Beijupira
Beijupira
Beijupira
NUNES
EDITOR
ALBERTO J.P. NUNES
Fortaleza
2014
ENSAIOS COM O BEIJUPIR, Rachycentron canadum - Resultados e Experincias do Projeto NUTRIO, SANIDADE E VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum, CULTIVADO
NO NORDESTE DO BRASIL
2014 do editor
Projeto Grfico, Diagramao e Capa
Valdianio Arajo Macedo
Foto da Capa
~ Tu, Sul do Vietn
Criao de beijupir em Vung
Crdito: Alberto J.P. Nunes
Impresso
7CN Comunicao Criativa
ISBN: 978-85-917079-0-4
AGRADECIMENTOS
As pesquisas e atividades realizadas no mbito da Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste
do Brasil (Processo CNPq No. 559527/2009-8) foi resultado do apoio financeiro do Ministrio da
Pesca e Aquicultura (MPA), Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). As empresas e instituies, Aquarium Aquicultura
do Brasil Ltda., Camanor Produtos Marinhos Ltda., Instituto de Educacin Secundaria les de
Aller Moreda (Espanha), InVivo Nutrio e Sade Animal Ltda., Organizao Intergovernamental
INFOPESCA (Uruguai) e Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) deram total apoio
logstico e operacional nas atividades desenvolvidas no mbito deste projeto. Aos pesquisadores
Eric Arthur Bastos Routledge e Luiz Eduardo Lima de Freitas pelo esforo, capacidade de agregao
e suporte. A toda equipe da Coordenao do Programa de Pesquisas Oceanogrficas e Impactos
Ambientais (COIAM) do CNPq, em especial ao Sr. Antonio Hlder Oliveira Lima, Gestor do Edital
No. 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, pela orientao, compreenso e
resoluo das demandas deste projeto. Temos dbito e reconhecimento aos alunos, estagirios e
prestadores de servios que contriburam, muitas vezes de forma voluntria, viabilizando a execuo das pesquisas e a elaborao deste material.
Os autores
PREFCIO
A piscicultura brasileira teve seu incio no sculo XVIII, em tanques de terra edificados em
reas litorneas, construdos por holandeses, quando da sua invaso no Nordeste. Contudo,
somente no incio da dcada de 30 do sculo passado foi que se deu incio ao desenvolvimento
de tecnologias relacionadas criao de peixes nos audes da Regio Nordeste, visando
aumentar a produo de pescado como forma de minorar os problemas das secas. Deste
perodo at os dias atuais pode-se dizer que os progressos foram dbeis, ao se considerar o
grande potencial brasileiro, a partir dos seus 8.500 km de costa e de um considervel volume de
guas continentais. Contudo, continuamos a depender quase que integralmente de produtos
das pescas costeira e ocenica, cujos recursos esto cada vez mais escassos devido sobre
explotao das espcies de maior valor comercial. Segundo o Ministrio da Pesca e Aquicultura
(MPA) o consumo per capita nacional de pescado alcanou 11,7 kg em 2011, correspondendo
a um aumento de 14,5% em relao ao ano anterior. Como consequncia, a importao
passou das 285,6 mil ton. de 2010 para 349,5 mil ton. em 2011 com um aumento de 22,4%
destinados a suprir as demandas de mercado, devido ao reduzido aumento de produo
interna. Como consequncia, verificou-se um dficit na balana comercial na casa dos US$
991 milhes em relao ao dficit computado em 2010 que foi de US$ 778 milhes. O registro
do PIB brasileiro do Agronegcio alcanou US$ 491 bilhes, sendo que apenas 7% deste total
so provenientes do PIB do setor pesqueiro. Vale salientar que dos 1,43 milhes de ton. de
pescado produzidas em 2011, apenas 628,7 mil ton. foram produzidas pela aquicultura, com
a tilpia e o tambaqui predominando entre as espcies de peixe mais cultivadas. Este quadro
leva a sugerir aos gestores da pesca a necessidade premente de se realizar investimentos
que a curto e longo prazo permitam avanar na direo de empreendimentos de cultivo com
garantias de retorno e sustentabilidade.
O livro Ensaios com o Beijupir, Rachycentrum canadum que ora prefaceio tem
origem no projeto Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum,
Cultivado no Nordeste do Brasil (Processo CNPq No. 559527/2009-8), coordenado pelo
Prof. Dr. Alberto Jorge Pinto Nunes. A obra apresentada em 15 captulos e enfoca os
pilares bsicos para o cultivo de uma espcie, quais sejam: Captulo 1 - Conhecimento
da Biologia; Captulo 2 - Exemplo de um Cultivo no Vietn; Captulo 3 - Montagem de
uma Unidade Experimental para Pesquisas de Nutrio com Juvenis de Peixes Marinhos;
Captulo 4 - Mtodos de Transporte e Aclimatao de Alevinos; Captulo 5 Reduo do
Custo da Composio de Dietas Balanceadas; Captulo 6 Contedo e Disponibilidade de
Nutrientes em Ingredientes Proteicos para Dietas; Captulo 7 Influncia da Salinidade no
Desempenho do Beijupir; Captulo 8 Investigao Histopatolgica do Intestino e Fgado
e Hematologia de Juvenis Alimentados com Crescentes Nveis de Farelo de Soja; Captulo 9
Estabelecimento de Procedimentos de Diagnstico Padro e Principais Enfermidades em
Juvenis; Captulo 10 Rendimento dos Cortes e Qualidade da Carne do Beijupir sujeito a
Diferentes Nveis de Salinidade da gua de Cultivo; Captulo 11 Tcnicas de Processamento
e Beneficiamento Visando Agregao de Valor do Beijupir; Captulo 12 Aproveitamento
da Pele do Beijupir Cultivado; Captulo 13 Viabilidade Tcnica Econmica na Engorda do
Beijupir; Captulo 14 Anlise de Aceitao do Beijupir Cultivado no Mercado Local, onde
o experimentador brindado com deliciosas receitas da culinria nacional e internacional
APRESENTAO
O declnio mundial dos estoques pesqueiros nos oceanos e rios tem estimulado uma expanso
acelerada da atividade aqucola. Nas ultimas trs dcadas (1980-2010) a produo mundial de organismos aquticos comestveis em cativeiro cresceu mais de 12 vezes, a uma taxa de 8,8% ao ano.
Em 2011, quase 64 milhes de ton. de peixes, crustceos e moluscos foram produzidos em fazendas
aquticas com um valor estimado em mais de US$ 110 bilhes.
Atualmente mais de 55% do consumo humano de pescado atendido pela aquicultura. Grande
parte do sucesso da aquicultura contempornea foi resultado de melhorias no manejo da produo,
desenvolvimento de linhagens com fatores de resistncia e crescimento, maior controle sanitrio
nos cultivos e uma melhor compreenso das necessidades nutricionais dos animais aquticos de
criao. Para atender a crescente demanda global por protena aqutica e manter-se competitivo
no mercado, as tecnologias de cultivo evoluram abreviando o tempo de cultivo pela metade, e ao
mesmo tempo, possibilitando produtividades 10 vezes mais elevadas do que em um passado recente. Isto contrasta marcadamente com a aquicultura de subsistncia praticada nos anos 70, pautada
por prticas extensivas e pela produo de espcies de baixo nvel trfico.
O domnio da piscicultura marinha tropical uma das ultimas fronteiras da aquicultura. Embora j se
detenha conhecimento para induo da desova, larvicultura e engorda de inmeras espcies de peixes
marinhos, as tcnicas de produo em escala comercial ainda no so plenamente dominadas. Ainda assim, o cultivo de peixes marinhos em cativeiro cresce de forma acelerada. Entre 2000 e 2010, a produo
deste setor, a nvel global, expandiu 17% ao ano, passando de 0,97 para 1,8 milhes de ton.
O beijupir tem sido apontado como uma das espcies de peixe marinho de maior potencial para o
desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil e em outras partes do mundo. Isto se deve aos seus
atributos biolgicos, com potencial para despertar investimentos privados nesta atividade. Apesar das
suas vantagens, inmeros aspectos de natureza zootcnica, sanitria, organoltica, econmica e mercadolgica da espcie no so ainda bem compreendidos, merecendo estudos aplicados.
A elaborao deste material fez parte de uma das metas do projeto da Sub-Rede de Pesquisa
Cientfica e Tecnolgica denominada Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE) financiada com recursos aprovados no Edital pblico No. 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No. 559527/2009-8.
A Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE teve como objetivo a realizao de pesquisas de carter aplicado nas reas de nutrio, sanidade, biossegurana, valor agregado, mercado e
economia do cultivo do beijupir, Rachycentron canadum, na Regio Nordeste do Brasil, de forma a:
1. Desenvolver uma base de informaes sobre os aspectos tcnicos e econmicos do cultivo
do beijupir visando sua criao comercial na Regio Nordeste.
2. Capacitar e formar recursos humanos especializados nos diferentes temas em questo para
apoiar o desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil.
3. Aumentar a integrao de grupos de pesquisa em aquicultura de diferentes expertises, instituies e regies do pas a fim de melhor abordar questes de ordem tcnica, econmica e
ambiental sobre o cultivo de organismos aquticos.
4. Documentar e difundir o cultivo do beijupir e seu consumo.
Especificamente, a Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE teve como objetivos e metas:
1. Mensurar o valor biolgico de diferentes fontes proteicas para o beijupir com o intuito de
aferir o valor biolgico e consequentemente monetrio para os mesmos, criando as bases
para formulaes de baixo custo (least-cost formulation) e ampliando o leque de opes de
ingredientes com o potencial de compor a composio de raes para espcie.
SUMRIO
Captulo 1. O CULTIVO DE PEIXES MARINHOS TROPICAIS, COM NFASE NO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
1.1. INTRODUO........................................................................................................................ 1
1.2. A PISCICULTURA MARINHA................................................................................................... 2
1.3. ASPECTOS BIOLGICOS DO BEIJUPIR.................................................................................. 3
1.3.1. TAXONOMIA E DISTRIBUIO GEOGRFICA................................................................... 3
1.3.2. IDADE E CRESCIMENTO................................................................................................... 4
1.4. ACASALAMENTO E DESOVA................................................................................................... 5
1.5. LARVICULTURA...................................................................................................................... 8
1.6. ALEVINAGEM....................................................................................................................... 10
1.7. ENGORDA............................................................................................................................ 10
1.8. RAO E ALIMENTAO...................................................................................................... 13
1.9. DESEMPENHO ZOOTCNICO............................................................................................... 14
1.10. CONCLUSO E PERSPECTIVAS............................................................................................ 16
AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ 18
REFERNCIAS................................................................................................................................. 18
Captulo 2. CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum, NO VIETN: LIES PARA O BRASIL
2.1. INTRODUO...................................................................................................................... 21
2.2. MATERIAIS E MTODOS....................................................................................................... 22
2.3. RESULTADOS........................................................................................................................ 22
2.3.1. A REALIDADE DA PRODUO DO BEIJUPIR................................................................. 22
2.3.2. O EFEITO ECONMICO DOS PARMETROS ZOOTCNICOS E DO PREO DE VENDA..... 24
2.3.3. AS LIMITAES DO MERCADO...................................................................................... 25
2.4. DISCUSSO.......................................................................................................................... 26
2.5. CONCLUSO........................................................................................................................ 27
AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ 27
REFERNCIAS................................................................................................................................. 28
Captulo 3. IMPLANTAO E VALIDAO DE UMA UNIDADE EXPERIMENTAL PARA PESQUISAS
DE NUTRIO COM JUVENIS DE PEIXES MARINHOS NO LABOMAR/UFC
3.1. INTRODUO...................................................................................................................... 29
3.2. MATERIAIS E MTODOS....................................................................................................... 30
3.2.1. LOCAL DO ESTUDO E ESTRUTURA DE CULTIVO EXISTENTE........................................... 30
3.2.2. PROJETO DE INFRAESTRUTURA DO SISTEMA DE CULTIVO DE PEIXES........................... 30
3.2.3. OBRAS DE CONSTRUO CIVIL...................................................................................... 33
3.2.4. SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E DRENAGEM DE GUA E ABASTECIMENTO DE AR.... 34
3.2.5. MONTAGEM DOS TANQUES DE CULTIVO...................................................................... 36
3.2.6. VALIDAO HIDRULICA E BIOLGICA DO SISTEMA DE CULTIVO................................ 37
3.2.7. ANLISE ESTATSTICA..................................................................................................... 38
3.3. RESULTADOS E DISCUSSO.................................................................................................. 38
3.3.1. INVESTIMENTOS COM INSTALAO E MONTAGEM DO SISTEMA................................. 38
3.3.2. ADEQUAO HIDRULICA............................................................................................. 40
3.3.3. ADEQUAO BIOLGICA............................................................................................... 41
3.4. CONCLUSO E PERSPECTIVAS.............................................................................................. 46
AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ 47
REFERNCIAS................................................................................................................................. 47
Captulo 7. INFLUNCIA DA SALINIDADE NO DESEMPENHO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum (LINNAEUS, 1766) E AVALIAO DA ENGORDA EM VIVEIROS ESCAVADOS
7.1. INTRODUO...................................................................................................................... 97
7.2. MATERIAL E MTODOS........................................................................................................ 98
7.2.1. LOCAL DA PESQUISA E INFRAESTRUTURA..................................................................... 98
7.2.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL................................................................................... 99
7.2.3. UNIDADES EXPERIMENTAIS DE CULTIVO..................................................................... 100
7.2.4. MANEJO DO CULTIVO.................................................................................................. 101
7.2.5. MONITORAMENTO DA GUA E DO CULTIVO.............................................................. 102
7.2.6. ANLISES LABORATORIAIS........................................................................................... 102
7.2.7. ANLISES ESTATSTICAS............................................................................................... 103
7.3. RESULTADOS...................................................................................................................... 103
7.3.1. QUALIDADE DA GUA DOS CULTIVOS......................................................................... 103
7.3.2. DESEMPENHO ZOOTCNICO DO BEIJUPIR FRENTE A DIFERENTES SALINIDADES..... 105
7.3.3. RESPOSTAS FISIOLGICAS........................................................................................... 108
7.3.4. DESEMPENHO DO BEIJUPIR FRENTE A DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM. 109
7.3.5. DESEMPENHO DO BEIJUPIR EM POLICULTIVO.......................................................... 110
7.4. DISCUSSO........................................................................................................................ 110
7.5. CONCLUSO...................................................................................................................... 114
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................... 114
REFERNCIAS............................................................................................................................... 114
Captulo 8. INVESTIGAO HISTOPATOLGICA DO FGADO E INTESTINO E HEMATOLOGIA DE
JUVENIS DO BEIJUPIR, Rachycentrum canadum, ALIMENTADOS COM CRESCENTES NVEIS DE
INCLUSO DE FARELO DE SOJA EM DIETAS PRTICAS
8.1. INTRODUO.................................................................................................................... 117
8.2. MATERIAIS E MTODOS..................................................................................................... 118
8.2.1. LOCAL DO ESTUDO...................................................................................................... 118
8.2.2. DIETAS EXPERIMENTAIS............................................................................................... 118
8.2.3. CARACTERIZAO DO SISTEMA EXPERIMENTAL E MANEJO....................................... 119
8.2.4. COLETA, PROCESSAMENTO E ANLISE DAS AMOSTRAS............................................. 119
8.3. RESULTADOS E DISCUSSO................................................................................................ 122
8.3.1. DESEMPENHO ZOOTCNICO....................................................................................... 122
8.3.2. EXAME MACROSCPICO............................................................................................. 122
8.3.3. EXAMES HEMATOLGICOS.......................................................................................... 123
8.3.4. EXAMES HISTOLGICOS DO INTESTINO E FGADO...................................................... 126
8.4. CONCLUSES..................................................................................................................... 131
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................... 132
REFERNCIAS............................................................................................................................... 132
Captulo 9. ESTABELECIMENTO DE PROCEDIMENTOS DE DIAGNSTICO PADRO E PRINCIPAIS
ENFERMIDADES EM JUVENIS DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum (LINNAEUS, 1766)
9.1. INTRODUO.................................................................................................................... 135
9.2. MATERIAIS E MTODOS..................................................................................................... 137
9.2.1. DETERMINAO DA NORMAL E ESQUEMA SEMI-QUANTITATIVO PARA ANLISE...... 137
9.2.2. CONSISTNCIA DOS PROCEDIMENTOS PRTICOS DE DIAGNSTICO . ...................... 141
9.2.3. ELABORAO DE FORMULRIO NICO DE REGISTRO DE AMOSTRA . ...................... 141
9.2.4. TREINAMENTO E AJUSTES ........................................................................................ 143
9.3. RESULTADOS...................................................................................................................... 147
9.4. DISCUSSO........................................................................................................................ 153
9.5. CONCLUSO...................................................................................................................... 153
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................... 154
REFERNCIAS............................................................................................................................... 154
Captulo 1
O CULTIVO DE PEIXES MARINHOS TROPICAIS, COM
NFASE NO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
1.1. INTRODUO
O Brasil dispe de recursos naturais, humano e capital para o desenvolvimento da piscicultura marinha, tanto em termos de reas, espcies e condies climatolgicas disponveis,
como infraestrutura e atmosfera socioeconmica favorveis consolidao de novas cadeias
produtivas de alimento de origem aqutica.
Contudo, a oferta de pescado produzido
no Brasil tem apresentado uma relao inversa com o excepcional aumento na demanda
por protena animal para consumo humano no
pas. A pesca extrativista industrial, que historicamente contribuiu com uma grande parcela
do pescado consumido, enfrenta uma situao
de estagnao nas capturas (IBAMA, 2006). Estudos apontam que 25% de todos os recursos
pesqueiros da Zona Econmica Exclusiva (ZEE)
j esto em estado de sobre-explotao (Jablonski, 2006). Segundo o ultimo Boletim Estatstico da Pesca e Aquicultura (MPA, 2012), a
produo da pesca no pas alcanou em 2010
um total de 785,4 mil ton., o que representa
uma queda de 0,7% em relao ao ano anterior.
Ao mesmo tempo, o pas importou em 2011,
328,8 mil ton. de produtos pesqueiros, levando
a um dficit na balana comercial do pescado
no valor de US$ 806 milhes. Por outro lado, a
aquicultura no pas vem mantendo um crescimento sustentado, e mesmo com uma produo ainda pequena (479.399 ton.), em 2010 j
representou 38,0% de todo pescado produzido
no pas (MPA, 2012).
A aquicultura nacional representada principalmente por trs segmentos: a piscicultura
continental ou de guas interiores (tilpia, car-
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
Alberto Jorge Pinto Nunes*, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
2
taxa de crescimento e a excelente qualidade da
carne. Em cultivos em cativeiro, reporta-se que
a espcie pode atingir de 4 a 6 kg ou mais em
TABELA 1.1. Principais atributos do beijupir apontados como vantagem para seu cultivo (Madrid
& Nunes, 2013).
Parmetros
Atributos
Crescimento
Reproduo e larvicultura
Resistncia
Carne
Carne branca com textura firme, de excelente sabor, se adaptando a variedade ampla de formas de preparo. Textura pouco afetada pelo processo de congelamento.
FIGURA 1.1. Exemplo de algumas espcies atualmente estudadas no Brasil para o cultivo comercial.
A, beijupir; B, camurim; C, camurupim, D, cioba; E, carapeba; F, garoupa-verdadeira. Fotos: Alberto
Nunes, Leandro Fonseca, Cristiane Silvo e Caroline Vieira.
Em termos de produo mundial, em 2010,
segundo a FAO (2012), oito pases produziram
75.628 ton. de peixes do gnero Epinephelus.
Os pases produtores foram Egito, Indonsia,
Coria, Mianmar, Filipinas, Tailndia, Arbia
Saudita e China. No h produo reportada
para o gnero Centropomus, contudo a produo do barramundi, parente mais prximo
dos centropomdeos, alcanou 65.857 ton. em
2010. A FAO (2012) reportou um total de 13 pases produtores do barramundi, Brunei, Camboja, Indonsia, Israel, Malsia, Mianmar, Arbia
Saudita, Cingapura, Sri Lanka, Taiwan, Tailndia, Bulgria, Austrlia e Papua-Nova Guin. A
produo do beijupir em Taiwan, China, Belize, Cingapura, Colmbia e nas Ilhas Martinica
e Reunio alcanou 40.768 ton. em 2010. Para
o gnero Lutjanus, a produo reportada pela
FAO (2012) foi de apenas 8.230 ton.
O beijupir cultivado em escala comercial
em diversos pases Asiticos, incluindo China,
Taiwan, Vietn e Filipinas. Nas Amricas e no
Caribe, tem havido iniciativas para o cultivo comercial da espcie nos Estados Unidos, Porto
Rico, Bahamas, Belize, Repblica Dominicana,
Mxico e Panam. No Brasil, h ainda a necessidade de aprofundar estudos em temas considerados de entrave ou de questionamento em
relao ao seu cultivo comercial, em particular
nas reas de nutrio, sanidade e mercado, de
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
e Rio Grande do Norte pelas empresas Aqualider Maricultura Ltda. (Ipojuca, PE), Aquatec
Industrial Pecuria Ltda. (Canguaretema, RN) e
Camanor Produtos Marinhos Ltda. (Canguaretema, RN), respectivamente.
Embora tanto o camurim como a garoupa
verdadeira j venham sendo estudados h alguns anos no Brasil e nas Amricas (Souza-Filho
& Cerqueira, 2003; Garcia-Lpez et al., 2006;
Zarza-Meza et al., 2006a,b; Sanches et al., 2006,
2007), somente nos ltimos anos esforos em
pesquisa se converteram em resultados prticos de maturao, desova e larvicultura em
cativeiro (Sanches et al., 2009; Carvalho-Filho,
2009; Soligo et al., 2008; Ferraz, 2009; Ferraz
& Cerqueira, 2010; Duarte et al., 2011; Kerber
et al., 2012). A primeira desova e obteno de
alevinos em cativeiro do camurim e da garoupa
verdadeira foram alcanadas somente em 2008
(Soligo et al., 2008; Carvalho-Filho, 2009) e em
2011 (Kerber et al., 2012), respectivamente.
Atualmente alevinos do camurim esto sendo
produzidos pelo Laboratrio de Piscicultura Marinha (LAPMAR) do Departamento de Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), chefiado pelo Prof. Dr. Vinicius Ronzani
Cerqueira. Alevinos da garoupa verdadeira vm
sendo produzidos comercialmente em Ilhabela,
Estado de So Paulo, desde 2011, pelo laboratrio Redemar Alevinos - Claudia E. Kerber Aquicultura ME.
Para os lutjandeos, diversos protocolos de
reproduo em cativeiro foram descritos na
literatura. Na Tailndia e Filipinas, foram descritos protocolos para o L. argentimaculatus
(Emata, 1994; Doi & Singhagraiwan, 1993), nos
EUA para o L. synagris, L. chrysurus, L. analis
(Clarke et al., 1997) e L. analis (Watanabe et
al., 1998) e no Mxico para o L. guttatus (Ibarra-Castro & Ducan, 2007) e L. campechanus
(Phelphs et al., 2009).
O controle sobre o ciclo reprodutivo de peixes
marinhos geralmente recai sobre trs pilares:
1. Manejo de reprodutores/matrizes: tcnicas de captura e cultivo de reprodutores de alta qualidade para induo da
maturao e desova em cativeiro, manipulao do sexo, preservao do esperma, coleta e incubao dos ovos.
Parmetros
Relao x
Peso corporal
Tempo p/ formao de plantel
Induo da desova
Perodo de desova
Barramundi
1:1
< 8 kg
8 anos
Hormonal
Jan. - Set.
Beijupir
1:2
18 - 25 kg
1,5 - 3 anos
Espontnea
Jan. - Junho
Garoupas
1:3
> 50 kg
10 anos
Espont./Horm.
Jan. - Junho
Pampo
--3 - 4 kg
3 - 4 anos
Espontnea
Jan. - Junho
TABELA 1.3. Lista de vantagens da desova espontnea de peixes marinhos (Liao, 1993).
Vantagens
Observaes
Mais eficiente do que mtodos convencionais
Economia de energia No h necessidade de procedimentos de induo da maturao
Uso de abordagens fisiolgicas, nutricionais, ecolgicas e endcrinas
Economia de matrizes Uma matriz pode ser usada vrias vezes devido a reduo de ferimentos
Automao
Convenincia na coleta, lavagem e transferncia de ovos
Eficincia
Aumento da taxa de fertilidade e ecloso
Controle de qualidade Aumento no percentual de larvas saudveis
No caso das injees hormonais, usado o
LHRHa (Hormnio Liberador do Hormnio Luteinizante) ou a hCG (Gonadotrofina Corinica
Humana) em aplicaes dirias intercaladas du-
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
TABELA 1.2. Caractersticas produtivas na reproduo das principais espcies de peixes marinhos no
Vietn (Nunes & Madrid, 2013).
da gua e a dieta dos reprodutores. A dieta mida composta por sardinha, ostra, lula, caranguejo e camaro, ofertados frescos em pequenos pedaos ou triturados, uma nica vez ao
dia, de 3 a 5% da biomassa estocada ao dia ou
at a saciedade.
Para realizar a desova artificial, os peixes so
anestesiados para minimizar o estresse, geralmente empregando-se uma soluo a base de
leo de cravo ou Eugenol. Inicialmente verifica-se o estdio de maturidade sexual, selecionando para isto, indivduos com ventre abaulado e tamanho corporal elevado. No caso dos
machos, estes so massageados para liberao
de smen e as fmeas canuladas para verificao dos ovcitos em lupa. Para canulao, uma
sonda introduzida no poro genital para aspirao dos ovcitos. Tanto o tamanho (dimetro)
como a posio do ncleo no ovcito indica o
estdio de maturidade sexual. Uma vez constatada a maturidade sexual, a ovulao pode ser
induzida artificialmente com hormnios atravs
de injeo intramuscular ou implantao de pellets hormonais.
Os ovos fecundados so retirados com uma
malha de 150 m e imediatamente transferidos
para recipientes com mesma temperatura e salinidade do tanque de desova. Uma amostra de
ovos examinada no microscpio para anlise
do tamanho e estgio de desenvolvimento. Os
ovos viveis, flutuantes, so levados para uma
incubadora para desinfeco e ecloso. A ecloso pode ocorrer em incubadoras, tanques ou
mesmo em viveiros escavados com gua verde.
1.5. LARVICULTURA
Para a larvicultura de peixes marinhos se faz
necessrio produo massal de alimento vivo.
As presas vivas podem incluir rotferos, coppodos e nuplios de Artemia para estgios mais
avanados. Ao contrrio de moluscos bivalves e
larvas de camares marinhos, que so regulares ou transitrios consumidores de microalgas,
as larvas de peixes marinhos no se alimentam
diretamente das microalgas. As larvas tambm
no conseguem sobreviver em culturas puras
de microalgas ou com dietas a base exclusiva de
fitoplncton, embora em alguns casos, se observa melhores resultados nos cultivos larvais
realizados em gua verde (mesocosmos) quando comparado gua clara.
A necessidade de produo de rotferos ou
coppodos se deve pela pequena abertura da
boca das larvas de peixes marinhos, alm da
necessidade de alimento com mobilidade em
gua. Enquanto os nuplios de Artemia alcanam um tamanho entre 400-500 m no seu
primeiro estgio larval (Instar I), os rotferos
possuem entre 90-350 m, dependendo da espcie e estgio de desenvolvimento, enquanto
algumas espcies de coppodos podem possuir
menos de 70 m.
A produo de alimento vivo, em especial de
coppodos, mais adequado para atender as exigncias nutricionais de larvas de peixes marinhos,
considerada um dos gargalos na larvicultura de
muitas espcies de peixes marinhos (Figura 1.2). A
nutrio inadequada apontada como uma razo
para baixa sobrevivncia das larvas durante a etapa de larvicultura. Dependo da espcie de peixe,
rotferos enriquecidos so fornecidos em laboratrio como alimento durante os primeiros 15 dias
aps ecloso (DAE), podendo se prolongar, no
caso das garoupas, por at 25 dias. A introduo
de nuplios de Artemia ocorre geralmente a partir
do 10 DAE, enquanto as dietas secas podem ser
introduzidas gradualmente a partir do 15 DAE, de
acordo com a espcie.
FIGURA 1.2. Laboratrio de produo de alimento vivo para peixes marinhos no Vietn. A, produo de microalgas. B, produo de coppodos ciclopides e calanides. Fotos: Alberto Nunes.
9
primeiros possam ser diretamente povoados
em viveiros, ainda na fase de ovo fertilizado,
sem grandes prejuzos a produo. No caso das
garoupas, os ovos fertilizados so transferidos
para laboratrio quando ocorre a ecloso, sendo as larvas alimentadas em laboratrio com
coppodos antes da transferncia para viveiros
ou tanques de alvenaria com gua verde, inoculados com rotferos (Tabela 1.4).
TABELA 1.4. Parmetros produtivos da larvicultura das principais espcies de peixes marinhos no
Vietn (Nunes & Madrid, 2013).
Parmetros
Barramundi
Beijupir
Tamanho de venda
10 - 11 cm
8 - 10 cm
Sobrevivncia*
> 30%
5 - 10%
Preo do alevino
US$ 0,30/und. US$ 0,85/und.
Tempo de cultivo**
40 dias
60 dias
Dens. em gua verde
2.000 larvas/L 1.500 larvas/L
Dens. em laboratrio
500 alvs./L
170 alvs./L
Inicio da alimentao com:
Rotferos
50 h ps-ecloso
Nuplios de Artemia
10 DAE
8 DAE
Dieta seca
20 DAE
15 DAE
*da larva at alevino, **de ovo at alevino.
Quando a larvicultura de peixes marinhos
realizada em laboratrio, os coppodos so fornecidos a larvas recm-eclodidas durante 4 a
5 dias em tanques mantidos em rea coberta,
quando so ento transferidas para tanques de
concreto com gua verde, previamente inoculados com rotferos e coppodos. Neste perodo,
os peixes so gradualmente expostos dieta seca
e quando cerca de 70% da populao j aceita
alimento seco (geralmente aps 15 dias de cultivo em gua verde), os animais so transferidos
para tanques cobertos com gua clara. Esta ultima etapa importante, pois quando se inicia a
seleo e repicagem de peixes visando diminuir
o canibalismo entre a populao, predominante
em espcies de peixes marinhos. No laboratrio,
os peixes so alimentados com nuplios de Artemia durante 1 a 2 dias, quando passam a ser
alimentados unicamente com dieta seca.
O cultivo em gua verde baseia-se na fertilizao da gua para promoo de fitoplncton
e consequentemente de presas, para alimenta-
Garoupas
8 cm
5 - 7%
US$ 2,0/und.
90 dias
1.700 larvas/L
80 alvs./L
Pampo
5 cm
22 - 25%
US$ 0,25/und.
--1.100 larvas/L
330 alvs./L
15 DAE
30 DAE
-------
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
10
FIGURA 1.3. A, pu com rede de arrasto para captura e inoculao de zooplncton em viveiro de
terra estocados com alevinos de peixes marinhos. B, o zooplncton mantido em baldes com oxigenao at sua transferncia para o viveiro onde se localiza as larvas de peixes. C, os viveiros possuem rea coberta com tela de sombreamento e oxigenao leve realizada por meio de sopradores
e difusores de ar.
1.6. ALEVINAGEM
Em Taiwan, a alevinagem do beijupir realizada em trs etapas. A primeira etapa se d
em viveiros escavados e vai dos 20 a 45 dias
aps ecloso (DAE), com durao de 25 DAE. Os
alevinos so cultivados de 0,2 g at entre 2 a 5
g, quando alcanam entre 8 e 10 cm. A classificao de indivduos por tamanho feita a cada
quatro a sete dias para evitar o canibalismo
(Liao et al., 2001, 2004). O desmame (transio da dieta de alimento vivo para o alimento
artificial) se d a partir de 30 DAE, quando os
alevinos j se alimentam de Artemia.
A segunda etapa de alevinagem vai de 45 a
75 DAE, levando os alevinos com 2 a 5 g at 30
g. Esta etapa feita em grandes viveiros escavados em terra com gua verde. A classificao por
tamanho feita somente uma vez nessa fase. A
rao ofertada manualmente de cinco a seis
vezes ao dia a uma taxa de 5% da biomassa em
peso mido. A granulometria do pellet aumentada gradativamente enquanto reduz-se a taxa
de arraoamento. Na terceira etapa de alevinagem, os juvenis saem de 30 g at 600 ou 1.000 g
(75 a 150-180 DAE) e conduzida tanto em grandes viveiros escavados como em gaiolas na costa. No se aconselha a estocagem de juvenis com
tamanho inferior a 30 g em gaiolas no alto mar
devido sua baixa resistncia s fortes correntes
e, tambm, pela dificuldade de se proceder pelo
menos uma classificao de tamanho necessria
nessa etapa (Liao et al., 2001, 2004).
1.7. ENGORDA
O beijupir cultivado em vrios pases Asiticos e o modelo produtivo utilizado nesta re-
11
em mdulos de at 30 unidades e possuem abrigos feitos de madeira, utilizados como rea de
Caractersticas
Tipo/Fabricao
Material
Formato
Volume operacional
Gaiolas
Artesanal
Madeira
Quadrada ou retangular
27 - 108 m3
Industrial
Polietileno de Alta Densidade
Circular
1.400 - 4.020 m3
Altura de malha
3m
5m
Flutuadores
Molduras
Passarelas
Distribuio
Velocidade de ventos*
Velocidade de correntes*
Altura de ondas*
Bombonas recicladas
Rgidas
Trafegveis
Agrupadas em blocos
< 100 km/h
< 1,0 m/s
2m
Locais de instalao
*Refere-se resistncia.
Tubos PEAD
Flexveis
Pouco trafegveis
Alinhadas, distantes 100 m
> 110 km/h
>1,5 m/s
>6m
reas abrigadas, prximas ao
reas abrigadas prximas a costa
mar aberto ou offshore
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
TABELA 1.5. Resumo das principais caractersticas estruturais das gaiolas empregadas no cultivo de
peixes marinhos no Vietn, modelo artesanal e industrial. Fonte: Marc Campet, InVivo NSA Vietnam
(Nunes & Madrid, 2013).
12
FIGURA 1.4. Tpicas gaiolas artesanais (A) e industriais (B) usadas no cultivo do beijupir nas provncias de B RaVng Tu e Khanh Hoa, Vietn, respectivamente. Fotos: Alberto Nunes.
Figura 1.5. Barco da fazenda Marine Farms Vietnam equipado com guindaste para manuseio e transporte de equipamentos, materiais e insumos usados em gaiolas de grande volume para criao do beijupir e pampo. Foto: Alberto Nunes.
13
rem o uso de barcaas utilizadas como dormitrios para funcionrios, armazm de rao e de
outros insumos e de equipamentos (Fig. 1.6).
FIGURA 1.6. A, barcaa da empresa Australis Vietnam Ltd. (esquerda), usada para dar suporte s
operaes de cultivo do barramundi em gaiolas no distrito de Van Ninh, provncia de Khanh Hoa,
Vietn. B, estrutura usada com a mesma finalidade em uma fazenda de pequeno porte. Fotos: Alberto Nunes.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
As gaiolas, tanto as artesanais como as industriais, podem ainda fazer o uso de redes anti
pssaros nas etapas iniciais do cultivo. As estruturas de maior porte, frequentemente reque-
14
FIGURA 1.7. Alimentao de peixes marinhos com sardinha (A) e rao comercial (B) para o beijupir com 47% de protena bruta e 18% de gordura (nveis mnimos) usado na terminao.
Como alternativa, os produtores intensificaram o uso da sardinha ou trash fish na alimentao do beijupir, iniciando a partir de animais de
2 kg, sendo a rao gradativamente substituda
at alcanar 100% quando os peixes chegam a
4 kg. Nesta condio, o FCAe pode ser inferior
a 2,3, dependendo da poca de povoamento
dos peixes. Peixes maiores de 4 kg levam a um
custo muito elevado na produo, enquanto
peixes menores que 2 kg no so aceitos no
mercado local devido a diferenas na textura e
sabor (menor teor de gordura na carne). Outra
alternativa tem sido o uso de raes com nveis
elevados de energia digestvel durante todo ciclo produtivo do beijupir, adotando-se incluses de farinha e leo de peixe muito elevadas.
Neste caso, os teores de gordura da rao so
incrementados de 8 at mais de 20% na medida
em que se reduz a quantidade de protena digestvel na rao no decorrer do cultivo.
Os peixes so alimentados de um at no
mximo trs vezes ao dia. O barramundi, por
exemplo, somente aceita uma nica refeio
a partir das 400 g. Diferente do beijupir, que
pode se alimentar na superfcie, as demais espcies marinhas formam cardumes e raramente
sobem a superfcie, ao no ser no final do dia,
antes do escurecer. Portanto, o uso de raes
com afundamento lento (slow-sinking) torna-se
indispensvel, em especial em reas com fortes
correntes. Quando o cultivo de peixes marinhos
realizado em viveiros, se faz a opo por raes flutuantes.
Na sia, ainda h pouca mecanizao no
processo de alimentao de peixes marinhos.
15
Sistema
Viveiros
Gaiolas
rea
Espcie
Densidade
40.000-50.000 peixes/ha
Sobrevivncia final
Peso Corporal Final
Produtividade
Durao do Cultivo
Aerao mecnica
Doenas
Rao
(caractersticas fsicas)
> 60%
400 600 g
> 10 ton./ha
4 5 meses
> 12 cv/ha (24 h.)
Doena da escama
20 x 25 x 5 m = 2.500 m3
Garoupa, pampo, cioba
10.000 15.000 peixes/gaiola
(4 6 peixes/m3)
> 50%
2,5 4,0 kg (mx.)
10 25 kg/m3
12 14 meses
No h
Ectoparasitoses
Extrusada, afundamento lento
(slow-sinking)
Extrusada, flutuante
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
TABELA 1.6. Dados comerciais do cultivo de peixes marinhos na Malsia, em viveiros estuarinos e em gaiolas no mar. Fonte: Nunes, 2013.
16
TABELA 1.7. Resumo dos parmetros de desempenho zootcnico na engorda e preo de venda alcanado com o cultivo, em gaiolas prximas a costa, das principais espcies de peixes marinhos no
Vietn. Fonte: Marc Campet (InVivo NSA Vietnam), Nguyeu Hiu Thaul (Research Institute for Aquaculture No 2 - RIA2) e Jorge Alarcon (Marine Farms Vietnam).
Parmetros
Barramundi Beijupir
Garoupas
3
3
Densidade
20 pxs./m
2,5 pxs./m
14 pxs./m3
Fonte alevinos
Laboratrio Laboratrio Labt./Selv.
Tempo de cultivo 8 meses
12 meses
12 - 15 meses
Peso na
0,5 - 1,0 kg
4,0 - 8,0 kg
0,6 - 0,8 kg
comercializao
Sobrevivncia
50 - 90%
50 - 70%
30 - 50%
Produtividade
10 - 20 kg/m3 5 - 10 kg/m3 8 - 15 kg/m3
Preo por kg*
US$ 2,5
US$ 3,5 - 4,5 US$ 7,0 - 8,8
*preo de venda em dlar americano por kg de peixe na fazenda.
No Nordeste, a tilpia Oreochromis niloticus,
da linhagem Chitralada, alimentada com raes
a base de protena vegetal e animal, contendo
32% de protena bruta e 7% de extrato etreo,
quando cultivada em gaiolas de pequeno volume (at 20 m3) pode alcanar 1 kg dentro de 7
meses na densidade de 100 kg/m3, sobrevivncia final de 80% e FCA entre 1,5 e 1,7. O tambaqui, Colossoma macropomum, e seus hbridos,
criados em viveiros de gua doce na Regio
Norte do pas com raes extrusadas contendo
30% de protena bruta e 6% de extrato etreo,
podem alcanar 1,0 kg dentro de 7 meses, com
FCA de 1,2, produtividade de 7 ton./ha e sobrevivncia final acima de 90%. No entanto, ao se
considerar as diferenas no desempenho zootcnico entre os peixes marinhos e os de gua
doce, tem que se levar em conta os preos finais
praticados no mercado. A tilpia fresca, inteira
e eviscerada, de 800 g a 1 kg, comercializada em
fazendas no Estado do Cear, alcana um preo
mdio de R$ 6,50/kg, comparado com preos
superiores a R$ 18,0/kg para peixes marinhos
inteiros e in natura, como a cioba, o ariac e o
pargo, vendidos em peixarias de Fortaleza.
Pargo
6 pxs./m3
Labt./Selv.
10 - 14 meses
Pampo
16 pxs./m3
Labt./Selv.
10 - 14 meses
0,8 - 1,0 kg
0,7 - 1,2 kg
70 - 80%
5 - 15 kg/m3
US$ 4,1
80%
15 kg/m3
US$ 3,5 - 5,8
17
L. calcarifer, em viveiros escavados em terra, semelhantes aos utilizados no cultivo de camares
marinhos no Nordeste do Brasil, com pouca tro-
Item
Densidade de estocagem (inicial)
Peso corporal final
Ciclos de cultivo ao ano
Fator de Converso Alimentar (FCA)
Sobrevivncia final
Produtividade anual
Custos Totais
Preo da rao de engorda
Preo da ps-larva (PL10)/alevinos de 5 g
Custo da rao de engorda
Custo das PLs/alevinos
Demais custos (30%)
Preo final do camaro/peixe
Receita Bruta
Lucro
Em condies normais de cultivo semi-intensivo do L. vannamei no Nordeste do Brasil, as
produtividades de camaro alcanam em mdia
4,5 ton./ha/ano e em regies afetadas por enfermidades as produtividades chegam a menos
de 1,2 ton./ha/ano. Com base nestas projees,
a produo de peixes marinhos poderia criar
uma nova alternativa econmica para reas
afetadas por enfermidades, simultaneamente
diminuindo o atual dficit na balana comercial
de pescado do Brasil. Tomando como base as
produes do cultivo do barramundi na Malsia (i.e., 300 ton. anuais em 10 ha), 4.000 ha de
viveiro de camares poderiam produzir 120 mil
ton. de peixe marinho ao ano.
Existe, no entanto, a necessidade de fomentar mais fortemente este novo setor por meio
de polticas que possam subsidiar seu desenvolvimento. Embora questes de ordem ecolgica
precisem ser avaliadas, h de se considerar a
possibilidade da importao de espcies exticas de peixes marinhos e pacotes tecnolgicos mais propcios para o cultivo comercial no
L. vannamei
80 PLs/m2
14,3 g
2,0
1,5
65%
148.720 kg
US$ 394.114/ano
US$ 1,0/kg
US$ 3,3/1.000
US$ 223.080/ano
US$ 52.800/ano
US$ 118.234/ano
US$ 4,0/kg
US$ 594.880/ano
US$ 200.766/ano
Barramundi
4 alevinos/m2
500 g
2,5
1,5
60%
300.000 kg
US$ 1.264.286/ano
US$ 1,3/kg
US$ 300/1.000
US$ 585.000/ano
US$ 300.000/ano
US$ 379.286/ano
US$ 5,0/kg
US$ 1.500.000/ano
US$ 235.714/ano
Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
18
AGRADECIMENTOS
A viagem ao Vietn foi financiada com recursos aprovados no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA,
Processo CNPq No. 559527/2009-8. A viagem
Malsia foi financiada com recursos do projeto #289760EC Aquaculture for Food Security, Poverty Alleviation and Nutrition (AFSPAN)
apoiado pela European Commission (EC) e FAO
(Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao). A elaborao deste material
somente foi possvel com acesso s instalaes
de cultivo autorizadas pelas seguintes empresas privadas e rgos governamentais do Vietn
e Malsia: National Breeding Center for Marine
Aquaculture do Norte e Sul (Research Institute
for Aquaculture No. 1 e 2), Australis Vietnam
Ltd., InVivo NSA Vietnam, Marine Farms Vietnam e Cargill Animal Nutrition Malaysia. Somos
muito gratos pela receptividade e informaes
gentilmente compartilhadas por aquicultores
locais e pelo Sr. Nguyeu Hiu Thaul (RIA2), Dra.
