Nuno Brandao Pessoa Coletivas
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1387-
DIREITO PENAL
ECONMICO E EUROPEU:
TEXTOS DOUTRINRIOS
Vol. III
p- r
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(*) O presente texto corresponde comunicao apresentada nas JorniuUtx sobre a Reviso do
Cdigo Pendi, promovidas pelo Centro de Estudas Judicirios e realizadas em Lisboa nos dias 27 e 28
de Setembro de 2007.
(**) Assistente d Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
(') X semelhana do que acontece, V. g na Holanda, em Frana e na Dinamarca, em tjue a responsabilidade criminal das pessoas colectivas se encontra prevista nos respectivos cdigos penais Cf.
SILVINA BACIGALUPO, La Responsiibitidud Penai de l<u- Personal Jurdicas, Bosch. 1998, p. 322 e ss.
( 2 ) No direito alemo, cf., por outros, CLAUS ROXIN, Sirafrecht, Mtgemeiier Teil. 1. 4. Auf.,
Verlag C. H. Beck, 2006, 8, n." m. 58 e ss., e HANS-HEINRICH JBSCHECK/THOMAS WEIGENO. Lebrbuhs des Sirafrtchs. Allgeineiner Teil, 5. Auf.. Duncker & Humblo. 1996. 23. VII, I.. segundo os
quais o direito Ferno vigente no conhece qualquer forma de punibilidade penai das pessoas colectivas e das associaes de pessoas.
N o sistema espanhol discute-se ainda se as chamadas consequncias acessrias aplicveis s
pessoas jurdicas, previstas no art. 129 do Cdigo Penal, constituem ou no autnticas sanes criminais e assim comportam ou no uma previso de responsabilidade penai das pessoas colectivas:
em sentido afirmativo, JOS MIGUEL ZUGALDA ES PINAR, Las penas previstas en el artculo 129
dei Cdigo Pena! para las perwoas jurdica. Revista dei Poder Judicial, n." 46, 3.' poca, 1991 (U),
p. 327 e ss.. SILVINA BACIGALUPO SAGGESE, Las consequncias accesorias aplicables a las persooas jurdicas en el Cdigo Penal de 1995. in: Enrique Bacigalupo (dir.l. Curso de Dtrecho Penal
Econmico,
Derecho
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deu como adquirida a capacidade de aco, de culpa e de punibilidade das pessoas colectivas ( 3 ) e tomou nitida conscincia das instantes necessidades poltico-criminais da responsabilizao penal das pessoas colectivas na sociedade contempornea e futura f ) . Um passo preconizado pela doutrina mais credenciada ( 5 )
e que tem atrs de si o lastro do labor legislativo, doutrinal e jurisprudencial das
ltimas duas dcadas ( s ).
A nova disciplina legal eticontra-se prevista no art. 1 1 e nos atts. 90."-A
a 90.-M do Cdigo Penal. Regime que se aplica no s aos crimes indicados no
n. 2 do art. 11 do Cdigo Penal, como tambm, em virtude da extenso determinada pelos arts. 4. a 7. da Lei o. 59/2007, aos delitos tipificados no Cdigo
do Trabalho e nos diplomas legais relativos ao trfico de estupefacientes, procriao medicamente assistida, ao terrorismo e s armas e munies ( 7 ).
Penai. Parte Ceneru!. 4. J ed.. Tiram lo Blanch. 2000, p. 25i e ss.; contra e em snionia com a posi(,3o maioritrm, cf. J o s Luis DE LA CUESTA. Una "nueva" lnea de intervencin penal: el deiecho pena! de las peistvnas jurdicas, i; A, Messoli/J. A. S a n p t d i o (Comps.),
Aitminisirncin
de Justicia en lay Mhvres dei Tercer Milnio, Buenos Aires. 2UOI, p. 96" c ss. (disponvel em
www.su.ehj/scrwwwiv/WJLDLC).
