis que surge a dimensão da ética! Aqui,
preto no branco, poderemos visualizar com clareza o modo de entendimento
de cada um na função que pretende realizar.
Nesses momentos, o recurso ao mestre fica bastante avariado, pois a
pergunta sobre o que ele faria, realizada para que o próprio afazer tenha um
balizamento para estar de acordo com o que é supostamente certo, visando
estar em congruência com ele, pelo menos nesse ponto, carece de uma
resposta. Diante da emergência dessa inconsistência, como é que cada um
opera? Antes, como um adendo, no sentido de precisar tais emergências, vale
ressaltar que o fenômeno descrito não é de ocorrência rara, faz parte de nosso
cotidiano. Normalmente sua aparição é produtora de angústia, que gera um
movimento imediato no sentido de eliminá-la, recorrendo para tanto à
elaboração dos mais variados tipos de respostas. O modo como estas
respostas serão formuladas darão os índices de como cada um tratará com o
surgimento da angústia diante desse pequeno furo no saber. No texto “A
direção do tratamento e os princípios de seu poder”, Lacan (1958/1998)
estabelece as diretrizes que permitem diferenciar o trabalho propriamente
analítico do de um exercício de poder que se torna o operador a partir da
impotência do praticante em sustentar o estatuto do discurso analítico. Sendo a
recorrência às respostas que marcam a impotência o recurso mais comum.
Aqui, na sequência do desenvolvimento da quarta proposição, é
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possível verificar a posição ocupada por aquele que faz a proposta, que reside
na antecipação de um saber que aliena o sujeito de sua própria palavra, na
medida em que pressupõe um mal estar, seja ele relativo a angústia ou a
perda, por não partir dos pressupostos fundamentais da clínica psicanalítica.
Há uma sobreposição da perspectiva do bem-estar e da adaptação que apaga
o que aquele que tem algo a falar, diga. Pois, o estabelecimento de qualquer
ideal vem marcar um impedimento para que a escuta possa dar lugar a fala de
modo a permitir a emergência do sujeito do inconsciente. Nesse caso, a
expectativa do aparecimento da angústia pressupõe uma manifestação que
não necessariamente acontece no trabalho, valendo o mesmo raciocínio para a
esperada perda. Operando como defesa ante o que pode surgir de uma fala
que efetivamente inclua a dimensão do sujeito, que somente advirá a partir de
uma escuta psicanalítica, realiza-se o seu apagamento. Efeito produzido pela
tomada moral do que se considera como o bem para o outro, mais do que a
dimensão ética, que vem pela oferta de uma abertura dar lugar à manifestação
da singularidade de cada um, ressalte-se, no um a um, a cada vez.
Nessa quarta frase se apresenta de modo inequívoco uma proposta de
trabalho como uma tentativa de adaptação do paciente hospitalar ao discurso
médico. Note-se que uso o termo ‘paciente hospitalar’, pois o discurso está
orientado para uma escuta que privilegia um fim que caracteriza o sujeito a
quem se dirige, tendo em vista o suposto bem do paciente, que deveria estar
adaptado ao meio no qual está inserido, tendo como retorno o ser bem visto
pelo Outro da instituição, ao ter realizado bem o seu trabalho. Constata-se que
para realizar tal tarefa (ressalte-se que parto do pressuposto nos casos em que
ela é bem-sucedida) houve a necessidade do recurso ao convencimento, por
partir da premissa adaptativa, pois, ao visar um fim desde a perspectiva do
bem, acaba-se por se situar em um lugar de mestria. Mas não só, pois o agir
visando o bem também levanta uma questão relativa ao bem de quem? E
certamente a demanda de reconhecimento de um lugar de valor ao profissional
envolvido não deixa de entrar na equação. Aqui, novamente, nenhum problema
em querer realizar um bom trabalho e ser reconhecido por isso. O problema
que se coloca é que quando são esses pontos que estão norteando a escuta
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não há lugar para a escuta do sujeito do inconsciente. Mais precisamente, no
ponto em que a contratransferência obturou a abertura operada pela escuta, o
desejo do analista deixa de ser operativo dando lugar para a condução da
consciência,
cuja
falha,
que
certamente
ocorre,
quando
se
dá,será
inevitavelmente colocada sob a responsabilidade do paciente sob a
denominação de sujeito impossível ou do profissional impotente.
