Entomologia Medica Forattini Vol4
Entomologia Medica Forattini Vol4
Entomologia Medica Forattini Vol4
7
ENTOMOLOGIA
MEDICA
SESreSSE PEST U5M? XBTO ANALYSIS CT
AFPMB, FOREST CIiEM SECTIOM, CTRA11G
ffASHITCTOM, DC 20307
FICHA CATALOGRAFICA
(Preparada pelo Centre de Catalogacao-na-fonte,
Camara Brasileira do Livro, SP)
Forattini, Osvaldo Paulo, 1924-
F785e Entomologia medica. Sao Paulo, 1962-
v-1-4
v. ilust.
Vol. 1 e 2-3 publicados, respectivamente, pela
Faculdade de Higiene e Saude Publica e pela Ed.
da Universidade de Sao Paulo; v.4, 1973, pela Ed.
Edgard Blucher em coedicao corn a Ed. da Univer-
sidade de Sao Paulo.
Bibliografia.
1. Doencas transmissiveis 2. Entomologia 3.
Entomologia medica 4. Medicina preventiva
72-0085 CDD-616.968
595.7
614.432 614.44
Indices para catalogo sistematico:
1. Doencas : Profilaxia : Saude publica 614.44
2. Doencas transmissiveis por insetos : Controle : Saude
publica 614.432
3. Entomologia : Zoologia 595.7
4. Entomologia medica 616.968
5. Insetos : Zoologia 595.7
6. Insetos vetores : Saude publica 614.432
7. Profilaxia : Doencas : Saude publica 614.44
Obra publicada
corn a colaborayao da
UNIVERSIDADE DE SAO PAULO
REITOR: Prof. Dr. Miguel Reale
ED1TORA DA UNtVERSlDADE DE SAO PAULO
Comissao Editorial:
Presidente
SP
BRASO.
DEFENSE
PEST MGMT INFO ANALYSIS CTR
AFPMB
FOREST
GLEN SECTION,
WRAMQ
WASHINGTON,
DC 20307-5001.
(ND
ICE
Apresentacao
Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
_^gUJUjlo
6
i 7
jlo
8
.apitulo 9
Capituto 10
Apendice ....
Indies analitico
Familia Psychodidae ........................
Subfamilias Psychodinae e Bruchomyiinae .....
Subfamilia Phlebotominae
Morfologia e clas-
sificacao
..................................
Subfamilia Phlebotominae
Biologia .........
Genero Lutzomyia ..........................
Genero Psychodopygus ......................
Outros gSneros de Phlebotominae ............
Leishmaniose visceral (LV) ..................
Leishmanioses tegumentares americanas (LTA) .
Bartonelose ...............................
APRESENTACAO
Nosso programa de revisao dos conhecimentos atuais sobre Entomo-
logia Medica nas Americas conclui, corn este volume, a terceira etapa.
Ele compreende o tratamento completo dos problemas medicos e epide-
miologicos relacionados corn a famllia Psychodidae. A semelhanca dos
anteriores, e destinado aos nossos alunos e aos investigadores que se
dedicam a pesquisas neste campo.
Dentro do piano geral anteriormente proposto, este livro mantem sua
individualidade, englobando todo o assunto que Ihe e especifico. Contu-
do, levando-se em consideracao o constante progredir das pesquisas,
estabelecemos a data de julho de 1971, como o limite da bibliografia
que tivemos possibilidade de consultar. A estrutura e apresentacao geral
obedecem ao mesmo padrao seguido nos volumes anteriores.
0 tratamento sistematico dos Phlebotominae pretendeu ser completo
para uma publicacao de finalidade eminentemente epidemiologica. Dei-
xamos de incluir algumas especies, porque presentemente as informacoes
sobre elas nao permitem conceito definitivo. Nas descricoes, o principio
geral obedeceu aos caracteres mais em uso na identificacao. Tais sao o
cibario feminino, a morfologia comum a ambos os sexos, como palpos
maxilares e asa. Finalmente, ao descrevermos os elementos anatomicos
dos adultos, baseamo-nos no exame das femeas, uma vez que a identifi-
cacao masculina obedece, praticamente, aos aspectos das genitalias. No
que concerne as formas imaturas, as descricoes deveriam ser, e o foram,
forcosamente sucintas. Eis que existe grande deficiencia de conhecimen-
tos nesse particular e apenas poucos representantes sao conhecidos,
atualmente, nesses estadios. Ainda neste trabalho, devemos declarar que
as medidas apresentadas nao revelam, como nao poderia deixar de ser,
amostragem adequada, mas unicamente mensuracoes de material tipico.
Resolvemos continuar adotando as denominacoes de "leishmanias",
"leptomonas", "critidias" e "tripanossomas", para as formas evolutivas
dos protozoarios tripanossomideos, ao inves dos termos "amastigotos",
"promastigotos", "epimastigotos" e "tripomastigotos" e outros, recente-
mente adotados por alguns autores que seguem a escola inglesa. Assim,
decidimos por nao conseguir vislumbrar qualquer utilidade pratica na mu-
danca de terminologia ja consagrada.
As ilustracoes que acompanham o texto sao, em sua maioria,- originals
e de nossa direta autoria. Fazem excecao as fotografias enviadas gentil-
mente por investigadores nacionais e estrangeiros. Deixamos, portanto,
consignados agradecimentos a esses e outros autores que, atraves de
material de estudo e valiosas sugestoes, contribuiram eficientemente para
a elaboracao deste volume. Sao os Drs. E. Abonnenc, M. P. Barretto, Z.
Brener, H. A. Christensen, B. Ghaniotis, M. de Vasconcellos Coelho, L, M.
Deane, A. Diaz Najera, A. D. Franco do Amaral, H. Fraiha Neto, G. B.
Fairchild, A. Herrer, M. Hertig, R. Lainson, B. Llanos, D. J. Lewis, 0. Ro-
mero, J. Shaw, 1. A. Sherlock e A. Vianna Martins.
Sao Paulo, novembro de 1971
Oswaldo Paulo Forattini
Capitulo 1
FAMILIA PSYCHODIDAE
Definicao
.............................................................. 1
Morfologia externa ...................................................... 2
Adultos ...................................................... 2
Cabesa
.................................................. 3
T6rax e seus apendices .................................... 7
Ahir^Aman 19
Abdomen ................................................ 12
Orgaos olfativos masculinos ................................ 15
nas imaturas .............................................. 18 Formas imaturas
Larva ....
Pupa -....
Ovo .....
18
27
Biologia ............................................................... 30
Formas imaturas .............................................. 30
Adultos ..................................................... 31
Classlflcasao ...........................................................
32
Bruchomyiinae ................................................ 32
Phlebotominae ............................................... 33
Maruininae ................................................... 34
Psychodinae ................................................. 34
Trichomyiinae ................................................ 34
Chave para as subfamilias (induindo alguns generos) ........................ 35
Refer^ncias bibliograficas ................................................ 36
DEFINI^AO
A familia Psychodidae compreende dipteros nematoceros de porte
reduzido, cujo comprimento raramente ultrapassa 0,5 cm. Sao densa-
mente pilosos e esse aspecto constitui caracteristica geral deste grupo.
Nao possuem ocelos, pelo menos bem diferenciados. No que concerne
aos olhos, enquanto nas formas primitivas sao geralmente de contorno
arredondado, nas superiores apresentam prolongamentos em direcao a
linha media que se estendem por sobre a implantacao das antenas. Estas
ultimas sao, a mais das vezes, formadas por dezesseis segmentos. Con-
tudo, esse numero e sujeito a variacoes, podendo-se reduzir a doze em
alguns Psychodinae, ou elevar-se a cento e treze, como ocorre em certos
Bruchomyiinae. Os artfculos flagelares desse apendice sao de contorno
um tanto variado, observando-se aspectos cilindricos, ovoides, piriformes
e outros. A proboscida e curta e as mandibulas estao ausentes; neste
particular fazem excecao os representantes hematofagos de Phlebotomi-
nae nos quais aquela e longa, podendo-se observar a existencia do par
mandibular. 0 mesonoto nao apresenta a sutura transversa e, corn fre-
quencia, estende-se anteriormente sobre a cabeca; o escutelo e arredon-
dado. 0 metanoto e geralmente desenvolvido e se projeta em direcao
posterior, no interior do abd6men, chegando ate ao nivel do segundo ou
terceiro segmentos. As pernas sao um tanto curtas, corn excecao dos
2
ENTOMOLOGIA M6DICA
Phlebotominae que as possuem alongadas. As asas sao largas, ovaladas
e as vezes lanceoladas; as veias longitudinais sao bem desenvolvidas,
apresentando-se o radio corn cinco ramos fundamentals, a media corn
quatro e a costa contornando a asa alem do seu apice; as veias transver-
sals encontram-se limitadas a metade ou ao terco basal da area alar. 0
abd6men e dotado de seis a oito segmentos visiveis e a genitalia masculi-
na e proeminente; corn frequencia as femeas apresentam ovipositor pro-
jetado. As larvas sao livres, apodas encefalas, geralmente anfipneusticas,
podendo ser encontradas vivendo em meios aquaticos ou semi-aquaticos,
em locais umidos ou em habitats mais especializados. Nelas os segmen-
tos toracicos e abdominais apresentam-se subdivididos em dois ou tres
aneis secundarios. As pupas sao dotadas de corpo cilindrico ou acha-
tado em sentido dorsoventral e possuem trompas respiratorias protoracicas.
Os psicodideos adultos, em virtude de seu aspecto geral piloso e da
posicao das asas, quando em repouso, assumem aparencia que lembra a
de pequenas mariposas. Por esse motive sao de reconhecimento relati-
vamente facil pela populacao leiga e a supracitada semelhanca reflete-se
na denominacao comum de "mothflies" que Ihes e aplicada nos paises
de lingua inglesa.
Estes dtpteros sao encontrados nas proximidades de locais umidos.
Alguns se criarn na rede de encanamentos domiciliares. Outros sao he-
matofagos na fase adulta e, em vista disso, assumem apreciavel impor-
tancia em saude publica.
MORFOLOGIA EXTERNA
A morfologia dos psicodideos apresenta os elementos que sao co-
muns aos demais dipteros em geral. Contudo, como ocorre nos outros
grupqs, existe certa terminologia peculiar a esta familia. Por outro lado,
nao se atingiu ainda uniformidade completa na nomenclatura destes inse-
tos. Assim, procuraremos usar as denominacoes mais correntes e, quan-
do for o caso, forneceremos os necessaries esclarecimentos. Para as
descricoes que seguem, decidimos escolher urn representante da familia
como prototipo. A escolha recaiu sobre o Telmatoscopus albipunctatus
que constitui especie de ampla distribuicao geografica e comumente en-
contrada. Os que se lera a seguir, refere-se, em grande parte, a esse psi-
codideo. Em capitulo seguinte, faremos o tratamento especial do que
concerne aos Phlebotominae.
ADULTOS
0 aspecto geral hirsute destes insetos e devido ao intenso revesti-
mento de cerdas delgadas. Estas, as vezes, podem apresentar-se urn
tanto achatadas ou sob a forma de escamas que podem predominar em
alguns casos, como se observa em certos representantes de Trichomyiinae.
A coloracao desse revestimento pode ser uniforme ou nao. No primeiro
caso, predominam elementos de tonalidades amareladas ou acinzentadas.
No segundo pode-se observar corn freqiiencia desenhos e ornamentos es-
curos, cinzentos ou negros e manchas Claras ou mesmo brancas.
FAMILIA PSYCHODIDAE
3
Devido ao acentuado arqueamento do torax, estes dipteros assumem
aparencia corcunda, de maneira que, ao serem examinados pela face dor-
sal, torna-se dificil distinguir a cabeca. As asas, quando em repouso, ao
inves de se justaporem, permanecem separadas, em sentido horizontal ou
incliriado. Dai, como ja citado, lembrarem nessa atitude os lepidopteros.
A Fig. 1 fornece ideia da morfologia geral do estadio adulto. Nela
encontram-se representados os aspectos global (A) e aquele que se obser-
va sem o revestimento piloso (B). Assim sendo, deixamos desde ja esta-
belecido que, nas ilustracoes que serao apresentadas a seguir, sera feita
abstracao da pilosidade ou escamosidade geral.
CABE(?A (Fig. 2)
antena; ab
abdome; as
asa; c
cabeca; e
escutelo; g
genitalia; hhalter; m
mesotorax; mt
metatorax; p
palpo maxilar; pa
perna
anterior; pm
perna media; pp
perna posterior.
FAMlUA PSYCHOD1DAE
A
Fig. 2
CABE(?A DE PSICODiDEO. A
de frente; A
de perfil; B
segmentos
fagelares dos dois sexos; C
labro; D
hipofaringe e cibario; E
maxila; F
labio;
c cibario; c)
clipeo; e
espinho geniculado; ec
escape; et
estipe; f
fa-
ringe; fl flagelo; fr
fronte; g
galea; h
hipofaringe; o
olho composto; pm
t6ro; tr
tromba.
6
ENTOMOLOGIA MEDICA
Os articulos antenais, de maneira geral, sao pouco mais desenvolvi-
dos nos machos do que nas femeas. Neles se pode observar a presenca
de verticilios constituldos por numerosas cerdas caducas. Alem disso,
em varies deles pode-se observar a existencia de setas modificadas, em
numero de urn par ou mais para cada segmento. Apresentam aparencia
hialina espiniforme, simples ou ramificada, implantadas na porcao basal
do articulo. Sao conhecidas pelas denominacoes de espinhos genicula-
dos, filamentos ou espinhos sensoriais,
asco/ctes. Adotaremos aqui a pri-
meira delas, atribuida a Newstead
2
(1911). Em varies grupos de psico-
dideos, o aspecto desses espinhos geniculados e tambem sede de certo
dimorfismo sexual. Assim e que geralmente sao maiores nos individuos
masculinos do que nos femininos. Tambem podem se apresentar rami-
ficados nos primeiros e simples nos segundos.
Todas essas partes da antena revestem-se de importancia taxiono-
mica para as identiflcacoes de generos e especies.
Quanto a estas ulti-
mas, seu papel vem logo apos ao das estruturas genitals. (Quate22, 1955).
As partes bucais sao de desenvolvimento diferente, ao se considerar
as formas que sugam sangue e as que nao o fazem. Nas primeiras, como
e o caso dos Phlebotominae, as pecas sao desenvolvidas e, nas femeas,
encontram-se adaptadas a hematofagia. Em tais especies as mandibulas
acham-se presentes, o que nab ocorre nas outras (excecao de Sycorax,
Hertigia e de Horaiella, esta nao possuindo representantes neotropicais).
Dessa maneira, descrevemos a seguir os aspectos encontrados nos psico-
dideos em geral. Maiores consideracoes referentes aos hematofagos
serao feitas quando for tratada aquela subfamllia em particular.
A tromba ou proboscida, que e geralmente de pequeno porte, com-
poe-se essencialmente do labro, do par de maxilas corn os respectivos
palpos, da hipofaringe e do labio. 0 primeiro tern a aparenci.a de placa
triangular, convexa e corn o apice terminando em angulo agudo, dotado
de margens ligeiramente serrilhadas. As maxilas sao constitufdas por
processo longo, intracranial, que corresponde essencialmente ao estipe,
e outro, curto, extracranial e que se apresenta sob a forma de lamina.
Este ultimo possui aspecto finamente piloso, em vista de diminutos denies
delgados que cobrem grande porcao da superficie e, comumente, recebe
o nome de maxila. Na realidade, corresponde apenas a parte externa
desse apendice, denominada ga/ea.
Em anexo as maxilas observa-se a existencia dos palpos maxilares
cuja insercao se faz ao nivel da articulacao do estipe e da galea. Sao
bem mais longos do que a proboscida e o numero de segmentos pode
variar de tres a cinco.
A hipofaringe e de contorno tambem triangular, terminando em ponta
afilada e de margens serrilhadas, em virtude da presenca de elementos
alongados e flexiveis. A ela se continua, em direcao posterior e dentro da
capsula cefalica, a chamada cavidade bucal ou cibario. Esta ultima de-
nominacao e atualmente mais usada para indicar a placa ventral dessa
FAMILIA PSYCHODIDAE 7
cavidade e sua morfologia e ornamentacao assumem importancia taxiono-
mica. Segue-se sempre em direcao posterior a faringe ou bomba farin-
geana que se reveste de aparencia saculiforme.
Finalmente, observa-se a existencia do labio como peca mediana bem
desenvolvida, escavada em goteira e terminando distalmente por duas di-
latacoes laterals que sao as labelas. Em alguns casos, como em Psychoda,
a forma dessas ultimas e utilizada como elemento de valor taxionomico.
T6RAX E SEUS AP6NDICES
T6RAX DE PSICODIDEO. A
coxa mediana; cp
coxa posterior; ea
espiraculo anterior; ep
espi-
raculo posterior; es
escudo; et
metepimero; mes
metepisterno; mip
sutura mesopleura!; mt
metanoto; p
pteropleura; pe
pre-escudo; pet
pos-escutelo; pn
pronoto; s
esternopieura; stp
sutura
mesopteural.
B
asa, mostrando a venacao segundo a nomenclatura de Comstock-Needham; al
alu)a; be
veia trans-
versa radio-mediana; sq
esquama ou esquamuia.
C
representacao esquematica da posicao das asas, quando em repouso: 1
Tetma-
toscopus; 2
Psychoda; 3
Phtebotominae.
10
ENTOMOLOQ1A M6DICA
te observar-se nos Psychodinae. No entanto, essa mesma veia pode ser
vista prolongando-se, de modo limitado, em direcao anterior. Nesse caso,
termina de maneira simples ou tende a confluir na Ri, ou a bifurcar-se nos
ramos divergentes Sci e
Scz.
Estes ultimos podem se apresentar esboca-
dos ou evidentes, ocasiao em que sao vistos terminando, respectivamente,
na costa e em Ri.
6 o que se observa nos Trichomyiinae. Entre as ra-
diais, a
Ri
e constante, enquanto que a R, ramifica-se em Ra, RB|
R4
e Rs.
Tais ramos podem se apresentar individualizados ou fundidos de maneira
variada. Assim e que, embora na maioria das vezes Ra e Ra originem-se
da bifurcacao de tronco comum, em Maruininae isso se observa corn Ra
e Ri. Em outras ocasioes podem se apresentar fundidas, como ocorre
corn R; e
Ra
em Trichomyiinae. Essa mesma fusao, juntamente corn as
de
R4
e Rs observa-se em Horaiellinae. No que tange a media, verifica-se
a existencia dos quatro ramos Mi, Ms, Ms e Ms. Embora alguns autores
(Rosario25, 1936) interpretem este ultimo como sendo o ramo cubital CUi,
parece certo que aquelas duas ultimas ramificacoes confluem basalmente.
6 o que Tonnoir32 (1935) assinala no genero Nemopalpus que inclui for-
mas das mais primitivas de psicodideos. Dessa maneira, o cubito encori-
tra-se reduzido a nervura
CUi
que corre paralelamente a
M< e que, em
alguns casos, como se observa em Sycorax, apresenta-se bastante curta.
Finalmente, as veias anais encontram-se representadas apenas pela 1A
que se mostra atrofiada.
No que respeita as veias transversas, como nos referimos, sao pouco
evidentes. A que aparece de maneira mais frequente e a radio-mediana
ou r-m. Das demais, a umeral ou h e pouco evidente e ocorre mais como
suico situado na raiz da costa; a mediana ou m e a medio-cubital ou m-cu
podem ser observadas mas, na maioria das vezes, apresentando-se corn
aspecto pouco consistente.
Como se depreende das consideracBes supra, a nomenclatura adota-
da
3
a de Comstock-Needham. No entanto, a exempio do que ocorre
corn outros grupos de dipteros, nao e integralmente seguida pelos varios
especialistas. Deste modo, a costa e a subcosta sao comumente deno-
minadas de costal e auxiliar. As demais sao, corn freqiiencia, designadas
como
ye/as
longitudinals, numeradas de I.3 a 6.. Por conseguinte, a
correspondencia dessas nomenclaturas e a que se segue:
Comstock-Needham Outra denominacao
Costa .................................... Costal
Subcosta, corn os ramos Sc, .e
Sc^
.......... Auxiliar (o ramo
Sc^
e as vezes
denominado veia transversa
subcostal).
R, ...................................... 1. longitudina
Setor radial F^, corn os ramos
Ra, Rs
e
R4
..... 2. longitudina
ramo
R^
........................ ... .... 3. longitudina
M, corn os ramos M, e Mg .................. 4. longitudina
ramos
M^
e
M^
........................ 5. longitudina
Cu, ...................................... 6. longitudinal
1A ...................................... Anal.
A Fig. 4 fornece ideia dos varios aspectos sob os quais a venacao
alar se apresenta entre os psicodideos. Dela excluimos o referente aos
FAMILIA PSYCHODIDAE
11
A
h Sc
Sc,
Scg
; I I * /
<-
B
C
D
Fig. 4
VENACAO
ALAR DE PSICODIDEOS SEGUNDO A NOMENCLATURA DE COMS-
TOCK-NEEDHAM (escala em mHimetros); A
Marui-
ninae (genero Maruina, baseado em Barretto, 1954).
12
ENTOMOLOSIA MSDICA
Phlebotominae, uma vez que sera objeto de tratamento especial em capf-
tulo adiante.
A nomenclatura das celulas da asa acompanha a dos dipteros em
geral. Assinale-se que a costal e a subcostal, em grande numero de casos,
constituem area conjunta. Em outros, quando ocorre a bifurcacao da
subcosta, nota-se a presenca individualizada das celulas costal e sub-
costais
SCi
e
Sea.
As pernas sao delgadas e seu comprimento e um tanto variavel, sen-
do maior em alguns grupos como o dos Phlebotominae. Todavia, o as-
pecto geral e as proporcoes entre os varios componentes destes apendi-
ces, e bastante uniforme na famllia. Em certas especies de Telmatoscopus
tem-se assinalado algum dimorfismo sexual, concernente a presenca de
fileiras de cerdas desenvolvidas e eretas presentes nos femures anterio-
res dos machos (Quate22,1955).
ABDOMEN
de perfll; B
segmentos ler-
minais; C
de perfil; D
anus; bs
basistilo;
c
cerca;dd
dobra digitiforme; de
duto ejaculador; ds
dististilo; dsp
duto
da espermateca; eedeago; ee
est6)0 do edeago; I
lobo lateral; p
paramero; psg
placa subge-
nital; sp
espermateca; t
tenaculos; 7st
setimo esternito; 7t
setimo tergito;
8st
oitavo esternito; 81
oitavo tergito; 9s
nono esterni-
to; 9t
decimo segmento.
7\
8t-
14 ENTOMOLOGIA M6DICA
par de /ooos apicais. Na sua face interna reconhece-se a existencia de
varias estruturas, entre as quais se destacam a dobra digitiforme ("genital
digit" para os autores de lingua inglesa) tarnbem chamada de valvula anal
ou orgao sensor/a/ interno e as espermatecas. A primeira apresenta-se
como saliencia bivalvular situada na porcao superior da placa subgenital.
Quanto as ultimas, sao orgaos pares de contorno variado, podendo apre-
sentar a superficie reticulada. Projetam-se em direcao anterior, dentro
do setimo segmento e o seu revestimento e esclerotinizado em intensida-
de variavel. De cada uma delas sai urn duto de aspecto membranoso.
Ambos, depois de se reunirem, dirigem-se para o oriftcio genital, tam-
bem chamado gonoporo ou arr/o. Quanto
ao nono e decimo segmentos,
geralmente se encontram reduzidos a pequenos escleritos que represen-
tam principalmente os tergitos. Pode-se evidenciar em alguns grupos,
corn major
facilidade, o correspondente ao nono tergito, pois o decimo
encontra-se, como regra, atrofiado. Todavia, a este corresponde a presen-
ca de apendices, mais ou menos alongados, rombos ou pontudos, pouco
ou muito quitinizados e que sao as cercas.
Corn excecao dos representantes de Sycorax, nos psicodtdeos ocor-
re tambem a inversao da genitalia masculina que se observa em outros
dipteros nematoceros. Dessa maneira, a porcao abdominal que inclui o
oitavo segmento em diante, sofre rotacao de cento e oitenta graus, logo
apos a emergencia do adulto. E isso se faz ao redor do eixo longitudinal
do corpo, dai resultando, nesses segmentos, os esternitos situarem-se dor-
salmente e os tergitos ventralmente.
As estruturas genitais externas masculinas (Fig. 5 D, D, E), correspon-
dem, essencialmente, ao nono segmento. Nele o esternito se acha redu-
zido a estreita moldura, ao passo que o tergito pode assumir o aspecto
de placa desenvolvida. Anexo ao primeiro encontra-se par de apendices
constituidos, cada um, por dois segmentos articulados. Esse conjunto
forma a forquilha ou forceps genital, para a qual alguns autores tambem
usam as denominacoes de gonostilo, coxito, gonapofise superior e para-
meros. DOS dois segmentos que formam esses apendices, o basal cor-
responde ao basistllo, tambem conhecido como segmento proximal da
gonapofise superior, basimero e coxito. 0 outro e distal e articulado corn
o precedente, constituindo o que se conhece como dististilo, e tambem
denominado de segmento distal da gonapofise superior, distlmero e estilo.
A forma e o desenvolvimento desses articulos sao variaveis. Em geral o
basistilo e cilindrico ou conico, enquanto o dististilo pode se apresentar
simples, bifido ou trffido. Ambos possuem cerdosidades constituidas por
elementos mais ou menos desenvolvidos e modificados, corn aspectos va-
riaveis desde o de fines pelos ate o de cerdas espiniformes. Todas essas
feicoes constituem elementos largamente utilizados na taxionomia des-
tes dipteros.
Entre os dois basistilos encontra-se o aparelho peniano que recebe o
nome de edeago, e e tambem conhecido como gubernaculo, penis, meso-
soma, orgao intromfssdr. Sua forma e variavel, desde a de simples basto"
nete ate a complexa, formada por varias partes. De qualquer maneira,
essa estrutura e bastante alongada, fazendo saliencia posteriormente e
FAMILIA PSYCHODIDAE
15
prolongando-se para a frente, onde chega a atingir o nivel dos segmentos
abdominais anteriores. Em geral, vista pela face dorsal, e de contorno
simetrico, exceto em Psychoda, onde se observa acentuada assimetria
gracas a existencia de uma lamina central longa e desenvolvida e outra
lateral, curta e menor. Contudo, na maioria dos psicodideos essas duas
formacoes sao simetricas. Pode-se ainda observar a presenca de uma
parte distal mais quitinizada, designada como edeago por muitos auto-
res e estojo do edeago ou teca pen/ana por outros. Por sua vez, a parte
proximal e mais delgada, podendo ser filiforme, simples ou dupla, e e co-
mumente denominada de fllamento ou duto ejaculador ou genital. Este,
por sua vez, pode terminar em formacao dilatada, caliciforme, que rece-
be nome de bombs ejacLtiadora ou genital. Estas denominacoes sao
mais adotadas para os Phlebotominae, aos quais tambem se emprega a
designacao mais estrita para o edeago citada linhas atras. Anexo a este
ultimo, observa-se a existencia de expansao membranosa, que pode se
apresentar simples ou dupla, denominada paramero e tambem conhecida
pelos nomes de gonopofise media, apendice intermediario e claspete.
Quanto ao nono tergito, como mencionamos, e mais desenvolvido do
que o correspondente esternito, possuindo aspecto de placa retangular.
Na porcao distal apresenta um par de apendices que corn ele se articulam.
Esse conjunto recebe o nome de lobo lateral, sendo tambem conhecido
como gonapotise interior, cercopodo, surstilo, apendice interior, forquilha
interior e cerca. Na extremidade de cada um deles pode-se observar a
existencia de cerdas mais ou menos desenvolvidas e modificadas, que
alguns denominam de tenaculos, enquanto outros adotam as designacoes
de tentaculos e retinaculos. Finalmente, entre os lobos laterais, pode-se
observar a presenca do anus e de alguns escleritos, corn o aspecto de
estruturas laminares delgadas, representando o decimo segmento, e que
recebem o nome de lamelas submedianas ou tambem de ceroas.
6RGAOS OLFATIVOS MASCULINOS
cefalicos; B
protoracicos. c
cabeca; ea
espiraculo
anterior; o
6Iho; oo
orgao olfativo; p
patagio.
FAMILIA PSYCHOD1DAE 17
Fia. 7
olho; 00
orgao olfativo.
Fig. 8
Cabeca de larva de pri-
meiro estadio de Te/matoscopus
aibipunclatus, mostrando o orgao
perfurador, que esta assinalado
dentro de um circulo.
)g
ENTOMOLOQIA MEDICA
culo membranoso que suporta a porcao apical, esclerotinizada, corn as-
pecto discoidal, globoso ou lobulado.
Quanto aos toracicos, sao menos
pedunculados e um tanto mais dilatados e cerdosos. A porcao bulbosa
distal e dotada de numerosas depressoes, as quais se comunicam corn
celulas glandulares subjacentes. 0 estudo histologico de algumas dessas
estruturas foi feito por Hoyt" (1950), que revelou serem de natureza essen-
cialmente glandular, corn canal comum que se prolonga pelo pedunculo.
A real funcao desses orgaos e desconhecida. Admite-se que pos-
sam ter algum papel na atracao olfativa ou sensorial generica, durante as
atividades sexuais. Segundo Hoyt15 (1950), trata-se de estruturas com-
pletamente novas e que estao em desenvolvimento. 0 mesmo autor con-
sidera as cefalicas inteiramente independentes das toracicas, embora
possam ter semelhanca funcional.
FORMAS IMATURAS
Atualmente pouco se sabe sobre ovos, larvas e pupas de psicodideos.
Exclui-se a essa regra os representantes de Phlebotominae, em virtude
da importancia medica desse grupo. No que se refere, porem, a grande
maioria dos demais membros da familia, tais dados sao incompletos ou
mesmo inexistentes, sendo raros os trabalhos comparativos, entre os
quais pode ser citado o de Mukerji20 (1931). Para a fauna neotropical po-
dem ser assinalados alguns estudos esparsos, como o referente as formas
imaturas de Bruchomyia argentina, levado a efeito por Satchell"1 (1953).
Alguns aspectos gerais foram descritos por Ivlalloch" (1917), Johann-
sen16 (1934),
Quate22
(1955) e Wirth e Stone33 (1963). Mesmo assim, corn
excecao dos dois primeiros, os demais restringiram-se, praticamente, aos
estudos relativos a representantes da fauna britanica de Psychoda e Peri-
coma, realizados pelo supramencionado Satchell27-29.3 (1947, 1948,
1949).
Em vista disso, torna-se bastante diffcil o estabelecimento de concei-
tos e descricoes de aplicacao geral para a familia, especialmente ao se
considerar as diversidades de aspectos morfologicos corn que se apresen-
tam os seus representantes. De qualquer forma, as descricoes que serao
realizadas a seguir, sao referentes a alguns generos, excluidos, na maior
parte das vezes, aqueles pertencentes aos Phlebotominae, pois, para
estes, sera feito tratamento especial, em capitulo a parte.
Fjg. 9
LARVA DE PSICODiDEO, A
o
mesmo, visto pela face dorsal (escala em milimetros); B
antena; cl
cifpeo; dt
depressao
do tentorio; fo
foramen occipital; fr
fronte; Ib
labio; Ibr
labro; md
man-
dibula; mo
moldura subgenat; mt
mento; mx
maxila; o
ocelo; os
prosteca; pt
placas tergais; s
sutura
epicranial; sfc
sutura verti-
cogenal- A quetotaxia esta representada pelos numeros correspondentes as cerdas,
de acordo corn a descricao do texto.
FAMiLIA PSYCHODIDAE 21
LARVA (Figs. 9 e 10)
LARVA DE PSICODiDEO. A
porcao
terminal do sifao respiratorio, corn os espiraculos posteriores; C
ultimos segmentos i
abdominais;
C
mesotorax; mt
metatorax; p
protorax;
pad
placa adanal; pd
placa pra-anal; pv
processo ven-
tral; s
espiraculo posterior.
A quetotaxia esta representada pelos numeros e sfmbolos correspondentes as cerdas,
de acordo corn a descricao no texto.
22 ENTOMOLOGIA MED1CA
no exempio que estamos adotando para esta descricao morfologica geral,
procuramos lancar mao de interpretacoes partindo da supracitada no-
menclatura. Dessa maneira, consideramos a possibilidade das cerdas
apresentarem-se simples, duplas ou multiplas, no sentido de estarem re-
presentadas por um, dois ou mais elementos dotados de implantacoes
proprias. Feitas estas ressalvas, a nomenclatura da quetotaxia larval dos
psicodideos, apresenta-se na lista a seguir. Em primeiro lugar, encontra-
se a denominacao mais utilizada e, logo apos e em certos casos, alguns
sinonimos empregados por diversos autores. Por razoes facilmente com-
preensrveis, nessa relacao quetotaxica estao omitidos varies elementos
ainda insuficientemente conhecidos.
Assim e que, em especial modo para a capsula cefalica e segmentos
terminais do abdomen, varias setas deixaram de ser incluidas. De qual-
quer maneira, adotamos o metodo de numeracao para as cerdas ja co-
nhecidas e descritas, a exempio do que se fez para outros grupos de ne-
matoceros como os culicideos.
As Figs. 9 e 10 trazem a localizacao dessas setas, como se observa
no prototipo que estamos seguindo neste capitulo, e que vem a ser o
Telmatoscopus albipunctatus. Algumas delas, que nao pudemos figurar
neste exempio, serao referidas em capitulo seguinte, por ocasiao do tra-
tamento dos Phlebotominae.
QUETOTAXIA LARVAL DE PSICODiDEO
CABECA (Fig. 9, B, B, B", C)
Numero ou simbolo Nome(s)
1 Preclipeais. Cerdas do labro.
2 Clipeal interna, Clipeal anterior.
3 Clipeal externa, Clipeal posterior.
4 Frontal anterior. Espinho cefalico anterior, espinho antero-
-interno.
5 Frontal posterior. Espinho cefalico posterior, espinho pos-
tero-interno.
6 Vertical dorsal. Vertical superior, epicranial dorsal poste-
rior, transsutural, espinho cefalico postero-lateral, espinho
postero-externo.
7 Vertical lateral. Vertical inferior, epicranial lateral, espi-
nho antero-externo.
8 Genal dorsal. Epicranial dorsal anterior, retromandibular,
epicraniana dorsal anterior.
9 Qenal
lateral. Cefalica ventral externa, retromaxilar ex-
terna.
10 Genal ventral. Cefaiica ventral interna, retromaxilar in-
terna.
11 Subgenal superior.
12 Subgenal media.
13 Subgenal inferior.
FAMiLlA PSYCHOD1DAE
23
T6RAX (Fig. 10A, A)
0 Dorsal anterior acessoria.
1 Dorsal anterior interna.
2 Dorsal anterior externa.
3 Laterodorsal anterior.
4 Laferoventral anterior.
5 Ventral anterior interna.
6 Ventral anterior media.
7 Ventral anterior externa.
P1 Pediseta protoracica.
8 Dorsal posterior interna.
9 Dorsal posterior externa.
10 Laterodorsal posterior.
11 Ventral posterior interna.
12 Ventral posterior media.
13 Ventral posterior externa.
Mesotorax e Metatorax:
1 Dorsal anterior interna.
2 Dorsal anterior externa-
3 Laterodorsal anterior.
^
Lateroventral anterior.
5 Ventral anterior interna-
6 Ventral anterior media.
7 Ventral anterior externa-
P2 e P3 Pedisetas meso e metatoracicas.
8 . Dorsal posterior interna.
9 Dorsal posterior externa-
10 Laterodorsal posterior.
11 Ventral posterior interna.
12 Ventral posterior media.
13 Ventral posterior externa.
ABDOMEN (ate o segmento VII):
0 Dorsal acessoria.
1 Dorsal anterior interna.
2 Dorsal anterior externa.
3 Laterodorsal anterior.
4 Lateroventral anterior.
5 Ventral anterior interna.
6 Ventral anterior media.
7 Ventral anterior externa.
8 Dorsal posterior interna.
9 Dorsal posterior externa-
10 Laterodorsal posterior.
11 Ventral posterior interna.
12 Ventral posterior media.
13 Ventral posterior externa.
A cabega e bem individualizada, fortemente esclerotinizada e, corn
excegao de Sycorax, nao e retratil. Seu contorno e triangular ou conico,
sendo dotado de urn par lateral de olhos tambem conhecidos como ocelos.
Todavia, estes nao sao de existencia constante e sua presenga ou ausen-
24
ENTOMOLOGIA M6DICA
cia pode ser verificada mesmo entre individuos originarios da mesma pos-
tura (Satchel!27, 1947).
Como ocorre nos dipteros nematoceros em geral, a capsula cefalica
e constituida por tres placas, duas pares e uma impar. Esta ultima e
mediana, dorsal e conhecida pelo nome de frontocllpeo. As outras duas
sao lateroventrais e formam o que se conhece como esclerltos epicraniais.
Os limites entre essas partes acham-se estabelecidos pela sutura epicranial
e seus dois ramos, entre os quais se situa o frontocllpeo. Este, por sua
vez, pode se apresentar dividido, mais ou menos nitidamente, em duas
partes, por meio da sutura trontoclipeal, de situacao transversa e ante-
rior. Dessa maneira, esses dois resultantes escleritos, serao o clipeo e a
fronte, de situacao anterior e posterior, respectivamente.
Quanta
aos escleritos epicraniais, tambem chamados de esclerltos
laterals do epicranio, constituem as partes laterais e ventrais da capsula
cefalica. Assim e que se prolongam ventralmente, ate a linha mediana,
onde sao separados pela sutura cefalica ventral, tambem conhecida como
porte hipostomial. A porcao anterior desses escleritos e denominada
gena, e a posterior, vertice. A separacao entre essas duas partes, faz-se
por meio da sutura verticogenal, que se origina dorsalmente da epicranial,
mas que e pouco evidente, o que faz corn que essa distincao nem sempre
seja facil de estabelecer.
Na sup.erficie da cabeca larval verifica-se tambem a existencia de
orgaos sensoriais superficiais, que se apresentam sob a forma de depres-
soes circulares, de aspecto simples ou anelado. Alem disso, nas larvas
de primeiro estadio, nota-se a existencia de pequeno esclerito oval, qui-
tinizado, ligeiramente saliente e situado proximo da bifurcacao dos ramos
da sutura epicranial. E o orgao perfurador ou esporao de eclosao, desti-
nado a romper a casca do ovo (Fig. 8).
A capsula cefalica, assim constituida, apresenta duas amplas aber-
turas, uma anterior e outra posterior. Ao redor da primeira, encontra-se
borda fortemente esclerotinizada, que constitui a moldura subgenal, e que
se estende desde as ctepressoes do tentorio, dorsalmente, ate o hiposto-
mio, ventralmente. Nessa cavidade acham-se as partes bucais, que sao
apendices dos escleritos citados. Quanto a segunda, comunica-se ampla-
mente corn o torax, e e conhecida como foramen occipital. Em seu redor
tambem se observa a existencia de anel fortemente esclerotinizado, que
constitui a moldura occipital.
A antena e rudimentar, formada por pequena area ligeiramente sa-
liente, de contorno circular ou eliptico, rodeada por anel quitinoso. Nela
podem estar implantadas algumas cerdas finas e em bastonete, ou entao
se verifica apenas a existencia de orgaos ou depressoes sensoriais. To-
davia, esse aspecto e bastante variavel e, em alguns grupos como o dos
Phlebotominae, este apendice pode se apresentar saliente e constituido
por mais de um segmento articulado. Atras da antena observa-se, quan-
do existe, pequena area pigmentada de contornos um tanto irregulares e
que constitui o ocelo.
FAM1LIA PSYCHODIDAE
25
Quanta as paries bucais, pode-se distinguir o labro, em situacao an-
teroinferior ao clipeo. Seu aspecto, na porcao anterior, e urn tanto dila-
tado, hialino, formando assim saliencia protractil que se projeta para a
frente, e dotada de cerdosidade diversa. No entanto, na porcao posterior
apresenta-se bem quitinizado, continuando-se corn o clipeo e prolongan-
do-se, tambem corn esse aspecto, em direcao lateroventral. Em sentido
posteroinferior continua-se corn a epifaringe, a qual, formando o teto da
cavidade oral, apresenta-se corn desenvolvimento variado, podendo, inclu-
sive, encontrar-se completamente atrofiada.
Externamente ao labro situam-se as mandibulas, corn aspecto de la-
minas de contorno aproximadamente triangular e fortemente esclerotini-
zadas. A base desse triangulo situa-se posteriormente, enquanto o ver-
tice e anterior, curvo em sentido ventral e dotado de fortes denies. Possui
cerdosidade mais abundante na margem superior, onde se nota a presen-
ca de elementos diferenciados. Na face interna da porcao basal observa-
se a existencia de esclerito cerdoso que corresponde a prosteca.
Constituindo as faces laterals da proboscida, encontram-se as ma-
xilas. Limitam-se posteriormente corn a moldura subgenal e apresentam
o aspecto geral de placa dotada de varias protuberancias. Destas, pode-
se individualizar corn certa facilidade o esclerito palpal que apresenta o
palpo maxilar sob o aspecto de saliencia romba, dotada de varies basto-
netes sensoriais. Nas demais areas maxilares nota-se a presenca de den-
ies de aspecto e desenvolvimento variados, alem de certa cerdosidade.
Continuando em direcao anterior a face ventral da capsula cefalica,
nota-se a presenca do mento, tambem chamado pente ou p/aca labial.
E de aspecto geral triangular e concavo na face superior, lembrando uma
colher, mas apresentando, na borda distal, alguns denies fortemente qui-
tinizados. Destes, o mediano e impar e geralmente mais desenvolvido do
que os laterais. Contido na concavidade desse esclerito encontra-se o
labio. Apresenta-se sob a forma de estrutura pouco esclerotinizada, de
aspecto membranoso e de morfologia um tanto complicada. Dorsalmen-
te se continua corn a hipofaringe, possuindo pilosidade curta e areas mais
quitinizadas, dotadas de alguns processes dentiformes. Dessa maneira,
a hipofaringe, que e tambem membranosa, constitui-se na parede infe-
rior da cavidade oral.
0 torax e formado pelos tres segmentos que constituem o protorax, o
mesotorax e o metatorax, sendo cada um dividido em dois aneis secunda-
rios. Essa divisao 6 feita devido a sulcos mais ou menos completes e e
um tanto mais evidente no protorax do que nos outros dois. As placas
tergais, quando existentes, mostram essas subdivisoes corn maior eviden-
cia. Como constante, observa-se na face lateral da porcao posterior do
protorax, a presenca do espiraculo anterior que se abre na extremidade
da protuberancia ou tuberculo de desenvolvimento variado.
A quetotaxia toracica e abdominal (Fig. 10 A, A), ainda mal estudada,
tern sido atribuida certa importancia taxionomica. Consideram-se dois
grupos gerais de cerdas: um constitutdo por aquelas inseridas nas varias
placas tergais e outro pelas implantadas nos espacos entre elas. Toda-
26
ENTOMOLOGIA M6DICA
via, estas ultimas nao sao facilmente visiveis, motive pelo qual as atencoes
tem-se voltado mais comumente para as primeiras. Contudo, nao tern
sido feitos estudos detalhados sobre as
variances
de implantacao nos di~
versos grupos. Corn freqiiencia, observa-se que essa distribuicao difere
nos segmentos toracicos, em relacao aos abdominais, e que a do proto-
rax e um tanto diferente daquela do mesotorax e do metatorax. Via de
regra, as cerdas toracicas inserem-se nas margens anteriores das placas
tergais, enquanto que as abdominais o fazem nas margens posteriores.
Os caracteres que tern sido mais empregados, dizem respeito ao desen-
volvimento relative que essas setas apresentam entre si.
Na face ventral dos segmentos do torax, nota-se grupo de cerdas
cuja implantacao esta circundada por anel quitinoso. A esse conjunto
Feuerbon" (1927) deu o nome de pedisetas, pois representariam os ves-
tigios sensoriais das pernas toracicas. Em alguns casos, como no dos
Phlebotominae, e em relapao a esse aspecto, pode-se verificar a presen-
ca de dilatacoes na face ventral dos sete primeiros segmentos abdomi-
nais, conhecidas pelo nome de pseudopernas. No entanto, sao orgaos
desenvolvidos secundariamente para a locomocao, a semelhanca do que
se observa em outros grupos de insetos, como nos lepidopteros.
Corn relacao ao oitavo e ultimos segmentos abdominais, distinguem-se
dois aspectos. Um deles e o das especies de habitos aquaticos ou semi-
-aquaticos, enquanto que o outro encontra-se naquelas de vida predomi-
nantemente terrestre. No primeiro caso forma-se comumente um orgao
tubular denominado s/rao respirat6rio, em cuja extremidade abre-se o par
de espiraculos posteriores. No segundo caso nao ocorre essa estrutura
e os mencionados espiraculos abrem-se em situacao dorsal, sem o con-
curso daquele tubo. Este ultimo aspecto e a respectiva quetotaxia, serao
descritos no capitulo especial dedicado aos Phlebotominae.
Quanto
ao primeiro aspecto, verifica-se que o sifao respirat6rio possui
varias cerdas cujo numero e disposicao tern sido adotados como criterio
taxionomico. Essa estrutura origina-se de placa quitinosa tergal que cobre
a face dorsal do oitavo segmento e que, projetando-se em direcao pos-
terior, enrola-se sobre o seu eixo longitudinal, formando o tubo. Dessa
maneira, as cerdas ali existentes, que recebem o nome geral de cerdas
s/fonals, representarjam na realidade as dorsais e laterodorsais do oitavo
segmento abdominal. Circundando os orificios espiraculares, verifica-se a
presenca de dois pares de processos rombos, dorsais e ventrais, dotados
de abundante cerdosidade. Dessas formacoes, as ventrais sao as mais
desenvolvidas.
Finalmente, o nono segmento situa-se em posicao ventral as estru-
turas supradescritas e e representado por conjunto constitutdo de tres
placas, rodeando o orificio anal. Desses escleritos, o par e formado pelas
placas adanais, que tambem recebem o nome de operculos lateroventrals,
enquanto que o impar e mediano constitui a p/aca pre-anal, ou operculo
medioventral. As primeiras representariam o lobo caudal, enquanto a
outra poderia ser comparada ao /ooo ana/, de acordo corn criterio ado-
tado para os Phlebotominae. Nesse caso, as cerdas observadas em tais
FAMiLIA
PSYCHODIDAE
27
placas seriam homologas as descritas para os representantes desse grupo
como se vera no capitulo que Ihe e dedicado. Nas placas adanaisobserva-
se a presenca de duas cerdas medianas e uma lateral, enquanto na pre-
-ana] verifica-se a existencia de duas setas medianas ou apicais. Alem
disso, nota-se a ocorrencia de duas setas implantadas proximo da regiao
basal do sifao e da placa pre-anai. De acordo corn a interpretacao men-
cionada, elas representariam as cerdas ventrais do oitavo segmento.
PUPA (Fig. 11)
trompa respiratoria; D
metat6rax; E
quarto
segmento abdominal; F
antena; ab
abdome; as
asa; c
clipeo; ct
cefalotorax; d
face
dorsal;
fd
franja dorsal; fv
tranja ventral;
m
micropila; ms
mesotorax; mt
metat6rax; p
prot6rax; pm
palpo maxilar;
pn
pernas; sm
espiraculo posterior metatoracico; t
trompa respiratoria; ta
tubercufo pre-alar; ft
tubercuto terminal do abdome; v
face ventral; ve
vertice.
A quetotaxia esta representada pelos numeros correspondentes as cerdas, de acordo
corn a descricao do texto.
30
ENTOMOLOQIA MEDICA
OVO
Os ovos de psicodideos sao postos isoladamente, no subs-
trato onde ira se desenvolver a futura larva. Possuem tonalidade predo-
minantemente escura, podendo, contudo, adquirir coloracao mais clara,
geralmente acinzentada.
0 contorno e alongado, eliptico (Fig. 11G). Pode-se distinguir a ex-
tremidade anterior, pela presenca do orificio micropilar. Alem disso, o
lado convexo sera a face dorsal enquanto que o outro, mais achatado ou
mesmo ligeiramente concavo, constituira a face ventral. 0 corio nao mos-
tra esculturas muito desenvolvidas. Apresentam-se em geral de maneira
mais discreta, o que nao impede que se formem desenhos, os quais tern
sido empregados para o diagnostico diferencial, pelo menos para alguns
grupos. Como citamos, na extremidade anterior pode-se distinguir, de
maneira mais ou menos evidente, a presenca da micropila.
BIOLOGIA
Como dfpteros que sao, os psicodfdeos pertencem a categoria dos
insetos holometabolos, ou seja, aqueles que apresentam metamorfoses
completas. Durante seu cicio de vida, de ovo a adulto, passam por qua-
tro estadios larvais e urn pupal. Dessa maneira, os habitos devem ser
encarados separadamente, para as formas imaturas e para os adultos.
FORMAS IMATURAS
As larvas e pupas de psicodideos podem se desenvolver em ambien-
tes aquaticos ou terrestres. No primeiro caso, na realidade, utilizam as
areas limitrofes entre os dois ambientes. Por esse motive sao conside-
radas pela maioria dos autores, como sendo semi-aquaticas, ou entao
como participantes da chamada fauna llminar, de acordo corn Feuer-
born" (1923). Isso parece indicar que, desse meio supostamente primi-
tive, alguns grupos caminharam para adaptacoes nos dois habitats. Al-
guns, como Maruina, tornaram-se decididamente aquaticos, sendo as lar-
vas capazes de se desenvolverem em aguas movimentadas. De outro
lado, observa-se os Phlebotominae que se adaptaram ao meio terrestre,
sem a presenca de colecoes aquaticas. A ser verdadeira essa hipotese,
poderiamos esquematizar o estado atualmente conhecido dessa adapta-
cao, da seguinte maneira:
Habitat secundariamente | T i j Phlebotominae
adqulrido ..............
I "-"-""- I
Bruchomyilnae
4 Trichomyiinae
Habitat primitivo
| Seml-aqualico | Psychodinae (a inaiona)
i
Habitat secundariamente
i1
Maruininae
adquirido ..............
|
Aqu^tico
[ Horaiellinae
Psychodinae (alguns
como Neotelmatoscopus).
FAMILIA PSYCHODIDAE
31
Q exame exterior da larva permite, de inicio, formar ideia sobre esses
habitos. As semi-aquaticas e aquaticas sao dotadas de sifao respiratorio,
ao passo que esse orgao esta ausente nas de vida terrestre.
Os criadouros das formas imaturas de psicodideos necessitam apre-
sentar tres condicoes essenciais.
a) umidade;
b) oxigenio;
c) materia organica em decomposicao.
Para as formas terrestres a umidade e representada pelo teor de va-
por de agua no ambiente que. entre em contato corn o substrato. 0 oxi-
genio constitui-se em elemento indispensavel para a respiracao e, o ulti-
mo item, corresponde as exigencias alimentares das larvas. Estas, em
maior numero de casos, voltam-se para os produtos resultantes da de-
composicao da materia organica vegetal.
Para Jung8 (1956), de acordo corn o comportamento larval, podem
ser reconhecidos dois grupos ecologicos gerais, a saber:
a) midobiontes;
b) saprobiontes.
No primeiro incluem-se as formas que se desenvolvem em meios
como margens de cursos e colecoes de agua, musgos e vegetais diver-
sos em decomposicao, ocos e raizes de arvores, imbricamentos de folhas,
ambientes sob rochas e abrigos diversos, etc. Em tais habitats, o subs-
trata sobre o qual se desenvolvem as formas imaturas e representado por
residues de materia vegetal, grosseiramente fragmentados, de modo a
se apresentarem como corpusculos volumosos. A decomposicao orga-
nica e lenta, corn participacao primordial de bacterias aerobias. Neste
tipo estao incluidos os locais de criacao do maior numero de larvas de
psicodideos atualmente conhecidas.
0 grupo saprobionte engloba as formas imaturas que se desenvol-
vem em ambientes aquaticos ou semi-aquaticos, nos quais a materia orga-
nica sofre divisao fina, adquirindo assim aspecto de limo. Em tais meios,
os residues organicos sofrem, geralmente, decomposicao mais rapida,
corn o concurso de bacterias aer6bias e as vezes tambem das anaerobias.
Dessa maneira, sao incluidos varies habitats corn atividades de decompo-
sicao, tais como excrementos animais, esgotos, ambientes poluidos diver-
sos e mesrno aguas residuais contendo substancias quimicas variadas.
Neste tipo ecologico estao englobados representantes de alguns grupos,
principalmente de Psychoda e Telmatoscopus.
Como regra, e na dependencia das condicoes de temperatura e de
outros fatores, a duracao do periodo larval e maior nas formas midobion-
tes do que nas saprobiontes. Assim, enquanto que para as primeiras che-
ga a ir alem de umano, para as segundas pode reduzir-se a uma ou pou-
cas semanas.
ADULTOS
De modo geral, as formas aladas de psicodfdeos sao consideradas
como dotadas de reduzida capacidade de voo (Jung18, 1956). Em vista
32
ENTOMOLOSIA M6DICA
disso, admite-se que os adultos tenham pronunciada tendencia a perma-
necer nas vizinhancas dos criadouros. Contudo, parece que, pelo menos
para alguns, existe capacidade de dispersao. Assim e que, entre os indi-
viduos hematofagos incluidos nos Phlebotominae, existe certo alcance
de voo. E mesmo naqueles que nao possuem esse habito, tem-se assina-
lado possibilidade de alcancar alguma distancia. 6 0 que se observou
na Inglaterra corn especimes de Psychoda, atingindo a locais distantes
uma milha, ou seja, pouco mais de um quilometro e meio dos seus cria-
douros (Satchel!2", 1947).
Pouco se conhece sobre os habitos destas formas. Constitui-se algu-
ma excecao os estudos levados a efeito em relacao aos Phlebotominae.
E isso em virtude do interesse medico de que se revestem.
Quanto
aos
demais, sabe-se que alguns podem freqiientar as habitacoes humanas,
onde chegam a ser encontrados em numero elevado. Tais aspectos serao
abordados em capitulos seguintes.
CLASSIFICACAO
0 tratamento sistematico dos psicodideos tern merecido a atencao
de varies autores. Pode-se dizer, no entanto, que as opinioes ainda nao
atingiram a uniformidade que seria de se desejar. Os trabalhos mais
recentes que analisam o assunto de maneira apreciavelmente extensa e
cuidadosa, sao os de autoria de Fairchild" (1955), Barretto5 (1961) e Qua-
te" (1963). Esses autores, em linhas gerais, dedicam especial atencao
aos representantes da fauna neotropical. Por tais motives, seus concei-
tos serao adotados aqui, salvo algumas modificacoes.
Dessa forma, a familia Psychodidae e dividida em seis subfamilias,
a saber:
Bruchomyiinae
Phjebotominae
Maruininae
Psychodinae
Trichomyiinae
Horaiellinae
Somente a ultima, Horaiellinae, nao possui representantes neotropi-
cais. Quanto as outras, os principals caracteres sao ps seguintes:
BRUCHOMYIINAE
Os adultos possuem os olhos arredondados e as antenas dotadas
de numero variavel de segmentos, de dezesseis a cento e treze. As pecas
bucais nao se apresentam adaptadas para exercer a hematofagia e, por
conseguinte, as mandibulas, ou estao ausentes ou nao sao funcionais.
Faz excecao a essa regra, o genero Hertigia, no qual tais pecas sao de-
senvolvidas, o que faz supor que podera apresentar habitos hematofagos.
As asas sao alongadas e, freqiientemente, apresentam ligeira reentrancia
ao longo da margem anterior. A nervulacao mostra a Sc nao atingindo o
meio da asa e, a mais das vezes, corn os ramos divergentes SCi
e Sea;
alem disso, do setor Rs originam-se as
Ra+a
e
Ri+s
que, por sua vez,
FAMILIA PSYCHODIDAE
33
bifurcam-se nos respectivos ramos isolados. A genitalia masculina s in-
vertida e apresenta basistilo, dististilo e lobos laterals desenvolvidos. As
cercas da genitalia feminina sao achatadas e urn tanto volumosas. As
formas. larvais sao terrestres e desprovidas de sifao respiratorio.
Esta subfamllia possui os quatro generos seguintes:
Bruchomyja
Nemopalpus
Herltgia
Eutonnoiria
0 ultimo deles nao esta representado na regiao neotropical.
Quan-
to a Hertigia, como nos referimos, apresenta a possibilidade de incluir es-
pecies dotadas de habitos hematofagos. Esse genero situa-se proximo
aos Phlebotominae e parece, portanto, ser uma forma de transicao entre
eles e os Bruchomyiinae. Sua inclusao nesta Ultima subfamilia deve-se
ao tipo de nervulacao, a qual, por se tratar de carater mais primitive, jus-
tificaria essa orientacao (Barretto5, 1961).
PHLEBOTOMINAE
As formas adultas possuem os olhos arredondados e a antena corn
dezesseis segmentos. As partes bucais sao bem desenvolvidas e adap-
tadas para exercer a hematofagia; dessa maneira, observa-se a presenca
das mandibulas e das maxilas sob a forma de estiletes destinados a puncao.
As asas sao alongadas e a nervulacao mostra a veia Sc curta e sem ramos;
o setor R. mostra as suas ramificacoes dispostas de maneira pectinada, ou
seja, de urn tronco origina-se a
R2+3+4 e do outro a Rs, aquela dando,
depois, os ramos isolados. A genitalia masculina e invertida, corn os
apendices articulados presentes e desenvolvidos; na femea, as cercas
sao achatadas de tamanho reduzido; os individuos deste sexo possuem
um par de espermatecas, de maneira constante. As larvas sao terrestres
e desprovidas de sifao respiratorio.
A sistematica desta subfamilia tern sido objeto de variadas analises
e as opinioes sobre o assunto sofreram consideraveis mudancas nestes
liltimos anos. Sobre isso, serao fornecidos maiores detalhes no capitulo
especial destinado a este grupo. No estado atual dos conhecimentos,
pode-se adiantar que os Phlebotominae encontram-se distribuidos nos
seis generos que estao enumerados na lista que se segue. Nela se acham
assinalados corn um asterisco aqueles que nao estao representados na
regiao neotropical.
Brumptomyia
Lutzoniyia
Phtebotomus (")
Pintomyia
Pressatia
Psychodopygus
Qergeniomyia {")
Spelaeophlebotomus {*)
Viannamyia
Warlleya
34
ENTOMOLOSIA M6DICA
MARUININAE
Os olhos dos adultos sao pequenos e corn grande chanfradura ante-
rior, ao nivel da insercao das antenas. As pecas bucais sao reduzidas
e os palpos possuem quatro segmentos. As asas sao longas e estreitas,
de aspecto lanceolado. As veias apresentam-se interrompidas na regiao
basal; a Sc e muito curta e corn aspecto de espessamento da margem
anterior da asa; o setor Rs da origem ao tronco Ra+a+.t e a R:;, mas as
Rs e Ri originam-se de uma bifurcacao comum. A genitalia masculina
e invertida, corn basistilo e dististilo evidentes e lobos laterals aprecia-
velmente longos. As femeas possuem um par de espermatecas. As
larvas sao aquaticas e dotadas de sifao respiratorio. Esta subfamflia in-
clui apenas o genero Maruina.
PSYCHODINAE
Os adultos possuem olhos reniformes e as antenas podem apresentar
o numero de segmentos reduzido a doze em alguns machos. As partes
bucais nao estao adaptadas para exercer a hematofagia. As asas sao de
contorno variado e na nervulacao nota-se que o setor R, ramifica-se a ma-
neira pectinada, corn a origem inicial de
Rs+s+t e Rr, posteriormente em
Ri+3
e
Rii
para terminar na bifurcacao que resulta nos ramos isolados
Ra e Rs- A genitalia masculina e invertida, corn desenvolvimento variado
dos segmentos articulados. A femea apresenta numero par de esperma-
tecas. As larvas sao semi-aquaticas ou aquaticas e dotadas de sifao
respiratorio.
Nesta subfamilia inclui-se o maior numero de generos de psicodideos.
Compulsando os resultados dos estudos feitos por Barretto5 (1961), com-
plementados corn os dados fornecidos por Quate"
(1963) e Duckhouse10
(1968), podemos catalogar treze generos para a regiao neotropical:
Alepla
Brunettia
Dictyocampsa
Mormia
Nemoneura
Parasetomima
Pericoma
Ptatyplastinx
Psychoda
Syntomoza
Teffnatoscopus
Thrysocsnthus
Tonnoira
TRICHOMYIINAE
Os adultos possuem os olhos arredondados, mas podem apresentar
ligeira chanfradura ao nivel da insercao antenal. As partes bucais sao
reduzidas. Contudo, nesse particular o genero Sycorax mostra.a presen-
ca de mandibulas, o que pode sugerir a possibilidade de alguma atividade
hematofaga. Os palpos sao constituidos por quatro segmentos. Todavia,
os dois primeiros podem apresentar-se mais ou menos fundidos, motivo
FAMiLIA PSYCHODIDAE 35
pelo qua! ha possibilidade de figurarem somente tres segmentos indivi-
dualizados. As asas sao largas e a nervulacao mostra a Sc curta, com
os dois ramos divergentes Sci
e Sc-/, o setor R, da origem a
Ra+s+i
e a R.-,
sendo que aquele tronco origina, por dicotomia, a
Rz+a
que permanece
simples, e a Ri. Assim sendo, distinguem-se facilmente os individuos desta
subfamilia, gracas a presenca de urna so veia longitudinal situada entre
as duas forquilhas, a radial e a mediana. A genitalia masculina e inver-
tida em Trichomyia, ao passo que nao o e em Sycorax. As femeas sao
dotadas de cercas largas e de duas espermatecas tubulares ou sacuii-
formes. As larvas sao terrestres, desprovidas de sifao respiratorio e me-
tapneusticas, isto e, nao possuem o par anterior de espiraculos proto-
racicos.
Apesar de nesta subfamilia terem sido descritos varies generos, atual-
mente subsistem apenas os dois seguintes:
Jrichomyia
Sycorax
Para alguns autores, o ultimo deles constituiria a subfamilia a parte,
Sycoracinae. Para tanto, lancou-se mao dos caracteres morfologicos das
larvas, e daqueles referentes aos adultos ja assinalados (Jung17.18 1954,
1956; Barretto4
1956, 1961). Todavia, parece-nos que, para manter crite-
rio uniforme nesse sentido, devera ser dada maior importancia aos carac-
teres alares, per serem mais primitives. Em vista disso, seguimos o crite-
rio de Fairchild" (1955) e mantivemos somente uma subfamtlia.
A importancia medica dessas varias subfamilias acha-se concentrada
em sua quase totalidade, nas formas hematofagas que constituem o grupo
dos Phlebotominae e, talvez, tambern em algumas representantes de Bru-
chomyiinae. Assim e que, entre aqueles, estao incluidos importantes
transmissores de molestias ao homem e animais.
0 restante do interesse sanitario encontra-se limitado a alguns Psy-
chodinae. Embora destituidos de habitos hematofagos, a sua presenca
em elevada densidade pode vir a causar desconfortos de varios tipos.
Alguns deles foram incriminados como causadores de certas formas de
miiases. Alem disso, algumas especies fazem parte da fauna que se de-
senvolve nos filtros de tratamento de esgotos, desempenhando papel rele-
vante no funcionamento dessas instalacoes.
Por estas razoes, os capitulos seguintes serao dedicados a essas
tres subfamllias.
CHAVE PARA AS SUBFAMILIAS (incluindo alguns generos)
Corn o objetivo de atender a finalidade deste trabalho, a chave apre-
sentada a seguir incluira os grupos supramencionados. Para a sua ela-
boracao, baseamo-nos em Fairchild11 (1955) e Barretto1 (1961). Nela estao
incluidos tamb6m os generos das subfamilias que nao serao objeto de
tratamento separado nos capitulos seguintes. Por -outro lado, embora
Horaiellinae nao tenha representantes neotropicais, a sua inclusao prende-
se a utilidade de compara-la corn Trichomyiinae.
36
ENTOMOLOGIA MEDICA
SUBFAMILIAS E ALGUNS GgNEROS DE PSYCHODIDAE
1
R;, corn quatro ramos finals, Rg, Rg,
R^
e
RQ
.......... 2
Rg corn tres finais, Rs+a, R4
e Rg .................... 5
2
R^
dando origem, de maneira dicot6mica, a Rg+a e a
R^+r, que permanecem simples, corn ramos finais .... Horaiellinae
R^
dando origem, de maneira pectinada a
Ra+s4"*
e a
Rn, dai resultando os ramos finais Rg+.t,
R^
e
Rg
.... Trichomyiinae.. .6
6
Porcao distal da Cu; longa; mandibulas ausentes; geni-
talia masculina invertida .......................... Trichomyia
Porcao distal da Cu; curta; mandibulas presentes; geni-
talia masculina nao invertida ...................... Sycorax.
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34
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Psychoda alternata. A
genitalia masculina; A
edeago; Ic
lamina
central; II
lamina lateral; B
asa; D
contorno
da porcao apical da placa subgenital da femea; E
larva (esquematico).
Psychoda cinerea. F
genitalia masculina; G
larva (esquema-
tico). (Baseado em QUATEse, 37,
sa, 1955, 1959, i960).
44 ENTOMOLOGIA M6DICA
PSYCHODA CINEREA Banks, 1894 (Fig. 12).
SINONfMIA
diester
0.0 dimetil fos-
forotivato corn 4.4
Hertigia hertigi. A
cabesa; B
asa; C
espermateca (Baseado em
FAIRCHlLDio, 1953); D
genitalia mascuiina; d
R-.
terminando no apice da asa ................................... Tonnoira
R\, terminando alem do apice da asa ............................ Syntomoza
8
Rr, originando-se de
R^,
alem do nivel de origem
de
R^
..................................................... Per/coma
R- originando-se de R^, aquem do nfvel de origem de
R2+.t
............................................................... 12
12
As veias
R^
e Mg sao desprovidas do seu trecho
basal e, por conseguinte, as bifurcacoes das quais
elas se originam, sao incompletas ..................................... 2
As veias
R.,
e Mg sao inleiras ou apenas mais tenues
nas respectivas areas de bifurcacao ................................... 3
SUBFAMlLIAS PSYCHODINAE E BRUCHOMYIINAE
59
2
Antena corn os dois ultimos segmentos de tamanhos
equivalentes ...............................;................. ichthycerca
Antena corn os dois ultimos segmentos desiguais,
sendo o penultimo equivalents a cerca da melade
do antepenultimo ............................................... zefoscota
3
Antena corn 14 ou 15 segmentos ....................................... 4
Antena corn 16 segmentos ............................................. 9
4
Antena corn 14 segmentos aparentes, ou no caso
de serem contados 15, o penultimo esta grandemen-
te reduzido e soldado ao antepenultimo ................................. 5
Antena corn 15 segmentos bem individualizados ........................... 7
5
Placa subgenital da femea, corn dois lobos distintos
formando conjunto apical aaiiente ............................. subimmaculata
Placa subgenital da f&mea, corn os dois lobos api"
cais participando do contorno geral da pega ............................. 6
6
Placa subgenital da femea de contorno geral cir-
cular; genitalia masculina apresentando o mesoso-
ma corn laminas laterals adjacentes pequenas .................... savaiiensis
Placa subgenital da femea de contorno geral- qua-
drangular; genitalia masculina apresentando o me-
s6soma como lamina unica ...................................... cochlearia
7
Rp, decisivamente mais desenvolvida e espessa do
que as outras veias; placa subgenital da femea corn
ligeira concavidade apical ...................................... platilobata
R;, sem ser mais desenvolvida do que as outras
veias; placa subgenital da femea corn concavidade
apical acentuada ..................................................... 8
8
Rs
terminando alem do apice alar ....................................... 3
Rr,
terminando no apice alar .................................. nebrasKensis
3
R^,
terminando alem do apice alar ...........................;........... 7
R,, terminando no apice alar ......................................... niger
7
R^
terminando alem do Spice alar ........................................ 9
R^
terminando no apice alar ........................................... 14
9
R^
terminando alem do apice alar ....................................... 5
R^
terminando no apice alar ........................................... 7
5
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SUBFAMlLIAS PSYCHODINAE E BRUCHOMYIINAE
65
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57
Zumpt, P.
MORFOLOBIA E
CLASSIF1CAOAO 67
mais conhecido na regiao amazonica, os demais sao empregados em
varias partes do Brasil tendo mesmo chegado, urn deles, a batizar pros-
pera cidade do Estado de Sao Paulo.
Dessa maneira, como mencionamos, este grupo encerra a maior parte
da importancia medica e sanitaria dos Psychodidae. Tal circunstancia,
aliada aos caracteres peculiares que separam os flebotomineos dos
demais membros dessa familia, justifica tratamento a parte. Eis porque
nao somente as linhas que se iniciam no proximo paragrafo como
tambem os capitulos imediatamente seguintes serao a eles dedicados.
