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Esse artigo tem como objetivo analisar como os pais policiais militares influenciam a formação da personalidade de seus filhos seja na formação de uma personalidade considerada boa perante a sociedade ou considerada má. A base do trabalho é a teoria da personalidade de Freud, que considera que a personalidade é formada na primeira infância, correspondendo a faixa etária do nascimento aos sete anos de idade. Ele também considera fundamental o vínculo que a criança estabelece com o pai e com a mãe em cada fase de seu desenvolvimento psicossexual. Dependendo da forma como o vínculo é estabelecido, podem surgir consequências graves na vida adulta. Percebe-se que a ausência do pai é considerada mais grave do que a da mãe, pois, o pai tem o papel de estruturar a personalidade através do complexo de Édipo. Será visto como a profissão policial militar pode contribuir na formação da personalidade dos filhos. Muitos estudos mostram que filhos de pais ausentes, podem se envolver mais facilmente com drogas e o mundo do crime, por exemplo. É importante que os pais estejam presentes na vida de seus filhos, estabeleçam uma relação de confiança e diálogo para que eles cresçam com autonomia e responsabilidade, e desenvolvam uma personalidade com características positivas.

A INFLUÊNCIA DOS PAIS POLICIAIS MILITARES NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE Artigo apresentado a Profª Drª Melissa Medeiros como requisito avaliativo da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Humano. Francisco Ilky Alves de Araújo Acadêmico do Curso de Bacharelado em Segurança Pública – Universidade Federal de Rondônia. Email: papamike.ilky@gmail.com. Gésu Nascimento Silva Acadêmico do Curso de Bacharelado em Segurança Pública – Universidade Federal de Rondônia. Email: gesu_influencia@hotmail.com. Marcus Vinícius Soares Acadêmico do Curso de Bacharelado em Segurança Pública – Universidade Federal de Rondônia. Email: mvs_123@hotmail.com. RESUMO Esse artigo tem como objetivo analisar como os pais policiais militares influenciam a formação da personalidade de seus filhos seja na formação de uma personalidade considerada boa perante a sociedade ou considerada má. A base do trabalho é a teoria da personalidade de Freud, que considera que a personalidade é formada na primeira infância, correspondendo a faixa etária do nascimento aos sete anos de idade. Ele também considera fundamental o vínculo que a criança estabelece com o pai e com a mãe em cada fase de seu desenvolvimento psicossexual. Dependendo da forma como o vínculo é estabelecido, podem surgir consequências graves na vida adulta. Percebe-se que a ausência do pai é considerada mais grave do que a da mãe, pois, o pai tem o papel de estruturar a personalidade através do complexo de Édipo. Será visto como a profissão policial militar pode contribuir na formação da personalidade dos filhos. Muitos estudos mostram que filhos de pais ausentes, podem se envolver mais facilmente com drogas e o mundo do crime, por exemplo. É importante que os pais estejam presentes na vida de seus filhos, estabeleçam uma relação de confiança e diálogo para que eles cresçam com autonomia e responsabilidade, e desenvolvam uma personalidade com características positivas. PALAVRAS-CHAVE: Personalidade. Pai e Mãe. Educação. INTRODUÇÃO O conceito de personalidade tem várias definições. Muitas vezes pode ser entendida como uma habilidade para alguma coisa, pode ser também compreendida pela forma com que a pessoa faz as outras pessoas terem reações positivas diante de suas atitudes. Personalidade também pode ser considerada aquela característica mais marcante do indivíduo, como por exemplo, muitas pessoas dizem que alguém tem personalidade agressiva por ter como característica a agressividade. Essas definições estão no senso comum, porém a psicologia se dedicou a estudar profundamente esse tema, de forma que existem muitas teorias da personalidade. Para alguns teóricos, a personalidade é um ajustamento do indivíduo, enquanto para outros, corresponde aquilo que é único em cada pessoa. (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Nesse artigo, será discutida a teoria da personalidade baseada na psicanálise, cujo principal expoente é Sigmund Freud. Para ele, o comportamento