Dang To Van Cam (RIA2), Sr. Marc Campet (InVivo NSA Vietnam), Dr. Carlos Massad (Blue Genetics), Sr. Jorge Alarcon (Marine Farms Vietnam),
Sr. Cao Van Hanh (RIA1), Sr. Teoh Han-Boon
Don (Cargill Malaysia), Sr. Tang Kim Chuan
Terence (Cargill Malaysia), Sr. Goh Yeang Ju
(Cargill Malaysia), Sr. Chia Chin Liang Vincent
(Cargill Malaysia) e Sra. Ng-Siow Leng (Cargill
Malaysia). O primeiro autor pesquisador do
CNPq/MCT em Produtividade em Pesquisa (Processo No 305513/2012-5).
REFERNCIAS
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Alberto Jorge Pinto Nunes, Raul Malvino Madrid, Ricardo Camura Correia Pinto
19
20
21
Captulo 2
CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
NO VIETN: LIES PARA O BRASIL
2.1. INTRODUO
Existem muitas diferenas quando comparamos os aspectos geogrficos, demogrficos
e econmicos entre o Brasil e o Vietn (Tabela
2.1). Geograficamente, o Brasil possui uma rea
territorial, extenso de costa e populao bem
superiores ao Vietn. Em termos de coordenadas geogrficas, o Vietn se encontra no hemisfrio norte em latitudes que transportadas ao
hemisfrio sul, estariam entre os estados de
Pernambuco e Esprito Santo.
TABELA 2.1. Principais diferenas geogrficas, demogrficas e econmicas entre o Brasil e o Vietn.
Fonte: Madrid & Nunes, 2013.
Caractersticas
rea territorial
Extenso da costa
Populao
Produto Interno Bruto
Brasil
8.514.877 km2 (terra: 8.499.417
km2 e gua: 55.460 km2)
7.491 km
199.321.413 habitantes
US$ 2.362 trilhes (US$ 12.000,00
per capita)
Vietn
331.210 km2 (terra: 310.070 km2 e
gua: 21.140 km2)
3.444 km
91.519.289 habitantes
US$ 320,5 bilhes (US$ 3.500,00
per capita)
22
3.
4.
5.
6.
7.
8.
2.3. RESULTADOS
2.3.1. A REALIDADE DA PRODUO
DO BEIJUPIR
A realidade atual da produo do beijupir cultivado bem diferente das informaes que chegavam ao Brasil cinco anos atrs.
O cultivo da espcie cresceu rapidamente,
de 3.200 ton. em 2001 para 36.000 ton. em
2010. A mdia especializada colocava o beijupir como uma nova espcie que iria revolucionar a piscicultura marinha, sendo considerada como o salmo de guas tropicais, com
inmeros atributos que a diferenciava das
demais espcies de peixes marinhos. Ento a
pergunta que se faz: com todos esses atributos por que a produo em cativeiro da espcie em nvel mundial est diminuindo?
Na China, responsvel por 80% da produo global do beijupir em 2010, produziu
18.000 ton. somente nas provncias de Hainan
e Guangdong. Em 2011, a produo chinesa
despencou para 800 ton. Em Taiwan, 2o maior
produtor mundial de beijupir, reduziu para
mais da metade sua produo. No Vietn, onde
est a maior fazenda de beijupir do mundo, a
23
FIGURA 2.1. A, gaiolas de engorda do beijupir da fazenda Marine Farms Vietnam, localizada na
provncia de Khanh Hoa, comparadas com gaiolas de um pequeno produtor da mesma espcie
na provncia de B RaVng Tu, Vietn (B). Fotos: Alberto Nunes.
24
FIGURA 2.2. A larvicultura do beijupir no Vietn comumente realizada por pequenos produtores de forma extensiva em viveiros escavados com gua verde (A). Os produtores obtm ovos
fertilizados de beijupir de terceiros, frequentemente coletados diretamente de gaiolas instaladas
no mar onde so mantidas matrizes da espcie (B). Fotos: Alberto Nunes.
25
FIGURA 2.3. Uso do trash fish em combinao com rao comercial a partir de beijupirs com
2 kg de peso corporal tem sido a estratgia usada por algumas empresas para controlar o alto
FCA. Fotos: Alberto Nunes.
26
FIGURA 2.4. Postas (A) e sashimi (B) feitas a partir do pampo e beijupir cultivado. Os peixes so
apreciados pela textura, cor e sabor da carne. Fotos: Alberto Nunes.
2.4. DISCUSSO
Nessa situao desencontrada, o futuro do
cultivo de beijupir incerto. A meta seria reduzir os custos de produo pela metade para
US$ 3,00/kg, similar aos do salmo. Para isso
necessrio um grande salto tecnolgico que d
respostas s dvidas nutricionais, fisiolgicas e
osmorregulatrias e que permitam obter no decorrer do ano um resultado de produo similar
aos obtidos quando o cultivo se inicia, aps os
meses de inverno. Tambm importante baixar
os custos de produo reduzindo a dependncia da farinha de peixe includa nas raes, tendo como referncia o que foi feito com o cultivo
do salmo. A grande questo saber quem financiaria essas pesquisas.
Diante de tudo isso, o que se recomendaria
para o Brasil? No h dvida que no caso brasileiro temos uma grande vantagem que o potencial do mercado interno. Podemos afirmar
que o beijupir ainda o principal expoente
entre as espcies propicias para desenvolver a
piscicultura marinha. Os resultados de degustaes realizadas em Fortaleza, Recife e Braslia
no deixam dvida da aceitao e da versatilidade gastronmica do beijupir. No entanto,
para tornar o cultivo em uma realidade de negcio, faz-se necessrio levar em conta os ensinamentos vietnamitas.
A experincia do cultivo da espcie realizada
em Ilha Grande, municpio de Angra dos Reis,
RJ, mostraram como importante que o cultivo de beijupir se realize somente em pocas
com condies ambientais mais favorveis. Dos
trs cultivos realizados, um foi muito bom, o
2.5. CONCLUSO
A partir das informaes obtidas no Vietn
verifica-se que em nvel internacional a tecnologia de cultivo do beijupir ainda no est desenvolvida ao ponto de torn-la competitiva com a
de outras espcies de carne branca. No Brasil, a
possibilidade de aumentar a produo de pescado oriunda da pesca muito remota, assim, a
nica alternativa para substituir as importaes
crescentes de pescado por meio da aquicultura. A aquicultura continental est bem atendida
pela iniciativa privada na produo de formas jovens, aps dcadas de funcionamento de estruturas governamentais pertencentes ao DNOCS
(Departamento Nacional de Obras Contra Secas)
e ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis). J a
piscicultura marinha est sem rumo e sem uma
poltica concreta para visualizar um horizonte
mais promissor. Isso no devido falta de um
modelo de desenvolvimento, o modelo existe.
O Brasil se destaca nvel mundial como
lder na produo de gros e principalmente
de animais terrestres de criao. A EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria)
a grande responsvel por colocar o Brasil
numa situao de liderana com conhecimentos profundos em estratgias para melhorar as
caractersticas zootcnicas dos animais terrestres de criao, alm de contar com especialistas nas reas de biossegurana, transformao
e mercadolgica. Embora de forma tmida, a
EMBRAPA vem participando na aquicultura
continental, mas est totalmente ausente da
piscicultura marinha.
Se quisermos ter um crescimento da produo aqucola similar ao Vietn, que em 23 anos
passou de 141.747 ton. (1987) para 2.589.800
ton. (2009), necessariamente dever haver um
planejamento a mdio e longo prazo, atitude
no muito apreciada pela classe poltica, precedidos da implantao de estruturas compatveis
com recursos humanos, de alto nvel. O Vietn
implantou trs grandes centros de pesquisa em
aquicultura distribudos estrategicamente de
norte a sul. O centro de reprodutores de peixes marinhos j tem 10 anos, que o tempo
necessrio para obter alevinos com a rusticidade e com a alta produtividade desejadas. Mesmo com toda a boa vontade das universidades
brasileiras em desenvolverem pesquisas sobre
AGRADECIMENTOS
A viagem ao Vietn foi financiada com recursos aprovados no Edital 036/2009 Chamada 2,
MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo
CNPq No. 559527/2009-8. A elaborao deste
captulo somente foi possvel com acesso s instalaes de cultivo autorizadas pelas seguintes
empresas privadas e rgos governamentais
do Vietn: National Breeding Center for Marine
Aquaculture do Norte e Sul (Research Institute
27
28
REFERNCIAS
Jen, C.C., Huang, C.T., Hu, S.-H., Mio, S. 2009.
Ecological and economic analysis for cobia Rachycentron canadum commercial
cage culture in Taiwan. Aquaculture International, 17: 125141.
Madrid, R.M, Nunes, J.P.N. 2013. Cultivo do beijupir no Vietn e os ensinamentos para o
Brasil. Revista da Associao Brasileira dos
Criadores de Camaro (ABCC), p. 44-48.
29
IMPLANTAO E VALIDAO DE
UMA UNIDADE EXPERIMENTAL
PARA PESQUISAS DE NUTRIO COM JUVENIS
DE PEIXES MARINHOS NO LABOMAR/UFC
Alberto Jorge Pinto Nunes*, Ricardo Camura Correia Pinto,
Hassan Sabry Neto, Leandro Fonseca Castro
3.1. INTRODUO
A realizao de pesquisas na rea de nutrio com juvenis de peixes marinhos requer o
uso de unidades de cultivo que possua espao e
volume suficientes, alm de uma qualidade de
gua adequada para sobrevivncia e crescimento destes animais. Uma variedade de sistemas
experimentais vem sendo empregado em estudos de nutrio com organismos aquticos, tais
como os de fluxo contnuo de gua, recirculantes, semi-recirculantes e estticos (NRC, 2011).
Entretanto, o foco principal do sistema deve ser
a manuteno do bem estar animal de forma a
proporcionar um crescimento normal frente a
condies fsicas e ambientais adequadas.
Os peixes marinhos alcanam peso corporal
mais elevado em relao a outros grupos de
animais aquticos marinhos cultivados, como
moluscos e crustceos. Como resultado, muitos
laboratrios optam em trabalhar com aqurios
com baixo volume e peixes em uma fase larval
ou ps-larval, como modelo experimental. Estas
condies exigem menos investimentos capitais, apresentam menos riscos e requer um menor espao fsico, volume de gua, quantidade
de animais e dietas experimentais. No entanto,
trabalhos com peixes em uma fase muito jovem
podem no retratar as reais exigncias nutricionais da espcie, se distanciando da realidade
comercial, em que os animais so cultivados at
mais de 500 g de peso corporal.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
Captulo 3
30
FIGURA 3.1. Vista area da unidade experimental de aquicultura marinha e estuarina do LABOMAR/
UFC, mostrando o laboratrio antes da realizao do estudo. Foto: Alberto Nunes (19/01/2009).
O LANOA j dispunha de uma rea experimental ao ar livre (sistema outdoor) com 84
tanques cilindro-cnicos de polietileno com capacidade de 1 m3 abastecidos por duas caixas
dgua de fibra-de-vidro com capacidade individual de 20 m, funcionando em regime aberto
(Figura 3.1). O laboratrio tambm dispunha de
uma rea coberta (sistema indoor) com dois sistemas de cultivo compostos por 50 tanques de
polietileno cada com capacidade individual de
0,5 m3, que operam em regime de recirculao
e filtragem contnua da gua.
A aerao dos tanques dos sistemas outdoor
e indoor realizada por meio de compressores
radiais (sopradores) trifsicos com potncia de
7,5 cv e 2 cv, respectivamente, abrigados numa
casa de sopradores pr-existente. Esses equipamentos comprimem o ar por uma linha horizontal de tubos de ferro galvanizado com 60 mm de
dimetro que se expande para um trecho, tambm de tubo de ferro galvanizado, com 110 mm
31
com 306 m2 (9 m x 34 m), destinado instalao de reservatrios de armazenamento e tratamento de gua salgada (Figura 3.2.).
FIGURA 3.2. Planta baixa do sistema de cultivo de peixes marinhos do LABOMAR/UFC. Desenho:
Alberto Nunes.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
32
FIGURA 3.3. Detalhamento da casa de sopradores da unidade de cultivo de peixes marinhos. Desenho: Alberto Nunes.
FIGURA 3.4. A-G, etapas da construo do ptio para instalao de tanques de cultivo de peixes marinhos e reservatrios para armazenamento e tratamento de gua salgada. H-K, etapas da construo da
casa para abrigar compressores radiais de ar. Fotos: Alberto Nunes e Ricardo Camura Correia Pinto.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
33
34
3.2.4. SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E
DRENAGEM DE GUA E ABASTECIMENTO
DE AR
Esta etapa teve inicio com a escavao de valas para instalao de tubulaes utilizadas na
aerao, alimentao e drenagem de gua dos
tanques de cultivo, e aduo e recalque de gua
do ptio dos reservatrios de gua salgada.
A tubulao existente de captao de gua
salgada do Rio Pacoti, construda com tubos
de PVC soldvel de 60 mm de dimetro, sofre
derivao para alimentar os reservatrios de
gua salgada. Com a finalidade de abastecer os
tanques de cultivo e (ou) submeter a gua de
captao filtragem, foi instalada uma bomba
FIGURA 3.5. A, escavao de valas para instalao das linhas de abastecimento de ar e gua e
drenagem de gua. B, cavalete de nvel prximo ao sistema de abastecimento de ar e gua de um
tanque; C, base do cavalete de nvel mostrando a conexo ao dreno central do tanque e a linha de
drenagem de efluentes. D, tubulaes finalizadas. Fotos: Ricardo Camura Correia Pinto.
Em cada tanque de cultivo, berrio e auxiliar, a linha de alimentao de gua foi interceptada por uma conexo T de PVC que eleva
a gua por um tubo vertical de 50 mm de dimetro conectado a um registro de esfera e dois
joelhos, todos de PVC de igual dimetro, para
direcionar a gua para os referidos tanques.
Nos tanques auxiliares, essa tubulao foi reduzida para 32 mm. A drenagem dos tanques
de cultivo foi alcanada atravs de um orifcio
central perfurado no fundo dos tanques, onde
FIGURA 3.6. Perspectiva do sistema de alimentao e drenagem de gua (cavalete de nvel) dos
tanques de cultivo do presente estudo. Desenho: Ricardo Camura Correia Pinto.
A estrutura de drenagem dos tanques de
cada linha foi constituda por cinco tubulaes
paralelas constitudas de tubos esgoto de PVC
de 100 mm, cuidadosamente niveladas em declive de 1 a 3%. As cinco linhas de drenagem
foram conectadas perpendicularmente a uma
tubulao de esgoto de PVC de 150 mm de dimetro, instaladas no fundo do ptio.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
35
36
FIGURA 3.7. Nivelamento do solo para instalao dos tanques de lona foi realizado com areia fina
(A) ou arisco (B). Tanques berrios aps a instalao (C) e sistema de cultivo finalizado (D).
TABELA 3.1. Caratersticas dos cultivos realizados para validao de um sistema experimental de
criao de peixes marinhos instalado no CEAC/LABOMAR/UFC.
Avaliao
Camaro branco
Espcie
Litopenaeus vannamei
Altura do tanque 1,2 m
Volume do tanque 6,4 m3
Densidade inicial 69 camares/m2
Peso inicial
2,18 0,07 g
Durao do cultivo 73 dias
Caracterstica
Robalo peva
Centropomus parallelus
1,0 m
5,8 m3
10 peixes/m3
6,05 2,02 g
94 dias
Beijupir
Rachycentrum canadum
1,32
7,0 m3
1,4 peixes/m3
179,4 62,5 g
47 dias
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
37
38
renas estatsticas entre os tratamentos. O teste a posteriori de Tukey HSD foi utilizado para
examinar as diferenas estatsticas individuais
entre tratamentos, quando observadas diferenas estatsticas ao nvel de significncia de 0,05.
39
TABELA 3.2. Investimentos (R$) com a contratao de servios de terceiros para construo civil de
ptios e casa de sopradores.
Quantidade
Valor unitrio
(R$)
Valor total
(R$)
27.091,22
1.404 m2
0,27
379,08
832 m2
1,00
832,00
5 carradas
78,25
391,25
48 m
10,82
515,03
238 m
1,47
349,86
60 h
24,39
1.463,40
48 m
120,00
5.712,00
184 m
30,62
5.637,14
Lastro de brita
88,5 m
41,78
3.697,53
Concretagem de pilares
3,8 m
534,80
2.042,94
7 m
534,80
3.936,13
182,0 m
1,57
285,74
182,0 m
10,16
1.849,12
3.706,24
Escavao de valas
13 m
5,01
63,43
28 m
32,48
914,64
30 m
22,81
693,65
0,3 m
534,80
144,40
10 m
10,83
108,95
6 m
25,62
153,72
18 m
11,84
208,62
32 unidades
3,81
121,92
17 m
34,67
582,80
1 unidade
267,40
267,40
2 unidade
113,65
227,30
53 m
4,14
219,42
TOTAL
30.797,46
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
Descrio
40
TABELA 3.3. Investimentos (R$) com a aquisio de material de consumo e permanente para instalao de sistema de cultivo de peixes marinhos no LABOMAR/UFC. Os itens referem-se a linhas
hidrulicas, sistemas eltricos de partida, como tambm tanques de cultivo, reservatrios de gua
salgada e compressores radiais de ar.
Descrio
Quantidade
----8 unidades
2 unidades
2 unidades
3 unidades
25 unidades
3 unidades
300 m
Valor unitrio
(R$)
30.282,47
6.026,46
4.196,92
3.950,00
3.000,00
197,00
1.495,00
2.920,00
4,67
Valor total
(R$)
30.282,47
6.026,46
33.575,36
7.900,00
6.000,00
591,00
37.375,00
8.760,00
1.400,07
131.910,36
41
Dessa forma, foram enviadas novas estruturas de sustentao em ferro galvanizado para
todos os tanques de cultivo, os quais foram, novamente, esvaziados, lavados e remontados. No
cultivo do beijupir, foi possvel operar os tanques com uma altura de 1,32 m e volume de 7,0
m3 (Figura 3.8).
FIGURA 3.8. Vista area da unidade experimental de aquicultura marinha e estuarina do LABOMAR/UFC, mostrando o sistema de cultivo de peixes marinhos (centro direita), cinco dias antes da
despesca do beijupir. Foto: Evandro Lima Cordeiro Junior (11/01/2012).
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
Foram, ento, avaliadas duas estruturas de sustentao, uma feita em ferro galvanizado, que
foi montado em terreno sem terraplanagem, e
outra, em estrutura de plstico de engenharia,
montado sobre piso de cermica nivelado. Os
testes comprovaram que a causa do problema
era a flexibilidade da estrutura de sustentao
em plstico de engenharia.
42
C
FIGURA 3.9. Despesca do camaro L. vannamei (A), robalo peva (B) e beijupir (C). Fotos: Alberto
Nunes e Leandro Fonseca Castro.
43
TABELA 3.4. Desempenho zootcnico do camaro L. vannamei cultivado em tanques circulares com
6,4 m3 (5,30 m2 de rea de fundo). Valores de P referem-se Anlise de Varincia Univariada (one
-way ANOVA). Letras iguais indicam diferena estatstica no significativa segundo o teste a posteriori de Tukey HSD ao nvel de significncia de = 0,05. Dados representam a media desvio padro
(DP) de 19 tanques de cultivo.
Peso
Consumo
Corporal (g) (g/cam.)
20,1 0,7a 36,5 5,6
#2
#3
#4
#5
Mdia DP
ANOVA1 P
92,2 1,0
91,9 7,4
91,1 1,7
96,8 2,4
92,6 4,1
0,498
18,8 1,1ab
19,7 1,6a
21,3 1,3a
16,9 1,2b
--0,004
Dieta
1.000 74
1.053 119
1.135 82
929 75
1.042 101
0,079
1,59 0,10ab
1,68 0,15a
1,83 0,13a
1,40 0,11b
--0,004
27,9 1,5
33,7 7,8
38,8 8,3
27,4 7,0
33,0 7,1
0,109
FCA
2,22 0,21
1,84 0,09
2,12 0,53
2,27 0,55
1,93 0,33
2,08 0,36
0,465
TABELA 3.5. Peso mdio corporal (g) e sobrevivncia final ( desvio padro) de juvenis de robalo
peva, C. parallelus, aps 94 dias de cultivo. Os peixes (n = 1.450) foram alimentados com cinco dietas com teor proteico entre 38,0 e 51,0% e cultivados em 25 tanques circulares com 5,8 m3 de volume de gua. Letras diferentes na mesma coluna indicam diferena estatstica significativa segundo
o teste de Tukey HSD ao nvel de significncia de = 0,05.
Dieta Experimental1
RP_38
RP_42
RP_45
RP_47
RP_51
Mdia DP
ANOVA2 P
1
RP_38, dieta experimental contendo 38,2% de protena bruta; RP_42, dieta experimental contendo 41,5% de protena
bruta; RP_45, dieta experimental contendo 45,1% de protena bruta; RP_47, dieta experimental contendo 47,2% de protena bruta; RP_51, dieta experimental contendo 50,8% de protena bruta.
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
#1
44
O desempenho zootcnico do robalo peva
em relao produtividade (PRD, 222 44 g/
m/ciclo), o ganho de peso corporal dirio (GPD,
0,27 0,05 g/dia) e a taxa de crescimento especfico (TCE, 1,78 0,11%/dia) no variou
estatisticamente em funo do contedo
proteico das dietas (P > 0,05, ANOVA; Tabela
TABELA 3.6. Desempenho zootcnico de juvenis de robalo-peva, C. parallelus, alimentados com dietas com um aumento progressivo no contedo proteico. Os valores so apresentados como mdia
desvio padro (DP) para os resultados finais de cinco tanques de cultivo por tratamento com volume
operacional de 5,84 m3 (n = 25).
Dieta1 Experimental
RP_38
RP_42
RP_45
RP_47
RP_51
Mdia DP
ANOVA3 P
FCA
FEP
2,39 0,16
3,07 1,52
2,65 1,28
1,97 0,27
2,66 1,54
2,55 1,10
0,653
1,10 0,07
0,90 0,29
0,94 0,28
1,09 0,14
0,89 0,36
0,98 0,25
0,571
1
RP_38, dieta experimental contendo 38,2% de protena bruta; RP_42, dieta experimental contendo 41,5% de protena bruta; RP_45, dieta experimental contendo 45,1% de protena bruta; RP_47, dieta experimental contendo 47,2% de protena
bruta; RP_51, dieta experimental contendo 50,8% de protena bruta.
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
2
GPD, ganho de peso corporal dirio (g/dia); TCE, taxa de crescimento especfico (%/dia); PRD, produtividade de peixes
(g/m3); FCA, fator de converso alimentar; FEP, fator de eficincia proteica.
3
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
TABELA 3.7. Desempenho zootcnico do beijupir, R. canadum, alimentados com dietas com substituio da farinha de salmo por concentrados proteicos a base vegetal e animal. Os peixes foram
cultivados por 47 dias em 20 tanques circulares de 7,0 m3 e 1,32 m de lmina de gua. Os valores
so apresentados como mdia desvio padro (DP). Letras diferentes na mesma coluna indicam
diferena estatstica significativa segundo o teste de Tukey HSD ao nvel de significncia de = 0,05.
Parmetros de Desempenho Zootcnico2
Dieta1
Experimental Sobrevivncia (%) GPD (g/dia) GPP (%)
CTL
100,0 0,0a
3,7 0,8a
80,2 23,1
PLT25
100,0 0,0a
3,2 0,2ab 67,8 9,2
PLT50
63,3 46,2a
1,5 1,3bc 46,3 40,3
PLT75
6,7 11,5b
0,4 0,6c
23,2 40,2
ANL25
83,3 28,9a
4,0 0,5a
83,4 12,3
ANL50
86,7 23,1a
2,7 1,0ab 72,7 29,4
ANL75
90,0 0,0a
1,8 0,3ac
61,6 14,1
Mdia DP
----62,2 30,8
3
ANOVA P
0,004
0,001
0,186
TCE (%/dia)
1,2 0,3
1,1 0,1
0,7 0,6
0,4 0,6
1,3 0,1
1,1 0,4
1,0 0,2
1,0 0,5
0,166
Biomassa (g/m3)
568 41a
526 5ab
222 177bc
12 20c
495 178ab
389 138ab
290 11abc
--0,001
CTL, uma dieta controle contendo 44,6% de farinha de salmo e 22,2% de farelo de soja; PLT25, PLT50 e PLT75, dietas
substituindo 25, 50 e 75% da farinha de salmo por um concentrado proteico a base vegetal, respectivamente. ANL25,
ANL50 e ANL75, dietas substituindo 25, 50 e 75% da farinha de salmo por um concentrado proteico a base animal,
respectivamente.
2
GPD, ganho de peso corporal dirio (g/dia); GPP, ganho de peso percentual relativo ao peso inicial; TCE, taxa de crescimento especfico (%/dia); biomassa, biomassa final dos peixes na despesca.
3
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
1
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
45
46
500
400
AB
CD
200
bd
bc
PLT25
PLT50
PLT75
ANL25
314,2
180,2
416,2
226,5
122,2
245,0
151,2
368,5
220,1
397,4
CTL
102,6
100
0
ANL50
225,5
139,8
300
222,1
BC
ANL75
Dietas Experimentais
FIGURA 3.10. Peso corporal do beijupir no povoamento e na despesca, aps 47 dias de cultivo em
tanques circulares de 7 m3 estocados na densidade inicial de 1,3 peixes/m3. Letras minsculas (povoamento) e maisculas (despesca) indicam diferena estatstica no significativa segundo o teste
de Tukey HSD ao nvel de significncia = 0,05.
de alta qualidade qumica e biolgica, o sistema opera com um alto fluxo de gua durante
o cultivo. Nesta condio, a incorporao de
gua encanada onera a operacionalidade dos
experimentos, alm de ser imprprio do ponto de vista ambiental. Portanto, no futuro, deve
ser contemplada a perfurao de um ou mais
poos profundos com vistas incorporao de
gua doce ao sistema de cultivo a fim de manter
a salinidade da gua dentro de padres considerados ideais (i.e., < 35 g/L).
Embora os tanques de cultivo de peixes fossem cobertos com uma tela para sombreamento, a mesma no foi suficiente para impedir o
desenvolvimento de macrfitas aquticas, em
particular quando se operou com uma gua de
cultivo mais transparente. Este problema pode
ser sanado aumentando o sombreamento dos
tanques por meio de uma coberta instalada sobre o sistema de cultivo.
Conclui-se que para um mximo aproveitamento do sistema, com reduo dos riscos
inerentes a pesquisa com peixes marinhos, torna-se fundamental a realizao das seguintes
adequaes: (1) aumento da capacidade de armazenamento de gua salgada; (2) modificao
do sistema de cultivo para operar em regime de
recirculao de gua; (3) melhoria do sistema
de filtragem da gua de captao; (4) perfurao de poo profundo para disponibilizao de
gua doce para controle da salinidade da gua
de cultivo; e, (5) sombreamento do ptio dos
tanques de cultivo com tela para reduzir a exposio luz solar.
AGRADECIMENTOS
A construo e montagem do sistema de
cultivo de peixes marinhos no LABOMAR/UFC
foram financiadas pela FUNCAP, Fundao Cearense de Apoio Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnolgico (Edital/Chamada 05/2009, projeto
No 125.01.00/09) e pelo MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA (Edital 036/2009 Chamada 2,
Processo CNPq No. 559527/2009-8). Os resultados obtidos com o robalo peva fizeram parte
do projeto intitulado Aporte Lipdico em Dietas
de Juvenis do Robalo, Centropomus parallelus,
para um Mximo Crescimento em Cultivos com
gua Estuarina. Os resultados alcanados com
o beijupir so parte do projeto da Sub-Rede
de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio,
REFERNCIAS
NRC [National Research Council]. 2011. Nutrient Requirements of Fish and Shrimp.
Washington D.C.: The National Academies Press. 376 p.
Papoutsoglou, S.E., Tziha, G., Vrettos, X., Athanasiou, A. 1998. Effects of stocking density on behavior and growth rate of European sea bass (Dicentrarchus labrax)
juveniles reared in a closed circulated
system. Aquacultural Engineering, 18:
135-144.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Hassan Sabry Neto et al.
47
49
4.1. INTRODUO
O transporte e aclimatao de alevinos
de peixes uma etapa do processo produtivo
comum a muitos piscicultores comerciais. O
transporte, embora seja considerado um procedimento traumtico, por expor animais jovens a uma srie de prticas estressantes, como
captura, manuseio, confinamento, necessrio
na piscicultura. Os laboratrios de produo de
formas jovens de peixes frequentemente no
esto geograficamente localizados prximos s
reas produtivas de engorda. Por isto, torna-se
necessrio o deslocamento dos animais, seja
por via terrestre ou area, at as unidades produtivas, e sua adaptao s condies ambientais de cultivo.
Os produtores mais experientes sabem
que um transporte mal planejado pode gerar
grandes prejuzos produo, seja devido a
mortalidades ocasionadas pelo transporte ou
aclimatao ou ainda pelos efeitos adversos na
sade dos animais causados pelo estresse. Para
a realizao de um transporte e aclimatao
bem sucedidos, o manejo deve ser muito bem
delineado de modo a minimizar o desconforto
e aumentar o bem estar dos animais. Para isso,
vrios fatores devem ser levados em considerao: peso corporal dos peixes, a densidade de
estocagem dos animais, o tempo de transporte,
a condio sanitria e nutricional dos animais, o
jejum alimentar, a qualidade da gua do transporte e aclimatao e o meio (areo ou terrestre) e mtodos (sacos, caixas trmicas) de transporte dos peixes.
Tanto o transporte areo de peixes vivos,
como o terrestre, podem gerar inmeros riscos.
No caso do transporte areo, a companhia area assume a responsabilidade sob a carga no
momento do despacho. Portanto, o produtor
perde o controle sobre os animais no translado
entre o aeroporto de embarque e o de chegada.
No caso do transporte terrestre, por ser mais
lento, aconselhado para distancias mais curtas visando minimizar o estresse nos animais.
As condies e o preparo dos peixes antes do
transporte devem ser muito bem planejados.
Este captulo teve como objetivo relatar os
procedimentos utilizados e resultados alcanados no transporte areo e terrestre de alevinos
de beijupir, Rachycentron canadum, e sua posterior aclimatao em laboratrio. Os alevinos
desta espcie tiveram que ser adquiridos de
laboratrios comerciais e transportados para
unidades de pesquisa das instituies envolvidas no projeto Nutrio, Sanidade e Valor do
Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado
no Nordeste do Brasil (Processo CNPq No.
559527/2009-8).
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
Captulo 4
50
51
Trs caixas de fibra-de-vidro com volume individual de 1.000 L, utilizadas para o transporte
de ps-larvas de camaro marinho, foram empregadas para o transporte terrestre de alevinos de beijupir, em distncias inferiores a 600
km. As caixas foram instaladas na carroceria
de um caminho Mercedes-Benz modelo 710,
sendo equipadas no fundo com sees de man-
FIGURA 4.2. Procedimentos adotados para o transporte terrestre de alevinos de beijupir em caixas
de fibra-de-vidro. Nas fotos, os animais foram transportados de Canguaretama, RN para Eusbio,
CE. A, enchimento das caixas de transporte com gua filtrada do prprio laboratrio; B, contagem
de alevinos mantidos em hapas em laboratrio; C, estocagem de alevinos nas caixas de transporte;
D, posicionamento de saco inflado com ar no interior da caixa de transporte; E, monitoramento do
oxignio dissolvido durante o transporte dos animais; F, transferncia dos alevinos das caixas de
transporte para tanques de aclimatao; G, povoamento dos alevinos em tanques de aclimatao.
Fotos: Leandro Castro e Alexandre Lima Muiller.
Dentro de cada caixa de transporte foi colocado um saco plstico de 20 L, preenchido com
ar, mantido sobre a superfcie da gua, para
conter o balano da gua de transporte durante
a viagem. O caminho deslocou-se a uma velocidade mxima de 80 km/h para assegurar o
conforto dos animais. O transporte terrestre de
alevinos do beijupir sempre ocorreu no perodo noturno, quando se observam temperaturas
mais amenas. Para garantir que a concentrao
de oxignio dissolvido (OD) apresentava-se den-
tro de limites considerados adequados, o caminho realizava paradas a cada 1 h para leituras
de OD por meio de um oxmetro (Figura 4.2).
Antecedendo o transporte, foi providenciada
toda documentao necessria para o transito
dos peixes de forma evitar atrasos na liberao
da mercadoria por parte das Secretarias Estaduais da Fazenda. Os documentos para transporte incluram o Guia de Transito Animal (GTA)
do Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento (MAPA) acompanhado de um atestado
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
com oxignio; C, transporte terrestre de caixas de isopor para o Aeroporto Internacional de Guarulhos - Governador Andr Franco Montoro; D, chegada das caixas no Aeroporto Internacional de
Fortaleza - Pinto Martins; E, chegada das caixas nas instalaes de pesquisa da UFERSA, em Mossor, RN; F, aclimatao de alevinos em tanques de 23 m3 no LABOMAR/UFC. Fotos: Caroline Viera,
Leandro Castro e Audylo Ageu G. Azevedo.
52
ridos em cinco lotes enviados em perodos distintos por dois fornecedores comerciais (Tabela
2.1). A 1 remessa obtida de peixes foi de 401
juvenis com peso corporal de 72,3 11,2 g. Os
animais constituram uma doao da empresa
Camanor Produtos Marinhos Ltda. Os peixes foram coletados de um cercado instalado em um
viveiro escavado para cultivo de camares marinhos da fazenda Aratu, localizada no municpio
de Guamar, RN. O transporte dos animais foi
realizado por via terrestre durante a manh em
trs caixas trmicas para transporte de peixes,
com 1.000 L de volume de gua cada, dotadas
de oxigenao artificial por meio de soprador e
oxignio puro (Figura 4.3). Os peixes foram estocados em cada caixa na densidade de 8 kg/m3
e transportados at o Setor de Aquicultura da
UFERSA, cerca de 160 km de distncia do ponto
de captura.
A
FIGURA 4.3. Captura de juvenis de beijupir de um viveiro de cultivo de camares marinhos da
empresa Camanor Produtos Marinhos Ltda. (A) e posterior transporte em caixas de 1.000 L para as
instalaes experimentais de cultivo da UFERSA (B).
R$ 1.513,10
R$ 4,87/alevino
R$ 1.300,00
R$ 5,30/alevino
554 km
554 km
R$ 1.300,00
R$ 5,30/alevino
Eusbio, CE
5
27/08/2012
1.050 alevinos
< 10 g
R$ 4.000,00
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Canguaretama, RN
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Terrestre
Caixas trmicas com
aerao e injeo de
oxignio puro
Eusbio, CE
4
28/05/2012
1.000 alevinos
< 5,0 g
R$ 4.000,00
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Canguaretama, RN
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Terrestre
Caixas trmicas com
aerao e injeo de
oxignio puro
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
*incluso materiais (isopor, sacos plsticos, ligas e oxignio puro) e servios associados embalagem.
** incluso materiais (isopor, sacos plsticos, ligas e oxignio puro) e servios associados embalagem, alm dos custos com transporte terrestre e areo.
-----
Valor do frete
Valor unitrio
Eusbio, CE e
Mossor, RN
2.949 km e 2.791 km,
respectivamente
--R$ 5,00/alevino
Terrestre e areo
Redemar Alevinos
3
08/03/2012
6.000 alevinos
0,5 2,0 g
R$ 30.000,00**
Kiuslei Cassiolato
Peixes ME
Ilhabela, SP
Terrestre e areo
Redemar Alevinos
2
11/04/2011
1.000 alevinos
1,0 g
R$ 3.360,00*
Kiuslei Cassiolato
Peixes ME
Ilhabela, SP
2.791 km
Mossor, RN
Remessas/Lotes
1
02/09/2010
401 juvenis
72,3 11,2 g
Doao
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Guamar, RN
Camanor Produtos
Marinhos Ltda.
Terrestre
Caixas trmicas com
aerao e injeo de
oxignio puro
Destino
Mtodo de
transporte
Transporte
Laboratrio
Origem
Fornecedor
Data de aquisio
Quantidade
Peso corporal
Valor dos alevinos
Caractersticas
TABELA 4.1. Caractersticas dos cinco lotes de beijupir, obtidos e transportados de laboratrios comerciais para unidades de pesquisa durante o projeto
Processo CNPq No. 559527/2009-8.
53
54
Na 2 remessa de peixes, alevinos de beijupir com 1 g de peso mdio (50 dias ps-ecloso, dae) foram produzidos pela empresa Redemar Alevinos - Claudia E. Kerber Aquicultura
ME (Ilhabela, SP) e transportados por via area.
Os peixes foram despescados de tanques de
alevinagem (Figura 4.4) e armazenados em sacos plsticos transparentes na densidade de 10
peixes/L ou 10 g de peixe/L de gua. No total,
foram transportados 1.000 peixes em 10 embalagens contendo 100 alevinos cada. No momento do transporte, os animais j haviam sido
desmamados e treinados a ingerir alimento
FIGURA 4.4. Tanques de alevinagem de beijupir das empresas Redemar Alevinos - Claudia E.
Kerber Aquicultura ME (A) e Camanor Produtos Marinhos Ltda. (B). Fotos: Caroline Vieira e
Leandro Castro.
Os sacos foram cheios com aproximadamente 10 L de gua salgada e 20 L de oxignio puro
a fim de garantir uma alta concentrao de oxignio dissolvido na gua de transporte. A fim
de reduzir o metabolismo e o consumo de oxignio pelos peixes, a temperatura da gua de
transporte foi reduzida para aproximadamente
FIGURA 4.5. Desenho do percurso realizado pelos alevinos de beijupir para Regio Nordeste, obtidos de Ilhabela, SP.
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
55
56
4.2.3. ACLIMATAO E MANEJO
sada lenta dos peixes para o tanque de aclimatao. Os animais foram alimentados imediatamente aps o povoamento.
A alimentao dos alevinos foi constituda de
duas raes comerciais com afundamento lento
(slow-sinking), produzidas para peixes marinhos.
A dieta Fish Breed-M (INVE do Brasil Ltda., Fortaleza, CE) foi empregada nos primeiros trs dias
de aclimatao, misturada a uma rao comercial para peixes marinhos, moda e repeletizada
em laboratrio em matriz de 0,6 mm sob baixa
temperatura. Nos dias subsequentes, os peixes
foram alimentados somente com a rao comercial, incorporado com um antibitico Aquaflor
50 Premix (MSD Sade Animal Ltda., Cotia, SP)
na proporo de 333 mg/kg de rao (20 mg de
Aquaflor 50 Premix por kg de peixe ao dia). Os
alevinos de beijupir foram alimentados at saciedade cinco vezes ao dia durante toda aclimatao. O alimento foi distribudo a lano sobre
cinco bandejas de alimentao, posicionadas 30
cm abaixo da superfcie da gua.
FIGURA 4.5. Dieta Fish Breed-M misturada uma rao comercial para peixes marinhos, esta ultima
repelitizada em laboratrio e usadas para aclimatao de alevinos em laboratrio.
Ao chegar ao laboratrio, as caixas de fibra-devidro que conduziram por via terrestre o 4 lote
de alevinos, foram parcialmente drenadas para
coleta dos peixes com pu e transferncia em
balde contendo gua para nove tanques com 1 m3
de capacidade. Estes animais foram povoados na
densidade entre 58 e 199 alevinos/m3 (tanques de
4
Nove tanques de polietileno com volume
individual de 1 m3 e trs tanques de 7 m3,
cobertos com tela de sobreamento 70%
apoiada sobre os mesmos
58-199 alevinos/m3 (tanques de 1 m3) e
43 alevinos/m3 (tanques de 7 m3)
29 alevinos/m3
40 alevinos/m3
Remessas/Lotes
3
Trs berrios de lona com volume individual de 17,5 m3, posicionados em rea
aberta, cobertos com tela de sombreamento 70%
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
Manejo profiltico e
(ou) teraputico
Manejo alimentar
Tipo de alimento
Tempo de cultivo
Manejo da gua
Tipo de gua
Densidade de
estocagem
Tanque de cultivo
Caractersticas
TABELA 4.2. Resumo dos procedimentos de aclimatao adotados em trs remessas de alevinos de beijupir.
57
58
TABELA 4.3. Formula de aclimatao desenvolvida e produzida no LABOMAR/UFC para alevinos
de beijupir.
Ingredientes
Incluso
(% da dieta, base natural)
46,02
15,00
12,00
11,01
6,13
3,00
2,00
2,00
1,10
0,70
0,70
0,30
0,03
0,01
Nutrientes
Composio
(% da dieta, base seca)
Cinzas
Extrato etreo
Fibra bruta
Protena bruta
Energia total
Umidade
Fosfolipdios
Colesterol
Total PUFA n-3
Total PUFA n-6
Metionina
Metionina + Cistina
Lisina
cido ascrbico (vitamina C)
Fsforo disponvel
Clcio
Magnsio
Potssio
9,07
12,00
1,33
48,00
4.394 kcal/kg
8,93
2,48
0,27
2,45
0,51
1,20
1,80
3,23
601,50 mg/kg
2,06
3,38
6,16 mg/kg
1,00
59
sulfato de cobre e cido ctrico por 1 h, realizando em seguida a troca total de gua.
TABELA 4.4. Parmetros de qualidade de gua dos sacos de transporte contendo alevinos de beijupir referente a 2 remessa, logo aps chegada ao Setor de Aquicultura da UFERSA. Fonte: Ribeiro et al. (2011).
Saco
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
Salinidade
(g/L)
35
35
34
34
35
35
35
35
34
32
pH
6,20
6,22
6,06
6,19
6,13
6,11
6,02
6,15
6,11
6,12
Temperatura
(oC)
23,4
23,0
23,6
23,7
23,2
23,9
23,1
24,0
24,3
24,3
Oxignio Dissolvido
(mg/L)
19,9
22,5
22,3
23,6
25,1
21,1
23,5
18,6
17,2
21,2
Amnia total
(mg/L)
0,22
1,75
0,07
0,07
1,28
0,00
0,91
0,04
1,80
2,36
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
60
FIGURA 4.5. Aparncia dos alevinos de beijupir durante o cultivo em tanques de 23 m3. A, animais
trs dias aps o povoamento; B, canibalismo em juvenis de beijupir; C, necrose na cabea e dorso;
D, prolapso intestinal. Fotos: Ricardo Camura Correia Pinto.
61
TABELA 4.3. Resultados de sobrevivncia de alevinos beijupir e homogeneidade aps 21 dias de
aclimatao em berrios com 23 m3 e volume til de 17,5 m3. Os animais foram povoados com 3,6 g
de peso mdio.
Total de peixes por
tanque (pxs./m3)
1
2
3
770 (44)
660 (38)
660 (38)
Sobrevivncia (%)
35,97
38,03
32,12
Alberto Jorge Pinto Nunes, Ricardo Camura Correia Pinto, Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira et al.