MORFOLOGIA
Nos flebotomineos pode-se reconhecer os elementos morfologicos
que foram descritos para os psicodideos. Para eles, em particular, foram
feitos varies estudos detalhados como os de Christophers, Shortt e Bar-
raud14, (1926); Nitzulescu" (1926); Adier e Theodor" (1926); Pessoa e Bar-
retto49 (1948); Kirk e Lewis30 (1951); Davis16 (1967), para citar apenas os
mais recentes. Assim sendo, serao feitas aqui referencias aos aspectos
caracteristicos deste grupo e, de maneira especial, aqueles que sao uti-
lizados corn finalidade taxionomica.
ADULTOS
Vimos que o aspecto geral afasta um tanto estas formas das cor-
respondentes aos demais membros da familia. Todavia, mantem o
aspecto hirsute, devido ao revestimento piloso, constituido principalmente
per cerdas finas e longas. Devido a isso, quando recebem luz incidente
refletem certa tonalidade Clara ou amarelada. Essa e a principal origem
da denominacao popular da "mosquitos-palha". Contudo, pode-se obser-
var alguma coloracao do tegumento propriamente dito. Assim sendo, os
aspectos claros, escuros, amarelados, abrangendo areas maiores ou
menores, principalmente toracicas, revestem-se de importancia na iden-
tificacao de algumas especies.
Embora o revestimento principal, como acima foi descrito, seja cons-
titufdo por cerdas, observa-se tambem a presenca de escamas. Tais
anexos sao encontrados em varias partes da superficie corporal. Todavia,
os que tern sido assinalados nos segmentos abdominais assumem alguma
importancia taxionomica.
CABECA (Fig. 18)
maxila; F
labio; G
seccao do
ter(;o distal da tromba (esquematico).
am
cibario; ca
canal alimentar; cl
clipeo; cs
canal salivar; e
espinho ge-
niculado; ec
escape; et
estipe; f
faringe; fr
fronte; g
gena; h
hipo-
faringe; Ib
labio; Iba
labela; Ie
labro-epifaringe; m
mandibulas; mx
maxiia;
o
olho composto; oc
occipfcio; pl-5
toro; tr
tromba; v
vertice.
70 6NTOMOLOG1A M6DICA
2) relacao entre a soma dos comprimentos do quarto ate o sexto, e a do decimo segundo
ate o de;imo sexto:
IV a VI/XII a XVI,
3) relacao entre os comprimentos do quarto, quinto e sexto:
IV : V : VI
4) relacao entre o comprimento do terceiro e o do labro-epifaringe:
AIII/E
Alll = comprimento do terceiro arliculo antenal
E = conprimento do labro-epifarinqe medidos
a partir da extremidade do clipeo.
0) ESPINH03GENICULADOS:
1) relacao eitre o seu comprimento e o do quarto segmento da antena:
C/E
C = comprimento da porcao do IV articuio, a partir do ponto de insercao do espi-
nho genicutado mais longo.
B = coriiprimento do espinho geniculado mais longo.
2) formula artenat:
N/^A
N = nUrrero de espinhos geniculados, em algarismos arabicos (1 ou 2), preserves
em cada segmento antenal.
AA = segmentos antenais correspondentes, em algarismos romanos.
Exempio: a firmula antenal 2/lll-XV significa a existencia de dois espinhos geniculados
em cada articiilo antenal, do terceiro ao decimo quinto.
Em cellos grupos esta formula revela a existencia de dimorfismo
sexual, senc o o numerador 1 e 2 para machos e femeas, respectivamente.
As femsas sao dotadas de habitos hematofagos. Assim sendo, as
partes buca s que em seu conjunto formam a tromba ou proboscida apre-
sentam-se desenvolvidas. Sao as formadas pelo labro, ao qual se acres-
centa a epifaringe, o par de maxilas corn os respectivos palpos, o par de
mandibulas, a hipofaringe e o labio. Corn excecao da ultima, todas
essas pecas possuem a forma de estiletes rigidos, corn margens cortantes
e extremidades agupadas, de aspecto serrilhado.
Nos machos as mandibulas estao ausentes, reduzidas apenas a pe-
quenas salicncias vestigiais.
Quanto
as outras partes, embora tambem
presentes niiste sexo, sao bem menos desenvolvidas e robustas do que
nas femeas.
As descricoes que se seguem referem-se aos aspectos gerais apre-
sentados pelos individuos do sexo feminine.
SUBFAM1LIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOGIA E
CLASSIFICA5AO 71
. 0 labro-epifaringe e denominado por uns como labro e por outros
como epifarlnge. Na verdade, parece que esta ultima e parte daquele e,
por conseguinte, a designacao simples de labro seria a mais correta. De
qualquer maneira, trata-se de peca mediana impar, terminada em ponta
triangular, agucada e dotada de fileira de denies de ambos os lados. Os
denticulos aumentam de envergadura, a medida que se aproximam da
extremidade distal. Esta peca possui concavidade longitudinal na sua face
inferior. Tal goteira constitui-se na parede superior ou teto do canal
alimentar.
As maxilas sao longas, corn o estipe intracranial bem quitinizado e
a lamina delgada e comprida. A extremidade distal desta ultima mostra
fileira de finos denies, em ambas as margens. Na interna, tais denticulos
sao mais numerosos, embora de menor porte do que aqueles observados
na borda externa. As duas laminas maxilares situam-se lateral e inferior-
mente as demais pecas rigidas que rodeiam o canal alimentar.
Os palpos maxilares sao longos e constituidos por cinco segmentos,
dos quais o primeiro se encontra soldado, em maior ou menor extensao,
ao segundo. Para alguns autores, esse primeiro articulo corresponderia
apenas ao palpifer sendo o palpo formado somente por quatro segmentos.
Desta forma, em todos eles verifica-se a presenca de revestimento cons-
tituido por cerdas e escamas. Alguns desses anexos, principalmente na
face interna do terceiro segmento, podem se apresentar modificados,
formando conjunto de elementos finos, espatulados ou em raqueta. Nesse
caso, sao conhecidos como espinhos sensoriais, espinhos moditicados,
espinhos de Newstead" (1911).
Os apendices palpais tern sido objeto de mensuracoes e descricoes
corn finalidade taxionomica. Os dados mais usados sao os seguintes:
a) F6rniula palpal: consiste em enumerar os segmentos na ordem
crescente de seu comprimento. Por exempio a formula 1.2.4.3.5. sig-
nifica que o primeiro articulo e mais curto do que o segundo, este
menor do que o quarto o qual e mais curto do que o terceiro, o qual, por
sua vez, e menor do que o quinto. No caso de dois segmentos terem o
mesmo comprimento, os algarismos correspondentes ocupam o mesmo
lugar na formula e sao colocados entre parenteses. Por exempio, a for-
mula 1.2.3. (4.5) significa que os articulos quarto e quinto sao os mais
longos e ambos apresentam igual comprimento.
b)
fle/acao palpal: tomando-se o comprimento do primeiro seg-
mento como a unidade, estabelece-se os valores relativos aos demais.
Por exempio, os valores 1:4:4, 3:1, 4:3, 5 indicam, pela ordem anatomica,
os comprimentos relativos dos varies segmentos. No caso de dois deles
serem igualmente longos, o valor relative e simplesmente repetido. Por
exempio, a serie 1:3, 7:4, 7:6, 2:6, 2 indica que os dois ultimos articulos
sao iguais.e seu comprimento corresponde a 6,2 em relacao ao primeiro.
Contudo, desde que o primeiro segmento se encontra mais ou menos
fundido corn o segundo, a separacao entre os dois torna-se urn tanto
problematica. Isso dificulta a obtencao de medidas exatas. Em vista
disso, alguns autores preferem levantar a relacao palpal a partir da soma
72 ENTOMOLOQIA
M6DICA
dos compri Tientos daqueles dois primeiros segmentos. A ela seriam re-
lacionados os valores obtidos corn os demais (Quate", 1964).
c) Tem-se tambem preconizado algumas outras relacoes, obtidas
entre o conprimento total do palpo e os do labro-epifaringe e do labio
(Franca22 1)19, Root52 1934). Todavia, tais dados nao conseguiram obter
maior aceit.icao.
A semslhanca das maxilas, as mandfbulas apresentam-se sob a
forma de estiletes ou laminas delgadas, um tanto mais quitinizadas. A
porcao distil 6 angular e na sua margem Interna nota-se fileira de fines
denies, lige ramente curvos. Na parte proximal, cada mandibula estreita-
se formando braco curvo que se articula corn um condilo genal, o qual
recebe o ncme de alavanca mandlbular.
Quanto a hipofaringe, constitui a outra peca impar das partes bucais.
Seu aspect) geral e triangular, terminando por extremidade distal agu-
cada e dote .da de denies em ambas as margens. Em toda sua extensao
e percorridii pelo cana/ salivar o qual se abre no apice distal.
Finalrrwnte, o labio e a peca mediana mais desenvolvida da tromba.
6 escavada na face superior e, quando em repouso, abriga os estiletes
rigidos que constituem as outras pecas bucais. Na extremidade distal
termina poi duas dilatacoes laterais que sao as labelas. Estas ultimas
mostram al<|um esboco de segmentacao em dois articulos.
Dessa -naneira, a justaposicao dessas partes bucais forma o assim
chamado ci:nal alimentar que se estende ao longo de toda a proboscida.
No terco distal e formado da seguinte maneira: a parede superior ou teto;
pelo labro-fpifaringe, o assoalho pelas duas laminas mandibulares, de-
baixo delas a hipofaringe, e finalmente, as paredes laterals, pelas lami-
nas maxilarss. Envolvendo todas essas pecas, a maneira de estojo ou
calha, encoitra-se o labio.
Na regiao cefalica observa-se ainda a existencia de certas estruturas
internas,
cuio
aspecto se reveste de apreciavel importancia taxionomica
para este grupo. Trata-se da cavidade bucal (Fig. 19) que continua o canal
alimentar en direcao posterior. De maneira especial, apresenta interesse
o assoalho w placa ventral, de aspecto geral retangular, em continuacao
corn a hipoaringe e o labro, que e conhecida pelo nome de cibario. 0
teto dessa i;avidade e formado por placas dorsoventrais pouco esclero-
tinizadas, que se unem as margens laterais, apresentando-se ali bem
quitinizadas Constituem, assim, o que se denomina de esc/eror/Wzacoes
Fig. 19
CIEARIO E FARINQE DE F6MEA DE FLEBOTOMiNEO. A
con)unto for-
mado pela hipofaringe, cibario e faringe; B
armadura bucal; C
representacao es-
quematica de corte sagital do conjunto formado pelo cibario e faringe; D
secgao
transversal do terco posterior da faringe (esquematico).
ae
arco escleiotinizado; at
armadura faringeana; ap
area pigmentada; bs
bomba salivar; c
cibario;
c
canal ali-
mentar; cs
sanal salivar; dh
denies horizontals; dl
denies laterais; dv
denies
verticais; el
esclerotinizacao lateral; f
faringe; h
hipofaringe; pd
placa dor-
sal da faringe piv
placa lateroventral da faringe; pp
MORFOLOGIA E
CLASSIFICAGAO
A
75
Fig. 20
T6RAX DE FLEBOTOMlNEO. A
aspecto lateral; B
halter.
aes
anepisterno; c
cabeca; ca
coxa media; cp
coxa
posterior; ea
espiraculo anterior; ec
esclerito cervical; ep
esplraculo
posterior; es
escudo; esp
escutelo;
fp
femur posterior; h
hipopleura; ia
implantacao alar; ih
implan-
tacao do halter; mem
metepimero; mes
metepisterno; mt
metanoto;
p
pteropleura; pe
pre-escudo; pn
pronoto; ppl
propleura; pet
pos-
-escutelo; s
sternopleura; tp
trocanter posterior.
76 ENTOMOLOGIA M6DICA
A
Fig. 21
ASA DE FLEBOTOMINEO. A
setores da superii-
cie alar, mostra ido casos de valores negativos para as medidas pi e delta, respectivamente,
al
alula; be
basicosta; sq
esquamuta.
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOGIA E CLASSIFICAQAO
77
Em algumas especies observa-se o escutelo mais claro, contrastando
corn a tonalidade escura do restante. Tais aspectos, quando presentes,
assumem valor em taxionomia. Quanto
ao metanoto, 6 reduzido e, ao
contrario do que se observa em muitos psicodideos, nos flebotomlneos
limita-se a ser representado por estreito anel situado logo atras do pos-
-escutelo.
No conjunto das pleuras, que constitui a face lateral toracica, pode-
se notar a predominancia dos escleritos mesopleurais. Os demais apre-
sentam-se menos desenvolvidos. Deixando de lado os mencionados, re-
ferentes ao protorax, nos mesotoracicos pode-se assinalar a presenca do
anepisterno e da esternopleura. No primeiro nao ocorre, pelo menos de
maneira acentuada, esclerotinizacao uniforme e nem subdivisao marcante
que pode ser observada em outros psicodideos. Ali se situa, tambem, a
abertura do espiraculo anterior. A presenca de cerdas nessa area
assume importancia em identificacao. Como se vera mais adiante, a pre-
senca ou ausencia das cerdas anepisternais super/ores, tambem chama-
das de pos-espiraculares, e anepisternais inferiores, constituem elementos
usados como criterio para separacao de generos.
Alem desses escleritos, observa-se a existencia da pteropleura e da
hipopleura. Nos limites superiores daquela, situa-se a implantacao alar.
For sua vez, logo acima da porcao superior hipopleural, observa-se a
presenca da abertura do espiraculo posterior e a insercao do halter.
Posteriormente a pteropleura, esta o pos-escutelo, tambem denominado
posnoto, e nele podem ser individualizados alguns escleritos, os quais
em certos casos, recebem o nome de laterotergitos. Atras da hipopleura,
estende-se faixa estreita que representa a metapleura e na qual podem
ser evidenciados o metepisterno e o metepimero.
Maiores detalhes sobre esta regiao poderao ser encontrados em capi-
tulo anterior, no que concerne aos descritos para os psicodideos em ge-
ral. Aconselhamos sua consulta ao leitor que deseja maiores esclareci-
mentos, inclusive quanta a sinonmnia relativa as diversas denominacoes
empregadas para designar estas partes.
As pernas sao longas e delgadas. Seu comprimento e apreciavel-
mente maior que o observado na maioria dos demais membros desta fa-
mllia. Sao recobertas de escamas e de cerdas finas entremeadas. Pos-
suem as partes essenciais constituidas pela coxa, trocanter, femur, tibia
e tarso. Este ultimo formado por cinco articulos, dos quais, o quinto apre-
senta na extremidade um par de garras simples. Alguns autores quise-
ram encontrar nas medidas destas partes, elementos que pudessem ser
empregados em taxionomia (Parrot44, 1934; Raynal5, 1934; Mangabeira
Filho2, 1942). Tern sido preconizado o uso da medida total da perna pos-
terior, alem das relacoes dos comprimentos correspondentes a tibia: fe-
mur; femur: primeiro articulo tarsal; primeiro articulo tarsal: segundo arti-
culo tarsal. Tais valores podem ter alguma utilidade na caracterizacao
de uma ou outra especie em particular, mas deixa de apresentar-se quan-
do se pretende emprega-los de maneira mais geral. Todavia, sao algu-
mas estruturas que podem existir nas pernas que chegam a apresentar
78
ENTOMOLOGIA MSDICA
maior utilidade. Tais sao os espinhos femurais que se observam na face
interna do lemur posterior de algumas especies. Dispostos em fileira,
ocupam o rebordo do orificio de insercao das cerdas finas existentes junto
a eles. 0 seu numero, desenvolvimento e forma, constituem caracteres
que, alem df separarem grupos, podem ter muita utilidade no diagnostico
especifico.
Como eii todos os dfpteros, o par posterior de asas e representado
pelos halteres que funcionam no equilibrio do voo. Essas estruturas pos-
suem forma de raqueta e apresentam-se regularmente desenvolvidas.
Como osorre nos psicodideos em gerai, as asas sao bem desenvol-
vidas. No caso particular dos flebotomfneos, sao grandes, hialinas e de
aspecto lanceolado. Encontram-se revestidas por numerosas cerdas Ion-
gas, implantiidas sobre as nervuras e ao longo das margens, podendo tam-
bem ser obervada a existencia de escamas, principalmente na regiao
basal. Esse revestimento apresenta tonalidade uniforme, nao se reconhe-
cendo, pelo menos de maneira evidente, a presenca de manchas que se
facam notar X)r serem mais Claras ou mais pigmentadas. As asas, quando
em repouso, permanecem em posicao erecta, emprestando assim aspecto
caracteristico a tal atitude observada nos flebotomineos.
A nervu acao apresenta o aspecto seguinte (Fig. 21). A costa, apos
a basicosta eduzida, segue a margem anterior da asa, ate o apice. A
subcosta e curta e logo se curva para unir-se a
Ri.
Esta ultima e indivi-
dualizada e iilcanca a margem anterior em nivel situado alem do meio da
superffcie al.ir. A R, da origem a
Ra+a+.i
e a Rg. Esta ultima segue em
direcao apic.il, podendo, contudo, terminar pouco antes ou pouco depois
do apice alar. 0 ramo
Ra+a+i bifurca-se em
Ra+a
e R^, dando origem
a
Rz
e
R.
iisses tres ramos assim individualizados, atingem a borda da
asa.
Quanto a veia media, apresenta a ramificacao em Mi+s, M, e M.I, a
primeira danilo origem aos ramos separados
Mi
e Ms. Entre o setor radial
e o mediano, observa-se a existencia da veia transversa radio-mediana ou
r-m. As cub tais acham-se reduzidas ao ramo Cui, curto, paralelo a
Mi
e
que logo atinge a margem alar. As anais encontram-se atrofiadas e na
raiz da asa, pode-se ainda observar a presenca da esquamula e da alula,
esta menos iwidente do que aquela.
As asas tern sido utilizadas como sede de caracteres empregados
em taxionom a. Assim e que foi preconizado o uso da relacao entre as
medidas corrprimento/largura. 0 comprimento por si so constitui ele-
mento bastante significativo na estimativa dos tamanhos relativos das
varias especes, porque as asas sao mais dificilmente deformaveis do
que o restante do corpo, especialmente o abdomen (Theodor6, 1948).
Alem diEso, tem-se preconizado a medida de certas distancias na
superficie alar. Tais valores e as relacoes entre eles, costumam ser em-
pregados nas. identificacoes. Para tanto, criou-se verdadeira terminolo-
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOQ1A E CLASSIFICApAO
79
gla que tem tido sua aplicacao exclusivamente neste grupo de dipteros
(Franca e Parrot23.24, 1920, 1921; Raynal61, 1934; Pessoa e Barretto49, 1948;
Kirk e Lewis0, 1951). Esses dados sao os seguintes:
Medida (SEmbolo)
Definisao
a .............. comprimento do ramo Rg.
0
.............. comprimento do ramo
Ro+.^.
v .............. comprimento do ramo
R2+.i+4.
8 .............. comprimento da distancia qu& separa a extremidade de R,
do mvel da forquilha Rg+a (este vator pode ser positivo ou
negative, se aquela ficar alem ou aquem desta, respectiva-
mente).
^
.............. comprimento do ramo
R^.
fj .............. comprimento do ramo
R^.
TT ou \ ........... comprimento da distancia que separa as forquilhas
R2+.i+4
e
M^+3
(esle valor pode ser positive ou negative, se aqueta
a ficar aquem ou alem desta, respectivamente).
Ra+a ff
delta (8)
Pi far)
ABD6MEN (Fig. 22)
cerca; ce
cerdas da espermateca; cl
colo da espermateca;
co
corpo da espermateca; cs
cabeca da espermateca; dc
duto comum da
espermateca; dsp
duto da espermateca; esp
espiraculo abdominal; fg
forquilha
genital; mt
mi!tat6rax; og
placa subgenital; sp
esper-
mateca; v
segmentos abdominais.
primeiro ao setim? e decimo, respectivamente; 1st
nono esterni-
to; 7t
setimo ttrgito; 8t
oitavo tergito; 91
nono tergito.
82
ENTOMOLOGIA M6DICA
Nessa memfcrana pode ser observada tambem a presenca dos espiraculos
abdominais, localizados proximo aos angulos anteriores dos arcos tergais
dos segmen os 11-VII. Na face dorsal dos VII e VIII segmentos dos ma-
chos de Lutiomyia longipalpis e de L. quinqueler foi descrita a presenca
de volumos<i orgao glandular hipodermico, que recebeu o nome de
glanclula odcrltera (Barth12, 1961).
Como a sua presenca se encontra restrita aos individuos masculines
daquelas escecies, pensa-se que tenha funcao sexual.
Alem dos mencionados, sao poucos os caracteres encontrados nos
segmentos abdominais e que tenham sido empregados corn finalidade de
identificacao. Nesse particular, merece citacao o revestimento cerdoso
ou a presenca de escamas. No primeiro caso, tem-se emprestado espe-
cial significado as cerdas inseridas nos tergitos, as quais podem ser erec-
tas e deitad.is, tambem chamadas recumbentes. Corn tais caracteres
alguns autores reconhecem grupos de flebotomineos que apresentam
esses elementos como predominantemente erectos, deitados, ou mais ou
menos misturados. Os dois tipos de cerdas, podem, inclusive, ser reco-
nhecidos peic aspecto dos pontos de implantacao, mesmo quando tenham
cafdo. Assirr e que os orificios de insercao das setas erectas sao maio-
res e mais rsfringentes do que aqueles correspondentes as deitadas
(Sinton62, 192; Kirk e Lewis8", 1951; Abonnenc2, 1967).
Quanta
as esca-
mas, sua presenca e coloracao, principalmente nas placas esternais, tern
sido empregadas na caracterizacao de algumas especies. Todavia, os
principais eleinentos taxion6micos usados na atualidade residem nos ulti-
mos segmentos abdominais, do oitavo em diante. Como vimos, esses
aneis apresentam-se modificados, formando assim as genitalias feminina
e masculina. 0 aspecto de tais estruturas, tanto as externas como algu-
mas internas, reveste-se de suma importancia na identificacao de espe-
cies. A descricao geral desses caracteres sera objeto dos paragrafos
seguintes.
GENITALIA FEMININA (Fig. 22C, D)
Quando em repouso, os olta-
vo, nono e decimo segmentos encaixam-se de maneira telescopada, no
setimo anel. 3essa forma, a extremidade abdominal das femeas adquire
aspecto rombc. Por outro lado, gracas a expansibilidade de que sao do-
tados, esses segmentos se estendem saindo daquele seu alojamento
quando da execucao de determinadas funcoes, como sejam a oviposicao,
a copula e a jefecacao.
Em tais- ocasioes, pode-se observar melhor o
seu aspecto morfologico (Fig. 22C).
0 VIII terijito apresenta-se pouco quitinizado, sob a forma de anel
que se relaciona corn o correspondente esternito em situacao postero-
-ventral. Este iltimo constitui a placa subgenital, dotada de lobos apicais
bem desenvolv;dos e que recebem de alguns o nome de valvulas ou apen-
cf/ces ventrals. Quanto
ao nono segmento, encontra-se representado, qua-
se que inteiramente, pelo respective tergito. No que diz respeito ao ester-
nito, somente se observa estreita esclerotinizacao, relacionada corn os
ramos da forquilha genital. No espaco compreendido entre o oitavo e
nono segmentos, abre-se o orificio genital. Finalmente, o decimo anel e
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOSIA E
CLASSIFICA(;AO 83
formado por estreito esclerito, representando o tergito. Ao mesmo estao
articuladas as cercas, que se apresentam sob a forma de apendices largos
e rombos. Nesse segmento encontra-se a abertura anal.
Mencionamos, linhas atras, que algumas estruturas internas, perten-
centes a porcao terminal do aparelho genital feminino, sao de apreciavel
importancia na taxionomia deste grupo. Sobressaem, nesse particular,
as espermatecas, cujo aspecto morfologico assume papel decisivo na
identificacao especifica. Esses orgaos, tambem denominados de recep-
taculos seminais, sao essencialmente constituidos por varias partes (Figs.
22E e 23). Reconhece-se, assim, a existencia de uma porcao distal deno-
minada catieca, e na qual se costuma assinalar a presenca de determina-
do tipo de cerdosidade. Esta ultima, todavia, nao e constituida por ver-
dadeiras cerdas, mas sim representa apenas o conjunto de finos cana-
liculos quitinosos que se comunicam corn a parte glandular suprajacente.
A cabeca pode seguir-se o co/o, mais estreito, que se comunica corn a por-
cao dilatada da espermateca e que e o corpo ou camara, a qual, por sua
vez, continua no duto, de menor diametro. Os dutos individuais podem
ou nao se unir e assim formar ou nao o cflito comum. Em ambos os ca-
sos, seja individualmente, seja reunidos, ou dutos abrem-se na vagina ou
camara genital. No teto desta ultima observa-se a presenca de armacao
quitinosa, em forma de Y, e que constitui a lorquilha genital. 6. em ponto
proximo a juncao dos bracos desta ultima que se abrem os dutos da
espermateca.
Na verdade, as estruturas supradescritas representam apenas as
partes esclerotinizadas das espermatecas (Fig. 23). Assim e que a parte
apical desses orgaos acha-se envolvida por tormagao glandular cujas
celulas se comunicam, individualmente, corn o corpo, atraves de canall-
culos quitinosos. Como nos referimos no paragrafo anterior, estes ultimos
evidenciam-se sob a forma de finos prolongamentos, erradamente desig-
nados como "cerdas" ou "pelos" da espermateca. Finalmente se obser-
va que urn revestimento epitelial se continua, cobrindo os dutos. Dessa
maneira, estes orgaos sao de natureza glandular e sua funcao essencial e
a de secretar fluido que possibilita, apos a copula, a sobrevivencia dos
espermatozoides all armazenados.
Essa parte distal da espermateca encontra-se revestida por camada
muscular (Fig. 23A, A). 6 de se admitir que as contracoes dessa mus-
culatura, disposta predominantemente em sentido longitudinal, tenderiam
a provocar a formacao de dobras na superficie quitinosa do 6rgao. As-
sim, a segmentacao do corpo seria diretamente resultante dessa acao, a
qual se seguiria a formacao inicial de ondulacao irregular (Theodor",
1965). Dai se pode deduzir as possfveis linhas de evolucao dos diferentes
tipos de espermatecas observados, as quais serao objeto de considera-
coes mais detalhadas em linhas ulteriores.
Dessa maneira, os caracteres observados nas partes quitinizadas ou,
como se costuma designar, nas espermatecas
senso estrito
sao
largamente utilizados para fins de identificacao. Esses orgaos podem
se apresentar fraca ou fortemente esclerotinizados, de superficie lisa ou
ENTOMOLOGIA MEDICA
84
segmentada e, neste ultimo caso, de maneira regular ou irregular, saculi-
forme, tubulares, corn ou sem cabeca individualizada, corn dutos longos,
curtos, finos ou grossos, separados ou unidos, e assim por diante (Fig.
23 B, C, D, E, F).
GENITA.IA MASCULINA (Fig. 24)
Em virtude da rotacao de 180
ao longo do ixo longitudinal do abdomen que afeta os ultimos tres aneis,
os correspondentes tergitos e esternitos assumem posicao, respectiva-
mente, ventri.l e dorsal. E e em relacao ao nono segmento que se encon-
tram as estruturas genitals externas, conjunto que forma a assim denomi-
nada genitali.i masculina.
Embora o supracitado movimento rotatorio se complete somente a
partir do oitivo, pode-se observar que tambem parte desse fenflmeno
afetao setima segmento. Este iltimo costuma apresentar-se corn ligeira
Fig. 23
ESTRUrURA GERAL E TIPOS MORFOLOQICOS DA PORCAO
DISTAL DAS
ESPERMATECAS DE FLEBOTOMINEOS. A
representaeao esquemaica da
sec^ao
lon-
gitudinal da espernateca de Pfniomyia fischert.
Aspectos morfolbg cos das partes quitinizadas; A
PiRtomyia fischeri; B
P. pessoai;
C
Lutzomyia longipalpis; D
Psychodopygus intermecfius; E
Lutzomyia shannon!;
F
L. edwardsi.
c
camada
muscular longitudhal; co
corpo da espermateca; e
revestimenfo epifefial; g
celulas glandulare;!.
SUBFAMiLlA PHLEBQTOMINAE
MORFOLOGIA E CLASSIFICAQAO
85
iosC!s)
Fig. 24
apa-
relho espiracular.
ae
aparelho espiracular; b
bomba ejaculadora; bs
basistilo; ds
distislilo; e
edeago; ed
espinho do dististilo; f
filamentos ejaculadores; fb
falobase; II
lobo lateral; Is
s6timo esternito; 7t
setimo lergito;
8st
oitavo esternito; 8t
oitavo tergito; 10s
decimo segmento.
86
ENTOMOLOGIA M^DICA
rotacao, a cual, porem, nao chega a ultrapassar 40. Como aspecto ge-
ral, o oitavo anel apresenta-se de menor diametro e mais fino do que o
precedente, no qual normalmente se aloja, de maneira telescopada.
Quanto
ao rono, mostra-se tao reduzido que a sua evidenciacao se torna
dificil. Em compensacao, seus apendices sao desenvolvidos, notando-se
a existencia do basistilo e do dististilo, ornamentados de cerdas simples
oil espinifornes. Estas ultimas, principalmente as localizadas no distis-
tilo, recebeni comumente o nome de espinhos. 0 numero e aspecto des-
tas formacolis constituem elementos largamente utilizados na taxionomia
dos flebotonnneos.
Situadai;
entre os basistilos observa-se a presenca de formacoes, a
maneira de apendices, de urn esclerito mediano denominado falobase
(Davis18, 1967). Correspondem ao edeago e aos parameros ou claspetes
(Fig. 24 B). Para a formacao do primeiro, concorre urn par de saliencias
conicas, as quais, na realidade, representam a parte distal do penis e
constituem, liortanto, o estojo ou teca peniana. Seu contorno e triangu-
lar de aspecto rigido e fortemente quitinizado. 0 segundo par de apen-
dices da falobase e representado por dois prolongamentos laterals mais
ou menos msmbranosos, aos quais ja nos referimos como parameros ou
claspetes. A forma e a ornamentacao destas estruturas assumem impor-
tancia apreciavel na identificacao especifica.
0 aparelho sexual masculine apresenta, ainda, estruturas internas
dotadas de partes fortemente quitinizadas. Por esse motive, tornam-se
facilmente vi;iiveis nas preparacoes am laminas e podem fornecer subsi-
dies uteis err taxionomia. Trata-se do aparelho espiracular, que e cons-
tituido pela bomba ejaculadora ou pompeta, e pelo par de filamentos eja-
culadores, tambem conhecidos como esplculos ou filamentos penlanos.
A envergadura da bomba, o comprimento dos filamentos, a possfvel rela-
cSo entre essas medidas e o aspecto da extremidade distal dos segundos,
sao caracteres utilizados na identificacao.
Finalmente, para completar a genitalia masculina, observa-se a pre-
senca dos lolios laterais. Sao formacoes de aspecto geral longo e cilin-
drico, corn d mensoes e ornamentacao cerdosa variaveis. Para alguns
autores, tais c;pendices seriam as cercas, podendo-se observar que, situa-
das entre estc,s, encontram-se as lamelas submedianas, as quais, em con-
junto, recebein tambem o nome de proctiger, dando abertura ao oriffcio
anal. Repressntam o decimo segmento, ao qual, normalmente, estao re-
lacionadas as formacoes que recebem o nome de cercas. Dessa maneira,
esta ultima denominacao aplica-se antes, ao assim chamado proctiger, do
que aos lobos laterais, os quais seriam apendices do nono segmento.
De qualquer firma, essas porcoes membranosas que representam o que
resta do ultimo segmento abdominal, receberao neste trabalho a denomi-
nacao ja refer da de lamelas submedianas.
Apesar dt; a genitalia masculina ser a sede de importantes caracteres
taxionomicos, tern sido assinalada a ocorrencia de anomalias.
As.
mais
freqiientes saa as concernentes ao numero de espinhos no dististilo.
Observaram-Si outras, relativas aos tufos de cerdas no basistilo (Barrel-
to7, 1943; Floch e Abonnenc", 1944; Forattini2", 1954; Sherlock57. , 1958,
SUBFAMlLIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOGIA E CLASSIFICAQAO 87
Fig. 25
tilamentos ejaculadores; fg
forquilha genital; sp
espermatecas.
88
ENTOMOLOSIA MEDICA
1963). A :>resenca de espinhos acessorios, quando ocorre, tern sido
observada anto de maneira uni como bilateral. Neste ultimo caso, chega
a dificultar a identificacao especifica. De qualquer maneira, o numero de
exemplares portadores de tais anomalias pode ser consideravel. 6 o
caso de Liitzomyia bahlensis, em cujos representantes masculinos Sher-
lock38 (196;i), pode verificar a presenca dessas anomalias em vinte por
cento dos exemplares examinados. E isso tanto em amostra procedente
da natureze como de indivfduos criados em laborat6rio.
MECAMISMO DE COPULA (Figs. 25 e 26)
A captura de casais em
copula, emiora referida corn certa frequencia e por diversos autores,
nao tern seivido a muitas descricoes corn relacao ao seu mecanismo (nti-
mo. Nesse particular podem ser assinaladas as de autoria de Sinton1"
(1925); Hertg" (1949); Rodriguezss (1953) e de Ortiz e Marquez" (1963).
Pelas mesmas se verifica que varies elementos, como o diametro e com-
primento dos filamentos ejaculadores, deverao manter alguma relacao
corn as conespondentes medidas nos dutos das espermatecas. Na des-
cricao que se segue, serao apresentados os dados obtidos na observacao
de alguns c.isais de Psychodopygus intermedius, coletados em condicoes
naturais. Siio, pois, os primeiros referentes a essa especie.
Durante a copula os individuos mantem-se unidos pelas extremidades
abdominais. Os dististilos constituem-se nos principals orgaos fixadores
masculinos, enquanto os parameros parecem servir de ponto de apoio
para o edesgo. Este, insere-se na camara genital e os filamentos eja-
culadores pnetram pelos dutos das espermatecas, atingindo o corpo
desses orgaos.
Em virtude da natureza desse mecanismo copulatorio e de se admi-
tir que, come declaramos acima, deva existir alguma relacao entre o com-
primento e calibre dos filamentos de urn lado, e o diametrodos dutos das
espermateca do outro. Tais caracteres tern tido o seu emprego preco-
nizado nas tfntativas de correlacao dos sexos, pelo menos para algumas
especies (Hertig27, 1949; Ortiz e Marquez", 1963).
ESTRUTIJRAS INTERNAS
MORFOLOGIA E CLASSIFICAQAO
89
Fig. 27
orificio anal; bs
bomba salivar; c
cibario; d
-
diverticulo; dd
duto do
diverticulo;
dc
es6fago; ea
es-
tomago anterior; ep
estomago posterior; f
faringe; g
glandula salivar; i
iieo
ou intestine propriamente dito; pr
papila retal; pv
tubo de Maipighi; ve
valvula esofagiana.
.
90
ENTOMOLOGIA MEDICA
A farincie segue-se o esofago, o qual se encontra situado no torax.
Apresenta-si como tubo curto, no qual se abrem os dutos de algumas
gISndulas esofaglanas (Adier e Theodor, 1926) e o do diverticulo esofa-
giano ou "p.ipo". Este ultimo que, em alguns casos, pode-se abrir direta-
mente na faringe, tern o aspecto de saco mais ou menos dilatado, de
acordo corn a quantidade de liquido armazenado, geralmente rico em
carboidratos
Como mencionamos, da porcao basal da hipofaringe destaca-se o
canal salival que ali se encontra dotado de musculatura desenvolvida,
e assim constitui o que se chama de bomba salivar. Segue-se o duto sa-
livar comum, ate a parte posterior da capsula cefalica, onde se divide em
dois dutos stiivares laterals. Cada um destes, dirige-se a correspondente
glandula, de aspecto esferoide ou alongado (Fig. 27 B, C, D). 6 possi-
vel que o tainanho e a forma desta ultima possa ter alguma relacao corn
os habitos a imentares. Em Lutzomyia trinidadensis, que suga lagartos,
somente um.i das glandulas aumenta consideravelmente de volume, ao
lado de apre:ientarem forma peculiar (Lewis31, 1965).
Em seguida ao esofago, encontra-se o intestino medio ou est6mago,
onde se cos:uma distinguir duas regioes, anterior e posterior, as quais
por sua vez podem ser denominadas de est6mago anterior e posterior.
0 primeiro e mais estreito, tubular, localizado na regiao toracica, reves-
tido de epitel o cubico ou cilmdrico ciliado e nao e distensivel. 0 segundo,
que tambem "ecebe de alguns a denominacao de est6mago propriamente
dito, e mais volumosd, saculiforme, situado na primeira metade da regiao
abdominal, revestido de epitelio simples e e distensivel. 0 est6mago an-
terior tern rei;ebido, corn freqiiencia, a denominacao de cardia. No en-
tanto, como .issinalava Davis" (1967) esse termo deve ser aplicado so-
mente a ligeira dilatacao dessa parte, que se observa na uniao corn 6
esofago. Ali se encontra uma valvula chamada valvula esotaglana, e
tambem conhscida como prega proventricular, valvula cardiaca e valvula
estomodial. Assim, essa porcao dilatada, que pode nao ser muito eviden-
te em algum.is especies, constitui o que comumente se conhece pelo
nome de provsntrlculo (Fig. 27 E).
Quando i. femea realiza o repasto sanguineo, e o est6mago posterior
que se dilata e passa a ocupar a cavidade abdominal. Na extremidade
distal dessa parte do tubo digestive, observa-se a existencia de constri-
cao, a qua! so seguem os quatro tubos de Malpighi, o ileo e o reto que
termina no anus. 0 ileo ou intestine propriamente dito, e mais delgado do
que o reto, que se apresenta dilatado para formar a ampola ratal. No
interior desta pode-se notar a existencia de um par de lobos grandes, de-
nominados papilas ou glandulas retals (Fig. 27 F). Pensa-se que teriam
alguma funcao no mecanismo de reabsorcao da agua (Davis"1, 1967).
Aparelho Genital Feminine (Fig. 28 A)
Os orgaos essenciais
sao representados pelo par de ovarids. Como ocorre em outros dfpteros,
sao formados por diversos ovariolos, envoltos em fina bainha que e a
membrana overiolar. Cada um destes ultimos e constituido pelos foli-
culos, nos quas se encontram as celulas que representam os trofocitos e
SUBFAMlLIA PHLEBOTOMINAE
MORPOLOGIA E
CLASSIFICA<?AO 91
-0V
Fig. 28
6RGAOS INTERNOS DO APARELHO SEXUAL FEMININO DE FLEBOTOMINEO.
A estrutura do ovariolo; B
camara genital;
fi
forquilha genital; ga
glandule acessoria; ol
oviduto lateral; oo
o6cito; ov
ovario; ovi
ovariolo; pe
pedicuto; sp
esper"
mateca; tr
trofocitos; v
valvula.
92 ENTOMOLOGIA M6DICA
o oocito. Como se ve, em linhas gerais, a estrutura ovariana corresponde
aquela descita para os culicfdeos, no primeiro volume deste trabalho
(Pig. 28 B). Contudo, os foliculos nao se encontram tao bem individua-
lizados, espccialmente o segundo e o terceiro, que se apresentam fre-
qiientemente fundidos, em
major
ou menor extensao. Ao primeiro folfculo
segue-se o pedfculo estreito, que vai ter ao oviduto lateral. Este se diri-
ge em direceo posterior, anastomosando-se corn o do lado oposto. Para
muitos, essa porcao distal do oviduto e considerada como oviduto comum
ou canal ovaiano. Os dois dutos do ovario vao se abrir na cSmara geni-
tal ou vagina, onde se encontram tambem os orificios das espermatecas
e das glandrlas acessorias, tambem chamadas coleterials ou de muco.
A abertura destas ultimas, esta situada posteriormente a daquelas, mas
dentro dos ramos posteriores da forquilha genital. Estas glandulas sao
alongadas, snculiformes e seu aspecto tern sido utilizado nas investiga-
coes sobre a determinacao da idade destes dfpteros.
Aparelho Genital Masculino (Fig. 29 A)
Os orgaos genitais
internos dos individuos masculinos sao constituidos pelo par de testiculos,
pela vesicula seminal e pelo sistema condutor quitinizado. Este ultimo,
que pode aprssentar glandulas anexas, e formado pela bomba e filamen-
tos ejaculadores ja descritos.
Os testiculos sao de contorno oval ou arredondado e apresentam-se
como vesiculcs de paredes finas. De cada urn deles sai urn l/aso ou duto
delerente, qur vai ter a vesfcula seminal, tambem chamada fitio (Barth",
1961). Esta c urn orgao impar, de aspecto dilatado e arredondado, co-
municando-se posteriormente corn a bomba ejaculadora, por meio do
l/aso ou duto seminal que alguns denominam de vaso deterente Impar
(Barth2, 1961). Assim e que, essa bomba, mediante as contracoes de sua
musculatura, iijeta o semen atraves dos filamentos ejaculadores, os quais,
por sua vez, o conduzem ate a espermateca, no aparelho genital feminine.
Para algu is autores, o aspecto do conjunto formado pelos testiculos,
vesicula seminal e vasos, seria de utilidade na identificacao especifica
(Sherlock e Cilrneiro60, 1964). Todavia, em se tratando de partes que sao
destruidas peiss processos comuns de montagem, o seu emprego acha-
se restrito as disseccoes de material fresco. De qualquer maneira, tern
sido preconizados elementos como o tamanho e contorno dos testiculos
e vesicula sen-inal, alem dos comprimentos apresentados pelos vasos de-
ferentes e sem nal (Fig. 29 B, C, D, E, F).
Fig. 29
Lutzomyia shannom; D
Brumptomyia
brumptt; E
Lulzofnyia longjpatpis: F
Pressatia choti.
b
bomba ejaci ladora; f
filamentos ejaculadores; vd
vaso deferente; ve
ve-
sicula seminal; vs
vaso seminal; t
festfculos.
94 : ENTOMOLOGIA M6DICA
FORMAS IMATURAS
Embora sendo relativamente mais frequentes do que para os demais
psicodideos, mesmo assim os estudos sobre as formas imaturas dos fle-
botomineis sao ainda escassos. Destacam-se os trabalhos basicos de
Colas-Bel cour15 (1929); Barretto5-
6
(1940, 1941) e Abonnenc1 (1956). De-
pois desses, pelo menos para a regiao neotropical, poucas descricoes tern
sido feitas e, mesmo assim, relativas a algumas especies em particular
(Mangabtira32.33.M.35.36.37, (1942); Sherlock". as, 1957; Mangabeira e Sher-
lock38,1932; Sherlock e Carneiro59, 1963; Carneiro e Sherlock13, 1964;
Quit-
ton e Sherlock25,1969). Corn excecao a essa regra, podem ser citados o es-
tudo rela:ivo a formas pupais de alguns representantes, corn elaboracao
de chave identificativa levado a efeito por Carneiro e Sherlock13 (1964) e
as
describes
para especies do Panama, feitas por Hanson2" (1968). De
qualquer maneira, os conhecimentos sobre este assunto deixam ainda
muito a desejar. E isso e verdade mesmo para especies que apresentam
considerivel interesse sanitario.
Nas inhas seguintes apresentamos nocoes gerais de morfologia, ba-
seadas nis dados ate agora existentes. Para tanto seguiremos o padrao
adotado |>ara os psicodideos em geral, no primeiro capltulo deste traba-
Iho. Pamlelamente, assinalamos os poucos elementos que sao emprega-
dos, ate o momento, corn finalidade taxionomica.
LARVA (Fig. 30)
con-
torno do 6v3.
cc
cerdf.s caudais; ce
cerdas em esc6va; op
orgao perfurador; pp
pseudo-
-pernas; pt
espiraculo posterior.
96
ENTOMOLOGIA MEDICA
habitat. Dessa maneira, enquanto se observa no protorax o par anterior
de espiraculos, verifica-se que o posterior se abre diretamente na face
dorsal do oitavo anel abdominal. A subdivisao em aneis secundarios,
tanto do t5rax como do abdomen, nao e muito nitida nestes psicodideos.
Mesmo as placas tergais ou estao ausentes ou se tornam evidentes apenas
nos ultimos segmentos. Esse fato tern propiciado discordancia entre os
autores, no que se refere a interpretacao do numero total de segmentos.
Para algms essa subdivisao encontra-se tao mascarada, que se torna di-
ficilmente visivel (Barretto, 1941).
A su[:erficie corporal encontra-se coberta de intensa e fina espiculo-
sidade, aISm de cerdosidade diversa. Principalmente no quarto estadio
larval, grande parte das cerdas e constituida por tipo que, corn excecao
dos Phletotominae, nos demais psicodideos somente e encontrado nos
Bruchomyiinae. Trata-se de setas de desenvolvimento variado, um tanto
cilindricas, aparentemente ocas e cobertas, em maior ou menor extensao,
de finos rilmos ou espiculos imbricados (Fig. 30 ce). 0 aspecto e variavel,
podendo .ipresentar a extremidade distal dilatada, clavada, truncada ou
em capitulo e na qual pode projetar-se pequena dilatacao vesiculosa e
hialina. "ais elementos tern utilidade na diferenciacao especifica e, a
essas fornacoes foi dado o nome generico de cerdas em escova ou cer-
das segmentares (Colas-Belcour", 1929; Satchell51, 1953). Observa-se,
ainda, a existencia de outras que sao finas, curtas ou longas, simples ou
penadas.
Deve-se ter presente que nestes dfpteros varios caracteres morfolo-
gicos, inc uindo aspectos quetotaxicos, variam nao apenas corn as cate-
gorias esi:ecificas
mas, tambem, dentro da mesma especie, segundo o es-
tadio. NES descricoes que se seguirao faremos referenda essencialmen-
te ao quarto estadio larval. Sempre que for necessario, mencionaremos
dados reliitivos aos outros.
Corn eferencia a quetotaxia, a designacao das varias cerdas tern sido
feita, prin;ipalmente, por Colas-Belcour" (1929), Barretto" (1941) e Abon-
nenc1 (19!i6), que procedeu a numeracao desses anexos. Como mencio-
namos por ocasiao do estudo geral dos psicodideos, adotamos a nomen-
clatura de Barretto6 (1941) e de Hanson26 (1968), corn modificacoes e adi-
coes de nresa autoria. Entre elas, preconizamos a numeracao e simbolo-
gia das sstas, embora diferindo substancialmente de Abonnenc (1956).
Para maicr facilidade de compreensao, a lista a seguir inclui, juntamente
corn a nossa, outras nomenclaturas. A consulta as Figs 31, 32. e 33, es-
clarecera os detalhes dessa quetotaxia.
Fig. 31
CAPSULA CEFALICA DA LARVA DE FLEBOTOMINEO. A
detaihe dos
apendices bucais.
antena; ce
clipeo; e
epifaringe; fo
fo-
ramen occipital; hhipofaringe; Ib
labio; Ibr
tabro; md
mandibula; mo
mof-
dura occlpial; msg
moldura subgenal; mt
mento; mx
maxiia; pmx
palpo
maxilar; svg
sutura verticogenal; ti
1. clipeal anterior
pea! anterior de Hanson)
3 Clipeal externa (=cli-
2, clipeal posterior
peal de Barretto, cli-
peal posterior de Hanson)
4 Frontal anterior Espinho antero-
-interno 3
5 Frontal anterior Espinho p6stero-
-interno 7
6 Vertical dorsal Espinho p6stero-
-externo 8
7 Vertical lateral Espinho antero-
-externo 9
8 Genal dorsal Epicraniana dorsal
anterior . 4
9 Genal lateral (=.genal
de Hanson)
5
10 Genal ventral
6
Subgenais
Fig. 32
os mesmos, vistos
pela face ventral; C
cabeca;.ms
mesotorax; mt
metat6rax;
os
protorax; pp
pseudo-perna; spa
anus; la
lobo anal; Ic
lobo caudal; lo
lobulo caudal; pe
pente do nono
segmento; s.pp
MORFOLOGIA E
CLASSIFICAQAO
Numero ou
sfmboio
PROTORAX (Fig. 32)
Nome
Dorsal anterior interna
Dorsal anterior externa
Laterodorsal anterior
Abonnenc1 (1956)
1. paramediana protoracica
anterior
2. lateral superior
protoracica anterior
3. lateral inferior
protoracica anterior
Lateroventral anterior
Ventral anterior interna
Ventral anterior media
Ventral anterior externa
Dorsal posterior interna
Dorsal posterior externa
Laterodorsai posterior
Ventral posterior interna
Ventral posterior media
Ventral posterior externa
Lateroventral posterior
1. paramediana protoracica
posterior
2. lateral superior
protoracica posterior
3. lateral inferior
protoracica posterior
9
8
7
MESOTORAX E METAT6RAX (Fig. 32)
Numero ou
sfmbolo
Abonnenci (1956)
Dorsal interna
Dorsal externa
Laterodorsal
Lateroventra! anterior
Ventral interna
Ventral media
Ventral externa
Lateroventral posterior
Basilar
1
a
3
4
9
8
7
6
5
a
b
c
d
(Fig. 32)
iS, intersegmentar
a
1
2
3
4
A
5
b
102
ENTOMOLOQIA M6DICA
VII] SEGMENTO ABDOMINAL (Fig. 33)
1 Dorsal inlerna ^ 1
2 Dorsal externa 2
3 Laterodorsai 3
4 Lateroventrai 4
5 Ventral interna 6
6 Ventral media b
7 Ventral externa 5
IX SEGMENTO ABDOMINAL (Fig. 33)
1 Lobular interna 1
2A Caudal interna Caudal
SB Caudal externa Caudal
3 Lobular externa 2
4 Lalero-anal C
5 Pr6-anal interna E
6 Pre-anal externa D
7 P6s-anal externa B
8 P6s-anal interna A
Cabefa
(Fig. 31)
Conforme citamos, a cabeca das larvas de fle-
botommeas e bem individualizada e esclerotinizada. Seu contorno geral
e ligeiraniente ovoide, um tanto achatado em sentido dorso-ventral. Nor-
malmente sua articulacao corn o corpo se faz de maneira a apresentar-
se fletids. em direcao ventral (Fig. 30). Os eixos longitudinals da ca-
beca e do corpo, formam entre si angulo de pouco mais de 100. Nao
possui olios e a antena e formada essencialmente por dois articulos, um
proximal e outro distal, que correspondem, respectivamente, ao primeiro e
segundo segmentos antenais. Aquele articula-se por sua vez, corn salien-
cia do tcgumento, denominada tuberculo de implantacao, o qual, para
alguns, sria o primeiro segmento da antena. 0 aspecto deste apendice,
incluindo o tuberculo de implantacao, e bastante variado e, assim, tern
sido utilisado corn finalidade taxionomica.
A ce.psula cefalica e dotada dos mesmos escleritos e suturas men-
cionados em descricao anterior, para os psicodideos em geral. Pode-
se obseivar, embora incompleta, a sutura verticogenal que contorna
anteriorniente a area de implantacao da antena. Nas larvas de primeiro
estadio rota-se tambem a existencia do orgao perfurador (Fig. 308), bem
como a presenca de orgaos sensoriais superficiais no tegumento. Estao
presente;; as duas aberturas, a anterior e a posterior. A primeira rodeada
pela mol
jura
subgenal e corn os apendices que constituem as partes bu-
cais. A segunda, ampla, tambem rodeada pela moldura occipital, que
constitui o foramen occipital. Quanto as partes bucais, pode-se distin-
guir a piesenca do labro-epifaringe, dos pares de mandtbulas e maxilas,
do labio, da hipofaringe e do mento.
0 lebro e constituido por formacao que continua o clipeo anterior
e inferiomente. Seu aspecto geral e hialino e articula-se corn a regiao
clipeal mediante rebordp mais quitinizado situado posteriormente e que
SUBFAM1LIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOGIA E
CLASSIF1CAOAO 103
se prolonga na face lateral, em direcao ventral. 0 conjunto dessa arti-
culacao toma assim a forma de urn S, cujo ramo inferior se projeta para
a frente. A porcao anterior do labro e menos quitinizada e forma salien-
cia protratil, dotada de algumas cerdas preclipeais, finas e curtas. Essa
parte mostra ainda certa estriacao transversal na qual se insere fiha
pilosidade, emprestando, assim, a peca, aspecto urn tanto aveludado. Em
direcao posterior e inferior, o labro continua-se corn a epifaringe, que 6
)
bastante delgada. Esta ultima porcao forma, dessa maneira, o teto da
cavidade bucal.
0 par de mandibulas e formado por duas laminas dispostas lateral-
mente ao labro, fortemente quitinizadas e de contorno triangular. A ex-
tremidade distal e ligeiramente curva e dotada de fortes denies. Sao
pouco ornamentadas corn cerdas, notando-se apenas alguns elementos
finos e isolados, na porcao basal.
As duas maxilas estao situadas para dentro das mandibulas e for-
mam as paredes laterals da cavidade bucal. Seu contorno e irregular, urn
tanto quadrangular, e o aspecto geral e hialino. A porcao posterior e
, mais quitinizada e esta em fntima relacao coin o conjunto que constitui
a moldura subgenal. Ali se nota a implantacao de duas cerdas individua-
lizadas, que sao as subgenais. Sobre estas ultimas nao conseguimos evi-
denciar as tres que descrevemos para os psicodideos em geral.
Quer-
nos parecer que o elemento n. 10, ou seja, a cerda genal ventral, possa
ser, na realidade, a subgenal inferior. Investigacoes corn material mais
abundante, poderao esclarecer o assunto.
Na borda anterior dessa porcao basal das maxilas, nota-se a presen-
ca de pequeno processo claviforme ou cerda espatulada. Finalmente,
proximo a extremidade distal, pode-se observar a existencia do palpo
maxilar, que se mostra como pequena saliencia circular, ligeiramente
quitinizada, e dotada de papilas sensoriais. Esta area menos esclerotini-
zada da maxila possui, contudo, armacao ligeiramente mais quitinizada,
corn o contorno geral de um H deitado. A superffcie maxilar mostra, em
maior ou menor numero, conjuntos de pequenas cerdas finas e de varies
tamanhos.
0 mento apresenta-se sob a forma de placa triangular, fortemente
quitinizada, que continua em sentido anterior a face ventral da capsula
cefalica. Na margem anterior nota-se a existencia de denies desenvolvi-
dos, dispostos simetricamente aos pares, inclusive os medianos que sao
maiores que os demais. Dessa maneira, nao se observa geralmente o
dente impar mediano, que se encontra em outros psicodideos. A face
superior desta placa que constitui o mento e concava, e nela se aloja
o labio. Este possui o aspecto de lamina delgada, dotada na porcao
distal de saliencias denominadas processes sensoriais, alem de curta cer-
dosidade. Em situacao lateral a essas formacoes, observa-se a presenca
de denies quitinizados, alem de escleritos destinados ao suporte e inser-
104
ENTOMOLOQIA MEDICA
cao da hipofaringe. Esta ultima mostra-se como membrana hialina, con-
tinuando l labio em direcao superior. Forma assim, o assoalho de ca-
vidade bucal, dotado de fileiras constituidas por fina pilosidade.
T6ra> (Fig. 32C)
PUPA DE FLEBOTOMiNEO. A
aspecto geral da pupa, pela face lateral
(escala err milimetros); B
regiao cefalica e protoracica, vistas lateralmente e mos-
trando a quetotaxia; C
antera; ab
abdomen; as
asa; c
cKpeo; c,
cerda espiniforme; Cg
cefalot6rax; ms
mesot6rax; ml
metat6rax; o
olho; p
protorax; pb
pecas
bucais; prr
palpo maxilar; pn
pernas; spa
tipos
de espiracjio anterior; spp
espiracuio posterior; ta
luberculo pre-aiar; tm
tu-
berculo musonotal; ve
MORFOLOQIA E CLASSIFICAQAO
109
0 tegumento pupal e revestido de fina espiculosidade, podendo ser
notada a presenca de nodulos, orgaos sensoriais superficiais e cerdas de
varies tipos. Estas ultimas, na sua maioria, sao de pequeno porte, mas
apresentam apreciavel variabilidade em seu aspecto morfologico. Nesse
sentido, podem ser diferenciados varios tipos, como, espiniforme, folia-
cea simples ou serrilhada, encrespadas finas, grossas ou curtas, bifidas
maiores ou menores, em bastonete (Fig. 34D), alem das outras de aspecto
mais simples e normal. Tais formas e sua disposicao apresentam inte-
resse na identificacao. Da mesma maneira, algumas se encontram dire-
tamente inseridas no tegumento, enquanto outras o fazem na extremidade
de tuberculos, mais ou menos desenvolvidos e tais caracteres sao tam-
bem empregados na diferenciacao especifica.
Quanto
aos orgaos sen-
soriais superficiais, ocorrem da mesma maneira corn que sao encontra-
dos nas formas imaturas de outros psicodideos. Apresentam-se como
pequenas depressoes circulares que podem ser confundidas corn implan-
tacoes de setas, frequentemente situadas nas vizinhancas destas, o que
ainda mais facilita essa interpretacao erronea (Fig. 35B).
A respeito da quetotaxia, a semelhanca do que foi feito para a larva,
propomos sistema de nomenclatura e numeracao das setas. Baseamo-
nos no estudo feito em capitulo anterior, para os psicodideos em geral.
Quanto a numeracao em particular, o mesmo foi proposto por Abonnenc1
(1956). Aqui tambem os criterios desse autor diferem dos nossos em
varios aspectos. Em vista disso, os dois sistemas encontram-se repre-
sentados na lista a seguir. 0 exame das Figs. 34 e 35 fornecera ideia
dessa distribuicao.
QUETOTAXIA PUPAL DE FLEBOTOMINEO (Figs. 34B e 35)
CEFALOT6RAX:
Numero
01
02
1
2A
2B
3
4
5
6A
6B
7
8
9
10
11A
11B
11C
12A
12B
12C
13A
13B
Nome
Preclipea
Preclipea
Clipeal
Frontal inferior 4
Frontal superior
Vertical
Pos-ocula
Pos-ocula
Pos-ocula
Pos-ocula
Protoraci
Protoraci
Protoraci
Pr6-atare
Mesotora
Mesotora
Mesotora,
Primeira metanotal interna
Segunda metanotal interna
Terceira metanotal interna
Primeira metanotal externa
Segunda metanotal externa
i interna
externa
superior
media
interna
inferior externa
a superior
a media
a inferior
ca superior
ca media
ca inferior
Abonnenc1(1956)
1
2
3
9
10
8
5
6
7
1, 4
2, 5
3, 6
5, 6, 7
1
2
3, 4
1
2
3
4
5
ENTOMOLOGIA M^DICA
110
D
Fig, 35
cefalotorax, representado
de frente, < om o aspecfo que adquire quando montado em lamina; B
metatorax;
C
quarto segmento
abdominal.
d
face
dorsal;
h
halter; os
espiraculo an-
terior; spp
espiraculo posterior; tm
tuberculo mesonotal; v
face ventral. A
quetotaxia esta representada pelos numeros correspondentes as cerdas, de acordo corn
a descricao do texto.
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOGIA E CLASSIFICAQAO
111
ABDOMEN:
0 Dorsal anterior
1 Dorsal posterior interna
2 Dorsal posterior externa
6 Laterodorsal
7 Lateral posterior
8 Lateral anterior
9 Ventral posterior interna
10 Ventral anterior
11 Ventral posterior externa
Distinguem-se, pois, as cerdas do cefalotorax e as do abdomen.
No primeiro, o metatorax mostra disposicao de elementos dorsais seme-
lhantes a dos segmentos abdominais.
Quanto
ao segundo, as setas sao
homonimas nos varies aneis. Fazem excecao os dois ultimos, nos quais
nao se observa cerdosidade apreciavel, estando restrita a poucas e pe-
quenas setas limitadas a face dorsal do oitavo segmento (Fig. 35C).
Deve-se assinalar, contudo, que alem do aspecto morfologico, tam-
bem parece ser variavel o numero de cerdas, de acordo corn a especie.
Somente o maior conhecimento dessas formas podera trazer luz sobre o
assunto. Assim sendo, o sistema que apresentamos aqui, esta longe de
pretender ser definitivo. Constitui apenas mais uma tentativa no sentido
de melhor sistematizacao e, consequentemente, mais facil utilizacao des-
ses caracteres quetotaxicos.
OVO (Fig. 30C)
A semelhanca do que se tern observado em outros
psicodldeos, os ovos de flebotomineos sao elipticos, alongados e um
tanto encurvados. Tal curvatura faz corn que a face dorsal seja convexa
e a ventral, concava. 0 comprimento varia de acordo corn a especie,
mas, de maneira geral, oscila entre os limites de 300 e 500 micra. Sao
de coloracao escura. Todavia, quando recentemente postos, mostram to-
nalidade esbranquicada que desaparece apos algumas horas, sendo subs-
tituida peias gamas que vao desde o castanho claro ate o negro. Seu
aspecto geral e brilhante e o exocorio mostra a presenca de esculturas
formadas devido a elevacoes e depressoes superficiais. Formam-se as-
sim, desenhos cujo aspecto tern sido utilizado como carater especifico
(Fig. 36).
Pouco tempo antes da eclosao, pode-se observar por transparSncia,
atraves do corio, o corpo da larva. Sobre sua superftcie nota-se entao, a
presenca de dois filamentos longos, que ocupam todo o espaco longitu-
dinal do ovo, e que sao as cerdas caudais.
CLASSIFICACAO
Nao existe ainda uniformidade de pontos de vista, no que diz res-
peito a classificacao dos Phlebotominae. Ha cerca de meio seculo su-
cedem-se as tentativas no sentido de agrupar esses dipteros. No estado
atual, ao lado de autores que advogam ou admitem a divisao do genero
Phlebotomus em mais de um (Theodor63.
<*
65, 1948, 1965, 1971; Bar-
retto.
a. 11.
", 1955, 1961, 1962; Forattini2, 1971), ha os que, principal-
ENTOMOLOSIA MEDICA
112
Fig. 36
OVOS DE FLEBOTOMINEOS. A
Psychodopygus monticolus
(original de ^. P. Barretto). C
Lutzomyia
longipalpis (o iginal de L. M. Deane).
mente por r.izoes de ordem pratica, preferem mante-lo (Parrot", 1951; Kirk
e Lewis0, 1951; Fairchild7, 1955; Quatesr, 1964). Alem disso, alguns o
conservam araticamente integro, dele retirando apenas um grupo gene-
rico destinalo ate agora a albergar uma so especie (Abonnenc e Minter",
1965; Abonnenc2, 1967).
0 motivo dessas discrepancias deve-se a existencia de multiplas
dificuldades. Entre elas sobressai a grande variabilidade dos caracteres
morfologicoi que sao utilizados para a
identifica^ao.
Resulta dai que o
emprego de qualquer deles, na caracterizagao de agrupamentos maiores
de representantes, supostamente afins, torna-se bastante problematico.
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
MORFOLOQIA E CLASSIFICApAO
113
For outro lado, grande numero de especies sao conhecidas apenas por
urn dos sexos e, alem disso, nao e facil estabelecer a correlacao precisa
de machos e femeas. Acresce o desconhecimentp ponderavel, que ainda
existe, em relacao as formas imaturas.
Tudo indica que os flebotomineos constituem grupo de grande plas-
ticidade morfologica, parecendo estar ainda em acentuada evolucao.
Constituiria, portanto, como se observa em outros grupos animais, exem-
plo do que se pode chamar de radiagao especlfica. Seria fenomeno con-
seqiiente a evolucao de patrimonio primitivo, em regiao rica de nichos
ecologicos. Como resultado haveria inicialmente a ocorrencia de gran-
de numero de especies, sem a formacao de grupos maiores perfeitamente
distintos. 6 o que parece estar acontecendo corn a fauna flebotominica
neotropical, embora sob o ponto de vista morfologico nao seja ainda pos-
sivel faze-los derivar corn seguranca de qualquer representante atualmen-
te conhecido em outras regioes faumsticas. 6 licito admitir que estes
dipteros, nas Americas, devam ter origem comum e estejam em plena
diferenciacao.
Para facilitar o estudo sistematico, seria teoricamente util a separa-
cao em grupos. Como dissemos, tern sido esta a preocupacao de varies
autores, quer reconhecam a existencia de mais de uma ou de apenas uma
unica categoria generica. Em ambos os casos tern sido propostos sub-
generos que, por sua vez, sao freqiientemente divididos em "grupos", e
estes em "series" e e facilmente compreensivel que isso tenha aconte-
cido e continue a acontecer. Efetivamente, como consequencia, sabe-se
que os caracteres empregados sao muito variaveis e o numero de formas
descritas aumenta constantemente. Paralelamente, ocorre que determi-
nado elemento morfologico, tenha nivel especffico em um grupo e passe
a ter funcao grupal em outro. Segundo assinala Theodor04 (1965), isso
torna impossivel a utilizacao solitaria de um carater, como especifico ou
grupal, mas sim somente em combinacao corn outros. Da mesma opiniao
e Barretto9
"
(1961, 1962) que, embora julgando no momento inviavel a
divisao do genero Lutzomyia, preconiza a criacao de numerosos subge-
neros para o mesmo. Corn essa orientacao nao concordamos (Forattini21,
1971), principalmente no que diz respeito a afirmativa de que o nivel gru-
pal ou especifico de determinado carater somente deva ser estabelecido
apos observar-se a sua combinacao corn outros. Ora, se estes sao muito
variaveis, assim procedendo, tais combinacoes irao se multiplicar indefi-
nidamente. E tanto isso parece ser verdade que o proprio Theodor64
<
(1965, 1971), em duas publicacoes sucessivas e separadas por curto es-
paco de tempo, modifica substancialmente seus sistemas de distribuicao
de especies. Como resultado, constantemente tern aumentado o numero
de subgeneros, de "grupos", de "series" e talvez outras categorias que
venham a ser propostas.
Pode-se adotar, face o exposto, uma das duas posicoes seguintes.
Ou a manutencao do genero Phlebotomus para todos os Phlebotominae,
corn excecao de Warileya, ou entao, a divisao em varies generos, obede-
cendo a atitude e finalidade simplificadoras. Os dois pontos de vista sao
aceitaveis. Todavia, parece-nos que a permanencia de Phlebotomus,
114
ENTOMOLOGIA M6DICA
corn numercsas subdivisoes de natureza subgenerica e outras, continua-
ra a apresentar inconvenientes. Em vista disso, mantemos a orientacao
de aceitar v.irios generos, elevando a essa categoria diversos antigos sub-
generos e niles incluindo, mesmo a custa de suposta artificialidade, maior
numero de "species. Para tanto, adotamos alguns dos conceitos ja ex-
postos por rheodor63.
<
s
(1948, 1965, 1971); Fail-child17 (1955); Abon-
nenc e Mintir3 (1965), aos quais acrescentamos os de nossa autoria (Fo-
rattini21, 1971).
Quanto aos subgeneros, conservamos, sempre que jul-
gainos poss vel, os criterios de Barretto" (1962), acrescidos de modifica-
coes resultantes de aquisicoes mais recentes. Desde ja fica esclarecido
que nao levamos em consideracao as categorias outras como "grupos",
"series" e derriais de natureza analoga.
Deixanco de lado o genero Warileya, os demais flebotomineos neo-
tropicais distinguem-se dos de outras regioes do mundo, por apresenta-
rem constantemente a presenca das cerdas pos-espivaculares e, corn
grande freqiiencia, tambem a das anepisternais inferiores. As primeiras
situam-se n porcao posterior da borda superior do anepisterno, e as se-
gundas na margem antero-inferior desse mesmo esclerito. Observa-se
tambem, no cibario, a existencia da protuberancia dorsal posterior, mais
ou menos disenvolvida, e que se traduz pelo aspecto da area pigmentada.
Dentro dessas especies, serao escolhidos como caracteres grupais, aque-
les que fore 71, o mais possivel, de facil observacao. A ordem de priori-
dade obede;era a possibilidade de serem constatados, sucessivamente,
em ambos os sexos, ou apenas nas femeas, ou somente nos machos.
Dessa rnaneira, consideramos que, no presente, a subfamilia Phle-
botominae p3ssa ser dividida nos seguintes generos:
Phlebotom is Rondani e Berte, 1840.
Brtifnptomyia
Franca
e Parrot, 1921.
Lutzomyia Franca, 1924.
Sergentomyia
Franca.
1924*.
PintomyiQ Lima, 1932.
Psychodoi. ygus Mangabeira, 1941.
Vjannarnyti\ Mangabeira, 1941.
Pressatia l/langabeira, 1942-
Spetaeoph. ebolomus Theodor, 1948 *.
Warileya hertig, 1948.
Os assilialados corn asterisco nao possuem representantes na regiao
neotropical.
CHAVE PARA OS GfiNEROS
Na elatoracao desta chave lancamos mao de dados ja existentes
em outras, ; conceitos de autoria de Kirk e Lewis30 (1951); Fairchild"
(1955); Banetto" (1961); Abonnenc e Minter" (1965); Theodor" (1965).
