Recurso DOROTHY LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTEDO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.

86063398

DOROTHY RODRIGUES DA LUZ, brasileira, portadora do RG nº. 073316,


inscrita no CPF sob o nº. 081.090.521-34, residente e domiciliada na Rua Antônio Dorileo,
nº. 225, apartamento 303, Bloco B, Condomínio Parque Chapada do Horto, Cuiabá-MT, com
endereço eletrônico dorothy.luz12@gmail.com, por intermédio de seus procuradores infra-
assinados, com endereço profissional localizado junto a Rua Antônio Maria Coelho, nº. 400,
Bairro Centro Sul, Cuiabá-MT, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos
moldes do artigo 1.015, inciso I, e seguintes, do Código de Processo Civil, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face da decisão interlocutória proferida pelo juízo da Vara


Especializada em Ações Coletivas da Comarca de Cuiabá-MT, Proc. PJE nº. 0020631-
68.2014.8.11.0041 movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

A parte agravante deixa de oferecer as cópias integrais para a instrução do


presente recurso (art. 1017 do CPC), por tratar-se de processo eletrônico, sendo dispensada
a juntadas das peças referidas nos incisos I e II do caput, do mesmo dispositivo . Informa
ainda que deixa de juntar cópia da procuração outorgada pelo Agravado por se tratar do
Ministério Público Estadual.

Nesses termos, pede deferimento.

Cuiabá/MT, 15 de maio de 2024.

ALINO CESAR DE MAGALHÃES CESAR AUGUSTO MAGALHÃES

OAB/MT 14.445 OAB/MT 3.237-B


RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Agravante: DOROTHY RODRIGUES DA LUZ

Agravados: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

Processo nº: 0020631-68.2014.8.11.0041

Vara Especializada em Ações Coletivas da Comarca de Cuiabá-MT

Colenda Câmara,

Eméritos Julgadores:

PREAMBULARMENTE – DAS INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS

Em atenção ao disposto no artigo 1.017 do Código de Processo Civil, os


agravantes informam que instruem o presente recurso os documentos exigidos pelo artigo
1.071, incisos I e II, do Código de Processo Civil, além de cópia integral da Ação Cível
Pública, a qual é declarada autêntica pelos advogados subscritores da presente petição.

Os advogados constituídos pela recorrente são ALINO CESAR DE


MAGALHÃES, inscrito na OAB/MT sob o nº. 14.445 e CESAR AUGUSTO MAGALHÃES,
inscrito na OAB/MT sob o nº. 3.237-B, ambos com endereço profissional localizado junto a
Rua Antônio Maria Coelho, nº. 400, Bairro Centro Sul, Cuiabá-MT.

Agravado é representado, ex lege, independentemente de procuração d hoc


(CPC, art. 75 c/c 177), pelo Douto Promotor de Justiça Dr. Promotor de Justiça da Vara
Especializada em Ações Coletivas da Comarca de Cuiabá-MT

Requer que todas as intimações sejam realizadas em nome do advogado


ALINO CESAR DE MAGALHÃES, inscrito na OAB/MT sob o nº. 14.445, sob pena de
nulidade.

Diante disso, pleiteia-se o processamento do presente recurso, para que


seja, urgentemente, submetido para análise do pedido de efeito suspensivo ao recurso
(artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil).
TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

A Agravante foi intimada da decisão interlocutória fustigada, na pessoa do


seu advogado na data de 29/04/2024, possuindo como ultimo dia de prazo para
apresentação do presente recurso 21/05/2024.

Dessa forma, o presente recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO é


tempestivo, a teor dos artigos 219, caput; 224, caput, §3º, e; 1.003, caput, §5º, do Código de
Processo Civil/2015.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Foi deferido a agravante pelo juízo de piso os benefícios da justiça gratuita,


conforme decisão anexo (ID 86063398).

Razão pela qual ausente o preparo.

Ademais, atendendo o princípio da igualdade do pleno acesso à justiça,


junta documentos que provam que a sua renda está comprometida a tal ponto que não pode
arcar com o pagamento das custas judiciais sem prejuízo do sustento próprio e sua família
além de se encontrar debilitada necessitando de sua remuneração para tratamento de
saúde.

DA PERTINENCIA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NO NCPC

O NCPC elencou no artigo 1.015 quais são os casos que cabem a


interposição de agravo de instrumento, vejamos:

Art. 1015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:

I – Tutelas provisórias;

II – Mérito do processo;
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV – Incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V – Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua


revogação;

VI – Exibição ou posse de documento ou coisa;

VII – exclusão de litisconsorte; VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX – Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X – Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;

XII – (VETADO);

XIII – outros casos expressamente referidos em lei.

A decisão que ora se recorre versa sobre o inciso XIII do artigo acima, pois
trata-se de liquidação de sentença, não havendo outro meio para exercer a ampla defesa e
contraditório senão pelo recurso de agravo de instrumento.

Esclarecido a pertinência do presente recurso, resta apresentar as razões.

DA NECESSIDADE DE SUSPENDER A DECISAO ATÉ O JULGAMENTO DO MERITO DA


DECISAO

Pleiteia liminarmente a suspensão da decisão de primeiro grau até a decisão


de mérito do agravo em razão de prejuízos aos agravantes.

Como se sabe, o relator do agravo de instrumento poderá atribuir efeito


suspensivo ao recurso, nos termos do art. 1.019, inc. I, do CPC. Por sua vez, o parágrafo
único, do art. 995, do CPC, descreve que “A eficácia da decisão recorrida poderá ser
suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso.”

