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O FRAGMENTO 2W DE ARQU(LOCO
Paula da Cunha Corrêa
Universidade de São Paulo
A interpretação tradicional do Fr. 2w de Atqufloco
a siu questionada
após T. Hudson-Williams ter discutido a construção "inc.omum· da última oração, e uma
questão de estilo ter sido levantada por C. M. Bowra. tlial seria o significado de tv
õopí? Oseu emprego serie idt?ntico nas suas tffls oco(fflncias, ou não? Examinando-tais
problemas e as soluções propostas, sugerimos uma nova possibilidade de leitura.
RESUIIIO:
Breve como o. outro fragmento, e até certo ponto formalmente
semelhante, este dfstico nos
uma cena cotidiana de um 'servo do s.enhor
Eniálio'. Mas não é cena de batalha, uma visão dos hoplítas -enfileirados em
formação ou combatendo, como é freqüente em Cal ino ou Tirteu. O soldado está de
vigrlia, e sua ação nada tem de heróica, muito pelo contrá.rio:
é v ôopi J1ÉV JlOL J1âÇa J1EJ1«YJ1ÉVf/, é v ôopi 8' obu;
'JCTj1aptfCÓÇ, 1rÍ KlJ 8' ÉV
êof KeKÂlJ1ÉW).
Na lança, meu p3o sovado, na lança, o vinho
.lsmárico, e bebo na lança apoiado.
A primeira versão deste fragmento de que se tem notfcia é de 1612, de
Dionlsio Petávio, editor e tradutor das cartas de Sinédio (Synesius, Ep. 129b Migne,
apud. Arnould, 1980, p. 288):
·
Maza mihihastato praebetur, Bacchus in hasta
lsmaricus; dum me sustinet hasta, bibo.
I. Liebel em sua edição de 1812 dos fragme·ntos de Arqulloco citou, além
desta tradução de Dionfsio, o escólio de Hfbrias que data do V ou IV século a. C.
onde lança, espada e escudo são
como os maiores bens do homem, e
que tudo para ele conquistam (909PMG):
Minha grande riqueza 53o a lança, a espada
e o belo escudo, defesa da pele.
Com eles aro, com eles colho,
com eles piso o doce vinho das uvas,
Com eles senhor de servos sou chamado.
Eos que nlo ousam levar a lança, a espada
e o belo escudo, defesa da pele,
Todos prostados aos meus joelhos
beijam seu senhor,
Ede grande rei me chamam.
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Partindo da tradução de Olonlsio e do poéma da Hfbrias. esta tem sido a
leitura tradicional, ou talvez mais habitual do fragmento, aceita pela grande maioria:
é com ou pela lança que o eu obtém o seu pão e vinho. O seu sustento está na
lança e ela serve-lhe também como objeto no qual apoia-se para beber. A lança é
útil em todos momentos da vida do soldado, dentro e fora do combate cerrado. Com
ligeiras variações, pautam-se nesta leitura as traduções das principais edições
billngües de Arqufloco: J. M. Edmonds (1931), e entre n_
ós. V. de Falco e A. F.
Coimbra (1941).
·
Mas em 1900, Bahntje em Questiones Archilochae já afirmava que em
suas três repetições a preposição tv teria um valor estritamente locativo e portanto.
na sua _leitura, ev &lpí. tem sempre a mesma função: assim como o sujeito bebe
apoiado na lança, o pão e vinho estariam literalamente · na lança (apud. Arnould,
1980, p. 285) 1-. .Isto é, presos à lança, dependurados em um farnel. O vaso dos
guerreiros micênicos ilustra tal prática: os soldados costumavam levar na
extremidade da lança um pequeno farnel de mantimentos em que carregavam sua
rações (Cf. Vernant, 1'968, PI. 3).
Huds6n-Williams, em 1926, apontou para o fato de que na l/fada o
particlpio
constroi-se apenas como dativo, sem a preposição ev, e que
portanto, a.seu ver, a preposição f.v .na última oração
apenas para tomar a
repetição mais enfática (Hudson Willians, 1926, p: 83).
