Recurso Especial #1.298.780
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ACRDO
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RELATRIO
O EXMO. SR. MINISTRO JOO OTVIO DE NORONHA:
Trata-se de recurso especial interposto por ELIAS SANGI DE OLIVEIRA com
fundamento no art. 105, inciso III, alneas "a" e "c", da Constituio Federal, contra acrdo
proferido em sede de apelao nos autos de embargos de terceiro e assim ementado:
"DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AO E INDENIZAO.
EMBARGOS DE TERCEIRO. INTERPOSIO EM CASO DE CONSTRIO
POR PENHORA ONLINE. CONTAGEM DE PRAZO DECADENCIAL, CINCO
DIAS APS A LAVRATURA DO ALVAR JUDICIAL AUTORIZATIVO PARA
LEVANTAMENTO DE QUANTIA JUNTAMENTE COM A ASSINATURA DO
RESPECTIVO ALVAR. INTEMPESTIVIDADE. INOCORRNCIA, EIS QUE O
RECORRENTE AJUIZOU A AO DOIS MESES ANTES DA CADUCIDADE
DO PRAZO DECADENCIAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
I. O artigo 1.048 do Cdigo de Processo Civil regula que a ao de Embargos
de Terceiro caduca 05 (cinco) dias aps a arrematao, adjudicao ou remio de
bens penhorados.
No caso vertente, a penhora foi realizada por meio eletrnico, devendo a norma
legal ser adequada ao caso concreto, no sentido de evitar prejuzos ao Recorrente, ou
seja, o prazo decadencial para o ajuizamento de Embargos de Terceiro, na hiptese de
penhora online, dever ocorrer 05 (cinco) dias da expedio do alvar autorizativo
para o levantamento da quantia depositada, e sempre antes da assinatura do referido
alvar.
II. No caso em tela, constata-se que o prazo para ajuizamento da ao caducou
em 21.10.2009, sendo certo que os termos de penhora foram lavrados em 02.10.2009
e assinados na data anteriormente explicitada, tendo o recorrente ajuizado os
embargos de terceiros no dia 25.08.2009, portanto, cerca de 02 (dois) meses antes da
caducidade do prazo decadencial, afigurando-se os presentes embargos tempestivos.
III. Recurso conhecido e provido, ensejando ulterior retorno dos autos
instncia de origem, no sentido de regular o processamento dos Embargos de
Terceiro."
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VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO JOO OTVIO DE NORONHA(Relator):
Ressalte-se, preliminarmente, que, aps a promulgao da Emenda Constitucional n.
45, de 8/12/2004, que alterou o art. 114 da Carta vigente, da Justia trabalhista a competncia
para processar e julgar as aes de indenizao por danos morais ou patrimoniais decorrentes da
relao de trabalho, salvo nos casos em que j houver sentena de mrito proferida pelo Juzo
estadual anteriormente edio da referida emenda. Nas hipteses de existncia de sentena
anterior EC n. 45, a competncia ser da Justia comum, onde tramitar a ao at o trnsito
Documento: 1393258 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 27/03/2015
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Preceitua o art. 1.048 do Cdigo de Processo Civil que os embargos de terceiro sero
opostos, "no processo de execuo, at 5 (cinco) dias depois da arrematao, adjudicao ou
remio, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta".
Assim, o Superior Tribunal de Justia tem decidido que a data em que o embargante
teve cincia inequvoca da efetiva turbao da posse de seus bens por ato de apreenso judicial
deve ser considerada o termo inicial do prazo para oferecimento de embargos de terceiro:
"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. TERMO INICIAL.
VIOLAO DO ART. 1.048 DO CPC. TERCEIRO-EMBARGANTE.
NECESSIDADE DE PRVIA CINCIA INEQUVOCA DOS ATOS DE
APREENSO JUDICIAL. JURISPRUDNCIA DO STJ PELA IMPOSSIBILIDADE
DO EMPREGO DE PRESUNO.
1. Cinge-se a controvrsia a definir qual o termo inicial do prazo para
ajuizamento de Embargos de Terceiro no caso concreto. Na deciso agravada, ficou
assentado que, diante da concluso do Tribunal a quo - de que a parte teve prvio
conhecimento do trmite do processo de Execuo -, o acolhimento da pretenso
recursal esbarra no bice da Smula 7/STJ.
2. No Agravo Regimental, a parte sustenta, em sntese, que o mrito do Recurso
Especial consiste em saber se possvel afirmar, com base na presuno, que o
terceiro-embargante tinha cincia dos atos executrios, ou se, para isso,
imprescindvel prova documental idnea (fl. 486).
3. Segundo a jurisprudncia do STJ, a incidncia do art. 1.048 do CPC
pressupe elevado grau de convico de que o terceiro-embargante teve prvio
conhecimento da turbao ou do esbulho na posse de seus bens por ato de apreenso
judicial. A propsito, destaca-se julgado da Segunda Turma, no qual se estabeleceu a
necessidade de que fique provada a cincia inequvoca (AgRg no REsp 1.206.181/PA,
Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 1/12/2010).
4. Na mesma linha, encontra-se precedente da Quarta Turma, em que o voto
condutor do acrdo afasta expressamente a admissibilidade do emprego de
presuno para o reconhecimento acerca da prvia cincia do terceiro-embargante
(REsp 678.375/GO, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJ 26/2/2007, p. 596).
5. Apesar de admitir que esse rigorismo processual pode dar margem a
condutas fraudulentas e dificultar a recuperao de crditos, curvo-me ao
entendimento do STJ em favor do devedor e realinho minha posio original.
6. Agravo Regimental provido." (AgRg no AREsp n. 312.124/MG, relator
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 21/3/2014.)
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Por sua vez, afirma Araken de Assis que, "em geral, a apreenso do bem penhorado
(art. 664) e a arrecadao (art. 766, I) marcam o termo inicial do prazo dos embargos" e que a
"embargabilidade se atrela leso ao direito de posse" (Manual do Processo de Execuo , RT,
5ed., p. 1.061 e 1.063).
Especificamente acerca da expropriao de bem mvel, a doutrina de Cndido
Dinamarco trata do prazo final para apresentao dos embargos de terceiro ao consignar que "o
efeito de extinguir o direito aos embargos produzido pela tradio do bem, que o ato de
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JULGADO: 19/03/2015
Relator
Exmo. Sr. Ministro JOO OTVIO DE NORONHA
Presidente da Sesso
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BAS CUEVA
Subprocurador-Geral da Repblica
Exmo. Sr. Dr. JOO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO
Secretria
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAO
RECORRENTE
ADVOGADO
RECORRIDO
ADVOGADO
INTERES.
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CERTIDO
Certifico que a egrgia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso
realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:
A Terceira Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bas Cueva (Presidente),
Marco Aurlio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
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