Hebraico Bíblico:
Introdução Panorâmica
Edson de Faria Francisco
www.bibliahebraica.com.br
São Bernardo do Campo
2022
2022 Francisco, Edson de Faria
Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica / Edson de Faria Francisco.
– São Bernardo do Campo, 2022.
160f. il.:
ISBN: 978-65-00-39683-6
Material didático técnico-pedagógico para o ensino e pesquisa em
hebraico bíblico. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. Proibida a revenda.
1. Hebraico Bíblico 2. Linguagem e línguas 3. Material didático
técnico-pedagógico I. Título.
CDD: 400
CDU: 26/82-9
Sumário
Sumário ................................................................................................................
i
Apresentação ........................................................................................................ vi
Abreviaturas .........................................................................................................
a. Livros da Bíblia Hebraica ................................................................................................
b. Edições da Bíblia Hebraica .............................................................................................
c. Outras ................................................................................................................................
vii
vii
vii
viii
1. Hebraico Bíblico: Breve Histórico ...................................................................
a. Introdução: as línguas semíticas ....................................................................................
b. Períodos históricos da língua hebraica .........................................................................
c. Hebraico bíblico: características gerais .........................................................................
d. Hebraico arcaico ..............................................................................................................
e. Hebraico pré-exílico ou hebraico clássico ...................................................................
f. Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio ......................................................................
g. Hebraico de Qumran ......................................................................................................
h. Estrutura consonantal ....................................................................................................
i. Vocalização massorética ..................................................................................................
j. Acentuação massorética ..................................................................................................
k. Anotações massoréticas (a massorá) ............................................................................
1
1
2
3
4
6
8
11
13
14
15
16
2. Alfabeto Hebraico: Breve Histórico ................................................................
a. Introdução ........................................................................................................................
b. Alfabeto paleohebraico ..................................................................................................
c. Alfabeto assírio ou alfabeto quadrático ........................................................................
d. Quadro comparativo do alfabeto hebraico .................................................................
20
20
20
21
22
3. Alfabeto Hebraico ............................................................................................
a. Alfabeto .............................................................................................................................
b. Alfabeto: formas de imprensa e formas simplificadas ...............................................
c. Letras finais .......................................................................................................................
d. Classificação dos fonemas do alfabeto hebraico ........................................................
25
25
26
27
27
4. Vocalização Massorética ..................................................................................
a. Introdução ........................................................................................................................
b. Sinais vocálicos ................................................................................................................
c. Pronúncia do sinal vocálico qamets qatan ......................................................................
d. Sinais semivocálicos ........................................................................................................
e. Ditongos ...........................................................................................................................
f. Sinais vocálicos com e finais ...................................................................................
g. Pata' furtivo .....................................................................................................................
29
29
29
29
30
30
30
31
5. Pronúncia das Consoantes, dos Sinais Vocálicos e dos Sinais Semivocálicos
33
6. Maqqef, Partícula , Daguesh, Rafê e Shewá ................................................
a. Maqqef ................................................................................................................................
b. Partícula ......................................................................................................................
c. Daguesh lene e daguesh forte .................................................................................................
40
40
40
41
i
d. Rafê ..................................................................................................................................... 42
e. Shewá audível e shewá mudo ............................................................................................ 43
7. Letras Guturais, Matres Lectionis e Mappiq ...................................................
a. Letras guturais ..................................................................................................................
b. Matres lectionis ....................................................................................................................
c. Mappiq ................................................................................................................................
45
45
45
45
8. Artigo Definido ................................................................................................ 46
a. Regras ................................................................................................................................ 46
b. Exceções ........................................................................................................................... 46
9. Preposições Inseparáveis e Preposições Separáveis ........................................ 48
a. Preposições inseparáveis ................................................................................................ 48
b. Preposições separáveis ................................................................................................... 48
10. Conjunção Waw .............................................................................................. 50
a. Formas ............................................................................................................................... 50
11. Substantivos ....................................................................................................
a. Formas ...............................................................................................................................
b. Gênero ..............................................................................................................................
c. Plural ..................................................................................................................................
52
52
52
53
12. Adjetivos .........................................................................................................
a. Formas ...............................................................................................................................
b. Função ..............................................................................................................................
c. Uso atributivo ..................................................................................................................
i. Sem artigo definido .....................................................................................................
ii. Com artigo definido ...................................................................................................
d. Uso predicativo ................................................................................................................
55
55
56
56
56
56
56
13. Utilização do Dicionário de Hebraico Bíblico ...............................................
a. Substantivo .......................................................................................................................
b. Adjetivo ............................................................................................................................
c. Nome próprio ..................................................................................................................
d. Topônimo .........................................................................................................................
e. Verbo .................................................................................................................................
f. Ilustrações: dicionários e léxicos de hebraico bíblico ...................................................
58
58
59
59
60
60
61
14. He Locale ....................................................................................................... 65
a. Definição ........................................................................................................................... 65
b. Formas .............................................................................................................................. 65
15. Acentuação Massorética .................................................................................
a. Função ...............................................................................................................................
b. Acentos disjuntivos .........................................................................................................
c. Acentos conjuntivos ........................................................................................................
67
67
67
69
16. Estado Absoluto e Estado Construto ............................................................. 71
a. Definição ........................................................................................................................... 71
ii
b. Formas ..............................................................................................................................
c. Estado construto sem e com artigo definido ..............................................................
d. Estado construto com títulos divinos, nomes próprios e topônimos ....................
71
72
73
17. Nomes Próprios e Topônimos .......................................................................
a. Nomes próprios masculinos ..........................................................................................
b. Nomes próprios femininos ............................................................................................
c. Topônimos .......................................................................................................................
75
75
76
77
18. Tetragrama e Epítetos Divinos ......................................................................
a. Epítetos divinos ...............................................................................................................
i. ................................................................................................................................
ii. ..................................................................................................................................
iii. .......................................................................................................................
iv. .........................................................................................................................
v. ...........................................................................................................................
b. Tetragrama .......................................................................................................................
i. ....................................................................................................................................
ii. ...............................................................................................................................
iii. ..................................................................................................................
c. Pronúncias ........................................................................................................................
i. Jeová ..............................................................................................................................
ii. Iahweh .........................................................................................................................
iii. Yahu e Yeho ..............................................................................................................
d. O tetragrama em textos da Bíblia Hebraica ................................................................
80
80
80
80
81
81
82
82
82
83
83
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84
84
85
86
19. Pronomes Pessoais ......................................................................................... 90
a. Formas ............................................................................................................................... 90
b. Usos dos pronomes pessoais ......................................................................................... 90
20. Pronomes Demonstrativos .............................................................................
a. Formas ...............................................................................................................................
b. Usos dos pronomes demonstrativos ............................................................................
i. Uso atributivo ..............................................................................................................
ii. Uso predicativo ..........................................................................................................
92
92
92
92
93
21. Sufixos Pronominais ....................................................................................... 95
a. Singular .............................................................................................................................. 95
b. Plural ................................................................................................................................. 96
22. Frases Interrogativas ......................................................................................
a. Partícula interrogativa ..................................................................................................
b. Pronomes interrogativos ................................................................................................
c. Advérbios interrogativos ................................................................................................
98
98
98
98
23. Textus Receptus e Biblia Hebraica ...............................................................
a. Textus Receptus e Biblia Hebraica ......................................................................................
b. O texto da Biblia Hebraica Stuttgartensia e da Biblia Hebraica Quinta ..........................
c. O Hebrew Old Testament (Textus Receptus) e a Biblia Hebraica Stuttgartensia .................
100
100
100
102
24. Utilização da Edição Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) .......................... 104
iii
25. Utilização do Software BibleWorks – BHS .....................................................
a. Introdução .........................................................................................................................
b. O substantivo em Deuteronômio 1.2 ...................................................................
c. A forma verbal em Deuteronômio 1.11 ................................................................
d. A palavra em Deuteronômio 1.8 ...................................................................
e. O vocábulo em Deuteronômio 1.13 .............................................................
f. Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português e BibleWorks .........................................
g. Download .............................................................................................................................
108
108
109
110
111
112
113
115
26. Verbo no Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica ....................................
a. Introdução ........................................................................................................................
b. Características gerais .......................................................................................................
c. Raiz verbal ........................................................................................................................
d. Verbo forte .......................................................................................................................
e. Verbo fraco .......................................................................................................................
f. Tempos verbais ................................................................................................................
g. Aspectos verbais: wayyiqtol e weqatal .............................................................................
h. Conjugações verbais .......................................................................................................
i. Paradigma do verbo forte ...............................................................................................
j. Sufixos pronominais em formas verbais .......................................................................
116
116
116
116
119
119
120
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123
123
132
27. Vocabulário do Hebraico Bíblico ..................................................................
a. Substantivos ......................................................................................................................
b. Adjetivos ...........................................................................................................................
c. Advérbios de lugar ..........................................................................................................
d. Nomes próprios ..............................................................................................................
e. Topônimos .......................................................................................................................
f. Tetragrama e epítetos divinos ........................................................................................
g. Conjunção .........................................................................................................................
h. Pronomes pessoais ..........................................................................................................
i. Pontos cardeais ................................................................................................................
j. Raízes verbais ....................................................................................................................
135
135
136
136
137
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137
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137
137
28. Ilustrações .......................................................................................................
a. Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B19a .........................
b. Códice de Alepo ou Manuscrito No do Instituto Ben-Zvi ..........................................
c. Códice do Cairo dos Profetas ou Códice Gottheil 34 ..................................................
d. Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B3 .............................
e. Códice da Biblioteca Britânica: Oriental 4445 ..............................................................
f. Códice Sassoon 507 ou Manuscrito Heb. 24º 5702 ......................................................
g. Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) .................................................................................
h. Biblia Hebraica Quinta (BHQ) .........................................................................................
i. Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI) ...................................................
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140
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148
29. Hebraico Bíblico: Bibliografia Selecionada ...................................................
a. Gramáticas ........................................................................................................................
b. Dicionários e léxicos .......................................................................................................
c. Concordâncias ..................................................................................................................
d. Sintaxe ...............................................................................................................................
e. Edição interlinear .............................................................................................................
f. Edições da Bíblia Hebraica .............................................................................................
149
149
150
150
150
150
150
iv
g. Softwares ............................................................................................................................. 150
h. Outras obras ..................................................................................................................... 151
i. Páginas ............................................................................................................................... 151
v
Apresentação
A presente obra Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica, dedicada ao hebraico bíblico,
foi elaborada para ser utilizada, principalmente, em aulas que são ministradas em apenas dois
semestres e somente com uma aula semanal. Em virtude do tempo muito curto de ministração de tal disciplina dedicada à uma língua bíblica, sentiu-se a necessidade de elaboração de
uma gramática concisa apenas panorâmica, focalizando os aspectos mais relevantes do hebraico bíblico. Evidentemente que todas as características gramaticais da língua principal da
Bíblia Hebraica merecem tratamento e análise em uma gramática normativa, todavia, em uma
disciplina que abrange somente dois semestres letivos e com apenas uma aula por semana, é
praticamente impossível abordar e trabalhar todos os aspectos da gramática hebraica. A obra,
agora em apresentação, se dedica unicamente a assuntos que poderão ser estudados no mencionado curto período letivo. A presente gramática não se preocupa em expor minúcias ou
aprofundamentos gramaticais, mas enfatiza aquilo que é básico de cada tema gramatical. Com
isso, espera-se que o Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica seja uma útil obra introdutória para
estudos iniciais do hebraico bíblico.
O Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica não contém apenas os principais aspectos gramaticais do hebraico bíblico, mas apresenta, também, tópicos relacionados com o universo
da Bíblia Hebraica, como breve histórico do hebraico bíblico e do alfabeto hebraico, a vocalização e a acentuação massoréticas, a utilização da edição de K. Elliger e W. Rudolph (eds.),
Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS), o uso do software bíblico BibleWorks, a utilização de dicionários de hebraico bíblico, breve exposição sobre o tetragrama e os teônimos divinos, entre
outros temas, todos circunscritos ao universo da Bíblia Hebraica e que são relevantes para a
disciplina hebraico bíblico.
A presente obra gramatical direciona todos aqueles que se interessam pelo hebraico
bíblico a complementar e/ou conhecer as principais publicações pertinentes ao assunto,
como gramáticas, dicionários e léxicos, concordâncias, edições da Bíblia Hebraica, softwares
bíblicos, entre outros itens bibliográficos, principalmente aqueles que são publicados no Brasil e que são de fácil acesso a todos aqueles que querem se dedicar ao assunto. Tais itens
bibliográficos são listados no capítulo “Hebraico Bíblico: Bibliografia Selecionada”. Além
disso, alguns capítulos da presente obra possuem referências bibliográficas específicas e que
complementam o referido capítulo dedicado aos itens bibliográficos selecionados.
O Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica fornece muitos exemplos das questões gramaticais utilizando o Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI), que apresenta tradução
literal do texto bíblico hebraico, e que é muito útil para a compreensão das questões da gramática do hebraico bíblico. São citados muitos exemplos coletados da mencionada publicação. Muitas exemplificações são coletadas dos quatro volumes já publicados do ATI (vol. 1:
Pentateuco; vol. 2: Profetas Anteriores; vol. 3: Profetas Posteriores e vol. 4: Escritos) (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012, 2014, 2017 e 2020). Além disso, os tópicos dedicados
a temas da gramática possuem exercícios que poderão ser úteis e importantes para aqueles
que são iniciantes na disciplina.
Espera-se que o Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica possa servir não apenas como
compêndio gramatical do hebraico bíblico, mas que seja, igualmente, importante estímulo
para que os estudos dedicados a tal disciplina possam avançar e se aprofundar.
Edson de Faria Francisco
São Bernardo do Campo, fevereiro de 2022
vi
Abreviaturas
a. Livros da Bíblia Hebraica1
Gn
Êx
Lv
Nm
Dt
Js
Jz
1Sm
2Sm
1Rs
2Rs
Is
Jr
Ez
Os
Jl
Am
Ob
Jn
Mq
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Josué
Juízes
1Samuel
2Samuel
1Reis
2Reis
Isaías
Jeremias
Ezequiel
Oseias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miqueias
Na
Hc
Sf
Ag
Zc
Ml
Sl
Jó
Pv
Rt
Ct
Ec
Lm
Et
Dn
Ed
Ne
1Cr
2Cr
Naum
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
Salmos
Jó
Provérbios
Rute
Cântico dos Cânticos
Eclesiastes
Lamentações
Ester
Daniel
Esdras
Neemias
1Crônicas
2Crônicas
b. Edições da Bíblia Hebraica
ATI
BHK
BHL
BHS
BHQ
HUB Ez
HUB Is
HUB Jr
c. Outras
abs.
AEC
aram.
ativ.
c.
cf.
1
E. de F. Francisco (trad.), Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, 2012-.
R. Kittel e P. E. Kahle (eds.), Biblia Hebraica, 16. ed., 1973.
A. Dotan (ed.), Biblia Hebraica Leningradensia: Prepared according to the Vocalization,
Accents, and Masora of Aaron ben Moses ben Asher in the Leningrad Codex, 2001.
K. Elliger e W. Rudolph (eds.), Biblia Hebraica Stuttgartensia, 5. ed., 1997.
A. Schenker et alii (eds.), Biblia Hebraica Quinta, 2004-.
M. H.Goshen-Gottstein e S. Talmon (eds.), Hebrew University Bible: The Book of
Ezekiel, 2004.
M. H. Goshen-Gottstein (ed.), Hebrew University Bible: The Book of Isaiah, 1995.
C. Rabin, S. Talmon e E. Tov (eds.), Hebrew University Bible: The Book of Jeremiah,
1997.
[estado] absoluto
Antes da Era Comum
aramaico
[particípio] ativo
cerca de
conferir
cm.
coor.
cs.
EC
Eclo
ex.
comum
coortativo
[estado] construto
Era Comum
Eclesiástico
exemplo(s)
Esta listagem segue a sequência adotada pela Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS).
vii
fm.
gr.
hebr.
Hev
inf. abs.
inf. cs.
ingl.
juss.
lat.
lit.
MA
Mas
feminino
grego
hebraico
Nahal Hever
infinitivo absoluto
infinitivo construto
inglês
jussivo
latim
literalmente
Códice de Alepo
Massada
mc.
ML
Mur
p.
pass.
pess.
pl.
Q
séc.
sg.
wayyiq.
weqat.
viii
masculino
Códice de Leningrado B19a
Wadi Murabba‘at
página(s)
[particípio] passivo
pessoa
plural
Qumran
século
singular
wayyiqtol
weqatal
1. Hebraico Bíblico: Breve Histórico
a. Introdução: as línguas semíticas
A língua hebraica pertence ao grupo das línguas semíticas surgidas no Oriente Médio
desde o segundo milênio antes da era cristã e que desempenharam importante papel no desenvolvimento histórico e cultural das civilizações dessa região geográfica. Em termos geográficos, as línguas semíticas são encontradas ao longo de vasta região do Oriente Médio, se
estendendo desde a Mesopotâmia, no lado nordeste, até a Arábia e a Etiópia, no lado sulista,
incluindo a região siro-palestina, no lado noroeste. A nominação “línguas semíticas”, que foi
criada por August S. Schlözer, tem sido usada para designar as línguas surgidas na região do
Oriente Médio durante o segundo milênio antes da era cristã. Esta designação é registrada
no volume VIII do Reportorium für biblische und morgenländische Literatur, editada por Johann G.
Eichhorn (Leipzig, 1781). Tal denominação possui relação com o personagem Sem (cf. Gn
10.21-31), um dos filhos de Noé, e que teria sido o ancestral dos povos de origem semita.
Atualmente, os estudiosos reconhecem como semíticas cerca de setenta línguas ou dialetos
que possuem vários detalhes em comum entre si como a morfologia, a fonologia, a sintaxe e
o vocabulário. Desde muitos anos, as línguas semíticas foram e continuam sendo objeto de
estudos e debates entre diversos linguistas, alguns dos quais as classificam nos grupos que
são mostrados no quadro abaixo.
Grupo nordeste (norte-oriental): acádio, assírio e babilônico.
Grupo noroeste (norte-ocidental): hebraico, hebraico samaritano, aramaico, siríaco, ugarítico, fenício, canaanita, moabita, amonita, edomita, púnico e nabateu.
Grupo sudoeste: árabe, etíope, sabeu e mineu.
As características mais relevantes que são comuns entre as línguas semíticas são expostas no quadro abaixo.
Todas são escritas da direita para a esquerda, exceto o acádio e o etíope que são escritos
da esquerda para a direita.
Os sistemas alfabéticos empregados são consonantais e somente tardiamente surgiram os
sinais para representarem fonemas vocálicos.
Todas possuem preferência por raízes verbais tricosonantais (três letras consoantes).
Existem várias conjugações verbais: o árabe, o acádico e o etíope possuem mais de 12
conjugações, enquanto o hebraico e o aramaico possuem sete.
Presença de determinados fonemas consonantais, tais como , , , e .
Algumas línguas semíticas desapareceram há muitos séculos, como acádio, ugarítico,
fenício, moabita, assírio e babilônico, enquanto outras são faladas, ainda, por pequenas populações do Oriente Médio: aramaico falado por cerca de 400 mil pessoas e hebraico samaritano por algumas centenas (cerca de 300 pessoas). Outros idiomas semíticos se tornaram
línguas litúrgicas como siríaco e etíope, que são usadas por comunidades cristãs orientais
(siríaco pelos cristãos nestorianos e jacobitas e etíope pelos cristãos etíopes) e hebraico samaritano que é utilizado pelos samaritanos. O árabe é a língua semítica mais falada hoje em
dia por cerca de 280 milhões de falantes. O hebraico, depois de ressurgido desde o século 16
e como língua falada desde o século 19, atualmente é usado por cerca de nove milhões de
pessoas no moderno Estado de Israel (de acordo com o censo de 2019). Na listagem abaixo,
1
constam alguns exemplos de vocábulos que são cognatos entre hebraico e aramaico.
vocábulos
Deus
fogo
varão, homem
Jerusalém
sacerdote
não
ungido, messias
livro
pássaro, ave
paz, prosperidade
nome
hebraico
(’ĕlōhîm)
(’ēsh)
(gever)
(yerûshālaim)
(kōhēn)
(lō’)
(māshîah)
(sēfer)
(tsippôr)
(shālôm)
(shēm)
aramaico
(’ĕlāhîn)
(’eshshā’)
(gevar)
(yerûshlem)
(kāhēn)
(lā’)
(meshîhā’)
(sefar)
(tsippar)
(shelām)
(shūm)
b. Períodos históricos da língua hebraica
Assim como toda língua viva que se desenvolve e se modifica ao longo do tempo,
também o hebraico sofreu alterações durante a sua evolução como idioma falado e escrito
do povo judeu. Através dos séculos, sua ortografia, sua fonética/fonologia, morfologia, sua
sintaxe, seu vocabulário e sua fraseologia sofreram modificações, podendo ser percebidos
por meio de muitos documentos antigos e modernos. Geralmente, a classificação e a datação
presumidas das épocas históricas da língua hebraica são as seguintes:
Hebraico arcaico: séc. 10 ao 9º séc. AEC.
Hebraico pré-exílico ou hebraico clássico: 9º séc. ao 6º séc. AEC.
Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio: 6º séc. ao 2º séc. AEC.
Hebraico de Qumran: 2º AEC ao 2º séc. EC.
Hebraico rabínico ou hebraico talmúdico ou ainda neo-hebraico: 2º séc. ao séc. 10.
Hebraico medieval: séc. 10 ao séc. 15.
Hebraico moderno ou hebraico israelense: séc. 16 ao séc. 21.
Todos os períodos históricos do hebraico demonstram evolução contínua e às vezes
profunda em sua estrutura linguística. Segundo os estudiosos, de todos os estágios mencionados acima, os três primeiros (arcaico, pré-exílico e pós-exílico) são considerados desenvolvimento do hebraico bíblico, fato que se percebe ao longo da composição dos próprios livros
da Bíblia Hebraica. Em relação às obras escritas em cada estágio da evolução do hebraico
bíblico, é possível mencionar algumas que são relevantes para o estudo do seu processo de
desenvolvimento:
Hebraico bíblico
Arcaico: Gênesis 49, Êxodo 15, Números 23 e 24, Deuteronômio 32 e 33, Juízes 5.2-31,
1Samuel 2.1-10; 2Samuel 22.2-51; 2Samuel 23.1-7; Salmo 18, Salmo 29, Salmo 68 etc.
Pré-exílico ou hebraico clássico: o Pentateuco, Josué, Juízes, 1Samuel e 2Samuel, 1Reis
e 2Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Amós, Oseias, Miqueias etc.
Pós-exílico ou hebraico tardio: Esdras, Neemias, 1Crônicas e 2Crônicas, Ester, Rute,
Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Cântico dos Cânticos, Joel, Obadias, Ageu, Zacarias etc.
Hebraico de Qumran: o pesher de Habacuque, o Testamento dos Doze Patriarcas, a Regra
da Associação, o Documento de Damasco, a Regra da Guerra, o Rolo do Templo etc.
2
Hebraico rabínico ou hebraico talmúdico ou neo-hebraico: a literatura tanaítica, a
literatura amoraítica, a Mishná (a seção do Talmude escrita em hebraico) etc.
Hebraico medieval: comentários de rabinos como Rashi (rabino Salomão ben Isaque),
Naḥmânides (rabino Moisés ben Naḥman de Gerona), Maimônides (rabino Moisés ben
Maimon), Abraão ibn Ezra, Davi Qimhi de Narbonne, Saadia ha-Gaon, poemas de judeus
espanhóis como Salomão ibn Gabirol, Judá ha-Levi, entre outros.
Hebraico moderno ou hebraico israelense: a literatura rabínica e israelense moderna
em todas as áreas (poesia, história, ciência, educação etc.). Literatura rabínica: Jacó ben
Hayyim e Elias Levita. Literatura israelense: Amós Oz, Shmuel Y. Agnon, Nathan Alterman, Hayyim Nahman Bialik, Reuven Rubin, Abraham B. Yehoshua, entre outros.
c. Hebraico bíblico: características gerais
A Bíblia Hebraica teria sido composta, aproximadamente, entre o século 10 e o 2º
século AEC e seus livros refletem mais de um estágio na evolução da língua hebraica durante
o período bíblico. Percebe-se, ainda, a presença de dois dialetos empregados em seus textos
(o dialeto de Judá [judaíta ou sulista] e o de Israel [israelita ou nortista]). O vocabulário bíblico
possui muitas palavras relacionadas com o campo da religião, da moral e da emoção, além
de palavras relacionadas com a vida diária, com animais domésticos, com utensílios domésticos, entre outros assuntos. O vocabulário da Bíblia Hebraica é relativamente limitado, compreendendo um pouco mais de 8.000 vocábulos, dos quais cerca de 2.000 são palavras ou
expressões que ocorrem uma única vez ao longo de seu texto. Tais situações são denominadas, tecnicamente, como hapax legomenon (gr. , contado ou dito uma só vez;
pl. [hapax legomena], contados ou ditos uma só vez). Os massoretas assinalavam
as situações de hapax legomenon presentes no texto bíblico hebraico por meio da abreviatura
, que é a inicial dos termos de procedência aramaica , e . Tais unidades lexicais
significam “não há, não existe, não tem, nada, não”. O termo hebraico correspondente para
hapax legomenon é (hebr. único, o que aparece uma única vez).
A maior concentração dos hapax legomenon encontra-se nos seguintes livros bíblicos
(em ordem de quantidade): Jó, Cântico dos Cânticos, Isaías, Provérbios, Naum, Lamentações
e Habacuque. Por outro lado, os livros bíblicos que apresentam menor registro de hapax
legomenon são (em ordem de quantidade): 1Crônicas, 2Crônicas, 1Reis, 2Reis, Josué, Êxodo,
1Samuel e 2Samuel. Palavras e expressões únicas no texto bíblico hebraico são classificadas
em dois grupos: os hápax parciais e os hápax absolutos. O primeiro grupo é relacionado com
formas ortográficas, lexicográficas ou gramaticais únicas, mas que possuem outras formas
similares, por exemplo, a forma verbal no infinitivo construto (hebr. comer), em Deuteronômio 12.23. O segundo grupo é relacionado com situações de palavras ou expressões
realmente únicas, sem outras formas iguais ou similares, por exemplo, o substantivo masculino singular (hebr. vestido, saia), em Isaías 47.2. Na listagem abaixo, constam mais
alguns exemplos de vocábulos e expressões de ambos os grupos de hapax legomena.
hápax parciais
hápax absolutos
(hebr. ao filho dele, cf. Gn 27.20)
(hebr. e sacudirás, cf. Gn 27.40)
(hebr. vos olhais, cf. Gn 42.1)
(hebr. se coagularam, cf. Êx 15.8)
(hebr. não será feita, cf. Lv 2.11)
(hebr. aos peludos, cf. Lv 17.7)
(hebr. e te aproximarás, cf. Dt 2.19)
(hebr. atenção!, cf. Gn 41.43)
(hebr. para escárnio, cf. Êx 32.25)
(hebr. pedaços cozidos de, cf. Lv 6.14)
(hebr. e cabra montês, cf. Dt 14.5)
(hebr. o outeiro, cf. Js 17.11)
(hebr. gomede, cf. Jz 3.16)
(hebr. guerra, cf. Jz 5.8)
3
(hebr. e raspará, cf. Dt 21.12)
(hebr. população rural livre, cf. Jz 5.7)
(hebr. então, abrirás, cf. 2Rs 9.3)
(hebr. ponta fina, cf. 1Sm 13.21)
(hebr. e cucos, cf. 1Rs 5.3)
(hebr. números, cf. Sl 71.15)
O hebraico é uma língua semítica norte-ocidental, pertencente ao grupo canaanita,
surgida no antigo território de Canaã, que corresponde, atualmente, a Israel e Palestina, entre
o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, durante a segunda metade do segundo milênio AEC. Após
tribos israelitas se estabelecerem em Canaã, aproximadamente, no século 13 AEC, teriam adotado a língua local dos cananeus, isto é, o canaanita, do qual surgiu, posteriormente, o hebraico. Os ancestrais dos israelitas teriam sido, provavelmente, arameus e falavam uma antiga
forma de aramaico (cf. Gn 31.47 e Dt 26.5). No texto bíblico hebraico, o idioma dos israelitas
e judaítas nunca é nominado “hebraico”, mas (hebr. língua de Canaã, cf. Is 19.18)
e (hebr. judaico, cf. 2Rs 18.26; 18.28; Is 36.11; 36.13; Ne 13.24 e 2Cr 32.18) denotando, assim, ser o “idioma oficial” de Judá e de Jerusalém, sendo utilizado como forma
padrão de linguagem erudita para composição de textos.
Na época de dominação grega (4º séc.-1º séc. AEC), a língua hebraica era denominada
(gr. hebraico) ou (gr. hebraico). No período de domínio romano (1º séc. AEC2º séc. EC), tal idioma era designado (hebr. hebraico) ou (hebr. língua hebraica) pelos próprios judeus e hebraeum e hebraicus pelos romanos. No período de desenvolvimento da literatura talmúdica (3º séc.-6º séc.), a referida língua era denominada
(hebr. língua sagrada) pelos rabinos tanaítas. No Talmude consta a forma (hebr. hebraico) para designar a língua hebraica (cf. Talmude Hierosolimitano Meguillá 1.71; Qiddushin
1.2). Flávio Josefo utiliza as locuções (gr. língua dos hebreus) e
(gr. em hebraico) para designar tanto o hebraico quanto o aramaico. A palavra (gr.
em hebraico) é usada no Eclesiástico para denotar o hebraico (cf. Eclo, prólogo 20), todavia,
no Novo Testamento, é utilizada para designar o aramaico (cf. Lc 23.38; Jo 5.2; 19.13; 19.17;
19.20; 20.16; At 21.40 e 26.14).
Havia, pelo menos, duas principais variantes dialetais hebraicas durante o período
bíblico: o dialeto do norte (reino de Israel), denominado “israelita” ou “nortista” e o dialeto
do sul (reino de Judá), designado “judaita” ou “sulista”. Além desse fato, percebe-se que
havia variação de pronúncia entre diversos grupos israelitas, como é possível perceber por
meio da narrativa de Juízes 12.6, em que os efraimitas pronunciavam o vocábulo “espiga”/“torrente” como (shibbōlet) e os gileaditas proferiam como (sibbōlet).
d. Hebraico arcaico
Textos: Gn 49.3-27; Êx 15.2-18; Nm 23.7-10; 23.18-24; Nm 24.3-9; 24.15-24; Dt 32.1-43;
Dt 33.2-29; Jz 5.2-31; 1Sm 2.1-10; 2Sm 22.2-51; 2Sm 23.1-7; Sl 18; Sl 19; Sl 29; Sl 68 etc.
Os textos bíblicos citados acima apresentam composição muito antiga, alguns dos
quais datariam, aproximadamente, entre o século 10 e o 9º século AEC, como Gênesis 49.327, Êxodo 15.2-18 e Juízes 5.2-31, enquanto outros teriam surgidos entre o 9º e o 8º século
AEC, como os salmos 18 e 68. Todas as composições são poéticas e foram transmitidas oralmente de geração em geração e, posteriormente, foram colocadas por escrito. Os estudiosos
classificam a linguagem de tais textos como hebraico arcaico, que é a forma utilizada nas
primeiras composições da Bíblia Hebraica. Um dos primeiros textos bíblicos a serem compostos teria sido Juízes 5.2-31 (o Cântico de Débora), por volta de 1125 AEC. Pressupõe-se
que este antigo cântico teria sido composto determinado tempo após os acontecimentos relatados em Juízes 4-5.
Geralmente, a poesia hebraica arcaica possui muitos elementos próprios, sendo possível destacar alguns exemplos, como a utilização de determinadas raízes verbais e
4
vocabulário típico do hebraico do século 10 ao 9º século AEC. Os itens lexicográficos listados
a seguir são exemplificações do hebraico arcaico em comparação com o estágio seguinte, o
hebraico pré-exílico.
vocábulos
não
quem?
YHWH
homem
homem
comida
grande
ouro
ouro
vinho
príncipes
campo
caminho
palavra, dito
este, isto
raízes verbais
fazer
caminhar
criar
vir
ouvir
julgar
ferir
plantar
brilhar
conhecer
irritar-se
hebraico arcaico
(cf. Is 14.21)
(cf. Dt 33.11)
(cf. Êx 15.2)
(cf. Dt 32.26)
(cf. Sl 18.26)
(cf. Gn 49.9)
(cf. Is 16.14)
(cf. Sl 21.4)
(cf. Sl 68.14)
(cf. Am 5.11)
(cf. Jz 5.3)
(cf. Dt 32.13)
(cf. Sl 19.6)
(cf. Sl 68.12)
(cf. Os 7.16)
hebraico pré-exílico
(cf. Êx 33.3)
(cf. Êx 3.11)
(cf. Gn 2.4)
(cf. Gn 2.7)
(cf. Gn 2.20)
(cf. Jl 1.16)
(cf. Os 2.2)
(cf. Êx 20.20)
(cf. Ag 2.8)
(cf. Dn 10.3)
(cf. 1Cr 15.9)
(Gn 27.27)
(cf. Ez 47.2)
(cf. 2Sm 15.36)
(cf. Ec 4.8)
hebraico arcaico
(cf. Êx 15.17)
(cf. Jz 5.4)
(cf. Gn 49.30)
(cf. Dt 33.2)
(cf. Êx 15.26)
(cf. Dt 32.26)
(cf. Nm 24.17)
(cf. Ez 17.22)
(cf. Sl 18.29)
(cf. Dt 32.17)
(cf. Nm 23.8)
hebraico pré-exílico
(cf. Pv 23.5)
(cf. Is 50.10)
(cf. Gn 1.1)
(cf. Gn 43.25)
(cf. Dt 6.4)
(cf. Gn 16.5)
(cf. Êx 7.25)
(cf. Gn 2.8)
(cf. Êx 13.21)
(cf. Êx 1.8)
(cf. Ec 7.9)
Muitas palavras listadas acima tendem a não aparecerem nos textos em prosa do hebraico pré-exílico (algumas vezes podem aparecer apenas ocasionalmente) e tendem, também, a se concentrarem nos antigos textos poéticos bíblicos mencionados. Grande parte do
vocabulário do hebraico arcaico é constituída por palavras raras e arcaicas e, além disso, aparece uma única vez no texto bíblico, constituindo, assim, situações de hapax legomenon. Além
disso, nas passagens em hebraico arcaico, são encontrados determinados elementos gramaticais arcaicos como formas mais longas de preposições separáveis, formas mais longas de
sufixos pronominais, pronomes demonstrativos e determinadas formas de construto que são
típicos dessa fase, como são mostrados no quadro a seguir.
Formas mais longas em preposições separáveis: (hebr. em, cf. Sl 11.2; Is 43.2),
(hebr. como, cf. Êx 15.5; 15.8; 15.10), (hebr. para, cf. Dt 32.35; 33.2), (hebr. em
direção a, cf. Jó 3.22; 5.26; 15.22; 29.19), (hebr. junto a, cf. Gn 49.17; 49.22; Nm 24.6;
Dt 32.2), (hebr. até, cf. Nm 24.20; 24.24).
5
Formas mais longas em sufixos pronominais da terceira pessoa masculina plural:
(hebr. os consumiu, cf. Êx 15.7), (hebr. se encherá deles, cf. Êx 15.9), (hebr.
desapossará deles, cf. Êx 15.9), (hebr. os engoliu, cf. Êx 15.12), (hebr. os
agarrou, cf. Êx 15.15), (hebr. os trará, cf. Êx 15.17), (hebr. sobre eles, cf. Dt
32.23), (hebr. os hostis deles, cf. Dt 32.27), (hebr. os deuses deles, cf. Dt 32.37),
(hebr. os sacrifícios deles, cf. Dt 32.38), (hebr. as elevações deles, cf. Dt
33.29), (hebr. a gordura deles, cf. Sl 17.10), (hebr. a boca deles, cf. Sl 17.10).