Berrio
62
4.4. CONCLUSO
Atravs do presente trabalho pode ser concludo que, para se alcanar xito nos processos
de transporte e aclimatao de alevinos de beijupir torna-se necessrio:
1. adquirir animais com peso corporal homogneo, com mdia em torno de 10 g
ou superior e coeficiente de variao do
peso inferior a 10%;
2. realizar a desinfeco qumica da gua
de cultivo antes de seu uso e durante
toda aclimatao;
3. proceder com o uso profiltico do sulfato de cobre e cido ctrico;
4. realizar o sombreamento da rea de cultivo;
5. alimentar os animais com dietas de alta
qualidade nutricional, e;
6. submeter a gua de cultivo filtragem
mecnica, mantendo o sistema sob regime de recirculao contnua da gua
de cultivo.
AGRADECIMENTOS
Somos gratos ao Sr. Alexandre Lima Muiller, ao Engenheiro de Pesca Ronaldo Barradas
Peregrino Junior e ao Sr. Kiuslei Cassiolato pelas adaptaes, recomendaes e cuidados
empregados durante o transporte terrestre e
(ou) areo de alevinos de beijupir. A mdica
veterinria Claudia Ehlers Kerber permitiu amplo acesso a suas instalaes de larvicultura de
beijupir em Ilhabela, SP, compartilhando informaes sobre profilaxia da espcie. A Srta.
Marisa Sonehara e Sr. Werner Jost da empresa
Camanor Produtos Marinhos Ltda. doaram um
lote de juvenis de beijupir a UFERSA e con-
REFERNCIAS
Chou, R-L, Su, M-S, Chen, H.Y. 2001. Optimal dietary protein and lipid levels for juvenile
cobia, Rachycentron canadum. Aquaculture, 193: 81-89.
Colburn, H.R., Walker, A.B., Berlinsky, D.L., Nardi, G.C. 2008. Factors affecting survival
of cobia, Rachycentron canadum, during
simulated transport. Journal of the World
Aquaculture Society, 39: 678683.
Craig, S.R., Schwarz, M.H., McLean, E. 2006.
Juvenile cobia (Rachycentron canadum)
can utilize a wide range of protein and
lipid levels without impacts on production characteristics. Aquaculture, 261:
384-391.
NRC [National Research Council]. 2011. Nutrient Requirements of Fish and Shrimp.
Washington D.C.: The National Academies Press. 376 p.
Ribeiro, A.S., Azevedo, C.M.S.B., Marques, D.F.,
Azevedo, A.A.G., Soares, D.C.E., Cosme,
M. 2011. Transporte areo de beijupir,
Rachycentron canadum. Panorama da
Aquicultura, 126: 14-19.
63
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum, ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro,
Carolina Cavalcanti Fernandes Vieira, Francisco Hlio Pires da Silva, Francisco Luiz Alves
Neto, Hassan Sabry Neto, Leandro Fonseca Castro, Nina Dorian Esteves Gurgel do Amaral
Sampaio, Pedro Henrique Gomes dos Santos, Saulo da Costa Ribeiro, Vitor Vieira Proena,
Alberto Jorge Pinto Nunes*
5.1. INTRODUO
O beijupir, Rachycentron canadum, uma
espcie de peixe pelgico marinho de guas
tropicais e subtropicais, com ampla distribuio
mundial (Romarheim et al., 2008). Por apresentar fcil reproduo em cativeiro, boa adaptao ao confinamento, crescimento acelerado e
carne branca, a espcie vem sendo considerada
com potencial para alavancar a produo da piscicultura marinha comercial (Zhou et al., 2007).
Entre alguns dos obstculos que o cultivo da
espcie apresenta, a nutrio apontada como
um dos mais relevantes. Isto se deve, em parte,
ao seu impacto direto nos custos de produo e
no desempenho zootcnico da espcie (Huang
et al., 2011; Nhu et al., 2011; Wills et al., 2013).
O beijupir por ser uma espcie de hbito carnvoro, possui uma alta exigncia nutricional,
demandando aportes elevados de energia e
protena digestvel na dieta (Chou et al., 2001;
Craig et al., 2006; Fraser & Davies, 2009; NRC,
2011). Como consequncia, muitos pases produtores do beijupir ainda se utilizam de alimento fresco, na forma de sardinha ou rejeito
da pesca, para realizar a engorda da espcie.
Estes alimentos so usados de forma isolada ou
em combinao com raes comerciais, durante toda ou em uma fase da engorda do beijupir (Huang et al., 2011; Nhu et al. 2011; Nunes
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
Captulo 5
64
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
FIGURA 5.1. (A) vista interior do sistema outdoor com os tanques de cultivo equipados com cmaras
de sedimentao. Vista superior do sistema outdoor, sem (B) e com (C) tela para sombreamento.
Fotos: Alberto Nunes e Ricardo Camura Correia Pinto.
Para reduzir a incidncia de luz sobre os tanques, foi erguida uma estrutura de sombreamento constituda por nove colunas de tubo de
PVC rgido de 110 mm de dimetro (Figura 5.1
B), unidas, no topo, por cabos de polipropileno
ram formuladas substituindo a farinha de salmo pelo farelo de soja em 12,5, 25,1, 37,5
e 50,0%. Uma dieta comercial extrusada para
peixes marinhos com afundamento lento
(slow-sinking) foi empregada como controle
comercial. A 1 etapa experimental foi realizada em trs fases, variando em cada uma,
o sistema de cultivo, regime de recirculao
da gua, densidade de estocagem dos peixes,
peso corporal inicial, como tambm o tempo
de cultivo (Tabela 5.1).
TABELA 5.1. Caractersticas operacionais de cada fase experimental de cultivo na avaliao do desempenho zootcnico de juvenis do beijupir, R. canadum, frente a redues no perfil de aminocidos essenciais da dieta.
Caractersticas
Volume dos tanques
Nmero de tanques
Regime de troca de
gua
Peso corporal inicial
Densidade de estocagem
Nmero de dietas
Tempo de cultivo
1 Etapa Experimental
Fase 1
1 m3
24
Trocas peridicas semanais
13,11 3,31 g (n =
240, CV = 25,2%)
Fase 2
0,5 m3
28
Recirculao e
filtragem contnua
45,32 12,75 g (n =
112, CV = 28,1%)
Fase 3
0,5 m3
30
Recirculao e filtragem contnua
22,80 1,63 g (n =
150, CV = 7,2%)
10 peixes/m3
8 peixes/m3
10 peixes/m3
6 dietas, sendo
uma comercial
41 dias
6 dietas, sendo
uma comercial
56 dias
5 dietas
experimentais
70 dias
5.2.3. FORMULAO
As dietas experimentais e misturas ou concentradas proteicos com perfil nutricional melhorados foram formulados utilizando o software
de formulao linear Feedsoft Enterprise 2010
(Feedsoft Corporation, Richardson, Texas, EUA).
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
65
66
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
realizaram a substituio progressiva da farinha de peixe pelo farelo de soja em dietas para
juvenis do R. canadum. No presente trabalho,
a dieta basal continha 51,40% de farinha de
salmo e 16,10% de farelo de soja. A partir
desta dieta, foram realizadas substituies de
12, 25, 37 e 50% de farinha de salmo pelo farelo de soja (Tabela 5.2). O farelo de soja foi
incorporado custa de redues na farinha de
salmo e do caolim, este ltimo usado como
veculo nas raes.
TABELA 5.2. Composio de ingredientes e perfil centesimal das dietas empregadas na 1 etapa de
cultivo do beijupir.
Dieta/Composio (% da dieta, base natural)1
Ingredientes
Basal
12%
25%
37%
50%
Comercial
Farinha de salmo2
51,40
45,00
38,50
32,10
25,70
---
Farelo de soja
16,10
24,60
33,00
41,50
50,00
---
Caolim
10,00
7,53
5,05
2,58
0,11
---
Glten de milho4
10,00
10,00
10,00
10,00
10,00
---
leo de salmo
5,67
6,10
6,52
6,95
7,37
---
Farinha de lula5
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
---
Premix vitamnico-mi2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
--neral6
Sulfato de magnsio
1,10
1,10
1,10
1,10
1,10
--7
Aglutinante sinttico
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
--Fosfato
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
--monobiclcico8
Cloreto de potssio
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
--9
Vitamina C
0,03
0,03
0,03
0,03
0,03
--10
Etoxiquin 66%
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
--11
Composio centesimal (% da dieta, base seca)
Protena bruta
52,65
53,52
54,27
54,38
54,48
51,76
Extrato etreo
12,75
13,50
13,53
13,99
13,98
6,59
Fibra bruta
1,17
1,68
2,12
2,29
2,82
1,50
Cinzas
23,50
19,94
14,91
13,79
10,70
11,02
Umidade
10,56
10,91
11,01
10,66
10,86
11,47
Extrato no
9,93
11,36
15,17
15,55
18,02
29,13
nitrogenado12
Energia bruta
17,8
18,5
19,4
19,6
20,1
18,5
(MJ/kg)13
1
Percentual de substituio de farinha de salmo pelo farelo de soja.
2
Farinha de resduos do processamento de salmo cultivado. Pesquera Pacific Star S.A. (Puerto Montt,
Chile). 62,82% de protena bruta (PB); 10,73% de extrato etreo (EE); 15,56% de cinzas; 0,06% de fibra
bruta (FB); 9,87% de umidade.
3
Indstria e Comercio de Raes Dourado Ltda. (Eusbio, CE). 47,65% PB; 3,21% EE; 6,07% cinzas; 4,18%
FB; 10,33% umidade
4
Corn Products Brasil Ingredientes Industriais Ltda. (So Paulo, SP). 65,79% PB; 2,67% EE; 1,37% cinzas;
1,74% FB; 7,56% umidade.
67
Sociedad Importadora, Exportadora y Comercial BAHIA SpA (Santiago, Chile). 73,00% PB; 7,30% EE;
8,00% cinzas; 2,70% FB; 9,00% umidade.
6
Rovimix Camaro Extensivo, DSM Produtos Nutricionais Brasil Ltda. (So Paulo, SP). Nveis de garantia por quilo de produto: vitamina A, 1.000.000 UI; vitamina D3, 300.000 UI; vitamina E, 15.000 UI;
vitamina K3, 300,0 mg; vitamina B1, 3.000,0 mg; vitamina B2, 2.500,0 mg; vitamina B6, 3.500,0 mg;
vitamina B12, 6,0 mg; cido nicotnico, 10.000,0 mg; cido pantotnico, 5.000,0 mg; biotina, 100,0
mg; cido flico, 800,0 mg; vitamina C, 25.000,0 mg; colina, 40.000,0 mg; inositol, 20.000,0 mg; ferro
2.000,0 mg; cobre, 3.500,0 mg; cobre quelado, 1.500,0 mg; zinco, 10.500,0 mg; zinco quelado, 4.500,0
mg; mangans, 4.000,0 mg; selnio, 15,0 mg; selnio quelado, 15,0 mg; iodo, 150,0 mg; cobalto, 30,0
mg; cromo, 80,0 mg; veculo, 1.000,0 g.
7
Pegabind, Bentoli Agrinutrition Inc. (Austin, EUA). Aglutinante sinttico a base de ureia formaldedo.
8
Fosfato20 Monobiclcico, Serrana Nutrio Animal (Cajata, SP).
9
Rovimix Stay-C 35%, DSM Produtos Nutricionais Brasil Ltda. (So Paulo, SP). cido L-ascrbico-2-monofosfatado, Na2Ca0,5C6H6O9P.
10
Etoxiquin, 66,6% em forma de p, Impextraco Latin America Com. e Produtos para Nutrio Ltda.
(Curitiba, PR).
11
Composio centesimal analisada (Lab Tec Laboratrio de Analises Qumicas Ltda., Hortolndia, SP e
UFSC/Lab. de Nutrio de Organismos Aquticos, Florianpolis, SC). Resultados analisados em triplicata e duplicata pelos respectivos laboratrios.
12
Calculado por diferena (100 - PB - EE - FB - cinzas).
13
Calculado usando um valor energtico de protena, gordura e carboidrato de 5,64 kcal/g, 9,44 kcal/g
e 4,11 kcal/g, respectivamente.
O contedo de gordura das dietas acompanhou a reduo na incluso de farinha de salmo. Para equilibrar o teor de gordura das dietas foi aumentado o aporte de leo de salmo. A
farinha de lula inteira foi empregada como atrativo e palatabilizante, em todas as dietas, na incluso de 2,0%. Um aglutinante sinttico a base
de ureia formaldedo foi incorporado na incluso de 0,7% para promover uma maior integridade fsica. Nesta etapa experimental, as dietas
experimentais alcanaram um nvel de protena
bruta (PB), extrato etreo (EE) e energia bruta (EB) de 53,86 0,78% (CV = 1,4%), 13,55
0,51% (CV = 3,7%) e 19,1 0,91 MJ/kg (CV =
4,7%), respectivamente. Comparativamente,
a dieta comercial avaliada continha 51,76% de
PB, 6,59% de EE e 18,5 MJ/kg de EB. Nas dietas
experimentais, o percentual de cinzas foi diretamente proporcional s incluses de farinha de
salmo. J o extrato no nitrogenado e a energia bruta aumentaram proporcionalmente com
maiores incluses de farelo de soja. As dietas
foram formuladas para conter 601,5 mg/kg de
cido ascrbico polifosfatado.
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
68
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
TABELA 5.3. Composio de ingredientes e perfil nutricional formulado dos concentrados proteicos,
vegetal e animal, com perfil nutricional melhorado.
Ingrediente
Concentrado proteico
de soja2
1.740,00
---
62,44
---
Glten de milho3
1.200,00
---
20,00
---
leo de salmo3
2.400,00
---
8,70
3,20
L-Lisina HCl4
5.100,00
---
3,14
3,17
Fosfato monobiclcico3
590,00
---
2,08
---
Hidrolisado de sardinha5
3.000,00
---
2,00
2,00
DL-Metionina6
10.200,00
---
1,57
1,51
Sulfato de magnsio
730,00
---
0,08
---
Farinha de vsceras
1.400,00
---
---
61,92
1.000,00
---
---
19,89
Farinha de trigo9
900,00
---
---
6,81
Farinha de penas10
750,00
---
---
0,83
Cloreto de potssio
2.050,00
---
---
0,67
---
2.300,00
1.559,29
1.599,63
Protena bruta
64,34*
55,00
55,00
Protena digestvel
54,05
45,58
36,28
Extrato etreo
10,01*
12,00
17,97
Fibra bruta
0,09*
2,74
0,76
Cinzas
14,85*
4,62
12,81
Umidade
10,10*
6,34
6,87
17,6
18,4
18,9
15,1
12,3
12,8
Arginina
6,26
3,22
3,40
Cistina
0,76
0,77
0,73
Histidina
2,25
1,23
0,95
Isoleucina
3,75
2,30
1,86
69
TABELA 5.3. Continuao.
Leucina
6,59
3,42
Lisina
6,75
5,77
5,77
Metionina
2,78
2,38
2,38
Fenilalanina
3,95
2,77
1,80
Treonina
3,83
1,93
1,04
Triptofano
0,61
0,60
0,38
Tirosina
3,38
2,04
1,48
Valina
4,64
2,49
2,46
1
Preos coletados no mercado em 16/08/2012 (US$ 1,0 = R$ 2,0208).
2
Sementes Selecta S.A. (Goinia, GO). 61,20% de protena bruta (PB); 1,60% de extrato etreo (EE);
5,77% de cinzas; 3,55% de fibra bruta (FB); 7,40% de umidade.
3
Para composio, vide Tabela 5.1.
4
AjiLys 99, Ajinomoto do Brasil Ind. Com. de Alimentos Ltda. (So Paulo, SP). Monocloridrato de L-Lisina
99%; 78% de lisina (mnimo); 93,4% PB; 1,5% umidade.
5
AP50 295, SPF do Brasil Ind. e Com. Ltda. (Descalvado, SP). 71,80% PB; 9,60% EE; 13,70% cinzas;
6,05% umidade.
6
MetAMINO, Evonik Degussa Brasil Ltda. (So Paulo, SP). DL-metionina 99%, grau alimentao animal.
99% de metionina; 58,1% PB; 0,5% cinzas; 1,5% umidade.
7
60,53% PB; 17,34% EE; 0,76% cinzas; 0,76% FB; 7,20% umidade. Cortesia: InVivo Nutrio e Sade Animal Ltda., So Loureno da Mata, PE.
8
53,32% PB; 18,43% EE; 21,00% cinzas; 1,15% FB; 7,00% umidade. Cortesia: InVivo Nutrio e Sade
Animal Ltda., So Loureno da Mata, PE.
9
Farinha de trigo Rosa Branca. Moinhos Cruzeiro do Sul S/A (Olinda PE). 13,41% PB; 2,17% EE; 1,24%
cinzas; 0,74% FB; 11,04% umidade.
10
74,79% PB; 10,73% EE; 4,65% cinzas; 0,80% FB; 9,00% umidade. Cortesia: InVivo Nutrio e Sade
Animal Ltda., So Loureno da Mata, PE.
11
Com exceo dos valores que contem um asterisco (*), os demais valores foram estimados com base
nos resultados obtidos das formulaes.
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
Ingrediente
70
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
TABELA 5.4. Composio de ingredientes e perfil nutricional formulado das dietas empregadas na
2 etapa de cultivo do beijupir.
Ingrediente
Farinha de salmo
Valor de
mercado
(R$/ton.)2
2.300,00
25%
50%
75%
25%
50%
75%
44,63
33,47
22,32
11,16
33,47
22,32
11,16
Controle
650,00
22,17
22,12
22,12
22,12
22,12
22,12
22,12
Concentrado proteico
vegetal4
1.559,29
0,00
13,56
27,06
40,57
0,00
0,00
0,00
Concentrado proteico
animal4
1.599,63
0,00
0,00
0,00
0,00
13,30
26,55
39,80
Glten de milho3
1.200,00
10,00
10,00
10,00
10,00
10,00
10,00
10,00
Farinha de trigo
900,00
11,00
9,13
7,25
5,37
10,19
9,37
8,55
Farelo de soja
2.400,00
5,36
4,88
4,41
3,93
4,08
2,81
1,53
Premix
vitamnico-mineral3
16.500,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
Hidrolisado de sardinha4
3.000,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
Sulfato de magnsio
730,00
1,10
1,10
1,10
1,10
1,10
1,10
1,10
1.100,00
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
Fosfato monobiclcico3
590,00
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
Cloreto de potssio
2.050,00
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
0,30
Vitamina C3
17.800,00
0,03
0,03
0,03
0,03
0,03
0,03
0,03
5.600,00
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
Custo de formulao
(R$/ton.)
---
1.644,91 1.350,55
1.055,84
---
---
leo de salmo
Aglutinante sinttico
Etoxiquin 66%
17,2
41,6
78,8
17,9
43,6
83,7
---
54,67
54,40
54,29
54,28
55,30
55,86
54,18
Extrato etreo
---
12,00
12,08
12,21
12,25
11,83
11,93
10,83
Fibra bruta
---
1,47
1,77
2,50
2,67
1,61
1,67
1,95
Cinzas
---
12,63
11,68
10,57
8,96
12,91
13,49
13,14
---
10,63
10,62
10,48
9,11
8,43
7,11
10,34
---
19,23
20,06
20,43
21,83
18,35
17,05
19,91
---
19,5
19,7
19,7
20,0
19,4
19,4
19,1
Umidade
Extrato no nitrogenado
Energia bruta (MJ/kg)
Posteriormente, todos os ingredientes (slidos e lquidos) foram pesados em balana eletrnica de preciso (Ohaus Adventurer, Toledo
do Brasil, So Paulo, SP) e misturados em uma
batedeira planetria industrial para massas (G.
Paniz, modelo BP-12 super, Caxias do Sul, RS)
durante 10 min. Os micro ingredientes e o farelo de soja modo foram misturados em um
homogeneizador em Y (modelo MA201/5MO,
Marconi Equipamentos para Laboratrios Ltda.,
Piracicaba, SP) e adicionados aos outros ingre-
FIGURA 5.2. Processo de moagem (A) e extruso das dietas experimentais em laboratrio (B). Fotos: Leandro Fonseca Castro.
do do Brasil, So Paulo, SP) a fim de se alcanDurante a extruso houve a formao de fiar uma umidade homognea em toda dieta.
lamentos alimentares, os quais foram distribuFindo o processo de secagem, as dietas foram
dos em bandejas de ao para secagem a 60oC
resfriadas temperatura ambiente e os pellets
em uma estufa com circulao e renovao de
quebrados em processador de alimentos doar (estufa de secagem especial, Modelo MAmstico, peneiradas para a remoo dos finos,
035/3, Marconi Equipamentos para Laboratrio
embaladas em sacos plsticos, identificadas e
Ltda., Piracicaba, SP) durante cerca de 2 h. A
armazenadas sob temperatura de -22oC (Figura
massa foi revirada a cada 10 min. de secagem,
ocasio em que se retiravam alquotas para a
5.3). A rao comercial foi submetida moadeterminao do teor de umidade em um anagem e repeletizada em laboratrio, adotando
lisador (Moisture Analyser MB35, OHAUS, Toleos mesmos procedimentos anteriores.
FIGURA. 5.3. (A) dietas usadas na 1 etapa experimental, em duas granulometrias, 2,0 e 3,5 mm.
De baixo para cima, lado esquerdo: dieta basal, dieta com 12% de substituio de farinha de salmo
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
71
72
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
por farelo de soja, dieta com 37% de substituio. De baixo para cima, lado direito: dieta comercial,
dieta com 25% de substituio, dieta com 50% de substituio. (B) dietas usadas na 2 etapa experimental. Superior e inferior, dietas com concentrado proteico vegetal e animal, respectivamente. Da
esquerda para direita, substituio de 25, 50 e 75%. Centro, lado esquerdo, dieta controle. Fotos:
Alberto Nunes e Ricardo Camura Correia Pinto.
FIGURA 5.4. (A) bandejas de alimentao utilizadas durante a etapa experimental nos tanques indoor. (B) bandeja imersa em gua mostrando oferta de rao e alimentao de beijupir. (C) espectrofotmetro visvel. Fotos: Alberto Nunes e Ricardo Camura Correia Pinto.
Na 2 etapa experimental, as bandejas de alimentao foram substitudas por bandejas com
bordas mais altas (de 3 para 5 cm) para reduzir
a ejeo de pellets de rao no fundo dos tanques no momento da oferta. Em ambas as fases,
foram realizados sifonamento dirios para remoo de dejetos e rao no consumida do fundo
dos tanques. Devido a esse manejo aliado ao
dos decantadores e ao sombreamento, a gua
dos tanques de cultivo manteve-se com visibilidade total durante todo o experimento.
Os parmetros fsico-qumicos de qualidade da gua (salinidade, pH, oxignio dissolvido e temperatura) em cada tanque de cultivo
foram monitorados diariamente s 1300 h. A
73
5.2.6. NDICES DE DESEMPENHO ZOOTCNICO
TCE = [(lnPf lnPi) DC] x 100
(1)
onde,
(2)
onde,
(3)
onde,
(4)
onde,
O fator de converso alimentar das dietas foi determinado ao final do cultivo empregando-se o
consumo alimentar aparente (CAp, em g/tanque/ciclo). O consumo aparente de dieta foi calculado
pela diferena entre a quantidade de rao ofertada e as sobras resgatadas nas bandejas de alimentao. Tanto a rao ofertada como as sobras coletadas foram subtradas da umidade. Assim, o fator
de converso alimentar foi determinado pela equao:
(5)
onde,
5.3. RESULTADOS
5.3.1. PARMETROS DE QUALIDADE DA
GUA DE CULTIVO
Os parmetros de qualidade de gua se
mantiveram relativamente estveis ao longo de
todos os cultivos realizados com o beijupir.
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
74
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
75
Dieta Experimental
TCE
(%/dia)
FCA
Fase 1
0%
75 50,0
2,3 0,2a
726 57a
5,1 0,2a
1,18 0,23
12%
85 30,0
2,2 0,4a
658 108a 4,9 0,4a
2,10 1,47
25%
98 5,0
2,1 0,3a
714 83a
5,1 0,3a
1,33 0,18
37%
100 < 0,01
2,0 0,1a
674 60a
5,0 0,2a
1,29 0,27
50%
75 50,0
1,8 0,2a
595 19a
4,7 0,1a
1,82 0,23
Comercial
58 35,9
1,2 0,3b
361 69b
3,7 0,4b
2,88 1,13
Mdia DP
82 34,1
-----1,74 0,91
2
ANOVA P
0,535
< 0,0001
< 0,0001
< 0,0001
0,117
Fase 2
0%
100 < 0,01a
2,8 0,3a
377 62a
2,8 0,2a
1,41 0,10a
12%
100 < 0,01a
2,6 0,2a
321 48a
2,6 0,2a
1,49 0,17a
25%
100 < 0,01a
2,7 0,3a
374 110a 2,7 0,4a
1,39 0,15a
37%
95 11,2a
2,5 0,3a
320 94a
2,5 0,4a
1,74 0,54a
50%
90 13,7ab
2,3 0,4a
268 48a
2,3 0,2a
1,60 0,23a
Comercial
67 28,9b
1,2 0,2b
141 23b
1,6 0,2b
5,64b3
Mdia DP
----------2
ANOVA P
0,007
< 0,0001
0,003
< 0,0001
< 0,0001
Fase 3
0%
100 0,0
2,5 0,2a
780 66a
3,1 0,1a
1,47 0,60a
12%
100 0,0
2,4 0,3a
757 84a
3,1 0,1ab 1,72 0,26a
25%
97 8,2
2,3 0,1ab 703 25ab 3,0 0,0ab 2,08 0,41a
37%
100 0,0
2,0 0,1b
614 45b
2,8 0,1b
2,72 0,54ab
50%
100 0,0
1,2 0,3c
386 102c
2,2 0,3c
4,53 2,26b
Mdia DP
99 3,7
------2
ANOVA P
0,426
< 0,0001
< 0,0001
< 0,0001
< 0,0001
1
GPD, ganho de peso corporal dirio (g/dia); GPP, ganho de peso percentual relativo ao peso inicial; TCE,
taxa de crescimento especfico (%/dia).
2
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
3
Dados calculados para um nico tanque de cultivo.
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
TABELA 5.5. Sobrevivncia final, ganhos de peso dirio e percentual, taxa de crescimento especfico
e FCA (fator de converso alimentar) de juvenis de beijupir, cultivados por 41, 56 e 70 dias (fases 1,
2 e 3 da 1 etapa experimental) com dietas com substituio progressiva da farinha de salmo pelo
farelo de soja. Os valores so apresentados como mdia desvio padro (DP). Letras iguais em cada
coluna indicam diferena estatstica no significativa segundo o teste a posteriori de Tukey HSD ao
nvel de significncia de = 0,05.
76
Fase 1
A
200,0
ab
Fase 2
Fase 3
AB
b
150,0
100,0
b
c
0%
12%
25%
37%
50%
115,6
64,8
110,1
176,6
88,5
164,0
182,2
92,8
184,3
194,9
95,9
193,0
192,9
104,5
201,3
0,0
195,9
50,0
108,8
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
250,0
Comercial
Dieta Experimental
FIGURA 5.5. Peso corporal final (mdia erro padro) do beijupir na 1 etapa experimental,
frente a substituies de 12, 25, 37 e 50% de farinha de salmo (51,40%) pelo farelo de soja.
Letras iguais indicam diferena estatstica no significativa segundo o teste a posteriori de Tukey
HSD ao nvel de significncia de = 0,05. Nas fases 1, 2 e 3, os peixes foram cultivados por 41, 56
e 70 dias, respectivamente.
FIGURA 5.6. Juvenis de beijupir despescados aps 41 dias de cultivo (fase 1 da 1 etapa experimental).
No caso da fase 3, esses parmetros tambm
reduziram de forma proporcional a um aumento na substituio da farinha de salmo, sendo
verificada uma queda significativa aps 25% de
substituio. A dieta com 50% de substituio
de farinha de salmo levou o beijupir a um desempenho zootcnico muito inferior comparado a outras dietas experimentais. Nesta fase, o
FCA tambm se deteriorou em funo do nvel
de substituio da farinha de salmo, embora
somente nas dietas com 37 e 50% de substituio se observou uma diferena estatstica (P <
0,05, Tukey HSD).
Na despesca, o peso corporal final dos peixes variou em funo do tratamento diettico
(Figura 5.5). Na 1 etapa experimental, fase 1,
juvenis de beijupir alimentados com dietas
com uma substituio na incluso de farinha
de salmo superior a 12% sofreram uma reduo significativa no peso corporal (P < 0,05,
ANOVA). Tanto nas fases 1 e 2, os peixes alimentados com a dieta comercial foram os que
apresentaram o menor peso corporal entre
todos os tratamentos avaliados, sendo apenas
equivalente a dieta com 50% de substituio na
fase 2. Na fase 3, o beijupir no apresentou um
detrimento no peso corporal final at 25% de
substituio na incluso de farinha de salmo.
Neste caso, o peso do beijupir no apresentou
diferena nos nveis de substituio de farinha
de salmo 25 e 37% e entre as dietas com 50%
de substituio e a comercial (P > 0,05, ANOVA). Em geral, os dados de peso corporal final
TABELA 5.6. Sobrevivncia final, ganhos de peso dirio e percentual, taxa de crescimento especfico
e FCA (fator de converso alimentar) de juvenis de beijupir, cultivado por 84 dias com dietas com
substituio progressiva da farinha de salmo por um concentrado proteico vegetal (CPV) e animal
(CPA) com perfil nutricional melhorado. Os valores so apresentados como mdia desvio padro
(DP). Letras iguais em cada coluna indicam diferena estatstica no significativa segundo o teste a
posteriori de Tukey HSD ao nvel de significncia de = 0,05.
Dieta Experimental
Controle
100,0 0,0a
2,4 0,2a
25% CPV
102,5 5,0a
50% CPV
TCE (%/dia)
FCA
1432 152a
3,2 0,1a
1,39 0,04a
2,4 0,2ab
1349 130ad
3,2 0,1a
1,49 0,23a
92,5 5,0a
1,6 0,2c
938 107b
2,8 0,1bd
1,67 0,31a
75% CPV
70,0 18,7b
0,7 0,1d
426 76c
2,0 0,2c
4,09 2,99b
25% CPA
100,0 0,0a
2,5 0,1a
1462 39a
3,3 0,0a
1,52 0,08a
50% CPA
95,0 5,8a
2,0 0,2b
1191 101d
3,0 0,1ab
1,84 0,13a
75% CPA
98,0 4,5a
1,5 0,1c
906 59b
2,7 0,1d
1,99 0,18a
ANOVA2 P
< 0,001
< 0,001
< 0,001
< 0,001
0,039
GPD, ganho de peso corporal dirio (g/dia); GPP, ganho de peso percentual relativo ao peso inicial; TCE,
taxa de crescimento especfico (%/dia).
2
Anlise de Varincia Univariada (ANOVA).
1
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
77
78
250,0
200,0
d
b
150,0
100,0
151,7
76,0
226,2
183,7
144,2
0,0
213,7
50,0
218,6
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
FIGURA 5.7. Juvenis de beijupir despescados aps 70 dias de cultivo (2 etapa experimental).
Controle
25% CPV
50% CPV
75% CPV
25% CPA
50% CPA
75% CPA
Dieta Experimental
FIGURA 5.8. Peso corporal final (mdia erro padro) do beijupir na 2 etapa experimental, frente a substituies de 25, 50 e 75% em uma dieta controle contendo 44,63% de farinha de salmo por um concentrado proteico vegetal (CPV) e animal (CPA) com perfil nutricional melhorado. Letras iguais indicam diferena
estatstica no significativa segundo o teste a posteriori de Tukey HSD ao nvel de significncia de = 0,05.
5.4. DISCUSSO
As raes comerciais atualmente disponveis para engorda o beijupir contendo 48% de
protena bruta, 12% de lipdeos e 350 mg/kg
de vitamina C alcanam um preo de US$ 1,55/
kg (Nunes & Madrid, 2013; Madrid & Nunes,
2013). Considerando um fator de converso
alimentar econmico (FCAe) de 2,0 para a engorda de um beijupir de 4 kg, sero gastos, somente com rao, US$ 12.400,00/ton. de beijupir despescado. A nica forma de buscar uma
reduo do custo associado ao uso de raes
balanceadas para espcie compreender melhor suas exigncias nutricionais, alm de identificar ingredientes e aditivos capazes de minimizar o impacto econmico da formulao, sem
comprometimento no desempenho zootcnico.
No presente estudo, foi possvel reduzir o
custo das dietas experimentais em 17,9% sobre um valor de formulao estimado em R$
1.939,35 (US$ 950). Entretanto, se observou
que juvenis de beijupir apresentam uma alta
exigncia nutricional, de aminocidos digestveis e cidos graxos altamente insaturados de
cadeia longa (LC-PUFA). No presente estudo, as
exigncias nutricionais da espcie somente foram atendidas em sua plenitude, ao se utilizar a
farinha de salmo em incluses elevadas, acima
de 30%. Ao se buscar substituio deste ingrediente pelo farelo de soja, o crescimento timo
da espcie foi alcanado com uma incluso mnima de 45,0% de farinha de salmo. Com as
misturas alimentares com perfil nutricional melhorado, o crescimento timo da espcie pode
ser alcanado com 33,5% de farinha de salmo.
Outros trabalhos revelaram que possvel utilizar dietas para juvenis de beijupir com incluses ainda mais baixas de farinha de peixe.
Chou et al. (2004) trabalhando com juvenis de
beijupir de 32 g durante oito semanas alcanaram um crescimento timo da espcie com
uma combinao de 26,9% de farinha de peixe
e 28,6% de farelo de soja. Os autores relataram
que o nvel de metionina das dietas com maior
substituio de farinha de peixe foi o provvel
fator restritivo do crescimento da espcie. Nesse trabalho, a dieta com mxima substituio
da farinha de peixe que no causou atraso significativo no crescimento do beijupir continha
2,65 g de aminocidos sulfurados (AAS; metionina + cistina)/100 g de protena ou 1,28% da
dieta (0,85% de metionina na dieta, base seca).
Com objetivo semelhante, mas trabalhando
com indivduos mais jovens, Zhou et al. (2005)
realizaram um cultivo com beijupirs de 8,3 g em
gaiolas flutuantes durante oito semanas. Os animais foram alimentados com dietas isoproticas
e isolipdicas (45% de protena bruta e 15% de
lipdios) contendo nveis crescentes de farelo de
soja em substituio farinha de peixe. Ao final
do trabalho, os autores observaram que o desempenho produtivo do beijupir no foi afetado
quando se substituiu at 20% da farinha de peixe
na dieta pelo farelo de soja. Essa dieta continha
40,0% de farinha de peixe e 14,6% de farelo de
soja e um nvel de metionina de 1,06% da dieta
(base seca). Atravs de regresso quadrtica, os
autores concluram que as incluses timas de
farinha de peixe e farelo de soja foram de 40,5%
e 13,5%, respectivamente.
Comparativamente, no presente trabalho, os nveis formulados de AAS ao se utilizar
45,0% de farinha de salmo e 24,6% de farelo
de soja alcanaram 1,95% da dieta (1,33% de
metionina, base seca). A anlise de regresso
indicou uma incluso tima de farinha de salmo de 47,9%, substancialmente superior aos
nveis reportados na literatura. As diferenas
observadas entre os trabalhos de Chou et al.
(2004), Zhou et al. (2005) e o presente estudo
so provavelmente resultado da fonte e qualidade da farinha de peixe e do uso de protenas
purificadas e aditivos nas dietas. Enquanto as
dietas de Chou et al. (2004) e Zhou et al. (2005)
fizeram uso de casena, cloreto de colina e farinha de anchoveta, comumente produzida a
partir de peixes inteiros e com teores de pro-
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
79
80
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
tena bruta entre 67,8 e 70,7%, o presente estudo utilizou-se de resduos do processamento
do salmo cultivado, com um contedo de PB
de 62,8%. Daniel Lemos (comunicao pessoal)
reportou um grau de hidrolise da protena bruta da farinha de salmo ao nvel do estmago e
cecos pilricos do beijupir da ordem de 3,66
0,31% comparado a um valor superior a 4,0
para farinha de anchoveta. Portanto, as diferenas nas incluses timas de farinha de peixe e metionina nos trabalhos provavelmente se
devem a diferenas na digestibilidade proteica
dos ingredientes empregados. Contrrio a estas
observaes, Zhou et al. (2004) avaliaram a digestibilidade da protena, lipdeos e aminocidos essenciais (AAE) para juvenis de beijupir.
Os autores concluram que a farinha de peixe
(Peruana), farelo de soja, farinha de vsceras,
farinha de carne e ossos, farinha de amendoim
e farelo de canola apresentam uma digestibilidade proteica e lipdica superior a 87% e de metionina maior que 90%.
Nos ltimos anos, inmeros trabalhos tm
sido realizados buscando a substituio da farinha de peixe por protenas alternativas (Lunger
et al., 2007; Salze et al., 2010; Saadiah et al.,
2011; Trushenski et al., 2011, Zhou et al., 2011).
Saadiah et al. (2011) concluram que, em uma
dieta para juvenis do beijupir contendo 50,0%
de farinha de peixe e 11,5% de farelo de soja,
foi possvel realizar a substituio de at 60%
por uma farinha de vsceras de aves, sem comprometimento no desempenho da espcie. J
Zhou et al. (2011) concluram que em dietas
contendo 50,0% de farinha de peixe e 11,3%
de farelo de soja, o nvel mximo de substituio por uma farinha de vsceras de aves foi de
30,75%. Por outro lado, Trushenski et al. (2011)
trabalharam com dietas contendo 49,90% de farinha de peixe e 15,0%% de glten de milho. Os
autores conseguiram substituir at 50% da farinha de peixe por uma combinao de 13,6% de
concentrado proteico de soja, 8,0% de isolado
proteico de soja, alm de suplementao com
metionina e betana.
No presente trabalho, ao se fazer uso de concentrados proteicos, utilizando como protenas
bsicas, o concentrado proteico de soja e a farinha de vsceras de aves, os nveis mximos de
substituio em uma dieta contendo 44,63% de
farinha de salmo, foi de 25,0%. Comparativamente, enquanto Trushenski et al. (2011) con-
81
taxa de crescimento especfico e 7,3 kg/m3 de
biomassa) comparado aos animais alimentados
com as demais dietas. Segundo os autores, ficou constatado que as dietas com alto teor lipdico possuem um efeito poupador da protena
e promovem um maior crescimento em juvenis
do beijupir.
5.5. CONCLUSO
Atravs do presente estudo, realizado com
juvenis de beijupir entre 8,2 e 376,3 g, em
condies experimentais controladas, foi possvel concluir que a espcie exige dietas prticas
com altos nveis de protena bruta e lipdeos,
derivados principalmente da farinha e leo de
peixe, respectivamente. Enquanto substituies
da protena da farinha de salmo pela protena
do farelo de soja foram possveis, a proporo
tima entre os dois ingredientes foi elevada, da
ordem de 1,8. Em dietas com 51,4% de farinha
de salmo e 16,1% de farelo de soja, as substituies mximas alcanadas foram de 12%.
Substituies alm deste nvel, sem comprometimento no desempenho da espcie, somente
foram alcanadas ao se realizar suplementao
com aminocidos sintticos e uso de misturas
alimentares com perfil nutricional melhorado.
Esta abordagem nutricional, factvel de adoo
por indstrias locais de rao, mostrou que as
dietas podem conter at 33,5% de incluso de
farinha de salmo, reduzindo em at 17,9% o
custo de formulao da rao. Este o primeiro
estudo de nutrio realizado no Brasil com juvenis de beijupir utilizando ingredientes prticos, disponveis no mercado local. Os resultados
apontam para necessidade de aprimoramento
nutricional das raes comerciais voltadas para
o cultivo do beijupir.
AGRADECIMENTOS
O presente estudo comps a Sub-Rede de
Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio,
Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron
canadum, Cultivado no Nordeste do Brasil
(Sub-Rede
Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE) apoiada com recursos aprovados no
Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/
CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No.
559527/2009-8. Somos gratos as empresas Se-
Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
82
REDUO DO CUSTO DA COMPOSIO DE DIETAS BALANCEADAS PARA O CULTIVO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum,
ATRAVS DE AMINOCIDOS SINTTICOS E MISTURAS ALIMENTARES COM PERFIL NUTRICIONAL MELHORADO
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Ricardo Camura Correia Pinto, Marcelo Vincius do Carmo e S, Anita Antunes Ribeiro et al.
83
85
6.1. INTRODUO
A aquicultura uma atividade que vem crescendo para se tornar uma grande fornecedora
de protena de origem animal. O aumento da
produo vem acompanhado pelo incremento da demanda por rao, essencial para o
desenvolvimento e crescimento dos animais
aquticos criados em cativeiro. Com o declnio
da pesca extrativista, a oferta de ingredientes
tradicionalmente empregados na composio
de raes para peixes e crustceos cultivados,
como a farinha e o leo de peixe, vem diminuindo, o que motiva a busca por ingredientes alternativos de qualidade.
A rao uma fonte importante, s vezes
nica, de nutrientes para peixes cultivados, em
especial, os marinhos. Como consequncia, os
nutrientes das raes devem ser nutricional e economicamente adequados (Ezquerra et al., 1998),
estar biologicamente disponveis para a espcie
alimentada, de forma a evitar desperdcios, seja
pela alimentao excessiva ou baixa digesto. A
rao pode agir como fator que contribui potencialmente para a eutrofizao do ambiente de
cultivo, por meio da lixiviao de seus nutrientes,
bem como pela alta excreo e egesto causada
por ingredientes com baixa disponibilidade.
Em 2013, o SINDIRAES (2013) projetou
um consumo de 740 mil ton. de rao para criao de peixes e crustceos, correspondendo a
um valor monetrio superior a R$ 1,0 bilho.
Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
Captulo 6
86
CONTEDO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES EM INGREDIENTES PROTEICOS PARA DIETAS DE BEIJUPIR, Rachycentron
canadum: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA in vitro E APLICAO COM MATRIAS-PRIMAS REGIONALMENTE DISPONVEIS
Figura 6.1. Sistema de anlise composto de tituladores automticos para a determinao do grau
de hidrlise da protena alimentar.
Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
87
88
CONTEDO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES EM INGREDIENTES PROTEICOS PARA DIETAS DE BEIJUPIR, Rachycentron
canadum: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA in vitro E APLICAO COM MATRIAS-PRIMAS REGIONALMENTE DISPONVEIS
(1)
onde,
(2)
onde,
vsceras, pet food grade, estrangeira; PBM3, farinha de vsceras, feed grade, estrangeira; FM1,
farinha de peixe, subproduto, nacional; FM2, farinha de peixe, anchoveta; FM3, farinha de peixe, arenque; FM4, farinha de peixe, cavalinha;
FM5, farinha de peixe, menhaden; FM6, farinha
de peixe, subproduto, salmo. As anlises foram
realizadas de modo a observar as respostas no
DH proteico do beijupir frente s seguintes condies: DH de amostras de alimento com enzimas digestivas estomacais (meio cido); DH de
amostras de alimento com enzimas digestivas intestinais (meio alcalino); DH alcalino de amostras
previamente submetidas hidrlise cida. Com
isto, foi possvel a identificao de ingredientes
com diferentes habilidades de digesto no estmago e intestino de juvenis do R. canadum.