Foram acres centadas modificacoes de nossa autoria, de acordo corn o
exposto no paragrafo anterior e corn a finalidade de inclusao das catego-
rias elevadai, a genero (Forattini21, 1971).
1
MORFOLOGIA E CLASS1FICACAO
115
2
Abonnenc, E.
Abonnenc, E.
Barretto, M.P.
Barretto, M.P-
Barretto, M.P-
Barretto, M.P.
Barretto, M. P.
Barretto, M.P.
mimeografado].
11
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Capitulo 4
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE - B10LOGIA
P&Q.
Formas imaturas ..................................................... 120
Ovo
.........................................;...............
-120
Oviposi^ao .............................................. 120
lncuba?ao
.............................................. 121
Ectosao ................................................. 124
Resistencia .............................................. 125
Larva ....................................................... 125
Movimentasao
............................................ 126
Alimenta?ao
.............................................. 127
Crescimento ............................................. 129
Duracao
............................................ 129
Temperatura ......................................... 129
Umidade ............................................
130
iluminapao .......................................... 131
Diapausa ............................................ 131
Pupa$ao ................................................ 134
Pupa ........................................................ 135
Criadouros naturais .......................................... 136
Ambiente extradomiciliar .................................. 137
Troncos e raizes de arvores ............................ 137
Tocas de animais ..................................... 142
Rochas .............................................. 143
Solo florestai e folhas caidas ........................... 143
Ambiente domiciiiar e peridomiciliar ......................... 144
Rela^oes
corn outros seres vivos ................................ 147
Formas adultas ...........................-........:...........-....... 148
Abrigos ..................................................... 148
Frequencia domiciiiar .........................................
155
Atividade .................................................... 157
Atimentacao .................................................. 159
Reproducao .................................................. 163
Copula .................................................. 164
Ovogenese ............................................... 166
Ovulacao e oviposicao ...................................... 166
Longevidade . ................................................. 174
Determinacao da idade das femeas ......................... 174
Dispersao .................................................... 180
Distribuicao ................................................. 181
Distribuicao ecoiogica ................................... 182
Distribui^ao
geografica ................................... 183
Parasitos e predadores .................................................. 184
Leptomonas e transmissao de Leishmania ................................... 189
Referencias bibliograficas ............................................... 197
A importancia medica e sanitaria que apresentam os Phlebotominae,
como se vera mais adiante, fez corn que os estudos biologicos referentes
a este grupo se avantajassem em relagao aos demais psicodfdeos, corn
)20
ENTOMOLOQIA MEDICA
o objetivo te obtencao de dados necessarios ao estudo epidemiologico
das doencas veiculadas pelos mesmos. Dessa maneira, este capitulo in-
cluira os ccnhecimentos disponiveis ate o momento na regiao neotropical.
A natu-eza holometabola do cicio evolutive destes insetos, torna ne-
cessario tretamento em separado, para as formas imaturas e adultas.
FORMAS IMATURAS
Como nos referimos no primeiro capitulo, as formas imaturas
dos flebotonineos pertencem aquele grupo que parece ter adquirido, se-
cundariamente, o habitat terrestre. Assim sendo, podem ser incluidas no
grupo dos nidobiontes de Jung92 (1956), ou seja, nas formas que se de-
senvolvem m locais ricos de materia organica em decomposicao. Em
tais habitats, como ocos e raizes de arvores, imbricamentos de folhas,
sob rochas e abrigos varies, o substrate e representado por residues
organicos, principalmente de natureza vegetal. Ali pois, sao feitas as
posturas e as larvas encontram meios adequados para o seu desenvolvi-
mento. A :iemelhanca do que se adota para outros dipteros, tais locais
recebem o nome- generico de criadouros.
ovo
Os ovcs de flebotommeos nao apresentam mobilidade e se destinam
a ser colocados diretamente no substrate que servira para o desenvolvi-
mento larvi.l. Conforme afirmamos, sao de coloracao variada e tendem
a adquirir tonalidade mais escura, em geral, dentro de vinte e quatro horas
apos sua expulsao.
OVIP03I(?AO
BIOLOGIA
121
INCUBAOAO
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SUBFAMlLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
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124
ENTOMOLOQIA M6DICA
Como i.e pode ver, sob condicoes otimas de temperatura, o periodo
de incubacEo encontra-se ao redor de uma semana ou pouco mais. Con-
tudo, alem desse fator podem influir outros ainda pouco conhecidos. Al-
guns parecrm ser inerentes & propria especie, de maneira que, em con-
dicoes comparaveis, algumas apresentam periodos maiores ou menores do
que outras. Todavia, dentro da mesma categoria especifica, tem-se veri-
ficado acertuadas variacoes. Assim e que, em Psychodopygus pana-
mensis e P. guyanensis (= P. genlculatus) foram observados na mesma
cultura ovo!. que revelaram incubacao de nove a dez dias, ao lado de
outros que necessitaram de trinta, trinta e seis ou mais, para eclodirem
(Johnson e Hertig", 1961). A Tabela 4.1 fornece os dados atualmente
existentes, originados de
observances
de laboratorio.
ECLOSAO
A saida da larva da-se atraves de fenda longitudinal,
cujo contorno foi comparado ao de urn J, e que se situa em posicao dor-
solateral na porcao anterior da superficie. 6 produzida pelo orgao per-
furador, estfindendo-se, variavelmente, por cerca de um terco a tres quartas
partes do ccmprimento total do ovo. Em primeiro lugar ocorre a emergencia
da cabeca. Decorridos nao mais do que dez minutos, contados a partir
do inicio da formacao da fenda, conclui-se a eclosao corn a saida do res-
tante do copo. Nas condicoes de laboratorio, em que tern sido obser-
vado, esse processo ocorre durante o periodo noturno.
Linhas atras fizemos referenda as variacoes observadas no tempo
de incubaciio.
ocorrendo dentro da mesma especie, ainda que em con-
dicoes semiilhantes. As evidencias disponiveis ate o momento, embora
escassas, permitem supor que traduzam a existencia de fenomeno de
quiescencia Em outras palavras, trata-se da presenca de d/apausa, ou
seja, de pai ada do desenvolvimento embrionario ate que estimulo apro-
priado o reEte e se processe a eclosao. 6 o que parecem indicar as obser-
vacoes de Lindquist107 (1936) corn Lutzomyia diabolica, na regiao neartica,
o qual verificou que os ovos desse flebotomineo podiam permanecer em
estado de cuiescencia por periodo de 167 dias, nas condicoes de labo-
ratorio. de se supor que se trate de mecanismo de resistencia a presen-
ca de condicoes adversas ao desenvolvimento. Dessa maneira, devera
manifestar-se mais intensa e frequentemente, em regioes onde as esta-
coes do and sao bem marcadas e assim seria para as especies all exis-
tentes, um dos possiveis mecanismos de hibernacao. Contudo, tem-se
obtido dados que permitem suspeitar a sua presenga tambem entre re-
presentantei; de areas tropicais. Nesse particular, Johnson e Hertig"
(1961), trabiilhando corn fauna do Panama, verificaram que, em varios
cultivos de Isychodopygus panamensis originarios de ovos obtidos de fe-
meas coletadas durante o periodo seco do ano, as eclosoes iniciavam-se
nos prirneiros nove a dez dias. No entanto, depois de tres a quatro se-
manas, estaido a maioria das larvas
JE>
no quarto estadio e mesmo corn
a presenca de pupas, apareciam algumas novas larvas de primeiro esta-
dio, recem-eclodidas. Os mesmos autores puderam observar, em cultivo
de Psychodopygus guyanensis, o aparecimento de uma dessas formas,
trinta e seis dias apos ter sido levada a efeito a postura. Desde que as
demais larv.is, em ambas as especies, tinham eclodido em tempos nor-
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
125
mais e as condicoes permaneceram as mesmas, tudo leva a crer que se
tratava da presenca de alguns ovos em diapausa.
RESISTENCIA
BIOLOGIA 127
que representariam, genericamente falando, a iminencia de perigo ou de
ameaca a vida da larva. Corn maior freqiiencia, tais fenomenos tern sido
observados nos primeiros estadios.
Durante a movimentacao, as cerdas caudais oscilam continua e as-
sincronicamente, em sentido antero-posterior. Atribui-se a esses apen-
dices, alem da funcao tatil, a de deslocar corpos estranhos que se fixem
sobre o corpo larval, em especial na cabeca,
ALIMENTA^AO
BIOLOGIA
129
Essa classificacao esta longe de ser definitiva, pois, como assinalam
os proprios autores supracitados, alguns dos flebotomineos observados
por eles, nao se incluem rigidamente nessas categorias. o caso de
Lutzomyia gomezi que possui ovos de casca grossa, larva corn cerdas
caudais curtas e que pode permanecer na superficie do meio de cultivo.
Por outro lado, Viannamyia turcata apresenta cerdas caudais longas e fre-
qiienta as camadas profundas do meio onde se desenvolve.
CRESCIMENTO
Curasao
BIOLOGIA
131
dio sobrevivem quatro dias submersas na agua, sendo de doze dias o pe-
riodo de sobrevivencia, nas mesmas condicoes, para aquelas de quarto
estadio. Nesse caso chegaram a iniciar a ecdise dentro do meio liquido,
mas nao conseguiram se liberar completamente da exuvia. No entanto,
assim que removidas para superficie de papel de filtro umedecido, a
muda concluia-se prontamente.
Quanto
aos baixos graus de umidade, e opiniao concorde que a sua
influencia e ainda mais prejudicial. A dessecacao leva facilmente as lar-
vas a morte, de maneira tanto mais rapida quanto mais inicial for o estadio.
0 tempo nao ultrapassa o de uma hora de progressive dessecamento do
meio de cultivo.
lluminagao
BIOLOGIA
133
3 a 5C durante dez a doze dias. Submetendo essas formas a varies esti-
mulos como a imersao e enriquecimento alimentar do meio, o abaixa-
mento e a elevacao da temperatura, somente o ultimo mostrou capaci-
dade de provocar a retomada do desenvolvimento. Por conseguinte, o
citado autor chegou as seguintes conclusoes.
a) A diapausa da larva de quarto estadio e facultativa. Embora o
abaixamento da temperatura possa induzi-la, ela pode ocorrer em gera-
coes submetidas a condicoes otimas em relacao a esse fator e a atimen-
tacao, o que parece indicar a acao de elementos intrinsecos ainda mal
conhecidos.
b) A prevalencia da diapausa entre as larvas de quarto estadio,
.parece estar nitidamente associada corn a geracao e a temperatura. A
primeira geracao, diretamente descendente de populacao hibernante, nao
produziu larvas em diapausa. Nas duas seguintes, ocorreram, mas em
proporcoes diferentes, de acordo corn as
conduces
termicas. Assim, a
25C foi de 20% para a segunda geracao e de 56,5% para a terceira.
A 22C, as proporcoes foram de 51,9 e 59,2, respectivamente, mostrando
assim, discrepancia bem menor e, por conseguinte, acentuada influencia
da temperatura.
c) Nesses flebotomineos californianos as formas larvais em dia-
pausa nao permaneceram em estado de torpor, ou seja, de quiescencia
astenobiotica. Continuaram a alimentar-se, embora menos do que o nor-
mal, e a eliminar pequena quantidade de materia fecal. 0 fenomeno foi
observado em larvas provenientes de ovos, originarios tanto de femeas
criadas em laboratorio como capturadas na natureza e sua retencao pro-
longada no abdomen materno, nao influenciou no aparecimento da
diapausa.
Quanto a regiao neotropical as primeiras
observances
foram de auto-
ria de Barretto".
19. 20
(1941, 1942) e referem-se a Psychodopygus whit-
mani. Notou esse autor, a entrada em diapausa, das larvas de quarto es-
tadio desse flebotomineo, as quais assim interrompiam a sua evolucao,
permanecendo em estado de torpor por tempo mais ou menos longo.
Embora tenha sido observada um tanto raramente em suas criacoes de
laboratorio em algumas das culturas, a proporcao de larvas quiescentes
atingiu a cifra de 47,6% e a duracao variou de noventa e sete a duzentos
e tres dias. 0 fenomeno foi notado em descendentes de femeas, tanto
criadas em laboratorio como capturadas diretamente na natureza. A
entrada em diapausa mostrou-se independente das condicoes de tempe-
ratura, umidade, alimentacao e tempo de permanencia dos ovos no abdo-
men feminino. Per outro lado, a saida desse estado, tambem foi obser-
"ada de maneira espontanea e independentemente daqueles fatores.
Operando em condicoes tao favoraveis quanto possfvel, a ocorrencia da
astenobiose foi observada de maneira irregular e acfclica.
A verificacao da diapausa larval foi tambem assinalada em Lutzo-
myia longipalpis, por Sherlock e Sherlock11" (1959), corn ou sem a pre-
senca de astenobiose, e em varias especies do Panama, por Johnson e
Hertig87 (1961). Estes ultimos atribufram o aparecimento da quiescencia
134
ENTOMOLOGIA M^DICA
nas larvas
d( quarto estadio, as condicoes adversas do ambiente, prin-
cipalmente a falta de umidade. Em cultura de Psychodopygus panamensis
que produzirii adultos e que tinha sido descuidada a ponto de ocorrer
abaixamento no teor de umidade, ainda permaneciam larvas de quarto
estadio apos duas semanas. Umedecendo o cultivo em questao, verifi-
caram esses autores que algumas dessas formas, imoveis e aparentemen-
te dessecadsis, retomavam o desenvolvimento, pupavam e produziam
adultos.
Tudo indica que os flebotomineos possuem a propriedade de dia-
pausa no quirto estadio larval. Tal fenomeno, que se traduz pela parada
no desenvolv mento e que pode ou nao estar acompanhada de quiescen-
cia ou astenobiose, parece ser devido, fundamentalmente, a fator intrin-
seco, muito orovavelmente de origem genetica. Os fatores extnnsecos
exerceriam alguma acao desencadeante ou seletiva e, dessa maneira, a
especie teria meios que Ihe possibilitariam a resistencia e a ultrapassa-
gem dos per odos de condicoes adversas.
PUPAOAO
BIOLOSIA
135
sanguinarius, normalmente, nao pupavam em intima proximldade umas
das outras. Em urn lote de criacao corn elevada densidade, os citados
autores observaram que as primeiras formas larvais que iniciaram a pu-
pacao, subiam pelas paredes do vaso, em grande numero, e terminavam
por morrer dessecadas nos niveis superiores e na mousseline que cbbria
a boca do vasilhame. Por outro lado, em Lutzomyia gomezi verificaram
a pupacao em conjunto, em grupos de cinco ou seis larvas, mantendo-se
encostadas umas as outras. E em Psychodopygus panamensis, apesar
das formas pre-pupais abandonarem ativamente o meio e subirem pelas
paredes do vaso, nunca iam a alturas em que elas ou as pupas estives-
sem em risco de dessecacao.
Uma vez escolhido o substrata soiido, as larvas iniciam o processo
de pupacao, eliminando todo o seu conteudo intestinal e perdendo, gra-
dativamente, a mobilidade. Nessa oportunidade, pode-se observar, por
transparencia, os caracteres morfologicos da pupa. Esta se liberta atra-
ves de fenda longitudinal mediana que se forma na regiao dorsal, ini-
ciando-se atras da capsula cefalica. A pupacao ocorre preferentemente
a noite e os movimentos de flexao e extensao sao suficientes para a ex-
pulsao da pupa atraves da fenda. 0 fenomeno, em sua totalidade, dura
cerca de quinze minutos (Barretto20, 1942).
PUPA
Este estadio caracteriza-se pela retencao da ultima exuvia larval,
que permanece presa a sua extremidade posterior. Logo apos a muda,
apresenta-se corn coloracao esbranquicada. Essa tonalidade tende ao
escurecimento, decorridas algumas horas, tornando-se um tanto amare-
lada, mais ou menos intensamente de acordo corn a especie. A medida
que se aproxima o termino do periodo pupal, o torn escuro torna-se mais
pronunciado, atingindo o maximo na fase que precede imediatamente a
saida do adulto.
Normalmente, as pupas de flebotomineos assumem posicao erecta,
fixadas ao substrate pela extremidade posterior. Permanecem em atitude
de imobilidade, sem se locomoverem, e somente executando movimentos
bruscos de flexao e de extensao, quando estimuladas, como no caso de
contato corn corpo estranho. Essa reatividade e maior nas fases iniciais
do periodo pupal, ocasiao em que as respostas motoras bruscas podem
ser obtidas apenas pela exposicao a luz (Chaniotis31, 1967).
As pupas sao mais resistentes as variacoes do teor de umidade, do
que as larvas e ovos. Podem sobreviver sem contato corn a agua e a 75-
100% UR (Chaniotis81, 1967). Corn relacao a Lutzomyia longipalpis, a
imersao na agua por curto espaco de tempo nao afeta estas formas ima-
turas. Porem, se prolongada ate quatro dias, verifica-se, como resultado,
ligeiro aumento do periodo pupal. A mesma acao dilatadora pareee ter
o abaixamento dos niveis de temperatura (Sherlock e Sherlock167, 1959).
As formas pupais nao se alimentam e sua respiracao e aerea, pro-
cessando-se atraves de espiraculos. 0 periodo pupal, em condiyoes fa-
voraveis, tern a duracao de pouco mais de uma a duas semanas. A se-
136
ENTOMOLOGIA MEDICA
melhanca do que ocorre corn o periodo de incubacao dos ovos, a tempe-
ratura tern influencia marcante no tempo pupal. A duracao deste e inver-
samente proporcional ao nivel daquela, como foi demonstrado para va-
rios dipteros sm geral e para os flebotomineos em particular (Davidson",
1944; Scorza, Gomez e Ramirez157, 1968). Os dados obtidos em criagoes
de laboratorii) de especies americanas acham-se expostos na Tabela 4.1.
CRIADOUROS NATURAIS
Os resullados disponiveis sobre os criadouros naturals de flebotomi-
neos sao ainda deficientes. Pelo tipo de biologia das formas imaturas,
isso e compniensive], face as dificuldades de isola-las do substrate onde
se desenvolvcm e que e representado, de maneira geral, pelo solo. Este,
em virtude ds sua propria natureza, dificilmente e limitado, pelo menos
de modo que pudesse ser comparavel ao que se observa corn uma cole-
cao Ifquida. Dessa maneira, os achados levados a efeito ate agora, ca-
racterizam-se por serem relativamente escassos e pouco rendosos. Em
outras palavr.is, os locais de desenvolvimento mostram aspecto bastante
esparso e sulpicado, alem de as formas ali encontradas nao serem
abundantes.
As primiiiras
observances
sobre o assunto foram concernentes a
especies do velho mundo; desde o primeiro encontro relatado por Grass!6
(1908) e as irvestigacoes, ja antigas, levadas a efeito na regiao do Medi-
terraneo, na India e no Sudao (Marett117.
"8. ,
1910, 1913, 1915; News-
tead"2, 1911; Howlet82, 1913; King93. 94, 1913, 1914; Mitter130, 1919; Whit-
tingham e Rook"", 1923). 0 desenvolvimento da tecnica de flutuacao,
na pesquisa
jessas
formas imaturas, permitiu que, em regioes da India,
IVlcCombie-Ydung, Richmond e Brendish121 (1926); Shortt, Smith e Swa-
minath"1,
1ra
(1930, 1932) e Smith, Mukerjee e Lal179 (1936), obtivessem
maiores conhecimentos sobre o assunto, gracas ao encontro mais abun-
dante de lanias e pupas, principalmente de Phlebotomus argentipes e P.
papatasi. En relacao a estes flebotomineos, tais investigacoes permiti-
ram evidenci.ir aspectos de importancia epidemiologica, pelas possiveis
relacoes de neus criadouros corn o ambiente domiciliar humano. Ainda
em outras areas europeias, africanas e asiaticas, foram relatados varies
encontros, referentes a diversas especies e em multiples ecotopos que
servissem de sede a esses criadouros. Tais achados variaram bastante
no que tocou ao seu rendimento. Eis que, ora assinalaram numero regu-
lar de larvas. e pupas (Jerace4, 1939; Vanni191, 1940; Wanson195, 1942;
Najera131, 1!)45-46; Petrishcheva ", 1965), ora registraram resultado
praticamente nulo nesse sentido (Quate"", 1964). Em alguns casos
tern sido possivel estabelecer nocoes mais firmes sobre o assunto, corn
consequente implicacoes epidemiologicas. Tais sao os encontros feitos
na regiao de Sebastopol, URSS, onde mais de cinqiienta por cento das
formas situa\am-se no pavimento dos domicllios humanos e dos abrigos
de animais (lomesticos
(Petrishcheva e Izyumskaya16, 1941). Aspectos
analogos foriirn tambem registrados no Ceilao e na India (Carter e Anto-
nipulle26, 1949; Ghosh67, 1950).
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE ~ BIOLOQIA
137
Nas Americas em geral e na regiao neotropical em particular, pode-
se dizer que as observacoes sobre os criadouros naturais de flebotomi-
neos sao igualmente escassas. Os achados levados a efeito ate agora,
revestem-se do mesmo aspecto ja assinalado para outras areas. De ma-
neira geral, pouco se conhece sobre o assunto. Constituem certa exce-
cao a essa regra, as investigacoes em larga escala levadas a efeito no Pa-
nama, por Hanson" (1961). Esse autor utilizou a tecnica do exame de
amostras mediante o processo de flutuacao em solucoes de acucar, se-
guida de tamizacoes atraves de peneiras dotadas de malhas variaveis.
Assim procedendo, conseguiu evidenciar, corn bastante probabilidade, os
criadouros de algumas especies de importancia epidemiologica, como
Psychodopygus trapidoi, P. panamensis e P. yiephiletor. Nas linhas que
seguem serao abordados os conhecimentos disponiveis ate o momento,
nas areas neotropicais.
AMBIENTE EXTRADOMICILIAR
tre-
cho de solo florestal, sob arbustos, onde foi encontrado
criadouro de f sychodopygus intermedius (segundo Fo-
rattini2, 1954).
vegetais diversos, restos de artropodes, fezes de animais e humus em
geral. Tais e;6topos sao freqiientados por comunidade animal muito va-
riada, na qua I podem ser assinalados representantes de moluscos, arac-
nideos, lepidipteros, ortopteros, dfpteros e tambem vertebrados, como
repteis e peqjenos mamiferos. Os flebotomlneos parecem constituir par-
te da comunidade em estudo, e a captura de formas adultas desses psi-
codideos em tais ambientes, tern sido assinalada corn bastante freqiiencia.
SUBFAMiLlA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
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142
ENTOMOLOGIA M6DICA
Os encontros mais abundantes, nos locais representados pela base
das arvore corn raizes tabulares, sao de autoria de Hanson70 (1961).
Esse autor levou a efeito extensas pesquisas em regioes florestais do
Panama, ccnseguindo coletar o total de 2123 formas imaturas, represen-
tadas por larvas e pupas de, pelo menos, onze especies (Tabela 4.2).
A maioria fi)i encontrada nos cinco centimetres superficiais do solo, e so-
mente algu-nas se localizavam ate dez centimetros de profundidade.
Contudo, apesar dos achados, foi pequena a correlacao corn o resul-
tado da coleta de adultos nesses ecotopos. Somente foram encontradas
treze larvas de Lutzomyia trinidadensis e nenhuma de /-. shannoni, em-
bora esses flebotomineos fossem dos mais abundantes nas capturas lo-
cals de alados. Por outro lado, apesar de durante varies anos de coleta
entre raize:; terem comparecido apenas cinco adultos de Brumptomyia
hamata, 76.5% das larvas coletadas e identificadas, pertenciam a essa
especie. Dsconhece-se ainda explicacao satisfatoria para o fato. Pode-
se argumentar que as larvas de algumas especies possuem acentuada
tendencia se aprofundarem no meio de criacao e, em vista disso, nao
seriam facilmente surpreendidas nas camadas superficiais dos criadouros
(Johnson e Hertig87, 1961). Todavia, como assinalou Hanson70 (1961)
se
para Lutzomyia trinidadensis isso poderia servir de explicacao, o mesmo
nao ocorre em relacao a Brumptomyia hamata. Isto porque as larvas desta
ultima, emtora no laboratorio mostrassem tendencia a se aprofundarem,
na naturezc foram encontradas principalmente nos cinco centimetros su-
perficiais das amostras colhidas.
Ainda ;om relacao a presenca de criadouros naturals de flebotomi-
neos assoc ados corn arvores, merecem citacao os encontrados em ocos,
depressoes e buracos de tronco. Tais sao os de Hanson70 (1961) e That-
cher"" (19E8) no Panama e os de Sherlock"6 (1962) no Brasil. Embora os
achados neo trouxessem muita luz sobre o assunto, indicam a presenca
de ecotopos semelhantes aos encontrados entre as raizes tabulares que
podem tambem servir de habitat para algumas especies de flebotomineos.
Tocas Ie animals
BIOLOGIA
143
a discrepancia entre o achado de larvas e a captura de adultos. Assim
e que, o mesmo supracitado autor refere os resultados negatives em rela-
cao as formas imaturas de Lutzomyia triramula, embora os corresponden-
tes adultos sejam freqiientes nesses ecotopos. Trata-se de habitat que
deve ser objeto de maiores investigates, pois nele, o encontro de fle-
botomineos alados e bastante comum. Nos mesmos tivemos oportuni-
dade de observar esse fato em relacao ao genero Brumptomyia, que en-
contramos corn relativa frequencia em tocas de tatus, e de roedores na
regiao ocidental do Estado de Sao Paulo, Brasil (Figs. 40 e 41).
Roc/ias
algumas localiza-
coes de chiqueiros (indicados pelas setas), em relacao as casas de moradia; Figs. 51 e
52
BIOLOGIA
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148
ENTOMOLOQIA M6DICA
com grande capacidade de se ocultar no meio de cultivo, o que faz corn
que sejam consideradas como contaminantes dos mais perigosos das
culturas mantidas em laboratorio (Sherlock e Sherlock187, 1959).
FORMAS ADULTAS
Chegado o momento da eclosao, a forma adulta de flebotomineo
liberta-se atraves da fenda longitudinal mediana, que se produz ao longo
da face dorsal da pupa. Por essa abertura, emerge primeiramente o t6-
.
rax, seguido pela cabeca e depois pelas asas, pernas e, finalmente, o
abdomen. 0 processo de saida e geralmente noturno e requer, segundo
observacoes de laboratorio, tempo variavel de quinze a trinta minutos.
Logo apos a libertacao, o adulto mantem-se pousado e pouco reati-
vo aos estimulos, porque necessita de tempo para que se processe o en-
durecimento da quitina que o reveste, possibilitando-o assim para o voo.
Da mesma maneira, durante essa fase da-se a rotacao de 180 da geni-
talia masculina externa. Este ultimo fen6meno, gasta cerca de doze Do-
ras a 25C, prolongando-se um pouco, quando as condicoes de tempera-
tura se mantem em niveis mais baixos (Chaniotis", 1967). i
Tem-se assinalado que os individuos masculines nascem antes dos
femininos. Segundo observacoes de Chaniotis81 (1967) corn colonias de
Lutzomyia vexatrix occidentis, no primeiro dia de emergencia, a propor-
cao foi de 83 machos para 21 femeas, passando a ser de 18 e 33, durante
o periodo final, compreendido entre os sexto e decimo dias. Isso apenas
traduz fen6meno analogo admitido para outros nematoceros, como os
culicideos, e que 6 atributdo ao fato do periodo larval feminino ser maior
do que o correspondente masculino. Como regra geral, admite-se tam-
bem que a proporcao entre os sexos seja semelhante, isto e, inclua o
equivalente a cerca de 50% para cada um deles.
ABRIGOS
Pelo acima exposto, compreende-se que o periodo de pouca mobili-
dade que se segue ao nascimento do adulto, represente certo perigo para
sua sobrevivencia. Em vista disso, na natureza a presenca de formas
aladas nessa fase somente pode ser observada em locais que estejam, o
mais possivel, ao abrigo dos varies tipos de agressoes.
Logicamente, tais esconderijos deverao localizar-se proximo aos cria-
douros e, a populacao de formas adultas neles encontrada, devera en-
cerrar elevada proporcao de machos. Porem no caso especial dos fle-
botomineos, bem como dos psicodideos em geral, e necessario levar em
consideracao certos aspectos particulares.
6 ponto pacffico que estes dipteros constituem grupo de insetos bas-
tante primitive. Como fazendo parte de suas caracteristicas gerais, pode-
se assinalar o pequeno porte, as pernas delgadas e pouco funcionais,
o reduzido poder de voo continue e, o que e mais importante, a pequena
espessura da cuticula. Corn efeito, o aspecto delgado desse
revestimen-(
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
-149
to quitinoso faz corn que a superficie corpora] se torne bastarrte permea-
vel. Isso expoe esses dipteros, de maneira sensivel, as mudancas que
possam ocorrer no meio ambiente. Entre estas, sobressai pela sua im-
portancia a que corresponde ao teor de umidade. Dai, a feigao peculiar
no comportamento dos flebotomtneos, e que consiste em se manterem
escondidos em locais confinados, como sejam fissuras, escavacoes, gru-
tas, espacos subjacentes, etc., onde o microclima possa oferecer elemen-
tos favoraveis que os protejam da dessecacao. De tais abrigos somente
saem quando por sua vez as condicoes macroclimaticas se tomam igual-
mente satisfatorias. Estes dtpteros sao considerados como pertencendo
ao grupo ecologico dos criptozoarios, ou seja, o daqueles animais que
vivem grande parte da vida escondidos em abrigos umidos, abandonando-
os somente nas ocasioes de mudanca das condicoes ambientes, princi-
palmente quando ocorre aumento da umidade relativa (Scorza e cols
1968).
Pode ocorrer que o mesmo tipo de abrigo venha a servir para ambos
os sexos, como local de repouso apos o nascimento e, para as femeas,
corn identica finalidade, apos a Tealizacao do repasto sanguineo. Em
outras palavras, pode-se admitir que, pelo menos para varias especies,
os adultos permanecem nas proximidades dos criadouros, ali copulam, e
os individuos femininos aguardam a oportunidade de exercer a hemato-
fagia. Assim e que Hanson70
(1961) observou as femeas de Psychodopy-
gos yiephiletor abrigarem-se durante o dia, nos espacos existentes entre
as folhas cafdas no solo florestal que, por sua vez, tambem Ihes serve de
criadouro.
No entanto podem existir verdadeiros abrigos, dissociados dos lo-
cais de desenvolvimento das formas imaturas, e que sao utilizadps pelas
femeas em funcao de seus habitos de hematofagia. 6 o que parecem ter
observado Thateher e Hertig188 (1966) no Panama, em ocos de arvores.
Um desses esconderijos servia para albergar pequena colonia de morce-
gos frugfvoros, juntamente corn regular numero de representantes de
Lutzomyia vespertilionis. Estes, porem, na sua grande maioria, ali per-
maneciam somente durante as horas luminosas do dia, ocasiao em que
boa parte dos individuos femininos podia ser capturada engurgitada. Corn
o cair da noite, os flebotomineos desapareciam do abrigo, provavelmente
corn o proposito de procurar locais adequados para a realizacao das
.
\ ituras. Da mesma forma, esses autores observaram que o Psychodopy-
gos nordestinos e P. runoides, deixavam de ser encontrados em tocas de
dasipodideos e de roedores, logo que estes animais as abandonavam.
Em conclusao e quanto aos lugares de abrigo, deve-se considerar
que, de acordo corn o ecossistema considerado, podem ser da mais va-
riada natureza. Seria longa, e provavelmente incompleta, a lista que
fosse feita corn a tentativa de enumera-los. Podem ser citados habita-
iculos
como tocas e ninhos de animais, fendas e locais entre e sob rochas
e rabes arboreas, folhas, tanto de arbustos como as acumuladas no solo,
|troncos de arvores dotados de casca suficientemente grossa e desenvol-
vida para dar lugar a formacao de numerosas gretas e espacos subja-
centes. De maneira geral, como ja nos referimos, parece haver diferen-
150
ENTOMOLOQIA MEDICA
gas quanto a escolha, na dependencia da area em questao. Nas regioes
deserticas ou descampadas, corn pouco revestimento vegetal, as escava-
coes e as tocas de animais no solo, oferecem maior possibilidade de pro-
tecao e de microclima constantes. Por esse motivo, em tais situacoes, e de
se admitir que os flebotomineos encontrem ali, habitaculos corn as condi-
coes necessarias para a sobrevivencia. 6 o que se observa corn as especies
que habitam frequentemente as tocas de roedores Citellus beecheyi, na
California, Estados Unidos, para citar apenas exemplos referentes ao
Continente Americano (Chaniotis e Anderson32, 1968). Por outro lado, em
ambientes dotados de abundante vegetacao, como e o caso das florestas
das regioes centro e sul-americanas, esse fato parece nao ser muito co-
mum e os flebotomineos sao frequentemente encontrados em locais mais
expostos, tais como frinchas das cascas de troncos arboreos e amontoa-
dos de folhas caidas no solo. o que fern sido comumente assinalado
em varias investigacoes, como as mais recentes, levadas a efeito em flo-
restas de Honduras Britanica (Williams199. 203, 1965, 1970; Disney50, 1968).
Pelos dados atualmente disponiveis, pode-se resumir o aspecto ge-,
ral dos abrlgos naturais de flebotomineos, da maneira seguinte:
ABFUGOS NATURAIS DE FLEBOTOMINEOS
i
Condicoes microclimaticas
Regioes deserticas,
semideserticas, corn
vegetacao reduzida
ou pobre.
Regioes florestais, corn
cobertura vegetal abundante,
Ambientes restritos
e protegidos.
Escavacoes e tocas
de animais.
Ambientes mais amplos
e mais expostos.
i
Troncos de arvores,
amontoados de folhas
caidas no solo.
Compreende-se, pois, que o estudo do microclima existente nos abri-
gos, revista-se de relevante importancia para o conhecimento da ecolo-
gia destes dipteros. As variacoes que ocorrem em tais condicoes micro-
climaticas, relacionadas ou nao corn as correspondentes ao macroclima,
encerram a explicacao do comportamento das formas adultas, principal-
mente no que diz respeito a sua atividade.
A esse respeito, e no que toca a regiao neotropical, as investigaco.
mais extensas feitas ate o momento, foram levadas a efeito em zona flo-
restal umida do Estado de Aragua, no Norte da Venezuela, area de altitude
variavel de 1 045 e 1 200 metres acima do nivel do mar. Essa regiao carac
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
151
teriza-se por densa vegetacao, composta fundamentalmente de estratos
constituidos por individuos arboreos corn exemplares de ate trinta me-
tros de altura, palmeiras e arvores menores que atingem porte de seis a
dez metros, e revestimento arbustivo e rasteiro, ao nivel do solo (Scor-
za e Ortiz153, 1960; Scorza, Ortiz e Ramirez155, 1967). Naquele local as
investigacoes iniciais sobre as condicoes microclimaticas dos abrigos de
flebotomineos revelaram poucas diferencas corn as do ambiente em ge-
ral, pelo menos quanto a temperatura e umidade. Corn efeito, no que se
refere a primeira, os valores microclimaticos foram de 18C, mais ou me-
nos 2,75C, contra variacao media ambiental de 4,8C.
Quanto a umi-
dade relativa, o microclima revelou menor variabilidade, pois o valor en-
contrado de 75% oscilou de 8,5% para mais ou para menos, contra flutua-
coes de 17% correspondente ao macroclima. Corn a finalidade de estabe-
lecer quais dos fatores do microclima entrariam em jogo de maneira pon-
deravel no estabelecimento de abrigos para flebotomtneos, Scorza e
cols156 (1968) procuraram investigar as possiveis acoes de varies deles,
nos habitaculos situados no citado ambiente florestal. Conseguindo des-
tacar a influencia da temperatura, umidade relativa e teor de gas carbo-
nico, os mencionados autores chegaram as conclusoes que serao expos-
tas a seguir. Partiram de conhecimentos previos mostrando que, na area
em estudo e durante a estacao seca, nao se observavam flebotomineos
nos mesmos locals em que eram encontrados durante o periodo chuvoso.
Alem disso, pelo menos alguns dos abrigos naturals tambem serviam
como criadouros. Constatados esses fatos, e corn os dados, obtidos du-
rante um periodo anual, foi posstvel estudar essas condicoes antes e de-
pois das chuvas, e verificar provaveis correlacoes entre os valores me-
dios referentes aos varios abrigos (biotopos), e o numero total de flebo-
tomineos neies encontrados. De tais analises puderam concluir que:
1) durante a estacao seca, a temperatura nos biotopos e maior
que a do meio ambiente externo, o qual, por sua vez, aumenta por oca-
siao da estacao chuvosa, ao mesmo tempo que decresce ligeiramente a
temperatura;
2) durante a estacao seca, a umidade relativa nos biotopos e sem-
pre maior do que a do ambiente circunjacente. E, mesmo corn o adven-
to da epoca das chuvas, eleva-se em nivel superior;
3) nesses micro-habitats, as citadas variacoes ocorrem de maneira
um tanto diferente. Enquanto as mudancas de temperatura se fazem
gradualmente, a elevacao da umidade relativa e brusca. Dessa maneira,
se a temperatura se mantem mais ou menos estavel durante todo o ano,
a umidade sofre acentuadas modificacoes, as quais constituiriam fator
ponderavel que provocaria o aparecimento dos flebotomineos;
4) por sua vez, a analise de possiveis correlacoes entre os valo-
res
medios dos dados microclimaticos, nos varios biotopos pesquisados,
[e
o numero total de adultos encontrados, revelou que elas existem em
grau elevado corn os fatores referentes ao teor de gas carbonico, a umi-
dade relativa e a temperatura. Enquanto e inversamente proporcional
em relacao ao primeiro, no que concerne a umidade, a sua influencia
parece
se fazer acentuadamente em sentido direto;
152 ENTOMOLOSIA MEDICA
5) a umidade relativa e, assim, o principal fator que permite a ma-
nutencao dos flebotomineos em seus habitaculos. A sua persistencia
nesses biotopos, durante a epoca seca do ano, garante a sobrevivencia
das larvas e pupas que ali se encontram. Ao cairem as primeiras chuvas,
ocorre o aumento da umidade do meio ambiente, corn o conseqiiente nas-
cimento dos adultos que assim aparecem nessa estacao;
6) na sobrevivencia, tanto das formas imaturas como das aladas,
durante todo o periodo anual, influi tambem a temperatura, gramas a sua
estabilidade nos abrigos, ou seja, mantendo-se mais elevada na epoca
seca e mais baixa na chuvosa. Por sua vez, a concentracao de gas car-
bonico, exerce acao limitante sobre o tamanho da populacao fle-
botominica.
Tais
observances
feitas em condicoes naturais, vieram confirmar, em
linhas gerais, aquelas obtidas atraves das criacoes de
laboratory.
Em
outras palavras, demonstraram a caracteristica de estenoldricidade, isto
e, de pequena tolerancia as flutuacoes que abaixem sensivelmente o teor
de umidade relativa do ambiente onde vivem. Corn efeito, nos varies bio-
BIOLOGIA
153
diferencas entre faunas de areas secas e umidas, Dolmatova52 (1949) apli-
cou a flebotomineos de varias procedencias, o indice espiracular propos-
to originariamente por Vinogradskaya192.
"3
(1941, 1948) para anofelinos.
No conceito desses autores, esse indice expressa a relacao percentual
entre os valores correspondentes aos comprimentos do oriffcio de aber-
tura do espiraculo anterior e do mesonoto. Assim, pode ser resumido
da seguinte maneira:
indice espiracular comprimento do espiraculo anterior
(de Vinogradskaya) ==
x 100
comprimento do mesonoto
Desse modo, foram comparados Os resultados obtidos em fleboto-
mineos brasileiros procedentes do Rio de Janeiro e de Belem, onde as
precipitacoes atmosfericas sao elevadas, corn representantes encontrados
em regioes secas da URSS. Os resultados obtidos constam da Tabela 4.4.
indice espiracular de Vinogradskaya caicuiado para flebotomfneos
neotropicais e palearticos
(segundo Dolmatovas2, 1949).
Precipitacao
Regiao atmosferica indice
Especies anual (mm) espiracular
Brasil
Rio de Janeiro Indeterminadas 1000 7, 80
Belem indeterminadas 2000 8, 29
URSS Phlabolomus papatasi 119/183-341 6, 64
-
6. 13
Grupo minutus 119-183 6, 93
P. perniciosus tobbi 518 7, 14
P. major 545 7, 43
Corn base em tais resultados, Dolmatova62 (1949) considerou como
especies xerofilas as encontradas nas regioes secas da URSS, e que
apresentavam indices espiraculares menores do que as procedentes das
areas umidas do Brasil. Tal fato foi interpretado como resultado de adap-
tacao as variacoes de umidade relativa.
Esse mesmo assunto foi objeto de investigacoes na regiao Norte da
\
Venezuela, na mesma area florestal mencionada em paragrafos anteriores,
por parte de Scorza, Ortiz e McLure154 (1963) que investigaram as varia-
coes estacionais na populacao de flebotomineos, incluindo a ocorrencia
de adaptacoes morfologicas as mudancas de estacoes climaticas. Para
observar estas ultimas, levaram a efeito medidas dos machos encontrados
154
ENTOMOLOGIA MEDICA
nos abrigos, por serem mais abundantes do que as femeas. Para cada
especimen, os estudos biometricos foram feitos estimando o tamanho pela
medida do comprimento mesonotal, levantando o indice de Vinogradskaya,
alem de outro indice esplracular, ideado pelos citados autores. Este con-
siste em calcular a relacao entre os valores correspondentes ao compri-
mento e largura do orificio espiracular anterior, ou seja:
Indice espiracular
comprimento do espiraculo anterior
(de Scorza, Ortlz e McLure)
largura do esplraculo anterior
Tais dados foram comparados e correlacionados corn as medidas
microclimaticas feitas concomitantemente.
Como resultado das supracitadas investigacoes, verificou-se que
quanta ao tamanho individual, avaliado atraves do comprimento do meso-
noto, nao houve relacao corn as variacoes de temperatura e umidade.
Por outro lado, porem, existiu correlacao entre essas ultimas e a corres-
pondente ao indice espiracular, este calculado pela relacao entre compri-
mento e largura do espiraculo anterior. Assim e que, a medida que baixa
a temperatura e diminui a umidade relativa, esse orificio toracico tende a
se tornar mais curto e mais ovalado ou mesmo circular. Em conclusao,
admite-se que, pelo menos para os machos de Lutzomyia cayennensis e
L. townsendi, na area florestal investigada, devam existir lormas estacio-
nais adaptadas as mudancas das condicoes climaticas as quais podem ser
reconhecidas atraves da determinacao dos respectivos indices espiracula-
res. Estes, por sua vez, revelam que as formas da estacao chuvosa apre-
sentam aberturas espiraculares mais dilatadas do que as da epoca seca.
E e facilmente compreensivel que essa adaptacao se faca pela necessida-
de de maior protecao contra o dessecamento e maiores variacoes do mi-
croclima (Scorza, Ortiz e McLure1"1, 1963).
Tais fatos sugerem que, pelo menos de algum modo, os flebotomi-
neos sao dipteros dotados de certa plasticidade morfologica, a qual con-
tribui para ajustar os seus organismos as condicoes desfavoraveis, cons-
tituindo-se, assim, em valioso mecanismo na capacidade de adaptacao
desses animais ao meio ambiente.
Ainda quanto a questao dos abrigos, assume apreciavel importancia
epidemiologica o aspecto artificial que tais esconderijos poderiam apre-
sentar. Trata-se da possibilidade dos flebotomfneos penetrarem e per-
manecerem, por tempo mais ou menos longo, no interior das habitacoes
humanas e suas dependencias. Certamente tais fatos constituem parte
de processo adaptativo que leva a inicial aproximacao e posslvel subse-
qiiente instalacao no ambiente humano, incluindo, alem de outros, aspec-
dos de implantacao de criadouros nesses habitats, como descrito em pa-
ragrafo anterior. Isso levou alguns autores, como Barretto21 (1943), entre
nos, a considerar, sob esse ponto de vista, tres categorias gerais de fle-
botomineos, a saber: os domesticos, os semldomSsticos e os silvestres.
Nas areas neotropicais, pelos dados atualmente disponiveis, nao se pode
ainda falar em domestlcidade estrita por parte destes dipteros, embora
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOQIA
155
tenham sido encontrados corn freqiiencia, nos domicilios humanos. Este
assunto sera objeto de consideracoes mais detalhadas em paragrafo
adiante. De qualquer maneira, parece que a fauna estritamente silvestre
apresenta bastante dificuldade para utilizar abrigos artificials. Pelo
menos 6 o que sugerem as verificacoes feitas em ambientes florestal do
Panama, por Thatcher e Hertig1" (1968); em varies desses esconderijos,
como restos de construcoes pre-existentes, ao lado de outros erigidos es-
pecificamente para essas observances,
raramente foi possivel surpreender
a presenca de flebotomineos.
FREQUENCIA DOMICILIAR
Como nos referimos em paragrafo anterior, nas Americas nao e raro
o encontro de flebotomineos dentro dos domicilios. Nesse particular, sao
numerosas as
observances
registradas na literatura, desde as de Shan-
non190 (1929) corn Lutzomyia verrucarum no Peru, as de Lindquist107 (1936),
corn L. diabolica no Texas, EUA, e delas trataremos corn maiores de-
talhes, em capitulos especiais. Se esse fato corresponde a habito pe-
culiar a certas especies ou a mero fenomeno acidental, ainda esta por
ser devidamente esclarecido. Em linhas gerais, a assim dita doinestici-
dade dos flebotomineos americanos deve ser encarada como a maior ou
menor tendencia apresentada por esses dipteros de frequentarem as ha-
bitacoes e seus anexos, na prooura do necessario repasto sanguineo.
Uma vez obtido, podera permanecer por tempo mais ou menos prolonga-
do, para o repouso pos-alimentar, tendendo, em seguida, a abandonar as
casas, na procura de melhores abrigos ou de locais adequados para a
postura, no ambiente extradomiciliar.
A freqiiencia aos domicilios estara, portanto, sujeita a varios fatores,
entre os quais devem ser ressaltados a possibilidade de alcance das ha-
bitacoes por parte dos flebotomineos, a maior ou menor modificacao do
seu habitat original levada a efeito pelo homem e, consequentemente, o
equivalente poder de adaptacao, por parte das especies sobreviventes.
Em outras palavras, o encontro de flebotomineos adultos dentro das
casas, podera significar um fato meramente acidental ou a adaptabilidade
da especie ao meio humano na regiao considerada. Seguindo esse ra-
ciocinio, e de se esperar que, o que se observe em ambientes primitivos,
recentemente habitados como e o caso das areas florestais virgens, seja
um tanto diferente do que se verifique em regioes povoadas ha mais tem-
po e corn aspecto original bastante modificado.
Em zonas de matas primitivas e frequentadas pelo homem, seja para
exercer acao passageira ligada a atividades extrativas, seja para dedicar-se
a ocupacoes mais demoradas destinadas a exploracao agricola, a edifi-
cacao de casas situa-se em major ou menor proximidade daquele ambien-
te. Assim sendo, a freqiiencia dos flebotomineos a tais edificios estara,
de inicio, na dependencia da distancia que necessitarao veneer para po-
der alcanca-los.
Quanto menor a distancia, maior a freqiiencia. 6 o que
tern revelado varias observances, nas quais transparece a importancia
desse fator, quando correspondente a afastamento superior a cem me-
156
ENTOMOLOGIA M^DICA
tros, dando assim carater de acidentalidade a tais achados (Takaoka185,
1928; Castro28, 1939; Barretto21, 1943; Forattini2, 1954; Disney5", 1968).
Todavia, corn o prolongar-se da permanencia do homem na regiao, este
vai introduzindo modificacoes cada vez mais profundas
no.
ambiente pri-
mitivo. Em consequencia, tais alteracoes levam algumas especies a se
adaptarem as novas conduces, aproximando-se do meio humano. Ao
lado da mudanca na composicao faunfstica local, ocorre que alguns fle-
botomlneos tendem a aumentar a sua frequencia as habitacoes, buscando
possiveis condicoes favoraveis para sua sobrevivencia. Esse aspecto foi
assinalado em regioes florestais do Estado de Sao Paulo, Brasil, em re-
lacao ao Psychodopygus intermedius e P. whitman!, no decurso de obser-
vacoes prolongadas e espacadas por consideravel periodo de tempo na
mesma regiao. Verificou-se entao, nao somente a alternancia dessas duas
especies, como tambem o sensivel aumento na frequencia domiciliar, por
parte da ultima, incluindo a instalacao de criadouros nesse ambiente (Fo-
rattini", 1960).
Em areas povoadas pelo homem, por tempo prolongado, ao lado de
condicoes geograficas especiais, esse fator influi para que alguns flebo-
tomineos possam chegar a nivel mais elevado de adaptacao ao meio arti-
ficial. Nesses casos, a freqiiencia domiciliar aumenta sensivelmente, e a
densidade em tais condicoes pode chegar a assumir aspecto de impor-
tancia epidemiologica. o que parece ocorrer corn Lutzomyia longipal-
pis, em regioes semi-aridas do Nordeste e Leste do Brasil, onde esse fle-
botomineo e encontrado concentrando-se em areas de maior umidade,
correspondentes aos vales e sopes de serras, onde a vegetacao e mais
abundante. Esses locais tambem sao procurados pela populacao huma-
na que neles se instala corn as suas moradias. Em consequencia a adap-
tacao que se estabelece corn o passar do tempo, aquela especie apre-
senta nessas zonas elevados coeficientes de frequencia aos domicilios e
seus anexos (Deane e Deane4^ ", 1955, 1957; Deane<4, 1956; Sherlock e
Guitton"6, 1969). :
Em resumo, no Continente Americano nao se pode, a rigor, falar em
domesticidade dos flebotomfneos, no sentido de serem insetos domicilia-
dos ou sinantropicos. Apesar disso, na dependencia de condicoes favo-
raveis, em algumas areas chegam a freqiientar as casas corn densidade
suficientemente alta para tornar-se significante sob o ponto de vista epi-
demiologico. Nessas situacoes, pode-se mesmo considerar que cheguem
a apresentar certo grau de endofilia, ou seja, a encontrar nas casas e
anexos os seus locais de abrigo o que pode ser observado mesmo em
regioes primitivas que sofreram transformacoes artificials, em prazo rela-
tivamente curto. Em vista disso, tem-se preconizado e mesmo posto em
pratica, a aplicacao domiciliar de inseticidas de efeito residual, como o
DDT. Essa medida, adotada corn o objetivo de controlar esses psicodi-
deos em algumas localidades, tern revelado resultados satisfatorios (Gor-
bitz", 1945; Hertig e Fairchild", 1948; Deane, Deane e Alencar49, 1955).
SUBFAMiLIA PHLEBOTQMINAE
BIOLOGIA
157
ATIVIDADE
A semelhanca do que ocorre corn outros dipteros, quando se trata
da atividade destes psicodideos, busca-se focalizar aquela
concernente
a
procura de hospedeiros para sugar sangue. Neste particular os fleboto-
mineos podem ser considerados como dotados de habitos crepusculares
ou noturnos. Costumam permanecer em seus abrigos durante as horas
luminosas do dia, abandonando-os ao cair da tarde ou a noite. Inicia-se
entao o que se pode chamar de periodo de atividade, correspondente ao
perlodo de hematofagia ou horas cfe sugar, isto e, aquele durante o qual
procuram ativamente levar a efeito o seu repasto sanguineo.
Dado o carater criptozoico que os flebotomineos possuem, e que
mencionamos paginas atras, o abandono de seus abrigos devera estar con-
dicionado a certas circunstancias. As quo parecem ter maior importan-
cia sao as condicoes climaticas do meio ambiente. Os niveis baixos de
temperatura e umidade, juntamente corn a ocorrencia de chuvas e ventos,
exercem acao desfavoravel nesse sentido (Barretto21, 1943; Chaniotis e
Anderson34, 1968). Por outro lado, o aumento dos primeiros e o advento
de certas circunstancias como as de baixa pressao atmosferica prenun-
ciando a ocorrencia de fortes precipitacoes, parecem favorecer o incre-
mento da atividade hematofaga destes psicodideos. Isso nao significa
que, sob esse ponto de vista, deixem de existir apreciaveis variacoes.
Barretto21 (1943) cita ter verificado, no Sul do Brasil, atividade de Pinto-
myia tischeri a 10C e de Psychodopygus intermedius a 9,5C. Esta ulti-
ma especie tambem tivemos ocasiao de observar ativa, no Oeste do Es-
tado de Sao Paulo, Brasil, a 8C de temperatura ambiente. Na regiao
norte da California, Estados Unidos, Chaniotis e Andersen4 (1968) verifi-
caram ser de 12 e 28C os limites de temperatura capazes de permitir a
movimentacao dos adultos das especies locais. Tudo indica que a ativi-
dade destes psicodideos deva ser substancialmente propiciada pelas con-
dicoes atmpsfericas, o que ocorre quando atingem niveis comparaveis aos
que predominam no microclima de seus abrigos naturals. Tal fato foi de
certa maneira ventilado quando se tratou desses ultimos em particular.
Pitano, Ortiz e Alvarez138 (1960) dao-lhe bastante enfase quando sugerem
que, pelo menos em areas da Venezuela, o fato principal que condiciona-
ria a salda dos flebotomtneos de seus abrigos seria o que corresponde a
equivalencia entre as condicoes termo-higrometricas do macro e do mi-
.croclima.
6 evidente que existem populacoes mais ou menos resistentes
mas, de maneira geral, e ate que se demonstre o contrario, deve-se guar-
dar essa nocao como principle basico.
Como afirmamos anteriormente, os flebotomineos tornam-se ativos
pouco antes ou no inicio do crepusculo vespertino, continuando, em
maior ou menor grau, pela noite a dentro. Pode tambem ocorrer que
apos o declinio haja aumento de atividade por ocasiao do pertodo que
precede imediatamente o nascer do dia (Forattini82, 1954; Williams2"8,
1970). As
observances
disponiveis indicam que o inicio pode dar-se pou-
co antes do por do sol. Observando o abandono dos abrigos situados
em tocas de animais no solo, Chaniotis e Anderson4 (1968) verificaram
158 ENTOMOLOQIA M6DICA
que na regiao norte da California, Estados Unidos, isso ocorre mas com
pequeno numero de exemplares. A medida que a noite avanca, aumenta
a quantidade de individuos ativos, rhantendo densidade mais ou menos
uniforme durante todo o periodo noturno. Os mesmos autores notaram
a cessacao dessa atividade duas horas antes do advento da alvorada.
Na regiao neotropical foram levadas a efeito algumas verificacoes em am-
bientes florestais. Sao devidas a Biagi, Biagi e Beltran25 (1966) no Me-
xico, a Williams.
203
(1966, 1970) e Disney50 (1968) em Honduras Brita-
nica, corn isca humana, alem das de Thatcher e Hertig188 (1966) no Pa-
nama, corn isca animal constituida por procionideo Potos llavus. Como
resultado, esses autores encontraram aspecto semelhante ao acima des-
crito, quanto ao infcio das horas de sugar, mas corn acmes variaveis, fre-
quentemente de atividade correspondendo ao periodo compreendido en-
tre dezenove e vinte e uma horas. Alem disso, assinalaram acentuado
decrescimo apos esse periodo, nao verificando a ocorrencia do fenomeno
na segunda metade da noite (Fig. 53). Em linhas gerais, deve-se admitir
que, pelo menos para as areas florestais umidas e quentes, as horas em-
pregadas pelos flebotomineos para sugar sejam as correspondentes as
da primeira metade da noite, de preferencia aquelas que se seguem
imediatamente ao crepusculo vespertino. Lewis100 (1965) sugere a pos-
sibilidade de ocorrencia de diferentes ciclos de atividade hematofaga en-
tre as femeas nuliparas e oniparas. Como ele mesmo assinala, somente
maiores investigacoes poderiam indicar a possivel existencia desse fe-
nomeno.
Tal comportamento geral nao exclui, de maneira absoluta, a presen-
ca de atividade hematofaga durante as horas luminosas do dia. Esse
fato, embora de maneira pouco frequente, foi assinalado por varies auto-
res que, contudo, registraram a presenca mais ou menos constante da
baixa densidade nessas ocasioes (Barretto21, 1943; Forattini62, 1954; Bia-
gi, Biagi e Beltran25, 1966; Williams200. 203, 1966, 1970; Disney50, 1968).
Somente em condicoes de pouca luminosidade do dia, seria possivel con-
tar corn a ocorrencia de numero suficiente de especimens, sugando ati-
vamente e, assim sendo, corn algum significado epidemiologico. Esse
aspecto, porem, necessita de maiores esclarecimentos. 0 que se tern
verificado e que alguns flebotomineos sao urn tanto ecleticos em seus
habitos e assim podem ser surpreendidos em atividade durante o periodo
da manha. Isso foi relatado para Lutzomyia cruciata, L. trinidadensis,
Psychodopygus olmecus e P. yiephiletor, em Honduras Britanica (Wil-
Ijams210.
sm, 1966, 1970; Disney", 1968). Embora em tais observacoes,
como aspecto geral, os dipteros se apresentassem em pequeno numero
nesses periodos, poderiam, mesmo assim, contribuir para a transmissao
da leishmaniose tegumentar durante o dia. Corn efeito, as horas matuti-
nas sao as preferidas para o exerefcio das atividades extrativas da goma
de mascar, por parte dos trabalhadores locais ("chicleros"). Dessa ma-
neira obteria explicacao a ocorrencia de alguns casos da doenca segu-
ramente adquiridos durante o periodo luminoso do dia (Lainson e Strang-
way-Dixon38, 1963).
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOQIA
159
N
15
16 17 18 19 20 21 22 23 24
H
Fig. 53
BIOLOGIA
161
hora do dia, mesmo em plena luz, desde que estejam em intima proxi-
midade corn o hospedeiro adequado (Barretto21, 1943; Hertig e Johnson",
1961; Johnson e Hertig", 1961). Porem, como ja nos referimos, as obser-
vacoes na natureza tern indicado que a acao picadora dos flebotomlneos
e exercida preferentemente nas horas escuras do dia. Em que pese po-
rem essas discrepancias, na realidade a acao desses estlmulos nao se
faz sentir de maneira isolada. Como assinalam Johnson e Hertig" (1961)
o que na verdade induz o inicio da hematofagia e a ocorrencia de mudan-
cas de temperatura, umidade, iluminacao e tambem de movimentacao, de
previa alimentacao acucarada, alem de, talvez, outros fatores ainda mal
conhecidos. A simples alteracao do ambiente, traduzida por uma oil mais
daquelas mudancas, pode resultar, como resposta, no inicio da hemato-
fagia, por parte de femeas que estejam em jejum.
Sobre as preferencias alimentares sanguineas, os conhecimentos sao
ainda escassos. Tem-se levado a efeito
observances
relativas a algumas
especies, em condicoes naturals e de laboratorio. Gracas as mesmas,
sabe-se da existencia de flebotomlneos que preferem sugar animais de
sangue quente, ao lado de outros que o fazem sobre os de sangue frio.
Alguns como os do genero Brumptomyia, parecem possuir apreciavel grau
de especificidade, pois nao tern sido observados picando o homem e ani-
mais de grande porte. Sob o ponto de vista epidemiologico, tem-se foca-
lizado principalmente as qualidades de antropofilia, responsaveis pela
transmissao de infeccoes ao homem. Nesse particular, algumas especies
foram incriminadas como possuidoras de apreciavel grau de preferencia
para o sangue do homem. Todavia, tais qualidades, no que respeita aos
:--esentantes
da fauna das Americas, estao ainda longe de ser compa-
raveis as de certos culicideos. Na verdade, existe bastante dose de ecle-
"
mo nas especies acusadas de serem antropofilas. Sugam prontamente
o homem e numerosos animais de sangue quente. Tais aspectos serao
abordados, corn maiores detalhes,. nos capitulos especificos. Acresce
que, corn toda a probabilidade, devam ocorrer, nesse particular, diferen-
cas geograficas implicando na presenca de populacoes da mesma espe-
cie, dotadas de preferencias alimentares diferentes, de acordo corn a
regiao considerada.
A influencia da fecundacao no repasto sanguineo parece ser bastan-
te variavel. As femeas virgens apresentam a possibilidade de sugar san-
gue, especialmente quando tiveram a oportunidade de se alimentar pre-
/iamente corn solucoes acucaradas. Todavia, parece que o fazem mais
prontamente e em maior numero, no periodo que se segue a fecundacao
e, de maneira particular, se decorridas quarenta e oito horas ou mais
(Barretto20, 1942). Em condicoes de laboratorio, Johnson e Hertig87
(1961) observaram femeas de Psychodopygus sanguinarlus e de Lutzo-
myia gomezi exercendo a hematofagia antes da copula. Todavia, esses
mesmos autores admitem que, na natureza, esta deva normalmente pre-
ceder aquela. E isso porque as femeas daquelas especies, capturadas
no ato de sugar e conservadas em contato posterior corn machos, evi-
jenciaram
elevado coeficiente de fertilidade dos ovos resultantes de suas
3osturas.
152
ENTOMOLOGIA MEDICA
Embora observados corn certa dificuldade em laboratorio, tudo indica
que pelo menos algumas femeas de flebotomineos realizam varies repas-
tos sanguineos durante a sua vida. Barretto20 (1942) ja assinalara que os
sobreviventes as posturas, alimentavam-se avidamente. Em certas espe-
cies do Panama, como Psychodopygus panamensis e P. yiephiletor, exis-
tem evidencias de que provavelmente ocorra um repasto sanguineo adi-
cional entre o primeiro e a postura (Johnson e Hertig87, 1961). Na tentativa
de detectar a ocorrencia de previas hematofagias, Adier e Theodor" (1935)
consideraram todos os exemplares apresentando granulacoes nas glan-
dulas acessorias, como tendo exercido alimentacao sanguinea anterior.
Todavia, para alguns, essa relacao nao foi confirmada, pelo menos em
observances
levadas a efeito nas Americas. Tanto em especimens coleta-
dos na natureza como criados em laboratorio, aquelas granulacoes podem
ser observadas antes ou depois do repasto sanguineo, bem como podem
existir numa das glandulas e nao na outra, alem da possibilidade da ocor-
rencia de contracoes desses orgaos que venham a expulsar os granules
(Johnson e Hertig"7, 1961). As relacoes de hematofagia corn a oviposicao
e a realizacao de multiplos repastos sanguineos, alem das implicacoes
corn a longevidade, serao objeto de maiores consideracoes nos paragrafos,
seguintes, dedicados a tais assuntos em particular.
A quantidade de sangue ingerida por um flebotomfneo em um unico
repasto, corresponde, de maneira geral, ao seu proprio peso. Isso signi-
fica o valor aproximado de 0,5/0,6 mg (Freitas, Mayrink e Mansur Neto65,
1960; Chaniotis3, 1967). Normalmente, as femeas atingem o seu engur-
gitamento ao fim de uma unica succao. Todavia, pode ocorrer que o
facam apenas parcialmente, numa primeira tentativa e em determinado
local da pele. Nesse caso, apos deixarem este ultimo, procuram imediata-
mente outro lugar da superficie cutanea para completarem sua refeicao
sanguinea. Como consequencia imediata desse consideravel aumento de
peso, as femeas recem-engurgitadas apresentam dificuldades para voar.
Em vista disso, tendem a repousar nas proximidades da fonte utilizada na
sua alimentacao. Para tanto procuram pousar e permanecer inativas, du-
rante algum tempo, na imediata vizinhanca do hospedeiro. Segundo Bar-
retto21 (1943) elas possuem acentuada tendencia para alcancar lugares
cada vez mais altos, a custa de voos curtos. Por essa razao, quando sur-
preendidos dentro das casas, os locais de coletas mais abundantes sao
constituidos pela parte superior das paredes e pelo teto.
0 volume sangutneo, uma vez ingerido, e envolvido por delgado re-
vestimento quitino-proteico e que constitui a membrana peritrofica. EL
se forma por ocasiao de cada novo repasto e, portanto, nos especimen;
que se realimentam pode-se encontrar resqufcios da antiga membrana no
estomago.
I
A digestao do sangue ingerido processa-se a partir da extremidade
posterior do abdomen, caminhando em sentido anterior, ao mesmo tempo
que, naquela porcao distal, desenvolvem-se os ovarios. 0 termino do pro-
cesso digestive e assinalado pela eliminacao de residues escuros, sob a
forma de goticulas ou granules solidos, os quais aparentemente repre-
sentam fracoes nao digeridas do repasto sanguineo. Na dependencia de
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
163
fatores especificos e ambientais, a duracao de todo o processo digestive
varia de dois a cinco dias. Maiores detaihes sao fornecidos adiante, ao
se tratar do desenvolvimento ovariano.
Em certas regioes do globo, atribui-se aos flebotpmineos alguma pre-
ferencia para sugar em determinadas partes da superficie do corpo. Em
especial modo, o pavilhao das orelhas tem sido apontado como o local
de eleicao para essa atividade (Wijers e Minter11"1, 1962; Lewis e Whar-
ton104, 1963; Quate141, 1964). No entarrto esse aspecto nao foi confir-
mado em areas das Americas. Pelo menos e o que parecem indicar as
observacoes que nesse sentido Williams200 (1966) levou a efeito em Hon-
duras Britanica.
Apesar de ter sido registrado de maneira esporadica, o fenomeno da
autogenia esta tambem presente entre os flebotomineos. A capacidade
de eliminacao de ovos ferteis, sem previa alimentacao sanguinea, foi
registrada inicialmente por Dolmatova51 (1946) e posteriormente por
Scnmidt15 (1965) em Phlebotomus papatasi. Nas Americas, Johnson88 (1961)
observou esse fenomeno em Lutzomyia gomezi, no Panama, obtendo em
laboratorio varias cepas autogenas, uma das quais foi possivel manter ate
a undecima geracao. Por sua vez, Lewis10" (1965) assinalou evidencias
sugestivas de que Lutzomyia cruciata, em Honduras Britanica, seja nor-
malmente autogena. Para tanto, baseou-se no encontro de numero anor-
malmente elevado de femeas oniparas na natureza, em comparacao corn
as correspondentes as de outras especies ocorrentes na mesma regiao.
Nas pesquisas desses dois autores, os individuos femininos apresentavam,
caracteristicamente, o corpo gorduroso grandemente desenvolvido. Esse
fenomeno indica, provavelmente, a capacidade da populacao especifica
local, de sobreviver as condicoes adversas do meio ambiente. Na Regiao
Amazonica do Brasil, o encontro de femeas de PsychodopygLis davisi e
i intomyia damascenoi corn glandulas acessorias escuras, ovarios nuli-
paros e corpo gorduroso desenvolvido, levaram a suspeita da presenca
de autogenia, pelo menos em algum grau (Lewis, Lainson e Shaw00, 1970).
Todavia, o significado real entre os flebotomineos, ainda nao esta sufi-
cientemente estabelecido. Contribui para isso, a raridade corn que tem
sido observada a autogenia entre os mesmos, pois Johnson e Hertig"
(1961) nao conseguiram verifica-la em nenhuma outra especie do Pana-
ma, dentre as numerosas que criaram no laboratorio por sucessivas
geracoes.
REPRODUQ&O
A ocorrencia de caracteres sexuais, pertencentes a ambos os sexos,
no mesmo individuo, ou seja, do ginandromorfismo foi assinalada tam-
foem entre os flebotomineos. Contudo, ate o presente momento, esse fe-
jnomeno
tem sido registrado de maneira bastante rara nesses dipteros.
Os casos assinalados referem-se a individuos coletados na natureza e
assim diagnosticados apos competente montagem. Corn isso foram es-
icassas, senao nulas, as possibilidades de qualquer verificacao relativa ao
|seu comportamento.
164
ENTOMOLOGIA MEDICA
As anomalias dizem respeito principalmente aos aparelhos sexuais.
Sherlock"5 (1958) descreveu a primeira observacao, referente a um exem-
plar de Lutzomyia longipalpis, procedente de Sobral, Estado do Ceara,
Brasil e encontrado entre 80 030 outros da mesma especie. Do lado
masculino, apresentava os caracteres normals desse sexo, corn a corres-
pondente genitalia. Do lado feminino, possuia as pecas bucais desen-
volvidas, com cibario completo, duas espermatecas dotadas de forquilha
atrofiada, alem de lobos apicais e cercas pouco desenvolvidas. A segun-
da descricao refere-se a um especimen encontrado em lote constituido
por 2253 exemplares de Phlebotomus anas/, coletados na regiao meri-
dional da Franca (Rioux, Abonnenc e Baldouy"2, 1965). Apresentava os
caracteres secondaries do sexo masculino, do dual possuia tambem a ge-
nitalia, embora nao completamente desenvolvida. Do sexo feminino, exis-
tiam as cercas e o par de espermatecas, sendo incompleta uma
dessas/
ultimas.
C6PULA
II
o ovulo, futuro ovo, esta formado, corn o seu revestimento corial, e encontra-
se pronto para a postura.