Em ItUia. apesar da epgrafe do Decreto Legislativo d." 231, de 8 de Junho de 2001 "Disciplina tlelh rcsptmsabiHt antniinislrtitivn tleile persone giuridiche. delle scietr) e delta associazioni
riifte prive. <(i ri*(jiins(iw7t'(ti giuridica" . tvi na douttma e na jurisprudncia uma crescente propetisfa
para ver a jma verdadeira E pitpria responsabilidade criminal das pessoas colectivas: cf. GIUSEPPE AMARIU.I. Profili pralnci delia questione sulla natura giuridica delia responsabilit dejli enti, Rivista Italiana di Diritto t- Procedam fernile, 2U06, Fase. 1, p. 151 e ss.
(') JORGE DE FIGUEIREDO DIAS, Pura uma dogmtica (lo direito penaJ secundrio (1983-1984).
/l. Direito PenaI Econmico c Europeu: Textos Doutrinrios. /, Coimbra Editora, [998, p. 67 e ss.
(') Cf. JORCb DF. FIGUEJREXI D)AS. Direito Penal. Parte Geral, l. Coimbra Editora, 2004,
6." Ctip., J 62. E I ] C a p . . 22 e ss., e MARIA JOO ANTUNES, A responsabilidade criminal das pessoas colectivas entre o direito penal tradicional e o novo direito penal, Lasada: JTEVIJJO th Cincia
e Cultura. Direito, n." I e 2. 2003. p. 359 e ss.
( 5 ) FIGUEIREDO DIAS, pireiw Penal. Parte Geral, t. I I " Cap., 27 e ss.
O
Ma doutrina, com especial interesse, alm dos estudos j referidos supra, cf. J o i o CASTRO
E SOUSA, As Pessoas Colectivas em face do Direito Criminal e do chamado -Direito de Mera Ordenao SoLi. Coimbra Editor. 1985, Pmim, MANUEL ANTNIO Lores ROCHA,
responsabilidade pcnaJ dus pessoas colectivas - novaa perspectivas (1985), in: Direito Penal Econmica e
Europeu: Textos Doutrinrios, t. Coimbra Editora, 1998, p. 431 e ss., JOS DE FARIA COSTA, A responsabilidade jurdico-pcnal da empresa e dos seus rgos (ou uma reflexo sobre a alteridade nas pessoas colectivas, a luz do direito penal). RPCC. 1992, 4.", p. 537 e ss., JOS DE FARIA COSTA, Direito
Penal Econmico, Quarteto, 2003. p, 45 E W.. FERNANDO TORRAO, OS novos campos de aplicaio do
direito penal e o paradigma da mnima interveno (perspectiva multidisciplinar)", in: Manuel da
Costa Andrade cl. al. (orj:.). Lihcr Discipulorum para Jorge de Figueiredo Dias, Coimbra Editora, 2003,
p, 352 e ss., JORGE DOS REIS BRAVO. Critrios de imputao jurdico-pcnal de entes colectivos (elementos para uma dogmtica alternativa da responsabilidade penal de entes colectivos), RPCC, 2003,
1",
Colectivas
e Sanes
Criminais:
Juzos
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Subsistem, todavia, determinadas reas que mantm autonomia na regulao dos termos em que se forma a responsabilidade penal das pessoas colectivas
e do respectivo regime sancionatrio. o caso das infraces contra a economia
e contra a sade pblica, definidas no Decreto-Lei n. 28/84, das infraces tributrias contidas no Regime Geral das infraces Tributrias (Lei n. 15/2001. ds 5
de Junho) e da criminalidade informtica (Lei n. 109/91. de 17 de Agosto), s para
mencionar os domnios de maior relevo.
2. A semelhana da estrutura sancionatria estabelecida para as pessoas
fsicas no Cdigo Penal e na linha do regime contido no Decreto-Lei n. 28/84,
tambm no art. 90.-A e ss. do Cdigo Penal se prevem (rs categorias de penas
aplicveis s pessoas colectivas, as principais, as acessrias e as de substituio.
