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Grego Bíblico - Introdução Panorâmica

2022, Grego Bíblico - Introdução Panorâmica

Grego Bíblico - Introdução Panorâmica. Biblical Greek: Panoramic Introduction.

Grego Bíblico: Introdução Panorâmica Edson de Faria Francisco www.bibliahebraica.com.br São Bernardo do Campo 2022 2022 Francisco, Edson de Faria Grego Bíblico: Introdução Panorâmica / Edson de Faria Francisco. – São Bernardo do Campo, 2022. 139f. il.: ISBN: 978-65-00-39684-3 Material didático técnico-pedagógico para o ensino e pesquisa em hebraico bíblico. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. Proibida a revenda. 1. Grego Bíblico 2. Linguagem e línguas 3. Material didático técnicopedagógico I. Título. CDD: 400 CDU: 26/82-9 Sumário Sumário ................................................................................................................ i Apresentação ........................................................................................................ v Abreviaturas ......................................................................................................... a. Livros do Novo Testamento .......................................................................................... b. Edições do Novo Testamento grego e da Septuaginta ............................................... c. Outras ................................................................................................................................ vi vi vi vi 1. Grego Bíblico: Breve Histórico ......................................................................... a. Introdução: as línguas indo-europeias ........................................................................... b. Períodos históricos da língua grega ................................................................................ c. Dialetos .............................................................................................................................. d. Grego da Septuaginta ....................................................................................................... e. Grego do Novo Testamento ........................................................................................... 1 1 2 2 4 7 2. Alfabeto Grego: Breve Histórico ....................................................................... a. Introdução ........................................................................................................................ b. Inscrições alfabéticas e alfabeto fenício ........................................................................ c. Alfabeto grego .................................................................................................................. d. Escrita maiúscula .............................................................................................................. e. Escrita minúscula .............................................................................................................. f. Pontuação .......................................................................................................................... g. Aspiração e acentuação .................................................................................................... h. Pronúncia erasmiana (etacista) e moderna (iotacista) .................................................. i. Apêndice 1: alfabeto latino ............................................................................................... j. Apêndice 2: quadro comparativo dos alfabetos grego, etrusco e latino ..................... 13 13 13 13 16 16 17 17 18 18 20 3. Alfabeto Grego .................................................................................................. a. Alfabeto ............................................................................................................................. b. Alfabeto grego com letras de fôrma e com letras simplificadas ................................. c. Alfabeto grego com as letras digama, san, qopa e sampi ................................................... d. Alfabeto grego com os nomes clássicos e modernos ................................................... 23 23 24 25 26 4. Acentuação, Aspiração, Pontuação e Ditongos ................................................ a. Acentuação ........................................................................................................................ b. Espíritos ou aspiração ...................................................................................................... c. Iota subscrito e iota adscrito ............................................................................................. d. Pontuação ......................................................................................................................... e. Trema ................................................................................................................................. f. Apóstrofo ........................................................................................................................... g. Ditongos ............................................................................................................................ h. Ditongos com espírito brando ....................................................................................... i. Ditongos com espírito áspero .......................................................................................... j. Classificação das vogais ………………………………………………………… k. Classificação das consoantes ……………………………………...…………… l. Pronúncia das letras guturais gama, kapa e khi antes da letra gama ………………… 28 28 28 28 28 29 29 29 29 29 29 30 30 5. Pronúncia das Consoantes e das Vogais ........................................................... 32 i 6. Artigo Definido ................................................................................................. 36 a. Formas ............................................................................................................................... 36 7. Substantivos: Gêneros ...................................................................................... 38 a. Formas ............................................................................................................................... 38 8. Substantivos: Declinações e Casos ................................................................... a. Declinação ......................................................................................................................... b. Casos (funções) ................................................................................................................ c. Exemplos das três declinações ........................................................................................ i. Segunda declinação ....................................................................................................... ii. Primeira declinação. .................................................................................................... iii. Terceira declinação, 1ª parte ...................................................................................... iv. Terceira declinação, 2ª parte ...................................................................................... 40 40 41 42 42 43 44 45 9. Adjetivos: Gêneros, Declinações e Casos .......................................................... a. Formas ............................................................................................................................... b. Função ............................................................................................................................... c. Exemplos de declinação do adjetivo .............................................................................. d. Usos do adjetivo ............................................................................................................... i. Uso atributivo ............................................................................................................... ii. Uso predicativo ............................................................................................................ 47 47 47 48 51 51 51 10. Utilização do Dicionário de Grego Bíblico ..................................................... a. Substantivo ........................................................................................................................ b. Adjetivo ............................................................................................................................. c. Verbo ................................................................................................................................. d. Nome próprio ................................................................................................................... e. Topônimo ......................................................................................................................... f. Ilustrações: dicionários e léxicos de grego bíblico ........................................................ 54 54 56 56 57 57 58 11. Preposições ...................................................................................................... 63 a. Formas ............................................................................................................................... 63 b. Usos ................................................................................................................................... 64 12. Nomes Próprios e Topônimos ........................................................................ a. Nomes próprios masculinos ........................................................................................... b. Nomes próprios femininos ............................................................................................. c. Topônimos ........................................................................................................................ 67 67 68 68 13. Nomina Sacra e Nome Jesus Cristo ................................................................ a. Introdução ......................................................................................................................... b. Nomina sacra ....................................................................................................................... c. Nomina sacra em manuscritos maiúsculos do Novo Testamento grego ..................... d. Ícones bizantinos com os nomina sacra ........................................................................... e. O nome Jesus Cristo ......................................................................................................... 71 71 71 72 74 75 14. Pronomes Pessoais e Pronomes Possessivos .................................................. 78 a. Formas ............................................................................................................................... 78 b. Uso enfático ...................................................................................................................... 79 ii 15. Pronomes Demonstrativos e Pronomes Relativos ........................................... 81 a. Formas dos pronomes demonstrativos ......................................................................... 81 b. Formas dos pronomes relativos ..................................................................................... 82 16. Símbolos Cristãos Compostos por Letras Gregas ............................................ a. Os símbolos cristãos ........................................................................................................ i. O acróstico  ....................................................................................................... ii. O monograma  ......................................................................................................... iii. O monograma  ....................................................................................................... 84 84 84 84 85 17. Textus Receptus e Novum Testamentum Graece .......................................... a. Textus Receptus e Novum Testamentum Graece .................................................................... b. O texto da edição Novum Testamentum Graece ................................................................. c. O Novo Testamento (Textus Receptus) e o Novo Testamento Grego ................................. 87 87 87 89 18. Utilização da Edição Nestle-Aland Novum Testamentum Graece (NA27) ..... 91 a. Introdução ......................................................................................................................... 91 b. Componentes da edição .................................................................................................. 91 19. Utilização do Software BibleWorks – NA27 ...................................................... a. Introdução ......................................................................................................................... b. O substantivo  em Marcos 16.2 ..................................................................... c. O nome próprio masculino  em Marcos 16.7 .................................................... d. A forma verbal  em Marcos 16.1 .................................................................... e. A preposição  em Marcos 16.19 .............................................................................. f. Novo Testamento Interlinear Grego-Português e BibleWorks .................................................. g. Download ............................................................................................................................. 95 95 96 97 98 99 100 101 20. Verbo no Grego Bíblico: Introdução Panorâmica ........................................... a. Introdução ......................................................................................................................... b. Características gerais ........................................................................................................ c. Exemplos da utilização dos tempos verbais no Novo Testamento grego ................ d. Formas do infinitivo ........................................................................................................ e. Particípio ............................................................................................................................ f. Tabela das formas verbais ................................................................................................ 102 102 102 104 106 106 109 21. Vocabulário do Grego Bíblico ......................................................................... a. Substantivos ...................................................................................................................... b. Adjetivos ........................................................................................................................... c. Advérbios .......................................................................................................................... d. Nomes próprios ............................................................................................................... e. Topônimos ........................................................................................................................ f. Preposições ....................................................................................................................... g. Conjunção ......................................................................................................................... h. Pronomes pessoais ........................................................................................................... i. Verbos ............................................................................................................................... 115 115 116 117 117 117 117 118 118 118 22. Ilustrações ....................................................................................................... a. Códice Sinaítico: M.B. Add. 43725 ................................................................................. b. Códice Vaticano: Gr. 1209 .............................................................................................. c. Códice Alexandrino: M.B. Royal 1D v-viii .................................................................... 120 120 121 122 iii d. Códice Beza Cantabrigense: NN. 2.41 .......................................................................... e. Códice NLG 122 .............................................................................................................. f. Papiro 72: Bodmer VII-VIII ........................................................................................... g. Novum Testamentum Graece, 27ª edição (NA27) ................................................................ h. Novum Testamentum Graece, 28ª edição (NA28) ................................................................ i. Novo Testamento Interlinear Grego-Português (NTI) ............................................................. 123 124 125 126 127 128 23. Grego Bíblico: Bibliografia Selecionada ......................................................... a. Gramáticas ......................................................................................................................... b. Dicionários e léxicos ........................................................................................................ c. Chaves linguísticas ............................................................................................................ d. Edições interlineares ........................................................................................................ e. Edições do Novo Testamento grego ............................................................................. f. Edição da Septuaginta ...................................................................................................... g. Edição da Septuaginta com o Novo Testamento grego ............................................. h. Edição da Bíblia Hebraica com o Novo Testamento grego ....................................... i. Outras obras ..................................................................................................................... j. Páginas ................................................................................................................................ k. Software ............................................................................................................................... 129 129 129 130 130 130 130 130 131 131 131 131 iv Apresentação A presente obra Grego Bíblico: Introdução Panorâmica, dedicada ao grego bíblico, foi elaborada para ser utilizada, principalmente, em aulas que são ministradas em apenas dois semestres e somente com uma aula semanal. Em virtude do tempo muito curto de ministração de tal disciplina dedicada à uma língua bíblica, sentiu-se a necessidade de elaboração de uma gramática concisa apenas panorâmica, focalizando os aspectos mais relevantes do grego bíblico. Evidentemente que todas as características gramaticais da língua original do Novo Testamento merecem tratamento e análise em uma gramática normativa, todavia, em uma disciplina que abrange somente dois semestres letivos e com apenas uma aula por semana, é praticamente impossível abordar e trabalhar todos os aspectos da gramática grega. A obra, agora em apresentação, se dedica unicamente a assuntos que poderão ser estudados no mencionado curto período letivo. A presente gramática não se preocupa em expor minúcias ou aprofundamentos gramaticais, mas enfatiza aquilo que é básico de cada tema gramatical. Com isso, espera-se que o Grego Bíblico: Introdução Panorâmica possa ser uma obra introdutória útil para estudos iniciais do grego bíblico. O Grego Bíblico: Introdução Panorâmica não contém apenas os principais aspectos gramaticais do grego bíblico, mas apresenta, também, tópicos relacionados com o universo do Novo Testamento grego, como breve histórico do grego bíblico e do alfabeto grego, a acentuação, a aspiração e a pontuação, a utilização da edição de B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece (NA), o uso do software bíblico BibleWorks, a utilização de dicionários de grego bíblico, breve exposição sobre os nomina sacra, entre outros temas, todos circunscritos ao universo do Novo Testamento grego e que são relevantes para a disciplina grego bíblico. A presente obra gramatical direciona todos aqueles que se interessam pelo grego bíblico a complementar e/ou conhecer as principais publicações pertinentes ao assunto, como gramáticas, dicionários e léxicos, concordâncias, edições da Novo Testamento grego, softwares bíblicos, entre outros itens bibliográficos, principalmente aqueles que são publicados no Brasil e que são de fácil acesso a todos aqueles que querem se dedicar ao assunto. Tais itens bibliográficos são listados no capítulo “Grego Bíblico: Bibliografia Selecionada”. Além disso, alguns capítulos da presente obra possuem referências bibliográficas específicas e que complementam o referido capítulo dedicado aos itens bibliográficos selecionados. O Grego Bíblico: Introdução Panorâmica fornece muitos exemplos das questões gramaticais utilizando o Novo Testamento Interlinear Grego-Português (NTI) (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004; 2. ed. 2019), que apresenta tradução literal do texto bíblico grego, e que é muito útil para a compreensão das questões da gramática do grego bíblico. São citados muitos exemplos coletados da mencionada publicação, mas há outras exemplificações produzidas pelo próprio autor. Além disso, os tópicos dedicados a temas da gramática possuem exercícios que poderão ser úteis e importantes para aqueles que estão se iniciando na disciplina. Espera-se que o Grego Bíblico: Introdução Panorâmica possa servir não apenas como compêndio gramatical do grego bíblico, mas que seja, igualmente, importante estímulo para que os estudos dedicados a tal disciplina possam avançar e se aprofundar. Edson de Faria Francisco São Bernardo do Campo, fevereiro de 2022 v Abreviaturas a. Livros do Novo Testamento1 Mt Mc Lc Jo At Rm 1Co 2Co Gl Ef Fp Cl 1Ts 2Ts Mateus Marcos Lucas João Atos dos Apóstolos Romanos 1Coríntios 2Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1Tessalonicenses 2Tessalonicenses 1Tm 2Tm Tt Fm Hb Tg 1Pe 2Pe 1Jo 2Jo 3Jo Jd Ap 1Timóteo 2Timóteo Tito Filemom Hebreus Tiago 1Pedro 2Pedro 1João 2João 3João Judas Apocalipse b. Edições do Novo Testamento grego e da Septuaginta B. Aland, K. Aland et alii (eds.), The Greek New Testament, 5. ed., 2014. A. Rahlfs e R. Hanhart (eds.), Septuaginta: Id est Vetus Testamentum graece iuxta LXX interpretes – Editio altera, vols. 1 e 2, 2006. LXX-NA A. Rahlfs, R. Hanhart, B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Biblia Graeca - Septuaginta: Id est Vetus Testamentum graece iuxta LXX interpretes – Editio altera, vols. 1 e 2; Novum Testamentum Graece, 28. ed., 2013. NA27 B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece, 27. ed., Stuttgart, 1993. 