Todavia, a diferenciacao dessas fases nao e tao nitida nos fleboto-
mineos, como o e nos culictdeos. Por conseguinte, para que esses con-
ceitos possam ser aplicados aqueles dipteros, seria necessarfa a realiza-
cao de investigacoes em quantidade bem major
do que as feitas ate o mo-
mento. E isso se aplica corn maior enfase ao se considerar a fauna neo-
tropical.
OVULApAO E OVIPOSIgAO
BIOLOGIA
167
IV V
Fig. 54
BIOLOGIA
169.
alimentacoes sanguineas. For outro lado, representantes de outras re-
gioes, como Phlebotomus papatasi tern sido observados alimentando-se
normalmente varias vezes antes da postura. Contudo, ha indicios de que
esse comportamento possa estar sujeito a flutuacoes apreciaveis, de acor-
do corn a area considerada, implicando na possivel existencia de varia-
nces
raciais. Assim e que a frequencia dessas multiplas alimentacoes
apresentada pela citada especie, em locais corn menor teor de umidade,
serviria para manter tambem o seu balanQO hidrico (Adier e Theodor8,
1935). De qualquer forma, para esse mesmo flebotomineo foi obtida ele-
vada porcentagem de posturas ferteis a custo de uma unica alimentacao
sangulnea em laboratorio (Eldridge, Scanlpn e Orenstein54, 1963).
Dessa maneira, tais aspectos assumem relevante importancia epide-
miologica, interferindo no mecanismo de transmissao de doencas por par-
te destes dipteros. Corn efeito, se um unico repasto sanguineo e o bas-
tante para permitir a reaiizacao do cicio gonotrofico e se, ao lado disso, a
maioria das femeas morre apos a reaiizacao da postura, a possibilidade
de transmissao ulterior do agente infeccioso adquirido por ocasiao da
unica succao, e bastante reduzida, senao inexistente. Ela ficara a cargo,
praticamente, dos individuos que apresentem desarmonia gonotrofica, ou
seja, que 1evem a efeito mais de um repasto sanguineo antes da oviposi-
cao. E tambem daqueles que sobrevivam a esta ultima e possam se rea-
limentar. Tal aspecto poderia explicar a variacao consideravel do coefi-
ciente de flebotomineos encontrados infectados naturalmente e, por con-
seguinte, a necessidade de variadas densidades desses dipteros para que,
em condicoes naturals, possa ocorrer transmissao epidemiologicamente
significante. Em alguns casos esses valores sao baixos e em outros sao
altos. Johnson, McConnel e Hertig81 (1963), no Panama, relatam o encon-
tro da elevada proporcao de 40% de femeas infectadas em uma so coleta
de Psychodopygus trapidoi. Isso indicou que, nessa ocasiao, pelo menos
iquela porcentagem da captura estava tentando realizar uma segunda, ou
alvez, uma terceira ou quarta succao de sangue.
Nas areas neotropicais, ate o momento, nao se tern dados seguros
obre a proporcao de femeas alimentadas, mais uma vez, nas populacoes
naturais. Contribui, para essa situacao, o fato de nao se dispor de meio
;idequado para o reconhecimento dos individuos femininos que ja levaram
a efeito repasto anterior. Como nos referimos e se vera adiante corn maio-
res detalhes, discute-se se a presenca ou nao de granules nas glandulas
icessorias (Adier e Theodor8, 1935; Adier, Theodor e Witenberg10, 1938),
pode apresentar resultados satisfatorios nos flebotomineos centre e sul-
^ ^ricanos. Lancando mao desse metodo, Mayrink e Adier120 (1961), traba-
lhando no municipio de Lagoa Santa, Estado de Minas Qerais, Brasil, esti-
maram em 62,8% dos flebotomineos examinados como tendo se alimenta-
jo, oviposto e se realimentado. Mais recentemente, Scorza, Ortiz e Go-
vez (1968), em representantes venezuelanos de Liitzomyia townsendi,
ibservaram a presenca frequente de pigmento esverdeado nos tubos de
Vlalpighi, a partir de quarenta e oito horas apos o repasto sanguineo.
;sses autores chamaram a atencao para o fato de que isso poderia ser
..ultante da absorcao do pigmento sanguineo e de sua conseqiiente pre-
170
ENTOMOLOGIA M^DICA
senca na hemolinfa. Se assim fosse, poderia ser considerado como indf-
cio da ocorrencia de previa hematofagia. Em Honduras Britanica, Wil-
liams203 (1970) registrou o encontro de varios flebotomineos capturados
corn isca humana, apresentando restos de previos repastos sangufneos.
Para alguns deles, a proporcao foi apreciavel, como se pode ver pelos re-
sultados seguintes, e que sao os obtidos por aquele autor:
PR6VIOS REPASTOS SANGUiNEOS EM FLEBOTOMINEOS DE HONDURAS BRITANfCA
(Williams203, 1970) .
Especies %
Lutzomyia cruciata 1,0
Lutzomyia deleoni 5,9
Lutzomyia ovallesi
0,3
Lutzomyia shannon! 1,1
Lutzo-myia trinidadensis 1,9
Psychodopygus bispinosus 1,3
Psychodopygus geniculatus
-
14,3
Psychodopygus panamensis 0,9
Psychodopygus yiephiletor 2,5
Na regiao de Belem, Brasil, Lewis, Lainson e Shaw106 (1970) obser-
varam em Psychodopygus flaviscuteHatus, proporcoes de ate 41% dos in-
dividuos oviparos corn sinais de previo repasto sanguineo.
0 transcurso do inteiro processo digestive, corn o concomitante de-
senvol.vimento ovariano, foi descrito para Lutzomyia evansi e L. townsendi
da Venezuela, respectivamente por Mirsa127 (1953) e Scorza, Ortiz e
Gomez158 (1968). Pelas observacoes desses autores, pode-se considerar
as seguintes fases:
I
Antes da alimentacao
Enconfra-se livre a
maior parte dos segmentos abdominais e somente a porcao anterior do abd6-
men contem sangue. Este se apresenta coagulado e6 completamente negroi
Nao ha mais movimentos peristalticos aparentes; Nesta fase, o saco formadc
pela membrana peritr6fica esta bem individuaiizado e, para .Lutzomyia town-
sendi, mede cerca de 0,75 e 0,25 mm, para os seus eixos maior e menor,
resj
pectivamente.
\
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
17-1
V
0 sangue encontra-
se digerido, mas o abdomen acha-se dilatado pe!a presenga dos ovulos em
processo final de maturagao. A esta, segue-se a postura.
A correspondencia dessas fases corn aquelas do desenvolvimento fo-
licular, pode ser resumida da seguinte maneira (Fig. 55):
DIGESTAO SANGUINEA E DESENVOLVIMENTO FOLICULAR EM
LUTZOMYIA TOWNSENDI
(Baseado em Scorza, Ortiz e Gomez158, 1968)
Fases de digestao sanguinea Fases de desenvolvimenio folicutar
de Christophers e Mer
I N, I-Il
II N, l-ll
III II
IV III, IV
V IV, V
Contudo, em condicoes de laboratorio tem-se observado algumas dis-
crepancias. Nessas mesmas investigates eom L. townsendi verificou-se
que femeas virgens nascidas em laboratorio apresentam os ovarfolos corn
os foliculos na fase III
de.
Christophers e Mer. Tal achado poderia encon-
trar explicacao na rica alimentacao de que puderam dispor na fase larva-
ria. Ou entao, na presenca da autogenia, embora esta Ultima nao tenha
sido possfvel ser demonstrada, ate agora, nessa especie (Scorza, Ortiz e
Gomez18, 1968). De qualquer modo, e principalmente quanta a fauna
neotropical, nao existe ainda suficiente experiencia que permita determi-
.iar seguramente a correlacao entre o desenvolvimento folicular ovariano
e a digestao sanguinea.
0 tempo que precede a oviposicao, contado a partir da realizacao
do repasto sanguineo.-varia sensivelmente. Segundo as
observances
de
Jarretto2" (1942), 82,0% das femeas ovipoem entre o setimo e decimo dias.
Esse mesmo autor nunca conseguiu surpreender o fenomeno antes do sex-
to dia, mesmo trabalhando em condicoes diferentes de temperatura. Con-
tudo, valores diversos foram registrados por outros autores. Corn Lutzo-
yia longipalpis, obteve-se 99,6% dos individuos femininos, ovipondo en-
re o quarto e quinto dias, observando-se, inclusive, posturas no segundo
aia (Sherlock e Sherlock1", 1959). Em especies do Panama, foram verifi-
cados intervales de 3 a 5, 4 a 8 e 4 a 10 dias para Psychodopygus pana-
mensis, P. yiephlletor e P. sanguinarius, respectivamente (Johnson e Her-
tig87, 1961), e em Lutzomyia townsendi, na Venezuela, tais periodos varia-
am de 3, 5 a 6 dias (Scorza,
Qomez
e Ramirez1", 1968). Em alguns fle-
)0tomineos, que sugam preferentemente animais de sangue frio, esse
empo e mais longo e pode atingir valores consideraveis, como em Lutzo-
nyia californica, L. stewarti e L. vexatrix occidentis, nos quais, chegou-se
i registrar valores maximos de 23, 27 e 31 dias, respectivamente. Nesses
172
ENTOMOLOGIA M6DICA
A r-^_ B
>
N I-
Fig. 55
digestao sanguinea; B
desenvolvimento folicular.
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOQIA
173
casos, existem indicios de que o abaixamento do teor de umidade relativa,
chegando a 60%, atua sensivelmente no prolongamento do perfodo de
pre-postura (Chaniotis", 1967).
Os dados atualmente disponiveis sobre a oviposicao sao decorren-
tes, em sua quase totalidade, de
observances
laboratoriais. 0 ato tern
sido observado, na maioria das vezes, durante o perfodo noturno. Contu-
do se processa de maneira intermitente, corn a intercalacao de pausas va-
riaveis, que podem ser de alguns segundos e ate horas, de maneira que o
processo todo pode chegar a dispender alguns dias. Nesse particular,
tem-se observado periodos de ate oito a dez dias, resultando dai a pre-
senca concomitante, no mesmo substrato, de larvas de primeiro estadio e
de ovos recem-postos. Todavia, parece que desde que a umidade relati-
va seja mantida em nivel adequado, geralmente ao redor de 100%, a pos-
tura se completa dentro de vinte e quatro horas. Este periodo tende a
aumentar, a medida que diminui aquele fator (Chaniotis81, 1967).
Para realizar a postura, a femea permanece imovel na superficie, to-
cando-a corn a extremidade distal da proboscida. Em seguida, inicia mo-
vimentos de expansao e retracao dos ultimos segmentos abdominais, os
quais terminam pela expulsao de urn ovo atraves do oriflcio genital. A
principio permanece fixo, sob as cercas, por alguns segundos. Logo de-
pois, a extremidade abdominal dobra-se em direcao do substrato, no qual
o ovo e depositado. Aparentemente, a execucao desse ato e exaustiva e,
como mencionamos, pelo menos nas observacoes laboratoriais e pequeno
o numero de femeas que completa a postura em condicoes de levar a efei-
to novo repasto sanguineo. Corn frequencia da-se a morte, logo apos ou
mesmo durante a oviposicao. As que a ela sobrevivem, apresentam os
ovarios reduzidos, corn aspecto semelhante ao daquelas que nao reali-
zaram alimentacao de sangue (Barretto2", 1942). Nesse particular, Scorza,
Ortiz e Gomez15" (1968) na Venezuela, observaram em Lutzomyia town-
sendi que, enquanto as femeas antes da succao apresentavam os ovario-
los na fase l-ll de Christophers e Mer, nas que tinham oviposto estavam na
fase II. Alem disso, os ovidutos destas ultimas, mostravam-se dilatados.
Outro desenvolvimento dos foliculos, segue-se a novo repasto sanguineo.
A sobrevivencia a segunda postura, corn subsequente nova hematofagia
e oviposicao, constitui fenomeno observado de maneira bastante espora-
dica, ate agora.
A respeito da quantidade de ovos depositados por femea em uma
postura, os dados disponiveis revelam grande variabilidade. 0 numero
medio oscila entre vinte e trinta, mas os extremes vao desde uma unidade
ate mais de uma centena, para individuos da mesma categoria especifica.
Em condicoes de laboratorio tem-se verificado que as femeas mortas du-
rante ou logo apos a desova, retem numero variavel de ovos. Essa quan-
tidade e, logicamente, tanto menor quanto
major for o numero eliminado.
"_ste ultimo caso, pode dar-se o complete esvaziamento do abdomen e
e de se pensar que, provavelmente, deva ocorrer o mesmo corn as femeas
que sobrevivem a oviposicao.
174
ENTOMOLOGIA MEDICA
LONGEVIDADE
Varias sao as
observances
sobre a duracao da vida adulta dos fle-
botomfneos, levadas a efeito em condicoes de laboratorio. Sob tais cir-
cunstancias, Barretto2" (1942) estudou-a corn relacao a possivel influencia
da umidade, temperatura, alimentacao e fecundacao. Esse autor verifi-
cou, em relacao aos dois primeiros fatores, a acao favoravel de niveis aci-
ma de 80,0% de umidade e ao redor de 20C de temperatura, respectiva-
mente. Quanto a alimentacao, concluiu que a sobrevivencia e tanto maior
quanto maior o numero de repastos sanguineos. Este ultimo aspecto foi
posteriormente confirmado por Johnson e Hertig87 (1961), como mencio-
namos em paragrafo anterior, os quais assinalaram ainda, que a duracao
da vida dos machos e comparavel a das femeas nao alimentadas. Final-
mente, quanto a fecundacao, existe certa variabilidade, parecendo que as
femeas fecuridadas sobrevivem menos do que as virgens. A conclusoes
semelhantes chegou Chaniotis" (1967) para representantes nearticos,
observando que, nas mesmas condicoes de temperatura e umidade, os
individuos femininos vivem pouco mais do que os masculines, a nao ser
que estes sejam alimentados corn substancias acucaradas, quando entao
podem apresentar maior sobrevida. De qualquer forma, os dados de la-
boratorio indicam valores oscilantes entre dez e vinte dias, para femeas
corn alimentacao sanguinea. Todavia, tem-se observado perlodos maio-
res para certas especies. 6 o caso de alguns flebotomineos da California,
Estados Unidos, alimentados corn sangue e substancias acucaradas, corn
ambos os sexos ultrapassando os trinta dias, alguns exemplares alcan-
cando ate cinquenta e tres e noventa dias (Chaniotis", 1967).
Em condicoes naturais, os dados sao ainda bastante escassos. Smith
e cols."" (1936), utilizando a tecnica de marcar exemplares nascidos em
laboratorio, solta-los e recaptura-los, obtiveram corn Phlebotomus argen-
tipes recapturas de ate quinze dias apos a soltura. Contudo, a possivel
longevidade desses dipteros na natureza, constitui ainda objeto de maio-
res investigates.
DETERMINA(?AO DA IDADE DAS F6MEAS
Mesmo levando-se em
conta que os varios fatores analisados no laboratorio poderiam agir em
condicoes naturais, a eles se deve agregar muitos outros. A possibilid;
"
de estudos nesse sentido abriu-se corn o desenvolvimento de tecnicas
destinadas a determinar a idade fisiologica das femeas. E corn isso, a
avaliacao epidemiologica desses vetores adquiriu maior significado, pelo
possibilidade de estudos de dinamica populacional. Tais investigacoes
tiveram acentuado desenvolvimento para os culicideos, sendo posterior-
mente aplicadas a outros dipteros. As varias investigacoes levadas a
efeito em especies que apresentam concordancia gonotrofica, levaram a
conclusao de que, pelo exame de estruturas internas do aparelho
genital
feminino, seria possivel, em populacoes naturais, separar as femeas nuli-
paras das oniparas e estimar o numero de repastos sanguineos realiza-
dos. Das supracitadas estruturas, as que tern sido objeto de maior foca-
lizacao sao as concernentes aos ovariolos. Suas alteracoes, durante o
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOQIA
175
cicio gonotrofico, sao basicamente utilizadas para o estudo desse assunto,
em varies grupos, particularmente em culicldeos (Detinova49, 1962; Forat-
tini4, 1962). Em linhas gerais, trata-se de observar o aspecto dos filamen-
tos traqueolares ovarianos os quais sofrem alteracoes permanentes, apos
a primeira ovogenese. Assim, nos individuos recem-nascidos, pode-se
verificar a presenca de enovelamento das extremidades daquelas ramifi-
cacoes, as quais se desfazem em seguida a primeira postura. Daf, pois,
a possibilidade de distinguir uma femea nulipara, de outra que tenha rea-
lizado pelo menos uma oviposicao. For outro lado, a passagem dos ovos
pelo pediculo e canais ovariolares, determina deformacoes que indicam,
apos a expulsao do ovo, a previa ocorrencia desse processo. Assim e
que, o desenvolvimento do folfculo, atingindo a fase V de Christophers e
Mer, determina a dilatacao do pediculo que, desse modo, se transforma
no saco pedicular. Quando o ovo e expulso, essa formacao ainda perma-
nece dilatada, regredindo posteriormente ate um certo ponto, mas poden-
do conservar dentro dela, restos dos trofocitos e do epitelio folicular, que
constituem o assim chamado corpUsculo amarelo. Nessa fase, o antigo
saco pedicular reduz-se a condicao de pequena dilatacao pedicular que,
porem, permanece de maneira irreversivel. Essa deformacao representa
o resqulcio constante da ocorrencia do cicio gonotrofico e, quando houver
mais de uma por pediculo, isso indicara a previa ocorrencia de outras tan-
tas repeticoes desse fenomeno.
Corn referencia aos Phlebotominae, o problema da determinacao da
idade necessita ainda de maiores estudos. Os dados disponiveis ate o
momento, nao permitem o estabelecimento de tecnica segura para detec-
tar o numero de ciclos gonotroficos e, por conseguinte, estimar a idade
fisiologica. No que diz respeito as alteracoes na estrutura dos orgaos
sexuais internos, a formacao do saco pedicular, conseqiiente a passagem
do ovo, foi inicialmente demonstrada por Dolmatova31,
s2
(1942, 1946).
Contudo, as tentativas de observar as correspondentes dilatacoes do pe-
diculo ovariolar, tern esbarrado em apreciaveis dificuldades. Uma delas
reside nas dimensoes reduzidas dos foliculos, os quais nestes dipteros al-
cancam apenas algumas dezenas de micra. Alem disso, nao existe cer-
teza de que a evolucao ovariolar possa ser estritamente comparavel a que
ocorre nos culicideos. Acresce a freqiiente presenca de formacoes como
concrecoes e dobras diversas, na superflcie desses condutos ovariolares
e que, em estruturas tao pequenas, podem ser facilmente confundidas corn
as posstveis dilatacoes. Tais dificuldades, como assinalam Lewis e Min-
ter1011 (1960) e Lewis100 (1965), fazem corn que ate agora, a tecnica do.
exame desses orgaos deixe muito a desejar no seu aspecto pratico, para
nao dizer que se torna totalmente ineficiente nos trabalhos de rotina. Des-
se modo, o estudo do assunto nos flebotomlneos, ainda nao ultrapassou a
ase de simples tentativa de diferenciacao entre femeas nulipares e oni-
aaras. Para tanto, foi preconizado o exame de varias estruturas, como se
/era a seguir.
6 ainda no ambito dos ovarios, que tern sido feitas tentativas para
iquela diferenciacao. Dolmatova51.
sl
(1942, 1946), propos o exame des-
>es 6rgaos em seu conjunto. Nas femeas nuliparas os foliculos encon-
176
ENTOMOLOQIA MEDICA
tram-se justapostos, contfguos uns aos outros e o ovario tern aspecto glo-
bal transparente e de coloracao uniforme. Nas oniparas aquelas estrutu-
ras apresentam-se urn tanto separadas e as porcoes distais dos ovario-
los, tornando-se um tanto alongadas, adquirem em seu conjunto aspecto
que lembra o de uma rede, mais acentuado na area central do ovario. Em
representantes centro-americanos, Lewis100 (1965) assinalou que a ausen-
cia ou p.resenca de restos foliculares poderiam indicar, respectivamente,
a null e a oniparidade. Por outro lado, esse mesmo autor empresta valor
ao aspecto dos ovidutos, os quais, nas femeas oniparas, se apresentam
dilatados e enrugados. Este ultimo criterio foi confirmado por Scorza,
Ortiz e Gomez158 (1968) na Venezuela, que o consideraram mesmo mais
seguro do que a pesquisa daqueles restos dos foliculos (Fig. 56 A, B, C).
Quanto aos filamentos traqueolares ovarianos, ainda nas observacoes de
Lewis100 (1965) apresentam-se desenvolvidos nas femeas nuliparas, ao pas-
so que escasseiam nas oniparas.
Outro elemento para a distincao entre femeas nuKparas e oniparas foi
proposto por Adier e Theodor8,
"
(1935,1957). Consiste no exame das glan-
dulas acessorias do aparelho genital, e na observacao das modificacoes
que podem sofrer durante o cicio gonotrofico. Tais alteracoes consistem,
basicamente, no aparecimento de granulacoes dentro desses orgaos, depois
da alimentacao sanguinea e subsequente postura. Esse criterio foi ado-
tado por varies autores e demonstrou ser de bastante utilidade para re-
presentantes da fauna do Velho Mundo (Adier, Theodor e Witenberg",
1938; Dolmatova51, 1942; Shoshina74, 1951; Lewis e Minter03, 1960; Min-
ter1-", 1964). Nesse sentido, Shoshina1" (1951) chegou mesmo a distin-
guir varies grupos de idade, na composicao populacional de flebotomi-
neos. Correspondem principalmente a:
1) femeas nuliparas recem-nascidas;
2) femeas durante o primeiro cicio gonotrofico;
3) femeas apos a postura;
4) femeas durante o segundo cicio gonotrofico.
Nas Americas esse metodo provou ser bastante viavel para especies
nearticas. Na regiao norte da California, Estados Unidos, Chaniotis e An-
derson33
34
(1967, 1968) observaram a sua utilidade na diferenciacao da
nuli e da oniparidade, tanto em condicoes de laboratorio como em popu-
lacoes naturais. Em linhas gerais, nas femeas nuliparas e nao alimenta-
das corn sangue, as glandulas acessorias apresentam-se como estrutura;/
saculiformes, vazias e hialinas. Em seguida ao repasto sanguineo, esses
orgaos passam a aumentar em tamanho, em virtude do acumulo de gra-
nulacoes decorrentes do processo digestive e da formacao de vitelo. Em
consequencia, tornam-se escuros. Por ocasiao da postura atingem seu
major
volume, voltando a decrescer ate quase a sua envergadura original
quando aquela se conclui. Contudo, nelas persistem granulacoes em
quantidade variavel, as quais se acumulam em pontos diversos. Este as-
pecto e o que diagnostica a femea onfpara. As formas e o tamanho das
glandulas acessorias variam bastante durante todo o cicio gonotrofico
ej
em um mesmo individuo, pode-se observar uma corn aspecto diferente da
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
177
D
Fig. 56
folfculo ovariano; ov
oviduto; rf
restos foliculares.
178
ENTOMOLOGIA MEDICA
outra. 0 que faz corn que o volume sofra mudangas, antes e depois da
postura, parece ser o fato de as granulacoes serem expelidas corn os ovos
e assim, possibilitarem a formacao de camada adesiva sobre eles, desti-
nada a fixa-los em substrates do meio exterior. Dessa maneira, a ausen-
cia ou presenca dessas formacoes nas glandulas acessorias indicara, res-
pectivamente, se a femea e nulipara ou onipara. As ilustracoes consta.n-
tes das Figs. 56D, E, F, 57, 58 e 59 destinam-se a fornecer ideia sobre os
aspectos supradescritos.
Apesar das verificacoes levadas a efeito pelos mencionados auto-
res, as tentativas para observar aspectos analogos em flebotomineos neo-
tropicais, tern sido discordantes. Ja Garnham e Lewis88 (1959), em Hon-
duras Britanica .tinham assinalado o fato de grande numero de exempla-
res capturados na natureza, possuirem as granulacoes nas glandulas. aces-
sorias. Isso levaria a considerar como onipara proporcao surpreenden-
temente elevada da populacao natural. No Panama, Johnson e Hertig"
(1961) e Johnson, McConnell e Hertig89 (1963) verificaram que, tanto os
exemplares criados no laboratorio como capturados na natureza, nao
apr.esentavam os aspectos supradescritos. Isto porque as referidas gra-
nulacoes podiam ser encontradas tanto antes como depois da alimenta-
cao sanguinea e existir em apenas uma das glandulas, havendo ainda a
ocorrencia de contracoes ativas capazes de expulsa-las. Nessa ordem de
ideias, o uso de tais caracteres para diferenciar as femeas nuliparas das
oniparas, parece ser pouco viavel, pelo menos para varies representan-
tes da fauna flebotominica neotropical. Esse fato foi confirmado atraves
de ulteriores
observances
de Lewis00 (1965) e de Scorza, Ortiz e
Gomez158 (1968). Por outro lado, em flebotomineos amazonicos, Lewis,
Lainson e Shaw108 (1970) utilizaram esse criterio e, pelo menos para Psy-
chodopygus flaviscutellatus o numero de exemplares corn glandulas aces-
sorias escuras correspondeu aos oniparos diagnosticados atraves de
exame ovariolar.
Outras estruturas tern sido pesquisadas, na tentativa de diferenciaco
entre a nuli e a oniparidade, entre as quais podem ser mencionadas aque-
las que visam o exame do corpo gorduroso e dos tubos de Malpighi. No
primeiro caso, parte-se do principio de que as femeas nuliparas o apre-
sentariam mais desenvolvido do que as outras. Em que pese as opinioes
de alguns autores, esse carater parece ser de dificil avaliacao e, por con-
seguinte, de pequena utilidade para a finalidade a que se propoe (Lewis.
e Minter103, 1960).
Quanta aos tubos de Malpighi, existem opinioes dis-
cordantes. Observacoes efetuadas nos culicideos indicam que esses 6r-
gaos contem granulacoes e sao de aspecto geral escuro, tornando-se
limpos a medida que envelhecem (Detinova43, 1962). Assim sendo, a
presenca de tubos claros, indicaria especimens corn maior idade. Ten-
tando observar esses aspectos em flebotomineos, Lewis100 (1965) e Cha-
niotis e Anderson33 (1967) nao conseguiram obter resultados que pudes-
sem ser aplicados satisfatoriamente, na avaliacao da idade desses dipte-
ros. Esses autores chamaram a atencao para o fato da existencia de toda
uma gama de gradacoes, variavel entre aquelas duas condicoes, o que
torna a diferenciacao bastante dificil. Contudo, para Lutzomyia town
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
180
ENTOMOLOGIA M6DICA
send/, na Venezuela, Scorza, Ortiz e Gomez1-8 (1968) emprestam valor a
esse metodo, pelo mends para o diagnostico da nuliparidade. Segundo
esses autores, as femeas nuliparas apresentam os tubos de Malpighi corn
finas granulacoes de tonalidade pardo-amarelada, localizadas nas celulas
da porcao distal, enquanto que as da regiao proximal podem mostrar-se
Claras e sem tais granules. Em alguns exemplares que levaram a cabo
postura recente, ou entao naqueles que ingeriram sangue setenta e duas
horas antes, pode-se verificar a existencia de graos de uratos de tonali-
dade pardacenta, ao lado de granulacoes outras, esfericas e verdes. Estas
ultimas contrastam nitidamente no fundo pardo ou hialino.
Em resumo, a determinacao da idade das femeas de flebotomineos
apresenta-se como questao que necessita de maiores e mais prolonga-
dos estudos. As feicoes peculiares a esses dipteros fazem corn que a
eles nao se possa aplicar, de maneira estrita, os conhecimentos adquiri-
dos corn outros grupos, principalmente os culicideos. A simples dife-
renciacao entre as femeas nuliparas e oniparas, oferece dificuldades que
ainda nao foram superadas. Embora as glandulas acessorias oferecam
indlcios que tern sido utilizados corn sucesso em faunas de outras regioes,
nas areas neotropicais parece nao possuirem a mesma utilidade. Assim
sendo, para esses flebotomineos, e no estado atual de nossos conheci-
mentos, o melhor processo disponivel para aquela diferenciacao, restrin-
ge-se ao exame dos ovidutos ovarianos, os quais se mostram dilatados e
dotados de numerosa rugosidade, nos especimens que levaram a efeito,
pelo menos, uma oviposicao.
D1SPERSAO
A dispersao ou disseminacao de determinada especie por uma dada
area, constitui funcao precipua dos individuos adultos. No caso parti-
cular dos flebotomineos, isto e ainda mais verdadeiro ao se considerar o
tipo de habitat e a pequena resistencia as condicoes adversas, que apre-
sentam as formas imaturas. Em se tratando especialmente da fauna neo-
tropical, seriam reduzidas as possibilidades de dispersao passiva, ou seja,
a custa de fatores independentes da vontade desses dipteros. Por outro
lado, a dispersao ativa, efetuada gracas aos proprios esforcos desses inse-
tos, e assunto ainda controverso e sobre o qual sao escassos os conhe-
cimentos disponiveis. .
Como vimos em paragrafo anterior, os flebotomineos alados sao in
setos que, em geral, possuem pouca tendencia a se afastarem de seus
abrigos naturais. Desde, porem, que as condicoes ambientais assim o
permitam, isso pode ocorrer e, nessas condicoes, existe a possibilidade
de percorrerem distSncias apreciaveis. Nesse sentido, de modo geral, o;
flebotomineos podem apresentar dois tipos de voo. Um deles e feito a
custa de serie de movimentos saltitantes sobre a superficie de pouso.
Esse aspecto, alias, mais ou menos caracteristico dos psicodideos, rece-
beu dos autores franceses o nome de voo "saccade". Ao lado di.
admite-se que possam levar a efeito voos continuados, vencendo
di;"-
SUBFAMILIA PHLEBOTOM1NAE
BIOL051A
181
cias mais longas. Tais movimentos sao silenciosos, propiciando a esses
insetos a aproximacao de seus hospedeiros, sem serem pressentidos.
0 poder de dispersao destes insetos e pouco conhecido. Em seu
aspscto generico, sao tidos como possuindo reduzida capacidade nesse
!
sentido, embora Johnson88 (1969), considerando que as temeas nascem
. sexualmente imaturas, admita a possibilidade de apresentarem prolonga-
(
dos pertodos de dispersao durante o estado de virgindade. Investiga-
]
goes feitas em regioes da Russia, corn o emprego de marcacao colorida,
-3 tern evidenciado a possibilidade dos individuos femininos atingirem dis-
tancias de 1,0 a 1,5 km (Kozevnikov9", 1963; Petrishcheva183, 1965). Tal
-
{
capacidade foi atribuida principalmente a especimens famintos, especial-
i mente aqueles que procuram levar a efeito o repasto sanguineo pela pri-
] meira vez. No Sudao, utilizando a tecnica de marcacao corn p6 fluores-
. Tcente, obteve-se recapturas desde 45 a 730 metros do ponto de soltura,
j
a grande maioria, porem, tendo percorrido ate 300 metros (Quate41, 1964;
I Hoogstraal e Heyneman81, 1969). Tudo leva a crer que os v6os a longas
distancias sejam provocados pela falta de alimento e de [ocais adequados
ia oviposicao. Desde que tais requisitos sejam viaveis, haveria pouca ten-
jdencia
ao afastamento dos ecotopos previamente ocupados.
I
Provavelmente, esse foi o aspecto mais comumente observado e as-
Isinalado no Continente Americano em geral, e na regiao neotropical em
Jparticular. As
observances
iniciais no Sul do Brasil e no Peru, sugeriram
teomo sendo de ate cerca de 200 metros o alcance das distancias maxi-
imas passiveis de serem vencidas (Takaoka183, 1928; Pessoa18, 1941; Her-
tig8, 1942; Barretto21, 1943). Da mesma forma, em Honduras. Britanica,
pbservou-se fato analogo em relaoao, especificamente, a Lutzomyis cru-
fc/afa, cuja frequencia aos domicilios da regiao, desapareceu depois da
ilerrubada da floresta em raio superior a 150 metros (Disney80, 1968).
Contudo, a procura de locais para instalacao de criadouros pode consti-
luir-se em fator estimulante para veneer maiores distancias. 6 o que pa-
iece poder-se deduzir de algumas observagoes levadas a efeito no Sul
oo Brasil. Nessa ocasiao, foi possivel evidenciar a presenca de criadou-
ros peridomesticos de Psychodopygus intermedius e P. whitmani em chi-
(jlueiros situados a, pelo menos, 500 metros das matas mais proximas e
rhedeando, entre os dois ecotopos, terreno derrubado, plantado corn ve-
getacao
baixa e intensamente tratada corn inseticidas destinados ao con-
frole de pragas agricolas (Forattini62. m, 1954, 1960).
t
De qualquer forma, o aperfeicoamento de tecnicas de marcacao po-
dera ensejar a realizacao de estudos mais acurados sobre o assunto. Nes-
Se particular, a viabilidade do emprego de marcadores fluorescentes e de
radioisotopos ja foi demonstrada (Mangabeira e Sherlock"6, 1963; Espi-
rtola e Silva88, 1965).
i D1STR1BU15&0
i Da mesma maneira que para outros seres vivos, a distribuicao dos
flebotomineos dsvera ser encarada sob o ponto de vista ecologico e geo-
drafico. Embora nao seja possivel a separacao nitida entre as duas, pois
182 ENTOMOLOGIA M^DICA
os fatores que as determinam sao inter-relacionados, no primeiro caso
levam-se em conta as condicoes ambientais e, no segundo, as barreiras
geograficas.
DISTRIBUICAO
ECOLOGICA
Vimos pelo que foi exposto em para-
grafos anteriores, que os flebotomineos possuem tendencia a se distri-
buirem de acordo corn os seus locals de abrigo. 0 abandono desses ha-
bitaculos se faz obedecendo a necessidade de satisfazer a atividade he-
matofaga ou a procura de locals para a postura. Tpdavia, como caracte- l
ristica dos animais criptozoicos, tais movimentos se acham sujeitos a i
ocorrencia de determinadas condicoes. Entre estas, encontram-se aque-
las nas quais as caracteristicas climaticas do ambiente aproximam-se i.
ou igualam-se as correspondentes ao microclima predominante nos abrigos. j
Os estudos destinados a verificar os varies tipos de distribuicao, revestem- l
-se de dificuldades que mais se acentuam no caso particular destesr
dfpteros.
j
Em ambientes florestais, sao poucas as investigacoes sobre a distri-
buicao vertical, ou seja, as verificacoes sobre os nfveis de preferencia<
escolhidos, quando do exercicio de sua atividade. Os dados atualmente)
disponiveis dizem respeito a
observances
levadas a efeito em areas centro-
-americanas. No Panama, as coletas corn iscas, humana e animais, leva-
ram a verificacao de certa acrodendrofilia, ou seja, preferencia pela ativi-
dade hematofaga em nfveis arboreos altos, por parte de algumas especiest
(Johnson, McConnell e Hertig89, 1963; Thatcher187, 1968).
Mostraram,
esse comportamento, Lutzomyia gomezi e Psychodopygus trapidol, en-}
quanto que, Psychodopygus panamensis, P. pessoanus e P. olmecus
reve-j
laram preferencia para sugar ao nivel do solo florestal. Houve tambem
algumas discrepancias, como o caso de Psychodopygus sangulnarius e
de P. yiephiletor que na mesma area, apresentaram-se como
acrodendro)
filos apenas em determinadas ocasioes. Tudo indica que tal variacao deva
ocorrer por conta de diversos fatores, entre os quais muito provavelmew
te a epoca do ano e o atrativo utilizado na coleta.
Pesquisas semelhantea
foram executadas em Honduras Britanica, corn o emprego de iscas
humaj-
na, animais e luminosa (Disney50, 1968; Williams2"2. 23, 1970). Nessas
oca/-
sioes verificou-se alguma acrodendrofilia por parte de Lutzomyia cruciw-
ta, L. permira e L. trinidadensis, bem como a preferencia para os niveis
baixos, em outros flebotomineos. Em tais
observances
pode-se demonstray
a influencia do tipo de coleta e de outros fatores, nas varjacoes
da distr(-
buicao vertical desses dipteros. Assim e que, Lutzomyia permira mostroui-
se mais frequente em alturas medianas, de quatro a oito metres, corn 0
uso de iscas animais (Disney5", 1968), passando porem a ser quase qup
exclusivamente acrodendrofilo, corn a mesma tecnica, em outras oca-
sioes (Williams202, "i, 1970). Por sua vez, o Psychodopygus panamensi
apresentou-se como hematofago predominantemente terrestre, quando di
utilizacao do homem como fonte de sangue. No entanto, das coletas coi
isca luminosa resultaram grandes densidades desse flebotomineo nas ci
pas das arvores. Por outro lado, ha indicios de que, para algumas espi,
cies, os dois sexos apresentam certa diferenca na distribuicao
vertical.
Assim e que, em Lutzomyia trinidadensis, os machos superam as femeEis
8UBFAM1LIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
183
em numero, ao nivel do solo; estas igualam aqueles nas alturas medias
e os ultrapassam nas copas (Williams20, 1970). Nestas pesquisas pode-
se concluir que houve atividade preferencial a baixas alturas, por parte
de Lutzomyia steatopyga, L deleoni e Psychodopygus olmecus e certo
i
ecletismo apresentado por Psychodopygus panamensis, P. geniculatus e
I P. bispinosus.
j Sob o ponto de vista epidemiologico, tem sido de grande interesse
j
a observacao da
distribuifao estacional, ou seja, das variacoes que po-
i, dem ser observadas na densidade ou abundancia dos flebotomineos, nas
varias epocas ou estacoes do ano. Para tanto, tem-se empregado comu-
mente, varies processos, dos quais, o mais frequente vem a ser o do cal
culo das medias horarias descrito no primeiro volume deste trabalho.
Quanta a medida da densidade populacional, em termos absolutos e uti-
rlizando a tecnica de marcacao, soltura e recaptura, nao tem sido feita
para os flebotomineos, pelo menos em relacao a regiao neotropical.
, De modo geral, as verificacoes levadas a efeito ate o memento, tem
lindicado fenomeno semelhante ao que se observa corn outros dipteros.
Nas regioes tropicais quentes e umidas, corn boa distribuicao pluviome-
|trica, a densidade sofre oscilacoes pouco variaveis durante todo o ano.
iNas areas temperadas, onde existe demarcacao entre estacoes chuvosas
ie secas, as flutuacoes tambem acompanham esse aspecto, dando-se o
jaumento
da densidade nas primeiras e sensivel diminuicao nas segundas.
SNCS climas frios, a descida da temperatura a ntveis inferiores a 12C, ten-
de a manter as formas adultas em estado de torpor, o que faz sustar a
sua atividade (Chaniotis e Anderson34, 1968). Em tais cases, quando as
pondicoes ambientais se tornam desfavoraveis, surge a possibilidade de
:hibemacao, a qual, no estado atual de nossos conhecimentos, admite-se
que se processe principalmente atraves da astenobiose das formas ima-
turas, como foi explanado em paragrafo anterior. Por esse motive, em
tais regioes, a variacao estacional implica na atividade flebotominica du-
(ante apenas os seis meses favoraveis do ano (Chaniotis3, 1967). Toda-
yia,
todos esses aspectos encontram-se sujeitos a influencia de fatores
multipios. 6 frequente observar-se, mesmo em regioes corn estacoes bem
Tiarcadas,
a ocorrencia de quedas ou elevacoes bruscas da densidade,
(espectivamente,
em meses favoraveis e desfavoraveis. Deve-se isso, pro-
yavelmente, a bruscas mudancas de condicoes climaticas que possibili-
Tam ou restringem a atividade das formas aladas, o que permite, supor,
^lem
da astenobiose larval, que os flebotomineos possam permanecer
^ob
a forma adulta, nos seus locals de abrigo. No Turquestao, tem-se
Abservado em locas profundas de ouricos, os flebotomineos adultos con-
tinuarem a sua atividade durante o inverno (Petrishcheva135, 1965). De
qualquer forma, a distribuicao estacional parece ter o seu comando prin-
cipal
sediado nas variacoes de temperatura e, os picos observados nas
9urvas
anuais refletem, provavelmente, a ocorrencia de novas geracoes.
j
DISTRIBUIOAO
GEOGRAFICA
Os Phlebotominae distribuem-se
rhundialmente, nao se afastando porem das zonas temperadas que pare-
oem constituir os seus limites extremos.
184
ENTOMOLOGIA MEDICA
Em relacao a altitude podem ser encontrados desde o nfvel do mar,
ate alturas consideraveis, como 3.300 metros, na regiao da Cordilheira
dos Andes. Na regiao neotropical, a distribuicao geografica destes dip-
teros acompanha de perto a presenca de vegetacao florestal. Tambem
podem ser encontrados em areas semi-aridas corn cobertura vegetal pre-
dominantemente arbustiva, como e o caso dos vales interandinos. Exis-
tem especies localizadas e outras que tern sido assinaladas em regioes
maiores das Americas Central e do Sul. Porem a distribuicao da fauna
flebotominica neotropical, mesmo no que diz respeito a representantes de
maior interesse sanitario, constitui assunto que necessita ainda de maio-
res investigacoes.
PARASITOS E PREDADORES |
As referencias existentes sobre parasites de flebotomineos nao saol
numerosas. Grande parte delas se refere ao encontro de tais organis-)
mos durante os processos de disseccao para investigar a existencia de;
agentes patogenicos, passlveis de serem transmitidos ao homem.
Sao(
escassos os dados sobre a sua biologia e o significado em relacao a vida.
do dtptero. Em alguns casos, admite-se que a presenca dos parasites)
nao chegue a afetar a fisiologia desses hospedeiros, embora vivam
asj
suas expensas. Em outros, ha evidencias que permitem supor a ocor-
rencia de posstveis efeitos nocivos corn respeito ao desenvolvimento e a.
atividade normal do flebotomineo. No caso particular de protozoarios fla-l
gelados, surge a questao de ordem pratica de diferencia-los daqueles quel
apresentam a possibilidade de serem inoculaveis ao homem. Como regra
geral, admite-se esta ultima hipotese quando se trata de leptomonas situa-i
das, ou pelo menos corn tendencia a se deslocarem, em direcao anterior
Tal assunto sera abordado corn maiores detalhes, em paragrafo adiante)
Quanto a existencia de possiveis associacoes simbioticas, os
conhecimen{
tos sao praticamente nulos.
i
A ocorrencia de tripanossomas tern sido assinalada em ocasioes va*
rias. Lewis e Minter103 (1960) mencionaram a presenca de numerosas cri1
tfdias, na ampola retal de um exemplar femea de Sergentomyia garn/iam/j,
na Africa. Na America Central, Lewis"" (1965) registra tambem o era-
contro de varies flagelados, sem especificar a natureza, em especimens
femininos de Psychodopygus panamensis, Lutzomyia shannoni e L. sreai-
topyga. Contudo, as primeiras evidencias, mais concretas, da presence
de tripanossomas em flebotomineos, sao as concernentes ao Trypanosoma
phlebotomi observado em Phlebotomus minutus e Sergentomyia babb
sfiortti e sendo veiculado a lagartos Hemidactylus frenatus, provavelmenl-
te por
ir^estao
do inseto (Mackie"-, 1914; Shorn e Swaminath"-,
1931J.
No mesmo sentido, Adier e Theodor" (1935), demonstraram a capacidade
de Phlebotomus parroti transmitir o Trypanosoma platydactyli a largarto.s
Tarantola mauretanica. E isso, provavelmente tambem atraves da inges-
tao do diptero pelo hospedeiro, sem afastar a hipotese da veiculacao at(-
va pela picada, uma vez que os flagelados nao foram observados no iri-
testino posterior do flebotomineo. Outras observacoes do Velho Mundo
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOSIA
185
sao as referentes a transmissao do Trypanosonia bocagei ao batraquio
Bulo bulo pelo Phlebotomus squamirostris, na China (Feng e Chung88,
1940; Feng e Chao5, 1943). Em territories das Americas, especificamente
no Peru, Herrer2 (1942) descreveu o Trypanosoma phlllotis encontrado
parasitando algumas especies de roedores cricetideos do genero Phyllotis.
Esse mesmo autor verificou que as femeas de Lutzomyia noguchii encon-
tradas nas tocas desses animais, mostravam a elevada prevalencia de
infeccao por flagelados correspondentes a 80,0% dos exemplares coleta-
dos nesses habltaculos. Os protozoarios apresentavam-se sob a forma
de critidias, ocupando varies setores do tubo digestivo. Tais observacoes
I foram confirmadas atraves de experiencias levadas a efeito em condicoes
1
de laboratorio e, os flagelados, embora nunca tenham sido surpreendidos
j
nas partes bucais do artropode, foram observados sendo expulsos corn as
l
fezes. No Panama, McConnell e Correa12 (1964) encontraram e estuda-
l
ram a infeccao de Lutzomyia vespertilionis e L. trinidadensis por flagela-
l
dos, tambem do genero Trypanosoina. Embora se saiba que o segundo
desses flebotomineos tenha, em lagartos, a sua fonte alimentar, o primei-
. ro deles foi encontrado associado corn morc.egos. Corn efeito, os men-
i cionados autores encontraram-no frequentemente, em abrigos desses ani-
j mais, principalmente Carollia perspicillata, e a proporcao de infectados
i. chegou a atingir elevadas cifras, como a de 82,0% dos especimens exami-
) nados. A investigacao naqueles morcegos revelou tambem a presenca
I de varies exemplares corn tripanossomas no sangue circulante. No cor-
,
po dos flebotomineos esses flagelados foram encontrados nos intestinos
S medio e posterior, e nunca no anterior ou nas partes bucais. As formas
Sevidenciadas foram, predominantemente, as em critldia e em tripanosso-
ma, corn raras leptomonas. Embora nao tivessem chegado a identifica-
Icao, foi afastada a hipotese de se tratar do Trypanosonia vespertilionis.
^E
isso baseado nas dificuldades de manutencao de protozoarios em
;culturas sucessivas, de inocula-los em animais e na existencia de dife-
jrencas
morfologicas. Estribados na observacao de que formas em tri-
ipanossoma podiam ser expulsas nas gottculas eliminadas pelo fleboto-
imlneo, os mencionados autores suspeitaram que a transmissao fosse leva-
da a efeito mediante a contaminacao da superficie corporal do hospedei-
jro, utilizando solucoes de continuidade ali preexistentes, ou entao o pr6-
|prio orificio da picada. Observacoes semelhantes foram feitas em Hon-
duras
Britanica, por Disney (1968) e Williams2" (1970). All, alem de
Lutzomyia trinidadensis, foi registrado o encontro de infeccao natural por
jtripanossomas,
em Lutzomyia steatopyga, L. shannoni e L. cruclata. No
que diz respeito aos dois primeiros flebotomineos, indicios analogos aos
pitados
na investigacao levada a efeito no Panama, permitiram supor da
prigem
desses parasites como sendo de mamiferos. Foi observada a as-
sociacao corn morcegos das especies Glossophaga sorlcina e tambem
Carollia perspicillata. Esses flagelados pertenceriam provavelmente aos
subgeneros Megatrypanum e Schizotrypanum. No caso de Lutzomyia
fhannoni,
as evidencias sugeriram a possibilidade de tratar-se de Trypa-
tidsoma (Megatrypanum) legeri, encontrado por Lainson" (1965) em ta-
manduas, Tamandua tetradactyla.
Quanto
a Lutzomyia cruciata, nessas
ENTOMOLOQIA MEDICA
186
investigacoes nao foi possivel levantar hipotese viavel sobre o provavel
vertebrado reservatorio do protozoario. As proporcoes dos flebotomfneos
encontrados infectados nessas pesquisas, foram bastante variaveis. A
maior delas foi observada em Lutzomyia steatopyga, que chegou a atin-
gir a cifra de 37,1% dos exemplares examinados (Williams203, 1970).
Outros flagelados foram tambem assinalados em Lutzomyia vexatrix occi-
dentis no norte da California, Estados Unidos, por Chaniotis e Andersen34
(1968). Essa infeccao foi observada em 20% das femeas oniparas exa-
minadas, e consistiu na presenca de critidias no intestino medio e de lep-
tomonas no posterior, sem haver mistura dessas formas. A concentracao
desses parasites chegava a ser muito grande, ocupando toda a luz do
intestino posterior (Fig. 60). Desde que aquele flebotomineo apresenta
predilecao para sugar animais de sangue frio (Chaniotis3, 1967), foi feita
a suposicao de que a fonte fosse representada por lagartos. Na mesma
ocasiao foram examinados varies desses animais, corn resultados nega-
tives. Posteriormente e na mesma regiao, Anderson e Ayala" (1968),
observaram a existencia de tripanossomas de batraquio Bufo boreas e a
sua capacidade de infectar aquele flebotomineo, o qual transmitiria a in-
feccao apos ser ingerido por esses vertebrados. No Panama, Shaw161-
162
(1964, 1969) obteve evidencias bastante sugestivas de que varias espe- I
cies destes dipteros, entre os quais e principalmente Psychodopygus san-
guinarius, podiam infectar-se e transmitir o Endotrypanum schaudinni a f
preguicas Choloepus hoffmani. Em resumo, os flebotomineos podem ]
albergar no seu organismo, flagelados tripanossomfdeos outros que do
;
genero Leishmanla. Em tais casos, os protozoarios se localizam, de
[
preferencia, nas porcoes posteriores do tubo digestive.
Quando
se
trataj
de parasites a serem veiculados a vertebrados, tudo parece indicar que>
Fig. 60
glandulas acessorias; ip
BIOLOGIA
187
a transmissao se faca passivamente, pela ingestao do inseto, ou entao,
pela contaminacao do conteudo intestinal eliminado sobre a superflcie
corporal do future hospedeiro. No caso de Trypanosoma, seriam pois, de
"estacao posterior".
Ainda no caprtulo dos protozoarios, merecem citacao alguns espo-
rozoarios. Steinhaus (1947) faz referenda a presenca de Hepatozoon
em Phlebotomus papatasi. Varias gregarinas tambem tern sido encontra-
das e melhor estudadas. Shortt e Swaminath170 (1927) descreve Monocystis
mackiei no hemocele de Phlebotomus argentipes, na India. No Continente
Africano, Lewis e Minter03 (1960) registraram uma femea de Sergentomyia
givnhami corn varies trofozoitos pertencentes a gregarina nao identificada,
e , acalizados no abdomen do inseto. Na regiao de Belo Horizonte, Estado de
MiVas Gerais, Brasil, Adier e Mayrink" (1961) encontraram e estudaram,
descrevendo-a, outra gregarina que denominaram Monocystis chagasi.
Foi achada parasitando individuos de ambos os sexos de Lutzomyia ion-
gipalpis, tanto coletados na natureza como criados em laboratorio. Esses
mesmos autores e, posteriormente, Coelho e Falcao88 (1964), investiga-
ram varies aspectos do cicio vital do parasito (Fig. 61), encontrando-o tam-
bem em Lutzomyia cortelezzii. Inicialmente, nas femeas os cistos madu-
ros injetam os oocistos na luz das glandulas acessorias. Estas, por sua
vez, descarregam essas formas, as quais, por ocasiao da postura, conta-
minam os ovos, colando-se a sua superflcie. As larvas infectam-se du-
rante a eclosao, e o seu tubo digestive torna-se sede dos processes evolu-
tivos e sexuais do parasito.
Quando da pupacao, da-se a passagem da
forma adulta do protozoario para a hemocele do inseto, recomecando
rig. 61
bocistos (720x).
188
ENTOMOLOGIA MEDICA
assim o ciclo. Em
observances
levadas a efeito no Panama, McConnell e
Correa23 (1964) encontraram gregarinas nao identificadas, na cavidade
geral de dez especies, a saber: Pressatia camposi, Psychodopygus hart-
manni, P. panamensis, P. sanguinarius, P. trapidoi, P. yiephiletor, Lutzo-
myia gomezi, L. cruciata, L. shannoni e L. trinidadensis, e nos arredores
de Belem, Brasil, Lewis, Lainson e Shaw106 (1970) observaram apreciavel
prevalencia de infeccao por Monocystis em Psychodopygus llaviscutel-
latus. Esses parasites sao, aparentemente, bem tolerados pelos fleboto-
mineos, pois a maioria das femeas encontradas infectadas foram captu-
radas no ato de sugar, o que leva a super a existencia de normalidade fi-
siologica. Alem disso, a sua presenca parece nao comprometer a postu-
ra, a longevidade e nem provoca o aparecimento de reacoes teciduais lo-
cais, indicadoras de algum processo de defesa organica (Adier e May
rink12, 1961; McConnell e Correa12-, 1964; Coelho e Falcao38, 1964; Lewis,
Lainson e Shaw06, 1970). Sobre outros protozoarios pouco ou nada se
sabe, a nao ser a observacao de Lewis100 (1965), na America Central, re-
gistrando o encontro de varias formas no abdomen de urn exemplar de
Lutzomyia shannoni, as quais aquele autor classifica como sendo prova-
velmente de ciliados.
Os fungos tambem foram assinalados em flebotomfneos. Hertig e
,
Johnson" (1961) verificaram a acao patogenica de certos cogumelos,
cujos micelios invadiam o corpo de larvas criadas em laboratorio. Tern
sido descritas as especies Entomophthora papatasii e E. phlebotomus,
parasitando flebotomineos do Velho Mundo, sendo que a segunda tam-
bem foi assinalada em Lutzomyia longipalpis, que e representante neo-
tropical (Marett"9, 1915; Adier e Theodor4, 1929; Adier apud Jenkins3,
1964). Lewis100 (1965) cita o encontro de fungos em urn especimen centro-
-americano de Lutzomyia shannon!, parasitando provavelmente o diverticulo
esofagiano. Em material procedente de Belo Horizonte, Estado de Minasj
Gerais, Brasil, Area Leao e Pedroso" (1964) descreveram o cogumeloi
Coelomomyces cllerri, ericontrado parasitando ovos de flebotomineos. Nol
Panama, McConnell e Correa123 (1964) registram a ocorrencia desses pa-!
rasitos em exemplares de Pressatia camposi, Psychodopygus panamen-S
sis, P. sanguinarius, P. yiephiletor, Lutzomyia gomezi, L. shannoni, L.
tri-\
nidadens/s, L. vespertilionis e L. lichyl. Observaram em ambos os sexos.f
os micelios associados corn as gonadas e, no caso de infeccoes elevadas,!
invadindo tambem a hemocele. Verificaram tambem a possibilidade de!
tais micoses redundarem em efeitos nocivos para o hospedeiro. Tendc?
observado que a maioria dos indivfduos infectados nao sugava sangue;
conclufram por certo comprornetimento fisiologico, no sentido de possf-
vel bloqueio da hematofagia. Esse fato parece ler sido especialmentd
significante no caso de Psychodopygus yiephiletor em cujos represent
tantes notou-se que, 4,2% das femeas inativas eram portadoras da pa-
rasitose, ao passo que esta nao foi observada em nenhuma daquela^
capturadas no ato de sugar. ,
Os dados disponiveis sobre outros parasites sao mais escassos.
Prin-j
gault140 (1921) encontrou e descreveu, no tubo digestive de
Phlebotomus^
perniciosus o espiroquetideo Spirochaeta phlebotomi. Hertig73 (1936) ret
\
SUBFAM1LIA PHLE80TOMINAE
BIOLOQIA
189
; fere a presenca de Rickettsia em g6nadas de Lutzomyia vexatrix. Subra-
i
maniam e Naidu184 (1944), em flebotomfneo nao identificado na India, as-
; sinalam a presenca de larva plerocercoide de cestodeo, alojada no corpo
, gorduroso e semelhante mas nao identica a de Sparganum proliterum.
\ Em varias ocasioes tern sido encontradas tambem formas de nematodeos.
i
Lewis e Minter"" (1960) observaram esses helmintos, da ordem Tyienchol-
dea, no abdomen de exemplares africanos de Sergentomyia. Lewis00.
ws
I (1965, 1968) assinala o mesmo fato, em situacao analoga, referente a
, l especimen de Lutzomyia cruclata da America Central e de L. cayennensis
da ilha de Cayman Brae, sem contudo fornecer muitos detalhes sobre a
, identidade dos parasites. McConnell e Correa12 (1964), obtiveram maio-
! res detalhes sobre o achado de nematodeos na hemocele de exemplares
panamenhos de Psychodopygus sanguinarius, P. panamensis e Lutzomyia
i vespertilionis.
Quanto
a esta ultima, em ambos os sexos, foram encon-
i
tradas formas larvais e ovos de especie provavelmente relacionada ao
| genero Tyienchinema da familia Allantonematldae. Em alguns casos, a
infestacao era tao grande, a ponto de provocar a distensao abdominal.
Julgam esses autores que pelo menos em atguns casos, se possa admitir
ia hipotese de que se trate de formas larvais de filarideos, adquiridas atra-
|ves
do repasto sanguineo. Outros parasites sao registrados por Lewis100
|(1965) sem contudo fornecer maiores indicacoes sobre a possivel natu-
.reza de tais organismos. Merece ainda ser citado o parasitismo em
Phlebotomus freetownensis sundaicus, por parte de inseto himenoptero
provavelmente Planidium, assinalado por Lariviere e Abonnenc09 (1958).
i Finalmente, a presenca de acaros fixados a superficie de adultos
.constitui
achado de relativa frequencia. Em representantes da India e da
^Africa, foram encontrados exemplares dos generos Raphignatus, Lueder-
fnuelleria e alguns trombiculideos (Hirst80, 1926; Mitra e Mitra129, 1953; Le-
wis e Minter103, 1960; Abonnenc, 1970). Em Honduras Britanica, America
pentral,
Lewis"" (1965) assinalou, em Lutzomyia shannon/, urn represen-
tante de Luederniuellerla e outro de Typhlodromus. Este ultimo, per-
tencente a familia Phytoseiidae que inclui acaros fitofagos e tambem
tiutros, predadores. No Panama, McConnell e Correa123 (1964) observa-
ram especimens de Stigmaeidae fixados pelas partes bucais ao torax e
abdomen de exemplares de Lutzomyia gomezi e L. pia. Tratava-se tam-
bem de especies ainda nao descritas do mesmo genero Luedermuelleria
supracitado. Alem disso, um exemplar de Psychodopygus aclydiferus foi
^ncontrado
por esses ultimos autores, albergando uma ninfa de Uropodi-
dae, fixada ao torax do flebotomineo, atraves do seu pedunculo anal.
; Quanto aos predadores, merece citacao o registro de Schuize"2
01919) que observou o hemlptero reduvideo Ploiaria domestica alimen-
(ando-se em adultos engurgitados de Phlebotomus papatasL
i LEPTOMONAS E TRANSMISSAO DE LEISHMANIA
j
A pesquisa de infeccoes naturais de flebotomtneos por flagelados
qm forma de leptomonas, tambem chamados "promastigotos", reveste-se
die grande interesse epidemiologico. Corn efeito, representando tais pro-
190
ENTOMOLOGIA MEDICA
tozoarios, estadios no cicio vital do genero Leishmania, a sua procura
podera fornecer dados valiosos sobre o possivel papel vetor, desempe-
nhado pelas varias especies desses dipteros. Todavia, como assinala-
mos, surge o problema da diferenciacao dessas formas, no sentido de
identificar aquelas que representem especies capazes de infectar o ho-
mem e animais.
Ate pouco tempo atras, as pesquisas limitavain-se a procura da. exis- i
tencia de tais flagelados no tubo digestivo, associando-a aos dados epi- f
demiologicos focais. Mais recentemente, porem, tern sido feitos esfor- i
cos no sentido de, uma vez detectada a infeccao natural do flebotomfneo, i
obter maiores dados sobre a sua verdadeira natureza. E isso atraves da j
observacao da area intestinal parasitada, as tentativas de isolamento e
;
inoculacoes experimentais, e a comparacao corn as infeccoes desses dfp- ;
teros, obtidas em condicoes de laboratorio. t
Os resultados conseguidos corn flebotomineos de outras regioes e
j
relativos a transmissao dos agentes das leishmanioses tegumentar e vis- )
ceral, vieram estabelecer determinados conceitos. Entre eles encontra-
1
se o que admitiu, como norma geral, a tendencia desses protozoarios a ,l
se colonizarem no estomago anterior e proventriculo, invadindo freqiien-
j
temente o esofago, a faringe e as partes bucais. Assim sendo, e corn base
nessas experiencias, passou-se a aceitar que as leptomonas
pertencentes.
a Leishmania patogSnicas para mamrferos, tenderiam a adotar a "estacaoi
anterior". Em conseqiiencia, a transmissao se processaria atraves da.
picada do flebotomineo infectado. Por outro lado, admite-se tamb6m que
a tendencia oposta por parte desses flagelados, ou seja, a adocao da "es-i
tacao posterior", corn conseqiiente colonizacao no intestine posterior,
in-;
dicara tratar-se de leishmanias parasitas de repteis (Adier3, 1964). Em
que pese os dados experimentais que levaram a essas conclusoes, tais
aspectos nao sao estritos e tem-se observado fatos que levaram alguna
autores a admitir a transmissao posterior de formas patogenicas para Q
homem e mamiferos. Foi o que ocorreu corn Phlebotomus minutus,
en-)
contrado em tocas de roedores, corn intense parasitismo posterior pot
*
leptomonas, levando Shoshina175 (1953) a admitir aquela hipotese.
Con^
tudo, e de se pensar tambem que, a infeccao do intestine posterior, poi
parte de leishmanias de mamiferos poderia ocorrer como resultado de
um desenvolvimento anormal ou levado a efeito em hospedeiro pouc^
eficiente para o parasito (Shaw102, 1969). Acresce o fato de
leishmania?
de repteis terem sido observadas tanto em estacao anterior como postei-
rior (Adier e Theodor5.7, 1929, 1935). Seja como for, as observacoes Ie-
vadas a efeito em areas da regiao neotropical, vieram demonstrar que a
verificacao desse aspecto nao significa necessariamente que a transmis-
sao se faca atraves da eliminacao do conteiido intestinal pelo anus. 6
o que se vera nas linhas que seguem.
:
i
Em Honduras Britanica, Strangways-Dixon e Lainson183 (1962) obser-
varam a ocorrencia de leptomonas no intestine posterior de Lutzornyiia
ovallesi, o mesmo tendo ulteriormente registrado Williams203 (1970) erd
relacao a Lutzomyia cruciata. Em virtude dessa localizacao, esses autq-
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
B10LOSIA
191
res atribuiram a infeccao a possfveis representantes dos generos Lepio-
monas, Crithidia e Herpetomonas. Porem, a presenca destes flagelados,
e mesmo a de Phytomonas, parece ser pouco provavel. Corn efeito, alem
de nunca terem sido assinalados em flebotomineos, em pesquisas reali-
zadas .corn 262 machos desses dfpteros, no Panama, nao foi possivel
observar nenhuma infeccao natural (Johnson, McConnell e Hertig88.M,
^
1962, 1963). Ora, em se tratando de parasitas que infectam insetos nos
I estadios larval e adulto, seria de se esperar que os indivlduos masculinos
] tivessem a mesma oportunidade dos femininos, em adquirir a inteccao.
I Alem disso, nunca foram observados flagelados em flebotomineos cria-
] dos em laboratorio (McConnell122, 1963). Lancando mao de estudos da
| ultra-estrutura, Wallace e Hertig"* (1968) atribuem a provavel especie de
]
Crithidia, as leptomonas de uma cepa isolada de Psychodopygus sangul-
; narius.
1
Procurando identificar os vetores de leishmaniose tegumentar no Pa-
nama, Johnson, McConnell e Hertig8889 (1962, 1963) conseguiram encon-
< trar flagelados leptomonas, em cerca de 10,0% dos flebotomineos exa-
]
minados, entre os quais, os pertencentes as especies que mais comumen-
, te sugam o homem na regiao. Essa proporcao variou de 1,9% para
I
Psychodopygus panamensis a 15,4% para P. trapidoi. Tais disseccoes
revelaram que os parasites estavam sempre presentes no intestino pos-
iterior das femeas infectadas, a maioria das infeccoes sendo limitada a
iessa
area e, muitas vezes, somente ao chamado triangulo posterior. Este
| ultimo e representado pela porcao proximal do intestino posterior, que
lapresenta contorno aproximadamente triangular (Fig. 62). Em pequeno
inumero
de casos, observaram a colonizacao dos flagelados no estomago
iposterior e, somente em 5,0% das infeccoes, no estomago anterior. Em
japenas dois casos, foram detectadas invasoes ainda mais anteriores. Am-
ibos foram representados por dois especimens de Psychodopygus trapidoi,
{urn
deles corn infeccao no esofago e outro na faringe. McConnell122 (1963)
lisolou em cultura pura, alguns desses flagelados, inoculando-os poste-
riormente, em hamsters. Obteve so dois resultados positivos referentes
BOS dois exemplares de P. trapidoi encontrados naturalmente infectados
)na porcao anterior do intestino. Estudando a morfologia dessas lepto-
monas, apos o isolamento em cultivos, pode observar o aparecimento de
formas longas", que tendem a aumentar em numero a medida que a cul-
lura envelhece. Tais formas distinguem-se facilmente das outras, ou
normas curtas", pelo grande prolongamento posterior que se apresenta
^
maneira de "cauda". E de tal modo que a relacao entre as distancias
do nucleo as extremidades anterior e posterior, variam desde 1:1 nestas,
ate 1:12 naquelas. 0 mesmo autor suspeitou, nessa oportunidade, que
tomente se obtinha resultados positivos nas inoculacoes em hamsters,
fluando
as cepas eram constituidas por "formas curtas", encontradas
provocando infeccoes macicas do intestino anterior dos flebotomineos.
^onsequentemente, seria essa a situacao que permitiria a veiculacao atra-
tes da picada desses insetos. Tal hipotese foi, nessa mesma ocasiao,
confirmada por Johnson e Eisenmann" (1963) que conseguiram duas
(noculacoes
positivas em hamsters, corn culturas obtidas de "formas cur-
ENTOMOLOGIA MEDICA
192
tas" encontradas infectando naturalmente Psychodopygus yfephifetor e
P. trapidoi, em localizacao anterior. Dessa maneira, o desenvolvimento
de "formas longas" nas cufturas isoladas de leptomonas encontradas no
tubo intestinal desses dipteros pareceria indicar a presenca de cepa sem
tendencia para a migracao anterior, ou a existencia de raca, ou mesmo
especie, nao patogenica para mamiferos. Ou entao, o envelhecimento
de cepa inicialmente infectante para esses vertebrados. Em uma oca-
siao, o proprio McConnell1^ (1963) observou a presenga de uma dessas
formas no intestine posterior de P. trapidoi. Esse mesmo autor obteve
resultados negativos nos testes de precipitina levados a efeito entre anti-
genos preparados corn tais "formas longas" e anti-soro de coelho contra
amostra de leishmania de origem humana, apesar de as reacoes controle
Fig. 62
tubo digestivoc
B
formas em feploma.
I
a
anus; ar
ampola retal; c
cibario; d
divertfculo; e
esofago; ea
estoi-
mago anterior; ep
est6mago posterior; f
faringe; fc
forma curta; fl
form4
ionga; ip
intestine posterior; p
proventriculo; tm
tubos de Malpighi; tp
inan}
gulo posterior, i
As setas indicam a direcao do percurso das leptomonas de forma curta, corn o
obje^
tsvo de colonizaco anterior (est6mago anterior, proventriculo, esofago, faringe e parte?
bucais).
.
r
SUBFAMILIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOSIA
193
terem sido positivas. Acresce ainda o encontro, em Salvador, Estado da
Bahia, Brasil, de Lutzomyia micropyga corn o intestino posterior natural-
mente infectado por leptomonas de "formas longas" (Sherlock e Pes-
s6a1"8, 1966; Pessoa1", 1967). Embora sem ter sido possivel cultiva-las,
, em virtude de sua morfologia e localizacao, foram consideradas como
pertencentes a especie provavelmente parasita de lacertideos.
, Esses achados, em condicoes naturals, puderam ser comparados corn
i
os dados obtidos em infeccoes experimentais, levadas a efeito sob con-
i dicoes de laborat6rio. Hertig e McConnell78 (1963), alimentaram varies
flebotomineos artiticialmente, corn culturas de origem humana e obser-
;
varam a infeccao precoce do triangulo posterior, a qual parece persistir
,
por toda a vida animal. Como caracteristica porem, dessas cepas, esses
; autores verificaram que concomitantemente, ou logo em seguida, as lep-
(tomonas tendiam a migrar em direcao anterior, colonizando-se no esto-
imago, proventriciilo e, as vezes, na faringe. Todavia, essas infeccoes
artificiais devidas a culturas, diferem sob varies aspectos daquelas conse-
iguidas de lesoes experimentalmente obtidas em animais de laborat6rio,
como hamsters. Neste ultimo caso, os parasites ingeridos pelo inseto,
lalem de estarem sob a forma de leishmanias, sao em numero bem menor.