6.3. RESULTADOS
6.3.1. BEIJUPIR (Rachycentron canadum)
Os peixes criados em gua clara foram amostrados em duas classes de tamanho mdio: 500
e 1.000 g (Figura 6.2; Tabela 6.1). O beijupir
exibiu um estmago relativamente volumoso e
um intestino curto, com a particularidade de um
conjunto de cecos pilricos mais pronunciados,
resultados que, aparentemente, so inditos na
literatura. O pH destes rgos foi registrado nas
faixas de 3,7-7,5, 6,6-7,3 e 6,9-8,0, nos estmagos, cecos pilricos e intestinos, respectivamente. O pH do estmago mostrou-se bastante elevado, especialmente em indivduos em jejum.
Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
89
90
CONTEDO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES EM INGREDIENTES PROTEICOS PARA DIETAS DE BEIJUPIR, Rachycentron
canadum: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA in vitro E APLICAO COM MATRIAS-PRIMAS REGIONALMENTE DISPONVEIS
Estmago
Cecos
Pilricos
Intestino
Alimentados
Em jejum
542,80 (182,1)
1.018,80 (218,3)
558,20 (87,9)
1.086,40 (327,9)
39,62 (3,1)
47,32 (3,1)
40,27 (1,9)
48,94 (5,6)
10,92 (3,6)
19,01 (4,2)
11,00 (1,1)
21,07 (5,6)
6,01 (0,9)
7,41 (1,5)
5,99 (0,8)
7,44 (1,4)
pH
4,68 (0,80)
4,39 (0,23)
6,66 (0,41)
6,42 (1,38)
15,39 (6,0)
29,73 (10,6)
13,04 (1,8)
26,77 (7,0)
3,04 (0,7)
4,24 (1,4)
2,48 (0,5)
3,25 (0,5)
pH
6,95 (0,22)
6,75 (0,26)
7,02 (0,25)
7,03 (0,19)
3,61 (1,2)
6,15 (1,9)
2,82 (0,2)
5,33 (1,5)
14,5 (2,8)
18,7 (3,1)
14,8 (2,0)
18,3 (3,8)
pH
6,94 (0,28)
6,80 (0,20)
7,08 (0,19)
7,13 (0,25)
91
cos pilricos, como com extratos de cecos em
amostras pr-digeridas com extratos de estmago (Figura 6.4, Tabela 6.3).
FIGURA 6.3. Padronizao dos extratos enzimticos de estmago e cecos pilricos beijupir de acordo
com o grau de hidrlise da protena (%) sobre os substratos hemoglobina (estmago) e casena (cecos pilricos). Extratos enzimticos recuperados de indivduos de beijupir em diferentes estados alimentares.
TABELA 6.2. Padronizao dos extratos enzimticos usando o grau de hidrlise proteica in vitro pH
-stat (DH), de acordo com o estado alimentar e o peso corporal do beijupir, com hemoglobina e casena (80 mg de protena) como substratos para os ensaios com estmago e cegos pilricos, respectivamente. Os volumes testados foram 50, 200, 600 e 1.000 L. Para todas as regresses, y = a+bx,
onde a o intercepto e b a pendente. n = 3. Os dados brutos foram transformados em arco-seno.
rgo
Estado Alimentar
Alimentado
Estmago
Jejum
Alimentado
Ceco pilrico
Jejum
R2
542,80 (182,1)
0,299
0,193
0,97
1.018,80 (218,3)
0,282
0,198
0,97
558,20 (87,9)
0,326
0,177
0,93
1.086,40 (327,9)
0,335
0,164
0,95
542,80 (182,1)
0,278
0,322
0,95
1.018,80 (218,3)
0,311
0,321
0,97
558,20 (87,9)
0,260
0,222
0,86
1.086,40 (327,9)
0,258
0,326
0,89
Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
e vegetal. O DH dos ingredientes foi determinado segundo escrito para a padronizao dos
extratos enzimticos, sendo que DH foi determinado tanto com extratos de estmago, ce-
FIGURA 6.4. Grau de hidrlise proteica espcie-especfica (DH, %) do estmago (cido, branco), cecos pilricos (alcalino, cinza) e de dois estgios estmago mais cegos pilricos (hidrlise por cegos pilricos em amostras pre-hidrlisadas por extratos estomacais, preto) de ingredientes para rao para o
beijupir. SBM1, farelo de soja integral; SBM2, farelo de soja com 48% de protena bruta (PB); SBM3, farelo de soja 46% PB; SPC, concentrado proteico
de soja; WG, glten de trigo; CGM, glten de milho; RSM, farelo de canola; CSM, farelo de semente de algodo; WF, farinha de trigo; FeM1, farinha de
penas nacional; FeM2, farinha de penas estrangeira; BM1, farinha de sangue nacional; BM2: farinha de sangue, spray-dried, estrangeira; PBM1, farinha
de vsceras, feed grade, nacional; PBM2, farinha de vsceras, pet food grade, estrangeira; PBM3, farinha de vsceras, feed grade, estrangeira; FM1, farinha
de peixe, subproduto, nacional; FM2, farinha de anchoveta; FM3, farinha de arenque; FM4, farinha de cavalinha; FM5, farinha de menhaden; FM6, farinha
de peixe, subproduto, salmo.
92
93
Ingrediente
PB (%)
DH (%)*
Farelo de soja
47,6
1,81 (0,05)
53,3
4,81 (0,41)
74,8
3,24 (0,20)
60,5
3,31 (0,15)
55,7
3,36 (0,07)
Glten de milho
57,0
1,72 (0,18)
Farinha de salmo
64,3
3,66 (0,31)
61,2
5,62 (0,26)
Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
TABELA 6.3. Grau de hidrlise de protena in vitro com enzimas digestivas (DH) de beijupir (estmago + cecos pilricos). PB: teor de protena bruta.
94
CONTEDO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES EM INGREDIENTES PROTEICOS PARA DIETAS DE BEIJUPIR, Rachycentron
canadum: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA in vitro E APLICAO COM MATRIAS-PRIMAS REGIONALMENTE DISPONVEIS
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da
Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do
Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados
no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/
CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No.
559527/2009-8.
REFERNCIAS
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Fanny Ayumi Yasumaru, Maria Jos de Arruda Campos Rocha Passos, Vicente Gomes et al.
95
97
INFLUNCIA DA SALINIDADE NO DESEMPENHO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum (LINNAEUS, 1766) E AVALIAO DA ENGORDA EM VIVEIROS ESCAVADOS
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro*, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de
Medeiros, Benito Soto Blanco, Daniele Ferreira Marques, Danyela Carla Elias Soares, Enox
de Paiva Maia, Fbio de Azevedo Oliveira, Francisco Adriano Gis de Oliveira, Gustavo
Henrique Gonzaga da Silva, Jeska Thayse da Silva Fernandes, Joo Leonardo Freitas Oliveira,
Jos Rodrigues de Lima Filho, Jlio Csar da Silva Cacho, Luiz Di Souza, Marcos Antnio de
Abreu Medeiros, Natlia Rocha Celedonio, Ricardo Camura Correia Pinto, Celicina Maria
da Silveira Borges Azevedo
7.1. INTRODUO
A aquicultura uma atividade econmica
que tem crescido muito no Brasil, e em especial no Estado do Rio Grande do Norte, que se
destaca como uma dos maiores produtores de
camaro marinho do pas. Na regio de Mossor, a carcinicultura interiorizou-se em funo da
disponibilidade de gua subterrnea, captada
atravs de poos rasos, em torno de 100 m de
profundidade, com baixo custo para obteno e
que apresentam concentraes de sais relativamente elevadas para uso na agricultura.
Entre os anos de 2000 e 2004, houve um
enorme crescimento da criao de camares
marinhos em Mossor. Entretanto, a partir de
2005, em funo de vrios problemas, dentre
eles o surgimento de doenas, baixos preos
do camaro nos mercados externo e interno,
levaram a uma queda tanto da produtividade,
como da rea de produo da carcinicultura no
Nordeste (Nunes et al., 2011). Para diversificar a produo aqucola da regio, tornando-a
menos sensvel s oscilaes de mercado e a
incidncia de doenas, de fundamental importncia identificar espcies alternativas para
um melhor aproveitamento da infraestrutura
de cultivo j existente.
Uma das possibilidades a piscicultura de
espcies marinhas de alto valor comercial. O
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
Captulo 7
98
FIGURA 7.1. Setor de Aquicultura da Universidade Federal do Semi-rido (UFERSA) onde a pesquisa
foi realizada. A foto mostra viveiros experimentais de alvenaria com fundo de terra e tanques circulares de 1 m3 utilizados no estudo. Foto: Eduardo Mendona.
FIGURA 7.2. Fazenda de cultivo de camares marinhos Aquarium Aquicultura do Brasil Ltda. (Mossor, RN), onde os experimentos de validao com o beijupir foram conduzidos. Fotos: Felipe Ribeiro.
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
99
100
TABELA 7.1. Caracterizao das duas etapas de avaliao das respostas zootcnicas de juvenis de
beijupir a diferentes gradientes de salinidade da gua de cultivo.
Caractersticas
Etapa A
Origem de alevinos
Tempo de cultivo
84 dias
60 dias
Salinidades avaliadas
4, 7, 15, 25 e 35 g/L
No. de tanques de 1 m3
24
25
Para avaliar o efeito da densidade de estocagem sobre o desempenho zootcnico da espcie foram utilizados 12 viveiros de alvenaria
com 15 m2 de rea. Os alevinos de beijupir foram obtidos da Redemar Alevinos - Claudia E.
Kerber Aquicultura ME (Ilhabela, SP). O estudo
foi dividido em dois experimentos. O primeiro
consistiu de trs tratamentos e quatro repeties: (1) densidade inicial de 0,3 peixe/m2 e
salinidade de 30 g/L; (2) densidade inicial de
0,3 peixe/m2 e salinidade de 10 g/L; densidade
inicial de 0,6 peixe/m2 e salinidade de 10 g/L.
O estudo teve a durao de 185 dias. O segundo experimento consistiu de trs tratamentos
e quatro repeties, mantendo-se a salinidade
da gua em 10 g/L: (1) densidade inicial de 1
peixe/m2; (2) densidade inicial de 2 peixes/m2;
densidade inicial de 2 peixes/m2, programado
para reduzir a densidade com despesca seletiva
ao longo do estudo para 1 peixe/m2. O estudo
teve durao de 147 dias.
Etapa B
FIGURA 7.4. Tanques circulares de 1 m3 (A) e viveiros de alvenaria com fundo de terra (B) usados no
cultivo de juvenis do beijupir na UFERSA. Fotos: Felipe Ribeiro.
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
101
102
7.2.5. MONITORAMENTO DA GUA E DO
CULTIVO
INFLUNCIA DA SALINIDADE NO DESEMPENHO DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum (LINNAEUS, 1766)
E AVALIAO DA ENGORDA EM VIVEIROS ESCAVADOS
, onde
Pi = peso corporal inicial;
Pf = peso corporal final;
t = tempo em dias.
FIGURA 7.6. A coleta das amostras de sangue em juvenis do beijupir foi realizada por meio de
puno venosa na cauda
As determinaes bioqumicas sricas incluram as concentraes de sdio, cloretos, potssio, magnsio, clcio, ferro, glicose e protenas
totais, realizadas com o auxlio de um analisador bioqumico automtico (Sistema Bioqumico Automtico, modelo SBA-200, CELM Cia.
Equipadora de Laboratrios Moderno, Barueri,
SP), e cortisol, conduzida por meio de tcnica
imunoenzimtica. A anlise de osmolaridade
foi realizada centrifugando amostra de sangue
e posterior isolamento do plasma, que foi congelado at a realizao da anlise em um micro
osmmetro criognico (Hermann Roebling, modelo 12/12DR, Berlin, Alemanha) do Ncleo Integrado de Biotecnologia (NIB) da Universidade
Estadual do Cear (UECE).
7.3. RESULTADOS
7.3.1. QUALIDADE DA GUA DOS CULTIVOS
Os parmetros de qualidade de gua monitorados durante os experimentos se mantiveram em valores adequados para a espcie (Figura 7.7). A temperatura mdia alcanou 29,3
0,93 e 29,0 0,27oC, respectivamente, para as
Etapas experimentais A e B. As concentraes
de oxignio dissolvido apresentaram-se sempre
acima de 4 mg/L para ambas as etapas experimentais, alcanando as mdias de 6,84 0,06
e 6,93 0,09 mg/L, respectivamente. O pH no
apresentou diferenas entre as salinidades testadas, alcanando uma mdia de 8,11 0,09. A
salinidade e a condutividade variaram em funo dos diferentes tratamentos.
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
103
104
ETAPA A Temperatura ( C)
ETAPA B Temperatura ( C)
ETAPA A pH
ETAPA B pH
(g/L)
ETAPA A Salinidade (mg/L)
FIGURA
durante oo cultivo
cultivodo
dobeijupir
beijupir(Etapas
(EtapasAAe eB).
B).
FIGURA7.7.
7.7.Variao
Variao na
na qualidade
qualidade de gua durante
53
105
da na gua do mar, os tratamentos apresentaram
maiores valores de alumnio, brio, clcio, cobre e
ferro. Os valores observados podem ter influenciado o desempenho zootcnico do beijupir.
TABELA 7.2. Composio inica das guas usadas na Etapa A de avaliao do desempenho zootcnico do beijupir, R. canadum, em diferentes salinidades.
Origem/Tratamentos/Salinidade (g/L)
on (mg/L)
Poo
Mistura
Salina*
Mar
4
7
15
25
35
45
140
35
Al
13,2
12,9
12,1
11,2
10,2
9,3
0,2
Ba
25,7
25,1
23,6
21,7
19,8
17,9
B
1,0
1,4
2,4
3,7
4,9
6,2
18,2
4,5
Ca
278,7
309,7
392,4
495,8
599,2
702,5
1.684,7 421,2
Cu
8,8
8,6
8,0
7,4
6,8
6,1
Sr
13,5
13,9
14,9
16,1
17,3
18,6
30,3
7,6
Fe
31,0
30,3
28,5
26,2
24,0
21,7
0,1
P
0,1
Li
62,9
61,6
57,9
53,3
48,7
44,1
0,5
0,1
Mg
181
327
715
1.201
1.687
2.172
6.787
1.697
K
29,6
80,4
215,9
385,3
554,6
724,0
2.333
583,3
Na
359
1.536
4.673
8.593
12.514
16.435
53.683 13.421
Zn
304,5
297,8
279,9
257,5
235,1
212,7
Cl
1.665
6.104
11.652
17.201
22.749
75.463 18.866
SO4
4.179
4.282
4.556
4.899
5.242
5.584
8.840
2.210
Poo: gua do poo Juazeiro que abastece o Setor de Aquicultura da UFERSA (Mossor, RN); Tratamentos: gua de diferentes salinidades obtidas pela mistura de gua do poo Juazeiro com a
gua salina; *Salina: gua hipersalina obtida em uma salina comercial no municpio de Grossos, RN;
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
ETAPA A
ETAPA B
FIGURA 7.10. Sobrevivncia final ( erro padro) de juvenis do beijupir, R. canadum, submetidos
a diferentes
gradientes de salinidade
em duas
etapas distintas
de cultivo
84 e 60 dias
A
7.10.
Sobrevivncia
final ( erro
padro)
de juvenis
do por
beijupir,
R.(Etapas
canadum,
e B, respectivamente) em tanques circulares de 1 m3.
FIGURA
submetido
a diferentes gradientes de salinidade em duas etapas distintas de cultivo por 84 e 60 dias (Etapas
Na salinidade de
apenas circulares
trs animais de 1 Na
. B, os animais apresentaram infestae B, respectivamente)
em4 g/L
tanques
m3Etapa
salinidade, alcanando uma sobrevivncia final de 83,33%, seguido pelo tratamento com 4 g/L
com 57,78%, 15 g/L com 31,11% e 25 g/L com 17,78%.
107
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
O ganho de peso mdio do beijupir na Etapa A alcanou 119,89 g no tratamento 7 g/L comparado
com 51,37
g para
osmdio
peixes
a salinidade
de 35 g/L.ao
O aumento
comprimento
e o peso mdio
O ganho
de peso
do submetidos
beijupir na Etapa
mente proporcionais
da salinidade
alcanou
119,89
no tratamento
7 g/L com(Figura
7.11).maiores
Comparativamente,
na mesmos
Etapa B, o parmetros
final Ados
juvenis
de gbeijupir
cultivados
a 7 g/L
foram
do que os
parado com 51,37 g para os peixes submetidos
ganho de peso corporal do beijupir alcanou
observados nos peixes cultivados em 15 e 35 g/L de salinidade, tendo sido indiretamente
a salinidade de 35 g/L. O comprimento e o peso
43,92 g na salinidade de 4 g/L, 40,99 g a 25 g/L,
proporcionais
salinidade
(Figura38,33
7.11).
Comparativamente,
na Etapa
B, o ganho de
mdio final ao
dosaumento
juvenis de da
beijupir
cultivados
g a 15
g/L e 35,60 g a 7 g/L. Neste
caso, foi
pesoacorporal
domaiores
beijupir
alcanou
43,92
salinidade
4 g/L,direta
40,99
g ao 25
g/L, 38,33 g a 15
7 g/L foram
do que
os mesmos
par-g naobservada
umade
relao
entre
aumento
nos peixes
cultivados
em
dauma
salinidade
e odireta
ganho de
pesoocorporal,
comda salinidade
g/L emetros
35,60 observados
g a 7 g/L. Neste
caso,
foi observada
relao
entre
aumento
15
e
35
g/L
de
salinidade,
tendo
sido
indiretaexceo
na
salinidade
de
4
g/L.
e o ganho de peso corporal, com exceo na salinidade de 4 g/L.
ETAPA A
ETAPA B
FIGURA
7.11.
Pesomdio
mdio final
padro)
de juvenis
do beijupir
cultivadoscultivado
por 84 e 60por
dias 84 e 60 dias
FIGURA
7.11.
Peso
final(g;
(g; erro
erro
padro)
de juvenis
do beijupir
experimennas Etapas A e B, respectivamente, em tanques circulares de 1 m3. Em ambas as etapas
3
nas tais,
Etapas
A e B, respectivamente, em tanques circulares de 1 m . Em ambas as etapas
os peixes foram submetidos a diferentes gradientes de salinidade da gua.
experimentais, os peixes foram submetidos a diferentes gradientes de salinidade da gua.
56
108
ETAPA A
ETAPA B
FIGURA 7.12.
entre
a mdia
( erro
da osmolaridade
(mOsm/L) (mOsm/L)
do beijupirdo
e abeijupir e a
FIGURA
7.12.Relao
Relao
entre
a mdia
( padro)
erro padro)
da osmolaridade
salinidade (g/L)
gua
em em
duasduas
etapas
distintas
de cultivo.
peixes foram
cultivados
porcultivados
84 e 60
salinidade
(g/L)dada
gua
etapas
distintas
deOscultivo.
Os peixes
foram
por 84 e
3
3
.
dias,
respectivamente,
em
tanques
circulares
de
1
m
60 dias, respectivamente, em tanques circulares de 1 m .
57
ETAPA A
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
109
Mdia (
padro)
do ndicedo
hepatossomtico
de juvenis do beijupir
diferentesdo beijupir
FIGURAFIGURA
7.13.7.13.
Mdia
(erro
erro
padro)
ndice hepatossomtico
deemjuvenis
salinidades
da gua de
dados
referem-se
Etapa A de
cultivo realizada
duranteA84de
dias.cultivo realiz
diferentes
salinidades
dacultivo.
guaOsde
cultivo.
Os adados
referem-se
a Etapa
durante 84
dias.os demais parmetros hematol- apresentaram aumento em funo da salinidaDentre
gicos avaliados somente o magnsio e a ureia
de (Tabela 7.3).
7
15
25
35
0,62
0,74
c.
rico
0,98
(mg/dl)
1,20
0,62
1,10
11,80
13,36
Clcio
12,65
(mg/dl)
13,50
11,80
14,10
0,25
6,12
0,31
6,63
Creatinina
0,22
5,53
(mg/dl)
0,21
7,40
0,25
0,22
8,90
3,42
3,69
Magnsio
3,65
(mg/dl)
3,97
6,12
3,90
6,90
7,38
Protenas
6,17
totais (g/dl)
5,63
3,42
16,60
0,74
13,36
0,31
6,63
3,69
0,98 DO BEIJUPIR
12,65 FRENTE 0,22
3,65 e comapresentaram 5,53
um maior peso corporal
7.3.4. DESEMPENHO
primento
padro
comparado
aos
cultivados sob
A DIFERENTES
DENSIDADES13,50
DE ESTOCAGEM 0,21
1,20
7,40
3,97
a densidade de 0,6 peixes/m2. Aps o mesmo
1,10
14,10
8,90
3,90
No presente
estudo, ocorreu
um efeito ne- 0,22
perodo, apenas
uma nica unidade
experimen-
Ureia
(mg/dl)
6,90
7,38
6,17
5,63
16,60
gativo sobre o desempenho zootcnico de juvetal dos animais produzidos na densidade de 0,3
nis do beijupir na medida em que a densidade
peixes/m2 com salinidade de 30 g/L continha
7.3.4. DESEMPENHO
DO
BEIJUPIR
FRENTE
A
DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM
de estocagem aumentou de 0,3 para 0,6 peixes/
animais vivos e com peso corporal e compriNo presente
estudo, indicaram
ocorreuque
umaps
efeito
negativo
o desempenho
zootcnico
185 dias,
m2. Os resultados
mentosobre
inferiores
aos demais tratamentos.
En- de juvenis
juvenis
de beijupir
produzidos
sob a densida-de estocagem
tre as duas densidades
testadas
na salinidade
beijupir
na medida
em
que a densidade
aumentou
de 0,3
para 0,6 peixes/m2
2
2
de de 0,3 peixes/m na salinidade de 10 g/L,
de 10 g/L (0,3 versus 0,6 peixes/m ) os animais
resultados indicaram que aps 185 dias, juvenis de beijupir produzidos sob a densidade de
peixes/m2 na salinidade de 10 g/L, apresentaram um maior peso corporal e comprimento pad
comparado aos cultivados sob a densidade de 0,6 peixes/m2. Aps o mesmo perodo, apenas u
nica unidade experimental dos animais produzidos na densidade de 0,3 peixes/m2 com salinid
de 30 g/L continha animais vivos e com peso corporal e comprimento inferiores aos dem
110
7.4. DISCUSSO
Diferentemente do esperado, os resultados
obtidos na Etapa A do estudo demonstram que
as maiores salinidades resultaram em menores
taxas de sobrevivncia e crescimento de juvenis
do beijupir, R. canadum. No estudo, ocorreu
uma mortalidade massiva dos peixes nos tratamentos com salinidades de 45 g/L (Etapa A) e 35
g/L (Etapa B). Alguns dos sintomas observados
nestes animais foram associados a um estresse hipersalino. Dentre estes sinais, observou-se
magreza, nadadeiras erodidas, feridas na pele
e descolorao atpica nos peixes mantidos nas
salinidades mais altas. Ocorreu tambm infestao pelo ectoparasita do gnero Amyloodinium,
o que resultou em alta mortalidade nos peixes
mantidos em salinidade mais alta comparado
aos demais.
Denson et al. (2003) e Resley et al. (2006)
conduziram estudos com o beijupir mantidos
em sistemas de recirculao nas salinidades
de 5, 15 e 30 g/L. Os peixes foram adquiridos
de desovas em laboratrio com peso corporal
Sparus aurata, que tm salinidade tima prxima a ocenica (Boeuf & Payan, 2001).
No caso do beijupir, a espcie considerada
tipicamente ocenica, mas juvenis so frequentemente encontrados em guas costeiras, zonas
costeiras ou compartimentos (Shaffer & Nakamura, 1989). O estudo de Chen et al. (2009) indicou a salinidade de 30 g/L como ideal para a
eficincia energtica na produo do beijupir.
J o trabalho de Denson et al. (2003) indicou a
possibilidade de cultivo da espcie em salinidades intermediarias, j que o beijupir apresentou desempenho zootcnico e parmetros
hematolgicos similares nas salinidades entre
15 e 30 g/L. At mesmo larvas de beijupir toleram salinidades entre 12 e 15 g/L (Faulk & Holt,
2006; Stieglitz et al., 2012).
Faulk & Holt (2006) trabalharam com larvas
de beijupir com 3, 5, 7 e 9 DAE (dias aps a
ecloso), eclodidas em 28,0 e 36,5 g/L de salinidade. Os animais foram testados durante 18
h em salinidades variando de 4 a 48 g/L. A durao do experimento foi escolhida objetivando
afastar efeitos devidos a outros fatores que no
a salinidade, como a inanio, sobre a sobrevivncia das larvas.
Segundo os autores, a tolerncia das larvas
de beijupir a mudanas bruscas de salinidade
no foi afetada pela salinidade de desova de
28,0 g/L e 36,5 g/L. Porm, a faixa de tolerncia
variao de salinidade foi mais estreita (entre
21,1 e 35,6 g/L) em larvas com 3 DAE comparada larvas com 7 e 9 DPE (7,5 a 32,8 g/L).
Na segunda parte do experimento de Faulk
& Holt (2006), larvas com 1, 4, 7, 10 e 13 DAE
foram submetidas a diminuies graduais de salinidade de 5 g/L/dia, a partir de grupos controle
mantidos em 32 a 34 g/L, at as salinidades finais
de 5, 10, 15 e 20 g/L durante 10 a 18 dias. No
incio do experimento, as larvas com 1 e 4 DAE
apresentaram sobrevivncia significativamente menor com relao ao controle em todos os
tratamentos. Houve mortalidade total ou quase
total nos tratamentos com 10 e 15 g/L de salinidade. Porm, no houve diferena significativa
no comprimento padro das larvas entre o grupo
controle e os demais tratamentos.
De maneira geral, as larvas iniciadas com 7,
10 e 13 DAE, a partir do 10 dia do experimento,
apresentaram sobrevivncia significativamente
menor nos tratamentos com salinidades de 5 e
10 g/L em relao ao controle, mas nenhuma
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
111
112
diferena no comprimento padro entre os tratamentos foi observada. Os peixes nessas salinidades mais baixas desenvolveram sinais de infeco por fungos resultando em mortalidades
aps o 10 dia do experimento.
A dureza total e de clcio foram positivamente correlacionadas com a salinidade. A dureza
de clcio nas guas utilizadas para alcanar as
salinidades nos tratamentos variou de 180 mg/L
CaCO3 Eq. na gua doce a 6.181 mg/L CaCO3 Eq.
na gua do mar. Faulk & Holt (2006) concluram
que larvas de beijupir podem ser cultivadas
com sucesso em salinidades iguais ou maiores
que 15 g/L somente a partir de 13 dias DAE,
enfatizando a necessidade de pesquisas adicionais, com enfoque nas exigncias nutricionais,
a fim de se conhecer mais sobre o potencial do
beijupir em cultivos em guas estuarinas nas
vrias fases de seu desenvolvimento.
Em relao a salinidades baixas, a maioria
dos estudos com juvenis do beijupir aponta
para uma reduo no desempenho zootcnico e alta mortalidade. Entretanto, o estudo
de Resley et al. (2006) revelou a possibilidade
do cultivo da espcie na salinidade de 5 g/L.
Os autores atriburam eventuais mortalidades de peixes mantidos nesta salinidade a um
maior estresse e susceptibilidade a parasitas.
De forma semelhante, no presente estudo, foi
observado que juvenis de beijupir mantidos
somente na gua do poo apresentaram alta
mortalidade. Porm, em outra etapa do estudo, a sobrevivncia dos animais nesta salinidade no foi inferior as salinidades de 7 e 15 g/L.
Os beijupirs mantidos nestas salinidades foram os menos prejudicados pela infestao de
Amyloodinium. Possivelmente o baixo desempenho zootcnico na salinidade 4 g/L possa ser
atribudo a insuficincia de sdio e cloreto na
gua, j que essa gua apresentou menores
propores desses ons, sabidamente os mais
abundantes na gua do mar. Entretanto, no
h dvida que para guas com diferentes propores inicas, a salinidade pode ser reduzida at 7 g/L de forma a manter o desempenho
zootcnico e a sobrevivncia do beijupir.
Os resultados do cultivo do beijupir realizado em viveiros experimentais com paredes de
alvenaria tambm revelaram a baixa salinidade
como melhor opo para produo de juvenis
da espcie com gua salobra de poo misturada
a gua hipersalina. Em relao densidade de
estocagem, foi observado que o melhor resultado foi alcanado com 0,3 peixe/m2. De acordo com S (2012), toda unidade de cultivo tem
uma limitao fsica para abrigar a vida aqutica
em desenvolvimento, e que os componentes
abiticos do ecossistema, representados principalmente pela concentrao de oxignio dissolvido (OD) na gua so capazes de sustentar
adequadamente a vida at certo ponto. Esse
mesmo autor discute que quando a biomassa
populacional se eleva muito, o oxignio dissolvido da gua pode ser exaurido. Nesse caso,
inevitavelmente haver mortandade em massa
de organismos. Por tal aspecto, recomenda-se a
adoo de densidades de estocagem moderadas nos tanques e viveiros de aquicultura.
Apesar dos episdios de queda de OD observados no presente estudo, especialmente nos
perodos finais dos experimentos em viveiros,
as quedas no foram diferentes em funo das
densidades. Isto sugere que a biomassa estocada de peixes no foi o fator responsvel pelo
consumo excessivo de OD nas madrugadas.
Sun et al. (2006a) descreveram que o beijupir uma espcie grande, carnvora, pelgica,
migradora e caa feroz em longa distncia. Isto
poderia conduzir a uma alta demanda para o
metabolismo energtico e, portanto a episdios
de queda de OD na madrugada. Esta condio
pode ter afetado de forma negativa o desempenho dos animais cultivados em viveiros. Quase
todos os viveiros experimentais apresentaram
baixa transparncia ou florao de alga filamentosa. Esta condio pode ter contribudo de maneira significativa para essa reduo de OD na
gua de cultivo. O cultivo de animais carnvoros, alimentados com dietas secas ricas em nutrientes, favorece esse tipo de florao, o que
poderia ser controlada em um policultivo com
espcies herbvoras ou onvoras (Zimmermann
et al., 2010).
Na maioria dos estudos de cultivo de beijupir, os autores usam alimentos preparados
de forma artesanal, que vo desde dietas secas (Resley et al., 2006) ou midas at animais
frescos ou congelados (Sun et al., 2006a; Chen
et al., 2009). Apesar do beijupir preferir animais frescos ou congelados (Sun et al., 2006a),
em ambas as etapas do presente estudo, a alimentao usada foi inteiramente composta
por dietas secas comerciais destinadas a peixes carnvoros marinhos. Esse alimento mais
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
113
114
7.5. CONCLUSO
Esta pesquisa pode concluir que juvenis de
beijupir podem ser produzidos em salinidades
intermedirias entre 7 e 15 g/L com vistas a um
melhor desempenho zootcnico e sade dos animais com gua de poo salobro e gua hipersalina. O perfil inico das guas usadas nesse estudo
foi diferente. O baixo desempenho zootcnico do
beijupir cultivado em gua do poo se deve a
insuficincia de algum on essencial nessa gua,
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da
Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do
Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados
no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/
CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No.
559527/2009-8.
REFERNCIAS
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Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Ambrosio Paula Bessa Jnior, Antnio Endson Leite de Medeiros et al.
115
116
117
INVESTIGAO HISTOPATOLGICA DO FGADO E INTESTINO E HEMATOLOGIA DE JUVENIS DO BEIJUPIR, Rachycentrum canadum, ALIMENTADOS COM CRESCENTES NVEIS
DE INCLUSO DE FARELO DE SOJA EM DIETAS PRTICAS
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra
Coimbra Holanda, Alberto Jorge Pinto Nunes, Thales Passos de Andrade*
8.1. INTRODUO
Na ltima dcada, o beijupir, Rachycentron
canadum, tornou-se alvo de muitos trabalhos
de pesquisa por todo o mundo e seu cultivo
tem despontado como uma indstria promissora, sobretudo em pases Asiticos. Contudo, o
beijupir, como qualquer outra espcie aqutica cultivada, susceptvel a doenas de ordem
bacteriana, fngica, viral e parasitria. Somente
em 2002 em Taiwan, Liao et al. (2004) reportaram uma perda de 1.500 ton. na produo
de beijupir ocasionada pela ao de doenas
e fenmenos climticos. No Brasil, Andrade et
al. (2010) encontraram, pela primeira vez, a
ocorrncia do coppodo Caligus sp. associada
a mortalidades em cultivo piloto realizado em
viveiros escavados de uma fazenda comercial
localizada no municpio de Beberibe, Cear. Figueiredo (2011) foi quem primeiro reportou a
ocorrncia de Photobacterium damsela, subespcie piscicida, numa larvicultura comercial de
So Paulo.
O beijupir e outras espcies de peixes cultivados so tambm susceptveis a ao de
agentes etiolgicos no infecciosos, de origem
nutricional. Estes agentes podem comprometer o desempenho zootcnico dos animais, influenciar indiretamente a patogenia de doenas
infecciosas ou ainda causar perdas diretas aos
cultivos. Existem diversas condies patolgicas (e.g., escolioses, lordoses, nefrocalcinoses,
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
Captulo 8
118
119
TABELA 8.1. Percentuais de incluso de farinha de peixe e farelo de soja na dieta basal e nas diferentes dietas avaliadas, excetuando-se a rao comercial. A ltima coluna indica o percentual de
substituio da farinha de salmo pelo farelo de soja.
Basal
FS12
FS25
FS37
FS50
Percentual de
Substituio (%)
0
12,5
25,1
37,5
50,0
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
Dietas
120
soluo de formol citrato para fixao dos eritrcitos (Figura 8.1 C). Os eritrcitos (ERITR) fixados foram ento contados (No) em cmara de
Neubauer, aplicado a frmula ERITR = No x 5 x
10 x 200, sendo o resultado expresso em clulas
por L.
FIGURA 8.1. Fotos ilustrativas dos procedimentos de coleta e processamento de sangue do beijupir, R. canadum. A, coleta do sangue atravs do corte do pednculo caudal. B, esfregaos para contagem diferencial de leuccitos. C, fixao dos eritrcitos para contagem dos mesmos. D, realizao
do hematcrito. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Em laboratrio, os capilares foram cheios
para realizao do hematcrito em centrfuga
MICRO SPIN, a 10.000 rpm por 5 min. A proporo de eritrcitos foi ento lida em rgua
adequada para esse fim (Figura 8.1 D). As lminas de esfregao sanguneo foram coradas pela
tcnica da colorao em Pantico e analisadas
sob microscopia ptica, onde se procedia contagem total e diferencial dos leuccitos pelo
mtodo indireto. Para se obter o total de leuccitos, contou-se essas clulas em meio a 2.000
eritrcitos, sendo o valor posteriormente aplicado na frmula LEUC = (No x ERITR) 1.000.
Na contagem diferencial, um total de 200
leuccitos por lmina foi contado, diferencian-
FIGURA 8.2. Figura ilustrativa das tcnicas e ferramentas utilizadas na coleta de tecidos do beijupir,
R. canadum. A, exposio e coleta do trato digestrio (alvo deste estudo). B, maiores detalhes do
estmago, intestinos e cecos pilricos. C, equipamentos utilizados na desidratao, diafanizao
e emblocamento dos tecidos. D, lminas preparadas para anlise histolgica. Fotos: Pedro Filipe
Ribeiro Arajo.
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
121
122
TABELA 8.2. Parmetros comumente associados enterite em peixes e as devidas pontuaes para
os graus de severidade. A tabela foi adaptada para avaliao do surgimento de enterite no beijupir,
Rachycentron canadum, devido utilizao de farelo de soja em sua dieta. Fonte: Baeverfjord &
Krogdahl (1996).
Parmetro
Vilosidades (V)
Tamanho normal
Sem vacuolizao
Incio de vacuolizao
Grande quantidade na LP e SM
Submucosa (SM)
Tamanho normal
Leve aumento do tamanho
Tamanho mdio
Grande tamanho
Muito grande
Normal
Leve aumento no tamanho
Tamanho mdio
Grande
Muito grande
Pontuao
1
2
3
1
2
3
4
5
FIGURA 8.3. Microrganismos removidos atravs de raspagem do muco do beijupir, Rachycentron canadum, por ocasio da coleta dos espcimes aps cultivo experimental. A, visualizao da estrutura peduncular do protozorio do gnero Epystilis. B, larvas de nematodos. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Embora sendo o beijupir um peixe marinho, quando em contato com a gua estuarina
do Rio Pacoti, teve sua superfcie corporal colonizada por protozorios de gua doce. Provavelmente Epystilis sp. foram carreados pela
gua do rio e bombeados para o sistema experimental. Isto chama ateno para a eficcia do
manejo profiltico utilizado, onde a preocupao com a no contaminao do sistema experimental pelos compostos qumicos utilizados
exigia nova captao de gua do esturio. Alm
FIGURA 8.4. Fgado do beijupir, R. canadum, mostrando leses associadas utilizao de farelo de
soja nas dietas aps cultivo experimental de 56 dias. A, manchas amarronzadas. B, aspecto liquefativo do parnquima heptico. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
123
124
Linfcitos (x 103/mm3)
Neutrfilos
Linfcitos
100
P < 0,05
b
25
90
ab
A
AB
20
ab
AB
ab
AB
AB
15
80
70
60
Neutrfilos (x 103/mm3)
30
a
10
16,1
24,6
33,0
41,5
50,0
Comercial
50
Figura 8.5. Contagem (mdia erro padro) dos linfcitos (x 103/mm3) e neutrfilos segmentados (x
103/mm3) em relao s dietas com diferentes incluses de farelo de soja alimentadas para juvenis do
beijupir, R. canadum durante 56 dias. Letras iguais maisculas (linfcitos) e minsculas (neutrfilos)
indicam diferena estatstica no significativa ao nvel de 0,05 segundo o teste de Tukey HSD.
Sabe-se que os granulcitos, e em particular os neutrfilos, migram para as regies
afetadas durante infeces iniciando a resposta imune inata (Moraes & Moraes, 2009;
Pinheiro da Silva & Soriano, 2009). Rijn & Reina (2010) observaram um aumento na relao
entre granulcitos e linfcitos para o tubaro,
Cephaloscyllium laticeps, submetido a estresse em condies laboratoriais. Este achado
poderia sugerir que as alteraes encontradas
neste trabalho seriam decorrentes do estresse
sofrido pelos peixes durante a manipulao.
No entanto, o fato dessa alterao s haver se
manifestado nos tratamentos com maiores nveis de farelo de soja, somado s mesmas condies de manipulao entre os tratamentos,
enfraquecem esta hiptese.
Outra hiptese que poderia ser levantada
quanto variao dos leuccitos neste estudo,
seria o fato de que a mesma deveu-se aplicao do sulfato de cobre como medida profiltica. Contudo, alm da aplicao ter ocorrido
por um curto perodo e a uma concentrao
pequena, Tavares-Dias et al. (2011) mostraram
que todos os leuccitos de tambaqui, Colossoma macropomum, tiveram contagens inferiores quando tratados com sulfato de cobre em
diferentes concentraes, no somente os linfcitos. Diferentemente, neste trabalho os neutrfilos apresentaram contagens superiores nos
tratamentos que receberam dietas com maiores incluses de farelo de soja.
Um resultado interessante encontrado neste
trabalho que a dieta comercial e aquelas com
maior contedo de farelo de soja, entre 41,5 e
50,0% (dietas FS37 e FS50, respectivamente)
impactaram de forma semelhante, e sem diferena estatstica entre elas, nas respostas imunolgicas do beijupir. Este resultado leva a crer
que a dieta comercial testada possui nveis elevados de componentes vegetais.
Outros parmetros hematolgicos sugeriram variao entre os tratamentos dietticos.
Entretanto, esta variao no foi estatisticamente significativa (P > 0,05, Tukey HSD). Podese atribuir esta ausncia de significncia ao elevado desvio padro das mdias encontradas e
ao baixo nmero amostral analisado. Por outro
lado, comparando-se visualmente a variao
das mdias desses parmetros entre as dietas
testadas diferena entre as mdias dos pesos
corporal final do beijupir (Figura 8.7), nota-se
certa correspondncia entre os dados, embora
sem confirmao pela ferramenta estatstica.
24,6
115,6
Comercial
100,0
0,0
176,6
182,2
194,9
195,9
41,5
50,0
1,8
1,8
Comercial
2,6
33,0
1,6
195,9
24,6
1,6
192,9
16,1
1,6
194,9
50,0
0,7
1,4
2,1
P > 0,05
182,2
41,5
150,0
200,0
2,8
3,5
176,6
33,0
250,0
Comercial
115,6
192,9
16,1
10
35,0
100,0
150,0
200,0
250,0
100,0
150,0
200,0
250,0
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
FIGURA 8.7. Variao de parmetros hematolgicos (mdia erro padro) entre dietas contendo incluses progressivas de farelo de soja e o peso corporal final do beijupir (em gramas). Juvenis de beijupir foram alimentados durante 56 dias. Valores de P referem-se Anlise de Varincia Univariada
(one-way ANOVA).
195,9
192,9
50,0
41,5
33,0
24,6
38,6
16,1
41,2
195,9
20,0
40,4
192,9
P > 0,05
100,0
25,0
30,0
38,4
P > 0,05
115,6
Comercial
150,0
35,0
40,0
40,0
194,9
2,10
200,0
45,0
50,0
182,2
50,0
41,5
194,9
33,0
1,98
182,2
24,6
2,19
176,6
16,1
2,26
250,0
176,6
10
1,00
1,50
2,00
2,50
2,42
P > 0,05
115,6
2,55
Hematcritos (%)
Monoctos (cel./mm3)
3,00
125
126
5,0
4,0
VSN/IL
P < 0,05
a
3,0
P > 0,05
2,0
1,0
24,6
33,0
41,5
b
50,0
Comercial
tados com dietas contendo farelo de soja durante um perodo experimental de apenas
trs semanas. Urn et al. (2008) estudando o
efeito da temperatura na severidade das enterites causadas pelo farelo de soja no salmo
do Atlntico, constataram que esta agravada
em temperaturas mais elevadas, com a presena de eosinfilos na lmina prpria.
Contudo, as maiores temperaturas estudadas por esses autores (12oC) no podem ser
comparadas temperatura mdia da gua durante o presente experimento (em torno dos
29oC). Tampouco o curto perodo experimental
de ambos os trabalhos (i.e., de Baeverfjord &
Krogdahl, 1996 e de Urn et al., 2008), podem
ser comparados s oito semanas utilizadas com
esses neutrfilos estariam relacionados enterite no beijupir, e no os eosinfilos. Curiosamente, nos tratamentos em que se obteve a
menor mdia para a infiltrao de leuccitos
na lmina prpria, o parmetro que seguiu a
tendncia de decrscimo foi a contagem dos
linfcitos (Figura 8.6), sugerindo que a diminuio desses linfcitos foi responsvel pela
queda na contagem dos leuccitos.
Portanto, apesar da dificuldade de melhor
observao da lmina prpria no tratamento
diettico contento 50,0% de farelo de soja (dieta FS50, Figura 8.9 F), adotou-se a nomenclatura
infiltrao de leuccitos para designar o aporte de clulas inflamatrias na lmina prpria
evidenciado neste trabalho, o que vai ao encontro do reportado por Venold et al. (2012). Esses
autores chamaram de infiltrao de leuccitos o
acmulo de clulas sanguneas e atriburam s
mesmas o alargamento da lmina prpria em um
experimento que utilizou farelo de soja na dieta
do salmo do Atlntico, S. salar.
