O documento resume os 10 capítulos de um livro sobre terapia familiar. O capítulo 1 discute por que a terapia deve envolver a família inteira. O capítulo 2 apresenta conceitos como individuação, interação, delegação e legado. O capítulo 3 descreve a terapia familiar como um processo empático.
O documento resume os 10 capítulos de um livro sobre terapia familiar. O capítulo 1 discute por que a terapia deve envolver a família inteira. O capítulo 2 apresenta conceitos como individuação, interação, delegação e legado. O capítulo 3 descreve a terapia familiar como um processo empático.
O documento resume os 10 capítulos de um livro sobre terapia familiar. O capítulo 1 discute por que a terapia deve envolver a família inteira. O capítulo 2 apresenta conceitos como individuação, interação, delegação e legado. O capítulo 3 descreve a terapia familiar como um processo empático.
O documento resume os 10 capítulos de um livro sobre terapia familiar. O capítulo 1 discute por que a terapia deve envolver a família inteira. O capítulo 2 apresenta conceitos como individuação, interação, delegação e legado. O capítulo 3 descreve a terapia familiar como um processo empático.
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TERAPIA DE FAMLIA A PRIMEIRA ENTREVISTA
Autores: Helm Stierlin, Ingeborg R. Noerbert Wetzel, Michael
Wirching Relao dos captulos Cap. 1- Por que tem sentido falar com toda a famlia? Cap. 2 - A concepo de interferncias entre individuao, interao, delegao, legado e mrito Cap. 3 - A terapia familiar como processo emptico. Compreenso, interpretao e estruturao na entrevista familiar Cap. 4 - Objetivos da primeira entrevista familiar Cap. 5 - Como transcorre a primeira entrevista familiar? Cap. 6 - Famlias problemticas Cap. 7 - A famlia Bolt. A entrevista familiar Cap. 8 - Discusso do caso Cap. 9 - Os testes familiares: Rorschach e TAT Cap. 10 - Integrao dos resultados da investigao. A terapia: perspectiva de futuro. RESUMO DE CADA CAPTULO Cap. 1 - Por que tem sentido falar com a famlia? A famlia evidencia ser o sistema central para o homem: as principais identificaes, os mais importantes valores e objetivos do homem, sua adaptao social remetem ao que lhe sucedeu e sucede em sua famlia. A terapia familiar um paradigma novo, que nos obriga a romper com hbitos de pensamento e modelos tradicionais. Na terapia familiar que exige uma perspectiva de sistema, vemos o paradigma dos modelos causais circulares onde os integrantes da famlia se apresentam como elementos de um crculo de interao, no qual a conduta de um membro influi nos demais e influenciado por estes. Este novo paradigma revoluciona a prtica teraputica, pois os terapeutas familiares se caracterizam por partir de uma suposio bsica comum: se h de mudar um indivduo, dever modificar-se o meio em que se move. A unidade de tratamento j no a pessoa isolada, ainda que se entreviste a um indivduo somente, mas tambm a rede de relaes em que este se acha envolvido. A terapia familiar acentua o trabalho de reestruturao nas relaes existentes que pode realizar-se de diversas maneiras e a finalidade experimentar e superar os conflitos no seu lugar de origem. O que exige uma disposio para a reconciliao intrafamiliar. Segundo Ivan Boszormenyi-Nagy: "Tentem falar entre vocs, na medida do possvel, de coisas que at agora no puderam falar". Na terapia familiar a competncia do analista est em reconhecer e mobilizar os recursos ainda improdutivos ou mal dirigidos no conjunto da famlia. Trata-se de recursos de disposio para a ao e o sacrifcio, vontade para confrontao, capacidade para a luta, para suportar a realidade e para o justo "saldar contas" e para mobilizar estes recursos deve utilizar grande fantasia e intervenes teraputicas preparatrias ou simultneas, com qualidade paradoxal. Tais intervenes podem comear com toda a famlia ou com um de seus subsistemas, por exemplo, o casamento, com a me e seus pais, com o pai e seus pais ou com os filhos. Muitas vezes adequado trabalhar por fases com um s ou com vrios dos subsistemas. Tambm o indivduo constitui um elemento ou um subsistema de uma famlia. A tese central : a terapia familiar no deve ser entendida como uma nova forma de terapia que aumenta nosso instrumental teraputico; algo mais: um paradigma, uma concepo teraputica fundamental. A entrevista familiar o centro da terapia familiar. So indicadas quando: - existem vnculos fortes e condies de explorao familiar - quando a causa de vnculos fortes invisveis de lealdade, o trato confidencial com um terapeuta, amigo ou casal se mostra como traio da lealdade famlia e sem um trabalho simultneo nele e com a famlia, tais sentimentos de culpa conduzem a uma auto- sabotagem inconsciente: o cliente reincide, "fracassa ante o xito" - quando existe o perigo de que uma terapia individual separe uma relao, casal ou famlia - quando se impe a aplicao de recursos teraputicos ao nvel de sua maior eficcia possvel, como casos de anorexia nervosa ou perturbaes esquizofrnicas - quando se trata de resistir a um isolamento profundo e uma expulso, casos de pessoas enfermas, ancis e moribundas.
Cap. 2 - A Concepo de interferncia entre individuao, interao, delegao, legado e mrito. A teoria determina a observao Segundo Einstein e a observao tambm determina a teoria e isto se pode aplicar especialmente as entrevistas familiares. Temos atribuido importncia ciberntica moderna, doutrina dos processos de controle e sobretudo os de retroalimentao dos sistemas vivos na compreenso dos conceitos dinmicos da famlia. Dialtica Estes conceitos so em particular tambm as qualidades, papis ou posies de poder dos membros da famlia. A constante modificao da perspectiva mostra que por detrs de umas disposio conciliadora de mrtir pode ocultar-se perfeitamente uma agressividade (porque mostra fortes sentimentos de culpa) e que o pode revelar-se como impotncia, o egosmo como abnegao altrusta. Uma dialtica desta ndole nos revela um movimento das relaes, que pode adotar a forma de uma. Reciprocidade positiva ou negativa A reciprocidade positiva tem um carter dialgico-expansivo: os interlocutores se reafirmam e reconhecem mutuamente em planos cada vez mais complexos e existencialmente mais importantes, o que permite uma verdadeira confrontao. No caso da reciprocidade negativa, o movimento dialgico est perturbado e restringido: em vez de reconhecer-se mutuamente, os interlocutores se desvalorizam um ao outro e as possibilidades de uma verdadeira confrontao faltam ou reduzem muito. A relao do indivduo com o sistema de interferncias Encontramo-nos diante de estados de equilbrio em contnua alternncia - estados de tenso, de reconciliao ou tambm de distanciamento entre os distintos sistemas e seus elementos. A relao do indivduo com o sistema interferencial (familiar ou social) pode determinar-se de maneira que o indivduo "conservado" e "superado", isto , se reconhece e aprecia em sua peculiaridade e significao e se v como parte do sistema. Estruturas verticais versus horizontais Estruturas verticais incluem as vrias geraes e as horizontais incluem membros da mesma gerao. A distino entre estruturas verticais e horizontais nos revela uma relao de tenso entre o historicamente constitudo e a atualidade aberta ao futuro: nossos impulsos, motivaes e atitudes mais profundas se demonstram como conseqncia e a expresso de um acontecer familiar que transcende as geraes. As estruturas dinmicas relevantes esto freqentemente encobertas, ou seja, os membros da famlia no so, em parte, conscientes deles, como um observador externo, por exemplo Dimenso tica Este modelo abre uma dimenso tica no aspecto de que conceitos como explorao, honradez, mrito, obrigao, rendio de contas, disposio para o sacrifcio, justia, lealdade, confiana e corrupo indicam as contribuies aos sistemas ou foras que determinam a dinmica da relao e motivao familiar ao longo de geraes. Seus membros resultam ser transmissores tanto vtimas quanto executores das estruturas e os processos que entram em ao de modo vertical e estas foras determinam a atuao presente e futura. Captamos tanto as posies ou contribuies individuais quanto as foras supra-individuais nos sistemas. Entram tanto determinadas constelaes de conflitos quanto possibilidades para sua soluo ou sua conciliao. Cada aspecto nos permite reconhecer foras destrutivas e curativas e revela possibilidades de interveno teraputica. So eles: Os cinco aspectos principais 1. A individuao relacional 2. Os modos de interao, de ligao e expulso 3. A delegao 4. A perspectiva plugeracional de mrito e legado 5. O status da reciprocidade
1. Individuao relacional O conceito refere-se primeiro lugar formao de peculiaridades individuais e delimitaes psquicas. Aspira-se a graus de individuao mais elevados e h o perigo de super-individuao e sub-individuao. Na super-individuao a fronteira com os demais rgida e densa: a independncia se converte em isolamento, a separao em solido irremedivel, o intercmbio com os demais cessa. Na sub-individuao, fracassou a delimitao segura; os limites so brandos, permeveis, quebradios. A perda de individuao o perigo que representa a fuso com ou absoro por parte de outros organismos mais fortes. Portanto, todo progresso na individuao requer novos esforos de comunicao e reconciliao. Em determinados momentos e de uma certa maneira as fronteiras habitualmente slidas e protetoras tm que abrir-se e o isolamento deve conciliar-se com a comunidade, a individualidade com a solidariedade, a autonomia com a interdependncia. Estes esforos de reconciliao exigiram estruturas de relao e processos cada vez mais complexos, por isto chamamos de "individuao relacional". A individuao relacional significa capacidade para autodiferenciao e autodelimitao, isto , a diferenciao do mundo interno em esferas conscientes e inconscientes, em sentimentos, necessidades e expectativas claramente articulados, em percepes internas e externas, etc., e a delimitao respectiva do mundo exterior, sobretudo das idias, necessidades, expectativas e aspiraes dos demais. Os pacientes esquizofrnicos demonstram perturbaes exemplares da individuao relacional, nos seguintes aspectos: - a fuso simbitica, em que as vivncias prprias, o sentimento da prpria mesmice, o prprio rol sexual ou profissional se confundem com as vivncias, os sentimentos e o rol de outra pessoa; - o isolamento autista rgido, que freqentemente tem uma tonalidade de desconfiana paranica; - a situao ambivalente pendular entre ambos extremos. As perturbaes da individuao relacional como trao caracterstico do sistema e h que conceitu-la de acordo com o sistema. Quando h uma insuficincia de individuao relacional, os membros da famlia no so capazes de delimitar seus prprios desejos, expectativas, sentimentos, idias e motivaes das de outros e menos ainda em situaes nas quais se exige proximidade emocional e empatia. A conseqncia que as posturas de sentimentos no podem articular-se e os conflitos no podem definir-se nem resolver-se. Sobre o isolamento versus fuso, dado que os membros da famlia so incapazes de delimitar-se diferenciadamente uns de outros e a determinar-se a si mesmos, so igualmente incapazes de assumir a responsabilidade por tudo que sentem, desejam, defendem. Em outro extremo, o retiro a posies de isolamento defendidas em casos de ruptura de comunicao e a relao inter-humana, pode observar-se quase com a mesma freqncia. O levantamento de semelhantes barricadas se manifesta como uma desesperada defesa, pois todo consentimento e todo comeo de um contato parece implicar a ameaa de uma fuso. Em algumas famlias alternam a fuso e a retirada a posies rigidamente delimitadas. Evidencia faces da mesma moeda, ainda que opostas e de perturbaes graves. Mesmo em famlias nas quais h perturbaes graves da individuao relacional, em geral podem observar-se disposies para elevar o nvel de individuao. Por isto terapeutas familiares, iguais aos da gestalt, acentuam necessidade de que cada membro da famlia, cada cliente fale por si mesmo e de que se fomente uma comunicao clarificadora e geradora de responsabilidade pessoal. Pois as perturbaes na comunicao tem antes de tudo a funo de tapar, negar e deixar em suspenso conflitos graves e duradouros.
2. Os modos de interao, ligao e expulso Por modos de interao entendemos estruturas de relao que exercem uma ao prolongada. Os enredos e as dificuldades de separao tentada ou no, vitoriosa ou fracassada de pais e filhos. Os conceitos de ligao e expulso refletem o domnio de foras centrpetas e centrfugas, na dinmica de separao interacional. Em geral pode dizer-se que se prevalece o modo de ligao, o filho fica preso mais prolongada e fortemente no ncleo familiar e sua separao dos pais se retarda. Se domina o modo expulsivo, se acelera a separao dos pais; a conseqncia uma autonomia prematura. Os trs planos principais de ligao Os efeitos podem acontecer - no plano afetivo, no qual se manipulam e exploram sobretudo necessidades infantis de dependncia; aqui ocorrem mimos regressivos. O filho chega com facilidade a uma passiva dependncia, quando no de simbiose, que reflete e fomenta as perturbaes da individuao relacional - no plano cognitivo, se uma parte dos pais o ligante (ou ambos) e impe ao filho a fora do prprio eu distorcido, neste caso o que ocorre mistificao, os pais expem o filho dependente a sinais contraditrios, de modo que ao final no pode ler corretamente nem sequer seus prprios sinais interiores. No caso de filhos posteriormente obesos, estes pais mistificam a seus filhos com respeito a vivncias de fome e satisfao do apetite. So pais que sabem se os filhos esto ou no satisfeitos. Desvaloriza-se o conhecimento prprio dos filhos e se distancia de sua vida vegetativa interior. Tais pais seguem nutrindo seus filhos ainda quando estes tem comido mais que suficiente, o que leva a engorda - no terceiro plano, no qual se nutrem, se exploram necessidades infantis de lealdade, desenvolvendo forte sentimento de dever. Sente que a sobrevivncia psicolgica dos pais depende exclusivamente dele, o qual traz como conseqncia uma intensa culpa de evaso, se alguma vez tentou e ainda que s foi em pensamentos, uma separao. Outros aspectos da ligao determinam constelaes de conflitos de prolongada disposio, por exemplo no caso de filhos mimados que se tornam tiranos desapiedados, muitos casamentos precipitados so para libertar-se dos pais. A ligao significa sempre para o ligado tambm uma privao, sobretudo das capacidades de impor-se e de ajustar sua vida de modo autnomo. Caractersticas do modo de expulso Aqui tambm podem comprovar-se privaes fortes. O filho no ligado, seno rejeitado, descuidado, expulso. As pessoas expulsas tm uma imensa necessidade de recuperao de calor e proteo. Porm como no aprenderam a viver a intimidade abertos a confiana nem a convert-la em algo construtivo, facilmente retrocedem assustados ou provocam de novo sua expulso. Falta o mnimo de individuao relacional que lhes permita mover-se em um campo tanto intenso quanto mutante de proximidade e distncia. Uma parte dos indivduos expulso tende a deixar-se levar deriva. Dado que a estas pessoas desde o comeo falta o sentimento de ser importante para outros, tampouco na vida posterior h algo que lhes resulte verdadeiramente importante. Outro grupo, busca uma reafirmao de maneira supercompensadora, narcisista, para da obter uma sensao da prpria importncia. De qualquer modo, estas pessoas expulsas tentam converter sua compulso autonomia prematura em uma vantagem, por exemplo, sacando benefcios de sua escassa capacidade para a lealdade e preocupao pelos demais. Conforme prevalea a ligao ou a expulso, o entrevistador matizar sua primeira entrevista familiar. Tem que procurar desde o princpio o afloramento de uma ligao estreita e fomentar um desligamento, ou se v ante a necessidade de tratar de estabelecer uma ligao fundamental trabalhando contra a carncia de ligaes.
