Pneumonia em Pediatria - Diretrizes
Pneumonia em Pediatria - Diretrizes
Pneumonia em Pediatria - Diretrizes
adquirida na comunidade em
pediatria - 2007
Pneumonias comunitárias para pneumonia.(2) Entretanto, 80% das mortes por IRA é
devido à pneumonia.(3)
A pneumonia adquirida na comunidade é uma das São vários os fatores de risco para as IRA de uma
infecções do trato respiratório inferior. A historia relatada maneira geral e para a pneumonia em particular. Os mais
pela mãe ou cuidador é semelhante ao da bronquite aguda, importantes são a desnutrição, a baixa idade e as co-morbi-
bronquiolite e outras afecções respiratórias. Há um processo dades que, juntamente com a gravidade da doença, podem
inflamatório que é a resposta do hospedeiro ao agente concorrer para o desfecho letal. Outros fatores como baixo
agressor. O quadro clínico é semelhante, independente do peso ao nascer, permanência em creche, episódios prévios
agente etiológico – tosse, febre e dificuldade respiratória. de sibilos e pneumonia, ausência de aleitamento materno,
Devido às dificuldades darealização da radiografia de vacinação incompleta, variáveis sócio-econômicas e variá-
tórax e da interpretação do exame radiológico como aten- veis ambientais também contribuem para a morbidade e a
dimento primário, principalmente em crianças menores, é mortalidade.(5)
aceitável que os critérios clínicos sugeridos pela Organização Atualmente, a estimativa mundial da incidência de
Mundial de Saúde e pela Organização Pan-americana de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) entre crianças
Saúde sejam seguidos nesta diretriz.(1–5) menores de 5 anos é de cerca de 0,29 episódios/ano, que
Na suspeita clinica de pneumonia, chamamos a atenção equivale a uma incidência anual de 150,7 milhões de casos
da necessidade da maior utilização da radiografia de tórax, novos, dos quais 11 a 20 milhões (de 7 a 13%) necessitam
que pode confirmar o diagnóstico e melhorar a decisão de internação hospitalar devido à gravidade.(6)
tratamento.(6–10) Alguns estudos sobre o tema foram realizados no Brasil.
Grau de evidência B A incidência de PAC com diagnóstico clínico e confirmado
por radiografia de tórax foi de 5,66 na cidade de Goiânia
Referências – Goiás.(5) Na cidade de São Paulo, 0,35 casos para cada
1000 crianças necessitaram internação por PAC na mesma
1. OPS. Tratamiento del niño con infección respiratoria aguda. Serie
PALTEX para técnicos medios y auxiliares. N.15, P.3. 1987. faixa etária.(6)
1. OMS/OPS. Manejo de casos de infecciones respiratorias agudas en Ocorreu uma redução do número de hospitalizações
ninos em paises em desarrollo. HPM/ARI/WHO1989;10:2-3. entre 1998 e 2005. As internações recuaram no Sistema
2. Benguigui, Y. Editor. Infecciones respiratorias agudas: fundamentos
Único de Saúde de 571.301 para 403.219 (Figura 1). Oitenta
técnicos de las estrategias de control. Serie HCT/AIEPI-8. Organización
Panamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud, 1997. por cento das crianças internadas tinham menos de cinco
3. World Health Organization. Acute respiratory infections in children: anos. Como acima exposto, esta é a faixa etária de maior
case management in small hospitals in developing countries. WHO/ vulnerabilidade para esta afecção.(8–10)
ARI/90, 5th ed. Geneva: WHO, 1990. Grau de Evidência A
4. Sant’Anna CC, Cunha AJ, Dalcolmo M. Infecções respiratórias agudas
na criança. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1989
5. Gupta A and Doull I. Management and complications of bacterial
pneumonia. Curr Opin Pediatr 2003;13:382-7.
6. Mandell LA, Marrie TJ, Grossman RF, Chow AW, Hyland RH. Canadian 300000
guidelines for the initial management of community-acquired
pneumonia: An evidence-based update by the Canadian Infectious 250000
Diseases Society and the Canadian Thoracic Society. The Canadian
Intenamentos
A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções respirató- Figura 1 - Internação por pneumonia adquirida na comunidade
rias agudas (IRA) por ano.(1) Dessas, apenas 2-3% evoluem entre 1998 e 2005 em crianças com até 14 anos.
Tabela 1 - Agentes mais comumente relacionados a A partir do terceiro dia, devemos considerar
pneumonia adquirida na comunidade em crianças. S. aureus e Staphylococcus epidermidis, além dos
Vírus Vírus respiratório sincicial gram-negativos.