Pronome demonstrativo: (hebr. este, cf. Êx 15.13; 15.16; Sl 9.16; 10.2).
Construto: (hebr. o filho de, cf. Nm 23.18; 24.3; 24.15).
Segundo os estudiosos, os textos poéticos compostos na antiga forma do hebraico
bíblico seriam de procedência do reino de Israel e apresentariam influência de povos vizinhos
e de suas literaturas. Os textos em hebraico arcaico demonstram, também, que havia diferenças entre a linguagem literária e a linguagem falada no cotidiano pelo povo israelita.
e. Hebraico pré-exílico ou hebraico clássico
Textos: Gn, Êx, Lv, Nm, Dt, Js, Jz, 1Sm, 2Sm, 1Rs, 2Rs, Is (cap. 1 a 39), Jr, Ez, Am, Os,
Mq, Na, Hc, Sf, Sl 2, Sl 20, Sl 21, Sl 28, Sl 30, Sl 31, Sl 44, Sl 45, Sl 56, Sl 61, Sl 72, Sl 78,
Sl 80, Sl 82, Sl 89, Sl 101, Sl 110, Sl 132, Sl 144 etc.
A maior parte dos livros da Bíblia Hebraica teria sido composta no período que antecede o exílio babilônico, ocorrido a partir de 586 AEC e tal época compreenderia, aproximadamente, do 9º ao 6º século AEC. A linguagem desses escritos difere, substancialmente, daquela
que foi descrita anteriormente, o hebraico arcaico. O estágio evolutivo da língua hebraica, ocorrido entre o 9º e o 6º século AEC, é conhecido como hebraico pré-exílico ou hebraico clássico,
denominações adotadas pela maioria dos estudiosos. Esta fase é considerada pelos eruditos a
era de ouro da língua hebraica. A linguagem do hebraico pré-exílico assinala o auge de desenvolvimento da língua hebraica no período bíblico. O início de tal fase teria se dado, aproximadamente, entre o 9º e o 8º século AEC.
O hebraico pré-exílico alcançou tão elevada perfeição de linguagem e de composição
que teria servido sempre de modelo para os outros estágios posteriores do hebraico, como o
hebraico pós-exílico e o hebraico de Qumran. Hebraístas discutem se a linguagem dos livros
bíblicos pré-exílicos reflete o falar cotidiano do povo israelita. Possivelmente, a linguagem
do hebraico pré-exílico teria sido uma forma de composição literária típica dos escribas da
corte, que padronizaram e fixaram as regras de uma literatura em língua culta e acabaram por
desenvolver uma linguagem padronizada.
Estudiosos afirmam que a linguagem do hebraico pré-exílico refletiria o dialeto próprio de Jerusalém e arredores, mas alguns livros como o de Oseias e o de Amós, por exemplo,
refletiriam o dialeto falado no reino de Israel, que teria conservado a linguagem do século 10
e do 9º século AEC. Todavia, a linguagem predominante nos livros bíblicos escritos antes do
exílio babilônico seria a de Jerusalém. Hebraístas comentam, ainda, que o hebraico pré-exílico
teria se tornado norma de comunicação unificada e padronizada durante o 9º século AEC,
tendo sido elaborada, possivelmente, em Jerusalém. Tal linguagem teria sido utilizada, também, pelos sacerdotes do templo de Jerusalém e pelos escribas profissionais da corte, e como
tal, conservava, rigidamente, o padrão literário, mantendo distanciamento da língua falada.
Alguns destaques linguísticos mais relevantes do hebraico pré-exílico são exemplificados a
seguir.
6
O uso mais frequente do pronome relativo (hebr. que, cf. Gn 5.29; Êx 9.18; Js 6.17;
Jz 6.25 etc.).
O uso mais frequente da conjunção waw conversiva que modifica o tempo de expressões
verbais: (hebr. e disse, cf. Jz 10.11 etc.), (hebr. e saiu, cf. Êx 2.11 etc.),
(hebr. e falou, cf. Nm 8.1 etc.), (hebr. e amarás, cf. Dt 6.5 etc.), (hebr. e
guardarás, cf. Dt 6.11 etc.), (hebr. e calafetarás, cf. Gn 6.14 etc.).
O uso constante da preposição separável (hebr. para, em direção a) ao invés da preposição inseparável : (hebr. para Davi [comum nos livros de Samuel e de Reis,
cf. 1Sm 16.13; 17.33; 2Sm 4.8; 5.1; 1Rs 5.19; 8.18; 2Rs 21.7 etc.]); (hebr. para Davi
[comum nos livros das Crônicas], cf. 1Cr 18.2; 19.5; 21.18; 2Cr 2.11; 3.1; 6.17 etc.).
Ortografia defectiva de determinados nomes próprios como (hebr. Davi), comum nos
livros de Samuel e de Reis (cf. 1Sm 26.5; 2Sm 16.11; 1Rs 1.13; 2Rs 22.2 etc.) ao invés da
grafia plena (hebr. Davi), comum nos livros das Crônicas (cf. 1Cr 16.2; 2Cr 5.1 etc.).
O uso mais frequente do pronome pessoal (hebr. eu, cf. Nm 23.15; 1Sm 18.18; 2Rs
4.13; Jr 1.6 etc.) ao invés de (hebr. eu, cf. Zc 8.11; Rt 1.21; Lm 1.16; Ne 1.8 etc.).
O uso mais frequente da conjunção (hebr. pois, porque, portanto, cf. Jz 20.36; 1Rs
18.10; Is 6.5; Jr 51.12 etc.).
O uso muito frequente da palavra (hebr. e aconteceu, e houve) no início das narrativas
dos textos em prosa (cf. Gn 42.35; Êx 13.17; Js 24.29; 2Sm 13.1; 1Rs 14.6; Is 7.1 etc.).
Maior resistência a estrangeirismos, isto é, a recusa de se empregar vocábulos que não fosse
de procedência hebraica na composição dos textos.
Resistência a semelhanças com o aramaico.
Coesa uniformidade textual em quase todos os textos.
Predominância do dialeto próprio de Jerusalém e arredores.
Vocabulário limitado e uniformizado.
Conforme alguns eruditos, a estrutura consonantal dos textos bíblicos compostos no
período pré-exílico é, satisfatoriamente, preservada pela tradição manuscrita. Estudiosos argumentam que, em relação à vocalização, haveria, certamente, consideráveis diferenças entre
a pronúncia do hebraico desse período e entre aquela fixada pelos massoretas quinze séculos
mais tarde. O sistema de vocalização massorética também refletiria o ponto-de-vista dos
próprios massoretas e, em seu sistema, haveria evidente influência do aramaico e reconstruções vocálicas.
De acordo com determinados hebraístas, a grafia defectiva do nome Davi nos dois
livros de Samuel chega a 575 vezes, nos dois livros dos Reis 93 vezes e nenhuma vez nos
dois livros das Crônicas, em Esdras e em Neemias. Por outro lado, a grafia plena do referido
nome bíblico masculino chega 271 vezes nos livros bíblicos pós-exílicos mencionados contra
somente três vezes nos livros dos Reis e nenhuma vez nos livros de Samuel.
7
f. Hebraico pós-exílico ou hebraico tardio
Textos: Ed, Ne, 1Cr, 2Cr, Is 40-66, Ag, Zc, Ab, Ml, Jn, Jl, Jó, Pv, Rt, Ct, Dn, Est, Ec, Sl
1, Sl 8, Sl 9, Sl 10, Sl 12, Sl 14, Sl 16, Sl 23, Sl 25, Sl 32, Sl 33, Sl 34, Sl 36, Sl 37, Sl 40, Sl
41, Sl 46, Sl 47, Sl 48, Sl 49, Sl 50, Sl 51, Sl 52, Sl 55, Sl 58, Sl 62, Sl 66, Sl 67, Sl 69, Sl 71,
Sl 73, Sl 75, Sl 76, Sl 77, Sl 79, Sl 83, Sl 84, Sl 85, Sl 86, Sl 87, Sl 88, Sl 90, Sl 92, Sl 93, Sl
94, Sl 95, Sl 96, Sl 97, Sl 98, Sl 99, Sl 100, Sl 103, Sl 104, Sl 105, Sl 106, Sl 107, Sl 111, Sl
112, Sl 113, Sl 114, Sl 115, Sl 116, Sl 117, Sl 119, Sl 121, Sl 122, Sl 124, Sl 125, Sl 126, Sl
128, Sl 129, Sl 130, Sl 131, Sl 133, Sl 135, Sl 136, Sl 137, Sl 138, Sl 140, Sl 141, Sl 143, Sl
145, Sl 146, Sl 147, Sl 148, Sl 149, Sl 150 etc.
Depois do exílio babilônico a língua hebraica sofreu modificações em sua estrutura
linguística e os livros que foram escritos na época exílica e pós-exílica refletem novo estágio.
Os estudiosos denominam a linguagem dos livros bíblicos pós-exílicos de hebraico pós-exílico ou hebraico tardio, que é o estágio seguinte ao hebraico utilizado na composição dos
livros da Bíblia Hebraica, que foram escritos antes do exílio babilônico. De acordo com hebraístas, o hebraico pós-exílico representaria a língua da maioria dos livros bíblicos.
No período do exílio babilônico e em época posterior, os judeus começaram a falar
o aramaico em suas relações com seus dominadores e com as nações vizinhas. O aramaico
era uma língua semítica muito próxima ao hebraico e, na época do domínio assírio (período
recente, 9º séc.-7º séc. AEC), neobabilônico (7º séc.-6º séc. AEC) e persa (6º séc.-4º séc. AEC),
tinha se tornado o idioma internacional do comércio e das relações diplomáticas. Parcela
significante das populações do Oriente Médio na época bíblica falava a língua aramaica, como
Síria, Babilônia e Assíria. A substituição do hebraico pelo aramaico pelos judeus como principal língua de comunicação se deu de maneira muito gradual.
Quando os judeus retornaram de seu exílio na Babilônia por ordem de Ciro II, o
Grande, rei da Pérsia (538 AEC), na mesma época em que ocorreram as atividades de Esdras,
Neemias e dos profetas Ageu e de Zacarias, o aramaico tinha se tornado língua comum de
comunicação entre os exilados judeus e, além dessa língua, também uma forma popular de
hebraico que séculos mais tarde se tornaria o hebraico rabínico ou hebraico talmúdico. Ao
contrário do que se imagina, o hebraico não tinha desaparecido como idioma falado no cotidiano pelos judeus na época dos domínios babilônico e persa. Tal fato pode ser demonstrado por meio de vários livros da Bíblia Hebraica compostos após o exílio babilônico e por
meio de outros documentos desse período em diante, como o Eclesiástico/Sirácida (c. 2º
séc. AEC), os comentários rabínicos como os de Hillel e os de Shammai (1º séc. AEC), os
escritos na comunidade de Qumran (c. 2º séc. AEC-1º séc. EC) e as cartas de Simão bar
Kokhba (132-135 EC). Possivelmente, na região sul do antigo Israel, conhecida como Judeia,
teria sido muito comum o uso do hebraico nas relações diárias entre os judeus, enquanto na
Galileia e na Samaria o aramaico teria sido o mais utilizado. De acordo com hebraístas, em
torno de 170 AEC o hebraico estava em pleno uso como língua literária, além de ser entendido
e falado por parcelas da população judaica.
Importante característica do hebraico pós-exílico é a evidente influência do aramaico,
da linguagem popular hebraica e o uso de alguns elementos do hebraico pré-exílico na composição dos livros bíblicos pós-exílicos. Em relação à influência aramaica no hebraico pósexílico, são encontrados abundantes aramaísmos, como se pode perceber nos livros de Esdras, Neemias, Daniel, Jó, Crônicas, Ester, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Por outro
lado, determinados livros como Rute, Lamentações e bom número de salmos, de escritos
proféticos e de escritos sapienciais não foram afetados pelo aramaico. Além do vocabulário,
o aramaico também influenciou a sintaxe e a morfologia do hebraico pós-exílico. De acordo
com hebraístas, os livros bíblicos mais representativos do hebraico pós-exílico são Eclesiastes, Ester, Esdras, Neemias e Crônicas.
8
Durante o período pós-exílico, o hebraico pré-exílico teria continuado a ser usado
como modelo e como inspiração literária para os escritores bíblicos, como se pode constatar
em determinados textos bíblicos, como Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Daniel e vários
salmos. Segundo os estudiosos, constata-se que os autores dos livros bíblicos mencionados
e dos textos de Qumran teriam imitado o estilo e o vocabulário do hebraico como encontrado no texto do Pentateuco.
Segundo os eruditos, além de livros bíblicos tardios, o hebraico pós-exílico foi, também, o idioma utilizado na composição de alguns livros apócrifos, pseudepígrafos, apocalípticos e dos manuscritos de Qumran. Esse fato demonstra que o hebraico não havia deixado
de existir como língua viva e, em virtude disso, passava por transformações internas comuns
em uma linguagem usada constantemente. De acordo com a opinião de hebraístas, dentre
todos os livros bíblicos pós-exílicos, os das Crônicas seriam os mais instrutivos em demonstrar de como era o hebraico pós-exílico e os seus traços diferenciais em relação ao hebraico
pré-exílico. Uma das características dos livros das Crônicas, como de outros livros pós-exílicos, é o constante uso de grafias plenas e das matres lectionis (lat. lit. “mães de leitura”/“auxiliares de leitura”, isto é, consoantes que servem também como fonemas vocálicos como ,
, e ) e a substituição de formas arcaicas por outras mais novas. Os destaques seguintes
exemplificam algumas unidades lexicais hebraicas registradas em livros bíblicos pré-exílicos
em comparação com os seus correspondentes encontrados nos livros bíblicos pós-exílicos
(observar, principalmente, os exemplos encontrados nos livros das Crônicas em comparação
com aqueles encontrados nos livros de Samuel e Reis).
vocábulos
reino
Damasco
eu
diante de, por causa de
como?
Páscoa
para, em direção a
alegria
carta
sangue
ele tem nascido
corpos
hebraico pré-exílico
(cf. 1Rs 18.10)
(cf. Is 7.8)
(cf. Gn 7.4)
(cf. Lv 19.32)
(cf. Gn 44.34)
(cf. Dt 16.2)
(cf. 1Sm 9.26)
(cf. Ez 3.13)
(cf. Ez 1.1)
(cf. 1Rs 18.28)
(cf. Is 9.5)
(cf. 1Sm 31.12)
hebraico pós-exílico
(cf. 1Cr 29.25)
(cf. 2Cr 28.23)
(cf. Ec 2.14)
(cf. Ec 8.13)
(cf. Dn 10.17)
(cf. 2Cr 35.9)
(cf. 1Cr 10.11)
(cf. Ne 8.10)
(cf. Ne 6.5)
(cf. 1Cr 22.8)
(cf. Ec 4.14)
(cf. 1Cr 10.12)
Alguns destaques linguísticos mais relevantes do hebraico pós-exílico são exemplificados a seguir.
Algumas expressões como (hebr. a casa de Israel, cf. 1Rs 12.21) ou
(hebr. os filhos de Israel, cf. 1Rs 6.1) são substituídas pela locução coletiva (hebr.
Israel, cf. 2Cr 11.1; 2Cr 10.16; 31.1).
A fórmula introdutória muito comum dos textos em prosa pré-exílicos (hebr. e aconteceu, e houve, cf. Jr 13.8; Ez 7.1) praticamente desaparece.
A partícula ou (sinal de objeto direto/acusativo) tem seu uso diminuído nos livros
das Crônicas.
O artigo definido e o pronome relativo (hebr. que) também têm sua utilização
9
reduzida nos livros bíblicos pós-exílicos.
Determinadas expressões têm seus componentes invertidos, como, por exemplo, a locução “o rei Salomão”, que em 2Reis 12.2 é redigido como , enquanto em 2Crônicas 10.2 a redação normalmente encontrada é (hebr. Salomão, o rei).
Formas mais longas de determinadas preposições são utilizadas, comumente, em textos
poéticos pós-exílicos, ao invés de formas curtas típicas de textos pré-exílicos, tais como
(hebr. sobre, cf. Pv 30.19) em vez de (hebr. sobre, cf. Êx 20.12), (hebr. até, cf.
Sl 104.23) em vez de (hebr. até, cf. Gn 11.31) e (hebr. em direção a, cf. Jó 5.26) em
vez de (hebr. em direção a, cf. 2Rs 8.3).
Certas unidades lexicais tiveram influência da linguagem popular que mais tarde se tornaria
o hebraico rabínico, como o uso da preposição separável (hebr. junto de, ao lado de)
com a raiz verbal (hebr. [qal] sentar, habitar, morar) (cf. Ne 2.6; 4.6), ao invés do uso
de vocábulos como (hebr. em meio a, cf. Gn 45.6) ou (hebr. em meio a, cf. Êx
11.4) comuns em textos bíblicos pré-exílicos.
No hebraico pós-exílico são utilizados, ainda, outros vocábulos que nunca aparecem no
hebraico pré-exílico, mas que são usados, principalmente, no hebraico rabínico, tais como
(hebr. mercado, cf. Pv 7.8; Ec 12.4), (hebr. artesão, cf. Ct 7.2), (hebr. muro,
cf. Ct 2.9), (hebr. mistura, cf. Ct 7.3) e (hebr. cacho de cabelo, cf. Ct 5.2, 11).
O sintagma “que eu” é redigido como em duas passagens (cf. Ct 1.6; Ec 2.18) ao invés
da locução que é registrada em inúmeros textos bíblicos pré-exílicos (cf. Gn 18.17;
Êx 34.10; Lv 20.23; 2Sm 15.20; 1Rs 17.20; 2Rs 22.20 etc.).
A partícula - (hebr. que, cf. Sl 133.3; 137.8; Ct 3.1; Lm 2.15; Ec 2.17) é utilizada, normalmente, ao invés do pronome relativo (hebr. que, cf. Gn 1.7; Êx 1.8; 1Rs 1.8).
Em Cântico dos Cânticos constata-se, pela primeira vez, o emprego da linguagem popular
em um escrito literário.
Uso constante de palavras de proveniência estrangeira, tais como: 1. aramaica: (hebr.
sofá, divã, cf. Ct 1.16); 2. persa: (hebr. pomar, cf. Ct 4.13) e 3. grega: (hebr.
liteira [], cf. Ct 3.9).
No Eclesiastes constam palavras compostas com o sufixo aramaico , tais como
(hebr. perda, cf. Ec 1.15) e (hebr. soberano, cf. Ec 8.4,8). Vocábulos compostos
com o sufixo , tais como (hebr. estupidez, cf. Ec 1.17). Tais sufixos são encontrados no hebraico rabínico.
No Eclesiastes, são registradas as partículas adverbiais e (hebr. ainda, cf. Ec 4.2,3)
que são normalmente estranhas ao hebraico bíblico, mas que são muito comuns no hebraico rabínico.
Em livros bíblicos pós-exílicos são encontradas, também, outras palavras de feições claramente aramaicas, como (hebr. já, cf. Ec 3.15; 6.10) e (hebr. batalha, cf. Zc 14.3;
Sl 55.22; Ec 9.18). No hebraico pré-exílico, as unidades lexicais correspondentes ao
10
vocábulo “batalha, guerra” são ou (cf. Êx 1.10; Js 11.18; 1Sm 13.22).
Exemplos de empréstimos do aramaico são os seguintes vocábulos: (hebr. data, época,
tempo, cf. Ec 3.1; Et 9.27; Ne 2.6), (hebr. decreto, edito, cf. Et 1.8; Ed 8.36),
(hebr. declaração, cf. Jó 13.17), (hebr. filho, cf. Sl 2.12; Pv 31.2), (hebr. cal, cf. Is
27.9), (hebr. rocha, cf. Jr 4.29; Jó 30.6), (hebr. fim, cf. Ec 3.11; 7.2; 12.13; 2Cr 20.16)
etc. Raízes verbais de proveniência aramaica são as seguintes: (hebr. [piel] receber,
aceitar, cf. Pv 19.20; Ed 4.4; 2Cr 12.18), (hebr. [qal] ser acertado, sair bem, cf. Ec
10.10; 11.6; Et 8.5), (hebr. [qal] compelir, cf. Et 1.8), (hebr. [qal] levantar, erguer,
cf. Sl 145.14; 146.8), I (hebr. [piel] insultar, cf. Pv 25.10), (hebr. [piel] cobrir, cf.
Ne 3.15), (hebr. [qal] vagar, cf. Ct 1.7), II (hebr. [nifal] deliberar consigo mesmo,
cf. Ne 5.7), (hebr. [qal] crescer, cf. Jó 8.11), (hebr. [qal] dominar, cf. Et 9.1; Ec
2.19; 8.9; Ne 5.15), II (hebr. [qal] despedaçar, cf. Sl 2.9; Jó 34.24), (hebr. [qal]
subjugar, cf. Jó 14.20; 15.24; Ec 4.12) etc.
g. Hebraico de Qumran
Textos: a Regra da Comunidade ou Manual da Disciplina (1QS), o Documento de Damasco (CD), a Regra da Guerra (1QM), o Rolo de Cobre (3Q15), o Rolo do Templo
(11QT), o pesher de Habacuque (1QpHc), o pesher de Isaías (3QpIs), o pesher de Naum
(4QpNa), o pesher de Miqueias (1QpMq), o pesher do Salmo 37 (4QpSl 37), Melquisedeque,
o Príncipe Celeste (11QMelq), os Hinos de Ação de Graças ou Hodayôt (1QH) etc.
A descoberta dos Manuscritos do Deserto da Judeia (i.e. os Manuscritos do Mar
Morto), ocorrida entre 1947 e 1965, nas localidades de Qumran, Wadi Murabba‘at, Nahal
Hever, Massada, além de outras localidades do deserto da Judeia, revelou muitos fragmentos
parcialmente completos de livros bíblicos e não bíblicos, que possuem importância para todos os campos da crítica bíblica, como literária, textual, teológica, histórica, social e linguística. Além dos livros bíblicos encontrados nessas localidades, foi achado, também, grande
número de escritos da própria comunidade qumraniana.
Dentre todas as localidades do deserto da Judeia, que forneceram manuscritos, a de
Qumran é a mais importante, pois é desse sítio arqueológico que os estudiosos encontraram
textos bíblicos em hebraico, aramaico e grego que são mais antigos em relação aos demais
sítios. Segundo os estudiosos, o 1QIsa, por exemplo, é atualmente datado entre 202 e 107
AEC, de acordo com os testes do carbono-14 (data paleográfica: 125-100 AEC), constituindo
um dos mais relevantes testemunhos textuais da Bíblia Hebraica.
Além dos manuscritos bíblicos, a comunidade de Qumran produziu grande número
de escritos próprios como os citados acima e que demonstram linguajar divergente em relação ao hebraico pós-exílico e ao hebraico rabínico. Todavia, às vezes, tal fala é semelhante
aos dois referidos estágios linguísticos do hebraico. Determinados estudiosos classificam tal
linguagem de hebraico de Qumran que não é exatamente evolução do hebraico pós-exílico,
mas representa uma das formas da língua hebraica existentes no período do 2º século AEC
ao 1º século EC. De acordo com a opinião de eruditos, o hebraico de Qumran poderia ser
considerado a última ramificação do hebraico pós-exílico. Ainda segundo doutos, tal linguagem é composta pelos seguintes elementos linguísticos: 1. hebraico bíblico; 2. aramaico oficial (a língua franca utilizada durante a época bíblica, na região do Oriente Médio) e 3. hebraico vernacular (que mais tarde se tornaria o hebraico rabínico). Tais influências foram
determinantes para a formação da linguagem, especialmente na fonologia e na grafia.
Os textos encontrados em Qumran evidenciam que o hebraico empregado pela comunidade era falado, possuindo várias características tais como: coloquialismos, aramaização,
11
empréstimos estrangeiros e linguagem popular. Foi constatado que, além do hebraico, o aramaico e o grego eram conhecidos pela comunidade e seus escritos demonstram o conhecimento desses dois idiomas. Por meio das descobertas dos manuscritos, o hebraico de Qumran reflete evolução da língua hebraica e percebe-se, ainda, que há maior distanciamento em
relação ao hebraico pré-exílico. Por outro lado, tal linguagem é mais próxima ao aramaico e
ao hebraico rabínico. Entretanto, segundo alguns doutos, a língua utilizada nos textos encontrados em Qumran representaria estágio tardio de evolução do hebraico bíblico.
Alguns exemplos tomados de 1QIsa, entre outros textos, demonstram como era o
hebraico típico da comunidade de Qumran em relação ao hebraico encontrado no Texto
Massorético. Percebe-se tendência frequente em se utilizar grafias plenas como determinadas
matres lectionis, como para representar o fonema a; para representar os fonemas o e u e
para representar os fonemas i longo e e. Tal recurso era utilizado para facilitar a leitura de
determinadas palavras. Por outro lado, a grafia do hebraico de Qumran demonstra, ainda,
inconsistências e falta de padrão, como, por exemplo, nos vocábulos , e (esta,
isto) e , e (cabeça), entre outros casos. Os exemplos abaixo exemplificam de
como era a ortografia empregada, normalmente, no hebraico de Qumran em comparação
com aquela encontrada no hebraico do Texto Massorético, de acordo com os códices de
Leningrado B19a (ML) e de Alepo (MA).
vocábulos
não
pois, porque
cabeça
o que resgata
Senhor YHWH
Jacó
Moisés
Arão
Josué
Isaías
Uzias
Ezequias
Jerusalém
Damasco
Sodoma
Gomorra
as janelas deles
assim
as que adulteram
e quatro
as tochas
boca
quem?
ele
ela
vós (mc.)
lhes
todo
com a força
ortografia massorética
(cf. Is 40.26 [ML e MA])
(cf. Is 40.2 [ML e MA])
(cf. Is 1.5 [ML e MA])
(cf. Is 49.7 [ML e MA])
(cf. Is 40.10 [ML e MA])
(cf. Is 40.27 [ML e MA])
(cf. Dt 5.1 [ML e MA])
(cf. Nm 12.4 [ML e MA])
(cf. Nm 27.18 [ML e MA])
(cf. Is 2.1 [ML e MA])
(cf. Is 6.1 [ML e MA])
(cf. Is 36.15 [ML e MA])
(cf. Lm 1.8 [ML e MA])
(cf. Is 7.8 [ML e MA])
(cf. Is 13.19 [ML e MA])
(cf. Is 13.19 [ML e MA])
(cf. Is 60.8 [ML e MA])
(cf. Is 49.7 [ML e MA])
(cf. Ez 23.45 [ML e MA])
(cf. Ez 10.21 [ML e MA])
(cf. Ez 1.13 [ML e MA])
(cf. Is 40.5 [ML e MA])
(cf. Is 40.12 [ML e MA])
(cf. Nm 13.19 [ML e MA])
(cf. Nm 13.20 [ML e MA])
(cf. Nm 18.31 [ML e MA])
(cf. Nm 13.17 [ML e MA])
(cf. Is 40.6 [ML e MA])
(cf. Is 40.9 [ML e MA])
12
ortografia de Qumran
(cf. Is 40.26 [1QIsa])
(cf. Is 40.2 [1QIsa])
(cf. Is 1.5 [1QIsa])
(cf. Is 49.7 [1QIsb])
(cf. Is 40.10 [1QIsa])
(cf. Is 40.27 [1QIsa])
(cf. Dt 5.1 [4QDtj])
(cf. Nm 12.4 [4QNmb])
(cf. Nm 27.18 [4QNmb])
(cf. Is 2.1 [1QIsa])
(cf. Is 6.1 [1QIsa])
(cf. Is 36.15 [1QIsa])
(cf. Lm 1.8 [4QLm])
(cf. Is 7.8 [1QIsa])
(cf. Is 13.19 [1QIsa])
(cf. Is 13.19 [1QIsa])
(cf. Is 60.8 [1QIsa])
(cf. Is 49.7 [1QIsa])
(cf. Ez 23.45 [4QEza])
(cf. Ez 10.21 [4QEza])
(cf. Ez 1.13 [4QEzb])
(cf. Is 40.5 [1QIsa])
(cf. Is 40.12 [1QIsa])
(cf. Nm 13.19 [4QNmb])
(cf. Nm 13.20 [4QNmb])
(cf. Nm 18.31 [4QNmb])
(cf. Nm 13.17 [4QNmb])
(cf. Is 40.6 [1QIsa])
(cf. Is 40.9 [1QIsa])
as nações
como a tenda
as tuas ordenanças
os teus estatutos
na tua palavra
o teu Deus
o vosso Deus
os vossos pais
e disse
muito
faraó
o teu nome
escuridão
para ti
cego
exultação
ingênuos
os teus testemunhos
o clamor deles
a minha aflição
(cf. Is 40.17 [ML e MA])
(cf. Is 40.22 [ML e MA])
(cf. Sl 119.86 [ML e MA])
(cf. Sl 119.112 [ML e MA])
(cf. Sl 119.114 [ML e MA])
(cf. Dt 5.6 [ML e MA])
(cf. Dt 3.20 [ML e MA])
(cf. Nm 32.14 [ML e MA])
(cf. Êx 3.14 [ML e MA])
(cf. Nm 11.33 [ML e MA])
(cf. Sl 136.15 [ML e MA])
(cf. Is 25.1 [ML e MA])
(cf. Na 1.18 [ML e MA])
(cf. Nm 27.18 [ML e MA])
(cf. Is 42.19 [ML e MA])
(cf. Is 14.7 [ML e MA])
(cf. Sl 119.130 [ML e MA])
(cf. Sl 119.119 [ML e MA])
(cf. Sl 145.19 [ML e MA])
(cf. Sl 119.153 [ML e MA])
(cf. Is 40.17 [1QIsa])
(cf. Is 40.22 [1QIsa])
(cf. Sl 119.86 [11QSla])
(cf. Sl 119.112 [11QSla])
(cf. Sl 119.114 [11QSla])
(cf. Dt 5.6 [4QDtj])
(cf. Dt 3.20 [4QDtm])
(cf. Nm 32.14 [4QNmb])
(cf. Êx 3.14 [4QÊxb])
(cf. Nm 11.33 [4QNmb])
(cf. Sl 136.15 [11QSla])
(cf. Is 25.1 [4QIsc])
(cf. Na 1.8 [4QXIIg])
(cf. Nm 27.18 [4QNmb])
(cf. Is 42.19 [1QIsa])
(cf. Is 14.7 [1QIsa])
(cf. Sl 119.130 [11QSla])
(cf. Sl 119.119 [11QSla])
(cf. Sl 145.19 [11QSla])
(cf. Sl 119.153 [11QSla])
Além das diferenças listadas acima entre os dois tipos de hebraico, existem, além
disso, palavras novas na linguagem de Qumran que não ocorrem em outros estágios anteriores da língua hebraica. Tal vocabulário é mais extenso do que o encontrado no hebraico pré
e pós-exílico. O hebraico de Qumran era mais aberto a estrangeirismos e a inovações morfológicas e fonológicas que seus predecessores. No vocabulário existem itens lexicográficos
de procedência aramaica, persa, grega e latina. Alguns itens lexicais demonstram significados
específicos e outros revelam que são empréstimos do aramaico. Os exemplos a seguir ilustram o vocabulário encontrado em vários textos encontrados em Qumran: (estudo,
exegese), (congregação, comunidade), (tempo, época), (grupo), (primavera), (ordem, regra), (interpretação, explicação), (comunidade [sentido influenciado, possivelmente, pela palavra grega [comunhão]), (inspetor), (príncipe [vocábulo usado para designar anjo]), (conhecimento?, entendimento?, inteligência?), (sumo sacerdote), (corte), (aprendizado), (jovem,
rapaz), (secreto [item lexical de origem persa]), (torre [unidade lexicográfica com
sentido militar, conforme o item lexical grego e o latim turris]) e as raízes verbais
(ouvir), (levantar), (se agitar [com sentido intransitivo]), entre outras situações de
natureza linguística.
h. Estrutura consonantal
O surgimento da estrutura consonantal do texto bíblico hebraico de tradição massorética remonta ao período do Segundo Templo (séc. 6º AEC-1º séc. EC) e a sua aceitação
definitiva se deu por volta de 100 EC pelo judaísmo rabínico e por todas as comunidades
judaicas, tanto as de Israel quanto as da diáspora. A estrutura consonantal do hebraico bíblico
de tradição massorética, anterior à época dos massoretas, recebe a denominação “Texto Protomassorético” ou “Texto Protorabínico”, que não continha ainda a vocalização, a acentuação e o aparato massorético desenvolvidos somente durante a Idade Média. O Texto Protomassorético é um dos tipos textuais da Bíblia Hebraica utilizados pelos judeus durante o
período do Segundo Templo, ao lado de outras formas textuais usadas e transmitidas nessa
13
época. Tal texto bíblico, preservado e transmitido pelos escribas judeus da época do Segundo
Templo, foi a base e a origem do Texto Massorético desenvolvido pelos massoretas. O Texto
Protomassorético foi, possivelmente, o preferido pelos fariseus e pelos círculos de escribas
do templo de Jerusalém, que o copiaram constantemente durante séculos. Alguns estudiosos
acreditam que esta forma textual foi a que teve melhor transmissão e preservação, pelo fato
de ter sido copiada, meticulosamente, seguindo regras estabelecidas pelos próprios escribas
hierosolimitanos.
Os outros tipos textuais hebraicos existentes ao lado do Texto Protomassorético foram os que deram origem ao Pentateuco Samaritano e à Septuaginta (existe, ainda, outro tipo
textual hebraico atestado por alguns manuscritos de Qumran e que não é alinhado a esses
dois tipos textuais) e apresentam diferenças em vários detalhes relativos ao texto, à ortografia
e à morfologia em relação ao texto de tipo massorético. Determinados eruditos argumentam
que esses outros tipos textuais seriam textos vulgarizados, transmitidos sem muitos critérios
e sem obedecer a regras estabelecidas e, por isso, possuíam diversos tipos de alteração como
se constata no Pentateuco Samaritano e em determinados manuscritos de Qumran. Todavia,
todos eram de uso comum entre os judeus e nenhum deles tinha mais autoridade do que o
outro no período anterior à era cristã.
Existem evidências de que o Texto Protomassorético já existia desde antes do 3º
século AEC, como comprovam vários manuscritos encontrados em Qumran escritos em alfabeto paleohebraico (antigo abecedário hebraico), tais como o 1QpaleoLv, o 1QpaleoNm,
o 4QpaleoÊxm, o 4QpaleoJóc, o 6QpaleoGn, o 6QpaleoLv, o 11QpaleoLva, entre outros
textos. Determinados documentos como o 1QIsb e o 4QEza também representam perceptíveis semelhanças com o texto de tipo massorético em termos de redação, ortografia e morfologia. Manuscritos do Deserto da Judeia encontrados em Wadi Murabba‘at, como o MurXII e o MurIs (ambos datados do período da Segunda Revolta Judaica contra Roma [132135]), em Nahal Hever, como o 5/6HevNm e 5/6HevSl (da mesma época) e os manuscritos
descobertos em Massada, como o MasEz e o MasLvb (ambos datados do período da Primeira
Revolta Judaica contra Roma [66-73]) atestam o tipo textual massorético. Pelas últimas estimativas, cerca de 35% dos manuscritos bíblicos hebraicos encontrados no sítio arqueológico
de Qumran estão de acordo com tal recensão do texto bíblico.
O texto bíblico hebraico de tipo massorético, o Texto Protomassorético, foi aquele
que era vinculado aos escribas do Templo de Jerusalém e à vertente farisaica do judaísmo.