SPor outro lado, a tecnica artificial introduz, de infcio, no tubo intestinal,
lurna grande quantidade de leptomonas ja formadas. Mas, de qualquer
^naneira, as experiencias corn infeccao de flebotomineos a partir de le-
b6es experimentais sugerem tambem que, nas cepas patogenicas a colo-
pizacao no intestino posterior, segue-se o progredir da infeccao em dire-
pao anterior, onde pode ocorrer macico crescimento de leptomonas (John-
son, McConnell e Hertig-i, 1963; McConnell122, 1963). Mais recentemen-
ie, Coelho7 (1966) levou a efeito experiencias corn varias especies de
<lebotom(neos e de leishmanias. Tais observacoes evidenciaram que a
^apacidade de migracao anterior por parte das leptomonas, sofre acen-
(uadas variacoes, obedecendo a fatores ainda pouco conhecidos. Assim
6 que, as infeccoes correspondentes as leishmanias tegumentares sul-
iamericanas, mostraram grande tendencia a localizacao anterior. Esse
autor observou ainda, o mesmo aspecto corn as leishmanias viscerais e
^m
relacao a Lutzomyia longipalpis, mas nao corn L. renei, onde as in-
feccoes foram predominantemente posteriores. Strangways-Dixon e Lain-
^on188 (1966), trabalhando corn varias especies de flebotomineos de Hon-
duras Britanica, conseguiram resultados positivos atraves da alimenta-
cao em lesoes experimentais de hamsters. Ao contrario dos outros, estes
autores observaram constante desenvolvimento de infeccoes anteriores,
Cjom
grande abundancia de leptomonas soltas na luz do tubo digestive, e
ausencia de colonizacao no intestino posterior. Ao lado disso, verifica-
ram certo polimorfismo de tais formas infectantes.
Finalmente, devem ainda ser mencionados os achados de infeccoes
naturals por leptomonas em Lutzomyia cruclata, L. permira, Psychodo-
pygus panamensis e P. olmecus, obtidos tambem em Honduras Britanica
(pisney50,
1968; Williams208, 1970). Apenas na ultima dessas especies,
que se mostrou infectada nas proporcoes de 0,5 e 0,7%, foi observada lo-
c.Slizacao
anterior dos protozoarios no tubo digestive. Tal aspecto coin-
SUBFAMiLIA PHLEBOTOMINAE
BIOLOGIA
195
cidiu corn os unices resultados positivos obtidos mediante a inoculacao
experimental dessas formas em hamsters. Isso levou logicamente, a su-
posicao de que as leptomonas encontradas em Psychodopygus olmecus
pertenciam a especie de Leishmania causadora da infeccao leishmanio-
i tica de vertebrados, ao contrario das observadas nos outros supracitados
flebotomineos, as quais provavelmente deveriam pertencer a outros pa-
rasitas. Assim, portanto, dessas pesquisas deduziu-se da concordancia
i entre a localizacao dos flagelados no tubo digestive, a natureza parasita-
ria dos mesmos e o papel vetor do diptero.
| As mencionadas diferencas registradas no Panama, entre infeccoes
i experimentais de flebotomineos corn culturas do parasite e algumas de
(carater natural desses dipteros, induziu a suposicao de que pudessem
Iser atribuidas a caracteristicas especificas ou de cepas diversas. Se
iassim fosse, tais aspectos poderiam fornecer elementos de utilidade ta-
|xion6mica na diferenciacao de especies de Leishmania das Americas
iCom esse objetivo, Johnson e Hertig
"
(1970), procuraram verificar o com-
portamento de varias amostras do parasita, em Lutzomyia gomezi e Psy-
bhodopygus sanguinarius, atraves da infeccao de lesoes obtidas experi-
mentalmente em animais. Para tanto, utilizaram varias cepas do flage-
jado, procedentes do Panama, da Guatemala, de Honduras Britanica e
ao Peru (Figs. 63 a 66). As amostras panamenhas, isoladas do homem,
de animais e de flebotomineos silvestres, provocaram infeccoes que, na-
queles dois dipteros, se caracterizaram pela colonizacao de formas em
Iteptomonas no intestine posterior, especialmente no triangulo posterior,
h corn ou sem crescimento no intestino medio. De maneira semelhante
^e comportou a unica cepa peruana testada. Por outro lado, as proce-
dentes da Guatemala e de Honduras Britanica, mostraram atitude dife-
cente, pois a infeccao no intestine medio foi a regra e nunca foi verifica-
qa
a colonizacao limitada ao intestino posterior. Tais resultados corro-
ooram, em linhas gerais, os obtidos em flebotomineos brasileiros Lutzo-
rnyia longipalpis e L. renei nos quais, o crescimento dos parasites variou
de acordo corn a cepa e a especie (Coelho", 1966; Coelho, Falcao e Fal-
qao3940",
1967) Assim sendo, a tendencia para migracao anterior po-
qeria
correr por conta de diferencas especificas, alem de outros fatores
qomo
o tempo de infeccao e a alimentacao dos flebotomineos na natu-
Figs. 63 a 66
Psychodopygus
sanguinarius. Proventriculo e cardia, dilatados corn a presenca de flagelados, resultan-
ts
de infeccao corn cepa peruana (espundia), no 9. dia (re-aiimentacao no 6. dia)
(280X); Fig. 66
A transmissao dessas cepas, por "estacao posterior" parece nao ser fenomenb
normal, pois a presenca de leptomonas na ampola retal e no liquido expulso por
via anal, sobre ser raramente observada, e duvidosa no que tange a natureza desses
protozoarios. 0 unico caso observado por Johnson, IvlcConnell e Hertig19
(196^),
parecia tratar-se de formas em critfdia.
j
3
Tudo leva a crer que existam varias especies de Leishmania e, entre as patogenicas
para mamiferos, ocorram diversas racas. 0 comportamento destas parece estar
^
condicionado a varies fatores especificos do protozoario e do vetor. Entre os deste
;
ultimo, pode-se admitir a nipolese de possivei influencia do tipo de membrana
peritrofica apresentada peto flebolomineo.
\ De quaiquer maneira, parece claro que a infeccao posterior pode re-
, presentar estadio no cicio evolutive de leishmanias humanas e de outros
, mamiferos. Nao se pode porem exctuir que as ieptomonas ali coioniza-
, das representem formas de Trypanosoma ou "estagios finais" do desen-
i volvimento do protozoario em flebotomineo sem suficiente capacidade
?vetora. Desse modo, a identificagao definitiva dos parasitas requer, pelo
menos, uma das tecnicas de laboratorio, incluindo inoculacoes experi-
mentais e provas sorologicas (Hertig, Johnson e McConnell79, 1969; An-
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estrulurais da genltalia
inascullna em
Lutzomyia
)
oesc^y"0 y
"f0"1" /""""l"^
oPPdana; B
-
baslstilo de t.u(zomyia H-utzomyal
pescel, C
baslstilo de
LutzomS-,
,r0"""" swes:9rt.""s.
E
-
basistilo de Luteomy/a <Coromy,aJ e^arA,1-
F
-
S
^a^^S-yL^a
^^^Z^ ,^5
^s^srdi
s^
^^ss^^s7"
^-^^^^^
210
ENTOMOLOQIA M6DIGA
essa formacao 6 geralmente de situacao basal em Lufzomyia s. str., Coro-
myia, Barrettomyia e alguns Dampfomyia, apresentando-se corn aspectos
diversos, tais como, simples ou complexo, unica ou nao, em crista, corn
cerdas finas ou espiniformes, desenvolvidas ou nao, mas, em todos os
casos, sempre individualizada (Fig. 68A-E); ou entao, esse conjunto cer-
doso pode localizar-se na porcao media e superior da face ventral desse
,
apendice, como se observa em certos representantes de Micropygoinyia
\
(Fig. 68F). A ausencia dessas setas do basistilo e geralmente notada em
Trichopygomyia e parts de Dampfomyia e Micropygomyta. 0 paramero
e sede de apreciaveis variacoes, podendo apresentar-se corn aspecto ;
simples e inerme, ou, como se observa em alguns Lutzomyia s. str.. Damp-i
fomyia, Trichopygomyia e outros, mostrar-se bifurcado, ramificado, corn t
apendices ou cerdas espiniformes dorsals (Fig. 68Q, H, I).
Quanto
ao
lobo lateral, e geralmente simples e inerme. Contudo, mostra-se sensi-,)
velmente dilatado em alguns Coromyia e dotado de cerdas espiniformesi
em certos representantes de Lutzomyia s. str. (Fig. 68J, K).
(
Quanto as formas imaturas, o pouco que delas se sabe permite
men-^
cionar que as larvas do segundo estadio em diante sao dotadas de
doisj
pares de cerdas caudais. i
CLASSIFICACAO
Os representantes deste genero encontram-se distribuidos em seig
subgeneros, o que nao impede que certo numero deles deixe de ser in!-
cluido em qualquer uma dessas categorias face as deficiencias nos co-
nhecimentos atualmente disponfveis. Trata-se de especies
conhecidasj,
ate agora, apenas por um dos sexos, sendo mesmo algumas delas insufi!-
cientemente descritas. !
As classificacoes apresentadas a seguir, obedecem, em linhas gerai^,
a de Forattini" (1971), corn algumas modificacoes ligeiras conseqiiente^
de estudos posteriores mais detalhados. I
Os flebotomineos Lutzomyia tern ampla distribuicao no Continente
Americano, ultrapassando os limites da regiao neotropical, vindo a atirt-
gir areas nearticas. Porem, a grande maioria deles e encontrada na pr,i-
meira, onde constitui parte ponderavel da fauna flebotominica. As sels
categorias subgenericas mencionadas, sao as seguintes:
Lulzomyia Fran?a, 1924.
I
Oampfomyia Addis, 1945. (
Micropygomyia Barretto, 1962.
f
Coromyia Barretto, 1962. )
Tnohopygofnyia Barretto, 1962.
\
Barrettomyia Martins & Silva, 1965.
A maioria das especies encontra-se incluida em Lutzomyia s. sV!.,
Trichopygomyia e Coromyia. Os caracteres distintivos dessas varias cp-
tegorias subgenericas foram objeto de algumas consideracoes nas linhas
anteriores e encontram-se indicados nos paragrafos seguintes.
l
IMPORTANCIA M6D1CA E SANITARIA |
0 genero Lutzomyia encerra representantes de elevado interesse ern
saude publica. Entre eles incluem-se vetores de infeccoes humanasie
GENERO LUTZOMYIA
211
animais, de grande importancia epidemiologica, como as leishmanioses e
,
a bartonelose.
A leishmaniose visceral tern em Lutzomyia longipalpis o seu princi-
pal transmissor em terras americanas, 0 possfvel desempenho desse
i papel, por parte de outros flebotomineos, nao saiu ainda do terrene da
simples suspeita.
Quanta
as varias leishmanioses tegumentares, existem
i dados seguros que permitem incrimihar L. gomezi, na America Central, e
evidencias epidemiologicas que induzem a mesma conclusao a respeito
de varias outras especies como Lutzomyia cruciata, na mesma regiao,
. L. migonei no Sul do Brasil e L. verrucarum e L. peruensis, no Peru.
L. verrucarum e considerado o principal vetor da bartonelose, sem afas-
,tar
a acao de outros, como L. pescei.
, Em muitos casos os indicios sao simplesmente circunstanciais, nao
Ihes correspondendo ainda, confirmacoes laboratoriais. Como vimos em
capltulo anterior, a simples infeccao natural por leptomonas nao revela
pbrigatoriamente,
que se trate da presenca de leishmanias patogenicas
/
para o homem. Ate o momento, os representantes deste genero encon-
*rados corn infeccoes naturais por esses flagelados, foram os seguintes:
Lutzomyia cruciata, L. gomezi, L. longipalpis, L. micropyga, L. miqonei,
i (.. ovallesi e L. shannon!. Porem, tal achado, quando aliado a evidencias
epidemiologicas,
forneceu e ainda fornece indicio valioso na procura da
acao vetora por parte de determinado flebotomlneo. Por esse motiyo,
os registros desse tipo merecem ser levados em consideracao e neles se
t6m baseado diversas pesquisas de ordem epidemiologica.
;
Na Tabela 5.1 encontram-se mencionados os representantes de
Lutzomyia aos quais na regiao neotropical se atribui, pelo menos, algum
papel na transmissao das supracitadas infeccoes.
i
Tabela 5-1
Especies de Lutzomyia de Interesse Medico
Especie
atroctavata
atrodavaia
colombiana
corlelezzii
cruciata
evansi
. gomezi
^
iongipalpis
e do Sul
migonei
peruensis
pescei
shannon!
Venezuela
verrucarum
LT
+
+
+
+
America Central
+
+
+
+
+
LV
Martinica
+
Argentina
+
Panama
Venezuela
America do Sul
: Peru
+
Peru
BT
+
Venezuela
+
Regiao
Guadeloupe
Colombia
Mexico
Peru
Mexico,
L"n
leishmaniose tegumentar
IM^
teishmaniose visceral
B"rf
bartonelose.
f
212
ENTOMOLOGIA M6D!CA
SUBGfiNERO LUTZOMYIA Fran?a, 1924
Neste grupo os indivlduos adultos femininos apresentam o cibario
corn armadura bucal constitulda por denies horizontals, em numero va-
rjavel, mas bem individualizados. Por sua vez, os dentes verticals acham-
se distribuidos de maneira rnais ou menos regular, podendo-se observar
tambem a presenca de dentes laterals. Ainda nessa estrutura, a area i
pigmentada esta presente e o arco quitinizado geralmente e completo,
embora as vezes pouco evidente na regiao mediana. 0 corpo das esper-
matecas e segmentado ou simplesmente estriado, mas a anelacao, quan-
do existe, e sempre irregular e de aspecto superficial; a regiao do corpo
continua-se, de maneira gradual ou nao, corn o duto. Nesse orgao obser- ,
va-se corn frequencia o segmento distal do corpo corn dssenvolvimento
maior do que os demais, chegando mesmo, em alguns casos, a apresentar
aspecto vesiculoso que o destaca do restante dessa estrutura.
Quanta
aos machos, observa-se que sao portadores de genitalia regularmente de-
senvolvida, pois o conjunto representado pelo basistilo-dististilo e de com-
primento
major
do que o diametro longitudinal da cabeca do inseto. 0.
basistilo apresenta sempre cerdas basais em conjunto individualizado,,
mesmo reduzido, mas corn aspecto variavel. Assim e que esse tufo pode;
ser unico ou nao, mostrando-se corn aspecto de crista ou entao apenaa
ser tormado por algumas cerdas inseridas juntamente. Ainda na geni-
talia masculina nota-se que o paramero pode ser simples ou ramiticado
e inerme ou dotado de setas espiniformes. Ao mesmo tempo verifica-se
que o lobo lateral e frequentemente inerme, mas em alguns casos mos^
tra, na sua extremidade, conjunto de cerdas espiniformes e de extremida-
de espatuiada.
i
Neste subgenero acham-se incluidas 49 especies. Corn excecao d
poucas, a grande parte e de distribuicao neotropical. Na lista seguinte
encontram-se relacionadas as conhecidas at6 o momento, corn a resped-
tiva distribuicao (a sigia NA significa regiao neartica). j
ESpeclES DO SUBG6NERO LUTZOMYIA
L. alencari Martins, Souza & Falcao, 1962
Brasil (Minas Gerais). f
; aqullonia (Fairchild & Hardwood, 1961)
NA (EUA). I
L. battistlnil (Hertig, 1943)
Peru.
L. bicornula (Blancas & Herrer, 1960)
Peru.
L. bifofiata Osorno-Mesa, MoraIes-Alarcon, Osorno e Munoz de Hoyos, 1970
Colombia.
L bourrouii (Barretto & Coutinho, 1941)
Brasil (Para, Sao Paulo).
.
L. brachyphalla (Mangabeira, 1941)
NA (EUA, Mexico). !
L. diacantha Martins & Silva, 1965
palpo; D
IV segmentos antenais; E
esparma-
tecas; F
cibano; G
geniialia masculina; g
bomba ejacutadora; g
extremida<ie
dos ftlamentos ejaculadores.
r
G6NERO LUTZOMYIA
215
de denies horizontals, pouco desenvolvidps, e denies verticals pequenos,
dispostos em fileira transversal situada adiante dos primeiros; a area pig-
mentada 6 pequena e o arco esclerotinizado e completo. As espermate-
cas possuem corpo anelado, embora nao de maneira marcante, no qual
j
podem ser contados segmentos em numero variavel ao redor de dez; os
antena; a
protorax da
lanva (face dorsal); b
Ovos de Lutzomyia
longipatpis, do Estado de Sao
Paulo, Brasil (80X).
agNERO
LUT20MYIA 219
rais foram feitps nessas condicoes. Isso nao impede que o diptero possa
adaptar-se e criar-se em outros biotopos, entre os quais podem incluir-
; se alguns de origem artificial. o que foi assinalado no Nordeste brasi-
\
leiro, onde o flebotomlneo foi observado criando-se em currais de jumen-
; tos (Deane88, 1956; Deane e Deane57, 1957).
I Da mesma maneira, os locais de abrigo das formas adultas parecem
o maximo entre 21:00 e 23:00 horas, declinando a partir dai, ate cessar
, completamente por volta das 8:00 horas. Tais discrepancias devem correr
. por conta de condicoes locais, nao apenas de ordem climatica, como tam-
i
bem do proprio comportamento das populacoes flebotominicas. Corn
j
efeito, comparando-se os resultados dessas duas observances, pode-se ve-
^
rificar a grande predominancia do mjmero de femeas sobre o de machos,
I
na primeira, ao passo que o contrario se verifica na segunda. 6 de se
, pensar, pois, que neste ultimo caso referente a area de Jacobina, Bahia,
a invasao das casas por parte do diptero obedeceria mais a procura de
labrigo do que propriamente de tonte sanguinea para exercer a hema-
.tofagia. Acresce o fato de, ainda nas
observances
de Sherlock e Guit-
tton1"1 (1969), as coletas terem sido feitas procurando capturar os exempla-
res pousados nas paredes dos domicilios. Ao contrario, em Sobral, Cea-
ra, as coletas intradomiciliares foram levadas a efeito corn a
utiliza?ao
de
(isca
humana (Deane53, 1956), o que pode explicar a grande predominan-
cia de femeas sobre os machos, e a possibilidade de, nessa regiao, a in-
^/asao das casas ter realmente por objetivo a hematofagia. For conse-
iguinte, e em que pesem as investigacoes realizadas ate agora, nao se
pispoe
ainda de dados concretes sobre a atividade hematofaga intrado-
<niciliar
dests flebotomineo. Que
tenha a propriedade de invadir as casas
/ para sugar sous habitantes, e fora de duvidas, mas, por outro lado, tudo
\eva a crer que tal fenomeno deva estar condicionado a numero aprecia-
i/al
de fatores. Em vista disso, face os conhecimentos atuais, esse aspec-
to est6 longe de ter a mesma regularidade que se observa em relacao a
outros dipteros hematofagos, como alguns mosquitos culicideos. As im-
i
plicacoes epidemiologicas que poderiam advir, necessitam ainda de maio-
tes pesquisas.
;
Quanto a atividade no ambiente extradomiciliar, as investigacoes
t^m
trazido resultados sugestivos, mostrando, de maneira mais evidente,
as horas de sugar empregadas pelo diptero. Deane" (1956) utilizando
isca animal (equino), observou que na estacao seca o flebotomineo inicia
s^ia
atividade ao anoitecer, cessando-a apos a primeira hora do dia se-
g;uinte. Ja na epoca chuvosa, verificou que as femeas entram em ativi-
cjade
durante o dia e a noite, embora o advento desta Ultima fosse acom-
panhado de nitido aumento na densidade, mantendo-se ate o amanhecer
d[o dia seguinte. Essa predominancia noturna foi tambem verificada em
outros locais e ocasioes, como em El Salvador, corn isca animal (Rosabal
eiTrejos"8, 1965), e no Mexico, corn isca humana (Biagi, Biagi e Melinari",
1|965). Esta ultima observacao teve lugar em perfodo seco do ano, e os
dutores verificaram que o inicio da atividade foi tardio, correspondendo
as 21:00 horas, corn maximo entre 23:00 e 4:00, cessando as 6:00. Os
g|raficos constantes da Fig. 76 fornecem ideia global dos achados supra-
Fig. 76
CONTROLE
IV segmentos antenais; E
esperinatecas;
F T cibario; G
genitalia roasculina; g
bomba ejaculadora; g
extremidade dos
tilamentos eiacuiadores,
230
ENTOMOLOGIA M^DICA
Na genitalia masculina observa-se o basistilo corn saliencia na por-
cao inferior e corn dois tufos de cerdas, dos quais o basal 6 denso e for-
mado por numerosas cerdas finas e longas, inseridas sobre elevacao ou
crista; o outro tufo e apical, ou entao situado a meia distancia entre a base
e o apice do basistilo, sendo formado por aglomerado frouxo de elemen- .
tos longos, nao inseridos em tuberculos; o dististilo possui quatro espi-
nhos desenvolvidos e implantados em niveis diferentes, sendo um apical,
um aproximadamente no limite do terco distal e sobre pequeno tuberculo,
outro corn localizacao semelhante mas em relacao ao terco proximal, e o
quarto entre esses dois ultimos, notando-se tambem a existencia de fina
cerda pre-apical; o paramero e simples e alongado, estreitando-se ligeira-
mente na porcao mediana e corn a parte distal triangular afilando-se gra-1
dualmente para o apice onde e dotada de fina cerdosidade dorsal apical;
o lobo lateral tambem e simples, inerme e mais longo do que o basistilo;!
o edeago e conico, de extremidade distal agucada e intensamente quiti-;
nizado; o aparelho espiracular e formado por bomba ejaculadora desen-;
volvida sendo o comprimento dos filamentos equivalente a cerca de qua-i
tro vezes o daquela; a extremidade desses filamentos e simples e ligeira-
mente dilatada; ainda na bomba ejaculadora observa-se que a porcao an-;
tenor e cerca de duas vezes mais comprida do que a posterior; a lamete
submediana tern o contorno aproximado de um losango, e membranosa e.
finamente pilosa. Quanto
as formas imaturas, nao foram ainda descritas
embora a especie tenha sido objeto de criacao em condigoes de laboraf
t6rio. Hertig0 (1942) fornece algumas microfotografias dos ovos, larvaS
e pupas.
;
DISTRIBUICAO E BIOLOGIA (Mapa 5.2).
Esta especie e
comij-
mente encontrada nas vertentes ocidentais da Cordilheira dos AndeA,
ocupando area que inclui o Centre e Norte do Peru. Nesse mesmo pate,
tern sido encontrada tambem em vales interandinos, como as regioes de
Huancabamba e Cajamarca. Fora do territorio peruano sua presenca fpi
assinalada na Colombia, Departamento de Cundinamarca e na
Venezuela,
[
Estado de Carabobo (Herrer"6, 1943; Floch e Abonnenc", 1950-1953; Blafl-
4.
cas", 1959-1960; Osorno, Morales e Osorno"8, 1967). ;
As evidencias indicam que as formas imaturas deste diptero tern
seijis
locais de desenvolvimento nos espagos situados sob ou entre rochas. v>s
dados de observacoes desses criadouros naturals sao ainda escassos ie,
as poucas pesquisas levadas a efeito nesse sentido forneceram resultadiss
pobres. Como exempio, pode-se citar o caso de o desmantelamento9e
uma parede inteira de pedras ter fornecido apenas uma exuvia pupal )de
filiacao especifica indeterminada (Hertig101, 1942). Isso, todavia, nao itrt-
pediu que tais ecotopos fossem considerados, nao apenas como locals
^e
criacao, mas tambem como bons abrigos para as formas adultas. P(ra
tanto muito contribuiram as observacoes levadas a efeito em localidades
do Vale do Rimac, Peru, onde a dedetizacao exclusiva das cercas rep^e-
sentadas por essas muretas de pedras superpostas ("pircas") seguiu-|se
notavel decrescimo na densidade deste flebotomfneo (Herrer88, 195P). ,
Assim sendo, tern sido fato comum o encontro do diptero nessas e ym.
outras situacoes, incluindo as habitacoes humanas. Corn efeito, desde jas
232
ENTOMOLOGIA M6DICA
investigacoes iniciais, o L. verrucarum foi observado invadindo corn fre-
quencia e, as vezes em grande numero, as casas e os abrigos de animais
domesticos (Townsend203, 1914; Shannon87, 1929; Noguchi 8 cols", 1929;
Hertig1"1, 1942; Herrer87, 1949-1951). E assim, essas edificacoes, inde-
pendentemente do seu tipo de construcao, podem oferecer locais viaveis
para abrigo, durante as horas luminosas do dia, Incluem-se nesse case,
as casas feitas de barro ou de tijolos, cujas paredes apresentem frestas,
aberturas ou fendas que possam vir a ser utilizadas como esconderijos
pelo flebotomineo. Da mesma forma, podem desempenhar papel analo- f
go o mobiliario e certos objetos como quadros e roupas dependurados !
nas paredes. Em conseqiiencia, como referimos atras, nesses ecotopos |
artificials, a densidade pode ser elevada, chegando mesmo a ultrapassar ,
aquela que se pode observar nos extradomiciliares, como cavernas e
lo-f
cas de animais silvestres, espacos e fendas entre rochas e muretas de<
pedras soltas. Seja como for, constitui observacao constante o fato de
que, corn o cair da noite, este diptero abandona os seus abrigos e se tor-
na ativo, corn grande tendencia a invasao do ambiente domiciliar. Der
maneira geral, essa atividade prolonga-se pela primeira metade da noite,
atingindo o maximo ao redor das vinte e duas horas (Shannon187, 1929)j
Nas regioes onde tern sido objeto de estudos, a major densidade da
Lutzomyia verrucarum corresponde a niveis situados entre 1.800 e 2.400
metros acima do nfvel do mar (Herrer7, 1949-1951). A sua distribuicaoi
porem, freqiientemente nao e uniforme e, desse modo, em determinada
altitude pode se apresentar corn grande abundancia em alguns locais e
estar praticamente ausenfe em outros. Na regiao de Matucana, Peru, Hert-
tig"1 (1942) observou-o raramente na cidade ao passo que era muito
abunh
dante nos arredores.
A respeito dos habitos alimentares, sabe-se que este flebotomineo
suga corn a mesma avidez o homem e grande numero de animais de
sarj-
gue quente, tanto domesticos como silvestres. Sua voracidade e bastante
acentuada, e constitui aspecto que chamou a atencao dos pesquisadoree,
desde as primeiras observacoes iniciais. Em certas areas do Vaie do
Rimac, Peru, Hertig101 (1942) estimou que cada pessoa teria a probabiii-
dade de ser picada, em media por vinte a cinqiienta insetos por noitp.
Esse mesmo autor cita ter conseguido contar ate cerca de 200 picadas ria
superffcie corporal de alguns individuos, na manna seguinte ao pernolie
local. Embora Townsend203 (1914) tenha mencionado a capacidade de
L. verrucarum em sugar lagartos, esse fato nao foi confirmado, tanto em
condicoes experimentais como naturais, em observacoes levadas a efefto
posteriormente, por Shannon"" (1929) e Hertig"" (1942). Da mesma for-
ma, nao tern sido possfvel observa-lo sugando pequenos roedores, embo-
ra o tenha feito em relacao a outros de
major
porte, como cobaias e coe-
Ihos. Em situacoes naturais, tern sido encontrado corn frequencia e re-
presentado por ambos os sexos, em cavernas que servem de tocas para
raposas. Em tais circunstancias, Herrer37 (1949-1951) observou a preseh-
ca de femeas alimentadas e nao alimentadas, em proporcoes equivalentes
as registradas no ambiente domiciliar.
G6NERO LUTZOMYIA 233
Nos locals investigados dos vales do Rimac e de Santa Eulalia, Peru,
foi assinalada a ausencia de acentuadas variacoes estacionais na densi-
dade deste flebotomineo. Contudo, ocorre ligeiro declineo no periodo
correspondente aos meses de julho e-agosto (Hertig101, 1942).
Esta especie e considerada como a principal veiculadora da bartonelo-
se nos vales da encosta ocidental dos Andes. Tal papel Ihe foi inicialmen-
te atribuido em virtude das
observances
de Townsend200.201.202.203.2la)5,
(1913), 1914, 1915), posteriormente confirmadas por Battistinii, 1942;
(Shannon187,
(1929); Noguchi e cols5 (1929) e Hertig" (1942). Essas
investigacoes incluiram a transmissao da doenca ao homem e a ma-
(cacos, atraves da picada de insetos coletados na natureza. Alem disso,
.foi obtida a inoculacao experimental corn triturados desse diptero, tendo
sido evidenciada a presenca da infeccao natural mediante o isolamento
pm cultura e o exame de cortes histologicos do flebotomineo. Dessa ma-
heira, Lutzomy/a verrucarum constitui, atualmente, o principal vetor co-
hhecido dessa infeccao. Pelo menos nos vales do Rimac e outros da ver-
(ente pacifica andina, onde tern sido observada freqOente correlacao en-
tire a prevalencia da molestia e a presenca do diptero (Herrer08,1968).
Alem disso, para este psicodideo existem evidencias bastante suges-
t vas, que permitem atribuir-lhe participacao na transmissao da "uta".
C onhece-se por esse nome a forma clinica da leishmaniose tegumentar
c ue ocorre no Peru, nos vales da ja citada encosta andina. A distribui-
cao geografica e a incidencia dessa parasitose nas areas endemicas,
airesenta estreita relacao corn a existencia de Lutzomyia verrucarum.
Pxle-se mesmo afirmar que nao se conhece regiao utogena onde nao
e:;ista esse flebotomineo. Tal fato poderia explicar a superposicao que
s^
observa, das areas de ocorrencia dessa leishmaniose e da bartonelose
(h)errer".
s", 1949-1951, 1968).
l, CONTROLE
0 combate a esta especie tern sido feito nas regioes
onde a bartonelose e a "uta" foram assinaladas endemicamente. As pri-
meiras experiencias foram levadas a efeito nos vales de Santa Eulalia e
d4
Rimac, Peru, corn a utilizacao de DOT (Hertig e Fischer"3, 1945; Cor-
radetti", 1949; Hertig e Fairchild104, 1948). 0 inseticida foi aplicado por
meio de aspersoes anuais nas paredes das casas e nas "pircas" (muros
del pedras soltas) que cercavam as propriedades locals. Os resultados
foilam considerados bons, tendo-se obtido a reducao na densidade flebo-
torpinica,
corn a virtual cessao da ocorrencia de novos casos de leishma-
niose e bartonelose, Posteriormente, experiencia analoga foi efetuada por
Helrrer98 (1956) nas localidades de Surco e de San Juan, no mesmo vale
dol Rimac. Em Surco foram submetidas a tratamento apenas as pircas
existentes tanto dentro como fora da cidade. Na segunda localidade, a
bocrifacao
foi aplicada nessas muretas e tambem nas paredes dos varies
ediiicios. Como resultado, observou-se consideravel diminuicao da inci-
depcia da uta e da verruga em ambas as regioes, bem como sensivel redu-
caij) na densidade domiciliar de L. verrucarum. Interessante assinalar que
talefeito foi registrado na primeira dessas areas, onde apenas as pircas
tinnam sido submetidas ao tratamento pelo inseticida. Decorridos dois
anos dessa aplicacao de DDT, o mesmo autor observou que em algumas
234
ENTOMOLOGIA MEDICA
casas os flebotomfneos tendiam a abandona-las imediatamente apos a
sucgao dos moradores. Esse fato poderia indicar alguma mudanca nos
habitos dessa especie, corn o possfvel desenvolvimento de resistencia ao
inseticida. Contudo, em virtude da escassez das
observances
nesse parti-
cular, atlialmente nao se dispoe de dados concretos sobre o assunto.
LUTZOMYIA (LUTZOMYIA) PERUENSIS
(Shannon, 1929) (Figs. 82A, B, C, D)
DIAGNOSE
Os adultos sao de porte grande, maior do que a media dos
flebotomineos, e a tonalidade e uniformemente claro-amarelada. A for-!
mula palpal e 1.4.3.2.5. ou 1.4.(2.3.).5, e o V segmento e mais longo/
do que o equivalente a soma dos comprimentos do III e IV. A asa apresen-?
ta a veia
Rz
mais longa do que a
Ra+a
corn o indice alar oscilando ao rei
dor de 4,0; a
Rs+a
e bem menor do que a Ra+s+4; delta e positive, ultrapas-
sando sensivelmente a metade do comprimento de R2. Os artfculos ante-l
nais possuem espinhos geniculados simples e curtos, em ambos os sexosi
As femeas mostram o III segmento da antena pouco mais curto
d<?
que a epifaringe, corn a relacao Alll/E equivalente a cerca de 0,9. 0 ci-
bario possui armadura bucal constitulda por dois pares de dentes horil-
zontais desenvolvidos, podendo se observar tambem a presenca de map
um ou dois, menores e lateralmente situados em relacao aqueles; ha f(-
leira transversal irregular, formada por dentes verticais desenvolvidos ie
um tanto esparsos; a area pigmentada e discreta; o arco quitinizado e itii-
completo, ou seja, bem menos definido na parte mediana. Nas espermA-
tecas o corpo e anelado, corn o segmento distal mais desenvolvido ao
que os demais e assumindo aspecto vesiculoso que o diferencia dos
outros; por sua vez, os aneis sao finos e vao diminuindo gradualmente
cfe
diametro ate se continuarem sem transicao brusca corn os dutos indivi-
duals do orgao, que sao lisos, longos e de calibre regular; o duto comUm
e curto e mais largo do que cada um dos anteriores. I
A genitalia masculina mostra o basistilo corn espesso tufo basal Ue
cerdas desenvolvidas e, principalmente as inferiores, de aspecto foliaceo;
o dististilo apresenta cinco espinhos fortes, sendo dois apicals, um
sijb-
apical e dois medianos implantados praticamente ao mesmo nivel; o pa-
ramero e simples, digitiforme e reto, corn alguma cerdosidade, um
taijito
espiculosa, que pode ser observada na face dorsal; o lobo lateral e sim-
ples, inerme e de comprimento pouco maior do que o do basistilo; o edaa-
go e c6riico e quitinizado; o aparelho espiracular possui filamentos
ce^ca
de quatro vezes mais longos do que a bomba ejaculadora; a lamela sdb-
mediana e losangular, membranosa e esparsamente pilosa. /
Se bem que a especie tenha sido criada em laboratorio, nao se dis-
poem de descricoes detalhadas das formas imaturas (Fairchild e Hertig73,
1957).
DISTRIBUICAO E BIOLOGIA (Mapa 5.3).
Ate agora esta espeteie
foi encontrada apenas em terras do Peru, particularmente nos vales .da
encosta ocidental do centro do pais e tambem em Huancabamba e algu-
mas areas dos Departamentos de Ancash e Cuzco (Hertig"1, 1942; Fair-
SKSS^^S^^^^^
Lutzomyia
colomt"a^a -
"p-S^^S,^^^0
^T
Q6NERO LUTZOMYIA
237
child e Hertig", 1957; Blancas21, 1959-1960). Desde as
observances
ini-
i ciais, tem-se verificado que este flebotomineo e mais freqiiente em altitu-
des acima de 1.800 metros. Raramente se observa abaixo desse nivel,
( ao passo que tern sido encontrado mesmo acima de 3.000 metros (Herrer
(
e Blancas11"1, 1959-1960). Assim, pois, neste particular essa distribuicao
I corresponde ao limite superior da ocorrencia da bartonelose.
l 0 que se sabe sobre a biologia deste diptero resume-se a poucas
I informacoes. Em geral, nao e inseto que se apresente em densidade ele-
(
vada. Na natureza foi observado alimentando-se, tanto em homem, como
I em aves. Aparentemente suga tambem outros animais, como caes, por-
l cos e roedores domesticos. Segundo Hertig101 (1942), embora no labo-
i ratorio se alimente corn sangue humano, nao o faz tao prontamente como
L. verrucarum.
Pode tambem ser encontrado dentro das habitacoes, mas parece pre-
iferir o ambiente extradomiciliar para a escolha de seus locais de repouso.
lEntre estes mencionam-se locas e escavacoes, comuns nas zonas rurais
[peruanas,
nas quais se costuma guardar animais domesticos, ou entao
sao frequentemente visitadas por animais silvestres. No primeiro caso,
Jem
areas dos vales do Rimac, Santa Eulalia e Canchacalla, foi observado
em apreciavel densidade nas cavernas ocupadas por caes e porcos e em
locais de criacao de cobaias e coelhos, escavados no solo (Hertig101, 1942;
^ferrer", 1949-1951). Dessa maneira, admite-se que este flebotomineo
tenha tendencia a se aproximar do ambiente humano, mas permanece
preferentemente concentrado no peridomicilio.
( Em vista de tais habitos, suspeita-se que Lutzomyia peruensis possa
((esempenhar algum papel na veiculacao da leishmaniose cutanea dessas
Jioes
endemicas do Peru, tambem chamada "uta". Todavia, nao se
serva relacao constante entre a distribuicao do inseto e a da endemia.
a comeca a ocorrer a cerca de 1.200 metros de altitude acima do nivel
mar, ao passo que L. peruensis raramente e encontrado abaixo de
1..700 metros (Herrer7, 1949-1951).
LUTZOMYIA (LUTZOMYIA) PESCEI
(Hertig, 1943) (Figs. 82 E, F, G, H).
I
DIAGNOSE
Lutzomyia cruciata: A
cibario; 6 espermatecas; C
dapila espiculosa
da margem anterior lateral do nono tergito feminine; Lufzomyia alencari: 0
gsnitalia
masculina; Lutzomyia aQuHonia (baseado em Fairchitd e Harwood76, 1961): E
armadura
bucal; F
espermateca; G
basistilo, dististilo e paramero; Lutzomyia battistinii.-H /--
basistito, dististilo e paramero; Lutzomyia bicornuta (baseado em Blancas e Herrer2?.
1959-1960); I
basistilo e paramero; J
espermateca.
G6NERO LUTZOMYIA 245
foi assinalada em varias ocasioes e em diversas localidades do Mexico
1 e do Panama, No primeiro desses paises, foi encontrado nos Estados de
Campeche, Chiapas, Hidalgo, Michoacan, Morelos, Nuevo Leon, Puebia,
Tabasco, Tamaulipas e no Territ6rio de Quitana Hoo (Vargas e Najera208,
1953; Biagi e Biagi21, 1953; Biagi, Beltran e Biagi80, 1966). A especie foi
registrada em todos os demais paises centro-americanos (Fairchild e Her-
tig67,
71.
75^ 194^ 1953^
1959; Lewis e Garnham"6, 1959; Rosabal e Tre-
jos"7, 1964; Trejos, Chang Pena e Godoy2"6, 1966).
A antropofiiia deste flebotomfneo foi assinalada varias vezes. Por
\essa causa, em certas areas mexicanas, embora considerado como essen-
icialmente silvestre, freqiientemente o surpreenderam invadindo as casas
ie
abrigos de trabalhadores, em acampamentos situados nas zonas flores-
[tais
(Biagi e Biagi21, 1953; Biagi, Biagi e Beltran2, 1966). Em Honduras
Eiritanica, as investigacoes apontaram-no como pertencendo ao grupo das
!
species mais comumente encontradas sugando o homem. Em tais obser-
asoes, constituiu por si so, cerca de 19% dos flebotomineos capturados
om isca humana (Lewis e Garnham118, 1959, Williams, Lewis e Gar-
nham2",
1965; Williams2"", 2", 1965, 1970). Nessa mesma regiao foi tam-
Dem surpreendido dentro das habitacoes. Contudo, apos o desmata-
nnento processado ao redor dos edificios, ate 150 metres de distancia, tal
fato passou a ser registrado raramente (Disney62, 1968). For outro lado,
afe coletas corn isca animal formada por roedores e marsupiais forneceram
tqmbem resultados positivos, embora se mostrando menos rendosas do
qtie a que utilizou o homem como atraente (Williams21", 218, 1965, 1970).
I No ambiente florestal Disney62 (1968) observou alguma preferencia
pair parte de L. cruciata, para o exerctcio de suas atividades a certa altura
d(i solo. Todavia, esse fenomeno parece estar sujeito a certas variacoes,
d6 acordo corn o local e a epoca do ano. Na mesma regiao, Williams212
(1870) p6de verificar esse mesmo fato, notando que, embora o dipterc
se3a ligeiramente mais abundante em locais mais altos, e tambem muito
fraquente ao nivel do solo, sugando ativamente entre as folhagens baixas
da)
lloresta.
Quanto & atividade horaria, as investigacoes dos mesmos
au^ores
concordaram corn as de Biagi, Biagi e Beltran" (1966) realiza-
dafe na peninsula de Yucatan, no Mexico, demonstrando os habitos essen-
ciEilmente noturnos do flebotomineo. Corn efeito, sua atividade inicia-se
aolcair da tarde e raramente se prolonga alem do meio da noite. Contu-
d0( em Honduras Britanica foi registrada atividade tambem diurna, no
pei;[odo matutino, desaparecendo porem nas horas mais quentes e me-
nos umidas do dia (Williams2", 1966). Sobre os locals de abrigo, as mes-
mati investigacoes revelaram o encontro de exemplares sob as folhas
sitiiadas no ou rentes ao solo florestal, entre raizes de arvores e em ca-
veifnas ou locas.
Suspertou-se da autogenia nesta especie, ao se verificar, em algumas
coletas, a grande proporcao de femeas oniparas capturadas, as quais
ch<pgaram a constituir cerca de 96% dos exemplares examinados (Wil-
liaitns, Lewis e Garnham2", 1965; Lewis1", 1965). Em alguns especimens
capturados nos abrigos constituidos pelas raizes de arvores, Lewis"
(1965) observou a presenca de corpo gorduroso desenvolvido ao lado da
246
ENTOMOLOGIA MEDICA
ausencia de sangue de vertebrados. Em vista de tais achados, o citado
autor sugeriu a possibilidade de L. cruciata ser normalmente autogena, I
o que explicaria tambem sua apreciavel densidade. De qualquer manei- )
ra, a grande proporcao de femeas onfparas levou a suposicao de que a
longevidade do flebotomineo nao seja suficientemente longa para permi- f
tir-Ihe adquirir leishamanias e transmitf-las posteriormente, atraves da he- (
matofagia. Essa duvida foi dirimida, em parte, pela observacao da con- /,
sideravel sobrevivencia dos exemplares capturados e mantidos em labo-;
ratdrio, sob cujas condicoes chegaram a realizacao de varies repastos
sanguineos (Williams209, 1965). t
A importancia medica desta especie esta, ao que se sabe
atualmen-J
te, na possibilidade de veicular a leishmaniose tegumentar ao homem ei
animais. Em Honduras Britanica e na peninsula de Yucatan, Mexico, em]
virtude de sua antropofilia foi-lhe atribuida tal responsabilidade,
tendc!
sido mesmo capaz de em condicoes experimentais, transmitir a infeccad
a voluntario humano (Williams209, "i, 213, 1965, 1970; Biagi, Beltran e Bw
gi20, 1966). Essa hipotese e reforcada pelo fato de, na primeira daquelaa
regioes, ter-se tambem revelado como flebotomineo dotado de apreciavelf
ecletismo alim.entar, comparecendo em todas as armadilhas iscadas corA
animais diferentes. Nessa mesma area foi encontrado corn infeccao na-
tural por flagelados no interior do tubo digestive. Embora fosse notada a
presenca de formas em leptomonas colonizadas em varies niveis djo
intestine, nao foi possivel filia-las a representantes humanos de Leishma-
n/a. Parece mais provavel a hipotese de que se tratassem de
membrgs
de outros generos desses protozoarios (Disney62, 1968; Williams213,
197CJ).
OUTRAS ESP6C1ES i1
Os demais representantes de Lutzomyia s. str. sao ainda imperfeita-
mente conhecidos, especialmente quanto a informacoes sobre seus habi-
tos. Para alguns deles, tem-se registrado maior ou menor antropofilia.
E o caso de Lutzomyia ovallesi, L. diabolica, L. lichyi, L. evansi, L. town-
sendi e L. scorzal. 0 primeiro foi inclufdo entre os principals
sugadoijes
de sangue humano na Venezuela e em Honduras Britanica (Lewis e
G<ar-
nham", 1959; Pifano e Ortiz"2, 1965; Williams212, 1970), enquaiMo
que o segundo foi observado, nao somente corn esse habito, mas tsim-
bem invadindo os domicflios na regiao meridional dos EUA (LiAd-
quist"8, 1936). As demais especies revelaram-se dotadas de apreciai/el
antropofilia em areas da Venezuela, tendo sido observada grande vorgci-
dade em L. townsendi. Todavia, nas regioes onde seu comportamepto
foi objeto de estudos, verificou-se que esse flebotomineo somente ataciva
nas vizinhancas de seus possiveis locais de criacao ou abrigo na floresta.
Ao contrario de L. lichyi a qual, embora dotada de agressividade merior,
foi surpreendida sugando o homem dentro de ediffcio situado pelo meAos
a cem metres de distancia (Scorza, Gomez e Ramirez186, 1968). .;
Outros preferem sugar sangue de animals. Tal zoofilia pode se
apresentar de maneira bastante acentuada, como no caso de L. noguisbli
no Peru, onde se tern mostrado corn pouca tendencia a atacar o hom,em
e animais domesticos, preferindo roedores silvestres (Hertig101, 1942). Al-
G6NERO LUTZOMYIA
247
guns dirigem suas preferencias alimentares para vertebrados de sangue
frio, como e o caso de f-. stewarti e L. vexatrix que mostram especial pre-
dilecao por repteis, o mesmo parecendo ocorrer corn L. quinquefer no
Brasil (Deane e Deane57, 1957; Chaniotis33, 1967; Mangabeira126, 1969).
De qualquer maneira, fora dos registros ocasionais, admite-se que
i
varies representantes deste grupo possam exercer hematofagia sobre o
homem. Alem disso, parecem existir acentuadas variacoes na intensi-
i dade corn que se apresenta esse habito, o que equivale a dizer que,
jquanto
a escolha dos hospedeiros, muitas especies podem apresentar
apreciavel ecletismo. Em vista disso, surge a possibilidade da veiculacao
[de infeccoes ao homem e animais. Por esse motive, L. evansi foi apon-
itado como suspeito de exercer esse papel em relacao a leishmaniose vis-
ceral na ilha de Margarita e em regiao do Estado de Sucre, na Venezuela
tPifano
e Romero70, "1, 1964). Ainda nesse pais, Ortiz155 (1968) relacio-
^a
juntamente a esse flebotomineo, .. l/chyi e L. ovallesi como especies
bresentes em focos de leishmaniose tegumentar e possivelmente compro-
inetidas corn essa afeccao. Tais hipoteses porem, baseiam-se em fatos
fyte agora puramente circunstanciais e necessitarao de maiores investiga-
oes epidemiologicas para sua confirmacao.
1
Nas linhas que seguem serao apresentados os principais caracteres
morfologicos utilizados na identificacao das varias especies deste sub-
denero.
f
Lutzomyia (Lutzomyia) alencari
\
Martins, Souza & Falcao, 1962 (Fig. 84D).
\ Especie conhecida apenas pelo sexo masculine. Genitalia apresen-
t^ndo
o basistilo dotado de tufo basal constituido por quatro longas cerdas
j
fortes; dististilo corn quatro espinhos, dos quais urn apical, um situado no
intcio do terco distal, um no inicio do terco mediano e outro implantado
pouco basalmente em relacao a este, notando-se tambem a presenca de
fiAa seta junto ao espinho apical; paramero corn a porcao basal quadran-
gular
e a distal afilada, tendo na margem superior dois fortes espinhos
cinvos no apice e inseridos em tuberculo salients; o terco distal do para-
mero e aproximadamente triangular e dotado de fina cerdosidade; lobo
lateral simples, ligeiramente dilatado na porcao distal e de comprimento
equivalente ao do basistilo; o edeago e conico e bastante alongado; o
apjarelho
espiracular possui dutos ejaculadores de extremidade distal sim-
ples e corn tres a quatro vezes o comprimento da bomba ejaculadora.
Lutzomyia (Lutzomyia) aquilonia
S (Fairchild & Harwood, 1961)
[ (Figs. 84E, P, G).
, Na femea a armadura bucal mostra um par de denies horizontais
co.m a forma de saliencias arredondadas e dotadas de denticulos apicais;
os dentes verticais sao numerosos, formando conjunto de aspecto longi-
tudinal,
em barras; os denies laterais sao tambem numerosos e bem visi-
vete. As espermatecas tern corpo vesiculoso, piriforme, corn estriac8es
superficiais.
Na genitalia masculina observa-se o basistilo corn dois tufos
248 ENTOMOLOGIA MiDICA
basais de cerdas longas, uin compacto e outro frouxo; o dististilo tern tres
espinhos, dos quais um 6 apical, outro esta inserido no inicio do terco
distal e o terceiro no infcio do terco mediano, alem da presenca de seta
espiniforme implantada junto ao espinno apical; o paramero e alongado
e corn extremidade retangular finamente pilosa. .
Lutzomyia (Lutzomyia) battistinii
Lutzomyia bowmu/r
A
clbarin- R
^^
J
c^na.
/"te"yte
toreitofm/,..
D
_
^pe^crfr1"","605-
c
-
S6""8^ I^-
1952); Lulzomyia
cavernlcola: E F
c-Ka
9a (baseado
em
"ch 6
Abonnericaz
em
Marllns, Souza e
Silva^,
1961)- G^"
bSS
y ?.,wpecavamente Oaseados
SE~
^^!^^S3=?S:s?
GENERO LUTZOMYIA
251
bifurcando-se na porcao terminal, devido a dois ramos desiguais, sendo
de extremidade romba o superior e aguda o inferior; a porcao terminal
do paramero apresenta cerdosidade esparsa; o lobo lateral e pouco mais
longo do que o basistilo e possui inseridas em sua extremidade duas
fortes cerdas, longas e de apice espatulado; os dutos ejaculadores tern
extremidade truncada, sao de grande calibre, maior do que o normal e
nao chegam a ter o dobro do comprimento da bomba ejaculadora que e
de proporcoes avantajadas, maior do que o basistilo.
Lutzomyia (Lutzomyia) bursitormis
\ (Floch & Abonnenc, 1944) (Fig. 85D).
Lutzornyia cruzi: A
basistilo, dististiio
e paramero
(baseado em Martins e Silva1^2, 1965); Lutzomyia dispar: D
basistilo,
dististiio e paramero (baseado em Martins e Silva^e, 1963); Lutzomyia evansi: E
basistilo, distislilo e
paramero; Lutzomyia gaminarai: G
cibario; I
espermatecas;
J -~- basistilo, dististiio e paramero.
254
ENTOMOLOGIA M6DICA
separados corn seguranca, consideramo-la aqui ainda em separado, em
virtude do aspecto das espermatecas nao ter sido levado em conta no
estudo do supracitado autor, necessitando pois de maiores investigacoes.
Tais orgaos apresentam o corpo segmentado, corn o primeiro anel glo-
boso e os outros, numerosos e estreitos, dificilmente contaveis, mas em
numero provavelmente superior a trinta, havendo tambem certa transicao
entre o ultimo deles e o inicio do duto individual; este e longo, ao passo
que o duto comum e curto.
Lutzomyia (Lutzomyia) diacantha
Martins & Silva, 1965 (Fig. 86C).
Esta especie e conhecida ate agora apenas pelo sexo masculino.
6)
flebotomineo grande corn 3,0 mm de envergadura. 0 basistilo apresenta)
tufo constituido por seis cerdas fortes e longas, inseridas diretamente no/
tegumento, na regiab media do apendice; o dististilo tern quatro espinhosj
urn apical, urn que Ihe fica proximo, dois na parte mediana e
inserido^
aproximadamente ao mesmo nivel, notando-se ainda a existencia de cer1
da espiniforme pre-apical; o paramero e de base quadrangular, estreitanj-
do-se na porcao media, para novamente alargar-se na regiao distal, ond6
assume contorno aparentemente triangular; esse apendice e piloso,
devij-
do a elementos desiguais e possui no nivel medio da margem superior
duas setas mais fortes, longas e curvas; o lobo lateral e inerme e os
dutojs
ejaculadores sao curtos, corn cerca de duas a tres vezes o
comprimentp
da bomba ejaculadora e tern extremidade simples, j
Lutzomyia (Lutzomyia) dispar ;
Martins & Silva, 1963 (Fig. 86D).
j
Especie conhecida ate o momenta apenas pelo sexo masculino. Ba- l
sistilo corn tufo basal de cerdas formado por quatro elementos fortes, 1
dos quais, tres mais longos e um menos desenvolvido; dististilo corn qua-
tro espinhos, um apical, dois medianos inseridos aproximadamente ho
mesmo nivel e outro implantado a meio caminho entre estes e o apical,
nao se observando a cerda espiniforme pre-apical; paramero de base
lar
ga, estreitando-se bruscamente a custa da margem superior e dilatando-
se novamente na regiao apical, onde apresenta prolongamento digiti-
forme distal; na porcao basal desse apendice nota-se tuberculo colunar
em cuja extremidade se inserem tres espinhos robustos; a cerdosidade
do paramero e esparsa e feita devido a elementos mais desenvolvidos
situados na porcao distal; o lobo lateral e inerme e mais longo do que o
basistilo; os filamentos ejaculadores sao duas vezes mais longos do due
a bomba.
Lutzomyia (Lutzomyia) evansi !
(Nunez-Tovar, 1924) (Fig. 86E).
\
A femea apresenta o cibario corn aspecto normal para este
gru()o,
observando-se dois pares de dentes horizontais, denies verticais
visivpis
e area pigmentada discreta. As espermatecas sao alongadas, corn o cor-
po piriforme continuando-se gradualmente corn o duto individual e estria-
GENERO LUTZOMYIA
255
cao superficia.1 que cobre ambas as partes; a cabeca do corpo e desenvol-
vida, corn a parte basal grossa e profundamente implantada; o duto co-
mum e curto. A genitalia masculina e pequena; o basistilo e urn tanto
dilatado e possui tufo basal de cerdas formado por elementos longos; o
dististilo tambem e grosso e tern quatro espinhos apreciavelmente longos,
urn apical, urn basal inserido no inicio do terco medio e dois situados en-
tre eles, notando-se tambem a presenca da cerda espiniforme pre-apical;
o paramero e simples, mas um tanto largo, a maneira de espatula na por-
cao media e coberto por fina pilosidade; lobo lateral inerme e aparelho
1 espiracular corn dutos ejaculadores aproximadamente tres vezes mais
1
longos do que a bomba.
\
Lutzomyia (Lutzomyia) firmatoi
(Barretto, Martins e Pellegrino, 1956) (Fig. 87C).
Esta especie e conhecida ate o momento, apenas pelo sexo masculi-
tno. A genitalia masculina mostra o basistilo provide de tufo basal de cerdas
(iongas, finas, flexuosas e inseridas na porcao distal de uma crista quitiniza-
aa; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um subterminal, um
ipo limite do terco distal e outro no limite do terco basal, notando-se ainda
& presenca de cerda espiniforme pre-apical; o paramero e simples, corn a
fforcao
distal afilada e esparsamente pilosa; o lobo lateral e pouco mais
durto do que o basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade distal
c|ilatada e arrendondada e sao pouco mais de duas vezes mais longos do
que a bomba.
( Lutzomyia (Lutzomyia) gaminaral
\
(Cordero, Vogelsang & Cossio, 1928) (Fig. 86G).
( Este flebotomineo e atualmente conhecido apenas pelo sexo mas-
c(jlino. Na genitalia observa-se o basistilo dotado de tufo basal de cerdas
formado por quatro elementos longos e fortes; o dististilo possui quatro
espinhos, sendo um terminal, um unico no terco distal, um proximo a esse,
ei!nbora mais basal, e o ultimo implantado no inicio do terco medio, no-
tajndo-se
ainda a presenca de cerda espiniforme pre-apical; o paramero
e
jlargo
na base, afilando-se para o apice que apresenta contorno trian-
gular; aproximadamente ao nivel medio da regiao superior, mostra pro-
tuberancia colunar em cuja extremidade inserem-se dois fortes espinhos;
o lobo lateral e inerme e mais longo do que o basistilo; os dutos ejacula-
ddres tern comprimento equivalente a mais de tres vezes o da bomba.
[ Lutzomyia (Lutzomyia) gasparviannai
i Martins, Godoy & Silva, 1962 (Fig. 86H, I, J).
j A femea possui o cibario corn armadura bucal apresentando um par
da denies horizontais muito desenvolvidos e de contorno triangular; den-
tee verticais numerosos, evidentes e dispostos em tres ou quatro fileiras
transversals; area pigmentada, corn a porcao posterior arredondada e a
anterior afilada, ultrapassando o nivel do arco quitinoso que se apresenta
cqmpleto; nota-se tambem certa pigmentacSo da porcao anterior do as-
256
Fig. 87
Lutzomyia brachyphalla: A
extremidade distal dos dutos ejaculadores (baseado em Martins, Falcao e Silva^s, 1964);
Lutzomyia firmatoi: C
Lufzomyia inlraapinosa: A
cibario; B
espermalecas; C
genitalia
masculina; c
cibario, espermateca
e basistilo, dististilo e paramero, respectivamente (baseado em Martins, Falcao e Silval34,
1962); Lutzomyia tichyi: H
armadura bucal; I
espermatecas; J
basistilo, dististilo
e iparamero; j
Lutzomyia noguchii: A
cibario; B
espermatecas; C
dististilo; 6
cibario; G
espermatecas; H
genitalia masculina; h
extremidade do
^fiito
ejaculador; Lutzomyia oresbia: I, J
Lutzomyia orestes: A
espermateca e paramero,
respectivamente (baseado em Rozebooml82, 1947); Lutzomyia ovallesi: E
cibario;
F
espermatecas;
Q
cabeca da larva
(esquematico), cerda cefalica em escova e antena, respectivamente (baseado em Han-
son9^, 1968); Lutzomyia quinquefer: I
espermatecas; J
basistilo,
dististilo e par&mero; M, m, m
Lutzomyia scorzai: A, B, C
armadura bucal; M
espermateca; N
basistilo, dististilo e para-
mero; n
extremidade do duto ejaculador; Lutzamyia vexatrix occidenlis: 0
dististilo
(baseado em Fairchild e Hertig73, 1957).
270
ENTOMOLOGIA M6DICA
Lutzomyia (Lutzomy/a) souzalopesi
Martins, Silva & Falcao, 1970 (Fig. 92).
0 cibario feminino apresenta armadura bucal corn cerca de cinco
pares de denies horizontals pouco desenvolvidos e uma fileira irregular
de denies verticals pequenos; a area pigmentada e pouco nftida e o arco
j
quitinisado e incompleto. As espermatecas possuem o corpo
segmen-;
(ado, corn o mais distal maior e havendo transicao nitida corn o duto indi-!
vidual; os dutos individuals sao muito longos, corn cerca de oito a nove,
vezes o comprimento do corpo, nao se notando a presenca de duto co-
mum. A genitalia masculina apresenta basistilo e dististilo longos, o pri-
meiro dotado de tufo basal de quatro cerdas foliaceas iguais inseridasi
sobre pequeno tuberculo; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um api-
cal, um situado no terco distal e dois aproximadamente no mesmo nivel,
inseridos pouco alem do meio do segmento notando-se ainda a existen-
cia de cerda espiniforme pre-apical; o paramero e alargado na base.
ligeiramente estreitado no meio e pouco dilatado no apice; na porcao
media da margem superior desse apendice nota-se a presenca de dois
espinhos pequenos implantados sobre ligeira salrencia, observando-sfe
ainda pilosidade distal que se estende pela margem inferior, a qual e
um tanto denteada; lobo lateral inerme e pouco mais longo do que o ba-
sistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade distal simples e sao cer-
ca de quatro vezes mais comprldos do que a bomba.
Lutzomyia (Lutzomyia) spinicrassa
Morales-Alarcon, Osorno-Mesa, Osorno & Munoz de Hoyos, 1969 (Fig. 87D).
Esta especie e proxima de Lutzomyia verrucarum e L. pia, as femeas
parecendo ser indistinguiveis.
Quanto a genitalia masculina observa-se
o basistilo dotado de tufo basal de cerdas finas, numerosas; o dististilo
\
tern quatro espinhos, sendo um terminal acentuadamente grosso, dois si-
tuados aproximadamente no meio do segmento, embora em nfveis dife-
rentes e um implantado na base, notando-se ainda a presenca de seta
espiniforme pre-apical.
Lutzomyia (Lutzomyia) stewarti
(Mangabeira & Galindo, 1944) (Fig. 91G, H, I).
A femea possui cibario dotado de armadura bucal que apresenta qua-
tro denies horizontais desenvolvidos e um tanto lateralmente encurvados;
os dentes verticais sao em numero escasso, notando-se ainda, a existen-
cia de fina projecao a maneira de dente impar mediano; pode-se observar
tambem a existencia de alguns denticulos laterals; a area pigmentada e
estreita e longa. As espermatecas apresentam o corpo estriado, corn o
primeiro segmento globular, dotado de cabeca bem desenvolvida e corn
filamentos longos; os demais sao estreitos, irregulares e continuam-se,
sem transicao brusca, corn o duto individual que e liso e longo; o duto
comum e curto e saculiforme. A genitalia masculina mostra o basistilo
dotado de tufo basal constituido por quatro cerdas longas; o dististilo tern
Q6NERO LUTZOMYIA
271
cinco espinhos, sendo dois apicais, dois inseridos no inicio do terco me-
dio e aproximadamente no mesmo nival e urn implantado a cerca de meio
caminho entre os dois grupos anteriores; o paramero e simples, longo, e
de extremidade afilada; o lobo lateral e inerme e mais curto do que o ba-
sistilo; os dutos ejaculadores sao cerca de tres vezes mais longos do que
i a bomba e possuem extremidade afilada, precedida de ligeira dilatacao.
1 Lutzomyia (Lutzomyia) townsendi
\ (Ortiz, 1959) (Fig. 91J, K).
A femea possiii cibario corn aspecto normal para o grupo; a arma-
dura bucal tern quatro denies horizontals e fileira de pequenos dentes
verticais; a. area pigmentada e visivel e o arco quitinizado e complete.
As espermatecas mostram o corpo largo, rugoso e superficialmente es-
triado, dando lugar a segmentacao irregular; o segmento distal e globular
e de diametro inferior aos imediatamente seguintes, os quais corn certa
transicao sie continuam corn fino duto individual. A genitalia masculina
e muito semelhante a de Lutzomyia firmatoi, diferindo principalmente pelo
Fig. 92
Mexico, Honduras.
/
L. correalimai Martins, Coutinho & Luz, 1970
Brasif (Parana).
;..
cortelezzii (Brethes, 1923)
Argentina (regiao Norte e Buenos Aires), Brasit (desde
a regiao Nordeste ate a regiao Sul), Equador, Paraguai, Uruguai.
t
L. edwardsi (Mangabeira, 1941)
Panama.
^
L. lent (Mangabeira, 1938)
armadura
[
bucal; B
espermateca; C
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral;
c
extremidade do duto ejaculador. |
276
ENTOMOLOQIA M6DICA
lo. A formula palpal e 1.4.2.3.5. ou 1.4. (2.3.). 5, tendo o V segmento
comprimento maior do que a soma dos III e IV. Na asa, a vela Rs e mais
longa do que Rz+s, sendo o indice alar variavel ao redor de 2, 5; a
Rs+s
e menor do que Ra+a+i; delta e positive e equivale a pouco mais de urn
terco do comprimento de Ra. Nas antenas, ambos os sexos apresentam
j
os articulos dotados de espinhos geniculados simples e longos, corn a ,
extremidade alcancando ou mesmo ultrapassando o apice desses seg-;
mentos. /
Nas femeas, o III artfculo antenal e mais curto do que a epifaringe,
tendo a relacao AIII/E valor variavel ao redor de 0,8. 0 cibario possui.
armadura bucal dotada de dois pares de dentes horizontals, longos e corn
aspecto de estiletes; os verticals sao bem evidentes e estao dispostos
em fileira transversal irregular, sendo pouco numerosos na parte media,
mas tendendo a se acumularem nas areas laterais, onde sao de porte me-
nor e mais dificilmente evidenciaveis; a area pigmentada e pouco visivel
e o arco quitinoso e completo, embora pouco definido na regiao mediana.
As espermatecas sao lisas e de aspecto tubular; o corpo apresenta-se
como a parte distal dilatada desse tubo, corn cabeca bem visivel; os dutos
individuals sao longos e finos, enquanto que o duto comum e curto.
A genitalia masculina e de porte medio; o basistilo possui pequeno
tufo basal de cerdas, constituido por conjunto de cinco a sete elsmentos
finos e curtos, inserido sobre discreto tuberculo saliente, o qual, em al-
guns casos, torna-se pouco evidente chegando mesmo a desaparecer
(Barreto, Martins e Pellegrino", 1958); o dististilo possui quatro espinhos
dispostos como nos vertices de um losango irregular, ou seja, um apical,
dois na base do terco distal e aproximadamente no mesmo nivel, e o quar-
to em situacao pouco mais proximal do que os outros, notando-se ainda a
existencia da cerda espiniforme pre-apical; o paramero e simples e acen-
tuadamente encurvado, a custa da margem inferior que empresta aspecto
concavo a regiao mediana do apendice, enquanto a parte distal e ligeira-
mente dilatada; esse apendice e coberto de fina e esparsa pilosidade; o
lobo lateral 6 inerme, de comprimento subigual ao do basistilo; o aparelho
espiracular mostra a bomba ejaculadora bem desenvolvida e os filamen-
tos corn a sxtremidade simples e de comprimento equivalente a cerca de
cinco vezes o daquela; a lamela submediana e dilatada e esparsamente
pilosa.
Na larva observa-se as cerdas clipeais (2, 3) e genais (8, 9) simples;
a frontal anterior (4) e penada, o mesmo ocorrendo corn a vertical late-
ral (7), embora pouco mais intensamente, tendo ambas a extremidade afi-
lada; as setas frontal posterior (5) e vertical dorsal (6) sao em escova, de
contorno clavado e corn extremidade distal romba; a antena e curta, inse-
rida em ligeira saliencia, apresentando o primeiro segmento curto e o
segundo maior, de contorno eliptico, longitudinalmente sulcado e corn
micro-seta apical. No torax e abdomen predominam as cerdas em esco-
va, regularmente longas e corn a extremidade distal dilatada. Fazem
excecao as setas toracicas ventrais, entre as quais algumas mostram
apice afilado. Nos segmentos abdominais, as cerdas acessorias (01, 02)
sao pequenas e tambem em escova. Os segmentos VIII e IX sao ligeira-
G6NEBO LUTZOMYIA
277
mente pigmentados na regiao dorsal e, no primeiro, a cerda dorsal exter-
na (2) e maior do que a interna (1) e a seta a tern aspecto de espinho ri-
gido. A pupa e dotada de cerdas pre-alares (10) delgadas e de extremi-
dade afilada; o tub6rculo mesonotal e curto e de base larga; no abd6-
, men observa-se as cerdas dorsals (0, 1, 2) e a laterodorsal (6) de aspecto
279
ses secos e frios. A densidade tende a aumentar logo apos o inicio da
estacao chuvosa e da concomitante elevacao da temperatura. Segundo
Pessoa e Barretto"4 (1948) esse fato poderia indicar o despertar das lar-
vas de quarto estadio que estariam em
hibernasao.
Seja como for, a
diminuicao da densidade naquelas epocas secas e frias, e bastante mar-
[cada,
e isso foi verificado tanto no meio natural como e principalmente
no ambiente domiciliar (Forattini85, 1960) (Fig. 95).
I
Esta espfecie foi incriminada como possivel transmissora, epidemio-
iogicamente significante, da leishmaniose tegumentar, no Estado de Sao
Paulo, Brasil. Levou a essa suposicao, o fato de sua distribuigao e inci-
dencia, juntamente corn as de outros flebotomineos locais, coincidir corn
caracteristicas analogas da molestia. Alem disso, foi encontrado na-
turalmente infectado por formas em leptomas, no seu tubo digestive (Pes-
MH
O J F M A M J J A S O N
M
Fig. &5
Varia5o mensal de Lutzomyia migonei, no Estado de Sao Paulo, Brasil (se-
gundo Foraltinis5, 1960).
Linha cheia
Lutzomyia alroclavata: A
cibario; B
porc5o posterior da faringe; C
espermatecas; 0
basistifo, dististilo e paramero; Lutzomyia baityi: E
basistito,
dististilo, paramero e lobo lateral; Luizomyia belfrani: F
cibario; G
espermatecas;
H
genitaiia masculina; Lutzomyia cortelezzii: \
cibario; J
espermatecas; K
dois sao apicais, urn acha-se inserido logo abaixo e outro no fim do ter-
!
co mediano; o paramero e simples, grosso, de contorno retangular e de
i apice rombo, encontrando-se revestido de fina e curta pilosidade, sobre
\
a qua! ressalta uma seta implantada na extremidade distal desse apendice;
;
o lobo lateral e inerme, de apice afilado e sensivelmente mais curto do
i
que o basistilo; os dutos ejaculadores tern extremidades simples e sao
apenas duas vezes mais longos do que a bomba.