As penas principais so, por definio, aquelas aplicadas pelo juiz na sentena
condenatria independentemente de quaisquer outras C). Quando se trata da responsabilidade penal das pessoas individuais, a pena, para definir-se como principal, dever em regra encontrar-se tipificada no prprio tipo legal de crime. J na
disciplina sancionatria das pessoas colectivas o legislador optou pela introduo de
uma clusula geral, no art 90.-A, n." 1 (9), de acordo com a qual "pelos crimes previstos no n." 2 do artigo 1 1 s o aplicveis s pessoas colectivas e entidades
equiparadas as penas principais de multa ou de dissoluo".
So previstas como penas de substituio, designadamente da pena de multa,
a admoestao (art. 90.-C), a cauo de boa conduta (art. 90.a-D) e a vigilncia
judiciria (art, 90.-E). Diferentemente do que sucede no Decreto-Lei n. 28/84,
a admoestao no figura aqui como pena principal, mas antes e to-s como
pena de substituio da pena de multa. Esta degradao do estatuto da pena de
admoestao face quele diploma constitui uma deciso acertada, atenta a sua
baixa eficcia preventiva, tanto sob o ponto de vista da preveno geral, como da
preveno especial ( I0 ).
As penas acessrias, constantes dos arts. 90.-G a 90.-M, so a injuno judiciria, a proibio de celebrar contratos, a privao do direito a subsdios, subvenes
ou incentivos, a interdio do exerccio de actividade, o encerramento de estabelecimento e a publicidade da deciso condenatria ('').
2.1. Das duas penas principais, multa e dissoluo, aquela que j assume e
continuar certamente a assumir maior relevncia a pena de multa.
(") JORGE DE FIGUEIKEDO DIAS. Direito Peitai. Parte Geral. U: Ar Consequncias Jurdicas do
Crime. Aequilan/Editorial Notcias, (993.g 78.
(') Em diante as referncias a preceitos legais desacompanhadas <a meno do diploma a que
respeitam, referem-se ao Cdigo Penal.
O
Mi.no SEIXAS MEIRELES, Pessoas Colectivas e Sanea Criminais, p. 66,
(") Sobre esws penas acessrias. P A U L O P I N T O DE A L B U Q U E R Q U E , uA. responsabilidade criminal
das pessoas colectivas ou equiparadas, Revista da Ordem dos Advogados. 2006. II, p. 647 e ss.
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PICUEIKEDO D I A S , B r e v e s c o n s i d e r a e s . - . , p . 3 8 4 .
i l i ) Sobre ssie sislema, desenvolvidamente, FIGUEIREDO QT, Direito PTMI. Parle Geral.
II. As Consequncias Jurdicas tio Crime, S 116 e ss.
(") De modo diferente, o art. 12", n." 3, do ROIT determina que "os limites mnimo e mximo
das penas de multa previstas nos diferentes tipos legais de crimes so elevados para o dobro sempre
que sejam aplicadas a Uma pessoa colectiva, saciedade, ainda que irregularmente constituda, ou outra
entidade fiscalmente equiparada". Parece-me prefervel o novo regime geral, pois no vejo que a
circunstncia de o agente do c r i m e ser uma pessoa colectiva comporte exigncias acrescidas de preveno geral que justifiquem a elevao dos limites das molduras legais aplicveis.
Penal
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( " ) Esta regra de converso converge com o parmetro que desde a reforma do Cdigo Penal
de 1995 se vem geralmente estabelecendo na tipificao alternativa das penas de priso e de mulU nos
tipos legais de crime: a cada ms de pena priso correspondem, em regra, 10 dias de multa (assim, v. g.,
nos arts. 137."-!, 139.", 143."-). I 4 8 M , !St.-l, 153."-!, 154., I56.--3, 2 0 3 . l , 2 3 1 M , 256.-!.
ele.). N i o se tendo feito sentir, desde aquela reforma de 1995, sitiais de que este pactUr&uo injustificado ou conduz a resultados materialmente injustos e considerando que o mesmo j se encontra suficientemente sedimentado e interiorizado pela praxis, parece-me acertada a deciso de o tomar como
referncia para definir a converso do lempo de priso em tempo de multa.
(") FIGUEIREDO DIAS, Direito Peitai. Parte Cerai, II: As Consequncias Jurdicas da Crime,
8 301 e ss.; e, depois, FlGUHREDO DIAS, Direito Penal. Parle Geral, I. 4." Cap., 83 e ss.