Estando, assim, presentes os requisitos autorizadores, o D. Relator deste


agravo poderá, de acordo com o dispositivo supracitado, conceder efeito suspensivo a tal
recurso.

E ambos os requisitos estão presentes neste caso.


Está presente o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, uma
vez que não há dúvidas de que existe URGÊNCIA na concessão da medida antecipatória,
considerando que a decisão agravada determinou a continuidade do procedimento em
desfavor do Agravante sujeitando-o a procedimento de liquidação de sentença inadequado à
natureza e aos limites da condenação que lhe foi imposta.

Feitas estas considerações, requer se seja a medida de urgência concedida.

DA SINTESE DA DEMANDA JUDICIAL

Na origem, trata - se de ação por ato de improbidade administrativa ajuizada


pelo Parquet em face da CONTESTANTE por suposta pratica de delito de corrupção passiva
quando esta era servidora pública.

Após a instrução processual ocorrera condenação em sentença proferida


pelo juízo de primeiro grau pela perda da função pública; multa civil no importe do valor
correspondente a 5 (cinco) vezes a remuneração percebida a época pela agente; proibição
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica do qual seja sócio
majoritário e suspensão dos direitos políticos.

Em Recurso de Apelação fora modificada a sentença de primeiro grau,


retirando das condenações a aplicação da pena da função pública.

Vindo posteriormente após o transido em julgado o representante do


Ministério Publico a elaborar o cumprimento de sentença da pena de multa, totalizando o
valor de valor de R$ 117.109,46 (cento e dezessete mil, cento e nove reais e quarenta seis
centavos) (atualização dos valores elaborada pelo Centro de Apoio Operacional às
Promotorias de Justiça, o qual, conforme Relatórios Técnicos nº 119/2023 e nº 121/2023).

Esta é a síntese dos fatos.

DA DECISAO QUE SE RECORRE.

Trata-se de Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa


ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso em face da agravante.

No Id. 117483840, a agravante impugnou o cálculo apresentado pelo


Ministério Público.

Ocorrendo a presente decisão pelo juízo de primeiro grau :


Vistos,

Trata-se de Liquidação de Sentença deflagrada pelo Ministério Público do Estado de Mato


Grosso em face de Sivaldo de Souza e Dorothy Rodrigues da Luz, todos devidamente
qualificados.

O ato sentencial proferido no Id. 86063544 e seguintes, julgou procedentes os pedidos


iniciais, para condenar os executados, individualmente, (a) à perda fundação pública, com a
consequente cassação da aposentadoria, caso se encontrem aposentados, (b) ao
pagamento de multa civil no importe de 5 (cinco) vezes a remuneração percebida à época,
(c) à proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de 10 (dez) anos e (d) à
suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 8 (oito) anos.

Interpostos recursos de Apelação, a sentença foi parcialmente reformada para excluir a


sanção de cassação de aposentadoria da requerida Dorothy Rodrigues da Luz e afastar a
perda da função pública do requerido Silvado de Souza, conforme acórdão de Id. 86063606.

O trânsito em julgado ocorreu em 02.05.2022, conforme certidão de Id. 86063651.

Por meio do decisum de Id. 92256129, oficiou-se a Diretoria Geral da Polícia Civil do Estado
de Mato Grosso para informar o valor das remunerações percebidas pelos executados na
época dos fatos, Fevereiro de 2013, bem como restou assentado acerca da iliquidez da
obrigação contida no item “b” do título judicial, tendo sido o exequente intimado para
promover o início da Liquidação de Sentença.

Aportou-se aos autos os holerites dos servidores executados referentes ao mês de fevereiro
de 2013 (Id. 93543362 e Id. 93543364).

No movimento de Id. 102030768, o Ministério Público Estadual requereu o início do


Cumprimento de Sentença, tendo, para tanto, apresentado memória de cálculo atualizada,
indicando os valores a serem pagos pelos executados à título de multa civil.

O pedido ministerial foi indeferido pela decisão de Id. 102064337, o qual reiterou a
necessidade de prévia liquidação de sentença, na medida em que a sentença apenas impôs
o pagamento “no importe do valor correspondente a 5 (cinco) vezes a remuneração
percebida à época”, sem fixar o valor da remuneração a ser utilizada como base para o
cálculo.

Com vistas, o exequente pugnou pela deflagração da fase de Liquidação de Sentença,


apontando que, em cálculos realizados pelo setor competente dentro de suas instalações,
“chegou ao valor de R$ 117.109,46 (cento e dezessete mil, cento e nove reais e quarenta
seis centavos) no que concerne à Dorothy Rodrigues da Luz e R$ 113.698,63 (cento e treze
mil, seiscentos e noventa oito reais e sessenta e três centavos) no que atine à Sivaldo de
Souza” (Grifo nosso – Id. 109206166).

Recebido o pedido de liquidação (Id. 109399055), a executada Dorothy Rodrigues da Luz


impugnou os cálculos apresentados, argumentando que houve excesso de execução, além
de requerer a realização de novo cálculo por contador próprio do Juízo, bem como que o
termo inicial para incidência dos juros e correção monetária seja a data da sentença
proferida nos autos (Id. 117483801).
O Parquet se manifestou quanto às alegações da requerida no movimento de Id.
132676928, requerendo “a rejeição das matérias alegadas pela requerida” e a “final fixação
do quantum debeatur”.