humano é formado a partir da luta entre os impulsos inconscientes com as regras morais, fazendo com que as pessoas adiem a realização desses impulsos. Entretanto, os conflitos infantis não resolvidos irão continuar existindo e influenciando o comportamento e a personalidade. (HALL; LINDSEY; CAMPBELL, 2000). Desta forma, pode-se dizer que a personalidade do ser humano é formada principalmente na infância até os sete anos. Assim, a forma como os pais educam e criam seus filhos durante a infância terá influência no tipo de adulto que eles se tornarão quando crescer. O tipo de relação estabelecida na infância será reproduzido quando constituírem suas famílias. O pai e a mãe para a psicanálise têm uma importância fundamental no desenvolvimento do ser humano. Cada um tem uma função a exercer na estruturação psíquica do individuo, e consequentemente na formação de seu caráter, pois para Freud, a personalidade é formada a partir das primeiras experiências, na relação com os pais (DAVIDOFF, 2001). Para compreender como isso acontece, é preciso compreender primeiramente o desenvolvimento infantil nessa perspectiva teórica, especialmente como se realizam as fases de desenvolvimento psicossexual. A primeira e segunda tópica A teoria desenvolvida por Freud, o pai da psicanálise, foi revolucionária para seu tempo. Foi ele quem introduziu o conceito de inconsciente, considerado o lugar psíquico onde estão guardados os recalques, aqueles conteúdos que foram censurados e reprimidos, e que podem ou não ser acessados pelo consciente. Dentro do inconsciente estão os impulsos, e as necessidades, que não sabemos que estão ali, porém eles que movimentam a vida e o comportamento. Não tem como acessar o inconsciente diretamente, apenas indiretamente, a partir de situações como as falhas na memória e os sonhos. Para Freud, o inconsciente também carrega as experiências transmitidas de geração em geração pelos ancestrais, e ele chamou isso de herança filogenética. Aquilo que está no inconsciente luta para se tornar consciente, porém existe uma barreira que impede, chamada repressão. Outros conteúdos tornam-se conscientes de maneira disfarçada pelos mecanismos de defesa. Freud também falou sobre a existência do pré-consciente, local onde estariam elementos que ainda são inconscientes, mas, que poderiam ser tornar conscientes a qualquer momento. Por último, Freud explicou a existência do consciente, sendo este a única parte que o ser humano tem acesso, que vem pelas vias da percepção, pelos órgãos sensoriais e também pelas ideias que estão no pré-consciente que não são consideradas ameaçadoras. (PERVIN; JOHN, 2004). Esse modelo de estrutura ficou conhecido como a primeira tópica da teoria freudiana. Freud ampliou sua teoria, construindo a segunda tópica, onde surgem como fundamentais os lugares psíquicos id, ego e superego, e que estão diretamente relacionados com o desenvolvimento e a sexualidade infantil. Assim, segundo Rappaport (1981, p.20), o Id é o “reservatório de energia do indivíduo”. Nele se encontra os impulsos e instintos inatos, e é essa energia que mobiliza o indivíduo desde seu nascimento para a satisfação desses instintos, daquilo que falta. O Id tem algumas características peculiares. Primeiro, ele abarca o conceito de inconsciente; segundo, ele é responsável pelo processo primário, ou seja, o processo que fará que o desejo seja realizado, como os sonhos. O id também funciona pelo princípio do prazer, pela realização imediata de seus desejos, e pelo princípio da não-contradição, todos os desejos, aparentemente contraditórios podem acontecer a nível de Id. O ego é uma instância psíquica que se diferencia do Id, e é um intermediário entre o desejo (Id) e a realidade (RAPPAPORT, 1981). Assim, diante do desejo, o ego se mobiliza para que a realidade possa satisfazê-lo; essa característica é denominada de processo secundário, ou seja, ele organiza-se a partir da atuação corporal, da linguagem, entre outras formas possíveis para que aquele desejo seja realizado. O ego é caracterizado então pelo princípio de realidade, e faz a mediação entre Id e superego. É o ego que identifica os perigos físicos ou psicológicos que indivíduo pode passar, e será sentido como angústia, como o medo ou a acusação moral. A terceira e última instância psíquica é o superego. Essa