Tanto no primeiro caso como no segundo, pode ser que surja o afeto da
vergonha no infortunado analista. Podendo ser atribuída ao sujeito que deixou
de ser paciente hospitalar, na medida em que ao não se adaptar às regras
prescritas, certamente seria um mau paciente, sem vergonha de expor uma
limitação às boas intenções do nosso colega, constatação que visaria isentá-lo
de qualquer responsabilidade. Ou, do lado do praticante, pois não se
cumpriram as exigências do que se supõe que o Outro esperava, colocando o
nosso virtuoso praticante abaixo do nível que considerava estar, podendo
eventualmente avaliar que sua limitação ocorreu pela falta de um saber
passível de ser encontrado nos livros ou na própria análise, marcando o desvio
ou a direção. Destaco o afeto da vergonha por seu aparecimento ser um
indicativo que o lugar de autorização do trabalho analítico não se operou, pois
o recurso ao bem-dizer o mal-dito foi restringido pela impotência do praticante.
Retomando, é somente ao manter uma postura ética orientada em
direção ao impossível que o discurso psicanalítico tem uma chance de operar
desde uma perspectiva que não rebaixe o trabalho a uma técnica adaptativa,
situando sua existência numa dimensão de espaço físico que seria o critério de
sua possibilidade. A psicanálise somente precisa ser adaptada quando
operada desde uma modalidade de saber que visa apagar a dimensão da
emergência do real da clínica, visto que gera angústia, cuja escuta, ao dar
lugar a dimensão do dito, permite a construção de um espaço no qual o sujeito
do inconsciente tenha voz no dizer.
Logo, ao considerar a questão do lugar do exercício da psicanálise é
preciso reformular a limitação devido a um espaço físico tendo em vista uma
outra perspectiva, ou melhor, o lugar de partida da psicanálise é o do dito,
desde o qual será possível situar um dizer. Desse modo, torna-se viável a
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construção de um espaço da palavra, que está além da limitação instituída pelo
espaço físico, já que seu material de construção são fala e a linguagem, função
e campo cujo funcionamento permitirá situar o sujeito do inconsciente em suas
mais variadas relações com seu objeto, cuja ex-sistência dará a direção ao
impossível da clínica psicanalítica, inclusive no hospital, onde seu exercício se
dá em sua integralidade, justamente por estar marcada pelo limite do
impossível.
Post Scriptum
Na elaboração do pós-escrito, optou-se por manter o escrito tal como foi
produzido originalmente para a apresentação oral no Colóquio Psicanálise e
Hospital Hoje, e acrescentar um post scriptum com o intuito de situar o escrito a
partir das duas linhas diretivas estabelecidas na proposta do Colóquio, ou seja,
a da psicanálise e o da medicina, que orientaram as variadas produções
apresentadas compondo uma certa convergência, apesar da diversidade.
A primeira seria a caracterização da medicina desde a leitura da imagem
recortada da tela de Klimt, seguida pelos fios norteadores da fundamentação
psicanalítica a partir da perspectiva lacaniana dada pelo texto “O lugar da
psicanálise na medicina” (2001), alinhavadas com a conjunção “e”, a qual é
ressaltada na proposta geral do Colóquio em suas nuances, como o elemento
que marca os limites e alcances das relações entre psicanálise e medicina na
atualidade.
A imagem da Medicina
Durante o Colóquio não foi destacado de modo mais detido o motivo da
escolha da tela do pintor austríaco Gustav Klimt, utilizada para ilustrar o cartaz
de divulgação do evento. Certamente a escolha não se deu de forma aleatória,
pois a pintura causou uma grande celeuma na época de sua divulgação, não
sendo aceita no meio universitário como obra para representar a medicina, por
essas características faremos uma breve leitura dessa imagem visando situar
uma perspectiva sobre a medicina. Assim, sem entrar num detalhamento mais
aprofundado de “Medicina”, pois fugiria da proposta do post scriptum, parte-se
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da premissa de que ela marca como pano de fundo, de modo surpreendente, a
situação atual da medicina, bem como sua relação com a psicanálise,
reforçando a cuidadosa e feliz escolha da referida imagem para divulgar a
proposta do Colóquio. Para tanto faz-se necessário considerar a imagem
parcial da tela incluindo-a na pintura integral, onde a imagem de fundo
permitirá situar o lugar da medicina na dimensão do humano, como será
possível constatar.
A imagem apresentada consiste em uma parte do quadro que tem uma
história que ilustra o modo como a medicina pretendia ser e como de fato foi
representada para o mundo. A tela, nomeada de “Medicina”, foi criada pelo
pintor simbolista Klimt (1862-1918), visando compor com “Filosofia” e
“Jurisprudência” um conjunto de obras para decorar o Grande Hall da
Universidade de Viena, que corresponderia à sala de formatura da instituição
(Storkovich, 2003). Porém, um comitê formado por professores da academia
rejeitou a primeira obra que era “Filosofia”, e “Medicina” sofreu uma série de
críticas negativas a ponto da discussão chegar ao Parlamento Austríaco, por
entenderem que a obra não representava a medicina devido a seu cunho
pornográfico, e por não ressaltar as principais características desse saber que
ocupava na época um lugar de vanguarda no mundo destacando-se pela
promoção da cura e da profilaxia (Finn, Bruetman & Young, 2013).
