A Diáspora ou dispersão judaica era um fato consumado no final do século I a.C. Os judeus haviam sido deportados para a Babilônia já em 586 a.C., e nunca mais voltaram integralmente à sua pátria ancestral. No período helenístico,...
moreA Diáspora ou dispersão judaica era um fato consumado no final do século I a.C. Os judeus haviam sido deportados para a Babilônia já em 586 a.C., e nunca mais voltaram integralmente à sua pátria ancestral. No período helenístico, habitavam todo o Mediterrâneo Oriental, mas principalmente na Ásia Menor, Síria, Egito (Alexandria especialmente), além da Babilônia e da Pérsia. Organizaram-se em comunidades, obtiveram direitos de autonomia, construíram suas sinagogas, escolas, cemitérios e, na maioria das vezes, dispunham de tribunais próprios com plena autonomia jurídica. Viviam separados do resto da população, sem absorver integralmente seus costumes e crenças, ainda que isso ocorresse de maneira parcial. Os problemas resultantes desse contato descreveremos adiante. O avanço romano ao Oriente acabou por colocar a maioria dos judeus sob o domínio romano. Os judeus eram uma religião muito antiga quando entraram em contato com os romanos. Haviam saído de um confronto armado, longo e difícil com o Império Selêucida, que tinha causado a revolta dos Macabeus (séc. II a.C.) que em médio prazo, criaram a dinastia dos Hashmoneus, e obtiveram a independência de um Estado Judeu, durante cerca de um século. O eixo da luta dos Macabeus fora a resistência judaica ao helenismo. Autores pagãos, como o estóico Possidônio de Apaméia, afirmam a intenção do rei selêucida Antíoco IV, de aniquilar a "raça judaica" 1 . O Estado Hashmoneu se aliou a Roma, contra os selêucidas, e atingiu sua máxima expansão territorial. Por ironia, a helenização continuará no reino hashmoneu. A conquista de Pompeu (63 a.C.) encerrou este breve período de independência judaica. Apesar dos confrontos agudos entre o espírito de liberdade e o estilo judaico de existência sob o domínio imperial, o Império considerava o Judaísmo como "religio licita" e a tolerância seria uma norma no Império Romano. O paganismo vigente no Império tinha postura de tolerância, mas ao mesmo tempo, em alguns grupos, de certo escárnio e incompreensão em relação às normas e crenças do monoteísmo ético judaico.