3. A delegao O jogo das foras centrfugas e centrpetas insinua-se no duplo significado do latim "delegare" = "remeter" e "confiar um encargo, uma misso". O elemento nuclear da delegao o vnculo de lealdade que une o delegador com o delegado. Os encargos delegados pelos pais a seus filhos podem prover dos mais diversos planos de impulsos e motivaes. A delegao no necessariamente patolgica em todos os casos. a expresso de um processo relacional necessrio e legtimo: ao deixar-nos delegar, nossa vida adquire direo e sentido, cimentando-se em uma cadeia de deveres que transcende as geraes. Como delegados de nossos pais temos a possibilidade de demonstrar nossa lealdade e integridade e de cumprir encargos que tm um significado no s imediato pessoal, mas tambm superpessoal. O processo de delegao pode desandar de trs maneiras: - quando no podem harmonizar-se com os talentos, reservas e necessidades prprias da idade do delegado e o exigem demais, e ele se impe uma fora desigual, o que significa uma explorao psicolgica (quando precisa dar conta do que os pais no foram) - quando h conflitos de encargos, isto , quando os encargos dados por um ou vrios delegadores no podem conciliar-se e arrastam o delegado em distintas direes - quando surgem conflitos de lealdade, o delegado est exposto a fortes sentimentos de culpa, se trai um pai delegador em favor de outro. Estes desvios nos levam a outra direo: a que existe entre delegados ligados e expulsos. Os delegados ligados tm que levar a cabo encargos que os mantm permanentemente apressados no campo de tenses emocionais e o horizonte da famlia (por exemplo, cumprir os encargos de um irmo falecido). Os delegados expulsos, por ter experimentado desde cedo uma frieza e um distanciamento por parte dos pais crem finalmente que podem obter um mnimo reconhecimento paterno s se executam seus encargos de um modo perfeccionista e com uma dedicao desesperada. lhes delegado para converter-se em personalidades vitoriosas que nunca se rebelem, conformistas. O modelo de delegao requer do terapeuta uma determinada estratgia teraputica relacionada ao paciente expoente, o portador do sintoma. Ele se apresenta como o delegado explorado. Por um lado tenta executar fielmente suas misses que o superam e so inconciliveis; por outro se rebela e tenta vingar-se dos pais pelo que lhe tem feito. Primeiro assume um papel de vtima atravs do cumprimento dos encargos, que lhe d satisfao e tambm tira dos pais a carga de angstia e culpa, posto que ele o enfermo, o fracassado e no eles. Pode ser o nico da famlia que consegue representar em sua pessoa problemas que os demais devem ocultar; por isto funciona simultaneamente como iniciador e catalizador de uma terapia familiar da qual todos se beneficiam. Pois so justamente seus mritos em prol da famlia e sua misso de vtima o que d ao delegado a possibilidade de atemorizar aos pais e outros membros da famlia e de carreg-los de culpa e vingana. Mostrar seus sintomas, enfermo e perturbado, ser um fracassado, de baixo rendimento, a demonstrao do fracasso e maldade dos pais. Assim se vinga dos supostos e reais exploradores paternos. Ao terapeuta se exige a compreenso dos pais, que no fundo todos querem ser pais bons e amorosos. Porm so tambm filhos de seus prprios pais e levam uma carga pesada de decepes, de amor e justia escamoteados, de fracassos, traumas e perdas dos quais no tem culpa e que transmitem a seus filhos de um modo ou outro, delegando-lhes de maneira exigente ou buscando neles satisfao e reafirmaes. Para se ter justia a pais que se tornaram vtimas, o seguinte ponto de vista fundamental.
4. A perspectiva plurigeracional de legado e mrito a) Legado No radical latino de "delegare" se encontra tambm a raiz "lex" (lei) e possivelmente "ligare" (ligar, atar). Delegao pode expressar uma ligao, obrigao ou compulso a prestar contas que se mantm ao longo de geraes. A experincia clnica indica que as perturbaes esquizofrnicas so tanto a expresso quanto a conseqncia de um legado de lealdade dividida (como Romeu e Julieta). b) Mrito A dinmica das relaes familiares est determinada por um "livro maior de mritos", uma fora motivadora semelhante a pulso ou necessidade. O cumprimento ou descumprimento de legados repercute no "estado de conta de mritos" de cada membro da famlia. Ele determina a sensao de ser tratado de modo justo ou injusto, de ter uma integridade ou de ver um sentido na vida. Com o conceito de contas correntes de mrito est vinculada a idia de uma compulso, que atua ao longo de vrias geraes, de prestar contas sobre mritos (existentes ou ausentes) ou de exigir de outros membros da famlia. Se no se prestam contas, existe o perigo de uma constante explorao dos diversos integrantes e da corrupo de todo sistema. Ao mesmo tempo, estanca o dilogo enriquecedor; uma reciprocidade negativa se implanta no lugar da positiva e prevalecem o estancamento e o distanciamento. A perspectiva plurigeracional nos revela uma dimenso de relaes humanas na qual, ao longo de vrias geraes, se transmitem legados, se constrem ou desmontam livros maiores de mritos, se cumprem ou descumprem deveres, se demonstram ou traem lealdades invisveis. O objetivo teraputico determinar os respectivos legados e "deveres e haveres" de mritos, de impulsionar a negociao correspondente e de possibilitar ajustes, acertos de contas e finalmente a reconciliao, o que deve acontecer desde a primeira entrevista.
5. O status de reciprocidade Os quatro pontos de vista anteriores convergem no status de reciprocidade e capta o aqui e agora, o estado presente do sistema, a atual constelao relacional. Bateson tem sido o fundador, dito de modo simplificado, aqui todas as relaes se vm arrastadas pela luta pelo poder, a qual Bateson designou como "escalao simtrica". a) O enganche maligno como forma extrema de reciprocidade negativa A luta extrema pelo poder pode desembocar nesta forma de boxe maligno. O sistema se torna completamente rgido. Em que pese uma possvel mobilidade dramtica exterior, na relao no se move nada; as partes se encontram como no "cerrar os punhos" em um combate de boxe. b) O "clinch" na luta interrelacional Nesta luta, os adversrios mutuamente enganchados esto animados por um furor blico e tambm se agridem ferozmente sem perceber que nenhum dos dois pode desfazer o gancho nem fazer avanar o combate. As diferentes estratgias e tticas em que se refletem as idias, metas, experincias e histrias individuais dos combatentes esto como borradas por um clinch (segurar). J no se mostram mais que dois sacos de msculos, enganchados um no outro e que se golpeiam como mquinas. um estado difcil de reconhecer, pois estamos acostumados a ver um dos adversrios de cada vez. Por exemplo, um paciente muito delgado ou esquizofrnico, enquanto que o resto da famlia sai fora do alcance da vista. As armas pela luta de poder so desde deixar o adversrio indefeso e submet-lo presso da culpa servindo-se de sintomas ou comportamentos masoquistas, a mistificao mtua, a preparao de duplos vnculos, isto , de armadilhas da relao, evitar uma definio da relao, aludir a um papel de lder e a prpria responsabilidade; enfim, tticas de poder para causar insegurana, desvalorizao e desmascaramento, sempre sutis. Desta maneira, muitas perturbaes sexuais se manifestam como conseqncia e expresso de uma luta por poder, na qual a sexualidade, em vez de fazer gozar a parceira, relax-la e aprofundar e reafirmar sua relao, aponta uma cruel arsenal de armas com o que conseguem humilhar-se recproca, desmascarando-se mutuamente como fracassados, covardes, castigando-se e condenando-se abstinncia. Ao fortalecer esta luta pelo poder, o clinch se torna mais rgido e com isto o enganche maligno no qual s pode haver perdedores. c) Consideraes teraputicas ante o enganche maligno De maneira ativa, o terapeuta familiar ou de casal tem que por em jogo, no caso do enganche maligno, o peso de sua personalidade ou autoridade, para romper com isto e recrear o espao em que possa despregar-se o espectro dos diferentes valores e motivaes dos adversrios. Como o terapeuta no se encontra s em posio de salvador potencial, mas tambm de juiz potencial, o significado do que M. Selvini chamou de conotao positiva, o dar um sentido positivo: a capacidade, ou mais, a arte do terapeuta de abster-se, precisamente na fase inicial de uma relao teraputica, de toda tendncia reprovao, atemorizao e criao de sentimentos de culpa, por sutil ou oculta que seja, e de aprovar, tudo que os paciente faam. Isto cria uma condio para romper o clinch maligno e a luta pelo poder. Por exemplo, pode aplicar-se agora a estratgia do desenganchar que se conhece como interveno e prescrio paradoxal. No marco desta prescrio o terapeuta aprova tambm a conduta do portador do sintoma, conduta que leva crise e agravamento da enfermidade e mobiliza justamente por esta atitude. Supondo que a prescrio "d no branco", tanto no prprio paciente como em seus familiares a vontade de desistir deste comportamento. Semelhante desengate da luta pelo poder possibilita a todos os participantes um novo comeo para a individuao e separao recprocas, permite analisar seus sentimentos ambivalentes e iniciar, entre eles e com os demais, um dilogo verdadeiro. Mas no se desfaz um enganche maligno somente com prescries paradoxais. Quanto maior a flexibilidade e freqncia de intervenes do terapeuta, tanto maior suas possibilidades. Segundo Minuchin, o terapeuta pode intervir alternativamente como aliado de um ou outro membro da famlia e com isto dissolver fronteiras e estruturas relacionais endurecidas. Pode confrontar as partes com gravaes ou vdeo das sesses teraputicas. O terapeuta pode conduzir a famlia a passo forado, aquela constelao dinmica, aquele complexo de motivos, no qual o enganche maligno est suspenso como em um n. O terapeuta pode ajudar aos membros da famlia a realizar um esforo de duelo pendente h muito tempo. Por diferentes que sejam, todas as estratgias de desenganchar tm em comum a participao ativa do terapeuta e a rpida construo de uma relao positiva e limpa com todos os participantes. A parte principal do trabalho teraputico comea s depois do desenganchar, um trabalho que se prope respectivamente o fortalecimento da individuao relativa, o desligamento, a elucidao e possivelmente a redistribuio das delegaes super- exigentes, a confrontao e o ajuste de contas de mritos, e por fim, a reunificao e reconciliao.
Cap. 3 - A terapia familiar como processo emptico. Compreenso, interpretao e estruturao na primeira entrevista familiar Empatia na terapia familiar Sua capacidade emptica integradora deve dirigir-se no s a processos interiores de indivduos (no plano intrapsquico) e a relao destes com ele, seno tambm aos fenmenos que tm lugar entre os membros da famlia e com isto as foras do sistema reveladas pelas cinco perspectivas nomeadas, assim como a relao de toda famlia com ele. Captao de foras do sistema Obter esta integrao emptica depende em primeiro lugar da capacidade do entrevistador de adquirir uma viso de conjunto, do sistema e de saber mant-la. A pergunta central : como se tratam as pessoas mutuamente? Estas perguntas, estas vises diretrizes podem ajudar a captar as foras do sistema: condicionam-se mutuamente as perturbaes e os conflitos dos diferentes membros? Condicionam, asseguram e compensam, por exemplo, a frigidez da esposa a impotncia do marido, a dependncia de um a generosidade de outro? Que processos de retroalimentao mantm ativo, em cada caso, um determinado comportamento, de modo que se propulsiona em movimento espiral um processo circular patolgico, uma reciprocidade negativa? At que ponto e desde quando, se tem nivelado por meio do desgaste um estado de equilbrio de necessidades, expectativas e posturas de desprezo recprocas? A dinmica relacional no respeitada pode ocasionar j na primeira conversa um crculo negativo. Os padres relacionais perturbados se fortalecem, a conversa trunca e freqentemente no pode repetir-se. Firmeza cognitiva O entrevistador deve registrar e ordenar informaes numa viso de conjunto e tambm estruturar a conversao, ou seja, enquanto obtm informaes relevantes, reconhece um padro relacional recorrente, muda o foco e convida a famlia a compartilhar o novo enfoque. Aos estilos de comunicao distorcidos no seio da famlia contrape sua linguagem unvoca e sua conduo ordenada da conversao. Assim representar a realidade e atuar de modo desmistificador. Ver o que ocorre O esforo do terapeuta para clarificar e estruturar a conversa no deve ir alm de sua receptividade e flexibilidade. O terapeuta deve abordar imediatamente o que ocorre (tambm no plano verbal) e incluir em seguida na conversa, por exemplo, se o filho chora, se os processos verbais contrastam com o dito. O entrevistador como diretor de cena e observador participante Em sua qualidade de diretor conduz o processo dinmico, onde haja ameaa de estancamento pe em marcha o drama. Enquanto explora planos cada vez mais essenciais da conversa, protege simultaneamente aos participantes contra o potencial destrutivo dos sentimentos que vo expressando. Fomenta a exteriorizao de idias e sentimentos que at agora haviam sido tabu, e evita a famlia de repetir exploses agressivas que eram padres de conduta longamente estabelecidos. Enquanto dirige assim os acontecimentos, introduz-se ao mesmo tempo como observador participante na dinmica familiar, escuta comprometendo-se e registra as tendncias, as foras e os sentimentos contraditrios da famlia. O terapeuta se converte em parte do sistema e tem que voltar a desprender-se dele O processo de envolvimento inevitvel. Desta maneira o terapeuta obtm uma impresso nova da famlia. "Como se sente tudo de dentro?" "Como me sinto como membro deste sistema?" Se o entrevistador se defende consciente e energicamente desde o comeo contra toda incorporao traando limites, distanciando-se e estruturando demais a conversa, resultar difcil inclusive reconhecer as estruturas familiares ocultas e estabelecer um contato emocional e confidencial com os membros da famlia. O primeiro passo consiste, pois, em reconhecer como e de que modo o entrevistador absorvido pelo sistema. H diversos caminhos para desprender-se logo do sistema e recobrar a posio teraputica: o terapeuta pode modificar o padro relacional. Por exemplo: se numa famlia mal delimitada cada um fala pelo outro e sabe o que ocorre dentro do outro, o terapeuta pode chamar a ateno sobre este hbito e insistir numa mudana ("Realmente estava pensando neste momento o que sua mulher supe?" "Pergunte a seu esposo o que est pensando?") Se muda o padro relacional da famlia, tambm se libera o terapeuta. Em outras situaes o terapeuta traa os limites adotando uma atitude mais estruturante e exploradora. Ou interrompe a conversa ou faz uma pausa, podendo consultar o co-terapeuta sobre o procedimento ulterior. Um partido Este conceito agrega outra dimenso ao conceito de empatia. No curso da terapia toma partido por cada um dos membros da famlia de maneira comprometida, porm se deixa guiar por um sentido de justia compensadora. Uma parcialidade assim dirigida no deve significar que na primeira entrevista o terapeuta dedique a cada membro da famlia a mesma quantidade de ateno e tempo. Um partido significa que o terapeuta proporciona a todos os integrantes a sensao de serem pessoas valiosas, que contam e cujos requerimentos trata de fazer seus, assim como a sensao de que aprecia a cada membro da famlia a seu modo. A capacidade emptica do terapeuta tem que ajudar a superar estas diferenas. Seu sucesso ser maior quanto mais tenha aprendido a elaborar sua contratransferncia e sobretudo a compreender os aspectos dolorosos do passado histrico-evolutivo dos prprios pais. No perder de vista o positivo So precisamente os principiantes os que deixam induzir-se na primeira entrevista familiar a falar s de perturbaes, conflitos e patologia, enquanto que os recursos da famlia ficam sem mencionar, desatendidos e desaproveitados. Sempre que buscamos conflitos e pontos fracos, preciso que perguntemos ao mesmo tempo: onde se acham os pontos fortes da famlia? Quem ou o que podia ajudar? Que tentativas tem feito a prpria famlia para superar as dificuldades? Esta construtiva viso do sistema especialmente importante porque numa conversa comum com toda a famlia os padres de perturbaes podem destacar-se muito mais rpida e nitidamente que numa terapia individual. Se o terapeuta no experimentado se dedica unicamente a estes padres de perturbaes, fomentar com essa atitude o sentimento na famlia de ser irremediavelmente patolgica. Atividade Se o terapeuta deixa solta a sesso, regularmente se produz uma escalada de padres relacionais destrutivos ou se consolida um clinch maligno: sob o estresse da conversa familiar se consolida no sistema as conhecidas manobras defensivas, que reforam sua patologia. A comunicao e interao perturbadas se atiam ainda mais, como um uma incubadora. A presso aumenta e a famlia sai da entrevista com a impresso de que tudo est ainda pior do que j estava. Por isto h que captar o ponto exato no qual se repete um padro de interao perturbada e no qual possa interromper-se j com uma breve interveno estruturante ou corretiva. Este pode ser tambm o lugar no qual se produz um enganche maligno. O terapeuta tem que empregar toda sua autoridade e sua relao de confiana positiva para romper um crculo desta ndole. Significa que est disposto a assumir uma responsabilidade, a comprometer- se. Um aspecto importante da atividade teraputica