É o relatório.

DECIDO.

Cuida-se de Liquidação de Sentença pelo rito comum, conforme art. 509, inciso II, do
Código de Processo Civil, por meio do qual se busca a apuração do valor devido referente à
obrigação delineada no item “b” do título judicial exequendo, qual seja o pagamento de
multa civil no importe de 5 (cinco) vezes a remuneração percebida à época pelos
executados.

Passo à análise das alegações apresentadas pela requerida Dorothy Rodrigues da Luz no
movimento de Id. 117483801.

1. Excesso de Execução:

A requerida Dorothy Rodrigues da Luz sustenta que “houve excesso de execução no


montante que integra o demonstrativo de débito apresentado pelo Ministério Público,
porque, a atualização monetária e juros atinentes ao tema da multa civil incidem tão
somente a partir do momento da fixação da multa”.

Afirma, ainda, que o excesso de execução se concretizou na medida em que, “após a data
do fato, a contestante ficou sem receber salário pelo período de 03 meses”, razão pela qual
“deveriam ser estes descontados da pena de multa aplicada a ela, se tendo um cálculo em
cima somente de 02 dos 05 salários aplicados a título de multa”.

As alegações da ré não merecem guarida.

Cumpre esclarecer que a Liquidação de Sentença é realizada pelo procedimento comum,


previsto no art. 509, inciso II, do Código Processual Civil, quando há necessidade das partes
alegarem e provarem fatos que não integraram o bojo da ação de conhecimento.

No caso dos autos, muito embora o ato sentencial não tenha especificado o valor, julgou
procedente a demanda, condenando os executados, dentre outras obrigações, “ao
pagamento de multa civil no importe de 5 (cinco) vezes a remuneração percebida à época”.

Depreende-se, portanto, que a apuração do quantum debetaur depende, tão somente, da


verificação da remuneração recebida pelos requeridos à época dos fatos, Fevereiro de
2013.

À vista disso, o Parquet pugnou pela intimação da Diretoria Geral da Polícia Civil de Mato
Grosso para indicar o montante exato das remunerações percebidas pelos réus, que
atuavam como investigadores de polícia junto ao órgão à época dos fatos, o que restou
atendido no Id. 93543362 e Id. 93543364.
Dos holerites juntados aos autos referentes ao mês em questão, verifica-se a percepção do
valor de R$ 6.659,90 (seis mil, seiscentos e cinquenta e nove reais e noventa centavos) por
Dorothy Rodrigues da Luz (Id. 93543362) e do valor de R$ 6.465,93 (seis mil, quatrocentos
e sessenta e cinco reais e noventa e três centavos) por Sivaldo de Souza (Id. 93543364).

Anoto, inclusive, que a requerida Dorothy Rodrigues da Luz juntou aos autos o mesmo
holerite (Id. 117486517), nada tendo a contestar acerca do valor apontado, o qual se tornou,
por conseguinte, incontroverso.

Da mesma forma, não merece prosperar a alegação da requerida no sentido de que, por ter
ficado afastada do cargo por três meses, quais sejam, Julho, Agosto e Setembro de 2014[1],
o cálculo deveria incidir sobre o importe de 2 (duas) remunerações ao invés de 5 (cinco).

Com efeito, nenhuma interferência tem o afastamento da requerida no cálculo da sanção


aplicada, uma vez que o valor da remuneração mensal é que foi definido pela sentença
como base de cálculo da sanção de multa civil, a qual foi aplicada como correspondente à
cinco remunerações, não importando que a requerida tenha ficado afastada do cargo e/ou
deixado de perceber as remunerações.

2. Juros e Correção Monetária:

A ré Dorothy Rodrigues da Luz defende que os juros devem incidir apenas a partir da
publicação da sentença condenatória. Todavia, tal alegação não merece prosperar, pois,
consoante o art. 398 do Código Civil e as Súmulas 43 e 57 do STJ, nos casos de
improbidade administrativa, por se tratar de responsabilidade extracontratual, os juros
moratórios e a correção monetária fluem a partir da data do evento ilícito que gerou dano ao
erário, consoante passo a expor.

Inicialmente, destaco que, muito embora a matéria esteja afetada para ser submetida a
julgamento sob o Tema 1128[2], o entendimento atual no E. Superior Tribunal de Justiça é
no sentido de que o ressarcimento do dano e as sanções em pecúnia previstas na Lei da
Improbidade Administrativa, inserem-se no contexto da responsabilidade civil extracontratual
por ato ilícito.

Nesses termos, “a correção monetária e os juros da multa civil têm, como dies a quo de
incidência, a data do evento danoso (o ato ímprobo), nos termos das Súmulas 43 (‘Incide
correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo’) e 54 (‘Os
juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual’) do STJ e do art. 398 do Código Civil”[3] (Grifo nosso).

Não bastasse, anoto que, no caso dos autos, a própria sentença fixou o índice e termos
iniciais de incidência da correção monetária e dos juros de mora. Veja-se:

“b) pagamento de multa civil no importe do valor correspondente a 5 (cinco) Vezes a


remuneração percebida a época pela agente pública ímproba, atualizada com correção
monetária pelo índice do INPC a partir de 8/2/2013 (data dos fatos) e juros de mora, estes
últimos a base de 1% ao mês, a incidir da juntada do mandado de citação, montante esse a
ser aferido pela liquidação de sentença;”
Além disso, muito embora discorde do valor indicado pelo autor quanto aos índices
aplicados para correção monetária e juros, a ré impugnou de forma genérica, não trazendo
planilha do valor que entende devido, nem apresentando qualquer argumento capaz de
contrapor os cálculos apresentados pelo autor.