28 NA B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece, 28. ed., Stuttgart, 2012. NTG B. Aland, K. Aland et alii (eds.), O Novo Testamento Grego com Introdução em Português e Dicionário Grego-Português, 4. ed., 2009. NTI V. Scholz e R. Bratcher (trads.), Novo Testamento Interlinear Grego-Português, 2004. TR  - O Novo Testamento: o Texto Grego, Base da Versão João Ferreira de Almeida de 1681 (Textus Receptus). Trinitarian Bible Society: London, s.d. GNT LXX c. Outras AEC aram. arm. c. cf. cop. EC 1 Antes da Era Comum aramaico armênio cerca de conferir copta Era Comum gr. hebr. it. lat. per. port. grego hebraico italiano latim persa português Esta listagem das abreviaturas segue a lista apresentada na Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Atualizada (RA). vi 1. Grego Bíblico: Breve Histórico a. Introdução: as línguas indo-europeias A língua grega (gr. , grego;  , língua grega) é um idioma indo-europeu surgido na Grécia, por volta de 1500 AEC. O protoindo-europeu era uma língua muito antiga surgida, aproximadamente, por volta de 3000 AEC, sendo, igualmente, a origem dos seguintes grupos linguísticos: indo-iraniano (persa, avéstico, medo, sânscrito etc.), eslavo (búlgaro, esloveno, sérvio, russo, polonês, tcheco etc.), báltico (letão, lituano etc.), itálico (osco, úmbrio, latim etc.), germânico (alemão, holandês, sueco, inglês etc.), céltico (gaulês, gaélico, britânico etc.), albanês, armênio, entre muitas outras ramificações linguísticas. Na listagem abaixo, constam alguns exemplos de vocábulos que são cognatos entre o grego e o latim. vocábulo abismo anjo base, pedestal Deus Jerusalém césar, imperador romano mãe pai pedra, rocha ungido, Cristo hora grego  (ábüssos)  (ángelos)  (básis)  (Theós)  (Hierosólüma)  (Kaîsar) (mētēr)  (patēr)  (pétra)  (Khristós)  (hōra) latim abysmus angelus basis Deus Hierosolyma Caesar mater pater petra Christus hora Abaixo, há um breve quadro comparativo das palavras outro, casa, luz, grande, mãe, novo, oito e nome entre três idiomas indo-europeus: grego, latim e armênio. O quadro abaixo evidencia claramente o parentesco linguístico entre as três línguas indo-europeias e a similaridade fonética entre os vocábulos: grego  (állos)  (dómos)  (leukós)  (mégas)  (mēter)  (néos)  (oktō)  (ónoma) latim alius domus lux magnus mater novus octo nomen armênio a3l (ayl) dovn (dun) lov3s (luys) my/ (meds) ma3r (mayr) nor (nor) ov; (ut) anovn (anun) A seguir, há um breve quadro comparativo dos itens lexicográficos cristãos igreja, bispo, Tiago, Jerusalém, Jesus, João, Maria e Cristo entre os mesmos três idiomas indo-europeus: grego, latim e armênio, sendo que o grego é a fonte para o latim e para o armênio. Percebe-se que há similaridade fonética entre as palavras das três línguas: 1 grego  (ekklēsía)  (epískopos)  (Iákōbos)  (Hierosólüma)  (Iēsûs)  (Iōánnēs)  (María)  (khristós) latim ecclesia episcopus Iacobus Hierosolyma Iesus Iohannes Maria Christus armênio ygy.yxi (iêgeghetsi) ybisgobos (iêbisgobos) #agopos (Hagopos) Yrovsa.em (Iêrusaghem) #isovs (Hisus) #owhannes (Hovhannes) Mariam (Mariam) Krisdos (Qrisdos) b. Períodos históricos da língua grega O grego passou por várias fases de formação e evolução, sendo dividido nos seguintes períodos históricos: Período formativo (c. 1500-900 AEC). Época de Homero, que compôs a Ilíada e a Odisséia. Neste período surgiram vários dialetos gregos como o micênico, o ático, o dórico, o eólico e o jônico. Período clássico (c. 900-330 AEC). O dialeto ático destacou-se entre os demais, tornando-se a forma padrão e clássica da língua grega. Mais tarde, o ático tornou-se a principal fonte para a linguagem empregada pelos tradutores da Septuaginta e pelos escritores do Novo Testamento. Tal linguagem é conhecida como coinê. Período helenístico (c. 330 AEC-330 EC). Após as conquistas de Alexandre Magno (336-323 AEC), o grego transformou-se em língua universal e do comércio ao longo do mar Mediterrâneo e do Oriente Médio. A forma linguística que surgiu nesta época é conhecida como coinê, sendo utilizada no período de dominação grega e romana. Tanto o Novo Testamento como a Septuaginta foram compostos neste dialeto grego. Período bizantino (c. 330-1453). Neste período, aconteceu a divisão do Império Romano durante o reinado do imperador Constantino Magno (306-337). A língua grega dessa época é conhecida como bizantina, por causa do nome dado à porção oriental do império (Império Bizantino), cuja capital era Constantinopla (atual Istambul), fundada em 330 EC. Período moderno (c. séc. 11 em diante). A partir dessa época, surgiu o grego moderno, conhecido como demótico, o qual possui semelhanças como o coinê. c. Dialetos A língua grega teve várias formas linguísticas ao longo de sua história, desde os séculos 14 AEC e 10 AEC, quando surgiram os primeiros dialetos como o micênico, o eólico, o dórico e o jônico, até o século 11 EC, quando surgiu o grego moderno conhecido como demótico. Até o 5º século AEC não havia uma língua padrão unificada e cada cidade-estado grega tinha seu próprio dialeto. No fim do 5º século AEC, Atenas tornou-se o principal centro da cultura e da política da Grécia e em tal período, o dialeto ático se tornou a forma padrão da língua grega. Os principais dialetos gregos são descritos, brevemente, a seguir. Minóico (gr. ) ou micênico (gr. ) (c. 1300 AEC). É o grego primitivo surgido por volta de 1300 AEC e empregava o alfabético silábico, conhecido como linear B. Foram 2 encontradas tábuas de argila grafada com estilete que datavam de 1300 AEC a 1150 AEC. Entre o século 11 e o 9o século AEC, houve a adoção do alfabeto grego adaptado do alfabeto fenício. Eólico (gr. ) (c. 1300-900 AEC). Forma grega mais próxima do grego primitivo e falado nas seguintes localidades: Lesbos, Beócia e nas colônias eólicas da Ásia Menor. Autores: Alceu e a poetisa Safo. Dórico (gr. ) (c. 1300-900 AEC). Dialeto grego falado no Peloponeso, em Rodes, em Creta, na Cária, na Sicília, na Dórida e na Itália meridional (Magna Grécia). Autores: Píndaro, Teócrito, Arquimedes, entre outros. Jônico ou iônico (gr. ) (c. 1300-900 AEC). Dialeto grego usado na Jônia, a qual era a terra de Homero. Homero usou a forma jônica em suas obras Ilíada e Odisséia. Outros autores: Hesíodo, Hipócrates, Arquíloco, filósofos pré-socráticos, entre outros. Ático (gr. ) (c. 900-330 AEC). O dialeto grego conhecido como ático ou clássico foi derivação do dialeto jônico. O ático chegou ao seu apogeu durante a guerra dos gregos contra os persas (5º séc. AEC), sendo usado até o 4º século AEC. Essa fase é marcada pelo apogeu da literatura grega clássica que durou do 6º século AEC ao 4º século AEC. O ático foi a língua oficial do reino de Alexandre Magno e, posteriormente, também dos reinos de seus sucessores, os Diádocos (gr. sucessores). Durante a dominação grega dos Diádocos, Ptolomeu I Soter (323-283 AEC) introduziu o ático no Egito e Selêuco I Nicátor (305-281 AEC) o introduziu na Síria. Autores: Platão, Aristóteles, Heródoto, Tucídides, Xenofonte, Isócrates, Lísias, Demóstenes, Ésquines, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Aristófanes, Menandro, entre outros. Coinê (gr. ) (c. 330 AEC-330 EC). Este dialeto grego é conhecido como coinê ou também como grego helenístico. O vocábulo grego coinê significa “comum”, “profano” e o dialeto que leva esse nome é caracterizado por ser uma língua coloquial, comum, sendo conhecida pela maioria dos falantes da língua grega no período dos domínios grego e romano, abrangendo desde o tempo de Alexandre Magno (4º séc. AEC) até o tempo de Constantino Magno (4º séc. EC). Morfologicamente, o vocábulo coinê é a forma feminina do adjetivo  (gr. 1. comum; 2. profano; 3. impuro, imundo). O grego coinê era uma linguagem coloquial, simplificada e popular dos períodos helenístico e romano, sendo considerada como “língua geral” pelos habitantes de tal época. Era falado desde o alto Egito até a Mesopotâmia e ao longo do mar Mediterrâneo. Suas raízes são calcadas em vários dialetos gregos, mas, principalmente, no dialeto ático. Existem, igualmente, vocábulos vindos do dialeto jônico presentes no léxico, alguns do dialeto dórico e outros raros do dialeto eólico. Além de unidades lexicográficas propriamente gregas, existem, da mesma forma, itens lexicais de procedência hebraica e aramaica, sendo presentes no léxico, na sintaxe e na gramática, e palavras de origem latina, copta e persa, sendo presentes no léxico. O grego coinê pode ser caracterizado pela tendência à simplificação, à nivelação, a maior clareza da morfologia e da sintaxe, por meio do uso de preposições que esclarecem o texto. Outra característica peculiar é o aumento de neologismos e a entrada de vocábulos de origem estrangeira. Os escritores do Novo Testamento grego representam parte da população do oriente helenístico que empregava o grego mais ou menos fluentemente como língua de interlocução e comércio lado a lado com a língua materna. Os autores do Novo Testamento não eram aticistas e não empregavam a língua da literatura grega clássica, porém, Lucas e Hebreus apresentam traços literários mais refinados baseados no ático. Durante o período bizantino (c. 330-1453) e de domínio turco sobre a Grécia (1453- 3 1822), o coinê continuou a ser usado com língua literária arcaizante. Desde meados do século 11, uma língua coloquial se desenvolveu, separadamente, tornando-se o dialeto demótico (o grego moderno), tornando-se a língua oficial da Grécia no século 20. Fontes do coinê: a Septuaginta, o Novo Testamento, os apócrifos do Novo Testamento, as obras de Epíteto, filósofo estóico (c. 60), as obras de Filo de Alexandria (25 AEC-40 EC), as obras de Flávio Josefo (c. 90-100), autores patrísticos, escritores como Filo de Bizâncio, Apolodoro, Nicolau de Damasco (2º séc.), entre outros. Bizantino (gr. ) ou medieval (gr. ) (c. 330-1453). O dialeto bizantino da língua grega é conhecido, também, como “coinê bizantino”, no qual são encontrados empréstimos lexicais estrangeiros vindos do latim, do árabe e do armênio, além de apresentar características gramaticais e sintáticas próprias. O grego bizantino não era falado nas ruas, mas era uma forma da língua grega utilizada na literatura, sendo considerada artificial. O período bizantino é caracterizado, principalmente, por ser um período de rica produção de obras teológicas cristãs em língua grega, isto é, a literatura patrística grega. O dialeto grego bizantino é encontrado nas obras dos seguintes autores: Justiniano I, João Crisóstomo, Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa, Basílio da Cesareia, João Filoponos, João Damasceno, João de Cesareia, João de Citópolis, Leôncio de Bizâncio, Anastácio I de Antioquia, Hipácio de Éfeso, Eulógio de Alexandria, João Clímaco, Germano de Constantinopla, Juliano de Halicarnasso, Teófanes de Bizâncio, Evágrio da Síria, entre outros. Demótico (gr. ) ou moderno (gr. ) (c. séc. 11 em diante). O dialeto demótico surgiu durante o domínio turco sobre a Grécia a partir do século 15, sendo o desenvolvimento natural do coinê. Atualmente, é falado por cerca de 11 milhões de pessoas na Grécia, em Chipre e em Creta. Após o período de independência da Grécia (1821-1832), foi ressuscitada uma forma arcaica ou purista do grego conhecida como katharévousa (gr. , purista) como língua oficial do país. No século 20, houve a substituição deste dialeto pelo dialeto demótico, o qual era a linguagem popular. Durante o governo militar grego de 1967 a 1976 houve a tentativa de se restituir a forma katharévousa como língua oficial, porém, o demótico acabou se firmando como língua cotidiana e como língua da literatura grega moderna. Consequentemente, o demótico tornou-se a língua oficial da Grécia. Autores: Dionysios Salomós, Nikos Kazantzakis, entre outros. d. Grego da Septuaginta O grego da Septuaginta possui forma semitizante em virtude do processo de versão do texto bíblico hebraico para o grego, sendo denominada “coinê semitizante” pelos eruditos. As palavras hebraicas passaram para o grego com sentidos mais amplos e com novos matizes semânticos. Com a versão da Septuaginta, houve a criação do léxico teológico grego que, desta obra, passou quase sem alteração para o texto do Novo Testamento. Segundo os eruditos, a Septuaginta é considerada ponte entre o grego ático e o grego coinê do Novo Testamento. A linguagem grega da Septuaginta não é uniforme, por causa dos vários tradutores que trabalharam em seu texto num período longo de tempo (desde o 3º séc. ao 1º séc. AEC ou 1º séc. EC). Por causa de tal situação, o texto da Septuaginta apresenta diversos níveis de compreensão e de conhecimento da língua grega por parte dos tradutores. Parte da tradução da antiga versão bíblica grega teria sido feita no Egito e parte teria sido feita na Judeia. O grego da Septuaginta apresenta simplificações gramaticais, modificações em flexões em palavras e verbos, formas anômalas em numerais, entre outras características. A sintaxe é fortemente influenciada pelo texto da Bíblia Hebraica. A Septuaginta usa, constantemente, a 4 conjunção  (gr. e, mas) que corresponde à conjunção hebraica  (hebr. e, mas). Com frequência, o grego da Septuaginta não se adequa às regras clássicas de redação do grego ático. Em virtude do seu estilo linguístico peculiar e incomum, com forte influência hebraica, tal obra bíblica teria soado estranha e exótica para os leitores gregos cultos. No grego da versão bíblica grega clássica, o caso nominativo (caso que indica o sujeito da frase) substitui frequentemente o caso acusativo (caso que indica o objeto direto da frase), além da utilização da nova forma do superlativo que reproduz o estado construto (caso que indica posse, igual ao caso genitivo) do hebraico bíblico, como nos seguintes exemplos: : K (Senhor dos senhores), cf. Dt 10.17. :  (vaidade das vaidades), cf. Ec 1.2. : B (Rei dos reis), cf. Ez 26.7. :  (Cântico dos Cânticos), cf. Ct 1.1. Além da versão para o grego dos livros bíblicos compostos, originalmente, em hebraico, alguns livros que constam no cânone da Septuaginta foram compostos diretamente em grego, como os seguintes: Sabedoria de Salomão, 2Macabeus e os acréscimos aos livros de Daniel e de Ester. Inúmeras expressões e palavras vindas do hebraico são presentes na Septuaginta, dentre as quais podem ser destacadas:  (hebr. amor, amizade):  (gr. intensa afeição e atração), cf. Jr 2.2; Ct 7.7; Ec 9.1;  (gr. intensa atração para e predileção com respeito a), cf. Pv 5.19; 10.12; 15.17; 27.5;  (gr. paixão sexual), cf. Pv 7.18.  (hebr. Deus, deus, deuses):  (gr. Deus, deus), cf. Gn 1.1; 2.2.  (hebr. veracidade, sinceridade, retidão, fidelidade): (gr. fé, confiança, compromisso, fidelidade), cf. Jr 5.1; Os 2.20.  (hebr. verdade, veracidade, certeza):  (gr. verdade, fidedignidade, confiabilidade), cf. Dt 17.4; Is 59.14.  (hebr. pacto, aliança, acordo, contrato):  (gr. aliança, pacto, contrato, testamento), cf. Gn 9.13; Êx 23.32.  (hebr. carne, corpo):  (gr. carne, corpo), cf. Gn 2.21; Lv 13.10.  (hebr. louvai a YH, aleluia):  (gr. aleluia), cf. Sl 104.1 (Sl 104.35 no Texto Massorético); 117.1 (116.19 no Texto Massorético); 150.1, 6 (na Septuaginta e no Texto Massorético).  (hebr. inteligência, sabedoria, saber, erudição):  (gr. sabedoria, conhecimento, saber, ciência), cf. Êx 35.31; Jr 10.12; Pv 3.19; Ec 7.11.  (hebr. YHWH): K (gr. Senhor, senhor), cf. Gn 3.1; Êx 20.1.  (hebr. glória, esplendor, honra):  (gr. esplendor, glória, majestade), cf. Êx 28.2; Is 4.5; Jr 17.12.  ou  (hebr. coração, mente, consciência):  (gr. coração, mente, consciência), cf. Êx 31.6; Is 65.17; Jr 5.23; Sl 7.11;  (gr. mente, entendimento, inteligência), cf. Êx 28.3.  (hebr. mandamento, preceito, norma, decreto):  (gr. mandamento, ordem, decreto), cf. Dt 6.1; Pv 6.23; Ec 8.5; 2Cr 8.14. 5  (hebr. fôlego, garganta, ser vivente):  (gr. alma, vida, pessoa, criatura), cf. Gn 1.21; Êx 1.5; Lv 4.2; Dt 19.21.  (hebr. assembleia, comunidade):  (gr. reunião, comunidade), cf. Êx 16.22; Lv 8.3; Nm 16.2; Jz 21.16.  (hebr. congregação, comunidade):  (gr. assembleia), cf. Dt 31.30; Jó 30.28; Lm 1.10;  (gr. reunião, comunidade), cf. Gn 48.4; Êx 16.3; Lv 16.17; Nm 10.7.  (hebr. vento, sopro, espírito):  (gr. vento, sopro, espírito), cf. Gn 1.2; Nm 14.24; Js 2.11; Jz 9.23; Is 26.18; Ez 2.2; Os 12.2.  (hebr. mundo inanimado, mundo dos mortos, túmulo, morte, sheol):  (gr. mundo dos mortos, morte, hades), cf. Sl 17.6 (Sl 18.6 no Texto Massorético).  (hebr. céus, céu, firmamento):  ou  (gr. céu, firmamento; pl. céus), cf. Gn 14.19; Êx 20.1; Is 45.8.  (hebr. destreza, habilidade, talento, inteligência, perícia):  (gr. mente, entendimento, inteligência), cf. Êx 36.1.  (hebr. ensino, instrução, ensinamento; lei):  (gr. lei, regra, norma), cf. Êx 12.49; Lv 7.7; Dt 33.4; Ez 7.26. Existem determinadas expressões específicas do hebraico vertidas, literalmente, para o grego na Septuaginta, como:  (hebr. e aconteceu, e houve):  (gr. e aconteceu, e houve), cf. Gn 6.1; Êx 32.30; Nm 7.1; Js 1.1; Jz 1.1; 3Rs 6.1 (1Rs 6.1 no Texto Massorético).   (hebr. YHWH Tsevaote): K (gr. Senhor Sabaote), cf. 1Rs 15.2 (1Sm 15.2 no Texto Massorético); Is 6.3; 54.5.  (hebr. servo de YHWH):  ou  (gr. filho do Senhor ou servo do Senhor), cf. Js 1.13; Jz 2.8. Na Septuaginta, nem sempre determinado vocábulo hebraico era traduzido continuamente pela mesma palavra grega correspondente. Às vezes, alguma lexia hebraica podia ser traduzida por duas, três ou mais itens lexicais gregos distintos. Tal procedimento revela a variedade de tradutores que esteve envolvida na produção da Septuaginta. Por exemplo:  (hebr. homem):  (gr. homem, marido),  (gr. forte),  (gr. ser humano).  (hebr. casa):  (gr. povo),  (gr. casa, família),  (gr. casa, família).  (hebr. palavra):  (gr. palavra),  (gr. dito),  (gr. inscrição),  (gr. voz).  (hebr. rei):  (gr. rei),  (gr. chefe),  (gr. general).  (hebr. paz, inteireza):  (gr. paz),  (gr. inteiro),  (gr. salvação). Por fim, com grande frequência a utilização de uma palavra no Pentateuco determinou seu significado na tradução dos demais livros bíblicos. Por tal motivo, entre outros, a tradução do Pentateuco da Septuaginta se tornou um tipo de “acervo lexicográfico”, servindo de “dicionário” para os tradutores da antiga versão grega clássica. e. Grego do Novo Testamento O grego coinê teve forte difusão entre a população judaica durante a época helenística e durante os primeiros séculos da era cristã, tanto na Judeia quanto na diáspora. Todavia, tal dialeto 6 grego apresentava algumas imperfeições, como incorreções na ortografia e na gramática e tal característica indica que o grego coinê de uso judaico refletia a língua falada pelo povo. Tal realidade linguística é constatada tanto pelas inscrições em ossuários quanto pela composição em papiros gregos descobertos no deserto da Judeia, Israel. Uma das principais características do grego coinê do Novo Testamento é o fato de ser mais coloquial do que o grego coinê da Septuaginta, e como a antiga versão grega do Antigo Testamento, também apresenta vários elementos semíticos e traços do hebraico e do aramaico. Tal fato é o resultado de contatos com o texto da Septuaginta e com o texto da Bíblia Hebraica. Há três tipos de influência de semitismo no texto grego do Novo Testamento: 1. palavras com influência semítica; 2. influência na sintaxe e 3. semitismos resultantes da tradução do hebraico ou do aramaico para o grego. Um dos muitos exemplos de influência da Septuaginta é a adoção da fórmula introdutória  (gr. e aconteceu, e houve) em muitas passagens (cf. Mt 7.28; Mc 1.9; Lc 1.23 etc.). Essa locução é registrada no texto grego veterotestamentário em muitos trechos (cf. Gn 6.1; Êx 32.30; Nm 7.1; Js 1.1; Jz 1.1 etc.). O texto grego do Novo Testamento apresenta forma não homogênea e estão presentes vários níveis do grego coinê. O Evangelho de Mateus possui grego intermediário entre o grego superior de Lucas e o grego vulgar de Marcos, tendendo a melhorar a linguagem deste último em seu texto. O Evangelho de Marcos possui grego vulgar sem polimento, fazendo uso constante da conjunção  (gr. e, mas), além de apresentar forte influência da sintaxe hebraica e possuindo grande número de aramaísmos. A composição do Evangelho de Marcos indica uma situação em que o autor, escrevendo em grego, pensa em hebraico ou aramaico. O Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos apresentam texto de cunho muito culto, sendo próximos do grego ático de Heródoto e de Tucídides. Em virtude dessas características, Lucas é considerado o autor mais acurado do Novo Testamento. Além disso, Lucas imita, de maneira consciente, o tipo de grego da Septuaginta. O Evangelho de João e as epístolas de mesmo nome possuem grego puro no vocabulário e na gramática. As epístolas de Paulo apresentam coinê coloquial muito regular e percebe-se a influência da Septuaginta. Além do mais, tais escritos, com exceção da epístola aos Efésios, apresentam menos casos de semitismos. A epístola aos Hebreus apresenta grego elegante, excelente, possuindo proximidades com o ático, além de respeitar as regras retóricas gregas. A epístola de Tiago possui coinê muito adequado e regular. A epístola de 1Pedro possui grego mais próximo do ático do que do coinê. A epístola de 2Pedro demonstra coinê aprendido de livros. Apocalipse apresenta coinê muito comum, possuindo o nível mais baixo do grego do Novo Testamento. Neste livro bíblico, existem desvios gramaticais, havendo em determinados casos falta de concordância no gênero gramatical de substantivos e de adjetivos, além do uso trocado entre o nominativo (caso que indica o sujeito da frase) e o acusativo (caso que indica o objeto direto da frase). O autor possui pesada influência hebraica ou aramaica, apresentando a fala judeu-grega das sinagogas. O grego do Apocalipse é muito próximo ao linguajar do povo do mercado e da rua. O coinê do Novo Testamento grego não é uniforme, por causa dos vários autores que escreveram o seu texto num período de cerca de menos de um século. O primeiro escrito teria sido 1Tessalonicenses (c. 51 EC) e o último escrito teria sido 2Pedro (c. 130 EC). Na tabela abaixo, há um quadro comparativo entre os vários níveis do coinê entre os autores dos escritos do Novo Testamento grego. A comparação tem por base a opinião da maior parte dos estudiosos, apesar de haver algum grau de discordância sobre a classificação dos mesmos escritos neotestamentários entre determinados eruditos: 7 vulgar Marcos Apocalipse coloquial Romanos 1Coríntios 2Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1Tessalonicenses 2Tessalonicenses 1Timóteo 2Timóteo Tito Filemom Mateus literário Lucas Atos dos Apóstolos Hebreus João 1João 2João 3João Tiago 1Pedro 2Pedro Judas O Novo Testamento possui palavras gregas com novos significados e com campos semânticos alterados, além de atribuir roupagem nova a vocábulos antigos: palavras com significados novos  (gr. mensageiro, enviado, legado = anjo), cf. Mt 2.13; Lc 1.26; Ap 1.20.  (gr. ereção, emigração, ação de levantar = ressurreição), cf. Jo 11.24; Ap 20.5.  (gr. imersão, ato de lavar, banho, ablução = batismo), cf. Mc 7.4; Cl 2.12; Hb 6.2.  (gr. língua, idioma = dom de línguas), cf. At 2.4; 1Co 13.1.  (gr. servo, servente, criado = diácono), cf. Mt 20.26; 2Co 6.4; 11.23.  (gr. assembleia popular, lugar de assembleia = igreja), cf. Rm 16.16; 1Co 12.28.  (gr. supervisor, superintendente = bispo), cf. At 20.28; Fp 1.1; Tt 1.7.  (gr. mudança de opinião, de mente = conversão, arrependimento), cf. 2Co 7.9.  (gr. presença, visita de alguém especial, presença [invisível] dos deuses = volta de Cristo, advento messiânico de Cristo), cf. Mt 24.3; 1Ts 2.19; Fl 2.12.  (gr. ancião, velho = presbítero), cf. At 11.30; 15.2; 1Tm 5.1.  (gr. recém-chegado, estrangeiro = prosélito), cf. Mt 23.15; At 2.11; 6.5; 13.43.  (gr. reunião, comunidade, ajuntamento = sinagoga), cf. Lc 7.5; At 9.2; 13.43.  (gr. favor, graça, benefício = carisma, dom espiritual), cf. 2Tm 1.6; 1Pe 4.10.  (gr. ungido, besuntado, consagrado = Cristo), cf. Mt 2.4; Mc 1.1; Cl 3.24. No texto original grego do Novo Testamento, existem, também, vários vocábulos tomados de empréstimo do latim, tais como os abaixo relacionados: palavras de origem latina : assarius (lat. asse), cf. Mt 10.29; Lc 12.6. : denarius (lat. denário), cf. Mt 18.28; Mc 6.37; Lc 10.35. : Caesar (lat. césar, imperador romano), cf. Mt 12.14; Lc 2.1; Fp 4.22.  ou : centurio (lat. centurião), cf. Mc 15.39, 44, 45. : census (lat. censo, taxa, imposto), cf. Mt 17.25; 22.17; Mc 12.14. : quadrans (lat. quadrante), cf. Mt 5.26; Mc 12.42; Lc 12.59. : colonia (lat. colônia), cf. At 16.12. : custodia (lat. custódia, corpo de guarda), cf. Mt 27.65; 28.11. 8 : legio (lat. legião), cf. Mt 26.53; Mc 5.9; Lc 8.30. : linteum (lat. toalha), cf. Jo 13.4, 5. : libertinum, libertus (lat. libertino, liberto), cf. At 6.9. : libra (lat. libra), cf. Jo 12.3; 19.39. : milia (lat. milha), cf. Mt 5.41. : modius (lat. alqueire), cf. Mt 5.15; Mc 4.21; Lc 11.33. : praetorium (lat. pretório), cf. Mt 27.27; Mc 15.16; Jo 18.28; At : sicarius (lat. sicário), cf. At 21.38. : sudarium (lat. sudário), cf. Lc 19.20; Jo 11.44; 20.7; At 19.12. : flagellum (lat. flagelo, chicote, açoite, látego), cf. Jo 2.15. 23.35. Existem, ainda, empréstimos de outras línguas que são registrados no texto original grego do Novo Testamento, tais como: persa: palavras de origem persa  (per. compelir, convocar para o serviço), cf. Mt 5.41; 27.32; Mc 15.21. (per. tesouro, erário), cf. At 8.27. (per. paraíso), cf. Lc 23.43. copta ou egípcio: (cop. ramo palavras de origem copta de palmeira), cf. Jo 12.13. Encontram-se no Novo Testamento grego várias palavras, expressões e nomes calcados no aramaico e os principais são os seguintes: palavras e expressões de origem aramaica :  (aram. pai), cf. Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6. :  (aram. Hacéldama [campo de sangue]), cf. Mt 27.8; At 1.19. :  (aram. Betesda [casa da misericórdia]), cf. Jo 5.2. :  (aram. Betsaida [casa da pesca]), cf. Mt 11.21; Mc 6.45; Lc 9.10.  ou :  (aram. Gábata [calçada]), cf. Jo 19.13. :  ou  (aram. Getsêmani [lagar de azeite]), cf. Mt 26.36; Mc 14.32. :  ou  (aram. Gólgota [caveira]), cf. Mt 27.33; Mc 15.22; Jo 19.17. :  (aram. Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?), cf. Mc 15.34. :  (aram. abra-te), cf. Mc 7.34. :  (aram. riqueza, posses), cf. Mt 6.24; Lc 16.13. :  (aram. o nosso Senhor, vem), cf. 1Co 16.22. :  ou  (aram. meu mestre, meu senhor), cf. Mc 10.51; Jo 20.16. :  (aram. menina levanta-te), cf. Mc 5.41. São encontrados no texto grego do Novo Testamento vários vocábulos, nomes e expressões tomadas de empréstimo do hebraico, dentre as quais destacam-se: 9 palavras e expressões de origem hebraica :  (hebr. certamente, amém), cf. Mt 5.18; Mc 3.28; Lc 4.24; Jo 1.51. :  (hebr. Armagedon [monte de Megido]), cf. Ap 16.16. :  (hebr. Baal, senhor), cf. Rm 11.4. :  (hebr. Beelzebu, Belzebu), cf. Mt 10.25; 12.24; Mc 3.22; Lc 11.15.  ou :  (hebr. Belial), cf. 2Co 6.15. :  (hebr. Betânia [casa da barca]), cf. Mt 21.17; Mc 11.11; Lc 24.50; Jo 12.1. :  (hebr. Belém [casa do pão, casa do alimento]), cf. Mt 2.1; Lc 2.4; Jo 7.42. :  (hebr. Geena [vale de Hinom]), cf. Mt 5.22; Mc 9.45; Tg 3.6. :  (hebr. Deus meu, Deus meu, por que me abando- naste?), cf. Mt 27.46.  ou :  (hebr. Jerusalém [cidade da paz?]), cf. Mt 23.37; Mc 11.15; Jo 2.23.  :  (hebr. corbã, oblação), cf. Mc 7.11. :  (hebr. messias, ungido, consagrado, Cristo), cf. Jo 1.41; 4.25. :  (hebr. Moloque), cf. At 7.43. :  (hebr. páscoa), cf. Mt 26.2; Mc 14.1; Lc 2.41; At 12.4. :  (hebr. meu mestre, meu senhor), cf. Mt 26.25; Mc 9.5; Jo 1.38. :  (hebr. tolo, burro, insensato), cf. Mt 5.22. :  (hebr. Sabaote, Exércitos, Hostes), cf. Rm 9.29; Tg 5.4. :  (hebr. sábado), cf. Mt 12.8; Mc 2.27; Lc 6.7; Jo 5.9; At 1.12. :  (hebr. saduceu), cf. Mt 22.23; Mc 12.18; Lc 20.27; At 4.1.  ou :  (hebr. Satã, Satanás), cf. Mt 4.10; Mc 1.13; Lc 10.18; Ap 2.9.  :  (hebr. fariseu), cf. Mt 23.26; Mc 3.6; Lc 7.36; At 23.6-9. f. Aticismo ou grego helenístico literário (gr. ) (1º e 2º séc.). O aticismo surgiu durante os dois primeiros séculos da era cristã um movimento literário que buscava o uso de arcaísmos e formas clássicas que remontavam ao dialeto ático. Tal movimento é conhecido como “aticismo”, que era caracterizado por ser um tipo sofisticado de literatura e por ser, também, um tipo artificial de linguajar, tendo como padrão o dialeto ático do período clássico. O aticismo é percebido nos seguintes livros bíblicos: 1. Septuaginta: Sabedoria de Salomão, Epístola de Jeremias, 2, 3 e 4Macabeus. 2. Novo Testamento: Lucas e Hebreus. O aticismo afetou a transmissão textual da Septuaginta, das obras de Flávio Josefo, entre outras obras. O presbítero Luciano de Antioquia (3º séc.) fez sua recensão do texto da Septuaginta, tendo como objetivo adaptar as formas do coinê do texto bíblico grego para as formas do ático. Os autores aticistas costumavam fazer correções ou adaptações das formas populares do coinê em determinado texto grego para as formas clássicas do ático. Referências Bibliográficas ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. “Escritores Gregos”. In: IDEM. Patrologia: Vida, Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. 2. ed. Coleção Patrologia. São Paulo: Paulinas, 1988, p. 497-529. BAILLY, Anatole (ed.). Le Grand Bailly - Dictionnaire Grec-Français. Paris: Hachette, 2000. BÍBLIA: ASSOCIAÇÃO LAICAL DE CULTURA BÍBLICA. “O Grego dos LXX e do Novo Testamento”. In: Vademecum para o Estudo da Bíblia. Coleção Bíblia e História. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 154-167. 10 BITTENCOURT, Benedito de P. “A Língua”. In: IDEM. O Novo Testamento: Cânon, Língua, Texto. 2. ed. Rio de Janeiro-São Paulo: JUERP-ASTE, 1984, p. 51-68. BLASS, Friedrich W. Grammar of New Testament Greek. 2. ed. London: Macmillan, 1911. BOGAERT, Pierre-Maurice. “Versões Antigas da Bíblia: 3. Versões Gregas. A. Septuaginta”. 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Basicamente, o alfabeto grego era uma adaptação de um abecedário já existente (cf. abaixo) que era usado pelos povos que falavam alguma língua semítica, como, por exemplo, os fenícios. Este tópico tratará de alguns aspectos históricos do sistema alfabético utilizado pelo povo da Grécia durante a época bíblica. b. Inscrições alfabéticas e alfabeto fenício De acordo com os estudiosos, os povos semitas começaram a desenvolver sistemas alfabéticos desde o início do segundo milênio AEC e tais métodos foram aprimorados com o passar do tempo, acabando por influenciar outros abecedários mais recentes, como o grego (cf. abaixo), entre outros. Antes da criação de um sistema alfabético, existiram outros esquemas de escrita, como cuneiforme na Mesopotâmia e hieroglífico no Egito. Em Ugarit, a atual Ras Shamra, na região norte da Síria, próxima a Lattaqié, foram encontradas tabuletas datadas, aproximadamente, de 1400 AEC com inscrições cuneiformes contendo vinte e sete caracteres consonantais, o que comprova a existência de escrita alfabética. Por convenção entre os eruditos, tal abecedário é denominado fenício, povo que ocupou a região entre o século 16 AEC e o 1º século AEC. Várias inscrições que apresentam um sistema alfabético são atestadas: as inscrições protosinaíticas (c. 1500 AEC), o óstraco abecedário de Izbet Sartah (c. 1000 AEC), o calendário agrícola de Gezer (c. 950 AEC), a inscrição da pedra moabita do rei Mesa (c. 840 AEC), os óstracos de Siquém (c. 700 AEC), o papiro Murabba‘at 17 (c. 700 AEC), as inscrições do túnel de Siloé, em Jerusalém (c. 700 AEC), o óstraco de Mesad Haschabiahu (c. 600 AEC), o óstraco de Laquis (c. 588 AEC) e o óstraco de Arad (c. 500 AEC). A inscrição no sarcófago do rei Airam, em Biblos (c. 1000 AEC), é uma das mais antigas que atestam a utilização do sistema alfabético consonantal de proveniência fenícia. Inicialmente, o alfabeto protocanaanita possuía vinte e sete letras consonantais, porém, até o século 13 AEC, seu método alfabético passou a adotar vinte e dois caracteres. Um século mais tarde, tal norma alfabética adotou a escrita da direita para a esquerda, possivelmente sofrendo influência da escrita herática egípcia. Segundo os eruditos, do século 11 AEC em diante o referido alfabeto semítico é considerado como alfabeto fenício. Com a adaptação do sistema alfabético fenício surgiu o abecedário paleohebraico por volta do século 10 AEC, sendo utilizado pelos israelitas em sua comunicação escrita. c. Alfabeto grego Entre 1500 AEC e 1200 AEC, na Grécia, os micênicos adaptaram um sistema silábico de proveniência minóica, conhecido como Linear B, para escreverem uma forma precoce do grego. Todavia, tal silabário acabou se revelando inadequado para se escrever o idioma. Consequentemente, os gregos perceberam que um sistema alfabético permitiria um registro mais preciso de todos os fonemas da língua grega. Possivelmente, entre o século 11 AEC e o 9o século AEC os gregos teriam adaptado o seu próprio alfabeto, tendo como base o abecedário de procedência fenícia. Não é sabido em qual local teria se dado o empréstimo de escrita, porém, alguns estudiosos sugerem que teria sido em um dos seguintes lugares: Beócia, Creta, Chipre ou Ásia Menor. Sobre a origem fenícia do alfabeto grego, Heródoto o denomina  (gr. letras fenícias). Os gregos fizeram várias modificações e adaptações que refletiam a sua variada realidade linguística. Quando o alfabeto fenício foi adotado pelos gregos entre o século 11 13 AEC e o 9º século AEC a direção da escrita era da direita para a esquerda, conforme as línguas semíticas. Na escrita grega arcaica, a direção da leitura mudava de linha para linha, como um zigue-zague e a forma da letra também variava (i.e. havia a rotação do caractere), conforme a direção da escrita em cada linha. Além disso, não havia, ainda, separação entre as palavras. Tal sistema arcaico de escrita é denominado bustrofédon.1 Posteriormente, os gregos padronizaram, de maneira definitiva, a direção da escrita: da esquerda para a direita, ao contrário dos semitas que escreviam da direita para a esquerda. Como não havia algumas correspondências com a fonética grega, os gregos fizeram algumas adaptações de sinais gráficos de proveniência semítica para o seu próprio. Algumas consoantes do abecedário fenício passaram a ser utilizadas para representarem fonemas vocálicos do idioma grego: ’alefalfa = a, hê-épsilon = e, waw-üpsilon = w, hêt-eta = e, yôd-iota = y e ‘ayin-òmicron = o. Além de tais seis caracteres adaptados, posteriormente os gregos acrescentaram cinco letras novas, principalmente no final do alfabeto, para representarem fonemas que não existiam no abecedário de procedência semítica: kapa, üpsilon, fi, psi e ômega. O alfabeto grego, contendo os acréscimos e as adaptações fonéticas que foram descritos acima, acabaram influenciando o abecedário latino, via o sistema alfabético etrusco (cf. abaixo). Uma forma modificada do abecedário grego foi desenvolvida a partir do 2 º século AEC para registrar o copta, no Egito, se tornando o alfabeto copta. Outra forma foi desenvolvida no leste europeu no 9º século EC para registrar determinadas línguas eslavas, como búlgaro, macedônio, russo, bielorrusso, sérvio e ucraniano, se tornando o abecedário cirílico. Além disso, o alfabeto grego exerceu variados graus de influência na elaboração de outros abecedários, como o glagolítico, o armênio e o georgiano. A origem semita do alfabeto grego fica comprovada em virtude da semelhança de forma, valor fonético e sequência das letras entre os abecedários grego e fenício. Os nomes dos caracteres no alfabeto grego não possuem significado nenhum em grego, porém, os mesmos nomes correspondem nas línguas semíticas a vocábulos bem conhecidos e relacionados com as letras correspondentes, como, por exemplo as quatro primeiras letras do alfabeto hebraico, que é também de proveniência fenícia: ’álef (, ’élef, boi), bêt (, báît, casa), guimel (, gāmāl, camelo) e dálet (, délet, porta). Os nomes das quatro primeiras letras do abecedário grego, alfa, beta, gama e delta, possuem semelhança fonética com os correspondentes semíticos, todavia, não possuem significação nenhuma em grego.2 O abecedário grego arcaico possuía algumas variações e cada variação era adotada por um dialeto grego local. As formas do antigo alfabeto grego eram as seguintes: jônico, ateniense, coríntio, argivo, cretense e eubeiano. A quantidade de letras nas diversas formas alfabéticas do grego diversificava de vinte e três a vinte e sete caracteres: jônico: 27; ateniense: 23; coríntio: 25; argivo: 26; cretense: 22 e eubeiano: 25. Os seguintes sinais gráficos não constavam em algumas variantes: a letra csi não constava na variante ateniense; o caractere sigma não constava nas variedades coríntia e cretense; as letras fi e khi não constavam na variante cretense; o caractere psi não constava nas variedades ateniense, cretense e eubeiana e a letra ômega não constava nas variantes ateniense, coríntia, argiva, cretense e eubeiana (cf. tabela abaixo). Os quatro sinais gráficos que caíram em desuso, digama, san, qopa e sampi, constavam em algumas variedades alfabéticas: a letra digama constava em todas as variantes; o caractere san constava nas variedades coríntia, argiva, cretense e eubeiana; a letra qopa constava em todas as variantes e o caractere sampi constava apenas na variedade jônica. Esses quatro sinais gráficos gregos arcaicos desapareceram entre o 6º e o 5º século AEC, antes do 1 2 O termo técnico  (bustrophēdón), composto pelos vocábulos  (bûs, boi) e  (strophē, volta) e pelo sufixo adverbial  (dón, como um, ao modo de), faz alusão a bois, que atrelados a um arado, trilham ao longo de um campo da esquerda para a direita e retornam da direita para a esquerda, cf. Bailly, 2000, p. 374; Yardeni, 2010, p. 7; Naveh, s.d., p. 18, 50, 52, 55. As quatro palavras gregas que correspondem aos quatro vocábulos hebraicos são:  (bûs, boi),  (oikía, casa),  (kámēlos, camelo) e  (thúra, porta). 14 surgimento da época helenística (4º séc. AEC), quando se desenvolveu o dialeto coinê. Três dentre as quatro sinalizações gráficas gregas antigas possuem valores numéricos ainda hoje: digama: 6, qopa: 90 e sampi: 900. Por volta do 4o século AEC, a variante alfabética do dilaleto jônico substituiu todos os demais abecedários gregos locais, se tornando o abecedário grego clássico, sendo constituído por vinte e quatro caracteres. Anteriormente, tal variedade alfabética grega possuía vinte e sete sinais gráficos, incluindo as três letras arcaicas digama, qopa e sampi (cf. abaixo). Todavia, antes que tal fato viesse a acontecer, por volta do 7o século AEC, a variante alfabética do dialeto eubeiano, com vinte e cinco caracteres, foi levada para Cumas, uma colônia grega no sul da Itália (região conhecida como Magna Grécia). Posteriormente, tal abecedário grego de Eubeia, na Grécia, via Cumas, foi levado para a Etrúria, na região norte da Itália e, mais tarde, para os romanos, na região central da Itália. Daí tal variedade alfabética grega, que foi adotada pelos etruscos, serviu de base, posteriormente, para o desenvolvimento do abecedário latino (cf. abaixo). Abaixo, há uma tabela contendo as variantes jônica, ateniense, coríntia, argiva, cretense e eubeiana do antigo alfabeto grego, com os nomes e a possível pronúncia que cada letra teve na Antiguidade. O formato dos caracteres obedece às formas gráficas já padronizadas do atual abecedário grego. Na presente tabela, o desenho gráfico das letras não é calcado no formato gráfico arcaico que elas tiveram na Antiguidade. nome alfa beta gama delta épsilon digama dzeta eta theta iota kapa lambda mü nü csi òmicron pi san qopa rô sigma tau üpsilon fi khi psi jônico                           ateniense coríntio                           argivo                  Ϻ                          Ϻ         15 cretense eubeiano pronúncia                  Ϻ                          Ϻ         a b g d e v z ē th i k l m n ks o p s q r s t u ph kh ps ômega sampi total de letras             27 letras 23 letras 25 letras 26 letras 22 letras 25 letras ô sp d. Escrita maiúscula Durante os primeiros oito séculos da história do cristianismo, o texto do Novo Testamento grego era composto com escrita maiúscula (lat. majusculus, um tanto maior, de tamanho maior) (que alguns eruditos denominam de escrita uncial [lat. uncia, a duodécima parte de um todo])3, sem espaços entre as palavras, frases e parágrafos, sem acentuação, sem aspiração e a pontuação era mínima ou nenhuma (cf. ilustração abaixo). Esta forma de escrita é denominada scriptio continua (lat. escrita contínua). Além disso, usava-se os nomina sacra (lat. nomes sacros), que eram abreviaturas para determinados nomes e vocábulos sagrados que ocorriam com muita frequência no texto bíblico grego, como  ( , Deus),  ( , Senhor),  ( , Jesus),  ( , Cristo),  ( , Jerusalém),  ( , salvador),  ( , cruz) etc. Por conseguinte, os textos eram muito difíceis de serem lidos e os leitores tinham muita dificuldade em determinar o início e o final de palavras, de frases e de parágrafos. Entre os manuscritos gregos do texto neotestamentário, em formato de códice (lat. codex, tabuinha de escrever, escrito, registro), que apresentam tal característica de escrita estão os códices Sinaítico (4º séc.), Vaticano (4º séc.), Alexandrino (5º séc.), reescrito de Éfrem, o sírio (5º séc.), Cottoniano (5º/6º séc.) e Marchaliano (6º séc.). Os códices redigidos com letras maiúsculas estiveram em uso entre os cristãos principalmente do 3º século até o 9º século. Contudo, tal tipo de manuscrito, mesmo sendo utilizado com menor frequência, circulou entre os cristãos até o século 12. Presume-se que os escritos originais do Novo Testamento grego foram todos escritos em caracteres gregos maiúsculos, sem espaços entre as palavras, frases e parágrafos, sem acentos, sem aspiração e sem pontuação. Abaixo, consta uma transcrição diplomática de um texto bíblico com escrita maiúscula: João 1.1 no Códice Sinaítico. A enarchhnologos kaiologoshn prostonq̅nkai q̅shnologosou Códice Sinaítico M.B. Add. 43725 (séc. 4). Texto: João 1.1-2; 12-13. e. Escrita minúscula Desde o 9º século até o século 15, o texto do Novo Testamento grego passou a ser composto com escrita minúscula (lat. minusculus, um tanto menor, bastante pequeno) (que 3 Alguns estudiosos argumentam que a palavra maiúsculo seria mais adequada para designar a escrita em manuscritos redigidos em grego e o vocábulo uncial serviria para designar a escrita em manuscritos compostos em latim, cf. Paroschi, 2012, p. 23, n. 91. 16 alguns eruditos denominam de escrita cursiva [it. corsivo, executado sem esforço, ligeiro])4, com o uso sistemático e contínuo de espaços entre as palavras, frases e parágrafos, com acentuação, com aspiração e com pontuação (cf. ilustração abaixo). Além disso, continuavase a usar os nomina sacra (lat. nomes sacros), como nos manuscritos compostos em letra maiúscula. Como tinha aumentado muito a procura de cópias do Novo Testamento grego, os escribas cristãos começaram a adotar a escrita minúscula. O manuscrito com tal forma de escrita exigia menos pergaminho do que o manuscrito maiúsculo, era mais barato, era menos volumoso, era mais fácil de se manusear, a produção era mais rápida e a escrita ocupava menos espaço. Consequentemente, o códice minúsculo podia ser adquirido por um número maior de pessoas. Contudo, o códice em escrita minúscula era de difícil leitura. Já no século 11, houve domínio absoluto da produção do códice contendo o Novo Testamento grego com escrita minúscula. Entre os manuscritos gregos do texto neotestamentário, em formato de códice, que apresentam tal característica de escrita estão os códices 33 (9º séc.), 81 (séc. 11), 788 (séc. 11), 1739 (séc. 10), 2053 (séc. 13) e 2492 (séc. 14). O Códice 461 é o manuscrito minúsculo mais antigo do Novo Testamento grego, tendo surgido em 835. Abaixo, consta uma transcrição diplomática de um texto bíblico com escrita minúscula: Mateus 1.1-2 no Códice NLG 122. ͞͞͞  Códice NLG 122 (séc. 14). Texto: Mateus 1.1-5. f. Pontuação Os sinais de pontuação do texto grego do Novo Testamento começaram a surgir entre o 8º e o 9º século. No 8º século surgiu o ponto de interrogação (;) e no 9º século surgiu a vírgula (,). Antes de tais marcações, o texto bíblico grego não tinha separações entre palavras, frases e parágrafos. Tal forma de escrita é nominada scriptio continua (lat. escrita contínua). Tal sistema também era adotado em textos redigidos em latim, que primeiramente usou tal costume. De acordo com eruditos, Aristófanes de Bizâncio (c. 257-180 AEC), diretor da biblioteca de Alexandria, Egito, teria elaborado um sistema de pontuação, aspiração e acentuação para o texto grego. Contudo, a finalidade de tal método não era gramatical, mas era uma maneira de orientação de leitura de textos dramáticos compostos em grego. Na época da composição do Novo Testamento grego, o sistema já existia, mas era rudimentar. Os mais antigos manuscritos do texto grego neotestamentário, tanto confeccionados em papiro quanto produzidos em pergaminho, já mostram a utilização de sinais de pontuação, mesmo que tal uso tenha sido apenas esporádico. g. Aspiração e acentuação. Na antiga variante ateniense do alfabeto grego, a aspiração (o espírito áspero [] e o espírito brando []) de uma vogal era indicada, geralmente, por meio de metades da letra eta (), mas em tamanho reduzido. As atuais formas arredondadas dos dois espíritos, surgiram apenas no século 11. Nos antigos manuscritos do texto bíblico grego, sinais de aspiração e de acentuação eram usados de maneira rara e esporádica até o 7º século. Por volta do 9º 4 Determinados eruditos comentam que o vocábulo minúsculo seria mais adequado para designar a escrita em textos formais e literários, desenvolvidos a partir da escrita maiúscula e a palavra cursiva serviria para designar a escrita em textos informais e não literários, cf. Paroschi, 2012, p. 24, n. 95. 17 século, tais sinalizações foram utilizadas de maneira frequente, mas somente após o século 11 se tornaram de uso universal. h. Pronúncia erasmiana (etacista) e moderna (iotacista) Não se sabe com certeza absoluta de como teria sido a pronúncia do grego na época bíblica. Como em qualquer idioma, a pronúncia do grego variava de época para outra e de local para outro. Às vezes, a pronúncia era refletida também na escrita de determinado texto. Atualmente, o grego é a língua oficial falada na Grécia e em Chipre e é também a língua litúrgica da Igreja Ortodoxa Grega. A pronúncia moderna tem suas raízes no grego antigo, todavia, passou por um longo processo de evolução e de várias transformações. A pronúncia erasmiana ou etacista (em virtude do som fechado da letra eta), que foi desenvolvida por Erasmo de Roterdã (1466-1536), é adotada pela maioria dos helenistas e filólogos. De acordo com tais estudiosos, a pronúncia erasmiana é, teoricamente, aquela que mais se aproximaria da pronúncia clássica do grego. Nessa prolação hipotética, há a predominância do padrão de som fechado representado pela letra eta. Em tal sistema de pronunciação, os caracteres eta e ômega teriam som fechado, como ê e ô, respectivamente. A pronúncia moderna ou iotacista (em razão do som da letra iota) foi desenvolvida desde o período do Renascimento (séc. 15 e 16). Nessa pronunciação, há o predomínio do som da letra iota. Alguns eruditos modernos acreditam que originalmente, no grego coinê, os caracteres eta e ômega teriam soado com som aberto, como é e ó, respectivamente. Atualmente, em muitas escolas é ensinado que o som de tais letras deveria ser fechado, soando como ê e ô, respectivamente. Johann Reuchlin (1455-1522) defendia a prolação iotacista para vários caracteres e ditongos, como , , , ,  e , que teriam o mesmo som de i. Como exemplo, abaixo há uma pequena tabela com a pronúncia entre o grego antigo (ático e coinê) e o grego moderno (demótico): palavras (gr. Santa Sabedoria)  (gr. mulher)  (gr. igreja) (gr. evangelho)  (gr. Santíssima [a Virgem  (gr. profeta)  (gr. estas coisas) Maria]) pronúncia antiga (ático e coinê) Hagía Sophía günē ekklēsía euangelíon panagía prophētēs taûta pronúncia moderna (demótico) Ánha Sófia giní ekklisía evangélion pananhá profítis tafta i. Apêndice 1: alfabeto latino O alfabeto latino é uma derivação do abecedário etrusco, que tinha como base a variante eubeiana do antigo alfabeto grego. Tanto os etruscos quanto os romanos fizeram várias adaptações e os formatos dos caracteres seguiram uma evolução própria. O abecedário latino arcaico tinha apenas vinte e uma letras, tomadas como empréstimo dentre os vinte e seis caracteres do alfabeto etrusco. Durante o 3º século AEC, a letra zēta (z) caiu em desuso por não representar nenhum fonema no latim. No 1º século AEC, os caracteres ī graeca (y) e zēta (z) foram readmitidos, sendo colocados no final do abecedário latino, para representarem determinados fonemas gregos. Por volta da metade do 1º século EC, a letra ex (x) foi a última letra a ser acolhida, fechando o abecedário latino. Abaixo, consta uma tabela contendo os vinte e três sinais gráficos do antigo sistema alfabético latino com os nomes de cada um deles e a possível pronúncia que eles tiveram na época do Império Romano, por volta do 1º século EC. 18 letras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V Y Z X a b c d e f g h i k l m n o p q r s t v y z x nome em latim ā bē cē dē pronúncia ē ef gē hā ī kā el e a b k d f g h i k l em en ō m pē qū er p es tē ū ī graeca zēta ex s n o q r t u i z cs Por fim, mais três caracteres foram acrescentados ao abecedário latino durante o período medieval, passando a ter vinte e seis sinais gráficos: as letras jota (j), u (u) e dábliu (w). O caractere j surgiu para distinguir os sinais para a vogal i e a consoante y. A letra u surgiu para representar o fonema u e para distingui-lo da consoante v. Na língua inglesa, o caractere w, denominado double-u (ingl. u dobrado), é uma semivogal que representa um fonema entre a consoante v e a vogal u. No idioma alemão, a letra w, nominada ve, representa a consoante v e o caractere v, chamado fau, representa a consoante f. Os sinais gráficos j e u surgiram no início da Idade Média e o sinal gráfico w surgiu no século 11. Abaixo, há o alfabeto etrusco contendo vinte e seis letras com os nomes de cada uma delas e a possível pronúncia delas. letras 1 2 3 4 A B C D nome em etrusco a pronúncia be b ke k ou g de d 19 a E V Z H O I K L M N W o P w q R S T U X [ } 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 e e ve v ze z he h the th i i ka k el l em m en n esh sh o o pe p she ts ku q er r es s te t u u eks ks phe ph khe kh j. Apêndice 2: quadro comparativo dos alfabetos grego, etrusco e latino O quadro comparativo abaixo mostra os abecedários grego, etrusco e latino. A posição das letras de um sistema alfabético corresponde, aproximadamente, à posição dos caracteres de outro método alfabético. Obs.: nesta tabela, foram incluídos os quatro sinais gráficos arcaicos de algumas variantes do alfabeto grego: digama, san, qopa e sampi. alfabeto grego alfabeto etrusco alfabeto latino pronúncia            A B C D E V Z H O I K A B C/G D E F Z H -I K a 20 b g d e v z ē th i k       Ϻ           L M N W o P w q R S T U [ } ---- L M N -O P l m n ks o p -- s Q R S T V ------ q r s t u ph kh ps ô sp Referências Bibliográficas ALMEIDA, Napoleão M. de. Gramática Latina: Curso Único e Completo. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 28-30. AUVRAY, Paul. L’hébreu biblique. Connaître la Bible. Paris: Desclée De Brouwer, 1962, p. 29-31. BAILLY, Anatole (ed.). Le Grand Bailly Dictionnaire Grec-Français. Paris: Hachette, 2000, p. 347. BÍBLIA: ASSOCIAÇÃO LAICAL DE CULTURA BÍBLICA. Vademecum para o Estudo da Bíblia. 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Alfabeto O alfabeto grego (gr. , alfabeto) é constituído por 24 letras. letras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24                         nome da letra alfa designação em grego  a a valor numérico 1 beta  b b 2 gama  g g 3 delta  d d 4 épsilon ἒ e é 5 dzeta  dz dz 7 eta  ē ê 8 theta  th th 9 iota  i i 10 kapa  k k 20 lambda  l l 30 mü  m m 40 nü  n n 50 csi  x cs 60 òmicron  o ó 70 pi  p p 80 rô  r r 100 sigma  s s 200 tau  t t 300 üpsilon  ü y 400 fi  ph f 500 khi  kh kh 600 psi  ps ps 700 ômega  ō ô 800 23 transliteração e pronúncia b. Alfabeto grego com letras de fôrma e com letras simplificadas letras de fôrma letras simplificadas Α Β Γ Δ Ε Ζ Η Θ Ι Κ Λ Μ Ν Ξ Ο Π Ρ Σ Τ Υ Φ Χ Ψ Ω                  ,        α β γ δ ε ζ η θ ι κ λ μ ν ξ ο π ρ σ, ς τ υ φ χ ψ ω Além das 24 letras, o alfabeto grego primitivo continha mais quatro caracteres que se tornaram obsoletos com o passar do tempo: ,  (digama ou vau): som v. Este caractere situava-se entre as letras épsilon (, ) e dzeta (, ). 24 Ϻ, ϻ (san): som s. Este caractere situava-se entre as letras pi (, ) e qopa (, ). ,  (qopa): som q. Este caractere situava-se entre as letras san (Ϻ, ϻ) e rô (, ). ,  (sampi): som sp. Este caractere situava-se após a letra ômega (, ). c. Alfabeto grego com as letras digama, san, qopa e sampi letras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28      Ϝ             Ϻ ϻ    ,        Ϡ ϡ nome alfa transliteração pronúncia a a beta b b gama g g delta d d épsilon e é digama v v dzeta dz dz eta ē ê theta th th iota i i kapa k k lambda l l mü m m nü n n csi x (cs) cs òmicron o ó pi p p san s s qopa q q rô r r sigma s s tau t t üpsilon ü y fi (phi) ph (f) f xi (khi) kh kh psi ps ps ômega ō ô sampi sp sp 25 d. Alfabeto grego com os nomes clássicos e modernos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 letras designação em grego nome moderno alfa pronúncia  nome clássico alfa                          beta vita v  gama gama g ou y  delta delta d ἒ épsilon épsilon é  dzeta zita z  eta ita iy  theta thita th  iota iota iy  kapa kapa k  lambda landa l  mü mi m  nü ni n  csi csi cs  òmicron ómicron o  pi pi p  rô rô r  sigma sigma s ou z  tau taf t  üpsilon ípsilon iy  fi fi f  khi khi kh  psi psi ps  ômega ômega o a Referências Bibliográficas BAILLY, Anatole (ed.). Le Grand Bailly - Dictionnaire Grec-Français. Paris: Hachette, 2000. 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Acentuação Acento agudo: . Ex.:  (diákonos, diácono, servente),  (kósmos, mundo, universo). Acento grave: . Ex.:  (tòn líthon, a pedra),  (tòn theón, o deus). Acento circunflexo: . Ex.:  (dōr̂ on, dom, presente),  (pneûma, espírito, sopro, ar). No grego bíblico, o acento agudo aparece na sílaba tônica nas três posições finais de um vocábulo sobre vogais ou ditongos, como oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. O acento grave aparece somente na última sílaba de uma palavra. Este acento substitui o acento agudo em palavras oxítonas que aparecem no meio da frase, quando são seguidas imediatamente por vocábulos que possuem o acento agudo:  (kaì ho lógos, e a palavra),  (pròs tòn theón, para o Deus),  (apò tû theû, da parte de Deus),  (dià tēŝ didakhḗs, por meio do ensinamento). No grego bíblico, a palavra é classificada de acordo com a acentuação: Oxítona: leva o acento agudo na última sílaba:  (kairós, momento). Paroxítona: leva o acento agudo na penúltima sílaba:  (kósmos, mundo). Proparoxítona: leva o acento agudo na antepenúltima sílaba:  (apóstolos, apóstolo). Perispômena: leva o acento circunflexo na última sílaba:  (legō,̂ digo). Properispômena: leva o acento circunflexo na penúltima sílaba:  (glōŝ sa, língua). Barítona: não leva acento na última sílaba:  (díkaios, justo). b. Espíritos ou aspiração Espírito brando (aspiração branda): . Ex.:  (anḗr, homem),  (agápē, amor). Espírito áspero (aspiração áspera): . Ex.:  (harmonía, harmonia),  (hǘdōr, água). c. Iota subscrito e iota adscrito , . Ex.:  (ádein, cantar),  (hádēs, hades). , . Ex.:  (bálē, se ele jogasse),  (lēstḗs, ladrão). , . Ex.:  (ōón, ovo),  (ōdḗ, ode, cântico). d. Pontuação Ponto final: . Ex.:  (Theós., Deus.). Ponto e vírgula, dois pontos e ponto de exclamação:. Ex.:  (Thée!, Deus!). Ponto de interrogação: . Ex.:  (Theós?, Deus?). Vírgula: . Ex.:  (Theós,, Deus,). 28 e. Trema . Ex.:  (pro-í-ēmi, envio),  (a-í-dios, eterno),  (pró-i-mos, cedo). f. Apóstrofo . Ex.:  [, apò arkhēŝ ] (ap’ arkhēŝ , desde o início),  [, tutó éstin] (tut’ éstin, isto é). g. Ditongos  (ai). Ex.:  (kaí, e, mas),  (eînai, ser).  (ei). Ex.:  (blépein, ver),  (gráphein, escrever).  (oi). Ex.:  (poiéō, faço),  (lógoi, palavras).  (au). Ex.:  (taûta, estes),  (amaurós, não claramente visível).  (eu). Ex.:  (epísteusan, creram),  (ankhisteutḗs, parente mais próximo).  (u). Ex.:  (dûlos, servo, servente, escravo),  (tûtó, isto). h. Ditongos com espírito brando  (ai). Ex.:  (airō, levanto),  (aiṓn, século, época).  (ei). Ex.:  (eimí, sou),  (eikē,̂ sem causa, futilmente).  (oi). Ex.:  (oikonómos, mordomo, administrador),  (oíkos, casa, família).  (au). Ex.:  (autû, aqui),  (austērós, austero).   (eu). Ex.:  (eudía, tempo bom),  (eulabēŝ , devoto, temente a Deus).  (ēu). Ex.:  (ēucsḗthēn, fui crescido),  (ēufránthēn, fui alegrado).  (u). Ex.:  (uranós, céu),  (urías, Urias). i. Ditongos com espírito áspero  (hai). Ex.:  (haîma, sangue),  (haíresis, escolha [de uma ideia]).   (hei). Ex.:  (heîs, um),  (heistḗkein, permanecer, ficar em pé).  (hoi). Ex.:  (hoîos, qual),  (hoiosdēpotûn, qualquer).  (hui). Ex.:  (huiós, filho),  (huiothesía, adoção).  (hau). Ex.:  (haútē, esta),  (haûtai, estas).  (heu). Ex.:  (heurískō, encontro, acho),  (heúdō, durmo, repouso).  (hēu). Ex.:  (hēurámēn, encontrei para mim),  (hēúēna, sequei).  (hu). Ex.:  (hûtos, este),  (hútōs, assim, deste modo, de tal maneira). j. Classificação das vogais breves longas     29   breves ou longas    sonoras aspiradas                     k. Classificação das consoantes mudas surdas labiais  guturais dentais líquidas  sibilantes    l. Pronúncia das letras guturais gama, kapa e khi antes da letra gama Quando as letras ,  e  aparecem antes da letra  devem ser pronunciadas como  (n): letra gutural com gama pronúncia exemplo  (ángelos, mensageiro, anjo)   (ng)    (nk)  (nkh)  (énklēma, acusação)  (sǘnkhüsis, confusão, Códice NLG 122 (séc. 14). Texto: Mateus 1.1-5. 30 agitação) B. Aland; K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece (28. ed. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2012, p. 1). Texto: Mateus 1.1-5. Referências Bibliográficas BAILLY, Anatole (ed.). Le Grand Bailly - Dictionnaire Grec-Français. Paris: Hachette, 2000. FRANCISCO, Edson de F. “Sistemas de Transliteração: Hebraico, Aramaico e Grego”. In: idem, Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético – Guia Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. XXVIII-XXIX. FREIRE, Antônio. Gramática Grega. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 3-11. GUSSO, Antônio R. Gramática Instrumental do Grego: do Alfabeto à Tradução a Partir do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 13-30. LASOR, William S. Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 149. MALZONI, Cláudio V. 25 Lições de Iniciação ao Grego do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 17-25. MOUNCE, William D. Fundamentos do Grego Bíblico - vol. 1: Livro de Gramática; vol. 2: Livro de Exercícios. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 12-27. MURAOKA, Takamitsu. A Greek-English Lexicon of the Septuagint. Louvain-Paris-Walpole, MA: Peeters, 2009. REGA, Lourenço S.; BERGMANN, Johannes. Noções do Grego Bíblico: Gramática Fundamental. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 13-25. RUCK, Carl A. P. Ancient Greek: A New Approach. 2 ed. Massachusetts: The Massachusetts Institute of Tecnology, 1991, p. 3-5. RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 2003. SCHALKWIJK, Francisco L. Coinê: Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 8. ed. Patrocínio: CEIBEL, 1998, p. 6-9. SOARES, Esequias. Gramática Prática de Grego. São Paulo: Hagnos, 2011, p. 20-32. SWETNAM, James. Gramática do Grego do Novo Testamento. vol. 1. São Paulo: Paulus, 2002, p. 11-15. WOODRUFF, Archibald M. Grego Se Entende. Apostila, texto não publicado. São Paulo-São Bernardo do Campo: Seminário Presbiteriano Independente-Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, 2003, p. 1-2. 31 5. Pronúncia das Consoantes e das Vogais Neste texto, todas as consoantes gregas com todas as vogais são transliteradas, seguindo padrão acadêmico de transliteração.    ba be bē         bi bo bü bō            ga ge gē gi go gü gō               da de dē di do dü dō               dza dze dzē dzi dzo dzü dzō           thi tho thü thō        tha the thē            ka ke kē ki ko kü kō               la le lē li lo lü lō            mi mo mü mō    ma me mē 32               na ne nē ni no nü nō               xa xe xē xi xo xü xō               pa pe pē pi po pü pō               ra re rē ri ro rü rō           sa se sē       ta te tē       pha phe phē       si so sü sō         ti to tü tō         phi pho phü phō             kha khe khē khi kho khü khō               psa pse psē psi pso psü psō 33 Exemplos de palavras gregas transliteradas e separadas por sílabas:       kós-mos bí-os tó-pos sō-̂ ma rē-̂ ma       u-ra-nós ha-mar-tí-a pa-ru-sí-a pro-phḗ-tēs ek-klē-sí-a en-to-lḗ hē-mé-ra       sü-na-gō-gḗ án-thrō-pos di-a-thḗ-kē an-ge-lí-a di-á-ko-nos po-nē-rí-a       kar-dí-a a-gá-pē pró-sō-pon ba-si-le-í-a ho-dós sō-tē-rí-a Exercício: fazer a transliteração das seguintes palavras gregas:                Exercício: fazer a transliteração das seguintes palavras portuguesas transliteradas em letras gregas:                Referências Bibliográficas FRANCISCO, Edson de F. “Sistemas de Transliteração: Hebraico, Aramaico e Grego”. In: idem, Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético – Guia Introdutório para a Biblia Hebraica Stuttgartensia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. XXVIII-XXIX. FREIRE, Antônio. Gramática Grega. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 3-11. GUSSO, Antônio R. Gramática Instrumental do Grego: do Alfabeto à Tradução a Partir do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 13-30. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro S. (eds.). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. XXVI. LASOR, William S. Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 149. MALZONI, Cláudio V. 25 Lições de Iniciação ao Grego do Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 17-25. MOUNCE, William D. Fundamentos do Grego Bíblico: Livro de Gramática. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 9-26. 34 REGA, Lourenço S.; BERGMANN, Johannes. Noções do Grego Bíblico: Gramática Fundamental. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 13-15. RUCK, Carl A. P. Ancient Greek: A New Approach. 2. ed. Massachusetts: The Massachusetts Institute of Tecnology, 1991, p. 3-5. SCHALKWIJK, Francisco L. Coinê: Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 8. ed. Patrocínio: CEIBEL, 1998, p. 6-9. SOARES, Esequias. Gramática Prática de Grego. São Paulo: Hagnos, 2011, p. 20-32. SWETNAM, James. Gramática do Grego do Novo Testamento. vol. 1. São Paulo: Paulus, 2002, p. 11-15. WOODRUFF, Archibald M. Grego Se Entende. Apostila, texto não publicado. São Paulo-São Bernardo do Campo: Seminário Presbiteriano Independente-Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, 2003, p. 1-2. 35 6. Artigo Definido a. Formas O artigo definido no grego bíblico possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. Assim como os substantivos, o artigo definido também é declinado. casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino         plural masculino feminino neutro                                 neutro         Exemplos de palavras declinadas com o artigo definido no singular e no plural: casos masculino singular feminino singular neutro singular nominativo  (o anjo)  (a igreja)  (a criança) genitivo  (do anjo)  (da igreja)  (da criança) locativo  (no anjo)  (na igreja)  (na criança) acusativo  (o anjo) (a igreja)  (a criança) casos nominativo genitivo locativo acusativo    masculino plural  (os anjos)  (dos anjos)  (nos anjos)  (os anjos) feminino plural  (as igrejas)  (das igrejas)  (nas igrejas)  (as igrejas) neutro plural  (as crianças)  (das crianças)  (nas crianças)  (as crianças) Exemplos de palavras e expressões com artigo definido no NTI: Lucas 7.15       (...) e sentou-se o morto e começou a falar, (...) Lucas 20.9        começou e para o povo a falar a parábola esta: João 2.5     diz a mãe dele aos serventes (...) João 2.15       (...) do templo as tanto ovelhas e os bois, e dos cambistas (...) João 21.21       a este pois vendo o Pedro diz ao Jesus, (...) 36 Exercício: tradução                37 7. Substantivo: Gêneros a. Formas O substantivo no grego bíblico possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. O gênero é identificado por meio dos artigos definidos  (para masculino),  (para feminino) e  (para neutro).  → para palavras de gênero masculino.  → para palavras de gênero feminino.  → para palavras de gênero neutro. Exemplos de palavras e seus respectivos gêneros: masculino feminino  (o homem)  (o amor)  (o mestre)  (o anúncio)  (o servo)  (o reino)  (a morte)  (a mulher)  (o mundo)  (o serviço)  (o senhor)  (a glória)  (a palavra)  (a igreja)  (a casa, a família)  (o coração)  (o céu)  (a noite)  (o pai)  (a casa, a família)  (a cruz)  (a carne)  (o filho)  (a salvação) neutro  (o sangue)  (a misericórdia)  (o trabalho)  (a vontade)  (o templo)   (o nome)  (a criança)  (o espírito)  (o rosto)  (a palavra, o dito)  (o corpo)  (a água)  Observação: nem sempre há concordância entre o grego e o português em relação ao gênero dos substantivos. Por exemplo, o vocábulo palavra é de gênero feminino em português, porém, o seu correspondente, o item lexical  (gr. palavra), é de gênero masculino em grego. A palavra amor é de gênero masculino em português, mas o seu análogo, o vocábulo  (gr. amor), é de gênero feminino. As palavras neutras em grego serão de gênero masculino ou feminino em português, conforme a situação. Por exemplo, o vocábulo  (gr. espírito) é de gênero neutro em grego, mas o seu correspondente, a lexia espírito, é de gênero masculino em português. A palavra  (gr. criança) é de gênero neutro em grego, mas o seu equivalente, o vocábulo criança, é de gênero feminino em português. Além do grego, o gênero neutro também é encontrado em outras línguas indo-europeias, como, por exemplo, o latim. O português, que é uma língua neolatina derivada do latim, contém raríssimos resquícios do gênero neutro desse idioma indo-europeu, que são encontrados em alguns pronomes demonstrativos, como aquilo (lat. accuillud), isto (lat. istud) e isso (lat. ipsum).1 Um certo número de gramáticos da língua portuguesa classifica tais pronomes demonstrativos como neutros ou como invariáveis.2 Exemplos de palavras e expressões de gêneros distintos no NTI: Marcos 1.12 1 2        E logo o espírito o impele para o deserto. Cf. Houaiss e Villar, 2009, p. 168, 169 e 1116; Santos Saraiva, 2000, p. 571, 636 e 639; Gaffiot, 2000, p. 776, 865 e 871; Azeredo, 2014, p. 178; Cunha, 1986, p. 61, 327 e 329; Cunha e Cintra, 2001, p. 329; Paiva, 2008, p. 189; Borregana, 2006, p. 66 e Almeida, 2000, p. 161 e 163. Cf. Cunha e Cintra, 2001, p. 329 e Azeredo, 2014, p. 178. 38 Marcos 1.15      (...) o tempo e aproximou-se o reino de Deus; (...) Lucas 6.41     o cisco em o olho do irmão teu, João 1.29       Eis o cordeiro de Deus o que tira o pecado do mundo. Exercício: tradução                      Referências Bibliográficas ALMEIDA, Napoleão M. de. Gramática Latina: Curso Único e Completo. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 161 e 163. AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2014, p. 178. BORREGANA, António A. Gramática Latina. Lisboa: Lisboa Editora, 2006, p. 66. CUNHA, Antônio G. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 61, 327 e 329. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 329. GAFFIOT, Félix (ed.). Le Grand Gaffiot Dictionnaire Latin-Français. Paris: Hachette, 2000, p. 776, 865 e 871. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro S. (eds.). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. 168, 169 e 1116. PAIVA, Dulce de F. “Século XV e Meados do Século XVI”. In: SPINA, Segismundo (org.). História da Língua Portuguesa. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 147-239. SANTOS SARAIVA, F. R. dos (ed.). Novíssimo Dicionário Latino-Português: Etimológico, Prosódico, Histórico, Geográfico, Mitológico, Biográfico, etc. 11. ed. Rio de Janeiro-Belo Horizonte: Garnier, 2000, p. 571, 636 e 639. 39 8. Substantivo: Declinações e Casos a. Declinação No grego bíblico, os substantivos são declinados, isto é, o substantivo sofre alguma modificação morfológica quando exerce determinada função dentro da frase. Quando o substantivo possui a função de sujeito adquire uma forma específica, mas quando possui a função de objeto direto possui outra forma específica, assim por diante. Nos idiomas indo-europeus o sistema de declinação dos substantivos também é verificado. Abaixo, há dois exemplos entre o grego, o latim e o armênio, que são idiomas parentes que pertencem à família indo-europeia, mostrando os vocábulos palavra e reino no nominativo (o caso que indica o sujeito) e os vocábulos Cristo e Senhor no genitivo (o caso que indica relação de posse). Percebe-se que o final das palavras sofre alguma modificação morfológica nas três línguas. grego latim armênio nominativo (gr. lógos) verbum (lat. uerbum) q0sk (arm. khosq) grego latim armênio nominativo (gr. Khristós) Christus (lat. Christus) Krisdos (arm. Qrisdos)   genitivo (gr. Khristû) Christi (lat. Christi) Krisdosi (lat. Qrisdosi)  Exemplo 1: a palavra de Cristo. grego:  (gr. hó lógos tû Khristû). latim: verbum Christi (lat. uerbum Christi). armênio: q0sku Krisdosi (arm. khosqë Qrisdosi). grego latim armênio nominativo  (gr. basileía) regnum (lat. regnum) arka3ov;ivn (arm. arqayutiun) grego latim armênio nominativo  (gr. Kýrios) Dominus (lat. Dominus) Der (arm. Der) genitivo  (gr. Kyríu) Domini (lat. Domini) Dero]u (arm. Derotchë) Exemplo 2: o reino do Senhor. grego:  (gr. hê basileía tû Kyríu). latim: regnum Domini (lat. regnum Domini). armênio: arka3ov;ivnu Dero]u (arm. arqayutiunë Derotchë). O grego bíblico possui três declinações e os substantivos são declinados seguindo o padrão de uma delas. As três declinações do grego bíblico são as seguintes: Primeira declinação: substantivos terminados com  e . Segunda declinação: substantivos terminados com  e . Terceira declinação: substantivos com radicais terminados geralmente em consoante. 40 Na primeira e na segunda declinações o sufixo de genitivo possui duas letras (  e ) e na terceira declinação o sufixo de genitivo é variado, podendo ter três, quatro ou cinco caracteres (etc.). O sufixo de genitivo indica qual declinação pertence a palavra, se pertence à primeira, se à segunda ou se à terceira. É importante observar tanto a terminação da palavra quanto o sufixo de genitivo para saber à qual declinação pertence o vocábulo. No quadro abaixo há a identificação das três declinações, levando em consideração a terminação (term.) da palavra e o sufixo de genitivo (suf. gen.): primeira declinação term. suf. gen.                                 segunda declinação term. suf. gen.                                 terceira declinação term. suf. gen.   consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante consoante                 Exemplos de palavras e suas respectivas declinações: primeira declinação segunda declinação  (amor)  (reino, reinado)  (terra)  (aliança, testamento)  (glória)  (paz)  (igreja)  (coração)  (casa, família)  (salvação)  (diácono, servente)  (deus, Deus)  (templo)  (tempo, momento)  (mundo, universo)  (senhor, Senhor)  (palavra, dito)  (céu)  (lugar)  (ungido, Cristo) terceira declinação  (sangue)  (rei)  (vontade)  (mãe)  (pai)  (espírito, sopro,  (fogo)  (carne)  (corpo)  (água) ar) b. Casos (funções) O grego bíblico possui oito tipos de casos (ou funções). O caso indica qual é a função gramatical do substantivo dentro da frase. Os oito casos são os seguintes: nominativo Este caso indica sujeito ou atributo do sujeito.  (Deus é o Senhor).   (a palavra de Deus).  (o trabalho do Senhor). genitivo Este caso indica relação de posse.   (o reino de Deus). 41  (o coração do servo).  (a casa do irmão). ablativo Este caso indica origem, procedência ou separação.  (a glória desce de Deus). (o anjo desce do céu).  (o profeta sai de Jerusalém). locativo Este caso indica lugar ou posição.  (o anjo está no céu).  (a glória está na igreja).  (o pão está no templo). instrumental Este caso indica meio ou instrumento.  (João batiza com a água).  (Deus abençoa com o espírito).  (pegamos a pedra com a mão). dativo Este caso indica objeto indireto.  (lanço a pedra ao irmão).  (Deus envia o anjo ao mundo).  (o Senhor envia o apóstolo à igreja). acusativo Este caso indica objeto direto.  (eu vi o céu).  (o presbítero guia a igreja).  (o servo é enviado para a casa). vocativo Este caso indica invocação ou exclamação.  (Senhor, salva-me!).  (Deus, tenha misericórdia de nós!).  (Cristo, tu és a salvação!). c. Exemplos das três declinações Como exemplo, abaixo há a declinação de substantivos de gênero masculino, feminino e neutro tanto no singular quanto no plural nas três declinações. O artigo definido também é declinado junto com o referido substantivo. i. Segunda declinação segunda declinação: substantivo masculino  (deus, Deus) casos singular plural nominativo  (o deus)  (os deuses) genitivo  (do deus)  (dos deuses) ablativo  (do deus)  (dos deuses) locativo  (no deus)  (nos deuses) instrumental  (com o deus)  (com os deuses) dativo  (ao deus)  (aos deuses) acusativo  (o deus)  (os deuses) vocativo  (deus!)  (deuses!) 42 casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo segunda declinação: substantivo feminino  (livro) singular plural  (o livro)  (os livros)  (do livro)  (dos livros)  (do livro)  (dos livros)  (no livro)  (nos livros)  (com o livro)  (com os livros)  (ao livro)  (aos livros)  (o livro)  (os livros)  (livro!)  (livros!) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo segunda declinação: substantivo neutro  (templo) singular plural  (o templo)  (os templos)  (do templo)  (dos templos)  (do templo)  (dos templos)  (no templo)  (nos templos)  (com o templo)  (com os templos)  (ao templo)  (aos templos)  (o templo)  (os templos)  (templo!)  (templos!) ii. Primeira declinação  primeira declinação: substantivo feminino  (casa, família), genitivo em  casos singular plural nominativo  (a casa)  (as casas) genitivo  (da casa)  (das casas) ablativo  (da casa)  (das casas) locativo  (na casa)  (nas casas) instrumental  (com a casa)  (com as casas) dativo  (à casa)  (às casas) acusativo  (a casa)  (as casas) vocativo  (casa!)  (casas!) primeira declinação: substantivo feminino  (língua), genitivo em  casos singular plural nominativo  (a língua)  (as línguas) genitivo  (da língua)  (das línguas) ablativo  (da língua)  (das línguas) locativo  (na língua)  (nas línguas) instrumental  (com a língua)  (com as línguas) dativo  (à língua)  (às línguas) acusativo  (a língua)  (as línguas) vocativo  (língua!)  (línguas!) primeira declinação: substantivo feminino  (escrito), genitivo em  casos singular plural nominativo  (o escrito)  (os escritos) genitivo  (do escrito)  (dos escritos) ablativo  (do escrito)  (dos escritos) locativo  (no escrito)  (nos escritos) 43 instrumental dativo acusativo vocativo  (com o escrito)  (ao escrito)  (o escrito)  (escrito!)  (com os escritos)  (aos escritos)  (os escritos)  (escritos!) primeira declinação: substantivo masculino  (jovem), genitivo em  casos singular plural nominativo  (o jovem)  (os jovens) genitivo  (do jovem)  (dos jovens) ablativo  (do jovem)  (dos jovens) locativo  (no jovem)  (nos jovens) instrumental  (com o jovem)  (com os jovens) dativo  (ao jovem)  (aos jovens) acusativo  (o jovem)  (os jovens) vocativo  (jovem!)  (jovens!) primeira declinação: substantivo masculino  (profeta), genitivo em  casos singular plural nominativo  (o profeta)  (os profetas) genitivo  (do profeta)  (dos profetas) ablativo  (do profeta)  (dos profetas) locativo  (no profeta)  (nos profetas) instrumental  (com o profeta)  (com os profetas) dativo  (ao profeta)  (aos profetas) acusativo  (o profeta)  (os profetas) vocativo  (profeta!)  (profetas!) iii. Terceira declinação, 1ª parte casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo masculino  (pai) singular plural  (o pai)  (os pais)  (do pai)  (dos pais)  (do pai)  (dos pais)  (no pai) () (nos pais)  (com o pai) () (com os pais)  (ao pai) () (aos pais)  (o pai)  (os pais)  (pai!)  (pais!) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo feminino  (mãe) singular plural  (a mãe)  (as mães)  (da mãe)  (das mães)  (da mãe)  (das mães)  (na mãe) () (nas mães)  (com a mãe) () (com as mães)  (à mãe) () (às mães)  (a mãe)  (as mães)  (mãe!)  (mães!) 44 casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo neutro  (espírito) singular plural  (o espírito)  (os espíritos)  (do espírito)  (dos espíritos)  (do espírito)  (dos espíritos)  (no espírito) () (nos espíritos)  (com o espírito) () (com os espíritos)  (ao espírito) () (aos espíritos)  (o espírito)  (os espíritos)  (espírito!)  (espíritos!) iv. Terceira declinação, 2ª parte casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo masculino  (rei) singular plural  (o rei)  (os reis)  (do rei)  (dos reis)  (do rei)  (dos reis)  (no rei) () (nos reis)  (com o rei) () (com os reis)  (ao rei) () (aos reis)  (o rei)  (os reis)  (rei!)  (reis!) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo feminino  (mulher) singular plural  (a mulher)  (as mulheres)  (da mulher)  (das mulheres)  (da mulher)  (das mulheres)  (na mulher) () (nas mulheres)  (com a mulher) () (com as mulheres)  (à mulher) () (às mulheres)  (a mulher)  (as mulheres)  (mulher!)  (mulheres!) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo terceira declinação: substantivo neutro  (nação) singular plural  (a nação)  (as nações)  (da nação)  (das nações)  (da nação)  (das nações)  (na nação) () (nas nações)  (com a nação) () (com as nações)  (à nação) () (às nações)  (a nação)  (as nações)  (nação!)  (nações!) Exemplos de palavras e expressões declinadas no NTI: Mateus 3.2     (...) aproximou-se pois o reino dos céus. 45 Mateus 28.19        (...) em o nome do pai e do filho e do espírito santo, Marcos 1.29      (...) da sinagoga saindo vieram para a casa de Simão (...) Exercício: tradução                     46 9. Adjetivo: Gêneros, Declinações e Casos a. Formas O adjetivo no grego bíblico possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. No nominativo singular a maioria dos adjetivos é identificada por meio das seguintes terminações:  → para adjetivos de gênero masculino.  ou  → para adjetivos de gênero feminino.  → para adjetivos de gênero neutro. Exemplos de adjetivos e seus respectivos gêneros: masculino  (bom)  (amado)  (santo)  (verdadeiro)  (justo)  (outro)  (puro)  (novo)  (mau)  (bonito)  (chamado)  ([o] comum)  ([o] grande)  (pequeno)  ([o] igual)  (velho)  ([o] fiel) feminino  (boa)  (amada)  (santa)  (verdadeira)  (justa)  (outra)  (pura)  (nova)  (má)  (bonita)  (chamada)  ([a] comum)  ([a] grande)  (pequena)  ([a] igual)  (velha)  ([a] fiel) neutro  (bom/boa)  (amado/amada)  (santo/santa)   (verdadeiro/verdadeira)  (justo/justa)  (outro/outra)  (puro/pura)  (novo/nova)   (mau/má)  (bonito/bonita)  (chamado/chamada)  ([o/a] comum)  ([o/a] grande)  (pequeno/pequena)  ([o/a] igual)  (velho/velha)  ([o/a] fiel)  b. Função O adjetivo do grego bíblico qualifica o substantivo, sempre concordando com este em gênero (masculino, feminino e neutro), número (singular e plural) e caso (nominativo, genitivo, ablativo, locativo, instrumental, dativo, acusativo e vocativo). Isto é, quando o substantivo estiver no caso nominativo o adjetivo também estará no mesmo caso, quando o substantivo estiver no caso genitivo o adjetivo estará no mesmo caso, assim por diante. Exemplo do adjetivo de gênero masculino  (gr. bom) que concorda com o substantivo de gênero masculino  (gr. Senhor) nos oito casos e no singular e no plural: nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo singular  (o Senhor bom).  (do Senhor bom).  (desde o Senhor bom).  (no Senhor bom).  (com o Senhor bom).  (ao Senhor bom).  (para o Senhor bom).  (Senhor bom!). 47 nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo plural  (os Senhores bons).  (dos Senhores bons).  (desde os Senhores bons).  (nos Senhores bons).  (com os Senhores bons).  (aos Senhores bons).  (para os Senhores bons).  (Senhores bons!). c. Exemplos de declinação do adjetivo Como exemplo, abaixo há a declinação do adjetivo  (gr. santo) nos gêneros masculino, feminino e neutro tanto no singular quanto no plural. Esse exemplo serve como padrão para os adjetivos da primeira e da segunda declinações com radicais terminados em (ex.: , novo),  (ex.: , velho) ou  (ex.: , pequeno). casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino plural feminino plural neutro plural                         Como outro exemplo, abaixo há a declinação do adjetivo  (gr. bonito) nos gêneros masculino, feminino e neutro tanto no singular quanto no plural. Esse exemplo serve como padrão para os adjetivos da primeira e da segunda declinações com outros radicais, como  (ex.: , bom),  (ex.: , mau),  (ex.: , inteiro),  (ex.: , novo),  (ex.: , chamado),  (ex.: , [o] grande),  (, pobre),  (, sábio) etc. casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         48 casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino plural feminino plural neutro plural                         Quadro das terminações dos adjetivos de primeira e de segunda declinações. singular feminino caso nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino caso nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino feminino neutro                                         plural neutro         Como exemplo, abaixo há a declinação do adjetivo  (gr. indecente) no gênero masculino, feminino e neutro tanto no singular quanto no plural. Esse exemplo serve como padrão para os adjetivos da terceira declinação terminados em (ex.: , indecente). casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         casos nominativo genitivo ablativo masculino plural feminino plural neutro plural          49 locativo instrumental dativo acusativo vocativo () () ()   () () ()   () () ()   Exemplo que serve como padrão para os adjetivos da terceira declinação terminados em (ex.: , verdadeiro). casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino plural feminino plural neutro plural    () () ()      () () ()      () () ()   Exemplo que serve como padrão para os adjetivos da terceira declinação terminados em (ex.: , profundo). casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino plural feminino plural neutro plural    () () ()              () () ()   50 Exemplo que serve como padrão para os adjetivos da terceira declinação terminados em (ex.: , todo). casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino singular feminino singular neutro singular                         casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo vocativo masculino plural feminino plural neutro plural    () () ()              () () ()   d. Usos do adjetivo O adjetivo no grego bíblico pode ter duas funções: atributiva e predicativa (função de predicado, o adjetivo faz uma afirmação sobre o substantivo). i. Uso atributivo: função de atributo, o adjetivo qualifica o substantivo. Esquema de formação: o adjetivo com artigo definido antecede o substantivo ou tanto o adjetivo quanto o substantivo possuem artigo definido. Exemplos: uso atributivo  (o santo anjo)  (a amada igreja)  (o mau espírito)  (o anjo santo)  (a igreja amada)  (o espírito mau) ii. Uso predicativo: função de predicado, o adjetivo faz uma afirmação sobre o substantivo e o verbo ser/estar é subentendido na tradução. Esquema de formação: o adjetivo sem artigo definido antecede o substantivo que possui artigo definido ou o adjetivo sucede o substantivo que possui artigo definido. Exemplos: uso predicativo  (santo [é] o anjo)  (amada [é] a igreja) (mau [é] o espírito) (o anjo [é] santo) (a igreja [é] amada) (o espírito [é] mau) 51 Exemplos de adjetivos de gêneros e números distintos no NTI: Mateus 5.3   (...) Benditos os pobres no espírito (...) Atos dos Apóstolos 3.14 (...)  (...) o santo  (...) e justo (...) Romanos 1.2 (...)  (...) (...) em Escrituras Sagradas (...) Romanos 6.6 (...)   (...) (...) que o velho nosso homem (...) 1Coríntios 11.25     Este o cálice a nova aliança 1Timóteo 3.1 (...)  (...) (...) fiel [é] a palavra (...) Exercícios. α. Tradução e indicação do tipo de uso do adjetivo (atributivo ou predicativo):                      β. Tradução e indicação do tipo de uso do adjetivo (atributivo ou predicativo):  (Rm 1.2)  (Mt 3.17)  (Mt 25.21)  (1Co  11.25) (1Tm 3.1) 52  (...) é (...)  (Rm 7.23)  (Rm 7.12)  (Ef 6.21)  (2Tm 3.13)  (At 1.8) 53 10. Utilização do Dicionário de Grego Bíblico Este texto é dedicado à utilização do dicionário de grego bíblico, explicando cada componente de informação dos itens lexicográficos. a. Substantivo    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: segunda artigo definido; indicativo de gênero: masculino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: segunda artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: segunda artigo definido; indicativo de gênero: neutro    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: feminino   sufixo de genitivo; artigo definido; indicativo de   item lexical 54 céu significado Lc 9.54 referência bíblica livro significado Lc 3.4 referência bíblica trabalho significado. Mc 13.34 referência bíblica igreja significado 1Co 12.28 referência bíblica língua significado Ap 5.9 referência bíblica amor significado Mt 24.12 referência bíblica jovem, rapaz significado At 7.58 referência bíblica indicativo de declinação: primeira gênero: masculino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: masculino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: masculino       item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: feminino       item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: neutro    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de artigo definido; indicativo de gênero: masculino 55 profeta significado Lc 24.44 referência bíblica pai significado Mt 2.22 referência bíblica mãe significado Mt 1.19 referência bíblica corpo significado Mt 5.29 referência bíblica carne significado 1Co 15.39 referência bíblica cidade significado Mt 2.23 referência bíblica rei significado Mt 1.6 referência bíblica declinação: terceira    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: terceira artigo definido; indicativo de gênero: neutro   raça, nação significado At 7.19 referência bíblica bom significado Mt 25.21 referência bíblica santo significado Jo 17.11 referência bíblica justo, reto significado Tt 1.8 referência bíblica pequeno significado Mt 13.32 referência bíblica outro significado Mt 2.12 referência bíblica primeiro significado Mt 26.17 referência bíblica profundo significado At 20.9 referência bíblica escrever significado Gl 6.11 referência bíblica vir significado Mc 1.29 referência bíblica b. Adjetivo item lexical  item lexical  item lexical  item lexical  item lexical  item lexical  item lexical  sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra   sufixo da forma sufixo da forma feminina neutra c. Verbo  item lexical a forma verbal é a da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, voz ativa; a terminação é   item lexical a forma verbal é a da primeira pessoa do singular do presente 56 do indicativo, voz média/passiva; a terminação é   item lexical a forma verbal é a da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, voz ativa; a terminação é  dar significado Mt 4.9 referência bíblica Jesus significado Mc 1.1 referência bíblica José significado Mt 1.16 referência bíblica Maria significado Lc 1.27 referência bíblica Judas significado Mt 10.4 referência bíblica Jerusalém significado At 1.8 referência bíblica Israel significado Lc 2.32 referência bíblica d. Nome próprio    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: segunda artigo definido; indicativo de gênero: masculino  item lexical ---o nome é indeclinável    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: feminino    item lexical sufixo de genitivo; indicativo de declinação: primeira artigo definido; indicativo de gênero: masculino  artigo definido; indicativo de gênero: masculino e. Topônimo  item lexical  item lexical ---o topônimo é indeclinável ---o topônimo é indeclinável  artigo definido; indicativo de gênero: feminino  artigo definido; indicativo de gênero: masculino 57 f. Ilustrações: dicionários e léxicos de grego bíblico F. W. Gingrich e F. W. Danker, Léxico do Novo Testamento Grego/Português (São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 106) 58 W. D. Mounce, Léxico Analítico do Novo Testamento Grego (São Paulo: Vida Nova, 2013, p 475) 59 C. Rusconi, Dicionário do Grego do Novo Testamento (São Paulo: Paulus, 2003, p. 503) 60 J. Louw e E. Nida, Léxico Grego-Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 463) 61 Referências Bibliográficas BAILLY, Anatole (ed.). Le Grand Bailly Dictionnaire Grec-Français. Paris: Hachette, 2000. GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: Vida Nova, 1984. GUSSO, Antônio R. “Apêndice C: Léxico Analítico”. In: idem. Gramática Instrumental do Grego: do Alfabeto à Tradução a Partir do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 301-343. LOUW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013. MALZONI, Cláudio V. “Lista de Palavras”. In: idem. 25 Lições de Iniciação ao Grego do Novo Testamento. 2. ed. Coleção Línguas Bíblicas. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 157-167. 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São Paulo: Editora Batista Regular, 2000. 62 11. Preposições a. Formas As preposições no grego bíblico são ao todo 23 e o seu significado depende do caso com o qual é utilizada.                                      com acusativo: para cima; acima, sobre; cada. com genitivo: em lugar de; em troca de; por. com ablativo: de, desde; da parte de. com genitivo: até. com genitivo: por; por meio de, mediante; através de. com acusativo: por causa de. com acusativo: para; para dentro de; em; até. com ablativo: de; de dentro de; a partir de. com genitivo: fora de. com locativo: em, dentro de; no meio de; entre; com, por. com genitivo: diante de, ante o. com genitivo, locativo e acusativo: sobre, em, em cima de; acima; no tempo de; durante. com genitivo: até que. com genitivo: sobre; por. com ablativo: para baixo; contra; por. com acusativo: segundo, conforme; por. com genitivo: com, junto a; entre. com acusativo: depois de, após. com genitivo: atrás de, depois de. com ablativo: de, da parte de. com locativo: perto de, junto de, ao lado de. com acusativo: para o lado de, perto de, ao longo de; em comparação com. com genitivo: concernente a, acerca de, sobre. com acusativo: ao redor de, em volta de. com ablativo: antes de, antes; perante, diante de. com genitivo ou ablativo: para. 63 com locativo: perto de, junto a. com acusativo: para; em direção a; com.         com instrumental: com (denotando companhia). com ablativo: por; em lugar de; em favor de. com acusativo: sobre, acima de, além de. com ablativo: por, por meio de. com acusativo: sob, debaixo de; abaixo de. com genitivo: sem. b. Usos Exemplos da palavra  (Senhor) com preposições:                                     com acusativo: com genitivo: com ablativo: com genitivo: com genitivo: com acusativo: com acusativo: com ablativo: com genitivo: com locativo: com genitivo: com genitivo: com locativo: com acusativo: com genitivo: com genitivo: com ablativo: com acusativo: com genitivo: com acusativo: com genitivo: com ablativo: com locativo: com acusativo: com genitivo: com acusativo: com ablativo: com gen. ou abl.: com locativo: com acusativo: com instrumental: com ablativo: com acusativo: com ablativo: com acusativo: com genitivo:  (para cima do Senhor, acima do Senhor).  (em lugar do Senhor, pelo Senhor).  (do Senhor, da parte do Senhor).   (até o Senhor).  (por meio do Senhor, através do Senhor).  (por causa do Senhor).  (para o Senhor, até o Senhor).  (desde o Senhor, a partir do Senhor).  (fora do Senhor).  (no Senhor, dentro do Senhor).  (diante do Senhor, ante o Senhor).  (sobre o Senhor, acima do Senhor).  (sobre o Senhor, acima do Senhor).  (sobre o Senhor, acima do Senhor).  (até que o Senhor).  (sobre o Senhor, pelo Senhor).  (para baixo do Senhor, contra o Senhor).   (segundo o Senhor, conforme o Senhor).  (com o Senhor, junto do Senhor).  (depois do Senhor, após o Senhor).  (atrás do Senhor, depois do Senhor).  (do Senhor, da parte do Senhor). (perto do Senhor, ao lado do Senhor).  (para o lado do Senhor, perto do Senhor).  (concernente ao Senhor, acerca do Senhor).  (ao redor do Senhor, em volta do Senhor).  (antes do Senhor).  (para o Senhor).  (perto do Senhor, junto ao Senhor).  (em direção ao Senhor, para o Senhor).  (com o Senhor).  (em lugar do Senhor, em favor do Senhor).  (sobre o Senhor, além do Senhor).  (pelo Senhor, por meio do Senhor).  (sob o Senhor, abaixo do Senhor).  (sem o Senhor). 64 Exemplos de palavras e expressões com preposições no NTI: Mateus 2.22      (...) a Judeia em lugar de o pai dele, Herodes (...) Mateus 8.18       vendo E o Jesus multidão ao redor de ele (...) Marcos 1.1        E logo o espírito o impele para o deserto. Lucas 1.52     (...) derrubou (os) poderosos de (os) tronos (...) João 18.16      (...) o e Pedro estava (ali) junto a a porta fora. Atos dos Apóstolos 6.3      (...) os quais colocaremos sobre necessidade esta, (...) Atos dos Apóstolos 6.13       (...) falando palavras contra o lugar o santo [este] (...) Atos dos Apóstolos 14.13        (...) o E sacerdote do Zeus o que estava diante de a cidade (...) Romanos 6.8      se E (já) morremos com Cristo, (...) 1Coríntios 14.27       (...) ou no máximo três e por parte, (...) Colossenses 1.7      (...) que é fiel por vós (...)      (...) em toda criação a debaixo de o céu (...) Colossenses 1.23 Tiago 1.5      (...) de sabedoria, peça(-a) de o que dá Deus (...) 65 1Pedro 1.11      (...) e as depois de estas coisas glórias (...) 1Pedro 1.23       (...) mas incorruptível mediante (a)palavra viva de Deus (...) Judas 1.5     (...) povo de terra do Egito tendo salvo (...) Apocalipse 2.8        E ao anjo da em Esmirna igreja escreve: Exercício: tradução das expressões e classificação dos casos.                                                 66 12. Nomes Próprios e Topônimos No Novo Testamento grego são registrados muitos nomes de origem hebraica, aramaica e latina e todos possuem formas gregas no texto neotestamentário. Todos os nomes de procedência hebraica, aramaica e latina são transliterações ou adaptações em caracteres gregos. A maior parte dos topônimos de origem hebraica e aramaica é, geralmente, transliterações em letras gregas e nem sempre é possível saber o significado exato dos mesmos. Além disso, este breve estudo abordará os significados possíveis de alguns topônimos que são registrados no texto bíblico grego. a. Nomes próprios masculinos forma gr. forma hebr./aram./lat.1  Andreas texto Mt 4.18  Augustus Caesar Augusto César Lc 2.1   Barrabás Mt 27.16   Herodes Mt 2.1  ou   Tiago Mt 4.21 Jesus Mc 1.1  1 forma port. André  ou    Judas Mt 10.4   João Mt 4.21   João Batista Mt 3.1   José Mt 1.16  Lucas Lucas Cl 4.14   ou  Mateus Mt 9.9  Marcus Marcos At 12.12  ou  Paulus ou  Paulo At 13.9  ou  Petrus ou  Pedro Mt 4.18  Pontius Pilatus Pôncio Pilatos Lc 3.1   Simão Cireneu Mt 27.32  Tiberius Caesar Tibério César Lc 3.1  Timotheus Timóteo 1Tm 1.2  Titus Tito Tt 1.4 Os nomes próprios terminados com a letra  são de proveniência aramaica. 67 b. Nomes próprios femininos forma gr. forma hebr./aram./lat.  forma port. Ana texto Lc 2.36  ou  Dorcas ou  Dórcas At 9.36  Berenice Berenice At 25.13  Damaris Dâmaris At 17.34   Isabel Lc 1.5  Eunice Eunice 2Tm 1.5   Herodíades Mt 14.3  Julia Júlia Rm 16.15   Joana Lc 8.3  Lydia Lídia At 16.14  Loide Lóide 2Tm 1.5   Marta Lc 10.38   Maria Lc 1.27   Maria Madalena Mt 27.56 Priscilla ou Prisca Priscila ou Prisca At 18.2   Salomé Mc 15.40  Saffira Safira At 5.1   Susana Lc 8.3  Phoebe Febe Rm 16.1  Chloe Cloé 1Co 1.11  forma hebr./aram./lat.2 Aegyptus forma. port. Egito (região do atual Egito) Texto Mt 2.13   Hacéldama (campo de sangue) At 1.19   ou  c. Topônimos forma gr. 2 Os topônimos terminados com a letra  são de procedência hebraica e os topônimos terminados com a letra  são de proveniência aramaica. 68  Antiochia Antioquia (região da atual Síria) At 11.26   Armagedon (o monte de Megido) Ap 16.16   Betânia (casa da barca) Jo 12.1   Betesda (casa da misericórdia) Jo 5.2   Belém (casa do pão) Lc 2.4   Betsaida (casa da pesca) Mc 6.45  Gábata (calçada) Jo 19.13   Galileia (distrito, círculo) Mt 2.22   ou  Getsêmani (lagar de azeite) Mt 26.36   ou  Gólgota (crânio, caveira) Mc 15.22  Graecia Grécia, Hélade (região da atual Grécia) At 20.2  Ephesus Éfeso (região da atual Turquia) Ap 2.1   Jerusalém (a cidade da paz?) Mc 11.15   Israel (o que luta com Deus?) Rm 9.6  Laodicea Laodiceia (região da atual Turquia) Ap 3.14 Nazaré (verdejante?) Mt 2.23 Roma At 18.2  ou  ou  , , ,  ou    ou  Roma 69 (região da atual Itália)  Syria Síria (região da atual Síria) Mt 4.24 Referências Bibliográficas ALEXANDER, Pat; ALEXANDER, David. Manual Bíblico SBB. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2006. GAFFIOT, Félix (ed.). Le Grand Gaffiot Dictionnaire Latin-Français. Paris: Hachette, 2000. KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005. MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1984. RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 2003. SANTOS SARAIVA, F. R. dos (ed.). Novíssimo Dicionário Latino-Português: Etimológico, Prosódico, Histórico, Geográfico, Mitológico, Biográfico, etc.. 11. ed. Rio de Janeiro-Belo Horizonte: Garnier, 2000. 