O que para Hudson-Williams. parecia ser não mais que uma construção
não habitual, despertou a atenção de Van.Groningen em 1930 (apud. Arnould, 1980,
p. 285), de Browa (1954, p. 38) e de outros como não-gramatical. Segundo estes,
no grego arcaico Kt:ichHtvoc; empregava-se · simplesmente com o dativo (sem
preposição) ou com a preposição npói; e· o acusativo para significar apoiar-se
sobre. Portanto, as versões tradicionais inclusive a de U. Bahntje, estariam partindo
de um uso impróprio do verbo KÀ.hq.t.at com a preposição év. Este foi um dos
motivos que suscitaram as . disc-ussões acerca da interpretação tradicional do
fragmento. A presença da P!eposição f.v no último cólon passou a ser enfática para
uns 2 , agramatical para outros 3 , simplesmente tradicional (Page, 1964, p. 133), ou
diferente da leitura tradicional; nias gramaticalmente compreenslvel e aceitável
(Arnould, 1980, p. 289-91 ). ou ainda supérflua, se não incompreenslvel (Marzullo,
1965, p. 6).
.
Uma segunda questão, de .ordem estillstica, foi levantada por C. M.
Bowra. A seu ver. f.v &lpí deveria ter o mesmo significado nas três repetições, o
que não ocorria na leitura tradicional: "First, there is a stylistic difficulty. When f.v
õopí appears three times in a couplet, we may expect it to have the sarne meaning
on each appearance ( ... ) Butthat is not what the usual interpretation demands."
(Bowra, 1954, p. 37-8). A partir dar, surgiram as mais diversas interpretações que
buscavam. na sua maioria, satisfazer estas duas condições: resolver o problema do
verbo
com a preposição f.v e o dativo. e manter a mesma construção
para f.v õopí nas três ocorrências.
1 . Esta é também a leitura de Hauvette, 1905, p. 198-9.
2.
Hudson-Williams, 1926, p. 83 e Romano, 1974, p. 43.
3 . Davison, 1960, p. 1-4; Pocock, 1961, p. 180; Gerber, 1970, p. 12-13.
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Já em 1954, J. A. Davison havia indicado a possibilidade de õopi sinificar
nau (1954, p. 193.). Mais tarde, acatando a sugestão de E. Diehl de que os
fragmentos 2, 4, 8 e 12 pertenceriam ao mesmo poema, ele mantém que õopí. como
nau é a melhor solução embora admita que a primeira ocorrência de õopí como nau
seja tardia, e que mesmo neste caso, õopi é sempre qualificado por um adjetivo
(Davison, 1960, p. 3}.
·
Quem endossa esta leitura é B. Gentíli em 1965 e 1976, afirmando que a
construção do verbo teÃÍ.VOf!at com a preposição ev e o dativo introduz a idéia de
"estar estendido, jazer" (11, X, 350), e que a anáfora exige que se mantenha sempre o
mesmo significado para ev õopi. Ele tambéf!l concorda que os fragmentos 2 e 4
façam parte do mesmo poema, justificando assim o emprego de õopí. como nau
sem a qualificação: o adjetivo que falta teria sido omitido por ser desnecessário em
um contexto (Fr. 4) onde a referência ao navio já havia sido feita (Gentilli, 1976, p.
18-20).
Foram dois, J. Russo (apud. Gentilli, 1976, p. 21) e A. Aloni (1981 , p. 49),
os que aceitaram esta interpretação sem reservas. Menos populares, e. mais.
imaginativas, foram as propostas de L G. Pocock (1961, p. 180) e G. Giangrande
(apud. Burnett, 1983, p. 38) que sugerem para ev &")pi respeCtivamente em, ou
sobre uma árvore e no pe/ourinho. ·
·
· '
Em sua leitura do fragmento Bowra (1954, p. 40) cita exemplos de um
uso locativo de ev com dativo que indica uma proximidade (LSJ sv. ev AI 4). Desse
modo, a frase ev õopi como "at, by my spear", estendendo-se metaforicamente a
·under arms, at my post", explicaria a citação do fragmento no contexto da carta de
Sinésio: tanto Sinésio quanto Arqufloco teriam passado suas vidas "em arnías·, ·a
postos" (Bowra, 1954, p. 40).