Acerca do tema, é jurisprudência consolidada dos tribunais pátrios:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO À LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. DECISÃO


AGRAVADA QUE ACOLHEU MATÉRIA ANTERIOR À FORMAÇÃO DO TÍTULO
EXECUTIVO. EFICÁCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADA. EXCESSO DE EXECUÇÃO.
NÃO APRESENTAÇÃO DO CÁLCULO QUE SE ENTENDIA DEVIDO. DECISÃO
REFORMADA. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS NO CUMPRIMENTO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. DESCABIMENTO. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS EM LIQUIDAÇÃO E RECURSAIS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. Matéria anteriores à formação do título executivo não são
alegáveis em sede de impugnação ao cumprimento de sentença, em função do quanto
estabelecido no artigo 535, VI, do CPC, de sorte que atingida pela eficácia preclusiva da
coisa julgada, conforme artigo 508, do CPC. A ausência de indicação do valor devido e/ou a
não apresentação de demonstrativo de cálculo que comprove o excesso à execução,
autoriza sua rejeição liminar, nos termos do art. 525, §5º, do CPC. Não é cabível a fixação
de honorários no cumprimento de obrigação de fazer, porquanto tal medida já restou
atendida pelo juízo singular, em pronunciamento anterior ao impugnado. É indevida a
fixação de honorários em liquidação de sentença e, por consequência, não há que se falar
em honorários recursais.” (TJMS; AI 1420150-75.2021.8.12.0000; Primeira Câmara Cível;
Rel. Des. João Maria Lós; DJMS 09/03/2022; Pág. 158).

Destarte, em caso de alegação de excesso nos cálculos, o ônus recai sobre o impugnante,
ônus do qual a ré não se desincumbiu.

Ao arremate, a demandada pugna pela realização de perícia contábil aduzindo que os


“cálculos apresentados pelo ilustre parquet se deram através de assistentes técnicos do
Centro de Apoio Operacional – CAO e não por realização de perícia contábil, onde se tem
um expert no assunto para realização de tal medida”, sustentando que há necessidade de
apuração por profissional a ser nomeado pelo Juízo.

Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.

Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 - Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).
Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devido dependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.

3. Deliberações Finais:

Ante o exposto, HOMOLOGO, para que produza seus jurídicos e legais efeitos, os cálculos
apresentados nos autos (Ids. 109206167 e 109206168) e, por conseguinte, JULGO
LIQUIDADO o título judicial exequendo, determinando que os réus Sivaldo de Souza e
Dorothy Rodrigues da Luz efetuem o pagamento em favor do Estado de Mato Grosso das
quantias de, respectivamente, R$ 113.698,63 (cento e treze mil, seiscentos e noventa oito
reais e sessenta e três centavos) e R$ 117.109,46 (cento e dezessete mil, cento e nove
reais e quarenta seis centavos), a serem atualizadas a partir de 02.02.2023, data dos
cálculos supracitados.

Não obstante a possibilidade de fixação de honorários advocatícios na fase de liquidação de


sentença de caráter contencioso[4], DEIXO de condenar a requerida Dorothy Rodrigues da
Luz ao pagamento de honorários porque indevidos ao Ministério Público.

Transcorrido o prazo recursal, INTIME-SE a parte autora para que, querendo e no prazo de
15 (quinze) dias, requeira o início da fase de cumprimento de sentença, nos termos do
disposto no art. 523 e seguintes do CPC.

Intime-se.

Cumpra-se.

Cuiabá/MT, data registrada no sistema.

(assinado eletronicamente)

BRUNO D’OLIVEIRA MARQUES

Juiz de Direito

DA NECESSIDADE DE PERÍCIA CONTABIL SOBRE O VALOR ORIGINAL

Os agravantes pleitearam perícia contábil sobre o valor original a fim de


verificar o débito atual. Todavia, entende o magistrado de piso que é desnecessária.
O magistrado trouxe os seguintes parâmetros para o MP trazer o cálculo
devido, vejamos:

Destarte, em caso de alegação de excesso nos cálculos, oônus recai sobre o impugnante,
ônus do qual a ré não se desincumbiu. Ao arremate, a demandada pugna pela realização de
perícia contábil aduzindo que os “cálculos apresentados pelo ilustre parquet se deram
através de assistentes técnicos do Centro de Apoio Operacional – CAO e não por realização
de perícia contábil, onde se tem um expert no assunto para realização de tal medida”,
sustentando que há necessidade de apuração por profissional a ser nomeado pelo Juízo.

Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.

Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 -Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).

Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devidodependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.

Ocorre que primeiramente não se trata se um simples cálculo aritmético


conforme mencionado, os agravantes entendem que só um perito contábil poderá apresentar
o cálculo correto.

De modo que o MP não estaria qualificado para apresentar o cálculo correto,


podendo trazer prejuízo as partes.

Diante do perigo de prejuízo no cálculo a ser apresentado por um


profissional não técnico, requer a reforma da decisão, a fim de ser nomeado um perito
contábil para apresentar o cálculo devido.