sempre a transmisso de esperana e confiana, porm sem nutrir iluses que mais tarde sejam frustradas. Problemas de transferncia e contratransferncia Uma transferncia transfamiliar (que excede a margem da famlia) se d quanto padres de conduta, fantasias, atitudes, expectativas, percepes, etc dos chamados feitos da transferncia, que se tem estabelecido nas relaes estreitas com a famlia de origem, sobretudo com os pais, se transferem de maneira inadequada a estranhos, a pessoas que no pertencem famlia de origem. A transferncia intrafamiliar se d quando os feitos transferenciais se produzem de maneira inadequada dentro da famlia. Em geral participam pelo menos duas geraes, pelo que podia chamar-se de transferncia transgeracional. Na terapia familiar o entrevistador tem que ocupar-se dos dois tipos de transferncia. Em geral a transferncia transfamiliar passa a segundo plano diante da transferncia intrafamiliar. Isto significa que diferena da relao analtica didica, o entrevistador se preocupa menos do desenvolvimento de uma complexa dinmica de transferncia e contratransferncia referida a sua prpria pessoa, que do desenvolvimento e o aproveitamento da dinmica de transferncia intrafamiliar. Sua imparcialidade e empatia atuam no sentido de que as transferncias transfamiliares adquiram um carter positivo e de que possivelmente possam tambm amortizar- se. Agora designa posturas, percepes, "manchas cegas" no terapeuta, que lhe dificultam ou impossibilitam uma atitude emptica eqitativa e dirigida a todos os membros da famlia. tpico que tais problemas contratransferenciais do terapeuta se fundam em suas experincias e problemas no resolvidos com sua prpria famlia de origem. Da que a elaborao dedicada a esta famlia de origem cobre uma importncia especial e se converte cada vez mais, em requisito dos cursos de formao de teraputica familiar. Regras familiares, mitos familiares, segredos familiares Regras familiares so leis que atuam passando as geraes e que marcam os papis, as misses e os legados que cada um dos membros da famlia, sem que estes sejam conscientes de tais leis. ("Em nossa famlia h que cuidar de outros ou ser cuidado por outros") Mitos familiares designam frmulas ou clichs explicativos que so compartilhados por toda famlia. Servem para ocultar os verdadeiros conflitos, problemas e tenses familiares. Assim existe o mito da harmonia imperturbada, da desgraa suportada em comum, etc. Os mitos familiares esto entrelaados com os Segredos familiares: tentativa de suicdio ou excluses de herana vingativas, por exemplo, no se ajustam ao mito da harmonia familiar, pelo qual devem ser convertidos em tabus, permanecer secretos, desaparecer no vo da memria familiar. preciso estar aberto na primeira entrevista familiar a tais regras, mitos e segredos familiares e reconhecer a enorme fora estabilizadora (homeosttica) que estas podem ter. O terapeuta no deve desmascar-las diretamente na primeira entrevista, mas impor uma direo que permita famlia falar mais adiante por si s destas questes. Os pais de pacientes expoentes Estes pais se defendem duramente contra a atribuio aberta ou encoberta de um status de paciente, se mostram pressionados pelo medo, a vergonha e a culpa, se sentem como malvados pais fracassados e de pronto levados por fora ao juiz e tendem por isto a desfazer-se da prpria debilidade e perturbao e projet-la sobre os filhos ou sobre estranhos. Quando tais pais tm que dirigir-se em presena de seu filhos a uma pessoa mais competente que eles para pedir conselho ou ajuda, sua humilhao e perda de poder lhes parecem totais e sua disposio a cooperar mnima. O terapeuta deve ser capaz de ver e reconhecer o positivo nos esforos paternos, por malogrados que sejam e aliar-se com os pais. Se o terapeuta no consegue aliar-se com os pais nem estabelecer uma relao de confiana com eles, a terapia familiar est condenada ao fracasso de antemo. Pois ainda no caso em que os pais explorem excessivamente aos filhos a favor de seus prprios interesses e necessidades, o terapeuta causaria aos filhos um conflito de lealdades se tomasse partido contra os pais. O paciente expoente, o portador do sintoma, assume a posio oposta aos pais: em contraste com os pais (e demais membros da famlia aparentemente sos, se apresente primeiro como o membro mais dbil, enfermo, necessitado de ajuda e pressionado por problemas da famlia, e tambm como bode expiatrio. A debilidade deste paciente tambm um ponto forte: os demais podem descarregar seus impedimentos, fraquezas e dificuldades sobre ele, liberar-se disto custa dele e, em contraste com ele, aparecer fortes, sos e altrustas. Este paciente alivia os demais e ainda se sacrifica por eles. O papel de vtima lhe d tambm o poder de "deixar plantados" com sua culpa todos os outros, por exemplo, devido a um desejo de vingana. Sobretudo na primeira entrevista importante reconhecer e apontar a capacidade de sacrifcio, a fora e o poder deste paciente expoente. Reconhecimento de ambivalncia e de sabotagem encoberta comum a famlia marcar e no comparecer, ou desmarcar no ltimo momento, alegando diversos tipos de pretexto, indicando resistncias ou ambivalncias, muitas vezes as mesmas do encaminhado, o qual pode possui reservas em relao terapia sistmica, transmitindo-as de modo encoberto. De modo que importante reconhecer e tratar j na entrevista inicial. Problemas de co-terapia O tratamento de uma famlia por dois co-terapeutas torna mais pblica a conversao e mais complexo o processo emptico. conveniente que os terapeutas se complementem em suas personalidades, estilo de relao e origem familiar, sendo essencial que coincidam em sua orientao terica A experincia tem comprovado xito na formao co-terapeutas sendo um feminino e outro masculino. Tambm foi comprovado a convenincia de que em cada entrevista um dos terapeutas tenha a responsabilidade principal, enquanto o outro apoia e completa as intervenes e coloca, em certos casos, ulteriores pontos de vista. No se pode recomendar a co-terapia como uma via de formao de terapeutas familiares. O que parece melhor um supervisor, um colega ou um grupo de colegas que observam atravs de espelho unidirecional e discutem em detalhe com o terapeuta iniciante. O trabalho em grupo para dominar as variadas informaes que se precipitam em pouco tempo sobre os terapeutas para desenvolver uma hiptese de dinmica relacional e para evitar enredos infrutferos e planificar intervenes criativas e inovadoras.
Cap. 4 - Objetivos da primeira entrevista familiar So o diagnstico, a motivao para trabalhar em problemas comuns, a celebrao do contrato e a preparao orientadora para a terapia ulterior.
1. O diagnstico O diagnstico significa duas coisas: a viso sistemtica da famlia luz das cinco perspectivas e, em estreita conexo com isto, a compreenso da situao motivacional da famlia. Obtemos as informaes essenciais para estabelecer a hiptese dinmico-relacional por duas vias: pela explorao de "realizaes familiares" centrais, "existenciais" que nos abrem as cinco perspectivas ( por exemplo, ligaes fortes, expulses, delegaes super-exigentes, perdas grandes no choradas, sentimentos de humilhao duradouros, antipatias, atitudes pretensiosas ou rebeldes, etc) e pela observao de padres de interao familiar tpicos e em parte ativados por ns mesmos. Nele nos guiamos pela regra de parar de imediato todos os padres potencialmente destrutivos, to pronto como se hajam apresentado com clareza, por exemplo, acusaes simetricamente crescentes ou alternantes retiradas ao silncio obstinado. Segundo a experincia, a forma mais rpida e mais incua de obter muitas informaes familiares existenciais consiste em convidar um integrante da famlia a manifestar-se de determinado aspecto j abordado de outro integrante (por exemplo, a exteriorizao de conduta e sentimentos deste em situaes de crise, ou suas relaes com sua famlia de origem).
2. Motivao Ao examinar a situao motivacional, captamos a ambivalncia e a sabotagem encoberta. Neste sentido tambm h que decidir em cada caso at que ponto um membro ausente, no cooperador ou que parece aborrecido s est delegado para expressar a resistncia que parte de todo o sistema. Cabe a pergunta acerca da rigidez ou vontade de mudana do sistema, ou acerca da intensidade das foras morfo-estticas (dirigidas manuteno do estado atual) versus as morfogenticas (que puxam por uma modificao). A motivao da famlia para o trabalho est tambm ligada a capacidade do terapeuta para reduzir a vergonha, a culpa e o medo entre os membros da famlia, despertar esperana e confiana, ser libertador por tocar um mbito emocional at agora tabu e fortalecer o sentimento de valor prprio atravs de conotao positiva, isto , a atribuio de um sentido positivo.
3. Celebrao do contrato Neste acordo devem refletir-se as expectativas e metas do terapeuta e as da famlia. s vezes os membros da famlia no so conscientes de alguns dos componentes motivacionais que determinam suas metas e expectativas e s mais adiante aparecem na conscincia, como conseqncia do processo teraputico. Por isto os objetivos e as expectativas das partes contratantes devem ser periodicamente reajustadas.
4. Preparao orientadora para a terapia ulterior. a) Cura por encontro, que resulta na regra bsica da terapia familiar: "Tratem de falar entre vocs, na medida do possvel, de coisas que at agora no puderam fazer, como de segredos familiares, expectativas frustradas, justia escamoteada". Os objetivos do encontro so pois, o dilogo que vai explorando planos cada vez mais essenciais e, em ltima instncia, a reconciliao e reunificao. b) Cura por modificao do sistema. O terapeuta usar quando reconhece que os membros da famlia, apanhados num enganche maligno, por um momento no podem nem encontrar-se nem separar-se a no ser que se modifique algo decisivo no sistema. O verdadeiro palanque da modificao do sistema aqui, por regra geral, a prescrio paradoxal, que abarca todo o sistema. c) Cura por reestruturao ativa. Recolhe elementos dos primeiros modelos e se distingue destes. Representa bem Minuchin quem tenta modificar, na sua linha de terapia familiar estrutural, os padres relacionais e alianas ativamente existentes no seio da famlia. Com este objetivo pode ocorrer que se alie com um dos membros da famlia contra outro, provocando deste modo crises na famlia que permitam novas experincias, organiza uma bronca familiar, sugere tarefas que confundem os integrantes da famlia e os obrigam a mudar sua maneira de pensar, etc. Orienta-se pelo critrio do trabalho que verdadeiramente modifica o sistema, estrutura-o, se produz em cada caso dentro ou fora das conversas teraputicas familiares. O modelo de cura por encontro est disposto de modo que o trabalho teraputico fundamental e essencial se realiza em sesses relativamente frequentes, em geral semanais, durante m longo tempo. Com isto corresponde a regra de que convm que a famlia fale o menos possvel com os demais sobre o que ocorre na sesso teraputica, mantendo a tenso emocional necessria para as modificaes. No modelo de cura por modificao do sistema, a situao aparece invertida: aqui a sesso familiar s d um empurro inicial, como uma bomba de exploso retardada que mais tarde desenvolve sua ao. Por isto as sesses talvez no devam ocorrer com freqncia, em intervalos de tempo relativamente longos. O modelo de cura por reestruturao ativa ocupa uma posio intermediria: uma parte essencial do trabalho modificador da estrutura se desenvolve dentro das sesses e outra fora das mesmas. Cada um dos mtodos tem seu lugar e hora. Assim, na reestruturao ativa, que toma partido alternadamente por um ou outro membro, como pratica Minuchin, obstrui as possibilidades para uma prescrio paradoxal efetiva.
Cap. 5 - Como transcorre a primeira entrevista familiar ? H terapeutas que visitam a famlia em seu ambiente, isto , em sua casa ou o lugar de suas dificuldades, na escola ou trabalho. Na maioria dos casos o terapeuta se reunir com a famlia no consultrio, o qual deve ser amplo para que possam mover-se livremente. Deve haver jogos suficientes e adequados para crianas de qualquer idade. Tambm deve fazer uso, de acordo com a disponibilidade de recursos do terapeuta, de meios audiovisuais e espelho unidirecional. Estes servem para o autocontrole do terapeuta, para captar interaes e informaes mais complexas. Podem ser aplicados com fins teraputicos pois a famlia pode rever sua conduta e promover uma correo da mesma. So auxiliares da superviso, a formao e a investigao. A conversa comea com o primeiro contato e desde j o terapeuta tem tarefas que superam a simples recepo de dados e o acerto de uma entrevista. Em primeiro lugar deve comprovar que o que verdadeiramente o quer a pessoa que chama e tem que averiguar a causa da chamada e formar uma primeira idia da famlia. Em segundo lugar deveria estabelecer j nesta primeiro contato uma relao emocional com o cliente, que este se sinta compreendido e possa sentir confiana e superar um pouco sua vergonha por haver chamado a instituio. Terceiro, o terapeuta pode modificar com suas perguntas a viso do problema. Atravs de suas perguntas acerca dos demais integrantes da famlia afetados pelo problema exposto deixa antever a pessoa que telefona que no s considera que um s membro da famlia seja culpado ou responsvel do sintoma de outro membro ou dos problemas de uma relao conjugal. Pode mostrar a coragem da pessoa que chama ao decidir-se a estabelecer o contato com o terapeuta como porta-voz da famlia. Isto d a entender que a responsabilidade no tem um s o que pode despertar o interesse pela profundidade do problema. O primeiro contato telefnico no deve ser uma sesso individual com a pessoa que chama. O terapeuta deve ponderar a intensidade dos temores e resistncias e at que ponto os demais membros da famlia compartilham disto. Pode passar por cima de ambivalncias mostradas, fixando uma entrevista apesar das objees. Ou pode propor a famlia que repense a situao e que volte a chamar sendo o caso. A atitude do terapeuta deve convencer porm sem ser autoritria. A partir de que idade possvel, permitido, obrigatrio que assistam os filhos primeira entrevista? Para responder recordemos dos carter circular do nosso modelo, onde cada um dos membros da famlia influencia na conduta de todos os outros e est influenciado por eles. Isto vale para o portador do sintoma de igual modo que para o irmo recm-nascido e para qualquer membro da famlia. Ento, parece desejvel que na primeira entrevista familiar se apresentem todos os integrantes da famlia juntos. Temos visto que o sintoma de um filho representa o esforo de um sacrifcio a favor dos pais - j que o filho est ligado a seus pais custa de sua prpria individuao, e que lhe delegado assumir e apurar desejos e expectativas dos pais ou componentes de personalidade negados por estes. Existe o perigo de que a participao dos filhos numa conversa comum lhes provoque algum prejuzo? Muitas vezes uma conversa com toda a famlia oferece uma boa possibilidade de aliviar os filhos, pois se fala com todas as letras de dvidas, enfados e disputas mantidas em segredo durante muito tempo e se mitigam os temores dos filhos de serem eles mesmos os culpados dos enfrentamentos entre os pais. Os filhos constituem com freqncia recursos centrais para toda a famlia e podem ser aliados do terapeuta, no seu esforo por penetrar na famlia, pois so pouco afetados e inibidos por convenes. Enquanto os pais esto carregados de medo e culpa, o que pode acarretar dificuldade em brigar e acusar-se em pblico, os pequenos colocam o problema central. Parece uma tarefa importante do terapeuta quebrar o poder mgico que os segredos exercem sobre os membros da famlia e que determina mal entendidos e conflitos familiares, isto , atacar o segredo familiar, o que s possvel quando os participantes esto presentes. O terapeuta tambm no pode mostrar-se omisso com os desejos justificados dos pais em conservar uma certa esfera privada, ou de outros membros por uma conversa particular, sempre que o terapeuta esteja seguro de que isto no fomente uma diviso ou estancamento nas relaes familiares. Quanto aos honorrios, nem todos perguntam ao telefone, mas se o fizerem devem receber uma resposta o mais clara possvel e os detalhes so tratados no comeo da terapia. No caso de outros tratamentos paralelos, o terapeuta deve sinalizar que a primeira conversa familiar requer o acordo dos outros mdicos e cooperao com eles. Em toda crise h um potencial teraputico, de modo que o tempo de espera deve ser o mais breve possvel, visto que muitos conflitos podem ser resolvidos por uma primeira interveno e com isto cortar listas longas de espera. A primeira entrevista familiar coisa para profissional experiente e no deveria ser deixada a cargo de principiantes. Podem distinguir-se fases determinadas na primeira conversa familiar? Hoje pensamos que uma diviso em fases corresponde em maior medida de "cura por encontro" e em menor medida de "cura por modificao do sistema", sendo prprias deste modelo uma pergunta e maneira de proceder "circulares". O que se entende por "circularidade" a capacidade do terapeuta de ir desenvolvendo as perguntas medida do feedback da famlia, o qual se obtm da famlia como complemento das informaes que o terapeuta deve averiguar e que se referem s relaes existentes e s suas diferenas e modificaes. Na prtica significa que o terapeuta questiona em cada caso a um dos membros da famlia acerca da relao existente entre outros dois membros.. Por exemplo, uma pergunta formulada a uma filha: "Como v a relao ente seu irmo se seu pai?" Logo o terapeuta pergunta, digamos, ao irmo: "Como v a relao entre sua irm e seu pai?" ( Ver Mara Palazzoli Selvini e outros, "Hypothesising - Circularity - Neutrality: Three Guidelines for the Conductor of the Session". As fases da primeira conversa familiar 1. a fase inicial a) a saudao b) o comeo da conversa
