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Literatura, perversão e psicanálise

2013, Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental

A partir de clássicos da literatura, cotejados com a leitura de Jacques Lacan, o artigo aborda as contribuições deste campo para a clínica psicanalítica concernente ao estudo da perversão. Neste momento da pesquisa, propomos a discussão de quatro obras: A filosofia na alcova, escrita pelo Marques de Sade, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, Lavoura arcaica, de autoria de Raduan Nassar e Finnegans Wake, de James Joyce.

Literatura, perversão e psicanálise

A partir de clássicos da literatura, o presente artigo problematiza as contribuições deste campo para a clínica psicanalítica, em especial, as interrogações concernentes ao estudo da perversão. Neste momento da pesquisa, privilegiamos o debate em torno de quatro obras: A filosofia na alcova, escrita pelo Marquês de Sade (2008Sade ( /1795, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust (2002Proust ( /1913, Lavoura arcaica, de autoria de Raduan Nassar (1979) e Finnegans Wake, de James Joyce (1998Joyce ( /1939.

Nossa aposta parte do princípio freudiano de que os poetas e escritores têm muito a ensinar aos psicanalistas, sobretudo, naquilo que diz respeito aos impasses da condição humana. Ressalta-se também o valor que Lacan delegava à literatura, sobretudo, porque o seu interesse por ela não estava relacionado a uma lógica de psicanálise aplicada. Então, ao interrogar a nossa prática por meio do diálogo com o texto literário, resgatamos a oportuna observação de Lacan (2003de Lacan ( /1965 no texto "Homenagem a Marguerite Duras pelo arrebatamento de Lol V. Stein" de que o analista não deve bancar o psicólogo quando o artista lhe propõe aberturas através de múltiplos caminhos. Assim, a literatura é lida enquanto campo de abertura, de polissemia significante. Isto implica reconhecer que não apenas lemos os textos clássicos como somos lidos por eles. Portanto, ao dialogarmos com Sade, Proust, Nassar e Joyce, consideraremos não a condição biográfica dos autores, mas aquilo que seus textos permitem aceder a diferentes registros da perversão na estrutura do sujeito.

Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 16(4), 702-714, dez. 2013

MOVIMENTOS LITERÁRIOS R E V I S T A L A T I N O A M E R I C A N A D E P S I C O P A T O L O G I A F U N D A M E N T A L 704

Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 16(4), 702-714, dez. 2013 Assoun (1996), ao abordar a interface entre feminilidade e perversão, também irá tomar como referência as correlações entre psicanálise e literatura. Para avançar em suas interrogações sobre a perversão foi necessário considerar "a necessidade de incluir o texto literário no trabalho da clínica psicanalítica" (p. 6). Diante disso, sua posição não será a de aplicar a psicanálise à literatura, e sim interrogar em que aspecto a psicanálise é captada por ela. Ao propor o diálogo entre estes campos, o autor distinguirá três dimensões balizadoras: em primeiro lugar, considerar o texto literário como um lugar privilegiado para a produção do inconsciente que concerne intimamente à clínica psicanalítica; em segundo, o papel maior desempenhado pela perversão na pós-modernidade literária; e por fim, o fato de que a Mulher, "desafio e aposta de estudo da psicanálise, constitui a cifra própria nesta literatura" (p. 4). Tais observações situam a insuficiência de nossos saberes sobre a sexualidade e, em especial, sobre a perversão.

Consideramos fundamental manter ativa essa dimensão de enigma e desafio, sobretudo no que diz respeito ao campo das perversões, predominantemente marcado por preconceitos, moralismos e saberes categóricos. Como indica Foucault (2011Foucault ( /1975 em Os anormais, a busca por um saber totalizante se encontra nas origens históricas da própria "perversão", quando, a partir do advento do exame médico-legal, dá-se o advento da "categoria de monstro" na literatura. É preciso que a psicanálise mantenha também, e, sobretudo, nesse campo, sua subversão e não confunda o argumento -as encarnações contextuais dos referidos "monstros" -com sua condição de estrutura. Assim, considerando a importância destes aspectos históricos, e relançando a questão no enquadre das relações entre psicanálise e literatura, propomos a seguir uma leitura dos clássicos suprarreferidos acompanhados dos avanços propostos por Lacan a cerca da perversão.