Influenza A ou B Entre um e três meses de vida, além dos agentes
Parainfluenza bacterianos, os agentes da “pneumonia afebril do
Adenovírus
lactente” devem ser lembrados: Chlamydia tracho-
Micoplasma Mycoplasma pneumoniae
matis, Ureaplasma urealyticum e o vírus respiratório
Chlamydia Chlamydia trachomatis
Chlamydia pneumoniae sincicial.(9)
Bactérias Streptococcus pneumoniae Acima dos três meses de idade, por ordem de
Mycobacterium tuberculosis freqüência, os agentes seriam os vírus (respiratório
Staphylococcus aureus sincicial, sobretudo), S. pneumoniae, H. influenzae
Haemophilus influenzae (tipo b e cepas não tipáveis); S. aureus, Chlamydia
spp e Mycoplasma pneumoniae têm relevância ainda
desconhecida, mas sempre devem ser considerados
identificação bacteriológica. A positividade final foi no diagnóstico diferencial.(9)
de 61,8%, sendo, dentre o total de casos, 23,5% Em pré-escolares, a participação do S. aureus
para Streptococcus pneumoniae e 15,6% para reduz-se e, inversamente, o envolvimento do M.
Haemophilus influenzae. Bacilos gram-negativos pneumoniae se eleva paulatinamente a partir dos
foram mais prevalentes (9,8%) que Staphylococcus 4-5 anos. Os agentes bacterianos principais conti-
aureus (1% do total). A mesma distribuição das nuam sendo S. pneumoniae e H. influenzae, mas
bactérias ocorreu em todas as faixas etárias.(4) Outros com progressivo destaque para o primeiro.(9)
estudos nacionais obtiveram os mesmos resultados. Nos escolares e adolescentes, S. pneumoniae
A participação do S. aureus também foi pequena.(5,6,9) continua sendo o agente bacteriano mais freqüente.
Os dados obtidos nos estudos nacionais reproduzem M. pneumoniae e Chlamydia pneumoniae são micro-
os dados mundiais. organismos de prevalência crescente. H. influenzae
Os vírus predominam nos primeiros anos e vão e vírus têm participação reduzida.
deixando lugar para as bactérias Chlamydia pneu- A associação do S. pneumoniae com H.
moniae e Mycoplasma pneumoniae a partir do final influenzae ou com bastonetes Gram-negativos foi
do período pré-escolar.(2,3,7,8) observada, respectivamente, em taxas de 3,9% e
Até três dias após o nascimento provavelmente 2,0%.(4) Salienta-se ainda a possibilidade de ocor-
se trata de pneumonia adquirida intra-útero, sendo rência de etiologia mista em até 25% dos casos de
os agentes etiológicos mais prováveis Streptococcus PAC.(3)
do Grupo B, organismos Gram negativos e Listeria A escolha terapêutica realizada empiricamente
monocytogenes. deve ser baseada em agentes esperados para cada
Tabela 2 - Bactérias mais encontradas em pacientes internados com pneumonia adquirida na comunidade.(6,10)
Bactérias Faixa etária (meses)
1a6 6 a 12 12 a 24 24 a 48 40 ou mais Total
Streptococcus pneumoniae 2 11 9 6 7 35
Haemophilus iinfluenzae 2 4 6 5 3 20
Bacilo Gram Negativo 1 5 2 1 6 15
S. pneumoniae + H. influenzae 0 3 2 1 0 6
S. pneumoniae + Bacilo Gram Negativo 0 2 0 1 0 3
Streptococcus pyogenes 0 0 0 0 2 2
Klebsiella pneumoniae 0 1 1 0 0 2
Salmonella typhimurium 0 0 1 0 0 1
Staphylococcus aureus 0 0 0 0 1 1
Mycobacterium tuberculosis 0 0 0 0 1 1
Quadro 1 - Etiologia das pneumonias comunitárias de 8. Juven T, Mertsola J, Waris M, Leinonen M, Meurman
acordo com a idade. O, Roivainen M et al. Etiology of community-acquired
pneumonia in 254 hospitalized children. Pediatr Infect Dis
Idade Patógeno (ordem de freqüência) J. 2000;19(4):293-8.
RN - 9. McCracken GH Jr. Etiology and treatment of pneumonia.
< 3 dias Streptococcus do grupo B, Gram Pediatric Infect Dis J. 2000;19(4):373-7.
negativo (sobretudo E coli ), Listeria 10. Ejzenberg B Fernandes VO, Rodrigues Neto AJ, Baldacci
sp. (pouco comum no nosso meio). ER, Grisi SJ, Bellizia L et al. Infecções por vírus, bactérias
e mycoplasma pneumoniae em 42 crianças internadas com
> 3 dias Staphylococcus aureus, Staphylococcus
pneumonia aguda. Pediatria. (S. Paulo) 1986;8:141-7.
epidermidis e Gram negativo 11. Jadavji T, Law B, Lebel MH, Kennedy WA, Gold R, Wang
1 a 3 meses Vírus sincicial respiratório, Chlamydia EE. A practical guide for the diagnosis and treatment of
trachomatis, Ureaplasma urealyticum pediatric pneumonia. CMAJ. 1997;156(5):703.