Tal texto bíblico hebraico passou a ser copiado com exatidão e com reverência pelos escribas
judeus e, além disso, sem alterações, adições, omissões ou modificações significativas. Consequentemente, sua forma textual permaneceu, praticamente, inalterada desde o período do
Segundo Templo até alcançar o período massorético. Com o passar do tempo, as diferenças
internas do Texto Protomassorético diminuíram em vez de aumentarem e isso foi por causa
do trabalho meticuloso, primeiro dos escribas e, mais tarde, principalmente dos massoretas,
que foram os principais responsáveis pela uniformização do Texto Massorético e pelo decréscimo das variantes em seu texto. Por esse motivo, as diferenças entre os manuscritos
medievais são muito menores do que entre os manuscritos antigos como, por exemplo, os
Manuscritos do Deserto da Judeia.
i. Vocalização massorética
No período bíblico até a Idade Média, o texto da Bíblia Hebraica era composto unicamente por consoantes, não possuindo, ainda, sinais gráficos representantes de fonemas
vocálicos. Durante a Idade Média (c. 7º séc.-séc. 10), os massoretas (escribas judeus da época
medieval) elaboraram três sistemas de vocalização para o texto consonantal da Bíblia Hebraica. Os três sistemas massoréticos de vocalização conhecidos são os seguintes:
Babilônico (c. 7º-9º séc.): sistema supralinear (sinais vocálicos colocados sobre as letras).
14
Palestino (c. 8º-9º séc.): sistema suporalinear (sinais vocálicos colocados sobre as letras).
Tiberiense (c. 8º séc.-séc. 10): sistema infralinear (sinais vocálicos colocados sobre, sob e
dentro das letras).
Dos três sistemas, apenas o último é o mais conhecido, o mais importante e o mais
completo, que acabou suplantando os dois métodos anteriores, que caíram em desuso durante o século 10. O sistema surgido em Tiberíades é composto por onze sinais gráficos que
representam sons vocálicos longos e breves e quatro que representam semivogais. O sistema
contém, ainda, mais três sinais: rafê, maqqef e mappîq. Todos os sinais de tradição massorética
tiberiense são compostos por traços e pontos:
a
ā
e
ē
sinais vocálicos
i
î
o
ō
ô
u
û
sinais semivocálicos
ă
ĕ
ŏ
e
outros sinais
O método de vocalização desenvolvido em Tiberíades é representado pelas duas
principais famílias de massoretas: a de Ben Asher e a de Ben Naftali. A família Ben Asher é
considerada a mais importante pelos estudiosos e o sistema de vocalização desenvolvido por
este clã é o mais atestado pelos manuscritos massoréticos do período medieval. A tradição
tiberiense de vocalização alcançou o seu auge de desenvolvimento no século 10 com os trabalhos do último membro da família Ben Asher, o massoreta Aarão ben Moisés ben Asher
(primeira metade do séc. 10). O último membro da família Ben Naftali foi Moisés ben Davi
ben Naftali (primeira metade do séc. 10), que também contribuiu para a evolução e para a
cristalização do sistema tiberiense de vocalização. Com o passar do tempo, o sistema da
família Ben Asher se tornou oficial e padrão, suplantando as demais tradições massoréticas,
inclusive a de Ben Naftali. A tradição de Ben Asher se tornou a única a ser reproduzida tanto
pela maioria dos manuscritos massoréticos da época medieval quanto por todas as edições
impressas da Bíblia Hebraica, desde o século 15 até os dias atuais. Todas as gramáticas dedicadas ao hebraico bíblico tratam, igualmente, da vocalização elaborada pelos massoretas de
Tiberíades.
j. Acentuação massorética
Além da elaboração da vocalização, os massoretas criaram, igualmente, sistemas de
acentuação para o hebraico bíblico. Os sistemas babilônico e palestino caíram em desuso
durante o século 10, apenas o sistema tiberiense, que era o mais completo, se tornou o mais
importante, sendo registrado tanto pela maioria dos manuscritos massoréticos da época medieval quanto por todas as edições impressas da Bíblia Hebraica, desde o século 15 até os
dias atuais. Todas as gramáticas dedicadas ao hebraico bíblico tratam, igualmente, da acentuação elaborada pelos massoretas de Tiberíades. As funções dos acentos massoréticos são os
seguintes:
Assinalam a sílaba tônica de cada palavra ou expressão do versículo bíblico. Existem dois
tipos de tonicidades: pospositiva (oxítona) e prepositiva (paroxítona).
15
Assinalam divisões semânticas e estabelecem relações sintáticas. Nesta função, os acentos
assinalam as pausas e o encadeamento entre as cláusulas do versículo.
Assinalam a melodia (cantilação ou cantilena) dos vocábulos do versículo. Essa função dáse quando o texto bíblico é recitado no serviço da sinagoga. Neste emprego, os acentos
possuem valores semelhantes a notas musicais.
Os massoretas elaboraram dois tipos de acentos: os disjuntivos (acentos que assinalam as divisões principais do versículo) e os conjuntivos (acentos que estabelecem conexões
entre os vocábulos do versículo). O método desenvolvido em Tiberíades contém dezoito
acentos disjuntivos e nove acentos conjuntivos para os vinte e um livros em prosa, totalizando vinte e sete acentos; e doze acentos disjuntivos e nove acentos conjuntivos para os
três livros poéticos (Salmos, Jó e Provérbios), totalizando vinte e um acentos. O sistema
contém, ainda, mais três sinais que não possuem função melódica: maqqef, meteg e paseq. As
duas principais famílias de massoretas de Tiberíades, a Ben Asher e a Ben Naftali, foram as
responsáveis pelo desenvolvimento e pela cristalização do sistema de acentuação que hoje é
empregado no texto da Bíblia Hebraica.
k. Anotações massoréticas (a massorá)
Além dos sinais de vocalização e dos sinais de acentuação, os massoretas elaboraram
anotações textuais (a massorá) que eram escritas ao redor do texto bíblico, nas margens dos
manuscritos da Bíblia Hebraica produzidos na época medieval. As notas são colocadas ao
lado do texto (a masora parva) e nas margens superior e inferior do texto (a masora magna). A
masora parva fornece informações muito sucintas, enquanto a masora magna complementa os
dados da masora parva, fornecendo informações adicionais, sendo similar a uma “concordância bíblica”. A massorá de tradição tiberiense é redigida na maior parte em aramaico, mas
existem termos e expressões redigidas em hebraico. As palavras e locuções que possuem
anotações na massorá são assinaladas no próprio texto bíblico hebraico por meio do circellus
(lat. círculo), que é um pequeno sinal em formato de círculo (ex.: ). Tais anotações
foram feitas para assegurar a íntegra preservação e a exata transmissão do texto da Bíblia
Hebraica. Por meio de tais observações, percebe-se que os mínimos detalhes textuais foram
percebidos e assinalados pelos massoretas. As notas da massorá versam sobre frequência de
palavras e expressões, vocábulos e locuções que ocorrem apenas uma única vez (casos de
hapax legomenon), questões de escrita e de leitura de determinadas palavras (casos de ketîv e
qerê), palavras e grafias incomuns, entre outras particularidades que são típicas do texto bíblico hebraico. A massorá pode ser definida como um tipo de “controle de qualidade para o
texto da Bíblia Hebraica”. Todo tipo de informação de ordem textual, levantado pelos massoretas no período medieval, é ainda útil e relevante para a moderna pesquisa bíblica. Por
fim, a massorá auxilia, igualmente, o entendimento do sistema gramatical e ortográfico do
hebraico bíblico.
Antes da atividade massorética, o texto da Bíblia Hebraica era unicamente consonantal. Posteriormente, o mesmo texto recebeu sinais gráficos que indicam sons vocálicos, sinais
gráficos que indicam tonicidade, pausa e melodia e anotações marginais relacionadas com
questões textuais. O texto de Gênesis 1.1 é mostrado abaixo em duas formas: a forma que é
anterior aos massoretas (apenas o texto consonantal) e a forma que é posterior aos massoretas (o texto consonantal com sinais gráficos indicativos de vocalização e de acentuação e com
as anotações da masora parva [notas ao lado do versículo] e da masora magna [notas acima do
versículo] da maneira como são registradas no Códice de Leningrado B19a [Códice ML]):
Anterior aos massoretas:
16
Posterior aos massoretas:1
o
o°
Abreviaturas dos manuscritos encontrados em Qumran, em Wadi Muraba‘at e em
Nahal Hever que são citados no capítulo:
1QpaleoLv
1QpaleoNm
1QIsa
1QIsb
1QpMq
1QpHc
1QH
1QM
1QS
3QpIs
3Q15
4QÊxb
4QpaleoÊxm
4QNmb
4QDtj
4QDtm
4QIsc
4QEza
4QEzb
4QXIIg
4QpaleoJóc
4QLm
4QpNa
4QpSl 37
6QpaleoGn
6QpaleoLv
11QpaleoLva
11QSla
11QMelq
11QT
CD
MasEz
MasLvb
MurIs
MurXII
5/6HevNm
1
manuscrito de Levítico em paleohebraico da caverna 1 de Qumran.
manuscrito de Números em paleohebraico da caverna 1 de Qumran.
1º manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran.
2º manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran.
pesher de Miqueias da caverna 1 de Qumran.
pesher de Habacuque da caverna 1 de Qumran.
Hinos de Ação de Graças (Hodayôt) da caverna 1 de Qumran.
Regra da Guerra (Milhamah) da caverna 1 de Qumran.
Regra da Comunidade (Serekh ha-Yahad) da caverna 1 de Qumran.
pesher de Isaías da caverna 3 de Qumran.
Rolo de Cobre (Megillat ha-Nehoshet) da caverna 3 de Qumran.
2º manuscrito de Êxodo da caverna 4 de Qumran.
13º manuscrito de Êxodo em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
2º manuscrito de Números da caverna 4 de Qumran.
10º manuscrito de Deuteronômio da caverna 4 de Qumran.
13º manuscrito de Deuteronômio da caverna 4 de Qumran.
3º manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran.
1º manuscrito de Ezequiel da caverna 4 de Qumran.
2º manuscrito de Ezequiel da caverna 4 de Qumran.
7º manuscrito dos Doze Profetas da caverna 4 de Qumran.
3º manuscrito de Jó em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
manuscrito de Lamentações da caverna 4 de Qumran.
pesher de Naum da caverna 4 de Qumran.
pesher do Salmo 37 da caverna 4 de Qumran.
manuscrito de Gênesis em paleohebraico da caverna 6 de Qumran.
manuscrito de Levítico em paleohebraico da caverna 6 de Qumran.
1º manuscrito de Levítico em paleohebraico da caverna 11 de Qumran.
1º manuscrito de Salmos da caverna 11 de Qumran.
Melquisedeque, o Príncipe Celeste da caverna 11 de Qumran.
Rolo do Templo (Megillat ha-Miqdash) da caverna 11 de Qumran.
Documento de Damasco (The Damascus Document).
manuscrito de Ezequiel de Massada.
2º manuscrito de Levítico de Massada.
manuscrito de Isaías de Wadi Murabba‘at.
manuscrito dos Doze Profetas de Wadi Murabba‘at.
manuscrito de Números das cavernas 5/6 de Nahal Hever.
Explicação das notas massoréticas: 1. masora parva: a expressão (hebr. em início) ocorre cinco vezes
no texto bíblico hebraico: três vezes no início de versículo; a locução (hebr. criou Deus) ocorre
três vezes no texto bíblico hebraico; a expressão (os céus e a terra) é um caso de hapax
legomenon. 2. masora magna: a locução (hebr. em início) ocorre três vezes no início de versículo: Gn
1.1; Jr 26.1 e 27.1 e duas vezes no meio de versículo: Jr 28.1 e 49.34; a expressão (hebr. criou
Deus) ocorre três vezes no texto bíblico hebraico: Gn 1.1; 2.3 e Dt 4.32.
17
5/6HevSl
manuscrito de Salmos das cavernas 5/6 de Nahal Hever.
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19
2. Alfabeto Hebraico: Breve Histórico
a. Introdução
Durante o período bíblico, a língua hebraica utilizou mais de um tipo de alfabeto consonantal para representar seus fonemas e letras. Como os israelitas eram vizinhos dos povos do
antigo Oriente Médio e mantinham contatos constantes com todos eles, acabaram por adotar
e/ou adaptar antigos sistemas alfabéticos que eram também utilizados pelos povos da região.
Tanto a antiga escrita hebraica (paleohebraica) como a escrita hebraica quadrática (escrita assíria)
eram adaptações de alfabetos já existentes (cf. abaixo) e usados pelos povos que falavam alguma
língua semítica. Este tópico tratará de alguns aspectos históricos dos dois sistemas alfabéticos
utilizados pelo povo de Israel durante o período bíblico, antes e depois do exílio babilônico.
b. Alfabeto paleohebraico
De acordo com os estudiosos, os povos semitas teriam desenvolvidos vários sistemas
alfabéticos desde o início do segundo milênio AEC e tais métodos foram aprimorados com o
passar do tempo, acabando por influenciar outros alfabetos mais recentes. De acordo com os
eruditos, os primeiros sistemas alfabéticos e suas datas são: protocanaanita (c. 1700 AEC), protosinaítico (c. 1500 AEC) e protoárabe (c. 1300 AEC). Inicialmente, o alfabeto protocanaanita possuía vinte e sete letras consonantais, porém, até o século 13 AEC, seu método alfabético passou
a adotar vinte e dois caracteres. Um século mais tarde, tal norma alfabética adotou a escrita da
direita para a esquerda, possivelmente sofrendo influência da escrita herática egípcia. Segundo
os eruditos, do século 11 AEC em diante o referido alfabeto semítico é considerado como alfabeto fenício. Com a adaptação do sistema alfabético fenício surgiu o abecedário paleohebraico
por volta do século 10 AEC, sendo utilizado pelos israelitas em sua comunicação escrita.
Segundo os eruditos, o alfabeto hebraico passou por transformações ao longo do tempo,
pois foram descobertas antigas inscrições hebraicas em sítios arqueológicos em Israel, na Jordânia e na Síria: o óstraco abecedário de Izbet Sartah (c. 1000 AEC), a inscrição no sarcófago do rei
Airam em Biblos (c. 1000 AEC), o calendário agrícola de Gezer (950 AEC), a pedra moabita do
rei Mesa (c. 840 AEC), os óstracos de Siquém (c. 700 AEC), o papiro Murabba‘at 17 (c. 700 AEC),
as inscrições do túnel de Siloé em Jerusalém (c. 700 AEC), o óstraco de Mesad Haschabiahu (c.
600 AEC), o óstraco de Laquis (c. 588 AEC) e o óstraco de Arad (c. 500 AEC). Todas essas inscrições foram escritas em caracteres paleohebraicos.
O alfabeto paleohebraico, denominado (ketāv ‘ivrî, escrita hebraica), foi usado
na composição dos textos bíblicos surgidos no período entre o século 10 e o 6º século AEC,
quando os escribas israelitas usavam o hebraico arcaico e pré-exílico como linguagens literárias.
Dentre os textos bíblicos, se pode mencionar o Pentateuco, Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis,
Isaías, Jeremias, Ezequiel, entre outros. Cerca de doze manuscritos bíblicos descobertos nas onze
cavernas do sítio arqueológico de Qumran também foram compostos no antigo alfabeto hebraico, como os seguintes: 4QpaleoÊxm, 11QpaleoLva, 4QpaleoDtr, 4QpaleoJóc, entre outros.
O alfabeto paleohebraico foi substituído aos poucos pela adoção do abecedário quadrático após o período pós-exílico pelos escribas judeus (cf. abaixo). Porém, o antigo sistema alfabético hebraico continuou em uso, principalmente em alguns momentos de conflito na história
judaica, como na época da revolta dos Macabeus (166-160 AEC) e na época da primeira (66 a 73
EC) e da segunda revoltas judaicas contra Roma (132 a 135 EC), quando a utilização dos antigos
caracteres hebraicos era encarada como sinal de nacionalismo judaico.
Em alguns manuscritos encontrados em Qumran compostos no alfabeto quadrático,
como por exemplo, 11QSla, 2QÊxb, 4QIsc, 1QpHc e em vários pesharîm e hodayôt, o tetragrama
20
(, yhwh) e os títulos divinos ( [’ĕlōhîm, Deus], [’ēl, El] e [’ēlî, o meu El]) são
grafados no antigo sistema alfabético hebraico. Em meio ao texto dos manuscritos mencionados,
o tetragrama aparece grafado do seguinte modo: HWHy (yhwh) (a grafia em paleohebraico corresponde à grafia quadrática [yhwh]). Em textos gregos encontrados entre os Manuscritos do
Deserto da Judeia (i.e. os Manuscritos do Mar Morto), como 8HevXIIgr, a mesma prática se
verifica: em meio ao texto grego, o tetragrama é grafado no antigo alfabeto hebraico. O mesmo
costume se verifica, igualmente, nos fragmentos da versão bíblica grega de Áquila encontrados
na Guenizá do Cairo e datados do 5º século EC.
c. Alfabeto assírio ou alfabeto quadrático
Pouco tempo depois do período de regresso do exílio babilônico houve importante influência do aramaico sobre a língua hebraica: a adoção da norma alfabética aramaica na composição de textos em hebraico escritos desse período em diante. O aramaico tinha se tornado a
língua franca dos impérios assírio, babilônico e persa, quando esses estavam ativos entre o 8º e
o 4º séculos AEC. Durante esse período em diante, os judeus acabaram por adotar, também, o
aramaico em sua comunicação com seus dominadores e seus vizinhos.
O novo sistema alfabético, tomado de empréstimo do aramaico para substituir o antigo
alfabeto paleohebraico, é conhecido pelas seguintes nomenclaturas: (ketāv merubbā‘,
escrita quadrática ou escrita quadrada) ou (ketāv ’ashshûrî, escrita assíria), esta última
denominada, igualmente, (’ashshûrît, assíria). O motivo da nominação escrita “quadrada”
ou “quadrática” é por causa do formato quadrático das novas letras, as quais se moldavam, praticamente, ao um quadrado (ex. , , , , , , , , , etc.). Tal abecedário era utilizado pelos
escribas assírios, babilônicos e persas para escreverem documentos oficiais em aramaico nas
chancelarias dos impérios aos quais pertenciam. O nome escrita “assíria” é em virtude, simplesmente, do fato de que tal método alfabético ter sido utilizado pelo Império Assírio.
A transição do sistema alfabético paleohebraico para o método alfabético quadrático ou
assírio foi gradual e lenta, continuando durante o período de dominação helenística, entre o 4º e
o 2º séculos AEC, e não terminou até a época da segunda revolta judaica contra Roma (132 a 135
EC). Os textos bíblicos que foram escritos antes do exílio babilônico no antigo alfabeto hebraico
foram totalmente reescritos e adaptados ao novo padrão alfabético. Segundo alguns estudiosos,
a transição também foi lenta e, possivelmente, pode ter sido concluída por volta do 3º século
AEC. Os livros bíblicos escritos no hebraico pós-exílico, após o exílio babilônico, foram compostos originalmente já na norma alfabética quadrática.
A utilização do sistema alfabético quadrático pelos judeus é evidenciada já no período
do início da era cristã (1º séc. EC), pois há uma passagem do Evangelho de Mateus em que há
uma referência à letra yôd () que seria a menor dentre todas as letras do alfabeto (cf. Mt 5.18).
Tal informação se refere à décima letra do alfabeto quadrático, a letra yôd, que é realmente a
menor dentre todas, em termos de tamanho. Cerca de 200, dentre os cerca de 212 manuscritos
bíblicos encontrados em Qumran, compostos entre o 3º século AEC e o 1º século EC, sendo que
vários são contemporâneos do início do cristianismo, foram compostos no abecedário quadrático, como, por exemplo, 1QIsa, 1QIsb, 2QJr, 3QEz, 5QDt, 11QEz, entre outros.
Segundo os estudiosos, o alfabeto quadrático, depois de adotado pelos judeus, passou
por três estágios de evolução, conforme se verifica pelos manuscritos de Qumran: 1. “escrita
arcaica” (250 a 150 AEC); 2. “escrita hasmoneana” (150 a 30 AEC) e 3. “escrita herodiana” (30
AEC a 70 EC). O hebraico se adaptou tanto ao novo método alfabético que até hoje todos os
textos da Bíblia Hebraica, do Talmude, os comentários rabínicos medievais, textos não religiosos
e textos modernos são todos escritos no novo padrão alfabético.
21
d. Quadro comparativo do alfabeto hebraico
O quadro comparativo abaixo mostra os nomes e alguns tipos de caracteres hebraicos
ao longo da história: 1. as letras quadráticas ou assírias da época pós-exílica (letra de imprensa
como encontrado atualmente no texto da Bíblia Hebraica); 2. as letras paleohebraicas do período
anterior ao exílio babilônico (o tipo escolhido aqui se assemelha ao utilizado por volta do 8º e 7º
séc. AEC); 3. as letras hebraicas típicas dos manuscritos de Qumran (similar à escrita “hasmoneana” de 150 a 30 AEC); 4. as letras paleohebraicas típicas da tradição samaritana; 5. as letras
utilizadas nos comentários exegéticos do rabino Salomão ben Isaque (Rashi, 1040-1105) e 6. a
letra cursiva (manual) típica do hebraico moderno.
quadrático/
assírio
paleohebraico
Qumran
samaritano
a
)
b
b
B
g
g
G
d
d
D
h
h
H
w
w
V
z
z
Z
C
x
T
F
T
U
y
y
Y
k
k
K
l
l
L
m
m
M
n
n
N
s
s
O
O
C
I
p
p
P
x
c
E
q
q
Q
22
escrita
Rashi
A
cursivo
moderno
r
r
R
c
$
S
t
t
X
Abreviaturas dos manuscritos encontrados em Qumran e em Nahal Hever que são citados no capítulo:
1QIsa
1QIsb
1QpHc
2QÊxb
2QJr
3QEz
4QpaleoÊxm
4QpaleoDtr
4QIsc
4QpaleoJóc
5QDt
11QpaleoLva
11QEz
11QSla
8HevXIIgr
1º manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran.
2º manuscrito de Isaías da caverna 1 de Qumran.
pesher de Habacuque da caverna 1 de Qumran.
2º manuscrito de Êxodo da caverna 2 de Qumran.
manuscrito de Jeremias da caverna 2 de Qumran.
manuscrito de Ezequiel da caverna 3 de Qumran.
13º manuscrito de Êxodo em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
18º manuscrito de Deuteronômio em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
3º manuscrito de Isaías da caverna 4 de Qumran.
3º manuscrito de Jó em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
manuscrito de Deuteronômio da caverna 5 de Qumran.
1º manuscrito em paleohebraico da caverna 4 de Qumran.
manuscrito de Ezequiel da caverna 11 de Qumran.
1º manuscrito de Salmos da caverna 11 de Qumran.
manuscrito grego dos Doze Profetas da caverna 8 de Nahal Hever.
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24
3. Alfabeto Hebraico
a. Alfabeto
O alfabeto hebraico (hebr. , alfabeto) é constituído por 22 letras consonantais.
letras
(consoantes)
1
2
3
4
nome
das letras
’alef
designação
em hebraico
ʾ
bêt
b
ḇ ( v)
2
guimel ou guîmel
ou
g
ḡ (gh)
3
dalet
d
ḏ (dh)
4
he’ ou hê
waw ou wa’w
zayin
8
9
5
6
7
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
transliteração
e pronúncia
valor
numérico
1
ou
h
5
ou
w
6
z
7
'êt
ḥ
8
%êt
ṭ
9
10
yôd ou yûd
ou
y
kāf ou kaf
ou
k
ḵ (kh)
20
lamed
l
30
mem ou mêm
ou
m
40
nûn
n
50
samekh
s
60
‘ayin
ʿ
70
pê
p
tsadê ou tsadî
ou
ṣ
90
qôf ou qûf
ou
q
100
rêsh
r
200
śeš
300
sîn e shîn
taw
e
25
t
p̄ (f)
ṯ (th)
80
400
b. Alfabeto: formas de imprensa e formas simplificadas
formas
de imprensa
formas
simplificadas
כ
מ
נ
פ
צ
שׁ
26
א
ב
ג
ד
ה
ו
ז
ח
ט
י
ל
ס
ע
ק
ר
ת
ך
ם
ן
ף
ץ
שׂ
c. Letras finais
letras
(consoantes)
1
2
3
4
5
nome
das letras
kāf sôfît
designação
em hebraico
transliteração
e pronúncia
ḵ (kh)
ḵ (kh)
valor
numérico
500
mem sôfît
m
m
600
nûn sôfît
n
n
700
pê sôfît
p̄ (f)
p̄ (f)
800
tsadê sôfît
ṣ
ṣ
900
d. Classificação dos fonemas do alfabeto hebraico
labiais
dentais
palatais
velares
glotais
Referências Bibliográficas
ALVES, Roberto. Gramática do Hebraico Moderno e Clássico. Rio de Janeiro: Imago, 2007, p. 47.
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MENDES, Paulo. Noções de Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 15-19, 25-32 e
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ROSS, Allen P. Gramática do Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 23-36.
SEOW, Choon-Leong. A Grammar for Biblical Hebrew. Revised Edition. Nashville: Abingdon Press,
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WEINGREEN, Jacob. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon
Press-Oxford University Press, 1959, p. 1, 2 e 251.
28
4. Vocalização Massorética
a. Introdução
O sistema de vocalização massorética (hebr. , pontuação, vocalização) do hebraico
bíblico foi elaborado pelas duas principais escolas de massoretas, a de Ben Asher e a de Ben
Naftali, ambas ativas no século 10, em Tiberíades, na Palestina. Tal método é conhecido como
tiberiense, sendo desenvolvido entre o 8º século e o século 10. Além do sistema tiberiense, havia,
ainda, outros dois métodos mais antigos: o babilônico (7º ao 9º séc.) e o palestino (8º ao 9º séc.),
porém, ambos caíram em desuso durante os séculos 9 e 10 e não são mais utilizados. Somente a
vocalização tiberiense, em virtude do alto grau de desenvolvimento e de aperfeiçoamento, é a
única a ser usada hoje em dia tanto no hebraico bíblico como no hebraico moderno. A maioria
dos manuscritos massoréticos surgidos durante a Idade Média reflete o método de vocalização
tiberiense pertencente principalmente à escola de Ben Asher.1
b. Sinais vocálicos
A
ou
patta' ou pata'
ou
O
U
ou
segôl ou segôl
I
ou
hîrîq ou hîreq
qamets qatan
qubbûts ou qibbûts
(a)
ex.: tarde
(e)
ex.: era
(i)
ex.: item
(o)
ex.: costa
(u)
ex.: rótulo
ou
qamets ou qamats
tserê
hîrîq-yôd
ou
'ôlem e 'ôlam
shûreq
e
Breves
Longos
(ā)
ex.: cantor
E
(ē)
ex.: medo
(î)
ex.: hino
(ō) e (ô)
ex.: povo
(û)
ex.: uva
c. Pronúncia do sinal vocálico qamets qatan
O sinal vocálico qamets qatan ( ), também denominado qamets 'a%ûf (), é
igual ao qamets, ambos possuindo a mesma forma gráfica. O qamets qatan aparece em determinadas palavras e nomes, geralmente imediatamente antes do sinal diacrítico shewá ( ) e antes do
sinal maqqef. A lista a seguir mostra alguns exemplos:
(’óḵlâ,
alimento)
(’ómnām, certamente)
(ḥóḵmâ, sabedoria, habilidade)
(ḥóp̄šî, libertado, livre)
(ḥórbâ, ruína)
(ṭóhŏrâ, pureza)
(kól-, todo, tudo)
1
(móšḥâ,
unção)
(móšḥāṯ, mutilação)
(móṯnaîm, lombos)
(nóḵrî, estrangeiro)
(‘órlâ, prepúcio)
(qódqōd, cocuruto)
(qórḥâ, careca, calvo)
Cf. Dotan, 1972, col. 1433-1453; Yeivin, 1980, p. 1-4; idem, 2003, p. ; Tov, 2012, p. 39-47; Würthwein,
1995, p. 21-28; Trebolle Barrera, 1996, p. 315-318 e Francisco, 2008, p. 250-254, 261-263, 266-269 e 649.
29
d. Sinais semivocálicos
-
ou -
'a%ef-patta' ou 'a%af-patta' Exemplos: (’ădāmâ, solo, chão), (’ădōnāy, Senhor), (’ănî,
eu), (hălōm, para cá, aqui), (ya‘ăqōḇ, Jacó).
(ă)
um breve a
-
ou -
'a%ef-segôl ou 'a%af-segôl
Exemplos: (’ĕdôm, Edom), (’ĕlōhîm, Deus, deuses),
(’ĕlûl, Elul), (’ĕmûnâ, firmeza), (’ĕmet, veracidade).
(ĕ)
um breve e
-
ou -
'a%ef-qamets ou 'a%af-qamets Exemplos: (ḥŏlî, doença), (ḥŏrēm, Horém), (mórdŏḵay,
Mardoqueu), (rŏ’î, visão).
(ŏ)
um breve o
shewá
(ә)
Exemplos: um ә audível breve em início de palavra: (bәrît, aliança, pacto), (tәp̄illâ, oração); mudo em meio de palavra:
(midbar, deserto), (miškān, tabernáculo).
e. Ditongos
(āy)
ex.:
vai
(ay)
ex.:
vai
(ey) (ê)
ex.:
lei
(ôy)
ex.:
oito
(ûy)
ex.:
Rui
(āw)
ex.:
ave
(aw)
ex.:
ave
(îw)
ex.:
Ivo
(êw)
ex.:
seiva
f. Sinais vocálicos com e finais
qamets com
qamets final com
final
vocálico
vocálico
(ā’)
ex.: mā’
(â)
ex.: mâ
qamets com final consonantal
segôl com
tserê com
final
final
vocálico
vocálico
(āh)
ex.: māh
30
(eh)
ex.: meh
(ēh)
ex.: mēh
g. Pata' furtivo
patta' furtivo
Exemplos: (mizbēaḥ, altar), (māšîaḥ, ungido, untado, messias), (nōaḥ, Noé), (rûaḥ, espírito, vento), (rêaḥ, odor, aroma).
(a)
Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B19a (séc. 11).
Texto: Rute 3.13-16; 4.3-4; 4.7-10 (fól. 422b).
A Schenker et alii (eds.), Biblia Hebraica Quinta. Fascicle 18: General Introduction and Megilloth
(Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2004, p. 8). Texto: Rute 3.10-16.
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KHAN, Geoffrey. A Short Introduction to the Tiberian Masoretic Bible and its Reading Tradition. 2. ed.
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SCHENKER, Adrian et alii (eds.). Biblia Hebraica Quinta. Fascicle 18: General Introduction and Megilloth.
Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2004. (fascículo preparado por Jan de Waard, Piet
B. Dirksen, Yohanan A. P. Goldman, Rolf Schäfer e Magne Sæbø)
SEOW, Choon-Leong. A Grammar for Biblical Hebrew. Revised Edition. Nashville: Abingdon Press,
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____. (título em inglês: The Biblical Masora). Studies in Language 3. Jerusalem:
The Academy of the Hebrew Language, 2003, p. 117. (em hebraico)
32
5. Pronúncia das Consoantes, dos Sinais Vocálicos
e dos Sinais Semivocálicos
Neste texto, todas as consoantes hebraicas, todos os sinais vocálicos e todos os sinais
semivocálicos são transliterados, seguindo padrão acadêmico de transliteração.
’a
’ā
’e
’ē
’i
’ă
’ĕ
’î
’o
’ŏ
’ǝ
’ô
’ō
’u
’û
ba
bā
be
bē
bi
bî
bo
bô
bō
bu
bû
ḇa
ḇā
ḇe
ḇē
bǝ
ḇi
ḇî
ḇo
ḇǝ
ḇô
ḇō
ḇu
ḇû
ga
gā
ge
gē
gi
gî
go
gô
gō
gu
gû
ḡa
ḡā
ḡe
ḡē
ḡi
gǝ
ḡî
33
ḡo
ḡô
ḡō
ḡu
ḡû
da
dā
de
dē
ḏa
ḏā
di
dî
do
dô
du
dû
ḏe
ḏē
ḏi
ḡǝ
dǝ
ḏî
ḏǝ
ḏo
ḏô
dō
ḏō
ḏu
ḏû
ha
hā
he
hē
hi
hî
ho
hô
hō
hu
hû
hă
hĕ
hŏ
hǝ
wa
wā
we
wē
wi
wî
wo
ô
w
wu
û
za
zā
ze
zē
zi
zî
zo
zô
zu
zû
wǝ
zǝ
34
zō
ḥa
ḥā
ḥe
ḥē
ḥă
ḥi
ḥĕ
ḥî
ḥŏ
ḥo
ḥǝ
ḥô
ḥō
ḥu
ḥû
ṭa
ṭā
ṭe
ṭē
ṭi
ya
yā
ye
yē
ṭî
ṭǝ
ṭo
ṭô
ṭō
ṭu
ṭû
yi
y
yo
yô
yu
yû
yō
ka
kā
ke
kē
ki
kî
ko
kô
ku
kû
kō
ḵa
ḵā
ḵe
ḵē
ḵi
yǝ
kǝ
ḵî
ḵǝ
35
ḵo
ḵô
ḵō
ḵu
ḵû
la
lā
le
lē
li
lî
lo
lô
lu
lû
ma
mā
me
mē
mi
mî
mo
mô
mu
mû
mō
na
nā
ne
nē
ni
nî
no
nô
nu
nû
nō
lǝ
mǝ
lō
nǝ
sa
sā
se
sē
si
sî
so
sô
su
sû
‘a
‘ā
‘e
‘ē
‘ă
sǝ
‘i
‘ĕ
‘î
‘ŏ
36
‘o
‘ǝ
‘ô
sō
‘ō
‘u
‘û
pa
pā
pe
pē
pi
pî
po
pô
pu
pû
pō
p̄a
p̄ā
p̄e
p̄ē
pǝ
p̄i
p̄î
p̄o
p̄ô
p̄ō
p̄u
p̄ǝ
p̄û
ṣa
ṣā
ṣe
ṣē
ṣi
ṣî
ṣǝ
ṣo
ṣô
ṣō
ṣu
ṣû
qa
qā
qe
qē
qi
qî
qo
qô
qu
qû
qō
ra
rā
re
rē
ri
rî
ro
rô
ru
rû
ră
rĕ
rŏ
rǝ
qǝ
37
rō
śa
śā
śe
śē
śi
śî
śo
śǝ
śô
śō
śu
śû
ša
šā
še
šē
ši
šî
šo
šǝ
ta
tā
te
tē
ti
ṯa
ṯā
ṯe
ṯē
šō
šu
šû
tî
to
tô
tu
tû
ṯî
ṯǝ
tō
tǝ
ṯi
šô
ṯo
ṯô
ṯō
ṯu
ṯû
Exemplos de palavras hebraicas transliteradas e separadas por sílabas:
’é-ḇen
bṓ-śem
baz
dal
dā-mîm
gāḡ
gal
gā-ḏôl
dôr
hé-ḇel
hē’
ze-ḇaḥ
zǝ-ḇûḇ
ḥā-ḇēr
ḥōq
ṭǝ-ḥō-rîm
yô-ṯēr
mā-ḡēn
nā-ḇî’
‘ēṣ
qō-hé-leṯ
pé-sel
38
šǝ-mā-māh
tǝ-šû-‘āh
Exercícios.
α. Transliterar as seguintes palavras hebraicas:
1.
6.
2.
7.
3.
8.
4.
9.
5.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
β. Transliterar as seguintes palavras portuguesas transcritas em letras hebraicas:
1.
6.
11.
2.
7.
12.
3.
8.
13.
4.
9.
14.
5.
10.
15.
Referências Bibliográficas
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HOLLENBERG, Johannes; BUDDE, Karl. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 7. ed. São
Leopoldo: Sinodal, 1991, p. 2-16.
JOÜON, Paul; MURAOKA, Takamitsu. A Grammar of Biblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27.
Roma: Gregorian & Biblical Press, 2009, § 5 e § 6, p. 20, 21 e 32.
KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. 8. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2011,
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KERR, Guilherme. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, p.
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LAMBDIN, Thomas O. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003, p. 26-29.
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ROSS, Allen P. Gramática do Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 24, 25, 39 e
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SEOW, Choon-Leong. A Grammar for Biblical Hebrew. Revised Edition. Nashville: Abingdon Press,
1995, p. 1 e 6.