A pintura sofreu uma série de percalços, até ser destruída em 1945,
durante a Segunda Guerra Mundial, devido a um incêndio provocado pelos
alemães quando batiam em retirada do Castelo de Immendorf. Restaram dela
apenas duas fotografias tiradas pouco antes do incêndio, uma colorida, que
retrata somente uma parte da tela, na qual figura Higia, filha do Deus da Cura,
Asclépio, em todo seu esplendor. Também conhecida como Salus na mitologia
romana, remete, pela própria referência etimológica de seu nome, às palavras
higiene, saúde, higidez, enquanto o seu pai, denominado “o grande médico”
(Brandão, 1995), estava relacionado à concepção de cura. Sua imagem
aparece em estilo hierático que destaca a sacralidade, a majestade e a rigidez,
com a cobra de Asclépio envolta em seu braço esquerdo chegando até sua
mão direita, que segura a taça de Lete (Cavallaro, 2018).
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A outra foto, está em preto e branco, com a imagem integral da tela, que
inclui o espaço do fundo da obra que pode ser dividida em dois planos, no
primeiro, em que figura a já descrita imagem de Higia, e no segundo, onde está
representado o rio da vida, composto por uma espécie de rio de corpos nus
entrelaçados e sobrepostos, no qual figuram as gerações, a gravidez, o
nascimento, a maturidade, a velhice, a doença e a morte. Tal divisão, segundo
Storkovich (2003, p. 231), segue uma convenção do Alto Barroco que propõe
uma visão dual da imagem, na qual a imagem de fundo retrata a mensagem do
primeiro plano.
Desse modo temos uma bela representação da imagem da medicina no
primeiro plano da tela, que na sua bela realeza sacra, figura uma espécie de
máscara cuja verdade somente pode ser dada pelo plano de fundo, para o qual
ela dá as costas com sua imagem higiênica, saudável, segurando sua taça
com a água do rio do esquecimento. Mas, o que precisaria ser esquecido?
Aquilo que figura em segundo plano na tela. De forma sumária, que a vida não
tem cura e inclui a morte em si mesma, logo, retrata que os poderes da
medicina são bastante frágeis diante do que significa o sofrimento humano,
somente podendo, em relação a este, realizar cuidados paliativos. O que não
diminui sua grande necessidade, nem descarta esse vasto e importante campo
do saber, porém o situa dentro de seus limites. Fato que desagradou
fortemente uma boa parte dos nobres médicos vienenses do início do século
passado e, talvez, alguns desse século, ainda...
Para finalizar essa parte lembremos que o outro aspecto que causou a
indignação diante da criação de Klimt foi a referência à sexualidade. Não por
acaso, 1901 tem apenas um ano de diferença com o lançamento de um livro
que na época não teve grande repercussão, cujo título era “A interpretação dos
sonhos” (1900), de Sigmund Freud, no qual dizia que o sonho é uma realização
de desejo sexual infantil recalcado, que para ser interpretado precisa recorrer à
Outra Cena. Lugar do inconsciente, ao qual o também autor de “Três ensaios
para uma teoria da sexualidade” (1905), articula sua teoria da sexualidade
desenvolvendo sua proposta fundamentada unicamente na pesquisa analítica,
de forma deliberadamente independente das descobertas da biologia, método
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que o levou a concluir, sob importantes aspectos, que suas “descobertas
divergiam grandemente daquelas que se baseiam em considerações
biológicas” (Freud, p.130). Logo, a referência freudiana para tratar da
sexualidade precisa partir do conceito de inconsciente, marcando desse modo
uma distância com a biologia e, por lógica consequência, da medicina. A
semelhança segue nesse ponto a oposição própria do discurso moralista que
busca encontrar na suposta obscenidade o motivo para que a cena-tela não
venham à luz.