FIGURA 8.9. Padro histolgico geral do intestino distal do beijupir, R. canadum, aps cultivo de
8 semanas, alimentado com dietas com progressivas redues na farinha de peixe. A, beijupir
alimentado com a dieta basal, contendo 16,1% de farelo de soja; B, peixes alimentados com rao
comercial; C, peixes alimentados com a dieta FS12, com 24,6% de farelo de soja; D, dieta FS25, com
33,0% de farelo de soja; E, dieta FS37, com 41,5% de farelo de soja; F, dieta FS50, com 50,0% de
farelo de soja. Barras: 10 m. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Embora no se tenha observado diferena
estatstica para a infiltrao de leuccitos (Figura 8.8), pde-se observar uma tendncia de
aumento apresentada por este parmetro de
acordo com o incremento do farelo de soja nas
dietas em detrimento a farinha de peixe. Ainda
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
127
128
FIGURA 8.10. Grande nmero de clulas mitticas nas vilosidades do intestino distal do beijupir,
R. canadum, alimentado com dietas com incrementos sucessivos de farelo de soja. A, barra = 5 m;
B, barra = 2 m. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Hossain & Jauncey (1993) encontraram que
a incluso de 10 g de cido ftico foi responsvel
pelo surgimento de vacuolizaes no epitlio
intestinal da carpa comum, Cyprinus carpio. Leses estas semelhantes s encontradas no presente trabalho, em todos os tratamentos derivados da dieta basal at a que continha 41,5%
de farelo de soja (Figura 8.9). Entretanto, as
vacuolizaes diminuram em nveis mais elevados de incluso do farelo de soja, semelhante
ao reportado por Bakke-McKellep et al. (2000).
Knudsen et al. (2008) comprovaram que a
saponina est relacionada ao surgimento de enterite no salmo do Atlntico, S. salar, quando
associada ao farelo da amndoa do tremoo, Lupinus angustifolius, mas no causa enterite por
si s. A saponina responsvel pelo aumento
na permeabilidade do epitlio intestinal, permitindo a passagem de compostos normalmente
no absorvidos, o que poderia estar envolvido
com o surgimento de inflamaes no intestino
(NRC, 2011).
De acordo com os apanhados do NRC (2011),
alguns compostos alergnicos injetados no intestino distal dos peixes levam a fortes respostas do sistema imune e, segundo os mesmos
autores, a soja possui compostos sabidamente
alergnicos a muitos animais, incluindo os seres
humanos. Assim, a presena de saponinas em
consrcio com estes compostos poderia potencializar os efeitos inflamatrios diagnosticados
neste trabalho. Isto sugere que as leses observadas histologicamente podem ser decorrentes
da combinao de diversos fatores antinutricionais e alergnicos intrnsecos aos derivados de
soja, ou ainda a possveis contaminantes danosos sade dos peixes, que tenham entrado em
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
129
130
FIGURA 8.11. Padro histolgico do fgado do beijupir, R. canadum, aps cultivo de 8 semanas, alimentado com dietas com progressivas redues na farinha de peixe. A, beijupir alimentado com a
dieta basal, contendo 16,1% de farelo de soja; B, peixes alimentados com rao comercial; C, peixes
alimentados com a dieta FS12 com 24,6% de farelo de soja; D, dieta FS25 com 33,0% de farelo de
soja; E, dieta FS37 com 41,5% de farelo de soja; F, dieta FS50 com 50,0% de farelo de soja. Barras:
10 m. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Em todos os tratamentos dietticos houve o
aparecimento de leses necrticas no parnquima heptico. Contudo, no foi possvel atribuir
uma relao entre o aparecimento de necrose e
a utilizao do farelo de soja. Nestas leses foi
FIGURA 8.12. rea necrtica do fgado do beijupir, R. canadum, alimentado com dietas com incrementos sucessivos de farelo de soja. Barra = 5 m. Fotos: Pedro Filipe Ribeiro Arajo.
Kowalska et al. (2010) observaram alteraes
histolgicas semelhantes quelas encontradas
nesta pesquisa, quando testaram a utilizao de
leos vegetais na substituio do leo de peixe
em raes para a perca (pikeperch), Sander lucioperca. Estas mudanas nos padres dos tecidos
foram associadas ao perfil dos cidos graxos encontrados nos leos avaliados, onde o contedo
de cidos graxos saturados e altamente insaturados causou diminuio do tamanho dos vacolos
lipdicos nos hepatcitos e aumento de vacolos
no citoplasma dos entercitos.
Nas dietas formuladas para o presente trabalho, em virtude do baixo teor de gordura do
farelo de soja (3,21%) frente farinha de salmo (10,73%), procurou-se manter o contedo
lipdico constante ao nvel de 11,56 3,21% (na
base natural). Para isto, utilizou-se leo de peixe para manter equilibrado o contedo lipdico
nas dietas experimentais, j que o dficit devido
substituio da farinha de peixe do prprio
leo de peixe. Assim, de acordo com a literatura
(Bowyer et al., 2012; Kowalska et al., 2010; Robaiana et al., 1998), pouco provvel que as leses encontradas neste trabalho estejam associadas ao balano de cidos graxos, sobretudo
quando se observa que, nos intestinos, houve
uma diminuio das vacuolizaes decorrente
do emprego da dieta FS50, com a maior suplementao de leo de peixe.
H que se considerar ainda, que a rancificao de lipdios est relacionada ao aparecimento de leses nos tecidos, sobretudo no fgado
(NRC, 1993, 2011). No mesmo instante, o aumento da suplementao lipdica deveria agravar o quadro das leses nos fgados analisados
o que, pelo observado microscopicamente, se
expressou como congesto e no como leses
degenerativas, embora a observao macroscpica tenha revelado fgados com aspecto bastante degenerado (Figura 8.4 B). Diante disto,
maior ateno deve ser dada qualidade do
leo de peixe utilizado na fabricao de dietas.
No que diz respeito dieta comercial, luz
de um raciocnio imediato, poderia associar-se
a pequena vacuolizao dos hepatcitos ao nvel lipdico da dieta (5,83%). O beijupir uma
espcie sem bexiga natatria e, pelo observado
nas dissecaes realizadas neste trabalho, quase no acumula gordura visceral, mesmo alimentado com as dietas experimentais ao nvel
de 11,56 3,21% de gordura. A observao histolgica dos fgados que receberam a dieta basal, com hepatcitos grandes, indica que similar aos elasmobrnquios, o beijupir armazena
gordura no fgado para, dentre outras funes,
manter-se na coluna dgua (Bone & Moore,
2007). Soma-se a isto o fato de a natao ativa
da espcie demandar mais energia. Com base
nesta hiptese, possvel supor que os 5,83%
de gordura (base natural) na dieta comercial
no sejam suficientes para atender as exigncias energticas da espcie. Esta observao
contradiz o reportado por Chou et al. (2001)
8.4. CONCLUSES
O uso combinado da histologia com os parmetros hematolgicos se mostrou eficiente na
avaliao dos efeitos de ingredientes vegetais
sobre a sanidade dos organismos em experimentao. Conclui-se que o farelo de soja pode
ser utilizado em incluses de at 24,6% em raes prticas para juvenis do beijupir, sem danos significativos sade desta espcie.
O nvel de incluso de 33,0% de farelo de
soja, embora no tenha impactado de forma
significativa no intestino distal do beijupir,
apresentou-se iniciando alteraes no fgado
desta espcie. Estas alteraes poderiam se
agravar com o prolongamento do cultivo e consequentemente, do tempo de exposio dos
animais a este ingrediente. Em incluses do farelo de soja superiores a 33,0% na dieta, houve
agravamento destas alteraes.
Tcnicas complementares histologia poderiam fornecer maiores detalhes sobre os
efeitos de ingredientes alternativos protena
marinha na morfologia e fisiologia dos organismos aquticos. A dieta comercial utilizada neste
trabalho mostrou impactar de forma negativa a
sanidade do beijupir, seja pela presena de fatores antinutricionais ou pelo no atendimento
das necessidades nutricionais da espcie. Isto
pode comprometer o sucesso dos cultivos que
se iniciam no pas, por no proporcionar o desempenho satisfatrio aos investimentos neste
negcio, alm de criar uma imagem negativa
Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
131
132
AGRADECIMENTOS
O primeiro autor agradece ao CNPq e a CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior) por concesso de bolsa
durante a execuo desta pesquisa. A fazenda
Aquabravo Aquicultura Ltda. (Beberibe, CE),
atravs do Engenheiro de Pesca Ricardo Lima,
permitiu acesso aos primeiros exemplares de
beijupir para treinamento da equipe, proporcionando maior consistncia realizao dos
trabalhos. Prof. Dra. Tereza Cristina Vasconcelos Gesteira e a equipe do CEDECAM/LABOMAR, Dvila Maciel, Igor Uchoa, Kelviane Costa, Liana Pinho, Lidiane Romo, Marcela Paz e
Mayara Barreto, pela colaborao nas coletas e
processamento de amostras. Este trabalho foi
desenvolvido no mbito da Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum,
Cultivado no Nordeste do Brasil (Sub-Rede
Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados no Edital 036/2009
Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/
MPA, Processo CNPq No. 559527/2009-8.
REFERNCIAS
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Zapata, A. 1998. Alterations in the peripheral lymphoid organs and differential
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Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Maria das Graas Lima Colho, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
133
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135
9.1. INTRODUO
A espcie Rachycentron canadum, conhecido como beijupir, um peixe marinho que
vem sendo cultivado em escala comercial
possibilitando a gerao de emprego e renda em
diferentes pases (Porto Rico, Colmbia, Estados
Unidos da Amrica, Mxico, Belize, Panam,
Equador, Taiwan, Filipinas, Vietn, China, etc.).
Uma vez que as perdas econmicas produzidas pelo impacto de ictiopatologias podem ter
efeitos devastadores, o emprego de programas
de sanidade e biossegurana se apresentam
como um requisito para o sucesso de qualquer espcie a ser cultivada a nvel industrial.
Existem registros de enfermidades infecciosas
e no infecciosas que tm causado quebra de
produo em cultivos do beijupir. Muitas enfermidades so resultantes da ao de parasitas (Amyloodinium ocellatum, Cryptocaryon
irritans e Brooklynella hostiles) e alguns destes
so importantes agentes etiolgicos zoonoticos
porque so capazes de infectar humanos e animais domsticos (e.g., Anisakis sp.).
Doenas bacterianas, fngicas e virticas tambm foram reportadas para o beijupir (McLean
et al., 2008; Tabela 9.1.). A razo para a maior
incidncia de doenas parasitrias pode ser explicada pelo fato de que existe uma alta diversidade de parasitas que ocorrem em guas pelgicas
e que usam a comunidade zooplanctnica como
hospedeiro intermedirio. O fato que alm de
causarem morbidez e (ou) mortalidade aos peixes infectados, muitos desses organismos podem
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
Captulo 9
136
TABELA 9.1. Principais etiologias reportadas no Rachycentron canadum.
Origem
Grupo
Micobacterioses
Streptococcosis
Gnero ou Espcie
Brooklynella hostiles; Cryptocaryon irritans;
Ichthyobodo; Trichodina; Epistylis; Amyloodinium ocellatum
Caligus lalandei; C. epidemicus; Parapetalus
occidentalis; C. coryphaenae; Lernaeolophus
sultanus; Conchoderma virgatum; Tuxophorus caligodes; Euryphorus nordmanni; L. longiventris; L. hemiramphi; C. haemulonis
Aponurus carangis; Bucephalus varicus; Derogenes varicus; Dinurus selari; Lepidapedon
megalaspi; Neometanematobothrioides
rachycentri, Paracryptogonimus morosovi;
Phyllodistomum parukhini; Stephanostomum imparispine; Tormopsolus filiformis;
Tubulovesicula angusticauda; Tormopsolus
spatulum; Pseudolepidapedon pudens; Lecithochirium monticellii; Stephanostomum
dentatum; S. cloacum S. Pseudoditrematis; S.
microsomum;S. rachycentronis; Mabiarama
prevesiculata; Plerurus digitatus; Sclerodistomum rachycentri; S. cobia
Dionchus rachycentris; D. agassizi; Neobenedenia girellae
Nybelinia bisulcata; Callitetrarhynchus gracilis, Rhinebothrium flexile; Rhynchobothrium
longispine; Trypanorhyncha sp.
Mabiarama prevesiculata; Goezia pelagia;
Anisakis sp.; Philometroides sp.
Sphaerosporalike myxosporea; Myxidium,
Ceratomyxa, Myxobolus; Kudoa
V. alginolyticus, V. harveyi, V. parahaemolyticus; V. vulnificus
Mycobacterium marinum
Streptococcus iniae
Outras
Nodavrus
Iridovrus
Protozorios
Crustceos
Parasitas
Infecciosa
Metazorios
(Digenea)
Trematoides
(monogenea)
Cestoide
Nematides
Mixospordeo
Vibriosis
Bactrias
Vrus
No
infecciosa
Nutricional
Deficincia de
protena
Fsico
Salinidade
137
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
138
FIGURA 9.1. Pster bilngue [ingls (americano) e portugus (brasileiro)] ilustrando a anatomia e
histologia normal de rgos e tecidos Rachycentron canadum [trabalho do autor conjuntamente
integrado ao projeto: Atlas da Anatomia Macroscpica e Microscpica de R. canadum (beijupir)
visando o Monitoramento de Substncias Antropognicas, a Preveno de Zoonoses e a Sustentabilidade do Cultivo no Nordeste do Brasil PNPD - CAPES/FINEP, no. 02596/09-1].
139
TABELA 9.2. Parmetros e seus respectivos escores para quantificar o grau de alteraes morfolgicas nas brnquias visando o diagnstico histopatolgico e aplicao dos resultados em anlise
estatstica. Somente utilizar sees de filamentos bem orientadas para quantificao.
Escore
Tamanho normal
Algum inchao ou encurtamento
Inchao difuso e incio de rompimento do tecido
Rompimento difuso do tecido
Total rompimento dos tecidos
N Globlets (Gce)
1
2
Sem vacuolizao
Incio de vacuolizao
4
5
< 25%
>25% e <50%
4
5
>50 % a <75%
>75 % a <100%
Distancia da difuso respiratria
(DDR)
Normal
Leve aumento no tamanho
Tamanho mdio
Grande
O maior
Tamanho normal
< 25%
> 25% e <50%
>50 % a <75%
>75 % a <100%
Telangiectasis (~aneurisma) (T)
Inexistente
2
3
4
5
< 25%
> 25% e < 50%
> 50 % a < 75%
> 75 % a < 100%
Sinus Lamelar (SL)
Inexistente
Dilatado
Constrito
1
2
3
Parmetro
1
2
3
4
5
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
Escore Parmetro
140
TABELA 9.3. Parmetros e seus respectivos escores para quantificar o grau de alteraes morfolgicas no fgado e pncreas visando o diagnstico histopatolgico e aplicao dos resultados em
anlise estatstica.
Fgado
Degenerao e acumulao intracelular (Deg)
(esteatose, siderose, cistose)
1
0
2
< 25%
3
> 25% e < 50%
4
> 50 % a < 75%
5
> 75 % a < 100%
Pncreas (excrino)
Grnulos Zimognicos (Zy)
1
0
2
< 25%
3
> 25% e < 50%
4
> 50 % a < 75%
5
> 75 % a < 100%
TABELA 9.4. Parmetros e seus respectivos escores para quantificar o grau de alteraes morfolgicas no intestino visando o diagnstico histopatolgico e aplicao dos resultados em anlise
estatstica, adaptado de Baeverfjord & Krogdahl (1996).
3
4
Parmetro
Vilosidades (V)
Tamanho normal
Alguma dilatao ou encurtamento
Dilatao difusa e incio de
rompimento do tecido
Rompimento difuso do tecido
Total rompimento dos tecidos
Clulas mucosas (CM)
Clulas dispersas (normal)
Aumento do nmero e espaamento
das clulas
Nmero difuso e amplamente disperso
Clulas densamente agrupadas
Grande quantidade na LP e SM
1
2
3
4
5
Submucosa (SM)
Normal
Leve aumento no tamanho
Tamanho mdio
Grande
O maior
Pontuao
1
2
3
4
5
1
2
Foram definidas as principais tcnicas e procedimentos, por meio: (1) da aplicao de uma
metodologia consistente e sistemtica focada
na amostragem; (2) do conhecimento do histrico clnico; (3) do exame de necropsia; (4)
da amostragem de tecidos para hematologia;
(5) dos procedimentos de biopsia e coleta de
amostras para histopatologia; (6) da coleta de
amostras para microbiologia (i.e., cultura bacteriolgica, anlise molecular) conforme necessidade do caso, e; (7) da avaliao histopatolgica
e anlise estatstica, quando necessrio.
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
141
142
FIGURA 9.2. Formulrio individual de diagnstico do beijupir. O formulrio foi desenvolvido para
que, em uma nica ficha, sejam includas todas as informaes de significncia, tais como o histrico, a qualidade de gua, o exame fsico, as bipsias, a necropsia, a hematologia (hematcrito e
esfregao), o resultado histopatolgico e molecular, quando necessrio. Informaes adicionais geralmente so includas no verso do formulrio. Este formulrio pode ser adaptado para um sistema
de registro mvel (Iphone, Ipad, etc.) a fim de reduzir a necessidade de impresso grfica e volume
de material.
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
143
144
FIGURA 9.4. Exemplos de tecidos coletados para bipsia (brnquias, muco, bao, fgado, intestino, etc.).
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
145
FIGURA 9.5. A necropsia foi realizada sobre isopor forrado com papel alumnio, o qual foi trocado
a cada nova amostra. Alfinetes foram usados para melhor fixar o exemplar. Observe a ausncia de
bexiga natatria e presena de fgado bilobular.
146
aquatic-code/access-online/) e no Manual de
Testes de Diagnstico de Animais Aquticos
(http://www.oie.int/international-standardsetting/aquatic-manual/access-online/) recomendados pela Organizao Mundial de Sade
Animal (OIE).
Foi considerada a quase inexistncia de diagnstico patognomnico em peixes, j que os sintomas e caractersticas de doenas infecciosas
e no infecciosas se confundem nos indivduos
afetados. Por consequncia, a aplicao de uma
nica metodologia por si s no poderia ser
considerada suficiente para o diagnstico definitivo. Todas as informaes foram registradas
em formulrio individual, quando finalmente os
lotes e (ou) tratamentos foram comparados a
fim de definir o status de sade do beijupir, R.
canadum (Figura 9.6).
FIGURA 9.6. Esquema geral dos Procedimentos de Diagnstico Padro (PDP) adotados neste trabalho, a fim de definir o status de sade do beijupir cultivado.
147
9.3. RESULTADOS
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
FIGURA 9.7. Sinais de doenas no beijupir. Micro crustceos planctnicos dos gneros Caligus sp.
e Argulus sp. isolados da superfcie corporal. Protozorio do gnero Amyloodinium sp. identificados
nas brnquias de juvenis de beijupir, R. canadum.
148
Alm disto, foi detectada a presena de parasitos monognicos e ispodos (Figura 9.8, superior) e isoladas cepas bacterianas do gnero
Vibrio (Figuras 9.9 e 9.10), reportadas como
causadoras de severas mortalidades, e mico-
bacterioses (Figura 9.8, centro). Devido ao manejo de transporte de juvenis de beijupir, foram identificadas doenas no infecciosas, tais
como a hipxia (Figura 9.8, inferior), alm da
ocorrncia de canibalismo (Figura 9.10).
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
149
FIGURA 9.9. Ocorrncia de severas mortalidades no beijupir, ocasionadas por cepas bacterianas
do gnero Vibrio e enfermidades idiopticas.
150
151
D
FIGURA 9.11. A, nefrocalcinose ocasionado por desbalano nutricional ou nos parmetros de qualidade de gua. B, obstruo intestinal ocasionada por consumo de tela de PVC. C, Septicemia hemorrgica severa causada por bacteriose. D, esteatose heptica ocasionada por deficincia nutricional.
Em decorrncia do emprego de substitutos
farinha de peixe em dietas experimentais para
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
152
FIGURA 9.12. Exemplos de leses observadas durante a histopatologia. A, enterite ocasionada por
dietas contendo altos nveis de farelo de soja; B, difusa fuso das lamelas branquiais e proliferao
de clulas cloreto ocasionadas por desbalano inico; C, nefrite granulomatosa moderada focal
ocasionada por Septicemia bacteriana.
9.4. DISCUSSO
As enfermidades tm sido apontadas como
responsveis pela queda na produo das
principais indstrias aqucolas no mundo (camaro na sia e na Amrica Latina; salmo no
Chile e Noruega; tilpia em Honduras, ostras
na Europa). O beijupir, como qualquer outra
espcie animal, tambm susceptvel a agentes causadores de epizootias de ordem bacteriana, fngica, virtica e parasitria. Somente
em Taiwan, Liao et al. (2004) reportaram uma
perda de 1.500 ton. na produo de beijupir
em 2002 ocasionada pela ao de doenas e
fenmenos climticos.
No Brasil, de 2010 a 2012, existem relatos
de desistncia de investimentos no setor privado, em projetos pilotos de beijupir. Uma
das razes apontadas deve-se ao aparecimento de enfermidades e a ausncia do conhecimento dos patgenos especficos para o desenvolvimento de protocolos de boas prticas
de manejo, biossegurana, desinfeco e melhoramento dos reprodutores livres de enfermidades especificas. Sendo assim, a exemplo
do salmo e dos camares penedeos, ambos
com aproximadamente 40 anos de cultivo comercial, muito precoce estabelecer a inviabilidade do cultivo da espcie R. canadum.
Isto porque a plataforma tecnolgica para um
cultivo desta espcie em larga escala no Brasil
ainda tem muito que avanar.
O beijupir, R. canadum, uma espcie que
vive em guas marinhas e que possui excelentes
caractersticas para aquicultura. Dessa maneira,
acredita-se que se desenvolvido um pacote tecnolgico apropriado, o cultivo no Brasil poder
ter grande potencial de expanso. Existem ainda,
perspectivas de que o sucesso do cultivo de espcies de peixes marinhos, incluindo o beijupir,
tambm poder trazer alternativas para a carcinicultura marinha. Esta atividade, embora consolidada no pas, sofre oscilaes em sua produo
devido principalmente a aes de enfermidades
causadas pelo vrus da Mionecrose Infeciosa
(IMNV) e o vrus da Mancha Branca (WSSV).
Portanto, a fim de que medidas de preveno e controle possam ser desenvolvidas tornase necessrio conhecer as principais etiologias
de ordem infecciosa e no infecciosa que acometem o beijupir cultivado no Brasil. Este projeto promoveu o desenvolvimento e o estabele-
9.5. CONCLUSO
O mtodo PDP adotado mostrou ser uma
importante ferramenta para se detectar sinais
de doenas causadas direta e indiretamente
pela composio e perfil nutricional da dieta
do R. canadum e pelas variaes de gradientes
salinos no cultivo do beijupir em tanques. Porm, recomenda-se uma ampla habilidade em
biopatologia por parte dos tcnicos nos diversos
procedimentos de diagnstico necessrios para
a concluso dos casos, o que pode ser bastante
oneroso para empresas devido quantidade de
equipamentos e reagentes especficos necessrios. Por outro lado, sabe-se que, como parte
do enxoval do tcnico, alguns procedimentos
de diagnstico podem ser terceirizados. valido
lembrar que o crescimento da aquicultura, tem
levado ao desenvolvimento de novas tcnicas
comerciais de diagnstico, no formato ready to
use (kits) para o diagnstico de patgenos existentes e descritos nesta pesquisa.
Thales Passos de Andrade, Pedro Filipe Ribeiro Arajo, Mariana Bezerra Coimbra Holanda et al.
153
154
AGRADECIMENTOS
REFERNCIAS
155
Captulo 10
Alex Augusto Gonalves*, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme, Maria Klebia Marques, Tatiane Mirele Oliveira Sales, Jos Ticiano Arruda Ximenes de Lima,
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Alexandre Firmino Digenes
10.1. INTRODUO
A aquicultura moderna deve ser uma atividade direcionada a produo de alimentos
seguros e saudveis. Com o continuado crescimento mundial da aquicultura industrial, aumentam as discusses sobre o potencial negativo que esta atividade pode gerar, tanto em
termos de agresses ao meio ambiente, como
sobre o bem-estar animal.
Ao longo do cultivo de peixes podem-se
evidenciar condies estressantes, desde as fases iniciais at a captura e abate. Esses efeitos
podem ser minimizados atravs da adoo de
prticas adequadas de manejo. O no cumprimento de um protocolo adequado pode ocasionar um comprometimento da qualidade do
produto final a ser comercializado. Portanto, a
avaliao dos atributos de qualidade do beijupir e sua possvel dependncia dos mtodos de
captura e de abate (efeito sobre as alteraes
post-mortem e qualidade da carne do beijupir)
devem ser avaliadas.
tambm importante identificar o
mtodo de corte que apresenta os melhores
rendimentos. Por no existir um padro de
filetagem, h divergncia em relao ao
melhor mtodo a ser empregado, ou seja, qual
mtodo proporciona o maior rendimento de
fil, facilidade operacional e menor tempo de
processamento (Souza, 2002; Leonhardt et al.,
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
156
gorda na Fazenda Aratu (Guamar, RN) pertencente a empresa Camanor Produtos Marinhos
Ltda. Antecedendo a coleta, os peixes foram
submetidos a um jejum involuntrio por 24 h. No
dia da despesca, o viveiro foi drenado, os peixes
concentrados, capturados com rede de tarrafa e
imediatamente transferidos para caixas de transporte para insensibilizao (Figura 10.1).
FIGURA 10.1. Captura de beijupirs adultos na despesca de um viveiro de engorda (superior) e subsequente imerso em gua gelada para insensibilizao (inferior).
4. Em postas (P).
5. Fil com pele (FCP).
6. Fil sem pele (FSP).
Em todas as situaes o fil foi obtido a partir
da musculatura dorsal, nas duas laterais do peixe
no sentido longitudinal, ao longo de toda a extenso da coluna vertebral e costelas do beijupir. Os procedimentos foram realizados na sala
de processamento da empresa Camanor Produtos Marinhos Ltda. Espcimes de beijupir foram
submetidos aos seguintes mtodos de cortes (Figura 10.3), conforme descrito anteriormente.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
157
158
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
159
160
FIGURA 10.4. Esquema da anlise sensorial adotado no presente estudo com o beijupir.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
161
162
TABELA 10.1. Composio centesimal e pH do fil do beijupir cultivado em diferentes salinidades
de gua. Os valores de umidade, cinzas, lipdios e protenas so expressos em porcentagem na base
seca e na base natural (em parnteses). Letras diferentes na mesma coluna indicam diferena estatisticamente significativa (P < 0,05) segundo o teste de Tukey HSD.
Salinidade
da gua
4 g/L
7 g/L
15 g/L
25 g/L
35 g/L
Parmetros Avaliados
Umidade
Cinzas
5,97 0,11 (1,49
74,97 0,10a
0,03a)
5,49 0,18 (1,42
74,10 1,21a
0,05a)
5,56 0,48 (1,41
74,67 1,34a
0,12a)
5,73 0,02 (1,43
75,08 0,65a
0,004a)
5,82 0,11
75,71 0,30a
(1,45 0,03a)
Lipdio
8,75 0,86
(2,26 0,14a)
8,67 1,06
(2,25 0,28a)
8,36 1,10
(2,12 0,28a)
11,48 0,73
(2,86 0,18a)
11,39 0,93
(2,84 0,23a)
Protena bruta
80,56 0,61
(20,19 0,14a)
81,34 0,63
(21,07 0,16b)
82,83 1,09
(20,98 0,28b)
85,57 0,55
(21,32 0,14b)
85,93 0,09
(21,42 0,02b)
pH
6,39 0,04a
6,40 0,02ac
6,38 0,03a
6,27 0,03ab
6,49 0,04ab
TABELA 10.2. Resultado da escala hednica em resposta ao beijupir cultivado em diferentes gradientes de salinidade da gua de cultivo. Os valores so correspondentes ao nmero de provadores,
seguido por sua porcentagem.
Escala Hednica
1. Desgostei Muitssimo
2. Desgostei Muito
3. Desgostei Regularmente
4. Desgostei Ligeiramente
5. Indiferente
6. Gostei Ligeiramente
7. Gostei Regularmente
8. Gostei Muito
9. Gostei Muitssimo
25
4 (13%)
1 (3%)
5 (16%)
4 (13%)
6 (19%)
6 (19%)
3 (9%)
3 (9%)
-
35
1 (3%)
1 (3%)
3 (9%)
3 (9%)
8 (25%)
5 (16%)
6 (19%)
2 (6%)
3 (9%)
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
163
164
possvel ressaltar a preferncia dos julgadores quanto a salinidade de 15 g/L, pois contabilizando todas as notas de 6 (Gostei ligeiramente) 9 (Gostei muitssimo) verifica-se que
essa salinidade representa 69% de aceitao
dos consumidores, enquanto a salinidade de 4
g/L apresenta apenas 19%. O tratamento que
TABELA 10.3. ndice de aceitabilidade (IA) do beijupir cultivado em diferentes salinidades de gua.
Letras minsculas diferem os tratamentos.
Salinidade (g/L)
4
7
15
25
35
Mdia DP
4,12 1,59b
4,78 2,19ab
6,09 1,86a
5,63 2,11ab
5,59 2,00ab
10.4. CONCLUSO
Atravs do presente estudo foi possvel concluir que a salinidade da gua de 4 g/L interferiu
na qualidade fsico-qumica de beijupirs cultivados. Os beijupirs cultivados nas salinidades
15, 25 e 35 g/L apresentaram aceitao dos
consumidores. No entanto, a salinidade de 15
g/L no cultivo do beijupir proporcionou maior
preferncia pelos provadores. Devido comprovao da eurihalinidade da espcie, da manuteno da composio fsico-qumica e aceitao do consumidor, conclui-se que beijupirs
podem ser cultivados em salinidades de 15, 25
e 35 g/L sem perda de qualidade.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da
Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do
ndice de Aceitabilidade
58,93
53,13
76,17
62,50
62,15
Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados
no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/
CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No.
559527/2009-8.
REFERNCIAS
AOAC. 2011. Official method for fish and oth-
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
165
167
Captulo 11
Alex Augusto Gonalves*, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme, Maria
Klebia Marques, Tatiane Mirele Oliveira Sales, Jos Ticiano Arruda Ximenes de Lima
11.1. INTRODUO
paradoxal a relao entre a profcua aquicultura brasileira e a tmida comercializao
de pescado qualificado. Embora a aquicultura
tenha crescido de forma exponencial nos ltimos anos, a qualidade do produto no mercado
deficitria. O beneficiamento do pescado
um dos principais gargalos da cadeia produtiva
aqucola, fazendo com que os produtores vendam seus produtos in natura, s vezes sem qualidade, e com baixo valor agregado.
O aproveitamento integral do beijupir prev, no somente estabelecer padres aos atributos de qualidade do pescado fresco e produtos a serem desenvolvidos, como tambm
diminuir custos e agregar valor aos descartes
gerados durante o processamento. Estes descartes incluem pele (curtimento), carcaa (carne mecanicamente separada), cabea e vsceras
(silagem). Com este intuito, as beneficiadoras
esto buscando formas de aproveitar esses resduos, como j fazem as indstrias de carne
bovina e de frango. Embora considerada uma
excelente forma de reduo de custos e uma alternativa para preservao do meio ambiente,
o uso de subprodutos animais no Brasil ainda
pequeno (Echevengu et al., 2008). Do ponto de vista ambiental e econmico, um melhor
aproveitamento dos resduos pesqueiros como
fonte de biomolculas sugerida por Gildberg
(1992), alm do uso de vsceras como fontes de
enzimas industriais (Bezerra et al., 2005), peles
como fonte de matria-prima na produo de
couro (Souza et al., 2004, 2006), farinhas e silagens (Arruda et al., 2007).
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
168
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
45 min. antes do final da defumao). O processo de defumao utilizada foi o mesmo descrito
anteriormente (Figura 11.4).
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
169
170
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
171
FIGURA 11.5. Etapas do processo de preparao da linguia de beijupir com queijo coalho (acima)
e bolinhos de beijupir (abaixo).
172
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
B
FIGURA 11.6. Etapas do processo de preparao de nuggets de beijupir (acima) e bolinho de beijupir recheado com queijo catupiry (abaixo).
173
11.2.2.5. Hambrguer de Beijupir
B
FIGURA 11.7. Etapas do processo de preparao do hambrguer de beijupir (acima, A) e empanado de beijupir com castanha de caju (abaixo, B).
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
174
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
Para a elaborao do beijupir inteiro temperado foram utilizados dois tipos de temperos:
1. peixe e frutos do mar constitudos de
sal, amido, acar, cebola, colorfico,
alho, salsa, cebolinha-verde, tomate,
leo essencial de limo, pimento e pimenta vermelha, manjerico, coentro,
organo, aipo marrom, endro-dill, tomilho, louro, alecrim, realadores de sabor
(glutamato monossodico, inosinato dissdico e guanilato dissdico e antiumec-
TABELA 11.1. Concentraes de temperos no beijupir inteiro avaliadas para adequao sensorial.
Concentraes dos Temperos
Tempero 1
Conc. 1
NaCl
5%
NaCl
Fosfato
8%
Fosfato
PFM*
2%
PFM
Conc. 2
5%
8%
3%
Tempero 2
NaCl
Fosfato
CAP**
Conc. 1
5%
8%
2%
NaCl
Fosfato
CAP
Conc. 2
5%
8%
3%
*PFM, tempero de peixes e frutos do mar; **CAP, tempero de carnes, aves e peixes.
eviscerao, descamao, lavagem para retirada das impurezas (resduos de sangue, vsceras
e escamas), pesagem e cortes transversais para
melhor absoro dos temperos e facilidades no
parcelamento aps a coco. A 2 etapa consistiu na preparao de uma salmoura (5%) com
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
175
176
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
FIGURA 11.9. Incio do desenvolvimento do produto peixe inteiro temperado com o beijupir cultivado.
A 4 etapa coincidiu com a incorporao do
tempero. Esta etapa foi realizada atravs da
imerso dos peixes no tempero na concentrao de 3%, de acordo com a indicao do fabricante, na proporo 1:1 (p/v) por um perodo
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
177
178
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
FIGURA 11.12. Representao grfica dos resultados da ADQ relativa aos atributos sensoriais das
postas defumadas de beijupir.
179
produto foi aceito pelos provadores e apresenta
potencial comercial.
A contagem total de mesfilos nas postas
defumadas foi inferior a 105 UFC/g (Tabela 11.2).
No foi observada formao de bactrias psicrfilas. Porm, foi constatado a formao de
colnias de S. aureus no produto in natura e no
produto defumado (< 102 UFC/g).
in natura
Posta Defumada
Umidade (%)
75,09 0,45
64,43 0,18
21,42 0,16
27,09 0,87
1,92 0,16
4,31 0,29
Cinzas (%)
1,39 0,03
4,04 0,07
Cloretos (%)
0,84 0,14
3,52 0,31
Parmetros Microbiolgicos
in natura
Posta Defumada
Mesfilos (UFC/g)
5,9 x 103
6,8 x 103
Psicrfilos (UFC/g)
nc
nc
< 102
< 102
Salmonella spp.
ausente
ausente
<3
<3
nc, no houve crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; N-BVT, nitrognio de bases volteis totais; TMA, trimetilamina.
no foi encontrada nenhuma formao de colnias. Coliformes termotolerantes permaneceram constantes e inferiores ao estabelecido
pela legislao (Brasil, 2001).
TABELA 11.3. Anlise fsico-qumica da posta defumada do beijupir ao longo dos 180 dias de armazenamento congelado a -18C (mdia DP; n = 3).
Tempo
pH
N-BVT (mg/100 g)
TBA (mg/100 g)
In natura
6,02 0,02
2,77 0,14
0,58 0,06
Tzero
6,12 0,04
2,36 0,61
1,66 0,15
T45 dias
6,12 0,01
2,12 0,12
0,97 0,24
T90 dias
6,07 0,01
1,98 0,18
0,83 0,03
T135 dias
6,09 0,03
1,40 0,24
0,79 0,14
T180 dias
6,10 0,07
1,12 0,08
0,67 0,07
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
180
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
TABELA 11.4. Anlise microbiolgica da posta defumada de beijupir temperado ao longo dos 180
dias de armazenamento congelado a -18C (mdia DP; n = 3).
Tempo de Armazenamento (dias)
Microrganismos
Tzero
T45
T90
T135
T180
Mesfilos (UFC/g)
6,8 x 103
4,3 x 103
3,6 x 103
1,8 x 103
1,6 x 103
Psicrfilos (UFC/g)
nc
nc
nc
nc
nc
Staphylococcus aureus
(UFC/g)
< 102
< 102
< 102
< 102
< 102
Salmonella spp.
aus
aus
aus
aus
aus
Coliformes termotolerantes
<3
(NMP/g)
<3
<3
<3
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
% VD (*)
6%
0%
Protenas
25 g
33%
Gorduras totais
2,9 g
5%
Gorduras saturadas
0%
Fibra alimentar
0%
269 mg
11%
Valor energtico
Carboidratos
Sdio
(*) % Valores Dirios de referncia com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores dirios podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energticas.
(8,30), odor defumado (7,94), sabor defumado (8,46), sabor salgado (7,10) e textura
(8,68). Os resultados demonstraram que os
provadores gostaram do produto defumado
oferecido, visto que as notas foram acima de
7,00 (Figura 11.13).
FIGURA 11.13. Representao grfica dos resultados da ADQ da mdia dos atributos sensoriais dos
fils de beijupir defumado temperado e fil defumado.
Na escala hednica, percebeu-se que os proque os provadores gostaram muito do produto,
vadores gostaram muito do produto. Foi alcantendo o IA alcanado 85%. A anlise sensorial
ada a nota de 8,10 0,61 equivalente a gostei
do fil defumado temperado atravs da escala
muito. O IA alcanou 90%, ou seja, indicando
hednica demonstrou que os provadores gosque o produto foi aceito pelos provadores. A
taram muito do produto defumado oferecido
avaliao demonstrou a viabilidade de desenvolcom nota de 8,06 0,68, equivalente a gostei
ver fils defumados com o beijupir. A anlise
muito. O IA calculado foi de 89,6% e o de intendescritiva quantitativa (ADQ) alcanou as seguino de compra foi de 70% equivalente a certates notas: aparncia geral (8,53), cor defumado
mente eu compraria. Isto indica que o produto
(7,90), odor defumado (6,93), sabor defumado
foi aceito pelos provadores e possui potencial
(7,53), sabor temperado (7,20) e textura (7,90).
comercial.
Outro teste foi realizado para determinar a
Os resultados das anlises fsico-qumicas
aceitabilidade entre o produto fil defumado
e microbiolgicas para o produto in natura
temperado e o fil defumado. As notas para
e para o fil defumado temperado esto recada atributo sensorial, obtidas para o fil depresentados na Tabela 11.5. A legislao no
fumado temperado (temperado 45 min. antes
indica limites para contagem total de mesofido final da defumao) foram: aparncia geral
los em pescado, mas de acordo Agnese et al.
(8,45), cor defumado (8,05), odor defumado
(2001), valores superiores a 106 UFC/g podem
ser considerados crticos em relao ao frescor
(6,50), sabor defumado (7,63), sabor temperado pescado. Os resultados das anlises feitas
do (7,65) e textura (7,83).
no fil defumado temperado mostraram que
Os resultados demonstraram que os provaos valores foram inferiores a 105 UFC/g. No
dores gostaram do produto fil defumado temcaso das bactrias psicrfilas, no foi observaperado, visto que as notas foram na maioria acida a formao de colnia.
ma de 7,00. J, na escala hednica, percebeu-se
TABELA 11.5. Anlise fsico-qumica e microbiolgica do beijupir in natura e do fil defumado
temperado (mdia DP; n = 3).
Parmetros Fsico-Qumicos
Umidade (%)
Protena bruta (%)
Lipdio total (%)
Cinzas (%)
Cloretos (%)
in natura
75,09 0,45
21,42 0,16
1,92 0,16
1,39 0,03
0,84 0,14
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
181
182
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
in natura
3,8 x 103
nc
< 102
ausente
<3
nc, no houve crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; N-BVT, nitrognio de bases volteis totais; TMA, trimetilamina.
TABELA 11.6. Anlise fsico-qumica do fil do beijupir defumado temperado ao longo dos 180 dias
de armazenamento a -18C (mdia DP; n = 3).
Tempo
In natura
Tzero
T45 dias
T90 dias
T135 dias
T180 dias
pH
6,06 0,01
6,07 0,04
6,12 0,02
6,16 0,01
6,19 0,08
6,17 0,03
N-BVT (mg/100 g)
5,17 0,11
4,31 0,41
4,74 0,19
4,56 0,23
4,47 0,08
4,17 0,13
TBA (mg/100 g)
2,04 0,18
2,16 0,17
2,63 0,13
2,41 0,28
2,24 0,12
1,94 0,48
TABELA 11.7. Anlise microbiolgica do fil defumado de beijupir ao longo dos 180 dias de armazenamento a -18C (mdia DP; n = 3).
Tempo de Armazenamento (dias)
Microrganismos
Tzero
T45
T90
Mesfilos (UFC/g)
1,40 x 104 1,30 x 104 1,15 x 104
Psicrfilos (UFC/g)
nc
nc
nc
2
2
Staphylococcus aureus (UFC/g) < 10
< 10
< 102
Salmonella spp.
aus
aus
aus
Coliformes termotolerantes
<3
<3
<3
(NMP/g)
T135
1,10 x 104
nc
< 102
aus
T180
1,0 x 104
nc
< 102
aus
<3
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
183
Tabela de Informao Nutricional
Informao Nutricional
BEIJUPIR DEFUMADO COM TEMPEROS
Poro de 100 g (1 fil)
% VD (*)
6%
Carboidratos
4g
1%
Protenas
21 g
28%
Gorduras totais
2,5 g
4%
Gorduras saturadas
0%
Fibra alimentar
0%
255 mg
11%
Valor energtico
Sdio
(*) % Valores Dirios de referncia com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores dirios podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energticas.
FIGURA 11.14. Representao grfica dos resultados da ADQ da mdia dos atributos sensoriais do
pat defumado de beijupir.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
184
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
FIGURA 11.15. Representao grfica dos resultados da ADQ da mdia dos atributos sensoriais da
linguia de beijupir com queijo coalho.
A aparncia geral, por exemplo, obteve
mdia de 8,80, ou seja, uma nota prxima da
mxima. Isto tambm ocorreu no atributo suculncia, no qual a mdia obtida foi de 8,07.
Por outro lado, o odor de peixe obteve mdia
de 3,33, ou seja, uma nota prxima a mnima,
porm satisfatria considerando que a maioria
dos consumidores associa o termo odor de
peixe com peixe deteriorado (odor caracterstico da formao de Bases Volteis Totais).
A cor da linguia obteve a nota de 5,33.
Esta nota foi considerada satisfatria j que
no se adicionou corante linguia com o
objetivo de se preservar a cor natural da carne
do beijupir. As mdias de 3,73 e 5,20 obtidas,
respectivamente, nos atributos sabor queijo
185
Tabela de Informao Nutricional
Informao Nutricional
LINGUIA DE BEIJUPIR COM QUEIJO COALHO
Poro de 50 g (1 unidade)
% VD (*)
58 kcal e 243 kJ
3%
0g
0%
Protenas
8,8 g
12%
Gorduras totais
2,3 g
4%
Gorduras saturadas
0g
0%
Fibra alimentar
0g
0%
341 mg
14%
Valor energtico
Carboidratos
Sdio
(*) % Valores Dirios de referncia com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores dirios podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energticas.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
186
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
Mdia DP (n = 3)
54,93 0,07
22,43 0,39
11,42 0,32
2,91 0,12
1,62 0,01
187
Tabela de Informao Nutricional
TABELA 11.9. Anlise fsico-qumica dos nuggets de beijupir durante armazenamento a -18C (mdia DP; n=3).