WEINGREEN, Jacob. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon
Press-Oxford University Press, 1959, p. 1 e 4.
39
6. Maqqef, Partícula , Daguesh, Rafê e Shewá
a. Maqqef
O maqqef (aram. , circundado; , aram. circundado) é um sinal que possui o
formato de uma barra horizontal sobrescrita, similar em função ao hífen do português, tendo
o seguinte formato gráfico: . A função do maqqef é unir duas, três ou mais palavras em um
versículo, indicando que tais palavras constituem estritamente uma unidade de sentido, não
podendo ser separadas. Geralmente, o referido sinal gráfico aparece em palavras monossilábicas, como as que estão abaixo.
Exemplos:
(não há, não existe)
(para, em direção a, para dentro
(se)
(sinal de objeto direto)
(entre)
(também)
(há, existe)
(todo, tudo)
(não)
(que?)
(quem?)
(de, desde de, a partir de)
(até, em direção de)
(sobre, em cima de)
(com, junto de, em companhia de)
(para que não)
de)
Exemplos de palavras e expressões com o sinal maqqef no ATI:
Gênesis 19.4b
desde final;
todo o povo
e até velho;
desde jovem
a casa,
(...)
(...) cercaram
Números 30.1
a
Moisés.
YHWH
o que ordenou
conforme
tudo
Israel;
aos filhos
de
Moisés
E disse
Deuteronômio 10.8a
(...)
para
carregar
o Levi,
a tribo de
YHWH
a aliança de
YHWH; (...)
a arca de
Josué 2.1a
(...)
os que espionam
(...)
(...)
(...) fez separação
dois
homens
desde
o Sitim,
Josué, o filho
de Num,
E enviou
b. Partícula
O hebraico bíblico possui uma partícula que indica o objeto direto (acusativo) de uma
expressão ou sintagma e que normalmente não é traduzida. Tal partícula pode ter duas formas: a. com o sinal vocálico tserê e sem o sinal maqqef: e b. com o sinal vocálico segol e com
o sinal maqqef: .
Exemplos:
(os céus)
40
(a Moisés)
(e a terra)
(e todo
(a tribo
(a luz)
ser o vivente)
do Levi)
Exemplos de palavras e expressões com a partícula no ATI:
Gênesis 1.1
a terra.
e
os céus
e a Jafé.
a Cam
a Sem,
Deus
criou
Em início
filhos:
três
Noé
E procriou
Gênesis 6.10
Juízes 3.7
e esqueceram
YHWH,
aos olhos de
o mal
os filhos de Israel
E fizeram
o Deus deles;
a YHWH,
e às aserás.
aos baalins
e serviram
c. Daguesh brando e daguesh forte
No hebraico bíblico, existe um sinal diacrítico denominado daguesh (hebr. , ênfase;
aram. , ênfase) que é colocado dentro das consoantes hebraicas, indicando o som plosivo ou oclusivo (duro) e o som geminativo (duplicado). Existem dois tipos de tal sinal diacrítico: dagesch lene (lat. daguesh brando) ou (hebr. daguesh leve) e dagesch forte (lat. daguesh
forte) ou (hebr. daguesh forte). O dagesch lene é usado no grupo BeGaDKePaT ()
e o dagesch forte é usado em todas as letras hebraicas, exceto para o conjunto das letras guturais
. O dagesch lene aparece em início de palavra e em início de sílaba, indicando o som
duro do grupo: BeGaDKePaT (b, g, d, k, p e t). O dagesch forte aparece no meio da palavra,
indicando a duplicação do som da consoante. Detalhe: na sílaba anterior ao dagesch forte, o
sinal vocálico será sempre breve.
Exemplos com dagesch lene:
em início de palavra
(filho)
(carne)
(nação)
(peregrino)
(porta)
(sangue)
(estrela)
(lei, instrução)
em início de sílaba
(torre)
(deserto)
(rainha)
(tabernáculo)
(família)
(pomar, parque)
(oblação)
(comandante-em-chefe)
Exemplos com dagesch forte:
(chefe tribal)
(mulher)
(Assíria)
(valente, heroi)
(calúnia)
(medida)
(Manassés)
(justo)
(congregação)
(espiga)
41
(transgressão)
(torta; circunvizinhança)
(trono)
(descanso,
(louvor)
(oração)
sábado)
d. Rafê
No hebraico bíblico, existe um sinal diacrítico nominado rafê (aram. , enfraquecido; hebr., enfraquecido) que é oposto aos sinais dagesch lene, dagesch forte e mappiq, sendo
colocado acima das letras do grupo BeGaDKePaT (), expressando os seguintes fonemas fricativos (brandos): v, g, d, kh, f e t. Algumas vezes, era empregado, de maneira irregular,
nas letras e , indicando quiescência ou a ausência do dagesch forte (ex.: , ). Em inúmeros
manuscritos massoréticos, como os códices de Leningrado B19a, Alepo, entre outros, o sinal
aparece com muita frequência. Com o passar do tempo, o referido sinal tornou-se obsoleto
e a sua utilização nunca chegou a ser definitiva ou mesmo coerente. Atualmente, a maior
parte das edições da Bíblia Hebraica tende a omiti-lo, quase por completo, por causa da
incoerência da sua utilização ou por motivos técnicos de editoração. 1 Duas das poucas edições impressas da Bíblia Hebraica a manter o sinal diacrítico rafê são a de Christian D. Ginsburg (Londres, 1894) e a de Federico Peréz Castro et alii (Madrid, 1979-1992). Outras publicações mencionam ou justificam a não inclusão de tal sinal diacrítico em seus textos, pelos
dois motivos já mencionados, como as edições BHK, BHS, BHQ, BHL e HUB.2 Na BHS,
aparece em algumas poucas passagens, tais como: Dt 5.17: (hebr. não assassinarás)
e 2Sm 11.1: (hebr. os mensageiros [ketiv], os reis [qerê]). No trecho de Deuteronômio 5.17, ambos os sinais são usados, de maneira inusitada, na mesma letra: o rafê e o dagesch
lene (). Abaixo, três imagens de textos da Bíblia Hebraica mostram palavras e expressões
com o sinal diacrítico rafê.
Códice de Alepo ou Ms. No. 1 do Instituto Ben-Zvi.
Texto: Ezequiel 48.10; 48.16 (fól. 189b).
C. D. Ginsburg (ed.), Hebrew Old Testament (London: Trinitarian Bible Society, 1894; reimpr. 1998, p. 86).
Texto: Gênesis 44.18-20.
F. Pérez Castro et alii (eds.), El Códice de Profetas de el Cairo, vol. 7: Profetas Menores
(Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1979, p. 163).
Texto: Zacarias 11.9b-11a (p. 163).
1
2
Cf. Yeivin, 1980, p. 286; idem, 2003, p. 240; Dotan, 1972, col. 1450; Ginsburg, 1966, p. 114; Gesenius, Kautzsch
e Cowley, 1910, § 14, p. 57; Joüon e Muraoka, 2009, § 5 e § 12, p. 28 e 53 e Weingreen, 1959, p. 17.
Cf. BHK, p. XXVII; BHS, p. XXX; BHQ, p. LXXIV; BHL, p. XIV; HUB Is, p. XXI; HUB Jr, p. XIV e HUB Ez, p. XVI.
42
e. Shewá audível e shewá mudo
No hebraico bíblico, existe o sinal diacrítico (hebr. nada) que possui dois tipos:
scheva mobile (lat. shewá audível) ou (hebr. shewá móvel) e scheva quiescens (lat. shewá mudo)
ou (hebr. shewá imóvel). O primeiro aparece em início de palavra e o segundo aparece
em meio da palavra. Quando há os dois sinais diacríticos, um seguido do outro, no meio da
palavra, o primeiro será mudo e o segundo será audível.
Exemplos com scheva mobile (shewá audível):
(aliança, pacto)
(bênção)
(Jerusalém)
(Judá)
(salvação)
(Manassés)
(profecia)
(bronze)
(justiça)
(congregação)
(pequena)
(Salomão)
(Samuel)
(abismo)
(louvor)
(oração)
Exemplos com scheva quiescens (shewá mudo):
(pobre)
(Abraão)
(viúva)
(ferro)
(Isaque)
(Israel)
(torre)
(deserto)
(mensageiro,
(rainha)
(reino)
(Egito)
(Miriam)
(tabernáculo)
(família)
(Rebeca)
anjo)
Exemplos de itens lexicais com dois shewás seguidos (o primeiro mudo e o segundo
audível):
(Asquelom)
(asquelonita)
(ismaelita)
(guardarão)
(Ismerai)
(israelita)
Exercícios.
α. Identificar o tipo de shewá (audível ou mudo) nas palavras abaixo:
1. (pranto)
5. (Altíssimo)
2. (menina)
6. (incenso)
3. (guerra)
7. (alegria)
4. (juízo)
8. (salvação)
β: Identificar palavras com daguesh lene e com daguesh forte em Deuteronômio 22.6:
γ. Identificar palavras com shewá audível e com shewá mudo em Êxodo 12.29:
43
Referências Bibliográficas
a. Edições da Bíblia Hebraica
DOTAN, Aron (ed.). Biblia Hebraica Leningradensia: Prepared according to the Vocalization, Accents,
and Masora of Aaron ben Moses ben Asher in the Leningrad Codex. Peabody: Hendrickson,
2001.
ELLIGER, Karl; RUDOLPH, Wilhelm (eds.). Biblia Hebraica Stuttgartensia. 5. ed. Stuttgart:
Deutsche Bibelgesellschaft, 1997.
GINSBURG, Christian D. (ed.). Hebrew Old Testament. London: Trinitarian Bible Society, 1894
(reimpr. 1998).
GOSHEN-GOTTSTEIN, Moshe H. (ed.). Hebrew University Bible: The Book of Isaiah. Jerusalem:
Magnes Press, 1995.
GOSHEN-GOTTSTEIN, Moshe H.; TALMON, Shemaryahu (eds.). Hebrew University Bible: The
Book of Ezekiel. Jerusalem: Magnes Press, 2004.
KITTEL, Rudolf; KAHLE, Paul E. (eds.). Biblia Hebraica. 16. ed. Stuttgart: Württembergische
Bibelanstalt, 1973.
PÉREZ CASTRO, Federico et alii (eds.). El Códice de Profetas de El Cairo. 8 vols. Madrid: Consejo
Superior de Investigaciones Científicas, 1979-1992.
RABIN, Chaim; TALMON, Shemaryahu; TOV, Emanuel (eds.). Hebrew University Bible: The Book
of Jeremiah. Jerusalem: Magnes Press, 1997.
SCHENKER, Adrian et alii (eds.). Biblia Hebraica Quinta. Fascicle 18: General Introduction and
Megilloth. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2004. (fascículo preparado por Jan de
Waard, Piet B. Dirksen, Yohanan A. P. Goldman, Rolf Schäfer e Magne Sæbø)
b. Obras
DOTAN, Aron. “Masorah”. In: ROTH, Cecil (ed.). Encyclopaedia Judaica. vol. 16. Jerusalem:
Keter, 1972, col. 1401-1480.
GESENIUS, Wilhelm; KAUTZSCH, Emil; COWLEY, Arthur E. Gesenius’ Hebrew Grammar. 2. ed.
Oxford: Clarendon Press, 1910.
GINSBURG, Christian D. Introduction to the Massoretico-Critical Edition of the Hebrew Bible. London:
Trinitarian Bible Society, 1897 (reimpr. New York: KTAV, 1966, com prólogo de
Harry M. Orlinsky).
JOÜON, Paul; MURAOKA, Takamitsu. A Grammar of Biblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27.
Roma: Gregorian & Biblical Press, 2009.
WEINGREEN, Jacob. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon Press-Oxford University Press, 1959.
YEIVIN, Israel. Introduction to the Tiberian Masorah. Masoretic Studies 5. Missoula: Scholars
Press, 1980, p. 141.
____. (título em inglês: The Biblical Masora). Studies in Language 3. Jerusalem:
The Academy of the Hebrew Language, 2003, p. 117. (em hebraico)
44
7. Letras Guturais, Matres Lectionis e Mappiq
a. Letras guturais
No hebraico bíblico, as letras guturais (letras que seriam pronunciadas por meio da
glote) são as do seguinte grupo: , , , e, às vezes, (). Tais letras possuem algumas
características que as distinguem das demais letras do alfabeto hebraico.
a. As guturais não podem ser duplicadas e não podem receber o sinal diacrítico daguesh forte.
b. As letras guturais levam o sinal vocálico shewá composto ( , e ). Exemplos:
(Senhor), (Deus), (veracidade), (nós), (eu), (nova), (Jacó)
etc.
c. As guturais preferem a classe de vogais “a’ antes, e, às vezes, depois delas, geralmente
no final de uma palavra ou nome. Exemplos: (espírito), (firmamento), (Noé),
(alto), (salvador), (ungido), (Josué) etc.
b. Matres lectionis
As matres lectionis (lat. lit. “mães” de leitura ou “auxiliares” de leitura) ou
(hebr. lit. “mães” de leitura) são um método elaborado pelos antigos escribas judeus no período do Segundo Templo (5º séc. a.C.-1º séc. d.C.) para facilitar a leitura do texto consonantal hebraico por meio do emprego de algumas letras hebraicas: , , e . As letras e
são usadas para representarem a classe de vogais a; a letra é usada para representar as vogais
o e u e a letra é empregada para as vogais i e e. Quando a palavra possui uma ou algumas
destas letras como auxiliares de leitura, diz-se que possui “escrita plena” e aquelas que não as
tem de “escrita defectiva”.
Escrita defectiva ou escrita incompleta (lat. scriptio defectiva, escrita ou ortografia defectiva
ou incompleta) é um tipo de ortografia hebraica que não emprega as matres lectionis , ,
e em uma determinada palavra. Exemplos: (grande), (bom), (Davi),
(santo), (holocausto), (paz), (altivez, orgulho) etc.
Escrita plena ou escrita completa (lat. scriptio plena, escrita ou ortografia plena ou completa)
é um tipo de ortografia hebraica que emprega as matres lectionis , , e em uma determinada palavra. Exemplos: (grande), (bom), (Davi), (santo), (holocausto), (paz), (altivez, orgulho) etc.
c. Mappiq
O mappiq (aram. , pronunciado) é um sinal diacrítico, sendo idêntico ao sinal
diacrítico daguesh, mas colocado na consoante em final de palavra, sendo, normalmente, o
sufixo de terceira pessoa feminina singular.
Exemplos: (o filho dela), (o marido dela), (o marido dela, o dono dela),
(a casa dela), (a lei dela), (a voz dela), (o povo dela) etc.
Exercícios.
α. Identificar palavras com alguma letra gutural em Gênesis 2.6:
β. Identificar palavras com e sem matres lectionis em Êxodo 3.5:
γ. Identificar palavras com o sinal diacrítico mappiq em 2Reis 8.3:
45
8. Artigo Definido
a. Regras
No hebraico bíblico, o artigo definido possui as seguintes formas:
(a letra hê + o sinal vocálico pata' + o sinal daguesh forte antes de
(a letra hê + o sinal vocálico pata', mas sem o sinal daguesh forte).
(a letra hê + o sinal vocálico qamets antes de letras guturais).
(a letra hê + o sinal vocálico segol antes de , e não tônicos).
(a letra hê + o sinal vocálico pata' antes de e ).
letras não guturais).
Exemplos:
(a paz), (o filho), (o coração), (o ungido), (o dia), (a mão).
(a espada), (o templo), (a sabedoria), (a muralha), (o mês).
(o pai), (o homem), (a luz), (a cidade), (o servo), (o espírito).
(as montanhas), (o sábio), (o pó), (as nuvens), (a fadiga).
(o rio Nilo), (os meninos), (a estrada), (os espias).
b. Exceções
No hebraico bíblico, existem situações de palavras que sofrem modificação vocálica
quando possuem o artigo definido.
Exemplos:
(terra) → (a terra).
(montanha) → (a montanha).
(povo) → (o povo).
(jardim) → (o jardim).
(novilho) → (o novilho).
(festa) → (a festa).
(arca) → (a arca).
Exemplos de palavras e expressões com artigo definido no ATI.
Gênesis 2.4a
(...)
no ser criado deles;
e a terra
os céus
as origens de
(...)
Êxodo 32.1a
(...)
desde a montanha
(...)
Êxodo 40.19a
(...)
a tenda
a cobertura
(...)
de
Estas
para
descer
Moisés
que tardava
o povo
Mas, viu
e pôs
sobre o lugar de
residência,
a tenda
e esticou
46
Josué 2.4a
(...)
os homens (...)
Juízes 1.4a
(...)
na mão deles; (...)
os dois de
a mulher
E pegou
e o ferezeu
o cananeu
YHWH
e entregou
Judá
E subiu
1Samuel 10.1a
(...)
sobre a cabeça dele, (...)
e derramou
o óleo,
o frasco de
Samuel
Então, pegou
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes palavras com artigo definido:
1.
16.
2.
17.
3.
18.
4.
19.
5.
20.
6.
21.
7.
22.
8.
23.
9.
24.
10.
25.
11.
26.
12.
27.
13.
28.
14.
29.
15.
30.
47
9. Preposições Inseparáveis e Preposições Separáveis
a. Preposições inseparáveis
No hebraico bíblico, as preposições inseparáveis são as seguintes:
Preposições sem artigo definido
(em, por, com)
(como, conforme)
(para, a)
Preposições com artigo definido
, (no, na, pelo, pela, com o/a)
, (como o/a, conforme o/a)
, (para o/a)
Exemplos:
(em paz, por paz, com paz), (na paz, pela paz, com a paz).
(como paz, conforme paz), (como a paz, conforme a paz).
(para paz), (para a paz).
(em homem, por homem, com homem), (no homem, pelo homem, com o homem).
(como homem, conforme homem), (como o homem, conforme o homem).
(para homem), (para o homem).
Preposições inseparáveis em palavras que se iniciam com o sinal vocálico shewá:
Preposições sem artigo definido
(em, por, com)
(como, conforme)
(para, a)
Exemplos:
(em aliança, por aliança, com aliança).
(como aliança, conforme aliança).
(para aliança).
Preposições inseparáveis em nomes e topônimos que se iniciam com a letra yod e com
o sinal vocálico shewá ():
(em, por, com)
(como, conforme)
(para, a)
Exemplos:
(Jerusalém)
(em Jerusalém), (como Jerusalém), (para Jerusalém).
(Judá)
(em Judá), (como Judá), (para Judá).
b. Preposições separáveis
No hebraico bíblico, as preposições separáveis são as seguintes:
(para, em direção a, para dentro de)
(sobre, em cima de)
(com, junto de, em companhia de)
(diante de, frente a, perante a, antes de)
(de, desde de, a partir de)
(sob, embaixo de, em vez de)
48
(entre).
(até, em direção
(atrás de, depois
(ao lado de)
de)
de, após)
Normalmente, as preposições separáveis ocorrem em palavras com artigo definido e
com o sinal maqqef.
Exemplos:
(para a casa), (sobre a casa), (junto da casa), (entre
a casa e entre...), (até a casa), (diante da casa), (desde a casa),
(embaixo da casa), (atrás da casa) e (ao lado da casa).
Exemplos de palavras e expressões com preposições no ATI:
Gênesis 1.1
a terra.
e
os céus
Gênesis 2.9a
(...)
desde o solo (...)
Gênesis 18.25a
(...)
como o ímpio; (...)
Deus
criou
Em início
Deus
YHWH
E fez brotar
(...)
como o justo,
e será
com ímpio,
(...) justo
Êxodo 2.1
a filha de Levi.
e tomou
Levi;
desde a casa de
homem
E foi
Números 30.1
a Moisés.
YHWH
o que ordenou
conforme
tudo
Israel;
aos filhos
de
Moisés
E disse
Exercícios.
α. Traduzir os vocábulos com preposições inseparáveis e com preposições separáveis:
1.
12.
2.
13.
3.
14.
4.
15.
5.
16.
6.
17.
7.
18.
8.
19.
9.
20.
10.
21.
11.
22.
49
10. Conjunção Waw
a. Formas
No hebraico bíblico, a conjunção waw possui as seguintes formas:
(antes de qualquer consoante, exceto as consoantes , , e ).
(antes de consoantes , , e ).
(antes de shewá composto).
(antes de shewá composto).
(antes de shewá composto).
(antes de ).
(antes de ).
Exemplos:
(e paz), (e homem), (e fogo), (e porta), (e lei), (e espírito).
(e filho), (e filha), (e lugar), (e reino), (e profeta), (e fêmea).
(e eu), (e terras), (touro e jumento), (e solo), (o sonho).
(e navio), (e navio), (e doença), (e aflição).
(e verdade), (e Eliezer), (e Edom), (e coma), (e diga).
(e Deus), (e o meu Deus), (e os deuses dele), (e os deuses deles).
(e Jerusalém), (e Judá), (e Isaías), (e Josué).
Exemplos de palavras e expressões com a conjunção waw no ATI:
Gênesis 42.24b
(...)
(...)
e pegou (...)
a eles,
e falou
para eles,
e retornou
(...) e pranteou;
Êxodo 25.3-4b
(...)
e púrpura vermelha, (...)
Levítico 11.30
(...)
e púrpura roxa,
e bronze;
e prata
(...) ouro
e a salamandra;
e o camaleão,
e a lagartixa,
e a tartaruga,
e o geco,
Levítico 16.24b
(...)
o sacrifício queimado por inteiro dele, (...)
2Samuel 6.12a
(...)
o Deus (...)
a arca de
(...)
(...) e sairá
e fará
e fez subir
50
Davi
E foi
Exercícios.
α. Traduzir as palavras com a conjunção waw:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
51
11. Substantivos
a. Formas
No hebraico bíblico, o substantivo possui as seguintes características: 1. número:
singular, plural e dual e 2. gênero: masculino e feminino. Grande parte dos substantivos é
derivada de raízes verbais triconsonantais.
Exemplos:
raiz verbal
(prantear)
(peregrinar)
(abater)
(habitar)
(salvar)
(reinar)
(ungir)
(profetizar)
(libar)
(servir)
(ordenar)
(ser justo)
(congregar)
(incensar)
(adquirir)
(acumular)
(residir)
(julgar)
(incisar)
(chefiar)
derivação
(pranto), (pranto).
(peregrino), (peregrinação).
(abate), (abate), (cozinheiro de carne).
(habitante), (habitação).
(salvação), (salvação), (salvação), (salvador).
(rei), (rainha), (reino), (reino), (reinado).
(unção), (unção), (ungido).
(profeta), (profetisa), (profecia).
(libação).
(servo), (serviço), (escravaria), (servidão).
(ordenança).
(justiça), (justiça), (justo).
(congregação), (congregação), (congregação).
(incenso), (altar de incenso), (sacrifício de incenso).
(aquisição), (aquisição), (aquisição).
(acumulação).
(residente), (lugar de residência); (residência)1.
(juízo), (juiz), (julgamento).
(incisura), (incisão).
(chefe, príncipe), (princesa).
b. Gênero
No hebraico bíblico, o substantivo possui gênero masculino e feminino.
Exemplos de palavras com ambos os gêneros:
vocábulos masculinos
vocábulos femininos
(rei)
(rainha)
(príncipe)
(princesa)
(profeta)
(profetisa)
(cavalo)
(égua)
(novilho, boi)
(novilha, vaca)
([o] jovem)
([a] jovem)
(homem)
(mulher)
(irmão)
(irmã)
(menino)
(menina)
(moço)
(moça)2
1
2
Obs.: vocábulo hebraico não registrado na Bíblia Hebraica, mas registrado no Talmude, com o sentido de
residência, morada e, também, com o sentido de manifestação divina.
Obs.: forma hipotética não registrada na Bíblia Hebraica.
52
Exemplos de palavras de gênero masculino:
(pai), (filho), (dia), (sangue), (sacerdote), (estrela), (nome).
Exemplos de palavras de gênero feminino com terminação em e em :
(lei, instrução), (família), (guerra), (filha), (aliança), (tempo).
Outros exemplos de palavras femininas com outras terminações:
(mão), (pé), (olho), (espírito), (ser vivo), (terra).
(mãe), (pedra),
c. Plural
No hebraico bíblico, normalmente o plural de palavras masculinas é em .
Exemplos:
(cavalo)
(cavalos)
(árvore)
(árvores)
(palavra)
(palavras)
(livro)
(livros)
(filho)
(filhos)
(dia)
(dias)
(rei)
(reis)
(homem)
(homens)
No hebraico bíblico, normalmente o plural de palavras femininas é em .
Exemplos:
(égua)
(éguas)
(lei, instrução)
(leis, instruções)
(família)
(famílias)
(guerra)
(guerras)
(filha)
(filhas)
(mãe)
(mães)
(terra)
(terras)
No hebraico bíblico, algumas palavras têm o plural em dual em .
Exemplos:
(mão)
(mãos)
(pé)
(pés)
(olho)
(olhos)
(ouvido)
(ouvidos)
(lábio)
(lábios)
(asa)
(asas)
(chifre)
(chifres)
No hebraico bíblico, existem algumas palavras masculinas que quando estão no plural
tomam a terminação feminina e vice-versa.
Exemplos:
(mulher)
(mulheres)
(pai)
(pais)
(nome).
(nomes)
(lugar)
(lugares)
53
Exemplos de palavras e expressões no plural no ATI:
Gênesis 1.14b
e anos.
e para dias
e para épocas
determinadas,
para sinais,
(...)
(...) e serão
Gênesis 2.4a
(...)
e a terra (...)
os céus
as origens de
Estas
Êxodo 1.16b
(...)
ele (...)
se filho
sobre as duas
pedras;
(...)
(...) e vereis
Êxodo 1.17b
os meninos. e deixaram viver
o Egito;
o rei de
a elas
(...)
falou (...)
Êxodo 20.1
dizendo:
as estas,
todas as
palavras
***
Deus
E falou
Êxodo 32.16b
sobre as tábuas.
a que gravada
ela,
Deus
a escritura de
(...)
(...) e a escritura
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes expressões que possuem substantivos no plural:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
β. Encontre em Gênesis 5.4, em Êxodo 15.22 e em Josué 2.4 palavras e expressões que estão
na forma plural:
54
12. Adjetivos
a. Formas
O adjetivo no hebraico bíblico possui dois gêneros: masculino e feminino. Além dos
dois gêneros, existem as formas no singular e no plural. Geralmente, os adjetivos femininos
terminam em . Não há nenhuma terminação que seja típica do masculino. No plural, os
adjetivos masculinos terminam em e os adjetivos femininos terminam em .
Exemplos de adjetivos e seus respectivos gêneros e números:1
masculino singular
([o] grande)
(pequeno) ou (pequeno)
(bom)
(mau)
(bonito)
(correto)
(justo)
(ímpio)
([o] forte)
(fraco)
(novo)
(velho)
(próximo)
([o] distante)
([o] doce)
(amargo)
(puro, limpo)
(impuro, sujo)
(perfeito, íntegro)
(santo, sagrado)
feminino singular
([a] grande)
(pequena)
(boa)
(má)
(bonita)
(correta)
(justa)*
(ímpia)
([a] forte)
(fraca)*
(nova)
(velha)
(próxima)
([a] distante)
([a] doce)
(amarga)
(pura, limpa)
(impura, suja)
(perfeita, íntegra)
(santa, sagrada)*
masculino plural
([os] grandes)
(pequenos)
(bons)
(maus)
(bonitos)
(corretos)
(justos)
(ímpios)
([os] fortes)
(fracos)
(novos)
(velhos)
(próximos)
1
feminino plural
([as] grandes)
(pequenas)
(boas)
(más)
(bonitas)
(corretas)
(justas)*
(ímpias)*
([as] fortes)
(fracas)
(novas)
(velhas)
(próximas)
Os adjetivos femininos assinalados com asterisco (*) não são registrados no hebraico bíblico, mas são encontrados no hebraico rabínico.
55
([os] distantes)
([os] doces)
(amargos)
(puros, limpos)
(impuros, sujos)
(perfeitos, íntegros)
(santos, sagrados)
([as] distantes)
([as] doces)*
(amargas)*
(puras, limpas)
(impuras, sujas)*
(perfeitas, íntegras)
(santas, sagradas)*
b. Função
O adjetivo no hebraico bíblico qualifica o substantivo, sempre concordando com este
em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Isto é, quando o substantivo
estiver no masculino singular o adjetivo também estará no mesmo gênero e número, quando
o substantivo estiver no masculino plural o adjetivo estará no mesmo gênero e número, assim
por diante.
Exemplo do adjetivo de gênero masculino (bom) que concorda com o substantivo de gênero masculino (filho) no singular e no plural:
(filho bom ou um filho bom).
(filhos bons ou uns filhos bons).
c. Uso atributivo
O adjetivo atributivo é aquele que descreve o substantivo. Nesse uso, normalmente
o adjetivo se encontra logo após o substantivo. Existem duas formas do adjetivo atributivo
com o substantivo: com ou sem artigo definido em ambos os componentes.
Exemplos de uso atributivo de adjetivos masculinos e femininos com substantivos
masculinos e femininos, sem e com artigo definido em ambos os componentes.
i. Sem artigo definido:
(filha bonita ou uma filha bonita).
(homem fraco ou um homem fraco).
(profeta velho ou um profeta velho).
(mulher forte ou uma mulher forte).
(reis ímpios ou uns reis ímpios).
(famílias corretas ou umas famílias corretas).
(leis novas ou umas leis novas).
(livros grandes ou uns livros grandes).
ii. Com artigo definido:
(a filha bonita [lit. a filha a bonita]).
(o homem fraco [lit. o homem o fraco]).
(o profeta velho [lit. o profeta o velho]).
(a mulher forte [lit. a mulher a forte]).
(os reis ímpios [lit. os reis os ímpios]).
(as famílias corretas [lit. as famílias as corretas]).
(as leis novas [lit. as leis as novas]).
(os livros grandes [lit. os livros os grandes]).
d. Uso predicativo
O adjetivo predicativo é aquele que possui a função de predicativo em alguma locução. Nesse uso, normalmente o adjetivo se encontra antes do substantivo e sem artigo
56
definido e o substantivo terá artigo definido. Nesse caso, na tradução em português, é necesário inserir o verbo ser/estar.
Exemplos de uso predicativo de adjetivos masculinos e femininos com substantivos
masculinos e femininos:
(a filha [é] bonita [lit. bonita a filha]).
(o homem [é] fraco [lit. fraco o homem]).
(o profeta [é] velho [lit. velho o profeta]).
(a mulher [é] forte [lit. forte a mulher]).
(os reis [são] ímpios [lit. ímpios os reis]).
(as famílias [são] corretas [lit. corretas as famílias]).
(as leis [são] novas [lit. novas as leis]).
(os livros [são] grandes [lit. grandes os livros]).
Exemplos de adjetivos no ATI:
Deuteronômio 2.10b
(...)
e numeroso (...)
Deuteronômio 24.5a
(...)
com o exército (...)
(...)
(...) povo
grande
sairá
não
nova,
mulher
homem
Quando tomar
1Samuel 12.23b
e o correto.
o bom
em caminho
a vós,
(...)
mas instruirei (...)
1Samuel 16.12b
semblante.
e bom de
olhos,
com bonito de
avermelhado,
1Reis 1.14a
(...)
até muito; (...)
Isaías 5.9b
(...)
e boas (...)
(...)
(...) e ele
bonita
E a jovem
grandes
se tornarão,
para algo desolado
muitas
(...)
casas
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes frases e expressões que possuem adjetivos no singular e no plural:
1.
9.
2.
10.
3.
11.
4.
12.
5.
13.
6.
14.
7.
15.
8.
16.
57
13. Utilização do Dicionário de Hebraico Bíblico
Este texto é dedicado à utilização do dicionário de hebraico bíblico, explicando cada
componente de informação dos itens lexicográficos.
a. Substantivo
item lexical
m.
cs.
pl.
cs.
sf.
pai
Gn 2.24
→
→
→
→
→
→
→
o gênero do item lexical: masculino.
o item lexical em estado construto singular.
o item lexical em estado absoluto plural.
o item lexical em estado construto plural.
o item lexical com sufixo pronominal.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
m.
cs.
pl.
cs.
sf.
casa
Jz 11.31
→
→
→
→
→
→
→
o gênero do item lexical: masculino.
o item lexical em estado construto singular.
o item lexical em estado absoluto plural.
o item lexical em estado construto plural.
o item lexical com sufixo pronominal.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
I m.
pomar
2Rs 19.23
II n.l.
Carmelo
1Sm 25.2
→ o gênero do item lexical: masculino.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
→ a classificação do item lexical: nome de localidade.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
III n. de monte → a classificação do item lexical: nome de monte.
Carmelo
→ o significado do item lexical.
1Rs 18.19
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
→ a classificação do item lexical: masculino.
IV m.
espiga verde → o significado do item lexical.
Lv 2.14
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
(de )
m.
cs.
pl.
cs.
sf.
ungido
Sl 2.2
→
→
→
→
→
→
→
→
a raiz verbal da qual deriva o item lexical.
o gênero do item lexical: masculino.
o item lexical em estado construto singular.
o item lexical em estado absoluto plural.
o item lexical em estado construto plural.
o item lexical com sufixo pronominal.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
58
,
(de )
m.
cs.
pl.
sf.
paz
Nm 6.26
→
→
→
→
→
→
→
a raiz verbal da qual deriva o item lexical.
o gênero do item lexical: masculino.
o item lexical em estado construto singular.
o item lexical em estado absoluto plural.
o item lexical com sufixo pronominal.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
(de III )
f.
cs.
pl.
cs.
sf.
lei
Dt 17.11
→
→
→
→
→
→
→
→
a raiz verbal da qual deriva o item lexical.
o gênero do item lexical: feminino.
o item lexical em estado construto singular.
o item lexical em estado absoluto plural.
o item lexical em estado construto plural.
o item lexical com sufixo pronominal.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
b. Adjetivo
item lexical
(de )
adj.
f.
pl.
f.
novo
Êx 1.8
(de )
adj.
f.
pl.
f.
bom
Jz 16.25
→
→
→
→
→
→
→
a raiz verbal da qual deriva o item lexical.
a classificação do item lexical: adjetivo.
a forma feminina singular do item lexical.
o item lexical em forma plural.
a forma feminina plural do item lexical.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
→
→
→
→
→
→
→
a raiz verbal da qual deriva o item lexical.
a classificação do item lexical: adjetivo.
a forma feminina singular do item lexical.
o item lexical em forma plural.
a forma feminina plural do item lexical.
o significado do item lexical.
a referência bíblica onde aparece o item lexical.
c. Nome próprio
item lexical
n.m.
Abraão
Gn 17.5
→ a classificação do item lexical: nome próprio masculino.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
n.d.
Baal
Jz 6.31
→ a classificação do item lexical: nome de divindade.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
n.d.
Astarote
1Sm 7.3
→ a classificação do item lexical: nome de divindade.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
59
,
n.m.
Zedequias
1Rs 22.11
n.f.
Rebeca
Gn 22.23
→ a classificação do item lexical: nome próprio masculino.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
→ a classificação do item lexical: nome próprio feminino.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
d. Topônimo
item lexical
n.l.
Jerusalém
Jr 26.18
→ a classificação do item lexical: nome de localidade.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
n.m e n.p.
→ a classificação do item lexical: nome próprio masculino e
nome de povo.
→ o significado do item lexical.
→ a referência bíblica onde aparece o item lexical.
Israel
Is 1.3
e. Verbo
item lexical
I qal
hifil
II qal
nifal
piel
pual
hitpael
qal
piel
pual
hifil
hitpael
I qal
nifal
hifil
II hifil
hofal
III hifil
→ ajoelhar (Sl 95.6).
→ fazer ajoelhar (Gn 24.11).
→
→
→
→
→
ser abençoado (Gn 14.19); ser bendito (Gn 9.26).
ser abençoado (Gn 12.3).
abençoar (Js 8.33); bendizer (Js 22.33).
ser abençoado (Nm 22.6); ser bendito (Jó 1.21).
abençoar-se (Dt 29.18).