Aliado a isso o juízo de piso homologou os cálculos apresentados e julgou


liquidado o título judicial exequendo, sem remeter os autos à perícia contábil para cálculos,
mesmo sendo a agravante portadora de justiça gratuita.

Neste sentido a incumbência do ônus não pode recair ao agravante acerca


da alegação de excesso sem que haja a realização de cálculos por profissional
competente,ferindo o que prevê o artigo 98 do Codigo de Processo Civil, e jurisprudências
dos Tribunais Superiores:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BENEFICIÁRIO DA AJG. EXECUÇÃO DE
SENTENÇA. REMESSA À CONTADORIA JUDICIAL PARA CONFECÇÃO DE CÁLCULOS.
DIREITO DO BENEFICIÁRIO INDEPENDENTEMENTE DACOMPLEXIDADE.1. Esta Corte
consolidou jurisprudência no sentido de que o beneficiário da assistência judiciária gratuita
tem direito à elaboração de cálculos pela Contadoria Judicial, independentemente de sua
complexidade. Precedentes. 2. Recurso especial a que se dá provimento. (REsp n.
1.725.731/RS, relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 5/11/2019, DJe
de 7/11/2019.)

Assim sendo, para que haja a tão salutar justiça deve ser anulando a
decisão ID 132865751, remetendo os autos para a perícia contábil, reabrindo prazo para a
impugnação do cálculo realizado por profissional competente.

DA CORREÇÃO DA CONDENAÇÃO À PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO – TEMA


AGUARDANDO JULGAMENTO NO STJ – NECESSIDADE DE SOBRESTAMENTO DO
FEITO

Precipuamente se destaca que a Lei 8.429/92, NÃO estabelece temo inicial


para os juros de mora, nem para atualização, de sorte que ao Judiciário compete definir tais
critérios.

A multa civil fixada a agravante não decorre de contrato algum, tem


previsão legal na Lei de Improbidade e é fixada na sentença, de acordo com a dosimetria
estabelecida pelo Magistrado.

Com efeito, a data do fato não pode ser utilizada para atualização e juros
sobre a multa, essencialmente porque neste momento referida multa inexistia.

Bem por isso não faz sentido algum que os juros decorrentes da mora
sejam estabelecidos desde a prática de conduta ímproba, uma vez que, se assim fosse, o
acusado já receberia o pronunciamento judicial condenatório com dívida em atraso, em
relação à qual não poderia sequer fazer depósito prévio elisivo dos encargos financeiros.

A agravante mencionou em sua defesa que os juros só poderiam incidir a


partir do trânsito em julgado da demanda ou ate mesmo da sentença condenatória e não do
suposto ilícito. Assim manifestou o juiz de piso sobre os juros e correção monetária:

A ré Dorothy Rodrigues da Luz defende que os juros devem incidir apenas a partir da
publicação da sentença condenatória. Todavia, tal alegação não merece prosperar, pois,
consoante o art. 398 do Código Civil e as Súmulas 43 e 57 do STJ, nos casos de
improbidade administrativa, por se tratar de responsabilidade extracontratual, os juros
moratórios e a correção monetária fluem a partir da data do evento ilícito que gerou dano ao
erário, consoante passo a expor.

Inicialmente, destaco que, muito embora a matéria esteja afetada para ser submetida a
julgamento sob o Tema 1128[2], o entendimento atual no E. Superior Tribunal de Justiça é
no sentido de que o ressarcimento do dano e as sanções em pecúnia previstas na Lei da
Improbidade Administrativa, inserem-se no contexto da responsabilidade civil extracontratual
por ato ilícito.

Nesses termos, “a correção monetária e os juros da multa civil têm, como dies a quo de
incidência, a data do evento danoso (o ato ímprobo), nos termos das Súmulas 43 (‘Incide
correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo’) e 54 (‘Os
juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual’) do STJ e do art. 398 do Código Civil”[3] (Grifo nosso).

Não bastasse, anoto que, no caso dos autos, a própria sentença fixou o índice e termos
iniciais de incidência da correção monetária e dos juros de mora. Veja-se:

“b) pagamento de multa civil no importe do valor correspondente a 5 (cinco) Vezes a


remuneração percebida a época pela agente pública ímproba, atualizada com correção
monetária pelo índice do INPC a partir de 8/2/2013 (data dos fatos) e juros de mora, estes
últimos a base de 1% ao mês, a incidir da juntada do mandado de citação, montante esse a
ser aferido pela liquidação de sentença;”

Além disso, muito embora discorde do valor indicado pelo autor quanto aos índices
aplicados para correção monetária e juros, a ré impugnou de forma genérica, não trazendo
planilha do valor que entende devido, nem apresentando qualquer argumento capaz de
contrapor os cálculos apresentados pelo autor.