Tempo
In natura
Tzero
T45 dias
T90 dias
T135 dias
T180 dias
TABELA 11.10. Anlise microbiolgica dos nuggets de beijupir durante o armazenamento a -18C
(mdia DP; n=3).
Tempo de Armazenamento (dias)
Microrganismos
Tzero
T45
T90
4
4
Mesfilos (UFC/g)
1,2 x 10
1,1 x 10
1,1 x 104
Psicrfilos (UFC/g)
nc
nc
nc
Staphylococcus aureus (UFC/g)
< 102
< 102
< 102
Salmonella spp.
aus
aus
aus
Coliformes termotolerantes (NMP/g) < 3
<3
<3
T135
1,0 x 104
nc
< 102
aus
<3
T180
1,3 x 103
nc
< 102
aus
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
Informao Nutricional
188
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
TABELA 11.11. Anlise fsico-qumica dos bolinhos de beijupir recheado com queijo catupiry.
Parmetros Fsico-Qumicos
Umidade (%)
Protena bruta (%)
Lipdio total (%)
Cinzas (%)
Cloretos (%)
Mdia DP (n = 3)
62,13 0,50
24,32 0,88
7,80 0,41
2,34 0,08
1,11 0,02
Microrganismos
Mesfilos (UFC/g)
Psicrfilos (UFC/g)
Staphylococcus aureus (UFC/g)
Salmonella spp.
Coliformes termotolerantes (NMP/g)
T135
1,2 x 104
nc
< 102
aus
<3
T180
1,2 x 104
nc
< 102
aus
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
189
Tempo
In natura
Tzero
T45 dias
T90 dias
T135 dias
T180 dias
TBA (mg/100 g)
0,58 0,06
0,45 0,02
0,67 0,07
1,12 0,04
2,01 0,06
3,32 0,09
Mdia DP (n = 3)
62,93 0,33
23,55 0,47
6,42 0,23
2,82 0,03
1,53 0,25
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
TABELA 11.13. Anlise fsico-qumica dos bolinhos de beijupir durante armazenamento a -18C
(mdia DP; n=3).
190
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
T135
1,0 x 104
nc
< 102
aus
<3
T180
1,0 x 104
nc
< 102
aus
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
Hambrguer
pH
6,02 0,02
6,07 0,02
6,05 0,03
6,06 0,03
6,10 0,06
6,07 0,01
N-BVT (mg/100 g)
2,77 0,14
2,99 0,10
3,87 0,06
4,03 0,17
4,27 0,21
4,73 0,23
TBA (mg/100 g)
0,58 0,06
1,32 0,12
1,57 0,09
2,33 0,34
2,76 0,82
3,13 0,17
FIGURA 11.17. Resultados da ADQ para o empanado de beijupir com castanha de caju.
191
Um total de 86% dos provadores aprovou o
empanado de fil de beijupir com castanha de
caju. A inteno de compra por parte dos prova-
Peso (g)
Inteiro
480
495
450
485
455
595
580
570
615
455
565
565
Rendimento (%)
Aps imerso em salmoura*
520
108,33
535
108,08
490
101,03
525
108,24
495
108,79
635
106,72
620
106,89
610
107,01
655
106,50
495
108,79
605
107,07
605
107,07
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
Informao Nutricional
192
TABELA 11.17. Continuao.
Peixes
Peso (g)
Inteiro
Rendimento (%)
Aps imerso em salmoura*
p13
p14
p15
p16
p17
p18
p19
p20
p21
450
460
590
590
565
470
525
625
475
490
500
630
630
605
510
565
665
515
612
589
712
673
679
615
711
733
555
108,88
108,69
106,77
106,77
107,07
108,51
107,61
106,40
108,42
136,00
128,04
120,68
114,07
120,18
130,85
135,43
117,28
116,84
O aumento no peso do peixe aps o desenvolvimento do produto ocorreu devido a imerso em salmoura contendo tripolifosfato e NaCl
(30 minutos). O peixe aumentou seu peso em
torno de 15% devido a presena de fosfato que
incrementa a capacidade de reteno de gua e
incorporao do tempero.
Aps 15 dias de congelamento, algumas
amostras do beijupir inteiro temperado foram
TABELA 11.18. Temperatura no produto durante o cozimento (sensor Pop-up 138* e 145*).
Tempo
0
5
10
15
20
25
30
35
Temperatura Interna
138 S
145 S
1,0
6
6
17
11
27
17
37
31
46
46
54
60
62
71
Temperatura Externa
138 S
145 S
12,1
10
63
65
68
70
71
81
75
86
77
85
82
92
97
Atravs da Tabela 11.8 foi possvel observar uma variao de tempo e temperatura dos
sensores utilizados. O sensor Pop-up 138F
mostrou-se um pouco mais eficiente do que o
145F, pois proporcionou um menor tempo no
preparo do beijupir temperado, aliado a uma
pequena variao no tempo. Ambos os produtos mantiveram sua qualidade aps assado, ou seja, a carne do beijupir no perdeu a
suculncia. Tambm foi observado que mesmo
com agregao de temperos, o produto no
perdeu seu sabor especifico. O sensor 145F
Temperatura do Forno
138 S
145 S
275
238
254
220
258
210
252
232
256
245
259
240
261
233
234
193
Do ponto de vista sensorial, o produto foi bem
aceito pelos provadores. No entanto, estes relataram a pouca quantidade de sal existente no
produto, embora tenham destacado que, apesar
de ser temperado, o peixe no perdeu seu sabor
especifico. Os resultados da anlise fsico-qumica
do peixe in natura e inteiro temperado so apresentados na Tabela 11.19.
in natura
75,09 0,45a
21,42 0,16a
1,92 0,16a
1,39 0,03a
0,84 0,14a
Produto Temperado
78,20 0,29b
17,12 0,20b
2,73 0,98b
1,78 0,03b
1,12 0,31b
te de sais (NaCl) ganhos durante a fase de salmouragem e tempero. O aumento nos teores de
cloretos no produto temperado comparado com
a amostra in natura comprova o incremento de
sais na composio qumica do beijupir (1,12 e
0,84%, respectivamente).
Os parmetros fsico-qumicos, tanto o beijupir in natura como o peixe inteiro temperado,
mantiveram-se dentro do padro estabelecido
pela legislao brasileira vigente. O aumento
observado nos resultados de umidade, lipdios,
cinzas e cloretos e a diminuio da protena, se
deram devido a incorporao de temperos para
o desenvolvimento do produto.
Os resultados das anlises microbiolgicas
para o grupo de coliformes termotolerantes
da amostra do peixe in natura, antes e aps
a elaborao do produto temperado (Tabela
11.20), durante todos os dias de estocagem
analisadas, permaneceram com contagens inferiores ao estabelecido pela legislao brasileira (Brasil, 2001).
TABELA 11.20. Resultados da anlise microbiolgica para o beijupir in natura e temperado (tempo 0).
Microrganismos
in natura
Mesfilos (UFC/g)
Psicrfilos (UFC/g)
Staphylococcus aureus (UFC/g)
3,8 x 103
nc
< 102
Produto
Temperado
1,5 x 103
nc
< 102
Legislao
Brasileira
Mximo 103
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
194
TABELA 11.20. Continuao.
Microrganismos
in natura
Produto
Temperado
Legislao
Brasileira
Salmonella spp.
Coliformes termotolerantes (NMP/g)
aus
<3
aus
<3
Ausncia em 25g
Mximo 102
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
pH
N-BVT (mg/100 g)
TMA (mg/100 g)
In natura
6,02 0,02a
2,77 0,14a
0,58 0,06a
Tzero
6,12 0,04a
2,36 0,61a
1,66 0,15b
T45 dias
6,12 0,01a
2,12 0,12b
0,97 0,24c
T90 dias
6,07 0,01a
1,98 0,18b
0,83 0,03d
T135 dias
6,09 0,03a
1,40 0,24c
0,79 0,14d
T180 dias
6,10 0,07a
1,12 0,08c
0,67 0,07e
T135
1,1 x 103
nc
< 102
aus
<3
T180
1,0 x 103
nc
< 102
aus
<3
nc, no crescimento; NMP/g, nmero mais provvel; UFC/g, unidades formadoras de colnias/g; aus, ausente
em 45 g.
11.4. CONCLUSO
REFERNCIAS
O presente trabalho demonstrou a viabilidade no desenvolvimento de produtos inovadores, prticos, a partir da parte nobre do beijupir (fils e postas) e das aparas obtidas no
processo de filetagem. Todos os produtos desenvolvidos tiveram alto ndice de aceitabilidade, o que demonstra a viabilidade desta espcie
para o desenvolvimento de novos produtos.
Agnese, A.P., Oliveira, V.M., Silva, P.P.O., Oliveira, G.A. 2001. Contagem de bactrias heterotrficas aerbias mesfilas e enumerao
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from intestine of Nile tilapia (Oreochromis
niloticus). Process Biochemistry, 40: 18291834.
Brasil. 2003. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA). Oficializa os
mtodos analticos oficiais para anlise mi-
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da
Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do
Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados
no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/CNPq/
CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No
559527/2009-8.
Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
195
196
TCNICAS DE PROCESSAMENTO E BENEFICIAMENTO VISANDO AGREGAO DE VALOR DO BEIJUPIR, Rachycentron canadum
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Alex Augusto Gonalves, Ablio Bezerra Dantas Neto, Daniele Duarte Guilherme et al.
197
199
Captulo 12
APROVEITAMENTO DA PELE DO BEIJUPIR CULTIVADO,
Rachycentron canadum, VISANDO AGREGAO DE VALOR
12.1. INTRODUO
A piscicultura marinha uma atividade recente e com grande perspectiva de crescimento
no Brasil. Atualmente j existe tecnologia disponvel para reproduo, desova, larvicultura e
engorda de inmeras espcies de peixes marinhos e estuarinos, sendo um dos destaques o
beijupir, Rachycentron canadum (Linnaeus,
1766). Este peixe vem sendo cultivado em vrias partes do mundo, sendo que em Taiwan so
cultivados comercialmente em tanques redes.
Entretanto, os elevados investimentos necessrios para o cultivo do beijupir em tanques-rede
inviabilizam essa atividade para o pequeno pescador e para o cultivo familiar no Brasil, ficando
restrita aos grandes investidores (Sanches et
al., 2008). Com isto, torna-se necessrio buscar
alternativas que viabilizem a produo da espcie, incluindo a utilizao de subprodutos gerados com seu abate.
O beijupir um peixe grande, de pele
grossa, cabea mais achatada do que alongada. Com a explorao de sua carne restam os
subprodutos, dos quais a pele est presente.
Esta pode ser utilizada para o processo de curtimento e transformao em couro para aplicao em vesturio ou artefatos em geral. A pele
de peixe considerada um produto nobre e
de alta qualidade, possuindo resistncia como
caracterstica peculiar. Alm dessa caracterstica, para as espcies de peixes com escamas, as
lamlulas de proteo, na insero da escama
(Almeida, 1998), resultam, aps o curtimento,
em um couro de aspecto tpico e difcil de ser
imitado, garantindo exclusiva padronizao de
alto impacto visual (Adeodato, 1995).
200
FIGURA 12.1. Peles de beijupir na etapa de caleiro (A) e pele intumescida da etapa de caleiro (B).
201
gamento (ABNT, 1997a) e o rasgamento progressivo (ABNT, 2005c). Em seguida as amostras
foram levadas para um ambiente climatizado
em torno de 23 2OC com umidade relativa do
ar de 50 5%, por 48 h (ABNT, 2006a).
FIGURA 12.2. Retirada dos corpos de prova dos couros de beijupir no sentido longitudinal e transversal ao comprimento do corpo do peixe.
Para os testes mecnicos foi utilizado o dinammetro da marca EMIC (Figura 12.3), com
velocidade de afastamento entre as cargas de
100 10 mm/min. A clula de carga utilizada
FIGURA 12.3. Dinammetro da marca EMIC utilizado para realizao da determinao da resistncia do couro do beijupir.
Os corpos de prova foram retirados dos couros (Figura 12.2) com auxlio de um balancim
(ABNT 2005a). Foram determinadas as medidas
de espessura (ABNT, 2005b) de cada amostra
para os clculos de resistncia trao e alon-
202
Foram realizadas anlises qumicas segundo as normas da ABNT (2001). As amostras dos
couros dos diferentes tratamentos foram submetidas determinao do xido de cromo
Cr2O3 (ABNT, 2007), das substncias extraveis
com diclorometano (CH2Cl2) (ABNT, 1997b) e a
determinao do pH e da cifra diferencial do pH
de um extrato aquoso (ABNT 2006b).
Foi utilizado um delineamento inteiramente
casualizado, num esquema fatorial 4x2, sendo
quatro tcnicas de recurtimento (Trat1 = 4%
de sais de cromo; Trat2 = 4% de tanino vegetal;
Trat3 = 4% de tanino sinttico; Trat4 = 2% tanino
vegetal + 2% de tanino sinttico) e dois sentidos
(S1 = longitudinal e L2 = transversal) de corte
12.3. RESULTADOS
Os corpos de prova dos couros de beijupir
apresentaram espessuras que variam de 0,82
mm a 0,96 mm. No houve diferena significativa em funo dos recurtentes utilizados e sentido de retirada dos corpos de prova (Tabelas
12.1 e 12.2).
TABELA 12.1. Testes de resistncia de rasgamento progressivo dos couros de beijupir em relao
tcnica de recurtimento. As mdias seguidas das mesmas letras minsculas nas colunas no diferem estatisticamente segundo o teste de Tukey HSD (P > 0,05).
Recurtimento
Cromo
Tanino Vegetal
Tanino Sinttico
Tanino Veg. + Sint.
CV (%)
P
Espessura
(mm)
0,96 0,39a
0,82 0,29a
0,89 0,40a
0,92 0,34a
39,71
0,6722
Os couros recurtidos com tanino sinttico (45,44 N/mm) apresentaram significativamente menor resistncia ao rasgamento
progressivo comparado aos couros recurtidos
com sais de cromo (66,57 N/mm). Estes ltimos no se diferenciaram dos curtidos com
Fora Mxima
(N)
73,20 19,80a
76,04 19,22a
48,63 11,10c
63,31 10,78b
24,55
< 0,0001
Rasgo
(N/mm)
66,57 20,60a
59,52 13,91ab
45,44 19,17b
58,32 18,90ab
30,89
0,0051
TABELA 12.2. Testes de resistncia de rasgamento progressivo dos couros de beijupir em relao
ao sentido de corte dos corpos de prova. As mdias seguidas das mesmas letras minsculas nas
colunas no diferem estatisticamente segundo o teste de Tukey HSD (P > 0,05).
Sentido
Longitudinal
Transversal
CV (%)
P
Espessura
(mm)
0,96 0,34a
0,84 0,35a
39,71
0,1737
Fora Mxima
(N)
63,17 16,38a
53,49 21,01b
30,89
0,0254
Rasgo
(N/mm)
64,84 17,74a
66,93 20,20a
24,55
0,7199
203
ros apresentaram significativamente um maior
valor de fora mxima (63,17 N/mm) aplicada
na determinao do rasgamento progressivo
comparado aos corpos de prova obtidos no sentido transversal (53,49 N/mm) ao comprimento
do corpo do peixe (Tabela 12.3). A Figura 12.4
apresenta a realizao da determinao do rasgamento progressivo e da trao e alongamento dos couros do beijupir submetidos aos diferentes agentes curtentes e sentido do couro.
A fora mxima aplicada no teste de resistncia variou de 48,63 N a 76,04 N em relao aos
tipos de agentes curtentes utilizados. Os couros
submetidos ao curtimento com tanino sinttico
apresentaram significativamente o menor valor
de fora aplicada no teste. Comparativamente,
os couros curtidos com sais de cromo e tanino
vegetal apresentaram os maiores valores (73,2
e 76,04, respectivamente). Quando avaliado os
sentidos de corte dos corpos de prova, os cou-
204
significativamente maior fora aplicada no teste, enquanto os curtidos como tanino sinttico
(120,6 N) e a combinao dos taninos (121,80
N) apresentaram os menores valores. No sentido transversal os couros curtidos com a combinao dos agentes curtentes apresentaram
significativamente maior (126,89 N) fora para
realizao do teste. O menor valor foi alcanado
para os couros recurtidos com tanino sinttico
(73,60 N) (Tabela 12.3).
TABELA 12.3. Testes de determinao da trao e alongamento dos couros de beijupir em relao
ao recurtimento e sentido de corte dos corpos de prova. As mdias seguidas das mesmas letras
minsculas (linhas) e maisculas (colunas) no diferem estatisticamente segundo o teste de Tukey
HSD (P > 0,05).
Recurtimento
Cromo
Trao (N/mm2)
Transversal
Alongamento (%)
Transversal
14,95 1,9
52,25 21,0bA
15,70 4,9
71,45 25,9aBC
Tanino Vegetal
13,48 7,5
15,11 7,8
81,89 19,4aA
29,00 11,5bB
Tanino Sinttico
14,63 8,8
13,45 5,4
64,70 13,8aC
53,00 18,4bA
18,07 7,9
73,40 10,5aB
58,90 11,2bA
CV (%)
41,74
23,52
14,93
0,0258
0,3577
> 0,001
sais de cromo (61,85%) e com a mistura dos taninos (66,15%). Para couros recurtidos com tanino vegetal e tanino sinttico os valores foram
respectivamente de 55,44% e 58,85%, dentro
do indicado pela Basf (2005).
Quando comparado os valores mdios de
resistncia trao obtidos nos couros recurtidos com os diferentes agentes curtentes,
estes foram inferiores (os valores mdios variaram de 14,04 N/mm2 a 16,71 N/mm2, independente da tcnica e sentido do couro)
aos de referncia da Basf (2005). Para o rasgamento progressivo o valor mdio obtido,
independente da tcnica de recurtimento,
ou seja, do agente curtente utilizado no recurtimento e do sentido do corte do corpo de
prova avaliado, o valor foi de 65,60 N/mm2.
Este valor foi muito superior ao recomendado
pela Basf (2005). Portanto, levando em considerao as recomendaes para aplicao
em vesturio, os couros de beijupir podem
ser utilizados para confeco de artefatos em
geral. Os mesmos no apresentaram resistncia trao suficiente ao indicado para vesturio, exceto se for utilizado um forro junto
ao couro no momento de confeccionar o vesturio desejado, auxiliando na resistncia do
mesmo durante a confeco.
Na Tabela 12.4 constam os valores dos testes
fsico-qumicos dos couros de beijupir. No tratamento com sais de cromo, o teor de xido de
cromo observado nos couros foi superior (3,5%)
em relao aos demais. Os resultados obtidos
de xido de cromo dos couros de beijupir esto relacionados com a proporo desses curtentes fixado s fibras colgenas. Segundo Hoinacki (1989), o valor mnimo de xido de cromo
no couro semiacabado deve ser de 3,0%. J de
acordo com Basf (2005) o valor de xido de cromo no couro deve estar acima de 2,5%.
TABELA 12.4. Valores mdios dos testes fsico-qumicos dos couros de beijupir.
Recurtimento
Cromo
Tanino Vegetal
Tanino Sinttico
Tanino Veg. + Sint.
xido de Cromo
Cr2O3 (%)
3,5
1,3
1,2
1,2
pH
Cifra Diferencial
Substncias Extraveis
com Diclorometano (%)
3,7
3,5
4,0
3,7
0,4
0,5
***
0,4
16,5
18,0
11,5
17,2
***a cifra diferencial somente age como um critrio para a presena de cidos fortes livres ou bases em extrato aquoso com valores de pH abaixo de 4,0 ou acima de 10.
205
206
sobre as fibras colgenas. O mesmo autor menciona que o excesso de cidos na estrutura do
couro, principalmente de cido sulfrico, afeta
as fibras, destruindo-as lentamente, gerando
um couro fraco. Alm disso, pode ocorrer a
oxidao de componentes metlicos colocados
em contato com o couro, como rebites, fivelas
e ilhoses, bem como, ocasionar alergia ou irritao para o usurio. Quanto maior a fora dos
cidos presentes no couro, maiores sero as
consequncias no couro (Flres, 1997). Portanto, deve-se determinar a quantidade (pH) e a
qualidade (cifra diferencial) dos cidos presentes no couro.
Para as Substncias Extraveis com Diclorometano a variao foi de 11,5 a 18,0%, ou seja, a
quantidade de gordura fixada nos couros do beijupir, sendo que o maior percentual foi para os
recurtidos com tanino vegetal. Com esse percentual fixado de leos h possibilidade dos couros
apresentarem maior elasticidade, onde os couros no sentido longitudinal apresentaram maior
valor de alongamento (81,89%; Tabela 12.4).
Esses leos agem no deslizamento das fibras
colgenas fazendo com que elas se deslizem
umas sobre as outras medida que submetida a algum tipo de trao. As substncias solveis em diclorometano so todas as substncias
que so extraveis da amostra pelo solvente.
Essa anlise indica o contedo de leos e graxas
no couro. Segundo Basf (2005) as substncias
extraveis em diclorometano devem estar no
mximo entre 16% a 18% para o couro poder
ser utilizado em vesturio.
De acordo com Gutterres (2001), no engraxe, substncias (leos naturais e sintticos em
disperses aquosas) so introduzidas no couro
em estado mido e iro revestir as superfcies
das fibras e fibrilas, proporcionando o deslizamento e mobilidade destas. A principal finalidade de processo de engraxe garantir a maciez
do couro depois de seco e proporcionar maior
resistncia ao rasgamento e trao. Os couros
de beijupir recurtidos com sais de cromo apresentaram maior teor de xido de cromo e elevada quantidade de substncias extraveis com
diclorometano (16,5%). Entretanto, os couros
submetidos ao recurtimento com tanino vegetal
que apresentaram o melhor pH e teor de leo
fixado. Os couros recurtidos com tanino vegetal
tambm apresentaram os melhores resultados
de resistncia ao rasgamento e alongamento.
207
espcie aps o curtimento, constituindo uma
definio de cada tipo de pele, em funo da
espcie. O couro de beijupir apresenta um desenho de flor muito discreto, ou seja, com pequenssimas lmelulas (Figura 12.5).
FIGURA 12.5. Couro do beijupir contendo lamlulas de proteo e insero das escamas.
12.4. CONCLUSO
Os agentes curtentes utilizados na etapa
de recurtimento influenciaram nos testes de
alongamento e rasgamento progressivo, mas
no interferiu na determinao da resistncia a trao dos couros de beijupir. A tcnica
de recurtimento com sais de cromo e tanino
vegetal proporcionaram maior resistncia ao
rasgamento progressivo, no entanto o sentido de retirada dos corpos de prova no sofreu
influencia dos agentes curtentes utilizados na
etapa de recurtimento. Os couros submetidos
ao recurtimento com tanino vegetal apresentaram maior elasticidade no sentido longitudinal e menor no transversal.
Os couros de beijupir podem ser curtidos
com sais de cromo e recurtidos com sais de cromo ou tanino vegetal. Todavia, levando-se em
considerao o lado mais ecolgico, seria mais
interessante utilizar pelo menos no recurtimento o tanino vegetal em funo dos resultados
obtidos nos couros de beijupir avaliados. Os
couros submetidos ao recurtimento com sais
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito
da Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir,
Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do Brasil (Sub-Rede Beijupir-NutrioSanidade-Valor-NE), apoiado com recursos
aprovados no Edital 036/2009 Chamada 2,
MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No. 559527/2009-8, e no mbito do
projeto de pesquisa Alternativas tecnolgicas para o aproveitamento integral do beijupir, Rachycentron canadum (Linnaeus, 1766),
cultivado em diferentes salinidades, apoiado com recursos aprovados no Edital MCT/
CNPq No. 014/2010 Universal, Processo No
208
471905/2012-7, em parceria com o departamento de zootecnia da a Universidade Estadual de Maring (Maring, PR, profa. Dra.
Maria Luiza Rodrigues de Souza Franco, mlrsouza@uem.br).
REFERNCIAS
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2001. Couro: Preparao de Amostras
de Couro para Anlise Qumica. ABNT NBR
11034:2001. Rio de Janeiro: ABNT. 2 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2005a. Couro: Cortes de Corpos de
Prova. ABNT NBR 11035:2005. Rio de Janeiro: ABNT. 2 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2005b. Couro: Determinao da Espessura. ABNT NBR 11052:2005. Rio de Janeiro:
ABNT. 3 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas].
2005c. Couro: Determinao da Fora de Rasgamento Progressivo. ABNT NBR 11055:2005.
Rio de Janeiro: ABNT. 4 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2006a. Couro: Determinao do pH e
da Cifra Diferencial. ABNT NBR 11057:2006.
Rio de Janeiro: ABNT. 3 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2006b. Climatizao de Materiais usados na Fabricao de Calados e Correlatos. ABNT NBR 10455:2006. Rio de Janeiro:
ABNT. 2 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 1997a. Couro: Determinao da Resistncia Trao e ao Alongamento. ABNT
NBR 11041:1997. Rio de Janeiro: ABNT. 5 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 1997b. Couro: Determinao de Substncias Extraveis em Diclorometano. ABNT
NBR 11030:1997. Rio de Janeiro: ABNT. 3 p.
ABNT [Associao Brasileira de Normas Tcnicas]. 2007. Couro: Determinao de xido
Crmico Total. ABNT NBR 11054:2007. Rio
de Janeiro: ABNT. 5 p.
Adeodato, S. 1995. Peles exticas e ecolgicas.
Globo Cincia, 51: 56-60.
Almeida, R.R. 1998. A pele de peixe tem resistncia e flexibilidade? Revista do Couro,
127: 49-53.
BASF. 2005. Vademcum Para el Tcnico en Curticin. 5. ed. Ludwigshanfen: Basf. 477 P.
209
Captulo 13
VIABILIDADE TCNICO-ECONMICA NA ENGORDA DO BEIJUPIR CULTIVADO, Rachycentron canadum
13.1. INTRODUO
Globalmente uma parte significativa das espcies capturadas j atingiu a capacidade mxima sustentvel ou j esto em fase de extino.
A aquicultura representa a nica alternativa vivel para um aumento da produo de pescado.
Pesquisadores de todo mundo esto busca de
um peixe marinho, que por suas caractersticas
zootcnicas, atendam os pr-requisitos para se
tornar um protagonista do futuro na produo
aqucola mundial.
O salmo cultivado j uma realidade de
produo em ambientes de guas geladas. A
produo aqucola de salmondeos, especificamente o salmo do Atlntico, Salmo salar, aumentou de 0,3 milhes de ton. em 1990 para
1,9 milhes de ton. em 2010, representando
uma taxa de crescimento superior a 8,6% ao
ano (FAO, 2012). Em guas tropicais, a tilpia
vinha sendo considerada uma espcie que estava prxima do ideal procurado pela aquicultura,
por ser resistente, prolfica, econmica e apetecvel. Mais recentemente, surgiu outra espcie
que parece no s compartilhar esses atributos,
seno tambm super-las. Estamos se referindo
ao beijupir, Rachycentron canadum.
Em outros pases, o cultivo do beijupir
parece ser muito promissor do ponto de vista
econmico, tendo em vista seus atributos biolgicos como facilidade de desova, alta prolificidade e fecundidade, bom tamanho dos ovos,
elevada sobrevivncia das larvas e alevinos,
pouco canibalismo e alta eficincia na converso alimentar. No entanto, necessria a realizao de estudos de viabilidade tcnico-econmica, precedendo qualquer ao de fomento e
210
211
http://www.labomar.ufc.br/images/stories/arquivos/
beijupir/bn_1_3_modelagem_economica.xls.
212
Planilha INSTRUES
FIGURA 13.1. Planilha Cenrio para insero de dados do cultivo do beijupir e clculos para modelagem econmica.
213
214
FIGURA 13.2. Modelagem econmica para o cultivo do beijupir nearshore, sem realizao de repicagens.
Tomando o Estado da Bahia como exemplo,
o qual exibe grandes amplitudes trmicas da
gua entre o inverno e o vero, o laboratrio
poderia ser usado para a produo de ps-larvas de camaro. Outro aspecto importante para
ser estudado so os custos de manuteno dos
reprodutores. Neste aspecto haveria duas alternativas: (1) manter os reprodutores por todo
ano, ou; (2) preparar um plantel anualmente.
Neste momento, isto seria muito difcil de avaliar uma vez que no h informaes relativas
importncia da domesticao no cultivo do
beijupir. Na primeira alternativa, os reprodutores seriam oriundos da 3, 4 ou 5 geraes,
enquanto na segunda, os alevinos seriam provenientes de animais silvestres.
215
216
TABELA 13.1. Resumo dos principais investimentos (em US$, dlares americanos) de um projeto
empresarial para engorda do beijupir, R. canadum, em gaiolas offshore.
Item
Descrio
I.
Unid.
Quant.
5,55
m2
600
300,00
180.000,00
5,55
2.961.447,00
91,36
1.486.272,00
45,85
INVESTIMENTOS FIXOS
Estrutura em terra
II.
INVESTIMENTOS SEMI-FIXOS
1.
Gaiolas
Unid.
48
30.964,00
2.
Barcaa
Unid.
206.601,00
413.202,00
12,75
3.
Lancha de alimentao
Unid.
130.713,00
522.852,00
16,13
4.
Lancha p/ mergulhadores
Unid.
80.937,00
80.937,00
2,50
5.
Lancha de apoio
Unid.
4.386,00
26.316,00
0,81
6.
Sistema de alimentao
Unid.
203.184,00
406.368,00
12,54
8.
Bomba de despesca
Unid.
25.500,00
25.500,00
0,79
9.
Equipamento de apoio
Unid.
1.622,00
1.622,00
0,05
9.
Equip. de mergulho
Unid.
32
1.170,00
37.440,00
1,16
10.
Caminho
Unid.
20.000,00
20.000,00
0,62
11.
Outros
Unid.
19.168,00
19.168,00
0,59
III.
ESTUDO DE VIABILIDADE
100.000,00
3,09
3.241.447,00
100,00
INVESTIMENTOS
TOTAIS
Os custos fixos para o projeto offshore do beijupir composto por 48 gaiolas so especificados
na Tabela 13.2. Nestes custos foram includas as
despesas com depreciao, manuteno e conservao de infraestrutura e equipamentos, seguro sobre o ativo fixo, mo de obra, materiais
e utenslios, despesas administrativas e remu-
nerao. O custo fixo com mo de obra contemplou um total 88 funcionrios, sendo 20 destes
da rea administrativa, 11 da produo, 25 de
mergulho e 32 da rea operacional do projeto.
Foi estipulado um valor de US$ 330 para o salrio
mnimo e 50% de encargos sociais sobre o valor
do salrio calculado para cada funo.
TABELA 13.2. Custos fixos (em US$, dlares americanos) de um projeto para engorda do beijupir
com 48 gaiolas offshore.
Item
Descrio
1.
Depreciao
1.1.
Infraestrutura em terra
Investimento (US$)
20
180.000,00
9.000,00
1.2.
Gaiolas
12
1.486.272,00
123.856,00
1.3.
Barcaa de 14 m
15
413.202,00
27.547,00
1.4.
Lancha de alimentao
15
522.852,00
34.857,00
1.5.
Lancha p/mergulhadores
15
80.937,00
5.396,00
1.6.
Zodiak 3,8 m
10
26.316,00
2.632,00
1.7.
Sistema de alimentao
10
406.368,00
40.637,00
1.8.
Bomba de despesca
25.500,00
5.100,00
1.9.
Equipamento de apoio
1.622,00
324,00
1.10.
Equipamento de mergulho
37.440,00
7.488,00
1.11.
Caminho
10
20.000,00
2.000,00
217
TABELA 13.2. Continuao.
1.12.
Descrio
Investimento (US$)
Outros
19.168,00
4.792,00
2.
Manuteno e conservao
2.1.
Infraestrutura em terra
2,00%
180.000,00
3.600,00
66.014,00
2.2.
Gaiolas
2,00%
1.486.272,00
29.725,44
2.3.
Catamaram 14 m
2,00%
413.202,00
8.264,04
2.4.
Lancha de alimentao
2,00%
522.852,00
10.457,04
2.5.
Lancha p/mergulhadores
2,00%
80.937,00
1.618,74
2.6.
Zodiak 3,8 m
2,00%
26.316,00
526,32
2.7.
Sistema de alimentao
2,00%
406.368,00
8.127,36
2.8.
Bomba de despesca
3,00%
25.500,00
765,00
2.9.
Equipamento de apoio
3,00%
1.622,00
48,65
2.10.
Equipamento de mergulho
3,00%
37.440
1.123,20
2.11.
Caminho
4,00%
20.000,00
800,00
2.12.
Outros
5,00%
19.168,00
958,40
3.
3.1.
Infraestrutura em terra
0,70%
180.000,00
1.260,00
3.2.
Gaiolas
0,70%
1.486.272,00
10.403,90
22.538,00
3.3.
Barcaa de 14 m
0,70%
413.202,00
2.892,41
3.4.
Lancha de alimentao
0,70%
522.852,00
3.659,96
3.5.
Lancha p/ mergulhadores
0,70%
80.937,00
566,56
3.6.
Zodiak 3,8 m
0,70%
26.316,00
184,21
3.7.
Sistema de alimentao
0,70%
406.368,00
2.844,58
3.8.
Bomba de despesca
0,70%
25.500,00
178,50
3.9.
Equipamento de apoio
0,70%
1.622,00
11,35
3.10.
Equipamento de mergulho
0,70%
37.440,00
262,08
3.11.
Caminho
0,70%
20.000,00
140,00
3.12.
Outros
0,70%
19.168,00
134,18
4.
Mo-de-obra fixa
1.936.440,00
5.
Materiais e utenslios
20.835,00
5.1.
Monoblocos plsticos
600,00
5.1.1.
Lisos
100
500,00
5.1.2.
Vazados
25
100,00
5.2.
Recipientes plsticos
260,00
5.2.1.
Baldes
20
60,00
5.2.2.
Mangueira
4m
50
200,00
5.3.
Uniformes
5.3.1.
Macaco
15
100
1.500,00
5.3.2.
Avental
50
200,00
5.3.3.
Gorro
100
300,00
5.3.4.
Botas de borracha
15
50
750,00
5.3.5.
Agasalho frigorfico
75
375,00
3.975,00
5.3.6.
Luvas
50
250,00
5.3.7.
Meia
150
600,00
Item
218
TABELA 13.2. Continuao.
Item
Descrio
Investimento (US$)
5.4.
Utenslios de limpeza
8.000,00
5.5.
Outros
8.000,00
6.
Despesas administrativas
60.000,00
6.1.
Contabilidade externa
12.000,00
6.2.
Material de escritrio
6.000,00
6.3.
Assessoria jurdica
6.000,00
6.4.
Energia
12.000,00
6.5.
Abastecimento
12.000,00
6.6.
Telefonia
12.000,00
7.
Remunerao
19.800,00
7.1.
Do capital
10,00%
7.2.
60
19.800,00
2.389.255,00
TABELA 13.3. Custos variveis (em US$, dlares americanos) de um projeto para engorda do beijupir com 48 gaiolas offshore.
Item
Descrio
Unid.
Valor unitrio
(US$)
Quant.
Custo anual
(US$)
1.
620.160,00
1.1.
Alevinos de beijupir
2.
Insumos
2.1.
Rao
2.2.
Combustveis
2.3.
Gelo
2.4.
Energia eltrica
1.200,00
2.5.
Material de limpeza
6.000,00
3.
Despesas tributrias
1.560.888,00
3.1.
ICMS
12,00%
1.149.120,00
3.2.
COFINS
3,00%
287.280,00
3.3.
PIS
1,30%
124.488,00
Unid.
0,85
729.600
620.160,00
4.467.686,00
kg
0,9
4.788.000
4.309.200,00
96.566,00
kg
0,02
2.736.000
54.720,00
6.648.734,00
9.037.989,00
219
No resumo dos custos fixos e variveis (Tabela 13.4), pode-se observar que o ultimo contribuiu com 73,6% dos custos totais. Neste, o
item insumos, o qual compreende rao, combustveis, gelo, energia eltrica e material de
limpeza, tem um impacto de quase a metade
Descrio
Contribuio
relativa (%)
CUSTOS FIXOS
2.389.255,00
26,4
0,87
1.
Depreciao
263.628,00
2,9
0,10
2.
Manuteno e conservao
66.014,00
0,7
0,02
3.
22.538,00
0,2
0,01
4.
Mo de obra
1.936.440,00
21,4
0,71
Item
5.
Materiais e utenslios
20.835,00
0,2
0,01
6.
Despesas administrativas
60.000,00
0,7
0,02
7.
Remunerao
19.800,00
0,2
0,01
II
CUSTOS VARIVEIS
6.648.734,00
73,6
2,43
1.
Aquisio de alevinos
620.160,00
6,9
0,23
2.
Insumos
4.467.686,00
49,4
1,63
3.
Despesas tributrias
1.560.888,00
17,3
0,57
100,0
3,38
TABELA 13.5. Capital de giro para um projeto de 48 gaiolas offshore para engorda do beijupir, R.
canadum. Valores em US$ (dlar americano).
Item
Especificao
1.
2.
3
TOTAL DO CAPITAL
DE GIRO
TABELA 13.4. Resumo dos custos fixos e variveis (em US$, dlares americanos), a contribuio relativa (%), como tambm o custo unitrio mdio (US$) por kg de beijupir produzido em um projeto
com 48 gaiolas offshore.
220
Em seguida, foi calculada a receita gerada no
projeto (Tabela 13.6) a partir da produo esta-
TABELA 13.6. Receita para um projeto de 48 gaiolas offshore para engorda do beijupir, R. canadum. Valores em US$ (dlar americano).
Produto
Beijupir
RECEITA TOTAL
CUSTO UNITRIO MDIO
Quantidade (kg)
2.736.000
2.736.000
Receita (US$)
10.944.000,00
3,38
e o fluxo de caixa (Tabela 13.7). Para o presente estudo, foi considerada uma taxa de
atratividade de 10%.
TABELA 13.7. Anlise econmica para um projeto com 48 gaiolas offshore voltadas para engorda do
beijupir, R. canadum.
Indicadores
Ponto de equilbrio
Rentabilidade simples
Payback simples
3,15 anos
Payback descontado
Taxa Interna de Retorno
Valor Presente Lquido
TAXA DE ATRATIVIDADE
A anlise financeira foi realizada baseandose nos investimentos assumidos (Tabela 13.1) e
nas receitas geradas (Tabela 13.6) pelo projeto.
Foi considerado um financiamento de 80% dos
investimentos (i.e., US$ 3.241.447,00), um ano
de carncia, uma taxa anual de juros de 8,5%,
com 10 anos para pagar. O valor do financiamento (% dos investimentos + juros capitalizados e
outras despesas) totalizou US$ 2.813.576,00. O
comprometimento dos lucros do projeto com
um Fluxo Lquido Incremental de 43,61% foi
obtido assumindo o Sistema de Prestao Constante, calculando os juros, amortizao e o valor da prestao em cada ano de financiamento,
de forma a zerar o saldo devedor no 10 ano.
Quando se avaliou o Lucro Lquido, o comprometimento aumentou para 48,46%. Os Bancos,
de uma forma geral, desaprovam os empreendi-
Resultados
58,67%
44,40%
3,63 anos
39,3 8%
US$ 11.315.982
10,00%
mentos que apresentam um comprometimento
dos lucros do projeto acima de 50%.
O modelo informatizado desenvolvido neste
estudo recorreu a trs indicativos de avaliao
do projeto: anlise de risco, estudo de sensibilidade e formulao de cenrios econmicos e
financeiros. Com relao anlise de risco (Tabela 13.8), foram trabalhados trs cenrios: (1)
o cenrio do valor mais provvel, que corresponde ao determinado no prprio projeto; (2)
o valor pessimista, com uma variao percentual positiva de 20%, e; (3) o valor otimista,
com variao negativa de 20%. Como parmetros, foram selecionados o preo do alevino de
beijupir, o preo de venda do beijupir inteiro
(farm-gate) e o custo com mo de obra. O cruzamento dos valores desta tabela resultou em
27 alternativas de respostas.
221
TABELA 13.8. Anlise de risco do projeto com 48 gaiolas para engorda do beijupir. Os valores sofreram uma variao de 20%, considerando cenrios pessimista e otimista.
Cenrios
Pessimista
1,02
20%
3,20
-20,0%
2.323.728
20,0%
Mais Provvel
0,85
0%
4,00
0%
1.936.440
0%
Otimista
0,68
-20%
4,80
20,0%
1.549.152
-20,0%
TABELA 13.9. Anlise de risco do projeto com 48 gaiolas para engorda do beijupir. Os valores sofreram uma variao de 20%, considerando cenrios pessimista e otimista.
ndice
ndice Desejado
Risco (%)
Ponto de Equilbrio
Payback Simples
Payback Descontado
Taxa Interna de Retorno
40%
4 anos
5 anos
40%
59,26%
44,44%
44,44%
40,46%
Considerando um cenrio persimista, verificou-se um elevado risco para o empreendimento estudado. Isto demonstra a sensibilidade que os parmetros selecionados possuem ao
ser considerado uma condio pessimista. Esta
situao muda de forma positiva ao se considerar, como valor mais provvel de venda do beijupir inteiro, US$ 4,80/kg, em vez de US$ 4,00/
kg, originalmente estabelecido no projeto.
Para o estudo de sensibilidade, calculou-se a
taxa interna de retorno, a rentabilidade e o payback simples. Para cada ndice, foram selecionados
o preo do alevino de beijupir, o preo de venda
do beijupir inteiro e o investimento com variaes percentuais de 10% e 20% (Figura 13.3).
Pode-se observar que as intercepes das linhas
correspondem a 39,38%, 44,40% e 3,15 anos, respectivamente, para a taxa interna de retorno, rentabilidade e payback simples (Tabela 13.7).
Parmetros Selecionados
222
mo que o preo do beijupir inteiro apresente maiores diferenas comparado aos demais
parmetros estudados, a diferena no to
FIGURA 13.3. Estudo de sensibilidade com a taxa interna de retorno (A), rentabilidade (B) e payback simples (C).
FIGURA 13.4. Anlise do comprometimento financeiro e da taxa interna de retorno com a variao
do preo do alevino de beijupir (A), preo de venda do beijupir inteiro (B) e preo da rao (C).
223
224
13.4. CONCLUSES
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da
Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste
do Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos apro-
REFERNCIAS
Buarque, C. 1984. Avaliao Econmica de Projetos Uma Apresentao Didtica. Rio
de Janeiro: Editora Campus. 265 p.
Duarte, A. 1996. Anlise de Investimentos e
Projetos Aplicada Pequena Empresa. Braslia: Editora da Universidade de
Braslia. 162 p.
FAO [Food and Agriculture Organization of
the United Nations]. 2012. The State of
World Fisheries and Aquaculture 2012.
FAO Fisheries and Aquaculture Department, Roma: FAO. 209 p.
Lapponi, J.C. 1996. Avaliao de Projetos de Investimentos. So Paulo: Lapponi Treinamento e Editora Ltda. 264p.
Madrid, R.M, Nunes, J.P.N. 2013. Cultivo do beijupir no Vietn e os ensinamentos para o
Brasil. Revista da Associao Brasileira dos
Criadores de Camares (ABCC), p. 44-48.
Nunes, A.J.P., Madrid, R.M. 2013. Desmistificando a piscicultura marinha: a experincia
do Vietn. Panorama da Aquicultura, 23:
14-23.