→
→
→
→
→
crescer (Jz 11.2); ser grande (2Sm 7.22).
deixar crescer (Is 1.2); tornar grande (Js 3.7).
ser crescido (Sl 144.12).
tornar grande (1Sm 20.41).
mostrar-se grande (Ez 38.23).
→ lançar (Êx 15.4); atirar (1Sm 20.37).
→ ser flechado (Êx 19.13).
→ atirar (1Sm 31.3).
→ dar de beber (Os 6.3).
→ ser dado de beber (Pv 11.25).
→ instruir, ensinar (Jz 13.8).
60
f. Ilustrações: dicionários e léxicos de hebraico bíblico
L. Alonso Schökel (ed.), Dicionário Bíblico Hebraico-Português
(3. ed. São Paulo: Paulus, 2004, p. 208).
61
W. L. Holladay (ed.), Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento
(São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 352).
62
N. Kirst et alii (eds.), Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português
(29. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2014, p. 109).
63
Referências Bibliográficas
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2004.
AUVRAY, Paul. “Vocabulário”. In: idem. Iniciação ao Hebraico Bíblico: Gramática Elementar, Textos
Comentados, Vocabulário. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 227-281.
BROWN, Francis; DRIVER, Samuel R.; BRIGGS, Charles A. (eds.). The Brown-Driver-Briggs
Hebrew and English Lexicon. Peabody: Hendrickson, 1996.
CHOWN, Gordon. “Vocabulário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática Hebraica: Como ler
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CLINES, David J. A. (ed.). The Concise Dictionary of Classical Hebrew. Sheffield: Sheffield
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DAVIDSON, Benjamin (ed.). Léxico Analítico Hebraico e Caldaico: Todas as palavras e flexões do AT
organizadas alfabeticamente e com análises gramaticais. São Paulo: Vida Nova, 2018.
GUSSO, Antônio R. “Léxico Analítico”. In: idem. Gramática Instrumental do Hebraico. 3. ed. São
Paulo: Vida Nova, 2017, p. 255-318.
HOLLADAY, William L. (ed.). Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 2010.
HOLLENBERG, Johannes; BUDDE, Karl. “Vocabulário Alfabético: Hebraico-Português”. In:
idem. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal, 1991, p.
364-417.
KELLEY, Page H. “Vocabulário”. In: idem. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. 8. ed.
São Leopoldo: Sinodal, 2011, p. 459-487.
KERR, Guilherme. “Vocabulário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática Elementar da
Língua Hebraica. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, p. 272-289.
KIRST, Nelson et alii (eds.). Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português. 29. ed. São
Leopoldo: Sinodal, 2014.
KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, Walter (eds.). The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament - Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Köln: Brill, 2001.
LAMBDIN, Thomas O. “Glossário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003, p. 369-383.
MENDES, Paulo. “Vocabulário Hebraico-Português”. In: idem. Noções de Hebraico Bíblico. 2. ed.
São Paulo: Vida Nova, p. 182-191.
MITCHEL, Larry A.; PINTO, Carlos O. C.; METZGER, Bruce M. Pequeno Dicionário de Línguas
Bíblicas: Hebraico e Grego. Parte I: Hebraico. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 41-121.
ROSS, Allen P. “Glossário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática do Hebraico Bíblico para Iniciantes. São Paulo: Editora Vida, 2005, p. 502-532.
WEINGREEN, Jacob. “Vocabularies: Hebrew-English”. In: idem. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon Press-Oxford University Press,
1959, p. 291-301.
64
14. He Locale
a. Definição
O he locale (lat. hê direcional ou hê de direção) ou (hebr. hê de direção) é o
sufixo direcional colocado em determinados topônimos e vocábulos do hebraico bíblico.
A função do he locale é indicar direção ou “movimento para”. Os topônimos e as palavras
com o sufixo he locale são sempre de tonicidade paroxítona.
b. Formas
Exemplos em topônimos:
topônimos sem o he locale
(Jerusalém)
(Egito)
(Babilônia)
(Assíria)
(Neguebe)
topônimos com o he locale
(para Jerusalém)
(para o Egito)
(para a Babilônia)
(para a Assíria)
(para o Neguebe)
Exemplos em vocábulos:
vocábulos sem o he locale
(casa)
(terra)
(mar)
(sheol)
(deserto)
(colina)
vocábulos com o he locale
(para a casa)
(para a terra)
(para o mar)
(para o sheol)
(para o deserto)
(para a colina)
Exemplos em palavras que denotam pontos cardeais:
pontos cardeais sem o he locale
(norte)
(sul)
(leste)
(oeste)
pontos cardeais com o he locale
(para o norte)
(para o sul)
(para o leste)
(para o oeste)
Exemplos em advérbios de direção:
advérbios de direção sem o he locale
(onde?)
(lá, ali)
(aqui, cá)
advérbios de direção com o he locale
(para onde?)
(para lá, para ali)
(para aqui, para cá)
Em alguns casos, além do sufixo he locale, há o acréscimo do artigo definido.
Exemplos:
vocábulos sem he locale
(casa)
(terra)
(cidade)
vocábulos com he locale e com artigo
(para a casa)
(para a terra)
(para a cidade)
65
(deserto)
(montanha)
(colina)
(céus)
(Ramá)
(para o deserto)
(para a montanha)
(para a colina)
(para os céus)
(para a Ramá)
Exemplos de vocábulos e expressões com o he locale no ATI:
Gênesis 12.10b
(...)
ali, (...)
para peregrinar
para o Egito
Abrão
Gênesis 20.1a
(...)
o Neguebe (...)
Gênesis 24.32a
(...)
os camelos, (...)
(...)
e desceu (...)
para a terra
Abraão
desde ali
E partiu
e desatou
para a casa,
o homem
E foi
Deuteronômio 1.40
o mar do Junco.
o caminho
de
para o deserto
1Reis 10.2a
(...)
muita, (...)
e parti por vós;
virai-vos
E vós
pesada
com capacidade
para Jerusalém
E foi
Exercícios.
α. Localizar as palavras que possuem o he locale em Gênesis 44.31, em Josué 6.20 e em Juízes
20.40:
66
15. Acentuação Massorética
a. Função
No hebraico bíblico, além da estrutura consonantal do texto da Bíblia Hebraica e da
vocalização massorética, existe a acentuação massorética (hebr. , entonação, acentuação,
cantilação). O sistema tiberiense foi elaborado pelas duas principais escolas de massoretas, a de
Ben Asher e a de Ben Naftali, ambas ativas no século 10, em Tiberíades, na Palestina. Tal
método é conhecido como tiberiense, sendo desenvolvido entre o 8º século e o século 10.
Além do sistema tiberiense, havia, ainda, outros dois métodos mais antigos: o babilônico (7º
ao 9º séc.) e o palestino (8º ao 9º séc.), porém, ambos caíram em desuso durante os séculos 9
e 10 e não são mais utilizados. Somente a acentuação tiberiense, em virtude do alto grau de
desenvolvimento e de aperfeiçoamento, é a única a ser encontrada no hebraico bíblico. A maioria dos manuscritos massoréticos surgidos durante a Idade Média reflete o método de acentuação tiberiense pertencente principalmente à escola de Ben Asher.1 Os acentos de cantilação
elaborados pelos massoretas possuem as seguintes funções no texto da Bíblia Hebraica:
Assinalam sempre a sílaba tônica de cada palavra ou expressão do versículo bíblico. Existem dois tipos de tonicidades: pospositiva (oxítona) (ex.: ) e prepositiva (paroxítona)
(ex.: ).
Assinalam divisões semânticas e estabelecem relações sintáticas. Nesta função, os acentos
assinalam as pausas e o encadeamento entre as cláusulas do versículo.
Assinalam a melodia (cantilação ou cantilena) dos vocábulos do versículo. Essa função dáse quando o texto bíblico é recitado no serviço da sinagoga. Neste emprego, os acentos
possuem valores semelhantes a notas musicais.
Os acentos de cantilação são divididos em dois grandes blocos: 1. nos 21 livros em
prosa da Bíblia Hebraica; 2. nos livros de Salmos, Jó e Provérbios (os “três livros poéticos”).
Os acentos de cantilação, de acordo com a tradição massorética tiberiense, são divididos em
dois grupos: os distinctivi (lat. distintivos ou disjuntivos) ou domini (lat. senhores) e os conjunctivi
(lat. conjuntivos ou conectivos) ou servi (lat. servos). Os disjuntivos (hebr. , disjuntivos, distintivos) assinalam as divisões principais do versículo, enquanto os conjuntivos (hebr.
, conjuntivos, conectivos) servem como “auxiliares” aos acentos disjuntivos. Nos 21
livros em prosa, os acentos disjuntivos são 18 e os conjuntivos nove, totalizando 27 acentos.
Nos três livros poéticos, os disjuntivos são 12 e os conjuntivos nove, totalizando, assim, 21
acentos. A lista completa com todos os acentos de cantilação e informações completas sobre
o assunto são encontradas nos capítulos “Acentos Massoréticos” e “Texto Massorético”, do
Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético – Guia Introdutório para a Biblia Hebraica
Stuttgartensia (3. ed., Vida Nova, 2008, p. 202-213 e 269), de Edson de Faria Francisco.
b. Acentos disjuntivos
Os dois principais acentos disjuntivos de cantilação são os seguintes:
’atna'
1
(aram. , pausa, repouso): o principal acento divisor do versículo, dividindoo em duas partes; assinala o final da primeira parte do versículo (a parte “a” do
versículo), aparecendo no meio do versículo. Formato gráfico: .
Cf. Wickes, 1970, p. 10-11 (primeira parte) e p. 9 (segunda parte); Dotan, 1972, col. 1437-1441; Yeivin, 1980,
p. 1-4; idem, 2003, p. ; Tov, 2012, p. 62-65 e Francisco, 2008, p. 255-256, 263-265, 269 e 612.
67
silluq
(hebr. , interrupção): assinala o final da segunda parte do versículo (a parte
“b” do versículo), aparecendo no final do versículo sob a última palavra antes do
sinal sof pasuq () (hebr. , final de versículo). Formato gráfico: .
Os outros dois acentos disjuntivos de cantilação, que subdividem as partes “a” e “b”
do versículo, são os seguintes:
(hebr. , pequeno cateto): o acento disjuntivo mais comum, aparecendo em muitos versículos e nas duas partes; separa em duas unidades a
divisão feita pelo acento ’atna'. Formato gráfico: .
(hebr. , grande cateto): a mesma função do acento de cantilação anterior, mas de valor melódico distinto. Formato gráfico:.
zaqef qatan
zaqef gadol
Como regra geral, a estrutura do versículo bíblico, com tais acentos, é a seguinte:
parte b
bloco
parte a
bloco
bloco
bloco
Referências a cada trecho do versículo ficariam da seguinte maneira:
Parte a, bloco (a): .
Parte a, bloco (a): .
Parte b, bloco (b): .
Parte b, bloco (b): .
Exemplos:
Gênesis 6.2
elas;
boas
que
o humano,
as filhas de
os filhos do Deus
e viram
escolheram.
que
dentre todas
mulheres,
para eles
e tomaram
Êxodo 16.7
asvossasmurmurações
no escutar dele
YHWH,
a glória de
e vereis
e amanhecer
contra nós?
murmureis
para que
o que
e nós
contra YHWH;
Existem situações sem que há mais divisões principais dentro do versículo.
Exemplo: Gênesis 22.2.
parte a
68
parte b
bloco
bloco
bloco
bloco
bloco
bloco
Referências a cada trecho do versículo ficariam da seguinte maneira:
Parte a, bloco (a): .
Parte a, bloco (a): .
Parte a, bloco (a): .
Parte b, bloco (b): .
Parte b, bloco (b): .
Parte b, bloco (b): .
Exercícios.
α. Identificar as divisões principais dos versículos abaixo e os acentos disjuntivos:
Gênesis 1.6
Josué 1.5
1Reis 10.7
c. Acentos conjuntivos
Os acentos conjuntivos assinalam as conexões entre palavras e expressões dentro do
versículo. Os três acentos conjuntivos que aparecem com bastante frequência no texto bíblico hebraico são os seguintes:
(hebr. , posicionado): aparece nas duas partes do versículo. Formato gráfico:
.
mahpakh (hebr. , invertido): aparece nas duas partes do versículo. Formato gráfico:
.
merkhá
(aram. , “alongador”): aparece nas duas partes do versículo. Formato gráfico:
.
munna'
Exemplos de palavras com acentos disjuntivos e conjuntivos no ATI:
Gênesis 1.1
a terra.
Êxodo 3.1a
(...)
Midiã; (...)
e
os céus
---
Deus;
criou
Em início
o sacerdote de
o sogro dele,
69
(...)
(...) Jetro,
Levítico 21.1a
(...)
Arão;
os filhos de aos sacerdoDize
a Moisés:
YHWH
(...)
tes,
Exercícios.
α. Identificar as conexões nos versículos abaixo e os acentos conjuntivos:
Êxodo 20.1
E disse
Deuteronômio 7.1
Referências Bibliográficas
AUVRAY, Paul. Iniciação ao Hebraico Bíblico: Gramática Elementar, Textos Comentados, Vocabulário.
Petrópolis: Vozes, 1997, p. 19-20.
DOTAN, Aron. “Masorah”. In: ROTH, Cecil (ed.). Encyclopaedia Judaica. vol. 16. Jerusalem:
Keter, 1972, col. 1401-1480.
FRANCISCO, Edson de F. Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético – Guia
Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008, p.
255-256, 263-265, 269 e 612.
GESENIUS, Wilhelm; KAUTZSCH, Emil; COWLEY, Arthur E. Gesenius’ Hebrew Grammar. 2. ed.
Oxford: Clarendon Press, 1910, § 15, p. 57-62.
HOLLENBERG, Johannes; BUDDE, Karl. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 7. ed. São
Leopoldo: Sinodal, 1991, p. 31-34.
JOÜON, Paul; MURAOKA, Takamitsu. A Grammar of Biblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27.
Roma: Gregorian & Biblical Press, 2009, § 15, p. 56-63.
KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. 8. ed. São Leopoldo: Sinodal,
2011, p. 37-40.
KERR, Guilherme. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980,
p. 93-96.
KHAN, Geoffrey. A Short Introduction to the Tiberian Masoretic Bible and its Reading Tradition. 2. ed.
Gorgias Handbooks 25. Piscataway: Gorgias Press, 2013, p. 37-41.
LAMBDIN, Thomas O. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003, p. 244-245.
MENDES, Paulo. Noções de Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 125-127.
ROSS, Allen P. Gramática do Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 53-54.
SEOW, Choon-Leong. A Grammar for Biblical Hebrew. Revised Edition. Nashville: Abingdon
Press, 1995, p. 64-65.
TOV, Emanuel. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 3. ed. Minneapolis: Fortress Press, 2012,
p. 62-65.
WEINGREEN, Jacob. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon Press-Oxford University Press, 1959, p. 20-21.
WICKES, William. Two Treatises on the Accentuation of the Old Testament: on Psalms,
Proverbs, and Job; on the Twenty-One Prose Books. New York: KTAV,
1970 (com prólogo de Aron Dotan).
YEIVIN, Israel. Introduction to the Tiberian Masorah. Masoretic Studies 5. Missoula: Scholars
Press, 1980, p. 1-4.
____. (título em inglês: The Biblical Masora). Studies in Language 3. Jerusalem:
The Academy of the Hebrew Language, 2003, p. . (em hebraico)
70
16. Estado Absoluto e Estado Construto
a. Definição
No hebraico bíblico, o substantivo pode estar no estado absoluto e no estado construto, tanto no singular quanto no plural. Os dicionários, léxicos e vocabulários de hebraico
bíblico registram sempre a forma do substantivo no estado absoluto singular. O estado construto, representando redução da forma do estado absoluto, corresponde ao caso genitivo das
línguas indo-europeias, como grego, latim, armênio etc. Quando o substantivo está em estado construto ocorre alguma modificação vocálica ou morfológica.
Nos dicionários de hebraico bíblico, a abreviatura cs. ou cstr. indica a forma do
estado construto singular e do estado construto plural do substantivo.
Exemplos:
cs. , pl. , cs. : pai, antepassado, ancestral, progenitor.
cs. , pl. , cs. : filho, filhote; da idade de.
cs. , pl. , cs. : palavra, assunto; causa; coisa; ação.
cs. , pl. , cs. : estrela.
cs. , pl. , cs. : morte.
cs. , pl. , cs. : ungido, messias.
cs. , pl. , cs. : profeta.
cs. , pl. , cs. : paz; prosperidade; tranquilidade.
b. Formas
Substantivos monossilábicos nos quais a forma do construto singular é a mesma do
absoluto singular.
Exemplos:
absoluto singular
(homem)
(mãe)
(dia)
(cidade)
(cabeça)
(espírito)
construto singular
(homem de)
(mãe de)
(dia de)
(cidade de)
(cabeça de)
(espírito de)
absoluto plural
(homens)
(mães)
(dias)
(cidades)
(cabeças)
(espíritos)
construto plural
(homens de)
(mães de)
(dias de)
(cidades de)
(cabeças de)
(espíritos de)
Substantivos monossilábicos com sinal vocálico breve nos quais a forma do construto singular é a mesma do absoluto singular.
Exemplos:
(filha)
(montanha)
(povo)
(filha de)
(montanha de)
(povo de)
(filhas)
(montanhas)
(povos)
(filhas de)
(montanhas
(povos de)
de)
Substantivos monossilábicos com sinal vocálico longo nos quais a forma do construto singular terá sinal vocálico breve.
Exemplos:
(filho)
(sangue)
(mão)
(filho de)
(sangue de)
(mão de)
(filhos)
(sangues)
(mãos)
71
(filhos de)
(sangues de)
(mãos de)
(nome)
(nome de)
(nomes)
(nomes de)
Substantivos monossilábicos irregulares e .
Exemplos:
(pai)
(irmão)
(pai de)
(irmão de)
(pais)
(irmãos)
(pais de)
(irmãos de)
Substantivos dissilábicos com variação vocálica quando estão no estado construto.
Exemplos:
(torre)
(lugar)
(tabernáculo)
(juízo)
(torre de)
(lugar de)
(tabernáculo de)
(juízo de)
(torres)
(lugares)
(tabernáculos)
(juízos)
(torres de)
(lugares de)
(tabernáculos de)
(juízos de)
Substantivos segolados nos quais a forma do construto singular é a mesma do absoluto singular.
Exemplos:
(terra)
(caminho)
(rei)
(ser)
(livro)
(servo)
(terra de)
(caminho de)
(rei de)
(ser de)
(livro de)
(servo de)
(terras)
(caminhos)
(reis)
(seres)
(livros)
(servos)
(terras de)
(caminhos de)
(reis de)
(seres de)
(livros de)
(servos de)
Estado absoluto e estado construto de substantivos femininos terminados em .
Exemplos:
(mulher)
(rainha)
(ordenança)
(ano)
(família)
(lei)
(mulher de)
(rainha de)
(ordenança de)
(ano de)
(família de)
(lei de)
(mulheres)
(rainhas)
(ordenanças)
(anos)
(famílias)
(leis)
(mulheres de)
(rainhas de)
(ordenanças de)
(anos de)
(famílias de)
(leis de)
Estado absoluto e estado construto de substantivos que seguem o padrão da palavra
.
Exemplos:
(casa)
(oliveira)
(olho)
(casa de)
(oliveira de)
(olho de)
(casas)
(oliveiras)
(olhos)
(casas de)
(oliveiras de)
(olhos de)
c. Estado construto sem e com artigo definido
Em uma locução quando não há artigo definido, os dois componentes serão indefinidos.
72
Exemplos:
(terra de servo ou uma terra de um servo).
(filho de profeta ou um filho de um profeta).
(casa de rei ou uma casa de um rei).
(palavra de pai ou uma palavra de um pai).
(caminho de paz ou um caminho de uma paz).
(família de terra ou uma família de uma terra).
(lei de tabernáculo ou uma lei de um tabernáculo).
Em uma locução quando há artigo definido, os dois componentes serão definidos.
O artigo definido estará apenas no segundo componente da locução.
Exemplos:
(a terra do servo).
(o filho do profeta).
(a casa do rei).
(a palavra do pai).
(o caminho da paz).
(a família da terra).
(a lei do tabernáculo).
d. Estado construto com títulos divinos, nomes próprios e topônimos
Em uma locução quando há algum título divino, algum nome próprio ou algum topônimo, a mesma será sempre definida. Não haverá artigo definido em nenhum dos dois
componentes.
Exemplos:
(o profeta de YHWH).
(a cidade do Senhor).
(o homem de Deus).
(o rei de Jerusalém).
(o ungido de Israel).
(o faraó do Egito).
(o filho de Davi).
(a lei de Moisés).
(a mulher de Jacó).
Exemplos de palavras e expressões no estado construto no ATI:
Gênesis 6.2a
(...)
o humano, (...)
as filhas de
os filhos do Deus
Gênesis 50.15a
(...)
o pai deles, (...)
Êxodo 1.1a
(...)
para o Egito; (...)
e viram
que morreu
os irmãos de José
E viram
os que foram
Israel
os filhos de
os nomes de
E estes
73
Números 24.2b
Deus.
o espírito de
sobre ele
YHWH
as ordenanças de
Deuteronômio 4.2b
(...)
o vosso Deus, (...)
(...)
(...) e houve
(...)
(...) para guardar
Exercícios.
α. Identificar as formas do estado absoluto e do estado construto nos substantivos registrados nos dicionários de Kirst et alii (p. 22-23) e de Alonso Schökel (p. 208) e no léxico de
Holladay (p. 258-259).
74
17. Nomes Próprios e Topônimos
Na Bíblia Hebraica, normalmente existe relação entre nome próprio e alguma característica do personagem ou entre o nome próprio e algo que aconteceu com o dono do nome.
Vários nomes próprios apresentam formas aglutinadas, por exemplo: junção de duas palavras
ou expressões, a junção do teônimo El () com alguma palavra ou expressão ou junção de
fragmentos do tetragrama (, , ) com alguma palavra ou expressão. Nem sempre é fácil
identificar os componentes ou fragmentos dos componentes de formação dos nomes próprios e, ainda, nem sempre é possível saber o significado exato dos mesmos. Além disso, este
breve estudo abordará os significados possíveis de alguns topônimos que são registrados no
texto bíblico hebraico.
a. Nomes próprios masculinos
forma hebr.
forma port.
Abraão
possível significado e componentes
o pai é exaltado?; pai de multidão?
(pai) + (?) + (o que é exaltado)
texto
Gn 17.5
Absalão
pai de paz
(pai) + (paz)
2Sm 3.3
Adão
homem, humano, pessoa
(de , homem, ser humano)
Gn 5.1
Elias
o meu El é YHW
(o meu El) + (YHW)
2Rs 1.3
Eliseu
Deus salvou?; Deus é salvação?
(o meu Deus) + (salvou)
1Rs 19.16
Davi
amado?
(de , amado, querido?)
1Sm 16.13
Daniel
Abel
sopro, nada, nulidade
(de , sopro, nada, nulidade)
Gn 4.2
Josué
YHWH é salvação
(YHW) + (salvação)
Js 1.1
Joel
YW é El
(YW) + (El)
Jl 1.1
José
que acrescente?
(que acrescente)
Gn 30.24
Ezequiel
Jacó
El é o meu juiz
(o meu juiz) + (El)
que El fortaleça
(que fortaleça) + (El)
suplantador?; (ele) segurará pelo calcanhar?
75
Dn 1.1
Ez 1.3
Gn 25.26
(segurar) + (calcanhar)
Isaque
(ele) rirá
(de , rir)
Gn 21.3
Jeremias
YHW é elevado
(é elevado) + (YHW)
Jr 1.1
Isaías
YHW é salvação
(salvação) + (YHW)
Is 1.1
Miguel
Moisés
tirado?
(de , tirar?)
Êx 2.10
Noé
descanso?; repouso?
(de , descansar, repousar?)
Gn 6.8
Salomão
pacífico?
(de , pacificar, ter paz?)
2Sm 12.24
Samuel
o nome dele é El?; El escuta?
(o nome dele?) + (El)
1Sm 1.20
forma port.
Abigail
possível significado e componentes
o pai regozija?; o meu pai é regozijo?
(o meu pai) + (regozijo)
texto
1Sm 25.3
Ainoã
o meu irmão é amabilidade
(o meu irmão) + (amabilidade)
1Sm 14.50
Eliseba
Ester
Bate-Seba
Débora
abelha
(de , abelha)
Jz 4.4
Diná
julgada, sentenciada
(de , julgar, sentenciar)
Gn 30.21
Dalila
[etimologia incerta]
Jz 16.4
quem é como El?
(como) + (El)
Dn 10.13
(quem) +
b. Nomes próprios femininos
forma hebr.
o meu Deus é juramento?
(o meu Deus) + (juramento)
estrela?
(correspondência com acádico: ishtar, estrela;
persa: stareh, estrela?)
a filha de juramento
(a filha de) + (juramento)
76
Êx 6.23
Et 2.7
2Sm 11.3
(correspondência com árabe: dalla, comportar-se de maneira amorosa?; árabe: dalila,
guia traidor?)
Agar
[etimologia incerta]
(de ?)
Gn 16.1
Eva
vida?
(de , viver?)
Gn 4.1
Hulda
doninha?
(de , doninha?)
2Rs 22.14
Ana
graça
(de , agraciar)
1Sm 1.2
Mical
Miriã
obstinada?
(de I , obstinar?; de , rebelar-se?)
Êx 15.20
Noemi
a minha amabilidade
(de , amabilidade)
Rt 1.2
Zípora
pardal?; passarinho?
(de , pássaro?)
Êx 2.21
Rebeca
junta?; canga?
(correspondência com árabe: baqarat, vaca?)
Gn 22.23
Rute
regaço?; saciedade?
(de , regar?; saciar?)
Rt 1.4
Raabe
largo?
(correspondência com um clã denominado
, casa larga?; correspondência com
um espaço público denominado ,
casa da rua?)
Js 2.1
Raquel
ovelha
(de , ovelha)
Gn 29.16
Sara
princesa
(de , princesa)
Gn 17.15
forma port.
Arã
possível significado e componentes
(região da atual Síria)
texto
Nm 23.7
Asdode
fortaleza?
(atual região mediterrânea de Israel)
1Sm 6.17
quem é como El?
(como) + [] (El)
1Sm 18.20
(quem) +
c. Topônimos
forma hebr.
77
Assíria
(região do atual Iraque)
2Rs 23.29
Berseba
poço das sete [cordeiras]
(poço de) + (sete)
Gn 21.31
Babilônia
(região do atual Iraque)
2Rs 17.24
Betel
a casa de El
(a casa de) + (El)
Gn 29.19
Belém
casa de pão
(casa de) + (pão)
1Sm 17.12
vale de BenHinom
o vale do filho de Hinom
(o vale de) + (o filho de Hinom)
Js 15.8
Hebrom
união; aliança
(de II , unir-se, aliar-se)
Gn 13.18
Hermom
montanha sagrada?
(de I , dedicar algo a Deus?)
Dt 3.8
Judá
louvor?
(de II , louvar?)
2Sm 2.4
Javã
(região da atual Grécia)
Dn 11.2
Jordão
o que desce?
(de , descer?)
Js 3.8
Jerusalém
a cidade da paz?; a fundação do deus Salém?
(cidade de) + (paz)
2Sm 5.6
Israel
o que luta com El?; que El se mostre forte?
(o que luta com) + (El)
2Rs 1.1
Cuxe
(região da atual Etiópia)
Gn 2.13
Carmelo
pomar
(de , pomar)
1Rs 18.19
Egito
(região do atual Egito)
Êx 4.18
Sinai
[etimologia incerta]
(correspondência com acádico e árabe: Sin,
o deus da lua?)
Êx 16.1
Pérsia
(região do atual Irã)
Et 1.18
Tabor
[etimologia incerta]
(correspondência com árabe: nabara, para alcançar algo?)
Jz 4.6
78
Referências Bibliográficas
ALEXANDER, Pat; ALEXANDER, David. Manual Bíblico SBB. Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2008.
ALONSO SCHÖKEL, Luís (ed.). Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 3. ed. São Paulo: Paulus,
2004, p. 713-798.
BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2006.
FRANCISCO, Edson de F. Tetragrama, Teônimos e Nomina Sacra: Os Nomes de Deus na Bíblia. Santo
André: Kapenke, 2018.
KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2005.
KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, Walter (eds.). The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament - Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Köln: Brill, 2001.
MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
79
18. Tetragrama e Epítetos Divinos
No presente texto, serão abordados, mesmo que brevemente, os epítetos ou teônimos divinos e o tetragrama que constam no texto bíblico hebraico. Além de tal assunto, no
texto também será abordada a questão das possíveis pronúncias do tetragrama.
a. Epítetos divinos
i.
(hebr. Senhor) (cf. Gn 18.3).
Título comum do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, aparecendo, de maneira isolada
sem ser acompanhado pelo tetragrama ou por algum epíteto divino, em muitas passagens (134
vezes). Ao todo, o título consta muitas vezes no texto bíblico hebraico (ao todo 425 vezes).
Literalmente significa “os meus Senhores”. O epíteto é plural do vocábulo (hebr. senhor,
dono, patrão, chefe), com sufixo de pronome possessivo da primeira pessoa do singular
(hebr. meus, minhas). Em raras passagens, a forma singular é utilizada para se referir ao Deus
de Israel (cf. Êx 23.17; 34.23; Is 1.24 etc.). Gesenius denomina a forma (hebr. Senhor)
(com o sinal vocálico qamets e com a letra yod) como pluralis maiestatis (lat. plural majestático),
explicando que esta redação seria referência exclusiva para o Deus de Israel. Ele comenta,
ainda, que a redação normal (hebr. os meus senhores) (com o sinal vocálico pata' e com
a letra yod) é utilizada para as demais situações, em referência a pessoas.
Em muitos trechos, esse título divino aparece junto com o tetragrama: (lêse ’ădōnāy ’ĕlōhîm, hebr. Senhor Deus) (cf. 2Sm 7.18; 1Rs 8.53; Is 7.7 etc.). A mesma denominação divina junto com o tetragrama é muito frequente no livro de Ezequiel (cf. Ez 5.11;
15.8; 25.14; 44.12 etc.). Em raras passagens, a mesma nominação divina possui a vocalização
(lê-se ’ădōnāy ’ĕlōhîm, hebr. Senhor Deus) (cf. Gn 15.2; 15.8; Jz 16.28).
Na leitura do texto bíblico hebraico, normalmente o epíteto (hebr. Senhor) é
utilizado no lugar do tetragrama. Tal título divino é uma das quatro situações de qere perpetuum
(lat. qerê perpétuo) (situações do texto bíblico hebraico em que determinada palavra é escrita
de uma maneira, mas lida de outra). A Septuaginta traduz a nominação divina como
(gr. Senhor), a Vulgata verte como Dominus (lat. Senhor) e o Targum de Ônquelos interpreta
como (lê-se ’ădōnāy, aram. Senhor).
ii.
(hebr. El) (cf. Êx 20.5).
Título comum do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, aparecendo em muitas passagens
(c. 230 vezes). Tal epíteto divino é componente de vários nomes masculinos de origem hebraica (ex.: Samuel, Ezequiel, Joel, Daniel, Rafael, Miguel etc.). O plural do título é
(hebr. elim). A Septuaginta traduz o título divino como (gr. Deus, deus), a Vulgata verte
como Deus (lat. Deus, deus) e o Targum de Ônquelos traduz como (aram. Deus, deus).
Muitos nomes teofóricos (nomes próprios masculinos hebraicos que possuem como
componentes alguma parte do tetragrama ou algum epíteto divino) e topônimos possuem o
epíteto (hebr. El) como componente no início ou no final, como nos seguintes exemplos:
a. no início do nome: (hebr. El é clemente [Elanã]), (hebr. o meu El é YHW
[Elias]), (hebr. El auxiliou [Eleazar]), (hebr. El acrescentou [Eliasafe]); b. no
final do nome: (hebr. o nome dele é El?, El escuta? [Samuel]), (hebr. que El
fortaleça [Ezequiel]), (hebr. YW é El [Joel]), (hebr. El é o meu juiz [Daniel]),
(hebr. El cura [Rafael]), (hebr. quem é como El? [Miguel]), (hebr. o que luta
com El [Israel]), (hebr. El semeia [Jezreel]), (hebr. a casa de El [Betel]) etc.
80
Nas anotações massoréticas nos códices medievais da Bíblia Hebraica, são encontrados determinados nomes bíblicos grafados com as letras ’alef () e lamed () aglutinadas, formando o caractere especial ﭏ, tais como ﭏ(hebr. Ezequiel), ﭏ (hebr. Daniel) etc.
iii.
(hebr. El Elion) (cf. Gn 14.18).
Antigo título do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, sendo utilizado na época patriarcal, aparecendo em diversas passagens (31 vezes). Normalmente aparece em textos poéticos
da Bíblia Hebraica (cf. Dt 32.8; 2Sm 22.14; Sl 18.14 etc.). O epíteto (hebr. Elion) poderia
ser traduzido, também, como superior, elevado, mais alto, de cima e excelso. De acordo com
vários eruditos, tal epíteto divino seria de proveniência cananeia e não seria de procedência
israelita.
A Septuaginta traduz a denominação divina como (gr. Altíssimo), a Vulgata
verte como altissimus (lat. Altíssimo) e o Targum de Ônquelos traduz como (aram.
Altíssimo). Em várias passagens do texto bíblico hebraico o epíteto (hebr. Altíssimo)
aparece junto com o título (hebr. El), formando a denominação (hebr. El Elion)
(cf. Gn 14.22).
iv.
(hebr. El Shaddai) (cf. Gn 17.1).
Antigo título do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, sendo utilizado na época patriarcal,
aparecendo em diversas passagens (48 vezes). O significado do epíteto divino é incerto. Normalmente, a Septuaginta o traduz como (gr. Onipotente), a Vulgata verte como
omnipotens (lat. Onipotente) e o Targum de Ônquelos translitera apenas como (aram. Shaddai). As versões gregas de Áquila, Símaco e Teodocião interpretam como (gr. Suficiente). Na Septuaginta, no livro de Ezequiel, o referido título divino é apenas transliterado como
(gr. Saddai, cf. Ez 10.5). Os rabinos da época talmúdica (c. 3º-6º séc.) explicavam que a
referida nominação divina seria composta pelo pronome relativo (hebr. que) e pelo substantivo (hebr. o suficiente), resultando no significado “O que é autossuficiente”. Alguns estudiosos cogitam que a denominação deveria ser relacionada com o vocábulo de origem acádica
shadû(m) (montanha). Outros eruditos pensam que poderia ter relação com o substantivo em
forma dual (hebr. peitos, mamas, seios). Outros doutos conjecturam que poderia ser expressão relacionada com a raiz verbal (hebr. destruir, aniquilar, devastar, desolar [qal]),
com sufixo de pronome possessivo da primeira pessoa do singular (hebr. meu, minha), sendo
interpretada como “o meu Destruidor”. Alguns hebraístas conjecturam que a pronúncia correta seria (hebr.), significando “o meu soberano Senhor”.
O epíteto divino (hebr. Shaddai) aparece sozinho, sem nenhum outro título
como complemento (cf. Gn 49.25; Êx 6.3; Sl 91.1; Jó 22.23 etc.). Algumas vezes tal nominação divina aparece junto com o título (hebr. El), formando a denominação (hebr.
El Shaddai) (cf. Gn 17.1; 35.11; 48.3; Ez 10.5; Jó 15.25 etc.).