Acerca do tema, é jurisprudência consolidada dos tribunais pátrios:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO À LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. DECISÃO


AGRAVADA QUE ACOLHEU MATÉRIA ANTERIOR À FORMAÇÃO DO TÍTULO
EXECUTIVO. EFICÁCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADA. EXCESSO DE EXECUÇÃO.
NÃO APRESENTAÇÃO DO CÁLCULO QUE SE ENTENDIA DEVIDO. DECISÃO
REFORMADA. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS NO CUMPRIMENTO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. DESCABIMENTO. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS EM LIQUIDAÇÃO E RECURSAIS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. Matéria anteriores à formação do título executivo não são
alegáveis em sede de impugnação ao cumprimento de sentença, em função do quanto
estabelecido no artigo 535, VI, do CPC, de sorte que atingida pela eficácia preclusiva da
coisa julgada, conforme artigo 508, do CPC. A ausência de indicação do valor devido e/ou a
não apresentação de demonstrativo de cálculo que comprove o excesso à execução,
autoriza sua rejeição liminar, nos termos do art. 525, §5º, do CPC. Não é cabível a fixação
de honorários no cumprimento de obrigação de fazer, porquanto tal medida já restou
atendida pelo juízo singular, em pronunciamento anterior ao impugnado. É indevida a
fixação de honorários em liquidação de sentença e, por consequência, não há que se falar
em honorários recursais.” (TJMS; AI 1420150-75.2021.8.12.0000; Primeira Câmara Cível;
Rel. Des. João Maria Lós; DJMS 09/03/2022; Pág. 158).
Destarte, em caso de alegação de excesso nos cálculos, o ônus recai sobre o impugnante,
ônus do qual a ré não se desincumbiu.

Ao arremate, a demandada pugna pela realização de perícia contábil aduzindo que os


“cálculos apresentados pelo ilustre parquet se deram através de assistentes técnicos do
Centro de Apoio Operacional – CAO e não por realização de perícia contábil, onde se tem
um expert no assunto para realização de tal medida”, sustentando que há necessidade de
apuração por profissional a ser nomeado pelo Juízo.

Contudo, nesse ponto, entendo que não há necessidade de maiores digressões, uma vez
que os cálculos apresentados pelo autor foram submetidos ao crivo do contraditório, na
medida em que restou oportunizada a manifestação das partes.

Por fim, entendo que é prescindível a realização de perícia contábil porque, in casu, o valor
do débito pode ser apurado mediante a aplicação dos parâmetros definidos na sentença,
como afirmado alhures. E, compulsando os autos, verifico que os cálculos apresentados
pela parte autora (Id. 109206167 - Pág. 1) respeitaram os referidos parâmetros, tendo em
vista a correção monetária incidente pelo INPC e a partir da data dos fatos e o juros de 1%
(um por cento) a partir da citação (Id. 86061721 - Pág. 4 e Id. 86063234 - Pág. 2).

Portanto, tendo em vista que a apuração do valor devido dependia tão somente da definição
de parâmetro e de simples operações aritméticas, baseadas em documentos já existentes
nos autos, a procedência do pedido de liquidação e a consequente homologação dos
cálculos é medida que se impõe.

Neste aspecto a defesa trouxe precedentes do EGREGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE SÃO PAULO e também do EGREGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

Agravo de instrumento. Improbidade Administrativa. Impugnação ao cumprimento parcial de


sentença. Preclusão. Inocorrência. Impugnação interposta oportunamente. Prazo de 15 dias
contados da intimação da penhora. Nova sistemática atinente à execução. Artigos O artigo
475-J, § 1° e 736 do Código de Processo Civil. Ausência de garantia do juízo. Fator que a
apreciação da impugnação. Multa de dez vezes o valor da última remuneração percebida
pelo então prefeito, ora agravado. Artigo 12, II da LIA. Correção monetária e incidência de
juros. Cabimento. Contudo, a partir da publicação da decisão que a estabeleceu. In caso, o
acórdão que deu provimento ao apelo interposto pelo Ministério Público. Os juros que
correm a partir do evento danoso referem-se ao ressarcimento ao erário dos prejuízos
decorrentes da prática ímproba, não à multa estabelecida com base no valor da
remuneração do agente público. Recurso parcialmente provido. (TJSP. 0156148-
88.2013.8.26.0000. Rel. Des.: Ronaldo Andrade. J.: 21.01.2014. P.: 22.01.2014)

AÇÃO CIVIL PÚBLICA AÇÃO POPULAR Improbidade administrativa Ação popular


impugnando ato de improbidade administrativa (objeto idêntico ao de ação civil pública
apensa), e também o uso irregular de publicidade Prefeito Municipal que contratou empresa
da irmã sem procedimento licitatório Questão posta em juízo que deve ser analisada à luz
da Lei n° 8.429/92 Violação dos princípios norteadores da Administração Pública consoante
art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa Ausência de prejuízo ao erário ou
enriquecimento ilícito O Eg. STJ firmou entendimento no sentido de que o enquadramento
de condutas no art. 11 da Lei n° 8.429/92 requer a verificação do elemento subjetivo oloso
do agente, em sua modalidade genérica (dolo lato sensu) Tratam os autos de favorecimento
familiar por meio de recursos públicos Violação dos princípios da moralidade e da
impessoalidade Não é obrigatória a aplicação cumulativa das sanções previstas no artigo 12
da Lei de Improbidade Administrativa Precedentes jurisprudenciais Penas de perda da
função pública e de suspensão dos direitos políticos que devem ser aplicadas com
parcimônia, em casos mais graves, hipótese diversa destes autos Condenação do ex-
prefeito no pagamento de multa civil no valor de 3 (três) remunerações mensais, no valor
percebido no último ano de seu mandato (à época dos fatos), acrescida de atualização
monetária a partir do julgado de primeiro grau; e das requeridas na proibição de contratarem
com o Poder Público ou receberem benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de três anos, a partir do trânsito em julgado desta decisão Verba sucumbencial
mantida. Denúncia de propaganda irregular arquivada pelo E. Conselho Superior do
Ministério Público Recurso Ministerial não provido Apelações dos réus parcialmente provida.
TJSP. 9099351-46.2007.8.26.0000. Rel. Des.: Fermino Magnani Filho. J.: 20.06.2011. P.:
22.06.2011

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE AD- MINISTRATIVA.LEI N.