Lutzomyia (Coromyia) bellrani
(Vargas & Diaz Najera, 1951) (Fig. 96, F, G, H).
A femea possui cibario dotado de armadura bucal corn dois pares
de denies horizontals, estiletiformes e amplamerite cbnfluentes na base,
dentes vorticais pequenos mais calibrosos na regiao mediana, alem de
diminutos dentes laterais; a area pigmentada e discreta e o arco quiti-
noso e bem evidente e completo. As espermatecas tern o corpo vesiculo-
so e estriado na porcao distal; os dutos individuals sao curtos e o comum
e longo e acentuadamente dilatado. A genitalia masculina mostra o ba-
sistilo corn tufo basal de cerdas constituldo por conjunto de elementos
finos e longos, inserido sobre a parte distal de longa crista; o dististilo
tem dois espinhos fortes e compridos, sendo um apical e outro inserido
no inicio do terco distal, alem de uma seta espiniforme no terco basal e
outra pre-apical; o paramero e simples, dilatado na base e tambem no
apice dando ao conjunto aspecto digitiforme; o lobo lateral e inerme mas
sensivelmente volumoso e bem mais longo do que o basistilo; os dutos
ejaculadores tern extremidade truncada e sao curtos, de comprimento in-
ferior a tres vezes o da bomba, a qual por sua vez e de dimensoes re-
duzidas.
Lutzomyia (Coromyia) correalimai
Martins, Coutinho & Luz, 1970 (Fig. 98, B, C, D, E).
Este flebotomfneo e muito proximo de Lurzomyia rupicola, a tal ponto,
que os machos sao dificilmente separaveis. possivel que represente
apenas uma variedade geografica. Ou entao, se levarmos em conta a
variabilidade dos caracterss morfologicos, deve-se admitir a possibilida-
de de no futuro ser colocada simplesmente na sinonimia daquela especie.
A femea possui cibario corn armadura bucal constituida por dois pa-
res de denies horizontals pouco desenvolvidos, alguns denies verticals
pequenos, podendo-se observar ainda a presenca de denies laterals; a
area pigmentada e marcada e o arco quitinoso e completo, embora pouco
evidente na regiao media. As espermatecas tem o corpo pequeno, glo-
boso e dotado de cabeca grande; os dutos individuals sao curtos e o
duto comum e bem mais largo e longo. A genitalia masculina e muito
semelnante a de rupicola, da qual se distingue por apresentar o espinho
basal do dististilo mais desenvolvido e o processo apical do paramero
mais longo.
Q6NERO LUTZOMYIA
285
\ Lutzomyia (Coromyia) cortelezzii
Lutzoiriyia edwardsi: A
espermatecas; B
genitalia masculina; b
espermatecas; D
basislilo, dististilo, paramero e lobo lateral; Lutzomyia gorbitzi:
E
cibario; F
espermatecas; G
genitafia mascuHna; g
extremidade dos tubes
eiaculadores; Lutzomyia isovespertilionis: H
basistilo e paramero; Lutzomyia lenti:
I
espermatecas; J
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral; j
extremidade
dos dutos ejaculadores; K, k, L, M
cabe^a
da larva (esquematico), cerda dorsal
cefalica em escova, cerdas pupais pre-alares e cerda abdominal dorsal da pupa, res-
pectivamente (baseado em Sherlockisa, 1957).
286
ENTOMOLOGIA M6DICA
duto comum.
Quanto a genitalia masculina, apresenta o basistilo dotado
de dois tufos de cerdas, um. basal e outro mediano; o primeiro e consti-
tuido por conjunto de seis a oito setas finas, ao passo que o outro e re- .
presentado por grupo frouxo de elementos espatulados e mais curtos; o
dististilo possui quatro espinhos, sendo um apical, um implantado sobre
i
tuberculo no inicio do terco distal, um situado no terco mediano e o quar-;
to basal e mais fino, notando-se ainda a presenca da seta espiniforme
pre-apical; o paramero apresenta-se corn a forma de apendice de extre-
midade romba, mais dilatado na base, dobrado em angulo aproximada-
mente reto, r.evestido de fina pilosidade e possuindo na margem superior
um grupo de tres a cinco cerdas foliaceas, de margem ondulada, curvas
e dispostas em fileira; o lobo lateral e inerme e mais longo do que o ba-
sistilo; os dutos ejaculadores mostram a extremidade curva em S, corn a
ponta em forma de calha, e o seu comprimento nao alcanga o dobro do
correspondente ao da bomba, que e bem desenvolvida.
Lutzomyia (Coromyia) evandroi
(Lima & Antunes, 1938) (Fig. 97, C, D).
A remea possui cibario corn o aspecto geral do grupo,. notando-se a
armadura bucal corn dois pares de dentes horizontals desenvolvidos, os
denies verticals numerosos, de tamanhos irregulares e dispostos um tan-
to lateralmente; a area pigmentada e discreta e o arco quitinoso e com-
pleto. As espermatecas tern o corpo vesiculoso, de contorno que lembra
o de uma maca e corn cabeca longa; os dutos individuals sao pouco mais
longos do que o duto comum, que se apresenta de aspecto saculiforme
A genitalia masculina mostra o basistilo corn tufo basal de setas delga-
das e curtas; o dististilo possui quatro espinhos, sendo um apical, dois
inseridos no terco distal em niveis diferentes e um implantado aproxima-
damente no meio do apendice, alem da presenca de seta espiniforme pre-
apical; o paramero e largo na base e torna-se afilado em direcao poste-
rior onde e mais quitinizado e e dotado de fina pilosidade; alem disso, a
porcao basal desse apendice mostra a existencia de um lobo de aspecto
conico e rombo, rinamente piloso; o lobo lateral 6 inerme, delgado e mais
longo do que o basistilo; os dutos ejaculadores sao curtos, nao chegan-
do a ser duas vezes mais longos do que a bomba.
Lutzomyia (Coromyia) gorbitzi
(BIancas, 1959) (Fig. 97, E, F, G).
Sinonimia
Phlebotomus hansom Fairehild & Hertig, 1961.
Estabelecemos esta sinonfmia, baseados no exame de material tipico
de hansom, comparando-o corn a descricao original de BIancas24 (1959-
1960). A femea possui cibario corn armadura bucal dotada de quatro
denies horizontals desenvolvidos, denies verticals pequenos e esparsos,
alem de alguns denies laterals; a area pigmentada apresenta a porcao
distal mais acentuada e a proximal estreita e longa; o arco quitinoso e
completo, mas pouco evidente na regiao mediana. As espermatecas sao
QENERO LUTZOMYIA
287
pequenas, tern o corpo ciltndrico e corn cabeca curta; os dutos indivi-
duals e o comum sao muito reduzidos. Na genitalia masculina, o basistilo
possui tufo basal de cerdas curtas, espiniforme, alem de outro, distal
constituido por cinco ou seis setas longas; o dististilo tern quatro espinhos
curtos, sendo dois apicais, dois inseridos no terco distal, em niveis dife-
rentes, observando-se ainda a existencia de cerda e.spiniforme pre-apical;
o paramero e simples curve em sentido inferior, e corn extremidade rom-
ba revestida de fina pilosidade; na porcao basal da margem inferior desse
apendice, a existencia de pequeno dente acompanhado de escassa pilo-
sidade; o lobo lateral e inerme, delgado e mais curto do que o basistilo;
os dutos ejaculadores sao curtos, de comprimento apenas tigeiramente
maior do que a bomba; as extremidades desses filamentos sao ligeiramen-
te bifidas. As formas imaturas foram descritas por Hanson" (1968) que,
para tanto, baseou-se somente em exuvias. Em vista disso, a identifica-
cao quetotaxica foi um tanto prejudicada e somente alguns caracteres
puderam ser descritos regularmente. A cabeca larval possui antena pe-
quena, corn o segundo segmento de contorno oval, dotado de fenda lon-
gitudinal e diminuta seta apical; esse apendice esta localizado em posi-
cao anterior, proximo ao nivel de implantacao das cerdas frontais; as
setas cefalicas dorsais sao em escova; o tegumento da porcao posterior
mostra desenho corn aspecto nitidamente imbricado. 0 t6rax e abdo-
nien tambem possuem cerdas predominantemente em escova e de con-
torno clavado.
Lutzomyia (Coromyia) isovespertilionis
(Fairchild & Hertig, 1958) (Fig. 97H).
Esta especie e muito proxima de Lutzomyia vespertilionis. As fe-
meas sao individualmente indistinguiveis, se bem que Fairchild e Hertig"
(1958) apontem diferencas nos comprimentos da prob6scida, V segmento
palpal e III antenal. 0 da primeira seria ligeiramente maior e o dos dois
ultimos um tanto menores do que em vespertrtionfe. Todavia, esses as-
pectos somente podem ser apreciados em conjunto, o que torna bastante
relative o seu valor. Assim sendo, a unica diferenca mais consistente,
reside na genitalia masculina que, nesta especie, apresenta o paramero
mais delgado e munido de pilosidade restrita ao terco distal.
Lutzomyia (Coromyia) lenti
(Mangabeira, 1938) (Fig. 97, I, J, K, L, M).
Sinonimia
Phlebotomus pinottii Lucena, 1959 (nee Damascene &
Arouck, 1956).
0 estabelecimento desta sinonimia nao encontra maiores dificulda-
des, face aos elementos suficientemente esclarecedores que se encon-
tram na descricao original. As femeas sao semelhantes as de Lutzomyia
evandroi, das quais se separam gracas as espermatecas, onde os dutos
individuais sao mais curtos e mais precocemente confluentes, dando assim
origem a duto comum largo e triangular. A genitalia masculina apresenta
288
ENTOMOLOQIA M^DICA
o basistilo dotado da tufo basal constitufdo por cerdas finas e longas; o
dististilo tern quatro espinhos, sendo urn implantado no apice, dois no
terco distal, embora em niveis diferentes, e urn inserido no meio do seg-
mento, notando-se ainda a presenca de cerda espiniforme pre-apical; o
paramero 6 cilindrico e largo e a extremidade distal e bifurcada, corn o
ramo superior dotado de pilosidade no apice e major
do que o inferior
que 6 curto e glabro; o lobo lateral 6 delgado, inerme e mais longo do
que o basistilo; os dutos ejaculadores sao curtos, corn aproximadamente
o dobro do comprimanto da bomba e as extremidades ponteagudas, corn
o aspscto de ponta de flecha. As formas imaturas foram descritas por
Sherlock"(19S7). A larva apresenta, na regiao cefalica, as cerdas cli-
peais (2, 3) e genais (8, 9, 10) simples; a eerda frontal anterior (4) mostra-
se penada e afilada, ao passo que a frontal posterior (5) e as verticals
(6, 7) sao em escova, corn aspecto clavado de extremidade romba; a an-
tena tern o primeiro segmento pequeno e o segundo
major
e oval. No t6-
rax e abd6men, predominam as cerdas em escova de contorno clavado
e rombo; no VIII segmento esse aspecto tambem e observado, sendo de
major
ports a dorsal externa (2) e a laterodorsal (3) e menores, a dorsal
interna (1) e a lateroventral (4). Na pupa, as cerdas pre-alares sao sim-
ples e em numero de duas, sendo uma bem mais desenvolvida do que a
outra; o tuberculo mesonotal e saliente e coberto de formacoes rugosas
circulares; os tuberculos dorsals do abd6men sao grandes, rugosos e do-
tados de pequena seta apical.
Lutzomyia (Coromyia) pacae
(Floch & Abonnenc, 1943) (Fig. 99, A, B, C).
Sinonimia
Flebotomus ferreiral Causey & Damasceno, 1945.
A femea possui cibario corn armadura bucal dotada de quatro denies
horizontals desenvolvidos e uma fileira de poucos denies verticais, mais
ou menos calibrosos; a area pigmentada e discreta e o arco quitinoso e
complete. As espermatecas tern o corpo vesiculoso e alongado; os du-
tos individuais sao curtos, ao passo que o comum 6 muito longo. A ge-
nitalia masculina e pequena, sendo o comprimento do conjunto basistilo-
-dististilo menor do que o diametro longitudinal da cabeca; o basistilo
possui tufo basal constituido por cerca de seis cerdas longas, inseridas
em saliencia longitudinal; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um api-
cal, urn implantado no terco distal e dois inseridos aproximadamente no
mesmo nivel, na regiao mediana, notando-se ainda a presenca de cerda
espiniforme pre-apical; o paramero e simples, de base retangular, extre-
midade afilada, pilosa e consideravelmente longo; o lobo lateral e inerme
e de comprimento semelhante ao do basistilo e do paramero; os dutos
ejaculadores tern extremidade simples e sao muito longos, chegando a
ter oito ou mais vezes o comprimento da bomba.
Lutzomyia (Coromyia) rupicola
Martins, Godoy & Silva, 1962 (Fig. 98, A).
Esta especie e conhecida apenas pelo sexo masculino. Sua inclusao
neste subgenero prende-se ao fato de ser extremamente pr6xima de Lutzo-
G6NERO LUTZOMYIA
289
my/a correa/imai da qual a femea e conhecida (Martins, Coutinho e Luz",
1970). Em virtude dessa afinidade, para nao dizer identidade especifica,
somos levados a admitir a sua inclusao em Coromyia.
A genitalia masculina apresenta o basistilo corn tufo basal constituido
por tres ou, mais raramente, quatro longas e fortes cerdas inseridas, em
conjunto, sobre tuberculo saliente; o dististilo tern quatro espinhos, sendo
um apical, dois implantados sobre ramificacao lateral situada no terco
medio e um basal, reduzido ao aspecto de cerda espiniforme; o paramero
e de contorno triangular, afilado na direcao distal, em cujo apice mostra
processo anteriormente dirigido e corn regular cerdosidade; o lobo lateral
e bastante mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculadores terminam
corn extremidade truncada e sao cerca de duas vezes mais longos do que
a bomba.
Fig. 98
Lutzomyia rupicola: A
cibario,
espermateca, diiitistilo e paramero, respectivgmente (baseado em Martins, Coutinho e
Lliz"4, 1970).
Lutzomyia (Coromyia) steatopyga
(Fairchild
& Hertig, 1958) (Fig. 99, D).
Esta especie e proxima de Lutzomyia beltrani e a tal ponto que as
femeas sao indistinguiveis. No estado atual dos conhecimentos, a dife-
renciasao
se faz a custa da genitalia masculina, a qual, aqui apresenta
GENERO LUTZOMYIA
291
o dististilo rnais curto, mostrando o espinho basal em situacao mediana:
alem disso, o lobo lateral apresenta-se sensivelmente mais dilatado.
Lutzomyia (Coromyia) vespertilionis
(Fail-child & Hertig, 1947) (Fig. 99, E, F, G, H).
A femea possui cibario dotado de armadura buca! corn quatro denies
horizontais em forma de agulhas, largamente confluentes na base, denies
verticals pouco numerosos e um tanto tateralmente dispostos, dentes la-
terals finos e pouco diferenciaveis; a area pigmentada e discreta e o arco
quitinoso e completo. As espermatecas tern o corpo vesiculoso, irregu-
larmente estriado; os dutos individuals sao curtos e o comum e longo e
calibroso. A genitalia masculina mostra o basistilo corn tufo basal de
cerdas finas, situado sobre ligeiro tuberculo na porcao distal de saliencia
em forma de crista; o dististilo tern dois espinhos desenvolvidos, um dos
quais e apical e o outro situa-se no terco distal, notando-se ainda uma
seta espiniforme basal alem da pre-apical; o paramero e simples e tern
a extremidade ligeiramente romba, curva e pilosa; o lobo lateral e dila-
tado, inerme e pouco mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculado-
res sao cerca de duas vezes mais compridos do que a bomba. As formas
imaturas forarn descritas por l-tanson" (1968). A larva apresenta a cap-
sula cefalica corn predominancia de cerdas, simples, fazendo excecao
apenas a frontal posterior (5) e a vertical dorsal (6) que sao esparsamente
penadas na metade distal; a antena tern aspecto erecto, inserida em tuber-
culo ligeiramente saiiente, corn o primeiro segmento cilfndrico e o segun-
do pouco mais longo e um tanto inclinado para tras, na porcao apical. No
torax e abdomen predominam as cerdas em escova, que sao de contorno
clavado; no VIII segmento observa-se a cerda lateroventral reduzida a
simples micro-seta. A pupa possui lobo pre-alar curto, corn duas cerdas
espiniformes dirigidas anteriormente; o tuberculo mesonotal e curto e os
abdominais sao pouco evidentes.
Lutzomyia (Coromyia) viriosa
(Fairchild & Hertig, 1958) (Fig. 99, I, J).
A femea e dotada de cibario corn aspecto semelhante ao do grupo
em geral, ou seja, corn armadura bucal dotada de quatro dentes horizon-
tais em forma de agulhas confluentes na base, denies verticals pequenos,
dentes laterais pouco evidenciaveis; a area pigmentada e discreta e o
arco quitinoso 6 forte e complete. As espermatecas t6m o corpo globoso,
corn a metade distal rugosa e a proximal lisa; os dutos individuals sao re-
lativamente longos e confluem no duto comum, cujo comprimento e apro-
Fig. 99
Lutzomyia pacae: A
armadura bucal; B
espermatecas (baseado em
Floch e Abonnenc82, 1952); C
cibario; F
espermatecas; J
Lutzomyia edwardsi: A
espermatecas; B
genitalia masculina; b
esperms.tecas; D
cibario; F
espermatecas; Q
genitalia masculina; g
espermatecas; J
extremidade
dos dutos ejaculadores; K, k, L, M
Lutzomyia rupicola: A
cibario,
espermateca, dististilo e paramero, respectivamente (baseado em Martins, Coutinho e
LuzM, 1970).
Lutzomyia (Coromyia) steatopyga
(Fairchild & Hertig, 1958) (Fig. 99, D).
Esta especie e proxima de Lutzomyia beltrani e a. tal ponto que as
femeas sao indistinguiveis. No estado atual dos conhecimentos, a dife-
renciacao se faz a custa da genitalia masculina, a qual, aqui apresenta
QENERO LUTZOMYIA
291
o dististilo mais curto, mostrando o espinho basal em situacao mediana;
alem disso, o lobo lateral apresenta-se sensivelmente mais dilatado.
Lutzomyia (Coromyia) vespertilionis
(Fairchild & Hertig, 1947) (Fig. 99, E, F, G, H).
A femea possui cibario dotado de armadura bucal corn quatro dentes
horizontais em forma de agulhas, largamente confluentes na base, dentes
verticals pouco numerosos e um tanto lateralmente dispostos, dentes la-
terals finos e pouco diferenciaveis; a area pigmentada e discreta e o arco
quitinoso e completo. As espermatecas tern o corpo vesiculoso, irregu-
larmente estriado; os dutos individuals sao curtos e o comum e longo e
calibroso. A genitalia masculina mostra o basistilo corn tufo basal de
cerdas finas, situado sobre ligeiro tuberculo na porgao distal de saliencia
em forma de crista; o dististilo tern dois espinhos desenvolvidos, um dos
quais e apical e o outro situa-se no terco distal, notando-se ainda uma
seta espiniforme basal alem da pre-apical; o paramero e simples e tern
a extremidade ligeiramente romba, curva e pilosa; o lobo lateral e dila-
tado, inerme e pouco mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculado-
res sao cerca de duas vezes mais compridos do que a bomba. As formas
imaturas foram descritas por Hanson1" (1968). A larva apresenta a cap-
sula cefalica corn predominancia de cerdas, simples, fazendo excecao
apenas a frontal posterior (5) e a vertical dorsal (6) que sao esparsamente
penadas na metade distal; a antena tern aspecto erecto, inserida em tuber-
culo ligeiramente saliente, corn o primeiro segmento cilindrico e o segun-
do pouco mais longo e um tanto inclinado para tras, na porcao apical. No
torax e abdomen predominam as cerdas em escova, que sao de contorno
clavado; no VIII segmento observa-se a cerda lateroventral reduzida a
simples micro-seta. A pupa possui lobo pre-alar curto, corn duas cerdas
espiniformes dirigidas anteriormente; o tuberculo mesonotal e curto e os
abdominais sao pouco evidentes.
Lutzomyia (Coromyia) viriosa
(Fairchild & Hertig, 1958) (Fig. 99, I, J).
A femea e dotada de cibario corn aspecto semelhante ao do grupo
em geral, ou seja, corn armadura bucal dotada de quatro dentes horizon-
tais em forma de agulhas confluentes na base, denies verticais pequenos,
denies laterais pouco evidenciaveis; a area pigmentada e discreta e o
arco quitinoso e forte e complete. As espermatecas tern o corpo globoso,
corn a metade distal rugosa e a proximal lisa; os dutos individuals sao re-
lativamente longos e confluem no duto comum, cujo comprimento e apro-
Fig. 99
Lutzomyia pacae; A
armadura bucal; B
espermatecas (baseado em
Fioch e Abonnenc82, 1952); C
cibario; F
espermatecas; J
Flebotomus maraioensis
Damascene & Causey, 1944.
Phlebotomus dubitans Sherlock, 1962.
A redescricao e os caracteres apontados por Fairchild e Hertig76
(1961) e Fairchild (apud Lewis118, 1967) em marajoensis pareceram-nos nao
ser suficientemente consistentes para considera-la em categoria especrfica
distinta. Alias, esses mesmos autores aventaram a hipotese de variedade
geografica da mesma especie. Pelo estado atual dos conhecimentos,
somos levados a crer que essa opiniao esteja mais proxima da realidade.
Dessa forma, ate que ulteriores estudos venham demonstrar o contrario,
manteremos essa sinonimia. Quanto a dubitans, a mesma conclusao pode
ser facilmente atingida, apos a analise da descricao original.
A femea possui cibario de aspecto comum para o grupo, corn arma-
dura bucal formada por quatro denies horizontais finos, denies verticais
dispostos urn tanto lateralmente e denies laterals pouco visrveis; a area
pigmentada e discreta e o arco quitinoso e completo. As espermatecas
tern o corpo globoso ou ligeiramente conico, corn o contorno que lembra
o de uma maca, e cabeca longa; os dutos individuais sao mais longos
do que o comum, o qua! e cilindrico e de maior calibre. A genitalia mas-
culina apresenta o basistilo corn tufo basal de cerdas longas, alem de
urn grupo de elementos finos, frouxo e situado mais distalmente; o distis-
tilo tern quatro espinhos, dos quais urn e apical, dois estao situados no
terco distal, embora em niveis diferentes e urn e basal, notando-se ainda
a existencia da seta espiniforme pre-apical; o paramero e simples, corn
a extremidade ligeiramente dilatada, digitiforme e dotada de apreciavel
pilosidade que se estende para a margem inferior; o lobo lateral e inerme
e pouco mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculadores sao curtos,
corn menos do dobro do comprimento da bomba e corn as extremidades
expandidas em forma de taca.
SUBGENERO TRICHOPYGOMYIA Barreto,I962
Neste grupo os individuos femininos apresentam cibario corn arma-
dura bucal constituida por numero variavel de denies horizontais bem in-
dividualizados, e denies verticais presentes, em maibr ou menor abundan-
cia; pode-se tambem verificar a existencia de dentes laterals; a area pig-
mentada encontra-se presente, as vezes pouco visivel, bem como o arco
GENERO LUTZOMYIA
293
quitinizado; as espermatecas mostram-se corn aspecto variado, a mais
das vezes vesiculoso, corn ou sem rugosidades, mas tambem podendo se
apresentar estriadas ou mesmo irregularmente segmentadas, em maior
ou menor extensao. Os machos tern genitalia de porte medio ou pequeno;
neste ultimo caso, o comprimento do conjunto basistilo-dististilo e menor
do que o diametro longitudinal da cabega; o basistilo e desprovido de tufo
basal de cerdas e possui, no maximo, conjunto frouxo, de aspecto pouco
diferenciado, ou franja de setas dispostas ao longo da borda inferior; o
paramero e simples, bifurcado ou corn apendices na margem superior;
o lobo lateral e inerme.
Aqui estao incluidas 37 especies, as quais sao enumeradas a seguir,
acompanhadas das respectivas distribuicoes (a sigia NA significa regiao
neartica).
ESPECIES DO QUBGENERO-TRICHOPYGOMYlA
L. acanthopharynx Martins, Falcao & Silva, 1962
Brasil (Goias).
L. aiphabetica (Fonseca, 1936)
Brasil (Bahia).
L. ferreirana (Barretto, Martins & Pellegrino, 1956)
Brasil (Bahia).
L. peresi (Mangabeira, 1942)
NA (Mexico).
L. punctigeniculata (Floch & Abonnenc, 1944)
Trinidad, Venezuela.
L rondoniensis Martins, Falcao & Silva, 1965
Brasil (Rondonia).
L. scafii (Damasceno & Arouck, 1956)
Panama.
L. souzacastroi (Damascene & Causey, 1944)
Colombia, Panama.
I.. undulata (Fairchild & Hertig, 1950)
Panama.
L. wglayi (Causey & Damasceno, 1945)
Brasil (Amazonas).
L. zikan! (Barretto, 1950)
Lutzomyia shannon!: A
relacao Alll/E; B
asa; C
palpo; D
IV
segmentos antenais; E
espermatecas; e
corpo da espermateca, antes do trata-
mento pela potassa; F
cibario; G
genitalia masculina; H
cabeca da larva
(esquematico); h
antena larval; I
tereo
distal da
faringe; C
espernnatecas; D
cibario; F
espermatecas; G
cerda em
escova, do torax e abdomen larvais; Lutzomyia appendicutata: I
basistilo, dististilo,
paramero e lobo lateral (baseado em Martins, Falcao e Silvaso, 1961); Lutzomyia brevi-
ducta: J, j
Lutzomyia cratifer: A
genitalia masculina; b
extremidade
distal dos dutos ejacufadores; Lutzomyia ferreirana: I
Lutzomyia tanei: A
cibario; B
espermatecas; C
basistiio, dististilo,
paramero e lobo lateral; c
cabeca da larva (esquematico), antena larval, cerdas pupais pre-alares e cerda pupal
abdominal, respectivamente (baseado em Barretto10, 1941); Lutzomyia iongipennis: G, H
cibario; K
espermatecas; L
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; I
Lutzomyia lutziana: A
cibario; D
espermatecas;
E
cibario; I
espermatecas;
J
dististilo; K
aparelho espiracular; L, I, M, N
espermateca; C
paramero-
314
ENTOMOLOQIA MEDICA
quenas, espiniformes e acham-se inseridas sobre tuberculos conicos de-
senvolvidos. No ovo observa-se o exocorio dotado de placas rugosas
unidas por linhas do mesmo aspecto.
Lutzomyia (Trichopygomyia) pelloni
(Sherlock
& Alencar, 1959) (Fig. 104, 0).
Especie conhecida somente pelo sexo masculine. A genitalia apre-
senta o basistilo estreito e arqueado, corn ligeira dobra na margem in-
ferior; dististilo corn quatro espinhos, sendo urn apical, um sub-apical, um
inserido no terco distal e outro implantado pouco alem do meio do seg-
mento; o paramero e largo na base e afilado na porcao distal onde apre-
senta regular pilosidade, notando-se ainda a existencia de cotovelo basal
na margem inferior; o lobo lateral e mais curto do que o basistilo; os dutos
ejaculadores tern extremidade curva e sao cerca de duas vezes mais com-
pridos do que a bomba; no holotipo esta apresenta prolongamento coni-
co no pavilhao, anteriormente dirigido o qual, porem, nao pode, no estado
atual dos conhecimentos, ser considerado como caractertstica morfologica,
uma vez que se deve admitir a hipotese do funcionamento da bomba no
memento em que o material foi fixado.
Lutzomyia (Trichopygomyia) peresi
(Mangabeira, 1942) (Fig. 104, P).
Especie conhecida somente pelo sexo masculino e muito proxima de
Lutzomyia trinidadensis. Segundo Theodor189 (1971) tern sido freqiiente-
mente confundida corn Lutzomyia oswaldoi e a femea descrita por Lucena
e Almeida21 (1965) pertenceria a essa ultima. 6 bem possivel que, corn
maiores conhecimentos e acurado exame do material tipico, esta especie
possa tambem ser colocada em sinonimia.
No dististilo o terceiro espinho tern situacao subterminal; o basistilo
nao possui conjunto frouxo mediano de cerdas; os dutos ejaculadores
sao curtos e cerca de duas vezes mais longos do que a bomba.
Lutzomyia (Trichopygomyia) pestanal
(Barretto & Coutinho, 1941) (Fig. 106, A, B, C, D, E, F).
Sinonimia
Lutzomyia pestanai: A
cibario; 8
espermatecas; C
basistilo, dis-
tistilo, paramero e lobo lateral; c
antena larval; d
cibario; H
espermatecas; I
espermatecas; M
basistilo, dististilo,
paramero e lobo lateral; m
Lutzomyia rangeliana: A
paramero;
Lutzomyia soccula: E
paramero (baseado em Fairchild e Hertig7, 1961); Lutzomyia
souzacaslroi: F
basisfilo
dististilo, paramero e lobo lateral (baseado em Damasceno e Causey46, 1944); Lutzomyia
trichopyga: H, I
Lutzomyia trinidadensis: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo, dis-
tistito, paramero e lobo lateral; D, d, d
cibario; F
espermatecas; G
cab&ca da larva
(esquematico), antena larval e cerdas pre-atares da pupa, respectivamente (baseado em
Hanson, 1968); J
cerca.
ENTOMOLOGIA M6D1CA
324
Fig. 109
Lutzomyia undulata: A, B
ciba-
rio e espermateca, respectivamente (baseado em Fairchild e Hertig^e, 1961); F
basis-
tilo, dististilo, paramero e lobo lateral; f
cibario; H
espermatecas; I
paramero.
S6NERO LUTZOMYIA
325
do que o duto comum. Agenitalia masculina 6 muito semelhante a de
Lutzomyia shannonl. A separacao pode ser feita pela presenca de nitida
fileira de setas onduladas dispostas na extremidade distal do paramero da
presente especie. Alem disso, neste caso os espinhos basais do dististilo,
ou estao no mesmo nivel, ou o superior esta em situacao mais proximal do
que o inferior; acresce o fato de o lobo lateral parecer aqui, ser sensivel-
mente mais longo do que em shannoni.
Lutzomyia (Trichopygomyia) volcanensis
(Fairchild & Hertig, 1950) (Fig. 109, D, E, F).
0 cibario da femea possui armadura bucal corn dois pares de dentes
horizontais estiletiformes, e numerosos denies verticals pequenos dispos-
tos em fileiras irregulares; a area pigmentada e pouco visivel e o arco
quitinoso e complete. As espermatecas tern o corpo cilindrico, superfi-
cial e irregularmente segmentado, apreciavelmente longo e continuando-se
gradualmente no duto individual; os dutos individuais sao curtos e o duto
comum e comprido. A genitalia masculina apresenta o dististilo corn qua-
tro espinhos, sendo um terminal, urn situado no limite do terco distal e
dois implantados aproximadamente no mesmo nivel, no meio do segmen-
to; o paramero e calibroso, de contorno cilindrico, corn a metade basal
pouco mais grossa do que a distal, notando-se a presenca de cotovelo na
margem inferior; a porcao distal do paramero e pilosa, deixando glabra
apenas a extremidade apical; o lobo lateral e de comprimento pouco me-
nor do que o basistilo; os dutos ejaculadores tern extremidade curva e sao
cerca de duas e meia vezes mais longos do que a bomba.
Lutzomyia (Trichopygomyia) wagleyi
(Causey & Damascene, 1945) (Fig. 107 K).
Conhecida apenas pelo sexo masculine. Na genitalia observa-se o
basistilo corn fileira irregular de cerdas longas, dispostas ao longo da mar-
gem inferior; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um inse-
rido nos limites do terco apical, putro, o mais fino, situado no meio do seg-
mento, e outro, o mais comprido, implantado no terco basal, notando-se
ainda a presenca de cerda espiniforme pre-apical; o paramero tern extre-
midade distal alongada, cerdosa e na margem superior, observa-se a pre-
senca de apendice desenvolvido, dotado de extremidade dilatada e pilosa,
lembrando o aspeoto de cogumelo; o lobo lateral e estreito e sensivelmen-
te mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculadores terminam em ponta
romba e tern mais de duas vezes o comprimento da bomba.
Lutzomyia (Trichopygomyia) zikani
(Barretto, 1950) (Fig. 109, G, H, I).
A femea e dificilmente distinguivel da correspondente a Lutzomyia
longipennis. 0 cibario da femea mostra armadura bucal corn dois pares
de dentes horizontais, nao se observando a existencia de denies verticais;
a area pigmentada e bem marcada e ampla, enquanto o arco quitinizado e
326
ENTOMOLOGIA M6DICA
incompleto. As espermatecas tern o corpo irregularmente segmentado,
corn o primeiro segmento vesiculoso e major do que os outros, que se con-
tinuam gradualmente ate o duto individual; os dutos individuais sao lon-
gos e o duto comum e praticamente inexistente. A genitalia masciilina e
muito semelhante a de Lutzomyia trinidadensis. A separacao pode ser
feita mediante o aspecto do paramero que aqui se apresenta conico, nao
acentuadamente afilado na metade distal, onde termina em extremidade
romba dotada de ligeira projecao inferior; esse apendice possui cotovelo
basal evidente, corn algumas cerdas finas, e a metade distal mostra cer-
dosidade relativamente abundante; alem disso, o lobo lateral e pouco mais
comprido do que o basistilo, no qual nao se observa a presenca de tufo
mediano frouxo de setas finas.
OUTROS SUBGENEROS
Como mencionamos, os demais componentes do genero Lutzomyia
distribuem-se por mais tres categorias subgenericas, alem de certo nume-
ro que, por insuficientemente conhecidos, nao se encontram incluldos em
qualquer desses grupos. Ate o momento, nenhum desses flebotommeos
tern merecido atencao especial, sob o ponto de vista epidemiologico.
Contudo, nao se pode afastar a possibilidade de, corn o progredir das in-
vestigacoes, essa importancia possa ser atribuida a algum deles. Em
vista disso, as linhas que se seguem serao dedicadas a esses represen-
tantes, procurando resumir os conhecimentos atualmente dipontveis.
SUBG6NERO DAMPFOMYIA Addis, 1945.
Aqui as femeas possuem o cibario corn armadura bucal provida de
denies horizontals bem individualizados e verticais em numero restrito;
observa-se tambem a existencia de denies laterals em quantidade aprecia-
vel mas de aspecto variavel, desde o de finas denticoes ate o de elementos
de porte consideravel; a area pigmentada esta ou nao visivel, o mesmo
ocorrendo corn o arco quitinizado que pode se apresentar incompleto; as
espermatecas tern corpo de aspecto peculiar, parecendo ser consequen-
cia de grande dilatacao assimetrica da porcao distal, a qua! pode chegar
a envolver e deslocar a cabeca; sendo assim, esta ultima parte situa-se
na porcao lateral ou central, chegando a ser completamente envolvida pelo
corpo e emergindo gracas a uma abertura; por sua vez, essa porcao dila-
tada do corpo pode assumir a forma de vesicula unica ou, em virtude da
presenca de lobulos, apresentar-se corn aspecto de morula. Quanto aos
machos possuem genitalia de tamanho medio, corn basistilo provide ou
nao de tufo basal de cerdas; o paramero pode ser simples ou mostrar
apendices e estruturas dorsais; o lobo lateral e inerme.
Este grupo inclui oito especies, enumeradas a seguir, corn a respec-
tiva distribuicao geografica (a sigia NA significa regiao neartica).
G6NERO LUTZOMY1A
327
ESPECIES DO SUBGENERO DAMPFOMYIA
L. amhophora (Addis, 1945)
NA (EUA, Mexico).
L. dsleoni (Fairchlld & Herlig, 1947)
America Central.
L. dodgel (Vargas & Diaz Najera, 1953)
Panama.
L. permira (Fairchild & Hertig, 1956)
Brasil (Ceara).
L saulensis (Floch & Abonnenc, 1944)
espermateca; F
extremidade distal
dos dutos ejaculadores; Lutzomyia dodgei: G
cibario; H
espermatecas; I
basis-
tilo, dististilo, paramero e lobo lateral; i
microseta pre-apical do dististilo.
G6NERO LUTZOMYIA
329
tilo. As formas imaturas foram obtidas por Addis (1945) e, embora nao
tehham sido descritas, pode-se observar que, na cabeca da larva, as
cerdas frontais (4, 5) e verticals (6, 7) sao em escova; a antena 6 reduzida,
tendo o primeiro segmento pequeno e o segundo discoidal. No torax e
abd6men as setas sao predominantemente em escova; a protoracica dorsal
anterior externa (2) e bem menor do que a interna (1); no VIII segmento a
lateroventral (4) e em escova. A pupa possui tuberculo mesonotal de
porte regular e os abdominais desenvolvidos. No ovo o exocorio mostra
reticulo constituldo por numerosas pequenas malhas poligonais.
Lutzomyia (Danipfomyia) deleoni
(Fairchild & Hertig, 1947) (Fig. 110, D, E, F).
0 cibario da femea apresenta armadura bucal corn dois pares de
denies horizontals, estiletiformes, confluentes na base, denies verticals
escassos, reduzidos a alguns elementos dificilmente visiveis, e denies late-
rais finos, numerosos, mas evidericiaveis corn dificuldade; a area pigmen-
tada e bem marcada, longa, e o arco esclerotinizado e nitido e complete.
As espermatecas tern o corpo vesiculoso, corn a porcao terminal grande-
mente dilatada, assimetrtea, e a porcao proximal alongada, superficial e
irregularmente segmentada, e tendo a cabeca conside/avelmente
longa;
os dutos individuais sao curtos mas, mesmo assim, mais longos do que
o duto comum. A genitalia masculina possui o basistilo dotado de tufo
basal de cerdas finas e longas; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um
terminal, um inserido no terco distal, um implantado no terco medio e
outro situado no terco basal, notando-se ainda a existencia de cerda espi-
niforme pre-apical; o paramero e simples, ligeiramente curvo, corn a ex-
tremidade afilada e cerdosa; o lobo basal mostra-se dilatado e de compri-
mento equivalente ao do basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremi-
dade ligeiramente dilatada e enrolada, sendo cerca de duas vezes mais
longos do que a bomba.
Lutzoinyia (Dampfomyia) dodge!
(Vargas & Dias Najera, 1953) (Fig. 110, G, H, I).
Sinonimia
Phlebotomus rosabali Fairchild & Hertig, 1956.
As diferencas apontadas para a separacao de dodge/ e rosabali sao
restritas aos machos, pois as femeas sao indistinguiveis. Mesmo na geni-
talia masculina a diferenciacao baseia-se em detalhes minimos do ramo
superior do paramero que, a nosso ver, nao justificam a individualizacao
especifica. 6 possivel que se trate de variedades geograficas e, em vista
disso, ate que novos dados sejam obtidos manteremos essa sinonimia.
0 cibario feminino tern armadura bucal provida de dois pares de
denies horizontals largos, em forma de laminas e indistintamente separa-
dos entre si; os denies verticais sao pouco visiveis ou mesmo ausentes e
os denies laterals sao finos e numerosos; a area pigmentada e marcada e
o arco quitinoso e comp.leto. As espermatecas tern o corpo corn a me-
tade distal morular, de contorno aproximadamente esferico e a proximal
330
ENTOMOLOQIA MEDICA
afunilada, sendo a cabeca longa e envolvida; os dutos individuals sao
urn tanto calibrosos e curtos, menores do que o duto comum. A genitalia
masculina possui dististilo corn tres espinhos, sendo um terminal, urn
situado no limite do terco distal e outro, de porte reduzido, localizado no
terco basal, notando-se ainda a existencia de micro-seta pre-apical; o pa-
ramero apresenta a metade basal retangular e a distal afilada, digitiforme,
notando-se ainda no nivel de transicao das duas partes, na margem su-
perior, a presenca de apendice delgado, curvo e corn cerdosidade apical;
o lobo lateral e mais longo do que o basistilo; os dutos ejaculadores tern
extremidades rombas e sao cerca de duas vezes mais longos do que a
bomba.
Lutzomyla (Dampfomyia) insolita
(Fairchild & Hertig, 1956) (Fig. 111, A, B, C, D).
Sinonimia
Lutzomyla insolita: A, B, C
cibario; F
espermatecas; G,
g
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral, extremidade distal dos dutos ejacuia-
dores, respectivamente (baseado em Lewis e Garnhamiis, 1959); Lutzomyia samueli:
H
paramero.
332
ENTOMOLOOIA M6DICA
abdominal as setas dorsais interna e externa (1, 2) sao pequenas, a latero-
dorsal (3) 6 longa, em escova, e a lateroventral (4) apresenta-se corn o
aspecto de microseta. A pupa tern o tuberculo mesonotal grande e as
cerdas pr^-alares inseridas em saliencia conspicua; da mesma forma, os
tuberculos abdominais sao desenvolvidos e curvos em direcao posterior.
Lutzomyia (Dampfomyia) permira
(Fairchild & Hertig, 1956) (Fig. 111, E, F, G).
0 cibario feminino apresenta armadura bucal corn dois pares de den-
tes horizontais, pequenos, de apice estiletiforme, irregulares, podendo
haver mais algum, menor, em situacao lateral; ha a possibilidade de se
observar alguns denies verticais, pouco distintos; os denies laterals sao
reduzidos e em pequeno numero; a area pigmentada 6 discreta e limitada
a porcao posterior, enquanto o arco quitinizado e complete e robusto.
As espermatecas tern o corpo corn a forma de calice, tendo, na porcao
distal, aspecto morular e, na proximal, liso; os dutos individuals sao curtos
mas apreciavelmente calibrosos, sendo o duto comum mais longo e de
maior diametro. A genitalia masculina mostra o dististilo corn tres espi-
nhos, sendo um terminal, urn no limite do terco distal e urn, sob forma de
cerda, no limite do terco basal, notando-se ainda a presenca de fina seta
pre-apical; o paramero largo na base e digitiforme na metade distal, tendo
um ramo superior, longo, 6 dotado de apice clavado e cerdoso; o lobo
lateral e de comprimento aproximadamente equivalente ao do basistilo;
os dutos ejaculadores tern a extremidade dilatada, caliciforme, sao fina-
mente estriados e cerca de duas vezes mais longos do que a bomba.
Lutzomyia (Dampfomyia) samuell
(Deane, 1955) (Fig. 111, H).
Esta especie e atualmente conhecida apenas pelo sexo masculine.
Todavia, Alencar e Sherlock5 (1956), dao algumas informacoes em chave
sobre a possivel femea, que ali figura corn a sigia "P. sp. II" (Deane e
Deane", 1957). Esses autores citam que a espermateca e tubulosa, corn
o corpo grande, muito mais grosso do que o duto individual, corn levissi-
mas e escassas estriacoes transversais, tendo o conjunto a forma de um
caju. A genitalia masculina possui dististilo corn cinco espinhos, sendo
dois apicais, um situado no limite do terco distal, e dois outros corn aspec-
to de finas setas, um deles implantado pouco alem do meio do segmento
e o outro no limite do terco basal; o paramero e alongado corn conjunto
de cerdas discretamente foliaceas no apice, e corn processo superior,
originado da porcao basal, de aspecto dilatado, piloso, provide de crista
superior, em cuja porcao proximal se insere conjunto cerdoso, formado
por setas simples e outras foliaceas; o lobo lateral e pouco mais curto do
que o basistilo; os dutos ejaculadores terminam em extremidade afilada
sendo cerca de quatro vezes mais longos do que a bomba.
GENERO LUT;:OMYIA 333
Lutzomyia (Damptomyia) saulensis
(Floch & Abonnenc, 1944) (Fig. 112, A, B, C, D, E).
Sinonimia
Lutzomyia saulensis: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo, distis-
tilo, paramero e lobo lateral; D, E
ci-
bario; G
espermatecas; H
extre-
midade distal dos dutos ejaculadores-
GENERO LUTZOMYIA 335
nhos, sendo urn apical, urn inserido no limite do terco distal e outro no
terco basal, alem da presenca de seta espiniforme pre-apical; o parame-
ro e alongado corn a extremidade distal ligeiramente dilatada e cerdosa;
o lobo lateral e dilatado e de comprimento aproximadamente equivalente
ao do basiiitilo; os dutos ejaculadores sao ligeiramente estriados, tern a
extremidado dilatada e enrolada, sendo cerca de tres vezes mais longos
do que a Domba.
SUBGENERO MICROPYGOMYIA Barretto, 1962
Nas especies deste grupo subgenerico, as femeas apresentam ciba-
rio corn arnadura bucal provida de denies horizontals pouco individuali-
zados, soldados em grande parte de sua extensao, de maneira que, quan-
do numeros.os, assumem aspecto que lembra o de uma palicada; os den-
ies verticals, ou estao ausentes ou podem ser observados em numero
muito redu:ido; nao estao presentes os dentes laterals; a area pigmen-
tada e o arco quitinizado podem estar ausente ou presente e complete
ou incomplisto respectivamente; as espermatecas tern o corpo segmenta-
do de maneira irregular, corn o ultimo segmento maior do que os prece-
dentes. A genitalia masculina e pequena ou media; o basistilo pode ou
nao possuir tufo basal de cerdas, observando-se tambem, as vezes, con-
junto individualizado de setas localizado na porcao media e superior da
face ventral desse apendice; o paramero e simples e o lobo lateral e
inerme.
Este subgenero inclui atualmente 10 especies, que vao enumeradas
a seguir, corn a respectiva distribuicao geografica (a sigia NA significa
regiao neartica).
ESpeCIES DO SUBGeNERO hllCROPYGOMYlA
L. calilormca (Fairchlld & Hertig, 1957)
NA (EUA).
L. cayennensis (Floch & Abonnenc, 1941)
NA (Mexico).
L. cubensis (Fairchild & Trapldo, 1950)
Cuba.
L. duppyorum (Fairchild & Trapldo, 1950)
Jamaica.
L. durani (Vagas & DIaz Najera, 1952)
NA (Mexico), Salvador.
L. mangabeirsna Martins, Falcao & Silva, 1963
Brasii (Roraima).
L. piiosa (Damascene & Causey, 1944)
Lutzomyia californica: A
cibario; C
-
porcao distal da faringe; D
esper-
matecas; E basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral; F, f, f
cabe$a da larva
(esquematico), antena e cerda cefaiica larval em escova, respectivamente (ba-
seado em Hansonss, 1968); Lutzomyia c. puertoricensis: G
armadura bucal; H
es-
permateca; Lutzomyia c. viequesensis: I
armadura bucat; J
espermateca; Lutzo-
myia c. maciasi: K
espermateca; Lut-
zomyia c. brad: M
Lutzomyia chassignefi: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo, dis-
tistilo, paramero e lobp lateral; c
espermatecas; F
Lutzomyia duppyorum: A
cibdrio; 8
antena larval; I
cerdas
pupais pre-alares; J tuberculo mesonotal da pupa; K
cerda abdominal da pupa.
346
ENTOMOLOGIA M6DICA
proporcao de vinte por cento dos exemplares coletados na natureza ou
criados em laborat6rio (Sherlock181, 1963). Em vista disso, os dados ex"
postos a seguir, referem-se aos apresentados pelos hipoteticos oitenta
por cento restantes.
0 basistilo e dotado de tufo basal de cerdas, constituido por dois
conjuntos dispostos em dois pequenos
tuberculos
salientes; esses con-
juntos sao formados por cerdas foliaceas, longas, duas a quatro inseridas
em urn dos tuberculos citados, e as restantes seis ou oito no outro, que e
maior e ligeiramente pedunculado; nota-se tambem alguma cardosidade
esparsa na porcao distal desse apendice; o dististilo possui, na maioria
das vezes, seis espinhos, mas que podem se reduzir a quatro ou aumen-
tar em numero ate oito, existindo ainda a cerda espiniforme pre-apical;
a distribuicao mais comum, correspondendo a seis espinhos, e a que apre-
senta urn terminal, dois no terco distal, urn no limite dessa regiao, um
aproximadamente no meio do segmento e outro, o mais fino, no terco
basal; o paramero e alongado e mostra o apice sensivelmente dilatado,
corn curta pilosidade, notando-se ainda finas setas na margem superior
e inferior, al6m de dois cotovelos; o lobo lateral e mais longo do que o
basistilo; os dutos ejaculadores tern extremidade dilatada, caliciforme e
sao cerca de quatro a cinco vezes mais longos do que a bomba. As for-
mas imaturas foram descritas por Sherlock e Carneiro194 (1963). Na
cabeca da larva observa-se que a cerda frontal anterior (4) e ligeiramente
penada, ao passo que a frontal posterior (5) e as verticals, lateral e dorsal
(6, 7) sao em escova de contorno rombo; a antena 6 pequena, corn o pri-
meiro segmento arredondado e o segundo discoidal, corn duas pequenas
cerdas no apice. No torax e abdSmen, as cerdas em escova predominam
e, das cerdas protoracicas dorsals anteriores, a externa (2) e muito pe-
quena, ao passo que a interna (1) e bem desenvolvida. Na pupa, as
cerdas pre-alares sao simples e inseridas sobre tuberculo saliente; o tu-
berculo mesonotal e desenvolvido e de superficie rugosa, e as setas abi
minais sao diminutas e inseridas sobre tuberculos bem evidentes.
e de cor escura e o exocorio apresenta reticulado formado por
corn desenho losangular.
Lutzomyia (Barrettomyia) calllpyga
Martins & Silva, 1965 (Fig. 116, B).
A genitalia masculina mostra o basistilo corn tufo bas
sinuosas inseridas sobre tuberculo regularmente dese"
"
tilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um inserido no
um nos limites dessa regiao e um no terco basal, not-"
presenca de cerda espiniforme pre-apical; o paramero tern
;
distal dilatada e discretamente pilosa, e possui fileira de sf;
vidas ao longo da margem superior da metade distal, obs."
bem a existencia de cotovelo apical; o lobo lateral e mais I
basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade dista
aspecto de colher e sao cerca de duas e meia vezes mais
a bomba.
346
ENTOMOLOQIA MfiDICA
proporcao de vinte por cento dos exemplares coletados na natureza ou
criados em laborat6rio (Sherlock191, 1963). Em vista disso, os dados ex-
postos a seguir, referem-se aos apresentados pelos hipoteticos oitenta
por cento restantes.
0 basistilo e dotado de tufo basal de cerdas, constituido por dois
conjuntos dispostos em dois pequenos tuberculos
salientes; esses con-
juntos sao formados por cerdas foliaceas, longas, duas a quatro inseridas
em urn dos tuberculos citados, e as restantes seis ou olto no outro, que e
major e ligeiramente pedunculado; nota-se tambem alguma cerdosidade
esparsa na porcao distal desse apendice; o dististilo possui, na maioria
das vezes, seis espinhos, mas que podem se reduzir a quatro ou aumen-
tar em numero ate oito, existindo ainda a cerda espiniforme pre-apical;
a distribuicao mais comum, correspondendo a seis espinhos, e a que apre-
senta um terminal, dois no terco distal, um no limite dessa regiao, urn
aproximadamente no meio do segmento e outro, o mais fino, no terco
basal; o paramero e alongado e mostra o apice sensivelmente dilatado,
corn curta pilosidade, notando-se ainda finas setas na margem superior
e inferior, alem de dois cotovelos; o lobo lateral e mais longo do que o
basistilo; os dutos ejaculadores tern extremidade dilatada, caliciforme e
sao cerca de quatro a cinco vezes mais longos do que a bomba. As for-
mas imaturas foram descritas por Sherlock e Carneiro19* (1963). Na
cabeca da larva observa-se que a cerda frontal anterior (4) e ligeiramente
penada, ao passo que a frontal posterior (5) e as verticals, lateral e dorsal
(6, 7) sao em escova de contorno rombo; a antena e pequena, corn o pri-
meiro segmento arredondado e o segundo discoidal, corn duas pequenas
cerdas no apice. No torax e abdomen, as cerdas em escova predominam
e, das cerdas protoracicas dorsals anteriores, a externa (2) e muito pe-
quena, ao passo que a interna (1) e bem desenvolvida. Na pupa, as
cerdas pre-alares sao simples e inseridas sobre tuberculo saliente; o tu-
berculo mesonotal e desenvolvido e de superficie rugosa, e as setas abr1"0
minais sao diminutas e inseridas sobre tuberculos bem evidentes.
f^
ovo
e de cor escura e o exocorio apresenta reticulado formado. por/""3
corn desenho losangular. ,/
Lutzomyia (Barrettomyia) calllpyga
/
Martins & Silva, 1965 (Fig. 116, B).
A genitalia masculina mostra o basistilo corn tufo bas
il de
(e.r<tes
sinuosas inseridas sobre tuberculo regularmente desenvolvi
ao; 0
a!sts
tilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um inserido no
terco distal,
um nos limites dessa regiao e um no terco basal, notand
o"se alnda a
presenca de cerda espiniforme pre-apical; o paramero tern .-
extremiaaae
distal dilatada e discretamente pilosa, e possui fileira de
s^"
oesenv01"
vidas ao longo da margem superior da metade distal, obseiil"8""0"
tarn
bem a existencia de cotovelo apical; o lobo lateral e mais
Ir"90"0
q"e 0
basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade dista
"""aoa corn
aspecto de colher e sao cerca de duas e meia vezes mais
"ngos do que
a bomba.
G6NERO LUTZOt/YlA
347
Lutzomyia (Barrettomyia) costalimal
(Mangabeira, 1942) (Fig. 116, C).
0 basistilo possui tufo basal de cerdas onduladas inserido sobre
tuberculo regularmente saliente, situado na extremidade distal de discreta
crista; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um situado no
terco medio, un nos limites dessa regiao ou aproximadamente no meio
do segmento, e um no terco basal, notando-se ainda a presenca de cerda
espiniforme pre-apical; paramero simples, curvo em sentido superior, corn
extremidade
disi;al
dilatada e discretamente pilosa, e porcao media esca-
vada na margerr superior, em cuja extremidade basal apresenta uma seta
espiniforme inserida sobre pequeno tuberculo; o lobo lateral e mais longo
do que o basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade dilatada em
forma de colher e sao cerca de duas e meia vezes mais longos do que a
bomba.
Lutzomyia (Barrettomyia) pefropolitana
Martins & Silva, 1968 (Fig. 116, D),
0 basistilo i provide de tufo de cerdas longas, fortes e flexuosas,
inseridas em varies tuberculos, alguns deles individuals; o dististilo pos-
sui quatro espinros, corn a mesma disposicao observada em Lutzomyia
costallmai e corn a cerda espiniforme pre-apical; o paramero e curvo em
sentido superior e de apice dilatado e esparsamente piloso; na parte me-
diana da borda superior desse apendice, encbntra-se uma cerda isolada,
rfgida e nao inserida em tuberculo; alem disso, observa-se um cotovelo
distal na borda inrerior; o lobo lateral e mais longo do que o basistilo; os
dutos ejaculadores tern a extremidade distal dilatada em colher e tern
cerca de pouco mais de duas vezes o comprimento da bomba.
Lutzomyia (Barrettomyia! tupynambai
(Mangabeira, 1942) (Fig. 116, E, F, G, H, I, J, K).
0 cibario feminine apresenta armadura bucal provida de dois pares
de dentes horizontais, estiletiformes, desenvolvidos e alguns denies ver-
ticals, dispostos eiTi uma unica fileira transversal; a area pigmentada e
alongada mas pouco marcada, e o areo quitinizado e complete, embora
menos diferenciaviil na porcao media. As espermatecas tern o corpo
globoso, corn estri.as longitudinals na porcao basal; os dutos individuals
tern a porcao inicial relativamente estreita, para, logo em seguida, se
dilatarem consideriivelmente e assumirem a forma de vesicula de consi-
deraveis dimensoes e de contorno um tanto assimetrico, e terminando no-
vamente estreitados, abrindo-se no duto comum que e delgado e curto.
A genitalia masculha mostra o basistilo dotado de tufo basal de cerdas
constituido por tres elementos longos, retos, espatulados, inseridos sobre
tuberculo saliente e bem quitinizado, notando-se ainda a presenca de algu-
mas setas finas na porcao mais basal dessa saliencia; o dististilo tern
quatro espinhos, sendo um apical, um situado no terco distal, um implan-
tado nos limites dessa regiao e um inserido no (ergo basal, notando-se
348 ENTOMOLOaiA MEDICA
ainda a presenca da cerda espiniforme pre-apical; o paramero e curvo
em sentido superior e tern a porcao distal dilatada e pilosa; essa cerdo-
sidade estende-se na margem superior, em sentido basal, podendo ter-
minar por uma cerda isolada, alem de se observar finos pelos tambem na
margem inferior, em cuja porcao distal nota-se tambem a existencia de
nitido cotovelo; o lobo lateral $ mais longo do que o basistilo; os dutos
ejaculadores tern a extremidade distal dilatada em forma de colher e sao
cerca de duas e meia vezes mais longos do que a bomba. A cabeca da
larva apresenta a cerda frontal anterior (4) penada, e a frontal posterior
(5) e as verticals, dorsal e lateral (6, 7) em escova, de extremidade corn
contorno rombo; a antena e pequena, sendo diminuto o primeiro seg-
mento e discoidal o segundo. No torax e abdomen predominant as cerdas
em escova. A pupa apresenta as cerdas pre-alares simples.
OUTRAS ESPfiCIES
Para certo numero de representantes do genero Lulzomyla 6 ainda
problematica a inclusao em algumas das categorias subgenericas supra-
descritas. Trata-se de especies que ate o momento sao conhecidas ape-
nas por um dos sexos ou para as quais ainda nao se dispoem de dados
suficientes que permitam o seu agrupamento corn boa margem de segu-
ranca. De qualquer forma, elas se encontram incluidas neste genero, o
que sob o ponto de vista pratico e suficiente para identifica-las.
Constituem o total de 18 representantes, que vao enumerados a se-
guir, acompanhados das respectivas
distributees geograficas (a sigia
NA significa regiao neartica).
ESP6CIES DO G6NERO LUTZOMYIA DE
POS15AO SUBGEN6RICA 1NCERTA
(.. bacula Martins, Falcao & Silva, 1965
Brasil (RondCnIa).
L. callgala Martins, Palcao & Silva, 1965
Brasil (Rondtnia).
L. carvalhoi (Damascene, Causey & Arouck, 1945)
Venezuela.
L- cerqueirai (Causey & Damascene, 1945)
Peru.
(., misionensis (Castro, 1959)
Argentina (Missoes).
L, sericea (Floch & Abonnenc, 1944)
Brasil (Acre, Amapa, Bahia, Para), Guiana Fran-
cesa.
L. servulollmal (Damasceno & Causey, 194S)
Brasil (Bahia, Para, Rondonia).
L. spatfiotricfifa Martins, Falcao & Silva, 1963
Braail (Roralma).
L. termitophila Martins, Falcao & Silva, 1964
Lutiomyia bacula: A, a
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral, e
extremidade distil dos dutos ejaculadores, respectivamente (baseado em Martins, Fal-
cao e SUva141, 1965); Lutzomyia caligata; B
basistilo, dististilo,
paramero e lobo lateral; c
extremidade. distal
dos dutos ejaculadores; Lutzomyia spathotrichia: G
Lutzomyia termitophila: A
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Capifulo 6
GENERO PSYCHODOPYGUS
Pg.
Consideracoes gerais .................................................... 388
Genero Psychodopygus .................................................. 388
Diagnose ............................,...,................... 388
Classificacao ................................................ 389
Importancia medica e sanitaria .................................. 391
Subgenero Psychodopygus .............................................. 392
Psychodopygus panamensis .................................... 393
Psychodopygus squamiventris .................................. 398
Outras especies ............................................... 401
Subgenero Trichophoromyia .............................................. 415
Psychodopygus intermedius ..................................... 417
Psychodopygus whitman! ...................................... 423
Psychodopygus flaviscutellatus ................................. 428
Psychodopygus olmecus ........................................ 434
Psychodopygus anduzei ........................................ 437
Psychodopygus yiephilelor .................................. 442
Psychodopygus trapidoi ........................................ 445
Psychodopygus sanguinarius .................................... 448
Outras especies ............................................... 451
Chaves para as especies do genero Psychodopygus .......................... 481
Chave para as femeas ........................................ 481
Chave para os machos ........................................ 486
Referencias bibliograficas .................................................. 491
CONSIDERA^OES
GERAIS
0 grupo generico denominado Psychodopygus reune numero aprecia-
vel de representantes que, no momento atual, atinge o montante de 64
especies. , pois, um dos grupos mais representativos da fauna fleboto-
minica neotropical e sua distribuicao tern sido amplamente assinalada
nas regioes centro e sul-americanas. Contudo, algumas se encontram in-
cluidas aqui, de maneira tentativa. Ocorre que, como aspecto constante
nos estudos feitos ate agora sobre esses animais, os conhecimentos nao
atingiram ainda o mvef necessario para o estabelecimento de classifica-
gao definitiva em seus ultimos detalhes. Em consequencia ao lado de
flebotomineos bem caractensticos do grupo, outros ha cuja posigao, pos-
sivelmente, devera estar sujeita a futuras revisoes.
GfiNERO PSYCHODOPYGUS, Mangabeira, 1941.
DIAGNOSE
Os especimens adultos possuem os palpos corn os segmentos II e III
longos, sendo a soma de seus comprimentos maior ou igual aquela dos
GENERO PSYOHODOPYGUS
389
articulos IV e V. Este ultimo, ou se apresenta mais curto do que o III ou,
se Ihe for subigual, mostra-se menor ou aproximadamente equlvalente a
soma dos comprimentos do III e IV. As femeas sao providas de cibario
corn armadura bucal mostrando denies horizontals bem individualizados,
dispostos em fileira transversal e em numero variavel de quatro ate doze
ou mais. Ainda na armadura bucal observa-se a presenca constante de
denies verticals que podem ser numerosos e dispostos em diversas filei-
ras; a area pigmentada pode estar presente ou ausente, e o arco quitini-
zado e geralmente complete. Em relacao as espermatecas assinala-se
a presenca constante de cabeca individualizada no corpo, sendo este, a
mais das vezes, segmentado. Essa segmentacao em geral e marcada
e feita devido a elementos regulares, imbricados ou nao, o que nao im-
pede que possa ser tambem superficial, irregular, assumindo o corpo as-
pecto mais ou menos globoso. Em alguns casos a segmentacao nao se
apresenta, observando-se entao o aspecto vesiculoso nitido desse orgao
(Fig. 120, A, B, C, D).
A genitalia masculina e de porte medio, corn o comprimento do con-
junto basistilo-tiististilo maior do que o diametro longitudinal da cabeca
sendo, porem, sempre menor do que o comprimento do torax. 0 basistilo
pode ou nao ser provide de tufo individualizado de cerdas. Quando essa
formacao esta presente, reveste-se de aspecto variado como, simples ou
complexa, constituida apenas por algumas cerdas diferenciadas ou por
maior numero desses elementos de feicao homogenea ou heterogenea,
ou entao o tu<o pode ser acompannado de outro conjunto situado na
porcao distal do basistilo (Fig. 120, E, F, G). A ausencia de tufo cerdoso
nesse apendicii constitui feicao propria dos PsychoSopygus s. str., em-
bora tambem alguns Trichophoromyia sejam desprovidos dessa forma-
cao. 0 pararrero e de aspecto variavel, podendo ser observado como
apendice simples e inerme, ou entao corn processes e cerdas espinifor-
mes e foliaceas (Fig. 120, H, I, J). Quanto ao lobo lateral quase sempre
e inerme. As larvas conhecidas ate o momento possuem dois pares de
cerdas caudais., a partir do segundo estadio e, na maioria das vezes, urn
par de setas protoracicas dorsais anteriores, possivelmente corresponden-
ts ao numero 1.
CLASSIFICA?AO
Os flebosmineos que compoem este genero encontram-se atual-
mente distribnidos em dois subgeneros. Essa divisao obedece, feitas as
ressalvas mercionadas, a sistema adotado para os grupos anteriores (Fo-
rattini",
1971). Algumas
alteraeoes
foram introduzidas em virtude da
aquisicao posterior de novos dados.
Fig. 120
Aspectos estruturais em Psychodopygus. A
espermateca de Psychodo-
pygus (Psychodopygus) lloydi; B
basistilo de
Psychodopygus (Trichophorofnyia) acfydiferus; F
paramero de
Psychodopygus (Psychodopygus) squamiventris; J
Mesa, Morales
Alarcon & Osorno, 1967)
Coi6mbia.
P. bispinosus (Fairchild & Hertig, 1951)
Nicaragua, Panama.
P. panamensis (Shannon, 1926)
America Central, Colombia, Brasil (Roraima), Mexico,
Peru, Venezuela.
P. paraensis (Lima, 1941)
Brasil (Amapa, Para, Rio de Janeiro), Colombia, Panama.
P. rachouj
(Damascene & Arouck, 1951)
IV segmentos antenais; E
espermatecas; F
cibario; G
genitalia masculina; H,
h, I, J
Psychodopygus squamiventris: A
rela?o AIII/E; B
asa; C
palpo;
D
IV segmentos antenais; E
espermatecas; F
cibario; G
genitalia masculi-
na; g
extremidade distal do
paramero.
400 ENTOMOLOGIA M6DICA
pouco
major
do que Rs+a+i; delta e positivo, correspondendo a cerca de
dois tercos do comprimento de R2. Nas antenas os espinhos geniculados
sao simples, em ambos os sexos, nao atingindo o apice dos segmentos.
Nas femeas o III articulo antenal e mais curto do que a epifaringe,
sendo a relacao AIII/E de cerca de 0,6. 0 cibario apresenta armadura bu-
cal onde se pode observar quatro ou cinco denies horizontais, regular-
mente desenvolvidos, triangulares, notando-se ainda a existencia de ligei-
ra saliencia mediana; os denies verticais sao numerosos, mais de vinte,
de aspecto variavel, sendo os de situacao mediana calibrosos e dispos-
tos corn tendencia a formarem dois conjuntos longitudinals, paralelos, ao
passo que os lateralmente dispostos colocam-se em fileira transversal,
em arco, sendo menores e mais agudos; a area pigmentada e extensa,
de contorno triangular, e o arco quitinizado e completo. As espermate-
cas possuem o corpo segmentado corn cerca de ate nove aneis, bem
marcados, nitidamente imbricados e de transicao evidente corn o duto
individual; os dutos individuais sao longos, segmentados e estriados na
sua maior extensao, corn aspecto que foi comparado ao de uma "espinha
de peixe"; a porcao proximal desses dutos nao tern essa feicao, e lisa,
fina, nitidamente dilatada, precedida de ligeira constriccao no limite entre
ela e a pane estriada; o duto comum e curto e de calibre maior do que o
dos individuais.
Os machos apresentam a genitalia onde se observa o basistilo dila-
tado corn evidente constriccao mediana; o dististilo e longo, provide de
um so espinho situado no apice, alem de ires pequenas cerdas espini-
formes pre-apicais; no .paramero pode-se distinguir duas partes, basal e
distal, a primeira de contorno aproximadamente triangular, corn algumas
cerdas finas nas margens superior e inferior, a segunda, apresentando-se
a maneira de prolongamento hialino, comprido, corn uma seta logo no
infcio e corn a extremidade dilatada, retangular, dotada de saliencias su-
periores, uma das quais pedunculada e lembrando o aspecto de raqueta;
o lobo lateral e um tanto calibroso e pouco mais longo do que o basistilo;
o edeago e curto e (racamente esclerotinizado; o aparelho ejaculador e
dotado de dutos corn a extremidade distal ligeiramente dilatada, alem de
estriacao superficial e sao cerca de duas vezes mais longos do que a
bomba; esta e grande e quase do mesmo comprimento do basistilo; a
lamela submediana e afilada, longa e corn cerdosidade regularmente
desenvolvida.
DISTRIBUICAO E BIOLOGIA
Psychodopygus amazonensis: A
cibario; B
espermatecas; Psychodo-
pygus arthuri: C
cibario; D
espermatecas; E
basistilo, dististilo, paramero e
lobo lateral; F
cerda em
escova do torax e abdomen larvais; H
espermatecas; C
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; Psychodopygus bispinosus: D
cibario; E
esper-
matecas; F
Psychodopygus complexus: A
clbario; C
esper-
matecas; D
Psychodopygus guyanensis: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; D, d
basistiio,
dististilo, paramero e lobo lateral (baseado em Fairchild e Herlig2^, 1951); Psychodopygus
Itoydi: F
cibario; G
espermatecas; H
cibario; F
espermatecas; G
Brasil (Rondonia).
P. aciyditerus (Fairchild & Hertig, 1952)
Peru.
P. anduzei (Rozeboom, 1942)
Panama.
P. brachipygus (Mangabeira, 1942)
Brasil (Amazonas),
P. eurypygus (Martins, Falcao & Silva, 1963)
Brasil (Roraima).
P. flaviscutellafus (Mangabeira, 1942)
Guiana Francesa.
P. liartmannl (Fairchild & Hertig, 1957)
Colombia, Panama.