1 mês a 2 anos Vírus, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae (tipo b), H.
influenzae não tipável, S. aureus Aspectos clínicos
2 a 5 anos Vírus, S. pneumoniae, H. influenzae
tipo b, H. influenzae não tipável, As síndromes respiratórias agudas apresentam
Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia sintomas muito parecidos. A história clínica deve
pneumoniae, S. aureus ajudar a separar as infecções do trato respiratório
6 a 18 anos Vírus, S. pneumoniae, superior das infecções do trato respiratório infe-
M. pneumoniae, C. pneumoniae, H.
rior.(1) As pneumonias não se apresentam de maneira
influenzae não tipável,
uniforme, nem quanto aos dados da história,
Adaptado de Jadavji T et al.(11); e RN – recém-nascido.
sintomas e exame físico.(1)
A pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
costuma ser precedida por um quadro de infecção
faixa etária (PAC). Essa diretriz recomenda que sejam viral alta. A mudança de sinais e sintomas do quadro
seguidos os dados apresentados no Quadro 1. viral para o bacteriano pode não ser evidente para
Grau de evidência C os familiares.
Na PAC, o quadro clínico pode ser mais grave, a
Referências febre mais elevada, a prostração mais evidente e a
tosse mais produtiva.(1,2,3)
1. Michelow IC, Olsen K, Lozano J, Rollins NK, Duffy LB,
Ziegler T et al. Epidemiology and clinical characteristics of
A pneumonia afebril não é freqüente e é mais
community-acquired pneumonia in hospitalized children. encontrada em crianças até os 3 meses de idade. A
Pediatrics. 2004;113(4):701-7. intensidade da febre e o comportamento do quadro
2. Korppi M, Heiskanen-Kosma T, Jalonen E, et al. Aetiology
febril podem nos ajudar na distinção clínica. Os
of community-acquired pneumonia in children treated in
hospital. Eur J Pediatr. 1993;152(1):24-30. quadros virais podem apresentar febre superior a
3. Heiskanen-Kosma T, Korppi M, Jokinen C, Kurki S, Heiskanen 39 °C, mas após a diminuição da temperatura com
L, Juvonen H et al. Etiology of childhood pneumonia: anti-térmicos ou banhos térmicos, apresenta uma
serologic results of a prospective, population-based study.
Pediatr Infect Dis J. 1998;17(11):986-91.
grande melhora do estado geral, ao passo que nas
4. Ejzenberg B, Fernandes VO, Rodrigues Neto AJ, Baldacci infecções bacterianas a prostração se mantêm.(1,5)
ER, Belizzio Neto L. Pesquisa da etiologia bacteriana em Toxemia, palidez e cianose acompanham a pros-
102 crianças internadas por pneumonia aguda. Pediat. (São
tração e mostram relação com a gravidade do
Paulo) 1986;8(2):99-106.
5. Camargos PA, Guimarães MD, Ferreira CS. Benzathine caso.(1)
penicillin for unilateral lobar or segmental infiltrates A taquipnéia com ou sem dispnéia é mais encon-
presumptively caused by Streptococcus pneumoniae in trada nos casos de PAC, sendo este o sintoma mais
children 2-12 years old. J Trop Ped. 1997;43(6):353-60.
6. Grisi SJ. Pneumonias bacterianas agudas. In: Rosov T, editor.
importante no seu diagnóstico. Quanto menor for a
Doenças pulmonares em pediatria: diagnóstico e tratamento. criança, mais perceptível será a dificuldade ventila-
São Paulo: Atheneu; 1999. p. 204-14. tória.(1) A taquipnéia, na presença de febre, deve ser
7. Ruuskanen O, Nohynek H, Ziegler T, Capeding R, Rikalainen
reavaliada após a diminuição da temperatura.
H, Huovinen P et al. Pneumonia in childhood: etiology and
response to antimicrobial therapy. Eur J Clin Infect Dis. A tosse é um dos sintomas mais encontrados nas
1992;11(3):217-23. doenças respiratórias, não sendo específica da PAC.
A história de outros episódios de desconforto monia, como também nas grandes atelectasias e
respiratório chama a atenção para doença com nos derrames pleurais.
hiperreatividade brônquica.(6) O frêmito tóraco-vocal estará aumentado nos
Outras manifestações clínicas, tais como irritabi- casos de consolidação e diminuído nos derrames
lidade, cefaléia, redução do apetite e vômitos podem pleurais.(1) À palpação e à percussão, pouco reali-
ser relatados. O meningismo pode ser encontrado zada, podem-se identificar condensações, derrames
nas PAC de acometimento dos segmentos poste- extensos (sinal de Signorelli com macicez na coluna
riores. A dor pleurítica, com respiração entrecortada vertebral nos indica derrame pleural), enquanto que
e posição antálgica, pode ocorrer no derrame a coluna normal à percussão nos indica atelectasia
pleural. A dor abdominal (15%) caracteriza derrame com expansão do pulmão oposto.
pleural mais diafragmático, não sendo infreqüente À semelhança da sintomatologia, podemos ter
o diagnóstico de pneumonias com base em uma exame físico negativo até a identificação da clás-
radiografia de abdômen.(1,2,6) sica síndrome da condensação (frêmito tóraco-vocal
O exame físico e a avaliação geral da criança aumentado, macicez e estertores crepitantes com
devem ser realizados. A modificação do humor, a sopro tubário).(2)
irritabilidade, a falta de atenção ao ambiente, a A radiografia de tórax é utilizada no diagnóstico
habilidade para mamar ou tomar líquidos, a movi- de pacientes com suspeita de pneumonia. A utili-
dade clínica do diagnóstico da radiografia deve ser
mentação, o sorriso e a vocalização devem ser
acoplada ao diagnóstico clínico com exame físico,
observados.