2. A fase mdia
3. a fase final e a despedida da famlia 1. A fase inicial
Na saudao j podem registrar-se fenmenos que merecem uma ateno especial. Quem chega tarde? O procedimento indica aguardar para comear a entrevista. Pode comear a primeira conversa ainda que no esteja presente toda a famlia? A ausncia de alguns pode indicar sabotagem encoberta e a primeira entrevista deve acontecer de todo modo. O terapeuta deveria tratar de imediato o fato de que haja membros ausentes e perguntar-se qual dos presentes contribuiu talvez de forma aberta ou encoberta com estas ausncias. Pode ver-se aqui uma (oculta) necessidade de todos os presentes de excluir o ausente da conversao e dificultar ou impedir com isto um trabalho efetivo com a famlia. comum que os nimos com que chega a famlia primeira entrevista j se manifestem na sala de espera. E no caminho da sala de espera ao consultrio podem mostrar-se aspectos importantes da relao paterno-filial. A eleio de ordem em que se senta a famlia j indica possveis coalises e inimizades, cercanias e distncias no seio familiar. Em geral o terapeuta sada todos os membros da famlia j na sala de espera. Parece importante entabular um contato pessoal de saudao (dar a mo e pronunciar o nome) com cada integrante da famlia antes de entrar no motivo da visita da famlia. O terapeuta deveria indicar com clareza que quer conhecer individualmente cada um dos integrantes. Com isto d o sentido unipartidarismo. Depois da saudao e apresentao, o terapeuta familiariza o grupo com as instalaes do consultrio, explicando presena de microfones, espelhos, vdeo, etc. J mencionamos a importncia de velar por uma discrio incondicional, em vista da possibilidade do abuso dos meios audiovisuais. Devemos informar a condio do sigilo profissional. E obter autorizaes por escrito quando for o caso. Entabular a conversao: o convite a falar pode acontecer aps os momentos de saudao e apresentao quando todos ficaram mais relaxados e ento pode subir o nvel de angstia dos participantes. As observaes feitas sobre a famlia at este momento, as hipteses da dinmica relacional e a correspondente deciso de um determinado procedimento teraputico guiam o terapeuta ao perguntar-se que, quando e como h de ser interrogado. Seguem algumas regras fundamentais: l. O terapeuta deveria repetir diante de toda a famlia as informaes que j tenha escutado por telefone da boca de um membro da famlia, de ordinrio a me ou o pai. Logo deveria explicar a todos os membros da famlia a quem no tenha ouvido falar porque convidou todos a esta conversao. 2. Perguntar de modo mais franco possvel a todos os membros da famlia juntos pelo motivo que os levou at ns. Assim evitamos de antemo dar preferncia a um integrante e, de nossa parte, nos comprometemos com uma definio determinada do problema. 3. Procuramos no apelar como primeiro ao que j foi designado por telefone como paciente identificado. Se a pessoa est desconfortvel o terapeuta pode comear por expressar seus sentimentos. Pode identificar-se e dizer: "posso imaginar como quando te obrigam a falar. Eu talvez tampouco falaria assim diante de estranhos". 4. Na disputa aberta ou encoberta, pela primeira palavra pode mostrar-se a hierarquia familiar. Nem sempre tem a autoridade familiar quem contesta primeiro. 5. Em alguns casos no faz falta perguntar famlia por que vem consulta, dado que o terapeuta se v confrontado de imediato com o drama familiar, inclusive de formular qualquer pergunta. Desde o comeo neste caso no tem objetivo a pergunta de quem o paciente identificado. 6. Principalmente ao terapeuta inexperiente se pergunta o perigo de ver-se envolto pela famlia j durante a saudao em uma conversa da qual dificilmente pode se desprender, no podendo o observador distinguir se trata-se de uma terapia ou encontro para o caf. Se neste caso o terapeuta deixa de perguntar famlia o motivo exato de sua presena, pode causar a impresso de que seu problema grave, no pronuncivel ou que apure demais ao terapeuta. Reconhecimento da famlia - embora seja ela a nos procurar no consideramos isto como algo natural, sendo que primeiro expressamos nosso reconhecimento pelo fato de que os membros da famlia lutem pela sinceridade e se exponham aos sentimentos de angstia e culpa. " surpreendente e realmente h que elogiar o fato de que apesar das dificuldades hoje todos tenham conseguido vir aqui" e "estamos contentes que todos tenham vindo e podemos refletir tranqilos sobre como tem se desenvolvido e como h de continuar agora:. Expressamos assim que queremos ajudar a famlia, porm que dependemos de sua colaborao. O unipartidarismo do terapeuta se evidencia em sua capacidade de fazer intervir a todos integrantes da famlia, se possvel j na primeira fase de conversao. Se um pai se adianta ou interrompe o outro, o terapeuta pode insistir em que se deixe terminar quem est falando com a cordial indicao de que todos tero a oportunidade de falar. A terapia familiar exige do terapeuta um compromisso ativo. Alguns falam pouco e outros muito, porm o comum a todos sua disposio e capacidade de assumir uma grande parte da responsabilidade da conversa familiar, o que pode ser resumido da seguinte maneira: a famlia tem a responsabilidade do que diz; o terapeuta de como a diz. Isto pode significar que o terapeuta interrompe o falante, tenta fazer falar o taciturno, anima o temeroso, freia uma pouco o que se adianta, apoia o privado de poder e assinala seus limites ao fanfarro. Convite a jogar a pintar - quando os filhos mostram inquietude, o terapeuta aguarda uns minutos para que os pais reajam, mas ele tambm mostra os jogos existentes e permite que os filhos se movam e joguem, o que tem um efeito tranquilizador sobre todos. Segundo nossa observao o nvel de rudo um barmetro seguro para saber se os pais esto discutindo o verdadeiro conflito ou se andam com rodeios. Quanto mais importante seja o tema do que falam os maiores, tanto mais curiosos, atentos e quietos estaro os filhos enquanto jogam. Crianas de 6 a 12 anos gostam de pintar e ento aps os primeiros 10 minutos de conversa lhes pedimos para pintar sua famlia representando-a com animais. Observaes do terapeuta durante os primeiros minutos da conversao No s as declaraes da famlia mas tambm a observao do comportamento desta do ao teraputa informaes importantes. No caso de choro o terapeuta deveria interromper a conversa para dirigir-se ao membro da famlia que est chorando ou radiante. Deveria guardar-se de interpretar precipitadamente um comportamento no verbal, mas perguntar antes que valor d a dito comportamento a prpria famlia. J no comeo da conversa se aclara se a famlia est de acordo acerca do motivo pelo qual veio ou se tem diferentes vises do problema. O oculto conflito relacional da famlia pode ver-se como "gestalt". O terapeuta experimentado tentar compreender esta gestalt j na primeira conversa, digamos, na forma de uma hiptese sobre a funo que o sintoma cumpre dentro de toda a configurao relacional, mas no formar ainda um juzo a respeito. Resumindo, a fase inicial inclui a saudao, entabular a conversa, a familiarizao com o novo ambiente e o convite a falar e se centra em torno da pergunta pelo motivo da presena da famlia. O terapeuta observa as regras gerais de urbanizao, se apresenta, faz conhecer famlia o novo ambiente, expressa seu reconhecimento por seu comparecimento e tenta ajustar-se linguagem, forma de trato, etc. familiares, de modo que a famlia possa sentir-se bem e ceder-lhe a conduo responsvel da conversa. Nesta fase busca-se compreender por que a famlia comparece nossa instituio. 2. A fase mdia (interao na famlia) Ainda mais que na fase inicial, rege nesta fase o fato de que a dependncia de um esquema pode impedir a viso da complexidade da situao. As diretrizes resultam das cinco perspectivas expostas no captulo 2. So perguntas que o terapeuta se faz a fim de orientar sua viso nos complexos processos transacionais. a) Reconhecimento da individuao relacional Em que medida os membros esto em condies de delimitar seus prprios sentimentos, expectativas, necessidades, idias, etc., dos demais? At que ponto cada qual consegue falar por si mesmo? Emprega expresses como: eu fao, eu espero, eu sinto isto ou aquilo, etc., ou utiliza o "se" indefinido ou outras expresses vagas para evitar definir e apresentar-se como portador de sua prpria responsabilidade e execuo? b) Reconhecimento de ligao e expulso Em que medida os membros da famlia esto comprometidos uns com outros, esto interessados uns nos outros no plano dos sentimentos? Quo importantes so uns para outros, e quo importantes so para todo o sistema? H uma conivncia entre as geraes que impede uma separao de pais e filhos conforme a idade deles? So o dio e as frustraes mostrados por ambas partes, ante toda expresso de uma ligao emocional persistente ou expressam distanciamento, descuido e at uma expulso definitiva? c) Reconhecimento da delegao Com este termo designamos a encomenda de encargos de significao e orientao sobre a base de uma lealdade forte, ainda que invisvel. Nas super-exigncias e nos conflitos de encargo e lealdade se mostram descarrilamentos do processo de delegao. O terapeuta deveria perguntar-se: se ajustam as expectativas paternas aos talentos e as necessidades prprias da idade dos filhos? Se espera de um filho que viva a vida de um irmo morto e no chorado? A partir do comportamento podem ler-se conflitos centrais de encargo e lealdade? Manifestam-se determinados filhos em primeiro lugar como delegados ligados ou expulsados? d) Elaborao de uma perspectiva plurigeracional Muitos pais comparam a situao de seus filhos com sua prpria infncia de forma espontnea., o que oferece ao terapeuta um ponto de enlace natural para averiguar mais acerca das famlias de origem. Se ambos os pais evitam falar de suas famlias de origem, o terapeuta pode orientar suas perguntas neste sentido. Se o pai se queixa da desobedincia de seu filho adolescente e acrescenta que no seu tempo isto no era possvel, o terapeuta pode indagar "como era quando voc tinha a idade atual do seu filho?" e desta maneira contribui para possibilitar famlia uma primeira compreenso das ligaes e obrigaes cujo efeito transcende s geraes. e) Determinao do status de reciprocidade Para poder determinar se existe um enganche maligno ou um clinch familiar, o terapeuta deveria perguntar-se: em que medida os membros da famlia conservam uma disposio para dialogar, uma vontade e capacidade para tematizar e articular coerentemente os problemas que se planteiam no marco das primeiras quatro perspectivas. At que ponto esto presos no jogo enganchados em uma luta pelo poder que nenhuma das partes pode ganhar? At que ponto est encalhado o sistema inteiro, de modo que qualquer movimento de um dos membros provoca um movimento contrrio que s contribui ao aumento da comum paralisia? Inclusive o terapeuta se sente afetado por este clinch familiar. At que ponto se v implicado e anulado como observador participante? Em que medida ele quita poder e como tem que atuar com sua realidade mais forte contra esta absoro? Para ver a fora desta apreciao pode comunicar-se com o observador por trs do espelho. Dilogo em grupo Avaliamos as indicaes, possibilidades e desvantagens para um tratamento seguinte tanto a respeito da capacidade do profissional e da famlia, quais so os pontos fortes e foras positivas? At que ponto a famlia parece motivada para um tratamento posterior e quo comprometedor o prognstico? Caso se aplique o modelo "cura por modificao do sistema" pode aplicar-se neste momento uma tarefa paradoxal famlia. Tarefas e intervenes paradoxais Conhecidos terapeutas familiares como Mara Palazzoli, Paul Watzlawick e Jay Haley descobriram e descreveram tarefas e intervenes paradoxais. Trata-se de poderoso instrumento porm pressupe uma especial viso da problemtica e experincia fundadas num modelo de compreenso circular. H o risco de uma prescrio paradoxal se no bem captada pode reduzir ou inviabilizar as possibilidades de intervenes, paradoxais ou no, posteriores. 3. A fase final - despedida da famlia Ao final da primeira conversa o terapeuta deveria perguntar-se at que ponto alcanou os objetivos descritos no captulo 4: a) estabelecer uma hiptese de dinmica relacional e compreender a situao motivacional; b)motivar a famlia para que realize uma terapia; c) celebrar um contrato de terapia familiar; d)preparar a orientao para uma terapia posterior. Quando os modelos de "cura por encontro" ou de "cura por reestruturao ativa" determinam a orientao do tratamento, o terapeuta deveria resumir primeiro as informaes obtidas durante a conversa. Convm destacar neste resumo especialmente as foras positivas da famlia e no esquecer que tais foras podem estar ocultas nas aparentemente negativas. Temos que conseguir que a famlia entenda o sintoma do paciente identificado como conseqncia e expresso de seu problema comum. Para conversas posteriores o terapeuta pode convidar tambm os avs com o que se constitui um novo campo relacional. Por regra geral, antes de faz-lo aguardar at que haja amainado a surpresa em todos os afetados, se haja estabelecido uma melhor disposio e consolidado a relao emocional com o terapeuta. Aps haver proposto uma terapia familiar pode pensar o seguinte: a terapia deve ter um limite temporal previamente fixado? Uma limitao temporal se recomenda em casos de problemas familiares de perfis ntidos, por exemplo, de rendimento escolar. Ou quando a famlia temerosa ante a proximidade do terapeuta ou a expectativa do iminente comeo de interminveis conflitos e disputas familiares. E neste caso o terapeuta deveria prever a continuidade da terapia, pois os temores podem ser infundados. Finalmente, o terapeuta deve redefinir e reafirmar com a famlia os objetivos da terapia familiar, isto , criar um consenso sobre a meta e o marco do futuro trabalho em comum. Este consenso fundamenta o contrato teraputico. Nele se fixa que os membros da famlia se atenham tambm no futuro s regras do jogo estabelecidas na primeira entrevista e que aceitaram um certo marco externo, isto , que se prontificaram a horas concretas, fixadas pelo terapeuta em conjunto com a famlia, que avisaram ao terapeuta quando lhes foi impossvel assistir, que assentaram determinados honorrios pela terapia, etc. Avaliao da primeira conversao. O informe da primeira entrevista. Aps a despedida da famlia reunimo-nos com os colegas e dialogamos em detalhe o desenrolar da conversao: os aspectos da dinmica familiar, as intervenes teraputicas e as impresses dos observadores, de modo a completar a viso do terapeuta, o qual reflete sobre suas reaes, dificuldades que tem a ver com sua postura pessoal e suas prprias experincias familiares. Ento pode-se formular uma primeira hiptese sobre a dinmica familiar e os prximos passos necessrios terapia. Descobrem-se lacunas de informao. A seguir alguns informes de primeira entrevista. Mediao da visita Quem envia a famlia e por que foi enviada? Descrio da famlia De que membros consta a famlia (nome, ocupao, idade, escolaridade)? Quem assiste a primeira conversa? Qual o aspecto e o porte dos diversos membros? Desenvolvimento da conversa A - Fase inicial Qual a causa da presena? Quais problemas se mencionam? H um problema comum a toda a famlia? Quando comearam as dificuldades, quais motivos a desencadearam, quo graves eram, como foi a evoluo? A que ajuda recorreu nesta hora a famlia? Que intentos fracassaram ou interromperam-se e por qu? B. Fase mdia Qual a organizao da famlia como sistema? Interaes observadas na entrevista: l. Individuao relacional Que formas de individuao predominam - super-individuao ou sub-individuao ou individuao relacional? Respeitam-se as fronteiras geracionais? Prevalece a fuso simbitica entre os cnjuges? 2. Ligao e expulso Que modos de interao podem ser observados? 3. Delegao Em que consistem os encargos dos pais a seus filhos? Que pontos de apoio h para super-exigncias e conflitos de encargos e lealdade? So os filhos ( e os pais) delegados ligados ou desligados? 4. Perspectiva plurigeracional? De que famlias de origem provm os pais? Que legados puderam reconhecer-se, etc? Quais so os mitos familiares? 5.Determinao do status de reciprocidade Em que medida h um encaixe maligno? At que ponto esto encalhadas as relaes entre os participantes? Quanta disposio para o dilogo podem observar-se? Com que rapidez o terapeuta se v implicado no clinch familiar, perdendo com isto sua autoridade e quantos esforos tm que fazer contra essa absoro valendo-se de sua "realidade mais forte"? C. Fase final: plano teraputico Quais so os pontos fortes e fracos da famlia? Quais so as motivaes e resistncias da famlia em seu conjunto para uma modificao? Em que consistem os recursos da famlia? Que espera a famlia de uma terapia? Quais metas a curto e longo prazo podem fixar-se? Que outras comprovaes diagnsticas, como um teste de QI, EEG, etc se indicam e por qu? Que outras instituies podem colaborar (por exemplo, a escola, a oficina de proteo de menores, etc)? D. Disposio Que conselhos ou tarefas paradoxais se deram, que acordos se estabeleceram, a que pessoas ou instituies de contato se avisou?