8.429/1992. APLICAÇÃO DE PENALIDA- DES. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E
DA RAZOABILI- DADE. 1.Recurso interposto nos autos da ação de improbidade
administrativa movida pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul contra
Gilberto Lutzky por auferir vantagem patrimonial no exercício de sua atividade como médico
anestesista do SUS. 2. O Tribunal a quo manteve a sentença que reconheceu a
materialidade da improbidade administrativa e aplicou as sanções de proibição de contratar
com o Poder Público, especificamente de prestar serviços pelo SUS, pelo prazo de 3 (três)
anos, e multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigidos monetariamente pelo IGP-
M, a contar da promulgação da sentença, e acrescidos de juros de mora de 12% ao ano a
contar do trânsito em julgado desta. 3. Nos termos do art. 12, parágrafo único, da Lei n.
8.429/92, na fixação das penas o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
como o proveito patrimonial obtido pelo agente, podendo ser aplicadas de modo cumulativo
ou não. 4. A sanção de suspensão dos direitos políticos é a mais drástica das penalidades
estabelecidas no art. 12 da Lei n. 8.429/92, devendo ser aplicada tão somente em casos
graves. Precedentes. 5. Ausência de ofensa aos Princípios da Proporcionalidade e
Razoabilidade. Agravo regimental improvido. I(STJ. AgRg no AREsp 11.146/RS. Rel. Min.:
Humberto Martins., J.: 16.08.2011. P.: 22.08.2011)

Ensina CLÓVIS BEVILAQUA [in Direito das Obrigações, 8' ed., Editora Paulo
de Azevedo Ltda. Rio de Janeiro: 1954. p 94] sobre os requisitos da mora do devedor, esta
pressupõe: "a existência de dívida certa e liquida; o vencimento da mesma; a inexistência
culposa; e a interpelação judicial ou extrajudicial, quando a dívida não é a termo."

Ora Excelências conforme citado na própria decisão do juízo de primeiro


grau a matéria esta afetada para ser submetida a julgamento , o que no ponto de vista da
defesa não poderia o juiz de piso dar continuidade ao feito, devendo o feito ser sobrestado
até o julgamento daquele recurso sob o tema n. 1128 do STJ.

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. PROPOSTA DE AFETAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. RITO DOS


RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS. ART. 256-I, C/C O ART. 256-E DO RISTJ, NA
REDAÇÃO DA EMENDA REGIMENTAL 24, DE 28/9/2016. ART. 398 DO CÓDIGO CIVIL.
INTERPRETAÇÃO DAS SÚMULAS 43 E 54 DO STJ. LEI DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. MULTA CIVIL. TERMO INICIAL DOS JUROS E DA CORREÇÃO
MONETÁRIA. MULTIPLICIDADE DE PROCESSOS. ABRANGÊNCIA DA SUSPENSÃO.
PROPOSTA DE AFETAÇÃO ACOLHIDA.

1. Delimitação da controvérsia: "Definir o termo inicial dos juros e da correção monetária da


multa civil prevista na Lei de Improbidade Administrativa, isto é, se devem ser contados a
partir do trânsito em julgado, da data do evento danoso - nos termos das Súmulas 43 e
54/STJ -, ou de outro marco processual.".

2. Recurso especial afetado ao rito do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 (art. 256-I, c/c o
art. 256-E do RISTJ, na redação da Emenda Regimental 24, de 28/9/2016).

3. Determinada a suspensão do processamento dos recursos especiais e agravos em


recursos especiais interpostos nos tribunais de segunda instância ou em tramitação no STJ,
devendo-se adotar, no último caso, a providência prescrita no art. 256-L do RISTJ.

4. Acolhida a proposta de afetação do recurso especial como representativo da controvérsia,


para que seja julgado na Primeira Seção (afetação conjunta dos Recursos Especiais n.
1.942.196/PR, 1.953.046/PR e 1.958.567/PR).

Como o MP apresentara o cálculo se a matéria aguarda julgamento no


Superior Tribunal de Justiça?

Existe um prejuízo imediato a agravante.

Pleiteia os agravantes a reforma da decisão neste trecho, bem como o


sobrestamento do feito até a decisão final do STJ sobre o tema.

E, em caso de vossas excelências não ter esse entendimento, resta reformar


a decisão para que o cálculo dos juros incida sobre o trânsito em julgado da sentença pois a
decisão seria mais benéfica aos agravantes em caso de não sobrestamento do feito.

DO EXCESSO A EXECUÇÃO- ABATIMENTO DE SALÁRIOS QUE A AGRAVANTE


FICOU SEM RECEBER NOS TRES MESES SUBSEQUENTES

Entende a defesa ainda Excelências que ocorrera excesso na execução,


visto que após a data do fato a agravante ficou sem receber salário pelo período de 03
meses, conforme holerites, razão pela qual (os três salários não percebidos) deveriam ser
estes descontados da pena de multa aplicada a ela, se tendo um cálculo em cima somente
de 02 dos 05 salários aplicados a título de multa, uma vez que não entendo da presente
maneira a contestante estaria sofrendo dupla penalidade.
DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ademais, insta salientar que para defesa o valor exorbitante citado nas
manifestações do MP acolhido pelo juízo de primeiro grau ferem o Princípio da
Proporcionalidade e da Administração Pública.