que sempre deve anteceder qualquer exame labora-
No exame físico do aparelho respiratório devemos
torial ou radiológico.(7-11)
identificar a taquidispnéia. A medida da freqüência
A suspeita clínica de PAC ocorre na presença de
respiratória (FR) mostra uma relação estreita com
tosse, taquipnéia sem sibilância e febre.
a gravidade da PAC e com a hipoxemia.(5,10,11) A
A radiografia de tórax pode ser utilizada no diag-
FR modifica-se no primeiro ano de vida, indo de nóstico de pacientes com suspeita de pneumonia.
50 incursões por minuto (ipm) na primeira semana A utilidade clínica do diagnóstico da radiografia
para 40 ipm aos seis meses de idade.(4) A FR deve deve ser acoplada ao diagnóstico clínico com exame
ser medida com a criança no colo do cuidador ou físico, que sempre deve anteceder qualquer exame
sentada. A medida realizada com o estetoscópio laboratorial ou radiológico
pode irritar a criança e aumentar a contagem. Os Grau de Evidência B
valores considerados normais variam de acordo com
a idade: até os 2 meses, FR = 60 ipm; de 2 meses Referências
a 12 meses FR = 50 ipm; acima de 12 meses,
1. Grisi SJ. Pneumonias bacterianas agudas. In: Rosov T, editor.
FR = 40 ipm.(4) Doenças pulmonares em pediatria: diagnóstico e tratamento.
A presença de retração intercostal é um sinal São Paulo: Atheneu; 1999. p. 204-14.
de gravidade da doença e seu achado é indicativo 2. Bethlem N. Pneumologia. 2nd ed. Rio de Janeiro: Atheneu;
de internamento. É mais observado em crianças 1975. p. 159-84: Pneumonias.
3. Ruvinski R, Balanzal MC. Pneumonias bacterianas e virais.
pequenas de até dois anos de idade. O batimento In: Benguigui Y, López Antuñano FJ, Schmunis G, Yunes J.
de asas nasais pode ser observado, assim como a Infecções respiratórias em crianças. Washington: Organização
presença de um estridor expiratório contínuo, Pan-Americana da Saúde; 1998. p. 217-51.
4. Braman SS. Postinfectious cough: ACCP evidence-
decorrente do fechamento das cordas vocais com
based clinical practice guidelines. Chest. 2006;129(1
intuito de elevar a pressão expiratória final, o que é Suppl):138S-146S.
um sinal de gravidade.(4,10,11) 5. Margolis P, Gadomski A. Does this infant have pneumonia?
A ausculta pulmonar varia de acordo com o JAMA. 1998;279(4):308-13
6. Braman SS. Chronic cough due to acute bronchitis:
padrão anatômico e a extensão da pneumonia. Deve ACCP evidence-based clinical practice guidelines. Chest.
ser realizada após a inspeção torácica. O choro pode 2006;129(1 Suppl):95S-103S.
prejudicar a ausculta. Em crianças, é freqüente o 7. Donnelly FL. Maximizing the usefulness of imaging in
children with community-acquired pneumonia. AJR Am J
comprometimento brônquico com estertores finos
Roentgenol. 1999;172(2):505-12.
médios e grossos. À ausculta, o murmúrio vesicular 8. Wilkins TR, Wilkins RL. Clinical and radiographic evidence of
poderá estar diminuído na condensação por pneu- pneumonia. Radiol Technol. 2005;77(2):106-10.
9. Coote N, McKenzie S. Diagnosis and investigation of bacterial Quadro 2 - Classificação clínica da gravidade de
pneumonias. Paediatr Respir Rev. 2000;1(1):8-13. pneumonias em crianças de 2 meses a 5 anos segundo
10. Palafox M, Guiscafré H, Reyes H, Munoz O, Martinez H. a OMS (2005).
Diagnostic value of tachypnoea in pneumonia defined
radiologically. Arch Dis Child. 2000;82(1):41–5. Sinal ou sintoma Classificação
11. Magree HC, Russell FM, Sa’aga R, Greenwood P, Tikoduadua Cianose central Pneumonia muito
L, Pryor J, Wagatakirewa L et al. Chest X-Ray confirmed grave
pneumonia in children in Fiji. Bull World Health Organ.
2005;83(6):427-33
Dificuldade respiratória grave Pneumonia muito
(por exemplo, movimentos grave
involuntários da cabeça)
Incapacidade de beber Pneumonia muito
Avaliação da gravidade grave
Tiragem subcostal Pneumonia grave
Respiração rápida Pneumonia
Classificação da gravidade ≥ 60 rpm em < 2 meses
em pneumonias ≥ 50 rpm de 2 meses a 1 ano
≥ 40 rpm de 1 a 4 anos
O diagnóstico de pneumonia pode se basear em Estertores crepitantes à ausculta Pneumonia
dados clínico-radiológicos.(1,2,3,4) Os dados clínicos pulmonar
são essenciais na prática médica, principalmente Nenhum dos sinais Não é pneumonia
nos países em desenvolvimento. A Organização rpm: respirações por minuto.