70 13. Nomina Sacra e Nome Jesus Cristo a. Introdução Nos manuscritos unciais (maiúsculos) do Novo Testamento grego e da Septuaginta, datados até o 8º século, aparecem os denominados nomina sacra (lat. nomes sagrados). Essa expressão é a forma plural da locução nomen sacrum (lat. nome sagrado). Tal recurso, utilizado pelos copistas cristãos das épocas antiga e medieval, são as abreviaturas para determinados nomes sagrados, nomes próprios, topônimos e palavras consideradas sagradas e que ocorrem com muita frequência no texto bíblico grego. Outro motivo da adoção de abreviaturas pelos copistas cristãos era para que se pudesse economizar espaço nos manuscritos. Os escribas cristãos introduziram o uso dos nomina sacra coincidentemente com o início da adoção do códice como formato básico de manuscrito, a partir do 2º século. O costume se consolidou, de maneira praticamente definitiva, no período bizantino, a partir do 4º século. Os nomina sacra são características principais de um manuscrito da Septuaginta confeccionado por uma comunidade cristã, podendo servir de base para diferenciar daqueles manuscritos da antiga versão grega do texto veterotestamentário feitos por uma comunidade judaica. O referido fenômeno ocorre em 15 itens lexicográficos gregos, que possuem, normalmente, um traço acima da primeira e da última letra, sempre na forma de letra uncial (maiúscula), na grafia típica do grego coinê e do grego bizantino. b. Nomina sacra No grupo abaixo, constam os seguintes nomes sagrados:  (Deus),  (Senhor),  (Jesus) e  (Cristo). Os nomina sacra destas nominações possuem o traço acima das letras  e  para  (Deus), das letras  e  para  (Senhor), das letras  e  para  (Jesus) e das letras  e  para  (Cristo). Tais nomina sacra possuem a primeira e a última letras de cada nome sagrado, conforme a lista abaixo: nomes divinos nomina sacra  (Deus)  (Senhor)  (Jesus)  (Cristo) No próximo grupo, constam um nome próprio masculino e dois topônimos:  (Davi),  (Israel) e  (Jerusalém). Os nomina sacra destes nomes possuem o traço acima das letras ,  e  para  (Davi), das letras ,  e  para  (Israel) e das letras , ,  e  para  (Jerusalém). Tais nomina sacra possuem padrões variados: as duas primeiras letras e a última letra do nome (no caso de  [Davi]), a primeira e as duas últimas letras (no caso de  [Israel]) e a primeira letra e as três últimas letras (no caso de  [Jerusalém]), conforme a lista abaixo: nome próprio e topônimos nomina sacra  (Davi)  (Israel)  (Jerusalém) Existem, ainda, outras duas formas dos nomina sacra para  (Israel) e para  (Jerusalém). Os nomina sacra destes dois topônimos possuem o traço acima das letras ,  e  para  (Israel) e das letras , , ,  e  para  (Jerusalém). Tais nomina sacra possuem padrões variados: as duas primeiras letras e a última letra do nome (no 71 caso de  [Israel]) e a primeira e as quatro últimas letras (no caso de  [Jerusalém]), conforme a lista abaixo: topônimos nomina sacra  (Israel)  (Jerusalém) O grupo a seguir contém oito vocábulos considerados sagrados que ocorrem com muita frequência no texto bíblico grego:  (pai),  (mãe),  (filho),  (salvador),  (espírito),  (ser humano),  (cruz) e  (céu). Os nomina sacra destas unidades lexicais possuem o traço acima das letras ,  e  para  (pai), das letras ,  e  para  (mãe), das letras  e  para  (filho), das letras ,  e  para  (salvador), das letras ,  e  para  (espírito), das letras , ,  e  para  (ser humano), das letras ,  e para  (cruz) e das letras , , ,  e  para  (céu). Tais nomina sacra possuem padrões variados: a primeira letra e as duas últimas letras da palavra (no caso de  [pai],  [mãe] e  [salvador]), a primeira e a última letra (no caso de  [filho]), as duas primeiras letras e a última letra (no caso de  [espírito] e  [cruz]), as duas primeiras letras e as duas últimas letras (no caso de  [ser humano]) e as duas primeiras letras e as três últimas letras (no caso de  [céu]), conforme a lista abaixo: palavras nomina sacra  (pai)  (mãe)  (filho)  (salvador)  (espírito)  (ser humano)  (cruz)  (céu) Determinados estudiosos argumentam que nem todas as palavras do grupo acima eram sempre assinaladas como nomina sacra no texto bíblico grego. O vocábulo  (gr. pai) somente era abreviado como nomina sacra quando e referia, especificamente, a Deus e a palavra  (gr. ser humano) era abreviado como nomina sacra quando se referia, exclusivamente, à locução “o Filho do homem”, um dos títulos de Jesus Cristo. Além das 15 situações de nomina sacra que ocorrem com frequência nos manuscritos bíblicos gregos, podem ocorrer, eventualmente, outros nomes e palavras assinalados também como nomina sacra em determinados manuscritos gregos, tais como:  (gr. Miguel),  (gr. Abraão),  (gr. Noé),  (gr. Jacó),  (gr. Adão),  (gr. Sara) e  (gr. poder, força). c. Nomina sacra em manuscritos maiúsculos do Novo Testamento grego Nas imagens abaixo constam alguns nomina sacra em manuscritos maiúsculos do Novo Testamento grego. 72 Códice Alexandrino (5º séc.): Lucas 4.8-9. No texto, aparecem vários nomina sacra:  (gr. Jesus) como ,  (gr. o Senhor) como ,  (gr. Deus) como ,  (gr. Jerusalém) como ,  (gr. filho) como e  (gr. de Deus) como . Códice Alexandrino (5º séc.): Marcos 1.1. No texto, aparecem vários nomina sacra: ,  (gr. do filho) como e  (gr. de  (gr. de Jesus Cristo) como Deus) como . Códice Sinaítico (4º séc.): Marcos 12.35-36. No texto, aparecem vários nomina sacra:  (gr. Jesus) como ,  (gr. Cristo) como ,  (gr. Davi) como ,  (gr. em espírito) como ,  (gr. Senhor) como e  (gr. ao Senhor) como .  73 d. Ícones bizantinos com os nomina sacra Nos ícones (imagens) bizantinos abaixo constam alguns nomina sacra. Ícone bizantino com o nome  (gr. Jesus Cristo) como falù, Sicília, Itália, c. 1170). (catedral de Ce- Ícone bizantino com o nome  (gr. Jesus Cristo) como de São Salvador em Chora, Istambul, Turquia, c. 1310-1320). (museu da Igreja Referências Bibliográficas ALAND, Kurt; ALAND, Barbara. O Texto do Novo Testamento: Introdução às Edições Científicas do Novo Testamento Grego bem como à Teoria e Prática da Moderna Crítica Textual. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 81 e 109. BITTENCOURT, Benedito de P. O Novo Testamento: Cânon, Língua, Texto. 2. ed. Rio de JaneiroSão Paulo: JUERP-ASTE, 1984, p. 90. FRANCISCO, Edson de F. Tetragrama, Teônimos e Nomina Sacra: Os Nomes de Deus na Bíblia. Santo André: Kapenke, 2018. GHARIB, Georges. Os Ícones de Cristo: História e Culto. São Paulo: Paulus, 1997, p. 94 e 288. KÜMMEL, Werner G. Introdução ao Novo Testamento. Nova Coleção Bíblica 13. São Paulo: Edições Paulinas, 1982, p. 680. 74 PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012, p. 26-28. SCHALKWIJK, Francisco L. Coinê: Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 8. ed. Patrocínio: Ceibel, 1998, p. 81. SOARES, Esequias. Gramática Prática de Grego. São Paulo: Hagnos, 2011, p. 111. TREBOLLE BARRERA, Julio. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à História da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 496. Página: http://eld3wah.net/html/armooshiya/img/nomina-sacra/. e. O nome Jesus Cristo O nome Jesus Cristo em grego é  que significa, literalmente, “Jesus Ungido” ou “Jesus Messias”. Na Vulgata, tal nome foi transliterado como Iesus Christus. A forma grega do mencionado nome tem por base a forma hebraica  que significa, literalmente, “Jesus, o Ungido” ou “Jesus, o Messias”. Existe, ainda, a forma aramaica que é  que possui a mesma significação. As formas hebraica e aramaica poderiam ser traduzidas, ainda, como “Josué Ungido” ou “Josué Messias”. O nome é a grafia tardia e abreviada do nome , que poderia ser traduzido tanto como “Josué” quanto como “Jesus”. Este nome significaria, de acordo com uma significação popular entre os judeus, “YHWH é salvação (o SENHOR é salvação)”. Segundo tal interpretação, este nome seria composto pelas três primeiras letras do tetragrama  (YHWH) () e por duas letras do vocábulo  (salvação) (). Todavia, estudiosos argumentam que a etimologia primitiva do nome teria sido “Que YHWH ajude (Que o SENHOR ajude)” que mais tarde foi esquecida, surgindo a significação que se tornou popular entre os judeus. Filo de Alexandria (c. 20 a.C.-c. 50 d.C.) atesta a interpretação popular, informando que o nome significaria  (gr. salvação do Senhor). Na Bíblia Hebraica são registrados os nomes  (cf. Js 1.1; Jz 1.1 etc.) e  (cf. Ed 2.2; Ne 7.7 etc.). A Septuaginta transcreveu ambos os nomes como  e esta forma grecizada foi adotada no Novo Testamento grego. Esta forma grega foi latinizada posteriormente na Vetus Latina e na Vulgata como Iesus. No Talmude Babilônico e no Talmude Hierosolimitano é registrada, ainda, a grafia abreviada (cf. b Sanh 43a; b Sanh 107b; Sot 47a; Av Zar 17a; 27b; y Sabb 14,14d etc.)1 que por sua vez é abreviação posterior de . Há eruditos que conjecturam que a forma grecizada  seria derivada não do nome , mas do nome, ocorrendo a substituição da letra  pela letra  e acrescentando o caractere final  para tornar o nome declinável em grego. A forma é atestada em inscrições tumulares já no 1º século antes da era cristã. Portanto, as duas formas seriam correntes na época em que Jesus Cristo viveu. Segundo os estudiosos, a forma  teria surgido na época do exílio na Babilônia (6º séc. a.C.), substituindo a forma mais antiga . No início do cristianismo, entre os cristãos, o nome  se tornou, paulatinamente, exclusivo para Jesus Cristo, não sendo utilizado como um nome próprio secular. Os nomes  e  eram usados normalmente pelos judeus até o início do 2º século da era cristã. Contudo, após essa época, ambos os nomes se tornaram muito raros entre eles. Alguns estudiosos comentam que o nome  teria se tornado incomum como nome próprio já durante o 1º século da era cristã. A partir do 2º século da era cristã, reapareceu o antigo nome , sendo muito divulgado e usado entre os judeus da Judeia (apesar de que tal nome não ter desaparecido 1 As abreviaturas dos tratados talmúdicos são as seguintes: b (Talmude Babilônico), y (Talmude Hierosolimitano), Sanh (Sanhedrin), Sot (Sota), Av Zar (Avodá Zará) e Sabb (Shabbat). 75 por completo do uso judaico antes dessa época). Nesse processo de retomada de tal nome veterotestamentário, também foi utilizada pelos judeus da diáspora a forma grecizada . Então, entre os judeus, tanto os da Judeia quanto os da diáspora, os nomes hebraicos  e  e o equivalente grego  passaram a ser rejeitados e entre eles foi retomado o nome hebraico  com o seu novo equivalente grego . No 3º século da era cristã em adiante, o nome tinha se tornado praticamente exclusivo para se referir a Jesus de Nazaré (Jesus Cristo), sempre com conotação um tanto pejorativa e tal fato é constatado em vários tratados do Talmude, que foi composto entre o 3º e o 6º séculos da era cristã. Além do Talmude, a mesma forma é registrada na obra Toledot Yeshu (hebr. Gerações de Jesus), composta a partir do 5º século da era cristã. Então, das grafias hebraicas, passando pelas grafias grega e latina, até a grafia em português, tem-se o seguinte quadro evolutivo:  (forma hebraica completa) →  (forma hebraica abreviada) →  (forma hebraica abreviada) → (forma grecizada) → Iesus (forma latinizada) → Jesus (forma aportuguesada) O substantivo  significa “ungido, untado, besuntado”, sendo derivado da raiz verbal hebraica  (qal: ungir, untar, besuntar). Este item lexical de procedência hebraica foi traduzido para o grego como , que é um adjetivo, denotando “ungido”, sendo derivado do verbo grego  (ungir). Possivelmente, a forma aramaica  (ungido) teria sido a base para a forma grega  (messias, ungido). Então, tem-se o seguinte processo no grego para se compor o nome “Jesus Cristo”: o nome hebraico  (ou talvez o nome) foi transliterado como  e a palavra  (ou talvez o vocábulo ) foi traduzida como , formado, assim, o nome exclusivo . Esta forma grega especial passou mais tarde para o latim como Iesus Christus e daí, posteriormente, para o português como “Jesus Cristo”. Referências Bibliográficas BROWN, Francis; DRIVER, Samuel R.; BRIGGS, Charles A. (eds.). The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon. Peabody: Hendrickson, 1996, p. 221. COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2. ed. 2 vols. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 1075-1076. FABRIS, Rinaldo. Jesus de Nazaré: História e Interpretação. Coleção Jesus e Jesus Cristo 1. São Paulo: Loyola, 1988, p. 59 e 78. FRANCISCO, Edson de F. Tetragrama, Teônimos e Nomina Sacra: Os Nomes de Deus na Bíblia. Santo André: Kapenke, 2018. GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 101 e 224. JASTROW, Marcus (ed.). A Dictionary of the Targumim, the Talmud Babli and Yerushalmi and the Midrashic Literature. vols. 1 e 2. Peabody: Hendrickson, 2005, p. 566, 599 e 600. KOEHLER, Ludwig; BAUMGARTNER, Walter (eds.). The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament - Study Edition. 2 vols. Leiden-Boston-Colonia: Brill, 2001, p. 397. LOUW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 431, 484, 733 e 740. MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 479, 509 e 511. 76 MEIER, John P. Um Judeu Marginal: Repensando o Jesus Histórico. 3. ed. Coleção Bereshit. Rio de Janeiro: Imago, 1993, p. 205, 206, 207, 231, 232 e 233. MITCHEL, Larry A.; PINTO, Carlos O. C.; METZGER, Bruce M. Pequeno Dicionário de Línguas Bíblicas: Hebraico e Grego. Parte II: Grego. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 35 e 95. MOUNCE, William D. Léxico Analítico do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 2013, p. 323 e 640. RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 2003, p. 233, 234, 303 e 497. TAYLOR, William C. Dicionário do Novo Testamento Grego. São Paulo: Editora Batista Regular, 2000, p. 102 e 244. 77 14. Pronomes Pessoais e Pronomes Possessivos a. Formas Os pronomes pessoais no grego bíblico, como em qualquer outra língua, representam as pessoas em alguma frase. Assim como os substantivos e adjetivos, os pronomes pessoais também são declinados. pronomes pessoais      singular eu tu ele ela ele/ela      plural nós vós eles elas eles/elas pronome pessoal da 1ª pessoa singular e plural:  casos singular plural   nominativo eu nós  genitivo meu(s)/minha(s)  nosso(s)/nossa(s)   ablativo de mim de nós   locativo em mim em nós   instrumental comigo conosco   dativo a/para mim a/para nós   acusativo me nos casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome pessoal da 2ª pessoa singular e plural:  singular plural   tu vós   teu(s)/tua(s) vossos(s)/ vossas(s)   de ti de vós   em ti em vós   contigo convosco   a/para ti a/para vós   te vos pronome pessoal da 3ª pessoa singular e plural masculino:  casos singular plural   nominativo ele eles   genitivo seu(s)/dele(s) deles   ablativo dele deles   locativo nele neles   instrumental com/por ele com/por eles   dativo a/para ele a/para eles   acusativo ele/o eles/os pronome pessoal da 3ª pessoa singular e plural feminino:  casos singular plural   nominativo ela elas   genitivo sua(s)/dela(s) delas   ablativo dela delas   locativo nela nelas 78 instrumental dativo acusativo    com/por ela a/para ela ela/a    com/por elas a/para elas elas/as pronome pessoal da 3ª pessoa singular e plural neutro:  casos singular plural   nominativo ele/ela eles/elas   genitivo seus(s)/sua(s) deles/delas   ablativo dele/dela deles/delas   locativo nele/nela neles/nelas   instrumental com/por ele/por ela com/poreles/porelas  dativo a/para ele/para ela  a/para eles/para elas   acusativo ele/ela eles/elas b. Uso enfático Os pronomes pessoais com acentos , , , ,  e  são enfáticos e são utilizados para enfatizar alguma expressão. Com frequência tais pronomes pessoais com acentos aparecem depois de preposições. Exemplos:  (tu em mim) (cf. Jo 17.23).  (o Senhor junto de ti) (cf. Lc 1.28). Geralmente, os pronomes pessoais no caso nominativo são utilizados somente para indicar ênfase ao sujeito da frase. Exemplos:  (não como eu quero, mas como tu [queres]) (cf. Mt 26.39).  (tu és o Cristo, o filho de Deus) (cf. Mt 26.63). Exemplos de pronomes pessoais no NTI: Mateus 6.9-13   ó Pai nosso (...) o nome teu, (...)   o reino teu, (...) a vontade tua, (...)   o pão nosso (...) dá a nós hoje, (...)   e perdoa a nós as dívidas nossas, (...) como também nós temos perdoado aos devedores nossos,   e não leves-nos para dentro para tentação, mas arranca-nos do maligno. Lucas 1.49  (...) porque fez para mim grandes (coisas) o Poderoso,  e santo (é) o nome dele, 79 Exemplos de pronomes pessoais na Septuaginta: Êxodo 20.2-3   Eu sou Senhor o Deus teu, (...)   não terás para ti deuses outros exceto de mim. Salmo 22.4 (Septuaginta)/ Salmo 23.4 (Texto Massorético)   não temerei mal, porque tu junto de mim estás, Ezequiel 2.1   E disse-me: Ó filho de homem, permaneça sobre os teus pés, e falarei-te. Exercício: tradução.                80 15. Pronomes Demonstrativos e Pronomes Relativos a. Formas dos pronomes demonstrativos Os pronomes demonstrativos no grego bíblico, como em qualquer outra língua, servem para localizar ou identificar algum substantivo em alguma frase. Assim como os substantivos e os adjetivos, os pronomes demonstrativos também são declinados. casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome demonstrativo:  singular masculino feminino  (este)  (esta)  (deste)  (desta)  (desde este)  (desde esta)  (neste)  (nesta)  (com este)  (com esta)  (a este)  (à esta)  (este)  (esta)  (isto)  (disto)  (desde isto)  (nisto)  (com isto)  (a isto)  (isto) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome demonstrativo:  plural masculino feminino  (estes)  (estas)  (destes)  (destas)  (desde estes)  (desde estas)  (nestes)  (nestas)  (com estes)  (com estas)  (a estes)  (à estas)  (estes)  (estas)  (isto)  (disto)  (desde isto)  (nisto)  (com isto)  (a isto)  (isto) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome demonstrativo:  singular masculino feminino  (aquele)  (aquela)  (daquele)  (daquela)  (desde aquele)  (desde aquela)  (naquele)  (naquela)  (com aquele)  (com naquela)  (a aquele)  (àquela)  (aquele)  (aquela) neutro  (aquilo)  (daquilo)  (desde aquilo)  (naquilo)  (com aquilo)  (aquilo)  (aquilo) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome demonstrativo:  plural masculino feminino  (aqueles)  (aquelas)  (daqueles)  (daquelas)  (desde aqueles)  (desde aquelas)  (naqueles)  (naquelas)  (com aqueles)  (com aquelas)  (a aqueles)  (a aquelas)  (aqueles)  (aquelas) neutro  (aquilo)  (daquilo)  (desde aquilo)  (naquilo)  (com aquilo)  (aquilo)  (isto) 81 neutro neutro b. Formas dos pronomes relativos Os pronomes relativos no grego bíblico, como em qualquer outra língua, servem para se referir ou representar uma ou mais palavras anteriormente mencionadas em alguma frase. O pronome relativo pode ser traduzido como qual ou que. Assim como os substantivos, os adjetivos e os pronomes demonstrativos, os pronomes relativos também são declinados. casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome relativo:  singular masculino feminino  (o qual)  (a qual)  (do qual)  (da qual)  (desde o qual)  (desde a qual)  (no qual)  (na qual)  (com qual)  (com qual)  (ao qual)  (à qual)  (o qual)  (a qual)  (o/a qual)  (do/da qual)  (desde o/a qual)  (no/na qual)  (com qual)  (ao/à qual)  (o/a qual) casos nominativo genitivo ablativo locativo instrumental dativo acusativo pronome relativo:  plural masculino feminino  (os quais)  (as quais)  (dos quais)  (das quais)  (desde os quais)  (desde as quais)  (nos quais)  (nas quais)  (com quais)  (com quais)  (aos quais)  (às quais)  (os quais)  (as quais)  (os/as quais)  (dos/das quais)  (desde os/as quais)  (nos/nas quais)  (com quais)  (aos/às quais)  (os/as quais) neutro neutro Exemplos de pronomes demonstrativos e pronomes relativos no NTI: Mateus 3.17     Este é o filho meu o amado Marcos 9.40         quem pois não é contra nós, por nós é Lucas 12.37     benditos os servos aqueles, os quais Lucas 15.3      disse e a eles a parábola esta      eu não sou do mundo este João 8.23 João 9.28     tu discípulo és daquele, 82 Exercício: tradução.                  83 16. Símbolos Cristãos Compostos por Letras Gregas a. Os símbolos cristãos Desde os primeiros séculos da história do cristianismo, os cristãos desenvolveram alguns símbolos para expressarem ou simbolizarem a sua fé. Neste texto, são explicados alguns dos principais símbolos cristãos primitivos, mas compostos por letras gregas. i. O acróstico  Um dos primeiros símbolos cristãos é o peixe, que possui o seguinte desenho estilizado, com traços simples: O símbolo do peixe (, gr. peixe) em moderno desenho estilizado. A palavra  (, gr. peixe), em tamanho maiúsculo, em grafite cristão encontrado em Éfeso (data?). O símbolo em formato de círculo com linhas internas representa as cinco letras do vocábulo  (, gr. peixe). As palavras  (, gr. peixe) e  (, gr. viventes), em tamanho maiúsculo, em estela funerária cristã (início do 3º séc.). Em grego, a palavra peixe é , servindo de inspiração para a elaboração da seguinte frase em grego:  Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador As letras iniciais de cada um dos cinco elementos da frase serviram como acróstico para a elaboração do símbolo, resultando no vocábulo (, peixe). Os caracteres são iota (), khi (), theta (), üpsilon () e sigma (). Esse símbolo é atestado tanto na arte quanto na literatura cristãs já no 2º século. Esse símbolo se tornou muito popular no final do 2º século e foi amplamente utilizado durante os 3º e 4º séculos entre os cristãos. ii. O monograma  Outro símbolo primitivo cristão é o monograma , que é formado pelas duas letras iniciais do nome  (gr. Jesus Cristo), justapostas uma sobre a outra, em tamanho maiúsculo. Os caracteres são iota () e khi (). Esse símbolo é atestado entre o final do 3º século e o início do 4º século. 84 O nomograma  em sarcófago cristão. Constantinopla (c. 3º séc./4º séc.).  Jesus Cristo iii. O monograma  Outro símbolo primitivo cristão é o monograma ou lábaro (lat. labarum, lábaro, estandarte, bandeira) , que é formado pelas duas letras iniciais do nome  (gr. Cristo), justapostas uma sobre a outra, em tamanho maiúsculo. Os caracteres são khi () e rô (). Esse símbolo é atestado já no início do 4º século, na época do imperador romano Constantino Magno (272-337), sendo muito usado pelos cristãos desse período em diante. Segundo a tradição historiográfica cristã, tal símbolo teria sido pintado sobre os escudos dos soldados romanos por ordem de Constantino Magno contra o imperador romano usurpador Maxêncio (c. 278-312), na batalha na ponte Múlvia, sobre o rio Tibre, próxima a Roma. Essa batalha aconteceu no dia 28 de outubro de 312. De acordo com Lactâncio (240-320), em sua obra De Mortibus Persecutorum (lat. Sobre a Morte dos Perseguidores) (c. 314 ou 317), na véspera da batalha, Constantino Magno teria sonhado com a visão do monograma  e que este deveria ser pintado sobre os escudos dos soldados de seu exército. Segundo Eusébio de Cesareia (265-339), em sua obra Vita Constantini (lat. Vida de Constantino) (c. 337), a visão do referido monograma teria acontecido no céu, juntamente com os dizeres em grego  (gr. Nisto, Vitória), posteriormente traduzida para o latim como In Hoc Signo Vinces (lat. Neste símbolo vencerás). Com a adoção do monograma, Constantino Magno venceu a batalha contra Maxêncio, se tornando o único imperador do império romano. O nomograma  em moderno desenho estilizado. 85 O nomograma  junto com as letras alfa () e ômega (), em tamanho maiúsculo (data?).  Cristo Referências Bibliográficas DANIELOU, Jean; MARROU, Henri. Nova História da Igreja. vol. 1: Dos Primórdios a São Gregório Magno. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1984, p. 247. GHARIB, Georges. Os Ícones de Cristo: História e Culto. São Paulo: Paulus, 1997, p. 86 e 94. GONZALES, Justo L. História Ilustrada do Cristianismo, vol. 1: A Era dos Mártires até a Era dos Sonhos Frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 101 e 111. SOARES, Esequias. “O Símbolo do Peixe”. In: idem. Gramática Prática de Grego. São Paulo: Hagnos, 2011, p. 215. TOMMASO, Wilma S. de. O Cristo Pantocrator: Da Origem às Igrejas no Brasil, na Obra de Cláudio Pastro. São Paulo: Paulus, 2017, p. 43, 44, 49, 50 e 52. WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. 3. ed. São Paulo: ASTE, 2006, p. 151. 