( " ) ANABELA MIRANDA RODRIGUES, A Determinao da Medida da Pena Privativa da Liberdade, Coimbra Editora, 1995, passirn.
Sabre t s t t questo, em sntese. FIGUEIREDO DIAS, Direito Penal, Parte Geral, I. 4." Cap.,
26 e ss., e. desenvolvidamente, SILVINA BACIGALUPO, La Responsabitidad Penai de las Personal Jurdicas. pp. 156 e ss. e 398 e s.
( J1 ) Na doutrina espanhola, Jos ZUGALDIA ESMNAR, Las penas previstas en el artculo
129 dei Cddigo Penal para las personas jurdicas, p. 342. tomando por referncia os critrios de
que a jurisprudncia espanhola, lana m i o para determinar a gravidade da culpa em crime praticados por pessoas fsicas, considera que na d e t e r m i n a d o da pena a aplicar & pessoa colectiva
devero valofar-se os seguintes factores: gravidade do delito; actuao com dolo ou com negli30 - D. p. . E. . M
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gntia; maior ou menoi exigibilidade de fidelidade ao direito; e molios q j e kvaiam a pessoa colectiva a tomar a deciso ilcita.
CF. MMIVKI. LCWES ROCHA. A respcmsabilidaite peno! das pessoas colectivas novas perspectivas*, p. 475.
a
( ) Assim, todawii, PMAJQ PINTO OE ALBUQUERQUE, A responsabilidade criminal das pessoas
colectivas ou equiparadas, p. 644 e s.
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( M ) 24 Cf. PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE, A responsabilidade criminal das pessoas colectivas ov equiparadas, p. 644 e s.
( W ) V G., MARIA JOO ANTUNES, Consequncias Jurdicas do Crime. Notas Complementares
para a cadeirtt de Direito e. Processo Penal rfa Faculdade de Direito da Universidude de Comra,
Coimbra. 2006-2007, p. 44.
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vas de penas de multa de imite mximo superior a 900 dias, mas, ainda assim,
a sempre se indica que aos crimes tributrios cometidos por pessoas colectivas
aplicvel pena de multa at 1920 dias (art. 12., n. 2).
No me parece defensvel um eventual entendimento de que aos crimes
cometidos em concurso efectivo por pessoas colectivas no deveria aplicar-se o
regime geral dos arts. 77." e 78. do Cdigo Penal. Desde logo, porque a letra do
n. 1 do art. 77 "quando algum tiver praticado vrios crimes" no restringe
O seu campo de aplicao s pessoas singulares. Mas tambm e fundamentalmente
porque da inaplicabilidade do sistema de cmulo jurdico previsto no art. 77."
resultaria uma soluo de acumulao material de penas, em larga medida incompatvel com o princpio da culpa (26).
Todavia, mesmo admitindo o funcionamento do sistema do cmulo jurdico,
dever considerar-se implicitamente derrogado o referido limite mximo de 900 dias
de multa naqueles casos em que, por fora de previso legal expressa (art. 90.-B(
n. 2), um dos crimes em concurso cometido pela pessoa colectiva seja punvel com
pena de multa superior a esses 900 dias. Caso contrrio, assistiramos situao
absurda de a pena abstractamente aplicvel pela prtica isolada de certo crime
poder ser superior que resultaria aplicvel no mbito de um concurso de crimes.