Antes de descartá-la, Oavison havia indicado a possibilidade de ev ôopí.
ser traduzido por "equipado com a lança·, onde parece atribuir ao dativo, como o faz
Ehrenberg, "um sentido vago de companhia" (apud. Amould, 1980, p. 289). Esta
opção equivale na verdade ao hastato da tradução de Oionlsio Petávio. O. Arnould
admite esta última hipótese, estendendo-a porém às três ocorrências de ev ôopí..
Ela mostra como ev õopí. pode ter um uso semelhante ao de ev Õ1tÂ.Otc;, citando
exemplos, embora tardios, em que ev aiXJ.tatc; significa ·armários e lanças·
(Arnould, 1980, p. 289-91 ). Na sua versão, o soldado come, bebe, mas bebe
deitado, mesmo que esteja fazendo vigilia, no que, ao seu ver, consiste o humor
irreverente do fragmento (Amould, 1980, p. 293).
posslvel que, ao contrário, a gra'a do poema surja de um jogo com a
ambigüidade de sentido de tv õopí. No hexametro, o locativo é uma possibilidade
gramatical, mas por razões que logo exporemos, opta-se aqui pela leitura tradicional
de ev õopí. nas duas primeiras ocorrências. Os datlvos seriam instrumentais de
meio empregados metaforicamente (como o ev Õ1tÂ.OtÇ citado por O. Arnould):
armado de lança, ou com a lança, Isto é, por meio de guerra, o eu obtém o seu pão
e vinho 4 . Muitos encontraram nestes versos e no fr. 216 uma comprovação de que
Arqufloco teria sido um mercenário, sendo a lança o seu ganha pão. Nada impede
nem garante que o eu deste fragmento seja de fato um mercenário, mas caso o
4 . O dativo de melo é freqüente, especialmente na poesia, com as preposiçOes ev. aúv, \m6 (Smyth,
1980, p. 347).
90
fosse, seria mais uma máscara do poeta. O problema surge quando se identifica o
autor com o eu llrico, coisa comum entre os antigos que procuravam extrair das
obras, biografias dos poetas sobre os quais pouca ou nenhuma informação tinham.
No segundo verso, iv &pí seria um locativo. Quanto à contrução de
d .i\q!at ela só é irregular quando se considera o dativo dependente da
preposição, regido por ela. Mas o dativo não poderia relacionar-se aqui diretamente
com o verbo, a preposição mantendo o seu valor adverbial original, como é
freqüente em Homero 5 ? Além disso, existe o verbo iydhq.t.at que se constrói
com o dativo para significar inclinar-se, apoiar-se em (Tarditi, 1960, p. 60).
Ao supor que o dativo na última oração seja um locativo, cabe ainda
explicar o porquê da mudança no final, pois como foi dito, Bowra insiste que nestes
versos a frase iv Bopí deveria manter o mesmo significado e construção nas suas
três repetições 6 .
. . .
Mas as três repetições de f.v Sopi não são, do ponto de vista estilistico,
idênticas. Segundo Demétrio (de e/oc. 268) e Longino (de subr 20, 1.2), a anáfora
(ou epanáfora) consiste na repetição da mesma palavra .ou palavras no inicio de
orações sucessivas. Nota-se de imediato que, formalmente; a primeira repetição que
ocorre no hexã.metro é anafórica, ao passo que a segunda repetição, a do hemiepes,
é mesárquica: a oração inicia-se com o verbo itívro e f.v Bopí repete-se no meio da
- 7
.
.
. .
.
oraçao .
.
..
Em segundo lugar, uma repetição pode sertautulógica ou não. Quando na
repetição das palavras há uma mudança de sentido, temos .a figura chamada
antanáclase (Morier, 1981, sv. ). Portanto além da terceira repetição de ev Bopí não
ser, strictu sensu, ànafóricà, há indicios de que também .não seja tautológica, pelo
estilo do autor, e sobretudo pela construção do d(sticó.