Normalmente, as versões bíblicas em português vertem a denominação divina
(hebr. Shaddai) como Todo-Poderoso, como Todo-poderoso ou como todo-poderoso, seguindo a tradução que tem sido estabelecida pela Septuaginta e pela Vulgata, desde muitos
séculos. A TEB e a CNBB, seguindo parcialmente as duas versões bíblicas clássicas, traduzem
apenas como Poderoso. As edições que se afastam de tal tradição e que adotam transliteração
em vez de tradução são o ATI e a Bíblia de Jerusalém, que transcrevem como Shaddai (em
redondo), a edição de Stern que translitera como Shaddai (em itálico) e as edições de Melamed
e de Gorodovits e Fridlin que transcrevem como Shadai (em redondo).
81
v.
(hebr. Deus, deuses) (cf. Gn 1.1).
Título comum do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, aparecendo inúmeras vezes (c.
2.523 vezes). O título é plural do vocábulo (hebr. Deus, deus) ou (hebr. Deus,
deus). Normalmente, esse título divino ocorre junto com o tetragrama: (hebr. lêse ’ădōnāy ’ĕlōhîm, hebr. Senhor Deus) (cf. Gn 2.4). A Septuaginta traduz o epíteto divino
como (gr. Deus, deus), a Vulgata verte como Deus (lat. Deus, deus) e o Targum de
Ônquelos traduz como (aram. Deus, deus).
Muitos judeus ortodoxos evitam pronunciar esse título divino fora do ambiente da
sinagoga, o substituindo pela forma (hebr. Deus) (nesta grafia existe a troca da letra hê
[] pela letra qof []). Esta forma foi adaptada para se evitar proferir o nome divino. Estudiosos
comentam que a título divino (hebr. Deus) seria plural majestático, sendo também considerado sagrado. Normalmente, em textos religiosos judaicos compostos em português o referido título divino é escrito D’us (a letra “e” é substituída por uma apóstrofe).
b. Tetragrama
i.
(hebr. YH) (cf. Êx 15.2).
Forma primitiva e abreviada do tetragrama, aparecendo apenas em textos poéticos
da Bíblia Hebraica (24 vezes) (cf. Êx 15.2; 17.16; Is 38.11; Sl 68.19; 89.9 etc.), compostos em
hebraico arcaico. Esta forma abreviada é componente da expressão (hebr. louvai a
YH), muito frequente nos Salmos (cf. Sl 104.35; 115.18; 150.1 etc.).
Tal forma abreviada do tetragrama é também encontrada como elemento de determinados nomes teofóricos, possuindo o componente (hebr.) no final, como nos seguintes
exemplos: (hebr. o meu El é YH [Elias]), (hebr. YH é salvação [Isaías]), (hebr.
YH é elevado [Jeremias]) etc. Na Septuaginta, tais nomes, que terminam com o componente
(hebr.), foram transcritos como (gr. Elias), (gr. Isaías) e (gr. Jeremias). Na Vulgata, os mesmos nomes foram transcritos, tendo base o padrão adotado na Septuaginta, como Helias (lat. Elias), Isaias (lat. Isaías) e Hieremias (lat. Jeremias). Em Êxodo 17.16,
a Septuaginta traduz a forma abreviada do tetragrama como (gr. Senhor), a Vulgata
como Dominus (lat. Senhor) e o Targum de Ônquelos adota a abreviatura (aram. YY). No
ATI esta forma curta do tetragrama é transliterada como YH.
ii.
(hebr. YHWH) (cf. Gn 2.4).
O nome próprio do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, aparecendo inúmeras vezes
(c. 6.639 vezes), sendo impronunciável. Na literatura acadêmica, o nome é denominado tetragrama (tetragrammaton [lat. composto de quatro letras], [gr. quatro letras],
[gr. quatro letras], [hebr. nome inefável] e [hebr. nome
inefável]).
Na Bíblia Hebraica (dependendo dos manuscritos e das edições impressas), o tetragrama é vocalizado como ou como (ambos os nomes devem ser lidos como ’ădōnāy,
hebr. Senhor). Esta vocalização (com os sinais vocálicos shewá mobile, holem e qamets ou com
os sinais shewá mobile e qamets) tem por base o epíteto divino (hebr. Senhor). Alguns
hebraístas cogitam que a vocalização (com os sinais vocálicos shewá mobile e qamets) seria
baseada na expressão (aram. lit. o Nome [isto é, o nome divino]) e não no título divino
(hebr. Senhor). Às vezes, o tetragrama possui a vocalização (com os sinais vocálicos
hatef-segol e hiriq) (cf. Gn 15.2), (com os sinais vocálicos shewá mobile e hiriq) (cf. Ez 5.11)
82
e (com os sinais vocálicos shewá mobile, holem e hiriq) (cf. 1Rs 2.26), tendo por base o
título divino (hebr. Deus).
A Septuaginta traduz o tetragrama como (gr. Senhor), a Vulgata verte como
Dominus (lat. Senhor) e o Targum de Ônquelos adota a abreviatura (aram. YH). As primeiras
cópias da Septuaginta continham o tetragrama em caracteres paleohebraicos hwhy (hebr.
YHWH []) no meio do texto grego, sendo que tal costume foi, posteriormente, abandonado para ser adotado o epíteto (gr. Senhor), permanecendo nos manuscritos mais
conhecidos dessa versão bíblica clássica.
Como o tetragrama é impronunciável, normalmente são adotados epítetos substitutos, tais como (hebr. Senhor), (hebr. lit. o Nome), além da forma híbrida
(hebr.) (esta forma é aglutinação do título [hebr. Senhor] com a expressão [hebr.
lit. o Nome]). Os samaritanos utilizam o epíteto substituto (hebr. sam. lit. o Nome).
Em Êxodo 3.14, o tetragrama é explicado a Moisés, de maneira enigmática, por meio do
seguinte sintagma: (hebr. lit. serei o que serei).
Nas anotações da massorá, os massoretas aludem ao tetragrama por meio de dois
termos: (aram. menção [do nome divino]) e (hebr. recordação [do nome
divino]). Normalmente, nas traduções da Bíblia em português, o tetragrama é traduzido
como SENHOR, sendo composto em versal e em versalete. No ATI o tetragrama é transliterado como YHWH.
iii.
(hebr. YHWH Tsevaote) (cf. 1Sm 1.3).
Título do Deus de Israel na Bíblia Hebraica, sendo utilizado na época da monarquia
israelita em diante, ocorrendo em inúmeras passagens (c. 273 vezes). Normalmente, o epíteto
é traduzido como “o SENHOR dos Exércitos” em inúmeras traduções da Bíblia em português.
Literalmente, o epíteto (hebr.) é o plural da palavra (hebr. exército, hoste, tropa,
esquadrão, regimento). Em referência ao Deus de Israel, este epíteto poderia ser tratado
como alusão a todos os exércitos ou poderes possíveis tanto espirituais quanto materiais
(poderes celestiais, cósmicos, terrenos, os poderes de todas as divindades cananeias, o exército de Israel etc.).
Alguns hebraístas comentam que a denominação (hebr. YHWH Tsevaote)
é ainda obscura e explicam que o tetragrama é nome próprio, não podendo ser construído
sobre o título (hebr.). Gramaticalmente, o tetragrama não possui estado (absoluto ou
construto), não podendo ser traduzido como estando em estado construto (ex.: YHWH de).
Uma das possibilidades seria tratar ambas as nominações como nomes próprios do Deus de
Israel, podendo ser, então, apenas transliterados como YHWH Tsevaote. A Septuaginta traduz
e translitera o tetragrama com o referido título como (gr. Senhor Sabaoth), a
Vulgata verte como Dominus exercituum (lat. Deus dos exércitos) e o Targum de Jônatas ben
Uziel interpreta como (aram. YHWH da presença divina).
Vários hebraístas argumentam que o epíteto (hebr. YHWH Tsevaote) poderia indicar situação de elipse da denominação (hebr.) (cf. 2Sm 5.10), podendo ser traduzida como “YHWH, o Deus de Tsevaote”. Nas traduções da Bíblia em português, esta última é traduzida como “o SENHOR Deus dos Exércitos”. Tal nome seria a forma
completa do tetragrama junto com o mencionado epíteto divino. Em 2Samuel 5.10, tal situação é traduzida pelas antigas versões bíblicas da seguinte maneira: a Septuaginta traduz
como (gr. Senhor Onipotente), a Vulgata verte como Dominus Deus exercituum (lat. Senhor Deus dos exércitos) e o Targum de Jônatas ben Uziel interpreta como
(aram. YHWH, o Deus das assistências). No ATI o tetragrama e o título
divino são transliterados como YHWH Tsevaote.
83
c. Pronúncias
i. Jeová
Iehovah, Yehovah, Jehovah ou Jeová.
Forma surgida no período entre a Renascença (séc. 15) e a Reforma Protestante (séc.
16), quando os cristãos recomeçaram a estudar o hebraico bíblico. Os hebraístas cristãos
fizeram a leitura do tetragrama (lê-se ’ădōnāy, hebr. Senhor) (com os sinais vocálicos
shewá mobile, 'olem e qamets) como yehōwâ, resultando na leitura Yehovah. A forma Jehovah é
registrada por Pietro Colonna Galatino, conhecido como Petrus Galatinus (1460-1540), em
sua obra De Arcanis Catholicae Veritatis (Ortona, 1518), porém, vários hebraístas cristãos posteriores contestaram tal pronúncia. Alguns estudiosos afirmam que a forma Jehovah já era
encontrada em textos anteriores ao de Galatino, sendo datados da época medieval. O primeiro registro da forma Jehovah seria em obra datada de 1381. Esta forma inesperada tornou-se de uso corrente, sendo largamente adotada em diversas traduções da Bíblia nas línguas
modernas europeias, que foram produzidas desde o século 16 em diante. A edição de João
Ferreira de Almeida (Batávia, 1753) traz a forma JEHOVAH (em itálico e em letras unciais).
Por fim, a forma aportuguesada Jeová é ainda usada em algumas poucas publicações bíblicas
em português, como a Bíblia Sagrada – Tradução Brasileira e a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.
ii. Iahweh
Iahweh, Yahweh, Iavé ou Javé.
Forma hipotética do tetragrama amplamente aceita por inúmeros estudiosos bíblicos
modernos. A vocalização teórica é (hebr.) ou (hebr.). Esta leitura hipotética é
registrada por alguns Pais da Igreja do oriente, sendo transliterado com letras gregas, mas de
diversas maneiras. As formas (gr.) e (gr.) são registradas por Teodoreto de Ciro (c.
393-c. 466). A forma (gr.) é também registrada por Epifânio de Salamina (c. 315-c. 403).
Teodoreto de Ciro afirma em seus escritos que os samaritanos pronunciavam o tetragrama
como iabe. As formas (gr.) e (gr.) são registradas por Clemente de Alexandria
(c. 150-c. 215). Portanto, as transcrições gregas (gr.), (gr.), (gr.) e
(gr.) seriam testemunhas da possível pronúncia (hebr.) para o tetragrama durante os
primeiros séculos do cristianismo. Tais transcrições em caracteres gregos indicariam que
alguns Pais da Igreja do oriente teriam conhecimento sobre a pronúncia (hebr.) entre os
judeus na época em que eles viveram. Além de tais transcrições, o tetragrama transcrito com
letras gregas como (gr.) é registrado por Orígenes de Alexandria (c. 184-c. 254).
A forma (hebr.), vocalizada com os sinais vocálicos patah, shewá quiescens e segol,
foi registrada pelo hebraísta alemão Heinrich Friedrich Wilhelm Gesenius (1786-1842) em
sua obra Hebräisches und chaldäisches Handwörterbuch über das Alte Testament (Leipzig, 1834),
argumentando que seria a pronúncia mais acurada possível. Desde então, a opinião de
Gesenius tem sido aceita por inúmeros hebraístas até o dia de hoje, como a pronúncia que
seria a mais provável. O arqueólogo bíblico americano William Foxwell Albright (1891-1971)
também acatava e defendia a pronúncia do tetragrama como (hebr.).
Muitos eruditos modernos explicam que a pronúncia (hebr.) seria derivada da raiz
verbal (hebr. trazer à existência, fazer existir), na hipotética conjugação hifil, terceira pessoa
masculina singular do imperfeito, indicando que a referida nominação significaria “O que traz à
existência” ou “O que faz existir”. Contudo, há outros hebraístas que contestam tal conjectura.
Diversos estudiosos argumentam que, por causa das transcrições gregas, possivelmente
o nome do Deus de Israel teria duas formas abreviadas e uma forma extensa. As duas formas
abreviadas teriam sido (hebr.) e (hebr.) e a forma extensa teria sido (hebr.). Outro
argumento dos eruditos é que as formas abreviadas seriam derivações posteriores da forma
extensa e não vice-versa. Além da Bíblia Hebraica, as grafias (hebr.) e (hebr.), como
84
referentes ao Deus de Israel, são registradas na estela do rei Mesa, de Moabe (c. 9º séc. AEC) e
nos óstracos de Tell-ed-Duweir (óstracos de Laquis) (c. 6º séc. AEC). A grafia (hebr.) é
atestada em papiros da comunidade judaica de Elefantina, no Egito (c. 5º-4º séc. AEC),
compostos em aramaico. Segundo diversos hebraístas, tais evidências indicariam que eram
utilizadas, de modo simultâneo, formas diversas para o nome do Deus de Israel durante o
período bíblico, duas abreviadas e uma extensa.
Por fim, a forma Iahweh (a forma aportuguesada é Javé) até hoje tem sido utilizada
quase que exclusivamente na literatura acadêmica dedicada à Bíblia. Algumas edições da Bíblia
em português adotam a forma Iahweh, como a Bíblia de Jerusalém ou a forma aportuguesada Javé,
como a Edição Pastoral.
iii. Yahu e Yeho
Yahu e Yeho.
Formas hipotéticas defendidas por vários estudiosos bíblicos modernos. Vários
hebraístas contestam que a forma Iahweh, registrada e defendida por Gesenius, por Albright,
entre outros, representaria a pronúncia original e correta do tetragrama na época bíblica, e
cogitam que a pronúncia originária teria sido, possivelmente, (hebr.) ou (hebr.). A
justificativa para tal hipótese é que vários nomes teofóricos possuem os componentes
(hebr.) ou (hebr.) no início ou no final, como nos seguintes exemplos:
a. com o componente (hebr.) no final do nome: (hebr. YHW escutou [Semaías]),
(hebr. o meu El é YHW [Elias]), (hebr. YHW é elevado [Jeremias]) etc.
b. com o componente (hebr.) no início do nome: (hebr. YHW é salvação [Josué]),
(hebr. YHW deu [um filho] [Jônatas]), (hebr. YHW julgou [Josafá]),
(hebr. YHW agiu corretamente [Jeozadaque]) etc.
Existem, ainda, outros componentes para nomes teofóricos tais como: (hebr.),
(hebr.), (hebr.) e (hebr.). Todos estes componentes são formas abreviadas do tetragrama.
Ex.: (hebr. YW é Deus [Joel]), (hebr. que YHW estabeleça [Joaquin]) etc.
Ainda sobre tais formas, alguns eruditos cogitam que o teônimo (hebr.) seria,
possivelmente, forma abreviada de (hebr.), enquanto os teônimos (hebr.) e (hebr.)
seriam, possivelmente, formas sintetizadas do teônimo (hebr.).
Nos papiros da comunidade judaica de Elefantina é atestada a grafia (hebr.) como
o nome do Deus de Israel, indicando que a pronúncia teria sido, possivelmente, (hebr.).
Portanto, para vários hebraístas, a plausível pronúncia original do tetragrama teria sido
(hebr.) ou (hebr.), tendo por base os nomes teofóricos registrados na Bíblia Hebraica e a
transcrição do tetragrama em documentos antigos redigidos em hebraico ou em aramaico
datados da época bíblica ou em períodos imediatamente posteriores. Além disso, a
transcrição com letras gregas do tetragrama feita por Orígenes de Alexandria como (gr.)
seria, também, outro testemunho das possíveis pronúncias.
85
d. O tetragrama em textos da Bíblia Hebraica
11QSla (primeiro manuscrito dos Salmos da caverna 11 de Qumran) (c. 30-50 EC).1
Transcrição da coluna XIV do manuscrito 11QSla (Sl 135.1-9).2
1
2
Cf. P. Lawrence, Atlas Histórico e Geográfico da Bíblia, Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008, p. 13.
Cf. E. Ulrich, The Biblical Qumran Scrolls: Transcriptions and Textual Variant, Supplements to Vetus Testamentum 134, Leiden-Boston: Brill, 2010, p. 712.
86
Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B19a.3
Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) (5. ed., 1997).4
3
4
Cf. D. N. Freedman et alii (eds.), The Leningrad Codex: A Facsimile Edition, Grand Rapids-Cambridge-LeidenNew York-Köln: Eerdmans-Brill, 1998, fól. 394a, p. 799.
Cf. K. Elliger e W. Rudolph (eds.), Biblia Hebraica Stuttgartensia, 5. ed, Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft,
1997, p. 1214.
87
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89
19. Pronomes Pessoais
a. Formas
Os pronomes pessoais no hebraico bíblico, como em qualquer outra língua, representam as pessoas de uma frase.
pronomes pessoais
singular
, eu
tu (mc.)
, tu (fm.)
ele
ela
plural
nós
vós (mc.)
vós (fm.)
eles
elas
, ,
,
,
,
Observação: os pronomes (nós) e (nós) ocorrem muito raramente no texto
bíblico hebraico: o pronome consta apenas em cinco passagens (cf. Gn 42.11; Êx 16.7;
16.8; Nm 32.32 e Lm 3.42) e o pronome é encontrado exclusivamente em uma única passagem (cf. Jr 42.6). O pronome (tu [fm.]) é achado só em sete passagens (cf. Jz 17.2; 1Rs
14.2; 2Rs 4.16; 4.23; 8.1; Jr 4.30 e Ez 36.13). O pronome (vós [fm.]) é encontrado somente
em quatro passagens (cf. Gn 31.6; Ez 13.11; 13.20 e 34.17). Os pronomes (eles) e
(elas) são menos frequentes na Bíblia Hebraica e são formas substitutas dos pronomes pessoais
(eles) e (elas), que são muito comuns. Em quatro passagens do Pentateuco, o pronome
(ela), que é vocalizado com o sinal vocálico hiriq junto à letra waw ao invés do sinal vocálico
hiriq-yod, deve ser lido sempre como (ela) (cf. Lv 6.18; 6.22; 13.20 e Dt 13.16).
b. Uso dos pronomes pessoais
Geralmente, os pronomes pessoais são utilizados como sujeito das frases, especialmente em expressões não verbais, como:
(eu [sou] bom).
(eu [sou] homem).
(eu [estou] na casa).
(eu [sou] o que caminha).
Normalmente, os pronomes pessoais colocados antes de formas verbais são utilizados para darem ênfase ao sujeito da frase:
(eu apascentarei).
(tu o que se deita).
(e nós nos armaremos).
(eles saíram).
Exemplos de pronomes pessoais no ATI:
Gênesis 3.14a
Posto que
(...)
dentre todo o animal,
(...)
à áspide:
Deus
YHWH
Então, disse
tu
a que amaldiçoada
isto,
fizeste
90
Números 13.31b
ele
do que nós.
Juízes 18.26b
(...)
do que ele, (...)
(...)
(...) Porque, forte
eles
que fortes
Mica
(...)
(...) e viu
1Samuel 12.14b
e também o rei,
(...)
sobre vós, (...)
também vós,
(...)
(...) e sereis
reina
que
Jeremias 8.8a
nós,
Sábios
(...)
conosco? (...)
dizeis:
Como
YHWH
e a lei de
Ezequiel 34.15
e eu
o meu gado miúdo
apascentarei
Eu
YHWH.
Senhor
o enunciado de
os farei se deitar,
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes expressões que possuem pronomes pessoais:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
91
20. Pronomes Demonstrativos
a. Formas
Os pronomes demonstrativos no hebraico bíblico, como em qualquer outra língua,
designam algo ou alguém em uma determinada frase.
pronomes demonstrativos
singular
este
esta
aquele
aquela
plural
estes
estas
aqueles
aquelas
,
,
Além de tais pronomes demonstrativos, no texto bíblico hebraico são encontrados
mais três pronomes que possuem também função demonstrativa: os pronomes (esse,
aquele), (esse, aquele) e (essa, aquela). Tais elementos gramaticais aparecem muito
raramente na Bíblia Hebraica. O pronome é encontrado apenas em sete passagens (cf. Jz
6.20; 1Sm 14.1; 17.26; 2Rs 4.25; 23.17; Zc 2.8 e Dn 8.16). O pronome é achado unicamente em duas passagens (cf. Gn 24.65 e 37.19). O pronome é registrado exclusivamente
em uma única passagem (cf. Ez 36.35). Algumas vezes, os três pronomes são utilizados com
matiz depreciativo ou com conotação de desdém, como determinados usos dos pronomes
demonstrativos “esse” e “essa” em português (ex. “esse homem aí”, “essa coisa aí”). Alguns
hebraístas definem o pronome como “essa pessoa aí”, “aquele um” e o pronome
como “esse homem aí”.1 O pronome (este) é incomum, sendo localizado, normalmente, em
textos compostos em hebraico arcaico (cf. Êx 15.13; 15.16; Is 42.24; 43.21; Hc 1.11; Sl 9.16;
10.2; 12.8; 17.9; 32.8; 62.12; 68.29; 142.4 e 143.8). O pronome (este) é, da mesma maneira,
muito raro, sendo registrado unicamente em duas passagens (cf. Os 7.16 e Sl 132.12).
Exemplos dos pronomes demonstrativos (esse, aquele) e (esse, aquele) com
matiz depreciativo no ATI:
Gênesis 37.19b
(...)
o que vem!
esse
os sonhos
o dono de
(...) Eis que
1Samuel 17.26a
(...)
esse, (...)
o filisteu
(...)
ferir
que
ao homem
(...) O que será feito
b. Usos dos pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos possuem dois usos: uso atributivo e uso predicativo.
i. Uso atributivo: com função de atributo, o pronome demonstra o substantivo. Esquema
de formação: o pronome demonstrativo se encontra logo após o substantivo e com artigo
definido em ambos os componentes.
Exemplos:
(este homem [lit. o homem o este]).
(esta filha [lit. a filha a esta]).
(aquele profeta [lit. o profeta o aquele]).
(aquela mulher [lit. a mulher a aquela]).
1
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley, 1910, § 34, p. 110; Joüon e Muraoka, 2009, § 36, p. 105; Brown, Driver e
Briggs, 1996, p. 229; Koehler e Baumgartner, 2001, p. 246; Clines, 2009, p. 89 e Alonso Schökel, 2004, 176.
92
(estes reis [lit. os reis os estes]).
(estas famílias [lit. as famílias as estas]).
(aqueles livros [lit. os livros os aqueles]).
(aquelas leis [lit. as leis as aquelas]).
ii. Uso predicativo: com função de predicado, o pronome demonstrativo é aquele que possui a função de predicativo em alguma locução. Esquema de formação: o pronome demonstrativo se encontra antes do substantivo e sem artigo definido e o substantivo terá artigo
definido. Nesse caso, na tradução em português, é necessário inserir o verbo ser/estar.
Exemplos:
(este [é] o homem [lit. este o homem]).
(esta [é] a filha [lit. esta a filha]).
(aquele [é] o profeta [lit. aquele o profeta]).
(aquela [é] a mulher [lit. aquela a mulher]).
(estes [são] os reis [lit. estes os reis]).
(estas [são] as famílias [lit. estas as famílias]).
(aqueles [são] os livros [lit. aqueles os livros]).
(aquelas [são] as leis [lit. aquelas as leis]).
Exemplos de pronomes demonstrativos no ATI:
Gênesis 5.1a
(...)
Adão; (...)
as gerações de
o livro de
Este
Êxodo 12.17b
o este
o dia
(...)
(...) e guardareis
tempo longo.
estatuto de
pelas vossas gerações,
Deuteronômio 1.1a
falou
(...)
o Jordão; (...)
que
as palavras
Estas
no outro lado de
a todo Israel,
Moisés
e a terra deles
(...)
uma; (...)
os estes
todos os reis
E
vez
Josué
capturou
Josué 10.42a
Jeremias 31.29
comeram
Pais
Obadias 1.8a
mais:
não dirão
os aqueles
Nos dias
se embotaram.
filhos
mas dentes de
fruta verde;
93
o enunciado de
(...)
de Edom, (...)
o aquele,
no dia
Acaso não,
os habilidosos
e destruirei
YHWH;
Miqueias 2.3a
Eis que eu
YHWH:
(...)
mal; (...)
a esta
Sofonias 2.15a
(...)
em confiança, (...)
diz
assim,
Por isso,
contra a família
o que projeta
a que habita
a exultante
a cidade
Esta
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes locuções que possuem pronomes demonstrativos:
Referências Bibliográficas
ALONSO SCHÖKEL, Luís (ed.). Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 3. ed. São Paulo: Paulus,
2004.
BROWN, Francis; DRIVER, Samuel R.; BRIGGS, Charles A. (eds.). The Brown-Driver-Briggs
Hebrew and English Lexicon. Peabody: Hendrickson, 1996.
CLINES, David J. A. (ed.). The Concise Dictionary of Classical Hebrew. Sheffield: Sheffield
Academic, 2009.
GESENIUS, Wilhelm; KAUTZSCH, Emil; COWLEY, Arthur E. Gesenius’ Hebrew Grammar. 2. ed.
Oxford: Clarendon Press, 1910.
JOÜON, Paul; MURAOKA, Takamitsu. A Grammar of Biblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27.
Roma: Gregorian & Biblical Press, 2009.
KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, Walter (eds.). The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament - Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Köln: Brill, 2001.
94
21. Sufixos Pronominais
No hebraico bíblico os sufixos pronominais são afixados aos substantivos, indicando
relação de posse. Apenas os sufixos pronominais são afixados nos substantivos em estado
construto. Existem duas formas dos sufixos pronominais: singular e plural.
Normalmente, os dicionários de hebraico bíblico registram os vocábulos com sufixos
pronominais tanto no singular quanto no plural, quando existem registros dos mesmos na
Bíblia Hebraica. As siglas utilizadas normalmente para indicar palavra com algum sufixo pronominal são suf. ou sf. Por exemplo, a palavra (lei) no Dicionário Bíblico Hebraico-Português,
de Luis Alonso Schökel (3. ed., São Paulo: Paulus, 2004, p. 700) possui as seguintes formas
com sufixos pronominais no singular e no plural no texto bíblico hebraico:
c. suf. , , , ; (...) , ().
a. Singular
sufixos pronominais no singular (masculinos e femininos)
1ª pess. sg. cm.
meu, minha
1ª pess. sg. cm.
nosso, nossa
2ª pess. sg. mc.
teu, tua
2ª pess. sg. mc.
vosso, vossa
2ª pess. sg. fm.
teu, tua
2ª pess. sg. fm.
vosso, vossa
3ª pess. sg. mc.
seu, sua, dele
3ª pess. sg. mc.
seu, sua, deles
3ª pess. sg. fm.
seu, sua, dela
3ª pess. sg. fm.
seu, sua, delas
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero masculino (cavalo):
(o meu cavalo).
(o nosso cavalo).
(o teu cavalo) (mc.).
(o vosso cavalo) (mc.).
(o teu cavalo) (fm.).
(o vosso cavalo) (fm.).
(o cavalo dele/o seu cavalo).
(o cavalo deles/o seu cavalo).
(o cavalo dela/o seu cavalo).
(o cavalo delas/o seu cavalo).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero masculino (voz):
(a minha voz).
(a nossa voz).
(a tua voz) (mc.).
(a vossa voz) (mc.).
(a tua voz) (fm.).
(a vossa voz) (fm.).
(a voz dele/a sua voz).
(a voz deles/a sua voz).
(a voz dela/a sua voz).
(a voz delas/a sua voz).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero feminino (lei):
(a minha lei).
(a nossa lei).
(a tua lei) (mc.).
(a vossa lei) (mc.).
(a tua lei) (fm.).
(a vossa lei) (fm.).
(a lei dele/a sua lei).
(a lei deles/a sua lei).
(a lei dela/a sua lei).
(a lei delas/a sua lei).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero feminino (lábio):
(o nosso lábio).
(o vosso lábio) (mc.).
(o vosso lábio) (fm.).
(o lábio deles/o seu lábio).
(o lábio delas/o seu lábio).
(o meu lábio).
(o teu lábio) (mc.).
(o teu lábio) (fm.).
(o lábio dele/o seu lábio).
(o lábio dela/o seu lábio).
95
b. Plural
sufixos pronominais no plural (masculinos e femininos)
1ª pess. pl. cm.
meus, minhas 1ª pess. pl. cm.
nossos, nossas
2ª pess. pl. mc.
teus,
tuas
2ª
pess.
pl.
mc.
vossos, vossas
2ª pess. pl. fm.
teus, tuas
2ª pess. pl. fm.
vossos, vossas
3ª pess. pl. mc.
seus, suas, dele 3ª pess. pl. mc.
seus, suas, deles
3ª pess. pl. fm.
seus, suas, dela 3ª pess. pl. fm.
seus, suas, delas
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero masculino (cavalo):
(os nossos cavalos).
(os vossos cavalos) (mc.).
(os vossos cavalos) (fm.).
(os cavalos deles/os seus cavalos).
(os cavalos delas/os seus cavalos).
(os meus cavalos).
(os teus cavalos) (mc.).
(os teus cavalos) (fm.).
(os cavalos dele/os seus cavalos).
(os cavalos dela/os seus cavalos).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero masculino (voz):
(as minhas vozes).
(as nossas vozes).
(as tuas vozes) (mc.).
(as vossas vozes) (mc.).
(as tuas vozes) (fm.).
(as vossas vozes) (fm.).
(as vozes dele/as suas vozes).
(as vozes deles/as suas vozes).
(as vozes dela/as suas vozes).
(as vozes delas/as suas vozes).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero feminino (lei):
(as minhas leis).
(as nossas leis).
(as tuas leis) (mc.).
(as vossas leis) (mc.).
(as tuas leis) (fm.).
(as vossas leis) (fm.).
(as leis dele/as suas leis).
(as leis deles/as suas leis).
(as leis dela/as suas leis).
(as leis delas/as suas leis).
Exemplo de sufixos pronominais afixados na palavra de gênero feminino (lábio):
(os meus lábios).
(os nossos lábios).
(os teus lábios) (mc.).
(os vossos lábios) (mc.).
(os teus lábios) (fm.).
(os vossos lábios) (fm.).
(os lábios dele/os seus lábios).
(os lábios deles/os seus lábios).
(os lábios dela/os seus lábios).
(os lábios delas/os seus lábios).
Um exemplo conhecido de denominação divina no plural e com sufixo pronominal
de primeira pessoa é (Senhor), que é vocalizada com o sinal vocálico qamets. Tal teônimo
divino com tal vocalização excepcional é usado, exclusivamente, para se referir à divindade
israelita na Bíblia Hebraica. Literalmente significaria “os meus Senhores”. A ortografia normativa é (os meus senhores), vocalizado com o sinal vocálico pata', sendo utilizado para se
referir a seres humanos.
Exemplos na Bíblia Hebraica:
(Senhor) (cf. Gn 15.2; Êx 4.10; Js 7.7; Ez 8.1 etc.).
(os meus senhores) (cf. Gn 19.2).
Exemplos de palavras com sufixos pronominais no ATI:
Gênesis 4.11b
96
da tua mão.
o teu irmão
Êxodo 20.2a
(...)
que te fez sair (...)
o teu Deus;
Eu YHWH,
Êxodo 20.12a
(...)
para que prolonguem os teus dias
(...)
Deuteronômio 5.32a
(...)
YHWH, o vosso Deus
(...)
(...)
(...) para receber os sangues de
e a tua mãe
Honra o teu pai
conforme ordenou
para cumprir
E guardareis
Juízes 2.4b
e prantearam.
a voz deles
2Samuel 22.7b
(...)
invoquei (...)
(...)
(...) e ergueram o povo
e o meu Deus
YHWH,
(...)
(...) invoquei
Exercícios.
α. Traduzir a palavra em estado construto (casa de) com sufixos pronominais:
1.
11.
2.
12.
3.
13.
4.
14.
5.
15.
6.
16.
7.
17.
8.
18.
9.
19.
10.
20.
β. Traduzir as palavras em estado construto (filho de), (palavra de), (pais de) e
(mãos de) com sufixos pronominais:
1.
2.
3.
4.
γ. Identificar palavras e expressões com sufixos pronominais no texto de Josué 1.1-7 no ATI.
97
22. Frases Interrogativas
a. Partícula interrogativa
Em frases interrogativas no hebraico bíblico é encontrada uma forma da partícula
interrogativa na primeira palavra que inicia a frase. Uma das possibilidades de tradução da
partícula é acaso?:
(a letra hê + o sinal semivocálico 'a%ef-pata' antes de letras não guturais).
(a letra hê + o sinal vocálico pata' antes de letras guturais).
(a letra hê + o sinal vocálico pata' antes de letras não guturais vocalizadas com shewá).
(a letra hê + o sinal vocálico segol antes de letras guturais vocalizadas com qamets).
Exemplos:
(acaso enviou o homem?/enviou o homem...?).
(acaso o que permanece o homem?/o que permanece
(acaso escrevestes?/escrevestes?).
(acaso comeste?/comeste?).
o homem...?).
b. Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos do hebraico bíblico são os seguintes:
ou (quem?) (normalmente aparece sozinho, às vezes aparece com o sinal maqqef).
ou (que?, qual?) (antes de palavras que se iniciam com letras não guturais).
ou (que?, qual?) (antes de palavras que se iniciam com as letras guturais , e ).
(que?, qual?) (antes de palavras que se iniciam com as letras guturais e ).
Observação: as regras acima expostas são aplicadas na maioria dos casos no texto
bíblico hebraico, todavia, existem situações que fogem a essas mesmas regras.
Exemplos:
(quem [és] tu?).
(quem fez a coisa a esta?).
(que isto fizeste?).
(que existe para ti na casa?).
(qual [é] a tua terra?).
(que a coisa a esta?).
(que viram na tua casa?).
(que transgredi contra ti e contra os teus servos?).
(qual o meu delito e qual a minha transgressão?).
c. Advérbios interrogativos
Os advérbios interrogativos do hebraico bíblico são os seguintes:
(onde?)
(onde?)
(onde?)
(de onde?)
(de onde?)
(como?)
, (para onde?)
(por que?, para que?)
(por que?, para que?)
(quanto?)
98
Exemplos:
(onde [estão] os profetas?).
(de onde [és] tu?).
(como soubeste?).
(para onde eles irão?).
(por que [são] estes?).
(por que ele [está] fraco?).
(quantos anos?).
Exemplos da partícula interrogativa no ATI:
Gênesis 27.38a
(...)
o meu pai? (...)
aquela para ti,
única
Gênesis 43.29a
(...)
a mim? (...) dissestes
(...)
(...) acaso bênção
que
o pequeno,
o vosso irmão
(...)
(...) acaso este
Exemplos de pronomes interrogativos no ATI:
Gênesis 27.18b
o meu filho?
tu,
quem
Eis-me aqui,
(...)
(...) E disse:
Gênesis 32.28
Jacó.
E disse:
Qual o teu nome?
a ele:
E disse
Exemplos de advérbios interrogativos no ATI:
Gênesis 4.9a
(...)
o teu irmão? (...)
Abel,
Onde
a Caim:
Gênesis 29.4a
(...)
vós? (...)
YHWH
E disse
de onde
Os meus irmãos,
Jacó:
a eles
E disse
Gênesis 47.8
as tuas vidas?
os anos de
os dias de
Quantos
a Jacó:
o faraó
E disse
1Samuel 21.2b
(...)
sozinho tu, (...)
tu
Por que
a ele:
(...)
(...) e disse
Exercícios.
α. Traduzir as seguintes locuções que possuem partícula interrogativa e pronome interrogativo:
1.
2.