instância é responsável por internalizar as normas sociais e morais de conduta. Segundo Rappaport (1981) é dividido em ego ideal, que consiste na internalização dos ideais valorizados pela sociedade, pelo grupo cultural, como a caridade, a honestidade, etc; Além disso, é caracterizado pela consciência moral, que consiste nas proibições dadas pela sociedade, como o incesto. Quando se deseja algo considerado proibido, o superego ativa um forte sentimento de culpa, mesmo que não realize o desejo. Dessa forma, o desenvolvimento do superego é importante para vivência em sociedade, caso contrário, todos seriam conduzidos pelos próprios desejos, de forma que não seria possível uma convivência entre as pessoas. O superego é desenvolvido em uma das fases da sexualidade infantil, como veremos a seguir, e é nele que podemos perceber a importância fundamental dos pais para formação do caráter. O desenvolvimento psicossexual Considerando as instâncias Id, ego e superego, e considerando a energia psíquica, que movimenta o indivíduo, Freud chegou à sua teoria de desenvolvimento psicossexual. Ele atribuiu bastante importância à sexualidade no desenvolvimento, e ampliou o seu conceito para além do ato sexual. Para a psicanálise a sexualidade “abarca a evolução de todas as ligações afetivas estabelecidas desde o nascimento até a sexualidade genital adulta” (RAPPAPORT, 1981, p. 34). Essa energia psíquica é chamada de libido, é o que mobiliza o indivíduo para realização dos desejos do Id. A libido irá se organizar em cada fase do desenvolvimento em torno de zonas erógenas do corpo, caracterizando as fases do desenvolvimento infantil em fase oral, fase anal e fase fálica. A primeira fase é a fase oral, isso porque é o primeiro órgão que irá dar prazer a criança, pois além de se alimentarem através da amamentação, elas sentem prazer nesse ato. O objeto de escolha e de relação é o seio, com o qual a criança irá estabelecer um vínculo e sentimentos de ambivalência, principalmente quando começa o período de desmame, ou de controle dos horários de amamentação. Dentro da fase oral, existe a fase oral sádica, que acontece quando os dentes aparecem, e a resposta das crianças é através da mordida no seio. A fase oral tem início no nascimento, e significa que a libido está concentrada na boca, lugar onde o bebê sentirá os maiores prazeres como mamar, levar os objetos a boca, etc. A fase anal acontece entre os 02 e 04 anos. Nessa fase a libido está direcionada para a região esfincteriana, o ânus. É aqui que a criança aprende a controlar os esfíncteres e o ato de defecar ou reter fezes torna-se prazeroso. As fezes têm um valor especial para elas e frequentemente oferecem-na a seus pais como um presente e costumam dar adeus a eles no vaso sanitário. Essas atitudes geralmente são reprimidas pelos pais e podem trazer consequências para a personalidade da criança. Caso, por exemplo, os pais tratem com naturalidade essa atitude, a criança pode se tornar um adulto generoso, entretanto, se for tratado com rejeição e punição, podem desenvolver o caráter anal, tornando-se pessoas teimosas, muito organizadas, entre outros. Dos 03 aos 05 anos ocorre a fase fálica, que é o período em que a criança descobre seus órgãos genitais e que eles promovem prazer. É aqui também que ocorre o complexo de Édipo. Resumidamente, nessa fase, o menino é apaixonado pela mãe, e vê seu pai como rival, desejando matá-lo. Entretanto, ele começa com o tempo a perceber a realidade, perceber que o pai é mais forte, e tem medo de ser castrado, de perder sua fonte de prazer, o complexo de castração. Dessa forma, a criança reprime seus impulsos de ficar com a mãe e o complexo de Édipo é dissolvido, ele se identifica com o pai, se esforça para se tornar parecido com ele, e desenvolve o superego, incorporando os valores morais do pai, e incorpora também a autoridade do pai (DAVIDOFF, 2001). Situação parecida ocorre com a menina. Depois vem o período de latência, época em que a personalidade já está formada, assim, as necessidades sexuais ficam paradas. Nesse período, as suas atividades sexuais não são mais toleradas e são reprimidas. Se forem reprimidas adequadamente, a energia psíquica será direcionada para as atividades escolares, para a criação de amizades, entre outras atividades. Os impulsos sexuais que