Mundial da Saúde (OMS) vem preconizando há mais
de duas décadas a valorização da queixa de “tosse
e freqüência respiratória elevada” como indicativo
de pneumonia em crianças menores de 5 anos. O outros tipos de retração possam estar presentes. É
Ministério da Saúde do Brasil adotou e adaptou importante ressaltar que a tiragem subcostal deve
tais normas, transformando-as em política pública ser evidente, ou seja, não deve haver dúvida de que
de saúde no país há cerca de 20 anos, através da esteja presente e mantida (não intermitente), para
ação de saúde denominada Controle das Infecções que seja associada à gravidade.(7)
Respiratórias Agudas (IRA).(2,3) O Consenso Britânico para o gerenciamento das
A valorização de dados clínicos, acrescidos de pneumonias comunitárias na infância(8) acrescentou
parâmetros objetivos, como a medida da saturação aos parâmetros da OMS a hipertermia (>38,5 °C)
periférica de oxigênio (SpO2), devem ser empre- e separou os sinais presentes em lactentes e em
gados na prática para avaliação da gravidade da crianças maiores. A taquipnéia e a tiragem são
pneumonia. achados do exame físico sempre presentes nos
Um estudo de coorte com 510 crianças de
pacientes com pneumonia grave.(9)
2 meses a 4 anos mostrou, para os pacientes
Além dos sinais de pneumonia muito grave
com mais de um ano, freqüência respiratória
e grave descritos no Quadro 2, também indicam
(FR) ≥ 50 respirações por minuto (rpm) e SpO2
gravidade os sinais de hipoxemia que geralmente
< 96%. Para os menores de um ano, o batimento
precedem a cianose, como sudorese, palidez e a
nasal permitiu identificar, daquelas crianças com
IRA, as que tinham evidência radiológica de alternância entre sonolência e agitação.(6) Os oxíme-
pneumonia.(5) tros de pulso permitem uma mensuração adequada
Os sinais clínicos que são preconizados pela e guardam estreita relação com a pressão parcial de
OMS(6) para a classificação da gravidade de pneu- oxigênio no sangue arterial.(10)
monias em crianças com menos de 5 anos estão A taquipneia e a tiragem subcostal são achados
descritos no Quadro 2. do exame físico sempre presentes nos pacientes
Nesse quadro, basta somente UM sinal ou com pneumonia grave. A procura de hipoxemia
sintoma para se definir a classificação, predomi- por uso de oxímetro de pulso deve ser estimulada,
nando aquela de maior gravidade.(1) garantindo um melhor diagnóstico de hipoxemia,
Notar que a retração que está mais associada racionalizando o uso de oxigênio.
à gravidade da pneumonia é a subcostal, embora Grau de evidência A
pneumonia in the emergency department. Clin Pediatr hilar ocorrem em pré-escolares. Infiltrados reticu-
(Phila). 2005;44(5):427-35.
6. World Health Organization. Pocket book of hospital care
lares ou retículo-nodulares restritos a um único lobo
for children. Guidelines for the management of common constituem a alteração radiológica usual.(1)
illnesses with limited resources. [Acesso em 12 de fevereiro
de 2006-11-29 ] Disponível em: http://www.who.int/child- Radiografia de tórax – pneumonia por
adolescent-health/publications/CHILD_HEALTH/PB.htm.
7. Mulholland EK, Simoes EA, Costales MO, McGrath vírus ou por bactérias
EJ, Manalac EM, Gove S. Standardized diagnosis of
pneumonia in developing countries. Pediatric Infec Dis J. Desde a última década surgiram na literatura
1992;11(2):77-81.
8. British Thoracic Society Guidelines for the Management
artigos que contestam a utilidade da radiologia
of community acquired pneumonia in childhood. Thorax. no diagnóstico diferencial entre processos virais e
2002;57(Suppl 1):i1-24. bacterianos. Uma única revisão sistemática dispo-
9. Bhavneet B, Sahul B, Vandna V. Severe pneumonia in a
remote hilly area: Integrated management of childhood
nível concluiu que a radiografia de tórax apresenta
illness. Indian J Pediatr 2006;73(1):33-7. baixa acurácia para realizar essa diferenciação.(3,4)
10. Rees PJ, Dudley F. ABC of oxygen: Oxygen therapy in chronic Baseado em estudos conduzidos em países
lung disease BMJ. 1998;317(7162):871-74.
desenvolvidos, pelo menos dois consensos interna-
cionais concluíram que a radiologia apresenta baixa
Investigação radiológica e sensibilidade para o diagnóstico etiológico, classifi-
cando-a como um indicador deficiente para orientar
laboratorial a decisão terapêutica.(5,6)
A radiografia de tórax não deve ser solicitada
Radiologia para o controle de cura de pneumonia adquirida na
comunidade (PAC).(1,6)
É imperativa a análise conjunta das anorma-
A comprovação de PAC é feita pela radiografia
lidades radiográficas e clínicas. A radiografia de
de tórax.
tórax confirma o diagnóstico de pneumonia, avalia
Grau de evidência A
a extensão do processo e identifica complicações.