86 17. Textus Receptus e Novum Testamentum Graece a. Textus Receptus e Novum Testamentum Graece Atualmente, existem várias edições do Novo Testamento grego que são publicadas tanto no exterior quanto no Brasil. Por um lado, existem edições que apresentam o texto do assim denominado Textus Receptus (lat. Texto Recebido) e por outro lado, existem as edições acadêmicas que apresentam texto reconstruído, tendo por base antigos manuscritos gregos do Novo Testamento. Atualmente, o Textus Receptus é publicado principalmente pela Trinitarian Bible Society (TBS), em Londres, Inglaterra. No Brasil, o mesmo texto é distribuído pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB). Tal obra é baseada nas edições de Boaventura Elzevir e Abraão Elzevir (Leiden, 1624, 1633 e 1641) e que é a sucessora das edições de Erasmo de Roterdã (Basileia, 1516) e de Teodoro Beza (Genebra, 1565). A edição dos irmãos Elzevir serviu de base para a tradução do Novo Testamento para o português feita por João Ferreira de Almeida e publicada em Batávia (atual ilha de Java, na Indonésia), em 1681. Tal edição apresenta texto que possui os acréscimos posteriores feitos pelos copistas cristãos ao longo de séculos. O texto com os acréscimos é nominado pelos eruditos de “texto bizantino”, “texto majoritário” ou “texto coinê”. Este tipo de texto é atestado pela maioria dos manuscritos gregos do Novo Testamento e que tem as seguintes características: tendência para ampliações, correção estilística, adição de elementos explicativos, modernização do vocabulário etc. O objetivo principal de tais recursos literários era a de se produzir um texto mais elegante e mais fluente. Desde o século 19, eruditos bíblicos europeus vêm publicando edições científicas do Novo Testamento grego, com o propósito de tentar recuperar a forma do texto o mais próximo possível da forma original. Isto é, as edições científicas ou acadêmicas tentam recuperar a forma mais primitiva possível do texto grego neotestamentário, sem os acréscimos e alterações posteriores. Atualmente, a edição acadêmica mais respeitada e aceita no mundo bíblico erudito é aquela iniciada pelos estudiosos alemães Eberhard e Erwin Nestle e aprimorada no século 20 pelo erudito alemão Kurt Aland. Tal edição é conhecida como Novum Testamentum Graece (lat. Novo Testamento Grego), sendo publicada pela primeira vez por Eberhard Nestle, em Württemberg, Alemanha, em 1898. Desde os anos 1950, Kurt Aland aperfeiçoou a edição que é conhecida como Nestle-Aland Novum Testamentum Graece. Tal obra está agora em sua 28ª edição (NA28) (Stuttgart, 2012), publicada pela Deutsche Bibelgesellschaft, em Stuttgart, Alemanha. Além da referida publicação, Aland também publicou a obra The Greek New Testament (GNT) que possui exatamente o mesmo texto da obra Novum Testamentum Graece, mas com aparato crítico distinto para ser utilizado principalmente pelos tradutores. Tal publicação está agora em sua 4ª edição (GNT4) (Stuttgart, 1993), publicada também pela Deutsche Bibelgesellschaft. A edição Novum Testamentum Graece foi concebida para ser utilizada principalmente pelos exegetas e pelos estudantes de teologia e a edição The Greek New Testament foi idealizada para ser usada principalmente pelos tradutores. Esta última é publicada no Brasil pela Deutsche Bibelgesellschaft e pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) com o título O Novo Testamento Grego (NTG) (Stuttgart-Barueri, 2009). Além disso, a referida obra é a base da edição Novo Testamento Interlinear Grego-Português (NTI) (Barueri, 2004), editado pela SBB. b. O texto da edição Novum Testamentum Graece A obra Novum Testamentum Graece apresenta um texto reconstruído que tem por base os cerca de 5400 manuscritos gregos datados na época antiga e medieval. A edição traz um aparato crítico no rodapé de cada página com citações de manuscritos bíblicos gregos em papiro, em uncial (maiúsculo), em cursivo (minúsculo), de lecionários e de versões bíblicas antigas em latim, em siríaco, em copta, em armênio, em georgiano, em gótico, em etíope e 87 em eslavônico. Além das versões bíblicas clássicas, a edição leva em consideração, igualmente, as citações bíblicas registradas tanto nos escritos dos Pais gregos e latinos da Igreja quanto nos lecionários gregos. Todas estas citações justificam as decisões textuais tomadas pelos editores com a finalidade de se reconstruir a possível forma original primitiva do texto grego neotestamentário. No corpo principal consta o texto primitivo sem os acréscimos posteriores e no aparato crítico são encontrados os acréscimos e as alterações posteriores feitas pelos escribas cristãos ao longo de séculos, como atestado no então denominado “texto bizantino”. O texto principal da edição Novum Testamentum Graece apresenta a possível forma do Novo Testamento grego como seria no início do 2º século da era cristã. Na obra Novum Testamentum Graece os acréscimos posteriores não são encontrados no corpo principal da edição, mas são localizados apenas no aparato crítico. Algumas ampliações posteriores de certa extensão de tamanho, mas de datação muito antiga, são colocadas no texto principal, mas entre colchetes duplos . Em tal obra, é comum constatar a ausência de determinados versículos ou a ausência de determinados trechos de versículos (cf. Mt 5.44; 6.13; 20.16; 20.22-23; 25.13; Mc 9.49; 10.7; Lc 4.4; 8.43; 11.11; At 28.16; Rm 16.24; 16.25-27 etc.). Acréscimos posteriores de certa extensão e de datação muito antiga estão no texto principal, mas são colocados entre colchetes duplos, como Marcos 16.9-20; Lucas 22.43-44; João 7.53-8.11, entre outros trechos. Por exemplo, a doxologia do Pai Nosso, em Mateus 6.13 (“pois teu é o reino...”), é encontrada apenas no aparato crítico e não no texto principal. O trecho “bendizei os que vos maldizem, ...”, em Mateus 5.44, é localizado apenas no aparato crítico e não no texto principal. O Evangelho de Marcos termina em Marcos 16.8. Os escribas cristãos completaram o texto, escrevendo alguns finais. Existem o final longo (Mc 16.920) e o final curto e ambos são encontrados no texto principal da edição, mas entre colchetes duplos . Expressões colocadas entre colchetes simples  indicam que há dúvidas sobre a autenticidade das mesmas (cf. Mc 1.1). Como ilustração, abaixo estão imagens do início do Evangelho de Marcos na 27ª edição (NA27) (Stuttgart, 1993) e na 28ª edição (NA28) (Stuttgart, 2012) do Nestle-Aland. B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece, 27ª edição (NA27) B. Aland, K. Aland et alii (eds.), Novum Testamentum Graece, 28ª edição (NA28) 88 O texto bíblico no corpo principal é exatamente o mesmo entre a 27ª edição e a 28ª edição, com apenas algumas pequenas alterações na disposição do texto. Outra diferença perceptível são as referências bíblicas na margem lateral esquerda do texto. A 28ª edição possui mais referências bíblicas do que a edição anterior. A principal diferença entre ambas as edições é relacionada, praticamente, com o aparato crítico. O aparato crítico da 27ª edição possui o total de 16 linhas de texto, enquanto o da 28ª edição possui o total de 18 linhas (duas linhas de diferença). Os antigos testemunhos textuais citados no aparato crítico sempre justificam as decisões editoriais em relação ao texto principal da referida edição. c. O Novo Testamento (Textus Receptus) e o Novo Testamento Grego Abaixo estão imagens do início do Evangelho de Marcos na edição  - O Novo Testamento: o Texto Grego, Base da Versão João Ferreira de Almeida de 1681, publicada pela Trinitarian Bible Society (Londres, s.d.) e a edição O Novo Testamento Grego (NTG) (Stuttgart-Barueri, 2009), publicada pela Deutsche Bibelgesellschaft e pela SBB. A obra da esquerda representa o Textus Receptus, que por sua vez representa, também, o “texto bizantino” e a obra da direita representa o texto reconstruído que remontaria ao início do 2º século da era cristã. O Novo Testamento Grego, 4ª edição (NTG4) O Novo Testamento (Textus Receptus) Algumas diferenças textuais entre ambas as edições: No versículo 1, a expressão  (filho de Deus) é encontrada sem nenhuma observação no Textus Receptus, mas é colocada entre colchetes simples na edição NTG4. Os colchetes simples indicam que o trecho tem a autenticidade duvidosa. No versículo 2, a locução  (como está escrito nos profetas:) é encontrada no Textus Receptus, mas na obra NTG4 é encontrada a expressão    (conforme está escrito no Isaías o profeta:). 89 No versículo 3, Êxodo 23.20 é citado no Textus Receptus da seguinte maneira:  (eis que, eu envio o meu mensageiro). A mesma passagem bíblica é citada na edição NTG4 da seguinte maneira:  (eis, envio o meu mensageiro). No versículo 4, é encontrada a expressão  (João que batiza) no Textus Receptus, enquanto é achada a mesma locução, mas redigida como  (João [o] que batiza) na obra NTG4. No versículo 5, o Textus Receptus apresenta a seguinte leitura:  (no rio Jordão por ele). Todavia, a edição NTG4 possui a seguinte leitura:   (por ele no rio Jordão). No versículo 6, consta no Textus Receptus a leitura  (estava então João...). Na obra NTG4 consta a leitura  (e estava o João...). Referências Bibliográficas ALAND, Kurt; ALAND, Barbara. O Texto do Novo Testamento: Introdução às Edições Científicas do Novo Testamento Grego bem como à Teoria e Prática da Moderna Crítica Textual. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013. PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. SCHOLZ, Vilson. Princípios de Interpretação Bíblica: Introdução à Hermenêutica com Ênfase em Gêneros Literários. Canoas: ULBRA, 2006, p. 43-62. SILVA, Cássio Murilo D. da. Metodologia de Exegese Bíblica. Coleção Bíblia e História. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 42-43. STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 255-256. TREBOLLE BARRERA, Julio. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à História da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 396-414. WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal-EST, 2012. 90 18. Utilização da Edição Nestle-Aland Novum Testamentum Graece (NA27) a. Introdução A obra Nestle-Aland Novum Testamentum Graece, 27ª edição (NA27) (Stuttgart, 1993), editada pelos estudiosos Kurt Aland, Barbara Aland, Johannes Karavidopoulos, Carlo M. Martini e Bruce M. Metzger, é publicada pela Deutsche Bibelgesellschaft (Sociedade Bíblica Alemã), em Stuttgart, Alemanha.1 Tal edição é a continuação da obra Novum Testamentum Graece, editada pela primeira vez por Eberhard Nestle (Württemberg, 1898) e aperfeiçoada por Aland desde os anos 1950. A edição NA27 tem por base um texto reconstruído, tendo por base cerca de 5400 manuscritos gregos do Novo Testamento das épocas antiga e medieval. O texto principal da publicação NA27, que é reconstruído criticamente, apresenta a possível forma do Novo Testamento grego como seria no início do 2º século da era cristã. b. Componentes da edição A obra NA27 é a atual edição crítica padrão do texto do Novo Testamento grego para o mundo erudito, sendo composta por quatro componentes principais: Texto bíblico reconstruído baseado em manuscritos gregos antigos e medievais. O texto principal da edição → A. Referências bíblicas do Antigo e do Novo Testamento → B. Cânones eusebianos: referências a passagens paralelas entre os quatro Evangelhos → C. Aparato crítico. Observações sobre questões textuais em versões e manuscritos → D. A figura abaixo mostra a página 88 da edição NA27, correspondente ao texto de Marcos 1.1a-8b: A C B D 1 Atualmente já existe a edição Novum Testamentum Graece, 28ª edição (NA28) (Stuttgart, 2012). 91 A: A obra NA27 apresenta um texto reconstruído que tem por base os cerca de 5400 manuscritos gregos datados na época antiga e medieval. Alguns manuscritos que formam a base da edição são os códices unciais Sinaítico, Vaticano, Alexandrino, reescrito de Éfrem o Sírio, Beza, entre outros. O texto reconstruído criticamente apresenta a possível forma do Novo Testamento grego como seria no início do 2º século da era cristã. B: Referências bíblicas do Antigo e do Novo Testamento. Muitas referências bíblicas do texto veterotestamentário citadas no Novo Testamento são da Septuaginta e tais referências são identificadas por meio do símbolo . C: Cânones eusebianos: tabelas contendo referências numéricas sobre passagens paralelas entre os quatro Evangelhos, elaborada por Eusébio de Cesareia (?-339). As passagens paralelas entre os Evangelhos são elencadas em 10 “cânones” (tabelas), nos quais são indicados os trechos que apresentam o mesmo conteúdo (ex.: Mc 1.1 é paralelo a Mt 11.10 e a Lc 7.27; Mc 1.3 é paralelo a Mt 3.3, a Lc 3.4 e a Jo 1.23; Mc 1.4 é paralelo a Mt 3.4 etc.). Tais “cânones” mostram um quadro sinótico de determinadas passagens comuns nos quatro Evangelhos. O sistema é explicado por Eusébio de Cesareia em sua epístola endereçada a uma pessoa de nome Carpiano. A epístola é denominada “Eusebii Epistula Ad Carpianum et Canones I-X” (lat. Epístola de Eusébio a Carpiano e Cânones I-X). Esta epístola e os 10 cânones são encontrados em vários manuscritos gregos do Novo Testamento. D: Aparato crítico. Citações de manuscritos bíblicos gregos e de versões bíblicas antigas em latim, em siríaco, em copta, em armênio, em georgiano, em gótico, em etíope e em eslavônico. Além das versões bíblicas clássicas, a edição leva em consideração, igualmente, as citações bíblicas registradas tanto nos escritos dos Pais gregos e latinos da Igreja quanto nos lecionários gregos. Todas estas citações justificam as decisões textuais tomadas pelos editores na intenção de se reconstruir a possível forma original primitiva do texto grego neotestamentário. A figura abaixo mostra um fólio do Códice Vaticano (B), datado do 4º século, correspondente a Mateus 6.3b-20a. O Códice B é um dos inúmeros manuscritos bíblicos gregos usados pelos editores na reconstrução do texto da edição NA27. 92 Foram compostos vários manuais para a utilização da edição NA27. Em português, as obras Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia (7. ed., Sinodal-EST, 2012), de Uwe Wegner e Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento (Sociedade Bíblica do Brasil, 2012), de Wilson Paroschi, são dedicadas exclusivamente à utilização da edição NA27. Exemplos de anotação do aparato crítico: Texto: título do Evangelho de Marcos. Inscriptio:    (a inscrição do Evangelho colocada entre os símbolos  possui como variante a frase  [gr. Evangelho de acordo com Marcos] que é atestada pelos códices Alexandrino [5º séc.], Beza Cantabrigiense [5º séc.], Régio [8º séc.], Freeriano [5º séc.] e Tbilisi [9º séc.], pela família do manuscrito cursivo 13, pelos manuscritos cursivos 33 [séc. 10] e 2427 [c. séc. 14?] e pelo texto majoritário. A mesma leitura grega é apoiada pela Vulgata e por uma parte da Vetus Latina. O símbolo  separa diversas variantes relacionadas com a mesma passagem do texto. A leitura  [gr. o santo Evangelho de acordo com Marcos] é atestada pelos manuscritos cursivos 209 [séc. 14], 579 [séc. 13] e por alguns outros manuscritos gregos que diferem do texto majoritário e pela edição Clementina da Vulgata [1592-1593] [mas com alguma pequena diferença textual]. A abreviatura  indica que a leitura da obra NA27 possui apoio dos códices Sinaítico [4º séc.] e Vaticano [4º séc.] [ambos com alguma pequena diferença textual] e por poucos manuscritos gregos que diferem do texto majoritário). Texto: Marcos 1.1:  (gr. filho de Deus).   expressão colocada entre colchetes  [gr. filho de Deus] é de autenticidade (a duvidosa; a mesma expressão colocada entre os símbolos  significa que em determinados manuscritos gregos a locução é substituída por outras. O símboloindica que tal trecho era admitido como original em edições anteriores da edição NA25. O símbolo  indica que o trecho é omitido pelos códices Sinaítico [4º séc.] [texto original antes das correções posteriores] e de Tbilisi [9º séc.], pelo manuscrito cursivo 28 [séc. 11], pelo lecionário 2211 [c. 995-996], por poucos manuscritos gregos que diferem do texto majoritário, pela versão saídica e por Orígenes de Alexandria [3º séc.]. O símbolo  separa diversas variantes relacionadas com a mesma passagem do texto. O trecho  [gr. de Jesus Cristo] é omitido por Irineu de Lião [2º séc.] e por Epifânio de Salamina [5º séc.]. A leitura  [gr. filho do senhor] é atestada pelo manuscrito cursivo 1241 [c. séc. 12]. A abreviatura  indica que a leitura da obra NA27 possui apoio dos códices Sinaítico [4º séc.] [com correção feita pelo primeiro corretor], Vaticano [4º séc.], Beza Cantabrigiense [5º séc.], Régio [8º séc.] e Freeriano [5º séc.], pelo manuscrito cursivo 2427 [c. séc. 14?] e por poucos manuscritos gregos que diferem do texto majoritário [mas a leitura  {gr. filho de Deus} é atestada pelos códices Alexandrino [5º séc.], pelas famílias dos manuscritos cursivos 1 e 13, pelo manuscrito cursivo 33 [séc. 10] e pelo texto majoritário]. A tradição inteira da versão latina apoia a mesma leitura grega, assim como as versões saídica e copta e Irineu de Lião [em tradução latina]).  Texto: Marcos 1.2:  (gr. eis envio).   (o símboloindica a localização onde uma ou mais palavras é insertada pelos manuscritos gregos. A leitura  [gr. eu] é atestada pelos códices Sinaítico [4º séc.], Alexandrino [5º séc.], Régio [8º séc.] e Freeriano [5º séc.], pelas famílias dos manuscritos cursivos 1 e 13, 93 pelo manuscrito cursivo 33 [séc. 10], pelo texto majoritário, pela edição Clementina da Vulgata [1592-1593], pela Siro-Héxapla [7º séc.], pelos manuscritos das versões saídica e boaírica, por Orígenes de Alexandria [3º séc.] e por Eusébio de Cesareia [4º séc.]. A abreviatura  indica que a leitura do NA27 possui apoio dos códices Vaticano [4º séc.], Beza Cantabrigiense [5º séc.] e de Tbilisi [9º séc.], pelos manuscritos cursivos 28 [séc. 11] [texto original antes das correções posteriores] [9º séc.] e 2427 [c. séc. 14?], pelo lecionário 2211 [c. 995-996] e por poucos manuscritos gregos que diferem do texto majoritário. A mesma leitura grega é apoiada pela Vulgata e por uma parte da Vetus Latina, assim como a versão copta e Irineu de Lião [em tradução latina]). Referências Bibliográficas ALAND, Kurt; ALAND, Barbara. O Texto do Novo Testamento: Introdução às Edições Científicas do Novo Testamento Grego bem como à Teoria e Prática da Moderna Crítica Textual. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013. PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. SCHOLZ, Vilson. Princípios de Interpretação Bíblica: Introdução à Hermenêutica com Ênfase em Gêneros Literários. Canoas: ULBRA, 2006, p. 43-62. SILVA, Cássio Murilo D. da. Metodologia de Exegese Bíblica. Coleção Bíblia e História. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 42-43. STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 255-256. TREBOLLE BARRERA, Julio. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à História da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 396-414. WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal-EST, 2012. 94 19. Utilização do Software BibleWorks – NA27 a. Introdução O software bíblico BibleWorks é um programa para todos aqueles que trabalham com textos bíblicos. O programa possui versões da Bíblia em inúmeras línguas, como português, espanhol, italiano, inglês, francês, alemão, coreano, chinês, árabe, entre outras línguas, além de possuir várias edições da Bíblia em cada uma dessas linguagens. O software bíblico BibleWorks possui, ainda, gramáticas, dicionários, léxicos, concordâncias, entre outros recursos. Além das versões bíblicas em línguas modernas, o software possui a maior parte das versões clássicas da Bíblia, como o Texto Massorético (hebraico), a Septuaginta (grego), a Vulgata (latim), o Targum (aramaico) e a Peshitta (siríaco). Para o estudante de teologia, os dois principais textos bíblicos são o Antigo Testamento hebraico (a Bíblia Hebraica) e o Novo Testamento grego. A edição principal do Novo Testamento grego é a obra Nestle-Aland Novum Testamentum Graece, 27ª edição (NA27), que no programa é designada pela sigla BNT. As três colunas principais do programa são as seguintes: Coluna da esquerda: concordância onde constam todas as ocorrências de uma determinada palavra ou expressão, que é assinalada no texto bíblico grego. Coluna central: texto bíblico grego do NA27. Coluna da direita: dicionário ou gramática do grego bíblico. Abaixo, a imagem mostra a entrada Greek (ingl. grego), na qual são listadas várias versões bíblicas em grego, como Septuaginta e Novo Testamento, além de escritos dos Pais gregos da Igreja. A principal versão é aquela designada pela sigla BNT BibleWorks NT (NA27) (ingl. BNT BibleWorks Novo Testamento [NA 27]), que é o texto da edição NA27. Tal edição apresenta um texto reconstruído criticamente tendo como base inúmeros manuscritos gregos da época antiga e medieval. 95 b. O substantivo  em Marcos 16.2 A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico grego da obra NA27, em Marcos 16.2, destacando o substantivo no caso genitivo plural  (gr. dos sábados), que é assinalado em cor amarela. A coluna da esquerda, que é uma concordância, mostra todas as passagens onde a palavra em relevo ocorre no texto bíblico grego. A coluna da direita, que é um léxico, fornece informações gramaticais sobre a lexia em realce. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações sucintas como significado básico e breve classificação gramatical. Detalhe para ser comentado é sobre a coluna da esquerda: a concordância lista, unicamente, a forma da palavra que aparece no texto bíblico grego em Marcos 16.2, sem atentar para outras formas. Neste caso, a concordância lista o vocábulo  (gr. dos sábados) no genitivo plural. De acordo com a concordância, esta forma da palavra ocorre em 10 versículos: Mateus 28.1 (duas vezes); Marcos 16.2; Lucas 4.16; 24.1; João 20.1; 20.19; Atos dos Apóstolos 13.14; 16.13; 20.7 e Colossenses 2.16. Note que a citada palavra é destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos. A coluna da direita mostra o verbete dedicado ao item lexical  (gr. sábado), no caso nominativo singular, no léxico Shorter Lexicon of the Greek New Testament, de F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker. Este léxico possui versão em português, sendo intitulado Léxico do Novo Testamento Grego/Português (São Paulo: Vida Nova, 1984). Na coluna da direita, constam várias informações gramaticais, como a forma da palavra no nominativo singular (), o sufixo de genitivo () que indica que a mesma pertence à segunda declinação e o gênero da mesma que é neutro (). Além disso, há os significados (sábado, o sétimo dia da semana, considerado sagrado pelos judeus) e referências bíblicas (Mt 12.8; Mc 2.27; Lc 6.7; Jo 5.9 etc.). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas sobre o vocábulo em Marcos 16.2: ,  o sábado substantivo comum neutro genitivo plural 96 c. O nome próprio masculino  em Marcos 16.7 A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico grego da edição NA27, em Marcos 16.7, destacando o nome próprio masculino no caso dativo  (gr. a Pedro), que é assinalado em cor amarela. A coluna da esquerda mostra todas as passagens onde a forma do nome em relevo ocorre no texto bíblico grego. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre o nome próprio masculino em realce. A janela em formato de popup, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações sucintas como significado básico e breve classificação gramatical. Na coluna da esquerda, a concordância lista, unicamente, a forma do nome próprio masculino no caso dativo singular que aparece no texto bíblico grego em Marcos 16.7, sem atentar para outras formas. Neste caso, a concordância lista o nome próprio masculino  (gr. a Pedro) no dativo singular. De acordo com a concordância, esta forma do referido nome ocorre em 15 versículos: Mateus 16.23; 17.24; 26.40; 26.73; Marcos 8.33; 14.37; 14.70; 16.7; Lucas 22.61; João 18.11; 18.17; 21.7; 21.15; Atos dos Apóstolos 10.45 e Gálatas 2.8. Note que o mencionado nome próprio masculino é destacado em cor amarela na lista de versículos bíblicos. A coluna da direita mostra o verbete dedicado ao item lexical  (gr. Pedro), no caso nominativo singular, no léxico de Gingrich e Danker. Na coluna da direita, constam várias informações gramaticais, como a forma do nome no nominativo singular (), o sufixo de genitivo () que indica que o mesmo pertence à segunda declinação e o gênero do mesmo que é masculino (). Além disso, há o significado (Pedro, o sobrenome do líder dos doze discípulos; seu nome era originalmente Simão [...]) e referências bíblicas (Mt 16.16; 16.18; Mc 3.16; Lc 5.8; Jo 18.10 etc.). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas sobre o nome próprio masculino em Marcos 16.7: ,  Pedro nome próprio masculino dativo singular 97 d. A forma verbal  em Marcos 16.1 A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico grego da obra NA27, em Marcos 16.1, destacando a forma verbal  (gr. compraram), que é assinalada em cor amarela. A coluna da esquerda mostra todas as duas passagens onde o item verbal em relevo ocorre no texto bíblico grego. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre a forma verbal em realce. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações sucintas como significado básico e breve classificação gramatical. Na coluna da esquerda, a concordância lista, unicamente, a forma do item verbal que aparece no texto bíblico grego em Marcos 16.1, sem atentar para outras formas. Neste caso, a concordância lista o item verbal  (gr. compraram) no aoristo ativo, terceira pessoa plural. De acordo com a concordância, esta forma do referido verbo ocorre em apenas dois versículos: Mateus 27.7 e Marcos 16.1. Note que a mencionada forma verbal é destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos. A coluna da direita mostra o verbete dedicado ao item lexical  (gr. comprar, adquirir), no léxico de Gingrich e Danker. Na coluna da direita, constam várias informações gramaticais, como a forma verbal no indicativo presente, voz ativa, primeira pessoa singular (). Além disso, há o significado (comprar, adquirir) e referências bíblicas (Mt 13.44 e 1Co 6.20). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas sobre o item verbal em Marcos 16.1:  comprar verbo indicativo aoristo ativo terceira pessoa plural 98 e. A preposição  em Marcos 16.19 A imagem abaixo mostra, na coluna central, o texto bíblico grego da edição NA27, em Marcos 16.19, destacando a preposição  (gr. com, junto a, entre [genitivo]; depois de, após [acusativo]), que é assinalada em cor amarela. A coluna da esquerda mostra todas as passagens onde a preposição em relevo ocorre no texto bíblico grego. A coluna da direita fornece informações gramaticais sobre a preposição. A janela em formato de pop-up, em cor amarela clara, na coluna central, fornece informações sucintas como significado básico e breve classificação gramatical. Na coluna da esquerda, a concordância lista, unicamente, a preposição que aparece no texto bíblico grego em Marcos 16.19. Neste caso, a concordância lista a preposição  (gr. com, junto a, entre [genitivo]; depois de, após [acusativo]). De acordo com a concordância, esta preposição ocorre em 287 versículos, entre os quais Mateus 1.12; 2.11; 4.21; 8.11; 9.11; 12.41; 12.42; 13.20 etc. Note que a referida preposição é destacada em cor amarela na lista de versículos bíblicos. A coluna da direita mostra o verbete dedicado ao item lexical  (gr. com, junto a, entre [genitivo]; depois de, após [acusativo]), no léxico de Gingrich e Danker. Na coluna da direita, constam várias informações gramaticais, como os vários usos da preposição (no genitivo: com; com acusativo: após). Além disso, há referências bíblicas (Mc 3.5; 10.30; Lc 23.12; Hebreus 9.3 etc.). A janela em formato de pop-up fornece informações gramaticais básicas sobre a preposição em Marcos 16.19:  com (genitivo); após (acusativo) preposição de acusativo 99 f. Novo Testamento Interlinear Grego-Português e BibleWorks Abaixo, uma análise de Marcos 1.9, tendo como base a tradução da obra Novo Testamento Interlinear Grego-Português (NTI) (SBB, 2004) com as informações do software BibleWorks. Observação: os números sobrescritos conectam as palavras e expressões do texto bíblico grego com os quadros em cor bege com as informações das janelas em formato pop-up que aparecem na coluna central que apresenta o texto bíblico grego no software BibleWorks.  1 2 E aconteceu 3 4 em aqueles os dias 9 10 e foi batizado 7 8 de Nazaré da Galileia 1 6 veio Jesus 11 12 em o Jordão por João. e, então, também conjunção coordenativa 2 vir a ser, ser verbo indicativo aoristo médio terceira pessoa singular 3  em (dativo) preposição de dativo1 4  que pronome demonstrativo dativo feminino plural  o artigo definido dativo feminino plural  um dia substantivo comum dativo feminino plural 5  vir, ir verbo indicativo aoristo ativo terceira pessoa singular 6  Jesus, Josué nome próprio nominativo masculino singular 7  de (genitivo) preposição de genitivo 8  Nazaré nome próprio genitivo feminino singular  a  Galileia artigo definido genitivo feminino singular nome próprio genitivo feminino singular 9 e, então, também conjunção coordenativa 10  batizar verbo indicativo aoristo passivo terceira pessoa singular 11 12 1 5  para (acusativo) preposição de acusativo   o artigo definido acusativo masculino singular por (genitivo); sob (acusativo) preposição de genitivo  o Jordão nome próprio acusativo masculino singular  João nome próprio genitivo masculino singular O software BibleWorks classifica o caso como dativo, porém, a maioria das gramáticas de grego bíblico classifica o referido caso como locativo. O mesmo é válido para o caso dos quadros de número 4. 100 g. Download Abaixo está o título completo do software e informações para download. BibleWorks 8: Software for Biblical Exegesis and Research. Norfolk: Bibleworks, LLC, 2008. Sites para download: www.4shared.com. 194.71.107.80/torrent/5359588/BibleWorks_8. Exercício: fazer a classificação gramatical de Lucas 1.26, tendo como base a obra Novo Testamento Interlinear Grego-Português com as informações do software BibleWorks. Referência Bibliográfica BibleWorks 8: Software for Biblical Exegesis and Research. Norfolk: Bibleworks, LLC, 2008. 101 20. Verbo no Grego Bíblico: Introdução Panorâmica a. Introdução Este estudo apresenta os principais aspectos do sistema verbal do grego bíblico, servindo como introdução geral ao assunto. b. Características gerais O sistema verbal do grego bíblico consiste nos seguintes componentes: Tempo Modo Voz Pessoa Número Função Presente, futuro, imperfeito, aoristo, perfeito e mais-que-perfeito. Indicativo, subjuntivo, imperativo e optativo. Voz ativa, voz passiva e voz média. Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas. Singular e plural. Aspecto durativo, aspecto pontilear e aspecto resultante. Alguns verbos frequentes no texto bíblico grego são:               → → → → → → → → → → → → → → amar. santificar. ressuscitar. conhecer, saber. escrever. servir. ser, existir. vir. estar. dizer. mudar a mente. crer. fazer. salvar. Nos dicionários de grego bíblico, sempre a forma verbal é a da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, voz ativa. Logo em seguida, há as conjugações, as principais formas verbais, os possíveis significados e referências bíblicas. A seguir, como exemplo, o verbo  na obra de Carlo Rusconi, Dicionário do Grego do Novo Testamento (São Paulo: Paulus, 2003), p. 17. Significado das formas verbais e significado das principais abreviaturas e símbolos que são mostrados no verbete: 102  (amarei); fut. at.: futuro do indicativo, voz ativa.  (amei); aor. at.: aoristo, voz ativa.  (tenho amado); perf. at.: perfeito, voz ativa.  (serei amado); fut. pas.: futuro, voz passiva.  (tenho sido amado); perf. pas.: perfeito, voz passiva.  (amor): substantivo feminino da primeira declinação derivado do verbo . Ø: indica o início da lista das formas verbais mais importantes no Novo Testamento grego. ↗: remete ao vocábulo em questão. ⇔: indica o início da lista dos significados do vocábulo no Novo Testamento grego. Os léxicos de grego bíblico sempre listam todas as formas verbais de um determinado verbo. A seguir, como exemplo, o verbo  na obra de William D. Mounce, Léxico Analítico do Novo Testamento Grego (São Paulo: Vida Nova, 2013), p. 191. 103 Observação importante: nos dicionários e nos léxicos de grego bíblico sempre são encontrados os verbos e as formas verbais que são registrados ao longo do texto do Novo Testamento grego. No período neotestamentário (1º e 2º séc. d.C.), existiam outros verbos e outras formas verbais, mas que não foram registradas no texto grego do Novo Testamento. Muitos substantivos do grego bíblico são derivados de verbos, como nos exemplos abaixo:  (amar)  (anunciar)  (servir)  (ensinar)  (dizer)  (salvar) → → → → → → (amor),  (amado).  (mensageiro, anjo),  (anúncio, mensagem).   (servente),  (serviço). (mestre),  (ensinamento, instrução).  (palavra),  (dito, sentença).  (salvação),  (salvador). O sistema verbal do grego bíblico possui os seguintes tempos e aspectos: tempos Presente: expressa ação contínua; aspecto durativo. Ex.: eu escrevo/eu estou escrevendo; eles trabalham/eles estão trabalhando. ação – Futuro: expressa ação contínua no futuro; aspecto pontilear. Ex.: eu escreverei; no juízo final Cristo julgará os vivos e os mortos. : Imperfeito: expressa ação contínua no passado, mas que já cessou; aspecto durativo. Ex.: eu escrevia/eu estava escrevendo; o apóstolo estava pregando na igreja. –| Aoristo: expressa ação concluída no passado, sem especificar a duração; aspecto pontilear. Ex.: eu escrevi; Cristo ressuscitou. • Perfeito: expressa ação concluída no passado, mas com alguma consequência posterior que é resultante da ação; aspecto resultante. Ex.: o texto foi escrito ontem e hoje pode ser lido; tomei o remédio ontem e hoje estou melhor. • – |– Mais-que-perfeito: expressa ação concluída no passado e que teve certa duração por algum tempo até cessar; aspecto resultante. Ex.: o escritor ficou escrevendo o texto; o aluno ficou esperando o ônibus. •–| c. Exemplos da utilização dos tempos verbais no Novo Testamento grego Presente João 21.15-17    (...)  (...) Simão de João, amas a mim mais do que estes? (...)     Sim, Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti.     diz a ele novamente segunda vez: Simão de João, amas a mim?     Sim, Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti. 104     diz a ele a terceira vez: Simão de João, tens afeição por mim?     e diz a ele: Senhor, tudo tu sabes (...) que tenho afeição por ti. Marcos 12.14       Mestre, sabemos que (...) o caminho de Deus ensinas; Futuro João 5.25      (...) os mortos ouvirão a voz do filho de Deus (...) Apocalipse 5.10    (...) e reinarão sobre a terra. Imperfeito Marcos 1.13     (...) e estava no deserto quarenta dias (...)     A, ---, então, igreja (...) tinha paz (...) Atos dos Apóstolos 9.31 Aoristo Marcos 1.8      eu batizei a vós com água, ele mas batizará a vós em espírito santo. Romanos 1.21     porque conhecendo o Deus não como Deus glorificaram (...) 3João 9    Escrevi algo à igreja; (...) Perfeito João 16.11     (...) porque o chefe deste mundo está julgado/foi julgado. João 19.30    (...) o Jesus disse: Está completado/foi completado, (...) Mais-que-perfeito Marcos 1.34    105    (...) mas não deixava falar os demônios, porque tinham conhecido a ele. João 6.17      (...) e escuridão já tinha se tornado e ainda não tinha vindo a eles (...) d. Formas do infinitivo forma do dicionário forma do infinitivo tradução   dizer   ouvir   amar   ter afeição   ver   ser, estar   receber   glorificar   santificar   falar   batizar   ter   crer   testemunhar   ensinar   conhecer   escrever   salvar   fazer   servir e. Particípio No grego bíblico, o particípio é uma forma verbal que pode ser usado como verbo ou como adjetivo. O particípio pode ter função atributiva ou predicativa. Assim como os substantivos e adjetivos, o particípio possui caso, gênero e número. o particípio como adjetivo Função: atributiva ou predicativa. Quando aparece com artigo definido, pode ser utilizado como adjetivo substantivado. Como adjetivo, possui caso, gênero e número. 106 o particípio como verbo Como verbo, possui os seguintes tempos: presente, futuro, aoristo e perfeito. Possui voz: ativa, média e passiva. Abaixo, há alguns exemplos do particípio, na voz ativa, no gênero masculino, no caso nominativo, no singular e as possíveis traduções: forma do dicionário particípio opções de tradução   dizendo/o que diz   ouvindo/o que ouve/ouvinte   amando/o que ama/amante   vendo/o que vê   sendo/o que é/ente   recebendo/o que recebe   glorificando/o que glorifica   santificando/o que santifica   falando/o que fala/falante   batizando/o que batiza/batizante   tendo/o que tem   crendo/o que crê/crente   testemunhando/o que testemunha   ensinando/o que ensina   conhecendo/o que conhece/conhecedor   escrevendo/o que escreve/escrevente   salvando/o que salva/salvador   fazendo/o que faz   servindo/ o que serve/servente Exemplos: Êxodo 3.14      E disse o Deus a Moisés eu sou o que é/o ente; Marcos 1.4     veio João o que batiza/o batizante no deserto (...) João 14.21      o que tem os mandamentos meus aquele é o que ama a mim; 107 2João 1.5      e agora (...), senhora, (...) não como mandamento novo escrevendo a ti (...) Abaixo, há alguns exemplos do particípio, na voz ativa, no gênero masculino, no caso nominativo, no plural e as possíveis traduções: forma do dicionário particípio opções de tradução   dizendo/os que dizem   ouvindo/os que ouvem/ouvintes   amando/os que amam/amantes   vendo/os que veem   sendo/os que são/entes   recebendo/os que recebem   glorificando/os que glorificam   santificando/os que santificam   falando/os que falam/falantes   batizando/os que batizam/batizantes   tendo/os que têm   crendo/os que creem/crentes   testemunhando/os que testemunham   ensinando/os que ensinam   conhecendo/os que conhecem/conhecedores   escrevendo/os que escrevem/escreventes   salvando/os que salvam/salvadores   fazer/os que fazem   servindo/ os que servem/serventes Exemplos: Mateus 2.2      (...) eis que magos desde orientes chegaram a Jerusalém dizendo:      Onde está o nascido rei dos judeus? Mateus 5.11 1     benditos os que estão tristes, porque eles serão consolados. Verbo:  (gr. estar triste, estar aflito, estar de luto, chorar, prantear, lamentar). 108 Mateus 5.62     benditos os que têm fome e os que têm sede de a justiça, f. Tabela das formas verbais Abaixo, há uma tabela que serve como identificação das características, terminações, identificação e tipo de ação das formas verbais do grego bíblico.3 As abreviaturas usadas na tabela são as seguintes: abreviatura fut. ind. impf. ind. inf. fut. inf. pres. ind. inf. 1º aor. inf. 2º aor. mqpf. ind. part. fut. part. perf. perf. ind. part. 1º aor. part. 2º aor. part. 2º perf. pres. imp. pres. ind. pres. opt. pres. subj. vz. at. vz. méd. vz. pas. 1º aor. imp. 2º aor. imp. 1º aor. ind. 2º aor. ind. 1º aor. opt. 2º aor. opt. 1º aor. subj. 2º aor. subj. 2º mqpf. ind. aumento tempo e modo verbal futuro do indicativo. imperfeito do indicativo. infinitivo do futuro. infinitivo do presente do indicativo. infinitivo do primeiro aoristo. infinitivo do segundo aoristo. mais-que-perfeito do indicativo. particípio do futuro. particípio do perfeito. perfeito do indicativo. particípio do primeiro aoristo. particípio do segundo aoristo. particípio do segundo perfeito. presente, imperativo. presente do indicativo. presente do optativo. presente do subjuntivo. voz ativa. voz média. voz passiva. primeiro aoristo, imperativo. segundo aoristo, imperativo. primeiro aoristo do indicativo. segundo aoristo do indicativo. primeiro aoristo do optativo. segundo aoristo do optativo. primeiro aoristo do subjuntivo. segundo aoristo do subjuntivo. segundo mais-que-perfeito do indicativo. características   terminações identificação pres. ind. vz. at. ação contínua    pres. ind. vz. méd./ vz. pas. contínua inf. pres. ind. contínua   2 3 Verbos:  (gr. ter fome, estar com fome, estar faminto);  (gr. ter sede, estar sedento). Esta tabela é baseada em L. S. Rega e J. Bergmann, Noções do Grego Bíblico: Gramática Fundamental, 3. ed., São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 369-370. 109 vz. at./ vz. méd./ vz. pas.         pres. subj. vz. at. contínua pres. subj. vz. méd./ vz. pas. contínua part. pres. vz. at. contínua part. pres. vz. méd./ vz. pas. contínua pres. imp. vz. at. contínua pres. imp. vz. méd./ vz. pas. contínua pres. opt. vz. at. contínua pres. opt. vz. méd./ vz. pas. contínua  ∕∕ 3ª ∕∕ 1a           2ª ∕∕ 1a                   fut. ind. vz. at. contínua no futuro      fut. ind. vz. méd. contínua no futuro     inf. fut. vz. at./ vz. méd. contínua no futuro      1º aor. subj. vz. at. concluída no passado      1º aor. subj. vz. méd. concluída no passado part. fut. vz. at. contínua no futuro part. fut. vz. méd. contínua no futuro inf. 1º aor. vz. at./ vz. méd. concluída no passado  ∕∕        3ª ∕∕ 1a 2ª ∕∕ 1a    110 ∕∕ 3ª ∕∕ 1a part. 1º aor. vz. at. concluída no passado part. 1º aor. vz. méd. concluída no passado         1º aor. imp. vz. at. concluída no passado      1º aor. imp. vz. méd. concluída no passado      1º aor. opt. vz. at. concluída no passado      1º aor. opt. vz. méd. concluída no passado    1º aor. subj. vz. pas. concluída no passado part. 1º aor. vz. pas. concluída no passado 1º aor. opt. vz. pas. concluída no passado inf. 1º aor. vz. pas. concluída no passado 1º aor. imp. vz. pas. concluída no passado fut. ind. vz. pas. contínua no futuro inf. fut. vz. pas. contínua no futuro part. fut. vz. pas. contínua no futuro inf. 2º aor. vz. at./ vz. méd. concluída no passado    ∕∕     2ª ∕∕ 1a  3ª ∕∕ 1a                          2ª ∕∕ 1a        2º aor. subj. vz. at. concluída no passado      2º aor. subj. vz. méd. concluída no passado   111 ∕∕ 3ª ∕∕ 1a part. 2º aor. vz. at. concluída no passado 2ª ∕∕ 1a part. 2º aor. vz. méd. concluída no passado 3ª ∕∕ 1a part. 2º aor. vz. pas. concluída no passado   2º aor. imp. vz. at. concluída no passado    2º aor. imp. vz. méd. concluída no passado      2º aor. opt. vz. at. concluída no passado      2º aor. opt. vz. méd. concluída no passado    2º aor. imp. vz. pas. concluída no passado perf./ 2º perf. ind. vz. at. concluída no passado, mas com consequência posterior inf. perf. vz. at./ vz. méd./ vz. pas. concluída no passado, mas com consequência posterior part. perf./ 2º perf. vz. at. concluída no passado, mas com consequência posterior perf. ind. vz. méd./ vz. pas. concluída no passado, mas com consequência posterior    ∕∕                  ∕∕    3ª ∕∕ 1a    112  2ª ∕∕ 1a part. perf. vz. méd./ vz. pas. concluída no passado, mas com consequência posterior impf. ind. vz. at. concluída no passado, mas com consequência posterior impf. ind. vz. méd./ vz. pas. concluída no passado, mas com consequência posterior                     1º aor. ind. vz. at. concluída no passado        1º aor. ind. vz. méd. concluída no passado        1º aor. ind. vz. pas. concluída no passado        2º aor. ind. vz. at. concluída no passado        2º aor. ind. vz. méd. concluída no passado        2º aor. ind. vz. pas. concluída no passado     mqpf./2º mqpf. ind. vz. at. concluída no passado e que teve certa duração por algum tempo até cessar     mqpf. ind. vz méd./ vz. pas. concluída no passado e que teve       113 certa duração por algum tempo até cessar Exercícios. α. Conjugar, utilizando a tabela, os seguintes verbos no presente do indicativo, voz ativa:       β. Conjugar, utilizando a tabela, os seguintes verbos no presente do indicativo, voz passiva:       Referências Bibliográficas FREIRE, Antônio. Gramática Grega. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 59-140, 189204 e 239-241. GUSSO, Antônio R. Gramática Instrumental do Grego: do Alfabeto à Tradução a Partir do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 53-60, 69-78, 95-118, 131-140 e 149-244. MALZONI, Cláudio V. 25 Lições de Iniciação ao Grego do Novo Testamento. 2. ed. Coleção Línguas Bíblicas. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 39-46, 57-60, 69-72, 85-88, 95-97, 115-119, 123-127 e 133-136. MOUNCE, William D. Fundamentos do Grego Bíblico - vol. 1: Livro de Gramática. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 141-398, 416-444. REGA, Lourenço S.; BERGMANN, Johannes. Noções do Grego Bíblico: Gramática Fundamental. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 27-68, 134-177, 207-243, 255-315 e 351-360. SOARES, Esequias. Gramática Prática de Grego. São Paulo: Hagnos, 2011, p. 52-60, 94-102, 112172, 196-214 e 238-340. SCHALKWIJK, Francisco L. Coinê: Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 8. ed. Patrocínio: Ceibel, 1998, p. 14-19, 48-58, 60-75, 80-107, 132-133 e 154-162. SWETNAM, James. Gramática do Grego do Novo Testamento – vol. 1: Lições; vol. 2: Chaves e Paradigmas. São Paulo: Paulus, 2002, p. 16-395. WALLACE, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. São Paulo: Editora Batista Regular do Brasil, 2009, p. 390-655. 114 21. Vocabulário do Grego Bíblico O Novo Testamento grego possui 5.388 palavras em 7.941 versículos. Cerca de 1.928 vocábulos são hapax legomena (palavras que ocorrem uma única vez). O número total de palavras é de 138.019.1 Este “Vocabulário do Grego Bíblico” lista, em sequência alfabética e por tópicos, aqueles itens lexicográficos mais frequentes que são registrados no texto do Novo Testamento grego. a. Substantivos  abismo bondade   serviço diácono, servente amor, afeição anúncio  mestre  ensinamento  justiça  anjo, mensageiro campo  glória, honra  irmã  servo, escravo  irmão  nação  hades  paz  injustiça sangue  igreja óleo ouvido verdade    pecado, erro, falta cordeiro  trabalho, obra deserto  homem, marido  oração, prece  ser humano  vida, vida natural  apóstolo  dia    pão, alimento reino, reinado  morte vontade  rei  Deus, deus  rainha  filha  livro  sacrifício  vida, existência  templo  terra  momento    conhecimento mulher, esposa  coração mundo  aliança  Senhor, senhor         1   misericórdia mandamento Cf. Paroschi, 2012, p. 186 e 273, n. 162. Soares fornece números parecidos com os dados que foram mencionados acima: ele informa que no Novo Testamento grego consta o total de 5.437 palavras distintas, perfazendo um total de 138.162 vocábulos. Cerca de 1.800 palavras são hapax legomenon, cf. Soares, 2011, p. 15-16. 115  palavra, dito  fogo    discípulo mãe  palavra, dito carne  lei  sinal, prodígio  noite  sabedoria  jarro, cântaro  sinagoga  caminho casa, família  cruz boca casa, família mundo habitado    nome céu  salvação lugar  olho  água  multidão visita, presença  filho amor, amizade   pai pátria  voz, som luz, lâmpada  espírito, sopro  cristo, ungido  maldade  tempo (cronol.)  pé  salmo  rosto, face profecia  falsidade alma, vida   profeta profetisa  ode, cântico hora  pobreza  lucro             corpo salvador b. Adjetivos  bom, reto amado, querido  santo, sacro verdadeiro    justo, correto eleito  grande pequeno  último  morto    outro puro  inteiro igual  novo, recente  velho  mau, malvado  fiel       116 bonito, belo chamado comum feliz, bendito   rico  pobre  mau primeiro  sábio humilde, modesto   c. Advérbios  agora  sim  ali já  não aqui   d. Nomes próprios  André  Mateus  Ana  Marta  Augusto  Maria    Isabel Tiago  Marcos Paulo  Jesus  Pedro  Judas João  Pilatos Priscila   José Lucas  Tibério Timóteo  Loide  Tito    e. Topônimos  Atenas Egito  Antioquia Belém    Galileia Grécia  Nazaré Roma  Éfeso  Esmirna  Tessalônica  Tiberíades  Jerusalém  Filipos       Judeia Israel Corinto Laodiceia f. Preposições    para cima em lugar de  para, para dentro de, desde  até  em, dentro de  de, da parte de  diante de, ante o  por meio de  sobre, em cima de 117  de acordo com  junto de    com, junto a perto de, junto de  com sobre, acima de  em torno de  sob, embaixo de g. Conjunção  e h. Pronomes pessoais    eles/elas elas  ele eu  ela  nós  ele/ela  tu  eles  vós i. Verbos    amar anunciar  trabalhar vir  santificar  comer  guiar  evangelizar  ouvir  louvar, agradecer  subir ler  encontrar pedir, suplicar ressuscitar morrer  batizar reinar    enxergar gerar  estar chamar  tornar-se  descer  saber, conhecer  proclamar  escrever  falar  servir, cuidar ensinar  receber dizer   dar pensar  lavar soltar  glorificar  testemunhar  erguer, levantar  permanecer  ser, existir  mudar a mente             118 ter viver procurar querer  vencer  salvar    ver enviar  pôr tornar conhecido  crer  carregar, levar  fazer  ter afeição  semear  guardar  crucificar congregar  cantar, salmodiar alegrar-se   Referências Bibliográficas BAILLY, Anatole (ed.). 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Códice Vaticano: Gr. 1209 Manuscrito: Códice Vaticano: Gr. 1209 (B).2 Data: 4º século. Texto: João 16.27-17.21 (fólio 1375b). 2 Cf. digi.vatlib.it/view/MSS_Vat.gr.1209. 121 c. Códice Alexandrino: M.B. Royal 1D v-viii Manuscrito: Códice Alexandrino: M.B. Royal 1D v-viii (A).3 Data: 5º século. Texto: Romanos 1.1-27 (fólio 23a). 3 Cf. www.bl.uk/manuscripts/Viewer.aspx?ref=royal_ms_1_d_viii. 122 d. Códice Beza Cantabrigense: NN. 2.41 Manuscrito: Códice Beza Cantabrigense: NN. 2.41 (D).4 Data: 5º ou 6º século. Texto: Mateus 11.10-21 (fólio 33b). 4 Cf. cudl.lib.cam.ac.uk/view/MS-NN-00002-00041. 123 e. Códice NLG 122 Manuscrito: Códice NLG 122.5 Data: século 14. Texto: Mateus 1.1-2.1. 5 Cf. www.csntm.org/manuscript/View/noGA_NLG_122. 124 f. Papiro 72: Bodmer VII-VIII Manuscrito: Papiro 72: Bodmer VII-VIII (𝔓72).6 Data: 3º ou 4º século. Texto: 2Pedro 1.1-5. 6 Cf. www.csntm.org/manuscript/view/GA_P72. 125 g. Novum Testamentum Graece, 27ª edição (NA27) Edição: B. Aland, K. 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