P. hermanlenti (Martins, Silya & Falcao, 1970)
Brasil (Rondonia).
P. lopesi (Damascene, Causey & Arouck, 1945)
Brasil (Amazonas).
P. loretonensis (Llanos, 1964)
Peru.
P. meirai (Causey & Damasceno, 1945)
Brasil (Amazonas).
P. mefioi (Causey & Damascene, 1945)
Brasil (Amazonas).
P. rnlcrops (Mangabeira, 1942)
Colombia, Panama.
P. rostrans (Summers, 1912)
Brasil (Amazonas. Mato Grosso).
P. sanguinarius (Fairchild & Hertig, 1957)
America Central.
Psychodopygus sp. (= Phlebolomus sp. de Souvenir Floch & Abonnenc, 1944)
Brasil.
(Amapa), Guiana Francesa.
P. texanus (Dampf, 1938)
NA (EUA, Mexico).
P. Trap/dot (Fairchild & Hertig, 1952)
IV segmentos antenais; E
espermatecas; F
cibario; G
genitalia masculina; g
extremidade distal dos dutos ejaculadores; H
cerdas pupais,pre-
alares e abdominais dorsais, respectivamente (baseado em Barretto?, ,1941).
G6NERO PSYCHODOPY8US 421
gioes Nordeste, Centro-Oeste e Sudoeste. Alem disso tern sido assinala-
do na Argentina, abrangendo a Regiao Norte desse pais, do Paraguai (Cha-
co) e em area amaz6nica do Peru (Barretto10. ", 1950, 1961; Lucena59,
1953; Castro19, 1959; Blancas16 1959/1960; Forattini". i3, 1960; Carcaval-
lo e Martinez", 1968). Em que pesem, porem, essas observances, existem
duvidas sobre as identificacoes de alguns desses especimens, como se
vera em paragrafo seguinte, ao se tratar de Psychodopygus anduzei. Re-
centemente sua presenca foi tambem registrada na Colombia (Meta) (Mo-
rales-Alarcon, Osorno-Mesa e Osorno70, 1969).
Os conhecimentos atualmente disponiveis sobre a biologia destes dip-
teros sao resultantes de investigates levadas a efeito no Brasil meridio-
nal e, em especial modo, no Estado de Sao Paulo. No que diz respeito
aos criadouros naturals, obteve-se alguma evidencia sobre sua possfvel
localizacao em ambiente florestal, embaixo de vegetacao arbustiva. For
outro lado, nessa mesma regiao observou-se tendencia & adaptacao ao
ambiente humano, atraves da instalacao desses locais de criacao em
dependencias peridomiciliares representadas por chiqueiros (Forattini38 39,
1953, 1954).
Acreditou-se que este inseto tivesse preferencia pelas vegetacoes re-
presentadas por matas de segunda formacao e capoeiras situadas em re-
gioes ja ha certo tempo modificadas pelo homem (Barretto", 1943). Isso
nao impede que ele seja encontrado tambem em florestas virgens, corn
arvores alias e nas quais pode, inclusive, chegar a predominar na popu-
lacao flebotominica local, pelo menos, naquela observada atraves de co-
letas levadas a efeito corn isca luminosa (Forattini", 1954).
A flutuacao populacional obedece ao ritmo geral, corn o maximo de
densidade ocorrendo nos periodos correspondentes aos meses quentes
do ano. 6 comum porem mostrar bastante irregularidade nesse particular,
chegando a comparecer corn medias horarias as vezes dignas de nota,
nas epocas de baixas temperaturas. No ambiente florestal e nos anos
em que presumivelmente atinge grande producao, as coletas sistemati-
cas tern revelado a sua presenca em todos os meses. Quando porem,
devido a fatores ainda pouco conhecidos, deixa de ser a especie domi-
nante, pode tornar-se ausente em epocas geralmente correspondentes
ao inverno (Forattini39. 42, 1954, 1960) (Fig. 129).
0 Psychodopygus intermedius 6 tido como sendo bastante domici-
liado. Varias observacoes apontaram a invasao dos domicflios por parte
desse flebotomineo como fato frequente, mesmo em periodos de baixas
temperaturas (Barretto8, 1943; Nery-Guimaraes", 1955). Observando-se
essa propriedade de maneira sistematica, notou-se ritmo anual semelhante
a atividade extradomiciliar. Ou seja, em epoca em que o diptero nao se
apresenta dominante na fauna flebotominica local, ocorrem interrupcoes
nas epocas de frio, embora sempre se registre apreciavel grau de irregu-
laridade (Forattini12, 1960) (Fig. 130). De qualquer maneira, e dotado de
antropofilia digna de nota, sendo a sua alimentacao sobre o homem fato
observado mesmo sob condicoes meteorologicas adversas. Alem disso,
tern sido surpreendido sugando grande variedade de animais domesticos,
422 ENTOMOLOGIA M6DICA
entre os quais equinos, suinos, aves e caes (Barretto8, 1943; Forattini",
1954). Como os outros representantes deste grupo, a sua atividade e prin-
cipalmente crepuscular e noturna.
0 possivel papel do Psychodopygus intermedlus na transmissao da
leishmaniose tegumentar foi inicialmente suspeitado por Aragao* (1922),
o qua] conseguiu observar a presenca de infeccao natural por formas em
leptomonas e obter a reproducao da doenca em condigoes experimentais.
Posteriormente Forattini e Santos" (1952) detectaram tambem formas ana-
logas em condicoes naturals e em especimen coletado em foco de trans-
missao de parasitose no Estado do Parana, Brasil. Tais fatos, aliados S
dominancia sobre os demais representantes da fauna flebotommica de
uma area endemica do Estado de Sao Paulo, Brasil, fizeram corn que fosse
atribufda, a este diptero, responsabilidade vetora de infeccao (Forattini9,
1954). A mesma hipotese foi sugerida por ocasiao de observagoes leva-
das a efeito em foco de doenca no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, onde
foi o unico flebotomineo capturado dentro das habitacoes (Nery-Guima-
Fig. 129
meses; MH
m6dias horarias.
QENERO
PSYCHODOPYSUS
425
1942; Phlebotomus longiductus Floch & Abonnenc, 1942 (nee Parrot, 1928);
Phlebotomus elongatus Floch & Abonnenc, 1944.
A descricao de Phlebotomus elongatus 6 suficientemente esclarece-
dora para permitir a sinonimizacao dessa especie. 6 o que taremos aqui
ate que informacoes mais detalhadas levem a atitude diferente.
DIAGNOSE
Psychodopygus whitman!: A
espermatecas; B
genitalia masculina; b
extremidade distal dos dutos ejaculadores; Psychodopygus olmecus: C
espermatecas;
D
genitalia masculina; E, e, F, G
medias horarias.
429
Fig.
133
- Psychodcpygu.,
"^^"^^^sF^clba^^Q
^Sa
rn^uTa;
f=^S^^^^^
-
430
ENTOMOLOQIA MEDICA
Em varias investigacoes levadas a efeito no Mexico e America Cen-
tral, o material identificado como Psychodopygus flaviscutellatus, na opi-
niao de Fairchild (apud Williams", 1970), deveria ser considerado
como Psychodopygus olmecus. Corroborando corn esse ponto de vista,
a supracitada verificacao de Theodor" (1971) vem esclarecer as diferen-
cas anteriormente anotadas nos exemplares femininos centroamericanos
pelo mesmo Fairchild (apud Biagi, Beltran e Biagi", 1966) e por Bia-
gi, Beltran e Biagi" (1966).
Assim sendo, nao temos duvida em esposar essa orientacao, conside-
rando as formas do Mexico e America Central como Psychodopygus ol-
mecus e encarando P. flaviscutellatus como especie da America do Sul.
DIAGNOSE
Os adultos sao flebotomineos de porte medio, de to-
nalidade clara sobre a qual sobressai a pigmentacao acentuada do pr6
e mesonoto, deixando, porem, livre o escutelo que se apresenta nitida-
mente amarelado. A formula palpal e (1.4).5.2.3 ou (1.4).5.(2.3), sendo
o V segmento de comprimento menor do que o de III ou II. Na asa a veia
Ra
e mais longa do que a Rs-i-s e o indice alar e de cerca de 2,0; o ramo
Rz+a e sensivelmente maior do que R2+3+4; delta e positive, mas em
geral e
major nas femeas do que nos machos, nos quais e sempre pe-
queno, chegando a ser equivalente a menos de 1/17 do comprimento de
Rz. Em ambos os sexos, os espinhos geniculados sao simples, finos, e
nao chegam a ultrapassar o apice do IV segmento.
Nas femeas o III articulo antenal e pouco mais longo ou de compri-
mento aquivalente ao da epifaringe, sendo, pois, a relacao AIII/E de cer-
ca de 1,0 a 1,2; contudo, a esse respeito parece haver boa dose de varia-
cao, de maneira que essa razao pode chegar a ser inferior a unidade.
0 cibario possui armadura bucal dotada de numero um tanto variavel de
dentes horizontals, entre tres a cinco pares, de aspecto triangular, corn
base discretamente dilatada; os denies verticais sao numerosos, de tama-
nhos diversos, sendo maiores os de situacao mediana e menores aqueles
dispostos em direcao lateral, notando-se ainda certa tendencia a se apre-
sentarem em fileiras longitudinals; observa-se ainda a presenca de alguns
denies laterals; a area pigmentada e bem marcada, de contorno aproxima-
damente circular; o arco quitinizado e complete. As espermatecas tern o
corpo segmentado, corn cerca de oito aneis, o primeiro deles mais com-
prido e de onde sai a cabeca longa, volumosa corn aspecto que lembra
o de lingua curva em direcao posterior; os demais segmentos sao, inicial-
mente, mais largos do que o primeiro, diminuindo posteriormente de dia-
metro, ate os ultimos que se apresentam ligeiramente imbricados, conti-
nuando-se corn o duto individual atraves de transicao nftida; os dutos
individuais sao delgados e de comprimento equivalente ao do corpo; apos
a sua fusao dao lugar ao duto comum que e mais calibroso, cerca de duas
vezes mais longos do que eles e aumentando gradualmente de diametro
ate a sua desembocadura-
Os individuos masculinos apresentam a genitalia provida de batistilo
delgado e dististilo corn quatro espinhos, sendo um terminal, um situado
no terco distal e dois, implantados aproximadamente no mesmo nfvel, pou-
S6NERO PSYCHODOPYGUS
431
co alem do meio do segmento; o paramero e simples, corn a porcao basal
dilatada e a distal afilada, digitiforme, dotado de pilosidade esparca, alem
de algumas cerdas finas na curvatura da margem inferior; o lobo lateral
e mais curto do que o basistilo; o edeago e triangular e fortemente quiti-
nizado; o aparelho espiracular possui a bomba ejaculadora grande, pouco
mais curta do que o basistilo e dutos ejaculadores corn extremidade distal
ligeiramente curva e dilatada, sendo cerca de duas vezes mais longos do
que a bomba; a lamela submediana e volumosa e pilosa.
As formas imaturas, embora tendo sido obtidas em laboratorio, nao
foram ainda objeto de descricao.
DISTRIBUICAO E BIOLOGIA (Mapa 6.4)
Psychodopygus anduzei: A
cibSrio; B
espermatecas; C
genitalia
masculina; c extremidade distal dos dutos ejaculadores; Psychodopygus irspiaoi: D
espermatecas; E
genitalia masculina; e
extremidade distal dos dutos ejacula-
dores; F, f, f, f", G
cabeca da larva (esquematico), cerda tronlal anterior, antena lar-
val, espiculosidade do v6rtic6 cefalico e cerdas pupais pre-alares, respectivamente (ba-
seado em Hanson49, 1968).
GENERO PSYCHODOPYSUS
441
Nada se conhece sobre criadouros e habitos de formas imaturas.
Na Guiana Francesa e Surinam, este flebotomineo foi observado picando
o homem (Floch e Abonnenc35. 36, 1946, 1952; Wijers e Linger94. 1966).
Foi ali encontrado principalmente em florestas primitivas, sendo abundan-
te em locais umidos e escuros. Observou-se tambem que os locals de
abrigo encontravam-se preferentemente ein troncos de grandes arvores.
Parece, pois, que a fonte sanguinea principal seria constitufda por roe-
dores, sendo discreta a sua antropofilia. Em geral, nao ataca o homem
intensamente, fazendo-o de maneira mais frequente por ocasiao das chu-
vas, quando, corn o aumento da densidade, deva ocorrer incremento na
concorriSncia para as fontes animais disponfveis. Oaf o ataque ao homem
que parece ocorrer tambem mais prontamente durante as primeiras horas
matutinas, provavelmente devido a fenomeno analogo. Contudo, se as
formas adultas sao perturbadas e desalojadas de seus locais de pouso,
tornam-se prontamente agressivos (Wijers e Linger1", 1966).
Ao Psychodopygus anduzei e atribuido papel transmissor da leishma-
niose tegumentar, pelo menos na regiao setentrional da America do Sul.
Pifano" (1960) admite essa possibilidade em regioes da Vsnezuela situa-
das ao sul do rio Orinoco, onde predomina esta especie. Baseados em
evidencias analogas, relativas a Guiana Francesa, Floch e Abonnenc"
(1952) aceitam essa importancia epidemiologies. Relataram esses auto-
res a abundancia e frequente hematofagia deste flebotomineo em traba-
lhadores empregados na construcao de estrada em ambiente florestal,
concomitantemente a concorrencia de numerosos casos da doenca. Es-
tudos mais acurados foram levados a efeito por Wijers e Linger* (1966)
em Surinam (Guiana Holandesa). Observaram esses autores, infeccao
natural por formas em leptomonas, evidenciadas em especimens coleta-
dos em troncos de arvores. A inoculacao experimental em hamster, por
via tegumentar, resultou na producao de ligeiro nodulo local que, contu-
do, nao revelou a presenca de parasites, embora apresentasse o mesmo
aspecto histopatologico das lesoes leishmanioticas. Ao lado disso, rela-
taram infeccao adquirida por um deles, durante a ocasiao da coleta de
exemplares do flobotomineo em locals de abrigo. Nessa oportunidade, o
coletor foi intensamente picado, tendo capturado 100 exemplares desta.
especie, dois dos quais mostravam-se portadores de leptomonas.
Assim sendo, tudo leva a crer que Psychodopygus anduzei seja vei-
culador normal da leishmaniose tegumentar, na sua forma enzootica. 0
homem, ao penetrar nos ambientes onde o diptero se abriga, pode provo-
car a sua saida, mediante a destruicao desses biotopos, representados
pelas arvores. 0 corte e a derrubada dos vegetais provoca a saida dos
adultos que entao atacam os individuos empregados nessa atividade e
Ihes transmitem a leishmaniose tegumentar. Assim sendo, essa doenca
neste caso como no de outras regioes, podera ser encarada como moles-
tia de aspecto profissjonal,
442
ENTOMOLOGIA M6DICA
PSYCHODOPYGUS (TRICHOPHOROMYIA) YLEPHILETOR
(Fairchild
& Hertig, 1952) (Fig. 136).
DIAGNOSE
relacao AIII/E; B
asa; C
palpo; D
IV segmento antenat; E
espermatecas; F
cibario; G
genitalia masculina; g
extremidade distal dos dutos ejaculadores; H, I
Esta
especie
e semelhante a Psychodopygus yiephi-
letor da qual se diferencia atraves de alguns aspectos morfologicos.
As formas adultas sao de tonalidade clara, nao apresentando mar-
cada pigmentacao cefalica e mesonotal. A femea possui a espermateca
corn o corpo segmentado e a cabeca globular, volumosa, mas nao acen-
tuadamente pedunculada; os aneis sao em numero reduzido, de calibre
urn tanto uniforme, de maneira a nao haver discrepancia acentuada entre
o distal e os denials, a transicao corn o duto individual fazendo-se de modo
brusco, nao se notando a existencia de aneis pequenos ou rudimentares;
os dutos individuais sao curios, lisos, pouco mais longos do que o corpo,
e confluindo apos ligeiro aumento de diametro, estando praticamente
ausente o duto comum.
Na genitalia masculina o basistilo e um tanto alongado, bem mais
longo do que o dististilo; este e dotado de quatro espinhos, sendo um
terminal, um inserido no terco distal e dois aproximadamente no mesmo
nivel correspondente a cerca do meio do segmento; o paramero e sim-
ples corn a metade basal dilatada, de contorno retangular, e a distal atila-
da, digitiforme, corn cerdosidade esparsa, incluindo alguns elementos
446
ENTOMOLOGIA MffiICA
finos localizados ao nivel da curvatura inferior; o lobo lateral e pouco mais
longo do que o basistilo; o edeago 6 triangular e esclerotinizado; a bomba
ejaculadora 6 sensivelmente mais curta do que o basistilo e os dutos eja-
culadores sao calibrosos, curtos, corn menos de duas vezes o compri-
mento daquela e apresentando a extremidade distal dilatada, em forma
de colher; a lamela submediana e retangular e esparsamente pilosa.
As formas imaturas foram descritas por Hanson" (1968). Na larva
nota-se a cerda frontal anterior (4) simples, corn algumas farpas esparsas,
a frontal posterior (5), a vertical dorsal (6) e a vertical lateral (7), corn
aspecto ligeiramente em escova na extremidade, todas elas inseridas em
tuberculos salientes; a antena encontra-se implantada sobre saliencia c6-
nica evidente, tendo o primeiro segmento cilfndrico e o segundo, mais
longo, ligeiramente dobrado em direcao posterior; a area correspondente
ao vertice cefalico encontra-se coberta por espiculosidade constituida
por elementos desenvolvidos e curves em direcao anterior. No torax e
abdomen as cerdas em escova sao delgadas e de contorno ligeiramente
clavado; no protorax existe apenas uma cerda dorsal anterior (1), media-
namente desenvolvida, inserida em tuberculo, enquanto a laterodorsal an-
terior (3) apresenta cerca do dobro do comprimento daquela. No abdo-
men as acessorias (01, 02) encontram-se muito reduzidas. No VIII seg-
mento a dorsal interna (1) 6 pequena e em escova; a laterodorsal (3) e
longa e esparsamente penada na metade distal; a lateroventral (4) tern
cerca de urn terco do comprimento dessa seta, o apice penado e o con-
torno ligeiramente clavado. A pupa 6 dotada de tuberculos mesonotais
proeminentes; as cerdas pre-alares sao curvas e de extremidade bifida;
as setas abdominais dorsals sao curtas e inseridas em tuberculos re-
duzidos.
DISTRIBUIQAO E BIOLOGIA (Mapa 6.6)
Este flebotomineo tern
distribuicao predominantemente centroamericana, pelo menos no estado
atual dos conhecimentos. Nessa regiao sua presenca foi ate agora cons-
tatada no Panama, Costa Rica e Honduras (Fairchild e Hertig82, 1959).
Alem disso, foi tambem encontrado em areas sul-americanas correspon-
dentes i Colombia (Valle) e Equador (Los Rios, Pichincha), situadas nas
regioes ocidentais desses paises (Fairchild e Hertig29 1952; Rodriguez82,
1956; Arzube", 1960; Barreto", 1969).
Os atuais conhecimentos sobre criadouros limitam-se ao
flue
foi
investigado no Panama. Tais pesquisas permitiram supor que as larvas
se desenvolvem no solo florestal, nas folhas caidas e em decomposicao
que revestem os locais sombreados da floresta. Essas formas alimentam-
-se na superffcie desses detritos vegetais, corn pouca tendencia a se apro-
fundarem nas camadas inferiores desse ambiente. Alem disso, foram
tambem encontradas formas imaturas entre raizes de arvores e em bura-
cos no solo (Hanson18, 1961; Johnson e Hertig51, 1961). Os abrigos de
adultos observados ate o momento indicam, como mais freqiientes, os
troncos e raizes tabulares, alem de menos comumente, os buracos em
arvores e locas de animais (Fairchild e Hertig2, 1952). A presenca do
flebotomfneo dentro das habitacoes humanas nao foi ainda detectada,
pelo menos de maneira a poder despertar atencao.
448
ENTOMOLOGIA M^DICA
Desde as primeiras
observances
realizadas no Panama, o Psychodo-
pygus trapldoiW\ incluido entre os flebotomineos que ali atacam o homem
corn maior frequencia. Tambem foi observado sugando facilmente equi-
nos, marsupiais, mustelfdeos e aves (Fairchild e Hertig29, 1952; Johnson,
McConnell e Hertig", 1963; Thatcher e Hertig88. 1966). Nessa regiao, sua
presenca ocorre durante todos os meses do ano, embora corn maior abun-
dancia por ocasiao da estacao chuvosa.
No ambiente florestal, este diptero apresenta-se como arboricola,
sendo encontrado em atividade, tanto nos niveis baixos como nos altos,
correspondentes as copas vegetais, chegando a ser dominante na fauna
flebotominica desses ecotopos (Fairchild e Hertig21, 1952; Johnson, Mc-
Connell e Hertig53, 1963).
Este flebotomineo e considerado como transmissor da leishmaniose
tegumentar no Panama. Nessa regiao foi encontrado naturalmente infec-
tado por leptomonas as quais, mediante inoculacao em animais de labo-
ratorio, revelaram a sua natureza parasitaria corn a reproducao de lesoes
leishmani6ticas (Johnson, McConnell e Hertig52 53, 1962, 1963; McCon-
nell69, 1963; Johnson e Eisenmann80, 1963). Tais dados, aliados aos seus
habitos de antropofilia, suportam a importancia epidemiologica desta
especie.
PSYCHODOPYGUS (TRICHOPHOROMYIA) SANGUINARIUS
(Fairchild & Hertig, 1957) (Fig. 137).
DIAGNOSE
Psychodopygus sangutnarius: A
rela?ao
AIII/E; B
asa; C
palpo; D
IV segmentos antenais; E
espermatecas; F
cibario; G
genitalia masculina; g
antena larval; h
cerda abdo-
minal dorsal da pupa.
c
450
ENTOMOLOGIA MEDICA
evidente na parte mediana. As espermatecas mostram o corpo dotado
de cabeca pequena, corn segmentacao nao pronunciada, frequentemente
incompleta, e feita a custa de segmentos de aspecto regularmente uni-
forme, embora diminuindo progressivamente de diametro ate se continua-
rem, sem transicao brusca, no duto individual; este e liso, de calibre
urn tanto estreito, uniforme, cerca de duas vezes mais longo do que o
corpo e confluindo, corn o do outro lado, em duto comum pouco mais
largo mas bem mais curto.
Nos machos observa-se a genitalia corn o basistilo alongado e pro-
vido de pequeno tufo basal de cerdas, constituido por um elemento longo
acompanhado de dois outros, finos, curtos e todos inserindo-se direta-
mente no tegumento; o dististilo possui cinco espinhos, sendo dois apicais,
um inserido no terco distal e dois proximos do meio do segmento, um em
posicao pouco mais distal e outro mais basal; o paramero e simples, alon-
gado, corn a porcao basal regularmente dilatada e correspondendo a mais
da metade do segmento, e a porcao distal menor, digitiforme, notando-se
a presenca de cerdosidade esparsa formada por numerosos elementos
finos dispostos na margem superior, ao lado de pequeno numero de outros
menores, inseridos na curvatura inferior; o lobo lateral e de comprimento
subigual ao do basistilo; o edeago e alongado, discretamente escleroti-
nizado e os dutos ejaculadores sao de comprimento equivalente a cerca
de duas ou ate pouco menos de quatro vezes o da bomba, possuindo ex-
tremidade distal ligeiramente dilatada e curva; a lamela submediana e
retangular e discretamente pilosa.
A larva apresenta as cerdas cefalicas simples corn aspecto ligeira-
mente penado, pouco mais intenso na metade distal da frontal posterior
(5) e da vertical dorsal; a antena e curta, nao inserida em tuberculo salien-
te, tendo o primeiro segmento pequeno e o segundo
major e discoidal; o
tegumento cefalico posterior apresenta-se ornamentado corn fileiras cir-
culares de espiculos, a maneira de arcos imbricados. No torax e abd6-
men as cerdas em escova sao alongadas e de extremidade truncada; no
protorax observa-se a presenca de duas cerdas dorsais anteriores, inter-
na e externa (1, 2), aquela corn aspecto penado, corn cerca do dobro do
comprimento desta, a qual, por sua vez, mostra-se em escova na porcao
distal. No VIII segmento a dorsal interna e muito reduzida e em escova,
bem como a dorsal externa (2); a laterodorsal (3) e longa, em escova, e
a lateroventral (4) tern cerca de um terco do comprimento dessa, tendo o
apice penado. A pupa possui tuberculos mesonotais proeminentes; as
cerdas pre-alares sao de extremidade simples; as setas abdominais dor-
sais sao diminutas e inseridas sobre tuberculos desenvolvidos.
DISTRIBUICAO E BIOLOGIA (Mapa 6.6)
Este flebotomfneo foi
assinalado, ate agora, apenas na America Central. Ali foi encontrado no
Panama, Costa Rica e Honduras (Fairchild
e Hertig", 1959).
0 que se conhece sobre os habitos e bastante reduzido e limita-se,
atualmente, aos resultados de
observances
levadas a efeito no Panama.
No que concerne aos criadouros naturais, embora nao tenha conseguido
GENERO PSYCHODOPYGUS
451
encontra-los, Hanson"1 (1961) admite que a postura se faca no solo flo-
restal, onde conseqiientemente, se desenvolveriam as formas imaturas.
Tendo sido criado em condicoes de laboratorio, observou-se que as lar-
vas percorrem todo o ambiente, nao revelando qualquer tendencia a per-
manecerem na superffcie ou profundidade do meio em que se desenvol-
vem (Johnson e Hertig", 1961).
Na menclonada regiao, o Psychodopygus sanguinarius e considerado
como um dos principals sugadores de sangue humano. Foi tambem
observado alimentando-se sobre animais diversos como equinos, desden-
tados, marsupiais, alguns roedores e aves (Johnson, McConnell e Hertig88,
1963; Thatcher e Hertig", 1966). Nas florestas tem-se mostrado sensivel-
mente mais ativo no solo, embora tenha sido detectado corn apreciavel
atividade tambem em niveis arboreos mais altos, correspondentes a 12
metres (Johnson, McConnell e Hertig33, 1963).
Ainda no Panama este flebotomineo foi encontrado como portador
de infeccao natural por formas em leptomonas, em 4,7% dos especimens
dissecados durante todo o periodo anual (Johnson, McConnell e Hertig",
1963). Nao foi ainda obtida a identificagao desses flagelados, na tenta-
tiva de filia-los a possiveis leishmanias parasitas do homem e animais
(McConnell8, 1963; Johnson e Eisenmann, 1963). Contudo, o encontro
dessas infeccoes flebotomlnicas em areas endemicas de leishmaniose te-
gumentar, aliado a decidida antropofilia demonstrada pelo diptero, cons-
tituem evidencias epidemiologicas que nao podem ser desprezadas. Des-
se modo, deve-se admitir a hipotese de que pelo menos nas areas investi-
gadas o Psychodopygus sanguinarius deva desempenhar algum papel na
veiculacao dessa parasitose.
OUTRAS
ESpeClES
Sao muito escassos os conhecimentos disponiveis sobre os
habitos dos demais representantes de Trichophoromyia. Alguns
foram observados sugando o homem, ou entao simplesmente pou-
sados nessa isca e em animais domesticos. Esta no primeiro caso o
Psychodopygus hartmannl no Panama e Col6mbia, e no segundo, Psycho-
dopygus antuneai, P. auraensis, P. brasiliensis e P. reburrus, em varias
regioes das Americas (Damasceno, Arouck e Causey24, 1949; Fairchild e
Hertig31. a3, 1957, 1961; Barreto6, 1969). Merece algum destaque o encon-
tro de Psyc/ioctopygus inornatus frequentando curral de gado (Martins,
Falcao e Silva"6, 1965). A grande maioria dos demais foi observada em
ecotopos naturais representados por troncos e buracos de arvores e tocas
de animais silvestres, principalmente de roedores, dasipodideos e, mais
raramente, de bafraquios (Mangabeira60- 61, 1942; Damasceno, Arouck e
Causey2*, 1949; Fairchild e Hertig29. 3a, 1952, 1953; Floch e Abonnenc36,
1952; Martins, Falcao e Silva", 1963, 1965; Martins, Silva e Falcao68, 1970).
Assinale-se tambem o achado de Psychodopygus texanus em formiguei-
ros de Atta, no Texas, EUA (Dampf28, 1938).
A seguir sao fornecidos os principals caracteres morfologicos utili-
zados na identificacao desses flebotomineos.
452
ENTOMOLOGIA MEDICA
Psychodopygus (Trichophoromyia) abunaensis
(Martins, Falcao & Silva, 1965) (Fig. 138, A)
Especie conhecida somente pelo sexo masculino. Flebotomi-
neo de porte grande, corn cerca de 3,5 mm. de envergadura.
A genitalia possui o basistilo alongado; o dististilo dotado de quatro espi-
nhos, sendo um terminal, um situado no terco distal e dois em niveis di-
ferentes, um pouco alem e o outro pouco aquem do meio do segmento;
o paramero e simples, corn a base dilatada e a porcao distal afilada, obser-
vando-se cerdosidade esparsa ao longo da margem superior e tambem
devido a elementos pequenos na margem inferior ao nivel da curvatura;
o lobo lateral e delgado e mais longo do que o basistilo; os dutos ejacula-
dores tern a extremidade distal afilada e sao muito longos, cerca de sete
vezes mais compridos do que a bomba.
Psychodopygus (Trichophoromyia) aclydlferus
(Fairchild
& Hertig, 1952) (Fig. 138, B, C, D, E, F)
Os adultos possuem espinhos geniculados longos e corn pro-
longamento posterior ultrapassando a extremidade do segmento.
A femea apresenta cibario corn armadura bucal dotada de cin-
co a seis pares de denies horizontais, finos, confluentes na base e,
quanto aos denies verticals, ou nao existem ou se acham reduzidos a pe-
quenos elementos escassos e dificilmente visiveis, situados na base da-
queles; a area pigmentada e discreta, alongada, ultrapassando o arco
quitinoso que e completo. As espermatecas tern o corpo segmentado,
corn a cabeca volumosa, alongada, linguiforme e os aneis ligeiramente
imbricados, sendo o distal maior do que os demais que diminuem ligeira-
mente de difimetro a medida que se aproximam do duto individual; este
e fino e segue-se ao corpo apos transicao brusca, nao se notando a pre-
senca de segmentos rudimentares, tendo comprimento equivalente a cer-
ca de duas vezes o do corpo e confluindo no duto comum pouco menos
longo do que os individuals e de calibre ligeiramente maior. A genitalia
masculina apresenta o basistilo alongado e corn dois conjuntos de cerdas
nao caducas, um apical, formado por tres ou quatro elementos rigidos e
outro basal, constitufdo por duas cerdas robustas de extremidade foliacea
e duas outras finas, mas rigidas; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um
apical, dois situados entre o terco distal e mediano, em niveis diferentes
e outro no terco basal; o paramero e grosso nos dois tercos basais e afi-
lado, digitiforme, corn aspecto de seta indicativa, nos tercos distal onde
Fig. 138
Psychodopygus abunaensis: A, a
espermatecas; D
IV segmento antenai feminino; E
basistilo, dis-
tistilo, paramero e lobo lateral; e
cabepa (esque-
matico) e antena da larva, respectivamente (baseado em Hanson49, 1968); Psychodopygus
acostai: G, g, g
Psychodopygus antunesi: A
cibario; B
espercatecas; C
basistito,
!
dististilo, paramero e lobo lateral; Psychodopygus aragaoi: D
cibario, E
esperma-
tecas; F
genitalia masculina; f
Psychodopygus barrettoi: A
espermatecas; C
cibario; E
Psychodopygus brasiliensis: A, B
cabeca da larva
(esquematico), antena larval, cerdas pre-alares e tuberculo mesonotal da pupa, respec-
tivamente (baseado em Mangabeira e Sherlock62, 1962); Psychodopygus carpenter!: G
espermatecas; H
paramero; K
cibario; B
cibario; H
espermatecas; I
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral.
-466
ENTOMOLOQIA M6DICA
Psychodopygus (Trichophorontyla) tluviatilis
(Floch & Abonnenc, 1944) (Fig. 142, G).
A femea apresenta cibario dotado de armadura bucal corn quatro
dentes horizontals, triangulares, pouco desenvolvidos e sem denies verti-
cals visiveis; a area pigmentada e discreta e o arco quitinoso e incom-
plete. As espermatecas tern o corpo segmentado, corn os aneis apresen-
tando certa uniformidade, continuando sem transicao brusca corn o duto
individual; os dutos individuals sao muitp longos, confluindo em duto
comum mais curto e de calibre maior. A genitalia masculina possui ba-
sistilo onde se observa a presenca de duas finas cerdas basais inseridas
em pequeno tuberculo; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um termi-
nal, um inserido no terco distal e dois, aproximadamente no mesmo nfvel,
correspondente ao meio do segmento; o paramero e simples, corn a por-
cao basal dilatada e a distal digitiforme, a custa da curvatura inferior o
que empresta assim ao conjunto, o contorno de um dedo em riste, obser-
vando ainda pilosidade esparsa na extremidade distal e na margem infe-
rior ate o cotovelo proximal; o lobo lateral e mais longo do que o basis-
tilo; os dutos ejaculadores terminam em extremidade afilada e sao cerca
de quatro a cinco vezes mais longos do que a bomba.
Psychodopygus (Trichophoromyla) hartmanni
(Fairchild & Hertig, 1957) (Fig. 143, A, B, C).
A femea apresenta cibario dotado de armadura bucal corn dois pares
de denies horizontals desenvolvidos, triangulares, confluentes na base,
e dentes verticais pouco numerosos, dispostos em fileira transversal irre-
gular; a area pigmentada e marcada, longa e o arco quitinizado e com-
pleto. As espermatecas tern o corpo segmentado, corn o primeiro anel
maior do que os outros que, diminuindo progressivamente de diametro,
continuam-se corn o duto individual sem transicao brusca; os dutos indi-
viduals sao longos, cerca de tres a quatro vezes mais compridos do que
o corpo, sendo inexistente o duto comum. A genitalia masculina possui
basistilo alongado, corn pequeno tufo basal de cerdas, constituido por
quatro elementos fines inseridos em pequenos tuberculos; o dististilo
mostra cinco espinhos, sendo dois apicais, um inserido no terco distal,
um aproximadamente no meio do apendice e outro pouco aquem desse
nfvel; o paramero e simples, corn a porcao basal de contorno retangular
e a distal digitiforme, ambas separadas gracas a curvatura da margem
inferior, notando-se ainda a presenca de cerdosidade esparsa na parte
distal e no cotovelo inferior; o lobo lateral e mais curto do que o basistilo;
os dutos ejaculadores tern a extremidade distal simples e sao quatro a
Fig. 143
Psychodopygus hartmanni: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; Psychodopygus hermanlentt: D
cibario; E
esper-
mateca (baseado em Martins, Silva e Falcaos8, 1970); F
basistilo, dististilo, paramero
e lobo lateral; Psychodopygus hernandezi: G
Psychodopygus inflates: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; c
basistilo, dis-
tistilo, paramero e lobo lateral; f
ca-
beca da larva (esquematico); g
antena larval; H, I
Psychodopygus nordesdnus; A
cibario; B
espermatecas; C
basistito.
dististilo, paramero e lobo lateral; Psychodopygus pascalei: D, E
cibario e esperma-
teca, respectivamente (baseado em Sheriock e CarneiroQs, 1962); F
basistilo, dististilo,
paramero e lobo lateral; Psychodopygus reburrus: G
cibario; H
espermatecas; I
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral.
478
ENTOMOLOGIA MSDIOA
inclui tambem a margem inferior; o lobo lateral e de comprimento equiva-
lente ao do basistilo; os dutos ejaculadores tern extremidade distal sim-
ples e sao de duas vezes e meia mais longos do que a bomba.
Psychodopygus (Trichophoromyia) rostrans
(Summers, 1912) (Fig. 147, A, B, C).
Sinonimia
Phlebotomus affinis Mangabeira, 1942 (nee Theodor,
1933); Phlebotomus octavioi Vargas, 1949 (nov. nom.).
As razees que levaram Sherlock e Guitton" (1970) a nao aceitar essa
sinonfmia sao, a nosso ver, inconsistentes. Ao examinarmos varies exem-
plares masculinos identificados como octavioi, incluindo alguns determi-
nados por Mangabeira, nao conseguimos observar qualquer diferenca
apreciavel corn a redescricao de rostrans, feita a partir do material tfpico
(Lewis66, 1967). 0 principal carater diferencial que, a nosso ver, foi apon-
tado por aqueles autores, diz respeito a presenca de conjunto constituido
por tres a quatro cerdas, em situacao barn basal, no basistilo. Deve-se
porem assinalar que Lewis"5 (1967) em seu trabaiho ressalta que esse
apendice encontra-se danificado e justamente na base, no especimen tipo
que serviu a sua redescricao. Em vista disso nao temos diivida, no esta-
do atual dos conhecimentos, em confirmar essa sinonimia, ja sugerida
por Theodor"1 (1965).
A femea apresenta cibario corn armadura bucal constitufda por seis
ou sete pares de denies horizontals, finos, estiletiformes e numerosos den-
tes verticals de calibre variavel, dispostos em varias fileiras transversais
irregulares; a area pigmentada e ampla, bem marcada e o arco quitinoso
e complete; as espermatecas tern o corpo segmentado corn a cabeca evi-
dente, sendo o segmento distal mais desenvolvido, alongado, vesiculoso
e os demais estreitos, de diflmetro progressivamente decrescente ate se
continuarem, sem transicao brusca, no duto individual; nao se conhecem
dados sobre os aspectos dos dutos individuals e comum. A genitalia
masculina mostra o basistilo corn tufo frouxo de cerdas situado na regiao
mediana, al6m de pequeno conjunto de elementos menores e finos, na
porcao basal; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um terminal, um
situado no terco distal, um implantado pr6ximo ao nivel medio do seg-
mento e outro localizado no terco basal; o paramero apresenta a porcao
basal dilatada e a distal digitiforme terminando em extremidade romba,
observando-se lobo achatado na margem superior, onde existe tambem
fileira de cerdas desenvolvidas, onduladas, alem de pilosidade esparsa,
que se estende tambem pela margem inferior; o lobo lateral e mais longo
Fig. 147
Psychodopygus rostrans: A, B
cibario e espermateca, respectivamente
(baseado em Lewis55, 1967); C
basistilo, dististilo, paramero e tobo lateral; C
extremidade distal dos dutos ejaculadores; Psychodopygus sp. de Souvenir: D
cibario;
E
espermatecas; Psychodopygus texanus: F, cibario; G
espermatecas; H
ba-
sistilo, dististilo, paramero e lobo lateral; h
espermatecas; K
basistilo, dististilo, pa-
ramero e tobo lateral; k
extremidade distal dos dutos ejaculadores.
480
ENTOMOLOGIA M6DICA
do que o basistilo; os dutos ejaculadores tern a extremidade distal afilada,
de perfil em bisel, e sao cerca de seis vezes mais longos do que a bomba.
Psychodopygus (Trichophoromyia) sp.
(= Phlebotomus sp. de Souvenir Floch & Abonnenc, 1944) (Fig. 147, D, E).
Sinonimia
Phlebotomus yiephiletor Forattini, 1960 (nee Fairchild &
Hertig, 1952).
Este flebotomineo foi descrito a partir de um exemplar de femea da
Guiana Francesa. 0 re-estudo do material inicialmente identificado
como Psychodopygus yiephiletor no Amapa, Brasil, por Forattini41 (1960),
levou-nos a conclusao de que, muito provavelmente se trata desta especie.
Parece-nos ser bastante proxima de Psychodopygus reburrus. Maiores
conclusoes somente poderao ser atingidas quando o sexo masculino vier
a ser conhecido.
0 cibario da femea apresenta armadura bucal corn fileira de denies
horizontais constituida por cinco ou seis pares de elementos desenvolvi-
dos, e denies verticals calibrosos, dispostos em varias fileiras transversals
irregulares; a area pigmentada e bem marcada e o arco quitinoso e com-
pleto. As espermatecas tern o corpo anelado, cabeca desenvolvida, sendo
os segmentos subiguais diminuindo progressivamente de diametro ate
passarem, mediante transicao brusca, ao duto individual, observando-se
ainda a existencia de aneis rudimentares a esse nivel; os dutos indivi-
^
duais sap mais longos do que o corpo e apresentam algumas concrecoes
hialinas no seu trecho inicial, sendo curto o duto comum.
Psychodopygus (Trichophoromyia) texanus
(Dampf, 1938) (Fig. 147, F, Q, H).
A femea possui cibario corn armadura bucal dotada de seis ou mais
pares de dentes horizontals, triahgulares, de porte moderado, corn alguns
denies laterals e denies verticals de calibre variavel, alguns bem grandes,
dispostos em fileira transversal mais ou menos regular e outros, meno-
res, intercalados mas aglomerados, principalmente nas partes laterals; a
area pigmentada e bem marcada mas de tamanho discrete, e o arco qui-
tinoso e completo. As espermatecas tern o corpo globoso, corn ligeira
saliencia plana no local da cabeca; os dutos individuals sao longos, lisos
em sua major
parte, apenas corn estrias muito leves na porcao inicial e o
duto comum e curto ou praticamente inexistente. A genitalia masculina
apresenta o basistilo delgado, corn tufo frouxo de cerdas curtas, espalha-
das pela regiao media; o dististilo tern quatro espinhos, sendo um apical, i
um situado no terco distal e dois aproximadamente no mesmo nivel, cor- !
respondente ao meio do segmento; o paramero e simples, longo, corn a
porcao basal dilatada e distal digitiforme, dotado de cerdosidade esparsa
pela margem superior e alguma tambem na margem inferior; os dutos
ejaculadores tern a extremidade distal afilada, em bisel e tern pouco mais
de duas vezes o comprimento da bomba.
GENERO PSYCHODOPYGUS 481
Psychodopygus (Trichophoromyia) ubiqullalls
(Mangabeira, 1942) (Fig. 147, I, J, K).
Sinonimia
Almeida, F. B. de.
Flebotomos da Amazonia I
Antunes, P. C. A.
Urn novo
Flebotomus, Flebotomus lloydi, encontrado em Sao Paulo {Diptera, Psychodidae).
Rev. Biol. Hig., 8:24-6, 1937.
4
Aragao, H. de B.
Arzube R., M. E.
Barreto, P.
Barretto, M. P.
Barretto, M. P.
Observances
sobre a biologia, em condicoes naturais, dos //e-
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Barretto, M. P.
Faculdade de Medicina
de Ribeirao Preto].
12
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Estudos sobre flebotomineos americanos. I
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a descricao de uma nova especie (Diptera, Psychodidae). Papeis Dep. Zoo/. S.
Pau/o, 18:133-46, 1966.
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Biagi F., F, & Biagi, A. M. de B. de
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Nuevos conocimientos
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492
ENTOMOLOGIA M^DICA
16
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Notas sobre flebotomos peruanos. Enumeracion de las espedes
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lombia (Diptera, Psychodidae). I
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Pifano C., F., Alvarez, A., Ortiz, 1., Dager, C. & Scorza, J. V.
Phlebotomus pana-
mensis Shannon 1926; transmissor de la leishmaniasis tegumentaria en Vene-
zuela. Gac- med; Caracas, 47:229-35, 1959.
GENERO PSYCHODOPYGUS
495
81
Theodor, 0.
Theodor, 0.
Tikasing, E. S.
Williams, P.
Williams, P.
Williams, P.
Williams, P.
Este flebotomineo e de
distribuicao essencialmente sul-americana, sendo comumente encontrado
nas regioes Sudoeste e Sul do Brasil, atingindo tambem o Estado de Mato
Grosso (Pessoa e Barretto43, 1944; Barretto4,5.6, 1947, 1950, 1961; Fo-
rattini19,21, 1960; Forattini e Santos23.24, 1955, 1956). Sua presenca foi
assinalada tambem no Paraguai e no Territorio das Missoes, na Argentina
(Duret3.14, 1950, 1951; Castro, 1959).
Os conhecimentos atuais sobre os criadouros de Pintomyia pessoal
resumem-se a alguma evidencia sobre a possibilidade de evolucao das
formas imaturas no solo do ambiente florestal (Forattini111, 1954).
Este flebotomfneo e considerado como de habitos essencialmente
silvestres, vivendo nas matas umidas onde pode ser observado pratica-
mente durante todo o ano. 0 ritmo dessa incidencia obedece ao aspecto
geral verificado para os flebotomineos, ou seja, corn o maximo de densi-
dade correspondendo aos meses quentes e chuvosos e o minimo ou
mesmo a ausencia, aos perlodos frios e secos. Revelou-se como especie
altamente antropofila nas regioes onde foi estudada, sendo comumente
capturada corn isca humana. Isso nao a impede porem, de sugar outros
vertebrados de sangue quente, domesticos ou silvestres, tais como caes,
equinos, galinhas e dasipodideos. Seguindo o comportamento habitual
destes dipteros, a sua atividade e predominantemente crepuscular e no-
turna (Barretto3, 1943; Forattini19.20, 1954, 1960).
A freqiiencia aos domicilios foi observada no Estado de Sao Paulo,
Brasil, onde de inicio Barretto3 (1943) verificou a invasao de casas situa-
das ate 120-150 metres das matas. Posteriormente e na mesma regiao,
Forattini" (1954) encontrou P. pessoal corn certa frequencia em habita-
coes locais e ate distancia correspondente a 300 metres das florestas.
Observou tambem, mediante coletas domiciliares regulares, a presenca
praticamente constante do flebotomineo dentro das casas, obtendo me-
dias horarias de ate 1,4, para os periodos de maior densidade (Forattini20,
Fig. 148
Pintomyia fischeri: A
cibario; B
espermatecas; C
genitalia masculina;
c
antena larval; d
cerda cefalica em escova, da larva; d"
espermatecas; I
genitaiia masculina; i
Pintomyia damascene!: A
cibario; B
espermatecas; C
basistilo, distis-
tilo, paramero e lobo lateral; Pintomyia spir.osa: D
espermatecas; E, E
aspectos
do tufo basal do basistilo; F, f, G
cabepa da larva (esquematico), antena larval e cerda
em escova do t6rax e abdomen larvais, respectivamente (baseado em Hanson27, 1968).
OUTROS S6NEROS DE PHLEBOTOMINAE 505
e completo, embora pouco evidente na porcao mediana. As espermatecas
tern o corpo globoso, corn tendencia a forma cilindrica, podendo-se notar
a presenga de dupio envoltorio hialino e corn a extremidade distal acha-
tada, rugosa, de onde saem os filamentos apicais; os dutos individuals
sao fortemente quitinizados e confluem em duto comum membranoso
mais calibroso e mais longo do que eles. Na genitalia masculina o distis-
tilo tern quatro espinhos, sendo urn apical, dois situados no tergo distal e
urn implantado na parte media do segmento, alem de uma cerda espini-
forme pre-apical; o basistilo e dotado de tufo basal constituido por mais
de dez cerdas delgadas, dispostas em dupla tileira; o paramero e sim-
ples, alongado, corn a parte distal digitiforme e dotada de cerdas esparsas
que se estendem pela margem inferior do apendice; o lobo lateral e de
comprimento equivalente ao do basistilo; os dutos ejaculadores tern a
extremidade distal simples e sao duas e meia vezes mais longos do que a
bomba.
PIntomyia splnosa
(Floch & Abonnenc, 1942) (Pig. 149, D, E, F).
Esta especie e muito semelhante a Pintomyla damascenoi, da qua!
se diferencia apenas por alguns detalhes morfologicos que, em nossa opi-
niao, sao de valor relative. Muito provavelmente se trata somente de va-
riedade geografica e, por conseguinte, de sinonimia daquela. A falta de
material adequado para estudo faz corn que protelemos essa decisao a
qual, porem, acreditamos seja alcancada por pesquisadores que possam
dispor daqueles meios.
Na femea pode-se verificar que, em continuacao a parts fortemente
quitinizada dos dutos individuals das espermatecas, segue-se porcao
membranosa de comprimento apreciavel, antes de sua confluencia corn
o duto comum. Na genitalia masculina observa-se o tufo basal de cerdas
no basistilo, formado por menos de dez elementos, as vezes apenas dols
ou tres de calibre mais grosso. As formas imaturas foram descritas por
Hanson2 (1968). Na larva observa-se as cerdas cefalicas tongas, sendo
apenas as frontais (4 e 5) e as verticals (6 e 7) esparsamente penadas nos
seus dois tercos apicais, todas inseridas em tuberculos salientes; a ante-
na encontra-se implantada em saliencia larga, tern o primeiro segmento
curto e o segundo longo e cillndrico. No torax e abdomen predominam
as setas em escova; no protorax, a dorsal anterior interna (1) 6 longa en-
quanto que a externa (2) e pequena, corn menos da metade do compri-
mento daquela; no VIII segmento, a dorsal interna (1) e muito pequena, a
dorsal externa (2) e a laterodorsal (3) sao longas, enquanto que a latero-
ventral (4) e muito reduzida. Na pupa o tuberculo mesonotal e discreto;
as cerdas pre-alares sao evidentes e situadas sobre saliencia desenvol-
vida; no abdomen nao se observam tuberculos dorsais desenvolvidos.
506 ENTOMOLOGIA M^DICA
CHAVES PARA ESPCIES DE PINTOMYIA
CHAVE PARA AS F^MEAS
1
esper-
matecas; D
cibarlo; G
esper-
matecas; H
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral; h
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral; c
cibario, basis-
tilo, dististilo, paramero e lobo lateral, e extremidade distal dos dutos ejaculadores,
respectivamente (baseado em Fairchild e Hertigi7, 1961); Pressatia dysponeta: E
es-
permatecas; F
Pres33tia monstruosa: A
cibario; B
espermatecas; C, c
basistilo,
dististilo, paramero e lobo lateral, e edeago, respectivamente (baseado em Floch e
Abonnencia, 1952); Pressatia triacantha: D
Corpo das espermatecas corn a cabeca globu ar, reduzida ............... choti
tFiacantha
Corpo das espermatecas corn a cabeca achatiida e de porte
maior, ocupando grande parte da superffcie c orrespondente
a porcao distal do 6rgao ................. ...................... dysponeta
OUTROS GgNEROS
DE PHLEBOTOMINAE
521
CHAVE PARA OS MACHOS
1
Dististilo corn tres espinhos evidentes ................................. ,2.
Dististilo corn quatro espinhos evidentes ............................... 7.
2
Paramero dotado de conjunto de cerdas largas, situado na
margem inferior
................................................. camposf
Paramero destitufdo de
coniunto
de cerdas largas, diferen-
ciadas, na margem inferior ............................ ............... 3.
3
Paramero corn a extremidade distal provida de prolonga-
mento digitiforme, em posicao horizontal e superior, alem
de outrp, inferior, corn aspecto de ac^leo, em posicao ver-
tical ou dirigido anteriormente ....................................... 4.
Paramero sem tais aspectos .......................... ............... 6.
4
Brasil (Bahia).
Brumptomyia amarali
(Barretto & Coutinho, 1940) (Fig. 155, A, B).
Esta especie e conhecida ate o momento apenas pelo sexo feminino.
Sua colocacao no genero Brumptomyia 6 feita de maneira tentativa, ate
que venha a ser conhecido o outro sexo. Embora nao tenha sido possivel
o exame do material tipo, a descricao original mostra a armadura bucal
corn aspecto que lembra bem o deste grupo generico. Corn efeito, os
denies horizontals parecem dispostos em fileiras longitudinais. Da mes-
ma maneira, a espermateca tem o corpo segmentado, corn o anel distal
sensivelmente maior do que os demais, sem, porem, apresentar a cabeca
individualizada.
Brumptomyia avellarl
(Lima, 1932) (Fig. 155, C, D).
Esta especie e muito semelhante a Brumptomyia brumpti da qual tem
sido separada pelo aspecto morfologico do paramero. Aqui, esse apen-
dice apresenta-se corn aspecto laminar em sua porcao distal, notando-se
a existencia de escassa pilosidade, limitada a margem inferior e a alguns
elementos na superior. As formas imaturas forarri descritas por Manga-
beira38 (1942). Na larva nota-se que a cerda genal dorsal (8) e simples,
sendo em escova as demais, de contorno acuminado e corn farpas desde
a base; a antena e pequena, inserida em ligeira saliencia, corn o pri-
meiro segmento reduzido e o segundo major, de contorno ovoide ou dis-
coidal. No torax e abdomen predominam as cerdas em escova, a maio-
ria dotada de dilatacao hialina apical que tem aspecto vesiculoso; as cer-
das protoracicas dorsais anteriores, interna e externa (1, 2) sao equiva-
lentes; no VII]
segmento a dorsal interna (1) e equivalente a externa (2)
e a laterodorsal (3). A pupa e indistinguivel da correspondente a Brump-
tomyia brumpti.
Brumptomyia beaupertuyi
(Ortiz, 1954) (Fig. 155, F).
0 basistilo apresenta fileira apical de cerdas longas e tufo basal cons-
tituido por conjunto de setas fortes implantadas em tuberculo saliente e
intensamente quitinizado; o dististilo tem cinco espinhos, sendo dois api-
cais, dois em situacao mediana inseridos sobre o mesmo tuberculo e um,
A
B
F
OUTROS
QENEROS
DE PHLEBOTOMINAE
525
mais fino, situado alem destes, pouco aquem do meio da distancia entre
os distais e os proximais; o paramero 6 simples, corn a extremidade
distal ligeiramente dilatada e provida de esparsa pilosidade que se es-
tende a margem superior, em sua porcao proximal; o lobo lateral e fino
e longo, de comprimento equivalente ou pouco maior do que o do basistilo.
Brumptomyla bragai
(Mangabeira & Sherlock, 1961) (Fig. 156, A).
0 basistilo e apreciavelmente alongado, dotado de conjunto basal de
cerdas finas, esparsas e vistveis corn certa dificuldade, alem de duas setas
longas na extremidade apical e
(ileira de seis a oito setas finas dispostas
ao longo da margem inferior; o dististilo e tambem longo e provide de
cinco espinhos, sendo dois apicais, dois inseridos no mesmo tuberculo
situado pouco alem do meio do apendice e urn inserido aquem desse
nivel, estando, portanto, em situacao mais basal; o paramero e simples,
corn a extremidade distal delgada e terminando em extremidade atilada,
dotada de fina pilosidade esparsa; o lobo lateral e fino e de comprimento
equivalents ao do basistilo.
Brumptomyia brumpti
(Larrousse, 1920) (Fig. 155, F, Q, H, I, J).
A femea apresenta cibario dotado de armadura bucal onde se obser-
va a presenca de duas fileiras longitudinais medianas de denies hori-
zontals, alem de outras, lateralmente situadas e irregulares, observando-se
ainda a presenca de dentes laterais; nota-se a presenca de protuberancia
dorsal posterior pigmentada, continuando-se em direcao anterior corn
area escura de contorno retangular; o arco quitinoso e complete, se bem
que de maneira pouco nitida na porcao media. As espermatecas tern o
corpo segmentado, corn o segmento distal mais volumoso do que os de-
mais e dotado de cabeca diferenciada; os demais aneis desse 6rgao,
sao mais estreitos e diminuem progressivamente de diametro ate se con-
tinuarem, mediante transicao ligeira, corn o duto individual; os dutos indi-
viduals sao extraordinariamente longos e terminam separadamente, es-
tando, pois, ausente o duto comum. A genitalia masculina apresenta o
basistilo dotado de tufo basal de cerdas constituido por 10 a 15 elementos
foliaceos, desenvolvidos, formando conjunto compacto, notando-se ainda
a existencia de seis setas longas, dispostas em fileira, na porcao distal
do apendice; o dististilo tern cinco espinhos, sendo dois apicais, e tres
situados aproximadamente na regiao mediana do apendice, dois deles
inseridos sobre o mesmo tuberculo e um na base dessa formacao; o pa-
Fig. 155
Brumptomyia
amaratj:
A, B
para-
mero; D, d,
cabe?a
da larva (esquematico) e antena larval, respectivamente (basea-
do em Mangabeirass, 1942); Brumpiomyia beaupertuyi; E
basistilo, dislistilo, para-
mero e lobo lateral (baseado em Sherlock46, 1962); Brumptomyia brumDti: F
ciba-
rio; G
espermatecas; H
basistilo, dististilo, paramero e lobo lateral; I
cerda
em escova do torax e abdomen larvais; J
Brumptomyia bragai: A
cabeca da
larva (esquematico). antena larval e cerda do abdomsn larval, respectivamenfe (ba-
ssado em Hansons?, 1968).
528
ENTOMOLOGIA M6DICA
ao calibre das cerdas do tufo basal do basistilo, que aqui seria equivalente
ao das setas apicais desse apendice. Todavia, nao deve ser afastada a
hipotese de sinonimia, a qual talvez venha a ser estabelecida por ocasiao
de adequado reestudo do material tipo.
0 basistilo apresenta tufo espesso Ie cerdas grossas, em situacSo
basal, cujos elementos sao de calibre ecluivalente ao grupo de cinco ou
seis setas longas, enfileiradas na extremidade distal; o dististilo tern cinco
espinhos, sendo dois apicais, dois inseridos no mesmo tuberculo e outro,
deles separado, mas situado aproximadainente no mesmo nivel que cor-
responde a cerca da metade do segmentc; o paramero e simples e curto,
corn a extremidade distal romba, digitifoime e dotada de esparsa pilosi-
dade que se estende pela margem superior, notando-se grupos de setas
situadas na margem inferior, em situacao mais proximal; o lobo lateral e
estreito e de comprimento aproximadamente equivalente ao do basistilo.
Brumptomyla figreiredoi
(Mangabeira & Sherlock, 1SI61) (Fig. 157, A).
0 basistilo possui tufo basal de cerJas, espesso, bastante extenso
e constituido por elementos finos e longoii, notando-se ainda na extremi-
dade distal do apendice, a presenca de uina cerda longa, isolada e algu-
mas outras, finas, inseridas ao longo da margem inferior; o dististilo tern
cinco espinhos, sendo dois apicais, dois situados no mesmo tuberculo
localizado aproximadamente no meio do segmento e outro, mais fino, inse-
rido no terco distal do apendice; o pararriero e simples, corn a extremi-
dade distal ligeiramente encurvada em dirocao superior e dotado de con-
junto de pequenas setas, observando-se lambem a existencia de pilosi-
dade esparsa ao longo de toda a porcao cistal do apendice, incluindo na
margem inferior; o lobo lateral e delgado e mais longo do que o basistilo.
Brumptomyia gailndoi
(Fairchild & Hertig, 1947) (Fg. 156, E, F, G).
Sinonimia
Brumptomyla
mesa;
Sheilock, 1962.
0 basistilo possui tufo basal de cerdas foliaceas, de aspecto compac-
to e dispostas em leque sobre um tuberculo saliente, em capitulo, notando-
-se ainda a existencia de sete ou oito cerdas longas enfileiradas na me-
tade distal do apendice; o dististilo tern chco espinhos, sendo dois api-
cais e tres aproximadamente no meio do siSgmento, dois dos quais sobre
o mesmo tuberculo; o paramero e simples, corn a extremidade distal rom-
ba, ligeiramente curva em direcao superior e corn regular pilosidade,
Fig. 157
Brumptomyia figueirecfoi: A
basistilo dististilo, paramero e lobo lateral;
Brumptomyia guimaraesi: B
Basislilo corn uma so cerda longa, na porcao distal ...... ......... figueiredoi
Basistilo corn, pelo menos, tres cerdas rongas, na porcao
distat ............................................................ ir.
536 ENTOMOLOGIA M6DICA
17
Distisfilo longo, de comprimento i)raticamente equivalents
ao do basistito ............................................... guimaraesi
Dististilo mais curto, de comprimento bem menor do que o
do basisfilo ................... .................................. cunhai
18
Tufo basal do basistilo corn cerd^s longas e numerosas;
paramero corn pilosidade curta ................................. nitZLitescui
Tufo basal do basistilo corn cerdas mais curtas e menos
numerosas; paramero corn pilosidale longa e mais abun-
dante, ao longo da margem superiol .................... ........... virgensi
GENERO WARII.EYA Hertig, 1948.
DIAGNOSE E DADOS GERMS
Os adultos apresentam o torax clesprovido das cerdas pfis-espiracula-
res (anepisternais superiores); as asis sao largas, de apice arredondado e
corn a forquilha
Rz+s+i situada muito proxima a veia transversa r-m. As
femeas possusm cibario desprovido de armadura bucal, ou seja, sem
dentes; as espermatecas sao segmentadas ou nao. Os machos mostrarn
genitalia corn o basistilo curto e dilatado, ao passo que o dististilo e alon-
gado.
Muito pouco se conhece sobre os habitos destes flebotomineos. A
sua hematofagia foi registrada descle o achado de Warileya phleboto-
manloa no Peru, onde foi observado sugando ativamente o homem e pe-
netrando nas habitacoes, embora coni densidade reduzida (Hertig28, 1948).
Da mesma forma, W. rotundipennis foi surpreendido sugando sangue hu-
mano em ambiente florestal do Panama (Fairchild e Hertig15, 1951). Nada
se sabe sobre os locais de criacao diis formas imaturas. As posturas de
representantes da ultima das supracltadas especies, obtidas em labora-
toriq, nao conseguiram ir alem do prineiro estadio larval (Hanson27, 1968).
Este genero encerra atualmente 3 especies, sendo que, Warileya ni-
grosaculus encontra-se aqui colocada de maneira tentativa. E isso ate
que o conhecimento do sexo masculine venha ou nao confirmar essa sis-
tematizacao (Fairchild e Hertig", 1951). Esses representantes vao men-
cionados a seguir, acompanhados da Iespectiva distribuicao geografica.
ESPECIES DO S^ERO WARILEYA
W. nigrosaculus Fairchild & Hertig, 1951
Panama.
W. phtebotomanica Hertig, 1948
Peru.
W. rotundipennis Fairchild & Hertig, 1951
Costa Rica, Panama-
Wariteya nigrosaculus
Fairchild & Hertig,
19,>1
(Fig. 159, A, B).
Esta especie e conhecida, ate o momento, apenas pelo sexo femini-
no. Sao pequenos dipteros de tonal dade acentuadamente escura. 0
cibario apresenta, em lugar da armadura bucal, apenas diminutos espi-
culos esparsos; o arco quitinoso e completo, se bem que pouco mtido na
OUTROS G6NEROS 06 FHLEBOTOMINAE
537
Fig. 159
Wariieys nigrosaculus A, B
Barreto, P.
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Pafs
8RASIL
Estado do Ceara
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Estado ds Goias
Estado da Minas Gera
Estado da Para
Costaia (1962).
Estado da Paratta 80
Estado do PiauE
Estado do Rio Grande
do Norte
COLOMBIA
Regiao
Estado de Alagoas
Estado da Bahia
Dept.0. Totima
Animais exa
n.
1933
399
7015
12530
2690
895
72
639
121
174
966
209
19696
29856
279423
366295
29
S 235
6351
156
617
1856
4321
36563
350
12570
urn case
i sol ado
minados
(%)
0,2
3,7
0,1
0,1
0,1
1,7
1,1
3..9
9,9
4,0
2,0
17,7
1,1
0,8
1,3
1,9
10,3
8,9
1,0
4,4
3,1
1S.8
2,7
1,7
0.5
1,4
0,6
Autor(es)
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VENEZUELA Estado Ciuarico
Estado Fortugueiia
Estado Sucre
112 10,7
109 18,3
1105 1,8
113 0,8
23 43,5
Amaral e cols.", (1961).
Torrealba e cols.ire, (1961).
Torrealba e cols."", (1963).
Pifano, Romero e
Garciao, (1962).
Pifano e Romero91, (1964).
556
ENTOMOLOQIA M6DICA
A Tabela 8.1 resume os valores ass nalados ate o momento, em varias
regioes das Americas, considerados, na maioria dos casos, de maneira
global.
Nos caes a infeccao nem sempre se exterioriza atraves de sinais cli-
nicos. Geralmente nap existem e a parasitose somente se revela mediante
a pesquisa parasitologica, direta ou indiretamente, corn o auxilio de provas
sorologicas. Alencar e Cunha13 (1963), evando a efeito extenso inqueritp
no Estado do Ceara, Brasil, evidenciara-n que somente 11% dos animais
examinados apresentavam sintomatologa e, do total de infectados, ape-
nas 14% se revelaram clinicamente (Fiij. 164). De maneira que, embora
o exame cllnico deva ser levado em conta, nos inqueritos epidemiologicos
torna-se imprescindivel lancar mao de ojtros meios diagnosticos, entre os
quais ocupa lugar de destaque a demoistracao da presenca do parasito
na pele e na medula 6ssea. Alem disso, lanca-se mao de tecnicas imuno-
logicas, como sejam, a reacao de fixaciio do complemento corn antigeno
extraido de bacilos da tuberculose (Nnssenzweig, Nussenzweig e Alen-
car82, 1957; Pellegrino e Brener84, 1958] e tambem a de formol-gel, pre-
conizada por alguns pesquisadores na Venezuela (Pifano, Romero e Gar-
cia90, 1962). Todavia, o fato da reagao de fixagao do complemento for-
necer reacoes cruzadas corn a doenca de Chagas, torna urn tanto dificil
a diferenciacao dos resultados positives, principaimente em areas onde
ocorre a superposicao das duas parasitoses (Brener e Pellegrino31, 1958).
i| COM SINAI;
CLINIC05
l-\
|
I
SEM SINAI;
CLINICOS Q
Fig. 164
Relasao
entre a
infecsao
leishmanioti ;a e os sintomas no calazar canine, em
inqu6rito levado a efeito no Estado do Ceara, Brasil (segundo Alencar e Cunha^s, 1963).
A
caes examinados.
B
caes infectados
557
LEISHMANIOSE VISCERAL (IV)
Ao lado do c;io domestico, as investigagoes tern revelado a presenga
de animals silveslres portadores da infeccao. Os dados atualmente dis-
poniveis, evidenciaram iilgumas especies de cantdeos, como o Dusicyon
vetulus (=Lycalopex vetijlus) e o Cerdocyon thous, que foram encontrados
naturalmente infectados, respectivamente, nos Estados do Ceara e do
Para,.Brasil (Deane e Dsane", 1954; Lainson, Shaw e Lins", 1969) (Figs.
165 a 167). Nesses anirnais, a leishmaniose visceral parece manifestar-se
de maneira semelhante ;i do cao. Assim e que, embora possam apresen-
taj- a infeccao inaparentfi, em alguns tem-se observado sintoinatologia ana-
loga a verificada nos csinideos domesticos (Deane", 1956) (Fig. 167). A
proporgao dessas,
raposias infectadas, nao e conhecida corn seguranca.
Em investigacoes levadas a efeito em regioes do Estado do Ceara, Brasil,
foram registradoii coeficientes de 12,1 e de 4,4% em especimens de
Dusicyon vetulus examinados (Deane e Deane80, 1955; Deane44, 1956; Alen-
car7, 1961).
Fig. 165
Dusfcyon vetut.js.
Reservat6rio sil-
vestre da ieihsmaniose visceral no Estado do
Ceara, Brasil (segundo Deane e Deane50, 1955).
Fig. 166
Aspecto de vale ou
"boqueirao", na regiao de Ja-
cobina, Estado da Bahia, Biasil-
foco de leishmaniose visceral
americana (original de S. B. Pes-
s6a).
LE1SHMANIOSE VISCIERAL (LV) 563
de flebotomineos, tambem ocorre fenomeno analogo em relacao a outros
dipteros hematofagos, como moscas e tabanfdeos, que atacam insistente-
mente os animais domesticos. Dessa maneira, os habitantes locais pro-
curam protege-loii, deslocando-os dessas regioes e corn isso afastando
barreira biologica que protegeria a populacao humana, procurada mais
intensamente pelc.s flebctomineos, dai rei.ultando maior transmissao nessa
epoca (Deane44, 1956). Alias o papal protetor dessa barreira biologica
foi tambem ressaltado ra Guatemala, atribuindo-se-lhe mesmo a respon-
sabilidade pelo aspecto esporadico corn que se reveste o aparecimento
de cases humancis na legiao (Leon8, 1961).
PROFILAXIA
Ate agora, a;; medidas profilaticas contra a LVA tern sido postas em
pratica somente em areas do Brasil onde a doenca assume carater ende-
mo-epidemico.
Levando-se sm consideragao os varies elementos da estrutura epi-
.
demiologica que foram ventilados nas paginas precedentes, os meios a
serem postos em pratica, seriam os seguintes:
1) descoberta e tratamento dos casos humanos
2)
descober;a e eliminacao dos caes doentes
3) combate ao transmissor
4) protecao do homem sao
5) outros.
A primeira medida visa nao apenas. eliminar a fonte de infeccao po-
tencialmente representcida pela populacao doente como tambem, eviden-
temente, reduzir as coriseqiiencias da morbidade e a mortalidade. 0 tra-
tamento adequado e eficiente e conduz a cura completa.