Cap. 6 - Famlias problemticas Famlias em processo de dissoluo Famlias que se partem porque os pais esto separados ou a ponto de separar-se. Em geral a primeira conversa familiar tambm a ltima, j que faltam condies e motivaes para posteriores encontros. Neste caso o terapeuta deveria formular-se as seguintes perguntas: segue havendo ligaes dignas de meno, carregadas negativa, positiva ou ambivalentemente entre os cnjuges? Se assim, de que natureza so estas ligaes e em que medida t tambm ligaes com ctexis negativa que refletem foras positivas que possam aproveitar-se na terapia e aplicar-se para o bem dos afetados? At que ponto os pais convertem seus filhos em seus aliados, isto , em que medida delegam aos filhos para combater e destruir o cnjuge e os expem com isto a irresolutos conflitos de encargos e lealdade? Por outro lado, determinados filhos que obstaculizam que os pais tenham novas relaes ou fundem nova famlia, esto ameaados por um abandono duradouro e a expulso? Para responder tais perguntas e obter linhas gerais para uma prtica teraputica, o terapeuta deve desenvolver a capacidade multidirecional, pois a maioria das discusses sobre separaes e divrcios no leva em conta os filhos. O terapeuta deveria mobilizar os recursos dos filhos, por exemplo, sua sensibilidade, sua disposio para interceder e sua lealdade, para ajudar os pais a converter-se em pais melhores, ainda quando decidam separar-se. Os pais podem voltar a ser bons pais na medida em que a separao os leve a formas mais maduras de individuao relacional e a uma maior capacidade de compreenso e disposio reconciliao, que cria condies para que os pais possam trabalhar juntos no interesse dos filhos. Problemas agudos versus crnicos Podemos supor que quando o paciente apresente uma perturbao psicossomtica crnica, o desenvolvimento psicofisiolgico desigual e a inibio da individuao no esto limitadas a ele, isto , estendem-se aos integrantes do sistema relacional. A artrite reumtica de uma mulher jovem, cuja vida sexual est restringida por este fato, pode ter, por exemplo, no s a funo de legitimar e cimentar sua frigidez, mas tambm de proteger a importncia de seu marido, isto , evitar-lhe angstias e apuros. O terapeuta deve guardar-se de intervir demasiado pronto na precria homeostase de tais sistemas relacionais. E ver o potencial teraputico em cada crise para todos os integrantes do sistema e aproveit-lo na terapia. Isto significa que deve ser capaz de perceber e destacar progressos e tendncias de cura tambm e onde os membros da famlia no conseguem ver mais que enfermidade, perturbaes, recadas ou dificuldades. Tambm pode significar que em certas circunstncias unicamente a induo de uma crise aguda pode fazer avanar tanto ao portador do sintoma quando a seus prximos. Quando a famlia acerca-se de ns por vontade prpria, podemos supor que est abrindo-se caminho para uma crise do sistema e que as tendncias homeostticas esto em conflito com as que apontam a uma modificao do sistema. Quanto mais aguda seja esta crise, tanto maior pode a esperana do terapeuta de que a mesma tenha uma soluo e ponha em movimento uma reciprocidade positiva. decisivo se o terapeuta capaz de compreender empaticamente a crise j na primeira conversa, sintonizar com ela e intervir de forma adequada. Famlias com integrantes psicticos Neste caso produzem-se problemas na elaborao de um contrato ou consenso teraputico familiar. Para estipular um contrato precisa-se uma comunicao clara e confivel por parte de todos e, em especial, a elaborao de um foco de ateno comum. Nas famlias com integrantes esquizofrnicos no pode pressupor-se essa capacidade ou vontade comunicativa. Os estilos de comunicao confundem a pessoas que participam da mesma famlia de fora; as tornam impotentes e lhes do a impresso de estar pisando areia movedia. Os integrantes falam sem entender- se e mais: parecem dizer-se idiotices at tornar-se loucos, desqualificam de modo sutil o que acabam de dizer, isto , do-se recibos falsos, mudam imperceptivelmente a direo da conversa e no se contestam na mesma longitude de onda. Portanto, ao terapeuta se planteia a tarefa de criar antes de tudo as bases para um contrato e um pacto de trabalho, isto , os requisitos para que se formem estruturas, expectativas precisveis e pontos de orientao confiveis. Nesta tarefa o terapeuta pode deixar-se guiar pela suposio de que as nomeadas perturbaes na comunicao e as relaes refletem e sustentam profundos conflitos interpessoais e intrapsquicos. J na primeira entrevista o terapeuta deve expressar com toda clareza que no est disposto a participar neste jogo, ainda quando, dentro de certos limites, parece incluir-se no sistema de comunicao e relao da famlia. Esta atitude tem que combinar-se com um compromisso esperanoso e ativo, como elemento da conduta emptica. Os pacientes s vezes tomam medicamentos e por isto na primeira entrevista exige-se este clareamento dos tipos de tratamento que faz em paralelo, das expectativas que deposita na terapia familiar e das relaes estabelecidas com outros mdicos e representantes de outras profisses assistenciais, bem como instituies correspondentes, sob pena de fracassar a terapia familiar se no se consegue trabalhar em comum. Quando se indica uma terapia familiar parece razovel aplicar o modelo fundamental da cura por modificao do sistema e concluir a primeira sesso com uma prescrio paradoxal que implique todo o sistema. Palazzoli sugere ser recomendvel iniciar a terapia familiar de modo paradoxal, sem falar em terapia, pois a simples palavra pode fazer os membros se sentirem forados a uma status de pacientes, contra o qual tm que defender-se de imediato formando uma frente comum de rechao, ainda que encoberta. Se aplicar o modelo de cura por encontro ou cura por reestruturao ativa, deve decidir-se j na primeira entrevista se melhor trabalhar com um subsistema, eventualmente s com o paciente identificado ou com toda a famlia em sesses conjuntas. Pode ser importante a incluso da gerao dos avs desde o princpio tambm em famlias com integrantes psicticos. Famlias com jovens delinqentes Muitas destas famlias no vm por livre deciso, pois quem as envia so instituies, em geral. Assim os terapeutas so vistos como braos prolongados das instituies que enviam estas famlias e no como verdadeiras ajudas e aliados potenciais. Precisamente estas famlias e em especial os pais, se encontram em uma autntica situao de crise: o jovem delinqente demonstra seu fracasso como pais em sua funo de fixar limites e valores, os desafiam, fazem pblica sua vergonha e os enchem de uma justificada preocupao pelo futuro. O terapeuta deve enfocar o trabalho j na primeira entrevista no sentido de liberar aos pais de sua vergonha e aumentar sua eficincia como pais. Ambos os objetivos esto em perigo se o terapeuta com pouco tato se coloca a si mesmo em primeiro plano como substituto forte dos pais, com o qual desvaloriza a estes a seus prprios olhos assim como aos dos filhos. Ao mesmo tempo tem que seguir com mos firmes a primeira entrevista. Paradoxalmente o terapeuta pode ajudar aos pais a tornar-se mais fortes e eficientes se lhes d a possibilidade de aceitar e confessar sua debilidade em presena dos filos. Assim se chega ao absurdo a luta pelo poder (Bateson a chama de escalao simtrica entre o jovem delinqente e os pais). Na disputa carregada de dio, pode iniciar-se uma disputa com amor: uma dissenso levada por confiana e respeito mtuos, no qual se podem articular claramente os contrastes, compreender e definir os conflitos e revelar e estipular as contas correntes de mritos. Quando um delinqente provoca agresses, reconvenes e prescries com sua conduta, s vezes com a inteno inconsciente de um autocastigo, importante trat-lo com equanimidade e respeito e assim ganhar sua cooperao. No deve ser difcil se levar-se em conta que o delinqente presta importantes servios famlia: com freqncia o nico que consegue mobilizar os recursos fixadores de limites e teraputicos da sociedade, os que necessita toda famlia. Tambm foi delegado pelos pais para a delinqncia, isto , animado encobertamente ao furto, vandalismo, ausncia da escola, vaguear pelas ruas, etc. Se no se consegue reconhecer o mrito e a disposio a sacrificar-se pelo bem dos pais contidos, ainda que ocultamente em sua conduta delectiva, em vez de participar no coro dos crticos moralizantes, possivelmente se lhe facilite renunciar a uma parte de seu poder (de aterrorizar os pais) e oferecer aos pais um pouco de compreenso e disposio a reconciliar-se. Famlias com pais que maltratam seus filhos Desde o comeo se situa em primeiro plano a questo de se pais que martirizam seus filhos devem ou podem permanecer com eles. Por isto so comuns os sentimentos de vergonha e culpa e a angstia de tais pais. Estes sentimentos se fortalecem se os pais percebem que - por compreensveis impulsos humanos de salvao - o pensamento e os esforos do terapeuta giram em torno de qual seria a melhor forma possvel de por o filho maltratado a salvo de pais monstruosos. Pode-se observar que uma e outra vez inclusive filhos maltratados mostram um grande altrusmo e uma forte lealdade com respeito aos pais. Deve-se fazer frutferos estes recursos em terapia. Em pais que maltratam seus filhos, destaca-se uma perturbao caracterstica de individuao relacional: no conseguem ver ao filho pequeno como um ser com necessidades, sentimentos e direitos que se distinguem dos seus prprios. Estes filhos esto delegados a assumir funes paternas: ho de dar a seus pais a ternura, amor e dedicao que estes no obtiveram de seus prprios pais. Os filhos se vem parentificados. Ao mesmo tempo estes filhos servem aos pais como "cubos de lixo psicolgico": depositam nos filhos toda a maldade e baixeza da qual devem defender-se e que devem apartar deles mesmos e castigam e maltratam os filhos como portadores destas qualidades apartadas. Sempre decisiva uma perspectiva plurigeracional: uma ou outra vez os pais que maltratam foram maltratados por seus prprios pais e no fazem mais do que transmitir a seus filhos o que lhes ocorreu. Ento a empatia e unipartidarismo, inclusive com a geraes anteriores so uma necessidade teraputica. Famlias com integrantes de tendncia drogadio As perturbaes da individuao relacional se manifestam nos drogaditos em dois mbitos: 1. em sua minguada capacidade para fazer seus determinados sentimentos desagradveis e conviver com eles (sobretudo com nojo, solido e aborrecimentos prolongados 2. guiar-se a si mesmos com responsabilidade prpria e orientados para o futuro Estas perturbaes quase sempre so a nvel do sistema familiar. Os modos de interao podem estar caracterizados tanto por uma ligao quanto por expulso. Neste caso, falta a eles experincia de ser necessitados pelos demais e de ser importantes para eles. Tais jovens buscam nas drogas um pouco de calor e segurana que no tiveram em suas famlias. Segundo prevalea a ligao ou expulso, so mister certas estratgias teraputicas: um trabalho com a famlia que tenda a desligao ou um trabalho de grupo com jovens da mesma idade. Com vista delegao, muitos jovens que abusam de drogas se revelam como rgos (instrumento) e vtimas de encargos e conflitos de encargos que os super-exigem de maneira forte e ao que tratam de corresponder de forma quase herica. A perspectiva plugeracional de legado e mrito est determinada em muitos drogaditos pelo legado de autodestruio crnica, a qual se vai formando ao longo de vrias geraes e agora parece de modo radical. Numa famlia que tivemos em terapia, numa cadeia de trs geraes o filho menor de cada uma delas se convertia em alcolico. Este filho era tanto a vtima de uma trgica compulso repetio que atuava de forma transgeracional, quanto o executor de um legado segundo o qual o menor se beneficiava parasitariamente, por uma parte, dos xitos dos maiores porm, por outra os favorecia e s assim possibilitava estes xitos. De uma perspectiva plurigeracional resulta necessariamente uma terapia plurigeracional. Esta perspectiva favorece um clinch familiar em famlias com membros em perigo por uso de drogas: um esforo de duelo no realizado ou mal dirigido.. Os sentimentos de privao, vazio e falta de alegria que podem caracterizar estas famlias. Por isto na primeira entrevista devemos preparar a orientao de modo que a realizao do duelo se ponha em marcha de modo rpido e eficaz. Famlias com integrantes de tendncia suicida Cada vez que uma conversa familiar nos indica que h um risco de suicdio, levamos a srio. Consideramos dois pontos de vista: a) a tendncia repetio de tentativas de suicdio b) a constelao familiar Concorrem trs fatores: 1. um crescente esgotamento do membro familiar em perigo e um aumento do sentimento de ser explorado e abandonado, o qual, com freqncia no admitido nem comunicado aos demais parentes; 2. fortes sentimentos de solido, abandono, impossibilidade de achar uma soluo, desesperana e desamparo, os quais podem ser retidos e no percebidos pelos demais integrantes familiares; 3. um impulso de revanche e vingana que se dirige tanto contra os demais membros da famlia, nos quais o suicdio gera sentimentos de culpa profundos e nunca liquidveis, como contra a prpria pessoa. O terapeuta pode na primeira entrevista falar sobre as contas de mritos que reduz a compulso ao suicida. Pode definir um marco no qual as agresses at agora reprimidas e refletidas obtm a possibilidade de dirigir-se contra o verdadeiro ou suposto explorador, traidor, etc. Uma terapia plurigeracional continuada deve ampliar este espao livre para exteriorizaes agressivas e tender a um "ajuste de contas" de justia inter-humana e a uma reconciliao autntica em planos cada vez mais importantes. No contrato de terapia h que fixar que todos os membros da famlia tm uma responsabilidade com respeito ao risco de suicdio. Cada um deveria se comprometer em avisar ao terapeuta sobre eventuais evolues preocupantes e sinais de perigo para que possa dispor- se, em tal caso, a internao em uma clnica. O terapeuta deveria esclarecer, sem lugar para mal-entendidos que o que pode e est disposto a fazer em vista do perigo de suicdio. Assim, estreita o espao para manobras manipuladoras e garante uma assistncia segura ainda que limitada, no caso de agudizao. Famlias com filhos com impedimentos psquicos ou fsicos Geralmente estas famlias sentem uma carga que pode intensificar- se reciprocamente no sentido de um ciclo negativo. As cargas so de natureza econmica, social e emocional. Exigem do terapeuta uma tomada de posio e na medida do possvel, uma pronta ajuda. Forma-se uma dinmica especial de delegao com um correspondente cmputo de mritos: os irmos sos recebem o encargo de compensar ou inclusive tapar a vergonha o defeito familiar atravs de mritos excepcionais e brilhantes, o que pode encobrir o fato de que o delegado bem sucedido est fortemente sobrecarregado e como os demais beira do esgotamento. Nestas famlias, na primeira conversa nos encontramos com duras recriminaes ou auto-acusaes de tom depressivo. Por isto, trata- se de reconhecer as cargas e os mritos de todos e guiar a famlia necessria confrontao com sua situao especial e o trabalho de duelo inerente que as recriminaes e auto-acusaes no fazem mais que rechaar. Famlias com integrantes psicossomaticamente enfermos Ser visto no caso da famlia Bolt Caractersticas da comunicao e interao em famlias com integrantes psicossomaticamente enfermos E caracterstico, a restrio do contato com o mundo exterior, assim como do contato com o seio familiar. A comunicao est reduzida no quantitativo e qualitativo, o pouco que se fala claro e inequvoco. Todos esto entrelaados por um destino comum: cada um invade o mbito do outro, os limites interpessoais so quebradios e as barreiras geracionais esto, em parte, suprimidas. Surge a impresso de proteo recproca entre pais e filhos, ainda que no seja proteo emptica e sim distorcida por projees. Dinmica relacional No plano de individuao relacional existem perturbaes do tipo fusionista, isto , a capacidade de delimitao e de suportar fronteiras est apenas desenvolvida. As funes dos objetos internos que determinam a dinmica relacional externa esto perturbadas ou debilitadas. Por isto o companheiro de relao sempre tem que estar realmente disponvel, toda separao efetiva ou fantasiada se vive com uma forte angstia de perda ( no poder dizer adeus). Por isto no se pode levar a cabo o trabalho de duelo que possibilitaria a renncia a um objeto. Depois de anos a perda esto to viva como no primeiro dia. O correspondente modo de interao predominante a ligao que surtem efeito em trs planos: no plano do id, em forma de mimos regressivos, no plano do ego, atravs de uma adjudicao mistificadora de debilidade e enfermidade e no plano do superego em forma de uma forte culpa de evaso. As delegaes contm a tarefa de manter a famlia. Encontra-se tambm o mandato de servir de substituto de algo e o encargo de substituir um objeto perdido, por exemplo, um irmo morto no chorado; os mandatos que servem para evitar conflitos no seio da famlia, por exemplo, quando o filho tem que prestar-se como rbitro ou pra-choque nas discusses entre os pais. As conseqncias de tais delegaes extraviadas so conflitos com as necessidades individuais adequadas idade e conflitos de lealdade na relao com os pais, pares e cnjuges. Finalmente, pode reconhecer-se na primeira entrevista um estancamento no saldo de contas de culpa e mrito. O resultado uma tenso crnica e no resolvida entre os membros da famlia, tenso que chega ao clinch maligno. No centro est a enfermidade e o terapeuta deve aceitar a oferta da famlia (estamos aqui porque fulano padece de tal enfermidade), isto , ele primeiro escuta a histria de todas as enfermidades e tambm se recomenda seguir a evoluo da enfermidade. A conversa familiar pode tomar novos rumos se o terapeuta pergunta "o que se passava quando aconteceu tal enfermidade? Isto dirige a ateno para acontecimentos que afetam a todos os membros da famlia e cria oportunidade para outros falarem. saudvel poder conversar sobre todos os sentimentos de perda; o terapeuta deve saber tambm que ameaador para a famlia que ao fim da entrevista, deve continuar vivendo. O terapeuta deve evitar relacionar prematuramente os conflitos enunciados com as enfermidades somticas, pois esta tende a aceitar melhor quando superou certos sentimentos de vergonha e culpa (acaso quer dizer que por causa de nossas brigas nosso filho esto doente? Somente empreender aes teraputicas aps haver estabelecido uma relao de confiana com todos os membros da famlia. As particularidades no trato com famlias psicossomticas podem resumir-se numa imagem: a superfcie faz recordar um bloqueio de elo. O elo est ameaado por dois perigos: caso se produza uma sacudida muito forte o bloqueio pode quebrar-se. Com um calor excessivo, o elo se derrete. A famlia se defende contra estas formas de destruio e o preo que se paga a doena somtica. A tarefa do terapeuta consiste em desprender cuidadosamente as figuras de cada um dos membros da famlia, ocultas nas profundidades do elo e possibilitar-lhes uma vida pessoal. Apresentam a mesma estrutura todas as famlias com membros psicossomaticamente enfermos? Contribuem vrios fatores. Elementos biolgicos (por exemplo, uma constituio alrgica hereditria ou influncias nocivas do meio ambiente) e fatores psicossociais de estresse (acontecimentos vitais agoniantes, perdas importantes, conflitos no mundo de trabalho, etc). A estrutura familiar modela a personalidade de cada um e determina em ltima instncia o que atua como carga ou conflito e que possibilidades de regenerao e liberao se oferecem. Ao terapeuta familiar interessam os casos nos quais a estrutura familiar contribui para desencadear a enfermidade.