225
Captulo 14
ANLISE DE ACEITAO DO BEIJUPIR CULTIVADO,
Rachycentron canadum, NO MERCADO LOCAL
14.1. INTRODUO
O beijupir um peixe que apresenta textura firme e sabor refinado tornado a espcie uma
excelente opo aos consumidores. Dados da
FAO, em 2007, mencionam que foram comercializadas somente 13 ton. de beijupir no mercado
internacional. Assim, acredita-se que uma boa
estratgia seja desenvolver o mercado nacional,
uma vez que o mercado internacional ainda se
encontra incipiente. Entretanto, o cultivo do beijupir em larga escala ainda representa um grande desafio, uma vez que seus aspectos mercadolgicos foram pouco desenvolvidos.
Do ponto de vista mercadolgico, o beijupir
no considerado extico em nenhum lugar do
mundo, j que pode ser qualificado como cosmopolita em condies naturais. Isto minimiza as
presses de grupos ambientalistas contra a aquicultura como o caso do salmo e do camaro
marinho de cativeiro. Outra caracterstica mercadolgica do beijupir cultivado em relao ao
silvestre que o primeiro contm mais do dobro
do contedo de gordura, ou seja, apresenta uma
maior quantidade de cidos graxos altamente
insaturados de cadeia longa, incluindo os megas-3. O elevado contedo lipdico do beijupir
possibilita, aps campanhas de consumo, a incluso da espcie nas preparaes tradicionais de
origem japonesa (sashimi e sushi), hoje limitada
aos salmes, atuns e robalos.
Portanto, torna-se imprescindvel conhecer
o mercado potencial para o beijupir cultivado, seja a nvel nacional ou internacional. Para
isto, estudos de aceitao do beijupir, alm de
aes para promoo do seu consumo, foram
realizados. O objetivo principal deste estudo foi
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Raul Malvino Madrid*, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels, Pedro Emilio Fagundes Ferreira, Sandra Regina Marinho, Jos Marcos Soares Lelis, Alberto Jorge Pinto Nunes
226
a seu pblico, a aceitao do novo peixe oferecido na forma de sashimi. O objetivo, portanto,
se resumiu em fazer uma anlise prospectiva de
respostas obtidas em questionrios especficos,
nos trs segmentos selecionados.
Para isto, foi inicialmente realizada reunies
em Fortaleza, Recife e Braslia com o objetivo
de definir parcerias, estabelecer as responsabilidades e ajustar o oramento nova realidade.
Uma matriz de responsabilidades foi construda, selecionando uma pessoa representante
de cada instituio participante, distribuindo
as tarefas a serem cumpridas no momento das
oficinas gastronmicas e degustaes (Tabela
14.1). O sucesso de todas as aes executadas,
tanto nas oficinas como nas degustaes, deveu-se principalmente ao apoio incondicional e
gratuito de vrias empresas e instituies. Estas colocaram suas estruturas e funcionrios a
disposio e (ou) aportaram insumos utilizados
durante as atividades.
Para as oficinas de gastronomia e atividades
de degustao, indivduos adultos do beijupir
cultivado foram obtidos das fazendas de cultivo Atlantis Aquacultura (Goiana, PE), Pousada
Nautilus (Angra dos Reis, RJ) e Maricultura Itapema (Ilhabela, SP).
TABELA 14.1. Matriz de responsabilidades envolvendo parceiros e instituies no estudo de mercado do beijupir.
Item
Instituio/Empresa
Responsvel/Cargo
Misso
Instituto de Cincias
do Mar (LABOMAR)
Superintendncia
de Pernambuco do
Ministrio da Pesca e
Aquicultura (MPA)
Jos Telino/Superintendente
227
Item
Instituio/Empresa
Responsvel/Cargo
Misso
Superintendncia do
Distrito Federal do
Ministrio da Pesca e
Aquicultura (MPA)
Servio Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC-CE)
Servio Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC-PE)
Sandra Marinho/
Coordenadora do
Curso Superior em
Gastronomia
Instituto Superior de
Braslia (IESB)
Sebastian Parasole/
Coordenador Tcnico de Gastronomia
Associao Brasileira
de Bares e Restaurantes (ABRASEL-CE)
Augusto Mesquina/
Presidente
Associao Brasileira
de Bares e Restaurantes (ABRASEL-PE)
10
Associao Brasileira
de Bares e Restaurantes (ABRASEL-DF)
Jaime Recena/Presidente
11
12
Eugnio Vieira
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
228
Item
Instituio/Empresa
Responsvel/Cargo
Misso
13
14
Atlantis Aquacultura
15
Maricultura Itapema
Cludio Doneux,
Scio Diretor
16
Netuno Internacional
S.A.
Cadu Villaa/Gerente
17
Conselho Nacional
de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq) e Ministrio da Pesca e
Aquicultura (MPA)
---
18
Superintendncia do
Cear do Instituto
Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA)
---
19
Valpex SEAFOOD
(atacadista de pescado do Cear)
20
Netuno (atacadista
de pescado de Pernambuco)
Cadu Villaa/Gerente
21
Joo La Farina
FIGURA 14.1. As oficinas de gastronomia com o beijupir cultivado, para promoo e avaliao de
sua aceitao, foram realizadas em Braslia (A), Fortaleza, (B) e Recife (C).
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
229
230
Para estas atividades, foi elaborado um livro contendo 16 receitas com o beijupir cultivado, alm de material de divulgao com os
objetivos das atividades do projeto (Anexos A
e B). Para avaliao dos pratos preparados, foi
desenvolvido um questionrio contendo seis
perguntas (Anexo C). As perguntas envolveram
anlise sensorial (cor, textura e sabor) dos diferentes pratos, suas formas de apresentao desejadas na ocasio da compra (inteiro e eviscerado, fil com pele, fil sem pele, posta, lombo),
14.2.2. DEGUSTAO
As atividades de degustao foram realizadas no Restaurante Coco Bambu Frutos do Mar
de Braslia e Fortaleza, e no Restaurante Beijupir de Olinda, PE (Figura 14.2).
FIGURA 14.2. Restaurante Coco Bambu Braslia (A), Restaurante Coco Bambu Fortaleza (B) e Restaurante Beijupir Olinda (C), estabelecimentos utilizados para degustaes do beijupir cultivado
visando analisar sua aceitabilidade junto a consumidores.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
231
232
Os quatro pratos servidos foram sashimi, ceviche, poch e beijupir na chapa (Figura 14.4),
elaborados conforme descrito abaixo:
1. Sashimi de beijupir: corte do lombo do
beijupir em lascas, acompanhado de
abacate, cortado em lminas e temperado com molho de soja, Wasabi e gergelim macerado em vinagre de arroz.
2. Ceviche de beijupir: beijupir cortado em lminas retangulares, marinado
com limo durante 10 min. e misturado a cebola e pimento vermelho
cortados em julianne, com vinagre,
sal e pimenta do reino preta. Para sua
terminao, se complementou com to-
mate sem pele e em cubos. Adicionouse, por ltimo, acar, pimenta cayena, azeite e coentro.
3. Poch de beijupir: lombo de beijupir
escalfado (cozido a 70oC durante aproximadamente 1 min.) num caldo de peixe
aromatizado com vinho, especiarias e
ervas. Depois de escorrido, adicionouse molho holands (emulso quente de
gema de ovo e manteiga clarificada).
4. Beijupir grelhado na chapa: supremo
de beijupir selado na chapa, acompanhado de molho romesco (molho elaborado a partir de verduras assadas ao
forno, po torrado, frutos secos, azeite
e vinagre).
233
FIGURA 14.4. Sashimi (A), ceviche (B), poch (C) e beijupir na chapa (D).
Os Restaurantes Soho, Sushi Yoshi e Hakata
de Fortaleza, Recife e Braslia, respectivamente,
colaboraram na pesquisa da aceitao do sashimi de beijupir, oferecendo o produto a seus
clientes para sua avaliao sensorial (Anexo E).
Para esta etapa, foi disponibilizado um exemplar de beijupir cultivado, eviscerado, sendo
congelado em Fortaleza e resfriado em Recife
e Braslia.
14.2.3. PROMOO
O principal produto, objeto deste estudo,
foi anlise de aceitao do beijupir cultivado realizada nas oficinas de gastronomia e
nas degustaes. No entanto, com o objetivo
de democratizar as informaes e promover
o consumo da espcie, todas estas atividades
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
234
TABELA 14.2. Videos desenvolvidos no presente estudo com os respectivos links para acesso na internet.
Item
Vdeos
Link
http://www.labomar.ufc.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=125&Itemid=56
http://www.labomar.ufc.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=129&Itemid=56
Despescas do Beijupir
http://www.youtube.com/watch?v=KEgvcmJ_KmI
http://www.youtube.com/watch?v=pgF-GDMJ5eE
http://www.youtube.com/watch?v=2vk0UT3qEO0
http://www.youtube.com/watch?v=F9fygc_KcfE
http://www.youtube.com/watch?v=4hg9NyKbXeE
http://www.youtube.com/watch?v=P3WPif0jX2w
235
M = Muito bom
B = Bom
RE = Regular
R = RUim
70%
60%
50%
RU
60%
60%
RE
RU
31%
RE
RU
FRITO
RE
1%
RU
8%
RE
RU
PEIXADA
FIGURA 14.5. Grau de aceitao do beijupir em relao sua apresentao em diferentes pratos.
Resultados representam a somatria das avaliaes em termos percentuais relativo cor, textura e
sabor dos pratos (n = 1.812).
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
RE
POCH
6%
1%
1%
RU
4%
RE
1%
CEVICHE
2%
8%
RU
0%
RE
SASHIMI
5%
1%
7%
15%
10%
33%
29%
26%
30%
37%
38%
20%
0%
67%
72%
65%
30%
65%
40%
54%
80%
236
Restaurante
Academia
Outros
19%
15%
16%
13%
FRITO
PEIXADA
7%
9%
13%
15%
13%
13%
13%
10%
11%
15%
15%
19%
22%
17%
19%
20%
20%
0%
3%
5%
0%
SASHIMI
CEVICHE
POCH
GRELHADO NA
CHAPA
GRELHADO NO
FORNO
FIGURA 14.6. Avaliao percentual das preparaes que mais se adaptam a culinria do beijupir
(n = 247).
Quando avaliado a melhor forma de apresentao do beijupir para venda (i.e., inteiro e eviscerado, fil com pele, fil sem pele, posta e lombo;
Figura 14.7) foi constatado que o fil sem pele foi o
que apresentou uma resposta mais equitativa en-
Restaurante
45%
Academia
Outros
36%
INTEIRO/EVISCERADO
POSTA
7%
5%
9%
13%
15%
0%
0%
28%
33%
23%
9%
23%
18%
30%
18%
33%
40%
27%
13%
24%
25%
LOMBO
FIGURA 14.7. Avaliao das formas de apresentao do beijupir para venda (n = 143).
237
A avaliao da relao peso corporal do beijupir eviscerado e preo de venda revelou uma
grande variabilidade nas respostas (Figura 14.8).
Isso se deveu a diversidade de interesse dos entrevistados e na origem dos participantes (restaurante, academia e outros). Foi observado que
60% das respostas se concentraram em um peso
corporal do beijupir entre 2,0 kg e 4,0 kg e um
36,0
27,0
18,0
9,0
0,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
FIGURA 14.8. Relao entre o preo (R$/kg) e o peso corporal (kg) do beijupir inteiro e eviscerado
para venda (n = 93).
Para 88% dos entrevistados, a qualidade
do beijupir o fator de maior importncia no
momento da compra (Figura 14.9). A regularidade no fornecimento alcanou apenas 8%,
seguido pelo preo, tamanho e apresentao do beijupir (1%). O fornecedor no
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
45,0
238
Qualidade
Tamanho
Regularidade
Preo
Apresentao
Fornecedor
88%
100%
60%
2o
3o
4o
10%
1%
10%
17%
21%
16%
14%
12%
0%
3%
10%
10%
8%
25%
19%
22%
21%
26%
1%
1%
8%
1o
0%
0%
1%
1%
0%
1%
8%
13%
20%
22%
26%
25%
29%
32%
40%
38%
60%
5o
6o
FIGURA 14.9. Grau de importncia da qualidade, tamanho, regularidade, preo, apresentao e fornecedor do beijupir cultivado, segundo entrevistados (n = 86).
Foi tambm investigada a equivalncia de
aceitao do beijupir em relao a outras
nove espcies de peixes (Figura 14.10). O beijupir apresentou melhor grau de aceitao
quando comparado com a tilpia (92%) e um
grau de aceitao mais baixo quando comparado com o salmo (60%). Em geral, uma
maior aceitao foi obtida para o beijupir ao
ser comparado com a cavala (Scomberomorus
90%
80%
70%
I NS S
CAVALA
I NS S
PESCADA
AMARELA
I NS S
SALMO
I NS S
SURUBIM
36%
3%
I NS S
25%
14%
11%
10%
13%
PANGASIUS
24%
31%
22%
29%
28%
19%
I NS S
6%
13%
ROBALO
38%
47%
39%
13%
19%
23%
13%
5%
10%
0%
28%
31%
26%
28%
10%
11%
16%
20%
16%
21%
30%
26%
28%
29%
40%
39%
39%
50%
48%
60%
45%
80%
I NS S
TILPIA
I NS S
TAMBAQUI
I NS S
DOURADA
I NS
SERIGADO
FIGURA 14.10. Equivalncia de aceitao (%) do beijupir cultivado em relao a outras espcies
de peixes (n = 109).
Em relao ao salmo, 28% dos entrevistados consideraram que este peixe superior
ao beijupir, 16% o consideraram inferior,
26% equivalente e 31% no responderam.
No caso do serigado, 24% o consideraram
superior ao beijupir, 14% inferior e 25%
equivalente (38% no responderam). Em
relao ao robalo, 19% o consideraram superior, 13% inferior e 28% equivalente (39%
no responderam).
Regular
Ruim
79%
82%
Bom
56%
46%
37%
39%
Cor
Textura
SASHIMI
Sabor
Cor
Textura
Sabor
CEVICHE
Cor
Textura
POCH
Sabor
Cor
19%
19%
Textura
1%
1%
3%
0%
1%
0%
3%
1%
3%
1%
1%
1%
4%
3%
1%
1%
3%
0%
0%
8%
11%
13%
17%
27%
31%
32%
35%
10%
0%
59%
55%
31%
13%
30%
20%
63%
61%
60%
51%
36%
40%
37%
50%
12%
60%
64%
80%
70%
79%
Muito bom
90%
Sabor
NA CHAPA
FIGURA 14.11. Avaliao sensorial (%) de quatro preparaes do beijupir cultivado (n = 164).
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
239
240
SUPERIOR
90%
EQUIVALENTE
INFERIOR
80%
60%
84%
50%
CAVALA
PESCADA
AMARELA
ROBALO
PANGASIUS
TILPIA
30%
TAMBAQUI DOURADO
12%
20%
14%
24%
14%
3%
19%
37%
SURUBIM
12%
19%
24%
16%
SALMO
43%
58%
62%
57%
53%
39%
31%
28%
6%
0%
15%
10%
33%
45%
30%
20%
40%
30%
67%
40%
64%
70%
SERIGADO
FIGURA 14.12. Avaliao de equivalncia (%) do beijupir cultivado em relao a outras espcies
de peixes.
O beijupir foi considerado inferior pelos degustadores ao compara-lo com o serigado (30%
dos entrevistados) e o salmo (39%). No caso
do robalo e da pescada amarela, duas espcies
muito usadas como opo de carne branca na
preparao de sashimi, o beijupir cultivado foi
considerado superior por 24% e 45% dos entrevistados, respectivamente. As consideraes
pontuadas como inferior foram de 19% (robalo) e 15% (pescada amarela). Comparado s
espcies importadas, pangasius e salmo, 55%
e 5% dos entrevistados, respectivamente, responderam que no sabia.
241
Cor
60%
Textura
Sabor
53%
48%
50%
40%
35%
35%
32%
29%
30%
20%
16%
10%
3%
0%
3%
0%
Muito bom
Bom
Regular
0%
Ruim
FIGURA 14.13. Avaliao de sensorial (%) do sashimi em restaurantes japoneses preparado com
beijupir cultivado.
14.4. CONCLUSES
Os resultados obtidos neste estudo permitem formular uma estratgia para uma melhor
comercializao do beijupir cultivado, bem
como, estabelecer uma logstica de cultivo que
servir de base para cenrios econmicos em
estudos posteriores. Pode-se constatar que o
beijupir cultivado foi muito bem aceito entre
os participantes das oficinas de gastronomia.
Entre os pratos desenvolvidos, houve uma melhor aceitao do beijupir grelhado na chapa,
tambm considerada a preparao que mais
se adequou a culinria do beijupir. O fil sem
pele foi forma de apresentao preferida para
o beijupir no momento da venda. A relao entre preo de venda e peso corporal do beijupir
no ficou bem estabelecida e precisa ser mais
bem investigada. Foi relevante o fato dos entrevistados considerarem a qualidade do beijupir
como sendo o principal atributo no momento
da comercializao. Essa caracterstica somente
pode ser oferecida atravs do pescado criado
em cativeiro.
Nas oficinas de gastronomia, os degustadores apreciaram o salmo, serigado e robalo em
detrimento ao beijupir. No entanto, estes po-
sicionaram a espcie cultivada superior pescada amarela, tilpia, surubim, dourada, tambaqui, cavala e pangasius. As respostas obtidas
nas degustaes foram similares aos das oficinas de gastronomia, tendo como nica diferena o robalo, considerado inferior ao beijupir.
Os resultados das avaliaes das caractersticas do lombo do beijupir cultivado em restaurantes de culinria japonesa permitem concluir
que esta espcie tem atributos para substituir
os peixes de carne branca usados na elaborao
do sashimi.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no mbito
da Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir,
Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do Brasil (Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados no Edital 036/2009 Chamada 2, MCT/
CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq
No 559527/2009-8. O beijupir cultivado utilizado nas oficinas de gastronomia e atividades
de degustao foi fornecido gratuitamente
pelas empresas Atlantis Aquacultura (Goiana,
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
43%
242
O Ministrio da Pesca
e Aquicultura tem
implementado aes para
aumentar a produo
pesqueira nacional atravs
da piscicultura marinha
em diversas universidades
brasileiras. Projetos tm
sido nanciados pelo
Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientco
e Tecnolgico.
06/07/2011 14:25:29
Prato:Victor Castao
06/07/2011 14:25:26
BRASIL 2011
Beijupir
RECEITAS de
Foto: Panela
O Instituto de Cincias
do Mar (LABOMAR), da
Universidade Federal
do Cear, busca o
desenvolvimento
tecnolgico do cultivo de
beijupir atravs do Estudo
Prospectivo Sobre o Mercado
Nacional do Beijupir.
Ocinas para Chefs de
restaurantes, degustaes
envolvendo autoridades,
atacadistas de pescado e
donos de restaurantes tm
sido realizados para divulgar
o potencial do beijupir
na culinria brasileira e
denir as caractersticas
de apresentao mais
apropriadas para
comercializao desse
pescado.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
243
244
Subrede
Sumrio
DO CULTIVO DO BEIJUPIR
NO NORDESTE BRASILEIRO
Contedo
Sumrio ................................................................................... 2
Lombo de beijupir no vinho ....................................................... 3
Suprema de beijupir cozido com endvias e molho de cenoura com coco . . . . . . 4
Projeto
ESTUDO ECONMICO E MERCADO
Offiicciin
na
ass
O
dee G
Ga
assttrro
on
no
om
miia
a ee
d
Meen
nu
ud
dee D
Deeg
gu
usstta
a
o
o
M
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(4 pessoas)
INGREDIENTES
1 kg de beijupir
1 k g d e e s p i n h a s d e b e i j u p i r (e s queleto ainda com sobras de carne)
20 0 g d e b a c o n e m f a t i a s
2 ramos de alecrim
Sal
Pimenta preta
7 . Te m p e r e a g o s t o .
50 0 m L d e v i n h o t i n t o
50 0 m L d e c a l d o d e p e i xe
1 talo de salso
1 cebola
2 alhos
2 kg de cenoura
20 0 m L c r e m e d e l e i t e
10 g de sal
1 folha de louro
1 rama de salsa
10 mL de azeite
20 g d e m a i z e n a
GUARNIO
2 cebolas mdias
20 0 g d e c o g u m e l o s s h i t a ke
300g de abobrinha
100g de cenoura
400g de brcolis
4 a l h o p o r ( 25 g c a d a )
MOLHO
7 50 g d e c e n o u r a s
4 colheres de azeite
30 g de coco ralado
5 g de sal marinho
1 0 0 m L d e c a l d o d e p e i xe (esqueleto
ainda com sobras de carne)
g u a
Gelo
Sal
Beijupir
Apresentao do prato
GUARNIO
1 . Co l o q u e n u m a m e t a d e d o p r a t o o
beijupir e na outra as endvias.
2.Despeje o molho de cenoura com
c o c o e m t o r n o d o p e i xe .
3 . Co l o q u e u m p e q u e n o r a m o d e e rv a- d o c e f r i t a n o m e i o e p o l v i l h e
com salsa.
2 endvias
6 colheres de azeite
2 colheres de sopa de vinagre de cidra
1 ramo de funcho
Sal
1 . E n r o l e o s l o m b o s d e p e i xe s e m
p e l e a o b a c o n , d e i xa n d o d e n t r o
um ramo de alecrim.
2 . A s s e o p e i xe e m f o r n o a 20 0 0 C p o r
9 min.
1 . Co r t e o p e i xe c o m a p e l e e r e s e r v e
os ossos com restos de carne para
f a z e r c a l d o d e p e i xe .
2 .Te m p e r e e r e s e r v e .
Apresentao do prato
MOLHO
3 . Ad i c i o n e o a z e i t e d e o l i v a .
4
Beijupir - Livreto - Miolo.indd 4
Guarnio
800 g de beijupir
2 colheres de azeite
MODO DE PREPARO
BEIJUPIR
MODO DE PREPARO
Molho
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Sal
Guarnio
MOLHO
06/07/2011 14:25:27
06/07/2011 14:25:27
245
(4 pessoas)
8 . D e i xe e s f r i a r a t e n d u r e c e r.
9 . Pa s s e o p e i xe d o l a d o d a s b a t a t a s
na chapa bem quente e coloque
na assadeira.
10.Asse em forno pr-aquecido mdio por 5 min.
1 1 . Te r m i n e o m o l h o e r e s e r v e - o e m
banho-maria.
INGREDIENTES
1 kg de beijupir
50 0 g d e b a t a t a s
25 g d e m a n t e i g a c o m s a l
2,5 mL de suco de limo
250 g d e c e b o l a
50 0 g d e t o m a t e
3 dentes de alho
3 pimentas secas
30 g de po
15 c a s t a n h a s d e c a j
250 m L d e l e o
50 m L d e v i n a g r e
10 folhas frescas de espinafre
Sal
Pimenta preta
Apresentao do prato
MOLHO DE LULA
2 lulas limpas
150 g d e c e b o l i n h a f r e s c a
50 0 m L d e c a l d o d e c a r n e
6 claras de ovos em neve
1 cenoura
1 alho por
1 tomate
1 talo de aipo
10 mL de azeite extra virgem
Beijupir
frito.
MODO DE PREPARO
Crosta de lula
MODO DE PREPARO
Apresentao do prato
1 . Co l o q u e o b e i j u p i r g r e l h a d o n o
centro de uma tigela.
2 . Cu b r a c o m c r o s t a e m a c a r r o .
3 . Co l o q u e o m o l h o c o m o s u c o , e
decore com azeite de salsa e alho
por crocante.
Macarro de lula
1 . Co r t e a l u l a e m t i r i n h a s s e m e lhantes a macarro.
2 . Co l o q u e n u m a f r i g i d e i r a u m p o u co de azeite extra virgem.
3.Doure dente de alho e refogue
rapidamente o macarro.
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MODO DE PREPARO
1 . Co n f i t e o b e i j u p i r c o m a z e i t e
e alho frito em banho-maria a
6 5 o C d u r a n t e 6 m i n . T i r e o p e i xe
do saco a vcuo e torre em uma
c h a p a , d o l a d o d a p e l e . Co n f i t e
a batata cortada em retngulos
com leo.
2.Frite a cebola cortada em julienn e e m a r i n a d a c o m s u c o d e l aranja. Asse o pimento vermelho
cortado em tiras finas e refogue
o alho.
Apresentao do prato
06/07/2011 14:25:27
Apresentao do prato
800 g beijupir
300 g de ervilhas frescas com casca
50 0 m L a z e i t e d e o l i v a
1 vagem de baunilha
12 camares descascados frescos
100 mL caldo
50 m L d e c r e m e d e l e i t e f r e c o
1 . Co l o q u e n o p r a t o o p e i xe , o c r e m e
de ervilhas, e os trs camares
distribuidos ao redor do mesmo
assim como o molho.
2 . Co l o q u e p e d a o s d e f a v a d e b a u n i l h a p a r a d e c o r a r.
20 0 g d e m a n t e i g a c o m s a l
MODO DE PREPARO
1 . Co r t e o b e i j u r i r e m p e d a o s ( s u p r e m o s ) d e 20 0 g .
2.Infunde em 400 mL de baunilha,
leo e reserve.
3 . Co z i n h e a s e r v i l h a s e m g u a e s a l
p o r c e r c a d e 4 m i n . Co m a a j u d a
d o l i q u i d i f i c a d o r, t r i t u r e a s e rv i l h a s c o m 1 25 g d e m a n t e i g a e
reserve.
4.Misture a manteiga restante com
o caldo e o creme de leite. Leve
ao fogo.
5 . Aq u e a o c r e m e d e l e i t e e a s a l s a ,
tomando cuidado para que ambos
n o aqueam acima de 5C.
6 . U t i l i z e a m i s t u r a d o l i q u i d i f i c ador no molho de manteiga com a
i n t r o d u o d e a r, o b t e n d o a s s i m
uma espuma que contribui para o
molho.
7 . Aq u e a o l e o a c e r c a d e 7 0 C .
8 . Co l o q u e o p e i xe p o r c e r c a d e
4min. Em seguida, retire o leo e
m a n t e n h a- o q u e n t e .
9 . Co l o q u e o p e i xe n a g r e l h a a t q u e
sua pele fique dourada e crocante.
1 0 . Pa s s e o c a m a r o t a m b m n a
chapa.
8
Beijupir - Livreto - Miolo.indd 8
Molho de lula
INGREDIENTES
1 kg d e b e i j u p i r
2 grandes lulas
06/07/2011 14:25:27
06/07/2011 14:25:27
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
246
(4 pessoas)
MODO DE PREPARO
1 kg de beijupir
10 mL de leo
10 g de sal
5g de pimenta
100 g de farinha de trigo
2 ovos batidos
3 ramos de salsa picada
500 mL de leo de girassol (para fritar)
1 . Co r t e o p e i xe , t e m p e r e c o m s a l e
pimenta e frite. Reserve.
2.Limpe, descasque e lave os leg u m e s . Co r t e - o s e m b r u n o i s e e
b r a n quei-os. Descasque e pique os
tomates.
3.Refogue os legumes na manteiga
por 10 min.
4 . Co z i n h e o t o m a t e c o m o v i n h o
branco por 5 min.
5 . Ad i c i o n e o c a l d o d e p e i xe e o a m i do de milho diludo, os temperos
e cozinhe por 1/2 h.
6.Refogue o camaro no azeite,
flambe-o, retire do fogo. Junte as
caudas e cabeas de camaro e
t r i t u r e n o p r o c e s s a d o r.
7 . Ad i c i o n e o t r i t u r a d o e o s u c o
o r i u n d o d o f l a m b a d o e d e i xe f e rver por 1/2 h.
8 . Tr i t u r e , d r e n e , f e r v a e a d i c i o n e
sal a gosto. Mantenha quente.
8 camares mdios
MOLHO DE CAMARO
50 0 g d e c a m a r o
2 L de fumet de peixe
150 g m a n t e i g a c o m s a l
10 mL de leo
30 g de amido de milho
150 g d e c e b o l a
150 g d e a l h o
150 g d e c e n o u r a
50 0 g d e t o m a t e
250 m L d e v i n h o b r a n c o
10 mL de brandy
20 m L d e c r e m e d e l e i t e f r e s c o
8 caudas de camares
1,5 L de creme de leite
Pimenta cayenne a gosto
Salsa picada a gosto
Sal a gosto
Apresentao do prato
1 . Co l o q u e o p e i xe n u m p r a t o d e
b a r r o , c u b r a c o m m o l h o e c a m ar o e l e v e a o f o r n o a 20 0 C p o r
9 min.
2. Sirva polvilhado com salsa picada .
MODO DE PREPARO
10
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Guarnio
1 . Co r t e a s l u l a s e m t i r a s . S e p a r e o s
tentculos. Metade deles devem
ser cortados, e a outra metade reservada .
2 . Co r t e o s l e g u m e s e m b r u n o i s e .
3.Refogue-os no leo, acrescente o
tomate, o colorau e a tinta das lulas.
4 . Te m p e r e c o m s a l , f o l h a d e l o u r o
e salsa.
5 . Ad i c i o n e o s c u b o s d e l u l a , o c a l d o
d o p e i xe e o a a f r o t o r r a d o .
6 . Co z i n h e o a r r o z m e xe n d o s e m p r e .
Te m p e r e c o m s a l a g o s t o .
7 .O a r r o z d e v e s e r d o t i p o r i s o t o
cremoso.
8.Grelhe os tentculos de lula em
uma panela bem como o restante
da lula.
Molho holands
250 g d e G h e e
2 gemas de ovos
2 gotas de suco de limo
2 gotas de gua
Sal a gosto
Arroz preto
50 0 g d e a r r o z d e g r o s r e d o n d o s
1 , 5 L e s c a l f a d o c a l d o d e p e i xe
1 cebola
2 tomates
100 g de pimento vermelho
100 g de pimeto verde
2 dentes de alho
10 mL de leo
2 ramos de salsa
10 g de sal
1 folha de louro
2 g de aafro
Tinta de 2 lulas
1 . M o n t e o p r a t o e m c a m a d a s a l t e rn a d a s d e l e g u m e s e p e i xe .
2 . Decore com molho de reduo de soja
e maionese de wasabi ou all-i-oli.
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(4 pessoas)
2. Lave e escorra o arroz antes de cozinhar em uma panela grande para
evitar que os gros se grudem.
3. Adicione a gua, leve at a fervura por 4 min. Deixe ferver por mais
10 min. com a panela tampada, em
fogo baixo.
4. Depois de cozido deixe o arroz descansar por 5 min. tampado, fora do
fogo.
5. Em seguida tempere o arroz com
com vinagre de arroz, sal e acar.
INGREDIENTES
300 g de arroz
350 mL de gua
1 colher de sopa de vinagre de arroz
1 colher de sopa de acar
2 colheres de ch de sal
MODO DE PREPARO
Beijupira uramaki
(4 pessoas)
Molho
Apresentao do prato
MODO DE PREPARO
Beijupir
1 . Co l o q u e o b e i j u p i r s o b r e a s t i r a s
de lula.
2 . R e t i r e o p e i xe d o l q u i d o , c o l o q u e
o m o l h o e d e i xe g r e l h a r.
3 . Co l o q u e o a r r o z q u e n t e e d e c o r e
com alho por crocante e a salsinha.
1 . Co r t e o p e i xe .
2.Prepare o caldo com os legumes
em brunoise, a gua, o vinho e os
t e m p e r o s . F e r v a t u d o e d e i xe e s f r i a r.
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
1 . Co l o q u e u m a l m i n a d e f i l m e
plstico em uma esteira de sushi,
em seguida coloque uma folha de
13
12
Beijupir - Livreto - Miolo.indd 12
Apresentao do prato
11
1 kg de beijupir
1 alho por
1 cebola
1 cenoura
1 ramo de louro
15 g d e s a l s a
1 L de gua
500 mL de vinho branco
Sal a gosto
Pimenta a gosto
INGREDIENTES
50 0 g d e b e i j u p i r
1 ovo
300 g de farinha de trigo
300 mL de gua fria
2 cenouras
4 aspargos frescos verdes
1/2 pimenta vermelha
1/2 beringela
1/2 nabo
1 L de leo de girassol
8 camares
50 g d e m a c a r r o c h i n s
1 clara de ovo
1 dente de alho
150 g d e m a i o n e s e d e Wa s a b i
Azeite
Sal
06/07/2011 14:25:27
06/07/2011 14:25:28
247
Beijupir yakitori
pessoas)
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
1 . Co r t e a a l g a a o m e i o .
2.Modele o arroz formando cones.
3 . Co l o q u e a l g u n s g r o s d e a r r o z e m
(4 pessoas)
Apresentao do prato
1 . Co l o q u e o b e i j u p i r s o b r e o a r r o z .
Envolva com uma tira de alga
seca.
2 . Po l v i l h e c o m o v a s d e p e i xe v o ador e cebolinha picada.
3.Sirva com molho de soja.
MODO DE PREPARO
Apresentao do prato
MODO DE PREPARO
06/07/2011 14:25:28
GUARNIO
1 ramo de coentro
MODO DE PREPARO
MODO DE PREPARO
50 0 g d e b e i j u p i r
100 g de tomate concasse
cebola picadinha
25 m L d e s u c o d e l i m o
1 c o l h e r d e s o p a d e p i m e n t o p i c ado fresco
1 colher de ch de sal
colher de ch de acar
colher de ch de pimenta
colher de ch de guindilla apimentada (picada e sem sementes)
6 colheres de azeite
4 colheres de sopa de coentro picado
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COORDENAO
(4 pessoas)
5 . D e p o i s d e m a r i n a r, r e t i r e o p e i xe
do molho, seque-o com papel, e
reserve o lquido da marinada.
6 . Co l o q u e o p e i xe e m a s s a d e i r a u n tada ou na grelha. Em forno pr- a q u e c i d o a s s e o p e i xe . D e p o i s
agrege a marinada da panela, e
t e r m i n e e m f o r n o a 20 0 C .
7 . Pa r a o p u r , d e s c a s q u e a s b a t atas e cozinhe em gua. Depois
passe pelo amassador de alimentos e misture com manteiga clarificada, leite e wasabi.
8.Sirva os files de beijupir ao lado
do pur de batatas, dos molhos
feito com a marinada reduzida e
salpique com cebolinha picada.
50 0 g d e b a t a t a
100 g de manteiga
100 mL de leite
20 g d e w a s a b i
15
INGREDIENTES
3 . Co l o q u e o m o l h o d e s o j a , o s a q u
mirim e o acar numa panela peq u e n a . Aq u e a p a r a d i s s o l v e r.
4 . Co r t e a s f a t i a s d e b e i j u p i r n o e s p e t o , p a r a q u e m a n t e n h a u m f o rm a t o d e p e i xe .
5 . Co z i n h e n a g r e l h a o u n a c h a p a ,
umedecendo com molho frequentemente.
INGREDIENTES
50 0 g d e b e i j u p i r
3 colheres de sopa de molho de soja
2 colheres de acar
1 colher de sopa saqu
1 colher de sopa de saqu mirim
limo cortado
abacate
sal grosso
14
(4 pessoas)
EXECUO
APOIO
CRIAO E ARTE
FINANCIAMENTO
16
Beijupir - Livreto - Miolo.indd 16
06/07/2011 14:25:28
06/07/2011 14:25:28
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
C o n e s u s h i (4
248
ANEXO B. Material de divulgao contendo uma explanao sobre o beijupir, os objetivos do projeto e o cronograma e locais para realizao das atividades de gastronomia e degustao.
249
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
ANEXO C. Questionrio para avaliao da aceitao do beijupir cultivado junto a Chefs e cozinheiros de restaurantes, e professores e alunos de cursos de gastronomia.
Aluno ou professor
Outro
Qual?
Caractersticas sensoriais
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
Cor
Sashimi e sushi
Textura
Sabor
Cor
Ceviche
Textura
Sabor
Cor
Poch
Textura
Sabor
Cor
Grelhado na chapa
Textura
Sabor
Cor
Grelhado no forno
Textura
Sabor
Cor
Frito
Textura
Sabor
Cor
Peixada
Textura
Sabor
2.
3.
Ceviche
Poch
Grelado na chapa
Frito
Peixada
Outro
Qual?
Grelhado no vapor
Por ocasio da compra, qual a forma de apresentao que voc gostaria de adquirir o beijupir?
Inteiro/eviscerado
Outro
Fichas.indd 1
Posta
Lombo
Especifique:
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250
ANEXO C. Continuao.
4.
Por ocasio da compra, qual seria o peso ideal do beijupir eviscerado e seu respectivo preo apropriado?
Peso ideal
5.
6.
kg
Preo apropriado
R$
/kg
Colocar em ordem decrescente de importncia os fatores mais desejados no momento da compra do pescado.
Coloque do mais importante (1) ao menos importante (7).
Qualidade (frescor)
Tamanho padronizado
Regularidade de fornecimento
Preo
Forma de apresentao
Alternativa de fornecimento
Outro
Especificar
Indique com a letra "X" as equivalncias do beijupir em termos das qualidades sensoriais com relao :
Espcie
Superior
Equivalente
Inferior
No sabe
Cavala
Pescada amarela
Salmo
Surubim
Robalo
Pangasus
Tilpia
Tambaqui
Dourado
Sirigado/badejo
Fichas.indd 2
21/06/2011 16:43:35
251
1.
Caractersticas sensoriais
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
Cor
Sashimi
Textura
Sabor
Cor
Ceviche
Textura
Sabor
Cor
Poch
Textura
Sabor
Cor
Na chapa
Textura
Sabor
2 Indique com a letra "X" as equivalncias do beijupir em termos das qualidades sensoriais com relao :
Espcie
Superior
Equivalente
Inferior
No sabe
Cavala
Pescada amarela
Salmo
Surubim
Robalo
Pangasus
Tilpia
Tambaqui
Dourado
Sirigado/badejo
Fichas.indd 4
21/06/2011 15:05:02
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
252
ANEXO E. Questionrio para avaliao da aceitao do sashimi de beijupir junto a restaurantes japoneses.
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
Cor
Textura
Sabor
2.
O sashimi de beijupir poderia ser oferecido como peixe branco junto ao atum e ao salmo?
Sim
No
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
Cor
Textura
Sabor
2.
O sashimi de beijupir poderia ser oferecido como peixe branco junto ao atum e ao salmo?
Sim
Fichas.indd 3
No
21/06/2011 15:05:01
253
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe em tiras e adicione o sal.
2) Coloque a farinha de trigo, o panko e o ovo batido
em pratos diferentes.
3) Passe as tiras de peixe na farinha de trigo, em seguida no ovo e depois no panko.
4) Frite o peixe em leo quente at que esteja dourado
e crocante.
5) Em seguida, retire-o e coloque em papel toalha de
cozinha para absorver o excesso de leo.
APRESENTAO DO PRATO
Apresente em taa decorando com limo cortado e sirva com molho de soja.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
255
257
MODO DE PREPARO
1) Unte uma assadeira com azeite e coloque para assar
a cebola, o tomate e o pimento. Quando estiver
bem assado, quase queimando, mexa e coloque o
alho, o po, a castanha e o tomate seco. Coloque de
volta ao forno por mais 5 min.
2) Deixe assar com cautela, de maneira que as castanhas, o po e o tomate seco no queimem.
3) Bata cinco vegetais assados utilizando um mix. Em
seguida, passe por um chinoa e tempere com sal,
pimenta, vinagre e azeite, mexendo sempre para
emulsion-Ios.
4) Depois de retiradas as espinhas, corte o peixe ao
meio e tempere com sal e pimenta.
5) Corte as batatas em chip, e coloque em manteiga
clarificada com um pouco de suco de limo.
6) Coloque as batatas na superfcie do peixe simulando
escamas.
7) Frite primeiro o peixe na chapa com a superfcie
onde colocou as batatas para baixo. Depois vire o
peixe na assadeira, de maneira que as batatas, j
fritas, fiquem em cima.
8) Em seguida leve ao forno mdio, pr-aquecido, por
5 min., para finalizar.
9) Faa o molho romescu e reserve em banho-maria.
10) Grelhe os tomates cereja cotados ao meio e frite as
castanhas em leo.
APRESENTAO DO PRATO
Coloque primeiro sobre o prato o molho romescu, e por cima, o peixe. Decore com o tomate
grelhado e com as castanhas.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
258
259
MODO DE PREPARO
1) Corte fils de peixes obtidos a partir do lombo.
2) Descasque uma laranja, tendo o cuidado de remover
apenas a parte externa. Corte em tiras.
3) Coloque a casca no leo de dend, e deixe infundir
lentamente sem que se queime, para que se impregne o aroma.
4) Descasque o camaro e posteriormente frite as cabeas e as cascas no leo dend, deixando soltar o
caldo.
5) Corte em fatias finas a outra laranja, passe acar
em ambos os lados e frite em uma frigideira.
6) Introduza o peixe no leo aromatizado.
APRESENTAO DO PRATO
Para empratar, coloque no centro a laranja caramelizada, sobre ela o peixe confitado e por cima
o azeite aromatizado. Acompanhar com camaro grelhado, tomate cereja grelhados e polvilhe
sal e salsa picada.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
261
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
263
INGREDIENTES
1) 1 kg de beijupir.
2) 200 g de bacon em fatias.
3) Quatro ramos de alecrim.
4) Pimenta.
5) Sal.
PARA O MOLHO
1) 1/2 L de vinho tinto.
2) 1 kg espinhas de beijupir (carcaa torrada).
3) 1/2 L de caldo de peixe.
4) Um talo de salso.
5) Uma cebola.
6) Dois alhos franceses.
7) 1 kg de cenoura.
8) Uma folha de louro.
9) 20 g de salsa.
10) 10 mL de azeite.
11) 15 g de amido de milho.
12) Sal.
DO BEIJUPIR
Enrole os lombos de peixe sem pele com bacon, deixando dentro um ramo de alecrim. Asse o
enrolado de peixe sobre os legumes, em forno a 200OC por 9 min.
APRESENTAO DO PRATO
Em um prato de sopa, coloque o molho de vinho e por cima as verduras. Depois, os enrolados
de peixe e a manga. Decore com salsa frita.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
265
INGREDIENTES
1) 1 kg beijupir.
2) 10 mL de leo de girassol.
3) 10 g de sal.
4) 5 g de pimenta.
5) Oito camares mdios.
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe, tempere com sal, pimenta e frite-o. Reserve. Lave e descasque os legumes. Corte-os em brunoise e branqueie-os. Descasque e pique os tomates.
2) Refogue cinco legumes na manteiga por 10 min.
3) Adicione o tomate, o vinho branco e cozinhe por
mais 5 min.
4) Adicione o caldo de peixe e o amido de milho diludo.
Tempere e cozinhe por 1/2 h.
5) Refogue o camaro no leo de girassol e flambe-o.
Retire do fogo, junte caudas e cabeas e triture-as no
triturador.
6) Adicione o bagao e o suco do flambado com o fundo
anterior e deixe ferver por 1/2 h.
7) Triture, ferva, retire a espuma e retifique.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Beijupir gallega.
266
267
1 kg de postas de beijupir.
1 kg de batata.
Uma cebola.
Uma folha de louro.
20 g de salsa.
10 mL de azeite.
10 g de pprica.
Sal
MODO DE PREPARO
1) Prepare um caldo de peixe com as espinhas
APRESENTAO DO PRATO
Coloque as batatas com azeite no prato, ao lado do peixe. Polvilhe com pprica.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Beijupir gallega.
269
INGREDIENTES
1) 800 g de lombo de beijupir.
2) 25 g de pimento assado.
3) 40 g cebola vermelha.