Resta, no entanto, saber se sendo dado sem efeito o limite de 900 dias previsto no art. 77., n.D 2, se dever concluir que o ponto mximo da moldura do concurso coincide de forma irrestrita, i. e., sem qualquer limite mximo inultrapassvel,
com a soma das penas concretamente aplicadas aos vrios crimes. Essa uma leitura possvel da primeira parte do n.D 2 do art, 77." nos casos em que, como
venho referindo, alguma das penas de multa aplicveis pessoa colectiva seja
superior a 900 dias. Porm, creio que as razes que militam a favor de uma
limitao da pena de multa aplicvel em caso de concurso de crimes praticado por
pessoa individual justificam a imposio de um limite tambm no mbito sancionatrio das pessoas colectivas. A meu ver, poder aqui lanar-se mo de um
raciocnio analgico, permitido, porque in bonctm partem, pelo qual o limite
mximo de 25 anos previsto para a pena de priso seria objecto de transformao
em dias de multa. Para esse efeito, o factor de converso seria o previsto no
n. 2 do art. 90.-B "um ms de priso corresponde, para as pessoas colectivas e
entidades equiparadas, a 10 dias de multa". Dessa forma, o limite mximo da moldura penal conjunta em caso de concurso de crimes punveis com multa superior
a 900 dias no poderia ultrapassar 3 000 dias de multa.
4. Em matria de cumprimento da pena de multa aplicada pessoa colectiva,
a lei confere a possibilidade de diferir ou parcelar o pagamento nos mesmos ter-
(36) Cf. EDUARDO CORREIA, Direito Criminal, II, Almedina, 1965 (reimp. 1996), p. 213: e, de
forma mais explicita, FIGUEIREDO DIAS, Direito Penal. Parte Geral, II: A Consequncias Jurdicas
do Crime. S 398.
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mos previstos nos n.05 3 a 5 do art. 47." (ex vi art. 90,-B, n. 5). Tal como j antes
acontecia, o n. 6 do art. 90 -B determina que findo o prazo de pagamento da multa
ou de alguma das suas prestaes sem que o pagamento seja efectuado, procede-se
execuo do patrimnio da pessoa colectiva ou entidade equiparada. Todavia,
pela prpria natureza das coisas, a multa que no foy voluntria ou coercivamente
paga no pode ser convertida em priso subsidiria (art. 90.-B, n. 7).
Para reforar a probabilidade de xito na cobrana da quantia pecuniria
correspondente pena de multa aplicada pessoa colectiva, o n. 9 do art. [ I e s t a belece que "sem prejuzo do direito de regresso, as pessoas que ocupem uma
posio de liderana so subsidiariamente responsveis pelo pagamento das multas e indemnizaes em que a pessoa colectiva ou entidade equiparada for condenada, relativamente aos crimes*.
a)
b)
c)
( " } Cf., v.
o& arts. 2 . M t 3,-3 do Decreo-Ui n." 2S64 e o art. a." do RGT. Preceitos
que contrariara a natureza pessoalssima da pena de multa, assim caracterizada por FIGUEIREDO DIAS,
Direito Penal. Parte Cerei, II; As Consequncias Jurdicas do Crime, [22: "a multa, , c o m a toda.
a pena criminal, um efeito de natureza pessoalssima, no podendo ser por ela responsveis os foras
da herana nem ser paga por terceiro, ter lugar para o seu pagamento doao ou negcio afim, nem
lo-pouco existir contrato de seguro relativamente a ela".
Assim, no domnio contra-ordenacional, JOO SOARES RIAELRO, Anlise do Novo Regime Geral
das Contra-Ordenaes Laborais, p. 19. entende que i necessrio distinguir a responsabilidade pelo
cometimento da contia-ordenao, por um lado, e a responsabilidade pelo pagamento da coima, por outro.
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Ao que conseguimos apurar, nunca foi colocada perante o Tribunal Constitucional a questo da conformidade constitucional das normas legais que prevem uma responsabilidade civil peio pagamento de multas aplicadas a terceiras. Na jurisprudncia comum, por entre virias acrdios que nSa
questionam a bondade destas solues legais - v. g o Ac. do TRP de 19-09-2001 (Proc. n. 0110190)
e os Acs. do TRG de 16-01-2006 (Proc. n." 2042/05-2) e de 06-02-2006 (Proc. n." 2433/05-1), todos
em www.dgsi.pl , so de assinalar as reservas levantadas pelo Ac. do TRP de 09-02-2005 (Proc.
n." 0445055, www.dgsi.pt): "A isto tudo se soma a ideia, que temos como essencial, que sendo a
pena algo de fundado em razes individuais e pessoais, e que em funo disso mesmo determinada
e moldaria em relano a um destinatrio concreto, se nos apresentar coma algo de duvidoso cabimento com os princpios de direito penal, esta possibilidade de, por assim dizer, se transmitir uma pena,
ou que este tipo de considerandos no imponha, pelo menos, uma interpretado mais exigente dos normativos que a contemplem".