Cap. 7 - A famlia Bolt - A conversa familiar A pessoa designada como paciente na famlia Bolt a me, mandada clnica por diagnstico de "Morbus Crohn" (inflamao ulcerosa de intestino delgado). Numa entrevista ela falou com voz montona e queixosa primeiro de molstias exclusivamente corporais e depois dos acontecimentos desencadeantes dos anos 72/73, quando seus sogros afastaram-na e seu esposo da hospedaria que administravam junto com eles desde o incio de seu casamento e das mortes contnuas de seus pais e seu sogro num curto espao de tempo. O terapeuta pergunta como ela superou estas graves perdas na inteno de ver claramente que h um elemento que impede a compreenso psicolgica da enfermidade neste ponto: a combinao da enfermidade com determinados conflitos anmicos - a perda de parentes importantes e as reaes do cnjuge - se converte em um elemento de culpa na relao com seu esposo e com a me deste. Reprovam-na, que ela mesma tem culpa da doena e que se domine um pouco. proposto uma segunda conversa com seu marido e duas filhas mas ela recusa pois o marido no se interessa por "coisas psquicas" e lhe dito que diga ao marido que aqui no o acusaro, porm que preciso sua ajuda para poder compreender melhor a enfermidade de sua esposa. Tambm lhe oferecido o mesmo entrevistador para falar estas questes com seu esposo por telefone e sem outro contato prvio, a famlia aparece ento pontual e completa na data estabelecida. Antes da entrevista familiar se realiza em comum um teste Rorschach e um TAT. Na entrevista participam dois terapeutas, um deles assume a conduo ativa da conversa, o outro observa e intervm somente mais tarde. O terapeuta aborda a situao, sobretudo a carga adicional que constitui o teste prvio ,porm d a entender que o mesmo necessrio. Deste modo evita que os sentimentos negativos que tenham surgido desta situao possam incidir na conversa posterior. Tambm expressa famlia seu reconhecimento por haver concordado com a conversa, com o que os ajuda a superar seus sentimentos de vergonha e culpa. A disposio do senhor Bolt para a conversa aparece primeiro muito escassa. V o problema em primeiro lugar em sua mulher enferma. Talvez esteja reagindo tambm conta a forma de haver sido enviado. Em outra oportunidade de forma cifrada se faz patente o medo do pai conversa, o medo de ser declarado louco e que no lhe permitam voltar para casa. O terapeuta reconhece as dificuldades que teve que superar a famlia para comparecer entrevista. Leva a famlia a srio e faz uma primeira e aberta oferta de conversao. Assim se cria uma atmosfera que permite comear com a entrevista propriamente dita. O terapeuta reage diante dos sentimentos de temor da famlia levando a conversa s enfermidades somticas. Deste modo, por ora se conserva a definio do problema dada pela famlia. Assim o terapeuta cria de pronto uma base de confiana que permite famlia abrir-se (a fase introdutria propriamente dita no bastou nesta famlia, sobretudo para o pai). A senhora Bolt descreve o curso trienal da enfermidade, que vai agravando-se cada vez mais e o terapeuta se ajusta ao sistema familiar, tomando a srio a enfermidade dela. Reconhece a realidade objetiva das molstias e se dirige vivncia subjetiva dela. Tenta dar uma maior segurana famlia, satisfazendo suas expectativas de uma conversa mdica. O senhor Bolt reafirma o relato das molstias da esposa e participa agora por sua prpria conta da conversa. Sua descrio drstica, o que pode ser um signo de agresses contra sua esposa. As molstias tm aumentado nos ltimos quatorze dias, parecendo indicar uma nova crise. O pioramento podia estar relacionado com a versa individual prvia dela e com a anunciada conversa familiar em comum. Obtemos, portanto, uma indicao sobre a restrita capacidade dela para tolerar as sobrecargas. O terapeuta d ocasio famlia e sobretudo senhora Bolt como paciente designada para falar de suas molstias corporais. Este proceder necessrio em famlias com integrantes psicossomticos. O terapeuta obtm informaes importantes, enquanto que pode incluir o pai na conversa. A paciente comea a falar sobre o surgimento da enfermidade dirigindo-se a seu esposo. A famlia v a evoluo da enfermidade e a modificao das circunstncias de vida como acontecimentos paralelos, isto , ainda no pode perceber uma conexo direta. O terapeuta no interpreta prematuramente, seno que salienta a famlia em suas prprias reflexes. A se produz uma sensvel distenso. Agora ambos os pais apontam eles mesmos em breve sucesso incidncias importantes no momento do comeo da enfermidade: assumir a empresa, o tratamento de guas termais dos sogros, a bronquite da filha, a morte do pai do senhor Bolt. Pela primeira vez fica claro que a senhora Bolt no a nica enferma da famlia. A enfermidade vista no marco da evoluo familiar. O foco da conversa se desloca da senhora Bolt para toda a famlia. No s ela a enferma na famlia. Pela primeira vez surge a perspectiva intergeracional em torno do exemplo da enfermidade do av e a neta, porm no se segue desenvolvendo. Por ora fica intocada a compreenso familiar meramente orgnica da enfermidade (seqelas de guerra, operao de amgdalas). O terapeuta destaca as adjudicaes (entregas deliberadas) familiares: a diviso em sensveis e robustos. Aborda os parecidos entre os membros da famlia (coalises encobertas) sem entrar em consideraes diretas da enfermidade da me. Num outro momento, revela-se um padro fundamental complementar: a diviso da famlia em fortes e dbeis. Tambm reconhecemos um paradoxo: a me dbil e sensvel a que mais se preocupa pela continuidade do negcio e a que em verdade no cr que seu marido forte seja capaz de assumir uma grande responsabilidade. Sente que seu esposo no a apoia o suficiente, com o que questiona sua fortaleza. Uma perturbao da individuao relacional se manifesta na delimitao insuficiente entre ambos cnjuges; em alguns momentos difcil distinguir se o senhor Bolt est citando a sua esposa ou falando de si mesmo. O terapeuta ainda segue com a compreenso orgnica da enfermidade da famlia, porm j avana um passo mais alm e relaciona a enfermidade com a sensibilidade da mulher e com acontecimento e mudanas familiares. A famlia pode estabelecer esta relao sem grandes temores e continuar abrindo-se. Assim se mostra ainda mais ntida a rgida diviso dos papis: a paciente aparece como a parte sensvel e dbil da famlia, que se completa com o cnjuge robusto e forte. O casal est paralisado numa reciprocidade negativa. Ante a surpreendente notcia do aniversrio da senhora Bolt, o terapeuta reage com cordialidade espontnea. No se conduz de modo neutro nem abstinente, apenas conclui a realidade da situao familiar. O senhor Bolt desvaloriza em sua esposa o que mais teme em si mesmo: exteriorizaes de sentimentos e confisso de debilidade. O terapeuta leva a srio as exteriorizaes de sentimentos da senhora Bolt e pergunta repetidamente pela causa de suas lgrimas. Assim procura alivi-los no ver as lgrimas como um mero sintoma nervosos, mas atreve-se a mostrar-lhes, aceitar e expressar com palavras os sentimentos e vivncias subjacentes. A senhora Bolt havia aceito a imputao de seu marido. Ambos cnjuges se aliam na defesa contra sentimentos dolorosos e ameaadores. Quando o terapeuta diz "sempre foi voc to sensvel, ou foi devido suportar alguma carga que a tornou to sensvel?, ele chama a ateno da famlia sobre o fato de que algo havia mudado na me. Brigitte, o segundo membro forte da famlia participa em comum defesa contra os sentimentos, ainda que no atravs de palavras, mas atravs de olhares e gestos dirigidos a irm e ao olhar pela janela. O terapeuta mostra compreenso pela situao da famlia e inclui o pai, que at agora no havia se experimentado como afetado, apenas como transmissor de informao. Agora o senhor Bolt participa de modo construtivo na conversa e menciona outra possvel causa de declarao da enfermidade. Ele chega a falar inesperadamente de sua enfermidade, at agora a me dbil parecia ser a nica enferma da famlia. O prprio senhor Bolt conseguiu mostrar um pouco de seu prprio medo e mostra, a sua maneira pouco delicada e sem flexibilidade, uma primeira compreenso psicolgica da enfermidade de esposa. V uma conexo ainda que um pouco mecnica e superficial, entre a enfermidade dela e os dramticos eventos acontecidos na famlia. O terapeuta se mostra consternado ante a multiplicidade de eventos trgicos na famlia e apoia o intento do pai de contribuir para uma elucidao. J neste ponto da conversa fica claro que ambos cnjuges tm sofrido fortssimas perdas num lapso muito breve e que estas perdas no tm podido ser elaboradas. Ademais se v com maior clareza que o que constitui uma ameaa to forte para a famlia e contra o que tenta defender-se por todos os meios: o duelo e a recordao destas perdas. Em vez de criar uma maior proximidade entre os cnjuges, o duelo comum parece hav-los distanciado mutuamente. A senhora Bolt contribui para este distanciamento retirando-se depressivamente a seus sintomas corporais, enquanto o senhor Bolt bloqueia todos os sentimentos e na demonstrao de sua fora. Este parece ser um motivo para a rigidez complementar das relaes familiares, que por ora impossibilita o desenvolvimento de uma reciprocidade positiva. A famlia se acha num clinch maligno. Brigitte participa pela primeira vez espontaneamente da conversa e tenta - ainda que em um plano relativamente concreto - contribuir a elucidao da evoluo da enfermidade de sua me. Ao corrigir a me toma partido contra ela, porm se atm ao plano de explicao oferecido por aquela. Enquanto que os membros da famlia sublinham dados externos, o terapeuta tenta assinalar o contedo emocional dos acontecimentos. Mediante sua maneira de conduo do dilogo e sua aceitao da oferta da famlia, o terapeuta tem conseguido criar uma primeira base de confiana que possibilita famlia expressar experincias de forte carga emocional sem ocultar seus sentimentos. Tambm no plano da linguagem se atm oferta da famlia: "Qual a carga to forte que a torna to sensvel?" Portanto, no interpreta, permite que os pais se representem a si mesmos falando dos acontecimentos trgicos. Agora todos os integrantes da famlia esto fortemente comprometidos na conversa. Aqui parece representar-se um primeiro conflito relacional: a senhora Bolt se sente incompreendida por sua sogra e se defende. E nos perguntamos se no utiliza a sogra para velar a conexo entre a enfermidade dos conflitos mais profundos. No seu discurso parece insinuar-se uma evoluo crtica da doena: uma advertncia e chamada ao terapeuta e no sobrecarregar a famlia. O terapeuta reage ante o sinal de alarme destacando o positivo: que que muda quando voc se sente bem? Assim se tira um peso da senhora Bolt, porm lhe permite ao mesmo tempo falar de coisas que a agoniam. O terapeuta se compenetra do problema da senhora Bolt ao chamar a situao um "crculo infernal". Ao invs de uma primeira interpretao da evoluo da enfermidade e clareia como os sintomas da senhora Bolt se reforam secundariamente. Ao apoiar a senhora Bolt se desvia de uma compreenso meramente somtica da enfermidade e mostra possibilidades de elaborar conflitos conectados com a mesma. O terapeuta apartou ativamente a senhora Bolt de uma compreenso superficial s somtica de sua enfermidade e preparou terreno para que a famlia possa falar de recordaes e eventos agoniantes e da significao da enfermidade. Trata de compreender a sofrida situao da senhora Bolt, de modo que possa dar tambm ela este passo sem angstia nem sentimentos de culpa. A conversa sobre as experincias e os sentimentos agoniantes, que agora se inicia, refora a tenso entre os cnjuges. Ambos tentam restabelecer a homeostase complementar e dominar as dificuldades mediante a discusso habitual. Sobretudo o senhor Bolt parece defender-se contra o duelo que est surgindo, atravs de um spero ataque a sua esposa e o intento de impedir-lhe que d rdea solta a seus sentimentos de dor. O senhor Bolt se sente premiado pelo fato de que os problemas se expressem at o fim. O terapeuta compreende seu apuro e assume positivamente as distintas atitudes dos cnjuges. Assim aborda de forma direta a relao entre os cnjuges, sem designar a um deles como "parte culpada". Agora se precisam as diferentes adjudicaes de papis e coalises da famlia: o pai tem que ser forte (para que no o pisem) e a me dbil. Dentro deste sistema, os filhos esto repartidos entre os pais. A filha maior uma aliada do pai e tem que perseverar em seu papel de forte custa dos componentes femininos e dbeis de sua personalidade. A filha menor, em compensao, est aliada me e a percebe como sensvel e dbil. O precrio equilbrio da famlia se apresenta em parte como conseqncia e expresso desta estrutura. Pode supor-se que as intervenes teraputicas que apontaram a uma modificao mais profunda das relaes familiares desencadearam uma grande angstia. O senhor Bolt introduz uma perspectiva temporal mais prolongada. Segundo esta perspectiva teve uma fase na qual tudo estava em ordem. Se evoca aqui um mito que lhe permita distanciar-se do presente agoniante? Numa interveno, o terapeuta aponta o positivo da situao e em outra, reproduz as diferenas entre os cnjuges de maneira to exagerada que com isto leva o senhor Bolt (quase no sentido de uma interveno paradoxal) a confessar tambm uma certa debilidade - algo que lhe causa muito medo. Desta forma o terapeuta no s obtm novas informaes sobre a estrutura familiar, mas tambm prepara o terreno para passos posteriores que apontam a uma modificao do sistema. Depois que o terapeuta obteve uma primeira impresso da estrutura relacional e das foras emocionais da famlia, dirige agora a conversao ao tema que no terreno emocional talvez seja mais agoniante: o duelo da senhora Bolt. Com muito sentimento a senhora fala de sua solido, do fato de que at agora no tem