A Medicina, portanto, não quer saber de seu limite, a morte, nem da
sexualidade no sentido freudiano, por operarem como pontos de impasse
quando aparecem em seu campo. De costas para o demasiado humano
situado no plano de fundo, no esplendor de sua beleza, procurando seguir o
caminho da ciência, tenta esquecer e fazer esquecer de sua origem, utilizando
para tanto o recurso encontrado nas águas do rio Lete, onde a intenção de
cura depara-se com a certeza da morte, redimensionando seu alcance a um
domínio circunscrito à uma dimensão mais restrita. A ciência, ao se aplicar ao
corpo humano, o conduz para o exílio, ao considerá-lo somente dentro do
domínio da extensão. A psicanálise vai resgatá-lo ao descobrir sua dimensão
libidinal. Para tanto bastaria acrescentar um “a” ao Lete e chegaríamos a
“aletheia”, como nos lembra Zimerman (2012), onde a verdade do
esquecimento pode vir a ser desvelada.
Em suma, nessa obra de Klimt, a imagem da medicina, marcada pela
presença de Higia em um primeiro plano, pode ser desvelada pelo segundo
plano, em que a dimensão a ser esquecida referente à vida, sexualidade e
morte figura, pelo artifício próprio ao barroco, atrás, representando o que não
deveria aparecer. Tal dimensão, segundo Lacan, seria justamente a que
precisaria ser devidamente marcada, situada e desenvolvida pelo médico, para
que num futuro não muito longínquo, ele não perca o que viria a viabilizar a
preservação de sua função.
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O lugar da medicina a partir da psicanálise
O título dessa parte do trabalho está baseado no texto de Lacan
denominado “O lugar da psicanálise na medicina” (2001), referência que
norteou boa parte dos escritos apresentados no colóquio, pelos mais variados
vieses. Nele, Lacan situa o lugar da psicanálise na medicina, desde a
perspectiva da medicina, como sendo marginal, pela característica de se
apresentar como uma ajuda externa, complementar, que acaba por
descaracterizar a especificidade da psicanálise ao partir de um princípio de
totalidade que seguiria o ideal da ciência, visando trazer um “a mais” de saber
para
compor
o
todo.
Exemplificado
numa
determinada
abordagem
psicossomática que, como sintoma, viria supostamente encontrar o elo perdido
que se coloca na relação alma corpo, sem levar em conta a dimensão da falha
do saber sobre o corpo.
Note-se que tal premissa da psicanálise não está pautada na ideia de
marcar um destaque narcísico de valor em relação aos outros saberes. A
interrogação sobre o “a mais” vem da necessidade de fundar a especificidade
de um campo que está essencialmente constituído per via dilevare, onde,
analogicamente com a arte da escultura, não se acrescenta material, mas em
se o retirando torna-se possível identificar o que estava por trás. Mais
especificamente, tendo em vista o trabalho de análise, qualquer ideal
estabelecido
previamente
pelo
praticante,
mesmo
que
supostamente
sustentado pelas melhores razões, geralmente fundadas na justificativa do
amor (amais?), vem colocar um sério impedimento a que o sujeito do
inconsciente tenha lugar.
Por outra perspectiva, Lacan considera que o lugar da psicanálise na
medicina, desde o viés dos psicanalistas, seria o da extraterritorialidade, aos
quais ele atribui uma razão para manter esse posicionamento, que não seria
exatamente a dele. A “extraterritorialidade em direito internacional é o estado
de ser isento da jurisdição da lei local, geralmente como resultado de
negociações diplomáticas”. Onde os que estão sujeitos a essa jurisdição
apenas são “obrigados a cumprir a legislação de seu país de origem ou
internacional ou a de aceitação mútua” (Wikipédia, 2018). De acordo com essa
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definição, a proposta seria de manter uma ordem de funcionamento que
permitisse seguir uma lógica própria ao seu campo, ou seja, o psicanalítico,
dentro de um território estrangeiro, a medicina. Para tanto, haveria a
necessidade de negociações diplomáticas que viabilizariam a convivência, de
modo a que a lógica analítica pudesse existir em sua integralidade, mantendose dentro de um campo que não é propriamente o seu, na medida que
houvesse uma regulação legal.
Apesar dessa proposta ser evidentemente mais interessante que a
primeira, curiosamente Lacan diz que ela não pauta suas razões, que serão
dadas desde a perspectiva do lugar cada vez mais amplo que o avanço da
ciência tem tido na vida das pessoas. Esse lugar vem a constituir um novo
espaço para a medicina e também para o médico. A medicina passou a ser
científica somente a partir da aplicação das descobertas da matemática à
física, logo, ao corpo. Essa datação encontra seus primórdios no ano de 1543,
época em que Copérnico publicava seu livro “Das revoluções das órbitas
celestes”, coincidindo com a data que Vesálio, pai da anatomia moderna,
lançava a obra “De humanicorporis fabrica”, título que vem marcar uma nova
concepção de corpo a partir da ciência, comparando-o a uma máquina, cujo
funcionamento das peças pode ser ordenado de acordo com as premissas da
ciência (Pommier, 2007).
