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2016, Revista da Associação Portuguesa de Linguística
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Resumo. O presente estudo tem como principal objetivo analisar o género gramatical da palavra componente. A necessidade de identificar o género deste substantivo prende-se com o facto de ter aumentado, nas últimas décadas, a frequência de uso nas áreas científica, política, cultural, social, industrial, informática e ainda outras. As nossas dúvidas têm-se projetado cada vez mais no plano de praticamente todas as disciplinas linguísticas (morfologia, sintaxe, semântica e lexicologia). A conclusão da nossa pesquisa indica que os fatores mais decisivos na interpretação do género do nome em questão são os diafásico e semântico. Verificámos, ao mesmo tempo, uma parcial influência da frequência de uso. O nosso estudo baseia-se sobretudo em dois pilares: a linguística de corpora, que contribuiu para a criação do material estudado, e a extensa investigação de Maria Carmen Frias e Gouveia, que forneceu os pontos-chave do quadro metodológico da nossa investigação. . Palavras chave: componente; género gramatical; Maria Carmen Frias e Gouveia.
RESUMO: ALLPORT: PSICOOGIA DO INDIVÍDUO INTRODUÇÃO Mais do que qualquer outro teórico da personalidade, Gordon Allport enfatizava a singularidade do indivíduo. Acreditava que as tentativas de descrever as pessoas em termos de traços gerais as privavam de sua individualidade singular. Consistente com a ênfase de Allport na singularidade de cada pessoa estava na disposição para estudar profundamente um único indivíduo. Ele chamava o estudo do indivíduo de ciência morfogênica e era contra os métodos nomotéticos, que é utilizado pela maior parte dos psicólogos. Os métodos morfogênicos seriam aqueles que reúnem dados de um único indivíduo, enquanto os métodos nomotéticos reúnem dados sobre grupos de pessoas. Allport se colocava contra o particularismo, ou as teorias que enfatizam um único aspecto da personalidade. Dizia que nenhuma teoria é completamente abrangente, e os psicólogos deveriam sempre perceber que a natureza humana não está incluída apenas em uma teoria. A definição abrangente de Allport sobre a personalidade sugere que os seres humanos são tanto produtos quanto processos; as pessoas têm alguma estrutura organizada ao mesmo tempo em que se apresentam a capacidade para mudança. O padrão coexiste com o crescimento; a ordem, com a diversificação. A personalidade é tanto física quanto psicológica; inclui tanto comportamentos abertos quanto pensamentos ocultos; não apenas é algo, ela realiza alguma coisa. A personalidade é, ao mesmo tempo, substancia e mudança; produto e processo, estrutura e crescimento.
Fórum Lingüístico, 2009
Este artigo enfoca usos de antropônimos (nome próprio, apelido e pseudônimo) como elementos coesivos. Neste breve estudo, alguns usos de antropônimos utilizados em textos jornalísticos são analisados sob o ponto de vista onomástico, enfatizando-se os valores culturais, sociais e históricos desses usos. Os dados apresentados são resultados parciais de uma pesquisa mais ampla cujo objetivo é analisar textual e retoricamente os mecanismos de coesão lexical utilizados numa amostra de textos jornalísticos vinculados por três revistas brasileiras (Istoé, Época e Veja) durante o segundo semestre de 2008. Palavras-chave: Semântica. Onomástica. Linguística Textual.
In this paper it will be discussed the hypothesis that noun gender inflection in Portuguese could be a functional aspect which is in a continuum along with adjectival gender inflection. In order to prove this hypothesis, some nouns that do have gender inflection were examined, namely animal names and some nouns referring to human beings. In the case of animal names, it is verified that inflection occurs in just a third of the nouns which could actually inflect. As for the nouns referring to human beings, the notion of object classes is used, and it was concluded that these nouns are derived from a copular sentence, which was initially constructed with an adjective, in predicative position. Thus, these nouns that refer to human beings would result from a conversion of identical adjectives
Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia
A falta de legislações que versem sobre os direitos de pessoas LGBTQIA+ representa um grande problema social e uma violação aos direitos humanos, dessa forma faz-se necessário uma análise da compreensão de gênero pelo Estatuto de Roma, com escopo de entender quais garantias são feridas e como as violações poderiam ser julgadas à nível internacional. A presente pesquisa tem por objetivo verificar a necessidade de ampliar o conceito de gênero previsto no Estatuto de Roma a partir de uma hermenêutica queer. Procedeu-se uma pesquisa bibliográfica através dos estudos dos doutrinadores de estudo jurídico internacional; de legislações e conceitos que versem sobre o tema; com análise de dados sob a hermenêutica das teorias queer.