Sua indicação deve justificar-se clinicamente e a O uso de critérios clínicos e radiográficos
sua interpretação procedida de forma sistematizada para a distinção de pneumonia viral e bacteriana
e minuciosa, a começar pela análise da qualidade da pode ajudar a reduzir o uso desnecessário de
técnica radiológica, pois exames de má qualidade antibióticos.
levam a diagnósticos equivocados. Grau de evidência C
De um modo geral, nas pneumonias exclusiva- A radiografia de tórax não deve ser solicitada
mente virais, predominam espessamentos brônquicos para o controle de cura da PAC.
e peribrônquicos, infiltrados intersticiais, adeno- Deve ser solicitada na pesquisa de complicações
patia hilar e parahilar, hiperinsuflação e atelectasia; da PAC e na sua resolução.
procurar sempre distinguí-las da consolidação Grau de evidência C
bacteriana.(1) Por vezes, se verifica a dissociação
entre os quadros clínico e radiológico, ou seja, um Diagnóstico laboratorial
paciente oligossintomático com alterações radioló-
gicas relativamente floridas e vice-versa.
Por sua vez, as pneumonias bacterianas apre- Exames inespecíficos
sentam-se com padrão alveolar segmentar ou lobar,
broncograma aéreo, abscessos, pneumatoceles, Leucograma global e diferencial
espessamento ou derrame pleurais(1) e imagens
arredondadas.(1,2) Como ocorre para a radiologia, a contagem de
O Mycoplasma pneumoniae determina alterações leucócitos, neutrófilos e bastonetes tem pouco valor
radiológicas mistas, ora assumindo “padrão” viral, na distinção entre processos virais e bacterianos, e
ora bacteriano, ou ambos. As consolidações são mais a sua realização rotineira não é recomendada. Para
freqüentemente vistas em escolares e adolescentes, pacientes hospitalizados, a leucometria deve ser
ao passo que infiltrados intersticiais e espessamento solicitada.
A presença de eosinofilia nos casos de pneu- uso inapropriado de antibióticos. Os vírus podem
monia afebril pode sugerir infecção por Chlamydia ser identificados por vários métodos diagnósticos:
trachomatis. enzimaimunoensaio, detecção de anticorpos por
O leucograma não deve ser realizado como rotina fluorescência indireta, reação de cadeia de poli-
para pacientes tratados ambulatorialmente. merase e cultura do vírus. Em geral, preferem-se
Grau de evidência A métodos que forneçam o resultado com maior
Para pacientes internados, o leucograma deve rapidez e que tenham uma sensibilidade e especifi-
ser realizado. cidade aceitáveis (90% e > 95%, respectivamente).
Grau de evidência C Por isso, utiliza-se mais a detecção de antígeno viral
e o isolamento do vírus, enquanto testes sorológicos
Proteína C-reativa são utilizados quando os métodos de identificação
rápida não forem disponíveis.
A dosagem de proteína C-reativa ainda esbarra
É importante salientar que, para a detecção do
na definição do ponto de corte para sua concen-
vírus, a coleta do material deve ser realizada o mais
tração sérica. Korppi e colaboradores demonstraram
precocemente possível após o início da infecção.
que a sua concentração situou-se entre 21,5 mg/L e
A pesquisa de vírus na secreção nasal deve ser
60,3 mg/L em pneumonias virais e entre 53,9 mg/L e
realizada, desde que esteja disponível na unidade
126,0 mg/L na pneumonia pneumocócica, havendo,
de tratamento.
portanto, uma superposição de valores que ainda
Grau de evidência C
impede a distinção baseada na sua determinação
isoladamente.(7) Técnicas invasivas
Não é recomendada a utilização rotineira da
dosagem da proteína C reativa Pelo seu caráter invasivo, as técnicas com
Grau de evidência C elevados índices de recuperação bacteriana, tais
como a punção aspirativa e o lavado broncoalveolar,
Exames específicos têm aplicação apenas em protocolos de pesquisa
e em pacientes selecionados como, por exemplo,
aqueles que requeiram internação em centros de
Hemocultura
tratamento intensivo.