A filosofia na alcova: quando o ideal perverso recusa a filiação Lacan (1998Lacan ( /1963, no texto "Kant com Sade" ao discutir o clássico de Sade (2008/1795) A filosofia na alcova, cotejando-o com a Crítica da razão prática de Kant (2011/1788), nos conduz a considerar na obra sadiana uma recusa à filiação inerente a lógica perversa. Isto é possível de ser observado tanto pela recusa da herança do patrimônio simbólico das gerações que antecedem o sujeito, no qual a dívida com os pais e a cadeia geracional não são passíveis de serem reconhecidas, como na recusa da responsabilidade pela transmissão às novas gerações. Neste sentido, se, de um lado, o príncipe dos perversos nos ensina sobre o gozo; de outro, aponta a debilidade da perversão no que diz respeito ao amor, isto é, sobre a dialética da transmissão e do dom. Lacan (1997Lacan ( /1959Lacan ( -1960 refere que é preciso ler A filosofia na alcova, acompanhado das fórmulas kantianas da Crítica da razão prática. Seu interesse está em analisar a incidência da ação moral postulada por Kant na Alcova, de Sade, sobretudo, no que diz respeito à Lei fundamental da razão pura prática. Essa lei moral é concebida pelo filósofo como um fato da razão que situa a posição ideal do sujeito em relação à vontade, qual seja: "Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer sempre como princípio de uma legislação universal" (Kant, 2011(Kant, /1788. Neste enunciado, mais do que uma regra, a noção de vontade visa a um fim, sendo ordenado por um imperativo categórico de pretensões absolutas.

Ao destacar a proximidade cronológica destas duas publicações -Filosofia da alcova e Crítica da razão prática -, Lacan vai acentuar sua análise naquilo que diz respeito à semelhança na lógica que perpassa as teses de Kant e de Sade. Para o psicanalista, a moral sadiana, além de possuir pretensões universais análogas ao imperativo categórico de Kant, irá desvelar o recalcado na experiência moral kantiana, pois, em Sade, o homem terá o direito ao gozo do corpo alheio. Na busca insaciável por um princípio universal, os limites serão transpostos colocando em causa a recusa de qualquer interdição que possa fazer obstáculo ao gozo. O autor sublinha a lógica implícita na busca sadiana: "Tenho direito de gozar de teu corpo, pode dizer-me qualquer um, e exercerei esse direito, sem que nenhum limite me detenha no capricho das extorsões que me dê gosto de nele saciar" (Lacan, 1998(Lacan, /1963.

Para Lacan (1998Lacan ( /1963, o texto de Sade irá completar a Crítica da razão prática de Kant justamente porque coloca em cena o objeto que fora recalcado na ética kantiana, a saber, o objeto a. Neste aspecto, irá nos dizer que a ética sadiana, ao desnudar o objeto oculto em Kant, é "mais honesta" do que a proposta pelo filósofo. Ressalte-se que a face do objeto em questão é a voz, veículo do supereu. Segundo o psicanalista, "a máxima sadiana é, por se pronunciar pela boca do Outro, mais honesta do que o recurso à voz interior, já que desmascara a fenda, comumente escamoteada do sujeito" (p. 782). Portanto, Sade desvela a máxima kantiana justamente porque não propõe uma disjunção entre lei e gozo, pois a lei em questão é gozar. Diante disso, o psicanalista nos ensina sobre a proximidade entre o ideal de moralidade filosófica em Kant com a perversão sadiana, questão fundamental; sobretudo, em função da tentação relativamente comum de se fazer uma disjunção entre "o campo da moral" e o "universo da perversão". Em vez de considerar o sujeito perverso como um imoral, ou até mesmo um amoral, Lacan indica a moralidade implícita no discurso de um sujeito situado na perversão.

Ao ler esses clássicos como verdadeiros tratados de ética moral, Lacan irá romper com a tentadora dicotomia de tomá-los como opostos -onde a lei moral em Kant estaria a serviço do bem ao outro, enquanto a obscenidade sadiana requereria

o mal. Portanto, ao transpor os limites, Sade inaugura na literatura a possibilidade de reconhecer aquilo que diz respeito à especificidade do pathos perverso.

Lacan com Proust: o gozo inanimado do perverso

Ao abordar o ciclo de Albertine, a partir da leitura do clássico de Proust Em busca do tempo perdido, Lacan aprendeu que a lógica da perversão situa-se numa captação inesgotável do desejo do Outro, jogando-o e fixando-o na condição de objeto inanimado. Isto o levará a supor que o perverso se encontra aprisionado em seu próprio fetiche, capturado por uma imagem capaz de reduzir o semelhante à condição de mero instrumento. Ao insistir na tese de o Outro estar na condição de objeto inanimado, o autor reconhece uma especificidade lógica da perversão, pois ao tomar o semelhante como um objeto de gozo, o sujeito irá se situar de forma precária no registro das trocas. Isto por sua vez o levará ao exercício de uma forma de violência que pode se materializar por meio da coisificação do corpo do alheio. A partir da análise da relação do narrador de Proust com Albertine, ele irá se interrogar:

O que é a perversão? Ela não é simplesmente aberração em relação a critérios sociais, anomalia contrária aos bons costumes, se bem que esse registro não esteja ausente (...). Ela é outra coisa na sua estrutura mesma. Não é por nada que se disse de certo número de tendências perversas que são de um desejo que não ousa dizer seu nome. A perversão situa-se, com efeito, no limite do registro do reconhecimento e é isso que a fixa, a estigmatiza como tal. (Lacan, 1996(Lacan, /1953 Como é possível constatar, Lacan indica um traço próprio à perversão no tema do "reconhecimento", pois é o laço do sujeito com o outro que é salientado. Desse modo, através de Proust, ele leu na perversão tanto um gozo pelo inanimado, em que o sujeito se encontra aprisionado, quanto o desejo perverso anônimo e clandestino. Em O objeto da psicanálise, Lacan (1992Lacan ( /1965 vai abordar novamente o clássico de Proust a partir da célebre cena de Montjouvain. Através deste recorte do texto, ele irá tomar o desejo perverso como não sendo capaz de dizer seu nome. A passagem anterior à citação a seguir menciona o fato de o narrador ter ido até Montjouvain. Devido ao calor deitou-se nas moitas e adormeceu; ao acordar, viu através da janela a senhorita Vinteuil buscar às pressas o retrato do pai que se encontrava sobre a lareira, tão logo percebera a chegada da amiga que veio visitá-la. Segue:

Depois, atirou-se sobre um canapé e puxou para junto de si uma mesinha sobre a qual pôs o retrato (...) Vinteuil sentiu que a amiga lhe dava um beijo, soltou um gritinho, fugiu (...) caiu sobre o sofá, coberta pelo corpo da amiga. Mas esta se encontrava de costas para a mesinha onde estava o retrato. A senhorita Vinteuil compreendeu que a amiga não o veria se não lhe atraísse a atenção, e lhe disse como se apenas agora estivesse reparado nele: oh este retrato de meu pai que nos olha, não sei quem o pôs aí, já falei mil vezes que não é este o seu lugar. (Proust, 2002(Proust, /1913 "Um desejo que não ousa dizer o seu nome" é a clausura do anonimato perverso que esbarra com a imago de um pai que lhe cai aos olhos. Neste sentido, se por um lado a posição perversa irá convocar o olhar paterno, por outro, o sujeito parece impedido de reconhecer-se no desejo. Ou ainda, não sustenta a autoria de seu ato: "mas quem colocou este retrato aí já falei mais de mil vezes...". A senhorita Vinteuil, ao enunciar que "não é esse o seu lugar", parece dizer que há nas perversões algo que o sujeito não quer reconhecer. Neste caso, há na perversão uma confusão sobre o reconhecimento do lugar de um pai. Isto irá indicar a sua particularidade em relação à filiação.

Ao destacar essa passagem do texto de Proust, Lacan ressalta aspectos centrais na economia subjetiva do sujeito situado na perversão. Além de situar o Outro na condição de objeto inanimado, o perverso encontra-se condenado a se ofertar incessantemente ao seu gozo. Assim, a leitura de Em busca do tempo perdido mostra-nos a necessidade de conceber a perversão em sua sutileza, por meio de suas manobras delicadas e repertórios ardilosos. Por isso, mais do que pensar a perversão mediante uma visão simplista de pulsões sem amarras, Lacan irá concebê-la a partir da posição do sujeito em relação ao falo. Ao tomá-lo como referência, o psicanalista irá se interessar pela lógica do desejo perverso. Ou ainda, sobre o que esse desejo requer colocar na cena. Neste aspecto, a passagem a seguir nos parece ser esclarecedora:

(...) o fantasma do perverso se apresenta como algo que se poderia chamar uma sequência, quero dizer, como poderíamos chamá-lo em um movie, em um filme cinematográfico, eu entendo uma sequência cortada do desenvolvimento do drama, algo como se vê aparecer sob o nome de rush (...) (Lacan, 2002(Lacan, /1958(Lacan, -1959 O autor refere uma sequência cortada aparecendo como um rush que produz uma ruptura com o desenvolvimento do drama. Neste sentido, o que essas imagens têm de sedutor diz respeito ao seu aspecto de corte em relação ao tema. Não é deste lugar que a senhorita Vinteuil convoca o pai aos olhos da amiga? O pai na perversão apareceria de forma cortada do drama do sujeito? Reconhecer e recusar, simultaneamente, a existência de um pai seria uma lógica própria a perversão? Então, se o desejo não tem outro objeto senão o significante de seu reconhecimento, qual seria a especificidade do desejo perverso na medida em que o sujeito tende a recusar o reconhecimento?

A perversão procura recusar a todo instante a castração simbólica justamente porque esta será a condição da não existência de um objeto adequado ao gozo. Então, se o perverso supõe deter um saber sobre o gozo, o falo na perversão não será o significante da castração, ou ainda, o significante de uma falta no Outro. Eis o

Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 16(4), 702-714, dez. 2013 engodo perverso: gozar da lei supondo assim capturar o falo. Abre-se aí uma importante via de análise das incidências, tanto clínicas como sociais desse discurso.

