Recurso DOROTHY LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Recurso DOROTHY LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Recurso DOROTHY LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
86063398
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Colenda Câmara,
Eméritos Julgadores:
DA JUSTIÇA GRATUITA
Art. 1015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I – Tutelas provisórias;
II – Mérito do processo;
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
XII – (VETADO);
A decisão que ora se recorre versa sobre o inciso XIII do artigo acima, pois
trata-se de liquidação de sentença, não havendo outro meio para exercer a ampla defesa e
contraditório senão pelo recurso de agravo de instrumento.
Por meio do decisum de Id. 92256129, oficiou-se a Diretoria Geral da Polícia Civil do Estado
de Mato Grosso para informar o valor das remunerações percebidas pelos executados na
época dos fatos, Fevereiro de 2013, bem como restou assentado acerca da iliquidez da
obrigação contida no item “b” do título judicial, tendo sido o exequente intimado para
promover o início da Liquidação de Sentença.
Aportou-se aos autos os holerites dos servidores executados referentes ao mês de fevereiro
de 2013 (Id. 93543362 e Id. 93543364).
O pedido ministerial foi indeferido pela decisão de Id. 102064337, o qual reiterou a
necessidade de prévia liquidação de sentença, na medida em que a sentença apenas impôs
o pagamento “no importe do valor correspondente a 5 (cinco) vezes a remuneração
percebida à época”, sem fixar o valor da remuneração a ser utilizada como base para o
cálculo.
É o relatório.
DECIDO.
Cuida-se de Liquidação de Sentença pelo rito comum, conforme art. 509, inciso II, do
Código de Processo Civil, por meio do qual se busca a apuração do valor devido referente à
obrigação delineada no item “b” do título judicial exequendo, qual seja o pagamento de
multa civil no importe de 5 (cinco) vezes a remuneração percebida à época pelos
executados.
Passo à análise das alegações apresentadas pela requerida Dorothy Rodrigues da Luz no
movimento de Id. 117483801.
1. Excesso de Execução:
Afirma, ainda, que o excesso de execução se concretizou na medida em que, “após a data
do fato, a contestante ficou sem receber salário pelo período de 03 meses”, razão pela qual
“deveriam ser estes descontados da pena de multa aplicada a ela, se tendo um cálculo em
cima somente de 02 dos 05 salários aplicados a título de multa”.
No caso dos autos, muito embora o ato sentencial não tenha especificado o valor, julgou
procedente a demanda, condenando os executados, dentre outras obrigações, “ao
pagamento de multa civil no importe de 5 (cinco) vezes a remuneração percebida à época”.
À vista disso, o Parquet pugnou pela intimação da Diretoria Geral da Polícia Civil de Mato
Grosso para indicar o montante exato das remunerações percebidas pelos réus, que
atuavam como investigadores de polícia junto ao órgão à época dos fatos, o que restou
atendido no Id. 93543362 e Id. 93543364.
Dos holerites juntados aos autos referentes ao mês em questão, verifica-se a percepção do
valor de R$ 6.659,90 (seis mil, seiscentos e cinquenta e nove reais e noventa centavos) por
Dorothy Rodrigues da Luz (Id. 93543362) e do valor de R$ 6.465,93 (seis mil, quatrocentos
e sessenta e cinco reais e noventa e três centavos) por Sivaldo de Souza (Id. 93543364).
Anoto, inclusive, que a requerida Dorothy Rodrigues da Luz juntou aos autos o mesmo
holerite (Id. 117486517), nada tendo a contestar acerca do valor apontado, o qual se tornou,
por conseguinte, incontroverso.
Da mesma forma, não merece prosperar a alegação da requerida no sentido de que, por ter
ficado afastada do cargo por três meses, quais sejam, Julho, Agosto e Setembro de 2014[1],
o cálculo deveria incidir sobre o importe de 2 (duas) remunerações ao invés de 5 (cinco).
A ré Dorothy Rodrigues da Luz defende que os juros devem incidir apenas a partir da
publicação da sentença condenatória. Todavia, tal alegação não merece prosperar, pois,
consoante o art. 398 do Código Civil e as Súmulas 43 e 57 do STJ, nos casos de
improbidade administrativa, por se tratar de responsabilidade extracontratual, os juros
moratórios e a correção monetária fluem a partir da data do evento ilícito que gerou dano ao
erário, consoante passo a expor.
Inicialmente, destaco que, muito embora a matéria esteja afetada para ser submetida a
julgamento sob o Tema 1128[2], o entendimento atual no E. Superior Tribunal de Justiça é
no sentido de que o ressarcimento do dano e as sanções em pecúnia previstas na Lei da
Improbidade Administrativa, inserem-se no contexto da responsabilidade civil extracontratual
por ato ilícito.
Nesses termos, “a correção monetária e os juros da multa civil têm, como dies a quo de
incidência, a data do evento danoso (o ato ímprobo), nos termos das Súmulas 43 (‘Incide
correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo’) e 54 (‘Os
juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual’) do STJ e do art. 398 do Código Civil”[3] (Grifo nosso).
Não bastasse, anoto que, no caso dos autos, a própria sentença fixou o índice e termos
iniciais de incidência da correção monetária e dos juros de mora. Veja-se:
Destarte, em caso de alegação de excesso nos cálculos, o ônus recai sobre o impugnante,
ônus do qual a ré não se desincumbiu.
Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.
Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 - Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).
Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devido dependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.
3. Deliberações Finais:
Ante o exposto, HOMOLOGO, para que produza seus jurídicos e legais efeitos, os cálculos
apresentados nos autos (Ids. 109206167 e 109206168) e, por conseguinte, JULGO
LIQUIDADO o título judicial exequendo, determinando que os réus Sivaldo de Souza e
Dorothy Rodrigues da Luz efetuem o pagamento em favor do Estado de Mato Grosso das
quantias de, respectivamente, R$ 113.698,63 (cento e treze mil, seiscentos e noventa oito
reais e sessenta e três centavos) e R$ 117.109,46 (cento e dezessete mil, cento e nove
reais e quarenta seis centavos), a serem atualizadas a partir de 02.02.2023, data dos
cálculos supracitados.
Transcorrido o prazo recursal, INTIME-SE a parte autora para que, querendo e no prazo de
15 (quinze) dias, requeira o início da fase de cumprimento de sentença, nos termos do
disposto no art. 523 e seguintes do CPC.
Intime-se.
Cumpra-se.
(assinado eletronicamente)
Juiz de Direito
Destarte, em caso de alegação de excesso nos cálculos, oônus recai sobre o impugnante,
ônus do qual a ré não se desincumbiu. Ao arremate, a demandada pugna pela realização de
perícia contábil aduzindo que os “cálculos apresentados pelo ilustre parquet se deram
através de assistentes técnicos do Centro de Apoio Operacional – CAO e não por realização
de perícia contábil, onde se tem um expert no assunto para realização de tal medida”,
sustentando que há necessidade de apuração por profissional a ser nomeado pelo Juízo.
Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.
Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 -Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).
Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devidodependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.
Assim sendo, para que haja a tão salutar justiça deve ser anulando a
decisão ID 132865751, remetendo os autos para a perícia contábil, reabrindo prazo para a
impugnação do cálculo realizado por profissional competente.
Com efeito, a data do fato não pode ser utilizada para atualização e juros
sobre a multa, essencialmente porque neste momento referida multa inexistia.
Bem por isso não faz sentido algum que os juros decorrentes da mora
sejam estabelecidos desde a prática de conduta ímproba, uma vez que, se assim fosse, o
acusado já receberia o pronunciamento judicial condenatório com dívida em atraso, em
relação à qual não poderia sequer fazer depósito prévio elisivo dos encargos financeiros.
A ré Dorothy Rodrigues da Luz defende que os juros devem incidir apenas a partir da
publicação da sentença condenatória. Todavia, tal alegação não merece prosperar, pois,
consoante o art. 398 do Código Civil e as Súmulas 43 e 57 do STJ, nos casos de
improbidade administrativa, por se tratar de responsabilidade extracontratual, os juros
moratórios e a correção monetária fluem a partir da data do evento ilícito que gerou dano ao
erário, consoante passo a expor.
Inicialmente, destaco que, muito embora a matéria esteja afetada para ser submetida a
julgamento sob o Tema 1128[2], o entendimento atual no E. Superior Tribunal de Justiça é
no sentido de que o ressarcimento do dano e as sanções em pecúnia previstas na Lei da
Improbidade Administrativa, inserem-se no contexto da responsabilidade civil extracontratual
por ato ilícito.
Nesses termos, “a correção monetária e os juros da multa civil têm, como dies a quo de
incidência, a data do evento danoso (o ato ímprobo), nos termos das Súmulas 43 (‘Incide
correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo’) e 54 (‘Os
juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual’) do STJ e do art. 398 do Código Civil”[3] (Grifo nosso).
Não bastasse, anoto que, no caso dos autos, a própria sentença fixou o índice e termos
iniciais de incidência da correção monetária e dos juros de mora. Veja-se:
Além disso, muito embora discorde do valor indicado pelo autor quanto aos índices
aplicados para correção monetária e juros, a ré impugnou de forma genérica, não trazendo
planilha do valor que entende devido, nem apresentando qualquer argumento capaz de
contrapor os cálculos apresentados pelo autor.
Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.
Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 - Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).
Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devido dependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.
Ensina CLÓVIS BEVILAQUA [in Direito das Obrigações, 8' ed., Editora Paulo
de Azevedo Ltda. Rio de Janeiro: 1954. p 94] sobre os requisitos da mora do devedor, esta
pressupõe: "a existência de dívida certa e liquida; o vencimento da mesma; a inexistência
culposa; e a interpelação judicial ou extrajudicial, quando a dívida não é a termo."
EMENTA
2. Recurso especial afetado ao rito do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 (art. 256-I, c/c o
art. 256-E do RISTJ, na redação da Emenda Regimental 24, de 28/9/2016).
Ademais, insta salientar que para defesa o valor exorbitante citado nas
manifestações do MP acolhido pelo juízo de primeiro grau ferem o Princípio da
Proporcionalidade e da Administração Pública.
O artigo 12, caput, da Lei n.º 8.429/92, a bem da verdade, deixou expresso a
obrigatoriedade de aplicação do princípio da proporcionalidade na fixação das sanções pela
prática de um ato de improbidade administrativa, como restou bem pontuado em decisão do
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais:
DO REQUERIMENTO FINAL