estiveram temporariamente reprimidos voltam somente na adolescência, durante a puberdade, quando começa a ser desenvolvida a fase genital, se estendendo por toda a idade adulta, e consiste na energia sexual sendo direcionada para outra pessoa. (PERVIN; JOHN, 2004). Dependendo da forma como cada fase aconteça, a libido pode ficar fixada em alguma das regiões, o que pode acarretar características na personalidade adulta. Por exemplo, uma pessoa fixada na fase oral, pode ser alguém que fale muito ou que fume; uma pessoa fixada na fase anal pode ser avarenta, ou muito agressiva. Na fase fálica, no entanto, por ser a fase onde se desenvolve o superego, pode ter as consequências maiores, pois a fixação nessa fase pode levar a um menor desenvolvimento da moral, ou podem ser pessoas muito apegadas ao pai ou a mãe. Assim, percebemos que desde o nascimento até a fase fálica a relação com os pais é muito importante para a formação da personalidade, pois vai depender da forma como as experiências que os pais possibilitaram em cada fase ocorreram. Se todas as fases acontecerem de maneira ideal, se atingirá uma maturidade psicológica onde existe um equilíbrio das estruturas da mente. Entretanto, isso é muito raro de acontecer, pois essas fases sempre deixam um resquício, uma fixação, um conflito mal resolvido que levará a formação de características neuróticas e até mesmo a formação de distúrbios psicológicos graves. No próximo tópico tentaremos expor como os pais podem contribuir para essa personalidade com características boas ou ruins perante a sociedade. As consequências do papel dos pais na formação da personalidade Como já discutimos, os pais são muito importantes na formação da pessoa. Entretanto, nem sempre a família consegue desempenhar muito bem seu papel e passar seus valores adequadamente, ou por motivos sociais, econômicos não consegue estar presente na vida dos filhos. É perceptível que a ausência da figura paterna é mais prejudicial do que o da mãe, pois segundo a psicanálise, o pai tem a função estruturante da personalidade quando instaura o complexo de Édipo. Gomes e Resende (2004) explicam que devido a sociedade patriarcal, sempre houve um distanciamento na relação pai-filho, pois o pai era como o provedor da família. Entretanto, a relação estabelecida com o pai vai repercutir nas relações sociais na vida adulta, segundo Benczik (2011). Benczik (2011) também relata alguns estudos que revelam as consequências do pai ausente no desenvolvimento. Essa ausência, segundo a autora pode gerar conflitos no desenvolvimento cognitivo e levar a distúrbios de comportamento. Percebeu-se também que as crianças com ausência do pai podem ter comportamento mais violento na escola, além de terem dificuldade na identificação sexual durante adolescência, dificuldade para estabelecer limites e aprender regras. Assim, segundo a autora, crianças sem o pai não se sentem amadas e também se sentem desvalorizadas, além disso, Ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado a separação e até por ter nascido. A criança pensa ser má também por ter sido deixada. O autor coloca que isso pode gerar reações variadas, desde tristeza e melancolia até agressividade e violência. E prossegue dizendo que os tímidos e temerosos do exterior se fecham em si mesmos, e os extrovertidos e temerosos do interior de sua história se vingam no mundo com condutas anti-sociais.(Benczik, 2011, p. 71). Por outro lado, a presença do pai traz benefícios para a saúde da criança. A presença do pai pode afastar doenças como a obesidade, e aumenta a autoestima por exemplo. Benczik (2011), apoiada nos estudos de Bowlby diz que, Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um bom lar comum, ao lado de pais afetivos dos quais pôde contar com apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvolver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Nestas condições, crianças seguramente apegadas aos seis anos são aquelas que tratam seus pais de uma forma relaxada e amigável, estabelecendo com eles uma intimidade de forma fácil e sutil, além de manter com eles um fluxo livre de comunicação. (p.72). A sociedade atual, embora com dificuldades, tem dado mais abertura para que os pais exerçam seu papel, interajam com seus filhos desde cedo. Entretanto, por questões sociais, algumas mães