podido falar com ningum acerca das perdas. At agora a interveno coerente mais longa da senhora Bolt e depois ela volta a retirar-se rapidamente ao terreno "seguro" da enfermidade. O terapeuta no se deixa distrair e volta s situaes agoniantes. O terapeuta, ao compenetrar-se da situao da senhora Bolt, lhe permite expressar com clareza pela primeira vez a dor que lhe tm causado as perdas. Por sua vez obtm mais informaes sobre eventos biogrficos importantes. Posto que antes apoiou ao senhor Bolt, agora pode dirigir-se esposa, sem que ela ganhe a impresso de no ser tratado com equidade. Em sua luta a senhora Bolt no havia podido dirigir-se ao seu marido. Neste ponto se evidencia o mtuo distanciamento dos cnjuges. Depois o terapeuta inclui diretamente Annette, a filha menor e sensvel e a convida a falar de suas recordaes e assim se inteira de um importante acontecimento familiar, que possivelmente constitua um mito - uma determinada interpretao da realidade, compartilhada por todos os integrantes da famlia (cf. Stielin, 1972). As atuais coalises familiares se mostram agora em uma perspectiva plurigeracional. O av no transmitiu seu pressentimento de morte a seu filho ou sua esposa, mas a sua neta predileta. Isto nos d um indcio sobre dificuldades de entendimento entre pai e filho? O trabalho de duelo exigido pelas numerosas mortes supera a senhora Bolt. Como tem que defender-se contra demasiado duelo, delega a Annette converter-se em portadora de uma parte do duelo que ela mesma no consegue fazer frente. Tambm nisto se expressa uma carncia de individuao relacional no seio da famlia. Por sua vez se torna mais clara a medida do distanciamento entre cnjuges: a senhora Bolt "no podia falar com ningum sobre isto". Eram sobretudo sentimentos agressivos escondidos os que impossibilitavam uma aproximao confiante de seu marido? "Considera que o av tambm pertencia ao tipo duro? So ambos duros por fora e brandos por dentro e por isto a ambos resulta difcil falar de seus sentimentos?" O terapeuta agora entre ativamente nas estruturas verticais transgeracionais. Pelo desvio das experincias de perdas da senhora Bolt e o informe de Annette sobre a morte do av, a conversao sobre a perda sofrida pelo prprio senhor Bolt, tornando o temor dele mais compreensvel, podia ser parecido com o pai e morrer como ele. E como se defende contra o trabalho de duelo mediante um show de insensibilidade; este trabalho de duelo, to urgente, podia constituir uma ameaa tato para a imagem de si mesmo quanto para sua posio na famlia. O senhor Bolt recusa a possibilidade de que poderia tratar-se de uma enfermidade de famlia e de que poderia haver algo parecido entre ele e o pai. A relao entre sensibilidade e propenso a asma que se insinua seria demasiado perigosa para ele. Nesta fase da conversao o terapeuta se ocupa intensamente do pai. Como ao princpio ocorreu com sua esposa, a princpio o acesso a ele possvel atravs da enfermidade. Porm a compreensiva "tomada de partido" do terapeuta permite ao senhor Bolt falar sobre experincias agoniantes em conexo com a enfermidade do pai. O terapeuta antev agora o duplo encargo do senhor Bolt: cuidar de seu pai cronicamente enfermo e por sua vez ver e descobrir sua doena como uma - legitimamente orgnica - seqela de guerra. Isto talvez nos d uma referncia sobre o motivo por que ele tem que aparecer como o forte e insensvel: assim cumpre com o legado de fazer intocvel a "honra" de seu pai. H a impresso de que o senhor Bolt se exige tanto quanto sua esposa, na medida em que seu temor a mostrar-se dbil apenas pode contar com ajuda e fora de parte dela. Depois de informar-se sobre as condies de vida real, volta relao do casal. Menciona o problema principal: o senhor Bolt no pode contar, em sua super-exigncia com o apoio da esposa. Para tentar as possibilidades de uma modificao do sistema, o terapeuta oferece questionar o rtulo de sensvel imposto mulher, a qual o senhor Bolt ainda no aceita. Quanto maior a tendncia do senhor Bolt a confessar sua emotividade e sensibilidade e deixar de jogar o forte e robusto, tanto mais agressivas so suas reaes contra a esposa. Aqui se mostra a dialtica paradoxal de fora e debilidade: sua prpria debilidade constitui para o senhor Bolt uma ameaa to grande que tm que combat-la rejeitando-a agressivamente em sua esposa (identificao projetiva). Ante sua agresses a senhora Bolt comea a chorar, com o que demonstra s claras seu poder, que lhe proporciona sua debilidade: em vista de seus estados depressivos se sente impotente: como vtima ela se situa no brao mais longo do palanque da culpa. Depois da interveno ativa do terapeuta encaminhando a conversao situao conflitiva atual, se destaca um aspecto at agora negado pelos cnjuges: a debilidade e depresso do homem e a fora de mulher em seu papel de vtima. Depois de haver-se ocupado da famlia do senhor Bolt, o terapeuta dirige a conversa famlia de sua esposa. Comea perguntando pelas enfermidades da famlia; o que fcil para ela responder. Nesta fase da conversao, o terapeuta intervm pouco; em compensao anima aos cnjuges a que eles mesmos falem do passado, o que fazem menos entre eles e mais com o terapeuta. Assim fica claro o encargo essencial dado pelos pais a senhora Bolt: ela devia assumir a granja depois que o irmo voltou da guerra. Tem-se a impresso de que sentia que isto lhe exigia demasiado, porm no podia confess-lo. Os encargos e contas correntes da senhora Bolt ficam claros luz da perspectiva plurigeracional. Ela era a nica s da famlia. Por isto padeceu de forte culpabilidade de subservincia. Para poder apagar sua culpa devia estar forte e s, ao preo de uma super- exigncia crnica e falta de estima de sinais de alarme que indicavam um esgotamento e justificadas necessidades regressivas. O senhor Bolt reage diante da histria da esposa com uma mescla de compreenso e medo. O distanciamento entre os cnjuges se demonstra em grande parte como resultado de sua ligao a suas respectivas famlias de origem. Ele reafirma sua impotncia diante da dor da esposa ("s ela mesma, ningum mais pode ajud-la"). O terapeuta pergunta senhora Bolt por que lhe to difcil confessar seu estado e desejo e descanso e com esta pergunta capta uma parte importante da estrutura relacional encoberta. O "poder de dbil" se manifesta no fato de que ela no confia em entregar a direo a seu marido e assim o mantm em contnua dependncia, enquanto ela mesma se sente muito importante. Torna-se patente que os cnjuges causam um ao outro os mesmos prejuzos que sofreram em suas respectivas famlias de origem. Noutro momento, o terapeuta tenta intervir na relao com um conselho prtico, porm fracassa. Por qu a famlia no aceita os conselhos prticos do terapeuta? Eles haviam provado todas as possibilidades sugeridas, sem que a situao mudasse. evidente que a me no permite se redimir do seu papel de vtima. Isto mostra tambm que ela segue controlando a empresa de modo indireto desde seu leito de enferma. difcil suprimir a paralisia complementar do clinch maligno no qual se encontra o sistema. O terapeuta depois se dirige s filhas, para comprovar que elas esto envoltas no conflito dos pais. Elas tm um conflito de delegao que as explora; se lhes confiam tarefas que no correspondem nem s capacidades nem s necessidades prprias de sua idade. A diviso dos papis pai forte/ me frgil se cimenta com a ajuda das filhas. Estas compartilham da carga dos pais: Brigitte tem que negar seus componentes frgeis e brandos para conseguir o afeto do pai, enquanto que Annette (que resulta muito infantil para sua idade) apenas d uma possibilidade para um desenvolvimento independente. De modo paradoxal o terapeuta resiste explorao das filhas exigindo-lhes um rendimento ainda maior. Ajuda a converter seus pais em melhores pais; atua assim no mais prprio interesse delas e prepara o terreno para uma separao e auto-evoluo das filhas adequada sua idade. Ficam claras outras funes que tm as filhas para com os pais: Brigitte d me a possibilidade de exteriorizar sentimentos agressivos que aparentemente se dirigem ao pai (desprezo a um objeto distinto). Assim o conflito entre os cnjuges se mantm dentro de limites tolerveis e se conserva o lbil equilbrio da famlia. Sobre a base da delegao paterna, as irms vivem o conflito que em realidade devia dirimir-se entre os pais. O pai admite a conduta agressiva de Brigitte, apesar de critic-la abertamente. Fica mais patente de que maneira se delega s filhas e como estas lhes servem de descarga: vivem o conflito paterno e ao mesmo tempo agitam e preocupam os pais, com o qual estes se distraem de seu prprio conflito e cimentam, enquanto encobrem seu "divrcio emocional". Com o reconhecimento encoberto de Brigitte, ambos fomentam inconscientemente a conduta agressiva dela e contribuem s inibies de Annette. As delegaes tm tambm conseqncias na relao das filhas com seu giro. Os paralelos entre filhos e pais ficam mais ntidos: a forte Brigitte consegue expressar suas agresses e construir uma imagem de fortaleza e capacidade, porm arrisca o desprezo do giro. Com a pequena Annette ocorre o contrrio. Esta problemtica ocorre em vrias geraes. Tanto os avs quanto os tios esto enredados com as filhas. A conversao abriu uma nova perspectiva: os conflitos da famlia nuclear podem observar-se no "plano vertical intergeracional". Sentimentos de injustia, inveja e cimes pesam sobre a relao entre as filhas e entre elas e o grupo de sua idade. sobretudo Brigitte a que sente a injustia e a formula. O terapeuta facilita a expresso destes sentimentos. Porm Brigitte no pode livrar-se da explorao e parentificao sem entrar em conflitos de lealdade feita aos pais. O terapeuta intervm no sistema estancado dando a um dos membros da famlia a oportunidade de expressar abertamente as injustias e os prejuzos sofridos. Desta maneira indica tambm aos pais que tais exteriorizaes no so necessariamente perigosas. Isto podia ser o primeiro passo para "descobrir e saldar as contas de culpas e mritos". Para a me a ordem na casa de suma importncia. Isto demonstra em parte sua habilidade porm assinala que ela deve manter quase de maneira compulsiva o sistema no qual vive. Tambm corresponde carga de educao, enquanto que o pai se situa na periferia. O terapeuta ao retomar a questo da bofetada ( a me teria ameaado bater em Brigitte), tenta restabelecer as necessrias fronteiras entre as geraes. Assim se quita um peso a Brigitte e a restabelece no papel que corresponde a sua idade. Ao mesmo tempo se oferece a senhora Bolt possibilidades mais construtivas para interromper o crculo infernal: agresso reprimida - lgrimas - enfermidade. Na educao das filhas, os pais no tm a mesma corda; em vez de fortalecer mutuamente sua autoridade, o senhor Bolt desqualifica sua esposa em presena das filhas. O terapeuta no reconhece as mtuas desvalorizaes dos cnjuges; antes, sugere ao pai fazer algo por sua esposa e achar caminhos que possibilitem que ela se despoje de seu enfado sem que se lhe "destrocem os intestinos". Ele tambm tiraria um peso de cima de Brigitte e a liberaria de seus sentimentos de culpa em relao enfermidade da me. "Brigitte, que faz voc para que sua me possa dar-lhe uma bofetada?" Com esta interveno paradoxal, o terapeuta descarrega ainda mais Brigitte. Valoriza positivamente a preocupao dela com a me. Com a prescrio simblica da bofetada traa limites claros entre as geraes ( o qual incita a uma educao mediante golpes). O senhor Bolt sente-se acossado pelo que ocorre entre elas, mas no pode expressar seus sentimentos com palavras, seno indiretamente atravs de aes. Para ajudar sua esposa a no destroar intestinos, sugere-lhe a terapia do sono, o que uma surpresa a rao dele. Podia ser que com a proposta de dormir a sua esposa esteja reagindo antes as modificaes do sistema que se insinuam? Pareceria que conscientemente aprova que sua esposa se endurea porm a proposta aponta em direo oposta. Ou ser talvez seu desejo de fazer dormir esposa a expresso de sentimentos agressivos contra ela? A proposta parece ambivalente. Por sua vez Annette se compadece de sua me que no se defende por si mesma, e ataca ao pai. Por que estende a reprovao irm? um desquite geral ou quer voltar a desviar a culpa do pai? Com as reprovaes de culpa e as obrigaes de lealdade temos alcanado um ponto dos mais importantes e difceis da conversa. Depois das reprovaes, o pai assinala os mritos de Brigitte. Inicia uma recontagem de culpas e mritos. O terapeuta fixa um limite e introduz a fase final da conversa. Comea a perceber-se certa hesitao diante da perspectiva de continuar com as conversas familiares. O terapeuta tenta animar para prosseguir o tratamento, reconhecendo expressamente a sinceridade da famlia e acentuando os aspectos positivos e construtivos da conversa. Prossegue a elaborao do contrato teraputico. Ao final da sesso o senhor Bolt manifesta claramente quanto anseia a comunho com sua esposa, ainda que no possa express-lo seno de maneira indireta atravs do desejo de ter atividades comuns. O pai resulta um construtivo advogado a favor de um contrato teraputico. A me se retrai parcialmente a uma compreenso org6anica da enfermidade, compreenso que o prprio terapeuta aceita. O forte desprezo inicial da conversa por parte do senhor Bolt foi convertido no curso da sesso em uma atitude ao menos expectativa. O terapeuta no celebra o contrato para posteriores sesses unicamente com os pais, inclui as filhas; clareia em que horrio podem comparecer todos os integrantes da famlia. Desta maneira, por uma parte aponta a importncia de todos os membros da famlia; por outra, tenta evitar que possa atribuir-se a um membro eventualmente a culpa de no assistncia. Ao final, o terapeuta d graas famlia. Assim volta a reconhecer expressamente o mrito de haver-se submetido a esta difcil situao.