Para o diagnóstico etiológico dos quadros As técnicas invasivas devem ser realizadas
bacterianos, o exame disponível no nosso meio é em pacientes que não estejam respondendo ao
a hemocultura. Seu baixo rendimento (taxa de tratamento.
isolamento média de 10%) talvez induza o clínico Grau de evidência C
a evitar a sua solicitação. Entretanto, mesmo que
sua contribuição seja limitada para um paciente em
Teste de aglutinação de
particular, a reunião de dados de diversos pacientes partículas de látex
fornece informações epidemiológicas vitais para a
Esse método é realizado em amostras de urina
prática clínica, não apenas pela identificação bacte-
e de líquido pleural e baseia-se numa reação de
riana, como também para a elaboração dos perfis de
aglutinação simples, visível a olho nu, entre os anti-
sensibilidade aos antimicrobianos dos germes nela
corpos que compõem o kit e os antígenos capsulares
isolados. Por esses motivos, ela deve ser solicitada
bacterianos.
rotineiramente para os casos hospitalizados.(5)
Os produtos comerciais disponíveis contêm
É recomendada a realização da hemocultura
antisoros anti-pneumococo (tipo omniserum) e
para todos os casos hospitalizados.
anti-hemófilo tipo b. Além de não necessitar de
Grau de evidência C
pessoal especializado, proporciona resultados em
Pesquisa de vírus respiratórios até 24 horas e tem a grande vantagem de não sofrer
influência do uso de antibióticos se estes tiverem
O diagnóstico de infecção viral em pacientes sido utilizados em até cerca de cinco dias antes da
hospitalizados é benéfico para orientar as precau- realização do exame. Entretanto, ainda são escassos
ções de controle de infecção hospitalar e limitar o os estudos avaliando este método.
Em um estudo utilizando amostras de urina clínicos. Pode persistir por vários anos após uma
concentrada de 44 crianças com pneumonia e de infecção aguda.(9)
62 controles sadios, o teste revelou sensibilidade, A confirmação diagnóstica através deste
especificidade, valor preditivo positivo e valor predi- método requer uma segunda coleta no intervalo
tivo negativo iguais a 77,3, 90,3, 85,0 e 84,8%, de duas a três semanas. A elevação dos níveis de
respectivamente.(8) Em outro estudo conduzido anticorpos em quatro vezes, entre a primeira e a
por autores nacionais, a sensibilidade média foi de segunda amostra, firma o diagnóstico de infecção
73,0% em 115 crianças com pneumonia.(9) por M. pneumoniae. Caso o paciente seja avaliado
A reação de aglutinação na urina ou em líquido na fase de resolução, a queda dos títulos dessas
pleural pode ajudar no diagnóstico etiológico imunoglobulinas na mesma proporção também
Grau de evidência C permite confirmar o envolvimento do pató-
geno referido. Quando os títulos estão elevados
Exame citobacteriológico do escarro e superiores a 1:80, e principalmente 1:160, o
A pesquisa do Gram em escarro e a cultura de diagnóstico pode ser feito baseado numa simples
escarro não são realizadas rotineiramente por ser coleta.
de difícil obtenção na criança, mas se a amostra A reação de fixação de complemento tem sensi-
for de boa qualidade (ou seja, deve conter mais bilidade de 71% e especificidade de 80%, o que
que 25 polimorfonucleares/campo e menos que revela uma proporção não desprezível de reações
10 células epiteliais/campo) pode auxiliar no falso-positivas e falso-negativas.(10)
diagnóstico etiológico. Sua interpretação é difícil
devido à contaminação por germes da orofaringe. A Enzyme-linked immunosorbent assay
presença de um único tipo de bactéria pode sugerir O método surgiu no início dos anos 80 e atual-
o diagnóstico. mente é o principal recurso utilizado. A técnica
A pesquisa de Gram e a cultura do escarro não identifica a IgM anti-M. pneumoniae e dispensa a
são recomendadas rotineiramente. realização da segunda coleta. Tem sensibilidade de
Grau de evidência D 92% e especificidade de 98%.(10)
A pesquisa de anticorpos para M. pneumoniae
Diagnóstico laboratorial das pneumonias ajuda na pesquisa do agente etiológico, não ajuda
por M. pneumoniae e Chlamydia na decisão de tratamento
pneumoniae Grau de evidência D
Mycoplasma pneumoniae
Chlamydia spp
Anticorpos específicos das classes A, G e M são
Há vários testes sorológicos para M. pneumo-
pesquisados através de diferentes técnicas, entre
niae que utilizam diferentes métodos e antígenos.
elas a reação de fixação de complemento, imunoflu-
Neles são detectados os anticorpos imunoglobulina
orescência indireta, enzyme-linked immunosorbent
G (IgG) e IgM. A IgM aparece sete a dez dias após o
assay e microimunofluorescência . Os anticorpos
início da infecção e a IgG não está presente na fase
específicos da classe A podem estar elevados ou não
aguda mas é detectável três semanas após o início da
nos pacientes com pneumonia por C. trachomatis
infecção. Os dois testes sorológicos mais freqüente-
e por isso são pouco utilizados. A IgG sérica é útil
mente utilizados são os de fixação de complemento
apenas quando realizada nas fases aguda e conva-
e o enzyme-linked immunosorbent assay.
lescente. Desta forma, o diagnóstico baseia-se na
Reação de fixação de complemento análise da IgM. Uma outra opção é o uso da polime-
rização em cadeia (polimerase chain reaction).(9,11)
O nível do anticorpo específico IgG aumenta A pesquisa de anticorpos para C. pneumoniae
lentamente no curso da doença e usualmente não ajuda na pesquisa do agente etiológico, não ajuda
aparece durante a primeira semana, tendo o pico na decisão de tratamento
cinco semanas depois do surgimento dos sintomas Grau de evidência D
Conduta no domicílio
Tratamento
Cuidados gerais
No tratamento das pneumonias bacterianas,
Os familiares de crianças com pneumonia que têm a antibioticoterapia de escolha varia com a faixa
condições clínicas de serem tratadas em casa devem etária e com as características da infecção.