O Princípio da Proporcionalidade não se encontra previsto de forma


expressa na Constituição Federal, mas estão previstos na Lei 9.784/99, que regula o
processo administrativo na Administração Pública Federal.

Sobre ele, os Professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo assim se


reportam:

O postulado da proporcionalidade é importante, sobretudo, no controle dos atos


sancionatórios, especialmente nos atos de polícia administrativa. Com efeito, a intensidade
e a extensão do ato sancionatório deve corresponder, deve guardar relação de
proporcionalidade com a lesividade e gravidade da conduta que se tenciona reprimir ou
prevenir. A noção é intuitiva: uma infração leve deve receber uma sanção branda; a uma
falta grave deve corresponder uma sanção severa.( ALEXANDRINO, Marcelo. Direito
Administrativo Descomplicado, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, Editora Impetus, 15ª
edição, 2008, pág. 155)

Na mesma linha, Marino Pazzaglini Filho, ensina

Pois bem, os princípios constitucionais interligados da razoabilidade e proporcionalidade, de


natureza implícita, que esclarecem e instruem o princípio constitucional maior e primário da
legalidade, são de observância obrigatória na aplicação das medidas punitivas em geral.
(PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de Improbidade Administrativa Comentada, Editora Atlas,
1ª edição, 2002, pág. 123/124)

Deduz-se desses princípios que a imposição das sanções elencadas para os


atos de improbidade administrativa deve ser razoável, isto é, adequada, sensata, coerente
em relação ao ato ímprobo cometido pelo agente público e suas circunstâncias, e
proporcional, ou seja, compatível, apropriada, pertinente com a gravidade e a extensão do
dano (material e moral) causado por ele.

O artigo 12, caput, da Lei n.º 8.429/92, a bem da verdade, deixou expresso a
obrigatoriedade de aplicação do princípio da proporcionalidade na fixação das sanções pela
prática de um ato de improbidade administrativa, como restou bem pontuado em decisão do
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais:

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LEI Nº 8429/1992 - PREFEITO-MUNICIPAL -


REPASSE DE VERBAS PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO -
EXECUÇÃO PARCIAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA DESTINAÇÃO DE
PARCELA DOS RECURSOS FINANCEIROS - ATO ÍMPROBO CARACTERIZADO -
FIXAÇÃO DA PENA - PROPORCIONALIDADE. Caracteriza ato ímprobo a atuação
desidiosa do Prefeito-Municipal, que, ao gerir recurso destinado à Municipalidade para
consecução de obras de saneamento básico, não logra êxito em comprovar a destinação de
parcela da quantia repassada. De acordo com art. 12 da Lei nº 8429/1992, a pena imputada
ao réu-ímprobo deve ter como mensuração o princípio da proporcionalidade. TJMG,
Processo n.º 1.0686.06.174528-3/001, Rel. Des. Manuel Saramago, julgado em 10/02/2011,
publicado em 28/02/2011.

Assim sendo, manter-se a liquidação da sentença da forma como requerido


pelo ilustre representante do Ministério Público, iria ao contrário do Princípio da
Proporcionalidade e da Administração Pública.

Ainda baseado nos presente princípios, em sede de pedido subsidiário vem


a agravante requerer o parcelamento do valor atribuído a titulo de condenação a pena de
multa, em parcelas mensais de R$1.000,00 (hum mil reais), visto que, conforme
documentações acostadas ao presente petitório não possui meios de pagamento integral do
debito, bem como, parcelados em quantia maior que a informada que da a possibilidade de
pagar para não sofrer prejuízo ao seu sustento próprio e de seus familiares que dependem
da mesma para sobrevivência, ainda mais se tratando de uma pessoa idosa, debilitada e
que mora de aluguel, conforme documentações acostadas aos autos.

DO REQUERIMENTO FINAL

Requer de Vossas Excelências:

a) O recebimento do recurso, eis que tempestivo e isento de preparo.

b) Requer Liminarmente a suspensão da decisão de primeiro grau, até o


julgamento do mérito do recurso.

c) Requer a reforma da decisão nos seguintes trechos:

a. Reconhecer a necessidade de sobrestamento do feito em razão de


afetação da matéria no tema 1128 a ser julgado pelo STJ.

b. Em caso de não reconhecer o sobrestamento do feito, reformar a decisão


a fim de apurar a liquidação da sentença por perícia técnica reconhecendo os juros a partir
do trânsito em julgado da decisãoou da data da sentença condenatória por ser uma norma
mais favorável aos agravantes.

c. Abater os três salários não percebidos pela contestante nos meses


subsequentes a data dos fatos
d. Subsidiariamente requer o parcelamento do valor atribuído a titulo de
condenação a pena de multa, em parcelas mensais de R$1.000,00 (hum mil reais), visto
que, conforme documentações acostadas ao presente petitório não possui meios de
pagamento integral do debito, bem como, parcelados em quantia maior que a informada que
da a possibilidade de pagar para não sofrer prejuízo ao seu sustento próprio e de seus
familiares que dependem da mesma para sobrevivência.

Termos em que, Espera deferimento.


Cuiabá, 15 de maio de 2024.

ALINO CESAR DE MAGALHÃES


OAB/MT 14.445

CESAR AUGUSTO MAGALHÃES


OAB/MT 3.237-B

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