Fazer coincidir num objecto indústria, imagem estereoscópica e deslumbre visual não será uma tarefa difícil. Esta ligação não terá melhor intérprete que o cinema de Hollywood em versão blockbuster. O último capítulo da saga Exterminador...
moreFazer coincidir num objecto indústria, imagem estereoscópica e deslumbre
visual não será uma tarefa difícil. Esta ligação não terá melhor intérprete
que o cinema de Hollywood em versão blockbuster. O último capítulo
da saga Exterminador Implacável, a nova animação da Pixar/Disney, ou a
mais recente aventura cinematográfica de um herói do universo Marvel.
Qualquer um deles em cópia Real3D, num Multiplex, IMAX perto de si.
Qualquer um deles lugar privilegiado de comunhão das ideias enunciadas.
Mas esta coincidência dos três conceitos num só fenómeno tem uma origem,
uma instância primeira, um lugar para o qual podemos apontar e
afirmar sem hesitações: «Aqui já podemos observar a justaposição de indústria
e imagem técnica estéreo num produto.» Esse início são as colecções de
fotografia estéreo do final do século XIX e início do século XX. Nelas
encontramos o blockbuster em potência. Nelas a fotografia encontra um
sentido para além da sua mera existência enquanto objecto-imagem técnica.
Confluem ali novos métodos de produção, promoção e difusão, ferramentas
financeiras e industriais de venda, soluções de exibição do produto
fotográfico subjugadas pelo interesse económico. A retórica é esgrimida
como instrumento para alcançar um público-alvo, ferramenta de poder
assente em valores que a fotografia aparentava encarnar. Através de qualidades
como realidade, educação ou conhecimento, a indústria promove as
suas colecções, instruindo os seus vendedores na cativação de potenciais
compradores através do detalhe, do relevo, do espectáculo.