99
23. Textus Receptus e Biblia Hebraica
a. Textus Receptus e Biblia Hebraica
Atualmente, existem várias edições do Antigo Testamento hebraico (a Bíblia Hebraica) que são publicadas tanto no exterior quanto no Brasil. Por um lado, existem edições
que apresentam o texto do assim denominado Textus Receptus (lat. Texto Recebido) e por
outro lado, existem as edições acadêmicas que apresentam texto do auge da atividade massorética ocorrida no século 10 com a família Ben Asher, em Tiberíades, na Palestina. Atualmente, o Textus Receptus é publicado principalmente pela Trinitarian Bible Society (TBS), em
Londres, na Inglaterra. No Brasil, o mesmo texto é distribuído pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB). Tal obra é baseada na edição de Christian D. Ginsburg (Londres,
1894) e que tem por base a Segunda Bíblia Rabínica, de Jacó ben Hayyim (Veneza, 15241525). A edição de Ben Hayyim, baseada em manuscritos bíblicos hebraicos do final do período medieval, tornou-se o Textus Receptus do texto bíblico hebraico, servindo de base para
todas as edições posteriores. Tal edição apresenta texto que possui a tradição Ben Asher, mas
com grau de mistura com outras tradições massoréticas, como a de Ben Naftali e a de outros
massoretas. Até o século 12, os manuscritos hebraicos demonstram tendência a se aterem e
a reproduzirem um único sistema, o de Ben Asher ou o de Ben Naftali. Manuscritos surgidos
em épocas posteriores ainda preservam a tradição Ben Asher, mas não de forma estritamente
pura ou absolutamente fiel. Tais manuscritos refletem traços de outras tradições massoréticas
tiberienses, principalmente a de Ben Naftali, além de outros grupos de massoretas. A diferença principal é relacionada com sinais vocálicos e com acentos de cantilação. Há pouquíssimas situações de variantes textuais reais relacionadas com o texto consonantal ou com mudanças de palavras e expressões.
Desde o século 20, eruditos bíblicos europeus vêm publicando edições científicas do
Antigo Testamento hebraico, com o propósito de tentar recuperar a forma do texto o mais
próximo possível do auge da atividade massorética, ligada à família Ben Asher. Isto é, as
edições científicas ou acadêmicas tentam recuperar a forma mais pura possível do texto hebraico veterotestamentário de tradição Ben Asher, sem a contaminação com outras tradições
massoréticas. Atualmente, a edição acadêmica mais respeitada e aceita no mundo bíblico
erudito é aquela iniciada pelo estudioso alemão Rudolf Kittel e aprimorada pelo erudito alemão Paul E. Kahle. Tal edição é conhecida como Biblia Hebraica (lat. Bíblia Hebraica), sendo
publicada pela primeira vez por Kittel, em Leipzig, Alemanha, em 1905-1906. Esta edição
foi sucedida pela seguinte, em 1913. Ambas as edições tinham por base, ainda, o texto da
Segunda Bíblia Rabínica, de Jacó ben Hayyim, que tinha se tornado o Textus Receptus. Desde
os anos 1920, por sugestão de Kahle, Kittel abandonou o Textus Receptus para publicar na sua
terceira edição o texto e a masora parva do Códice de Leningrado B19a (L), datado de 10081009. Esta edição é conhecida como Biblia Hebraica (BHK), sendo publicada em Württhemberg, Alemanha, em 1929-1937. Tal obra foi sucedida pela Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS)
(Stuttgart, 1967-1977), editada por Karl Elliger e Wilhelm Rudolph, publicada pela Deutsche
Bibelgesellschaft, em Stuttgart, Alemanha. A BHS é baseada também no texto e na masora
parva do Códice L, mas com modificações e correções feitas por Gérard E. Weil. A masora
magna do Códice L foi publicada em um volume intitulado Massorah Gedolah iuxta Codicem
Leningradensem B19a (Roma, 1971), que é o volume dois da BHS. A BHS é publicada no Brasil
pela Deutsche Bibelgesellschaft e pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) (Stuttgart-Barueri,
2009). Além disso, a referida obra é a base do Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português
(ATI) (Barueri, 2012-), editado pela SBB.
b. O texto da Biblia Hebraica Stuttgartensia e da Biblia Hebraica Quinta
A BHS apresenta um texto do auge da atividade massorética ocorrida no século 10
com a família Ben Asher, em Tiberíades, na Palestina. Um dos mais importantes manuscritos
100
massoréticos que representa a tradição Ben Asher é o Códice L, por ser, além disso, o manuscrito mais antigo que contém a totalidade do Antigo Testamento hebraico. A BHS reproduz tal manuscrito de maneira diplomática. Portanto, a BHS procura reproduzir, fielmente,
o texto de tal códice massorético, junto com a masora parva. Tal edição traz um aparato crítico
no rodapé de cada página com citações de manuscritos bíblicos hebraicos antigos e medievais
e de versões bíblicas antigas em hebraico samaritano, em aramaico, em siríaco, em grego, em
latim, em copta, em etíope, em árabe e em armênio. Além das versões bíblicas clássicas, a
edição leva em consideração, igualmente, algumas citações bíblicas registradas na literatura
rabínica da época talmúdica. Todas estas citações indicam onde outros manuscritos hebraicos
e as versões bíblicas clássicas diferem do texto do Códice L. Além disso, o aparato crítico
registra variantes entre o Códice L e entre a Segunda Bíblia Rabínica e outras edições clássicas
do texto bíblico hebraico.
Atualmente, já está sendo produzida a edição sucessora da BHS, denominada Biblia
Hebraica Quinta (BHQ) (Stuttgart, 2004-), editada por Adrian Schenker e outros, publicada
pela Deutsche Bibelgesellschaft. Tal obra tem por base, igualmente, o texto do Códice L
junto com todas as anotações da masora parva e da masora magna. A BHQ reproduz, de maneira
ainda mais diplomática, tanto o texto quanto as anotações massoréticas do Códice L. Agora,
as anotações da masora magna são colocadas na própria edição, logo abaixo do texto bíblico
hebraico e não mais em um volume em separado, como na BHS.
Como ilustração, abaixo estão imagens do início do livro de Esdras-Neemias na BHS
e na BHQ.
Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS)
Biblia Hebraica Quinta (BHQ)
O texto bíblico no corpo principal é exatamente o mesmo entre a BHS e a BHQ,
com algumas pouquíssimas alterações na disposição do texto. Outra diferença perceptível
são as anotações da masora parva na margem lateral esquerda do texto. A BHQ apresenta a
masora parva original do Códice L, em contraste com a forma corrigida, editada e ampliada na
BHS. Outra diferença ainda mais evidente é a inclusão das anotações da masora magna, logo
abaixo do corpo principal do texto na BHQ, na forma original do Códice L. A principal e
101
maior diferença entre ambas as edições é relacionada, principalmente, com o aparato crítico.
O aparato crítico da BHS possui o total de 6 linhas de texto, enquanto o da BHQ possui o
total de 14 linhas (oito linhas de diferença). Os antigos testemunhos textuais citados no aparato crítico sempre mostram onde diferem do texto principal da referida edição. A BHQ está
sendo publicada em fascículos e levará alguns anos para ser concluída. Até o momento foram
publicados os seguintes fascículos: Meguillot (Rt, Ct, Ec, Lm e Et) (Stuttgart, 2004), Deuteronômio (Stuttgart, 2007), Provérbios (Stuttgart, 2008), os Doze Profetas Menores (Stuttgart,
2010), Juízes (Stuttgart, 2011) e em breve será publicado Gênesis (Stuttgart, 2015).
c. O Hebrew Old Testament (Textus Receptus) e a Biblia Hebraica Stuttgartensia
Abaixo estão imagens do início do livro de Esdras-Neemias na edição Hebrew Old
Testament, de Christian D. Ginsburg, publicada pela Trinitarian Bible Society (London, 1894)
e a edição Biblia Hebraica Stuttgartensia (Stuttgart-Barueri, 2009), publicada pela Deutsche Bibelgesellschaft e pela SBB. A obra da esquerda representa o Textus Receptus, editado por Ginsburg e a obra da direita representa o texto do auge da atividade massorética, ocorrida no
século 10 e ligada à família Ben Asher e atestada no Códice L.
Hebrew Old Testament (Textus Receptus)
Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS)
Algumas diferenças textuais entre ambas as edições:
O título do livro bíblico no Textus Receptus é apenas (hebr. Esdras), mas é
(hebr. Esdras-Neemias) na BHS. Não há separação entre ambas as obras bíblicas, constituindo um só livro; apenas os títulos mudam, quando do final de Esdras e o início de
Neemias.
Nos versículos 1 (duas vezes), 2, 3, 5 e 7 o tetragrama é vocalizado como (hebr.
YHWH) com os sinais vocálicos shewá audível, 'olem e qamets) no Textus Receptus, mas é
vocalizado como (hebr. YHWH) (com os sinais vocálicos shewá audível e qamets) na
102
BHS. A vocalização da BHS é a mais antiga, datando da época dos massoretas, como atestada no Códice L.
No versículo 4, a locução (hebr. que ele) possui o sinal maqqef e uma vez o acento
conjuntivo munnah. A mesma expressão é vocalizada como (hebr. que ele), sem o
sinal maqqef e possuindo duas vezes o acento conjuntivo munnah na BHS.
Nos versículos 4 e 5, o título divino (hebr. o Deus) possui o acento secundário
meteg no Textus Receptus. A mesma nominação divina é vocalizada como (hebr. o
Deus) sem o referido acento na BHS.
No versículo 5, a locução (hebr. os pais) possui o acento secundário meteg no Textus
Receptus. A mesma expressão é vocalizada como (hebr. os pais) sem o referido
acento na BHS.
No versículo 5, na locução (hebr. e os sacerdotes e os levitas) é encontrado
o acento secundário meteg nas duas palavras. A mesma expressão é vocalizada como
(hebr. e os sacerdotes e os levitas) sem o referido acento na BHS.
No versículo 5, a expressão (hebr. em Jerusalém) possui o acento secundário
meteg no Textus Receptus. A mesma expressão é vocalizada como (hebr. em Jerusalém) sem o referido acento na BHS.
Referências Bibliográficas
FISCHER, Alexander A. O Texto do Antigo Testamento – Edição Reformulada da Introdução à Bíblia
Hebraica de Ernst Würthwein. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.
FRANCISCO, Edson de F. Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético – Guia
Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
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Stuttgartensia: Introduction and Annotated Glossary. Grand Rapids-Cambridge: Eerdmans,
1998.
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Literários. Canoas: ULBRA, 2006, p. 33-42.
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Paulo: Vida Nova, 2008, p. 59.
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____. Crítica Textual da Bíblia Hebraica. Niteroi. BV Books, 2017.
TREBOLLE BARRERA, Julio. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à História da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 310-324.
WONNEBERGER, Reinhard. Understanding BHS – A Manual for the Users of Biblia Hebraica
Stuttgartensia. 3. ed. Subsidia Biblica 8. Roma: Pontificium Institutum Biblicum, 2001.
WÜRTHWEIN, Ernst. The Text of the Old Testament: An Introduction to the Biblia Hebraica. 2. ed.
Grand Rapids: Eerdmans, 1995.
103
24. Utilização da Edição
Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS)
A edição Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) (Stuttgart, 1967-1977), editada pelos estudiosos alemães Karl Elliger e Wilhelm Rudolph, é publicada pela Deutsche Bibelgesellschaft (Sociedade Bíblica Alemã), em Stuttgart, Alemanha. A mesma edição é publicada
no Brasil pela Deutsche Bibelgesellschaft e pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) (StuttgartBarueri, 2009). A referida obra é a base do Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI)
(Barueri, 2012-), editado pela SBB. A BHS tem por base o texto e as anotações massoréticas
do Códice de Leningrado B19a (L). Este códice massorético, datado de 1008-1009, é um dos
mais importantes, sendo o manuscrito mais antigo que contém a totalidade do texto bíblico
hebraico. Hoje, o Códice L pertence à Biblioteca Nacional Russa, em São Petersburgo, na
Rússia. A BHS é a atual edição crítica padrão do texto da Bíblia Hebraica para o mundo
erudito, sendo composta por quatro componentes principais:
Texto bíblico hebraico baseado no Códice L. O texto principal da edição → A.
Anotações da masora parva do Códice L. Anotações marginais laterais → B.
Aparato massorético: referência às listas da masora magna do Códice L que são encontradas
na Massorah Gedolah iuxta Codicem Leningradensem B19a. → C.
Aparato crítico. Observações sobre questões textuais entre versões e manuscritos → D.
A figura abaixo mostra a página 1411 da BHS, correspondente ao texto de EsdrasNeemias 1.1a-10a:
B
A
C
D
A: A BHS reproduz de maneira diplomática o texto do Códice L, em todos os seus detalhes
textuais. Os erros do copista responsável pela confecção do Códice L são mantidos no
texto principal. Os erros de cópia são comentados no aparato crítico.
104
B: Anotações da masora parva do Códice L. Anotações curtas sobre detalhes textuais. Algumas notas são complementadas pela masora magna.
C: Aparato massorético. Referência às listas da masora magna do Códice L. Anotações longas sobre detalhes textuais. Tais notas possuem relação com a masora parva. As listas da
masora magna são encontradas na obra Massorah Gedolah iuxta Codicem Leningradensem B19a
(Roma, 1971), que é o volume dois da BHS.
D: Aparato crítico. Citações de manuscritos bíblicos hebraicos antigos e medievais e de
versões bíblicas antigas em hebraico samaritano, em aramaico, em siríaco, em grego, em
latim, em copta, em etíope, em árabe e em armênio. Todas estas citações indicam onde
outros manuscritos hebraicos e as versões bíblicas clássicas diferem do texto do Códice L.
A figura abaixo mostra o fólio 6b do Códice L, correspondente a Gênesis 11-6b-12.1a.
Foram compostos vários manuais para a utilização da BHS em inglês, em francês, em
alemão e em hebraico. Em português, a obra Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto
Massorético – Guia Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia (3. ed., Vida Nova, 2008), de
Edson de Faria Francisco, é dedicada exclusivamente à utilização da BHS.
Exemplo de anotação da masora parva:
Texto: Esdras 1.1: (hebr. E no ano de).
anotação na masora parva:
1
(a palavra [hebr. E no ano de] ocorre 10 vezes na Bíblia Hebraica, nove das quais
no início de versículo).
Exemplo de lista da masora magna:
105
Referência no aparato massorético: 1Mm 3789. Na lista Mm 3789 da Massorah Gedolah são
encontradas as informações sobre a palavra (hebr. E no ano de) em Esdras 1.1:
(a palavra [hebr. E no ano de] ocorre 10 vezes na Bíblia Hebraica, nove das quais
no início de versículo e as suas referências bíblicas são: [no início de versículo] 1Rs 15.1;
15.9; 2Rs 8.16; 9.29; Dn 2.1; Ed 1.1; 2Cr 17.7; 34.8; 36.22 e [no meio de versículo] Jr 17.8).
Exemplos de anotação do aparato crítico:
Texto: Esdras 1.1: a (hebr. da minha boca).
Cp 1,1 a 2 Chr 36,22 et 2,1
(em 2Crônicas 36.22 e em 3Esdras na Septuaginta consta a palavra [hebr. na minha
boca]).
Texto: Esdras 1.3: a (hebr. e que seja).
3 a 2 Chr 36,23
(em 2Crônicas 36.23 encontra-se o tetragrama [hebr. YHWH]).
Texto: Esdras 1.6: a (hebr. nas mãos deles).
Ms
(um manuscrito hebraico medieval possui a leitura [hebr. as mãos deles]).
Texto: Esdras 1.7: a (hebr. o que fez sair).
prp cf
(é proposta a leitura [hebr. trouxe], conferir a Septuaginta, 3Esdras na Septuaginta e
a Vulgata).
Referências Bibliográficas
BROTZMAN, Ellis R.; TULLY, Eric J. Old Testament Textual Criticism: A Practical Introduction. 2.
ed. Grand Rapids: Baker Academic, 2016.
DE BENOIT, Luc; NICOLE, Emile. Biblia Hebraica Stuttgartensia, Sigles et Abréviations. PierrefitteNogent-sur-Marne: Societe Biblique Francaise-Association Pour la Lec-ture de la
Bible Hébraïque, 1989.
FISCHER, Alexander A. O Texto do Antigo Testamento – Edição Reformulada da Introdução à Bíblia
Hebraica de Ernst Würthwein. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.
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Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
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Stuttgartensia: Introduction and Annotated Glossary. Grand Rapids-Cambridge: Eerdmans,
1998.
PISANO, Stephen. “O Texto do Antigo Testamento”. In: SIMIAN-YOFRE, Horácio (coord.)
et alii. Metodologia do Antigo Testamento. Coleção Bíblica Loyola 28. São Paulo: Loyola,
2000, p. 39-71.
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Biblia Hebraica Stuttgartensia. Genebra: Labor et Fides, 1994.
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WÜRTHWEIN, Ernst. The Text of the Old Testament: An Introduction to the Biblia Hebraica. 2. ed.
Grand Rapids: Eerdmans, 1995.
107
25. Utilização do Software BibleWorks - BHS
a. Introdução
O software bíblico BibleWorks é um programa para todos aqueles que trabalham com
textos bíblicos. O programa possui versões da Bíblia em inúmeras línguas, como português,
espanhol, italiano, inglês, francês, alemão, coreano, chinês, árabe, entre outras línguas, além
de possuir várias edições da Bíblia em cada uma dessas linguagens. O software BibleWorks
possui, ainda, gramáticas, dicionários, concordâncias, entre outros recursos. Além das versões bíblicas em línguas modernas, o software possui a maior parte das versões clássicas da
Bíblia, como o Texto Massorético (hebraico), a Septuaginta (grego), a Vulgata (latim), o Targum (aramaico) e a Peshitta (siríaco). Para o estudante de teologia, os dois principais textos
bíblicos são o Antigo Testamento hebraico (a Bíblia Hebraica) e o Novo Testamento grego.
A edição principal do Antigo Testamento hebraico é a Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) (5.
ed, 1997), que no programa é designada pela sigla WTT. As três colunas principais do programa são as seguintes:
Coluna da esquerda: concordância onde constam todas as ocorrências de uma determinada palavra ou expressão, que é assinalada no texto bíblico hebraico.
Coluna central: texto bíblico hebraico da BHS.
Coluna da direita: dicionário ou gramática do hebraico bíblico.
Abaixo, a imagem mostra a entrada Hebrew (ingl. hebraico), na qual são listadas várias versões bíblicas em hebraico, aramaico e siríaco. A principal versão é aquela designada
pela sigla WTT Leningrad Hebrew Old Testament (ingl. Antigo Testamento Hebraico de
Leningrado), que é o texto da BHS. Tal edição tem por base o Códice de Leningrado B19a
(L) (1008-1009), um dos principais manuscritos massoréticos no texto bíblico hebraico.
108
b. O substantivo em Deuteronômio 1.2
A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico hebraico da BHS, em
Deuteronômio 1.2, destacando o substantivo em estado construto singular (hebr. o caminho de), que é assinalado em cor amarela. A coluna da esquerda, que é uma concordância,
mostra todas as passagens onde o substantivo em relevo ocorre no texto bíblico hebraico. A
coluna da direita, que é um léxico, fornece informações gramaticais sobre o vocábulo em
realce. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações sucintas como significado básico e breve classificação gramatical.
Detalhe para ser comentado é sobre a coluna da esquerda: a concordância lista, unicamente, a forma da palavra que aparece no texto bíblico hebraico em Deuteronômio 1.2,
sem atentar para outras formas. Neste caso, a concordância lista a lexia (hebr. o caminho
de) em forma singular, em estado construto, mas sem nenhum componente gramatical, como
artigo, preposição, conjunção, sufixo pronominal etc. De acordo com a concordância, esta
forma da palavra ocorre em 177 versículos, entre os quais Gênesis 3.24; 18.19; 30.36; Êxodo
3.18; Números 20.17; Deuteronômio 1.2 etc. Note que a palavra é destacada em cor amarela
na lista de versículos bíblicos.
A coluna da direita mostra o verbete dedicado ao item lexical (hebr. caminho),
em estado absoluto singular, no léxico The Concise Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament, de William L. Holladay. Este léxico possui versão em português, sendo intitulado Léxico
Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2010).
Na coluna da direita, constam várias informações gramaticais, como a forma da palavra no estado absoluto singular (), o estado construto, a forma plural, a forma em pausa
e a palavra com os vários sufixos pronominais. Além disso, há os significados (caminho,
estrada, maneira, costume etc.) e referências bíblicas onde aparece (Gn 3.24; Dt 19.3; 1Sm
21.6; Is 59.8 etc.). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas
sobre o vocábulo em Deuteronômio 1.2:
caminho, estrada, distância, jornada, maneira
substantivo comum ambos construto singular
109
c. A forma verbal em Deuteronômio 1.11
A próxima imagem mostra, na coluna central, o texto bíblico hebraico da BHS, em
Deuteronômio 1.11, destacando a forma verbal (hebr. falou), assinalada em cor amarela.
A coluna da esquerda mostra todas as passagens onde a referida forma verbal aparece no
texto bíblico hebraico. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre o mesmo
item verbal. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece
informações sucintas sobre o verbo, como significado básico e breve descrição gramatical.
Detalhe para ser comentado é sobre a coluna da esquerda: a concordância lista, unicamente, o item verbal que aparece no texto bíblico hebraico em Deuteronômio 1.11. Neste
caso, a concordância lista a forma verbal (hebr. falou), que é relacionada com a raiz
verbal II , na conjugação piel, sendo a terceira pessoa masculina singular, no tempo perfeito. De acordo com a concordância, esta forma verbal consta em 757 versículos, entre os
quais Gênesis 12.4; 17.23; 18.19; 21.2; 23.16; 35.15; 42.30 etc. Note que a forma verbal é
destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos. Observação: o software BibleWorks
reconhece apenas as consoantes da palavra e não a sua vocalização. Com isso, é necessário
examinar cada versículo para saber exatamente as ocorrências da forma verbal em destaque
no texto bíblico na coluna central do software.
A coluna da direita mostra o verbete dedicado às várias formas da raiz verbal II,
nas conjugações piel, pual, nifal e hitpael no léxico de Holladay. Observe que a mencionada
obra lexicográfica fornece todas as formas da raiz verbal em destaque, os significados (falar,
prometer, ordenar, conversar etc.) e as passagens bíblicas onde aparecem (Êx 4.14; Jz 5.12;
Jr 32.42; Sl 119.23 etc.). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas sobre a expressão em Deuteronômio 1.11:
qal: falar; nifal: falar com; piel: falar; pual: ser falado; hitpael: falar; hifil: conduzir
verbo piel perfeito terceira pessoa masculina singular, homônimos: 2
110
d. A palavra em Deuteronômio 1.8
A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico hebraico da BHS, em Deuteronômio 1.8, destacando a palavra (hebr. a terra), que é assinalada em cor amarela.
A coluna da esquerda mostra todas as passagens onde o vocábulo em relevo ocorre no texto
bíblico hebraico. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre a lexia em realce.
A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações
sucintas sobre a palavra, como significado básico e breve classificação gramatical.
Detalhe para ser comentado é sobre a coluna da esquerda: a concordância lista, unicamente, a forma da palavra que aparece no texto bíblico hebraico em Deuteronômio 1.8,
sem atentar para outras formas da palavra em destaque. Neste caso, a concordância lista a
palavra (hebr. a terra), com ou sem a partícula de objeto direto, com artigo definido,
com ou sem o sinal maqqef e a palavra no singular. De acordo com a concordância, esta lexia
ocorre em 853 versículos, entre os quais Gênesis 1.1; 1.12; 1.29; 6.17; 7.3; 7.14 etc. Note que
a expressão é destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos.
A coluna da direita mostra o verbete dedicado à palavra (hebr. terra) no léxico
de Holladay, destacando, ainda, a partícula de objeto direto e o artigo definido . Observe
que a mencionada obra lexicográfica fornece vários significados do item lexical (terra, chão,
território, país etc.) e as passagens bíblicas onde aparece (Gn 18.2; Êx 15.12; Is 1.2; Sl 1.4
etc.). Tal detalhamento gramatical aparece, igualmente, na janela em pop-up em cor amarela
clara, na coluna central que possui o texto bíblico hebraico em Deuteronômio 1.8:
(1) com (denotando proximidade); (2) enxadão; (3) sinal não
traduzível de caso acusa-
tivo
partícula de objeto direto homônimo do marcador 1
o
partícula, artigo
terra, país, chão
substantivo comum feminino absoluto singular
111
e. O vocábulo em Deuteronômio 1.13
A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico hebraico da BHS, em
Deuteronômio 1.13, destacando o vocábulo (hebr. conforme as vossas tribos), que
é assinalado em cor amarela. A coluna da esquerda mostra todas as passagens onde a palavra
em relevo ocorre no texto bíblico hebraico. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre a lexia em destaque. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na
coluna central, fornece informações sucintas sobre a palavra, como significado básico e breve
descrição gramatical.
Detalhe para ser observado é sobre a coluna da esquerda: a concordância lista, unicamente, a forma do vocábulo que aparece no texto bíblico hebraico em Deuteronômio 1.13,
sem atentar para outras formas da mesma. Neste caso, a concordância lista a palavra
(hebr. conforme as vossas tribos), com preposição inseparável, com sufixo pronominal de
segunda pessoa masculina plural e a palavra no plural. De acordo com a concordância, tal
locução ocorre em apenas cinco versículos: Deuteronômio 1.13; 1.15; Josué 7.14; 23.4 e 1Samuel 10.19. Note que a lexia é destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos.
A coluna da direita mostra o verbete dedicado à palavra (hebr. tribo) no léxico de
Holladay, destacando, ainda, a preposição inseparável e formas da referida palavra com
vários sufixos pronominais. Observe que a mencionada obra lexicográfica fornece vários
significados do item lexical (tribo, vara, bastão etc.) e as passagens bíblicas onde aparece (Gn
27.37; Lv 27.32; 2Sm 7.14; Is 11.4 etc.). Tal detalhamento gramatical aparece, igualmente, na
janela em pop-up em cor amarela clara, na coluna central que possui o texto bíblico hebraico
em Deuteronômio 1.13:
para, em direção a, em, de acordo com, a respeito de
partícula, preposição
vara, bastão, clava, cetro, tribo
substantivo comum masculino construto plural
sufixo de segunda pessoa masculina plural
112
f. Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português e BibleWorks
Abaixo, uma análise de Êxodo 1.9 e de 1Samuel 12.1, tendo como base a tradução
do Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, vol. 1: Pentateuco (SBB, 2012) e Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, vol. 2: Profetas Anteriores (SBB, 2014) (ATI) e com as informações do software BibleWorks. Observação: os números sobrescritos conectam as palavras e
expressões do texto bíblico hebraico com os quadros em cor bege com as informações das
janelas em formato pop-up que aparecem na coluna central que apresenta o texto bíblico hebraico no software BibleWorks.
Êxodo 1.9
1
2
5
4
3
2
1
os filhos de
o povo de
Eis que
ao povo dele:
e disse
9
8
7
6
do que nós.
e poderoso
numeroso
Israel,
qal: dizer; nifal: ser dito, chamado;
hifil: declarar; hitpael: gloriar-se
e, então, assim, quando,
agora, ou, mas, que
partícula, conjunção
verbo qal waw consecutivo imperfeito terceira pessoa
masculina singular; homônimo: 1
povo, parente, nação, tribo
substantivo comum masculino construto singular
sufixo de terceira pessoa masculina singular
para, em, em direção a
partícula, preposição
eis!, eis que
partícula, interjeição
3
4
povo, parente, nação, tribo
substantivo comum masculino construto singular
5
filho, descendente
substantivo comum masculino construto plural; homônimo: 1
6
Israel (“Deus luta”)
nome próprio sem gênero, sem número, sem estado
7
8
9
(1) muito, grande número, grande; (2) chefe
adjetivo masculino absoluto singular; homônimos: 2
e, então, assim, quando,
agora, ou, mas, que
partícula, conjunção
poderoso, numeroso
adjetivo masculino absoluto singular
de, desde, por, por razão de, em, por causa de, mais do que
partícula, preposição
sufixo de primeira pessoa comum plural
113
1Samuel 12.1
6
5
4
3
2
1
a vossa voz,
escutei
Eis que
a todo Israel:
Samuel
Então, disse
12
11
10
9
8
7
rei.
sobre vós
e fiz reinar
a mim;
o que dissestes
em tudo
1
qal: dizer; nifal: ser dito, chamado;
hifil: declarar; hitpael: gloriar-se
verbo qal waw consecutivo imperfeito terceira pessoa
masculina singular; homônimo: 1
(“nome de Deus”)
nome próprio sem gênero, sem número, sem estado
2
3
e, então, assim, quando,
agora, ou, mas, que
partícula, conjunção
para, em, em direção a
partícula, preposição
tudo, cada, todo,
o todo, algum
substantivo comum
masculino singular
construto
Israel (“Deus luta”)
nome próprio sem gênero, sem
número, sem estado
eis!, eis que
partícula, interjeição
4
5
qal: escutar; nifal: ser escutado
hifil: fazer escutar; piel: fazer escutar
verbo qal perfeito primeira pessoa comum singular
em, por, com, entre
partícula, preposição
6
para, em direção a, em, de
acordo com, a respeito de
partícula, preposição
quem, qual, que, porque,
quando, por causa de
partícula relativa
9
10
som, voz
substantivo comum masculino singular construto
sufixo de segunda pessoa masculina plural
7
8
tudo, cada, todo, o todo, algum
substantivo comum masculino singular construto
qal: dizer; nifal: ser dito, chamado;
hifil: declarar; hitpael: gloriar-se
verbo qal perfeito segunda pessoa masculina plural;
homônimo: 1
para, em direção a, em, de acordo com, a respeito de
partícula, preposição
sufixo de primeira pessoa comum singular
e, então, assim, quando,
agora, ou, mas, que
partícula, conjunção
qal: ser rei, reinar; hifil: fazer reinar;
hofal: tornar-se rei
verbo hifil waw consecutivo imperfeito primeira pessoa
comum singular; homônimo: 1
114
11
12
(1) sobre, acima de, por causa de, contra; (2) altura
partícula, preposição
sufixo de segunda pessoa masculina plural; homônimos: 2
rei
substantivo comum masculino singular absoluto; homônimo: 1
g. Download
Abaixo está o título completo do software e informações para download.
BibleWorks 8: Software for Biblical Exegesis and Research. Norfolk: Bibleworks, LLC, 2008.
Sites para download:
www.bibleworks.com.
www.4shared.com.
194.71.107.80/torrent/5359588/BibleWorks_8.
Página de software bíblico on-line: www.biblehub.com.
Página de links para download: www.airtonjo.com/links19.htm.
Exercícios.
α. Fazer a classificação gramatical de Números 1.26 e de 2Reis 17.1, tendo como base a obra
Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI), vols. 1 e 2 com as informações do software
BibleWorks ou com as informações da página www.biblehub.com.
115
26. Verbo no Hebraico Bíblico: Introdução Panorâmica
a. Introdução
Este estudo apresenta os principais aspectos do sistema verbal do hebraico bíblico,
servindo como introdução panorâmica ao assunto.
b. Características gerais
O sistema verbal do hebraico bíblico consiste nos seguintes componentes:
Tempos verbais
Pessoas
Número
Conjugações
Raízes verbais
Perfeito (ação concluída [passado]), imperfeito (ação não concluída
[futuro]) e particípio (ação em andamento [presente]).
Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas.
Singular e plural.
Três vozes ativas, três vozes passivas e uma voz reflexiva.
Raiz com três letras consonantais (raízes triconsonantais), que forma
a base dos verbos (o núcleo do verbo).
c. Raiz verbal
No hebraico bíblico, os verbos são formados tendo como base, normalmente, uma
raiz verbal constituída por três letras consonantais. Sobre a raiz verbal são colocados prefixo
(para indicar o imperfeito [ação que não foi concluída]), sufixos (para indicar o perfeito [ação
que foi concluída]) ou infixos (para indicar o particípio [ação em andamento]), formando,
assim, a forma verbal de acordo com tempo, pessoa e conjugação etc. Exemplos com a raiz
verbal (guardar) na conjugação qal (ação simples ativa) são dados a seguir:
(guardará): a raiz verbal com prefixo pronominal de terceira pessoa masculina singular do imperfeito.
(guardaram): a raiz verbal com sufixo pronominal de terceira pessoa masculina plural do perfeito.
(o que guarda): a raiz verbal com infixo pronominal de terceira pessoa masculina singular do particípio.
Algumas raízes verbais muito frequentes no texto bíblico hebraico são as seguintes:
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
amar, gostar.
edificar, ser edificado, construir, ser construído, reedificar, constituir família.
abençoar, ser abençoado, bendizer, ser bendito, abençoar-se.
crescer, ser grande, tornar-se grande, tornar grande, deixar crescer.
gerar, fazer gerar, ser gerado, parir, nascer, ser nascido, assistir ao parto.
habitar, ser habitado, fazer habitar, residir, morar, assentar-se, sentar-se.
salvar, ser salvo, libertar, redimir, socorrer, auxiliar, dar assistência.
reinar, ser rei, tornar-se rei, fazer reinar, dominar.
ungir, ser ungido, untar, ser untado, besuntar.
erguer, erguer-se, carregar, fazer carregar, levar, ser levado, suportar.
servir, fazer servir, trabalhar, ser trabalhado, prestar culto.
subir, fazer subir, ascender, ofertar, ser ofertado, ser levado embora.
ser justo, mostrar-se justo, justificar, justificar-se, fazer justiça.
ordenar, mandar, dar ordens, receber ordens, ser comandado.
santificar, ser santificado, declarar santo, consagrar, ser consagrado.
levantar-se, fazer levantar, ser levantado, erguer, pôr de pé, validar.
116
→
→
→
→
retornar, voltar, restaurar, retribuir, reverter, restabelecer, converter-se.
escutar, fazer escutar, ouvir, prestar a atenção, obedecer, atender.
guardar, guardar-se, ser guardado, proteger, conservar, manter.
julgar, entrar em juízo, exercer a função de juiz, sentenciar, decidir.
Os dicionários de hebraico bíblico enumeram (I, II, III etc.) aquelas raízes verbais
que possuem significados distintos, como as seguintes:
I → dizer, ser dito, fazer dizer.
II → vangloriar-se, gloriar-se em.
I
II
III
IV
→
→
→
→
criar, ser criado.
engordar-se.
arrotear.
comer, fazer comer, dar a dieta a.
I → declarar, anunciar, proclamar, informar.
II → prostrar-se, inclinar-se, adorar.
I → lançar, atirar, flechar, ser flechado.
II → dar de beber.
III → instruir, ensinar.
A seguir, como exemplificação, há as quatro acepções distintas da raiz verbal , na
obra de Nelson Kirst et alii (eds.), Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português (29. ed.
São Leopoldo: Sinodal, 2014), p. 105.
Nos dicionários de hebraico bíblico, sempre o verbo é mostrado por meio da raiz
verbal constituída por três letras consonantais. Logo em seguida, há as conjugações, as principais formas verbais registradas no texto bíblico hebraico, os possíveis significados e referências bíblicas. A seguir, como exemplo, a raiz verbal na obra de William L. Holladay
(ed.), Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2010), p. 280.
117
Observação importante: nos dicionários de hebraico bíblico, sempre são encontradas
as raízes verbais e as formas verbais que são registradas ao longo do texto da Bíblia Hebraica.
No período bíblico (c. séc. 12 a.C. ao 2º séc. a.C.), existiam outras raízes verbais e outras
formas verbais, mas que não foram registradas no texto bíblico hebraico. O dicionário que
registra mais raízes verbais hebraicas, não somente aquelas encontradas no hebraico bíblico,
mas também aquelas achadas em outros documentos, como os Manuscritos do Mar Morto,
entre outros, é a obra de David J. A. Clines (ed.), The Dictionary of Classical Hebrew (9 vols.,
Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 1993-2015). Uma edição concisa do mesmo autor em um
único volume é a The Concise Dictionary of Classical Hebrew (Sheffield: Sheffield Phoenix Press,
2009).