Com a proposta da saúde como direito universal, o lugar do médico
tende a se deslocar do que era um personagem de prestígio e autoridade para,
desde o contexto social exterior a sua função criado pela ciência, e
particularmente pela indústria, o demais um na equipe de especialistas de
várias áreas científicas. Em suma, a função do médico sofre deslocamentos na
medida em que o avanço da ciência cria novas demandas que vem interrogar
seu lugar, correndo o risco de vir a se tornar um funcionário da indústria
farmacêutica, ou aquele que viria a responder aos pedidos dos pacientes
mobilizados pelos novos direitos que extrapolam largamente o que poderia ser
chamado de cura.
Para situar e se opor a tal risco, entre outros, de modo a resgatar a
originalidade da função do médico, caberia, através da relação entre o médico
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e o doente, trabalhar a dimensão da demanda. A qual aparece onde se
manifesta o que Lacan denomina de “falha epistemo-somática” (Lacan, 2001),
ou seja, onde os diversos saberes sobre o corpo, tomados desde a perspectiva
da ciência, deixam entrever o que estaria excluído dessa relação, a saber: o
gozo do corpo. Aqui, a dimensão do saber que é endereçado ao médico,
constituindo-o como sujeito suposto saber, a partir da transferência de saber
colocada sobre ele, coloca-o na posição de poder vir a interrogar o pedido,
tendo como fundamentação norteadora a distinção entre a demanda e o
desejo.
Assim, se a ciência sabe o que pode, mas não o que quer (Lacan,
2001), sua ação sobre o corpo feito para gozar vai orientar a demanda do
doente que precisará ser interrogado desde uma perspectiva ética. Somente
dentro dessas balizas, ordenadas desde os fundamentos psicanalíticos, o
médico poderá encontrar um caminho que permita dar lugar ao que seria o
mais original da função do médico. Eis a razão lacaniana!
“e”
Ao situar o lugar da medicina a partir da psicanálise, Lacan, de acordo
com nossa leitura, retoma o que está na tela de Klimt, onde o plano de fundo
acaba por dar a direção do que constitui a função médica, localizada no
primeiro plano. Como é possível constatar no referido texto, quando trata de tal
função: “Trata-se de outra coisa, propriamente desta leitura pela qual o médico
é capaz de conduzir o sujeito àquilo de que se trata em um certo parênteses,
aquele que começa no nascimento, que termina na morte e que comporta
questões, que comporta tanto um quanto a outra” (Lacan, 2001).
Vale destacar que o resultado da exposição do quadro de Klimt teve,
guardadas as devidas proporções, o mesmo resultado que a fala de Lacan no
debate onde sua apresentação teve lugar. Os interessados no pensamento de
Lacan normalmente têm acesso ao texto que corresponde unicamente à sua
fala, que mais parece um escrito. Porém, tratava-se de uma “Conferência e
debate do colégio de medicina em Salpetriere” (Lacan, 2018), visando debater
sobre o lugar da psicanálise na medicina, na qual também constam as falas
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Schneider, V. S.
dos outros debatedores presentes, como as psicanalistas Jenny Aubry, Ginette
Raimbault, e médicos dos serviços de nefrologia e endocrinologia pediátrica,
Dr. Royer e Dr. Klotz, respectivamente. Após a fala de Lacan, o Dr. Royer,
claramente incomodado com a longa explanação de Lacan, define-a como
banal, acusando-o de criticar os médicos, atribuindo-lhes a função de
distribuidores de medicamentos, bem como de desconhecer os problemas que
concernem à medicina, concluindo que o objetivo da reunião, pelo menos para
ele, resultou em um completo fracasso. Aubry e Lacan retomam a crítica de
Royer visando reformular o impasse levantado, marcando o equívoco de seu
entendimento. Precisando tratar-se do risco que o médico sofria de ser
colocado nesse lugar a partir do advento da ciência, desde a demanda dos
pacientes, situação que tende a descaracterizar o essencial de sua função, que
poderia ser demarcada através da fundamentação dada pelo ensino da
topologia do sujeito segundo Lacan. O debate segue e não é possível saber de
seus desdobramentos a partir do texto. Vale ressaltar que o tema não deixa de
produzir fortes reações, sobre as quais caberia refletir… em outra
oportunidade.
Para finalizar, pode-se verificar que tanto Klimt quanto Lacan, cada um a
seu modo, levantam, com sua obra, uma interrogação quanto ao lugar da
medicina. Lacan, mais especificamente, a cada médico, quanto ao que quer ao
praticar, sua arte ou ciência?
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