P"t Nesta direco, cf, ANTNIO DE A L M E I D A C O S T A , A propsito do novo Cdigp do Trabalho: bem jurdico e pluralidade de infraces no mbito das contra-ordenes relativas ao "trabalho suplementar". Subsdio para uma dogmtica do Direito de Mera-Ordenao-Sociat-Laboral, in:
Manuel da Costa Andrade et ai. (org,). Lber Discipulontm para Jorge de Figueiredo Dias, Coimbra
Editora. 2003, p, 1044, nota 11. J PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE, A responsabilidade criminal das
pessoas colectivas ou equiparadas, p, 643, faz referncia a questo da responsabilidade, subsidiria
ou solidria, pelo pagamento de penas de multa aplicadas a terceiros, sem suscitar o problema da sua
conformidade constitucional.
( 3I ) Para mais referncias sohre o princpio do caso julgado, cf, Nuno BRANDO, Conhecimento superveniente do concurso e revogao de penas de substituio, RPCC, 2005, 1 p . 140 e ss.
(12) Cf., de novo, ANTNIO DE ALMEIDA COSTA, A propsito do novo Cdigo do Trabalho...,
p. 1043 e s.
( ! J ) o que pensa tambm ANTNIO D ALMSDA COSTA. A propsito do novo Cdigo do Trabalho..., p. 1044.
Penal
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(J<)
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soa colectiva ou entidade equiparada est a ser utilizada, exclusiva ou predominantemente, para esse efeito, por quem nela ocupe uma posio de liderana".
A redaco legal inculca a ideia de uma preferncia pela pena de dissoluo
em detrimento da pena de multa nestas situaes em que a pessoa colectiva
transformada em instrumento da prtica de crimes s mos daqueles que nela
detm uma posio de liderana.
Ao contrrio da disciplina prevista no Decreto-Lei n. 28/84 ou no RG1T, o
novo regime geral no admite a cumulao da pena de multa e da pena de dissoluo, pelo que, condenando a pessoa colectiva por um dos crimes previstos no
art. 11. n." 2, o Tribunal dever optar entre uma ou outra, tendo em conta os pressupostos definidos para a pena de dissoluo e o critrio de escolha da pena que
a vai implcito.
6. A anlise empreendida - literalmente, por fora do curtssimo perodo
decorrido desde a publicao da Lei n." 59/2007, uma primeira anlise permitiu perceber, creio, as linhas essenciais do novo regime geral sancionatrio das pessoas colectivas e pr em destaque alguns dos seus aspectos positivos e negativos.
O tempo disponvel no deixou espao para uma avaliao detida das penas
de substituio da pena de multa (arts. 90.-C a 90.-E) e das penas acessrias
(arts. 90.-G a 90.-M). a, todavia, que se joga boa parte da capacidade desse
regime sancionatrio para responder s necessidades poltico-criminais colocadas
pela actividade criminosa das pessoas colectivas. Apesar das reservas quanto sua
amplitude e concreta configurao que naturalmente surgiro ( 3 ), o leque sancionatrio parece-me ser suficientemente amplo para ir de encontro a essas exigncias na generalidade dos casos. Para o efeito, e recordando o princpio de cooperao e repartio de tarefas entre o legislador e o juiz a que alude Figueiredo
Dias (17), alm da existncia de meios para as viabilizar e tomai efectiva a sua aplicao, essencial uma abertura de esprito da jurisprudncia para lanar mo
desse catlogo de penas que tem sua disposio.
(3)
C f . j , v.
bilidade criminal
pessoas colectivas ou equiparadas, p . 646, acerca da inexistncia de j m a pena
de suspenso da execuio da pena de multa,
(") FIGUEIREDO DIAS, Direita Penal, parte Geral, II- AI Consequncias jurdicas da Crime,
245.