··
. H. Frankel observou que um traço catacterfstico do estilo de Arquiloco é o
gradual afilamento do tom e do pensamento no final do poema (Frankel, 1973, p.
135). Alguns poemas encerram"se cori uina espécie de chave de ·ouro que pode
expressar uma alternativa de ação, ou sentença moralizante (Fr. 13, 128, 132,
133W). O recurso de repetir uma série de orações negativas para destacar uma
afirmativa final é também freqüente (Fr. 3, 19, 22, 114, 133W). Outros reservam
para o ouvinte uma surpreSa no final que rompe uma ilusão mantida, como neste
fragmento, (Fr.2, 5, 19W).
Uma marca distintiva do fragmento 2W é a repetição presente no nivel
fonético morfológico e sintático. Qual seria sua função e o efeito buscado?
No hexãmetro, há uma fortfssima aliteração de
v) e assonância
(a, e - Tt). As duas frases nominais indicadas por f.v &pí têm como sujeitos o pão,
qualificada pelo particfpio, e o vinho (ainda sem qualificação). O pão sovado, onde
5 . lhe construction with the Dative ( .. .) Is the one ln which the Preposltion retains most nearty 1ts own
'adverbial' meaning -so much that it Is otlen doubtful whether thll Preposltion can be sald to 'govern'
lts' case at aH." (Monro, 1981, p. 194). Veja também Chantralne; 1948, p. 84; Romano, 1974, p. 42 e
Rankin, 1972, p. 472.
6 . Seguem-lhe neste ponto os seguintes comentadores: Davlson, 1960, p. 1; Gentill, 1967, p. 18-21;
Gerber, 1970, p. 12; Amould, 1980, p. 284. Contra: Rankin, 1972, p. 471 ; Romano, 1974, p: 43; Rubin,
1981, p. 1-8; campbeU, 1982, p. 142; Burnett. 1983, p. 38-9.
7 . Mesarquia é forma de repetição que ocorre no lnk:io de uma oraçao e meio da oraçao seguinte
(Shipley, 1943, sv. repetition).
91
concentra-se a aliteração, é uma figura etimológica presente também em Herótodo
(1. 200). Este pão era uma pasta, uma massa não cozida de cevada que era
preparada na hora. Claramente depreciada e inferior ao pão ((iptoc;). a j.làÇ<X fazia
parte das rações de soldados em expedições e de escravos
Ag. 1041 ,
Aristófanes, Eq. 255).
A primeira pessoa figura sobre a forma do dativo de interesse, porém
metricamente, o pronome j.lOt é realçado por encerrar a Onica contração de breves
no hexãmetro. Nota-se também a coordenação das duas frases nominais pelas
particulas j.ltv - õt que podem sublinhar uma oposição, ou. como neste caso, uma
anáfora.
O hexãmetro apresenta uma relação intemporal, impessoal, e não modal
entre seus termos. Pois como todas as frases nominais, estas não possuem as
determinações que são próprias do verbo. Não situadas no tempo ou no espaço.
elas tem como objeto 'um termo reduzido apenas ao seu conteudo semântico"
(Benveniste, 1936, p. 171-2). A lança, em posição privilegiada, repetindo-se
anaforicamente, tem ainda um emprego figurado. E a manutenção do mesmo
significado para ev &lpi justifica-se pela anáfora, a construção (j.ltv - õt) e a
mesma sintaxe das orações. Quando se chega ao final do verso, ele parece conter
uma idéia completa.
lsmárico, a primeira palavra do segundo verso, já aponta para uma
mudança. No enjambment, percebe-se que a idéia (e a segunda oração) não estava
completa: se o pão é sovado, o vinho não é um vinho qualquer. não-qualificado
como parecia no hexãmetro. Ovinho ismárico é o que Odisseu usou para embriagar
o Ciclope na Odisséia (Od. 9. 196ss.) e cuja fama perpetuou-se séculos afora 8 .
Alega-se que o vinho ismárico poderia ser nada mais que o vinho da casa, bebido
por soldados em expedições pela costa da Trácia (Campbell, 1982, p. 143). Mesmo
neste caso, o termo não perderia sua conotação de excelente vinho, razão pela qual
o dlstico foi citado por Ateneu (Deipn. 14. 627b-c).