As aulas de ciências são espaços ocupados por um conjunto enorme de objetos e sem eles as aulas certamente seriam diferentes ou mesmo impossíveis de acontecer. Assim, põe-se a necessidade de se considerar o engajamento entre esses objetos e humanos para o entendimento dos processos de ensino/aprendizagem. No presente artigo apresentamos uma proposta de unidade de análise, denominada por nós de figuração cognitiva. Essa unidade está fundamentada no enquadramento teórico-metodológico da teoria ator-rede, da cognição distribuída e na psicologia ecológica. Com essa proposta, procuramos evitar um vocabulário mentalista e cognitivista, bem como facilitar a visualização da rede de relações nos processos de ensino/aprendizagem.
Revista SOLETRAS, 2010
Revista de Arqueologia
O presente artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre categorias analíticas importantes da arqueologia de gênero desde 1980, relacionadas à questão das dicotomias, identidades e sexualidades, tendo a materialidade humana como personagem principal desse cenário científico. Não vislumbramos esgotar o assunto e resolver polêmicas, mas, com base em diferentes autores, propor novos olhares, de modo especial com respeito à visão binária de gênero dentro da análise e interpretação arqueológica. Desconstruir a polaridade rígida dos gêneros implicaria observar que o polo masculino contém o feminino e vice-versa, além de perceber que cada um deles é internamente fragmentado, dividido.
Cadernos Pagu, 2018
Resumo O artigo discute as relações de mútua constituição entre gênero e Estado. As implicações teóricas e metodológicas dessa proposta são exploradas em diálogo com etnografias nas quais a temática da violência comparece como vetor heurístico privilegiado para compreender tal coprodução.
Archive for history of exact sciences, 1989
Eurasiatica: Quaderni di studi su Balcani, Anatolia, Iran, Caucaso e Asia Centrale (special volume: "Armenia, Caucaso e Asia Centrale. Ricerche 2021"), 2021
This essay examines six Persian-language historical works that were produced in the Caucasus during the nineteenth century. These works have conventionally gone unnoticed due to the language of composition and the predominant approach to the region as a Russian imperial province. Interestingly, these texts bear the mark of the Afsharid period, and demonstrate a marked interest in the figure of Nader Shah. They demonstrate that the Safavid collapse and the subsequent developments of the eighteenth century had an important impact on conceptions of political legitimacy in the Caucasus. They also suggest that the birth of new local Persianate historiographical traditions in the region should not only be viewed through the lens of Russian imperial modernity and instead be better situated in their local and historical context.
A presente análise tem como principal objetivo fazer uma profunda reflexão sobre uma série de questões que se relacionam com o género gramatical da palavra componente. O nosso estudo baseia-se em pesquisas de Maria Carmen de Frias e Gouveia que recordou ser "o género gramatical um dos aspetos da gramática mais merecedor de atenção, apresentando-se com grande vitalidade e de capital importância comunicativa na língua portuguesa" (Corbett: 1991 apud:
Frias e Gouveia: 2007Gouveia: , 2011)). Frias e Gouveia, que trabalhou de uma forma minuciosa todos os possíveis aspetos relacionados com o emprego do género gramatical, focalizou, entre outros, as dificuldades que este pode acarretar no caso de palavras com uma certa oscilação do género gramatical e que originam um grande espetro de questões, que se mostram relevantes para o uso 1 Departamento das Línguas e Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Masaryk, Brno, República Checa.
Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37
Revista da Associação Portuguesa de Linguística do género gramatical: as diferenças entre as variedades europeia e americana do Português (Frias e Gouveia: 2007), o fator histórico (Frias e Gouveia: 1998Gouveia: , 1999Gouveia: , 2004Gouveia: , 2005Gouveia: , 2006)), o fator diafásico e estilístico-pragmático (Frias e Gouveia: 1998) e o fator lexicológico relacionado com o género dos estrangeirismos (Frias e Gouveia: 2004), entre outros. O que nos levou a conhecer a obra de Maria Carmen de Frias e Gouveia foi a necessidade de identificar o género da palavra componente porque, por mais que custe acreditar, mesmo depois de consultar e estudar atentamente os dicionários de língua portuguesa mais prestigiados, não conseguimos identificá-lo univocamente. A necessidade de encontrar o género desta palavra prende-se com o facto de ter aumentado a frequência do seu uso nas áreas científica, política, cultural, social, industrial, e ainda outras. Para além disso, as nossas dúvidas têm-se projetado cada vez mais no plano de todas as disciplinas linguísticas (morfologia, sintaxe, semântica e lexicologia).
Os métodos que M. C. Frias e Gouveia aplicou ao estudo do género gramatical serviramnos de modelo de análise e contribuiram para a fiabilidade e complexidade da nossa pesquisa. O problema da palavra componente, como veremos mais adiante no enquadramento teórico, encaixa-se no tema dos nomes uniformes de dois géneros, e traz mais um exemplo de dificuldades que podem originar incompatibilidades gramatical e lexical no eixo sintagmático, geradas pelas oposições a nível tanto semântico como diatópico nas variedades brasileira e europeia. (Frias e Gouveia: 2011).
Por maior que seja o valor e o prestígio dos dicionários consultados, pensamos que a presente análise poderá contribuir para a área da lexicografia portuguesa. Neste sentido, estamos completamente de acordo com Frias e Gouveia que aponta, ao longo dos seus trabalhos, para uma heterogeneidade e oscilação que existe na indicação do género gramatical pelos dicionários de língua portuguesa (idem: 2011).
O tema do nosso trabalho, como já foi referido, diz respeito ao problema do género gramatical dos substantivos uniformes. Além dos a) substantivos uniformes de um género, que são formados, sobretudo, por nomes inanimados e cujo género gramatical evoluiu do latim, existem b) substantivos uniformes de dois géneros, chamados ˈsobrecomunsˈ ou ˈcomuns de ʽComponenteʼ como substantivo uniforme de dois géneros Revista da Associação Portuguesa de Linguística doisˈ (que possuem o género natural), o que se abona no caso dos seres sexuados (o/a cônjuge, o/a pianista) e c) os substantivos ˈepicenosˈ, os quais possuem apenas um género para ambos os sexos. Nos três grupos existe um conjunto de palavras de género hesitante, originado por fatores históricos (a eczema x o eczema), geográficos (PB o grama x PE a grama) e diafásicos (as jeans x os jeans). Além disso, verifica-se, na linguagem popular, a tendência para biformizar alguns nomes como, por exemplo, a melra, a gaia, a chefa (Frias e Gouveia:1998)
Vejamos, em síntese, como se processou a nossa investigação. No caso de componente tivemos que decidir, primeiro, se é palavra uniforme de um ou de dois géneros. Por mais paradoxal que possa parecer a um falante nativo, não foi tão fácil encontrar uma resposta unívoca. Com efeito, os resultados da pesquisa que realizámos nos dicionários checoportugueses, não coincidiam com as experiências que adquirimos a título de falante de PLE (português língua estrangeira). Os dicionários bilingues existentes no contexto da lexicografia L1-L2 e L2-L1 2 definem o nome componente como substantivo de género único, i. e. masculino, o que talvez se deva à influência da variedade brasileira, como veremos mais adiante.
