A burguesia é grotesca, mal educada, pervertida e escatológica. Esse filme disseca isso muito bem na figura do Ladrão e através dessa teatralidade exagerada na medida certa e o uso de cores incrível. Acho que essa história não poderia ter sido contada de outra forma, essa filmagem ampla dos cenários de teatro dão um drama que eu só consigo ver dessa forma.
Gostei muito de como esse filme mostra que comida, sexo, morte e excrementos (é…) conversam diretamente com PODER.…
O cotidiano dessa vizinhança é atravessado pela violência de formas diversas, desde uma ofensa racista escancarada até a menor interação entre os personagens. As relações de raça, gênero e classe, ao mesmo tempo que aparecem de formas muito nítidas, tem fronteiras bem turvas. É angustiante porque soma com as cores quentes, os ângulos invocados, o abafamento, o suor, a gritaria…! A reflexão sobre a violência é genial. É o dia mais quente do ano, incomoda, mas não passa. Vai ficando cada vez mais quente e difícil de sustentar essa vida, mas você tem que acordar no outro dia e fazer seu corre.