Cap. 8 - - Discusso de caso A histria familiar da senhora Bolt revela que ela nasceu quando seus pais tinham 40 e 42 anos (me mais velha) de idade ela com 20 a 25 anos de diferena entre seus irmos. O irmo voltou invlido da guerra, sua irm morreu jovem deixando dois filhos e ela ficou culpada por no ter ajudado mais e se tornou a nica sobrevivente saudvel, com sentimentos de obrigao para com seus pais, no sentido de cuidar da granja familiar. Aos 20 anos conheceu seu futuro esposo, mas casou apenas quando o irmo casou e resolveu assumir a granja. Viveram na casa d esposo com os sogros e a me da sogra num antigo hotel. Dois anos depois nasce Brigitte e dois anos alm nasce Annette, quando a me teve complicaes e extraiu o tero. O esposo era mimado pela me e as mulheres disputavam o controle da casa, que a senhora Bolt ganhou quando recebeu uma espcie de herana e reformou todo o antigo hotel. A famlia adquiriu equilbrio frgil nos anos seguintes, com fortes tenses, poucas alegrias e muito trabalho. Ela se sentia abandonada e incompreendida pelo marido. Entre 72/73 ocorreram as mortes dos sogros e sua me e ela contraiu a doena intestinal. A situao atual da famlia mostra uma diviso extrema de papis, submetida a forte tenso. A relao aparece como estancada nesta convivncia extrema e complementar entre uma mulher dbil, sensvel e incapaz de enfrentar a vida e depressiva e um homem forte, frio e combativo (clinch maligno). O giro apoia e estabiliza a complementaridade dos papis atravs de simpatias e compassividade com uma ou outra das partes. A senhora Bolt no to frgil como mostra sua histria e o marido no to forte pois parece no Ter condies de administrar o hotel. Porm admitir isto inaceitvel para ambos, pois implicaria sentimentos de culpa por parte da esposa e a confisso de fragilidade por parte do marido. Quanto ao papel das filhas, cada uma parece identificada com um dos pais. Brigitte com o pai e com cimes da irm, frgil como a me e protegida pelos pais . Apenas falam entre si, como os pais e dependem do apoio deles de modo que o apoiam no caso de disputas entre o casal. Tm culpa a respeito da outra e sobre o outro pai no apoiado, marcando a relao por conflito de lealdades. Na hiptese de dinmica familiar se encontra o crcere familiar: expresso de enganche maligno, isto , uma forma de reciprocidade negativa. A famlia no dispe de nenhuma margem para um jogo criativo e fantasioso; no para nenhum dos membros o lugar de refgio ou de dilogo sincero e compreensivo. Ao contrrio passam o tempo elaborando planos de fuga, sonhando com a boa vida de fora e glorificando recordaes do passado. O clima de crcere familiar fomenta o desenvolvimento de uma personalidade psicossomtica. So caractersticas deste quadro as vivncias determinadas pelo apego ao concreto e a pobreza imaginativa e sentimental, assim como a excessiva adaptao, a desesperana e a perturbao da capacidade de internalizar relaes, superficial e dependente da presena real do outro. Na dinmica relacional, quanto individuao relativa, ela se reconhece pelo potencial de dilogo, isto , pela capacidade de delimitar-se, suportar uma delimitao e seguir em um contato emptico com o outro e aqui ambos os pais haviam sofrido perturbaes da individuao na famlia de origem. Na qualidade de "benjamim da famlia" a senhora Bolt era a depositria dos desejos de proteo e independncia de sua famlia emocionalmente empobrecida. Quanto delegao, na qualidade de filha nica saudvel tem que assumir os filhos perdidos diante dos pais que, incapazes de elaborar a luta, se submetem f. Como sente-se explorada, faz sua primeira somatizao. Na ligao, como benjamim da famlia est ligada de modo regressivo, pela culpa de no Ter cuidado mais da irm e ento assume a granja, porque sente a enorme importncia que tem para os pais. Na culpa e mrito suas contas correntes de culpa so saldadas pela profunda lealdade aos pais. Casa-se apenas quando o irmo resolve administrar a granja. Dedica enormes esforos a vida material do casal e acusa o marido pela sua explorao enquanto tambm o trata como "menor de idade". E atribuem s filhas os conflitos existentes na famlia: dureza - independncia - atividade versus debilidade - dependncia - passividade. No centro da constelao desencadeante da enfermidade, ao precisar assumir o hotel o casal se defronta com seus pontos mais fracos: l) sua incapacidade de elaborar perdas e 2) a incapacidade para a independncia. Todos os participantes so completamente conscientes do conflito (as perdas) pela qual tm um carter ftico- existencial muito mais forte que, por exemplo, as fantasias neurticas. Da se produzir uma doena somtica ao invs de outra neurtica. No atua sobre mecanismos cognitivos tambm. A perturbao se situa no plano afetivo-emocional.
Cap. 9 - Os testes familiares: Rorschachetat Neste captulo so introduzidos os resultados do teste da famlia Bolt, incluindo algumas informaes tericas sobre os mesmos. Trs grupos de investigadores norte-americanos (Bateson,1972; Lidz, l956; Wynne, 1968) bem como o grupo de Laing na Inglaterra em 1965 colocaram a pedra bsica para um diagnstico de orientao relacional. Enquanto as construes de diagnstico psiquitrico tradicional classificam aos indivduos em separado, uma avaliao interpessoal tenta compreender as aes recprocas entre dois ou mais indivduos. H dois tipos de testes: didicos e multipessoais. Por dades entendemos matrimnios, pares de irmos ou pai - filho e neste caso o investigador se retira e se converte em observador calado quando h um espelho unidirecional. Os procedimentos multipessoais compreendem pai - me - filho at os grupos trigeracionais, que consistem na famlia nuclear e os avs. O caso da famlia Bolt est orientado nos trabalhos de Singer baseado num marco referencial de Hassan. No teste projetivo coletivo todos os membros de uma famlia so convidados a participar no desenvolvimento de uma fantasia compartilhada por todos. O processo de resposta pode considerar- se desde duas distintas: centrado nas tarefas ou nas relaes. A perspectiva centrada na tarefa se expressa na comunicao verbal; mostra como os membros de uma famlia se pem de acordo na consecuo de um objetivo comum, como tratam os desacordos e se conseguem um consenso. A perspectiva centrada nas relaes introduz no campo visual planos de metacomunicao, o clima emocional e as diferenciaes de papis entre os membros da famlia. Os testes projetivos sensibilizam o investigador para interaes que fomentam os sintomas, para recursos para dominar o conflito e para o grau de diferenciao individual (individuao relacional) no interior da famlia. Proporcionam pontos de partida para o prognstico a longo prazo e para a planificao de uma terapia familiar. As categorias micro-analticas de "contedo" e "fluxo de interao" se referem respectivamente ao plano de tarefas e ao das relaes da conversa familiar. As categorias de "texto" e "forma" no Rorschach versus "ao" e conflito central" no TAT esto determinadas pelo prprio carter diverso dos tipos de estmulo. A categoria "fluxo de interao" designa o modo como os membros da famlia se comunicam entre si. A categoria "tomada de decises" compreende a contribuio dos diversos membros da famlia a um dilogo contnuo e fludo. A maneira como se tomam decises expresso da capacidade de desenvolver um marco referencial comum e de compartilhar idias, em que pesem as opinies distintas. A categoria "consenso" representa uma medida da eficcia da soluo de um problema. A categoria "autoria"(quem expressa primeiro uma idia?) um ponto de partida relativamente bom para a determinao de diviso intrafamiliar de papis, quando se relaciona com processos de interao diversos. O ponto de partida para uma diferenciao dos papis o dos subsistemas "casamento" e "pais - filhos". Outros fatores centrais da estrutura familiar dos papis so as diversas atribuies de papis (porta-voz, membro calado, testa de ferro, bode expiatrio, etc), a distribuio de poder (desde a posio de mando at o outsider) e as inverses de papis entre os cnjuges ou entre as geraes (por exemplo, parentificao de filhos). So importantes as perguntas: Quem e como introduz cada resposta (jogada de abertura)? Quem sintetiza tudo? Quem coincide ou discorda da opinio de quem? Quem desvaloriza que coisa? As respostas a tais perguntas permitem concluir quais membros da famlia se apoiam mutuamente e acerca de formaes de frentes. O consenso que confere ao intercmbio de opinies uma forma acabada, reflete a capacidade dos membros da famlia de conciliar seus pontos de vista e manter uma conversa razovel em comum. Cabem aqui perguntas como: coincidiram todos os membros da famlia numa determinada soluo? Estiveram em condies de reconhecer e manejar diferenas de critrio? Quais processos de intercmbio precederam o resultado? A categoria "contribuies afetivas" abarca as manifestaes que tm conseqncias para a atmosfera emocional. Finalmente, as categorias de "produtividade" e "convencionalidade" dos contedos mostram em ambos os testes as influncias no sentido de uma maior ou menor conformidade com os valores standard, assim como o predomnio de uma relativa flexibilidade e multiplicidade dos pontos de vista. Uma avaliao qualitativa em relao ao contedo, fluxo interacional e contribuies afetivas permite avaliao do rendimento familiar como um todo e do grau de individuao dos diversos membros. As interrupes no processo de resposta podem ser entendidas como sintomas de medo e como indcios de zonas de perigo. As instrues so: "Primeiro vou ler em que consiste o teste: Quero pedir-lhes que resolvam uma tarefa em conjunto, como famlia. Trata-se de que cada um de vocs diga como podia ser isto que est na lmina. H dez lminas. Distintas pessoas podem ver coisas muito diferentes. A tarefa consiste em que tentem por-se de acordo em uma s relao. Quando terminem com uma lmina deixem-na na mesa e colham por sua conta a lmina seguinte. Tm um mximo de cinco minutos para cada lmina. Podem comear". A anlise do teste prev como a famlia pode ver-se como uma unidade, na conduta verbal e no verbal de cada um dos membros e tem um significado e um efeito regulador. A interpretao se articula nas sesses seguintes: l. sinopse das diversas partes da conversa No caso, a famlia fica desconcertada com a lmina l. Brigitte d as respostas primeiro, enquanto a famlia completa as respostas dela e se consolida com o papel de condutora e mediadora, que tenta fomentar a cooperao e o reconhecimento mtuo entre os membros da famlia. Os pais sustentam repetidas vezes opinies contraditrias, sem que aclarem suas dissenes. Na ltima lmina do TAT no conseguem concluir, o que pode indicar um certo "explorar-se a si mesmo" e temor ao final da entrevista, gancho para uma terapia. 2. caractersticas na famlia Aqui considera-se os seguintes aspectos: a) o estilo familiar comum A orientao na realidade e adaptao da famlia se acha restringido. A maneira de ver o mundo convencional. Todas as seqncias de respostas finalizam com um breve intercmbio de palavras, de modo claro e concludente, mas carente de associaes vivas e enriquecedoras. b) os pais Complementam-se como casamento no estilo cognitivo- comunicativo. Ele deprimido e hostil, ocupa-se de coisas irrelevantes, em geral voltadas para ele mesmo. Ela escolhe o silncio, submissa, numa mescla de reprovao e agresso. Ele atrai Brigitte para uma aliana, fazendo-a de rbitro. Annette fechada em si mesma, participa quando includa pelos terapeutas e s vezes, toma partido da me. c) as filhas Brigitte atua como porta-voz da famlia. Segura as lminas e oferece as respostas primeiro. Adolescente precoce, demasiado independente. Annette atua como espectadora complacente. Inibida e insegura. Quando acuada fica em local seguro: no tem nenhuma opinio e pretende no entender nada do que v e ouve. Parecido com o padro da me de ocultar-se atrs da mscara. 3. a famlia como unidade em desenvolvimento 4. observaes resumidas A causa da distncia competitiva e a ausncia de comunicao entre os pais deve-se ao seu distinto modo de experimentar e comunicar as coisas. A senhora Bolt deve aceitar terapia embora boicote com sua discrio (guardar segredos). O senhor Bolt talvez rejeite inicialmente como charlat e busque refgio em reprovaes a esposa e ao terapeuta. Talvez o melhor seja uma equipe de profissionais, um masculino e um feminino. Se no aceitam co- terapia seria melhor um terapeuta masculino. No centro da dinmica familiar fica a pergunta: quem domina quem e de que maneira? Pode supor-se a insuficincia mostrada pelo marido de assumir um compromisso comum com sua esposa e proteger-se contra as ocultas manipulaes dela. Assim protege sua individualidade e integridade. A ela sobra ter que seguir produzindo sintomas. Cap. 10 - - Integrao dos resultados da investigao A terapia: perspectiva de futuro? l. Quais so os conflitos principais da famlia? Pequenas disputas e frio distanciamento. Reprovaes mtuas. Na qualidade de enferma e dbil, a senhora Bolt faz com que lhe neguem o reconhecimento real de sua capacidade sobretudo no negcio. O senhor Bolt forte e capaz de enfrentar a vida apenas administra o hotel quando a esposa se encontra hospitalizada. As filhas so recrutadas como aliadas e entram em conflito de lealdade com os pais e repetem a mesma diviso de papis entre elas. Clima afetivo de hostilidade dissimulada, decepes mtuas, inveja, desamparo. 2. Que foras alimentam estes conflitos? O casal administrava o hotel quando ocorreram cinco mortes ao curso de poucos meses, mortes que no foram superadas. As conseqncias so a enfermidade somtica da senhora Bolt e os conflitos familiares so conseqncia da incapacidade para o duelo. Toda famlia tenta dominar de diferentes maneiras os sentimentos de perda, duelo e abandono, sempre presentes e que teimam por penetrar a conscincia. Ambos provm de famlias mal individuadas na qual persistiram ligaes at a idade adulta. No se desprenderam de seus pais, exceto com a morte. Ambos tm forte necessidade de dependncia e no esto em condies de estabelecer ligaes com outras pessoas. 3. Como podem solucionar-se estes conflitos? O primeiro passo a criao de uma relao de confiana com todos os integrantes da famlia. Sobretudo a partir do princpio de unipartidarismo, a participao do terapeuta a cada um dos membros da famlia, a compreenso e equanimidade tambm com respeito aos acusados, o senhor Bolt e Brigitte. Para elaborar as perdas, o terapeuta no comeo do tratamento pode ocupar o lugar dos objetos perdidos, numa adotando qualidades maternais e paternais. Conseguir uma reaproximao dos cnjuges, dando-lhes com sua atitude compreensiva um exemplo de que podem perceber-se tambm aspectos positivos um no outro. Aproveitar o potencial positivo da famlia consistente numa genuna sensibilidade e empatia no pai, altrusmo nas filhas e experincia e sentido comum na me e ajudar o grupo a adquirir um maior sentimento de valor prprio e a tornar a experimentar-se e reconhecer como comunidade. Depois iniciar o verdadeiro processo de duelo, o que pode parecer um retrocesso famlia, com a experincia de sentimentos de pena e dor. A reelaborao do duelo em comum acompanha uma modificao de todo sistema familiar, tendo especial importncia o grau de individuao relaciona, quando o terapeuta apoia aos integrantes da famlia em seus esforos de autodelimitao e a suportar a delimitao dos demais. Fomenta o dilogo de relao e comunicao com o qual prospera uma reciprocidade positiva na famlia. Aprendem a escutar os demais, a sintonizar com sua longitude de onda e a manejar situaes controvertidas: aprendem a aproximar opinies divergentes como a sustent-las e reconhec- las nos demais. A mudar as ligaes externas baseadas no mimo, a infantilidade e os sentimentos de culpa em ligaes internas: aprendem que podem seguir no caso de uma separao espacial. Trabalham os encargos que os pais transmitem s filhas, os conflitos de lealdade e os encargos surgidos por delegaes contraditrias e coalises com necessidades prprias da idade e eventualmente redistribuir as cargas. Por fim, descobrem-se e renegociam as contas correntes de culpas e mritos. Quem faz algo positivo ou negativo para quem no seio da famlia? O doador deve obter uma oportunidade para saldar sua dvida. Prescries ou indicaes de reparaes simblicas ou reais por parte do terapeuta podem fomentar este processo. Reflexes adicionais sobre a terapia Todos os objetivos e tarefas teraputicos descritos: reaproximao dos pais, elaborao do duelo, descobrimento das delegaes patolgicas e saldar de contas se inserem no modelo "cura por encontro" que determinava nosso trabalho por ocasio da primeira entrevista. Depois da primeira conversa continuamos vendo a famlia em outras cinco sesses ao longo de trs meses. Logo Brigitte nos informou que a famlia no podia vir pois estava ocupada com o hotel. Quatro meses mais tarde o terapeuta telefonou e falou com o pai, que se alegrou e na prxima sesso as filhas no vieram. A me estava melhor de sade, tratando-se regularmente com um curandeiro. A relao do casal havia mudado. A senhora Bolt j no condescendia em tudo. Contratara mais pessoas. O senhor Bolt parecia mais depressivo e inseguro que antes. No se notava quase nada de sua fora inicial. Havamos conseguido uma cura do sintoma sem modificao do sistema familiar patolgico subjacente. Por isto perguntamos se no teria sido mais adequado o mtodo de "cura por modificao do sistema"? para isto, ao invs de procurar um "encontro existencial" , uma confrontao, ocupar-se nas questes familiares fundamentais (perdas, duelo, injustia, etc) e o descobrimento e interpretao de conflitos familiares ocultos, deveramos limitar-nos a recolher informaes sobre as relaes no seio da famlia e a histria destas relaes. Na relao de fora e debilidade, prescrever que toda vez um membro dbil da famlia se torna forte outro membro agora forte, deve debilitar-se para manter o equilbrio. A ameaa de uma crise de enfermidades corporais teria que produzir-se cada vez que houvesse demasiados membros fortes ou dbeis. Este estado de coisas que transgeracional, poderamos inferir j a partir da histria prvia. E prever que as filhas respondem as mesmas leis. Fazer uma interveno paradoxal ao senhor Bolt: que se arriscava a um ataque de debilidade se tentava ajudar sua esposa a recuperar a sade e fora e senhora Bolt que recairiam sobre ela responsabilidades e cargas maiores se podamos ajud-la a curar- se. E neste caso diramos a famlia que vacilvamos em iniciar o tratamento e espervamos que as conversas s seriam necessrias em largos intervalos e considervamos toda melhora sintomtica, todo sinal de fora e sade de parte da me e Annette como motivo de preocupao e no como xito do tratamento. Apreciao pessoal sobre o livro O tema, os assuntos desenvolvidos no decorrer so muito interessantes e me ajudaram num aspecto pessoal e profissional inclusive ampliando e melhorando meu pensamento no enfoque circular. Alguns pontos merecem estudo mais aprofundado pela sua complexidade, como o modelo de "cura por encontro", "cura por modificao do sistema" e "cura por reestruturao ativa".