Proceda-se à descrição pormenorizada do processo de investigação e da metodologia aplicada. A primeira fase da nossa pesquisa foi de natureza lexicográfica. Como referimos no quadro metodológico, começámos por consultar os dicionários bilingues L1 (língua materna) -L2 (língua segunda) (Buzek:2011) componente Adj. 2g s. 2 g 1.Que ou o que compõe ou ajuda na composição de algo <os c. de um motor> <os c. de um sistema filosófico>; 2. que ou quem é membro de uma classe, de uma instituição, de um corpo, etc. <os elementos c. do corpo policial> <uma organização esquerdista com c. que se pretendiam autónomas>; 3. em ciência e tecnologia, diz-se de ou parte constituinte de um sistema; 4. ELECTR. diz-se de ou qualquer dispositivo com características definidas que disponha de terminais através dos quais possa ser conectado a outros componentes para formar um sistema; 5. GRAM.GENER. diz-se de ou cada uma das partes constituintes da gramática de uma língua: componente sintáctico, componente fonológico, componente semântico; 6. GRAM.GENER. diz-se de ou cada uma das partes do componente sintáctico: componente da base e componente transformacional; 7. QUÍM. Diz-se de ou substância que compõe um sistema químico *componente categorial; GRAM.GENER. 1. mesmo que base categorial; 2. a parte da base que contém as categorias sintácticas existentes na língua e o sistema de regras para a construção dos sintagmas e da estrutura básica da oração, determinando as relações gramaticais 7 Incluímos o Dicionário da Língua Portuguesa do Instituto de Antônio Houaiss nos dicionários consultados para obtermos o maior número possível de lematizações. Não obstante, estamos conscientes de que a publicação contém expressões "pejorativas e preconceituosas", pratica racismo contra ciganos e tem outras explicações bastante imprecisas. Curiosamente, como se vê, para a nossa investigação foi exatamente este dicionário que nos proporcionou a lematização mais trabalhada da palavra componente, o que, por outro lado, comprova o facto de ser o dicionário mais trabalhado no contexto da lexicografia portuguesa. m.q período de Chandler, c. fonológico ou c.fonológica; GRAM.GENER. inventário de fonemas e traços distintivos de uma língua e sistema de regras que interpretam foneticamente as cadeias geradas pelos componentes sintáctico e transformacional, em termos de traços distintivos; componente lexical. GRAM.GENER. m.q.léxico; c. semântico ou c.semântica De acordo com os exemplos citados, pode-se deduzir que, ao passo que o género masculino é usado mais frequentemente no caso dos nomes concretos e técnicos (por exemplo, nas áreas da eletrónica e química), o uso do feminino é mais frequente nas áreas da literatura, filosofia, linguística, artes, mas também na área da mecânica, em que represeenta um nome abstrato. 15 Pode antecipar-se que os nossos resultados, relacionados com o uso real dos géneros em português, irão mais ao encontro da palavra composante do francês.
Frias e Gouveia dedicou uma considerável parte dos seus artigos ao tema da evolução do género gramatical do Português arcaico para o moderno (Gouveia: 1993(Gouveia: , 2005) ) No género feminino foram encontradas 122 ocorrências: A componenteagrícola, ambiental, artificial, áudio, brasileira, cénica, científica, cultural, da velocidade radial, de abastecimento de água, de entretenimento, de formação, de internacionalização, de pequenos comerciantes, de reciclagem, essencial de funcionamento, estratégica, exportadora, expressiva, financeira, genética, histórica, horizontal, humana, importante, inata, individual, noturna, política, sensorial, simbolista, social, subjetiva, técnica, tecnológica, necessária, onírica, política.
Foram encontradas 232 ocorrências no género masculino: O componentearbóreo, co-seno, da atividade, das taxas, de contextualização, de ajuste estrutural, de circuito, de geração, de processamento, de traição, de um sistema, do texto, dominante, em questão, genético, gramatical, importante de filmes, informativo, isolado, menos controlado, metodologia, resistente, plástico, político, propósito, racional, sentencial, socioeconómico, ético.
No género feminino foram encontradas 30 ocorrências: A componenteda força, escalar do gradiente, fonética, fonético-fonológica, hidrostática, horizontal da velocidade, vertical, radiométrica, subjetiva, seno, co-seno.