A maior parte dos substantivos do hebraico bíblico é derivada de raízes verbais, como
nos exemplos abaixo:
(peregrinar)
(abater)
(gerar)
(salvar)
(reinar)
(ungir)
(profetizar)
(ser justo)
(congregar)
(alegrar)
→
→
→
→
→
→
→
→
→
→
(peregrino), (peregrinação).
(abate), (abate), (cozinheiro de carne).
(menino), (menina), (nascido), (infância).
(salvação), (salvação), (salvação), (salvador).
(rei), (rainha), (reino), (reinado).
(unção), (unção), (ungido).
(profeta), (profetisa), (profecia).
(justo), (justo), (justiça).
(congregação), (congregação), (congregação).
(alegre), (alegria).
118
(residir)
(julgar)
→ (residente), (residência, tabernáculo), (residência).1
→ (juiz), (julgamento), (juízo).
d. Verbo forte
Verbo forte ou verbo regular é aquele que possui três consoantes fortes na sua raiz,
na conjugação qal, no tempo perfeito, na terceira pessoa masculina singular. As consoantes
fortes são as seguintes: , , , , , , , , (esta última quando for a consoante final de
alguma raiz), , , , , (esta última somente quando for a consoante final de alguma raiz),
, e . Isso significa que as três consoantes do verbo forte estarão sempre presentes nas
diversas formas verbais. Exemplos de algumas raízes do verbo forte:
(buscar, procurar)
I (crescer, ser grande,
(reinar, ser rei)
(esmigalhar)
(ser justo)
tornar grande)
(ser santo, santificar)
(matar, assassinar)
(residir)
(guardar)
(julgar)
Exemplos de formas verbais de verbos fortes, onde as consoantes da raiz estão sempre presentes:
I
(cresceste), (crescerá), (fez crescer), (o que faz crescer).
(reinar), (reinaram), (a que reina), (fazer reinar).
(matará), (o que mata), (o que é matado), (matei).
(residirei), (a que reside), (para fazer residir), (para residir).
e. Verbo fraco
Verbo fraco ou verbo irregular é aquele que possui uma ou mais consoantes fracas
na sua raiz, na conjugação qal, no tempo perfeito, na terceira pessoa masculina singular. As
consoantes fracas são as seguintes: , , , e às vezes . Verbo fraco também é aquele que
possui as consoantes , e quando são iniciais de alguma raiz verbal. Isso significa que as
três consoantes do verbo fraco nem sempre estarão todas presentes ou alguma delas pode
ser alterada nas diversas formas verbais. Exemplos de algumas raízes do verbo fraco:
I (armar tenda)
(clarear, luzir)
(cobrir, tapar)
(gerar)
(sair)
(salvar)
(fugir, escapar)
(cair)
(fazer, cumprir)
(escutar, ouvir)
Exemplos de formas verbais de verbos fracos, em que alguma das consoantes da raiz
podem desaparecer ou podem ser alteradas:
1
(fará clarear), (que faça clarear), (o que faz clarear), (e clareou).
(foi salvo), (serei salvo), (salvará), (o que salva).
(cairá), (o que faz cair), (fazer cair), (fará cair).
(fizeram), (fazer), (os que fazem), (e fez).
Essa palavra não é registrada no hebraico bíblico, mas é encontrada no hebraico rabínico.
119
f. Tempos verbais
O sistema verbal do hebraico bíblico possui os seguintes tempos e funções:
Tempos
Perfeito: (criou, cf. Gn 1.1).
Imperfeito: (permanecerão, cf. Nm 1.5).
Particípio: (o que cavalga [cavaleiro], cf. Dt 33.26).
Outras funções do imperfeito
Jussivo: (e que julgue, cf. Êx 5.21).
Coortativo: (e incineremos, cf. Gn 11.3).
Infinitivo
Infinitivo absoluto: (recordar, cf. Êx 20.8).
Infinitivo construto: (para dizer ou dizendo, cf. Dt 1.6).
Aspecto verbal
Wayyiqtol: (e chamou, cf. Lv 1.1).
Weqatal: (e derramará, cf. Lv 2.1).
Explicação dos tempos verbais:
Perfeito: indica ação que foi concluída, que foi realizada (ex.: matou, reinou, disse, subiu,
comeu, se levantou etc.).
Imperfeito: indica ação que ainda não foi concluída, que não foi realizada (ex.: matará,
reinará, dirá, subirá, comerá, se levantará etc.).
Particípio: indica uma ação em andamento (o que mata, o que reina, o que diz, o que
sobe, o que come, o que se levanta etc.).
Exemplos da utilização dos tempos imperfeito, perfeito e particípio no ATI:
Imperfeito
Êxodo 20.7
não
porque
para a
nulidade;
o teu Deus,
o nome de
YHWH,
pronunciarás
Não
o nome
dele
o que
pronunciar
para a
nulidade.
YHWH
inocentará
Êxodo 20.9
e farás
trabalharás
dias
Seis de
YHWH.
aos olhos de
graça
encontrou
E Noé
toda a tua obra;
Perfeito
Genesis 6.8
Gênesis 6.9
120
justo
homem
Noé,
Noé,
caminhava Noé.
com o Deus
nas gerações dele;
as gerações
de
Estas
era
íntegro
Particípio
Gênesis 4.2
o que
apascentava
e era Abel,
a Abel;
o irmão dele,
a gerar
E continuou
solo.
o que
trabalhava
era
e
Caim
gado miúdo,
Salmo 121.2
e terra.
céus
o que fez
YHWH;
de junto de
O meu auxílio
Explicação das outras funções do imperfeito:
Jussivo: forma verbal que expressa vontade, desejo ou ordem de quem fala, sendo a segunda
ou a terceira pessoa do singular do imperfeito (ex.: que julgue, que diga, que faça etc.).
Coortativo: forma verbal que expressa desejo e intenção de quem fala, sendo a primeira
pessoa do singular e do plural do imperfeito (ex.: julguemos, digamos, façamos etc.).
Exemplos da utilização do jussivo e do coortativo no ATI:
Jussivo
Gênesis 1.6
as águas;
no meio
de
firmamento
Que haja
Deus:
E disse
de águas.
águas
entre
o que faz separação
e que haja
Gênesis 1.9a
de debaixo de
as águas
Que se ajuntem
Deus:
E disse
a terra seca.
e que apareça
um,
para local
os céus
Coortativo
Gênesis 1.26a
(...)
como a nossa
semelhança; (...)
com a
nossa imagem,
humano
Façamos
Deus:
E disse
Gênesis 11.3a
em
incineração.
e
incineremos
tijolos façamos
tijolos
121
Vamos,
ao
próximo
dele:
cada
um
E
disseram
Explicação dos infinitivos:
Infinitivo absoluto: indica a forma do verbo no infinitivo, sem preposição prefixada
(dizer, recordar, reinar, ordenar etc.).
Infinitivo construto: indica a forma do verbo no infinitivo, com preposição prefixada,
podendo ser traduzida, também, como gerúndio (para dizer ou dizendo; para recordar ou
recordando; para reinar ou reinando; para ordenar ou ordenando etc.).
Exemplos da utilização do infinitivo absoluto e do infinitivo construto no ATI:
Infinitivo absoluto
Êxodo 20.8
para o consagrar dele.
o sábado
o dia de
Recordar
1Samuel 1.10b
pranteou.
e prantear
a YHWH
(...)
(...) e orou
Infinitivo construto
Êxodo 20.1
dizendo:
as estas,
todas as palavras
Deus
E falou
Joel 2.21
em fazer.
YHWH
porque torna
grande
e te alegra,
jubila
solo;
Que não temas,
g. Aspectos verbais: wayyiqtol e weqatal
Nos textos em prosa no hebraico bíblico, há normalmente a utilização dos aspectos
verbais wayyiqtol e weqatal.
Explicação dos aspectos verbais.
Wayyiqtol: forma verbal do imperfeito, mas tendo função de perfeito, por causa da presença do waw conversivo (ex.: e disse, e reinou etc.).
Weqatal: forma verbal do perfeito, mas tendo função de imperfeito, por causa da presença do waw conversivo (ex.: e dirá, e reinará etc.).
Exemplos da utilização dos aspectos wayyiqtol e weqatal no ATI:
Wayyiqtol
Êxodo 32.20a
fizeram,
que
(...)
e macetou (...)
o bezerro
e pegou
no fogo,
e incinerou
Ageu 1.12a
(...)
o filho de Salatiel, (...)
Zorobabel,
Então, escutou
122
Weqatal
Deuteronômio 6.3a
(...)
a ti, (...)
vá bem
o que
para cumprir e guardarás
Israel
E escutarás
Naum 3.6
como
espetáculo.
e te porei
e te
menosprezarei;
objetos sacros
repugnantes,
sobre ti
E lançarei
h. Conjugações verbais
O hebraico bíblico possui sete tipos de conjugação. Cada conjugação indica o tipo da
ação verbal exercida ou sofrida pelo sujeito:
qal ( ou ): ação simples, voz ativa.
nifal (): ação simples, voz passiva.
piel (): ação intensiva, voz ativa.
pual (): ação intensiva, voz passiva.
hifil (): ação causativa, voz ativa.
hofal (): ação causativa, voz passiva.
hitpael (): ação reflexiva.
Exemplo: as raízes verbais (matar), (quebrar) e I (ser grande) conjugadas
nas sete conjugações, na terceira pessoa masculina singular do tempo perfeito.
qal: (matou); (quebrou); (foi grande).
nifal: (foi morto); (foi quebrado); (tornou-se grande).
piel: (assassinou); (estraçalhou); (tornou grande).
pual: (foi assassinado); (foi estraçalhado); (foi tornado grande por).
hifil: (fez matar); (fez quebrar); (tornou [algo] grande).
hofal: (foi morto por); (foi quebrado por); ([algo] foi tornado grande por).
hitpael: (se matou); (se quebrou); (se tornou grande).
Exemplos das conjugações verbais na voz ativa:
Raiz verbal (criar), conjugação qal: (criou, cf. Gn 1.1).
Raiz verbal (estraçalhar), conjugação piel: (e estraçalhou, cf. Êx 32.19).
Raiz verbal (fazer sair), conjugação hifil: (te fiz sair, cf. Êx 20.2).
Observação importante: nos dicionários de hebraico bíblico, sempre são encontradas
as conjugações verbais que são registradas ao longo do texto da Bíblia Hebraica. No período
bíblico (c. séc. 12 a.C. ao 2º séc. a.C.), existiam outras conjugações verbais, mas que não
foram registradas no texto bíblico hebraico. O dicionário que registra mais conjugações verbais hebraicas, não somente aquelas encontradas no hebraico bíblico, mas também aquelas
achadas em outros documentos, como os Manuscritos do Mar Morto, entre outros, é a obra
já mencionada anteriormente de Clines.
i. Paradigma do verbo forte
O paradigma da raiz verbal (matar) é dado a seguir como modelo do verbo forte.
As definições de cada conjugação na tabela a seguir servem apenas como acepções teóricas,
já que não constam no hebraico bíblico todas as formas da referida raiz verbal.
123
qal: matar.
nifal: ser morto.
piel: assassinar.
pual: ser assassinado.
hifil: fazer matar.
hofal: ser morto por.
hitpael: matar-se.
qal
perfeito
singular
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(matei)
(mataste)
(mataste)
(matou)
(matou)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
singular
(matarei)
(matarás)
(matarás)
(matará)
(matará)
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(matamos)
(matastes)
(matastes)
(mataram)
(mataram)
imperfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
plural
(mataremos)
(matareis)
(matareis)
(matarão)
(matarão)
particípio
singular
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
(o que mata)
(a que mata)
(o que é morto)
(a que é morta)
plural
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
(os que matam)
(as que matam)
(os que são mortos)
(as que são mortas)
imperativo
singular
2ª mc.
2ª fm.
(mata)
(mata)
inf. abs.
(matar)
plural
2ª mc.
2ª fm.
infinitivo
inf. cs.
wayyiqtol
wayyiq.
weqat.
(e matará)
juss.
(que mate)
(e matou)
weqatal
jussivo
coortativo
coor.
(que matemos)
124
(matai)
(matai)
(matar)
nifal
perfeito
singular
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(fui morto/a)
(foste morto)
(foste morta)
(foi morto)
(foi morta)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
singular
(serei morto/a)
(serás morto)
(serás morta)
(será morto)
(será morta)
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
imperfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(fomos mortos/as)
(fostes mortos)
(fostes mortas)
(foram mortos)
(foram mortas)
plural
(seremos mortos/as)
(sereis mortos)
(sereis mortas)
(serão mortos)
(serão mortas)
particípio
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
singular
não existe
não existe
(o que é morto)
(o que é morta)
2ª mc.
2ª fm.
singular
(sê morto)
(sê morta)
inf. abs.
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
plural
não existe
não existe
(os que são mortos)
(as que são mortas)
imperativo
plural
2ª mc.
2ª fm.
ou (ser morto)
infinitivo
inf. cs.
(sede mortos)
(sede mortas)
(ser morto)
wayyiqtol
wayyiq.
(e foi morto)
weqat.
(será morto)
weqatal
jussivo
juss.
coor.
(que seja morto)
coortativo
(que sejamos mortos)
piel
perfeito
1ª cm.
2ª mc.
singular
(assassinei)
(assassinaste)
plural
1ª cm.
2ª mc.
125
(assassinamos)
(assassinastes)
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(assassinaste)
(assassinou)
(assassinou)
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(assassinastes)
(assassinaram)
(assassinaram)
imperfeito
singular
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(assassinarei)
(assassinarás)
(assassinarás)
(assassinará)
(assassinará)
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
singular
(o que assassina)
(a que assassina)
não existe
não existe
2ª mc.
2ª fm.
singular
(assassina)
(assassina)
2ª mc.
2ª fm.
inf. abs.
(assassinar)
infinitivo
inf. cs.
wayyiq.
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(assassinaremos)
(assassinareis)
(assassinareis)
(assassinarão)
(assassinarão)
particípio
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
plural
(os que assassinam)
(as que assassinam)
não existe
não existe
imperativo
wayyiqtol
(e assassinou)
plural
(assassinai)
(assassinai)
(assassinar)
weqatal
weqat.
(e assassinará)
juss.
(que assassine)
coor.
coortativo
(que assassinemos)
jussivo
pual
perfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
singular
(fui assassinado/a)
(foste assassinado)
(foste assassinada)
(foi assassinado)
(foi assassinada)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
126
plural
(fomos assassinados/as)
(fostes assassinados)
(fostes assassinadas)
(foram assassinados)
(foram assassinadas)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
imperfeito
singular
1ª cm.
(serei assassinado/a)
2ª mc.
(serás assassinado)
2ª fm.
(serás assassinada)
3ª mc.
(será assassinado)
3ª fm.
(será assassinada)
plural
(seremos assassinados/as)
(sereis assassinados)
(sereis assassinadas)
(serão assassinados)
(serão assassinadas)
particípio
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
singular
não existe
não existe
(o que é assassinado)
(a que é assassinada)
2ª mc.
2ª fm.
singular
não existe
não existe
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
plural
não existe
não existe
(os que são assassinados)
(as que são assassinadas)
imperativo
inf. abs.
(ser
wayyiq.
assassinado)
2ª mc.
2ª fm.
infinitivo
inf. cs.
plural
não existe
não existe
(ser
assassinado)
wayyiqtol
(e foi assassinado)
weqatal
weqat.
(e será assassinado)
juss.
(que seja assassinado)
coor.
coortativo
(que assassinemos)
jussivo
hifil
perfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
singular
(fiz matar)
(fizeste matar)
(fizeste matar)
(fez matar)
(fez matar)
(farei matar)
(farás matar)
(farás matar)
(fará matar)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
imperfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
127
plural
(fizemos matar)
(fizestes matar)
(fizestes matar)
(fizeram matar)
(fizeram matar)
(faremos matar)
(fareis matar)
(fareis matar)
(farão matar)
3ª fm.
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
singular
(o que faz matar)
(a que faz matar)
não existe
não existe
2ª mc.
2ª fm.
singular
(faze matar)
(faze matar)
inf. abs.
(fazer matar)
wayyiq.
(e fez matar)
3ª fm.
(fará matar)
(farão matar)
particípio
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
plural
(os que fazem matar)
(as que fazem matar)
não existe
não existe
imperativo
2ª mc.
2ª fm.
infinitivo
inf. cs.
wayyiqtol
plural
(fazei matar)
(fazei matar)
(fazer matar)
weqatal
weqat.
(e fará matar)
juss.
coor.
coortativo
(que façamos matar)
jussivo
(que faça matar)
hofal
perfeito
singular
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(fui morto/a por)
(foste morto por)
(foste morta por)
(foi morto por)
(foi morta por)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
singular
(serei morto/a por)
(serás morto por)
(serás morta por)
(será morto por)
(será morta por)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(fomos mortos/as por)
(fostes mortos por)
(fostes mortas por)
(foram mortos por)
(foram mortas por)
imperfeito
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(seremos mortos/as por)
(sereis mortos por)
(sereis mortas por)
(serão mortos por)
(serão mortas por)
particípio
ativ. mc.
singular
não existe
ativ. mc.
128
plural
não existe
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
não existe
(o que é morto por)
(a que é morta por)
2ª mc.
2ª fm.
singular
não existe
não existe
inf. abs.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
não existe
(os que são mortos por)
(as que são mortas por)
imperativo
2ª mc.
2ª fm.
infinitivo
inf. cs.
(ser morto por)
plural
não existe
não existe
(ser morto por)
wayyiqtol
wayyiq.
weqat.
juss.
coor.
coortativo
(sejamos mortos/as por)
(e foi morto por)
weqatal
(e será morto por)
jussivo
(que seja morto por)
hitpael
perfeito
singular
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(me matei)
(te mataste)
(te mataste)
(se matou)
(se matou)
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
singular
(me matarei)
(te matarás)
(te matarás)
(se matará)
(se matará)
plural
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
(nos matamos)
(vos matastes)
(vos matastes)
(se mataram)
(se mataram)
imperfeito
1ª cm.
2ª mc.
2ª fm.
3ª mc.
3ª fm.
plural
(nos mataremos)
(vos matareis)
(vos matareis)
(se matarão)
(se matarão)
particípio
singular
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
(o que se mata)
(a que se mata)
não existe
não existe
plural
ativ. mc.
ativ. fm.
pass. mc.
pass. fm.
129
(os que se matam)
(as que se matam)
não existe
não existe
imperativo
singular
(te mata)
(te mata)
2ª mc.
2ª fm.
plural
(vos matai)
(vos matai)
2ª mc.
2ª fm.
infinitivo
inf. cs.
inf. abs.
(matar-se)
wayyiq.
(e se matou)
(matar-se)
wayyiqtol
weqat.
juss.
coor.
weqatal
(e se matará)
jussivo
(que se mate)
coortativo
(que nos matemos)
Exemplos de formas verbais nas sete conjugações no ATI:
Qal
Gênesis 42.24: (afastar-se), (prantear), (retornar), (pegar), (amarrar).
a eles,
e falou
para eles,
aos olhos
deles.
a ele
e amarrou
de junto
deles,
E se
afastou
a Simeão,
dentre eles
e pegou
e retornou e pranteou;
Juízes 1.2: (dizer), (subir), (entregar).
subirá;
Judá
YHWH:
E disse
na mão dele.
a terra
entreguei
eis que
Nifal
1Samuel 4.17b: (ser pegado).
Hofni
morreram,
os teus filhos
(...)
(...) e também os dois de
foi pegada.
o Deus
e a arca de
e Fineias,
2Samuel 2.32b: (ser luzido).
e os homens dele,
Joabe
toda a noite,
(...)
(...) e andaram
em Hebrom.
para eles
e foi luzido
130
Piel
Êxodo 32.19b: (estraçalhar).
as tábuas,
desde as mãos dele
e lançou
Moisés,
a montanha;
debaixo de
a elas
(...)
(...) e se inflamou a fúria
de
e estraçalhou
Números 1.1a: (falar).
no deserto de
a Moisés
(...)
encontro; (...)
YHWH
E falou
em tenda de
o Sinai,
Pual
Josué 9.4b: (ser rasgado), I (ser consertado).
e odres de
para os jumentos
deles,
deteriorados
sacos
(...)
(...) e pegaram
e os que estavam
consertados;
e os que estavam deteriorados,
rasgados
vinho
Jeremias 50.37b: (ser saqueado).
e serão saqueados.
sobre os tesouros dela
(...)
(...) espada
Hifil
Gênesis 1.4: (fazer separação).
e fez separação
a escuridão.
que boa;
a luz
Deus
E viu
e entre
a luz
entre
Deus
Gênesis 19.10: (fazer entrar).
a Ló
e fizeram entrar
a mão deles
os homens
E estenderam
fecharam;
e a porta
para a casa;
com eles
Hofal
Êxodo 30.32a: II (ser untado).
o que é untado,
(...)
como ele; (...)
não
humano
Sobre carne de
fareis
nem
e na composição dele
1Samuel 21.7a: (ser afastado).
131
(...)
que não o pão de
pão
(...)
YHWH, (...)
ali
não havia
(...) porque
de perante
os que foram
afastados
as faces
Hitpael
Deuteronômio 33.5: (recolher-se).
cabeças de
no se recolher
rei;
em Jesurum
E se tornou
Israel.
as tribos de
juntos
povo,
2Reis 8.29a: I (curar-se).
em Jezreel,
(...)
na Ramá, (...)
para se curar
o rei,
Jorão,
Então, retornou
os arameus
o feriram
que
por causa das feridas
j. Sufixos pronominais em formas verbais
No hebraico bíblico, é muito comum serem encontradas formas verbais com sufixos
pronominais (me, te, o, a, nos, vos, os e as). A seguir, consta uma tabela com todos os sufixos
pronominais que são afixados em formas verbais do hebraico bíblico:
sufixos pronominais no singular (masculinos e femininos)
1ª pess. sg. cm.
me
1ª pess. pl. cm.
nos
2ª pess. sg. mc.
te
2ª
pess.
pl.
mc.
vos
2ª pess. sg. fm.
te
2ª pess. pl. fm.
vos
3ª pess. sg. mc.
3ª pess. pl. mc.
, o (lo, no)
, os (los, nos)
3ª pess. sg. fm.
a
(la,
na)
3ª
pess.
pl.
fm.
as (las, nas)
Exemplo da raiz verbal (matar), na conjugação qal, no tempo perfeito com sufixos
pronominais:
singular
plural
(me matou)
(te matou [mc.])
(te matou [fm.])
(o matou)
(a matou)
(nos matou)
(vos matou [mc.])
(vos matou [fm.])
(os matou)
(as matou)
Exemplos de formas verbais com sufixos pronominais no ATI:
Deuteronômio 4.13b
pedras.
tábuas de
sobre duas de
(...)
(...) e as escreveu
Juízes 13.23b
como este.
nos faria escutar
nem
132
(...)
(...) e como o tempo
1Reis 17.19b
que ele
para a câmara
superior
e o fez subir
do peito dela,
E o pegou
sobre a cama dele;
e o fez deitar
ali,
o que habitava
Salmo 22.2a
(...)
me abandonaste? (...)
por que
o meu Deus,
O meu Deus,
Salmo 34.12
vos ensinarei.
YHWH
o temor de
escutai a mim;
Andai, filhos,
Salmo 121.7
a tua pessoa.
guardará
de todo mal;
te guardará
YHWH
Exercícios.
α. Conjugar e traduzir a raiz verbal (julgar) na conjugação qal, no tempo perfeito.
β. Conjugar e traduzir a raiz verbal (derramar) na conjugação qal, no tempo imperfeito.
γ. Conjugar e traduzir a raiz verbal II (abençoar) na conjugação qal, nos particípios ativo
e passivo.
δ. Localizar no dicionário de hebraico bíblico de William L. Holladay ou no de Nelson Kirst
et alii as seguintes raízes verbais:
1.
12.
2.
13.
3.
14.
4.
15.
5.
16.
6.
17.
7.
18.
8.
19.
9.
20.
10.
21.
11.
22.
133
Referências Bibliográficas
AUVRAY, Paul. Iniciação ao Hebraico Bíblico: Gramática Elementar, Textos Comentados, Vocabulário.
Petrópolis: Vozes, 1997, p. 36-64.
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GUSSO, Antônio R. Gramática Instrumental do Hebraico. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 123192.
HOLLENBERG, Johannes; BUDDE, Karl. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 7. ed. São
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JOÜON, Paul; MURAOKA, Takamitsu. A Grammar of Biblical Hebrew. 2. ed. Subsidia Biblica 27.
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KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. 8. ed. São Leopoldo: Sinodal,
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KERR, Guilherme. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980,
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LAMBDIN, Thomas O. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003, p. 69-98, 133141, 155-159, 164-202 e 218-316.
MENDES, Paulo. Noções de Hebraico Bíblico, 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 130-176.
ROSS, Allen P. Gramática do Hebraico Bíblico. 2. ed. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 90-314.
SEOW, Choon-Leong. A Grammar for Biblical Hebrew. Nashville: Abingdon Press, 1995, p. 145353.
WEINGREEN, Jacob. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon Press-Oxford University Press, 1959, p. 75-242.
134
27. Vocabulário do Hebraico Bíblico
A Bíblia Hebraica possui cerca de 8.000 palavras em 23.191 versículos. Cerca de 2.000
vocábulos são hapax legomena (palavras que ocorrem apenas uma única vez). O número total
de palavras é de 304.901. Este “Vocabulário do Hebraico Bíblico” lista, em sequência alfabética e por tópicos, aqueles itens lexicográficos mais frequentes que são registrados no texto
da Bíblia Hebraica.
a. Substantivos
I
pai
[de ] pobre
senhor, dono
[de ] solo, chão
[de I ] tenda
[de ] anseio, desejo
[de ] tesouro
[de II ] sinal, marca
irmão
irmã
homem
viúva
mãe
[de ] veracidade
terra, solo, país
fogo
mulher
casa
filho
gado graúdo, boi
[de I ] manhã
ferro
[de II ] aliança, pacto
[de I ] joelho
[de II ] bênção
bálsamo
carne
[de ] vergonha
filha
nação
[de ] peregrino
[de ] palavra
[de I ] necessitado
[de ] porta
I
135
noite
[de I ] torre
[de ] escudo
[de ] morte
[de ] mensageiro, anjo
[de I ] guerra
[de ] rei
[de ] rainha
[de ] reino
lugar, local
[de ] unção
[de ] ungido, messias
[de ] tabernáculo
família
[de ] juízo
[de ] profecia
[de ] profeta
bronze
[de ] ser vivo, pessoa
fêmea
[de ] livro
[de ] servo, escravo
[de ] trabalho
[de ] criança lactente
eternidade
olho
árvore, madeira
[de IV ] tarde
[de ] naco, pedaço
gado miúdo, ovelha
[de ] justo, inocente
[de ] justiça
imagem, modelo
[de ] sede
I
sangue
[de ] conhecimento
[de ] sacrifício
ouro
oliveira
macho
[de ] recordação
[de ] pecado
[de ] vida
[de II ] benevolência
[de ] o bem-estar
[de ] criança
corno de carneiro
dia
[de ] menino
[de ] menina
órfão
[de ] glória, honra
estrela
todo, tudo
trono, cadeira, assento
prata
[de II ] pão, alimento
[de ] clamor, grito
cidade, urbe
chifre
[de ] espírito, vento, ar
[de ] compaixão
[de ] fome
[de I ] maldade, mal
[de ] ímpio, iníquo
campo
[de ] alegria
[de ] resto, restante
[de ] descanso
trompa, trombeta
[de ] paz
nome
céus, céu
[de ] desolação
[de ] óleo, gordura
abismo
[de II ] louvor
[de III ] lei, instrução
[de II ] oração
[de I ] esperança
b. Adjetivos
[de I ] grande (masc.)
[de ] correto
[de I ] grande (fem.)
[de ] correta
[de ] velho
[de ] pequeno
[de ] velha
[de ] pequena
[de ] novo
[de ] próximo
[de ] nova
[de ] próxima
[de ] vivo
[de ] distante (masc.)
[de ] viva
[de ] distante (fem.)
[de ] bom
[de I ] mau
[de ] boa
[de I ] má
[de ] bonito
[de ] perfeito
[de ] bonita
[de ] perfeita
c. Advérbios de lugar
aqui
136
lá, ali
d. Nomes próprios
,
Abraão
Davi
Jacó
Isaque
Miriam
Moisés
Rebeca
Raquel
Sara
Salomão
e. Topônimos
Assíria
Babilônia
Betel
Belém
Judá
Jerusalém
Israel
Egito
f. Tetragrama e epítetos divinos
Senhor
YHWH Tsevaote
El
[de ] Elion
Deus, deuses
Shaddai
YHWH
g. Conjunção
, , , , ,
e
h. Pronomes pessoais
,
nós
eu
tu (fem.)
tu (masc.)
vós (masc.)
vós (fem.)
ele
ela
eles
elas
i. Pontos cardeais
oeste
norte
leste
sul
j. Raízes verbais
I
I
amar, gostar
ansiar, desejar
luzir, clarear
comer, consumir
ser fiel, ter firmeza
dizer
entesourar
amaldiçoar
I
II
I
137
vir, entrar, chegar
saquear, pilhar
criar
abençoar
crescer, ser grande
falar
procurar, buscar, indagar
ser, estar, tornar-se
II
I
I
III
I
andar, ir, seguir
louvar
recordar-se, lembrar-se
entoar, cantar
viver, reviver
ser bom, parecer bom
saber, conhecer
tornar bom, fazer bem
sair
formar, moldar, plasmar
temer, ter medo
descer
instruir, ensinar
sentar-se, habitar, morar
salvar, libertar
ser correto, ser direito
escrever, registrar
capturar
apender
tomar, pegar, receber
reinar, dominar, governar
herdar, tomar posse
cair
livrar-se
I
II
II
I
I
I
II
dar, entregar, conceder
trabalhar, servir
abandonar, deixar
subir, ascender
ficar em pé, permanecer
humilhar-se, abaixar-se
fazer, produzir
orar, interceder
voltar-se, virar-se
visitar, verificar, recrutar
ser justo
ler, chamar, invocar
ver
perseguir, seguir
elevar-se, ser altivo
curar
colocar, pôr, estabelecer
alegrar-se, estar alegre
deitar-se
enviar, estender
guardar
ouvir, escutar
julgar, decidir, resolver
beber
Referências Bibliográficas
ALONSO SCHÖKEL, Luís (ed.). Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 3. ed. São Paulo: Paulus,
2004.
AUVRAY, Paul. “Vocabulário”. In: idem. Iniciação ao Hebraico Bíblico: Gramática Elementar, Textos
Comentados, Vocabulário. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 227-281.
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HOLLADAY, William L. (ed.). Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. São Paulo: Vida
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138
KELLEY, Page H. “Vocabulário”. In: idem. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. 8. ed.
São Leopoldo: Sinodal, 2011, p. 457-487.
KERR, Guilherme. “Vocabulário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática Elementar da
Língua Hebraica. 3. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, p. 272-289.
KIRST, Nelson et alii (eds.). Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português. 29. ed. São
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KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, Walter (eds.). The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament - Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Köln: Brill, 2001.
LAMBDIN, Thomas O. “Glossário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Paulus, 2003, p. 369-383.
MENDES, Paulo. “Vocabulário Hebraico-Português”. In: idem. Noções de Hebraico Bíblico. 2. ed.
São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 182-191.
MITCHEL, Larry A.; PINTO, Carlos O. C.; METZGER, Bruce M. Pequeno Dicionário de Línguas
Bíblicas: Hebraico e Grego. Parte I: Hebraico. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 41-121.
ROSS, Allen P. “Glossário Hebraico-Português”. In: idem. Gramática do Hebraico Bíblico. 2. ed.
São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 502-534.
WEINGREEN, Jacob. “Vocabularies: Hebrew-English”. In: idem. A Practical Grammar for Classical Hebrew. 2. ed. Oxford-New York: Clarendon Press-Oxford University Press,
1959, p. 291-301.
139
28. Ilustrações
a. Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B19a
Manuscrito: Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B19a (L).1
Data: entre 1008 e 1009.
Texto: Êxodo 14.28-15.14 (fól. 40a).
1
D. N. Freedman et alii (eds.), The Leningrad Codex: A Facsimile Edition, Grand Rapids-Cambridge-Leiden-New
York-Köln: Eerdmans-Brill, 1998, p. 91.
140
b. Códice de Alepo ou Manuscrito No. 1 do Instituto Ben-Zvi
Manuscrito: Códice de Alepo ou Manuscrito No. 1 do Instituto Ben-Zvi (A).2
Data: entre 925 e 930.
Texto: Ezequiel 47.22-48.20 (fól. 189b).
2
M. H. Goshen-Gottstein (ed.), The Aleppo Codex: Provided with Massoretic Notes and Pointed by Aaron ben Asher –
The Codex Considered Authoritative by Maimonides, Part One: Plates, Hebrew University Bible Project. Jerusalem:
Magnes Press, 1976, p. 378.
141
c. Códice do Cairo dos Profetas ou Códice Gottheil 34
Manuscrito: Códice do Cairo dos Profetas ou Códice Gottheil 34 (C).3
Data: entre 990 e 1170.
Texto: Oseias 6.11-8.5 (p. 516).
3
M. Beit-Arié, C. Sirat e M. Glatzer (eds.), Codices hebraicis litteris exarati quo tempore scripti fuerint exhibentes, tome I:
Jusqu´à 1020, Monumenta Palaeographica Medii Aevi, Series hebraica 1, Turnhout: Brepols, 1997, p. 34-35.
142
d. Códice de Leningrado (São Petersburgo): Manuscrito EBP. I B3
Manuscrito: Códice Petropolitano Babilônico ou Códice de Leningrado (São Petersburgo):
Manuscrito EBP. I B3 (P).4
Data: c. 916.
Texto: Jeremias 18.6-18 (fól. 73b).
4
M. Beit-Arié, C. Sirat e M. Glatzer (eds.), Codices hebraicis litteris exarati quo tempore scripti fuerint exhibentes, tome I:
Jusqu´à 1020, Monumenta Palaeographica Medii Aevi, Series hebraica 1, Turnhout: Brepols, 1997, p. 45.
143
e. Códice da Biblioteca Britânica: Oriental 4445
Manuscrito: Códice da Biblioteca Britânica: Oriental 4445 (B).5
Data: c. 925.
Texto: Êxodo 19.24-20.13 (fól. 61b).
5
http://britishlibrary.typepad.co.uk/asian-and-african/page/43/.
144
f. Códice Sassoon 507 ou Manuscrito Heb. 24º 5702
Manuscrito: Códice Sassoon 507 ou Manuscrito Heb. 24º 5702 (S5 ou S).6
Data: século 10.
Texto: Gênesis 11.17-32 (fól. 4b).
6
https://www.wdl.org/en/item/11364/view/1/5/.
145
g. Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS)
Edição: K. Elliger e W. Rudolph (eds.), Biblia Hebraica Stuttgartensia, 5a edição (BHS).
Data: 1997.
Texto: Deuteronômio 28.14-29.
146
h. Biblia Hebraica Quinta (BHQ)
Edição: A. Schenker et alii (eds.), Biblia Hebraica Quinta, Fascicle 20: Ezra and Nehemiah (BHQ).
Data: 2006.
Texto: Esdras 3.12-4.3.
147
i. Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português (ATI)
Edição: E. de F. Francisco (trad.), Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, vol. 3: Profetas
Posteriores (ATI).
Data: 2017.
Texto: Ageu 1.1-8.
148
29. Hebraico Bíblico: Bibliografia Selecionada
Bibliografia selecionada para a disciplina Hebraico Bíblico I e II.
a. Gramáticas
AKIL, Teresa. Hebraico Bíblico: Instrumental e Exegético – Livro 1: Gramática Fundamental. Rio de
Janeiro: Litteris, 2018.
ALVES, Roberto. Gramática do Hebraico Moderno e Clássico. Rio de Janeiro: Imago, 2007.
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