Lavoura arcaica: quando um pai goza da "mostração" do desejo

Quando um pai goza da mostração do desejo ele não irá possibilitar a vetorização da insígnia da falta. Pelo contrário, ele demarca a impossibilidade de o desejo estar orientado na direção de uma mulher, encarnando-o em si mesmo. Propõe-se aí uma sobreposição enganosa do pai imaginário ao pai real. Logo, ao dar visibilidade à "mostração" de seu gozo, o pai subtrai a posição de filiação de seu filho. Um exemplo emblemático da "mostração" do desejo paterno encontra-se no clássico da literatura luso-brasileira Lavoura arcaica, de autoria de Raduan Nassar (1975). Nesse texto, também encontramos contribuições para pensar os efeitos do discurso paterno no desencadeamento de atos perversos através da recusa à filiação. Ao abordar a violência sobre o viés da relação incestuosa, onde a entrega dos corpos à família situa-se na manutenção eterna dos filhos na própria casa, Nassar demonstrou o quanto o enunciado paterno pode autorizar agenciamentos perversos. Vejamos o diálogo de André, o protagonista da trama, com a sua irmã: "foi um milagre descobrirmos acima de tudo que nos bastamos dentro dos limites de nossa própria casa, confirmando a palavra do pai de que a felicidade só pode ser encontrada no seio da família" (p. 120).

A partir da fala de André, podemos supor que os ditos do pai, além de capturar os corpos de seus filhos, em face do imperativo de laborar a terra, autoriza a relação incestuosa entre os irmãos. Portanto, a "mostração" do desejo paterno é materializada na territorialização do gozo no seio familiar, pois se o sujeito se basta no lastro da família ele corre o risco de transformá-la num templo de gozo. Sendo assim, o excesso de familiaridade pode ser enlouquecedor e jogar o sujeito no limite da paixão ensandecida. Esta, não permite reflexão, requer apenas a resposta mimética.

Querida Ana, te chamo ainda à simplicidade, te incito agora a responder só por reflexo e não por reflexão, te exorto a reconhecer comigo o fio atávico dessa paixão: se o pai, se o pai no seu gesto austero, quis fazer da casa um templo, a mãe, transbordando em seu afeto, só conseguiu fazer dela uma casa de perdição. (p. 136)

A "mostração" do desejo paterno remete à hipótese de o pai estar situado numa dimensão de precária legitimidade. Neste caso, a posição perversa deste em relação ao filho poderá implicar o reconhecimento do pai no lugar de um gozador. Como situa Poli (2005), Lavoura arcaica evidencia um funcionamento automático e repetitivo da instituição familiar, que faz de seus membros elos em uma engrenagem desprovida de sujeito. É preciso considerar, portanto, as incidências subjetivas de quando o pai imaginário irá se suplantar a instância simbólica da insígnia paterna. Neste caso, a "mostração" do desejo paterno irá confrontar o filho com um excesso de gozo. Assim, ao se instituir no lugar de guardiã do imperativo superegoico, a família faz-se agente de um discurso regido pela recusa à castração. O pai dessa lavoura ao invés de se submeter à lei se confundiu com ela, fazendo desta, um imperativo do gozo.

A família que Lavoura arcaica nos apresenta é a instituição guardiã do imperativo superegoico, a detentora da técnica de reintegração do produto a sua matriz. Trata-se, exemplarmente, de um discurso dirigido pela recusa à castração. (p. 240) Conforme destaca a autora, ao problematizar os impasses do trabalho de subjetivação da adolescência de André, esse filho tão diferente dos outros, haja vista sua insubmissão ao rígido código de conduta familiar, entre os seis irmãos, ele é o único a desafiar o pai em sua autoridade. Apesar da aparente oposição, André faz uma espécie de espelhamento com o gozo paterno, identificando-se com a lei do imperativo ao gozo, pois ele atribui ao pai o legítimo detentor de tal discurso na estrutura familiar. Isto nos faz reconhecer os danos de quando um pai não vetoriza o desejo ao filho, pois ele encarna o falo como imagem de potência, impedindo um circuito de trocas.

Lavoura arcaica nos ensina que a "mostração" do desejo paterno não irá proteger o filho de um excesso de gozo, pelo contrário, pois quando o pai não situa alhures o objeto causa de desejo, o desejo em questão não poderá se inscrever na condição neurótica do impossível ou insatisfeito. Neste caso, mais do que um pai simbolicamente frágil, trata-se de um gozador. Será da incitação ao ato, movido pelo superego obsceno, que a angústia do filho irá gozar. Logo, faz-se necessário também considerar a importância de um pai vetorizar o desejo em sua vertente constituinte. A leitura de Lacan, de Joyce, será decisiva nesta questão.