Como pudemos ver nas secção anterior, o problema no caso do Corpus do Português foi o facto de este nos proporcionar um número insuficiente de ocorrências usadas em PE, sobretudo no masculino, o que nos impossibilitou obter uma delimitação semântica mais exata de ambos os géneros. Como pudemos observar, a análise dos resultados das ocorrências encontradas sinalizounos pelo menos o grau de extensão semântica dos dois géneros no PE (vejam-se os exemplos mencionados no fim da secção anterior.) O componente aparece acompanhado por atributos e modificadores que pertencem às áreas da eletricidade e de/dos? produtos eletrónicos, biologia, química, farmacologia e informática. O género feminino foi encontrado em contextos semanticamente mais vastos (cultural, económico, político, científico, etc.). Dos valores que o corpus Linguateca (Cetem Público) nos oferece, depreende-se que a palavra componente apresenta um total de 4629 ocorrências, das quais 1172 documentadas na secção sociedade. Em segundo lugar está a secção cultura, seguida por áreas não determinadas: política, economia, cultura e sociedade, desporto, opinião e informática. O uso de cada género gramatical difere conforme a área, como vemos.
Eis os primeiros resultados de Linguateca, Cetem Público: Mas faltava, em todo o caso, procurar outras ocorrências da palavra componente acompanhada por determinantes, modificadores e atributos, marcadores do género em casos duvidosos. Quando não foi possível identificar o género gramatical pelo atributo ou modificador mencionado no quadro anterior (por exemplo, no caso de "forte" "componente", "como" "componente"), tivemos que procurar o marcador do género gramatical mais próximo: "o" "forte" "componente"/"a" "forte" "componente", e outros. Com este procedimento pretendemos registar um número mais elevado de ocorrências e obter assim a maior objetividade possível: , cultural, social, a(c)tiva, passiva, máxima, vital, viral, de educação, regionalista, rebelde, moralista, ética, etc., chegando o nosso corpus a perfazer 1013 construções da palavra "componente" no género feminino e 90 no masculino.
O nosso caso é um pouco diferente. Segundo os resultados que obtivemos, no PB, a palavra componente é palavra de um género (hesitante), já que não encontrámos nenhumas diferenças semânticas acarretadas pela mudança do género gramatical (substantivos uniformes de/do? tipo a) no "Enquadramento teórico"). Ao contrário, na variedade europeia, os resultados falam atualmente mais a favor do caráter uniforme mas bigenérico, especificando-se cada género gramatical a ser usado em diferente secção semântica. gramatical (substantivos uniformes de/do? tipo d) no "Enquadramento teórico"). O Corpus do Português oferece-nos a possibilidade de analisar semanticamente a palavra componente de modo separado nas duas variedades comparadas. Procedemos à análise de 237 ocorrências em PE e de 411 em PB. Não conseguimos identificar o género gramatical em 179 casos do PB e em 71 do PE, por faltar na construção um determinante, atributo ou modificador biformes, marcadores do género no caso dos nomes uniformes. Comparámos os contextos em que a palavra ocorre no género masculino e feminino em ambas as variedades da língua portuguesa. Chegámos a revelar que, no PE, o género masculino foi identificado em 44 ocorrências, enquanto que o feminino o foi em 122. No PB, surpreendentemente, ocorreu o ʽComponenteʼ como substantivo uniforme de dois géneros Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37 Revista da Associação Portuguesa de Linguística contrárioVejam-se alguns exemplos de sintagmas Nome+Adjetivo, tirados do Corpus do Português: Português Europeu 22(m.) < 122(f.) 17 No género masculino foram encontradas 44 ocorrências: O componente-ativo (do tempero), tóxico, biologicamente ativo, primário (o tolueno), principal (montromonlonite).
. Como vemos, trata-se de substantivos de um género, com uso divergente em Portugal e no Brasil.