criam seus filhos sozinha, e muitos pais abandonam seus filhos e eles crescem sem a figura paterna. Como vimos, isso pode trazer consequências graves no futuro. A relação que o filho estabelece com a mãe também é muito importante, e se o vínculo for bom entre mãe e filho, servirá como fator de proteção para que a pessoa tenha boas referências, sinta-se amada, mesmo quando o pai é ausente. Tanto o pai quanto a mãe tem influência nas atitudes dos filhos. Muitos estudos, como o de Pratta e Santos (2006), afirmam que as experiências familiares negativas influenciam nas atitudes antissociais de alguns adolescentes e até mesmo o abuso de drogas. Dessa forma, Pratta e Santos (2006) discutem como os pais podem proporcionar um ambiente melhor, para que o filho desenvolva um caráter mais positivo, pois aqueles que vivem em famílias acolhedoras, cujos pais estabelecem uma relação afetiva e de apego, tem menos probabilidade de ter os filhos envolvidos com as drogas ou com o crime. Baseado nisso, os autores discutem os estilos parentais, e o descrevem assim: Um primeiro modelo de estilos parentais foi desenvolvido por Baumrind (1966), no qual a autora caracterizou a existência de três estilos específicos: (a) estilo autoritário – baseado na questão da ordem e da obediência, e no emprego, muitas vezes, de práticas educativas punitivas; (b) estilo permissivo – o qual apresenta como focos a aceitação e a liberdade, o que leva os pais a oferecerem orientações específicas aos filhos, apenas quando são solicitados; e (c) estilo autorizante – envolve uma busca de equilíbrio entre elementos como controle, afeto e apoio, valorizando aspectos como o diálogo, as explicações e a negociação. (p.320) Destes três modelos, pode-se dizer que o estilo autorizante é o ideal, onde a família irá proporcionar um equilíbrio entre as regras e dar autonomia aos filhos. Esse modelo foi reformulado posteriormente, e os autores trazem que os pais precisam ter duas atitudes: exigência, que seria como o estabelecimento de regras; e responsividade, que significa que os pais conseguem compreender os filhos, proporcionar um diálogo, além de dar apoio emocional quando precisam. A partir disso, eles chegaram a quatro tipos de pais: (a) pais autoritativos – inserem- se neste grupo pais que apresentam um grau elevado tanto de exigência quanto de responsividade; (b) pais negligentes – nesta categoria estão inseridos pais que possuem uma baixa taxa tanto de exigência quanto de responsividade; (c) pais autoritários – envolve aqueles que apresentam um alto grau de exigência, porém pouca responsividade e (d) pais indulgentes – apresentam alto grau de responsividade, sendo pouco exigentes. (PRATTA; SANTOS, 2006, p.320) O ideal é que na relação pais-filhos exista um equilíbrio entre exigência e responsividade, como no estilo de pais autoritativos, pois esse estilo leva os filhos a aprenderem as regras sociais, e a ter autonomia e responsabilidade para se tornar adulto maduro. Os autores apontam que em geral a mãe consegue fazer esse papel e é com ela que os adolescentes conseguem ter uma melhor relação. O pai pelo contrário, é visto mais como o modelo autoritário, muito exigente, atitude que pode prejudicar a relação estabelecida com o filho e consequentemente o desenvolvimento de sua personalidade. Os pais policiais militares e a educação dos seus filhos O militarismo tem como bases a hierarquia e a disciplina e na polícia militar além dos profissionais obedecerem a estes preceitos existe uma série de outros regulamentos e normas de conduta não só no âmbito profissional como na vida particular. A Polícia Militar do Estado de Rondônia no seu Estatuto (Decreto Lei 09-A/1982) em seu artigo 29 e incisos diz: Art. 29. O sentimento do dever, o pundonor policial-militar e o decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Polícia Militar conduta moral e profissional irrepreensíveis, com observância dos seguintes preceitos da ética policial-militar: I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamentos da dignidade pessoal; II - exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; III - respeitar a dignidade da pessoa humana; IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades competentes; V - ser justo e imparcial, nos julgamentos dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados; VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; VII - empregar todas as suas energias em benefício do serviço; VIII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação; IX - ser discreto em suas atitudes e maneiras, e em sua linguagem escrita e falada; X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria relativa à Segurança Nacional, seja de caráter sigiloso ou não; XI - acatar as autoridades constituídas; XII - cumprir seus deveres de cidadão; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e particular; XIV - observar as normas de boa educação; XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como chefe de família modelar; XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço, ou na inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e do decoro policial-militar; XVII - abster-se de fazer uso do posto, ou graduação, para obter facilidades pessoais de qualquer natureza, ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros; XVIII - abster-se o Policial-Militar, na inatividade, do uso das designações hierárquicas quando: em atividade político-partidária; em atividades comerciais; em atividades industriais; para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos políticos ou policiais-militares, excetuando-se as de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; no exercício de funções de natureza não policial-militar, mesmo oficiais. XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos da ética policial-militar. Parágrafo único. Ao policial-militar, em serviço ativo, são proibidas a sindicalização, a greve e a filiação a partidos políticos. Tais valores éticos, quando são transmitidos pelos pais policiais militares aos seus filhos, contribuem para a formação de um adulto responsável e com boa personalidade. Claro que tudo deve ter um limite, os pais não precisam exigir um comportamento do filho como se ele fosse um subordinado militar, pois daí ocasionaria um prejuízo na formação devido o excesso de cobrança. Mas se não existirem excessos de cobrança, estes valores introjetados refletirão positivamente na formação dos filhos. Segundo Caetano (2013), quando a criança em sua frágil maneira de lidar com o mundo recebe críticas severas, é desvalorizada por ter comportamento diferente dos demais, passa a se ver negativamente, crescendo fraca e permitindo o abuso à sua pessoa. Sendo o pai um policial militar, existe a possibilidade de o filho observar nele a representação de um herói, aquele que enfrenta o perigo, que é forte e audaz. Sendo assim, o pai deve trazer boas experiências do trabalho, pregando o respeito, a educação e valores que a profissão requer. CONSIDERAÇÕES Todos sabem que a presença dos pais é fundamental para a educação e o crescimento de qualquer pessoa, não só a presença, como o carinho, o amor, o diálogo, o estabelecimento de regras e limites. Seguindo isso, a sociedade terá pessoas melhores, comprometidas, responsáveis e autônomas. Os pais são fundamentais principalmente porque a personalidade é desenvolvida na primeira infância, do nascimento até por volta de sete anos, período em que a criança entra no período de latência. Desta forma, todas as experiências vividas nesse período, principalmente as experiências vividas em cada fase, irão se repetir na vida adulta. Assim, se a criança não viveu bem a fase oral, não teve um período de amamentação prolongada, se o desmame foi feito de maneira muito brusca, a criança pode ficar fixada nessa fase, e desenvolver características não saudáveis para sua personalidade, como o hábito de fumar, por exemplo. Da mesma forma, a criança que passou pela fase anal e não foi compreendida pelos pais quando quis entregar suas fezes como um presente, ou que foi muito cobrada para ter o controle dos esfíncteres, poderá desenvolver uma personalidade muito agressiva, ou ao contrário, muito organizada e retentiva, dificuldades com dinheiro, entre outras características. A fase fálica, no entanto, é a fase que apresenta as consequências mais graves, pois se espera que a figura paterna seja internalizada, como autoridade, como aquele que tem normas a serem obedecidas, que desenvolva o superego. Se o superego não é desenvolvido adequadamente, se a criança não entende quais são as regras necessárias para viver em sociedade, ela pode