Davison queixou-se da falta de harmonia entre a grosseira j.làÇ<X e o
vinho ismárico (Davison, 1960, p. 2), buscando a homogenidade onde há contraste
deliberado. Pois na virada do dlstico, o termo ismArico costura os versos, mas
também inicia um novo movimento. A presença deste nome geográfico cria um
certo realismo (Treu. 1959, p. 190), Introduzindo uma nova determinação até então
ausente: o espaço.
Logo após a cesura deste
verso, a terceira e a última oração
inicia-se com o verbo níveo. Esperava-se
uma repetição anafórica de ev &lpí,
mas em seu lugar está o verbo, ritmicamente enfatizado. E à construção j.ltv - õt do
hexametro, mas uma diferença. Em oposição às frases nominais, temos uma verbal.
Se o nome próprio introduziu uma referência espacial, o verbo, o Onico do
fragmento, traz consigo todas as determinações que lhe são próprias: narração,
tempo, modo e pessoa. A primeira pessoa do singular surge como sujeito e agente
no sufixo verbal, em contraste com os sujeitos impessoais do hexametro que não
eram agentes. Otempo da ação com relação ao discurso é o presente.
8 . VirgRio, Georg. 2.37; Propérdo 2:33b 32, Ovldlo, Met. 9.642 (apud. Campbell, 1982, p. 143). o
fragmento é dtado duas vezes no SUda, s.v.
lv. 666. 6 Adiar, e ii. 669. 25 Adler, onde
lsmaros é identificada como a antiga Maronéla. ·
92
Mesmo assim, distrafdos pela força da repetição, podemos à princfpio
ignorar as mudanças e supor que este último tv ôopí seja Idêntico aos anteriores
para perceber que o sujeito não bebe em armas, mas apoiado na lança, somente no
final. o particfpio
a última palavra, que modifica o sentido de tv ôopí
rompendo a expectativa de que a repetição seria consistente até o fim. Ao emprego
figurado de tv ôopí no primeiro verso, · opõe-se agora o locativo (espacial e
concreto) . Cabe ainda notar que apesar das rimas (orvoc;,
e assonâncias (o, ro), uma repetição ao nfvel fonético neste verso é atenuada.
A diferença na repetição indica uma nova atitude. O ouvinte espera
identidade de sentido onde há identidade sonora para ser surpreendido. E todo
humor e ironia surgem no final.
Arqufloco não canta a vida simples e feliz do soldado (Hauvette, 1905, p.
277), nem se queixa de estár o tempo todo com a lança, lutando ou de vigflia
(Gerber, 1970, p. 12). A vida árdua e austera dO soldado apresenta-se no primeiro
verso com a gravidade e circunstância que caracterizam a frase nominal. Construção
tfpica da poesia sentenciosa e proverbial, eia não narra nem descreve fatos
particulares, mas concernente à. essência e não à existência, faz uma asserção
absoluta (Chantraine, 1948, p. 1; Benvenisti, 1976, p. 178). Há também uma certa
nobreza e orgulho guerreiro na anáfora tv ôopí. A lança é um emblema da coragem
e valores heróicos, pois aqueles que iam à frente da falange com suas lanças, eram
os que maior risco corriam.
Mas o segundo verso não mantém a pose. Há uma mudança de registro.
Aqui, despida de toda metáfora é herofsmo, a lança serve para fins menos gloriosos.
transformando-se em simples apoio para beber. E o que permanece vivo,
presentificado, é a imagem do soldado qúe, apoiando-se nela, aproveita o seu bom
vinho.
·
·
The traditional rendering of Archilochus' Fr. 2W started to be questioned after
T. Hudson-Williams pointed out
"uncornmun· construction oi the last phrase, and a
question of sty/e was brought up by C. M. Bowra. What is the meaning of év íJopí? Is it
the sarne in it's three occorrences, or not? tiaving exarnined such problems and the
solutions offered, anew possibility is suggested.
ABsTRACT:
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