Português ofereceu-nos 10 exemplos do século XIX, todos no feminino e todos usados por um único autor. É escusado relembrar que tal análise não seria fiável mas, sim, passível de suscitar grandes dúvidas. O corpus Linguateca Vercial não encontrou nenhuma ocorrência da palavra em questão. Maria Carmen de Frias e Gouveia apoiou muitas vezes as suas análises em relatórios médicos dos séculos passados podendo assim observar, com base em materiais fiáveis e autênticos, a evolução do género gramatical no que à terminologia médica diz respeito (por exemplo, eczema, laringe, entorse, etc) (ibidem). É nossa firme convicção que o único procedimento válido, no caso da palavra componente, seria estudar os materiais arquivados de produtos alquímicos, agrícolas de alimentação e áreas de longa tradição. Faltando-nos este tipo de documentos, omitiremos este aspeto diacrónico, tendo todavia consciência de que este terá desempenhado, no caso aqui estudado, um papel primordial. Devido a estes obstáculos relativos à insuficiência de materiais autênticos, no nosso trabalho, apenas se pode desenvolver um estudo sincrónico. Este, como veremos a seguir, constará de duas partes principais: uma que abordará o Iva Svobodová Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37 Revista da Associação Portuguesa de Linguística problema das diferenças geográficas (ou diatópicas) e outra que nos oferecerá um estudo pormenorizado do uso da palavra componente em português europeu contemporâneo. inclui nos seus estudos relacionados com o PE e PB: o grama (PB) x a grama (PE), os media (PE) x a mídia (PB), o duche (PE) x a ducha (PB), o gangue (PE) x a gang (PB), o fondu (PE) x a fondu (PB), o champanhe (PE) x a champanhe (PB), o sanduíche (PB) x a sanduíche (PE), o/a omelete (PB) x a omelete (PE)
ʽComponenteʼ como substantivo uniforme de dois géneros Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37 Revista da Associação Portuguesa de Linguística masculinose pode ver no parágrafo anterior. Em PE, encontramos uma vasta escala de exemplos a serem analisados na próxima secção do presente trabalho. Contudo, para podermos confirmar e comprovar as nossas hipóteses, seria necessário fazer uma análise diacrónica do género gramatical de componente e dispor de documentos históricos. Como os textos escritos que consultámos e que tivemos à disposição não contêm a palavra em questão, recorremos aos corpora históricos possíveis (a Linguateca -Vercial e ao Corpus do Português), que, infelizmente, não nos proporcionaram uma amostra significativa de ocorrências. O Corpus do
.
(Zavadil, Čermák:2010:176)
. "É um facto que encontramos atualmente palavras cujo género difere do antigo ou que o alteraram até aos nossos dias, em muitos casos tendo ainda género duvidoso" (ibidem). 16 Adjetivo amorfo é um termo usado para os adjetivos uniformes, de acordo com a terminologia de romanistas praguenses:
Gouveia: 2005; 550)
de palavras que mudaram de género no curso da evolução da língua portuguesa "ou porque fixaram um determinado género, quando havia hesitação, ou porque a terminação da palavra determinou essa fixação ou ainda porque a língua culta exerceu alguma influência" (Frias e
Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37 , dictionnaires pour une étude des divergences socioculturelles" In: ABECASSIS Michaël, LEDEGEN Gudrun (éds.): Les Voix des Français. Volume I (pp. 159-174). Bern: Peter Lang. Nº 1 -10/ 2016 | 841-865 | http://dx.doi.org/10.21747/2183-9077 /rapla37 Revista da Associação Portuguesa de Linguística
Costa, Santos & Cardoso (2008).
Os exemplos incluídos no presente texto são citações diretas de www.corpusdoportugues.org, mas apesar disso, foram adaptados ao Novo Acordo Ortográfico.
As abreviações usadas do CETEMPúblico correspondem aos valores possíveis: pol (política portuguesa e internacional), des (desporto), eco (economia), clt (cultura), opi (opinião), com (informática) e nd (não determinado). Alguns artigos pertencem a mais de uma categoria (clt-soc).
Exemplos do uso de ˋo/a ˊ componente no Português Europeu de acordo com as áreas/secções semânticas. Esta lista não é completa e contém as combinatórias mais frequentes, sendo adicionada para possíveis fins lexicográficos.
Restaurator, 2002
The Constitution of Myanmar: A Contextual Analysis, 2019
Sanat & Tasarım, 2024
Lankesteriana, 2014
54th International Astronautical Congress of the International Astronautical Federation, the International Academy of Astronautics, and the International Institute of Space Law
Türkiye Ekonomisinin Güncel Sorunları 2, 2024
Anuario de Derecho Penal y Ciencias Penales, 1996
Hrvatska revija za rehabilitacijska istraživanja, 2022
Ciência Florestal, 2012
Sokoto Journal of Veterinary Sciences, 2017