eu cheguei a um nível
que é quase impossível eu me decepcionar,
porque minha régua para as pessoas não existe mais.
já desisti de esperar algo além do vazio,
já aceitei que promessas não passam disso
e que, no fim, ninguém permanece.
a esperança morreu sufocada
pela repetição dos mesmos erros,
e pelos olhares que nunca ficam.
céu de júpiter
Acho fascinante as borboletas. Não só pela leveza com que dançam no ar, mas por tudo o que vem antes do voo. O silêncio do casulo, o tempo escondido, a espera paciente. Gosto da ideia de que, antes de se tornarem beleza, elas foram esforço — foram larva, foram limite, foram chão. Há algo de encantador nesse processo de se reinventar no escuro para, um dia, simplesmente abrir as asas e ir. Ir para onde quiser, voar o quanto der. Ser bonita não por acaso, mas por ter se permitido mudar.
Você chegou fazendo barulho, me tirando do eixo como quem acha bonito bagunçar o que tá em paz.
Depois de meses vivendo tranquila, sozinha, inteira, como se eu estivesse num quarto escuro, você entrou com música, luz, hipoteses sobre um futuro que você dizia ser nosso.
E depois, subtamente saiu.
Me deixou num quarto escuro falando sozinha,
tentando entender se eu ouvi mesmo uma melodia
ou só o eco da tua pressa em ser amada.
Foi tudo rápido demais.
Você parecia estar disputando um troféu de intensidade.
Me entregou um "amor" embalado a vácuo,
cheio de frases prontas, cheio de urgência —
mas vazio de presença.
E olha, não tô aqui pra te culpar por ir embora.
Ir embora é direito.
Te culpo só por uma coisa:
por ter me feito acreditar que era diferente.
Por vestir personagem, olhar nos meus olhos e atuar tão bem.
Talvez a música que tocava pra mim,
pra você fosse só ruído de fundo e barulho.
Talvez eu tenha confundido trovão com aplauso.
Mas fica tranquila…
não faço mais esse tipo de confusão
O café, o sushi, o estrogonofe de grão de bico, os gatos, as planilhas, o trabalho, o cheiro, o toque, o olhar, os sorrisos, as horas no telefone, o encontro no meio do expediente, o futvôlei, a praia, o encontro no aeroporto, o Granada, os jogos do Real Madrid, os filmes na Netflix, o sono no meio do filme, o sexo no meio da noite, o som da cama batendo na parede, o caminho cruzando a cidade, o abraço cortando as lágrimas, o almoço no Calumbi, os detalhes, o beijo, o sexo, o bilhete, as mensagens, a saudade. A saudade.
Guardei os sentimentos pra poder seguir. Fingir que está tudo bem pra conseguir dormir e até mesmo acordar. Mas admito, que ainda teimo em sonhar.
Aqui mora centenas de memórias do seu sorriso.
Antes de tudo eu já sentia a nossa conexão, mas só tive certeza da nossa intensidade quando finalmente segurei a sua mão e compartilhamos do mesmo sorriso no rosto. A intensidade dos nossos olhares disse tudo o que nossas bocas não conseguiram acompanhar, a coisa mais verdadeira que já acreditei. Isso me fez sentir uma alegria que há muito tempo eu não sentia, tive vontade de eternizar nossas primeiras palavras de amor para sempre ficar gravado o que nós começamos juntas.
— Maria Eduarda em Relicário dos poetas.
ainda paraliso quando penso no que deixei
ainda sinto o peso mental de
ser sempre o diabo
e nunca
rei