se tornar um adulto antissocial, agressivo, ou manipulador. Da mesma forma, o superego pode se desenvolver de forma muito rígida, e pode ser formada uma personalidade muito reprimida, com grandes sentimentos de culpa. Por vários fatores algumas famílias não consegue cumprir o seu papel, levando a formação de personalidades como falamos anteriormente. Todos os tipos de personalidade podem afetar a forma com que a pessoa se relaciona com o seu ambiente social. Entretanto, podemos dizer que aquela personalidade mais agressiva terá mais consequências na convivência social, pois pode ser manifestada em atitudes violentas, criminosas, ou no uso de drogas. Percebemos que nos estudos encontrados, o papel do pai foi tido como o mais importante, embora, a maioria das pessoas se queixe de ter uma relação distante com o pai. Tais queixas ocorrem seja pelo fato dos pais serem separados, seja porque muitas vezes ele abandona o filho, ou mesmo quando existe a convivência com o filho, existe um distanciamento, pois, historicamente, o homem tem mais dificuldade. Percebemos também que a relação com a mãe pode ser um fator de proteção, porém, foram encontrados poucos estudos que relatem como essa proteção acontece. Também percebemos a ausência de estudos sobre a forma como a mãe influencia positivamente no desenvolvimento da personalidade. Acreditamos que a mãe tem um papel muito importante, principalmente porque é a mãe que geralmente estabelece o contato mais próximo, consegue demonstrar sentimentos com mais facilidade, e ao mesmo tempo consegue estabelecer regras e limites, quando o pai não está, tornando-se como muitos dizem mãe e pai simultaneamente. Importante ressaltar como a profissão do pai ou da mãe pode ser importante na formação da personalidade dos filhos, em se tratando da carreira policial militar, os pais podem transmitir valores de grande relevância que refletiram no futuro. Mesmo assim, encontramos poucos estudos que falem a respeito do papel da mãe no desenvolvimento da personalidade. Dessa forma, consideramos importante que sejam desenvolvidos mais estudos que considerem o papel da mãe, e que debatam melhor o que o pai e a mãe, juntos ou separados podem fazer para que seus filhos desenvolvam-se mais plenamente e tenham uma personalidade com características positivas diante da sociedade e de si mesmo. No que tange pais militares, fica nítido que suas escolhas afetam a vida e a personalidade de seus filhos, como por exemplo, quando é necessário a mudança de residência, fazendo com que os filhos deixem amigos, namorados, e suas casas para trás, trazendo com um isso uma dificuldade momentânea no que tange relacionamentos. Dificultoso mais ainda para os filhos mais tímidos. Por outro lado, toda essa mudança, traz com isso um lado bom, pois faz com que o filho tenha uma maior bagagem cultural e uma maior facilidade de adaptação aos novos meios de convivência. REFERÊNCIAS BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. Psicopedagogia, 2011; 28(85): 67-75 CAETANO, Eneide. A influência do comportamento dos pais na vida dos filhos. Disponível em: <http://portal.tvsupercanal.com.br/?p=5771> Acesso em: 03 nov. 2015. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: MAKRON, 3ª ed., 2001. GOMES, Aguinaldo José da Silva; RESENDE, Vera da Rocha. O Pai Presente: O Desvelar da Paternidade em uma família Contemporânea. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Mai-Ago 2004, Vol. 20 n. 2, pp. 119-125 HALL, C.S.; LINDZEY, G.; CAMPBELL, J.B. Teorias da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. PERVIN, L. A.; JOHN, O.P. Personalidade: teoria e pequisa. Porto Alegre: Artmed, 2004. PRATTA, Elisângela Maria Machado; SANTOS, Manoel Antônio. Reflexões sobre as relações entre drogadição, adolescência e família: um estudo bibliográfico. Estudos de Psicologia, 2006, 11(3), 315-322. RONDÔNIA. Polícia Militar. Decreto-lei, nº 09-a, de 09 de março de 1982. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares da Polícia Militar do Estado de Rondônia e dá outras providências. Disponível em:<http://www.cbm.ro.gov.br/anexos/menu-conteudo/%7B84243F0A-5730-41AA-955E-DAA88BEB30B3%7D_dl09a82estatuto.pdf>. Acesso em: 15 out. 2015. RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento. 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