sempre ser orientados quanto ao modo de admi-
nistrar os antibióticos, tratar a febre, ter cuidados Tratamento ambulatorial
com a alimentação e hidratação e a observar sinais
de piora do paciente que demandariam a busca de Antibióticos de primeira escolha são a amoxici-
serviço de saúde a qualquer momento.(1,3) lina ou a penicilina procaína (Tabela 3). Apesar do
Toda criança com pneumonia com condições aumento da resistência do pneumococo nos últimos
clínicas de ser tratada em casa deve ter uma consulta anos, recomendamos as doses habituais dos beta-
de revisão agendada após as primeiras 48 h.(1,3) lactâmicos no tratamento da pneumonia adquirida
Grau de evidência D na comunidade. O uso abusivo de antibióticos
em quadros virais pode aumentar a resistência à ser suspenso o seu uso entre 3 e 5 dias após o desa-
penicilina.(1) parecimento dos sintomas clínicos.
Em crianças acima de 6 anos, devido à inci- Em quadros acompanhados por sibilos e insu-
dência de Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia ficiência respiratória, opta-se pela introdução de
Pneumoniae, pode-se optar pela introdução de broncodilatadores e corticosteróides.
macrolídeos.(2)
O período de uso do antibiótico não precisa Referências
ser longo, o antibiótico pode ser suspenso entre 1. McIntosh, K. Community-acquired pneumonia in children. N
3 e 5 dias após o desaparecimento dos sintomas Engl J Med. 2002;346(6):429-37.
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se introduzir penicilina cristalina ou ampicilina 4. El Moussaoui R, de Borgie CA, van den Broek P, Hustinx
associada a amicacina ou a gentamicina (Tabela 4). WN, Bresser P, van den Berk GE et al. Effectiveness
of discontinuing antibiotic treatment after three days
Em pacientes com idade inferior a 5 anos e presença
versus eight days in mild to moderate-severe community
de pneumonia extensa, de evolução rápida e com acquired pneumonia: randomised, double blind study. BMJ.
comprometimento importante do estado geral, 2006;332(7554);1355.
deve-se optar pela introdução de oxacilina asso-
ciada a cloranfenicol ou a cefalosporina de terceira
geração, devido a possibilidade de infecção por
Complicações e falha terapêutica
Staphylococcus aureus ou Haemophilus influenzae Quando pensar em complicação
(Tabela 5).
TA mudança de via parenteral para via oral deve Se a criança permanece com febre ou clini-
ser realizada após o segundo dia de estabilização camente instável após 48-72 h da admissão por
clinica. No paciente sem complicação, o período de pneumonia, deve-se pesquisar complicações, sendo
uso do antibiótico não precisa ser longo, podendo a mais freqüente o derrame pleural.(1,2) Do ponto
nóstico de empiema que requer drenagem. Nesse associada devem ser considerados para tratamento
caso, o exame bioquímico pode ser dispensado, cirúrgico.(1) Embora não existam ensaios clínicos
mas o líquido deverá ser encaminhado para exame randomizados para determinar a necessidade de
bacterioscópico e cultura, independente do uso drenagem pleural na presença de derrame pleural,
prévio de antibióticos. alguns estudos sugerem que o perfil bioquímico do
A ultra-sonografia, apenas em caso de dúvida, líquido pode auxiliar nesta decisão.
pode auxiliar na confirmação da presença de Semelhante ao utilizado em adultos, a presença
derrame e na identificação do melhor local para de pus, pH < 7,2, glicose < 40 mg/dL ou a iden-
toracocentese ou drenagem. A tomografia excep- tificação de bactérias no líquido pleural têm sido
cionalmente tem indicação no derrame pleural
utilizados como indicativos de drenagem torá-
complicado. A tomografia de tórax com utilização
cica.(1) Quando utilizado o pH, a análise deve ser em
de contraste intravenoso fornece um benefício
aparelho de gasometria.(1)
adicional ao planejamento cirúrgico, pois diferencia
o espessamento pleural de pulmão consolidado e Todos os casos devem ser inicialmente tratados
também avalia o comprometimento intra-parênqui- com antibióticos intravenosos com cobertura para
matoso, identificando outras complicações como, S. pneumoniae, que é o agente mais freqüente.
por exemplo, o abscesso pulmonar.(9) Nos derrames pleurais complicados ou no
A presença de derrame pleural indica a neces- empiema pleural deve ser realizada a drenagem de
sidade do exame do líquido quando houver a tórax.
possibilidade de toracocentese. O líquido deve ser Grau de evidência B
examinado com testes bioquímicos, exame direto A escolha do tipo da drenagem tem sido determi-
para bactérias e bacilos álcool-ácidos resistentes, nada pelo estágio de organização do fluido pleural,
citologia diferencial de células e cultura para bacté-
rias e micobactérias.
Grau de evidência C
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