Quanto a segun-
da, a problematica e bem major, pois, a populacao canina alem de desem-
penhar papel de reservatorio mais poderoso, e de controle bem mais difi-
cil. Em primeiro lugar o diagnostico dos animais infectados esbarra nas
varias dificuldades apcntadas neste ca[)itulo, Nem sempre estao presen-
tes os sinais clinicos e o exame parasitol6gico nao 6 simples. Costuma-
-se fazer o levantamento atraves de inquerito que abranja amostra repre-
sentativa da localidade ou das casas onde ocorreram os casos humanos.
Para facilitar, cis aninais sao submetidos a exame em conjunto, em
ocasiao aprasada, quiindo entao sao anestesiados e assim podem ser
manuseados para a coleta de material, sem maiores inconvenientes.
Alguns autores preconizam a triagem inicial mediante a reacao de formol-
-gel. Os caes C|ue a s presentassem, seriam submetidos a exames poste-
riores (Pifano, Romero e Garcia0, 1962). Todavia, parece que para inque-
ritos em larga escala, a reagao de fixacao do complemento acompanhada
da pesquisa parasitologica, oferece as melhores perspectivas (Alencar4
7
1958, 1961). 6 pratica aconselhAvel a eliminagao dos caes vadios e o con-
trole periodico dos animais de estimacao e utilitarios.
Quanto
ao combate e controle dos vetores, o assunto mereceu con-
sideracao no quinto capitulo deste volume, nas paginas dedlcadas a Lut-
564
ENTOMOLOGIA MEDICA
zomyla longipalpis. Dessa maneira, o leitor podera voltar as informagoes
sobre o assunto.
A protecao da populacao humana sadia constitui medida de dificli
aplicacao. Depends de campanha edu;ativa de esclarecimento e moti-
vasao, para que os habitantes locals possam colaborar no sentido de con-
irolar os reservatorios caninos, procurar o diagnostico e tratamento pre-
coces e promover a melhoria da habitaciio. Sao metodos e questoes tec-
nicas que fogem a alcada desta obra, nas que, de qualquer modo, nao
tern sido aplicadas ate o momento.
Outras medidas sao tendentes a ccmbater e possivelmente eliminar
os reservatorios constitufdos pelos canklios silvestres. Para tanto, tem-se
sugerido o uso de iscas envenenadas. Contudo, o escasso conhecimento
de que se dispoe ate o momento sobre as habitos desses animais, torna
bastante problematica a possivel eficiencia do metodo.
Na realidade, melhores resultados sc poderao ser obtidos corn a ado-
?ao
simultanea de varias dessas mediilas em uma mesma localidade
(Sherlock e Almeida1", 1970).
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106
Torreaiba, J. W,; Amaral, A.D. F.; Henriiluez, C. E.; Kowalenko, W. & Barrios
-
R., P. A.
Otros
cinco casos de kala-Azar. Cuatro del Estado Guarico y uno del Estado Ccjedes.
Uno mortal. Gac. med. Caracas, 72:315-21, 1964.
110
Corte de lesao
cutSnea humana d3 LTA,
mostrando intenso parasitis-
mo histiocitario por !eishma-
nias (1100 X).
respondente ao classico botao do Oriente de decurso lento, carater epi-
demiologico urbano, corn caes domesticos sensiveis a inoculacao e da
qual se desconhsce a existencia de rsservatorios naturais. A segun-
da representaria o Eigente etiologico do "tipo umido", corn le-
soes ulcerosas precocos de decurso rapido, corn aspecto epidemio-
logico rural e reservatorios naturais representados por roedores silvestres
(Rhombomys). A tais diversidades biol6gicas correspondem diferencas
imunologicas, nao havendo imunidades cruzada entre ambas, o que sugere
fortemente tratar-se de ragas diversas da mesma especie ou mesmo de
especies distintas.
Corn referenda ao Continente Amoricano, admite-se que as leish-
manioses tegumentares sejam autoctonos, em virtude da observagao de
lesoes atribuiveis. a esi.as parasitoses, reproduzidas em vasos antropo-
morficos ("huacos") de civilizagoes pre-colombianas do Peru. Ademais, o
aspecto epidemiologico essencialmente selvatico faz supor, pelo menos
para algumas formas, a ocorrencia de focos naturais pre-existentes a fre-
qiiencia humana local. Em vista disso, a protozoose na regiao neotropi-
cal e encarada sob aspectos que Ihes sao peculiares, recebendo o nome
plural de leishmanioses- tegumentares americanas (LTA), face as varias
formas que ate agora foram reconhecidas.
ETIOLOGIA E TIPOS GEOGRAFICOS
Varios representanl;es de Leishmania foram encontrados parasitando
mamiferos e lacertideos. Entre os primeiros, merece citacao a Leishniania
enrlettii Muniz & Medina, 1948, encontrada ate agora somente em cobaia
e que tern sido inuito utilizada em trabalhos experimentais. No que con-
cerne ao homem, a etiologia das leishmanioses tegumentares americanas
(LTA), constitui assunto ainda controvertido. As opinioes variam desde
orientacao unicista, admitindo a existencia de uma so especie parasita do
homem, ate a que atribui esse papel a duas ou mais. No primeiro caso,
as varias formas, cutanea, mucosa e visceral seriam apenas manifestacoes
572
ENTOMOLOGIA M6DICA
diversas de racas biologicas pertencentes a mesma especie, a qual, por
questao de prioridade, seria a Leishmania donovani. Essa teoria, porem,
nao logrou aceitacao ampla e na atualidade a tendencia e admitir, para
as leishmanioses tegumentares, etiologiii distinta. Nas linhas que se se-
guem serao abordados os aspectos da questao referentes ao Continents
Americano em particular.
Nas Americas Central e do Sul, as LTA foram durante muito tempo
atribuidas a acao da Leishmania braziliensis Vianna, 1911. Essa etiologia
unica comecou a ser posta em duvida, prncipalmente no decurso das duas
ultimas decadas. Para isso contribuiram poderosamente a intensificacao
das observacoes clinicas e epidemiologicas, evidenciando diferencas entre
essas parasitoses, algumas de natureza geografica. Como resultado, fo-
ram criadas entidades subespecificas DU mesmo especificas, sobre as
quais nao existe ainda uniformidade de opinioes.
Para alguns autores, as formas de LTA deveriam ser atribuidas a va-
riedades da Leishmania tropica que se "stariam diferenciando em terras
americanas. Dessa maneira, foram consideradas a Leishmania tropica
braziliensis, a L. tropica mexicana e a L. .ropica guyanensis como agentes,
respectivamente, das leishmanioses cutaneo-mucosa, tegumentar mexica-
na e das cutaneas benignas do norte sul-americano e de regioes centro-
americanas (Hoare", 1949; Biagi7, 1953; Floch2*, 1954). Essa atitude fol
compartilhada por Garnham31 (1962) que preferiu, porem, eleva-las a ca-
tegoria especifica. As diferencas de orcem clfnica e epidemiologica que
foram invocadas para a distincao desses agentes, parecem ter obtido
maior consistencia atraves da tecnica dt cultivo corn soros hom6logos e
heterologos, preconizada por Adier1-2 ;1963, 1964). Corn a utilizacao
desse metodo, o citado autor concluiu pala
distinsao
sorologica entre as
formas braziliensis, tropica e mexicana, considerando esta ultima como
especie distinta. Contudo, tern sido dcmonstrada a acao inibitoria do
plasma de coelhos inoculados corn Leishmania tropica, nao apenas sobre
o crescimento desta, como tambem no cle Leishmania donovani e L. en-
riettii em culturas (Rezai, Sher e Qettner7, 1969), o que revela que a nitida
diferenciacao sorologica desses protozofirios ainda esta longe de ser
alcancada.
0 carater autoctone das LTA permite supor que considerados em
conjunto, esses protozoarios agentes estejam suficientemente isolados
dos que se encontram em outros Contmeites. Em vista disso, e razoavel
admitir-se que, como ponto de partida, a populacao especifica americana
deva ser considerada como distinta daquela. Na opiniao de Pessfla"
(1961), as varias formas deveriam ser atribuidas a outras tantas subespe-
cies da Leishmania braziliensis. Esse aulor considera as ja. citadas como
sendo dessa categoria, incluindo tambem as Leishmania braziliensis pe-
ruviana e L. braziliensis pitanoi, para, i espectivamente, a leishmaniose
cutanea dos vales andinos do Peru e a leishmaniose do tipo difuso.
Encarando-se as LTA como zoonoses; de animais silvestres, nao sera
dificil admitir que, em virtude do citado carater aut6ctone, seus agentes
devam constituir conjuntos ou complexo de populacoes. Seriam dota-
LEISHMAN10SES TEC5UMENTARES AMERICANAS (LTA) 573
das de graus diversos de adaptacao a diferentes vertebrados e ambientes,
6 que equivale a dizer que estao em processo de especiacao. Dai resul-
taria a ocorrencici de rscas biol6gicas e especies corn maior ou menor
diferenciacao (Pifano74, 1960; Forattini26, 1960). As investigacoes epide-
miologicas mais recentos tendem a reforcar este ponto de vista. Em
outras palavras, os diferontes parasites ssriam originarios de hospedeiros
vertebrados diversos, dsindo, em conseqiiencia, manifestacoes varias da
molestia no homem (Lainson e Strangways-Dixon51, 1964). Nesse sentido,
as observacoes do Lainsan e Shaw0 (1970) no Brasil, evidenciaram a exis-
tencia de duas formas distintas de Leishmania de origem humana e inde-
pendentes de
distributee
geografica, ou seja, ocorrendo na mesma area
em individuos trabalhando lado a lado. Baseado no seu comportamento
em hamsters e em culturas, esses autores as denominaram de racas "rapi-
aa" e "lenta", de acordo corn o periodo gasto em se desenvolverem em
ym ou outro meio. A primeira apresenta tempo de evolucao curto e as
iesoes experi mentals mostram grande riqueza parasitaria, bem como os
cultivos. A segunda tern decurso lento, as vezes mais de urn ano, as
lesoes sendo mais pobnis em parasitos e os cultivos irregulares, frequen-
temente decresccndo apos os primeiros; repiques. Embora sem adotar
Icriterio definitivo, essas; verificacoes sugerem, pelo tipo de isolamento,
flue
a raca "rapida" eslaria associada a leishmaniose cutanea pura e a
!"lenta" a forma cutaneo-mucosa.
Corn o progiedir das investigacoes, tudo leva a crer que os agentes
idas LTA constituem complexo de formsis especificas, subespecificas ou
raciais. Em seu ambiente primitivo natural estariam em processo de adap-
tabilidade a vertebrado;., tendo ou nao atingido essa adaptacao em grau
variavel, dai resultando maior ou menor especificidade aos varios hospe-
deiros. Desse fator depende a capacidade de serem veiculadas ao ho-
mem e animais domesticos, resultando nas diversas modalidades clinicas.
Quando a populacao humana se apresenta mais densa e antiga na regiao,
locorre, em conseqiienca, alteracao substancial no primitivo ambiente na-
tural. Pode assim dar-se is. possibilidade de maior adaptacao a esses
novos hospedeiros, incluindo os animais domesticos. 6 o que parece ter
acontecido nas 2:onas dos vales andinos; peruanos, onde os caes domes-
ticos passam a desempsnhar o papel de reservatorios. Nesse caso, trata-
i
se de cadeia epidemic logica de aspects essencialmente endemico, deri-
vada primitivamente de outra de carater essencialmente enzootico (Forat-
tini2, 1960).
De qualquer maneira, na atual situacao dos conhecimentos sobre o
assunto, e licito admitir-se a existencia de varias etiologias e tipos, geo-
graficos ou nao, das LTA. Se bem que de maneira nao definitiva, e es-
Corresponde a forma,
classica das LTA, na qual a frequencia de lesoes mucosas metastaticas
574
ENTOMOLOSIA M6DICA
constitui praticamente a regra. Distribui-se predominantemente na Ame-
rica do Sul, ate o norte da Argentina, hcluindo a vertente atlantica dos
Andes peruanos. Tern carater essenciEilmente florestal, nao tendo sido
assinalado, ate agora, animal domestico que desempenhe papel de re-
servatorio epidemiologicamente eficiente A etiologia e atribuida a Leish-
mania braziliensis brazlliensis Vianna, 1911.
B) Leishmaniose tegumentar peruara (LTP)
Nesta
forma verifica-se a presenca de lesoes cntaneas pouco extensas, corn fre-
quente comprometimento linfatico e pequena percentagem de localizacoes
mucosas. Estas sao mais devidas a continuidade do que a mecanismo
de natureza metastatica e, por conseguinte, atingem predominantemente
a mucosa nasal. Ate agora foi assinalada em areas centroamericanas e,
na America do Sul, ate a Regiao Amaz6nic a e Nordeste do Brasil. 0 aspec-
to epidemiologico e eminentemente floriistal e os reservatorios sao en-
contrados em animais silvestres. A etblogia e atribuida a Leishmania
braziliensis guyanensis Floch, 1954.
D) Leishmaniose tegumentar mexicana (LTM)
Caracteriza-se, cli-
nicamente, por lesoes de aspecto ectimatiide localizadas preferentemente
nos pavilhoes auriculares, sendo praticainente inexistente o comprometi-
mento mucoso. Tern sido assinalada na America Central onde apresenta
aspecto florestal. Os reservatorios encontram-se confinados a mamiferos
silvestres. 0 agente etiologico e considorado como pertencente a espe-
cie distinta que recebe o nome de Leishniania mexicana Biagi, 1953.
E) Leishmaniose tegumentar difusa (l.TD)
Evolucao
de !es5es cutaneas; da leishmaniose cutaneo-mucosa (LCM).
Fig. 200
lesoes
corn evolucao verrucosa ou vegetante. Casos observados no Estado de Sao Paulo,
Brasil, no penodo cle 1960 a 1971-
582
ENTOMOLOGIA MEDICA
a infeccao humana desaparece, ou ocore de maneira totalmente espora-
dica que se torna dificilmente detectavfil. Para tais aspectos concorre,
nao apenas a diminuicao da atividade dc homem nas matas, mas tambem
a possibilidade do estado imunitario dos habitantes. Neste ultimo aspecto,
Mamiferos encon-
trados corn infecsao
natural por leish-
manlas em area endemica
de leishma-
niose cutaneo,-mucosa
(LCM) no Esta-
do de Sao Paulo, Brasll. Fig. 206
Dasyprocta
azarae, notando-se a presonca de le-
sao ulcerosa no focinho; Fig. 208
Kamatiateomys airblyonyx.
ENTOMOLOQIA M6DICA
586
Todas tern aspecto precario, construidas de troncos justapostos ou de
palha, a qual tambem, corn grande frequencia, serve de cobertura. Isso
e o que se observa mais comumente nasi areas de matas altas das bacias
dos rios Parana e Paraguai (Figs. 209 a 217). Outras
fei}5es paisagisti-
Fig. 209 Fig. 210 Fig. 211
Fig. 212 Fig. 213 Fig. 214
Figs. 209 a 217
Aspectos do ambiente das iireas de leishmaniose cutaneo-mucosa
(LCM) na parte meridional do Brasil. Fig. 209 a ;i11
Infecsao
de caes peta
leishmaniose tegumentar peruana (LTP)
na Provincia de Huarochirf, Peru (origi-
nais de A. Herrer). Na Fig. 228 observa-
se area de despigmentacao na borda do
oriffcio de entrada das fossas nasais; Na
Fig. 229 nota-se a presenpa de outra area
despigmentada no dorso do focinho.
LEISHMANIOSES TEGUMENTARES AMERICANAS (LTA) 591
I LEISHiUANIOSE TEGUMENTAR CENTRO E
SUL-AMERICANA (LTS)
DISTRIBUICAO GEOGRAFICA (Mapa (9.1)
Esta leishma.niose e encontrada nils florestas da America Central,
|tendo sido assinalada em Honduras, Nicaragua, Costa Rica e Panama
(Garnham e Lewiii82,1959). Na America do Sul, em ambientes equivalentes,
parece predominar nEi regiao norte do Continente, em especial modo
TIP.S Guianas, onde e conhecida pelas denominacoes de "plan bois" e
"bush yaws", e no vae amazonico. Tudo indica que a LTS se estende
por terras sul-americanas, atingindo regioes meridionals. 6 provavel que
lnfec?ao
natural de roedores iiilvestres, por leishmaniose tegumentar
rhexicana (LTM). em Hondura;i Britanica (segundo liainson e Strangways-Dixon57, 1964).
Fig. 254
Heteromys
desmare.stiafius; Figs. 257 e 2ii8
Infeccao natural de
Rattus rattu$ alexandrinus por Leishmania (provavelmente L. braziliensis) em zona
endemica de leishmaniose tegumentar do Estado do Ceara, Brasil. Rev. Inst. Med.
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Capitulo 10
BARTONELGSI
Pag.
Definieao
e generalidades ... .
Distribuicao ..... .
Patologia e sintomatolcgia ... .
Cicio evolufivo .....
Epidemioiogia ...............
Popula^ao s.uscetfvel
Fontes de infecgao .
Transmissac ......
0 ambiente ........
ProfHaxia ...................
Referencias bibliograficas ......
611
612
614
617
618
619
619
621
622
625
626
DiEFIN][(:AO E GENEI ALIDADES
0 termo bartonelosn serve para designar condicao patologica do
homem, como resultado da invasao de sei organismo por bacterias do
genero Bartonella. Essa molestia e tambem conhecida pelos nomes de
"doenca de Carrion", "fobre de Oroyia",
verruga peruana" e "verruga
americana". Cons.idera-iie que a infecgao seja devida a especie Barto-
nella bacilliformis. Todavia, esse aspecto e iologico uniespecifico 6 posto
em duvida por alguns aulores como Urteagi" (1967), o qual atribui a cer-
tas formas clinicas,, outre agente causal, por ele denominado Bartonella
verrugiformis. Essa teoria porem, nao logrou ainda geral aceitagao e,
por esse motivo, a maioria dos autores conlinua a referir-se a bartonelose
humana como enlidade morbida unica, at ibuida a primeira dessas es-
pecies.
0 genero Bartonella. e comumente rel acionado a outros microorga-
riismos, atualmente incluldos em
Haemoba,
tonella, Eperythrozoon e Gra-
harnella. Em conjunto constituiriam o assirr chamado "Grupo Bartonella".
Conquanto existam poucas duvidas sobre a condicao bacteriana da B. ba-
cillilormis, pouco i>e sabt! sobre a real natu eza dos outros. Apesar disso
6 mencionado agrupamento deve-se ao fato de apresentarem em conjunto
algumas caracteristicas que Ihes sao comjns. Sao as seguintes (Wein-
man80, 1965):
; 1) serem, provada cu presumivelmenK, transmitidos por artropodes.
2) causarem, em geral, infeccoes primarias agudas caracterizadas
Fig. 270
Distribuieao
dos casos de bartonelose no vale de Huailtacayan, Peru, de
acordo corn a altitude (segundo Herrer, 1957).
A
600 a 899
II
900 a 1.199
III
1.200 a 1.499
IV
1.500 a 1.799
V
1.800 a 2.099
VI
2.100 a 2.399
VII
2.400 a 2.699
VIII
2.700 a 2.999
IX
3.000 a 3.299
cultura e pastoris. Os principals surtos ocorrem quando populates nao
imunes penetram nessas areas e se expoem a transmissao. Entre as ati-
vidades que, corn freqiiencia, levam a isso, cita-se a da mineracao. Os
individuos nela empregados, constroem acampamentos de carater tem-
pprario, nos quais os abrigos predominantes sao de tipo bastante preca-
rio, tornando-se assim facilmente sujeitos a invasao por parte dos flebo-
tomineos durante a noite (Figs. 272 e 273). 0 mesmo se verifica em certos
vales, como o do supracitado Mantaro, no qual existe consideravel parte
da populacao que vive em locals situados pela sua altitude fora da area
endemica. Parte de tais habitantes, anualmente e pelo espaco de algu-
mas semanas, desce para exercer atividades pastoris e extrativas, a luga-
res onde ocorre a infeccao, constroem tambem abrigos provisorios (Fig.
273) sujeitando-se, pois, a adquirir a doenca (Herrer e Blancas", 1959-
-1960).
BARTONELOSE
625
PROFILAXM
Pelo que se conhece da estrutura e[ idemiologica da bartonelose
humana, exposta i-ios paiagrafos anteriores as medidas profilaticas se-
riam, teoricamente, as seguintes:
1) descoberta, isolaniento e tratamento dos casos humanos
2) combate aos transmissores
3) protecao do homcm sao.
Corn a primeira, pretsnde-se controlar as fontes de infeccao, atraves
da investigacao dos cases, corn oil sem sintomas. Evidentemente, corn
isso, propicia-se tambem o tratamento adaquado visando-se a redugao
da morbidade e letalidacle. Contudo, a descoberta das formas assinto-
maticas reveste-se de dificuldades que a tonnam pouco praticavel. Dessa
roaneira, o que se tern feito limita-se a triagem dos doentes e o seu tra-
tamento, precocemente possivel.
[
Quanto
ao cornbate sios flebotomineos. vetores, foi ventilado o assunto
no quinto capltulo, ao tratarmos de Lutzomyia verrucarum.
Rig. 271
Battistini, T. s.
Carrion, A.
Gamarra Caller, A.
verruga peruana
en la zona fronteiriza de Chanchls-Chin chipe. Rev. Sanid. Polio., Lima, 24:50-3,
1964.
7
Herrer, A.
Present status of human bartone losis. Bo/. Ofic. sanit. panamer., 22:
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-
Montalvan, J. A.
Shannon, R. C.
Townsend, C. H. T.
Progress in the study of verruga transmission by bloodsu-
kers. Bull. enl. Res., 4:125-8, 1913.
43
Townsend, C. H. T.
Urteaga, B. 0.
Weinman, D.
Weinman, D.
Weiss, P.
Weiss, P.
0 desenvolvimento
de flebotomineos em laboratorio reveste-se ainda de dificuldades que
nao foram totalmente superadas. Talvez, mais do que qualquer outra,
a solucao deste problema tenha sofrido intensamente a influencia indi-
vidual dos investigadores. Numerosos foram os processes descritos, pra-
ticamente cada um representando uma preferencia, pois os resultados
obtidos por determinado autor nao sao necessariamente repetidos por
outro. A revisao mais completa e recente sobre o assunto, e relacionada
corn a regiao neotropical, foi feita por Hertig e Johnson" (1961). Nos
trabalhos do DEFSP, procura-se seguir essa orientacao, cujas linhas ge-
rais sao mencionadas a seguir.
Os principais fatores a serem levados em corisideracao dizem res-
peito i alimentacao, temperatura e umidade. Frequentemente, o mais
dificil problema a ser solucionado e o da alimentacao. Tem-se emprega-
do corn sucesso triturado de fezes secas de cobaias, bem como de folhas,
limo e terra. Observa-se tambem que o crescimento de alguns fungos,
como Penecillum, parece ser benefico, pois sao utilizados ativamente pelas
larvas em sua alimentacao, sem consequencias danosas. Para albergar
as larvas e o meio em que irao se desenvolver, usa-se recipientes de bar-
ro poroso revestidos internamente por fina camada de gesso. Eles sao
BARTONELOSE
conservados parcialmente imersos em agua
rriaior diametro. A temperatura e mantida
recipientes feito diariamente. Os adultos c
a|pequenas gaiolas. de pano. A alimentacad
titutda por camundongos albinos ou pombos
635
dentro de placas de Petri de
a 28C, sendo o exame dos
ie emergem sao transferidos
sangufnea oferecida 6 cons-
CHAVES PAl^A AS FORMA! 1 IMATURAS DE
PHLEBOTOMINAE
Como mencionamos varias vezes no decurso deste trabalho, os co-
ri.hecimentos atuaiii sobre as formas imaturas de Phlebotominae sao mar-
cadamente escassos. 0 numero de espec es para as quais se dispoem
de informacoes sobre a morfologia desses estadios, nao excede de mui-
tb meia centena. Acresce que para grands numero delas, os dados re-
gistrados sao bastante deficientes, revestin lo-se a construcao de chaves
adequadas para a identiticacao, de dificulcades ainda nao solucionadas.
Durante a elaboracao do presente volume, nao nos. foi possivel
dispor de material suficiente para o estudo
je ovos, larvas e pupas. Esse
fato, aliado ao que foi exposto, tornou problematica a feitura de chaves
que pudessem servir eficientemente para a determinacao especifica. Em
vista disso, limitarno-nos praticamente
a reproduzir as efetuadas por al-
guns autores, para, faunas locals. Tais sao as de Barretto (1941), Carriei-
ro e Sherlock2 (1964) e Hanson (1968). Ke duas primeiras para a fauna
do Brasil, e a ulti-na paia os flebotomineos do Panama. Algumas modi-
f.icacoes
foram introduzidas por nos, parA poder albergar especies de
maior
interesse.
CHAVE PARA AS LARVAS DE QUARTO ESTADIO (BRASIL):
1
Um par de cerdas
cajdais .............. .................... Brumptomyia
Dois pares de cerda;; caudais ........................................ 2.
2
Cerda vertical dorsal (6) semelhante a fronta posterior (5) ........ Lutzomyia lanei
Cerda vertical dorsal (6), sensivelmente mais curta e rami-
ficada do que a frontal posterior (5) ......................... Psychodopygus
arthuri
7
Primeiro segmento antenal mais longo do que o segundo ... Lutzomyia sbannoni
Primeiro segmento antenal mais curto do que o segundo .. ............... 22.
22
Cerda protoracica dorsal anterior externa (2). corn cerca da
metade do comprimento da interna (1), nao estando inserida
na mesma linha corn esta e a laterodorsal (3) .......... . Viannamyia furcata
Cerda protoracica dorsal anterior externa (2) muito curta,
corn aspecto tubercul6ide, e situada na mesma linha da in-
terna (1) e laterodorsal (3) ................................. Psychodopygus
inflatus
CHAVE PARA AS PUPAS (BRASIL):
1
Barretto, M. P.
Carneiro, M. 8. Sherlock, I. A.
Disney, R. H. L.
Forattini, 0. P.
Hanson, W. J.
The breeding places of Ph ebotomus in Panama (Diptera, Psycho-
| didae). Ann. ent. Soc. Am., 54:317-22, 19E1.
!
9
Hanson. W. J.
Ths immature stages of 1
i (Diptera: Psyshodidao). Kansas, University
; 10
Shelokov, A. I.;
Peral:a. P. H. & Galindo, P.
-
Prevalence of human infection with
| vesicular stomatitis vi-us. J. din. Invest., 40h081-2, 1961.
! 13
Thatcher, V. E.
eres" 66
B (fl 79, 80
B 52
guis" 66 ;
642 ENTOMOLOGIA M6DICA
Bomba
do cibario 88
ejacuiadora 15, 86, 214
esofagiana 74
genital 15
salivar 74, 90
"Boquelroes" 219,561, 562
Borboridae 47
Botao
de Aleppo 570
de Biskra 570
do Oriente 570, 603
Bradypus infuscatus 594
Bruchomyia 29, 33, 62
argentina 18
Bruchomyilnae 11, 30, 32, 33, 35, 36, 38, S5
62, 96
Brumptomyla 33, 114, 115, 138, 143, 161,
496, 521-SS3, 534, 635, 636, 638
amarall 522, 523, 525, 534
avellari 122, 522, 523, 525, 534, 535
baaupartuyi 522, 523-525, 535
hragal 522, 525, 526, 535
hrumpti 92, 522, 523, 525-526, 535
cardoaoi 522, 526, 535
cunhai 522, 526, 535, 536
deyenanzll 523, 526-528, 535
figueiredoi 523, 525, 535
galindoi 122, 128, 139, 522, 523, 526,
528-530, 535
guimaraasi 122, 523, 528, 530-531, 536
hamata 139, 142, 143, 522, 523, 528,
53, 535
mangaberai 523, 53?, 535
mesa/ 528
n/lzuleswi 523, 528, 531-532, 534, 536
Wlandol 523, 532, 535
pinlol 523, 532, 535
spinosipes 522, 523, 532, 534
travassosi 122, 523, 532, 534, 535
tmglodytas 523, 532, 534, 535
virgensi 523, 532, 534, 536
Brunettia 34, 58
Bu/o
Doreas 186
tiufo 185
"Bush yaws" 591
Cabeca da espermateca 83
Calazar 542
americano 547
classico 542, 543
indiano 542, 543
infantil 542, 543-545
mediterraneo 542, 543-545
neotropical 547
sudanSs 542, 545-547
Camara
da espermateca 83
genital 83
canal
ovariano 92
salivar 72
Canaliculos quitinosos (espermateca) 83
"Cangalninhas" 66
Can/s
aureus 544
vuipus 544
"Carancheis" 66
Cardia 90
Caroilia perspiciitata 185
Cataepisterno 7
Catepimero 7
"Cauda" 191
Cavidade bucal 6
C/B 70
Cabus 617
"Celulas de Strong" 617
Cerca (s) 14, 15
feminina 14
masculina 14
Cerc6podo 15
Cercopthecus 617
Carcyon ustulatus 47
Cerda (s)
"A" 102
"a" 101, 102
anepisternais
inferiores 77
superiores 77
"B" 102
"b" 101, 102, 105
ilNDICE
ALFAB^TICO
"C" 102
: "c" 101
: caudais
94
.! caudal 102
; externa
102
:
internia 102
; cefaiica ventral
: exterra 22
!
intern a 22
; clipeal 29, 109
i anterior 22, 9B
:
externa 22,
9;i
interna 22, 9fi
!
posterior
22, 98
\
"D" 102
:
"d" 101
!
da esperrnateca
E3
; do labro 22
I dorsals
: anteriores
29
:
postoriores
29
I dorsal
| acessoria
23, 101
| anterior 111
| acessorias
23
;
externa
23, 101
| interna
23, 101
!
externa
101, 1.02
I interna
101, 102
I poslerior
| exte-na
23, 101, 111
|
interna
23, 101, 111
| "E" 102
;
em escova 96
;
epicranial
I
dorsal
\
anterior
22
; posterior
22
I lateral 22
| epicraniana
dorsal anterior
22,
;
frontais
29
\ frontal
| anierior
22, 98
i infisrior lOSt
I posterior
22
\ superior 1119
643
genal
dorsal 22, 98
lateral 22, 98
ventral 22, 98
intersegmentar
101
"IS" 101
lateral
anterior 29, 111
inferior
protoracica
anterior
101
posterior 101
posterior 29, 111
superior
protoracica
anterior
101
posterior 101
latero-ana!
102
laterodorsal 29, 101, 102.
111
anterior 23, 101
posterior 23, 101
-
lateroventral
102
anterior 23, 101
posterior 101
lobular
externa 101
interna 102
mesotoracica,
inferior 109
media 109
superior 109
mesotoracicas
29
metaesternal
29
,
metanotais
externas
29
internas
29
metatergais 29
mesotoracicas
29
protoracicas
29
paramediana
protoracica
anterior
101
posterior
101
pleurais
mesotoracicas
29
protoracicas
29
pleural
29
p6s-anal
externa
102
interna
102
ENTOMOLOGIA MEDICA
p6s-espiraculares 77
pos-ocular
inferior 29
externa 109
interna 109
media 29, 109
superior 29, 109
pre-alares
29, 109
pre-anal
externa 102
interna 102
preclipeals 22, 98
externa 109
Interna 109
primeira
metanotal
externa 109
interna 109
proesternals
29
pronotais
29
protergais 29
protoracicas
29
protoracica
inferior 109
media 109
superior 109
protoracicas
anteriores 29
posteriores 29
retromandibular 22
retromaxilar
externa 22
Interna 22
segmentares 96
segunda
metanotal
externa 109
interna 109
sifonais 26
subgenais 98
subgenal
inferior 22
media 22
superior 22
supra-alares 29
terceira
metanotal
interna 109
trans-sutural 22
ventral (is)
acess6ria 101
anterior 111
externa 23, 101
interna 23, 101
media 23, 101
externa 101, 102
interna 101, 102
media 101, 102
posterior 29
externa 23, 101, 111
interna 23, 101, 111
media 23, 101
anteriores 29
vertical 29
dorsal 22, 98
inferior 22
lateral 22, 98
superior 22
Cerdocyon thous 557
"Chicle" 601
"Chicleros" 158
Chironomidae 47
Chiroptera 436
Chofoepus hoffmanni 186, 594
Clbario 6
Cicio gonotrofico 166
Citelltis 336
beecheyl 142, 150
tridecemlineatus 617
Claspete 15
Cllpeo 24
Ciogmia albinpuctala 45
Coelomomyces cllerri 188
Coendou 595
sp. 431
mfltShlldi 594
Coleoplera 47
Coliembola 47
Colo da espermateca 83
"Complexo allernata" 43
Comportamento
epigamico 164
Concordancia gonotr6fica 166
Constrictor 349
Copula 119, 164
Coromy/a 206, 207, 210, 273, 280, 289
Corpo da espermateca 83
Corpusculo
amarelo 175
INDICE ALFAB^TICO
Coxito 14
Crepuscular 157
Crescimento da larva 129
Criadouros 136
Criptozoarios 149
Crista
longitudinal
lateral 27
mediana 106
Crithidia 191
Cunlculus paca 584
Dampfomyia 206, 207, 210, 326-327
Dasyprocta
azarae 584, 585
sp. 431
DOT 52, 54, 228, 233
Delta (8) 79, 80
Denies
horizontals 74
laterals 74
verticals 74
Depressoes do tentorio 3
Dermacentor andersoni 622
Desarmonia gonotr6fica 166
Determinacao da idade 174
Diapausa
do ovo 124
larval 119,
130;
131
Dictyocampsa 34, .57
Didelphis marsupialis 436
Dilatacao pedicular 175
Diplomys 594
labilis 594
Diptera 47
Dispersao 119, 180
ativa 180
passiva 180
Distimero 14
Dististilo 14
Distribuicao 119, 181
ecologica 119, 182
estacional 183
geografica 119, 183
vertical 182
Diverticulo esofagiano 90
Dobra digitiforme 14
"Doenca de Carrion" 611
Domesticidade 154, 155
Duracao do periodo larval 31
Dusicyon
sp, 589
vetulus 557
Duto 14
comum
da espermateca 83
da espermaleca 83
deferentes 92
ejaculador 15
genital 15
salivar
comum 90
lateral 90
seminal 92
Eclosao 119, 124
Edeago 14
Enchytraeus albidus 49
Endofilia 156
Endotrypanum schaudinni 186
Entomophthora
papatasH 188
phlebotomus 188
Eperythrozoon 611
coccoides 612
Ephydridae 47
Epic rani o 69
Epifaringe 71
Epimero mesotoracico 7
Episterno mesotoracico 7
Esclerito
cervical 74
e pic rani ais 24
laterals
do epicranio 24
Esclerotinizacoes laterais 72
Especies
domesticas 154
estenoteirmicas
152
estenotopas 152
euritermicas 152
euritopas 152
646 ENTOMOLOGIA MEDICA
semi-domesticas 154
silvestres 154
Espermateca (s) 14, 214
Espiculos 86
Espinho (s)
antero-externo 22, 98
antero-interno 22, 98
cefalico
anterior 22
posterior 22
posterolateral 22
de Newstead 71
do dististilo 86
femurais 78
geniculados 6, 70
modificados 71
Espinho (s)
postero-externo 22,98
postero-interno 22, 98
sensoriais 6, 71
Espiraculo (s)
anterior 7, 25
posterior 9,26
posteriores
abdominais 27
metaloracicos 27
Esporao de eclosao 24
"Espundia" 575
Esquamula 9
Estacao
anterior 190, 196
posterior 187, 190, 196
"Estagios finais" 197
Estenogamia 164
Estenohidricidade 152
Esternito, segundo abdominal 81
Esterno pie ura 7
Estilo 14
Estipe 6
Estojo do edeago 14
Eslomago
anterior .90
posterior 90
propriamente dito 90
Eta (w) 79, 80
Eutonnoiria 33, 62
Extensoes medianas 3
Falobase 86
Fase (s)
de-Christophers ,e Mer 171, 172, 173,
175
de desenvolvimento folicular 171, 172
de digestao sanguinea 171, 172
"hematica de Weiss 614
"histioide de Weiss" 615
Fauna
liminar 30
"pastejanie" 38, 46-47
Febre
"de Oroya" 611, 614
"dos Tres Dias" 629
"Dum-Dum" 542
"Negra" 542
"Papatasi" 629
Felis
libyca 544
serval phillipsi 545
Femeas
biparas 166
multiparas 166
nuliparas 166, 177
oniparas 166, 177
uniparas 166
Filamento (s)
ejaculador 88
genital 15
penianos 86
sensoriais 6
Flebotometria 79
Flebotomus
can-era* 413
deanei 354
ferreirai 288
geniculatus 409
marafoensis 292
minasensis 310
pentacanthus 531
roof/ 407
sa//es/ 284
sp. de Bejarano e Duret 354
unisetosus 406
iNDICE ALFABET1CO 647
Folsomia sp. 47
Foramen occipital 24
Forceps genital 14
Formacao glandular (espermateca) 83
Form as
curtas 191, 196
estacionais 154
longas 191, 192, 193, 196, 243
Formula
antenal 70
palpal 71
Forquilha 14
genital feminina 83
inferior 15
Franja
dorsal 27
ventral 27
Frequencia domiciliar 119, 155
Fronte 24
Frontoclipeo 24
Galea 6
Gama (-y) 79, 80
Gamasidae 146
Gena 24
Genetta genetta senegalensis 545
Genitalia 12
"Genital digit" 14
Ginandromorfismo 163
GISndula (s)
acess6rias 92
coleteriais 92
de muco 92
esofagianas 90
odorifera 82
relais 90
Glaucoma piriformi3 49
Glossophaga soricina 185
Gonap6fise
inferior 15
media 15
superior 14
Gonoporo 14
Gonostilo 14
Grahamella 611
Grammonota 49
"Grazing fauna" 47
"Grupo bartonelfa" 611
Grupo minutus 153
Gubernaculo 14
Habitat
aquatico 30
primitivo 30
secundariamente adquirido 30
semi-aquatico 30
terrestre 30
Haemobartonella 611
cams 612
muris 612
Harmonia gonotrofica 166
Helminthosporium 128
Hemidactylus frenatus 184
Hepatozoon 187
Herpetomonas 191
Herligia 6. 11, 32, 33, 38, 55, 62
hertigi 38, 55-56
Heteromys desmarestianus 436, 602,
Hilo 92
Hipopleura 7
Hoplomys gymnurus 594
Horas de sugar 157
Horaiella 6
Horaiellinae 10, 30, 32, 35, 36
"Huanarpos" 620
Hydrophilidae 47
Hypogastruridae 47
Hystrix 544
lluminacao 131
Incubacao dos ovos 119, 121
indice
alar 79
espiracular 153, 154
de Scorza, Ortiz e McLure 154
de Vinogradskaya 153
648 ENTOMOLOGIA M6DICA
Internodio 3
fntestino propriamente dito !
Isostomidae 47
Jatropha 620
Kala-azar 542
Kannabateomys amblyonyx 584, 585
Labro 71
Lacertllla 620
Lambda (\1 79
Lamelas submedianas 15
Lamina
central 15
lateral 15
Laterotergitos 77
LCM 570, 573, 575-587, 591, 592, 596, 597,
601, 603, 605
Leishmama 119, 186, 189, 190, 194, 197, 246,
570, 571, 573
braziliensis 572, 595
brazlllensis 574
guyanensis 574, 575
perwiana 572, 574, 575
pifanoi 572
s. Lat. 595
donovani 226, 227, 542, 545, 546, 547,
; 552, 557, 560, 572
chagasi 545, 546, 547
donovani 543, 547, 559
infantum 545, 547
nilotica 546, 547
trans-caucasica 545, 547
enriettil 571, 572, 574, 575
fiertigi 595
mexicana ,572, 574, 575, 595
pifanoi 574, 575
tmpica 570, 572
brasllensis 572
guyanensis 572
major 570
mexicana 572
minor 570
(ropfca 570, 572
Leishmanionas 546
Leishmaniose (s)
cutaneo-mucosa 570, 573, 575-587
dermica pos-calazar 543, 544
tegumentar (es) 211, 570
americana 570, 575
centro e
sul-americana 570, 574, 575,
597-599
de cobaia 570, 574, 604-606
difusa 570, 574, 575, 603, 604
mexicana 570, 574, 575, 593-603
peruana 570, 574, 575, 587-590
visceral 211, 221, 226, 542, 543
americana 542, 547-564
Leptomonas
119, 89, 190
Leptocera
fontinalis 47
Liomys irroratus 558
Lobo (s)
anal 26
apicais 14
da placa subgenltal 14
caudal 26
lateral 15
Lobulos caudais 105
Longevidade 774
LTA 570-575
LTC 570, 574, 575, 604-606
LTD 570, 574, 575, 603-604
LTM 570, 574, 575, 591, 599-603
LTP 570, 574, 575, 587-590, 605
LTS 570, 574, 575, 577, 583, 584, 585, 591-
599, 601, 603, 605
Luedermuelleria 189
Lumbricillus ISneatus 49
Lutzomyia 33, 113, 114, 115, 206-212, 246,
326, 348, 349, 352, 358
acanthopharynx 293, 300, 862, 375
alencari 212, 244, 247, 248, 368
alphabetica 112, 122, 293, 300-302, 363,
376, 636, 639
anthophora 122, 132, 327-329, 364, 377
INDICE ALFAB6TIGO 649
appandiculata 293, 300, 302, 376
aqullonia 212, 244, 247-248, 359, 373
aroucki 249
atmclavata 211, 274, 280, 28, 365, 371,
560
tacu/a 348, 349, 351, 371
bahiensis 88, 139, 344, 367. 371, 638
baityl 274, 28?, 370
battlstlnil 209, 212, 244, 248, 358, 371
be/tram 274, 281, 283, 289, 359, 374
Lutzomyia
bicornuta 212, 244, 248, 361, 371
bllollata 212, 248-249, 256, 367
bowmull 208, 212, 249-250, 360, 367
brachyplialla 212, 249-25?, 256, 367
braviducta 293, 300, 302, 372, 376
bursilomis 212, 250-25,.363
callfornica 122, 125, 132, 142, 160, 171,
335, 336, 362, 372
callgala 348, 349, 351, 368
callipyga 208, 344 ,346, 367
campbelll 209, 293, 300, 303, 305, 374
carvalhoi 348, 349, 351, 371
castroi 348, 349, 351, 368
cavernlcola 212, 250, 261, 361, 365, 372
cayennensis 122, 126, 152, 153, 189,
208, 335, 336-339, 341, 362
375, 636
Israel 336, 338, 339
cavennensis 338
hispaniolae 336, 338, 339
iamaicensis 338, 339
maclasi 336, 338, 339
puertoricensis 336, 338, 339
vieguensis 336, 338, 339
ceterinol 348, 35), 373
cerquelral 348, 349, 35), 374
chasslgnetl 335, 339, 340, 343, 359, 376
chiapanansis 208, 335, 336, 339-341,
362, 372
christopfiel 212, 250, 252, 263, 359, 373
cipoensis 212, 252, 256, 371
colombiana 206, 211, 212, 236-238, 354
364, 369, 370, 621
corraallmal 274, 283, 289, 365, 370
corttlazzli 139, 147, 187, 211, 274, 280,
281, 284, 365, 367, 385
costalimal 344, 347, 367
cratlter 293, 303, 305, 323, 360, 374
cruclata 122, 158, 160, 163, 170, 181,
182, 185, 188, 189, 190, 193,
206, 211, 212, 243-246, 252,
361, 371, 602
cruzi, 212, 252, 253, 368
ctanldophora 335, 340, 34?, 362
cubensis 335, 340, 34, 362, 375
daslpodogeton 293, 300, 303, 305, 366
dasymera 293, 305, 360, 374
de/eoni 170, 182, 327, 328, 329, 362,
370
dandmphila 293, 305, 366, 374
diabolica 124, 132, 155, 212, 246, 252-
254, 364, 371
Lutzomyia
tllacantha 212, 253, 254, 368
digltata 293, 305, 306, 375
dispar 212, 253, 254, 370
dodge) 327, 328, 329, 364, 377
club/a 261
duppyorum 335, 341, 342, 362, 375
dwani 335, 342, 362, 372, 376 .
edwardsi 84, 209, 274, 284, 365, 370
evandmi 274, 280, 284, 286, 287, 365,
368
evansi 122, 170, 211, 212, 246, 247,
253, 254-255, 359, .369, 560,
585
taircMId 413
lerrelrana 293, 305, 306, 373, 376
llrmalol 213, 255, 256, 271. 369
llahsllata 348, 351, 352, 371
lonsecal 348, 352, 361
gaminaral 213, 253, 255, 368
gasparvlannal 213, 252, 253, 255, 257,
363, 371
gasti 348, 354, 370
go/ana 321
gomezi 122, 126, 127, 128, 129, 134,
135, 160, 161, 163, 165, 168,
182, 188, 189, 194, 206, 211,
213, 239-243, 363, 371, 597,
637
gorbltzl 139, 274, 284, 286, 365, 370
Imperatrtx 348, 352, 354, 358
ENTOMOLOGIA M6DICA
650
Infrasplnosa 209, 213, 257, 259, 351,
360, 367
insoffta 122, 139, 327, 330, 364, 376,
636
ischnacantha 213, 257, 259, 370
Ischyracantha 213, 259, 363
isovespertllionis 122, 209, 274, 284,
287, 360, 374, 636
lane! 122, 293, 306, 309, 318, 363, 375,
635, 639
lent! 122, 274, 280, 284, 287, 365, 368,
638
lichyi 122, 152, 188, 213, 246, 247.
248, 259-260, 362, 367, 637
longlpennis 293, 307, 309, 325, 362,
373, 376
longillocosa 213, 256, 260, 364, 369
longlpalpis 82, 84, 92, 112, 122, 130,
133, 135, 139, 143, 144, 146.
1.47, 156, 159, 160, 164, 171,
187, 188, 193, 194, 206, 211,
213-228, 252, 363, 368, 544,
558, 559, 560, 561, 562, 563,
5S5, 630, 636, 639
longisplna 122, 208, 293, 299, 300, 309,
363, 366
lulzlana 293, 370, 365, 375
mangabeirana 335, 342, 343, 360, 373
Lutzomyia
rnlcmpyga 139, 193, 211, 293, 299, 3)0,
361, 375, 638
rnlgonei 122, 206, 211, 274-280, 365,
368, 585, 636, 638
mislonansis 348, 352, 354, 364
noguchil 122, 185, 213, 246, 261, 262,
263, 361, 373, 621
odax 213, 267, 262, 263, 265, 360, 373
oliveirai 293, 312-313, 361, 375
oppidana 209, 213, 263, 361, 372
oresbia 213, 262, 263, 265, 364, 373
orestes 213, 263, 265, 364, 373
osornof 213, 263, 265, 360, 361, 373
oswaldol 122, 129, 140, 143, 144, 146,
147, 208, 293, 299, 310, 3)2,
314, 317,361, 373. 376, 638
ottolinal 213, 265, 364, 373
ovallesi 122, 140, 143, 170, 190, 211,
213, 246, 247, 265-266, 364,
369, 636
pacae 274, 288, 291, 366, 369
palloni 293, 310, 314, 375
peresf 293, 310, 314, 376
permira 182, 193, 327, 330, 332, 364.
377
peruenais 122, 206, 211, 213, 234-237,
261, 351, 354, 362, 373
pescef 206, 208, 209, 211, 213, 236,
237-238, 354, 362, 373, 621
pastanai 122, 293, 314, 366, 375, 635
petmpolltana 344, 347, 367
pia 189, 260, 270, 293, 299, 314, 3)6,
366, 372
pi/osa 209, 335, 342, 343, 373
pratti 293, 314, 3)7, 373, 376
punctlgeniculata
293. 299, 314, 3)7,
366, 375
quinqueler 82, 213, 247, 265, 266, 363,
373
rangeliana 293, 299, 300, 3)7, 318, 359.
376
renei 123, 193, 194, 213, 265, 266-268,
360, 372
rondoniensis 293, 3)8, 366
ruplcola 274, 283, 288-289, 370
s. str. 210
saltesi 284
samueli 209, 327, 330, 332, 376
saulsnsis 327, 333, 334, 364, 369
scalli 293, 318, 375
scorzal 213, 246, 268, 269, 360, 372
sericea 348,
349. 352, 354, 368
serrana 123, 140, 143, 213, 261, 263,
269, 360, 373, 637
servulolimal 348, 349, 352, 355, 371
shannon! 84, 89, 92, 123, 142, 170, 184,
185, 188, 189, 206, 208, 211,
S94-299, 320, 325, 366, 375,
585, 635, 638, 639
soccula 294, 318, S20, 375
souzacaslmi 294, 318, 320, 365, 374
souzalopasi 213, 270, 271, 363, 368
spathotnchia 348, 352, 355, 371
spinicrassa 213, 256, 270, 364, 369
steatopyga 183, 184, 185, 186, 274, 280
289, 291, 359, 374
iNDICE ALFABETICO
Stewarti 123, 125, 142, 160, 171, 213,
247, 269, 270-271, 361, 372
termitophila 348, 349, 356, 369
tolsendi 123, 152, 153, 169, 170, 171,
173, 178, 180, 213, 264, 260,
269, 271-272, 364, 369
Irichopyga 294, 318, 320, 363, 366
trinidadensis 90, 123, 128, 140, 142,
158, 170, 182, 185, 188, 294,
299, 300, 306, 313, 314. 32?,
323, 326, 366, 373, 376, 637
Imamula 123, 134, 143, 294, 321, 323,
363, 366, 637
tupynambai 344, 347, 367, 638
undulata 294, 303, 323, 324, 360, 375
vargasi 348, 356, 357, 372
verrucarum 123, 155, 206, 211, 213,
228-234, 237, 238, 270, 354,
364, 370, 589, 618, 621, 625
veslcilera 208, 327, 333-335, 362, 373
vasperlilionis 123, 140, 149, 185, 188,
189, 208, 274, 280, 287, 291,
360, 374, 636
vexatrix 189, 213, 247, 269, 272, 361,
372
occldentis 121, 123, 125, 130, 132,
148, 160, 171, 179, 186.
269, 272
vignnamartinsi 459
vindlcatrix 142, 213, 273, 274, 365, 371
viriosa 208, 209, 274, 291, 363, 374
volcanensis 294, 324, 325, 360, 375
wagleyi 294, 318, 325, 366
walker! 274, 291, 292, 365, 370
Williams! 348, 356, 357, 369
wilsoni 348, 356, 357, 369
zikani 294, 324, 325, 376
LV 542
LVA 542, 547, 550, 551, 553, 554, 558, 559,
560, 562
Lycalopex vetutus 557
Macaca mulatta 617
Macacus rhesus 617
Malatlon 54
Marmosa
luscata 597
mills 597
murina 595
robinsoni 594, 595, 597
Maruina 11, 21, 27, 30, 34, 36
Maruinlnae 10, 11, 30, 32, 34, 36
Madias horarias 183
Megatrypanum 185
Meies metes 544
Membrana peritrofica 162
Mento 25
Mesanepimero 7
Mesanepisterno 7
Ivlesepimero 7
Mesepisterno 7
Mesesternopleura 7
Mesocatepimero 7
Mesocatepisterno 7
Mesopleura 7
Mesosoma 14
Mesotergo 21
Metatergo 21
Metepimero 9
Metepisterno 9
Metesternbpleura 7
Metriocnemus 49
hirticollls 47
hygropefricus 47
Micropygomyia 206, 207, 210, 335-336
Midobiontes (LV) 31
Moldura
occipital 24
subgenal 24
Monocyst/s 188
chagasi 187
mackiei 187
Mormia 34, 57. 58
"Moscas dos flltros" 38, 41, 46-55, 62
"Mosquitos palha" 66, 67
"Mothflies" 2
Movimenta^ao
da larva 126
Mus muscutus 558
Muscidae 47
Mycetophilidae 146
ENTOMOLOGIA M^DICA 662
N/A-A 70
Neacomys spinosus 595
Nectomys squamipes 595
Nemoneura 34, 57
Nemopalpus 10, 33, 62
Neotelmatoscopus 30
Neotoma mexicana 558
Nesokia inctica 544
Nodo 3
Noturno 157
Nyctomys sumichrasti 436, 602, 603
Ocelos 23
Operculo (s)
lateroventrais 26
medioventral 26
6rgao (s)
intromissor 14
olfativos 15, 16, ,17
perfurador 24
sensorial (is) 165
das pseudopernas 26
interno 14
superficiais 24
Orthocladius 49
minimus 47
perennis 47
Oryzomys 594, 595
capito 594, 595, 596, 597
concolor 584
eliurus 596
goelcfii 595
laticeps 597
macconnelli 595
melanotis 436
nigripes 596
sp. 431, 595
Otofy/omys phyllotis 435, 436, 602, 603
Oviposicao 119, 720, 166
Ovogenese 119, 766
Ovulaeao
119, 766
Pafpifer 71
"Papo" 90
Paramero (s) 14, 15
Parasetomima 34, 58
Parasites 49
Patagios 15
Parasitus 49
Pediculus humanus 622
Pediseta (s) 26
mesotoracica 23
metatoracica 23
protoracica 23
"Pelos" da espermateca 83
Penicillum 634
Penis 14
Pente 25
do nono segmento 105
Pericoma 3, 15, 18, 34, 57, 58
meridionalis 45
niveopunctata 15
Perlodo
de atividade 157
de hematofagia 157
"P6s-de-serra" 219, 561
Philander sp. 431
Phlebotominae 2, 3, 6, 7, 9, 12, 15, 18, 21,
22, 24, 26, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 66,
96, 111, 113, 114, 119, 175, 183, 496,
558
"Phlebotomus fever" 629
Phlebotomus 33, 111, 113, 114, 115
abonnenci 294
acanthobasis 512
acutus 454
adieri Llanos, 1964 468
affinis 478
almazani 213
apicalis 428, 434
aragaoj Floch & Abonnenc, 1943 469
araoz! 274
arborealis 507
ar/as/ 164, 544
argentipes 130, 136, 174, 187, 543
arpaklensis 544
baduelensis 321
INDICE ALFAB^TICO
balourouensis 454
basispinosus 481
bigenicufatus 294
caucas/cus 544
caucbensis 481
chinensis 544
christophersoni 317
colasbefcouri 412
coiumbianus 238
dubitans 292
. elongatus 425
falciformis 518
/ar/7// 336
foliatus 259
freetownensis sundaicus 189
guadeloupensis 281
guayasi 269
hansoni 286
hardisoni 336, 338
heckenrothi 456
humboldti 323
intermedius 437
acutus 425, 454
longiductus 425
japignyi 240
kandelakii 544
leopoldoi 530
//ma/ 294
tongicornutus 475
longicuspis 544
longiductus 425
/ufz; 417
machicouensis 454
ma/or 153, 544
maracayensis 358
maripaensis 398
mari/m 546
mazza! 417
microcephalus 294
minutus 184, 190
mongolensis 196
monticolus incarum 238
montoyai 261
ne/Va/ 417
neves/ 314
nunez-tovari 265
ocfav/of 478
o//verio/ 460
olmecus 428
orientalis 546
ofamae 213
papatasi 130, 131, 132, 134, 136, 153,
163, 169, 187, 189, 544, 529
parroti 184
perfiliewi 544
perniciosus 130, 188, 544
tobbf 153
pessoanus 182
pinealis 333
p/not 249
.
p/noH; 287
quadrispinosus 310
range// 274
richardi 266
rorotaensis 312
rosaba// 208, 329
rubidulus 330
runoides 123, 149, 469
serge/if/ 544
singutaris 358
sorrfe/// 358
sp. de Cayenne 310
sp. de Crique Anguille 463
sp. de Souvenir 444
sp. n. 768 320
sp. n. 780 407
sp. X 510
squamirostris 185
su/s 240
sylvestris 474
sylvicolus 474
fe/erae 281
townsendi Llanos, 1964 454
trinidadensis Callan, 1947 240
trispinosus 514
venezue/ens/s 312
. vexillarius 259
w7/e/a/ 321
w/rf/ii 336
yencanensis 336
ytephiletor 480
yucafanens/s 321
zuliaensis 281
Phyllotis 185, 620
654 ENTOMOLOGIA M^DICA
Phyllostomus hastatus 597
Phytomonas 191
Phytoseiidae 189
Pi Gr) 79,80
"Pian bois" 591
Pintomyia 33, 114, 115, 496, 497, 506
damascenoi 163, 497, 503-505, 506
fischeri 84, 123, 140, 157, 168, 496
497, 498, 499, 500-503, 506,
585, 635, 638
pessoa/ 84, 123, 140, 496, 497, 498-
500, 506, 585, 635, 638
spinosa 123, 126, 497, 504, 505, 506,
636
"Pircas" 230, 233
Placa (s)
adanais 26
labial 25
pre-anal 26
subgenital 12
tergal 21
umeral 9
Planidium 189
Platyplastinx 34, 57
Ploiaria domestics 189
Polyplax 612
Pompeta 86
Ponte hipostomial 24
Pontes oculares 3
Posipao em S. 126
Posieao
em U 126
Posnolo 77
Pospedicelo 3
Potos flavus 158, 694
Prega proventricular 90
Pressatia 33, 114, 115, 496, 509, 511-512,
520
ca/carafa
511,572, 521
camposi 123, 140, 188, 509, 511, 572-
514, 517, 520, 521
Chotl 92, 123, 511, 512, 514-515, 520,
521, 638
delpozoi 511, 575, 517, 520, 521
dysponeta 140, 5-11,
515-517. 520, 521
equatorialis 511, 577, 521
inusitata 511, 577, 520, 521
monstruosa 512, 578, 519, 520, 521
teratodes 512, 578, 521
triacantha 123, 512, 519, 520, 521, 638
Primeiro segmento antenal 102
Processos sensoriais do labio 103
Procliger 86
Proechimys 595
guyannensis 595 596, 597, 630
semispinosus 594
sp. 431
"Promastigotos" 189
Prosteca 25
Protergo 21
Protuber^ncia (s)
caudais 105
dorsal posterior 74
Proventrfculo 90
Pseudopernas 26
Psychoda 3, 7, 9, 11, 15, 18, 21, 27, 29,
31, 32, 34, 38, 39-47, 46, 50, 58
aitkeni 40, 59
albimaculata 41
albipunctata 45
alternata 38, 40, 47-43, 47, 51, 59, 62
alternicula 40, 43, 59
cinerea 38, 40, 44, 47, 60, 62
cochlearia 40, 59
compar 44
divaricata 40, 58, 59
dakotensis 41
erecta 45
floridica 41
gehrkeae 40, 58, 59
ichthycerca 40, 59
lativentrls 43
nocturnala 41
p/aes/a 40, 60
platilobata 40, 59
plaumanni 40, 59
prudens 44
pseudoalternata 43
pseudocompar 40, 60
satchelli 41, 47, 62
savaiiensis 40, 59
schizura 41
scotina 40, 59
septempunctata 41
iNDICE ALFAB6TICO 655
simlllima 40, 60
snowi 45
sp. 51
spathipenis 40, 59
suhtmmaculata 40, 59
zetoscota 40, 59
Psychodidae 1, 32, 36, 47, 66, 67
Psychodlnae 10, 11, 30, 32, 34, 35, 36,
38-39, 57
Psychodopygus 33, 114, 115, 143, 388, 390,
391, 392, 481
abunaensis 416, 452, 488
aclyditerus 189, 390, 416, 452, 485, 488,
637
acosfai 416, 452, 454, 487
amazonensis 392, 401-403, 482
anduzei 388, 391, 392, 416, 421, 437-
441, 485, 489, 585, 597
antunesi 390, 416, 451, 454-456, 484,
487
aragaof 416, 454, 456-457, 463, 483, 489,
490
arlhwi 123, 392, 401, 403-404, 482, 490,
635, 639
auraensis 416, 451, 454, 457, 465, 471,
481. 483, 486
aymsai 392, 404, 462, 482, 490
barrettol. 416, 457, 459, 462, 483, 490
twnafei 392, 403, 404-406, 490
bisplnosus 170, 183, 392, 404, 406,
482. 490
botelius 416, 459, 483
brachipygus 390, 416, 459-460, 465, 481,
483. 487
brasiiiensis 451, (60-462, 484, 489, 638
carpenter! 390, 416, 460, 462, 483, 488
caslanheirai 416, 460, 462-463, 487
chagasi 392, 404, 406-407, 483, 490
complexus 392, 407, 408, 490
coutinhol 416, 460, 463, 489
ctewsi 163, 390, 392, 407-409, 482, 488
drelsbachi 390, 416, 463, 465. 485, 486
dunriami 416, 463-465, 487
eurypygus 416, 465, 481, 483, 488
fairffgi 392, 409, 411, 483, 490
llavlscutellatus 170, 178, 188, 388, 391,
392, 416, 428-434, 484, 489,
597
llochi 416, 465, 481, 483, 487
lluvlatllls 416, 465, 466, 484, 486
genicutatus 124, 170, 183
guayanensis 124, 393, 401, 409-412, 482,
490, 637
hartmannl 123, 128, 188, 390, 416, 451,
466-468, 484, 486, 637
hermanlenti 416, 466, 468, 485, 486
hemandezi 416, 466, 468, 486
hirsutus 393, 408, 411, 413, 491
incaslcus 416, 466, 468-469, 486
inflatus 416, 499-471, 485, 488, 489, 638
inlnli 416, 477, 483, 487
inornatus417, 451, 47), 481, 489
intermedius 84, 88, 121, 123, 138, 140,
145, 147, 156, 157, 164, 168,
181, 388, 391, 392, 416,
417-423, 425, 437, 439, 457,
468, 485, 489, 585, 635, 638
lloydl 390, 393, 401, 411, 412-4)3, 482.
488
topes) 417, 465, 471-472, 488
toretonensis 417, 471, 472, 486
matosi 393, 413, 415, 482, 490
meirai 417, 472; 486
mellol 417, 472, 474, 488
microps 417, 472, 474, 486
monticolus 112, 123, 390, 417, 472,
474-475, 483, 489, 605, 636,
639
nicaraguensis 393, 413, 415, 491
nordesllnus
140, 149, 417, 476, 477,
484, 488
olmecus 89, 123, 158, 182, 183, 193, 194,
388, 391, 392, 417, 425, 430, 434-437,
484, 489, 597, 602, 638
panamsnsis
89, 123, 124, 127, 128, 129,
134, 135,. 137, 140, 143, 162,
168, 170, 171, 182, 183, 184,
188, 189, 191, 193, 388, 391,
392, 393-398, 482, 490, 585,
597, 602, 637
paraensis 393, 401, 413-41S, 482, 491
pascalel 417, 477, 483, 490, 638
656 ENTOMOLOQIA M6DICA
pessoanus 182, 395
rachoul 393, 41S, 490
rebwrus 417, 451, 477-478, 480, 484,
487, 488
rostrans 417, 478-480, 483, 487, 48S
runoides 123, 149
sanguinarlus 123, 127.
128, 134, 135,
160, 161, 165, 168, 171, 182,
186, 188, .189, 191, 194, 388,
391, 392, 417, 488-451, 468,
484, 486, 488, 597, 637
sp. de Souvenir 417, 478, 480, 484
squamlventris 388, 390, 392, 393.
398-
401, 409, 483, 490, 597
s. sir. 389, 401
texanus 417, 451, 478, 480, 483, 487,
490
Irapldoi 123, 127, 128, 131, 134, 137,
141, 143, 168, 169, 182, 188,
191. 192, 388, 391, 392, 417,
439, 444, 44S-448, 485, 489.
597, 637
ubiquitalls 417, 478, 481, 483, 487
whitman! 121, 123, 126, 133, 145, 147,
156, 181, 388, 391, 392, 417,
423, 425-428, 468. 485, 489,
585, 635, 638
yiephlletor 123, 127,128, 131, 134, 137,
141, 143, 149, 158, 162, 168,
170, 171, 182, 188, 192, 388,
391, 392, 417, 428, 442-445,
480, 485, 489,
597. 637
Pteropleura 7
Pupasao 134
Quitinizacoes laterais 74
Raca (s)
"lenta" 573, 575, 577, 584, 591
"rapida" 573, 575, 584, 591, 595
Radiacao especifica 113
Raphignathus 189
Rattus rattus 545, 594
Reacao de NeIII-Mooser 617
Receptaculos seminais 83
Relaeao (oes)
antenais 69, 70
cabeca-clfpeo 69
palpal 71
Reprodusao 119, 163
Resistencia dos ovos 119, 725
Retinaculos 15
Rhabdilis 49
Rhipicephalus sanguineus 560
Rhombotnys 571
opimus 142
Rickettsia 188
Saco pedicular 175
Saguinus geoffroyi 594
Salmirl sp. 431
"Sandfly fever" 629
Saprobiontes (LV) 31
Scateila silacea 47
"Scent organs" 15
Schizotrypanum
185
Sciurus caroiinensis 617
Segmento (s)
distal da gonap6fise superior 14
proximal da gonap6fise; superior: 14
Segundo
esternito 80
segmentb antenal 102
Sergentomyia 33, 114,
)89
babu s/iortfi 184
clydei 546
garnhami 184, 187
pessoana 413
Sifao respiratbrio 26
Sigmodon hispidus 436, 602
Sparganum proiiferum 189
Spaziphora hydromyzina 47, 49
Spetaeuphlebotomus .33, 114
Spirocbaeta phlebotomi 188
Stigmaeidae 189
Surstilo 15
Sutura (s)
cefalica ventral 24
epicranial 24
esternopleural 7
iNDICE ALFAB^TICO 657
frontoclipeal 3, 24
mesopleural 7
verticogenal 24
Sycoracinae 35
Sycorax 6, 10, 14, 23, 34, 35, 36
Sylvicola fenestralis 47
Syntomoza 15, 17, 34, 58
Tarantolamauretanica 184
Tamandua. tetradactyla 185
Tatera vicina 545
"Tatuquiras" 66
Teca peniana 15
Tegulas 15
Telmatoscopus 3, 9, 12, 15, 31, 34, 38, 39,
44-45, 58, 60
albipunctatus 2, 4, 17, 22, 38, 45-46,
47, 50," 51, 52, 60, 61, 62
aldrichanus 61
arnaudi 61
-basa/fs 61
furcatus 61
jeannenae 61
latipenis 60
fnacneilli 61
nebraskensis 60
mger 61
olympia 61
patibulus 61
quadripunctatus 60, 61
sobrinus 61
superbus 61
varitarsis 60, 61
Temperatura 729
Tenaculos 15
Tentaculos 15
Tent6rio 3, 24
Terminalia 12
"Terras"
altas 559
baixas 559
Teta (6) 79, 80
Threticus compar 44
Thrysocanthus 34, 58
Tipo (s)
I (larva) 128
IE (larva) 128
III (larva) 128, 196
de Christophers e Mer 166
geograficos da leishmaniose visceral
542, 543
miliar 615
mutar 615
nodolar 615
pseudotumoral 615
seco da leishmaniose tegumentar 570
umido da leishmaniose tegumentar 571
Tomoceridae 47
Tomocerus minor 47
Tonnoira 34, 58
Tormas 3
Transmissao de Leishmania 189
Triangulo posterior 191, 196
Trichomyia 11, 35, 36
Trichomyiinae 10, 11, 30, 32, 34, 35, 36
Trichophoromyia 388, 389, 391, 415-417, 451
rrichopygomyia 206, 207, 210, 292, 294, 299
Trompas respiratorias 27
Tropiduros 620
Trypanosoma 185, 187, 197
bocagei 185
legeri 185
phlebotomi 184
ptiyllotis 185
platydactyli 184
vespertilionis 185
Trypanosomidae 542
Tuberculo (s)
caudais 105
mesonotais 108
mesotoracicos 108
pre-alar 27, 108
terminais do abdomen 27
Tyienchinema 189
Tyienchoidea 189
Tyiomys nudicaudus 435, 436
Typhlodromos 189
"Olcera de los chicleros" 599
Umidade 730
658
Uropodldae 189
"Uta" 233, 237, 587, 588
Valvula (s) 62
anal 14
cardiaca 90
esofagiana 90
estomodial 90
"Varzeas" 559, 561
Vaso (s)
deferente Impar 92
deferentes 92
seminal 92
Vela (s)
auxiliar 10
costal 10
longitudinals 10
subcostal 10
transversa 10
"Verruga"
americana 611
peruana 611, 614
Venice 24
ENTOMOLOGIA M^DICA
Viannamyia 33, 114, 115, 496, 506-507, 509
510
larlasi 507, 509, 510
lurcala 123, 128, 129, 507-509, 510, 511,
638
munangai 507, 509, 50, 511
tuberculata 507, 509, 570, 511
1/u/pss
Korsak 544
vulpes 544
W
Warileya 33, 113, 114, 115, 496, 536
nigrosacuius 536-538
phlebotomanjca 536, 537, 538
mtundipennis 536, 537, 538
Xerus rulllus 545
Z
Zygodontomys microtinus 597
Composto e impresso nas Oficinas
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Caixa Postal, 615
Tel.: 52-1956
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1973