4) Suco de duas laranjas.
5) Cebolinha fresca.
6) 10 mL de leo de girassol.
7) 5 mL de vinagre balsmico.
8) Quatro gotas de tabasco.
9) Trs unidades de pimenta do
reino.
10) Trs unidades de pimenta vermelha.
11) 10 mL de azeite.
12) Um dente de alho.
13) Oito camares.
14) Um ramo de salsa.
15) 5 g de pprica.
MODO DE PREPARO
1) Confite o peixe no azeite com alho frito em banho
-maria a 65C, por 6 min.
2) Retire e doure na chapa com a pele para baixo.
3) Ponha a cebola cortada em julienne em um marinado
com suco de laranja.
4) Asse os pimentes vermelhos e corte em tiras finas.
Refogue-os com alho.
5) Faa um fundo com cebolinha fresca picada, leo,
vinagre, uma pitada de tabasco, pimenta do reino e
pimenta vermelha.
6) Descasque os camares, coloque um palito por dentro deles para no perderem a forma, e salteie na
prancha.
APRESENTAO DO PRATO
Apresente com a cebola e o pimento no fundo do prato. Em seguida, coloque o pedao grande
de peixe por cima com os camares ao lado. Polvilhe com salsa, alho e pprica.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
270
271
INGREDIENTES
1) 1 kg de beijupir.
2) Um alho por.
3) Uma cebola.
4) Uma cenoura.
5) L de vinho branco.
6) Uma folha de louro.
7) 20 g de salsa.
8) Sal.
9) Pimenta.
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe.
2) Prepare o caldo de peixe com alho-por, cebola,
cenoura, folha de louro, salsa cortada em brunoise,
gua, vinho e tempere com sal e pimenta. Ferva, coe
e deixe esfriar.
3) Mergulhe o peixe no caldo lentamente, sem deixar
ferver (cerca de 70C) por de 15 min.
4) Utilize o caldo para fazer o arroz.
DO ARROZ
1) Corte as lulas em tiras. Separe os tentculos, corte a
metade deles. Reserve a outra metade.
2) Corte os legumes em brunoise e refogue-os em
leo.
3) Acrescente o tomate, o arroz e a tinta.
4) Adicione as tiras de lula, o caldo do peixe e o aafro
torrado.
5) Cozinhe o arroz mexendo sempre. Tempere com sal,
folha de louro e salsa. Ao final, ele deve assemelharse a um risoto cremoso.
6) Grelhe a poro reservada dos tentculos da lula em
uma panela.
PARA O MOLHO HOLANDS
1) Bata as gemas de ovos com o suco de limo em banho-maria, at atingir trs vezes o volume inicial.
2) Adicione a manteiga clarificada pouco a pouco.
3) Tempere com sal e pimenta.
4) Mantenha a temperatura do banho-maria a 50C.
APRESENTAO DO PRATO
Coloque primeiro o arroz. Sobre ele coloque as tiras de lulas. Por cima, coloque o peixe e cubra
com molho holands e glaseie com a salamandra. Decore com salsinha.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Beijupir em orly.
272
Beijupir em orly.
Para quatro pessoas
INGREDIENTES
1) 500 g de beijupir (em tiras).
2) 25 g de fermento.
3) Uma lata de cerveja.
4) 250 g de farinha de trigo.
5) 10 g de salsa.
6) 1/2 L de leo.
7) Um limo.
8) Sal.
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe em tiras e tempere com sal.
2) Prepare a massa colocando o fermento em uma tigela com um pouco de sal. Adicione a cerveja e misture.
Adicione a farinha de trigo aos poucos, mexendo delicadamente at que a massa fique espessa.
3) Passe as tiras de peixe na massa e frite em leo quente at que estejam douradas e crocantes.
4) Retire e coloque em papel toalha para absorver o excesso de leo.
APRESENTAO DO PRATO
Decore numa taa com limo cortado e salsa.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
273
275
INGREDIENTES
1) 1 kg de beijupir.
2) Quatro aspargos verdes.
3) Uma abobrinha.
4) 10 cogumelos shiitake secos.
5) 1 mL de creme de leite fresco.
6) Uma cebola.
7) 25 g de manteiga.
8) Salsa.
9) Pimenta.
10) Sal.
MODO DE PREPARO
1) Coloque os cogumelos por 6 h em gua morna para
hidratar. Em seguida, retire-os e corte em julianne,
reservando os talos.
2) Pique a cebola e refogue na manteiga. Adicione os
cogumelos em julienne e os talos. Salteie at ficarem
macios.
3) Adicione no refogado o creme de leite e tempere
com sal e piment. Deixe reduzir.
4) Faa quatro cortes (incises) no peixe, sem realmente separ-Io em pores. Preencha em incises com
cogumelos cortados em julienne. Feche as incises
com um palito.
5) Coloque o peixe temperado numa forma untada e
leve ao forno pr-aquecido, a 180e por 7 min.
6) Corte os aspargos ao meio, longitudinalmente, e a
abobrinha em rodelas. Salteie essas rodelas em ambos os lados em uma panela.
APRESENTAO DO PRATO
Para empratar, coloque a abobrinha no centro e por cima os aspargos. Depois o peixe e, em seguida, o molho de shiitake. Decore com salsinha.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Sashimi de beijupir.
276
277
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe em ngulo tirando fatias de 1/2 cm de
espessura.
2) Misture o Wasabi em p com o vinagre de arroz.
Modele.
3) Descasque o abacate e corte em fatias semelhantes
s do peixe.
APRESENTAO DO PRATO
Coloque no prato, alternando o peixe e o abacate. Sirva com molho de soja.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Sashimi de beijupir.
Tarta de beijupir.
278
279
MODO DE PREPARO
sem espinhas.
2) Oito camares.
3) cebola.
4) 20 g de alcaparras.
5) 20 g de azeitonas.
6) 10 g de anchova.
7) Uma gema de ovo.
8) 20 g de salsa picada.
9) 20 g de coentro picado.
10) 10 mL de azeite.
11) 10 mL de molho Ingls.
12) Algumas gotas de tabasco.
13) Sal.
14) Pimenta.
APRESENTAO DO PRATO
Para empratar, coloque no centro do prato um aro redondo para moldar o tarta. Retire o
aro e por cima do tarta coloque a gema de ovo. Decore com salsa picada e alcaparras.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
Tarta de beijupir.
Ceviche de beijupir.
280
281
Ceviche de beijupir.
INGREDIENTES
1) 500 g de beijupir.
2) 100 g de tomate concasse.
3) cebola picadinha.
4) 25 mL de suco de limo.
5) Uma colher de sopa de pimento picado fresco.
6) Uma colher de ch de sal.
7) colher de ch de acar.
8) colher de ch de pimenta.
9) colher de ch de guindilla
apimentada (picada e sem
sementes).
10) Seis colheres de azeite.
11) Quatro colheres de sopa de
coentro picado.
MODO DE PREPARO
1) Corte o peixe em pedaos de cm de largura e 2 cm
de comprimento.
2) Coloque em uma tigela e misture com metade do
suco de limo.
3) Deixe marinar por 10 min.
4) Em outra tigela, misture o suco de limo, a cebola, o
vinagre, o sal e a pimenta. Deixe marinar por 10 min.
5) Adicione os tomates, os pimentes, o azeite e o peixe.
APRESENTAO DO PRATO
Apresente em taa decorando com coentro.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
283
MODO DE PREPARO
1) Descasque a laranja, aproveitando somente a parte exterior.
2) Deixe infundir a casca no azeite baixa temperatura.
3) Confite o beijupir neste azeite durante 10 min., sem
que chegue a dourar.
4) Misture a castanha de caju triturada com clara de ovo
e o lombo.
5) Triture a manga at obter um pur, penerando depois
para refinar.
6) Escaldar a lima, cortada em julienne, em gua quente.
7) Prepare um crujiente de laranja, introduzindo rodelas
finas entre duas folhas de papel de forno com pouca
acar, deixando-os secar a 80oC durante 90 min.
APRESENTAO DO PRATO
Para empratar, coloque como base o pur, sobre ele o lombo de beijupir e decore com lima em
julianne, com tomate cereja e um ramalhete de hortel.
Raul Malvino Madrid, Victor Perez Castao, Roland Carlos Wiefels et al.
285
Captulo 15
BOLETIM INFORMATIVO BEIJUPIR NEWS: UMA FERRAMENTA DE PROMOO E DIVULGAO DO CULTIVO DO
BEIJUPIR
15.1. APRESENTAO
O Beijupir News foi um boletim informativo
editado entre os anos 2011 e 2013 como parte
das metas do projeto de estudo econmico e de
mercado que comps a Sub-Rede de Pesquisa
Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do
Brasil aprovada em Edital pblico No. 036/2009
Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/
MPA, Processo CNPq No. 559527/2009-8.
O Beijupir News transps as expectativas iniciais, j que no se limitou somente a
divulgar informaes nacionais e internacionais
existentes sobre o cultivo do beijupir na mdia.
O informativo identificou e contatou personalidades de notrio saber, no mbito mundial e
nacional, representando toda a cadeia produtiva
do cultivo do beijupir. Estes se prontificaram a
escrever artigos tcnicos especialmente para o
Beijupir News ou forneceram entrevistas, cujas
perguntas foram formuladas pelo seu Editor.
Entre alguns exemplos, podem ser destacadas as entrevistas com:
Oyvins Karlsen, Gerente Geral da Aqualine Chile Ltda., empresa norueguesa
(www.aqualine.no), radicada no Chile.
A brilhante entrevista abordou a importncia do uso das gaiolas flutuantes no
cultivo de peixes marinhos (Beijupir
News Ano I No. 2);
Carlos Wurmann, Consultor internacional
em Aquicultura, ex-Diretor da Fundao
Chile, responsvel pela implantao do
286
BOLETIM INFORMATIVO BEIJUPIR NEWS: UMA FERRAMENTA DE PROMOO E DIVULGAO DO CULTIVO DO BEIJUPIR
287
das em fonte oficiais, como as da FAO. Algumas
personalidades entrevistadas no Beijupir News
empreenderam o mximo esforo possvel para
recomendar o caminho correto a ser seguido, em
termos de polticas pblicas, para o desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil.
A seguir so apresentados, na ntegra, os
nove nmeros do Beijupir News publicados
durante a vigncia do projeto Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum, Cultivado no Nordeste do Brasil aprovada em Edital pblico No. 036/2009 Chamada
2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/MPA, Processo CNPq No. 559527/2009-8.
(LABOMAR/UFC) por sua presteza e profissionalismo em disponibilizar eletronicamente o Beijupir News no sitio do LABOMAR. Este trabalho
foi desenvolvido no mbito da Sub-Rede de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica Nutrio, Sanidade e Valor do Beijupir, Rachycentron canadum,
Cultivado no Nordeste do Brasil (Sub-Rede
Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE), apoiado com recursos aprovados no Edital 036/2009
Chamada 2, MCT/CNPq/CT-AGRONEGCIO/
MPA, Processo CNPq No 559527/2009-8. O primeiro autor foi bolsista do CNPq em Desenvolvimento Tecnolgico e Industrial (DTI), Nvel 1
(Processo CNPq No 382825/2010-1).
AGRADECIMENTOS
Maio/2010
ANO 1
No 1
BEIJUPIR NEWS
Foi muito louvvel a ao do Ministrio da Pesca e Aquicultura
(MPA) de repassar recursos financeiros ao CNPq para que,
mediante o Edital MCT/CNPq/CT-Agronegcio/MPA No 036/2009,
na Chamada 2, fossem apresentados projetos para estimular a
criao e a estruturao de uma Rede de Pesquisa e Tecnologia
em Piscicultura Marinha, visando a viabilizao da produo
comercial de espcies pisccolas marinhas.
Nesse Edital, entre as espcies prioritrias estava o beijupir que,
alis, j apresenta o incio de uma produo experimental de
alevinos e de engorda em gaiolas no mar no Estado de Pernambuco,
onde existe uma empresa que obteve do Governo Federal uma
concesso de 163 hectares. Deve-se ressaltar que essa empresa
iniciou os trmites para o licenciamento da rea de cultivo em
05/05/2006 e obteve a concesso somente em 14/08/08. Outras
iniciativas ainda em carter experimental de produo de alevinos de
beijupir encontram-se no Rio Grande do Norte e na Bahia. Tambm,
em diferentes Estados do Nordeste existem vrios produtores
fazendo experincias de engorda de beijupir em viveiros escavados.
chegada a hora para que a iniciativa privada e a Academia,
coordenada pelo MPA, se unam em prol de um desenvolvimento
da aquicultura com pilares slidos de sustentabilidade.
inconcebvel que no Brasil com mais de 8.500 km de linha de
costa no existam projetos de produo comercial de peixes
marinhos, mesmo com o grande potencial do mercado interno
representado por quase 200 milhes de habitantes. Para suprir as
necessidades de consumo, no ano passado, o Pas importou 244
mil toneladas (US$ 720 milhes) de produtos pesqueiros.
Nesta edio:
Editorial
Produo mundial
de beijupir
Entrevista
O que o beijupir
tem?
Importao
brasileira de salmo
Peixada cearense
R. MadridEditor
No perodo analisado o
aumento da produo
mundial de beijupir foi de
493%, em grande parte
oriunda da aquicultura,
TM MIL
A produo mundial de
beijupir foi de 40,34 mil
toneladas em 2007, das
quais 74% correspondem
produo aqucola e 26%
pesca. Em 1998, a
aquicultura respondia com
14% da produo de
beijupir e a pesca com
86%.
20
15
10
5
0
1998
Fonte : Fishstat/FAO
1999
2000
2001
2002
AQUICULTURA
2003
2004
PESCA
2005
2006
2007
ENTREVISTA
menor
custo
monetrio,
disponveis
regionalmente.
Sabe-se tambm muito pouco
sobre as doenas de maior
ocorrncia durante o cultivo,
como diagnostic-las e tratlas.
Existem
tambm
perguntas sobre a valorao
econmica da espcie, formas
de apresentao do produto,
mercado
disponvel,
rentabilidade
do
negcio.
Queremos responder estas
questes bsicas durante a
execuo de nossa pesquisa
que concentrar esforos nas
reas de nutrio e engorda,
sanidade e biossegurana,
beneficiamento, mercado e
valor agregado.
Quais sero as instituies
participantes
e
sua
responsabilidade?
So trs as instituies
envolvidas na sub-rede: 1) a
Universidade
Federal
do
Cear - UFC atravs de trs
projetos de pesquisa do
Labomar -Instituto de Cincias
do Mar coordenados pelo Dr.
Raul
Madrid
(viabilidade
tcnico-econmica
e
mercado), pela Dra. Tereza
Cristina Gesteira (sanidade e
biossegurana) e um sob
minha coordenao (nutrio),
com apoio do Dr. Marcelo
Vincius do Carmo e S; 2) a
Universidade Federal do Semi
-rido (UFERSA) onde sero
executados dois sub-projetos,
um sob a coordenao da
Dra. Celicina M. S. Borges
Azevedo (nutrio e engorda)
e outro coordenado pelo Dr.
Alex
Augusto
Gonalves
(abate,
processamento
e
agregao de valor); 3) a
Universidade de So Paulo
(USP) com a participao do
Dr. Daniel Lemos do Instituto
Oceanogrfico (IO-USP) que
executar um projeto pioneiro
sobre
metodologias
de
anlises
de
ingredientes
proticos para o beijupir. Na
funo de coordenador tenho
a
responsabilidade
de
estimular a colaborao entre
as
reas
temticas,
intensificando a coordenao
interna e promovendo a
integrao
institucional
e
disciplinar
durante
toda
execuo
das
pesquisas.
Teremos
tambm
reunies
semestrais
(presenciais
ou
teleconferncias), para avaliar o
progresso dos projetos de
pesquisa, diagnosticando os
problemas, compartilhando as
informaes,
avaliando
o
desempenho e implantando
aes corretivas e programadas,
quando se fizerem necessrias.
Dentro das minhas atribuies
esto tambm s competncias
legais definidas no Edital MCT/
CNPq/CT-Agronegcio/MPA No
036/2009,
dentre
elas
a
prestao de contas financeiras
e a consolidao do relatrio
tcnico final referente SubRede em questo.
Quais
so
os
recursos
envolvidos e o tempo de
execuo do projeto?
Foi aprovado um valor total de
R$ 959.508,92, sendo 41% para
custeio, 26% para capital e 34%
em bolsas. Temos a expectativa
de formar pessoal qualificado
para atuar neste novo segmento
de negcios da aquicultura
nacional, com a concesso de
17
bolsas
de
Fomento
Tecnolgico
e
Extenso
Inovadora. Todo o projeto ter
que ser executado dentro de um
perodo mximo de trs anos.
Qual ser o alcance do projeto
para a maricultura nordestina?
Esperamos responder perguntas
de interesse do setor produtivo e
que possam de fato contribuir
para o desenvolvimento da
piscicultura marinha no Pas.
Temos excelentes profissionais
envolvidos com as pesquisas e
sabemos que todos tero a
preocupao de refletir durante a
execuo dos projetos sobre a
aplicabilidade dos resultados e
as respostas que traro para a
indstria no Brasil. Ganhamos
um passe para aprender sobre
uma espcie que ter a mesma,
ou, maior importncia, que a
tilpia e o camaro marinho
cultivado tem hoje no mercado
domstico de pescados. Assim
embarcamos na linha de frente
de pesquisas em aquicultura.
Teremos o dever de compartilhar
os dados com a indstria da
forma mais assimilvel possvel
para que possa de fato trazer a
repercusso positiva esperada
para um aumento da oferta de
pescados no Brasil.
Santiago Caro
INFOPESCA
Encontrar uma espcie
ideal para o cultivo o
que se busca sempre
na aquicultura. A tilpia
satisfazia muito este
ideal:
espcie
resistente,
prolfica,
econmica e apetitosa.
Porm, quando esse
ideal parecia ter sido
alcanado, surgiu outra
espcie que parece
no s compartilha
essas caracterpisticas,
mas
tambm
a
superava. O texto que
segue uma reviso
bibliogrfica
que
objetiva aproximar-nos
ao que parece ser uma
grande protagonista do
futuro.
canadum)
uma
espcie cosmopolita,
pelgica, que prefere
guas tropicais e subtropicais. Tem hbito
solitrio, raramente
forma cardumes. Seu
corpo alongado em
forma de torpedo. A
cabea grande e
comprida.
Tem
colorao
marroacinzentada no dorso,
prateada nas laterais e
amarelada no ventre.
Outro diferencial que
afeta seu manejo no
cultivo a ausncia de
bexiga natatria. Os
adultos
silvestres
atingem uma mdia de
23 kg, e comprimento
variando entre 50 e 120
cm. Os machos ficam
maduros aos dois anos
de idade e as fmeas
aos trs anos. um
peixe muito voraz e
decididamente
carnvoro.
Os cientistas
asseguram
que o seu
crescimento
duas vezes
maior que o
salmo.
Sua textura
firme e a
suavidade de
seu paladar
so mritos
que justificam
seu uso na
gastronomia
japonesa de
sushis e
sashimis .
* Artigo modificado da
Revista
INFOPESCA
Internacional No 27
2006.
140
120
100
80
60
40
20
0
2000
Fonte: ALICEWEB/MDIC
2001
2002
2003
2004
US$ MILHO
2005
TM MIL
2006
2007
2008
2009
PEIXADA CEARENSE
Chef Bernard Twardy um conhecidssimo
profissional da gastronomia cearense e internacional
e um apreciador da textura do beijupir. Quando ele
consegue esse peixe fresco no perde a
oportunidade de fazer um ceviche ou salada
marinada em coco frio com limo taiti. O
beijupir fica muito gostoso depois de rigorosamente
filetado, removendo parte da carne mais escura
prxima s espinhas. Tambm pode ser preparado
na chapa, grelhado ou cozido, porm tem que ser de
forma vagarosa para no ressec-lo. A cor da carne,
para os mais leigos, possivelmente no muito atraente se comparada com
a de outras espcies nobres de carne mais branca. O Chef acredita que um
abate adequado permitiria a obteno de uma carne de cor mais clara. Ele
acha ainda que uma produo proveniente de cultivo levaria o consumo a
um patamar inimaginvel.
Ingredientes
2 kg de fil de beijupir;
4 pimentas de cheiro, uma bem
picada e as outras inteiras;
l limo para temperar;
Sal a gosto;
Azeite de oliva;
1 xcara
grosso;
de
coentro
1 xcara
picada;
de
cebolinha
06
tomates-caj maduros e
firmes cortados em gomos.
Preparo
picado
bem
REALIZAO
FINANCIAMENTO
APOIO
Julho/2010
ANO 1
No 2
BEIJUPIR NEWS
Partindo da premissa que o conhecimento a mola propulsora
para o desenvolvimento tecnolgico, preocupamo-nos nesta
edio em conseguir dados diretamente com quem tem a
informao. Escreveram especialmente para o Beijupir News:
Carlos Massad gerente geral da Marine Farms Vietnam; a
equipe de Daniel Benetti e Bruno Sanderberg, Miami (EUA); o
gerente geral da Aqualine Chile Ltda.; e nosso amigo espanhol
Victor Perez chef de cozinha. Tambm contamos com a
colaborao de Marcelo Nbrega e Rosangela Lessa da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mostrando
que o beijupir ocorre em todo o litoral nordestino. A todos o
meu muito obrigado.
Os especialistas em comercializao de produtos pesqueiros
avaliam em 1 milho de ton. o potencial de demanda do beijupir
nos mercados internacionais. Ser que a mdio prazo o Brasil
participar deste mercado? Ou continuaremos sendo o pas do
futuro? E, em vez de abastecer o mundo com essa apreciada
espcie, seremos grandes importadores, como j somos h
muito tempo, com a compra de grandes volumes de bacalhau e,
ultimamente, de salmo, e mais recentemente do famoso
pangassius? Aes concretas j foram iniciadas no Pas com a
formao de uma rede de piscicultura marinha. Soma-se a isto a
entrada da EMBRAPA na pesquisa tecnolgica em aquicultura,
inclusive do beijupir e, principalmente, o esforo do Ministrio
da Pesca e Aquicultura em financiar as instituies de pesquisa,
atravs do CNPq, com o objetivo de oferecer subsdios para
viabilizar comercialmente a produo do beijupir na zona
costeira do Brasil, principalmente nas Regies Norte e Nordeste,
onde existem condies mais apropriadas de cultivo.
A integrao das unidades de pesquisa e a participao da
iniciativa privada so pressupostos imprescindveis para
alcanar os objetivos almejados.
Nesta edio:
Editorial
O beijupir alcanar todo
seu potencial?
Entrevista: Gaiolas
flutuantes um elo da
cadeia produtiva.
Maturao, desova,
larvicultura e produo
comercial de alevinos de
beijupir
Variao batimtrica e
latitudinal da abundncia
do beijupir no Nordeste
Receitas do asturiano
Victor Perez Castao
VEJA TAMBM:
http://www.regjeringen.no/upload/kilde/fkd/bro/2005/0013/ddd/pdfv/255320-technical_requirements.pdf
3
MATURAO, DESOVA, LARVICULTURA E PRODUO COMERCIAL DE ALEVINOS DE BEIJUPIR
Bruno Sardenberg1, Daniel Benetti1, Patrick Brown1, Dan Farkas1, Sasa Miralao1, Drew Davis1, Zack Daugherty1,
Ronald Hoenig1, Aaron Welch1 e John Stieglitz1.
1
University of Miami - Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Science Aquaculture Program, 4600 Rickenbacker
Causeway, Miami, FL 33149 USA.
responsveis
por
praticamente
100% da produo aqucola de
beijupir. Porm, durante os ltimos
oito anos, pases da Amrica
Central, Caribe e Bahamas tm
empregado tecnologias avanadas
com o intuito de demonstrar a
viabilidade econmica e ambiental
do cultivo do beijupir em reas
expostas atravs da utilizao de
gaiolas submersas, SeaStation (Net
Systems LLC) e Aquapod (Ocean
Technologies LLC), e flutuantes.
Estes projetos so realizados em
colaborao com a iniciativa privada
(Snapperfarm, Inc., AquaSense LLC
e Open Blue Sea Farms) e
instituies de pesquisa (Cape
Eleuthera Institute e University of
Miami).
O
beijupir
(Rachycentron
canadum) uma espcie que
apresenta
excelentes
caractersticas biolgicas e de
mercado
para
o
desenvolvimento da aquicultura
comercial de peixes marinhos
em guas quentes.
normalmente
destinada ao mercado interno e/
ou atacadistas nos EUA, onde
comercializada em bullets, sem
cabea, vsceras e nadadeira
41
40
39
38
37
36
35
34
33
32
31
30
2
N
3
4
E
S
Piau
Cear
5
Rio Grande
do Norte
6
7
Oceano Atlntico
8
Pernambuco
9
Alagoas
10
Sergipe
11
12
13
Bahia
42
41
0
40
39
200
38
37
400
36
600
Isbata 50 m
Isbata 100 m
Isbata 1.000 m
CPUE (Kg/anzol/dia)
0.1 - 0.8
0.8 - 1.6
1.6 - 2.4
2.4 - 3.2
3.2 - 3.9
3.9 - 4.7
4.7 - 5.5
5.5 - 6.3
6.3 - 7
NoData
Land
Paraba
35
34
33
800
32
31
1000 Kilometers
30
7
8
9
10
11
12
13
Mortalidade
As taxas de mortalidade variam
muito dependendo da fonte de
juvenis, da poca do povoamento
nas gaiolas e dos tamanhos dos
mesmos. A mortalidade tem
variado de 60%, no incio do
cultivo dos piores lotes, para
menos de 15% nos melhores
lotes, com mdia entre 20 a 25%,
em cada despesca.
REALIZAO
FINANCIAMENTO
APOIO
Novembro/2010
ANO 1
No 3
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
Neste Beijupir News destaca-se, alm da entrevista com o consultor
Carlos Wurmann, a matria Cultivo do Beijupir em guas Marinhas Brasileiras
da Unio, elaborado pelo Diretor do Dept. de Aquicultura em guas da Unio
do Ministrio da Pesca e Aquicultura (MPA), Marcelo Sampaio, onde se
estabelecem as normas definitivas de ordenamento da piscicultura marinha no
que diz respeito outorga do espao fsico no mar territorial. Esse um grande
avano, mas somente o primeiro passo. Ao se comparar um campeonato de
corrida de carro com o ordenamento da maricultura, essa normatizao
corresponde to somente confeco das pistas de corrida. Falta selecionar a
forma de cultivo (tipo de corrida), definir a espcie a ser cultivada (escuderias),
contratar o gerente e treinar a mo-de-obra (piloto e equipe tcnica) e
desenvolver a tecnologia e estratgias de comercializao para ser competitivo
(patrocinadores e estratgia de corrida).
Produzir alevinos ou realizar a engorda de peixes no uma tarefa
difcil, qualquer tcnico da rea pode faz-lo sem grandes tecnologias, mas a
questo transformar essa forma de produo numa atividade lucrativa
permanente. Para isso, reconhecendo que estamos num mundo globalizado, e
que os grandes consumidores esto e continuaro protegendo seus mercados
em detrimentos dos pases produtores, o desenvolvimento tecnolgico deve ser
encarado como um processo contnuo. O que lucrativo agora pode no ser
amanh. Alguns anos atrs a carcinicultura marinha brasileira se destacava, no
mbito mundial, por suas vantagens competitivas e comparativas. No presente
momento a situao totalmente outra. Estamos cientes que para ser
competitivo, alm de conhecer os concorrentes, temos que saber as
implicaes econmicas cujos resultados esperados dependem dos quatro
pilares da zootecnia, que so: a gentica, a alimentao, a biossegurana e o
manejo, alm de uma integrao entre as geradoras de tecnologia e a iniciativa
privada. Um pouco de tudo isso apresentado nesta Edio.
Boa leitura.
Nesta edio:
Editorial
Rede de piscicultura marinha
Entrevista
Primeiro registro de
infestao
Importncia da avaliao
das populaes
Primeiro sistema
experimental
Modelagem econmica
Cultivo de beijupir em
guas marinhas
da Unio
Beijupir na melodia Asa
Branca
R. Madrid - Editor
2
Qual a situao da aquicultura
marinha mundial?
Os cultivos marinhos de moluscos e
crustceos, como o camaro, esto
bem desenvolvidos. Porm, o mesmo
no acontece com os cultivos de
peixes marinhos, que constituem,
atualmente, menos de 3% dos cultivos
mundiais. Isto ocorre, basicamente,
pela carncia de tecnologia e o longo
prazo do processo para desenvolv-la
at o nvel comercial (normalmente
entre 10 e 20 anos), situao que
requer consistncia e muitos recursos
financeiros. O Brasil, sem dvida, est
em dvida com seus cultivos de peixes
marinhos, pois, dispondo de um litoral
que excede os 8.000 km, ainda no
cultiva comercialmente peixe marinho
algum.
Porque o Brasil no participa dessa
produo?
Penso que, na verdade, no Brasil ainda
no houve uma verdadeira decisoPas, para impulsionar os cultivos de
peixes marinhos e, se houve, as
estratgias
utilizadas
no
apresentaram
os
resultados
esperados. At agora, o Brasil tem
preferido focar mais nos cultivos em
guas interiores, descuidando das
possibilidades de cultivo no mar, onde
eu vejo grandes expectativas de
desenvolvimento futuro. Como apontei,
o desenvolvimento do cultivo de peixes
marinhos, especialmente de espcies
nativas,
requer
consistncia
tecnolgica no tempo (10 ou mais
anos), alm de recursos financeiros, e
ambos tm faltado, entre muitas outras
coisas. Assim, quando o Brasil
realmente considerar seriamente essas
matrias, dever enfrentar ambientes
de mercado mais desafiantes e maior
competio
com
outros
pases
produtores. No Brasil me preocupam
os avanos errticos do cultivo de
beijupir, pois as demoras em
consolid-lo geraro a imagem de um
cultivo em dificuldades, ou de alto
risco e, ademais, complicaro a
insero das produes do Pas nos
mercados
internacionais.
Mesmo
assim, o que realmente importante
sobre o beijupir, o fato de ser um
peixe marinho que mostra o maior
avano tecnolgico no Brasil e, por sua
qualidade tem, sem dvidas, mritos
de mercado. Assim, essa espcie
deveria estabelecer-se como um
modelo dos cultivos de peixes
marinhos
no
Brasil
e,
em
consequncia, o que ocorrer com sua
produo ter um efeito destacado no
ENTREVISTA *
prestgio
ou
desprestgio
da
aquicultura marinha brasileira por
muitos anos.
Voc concorda que entidades
governamentais
esto
incentivando
o
cultivo
de
beijupir
offshore?
Creio que os conflitos com outros
usurios da zona costeira (turismo,
zonas urbanas, portos, pescadores
etc.) e o tardio desenvolvimento da
aquicultura marinha no Brasil, fazem
com que os cultivos de mdia e
grande escala de beijupir em
ambientes ocenicos sejam talvez a
melhor opo de curto prazo para o
Pas.
Nestes
ambientes,
os
produtores
encontraro
profundidades adequadas e os
conflitos, assim como possveis
efeitos
ambientais
negativos,
podero ser minimizados. Talvez
seja necessrio utilizar tanquesredes submersos e sistemas
altamente mecanizados, situaes
prprias de projetos de escala
superior a 1.000 ou mais toneladas
de
cultivo
anual
por
empreendimento. No entanto, estas
situaes
ainda
no
esto
recebendo o devido apoio das
autoridades, as quais, no meu
entendimento, deveriam encabear
o processo de desenvolvimento da
offshore,
apoiando
aquicultura
desde a criao do Instituto
Brasileiro de Aquicultura Ocenica,
gerando as normativas necessrias
e buscando os melhores incentivos
para essa desafiante etapa de
desenvolvimento pr-competitivo.
No Brasil existe tecnologia? H
limitao de mercado?
Atualmente
existe
tecnologia
razoavelmente
confivel
para
produzir juvenis de beijupir em
laboratrios em terra, com gua
marinha bombeada. Ainda falta a
formao de um bom plantel de
reprodutores
e
desenvolver
sistemas de manejo que permitam
obter desovas viveis durante a
maior parte do ano, para facilitar
ciclos produtivos com produes
contnuas, que o que os mercados
demandam. O Brasil ainda no
conhece bem os cultivos em
tanques-redes marinhos de grandes
dimenses, com mais de 20 m de
dimetro, e redes a mais de 1015 m de profundidade. Tampouco
tem experincia no manejo e
VIABILIZAO
DO
CULTIVO
COMERCIAL
DO
BEIJUPIR
Rachycentrum canadum (LINNAEUS,
1766) NO NORDESTE DO BRASIL/
Projeto integrado Sub-rede: BeijupirNutrio-Sanidade-Valor-NE. Antes de
se iniciar o cronograma de pesquisa
que foi aprovado pelo processo de
seleo do edital
referido acima,
resolveu-se realizar simulaes para
adequao e calibrao dos protocolos
locais de padres de procedimentos
com essa espcie, considerada uma
novidade para a grande maioria dos
pesquisadores e produtores envolvidos
ANO 1
No 3
Figura 1
Figura 2
CULTIVO DE BEIJUPIR
EM GUAS MARINHAS DA UNIO*
para
desenvolvimento
da
maricultura,
uma
piscicultura
Estados
do
da
ocorrncia
Federao.
do
beijupir
ambiente
em
esto
inseridos
Desta
piscicultura
para
promovendo
cultivo
do
beijupir
os
que
empreendimentos.
forma,
um
marinha
da
atividade produtiva.
sustentvel
no
conflituosa
pontos
insero
dos
regularizao
dos
empreendimentos aqucolas e na
*Marcelo Sampaio
Diretor do Dep. de Aquicultura
de guas da Unio
Ministrio da Pesca e Aquicultura
Para ver o texto completo
clique aqui.
REALIZAO
FINANCIAMENTO
APOIO
Janeiro/2011
R. Madrid Editor
ANO 2
No 4
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
impossvel deixar de mencionar uma das mais negativas notcias sobre a
piscicultura marinha brasileira, especificamente aquela referente ao cultivo de beijupir
(Rachycentron canadum) offshore, que relata o encerramento das atividades da
empresa AQUALIDER, aps quatro anos de luta para viabilizar esse tipo de cultivo no
Brasil.
A AQUALIDER foi pioneira em obter concesso para aquicultura em guas
marinhas da Unio, marco inicial da aquicultura legal no Brasil. Inaugurada em 13 de
fevereiro de 2009, na presena do presidente Lula, seu projeto compreendia a
instalao de 48 tanques-rede e a produo de 5 a 7 mil toneladas de beijupir/ano.
No evento de inaugurao o prprio Ministro da Pesca e Aquicultura, em seu discurso,
mencionou: aqui nasce a piscicultura marinha no Brasil.
Passaram-se menos de dois anos at o fechamento da AQUALIDER.
Entretanto, acreditamos que com a grandeza intrnseca deste Pas, associada
administrao da nova Ministra, esse evento negativo se transforme num motivo a mais
para colocar o Brasil entre os maiores produtores de piscicultura marinha do mundo,
considerando-se que: detm 8.500 km de linha de costa; condies climticas
privilegiadas, principalmente no Nordeste; e grande potencial para aumentar a
produo pesqueira. Este ltimo possibilitando a diminuio das importaes e
aumento das exportaes, sem menosprezar a funo estratgica que tem a
piscicultura offshore na proteo do mar territorial brasileiro, bem como possvel
atuao como o guardi de eventuais contaminaes biolgicas e qumicas.
No temos dvidas que a recuperao da piscicultura marinha somente ser
possvel levando-se em conta o aprendizado positivo e negativo do passado, e o
apoio expressivo do Governo Federal atravs da criao de um programa
multidisciplinar e multissetorial, que proporcione condies adequadas de estrutura
fsica, de recursos humanos, de facilidades para a entrada de capital e de tecnologia
de outros pases e, principalmente, pela criao de uma linha de crdito especial
para investimentos semelhante ao realizado com o Programa de
Desenvolvimento da Pesca Ocenica (PROFROTA).
Boa leitura.
Nesta edio:
Editorial
Pg.
Entrevista
Entrevista (cont.)
Piscicultura marinha na
Bahia
Superintendente do
ETENE visita o CEAC
Rede de piscicultura
marinha
Planos locais de
desenvolvimento da
Legalizao das
fazendas marinhas
Comercializao do
beijupir
Beijupir vendido
diretamente aos
ENTREVISTA*
Qual a situao atual do
cultivo de beijupir?
A produo de beijupir
atravs da aquicultura ainda est em
seu estgio inicial e, apesar de
existirem vrias iniciativas em diversos
pases da sia, Amrica e Caribe, a
maior parte dos cultivos comerciais
ainda , em sua maior parte,
representada por cultivos de pequena
escala com mo-de-obra familiar, e
poucos so os projetos de maior porte
que visam produo em grande
escala.
Esse assunto tem levantado
grande interesse por parte de
investidores brasileiros, que percebem
nesse
peixe
uma
excelente
oportunidade
para
suprir
uma
2
Nada pior do que dizer ao seu
cliente que seus peixes acabaram e que
voc s os disponibilizar novamente
para comercializao no ano seguinte.
Em suma: ou micro ou macro. No
existem empresas de porte mdio
nesse ramo e o negcio comea a se
automanter a partir de 10-12 jaulas.
Localizao correta - a localizao
da
fazenda
deve
considerar
a
proximidade de um ponto de apoio em
terra, alm de uma rea livre de conflitos
com outros usurios dos recursos
costeiros, isenta de poluio e com
reduzido trnsito de embarcaes. Na
aquicultura marinha, mais do que em
qualquer outra atividade de produo
animal, preciso manter uma constante
administrao de riscos. Vazamentos de
leo, de produtos qumicos, ocorrncia
de mars-vermelhas, colises com
embarcaes, furaces sub-tropicais,
predadores,
doenas,
roubos
e
vandalismo esto entre os principais
riscos. No Brasil, alguns empresrios
pensam
em
instalar
seus
empreendimentos em mar aberto para
fugir de problemas relacionados
poluio, entretanto, projetos off-shore
oferecem maior risco de coliso,
maiores
custos
operacionais
e
dificuldade de acesso nos meses com
mar agitado. importante observar que
ainda no existem projetos comerciais
de piscicultura marinha off-shore em
operao em pas algum. Esta uma
nova fronteira e tudo ainda
experimental. Os pases que esto
buscando
essa
opo,
possuem
dcadas de experincia em piscicultura
marinha,
j
esgotaram
sua
disponibilidade de reas abrigadas e
comeam a ter problemas sanitrios ou
ambientais. No Brasil dispomos de
regies costeiras recortadas com ilhas e
abrigos e, enquanto ainda somos
iniciantes nessa atividade, deveramos
explorar essas reas antes de partirmos
para os desafios e elevados riscos e
custos da maricutura off-shore.
Respeitar a biologia do peixe o
beijupir ainda uma espcie recente
para a aquicultura e uma srie de
ajustes ainda esto sendo realizados
em relao ao seu manejo. Portanto,
recomendvel
uma
postura
conservadora para evitar a exposio
maiores riscos do que os j inerentes
atividade. Por exemplo, no
aconselhvel
utilizar
elevadas
densidades de estocagem logo nos
primeiros ciclos. O beijupir no um
peixe
habituado
a
grandes
concentraes
em
cardumes.
prefervel comear com densidades
mais baixas e ir aumentando medida
que se conquista experincia com a
ENTREVISTA
(Continuao
aspectos
serem
felipe.suplicy@marineequipment.com.br
www.marineequipment.com.br
LOCALIZAO DO PROJETO
BIJUPIR NA BTS
Laboratrio
Bahia Pesca
MPA
Salvador
Figura. 1
Desenvolvimento em Piscicultura
Marinha
(Repimar),
cientistas,
gestores pblicos e empresrios
buscam desenvolver tecnologias para
Os
Planos
Locais
de
Desenvolvimento da Maricultura
(PLDM) so uma iniciativa do
Ministrio da Pesca e Aqicultura na
busca de um aprimoramento no
planejamento e no gerenciamento
da maricultura brasileira, fazendo
parte do Programa Nacional de
Desenvolvimento da Maricultura em
guas da Unio. Foram Institudos
oficialmente atravs da Instruo
Normativa SEAP n 17 de 22 de
setembro de 2005, os PLDM tm
por
objetivo
planejar
o
desenvolvimento da maricultura
utilizando ferramentas de microzoneamento numa escala municipal,
ou quando for o caso, promover
este planejamento para baas,
enseadas, lagoas costeiras ou
esturios.
O planejamento inicia com um
levantamento de informaes para
promover a melhor localizao de
fazendas marinhas, e envolvem a
elaborao de uma detalhada
caracterizao scio-ambiental da
rea de abrangncia do local, com
aspectos do meio fsico e biolgico,
das reas marinhas e reas
terrestres adjacentes aonde sero
instaladas as fazendas marinhas.
Nesta
caracterizao
sero
identificadas tambm as diversas
formas de ocupao da rea de
abrangncia,
considerando
os
mltiplos usos da rea, como a
pesca, o turismo, a navegao, o
lazer e as demais atividades
industriais e tradicionais. Os PLDM
facilitaro o acesso dos pequenos
maricultores
e
pescadores
artesanais s guas da Unio, uma
vez que o Estado est assumindo a
responsabilidade e os custos de
elaborao
dos
estudos
ambientais.
Um aspecto importante a
identificao
das
atividades
produtivas instaladas na rea
terrestre
de
entorno,
como
atividades
agropecurias
e
industriais que poderiam causar
impactos na maricultura atravs do
aporte de agrotxicos, pesticidas,
resduos industriais e esgotos
urbanos no mar e nos esturios.
Alm disso, a identificao das
Unidades
de
Conservao
Ambiental de uso restrito e de uso
sustentvel,
bem
como
a
observncia de seus respectivos
Planos de Manejo so importantes
componentes
integrantes
dos
PLDM.
elaborado
um
Plano
de
Gerenciamento e um Plano de
Monitoramento
Ambiental
visando a manuteno de sua
sustentabilidade
no
longo
prazo.
Entende-se
por
gerenciamento a definio dos
organismos que podero ser
cultivados em cada rea, em
funo das caractersticas do
local selecionado, a definio
Clique pressionando Ctrl para ter
acesso planilha. .
Legislao
(disponvel
para
Internet/GOOGLE).
especfica:
consulta
na
REALIZAO
FINANCIAMENTO
APOIO
Abril/2011
ANO 2
No 5
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
Nesta edio
Editorial
ENTREVISTA
Pg.
1
ENTREVISTA (cont.)
BASES PARA A
PISCICULTURA EM MAR
ABERTO NO BRASIL: O
PROJETO CAO DE
ESACMA EM PERNAMBUCO
AQUICULTURA OFFSHORE:
A LTIMA FRONTEIRA DA
REVOLUO AZUL
ALIMENTAO E SISTEMAS
DE ALIMENTAO NA
PISCICULTURA MARINHA
QUALIDADE - DESAFIO
PARA O SUCESSO
COMERCIAL DO BEIJUPIR
BEIJUPIR: UM DESAFIO
PARA A INDSTRIA DE
NUTRIO
ESTUDO DE RENDIMENTO
DO BEIJUPIR
(Rachycentron canadum)
CULTIVADO
O BEIJUPIR E OS TRS
TENORES DA
GASTRONOMIA CEARENSE
ENTREVISTA
Bernad Twardy
Nasceu na Alemanha, mas foi morar em Paris aos 3 anos de idade. Aos 15, entrou para a escola de
Aprendizagem de Cozinheiro. Tem Diploma Tcnico Superior de Cozinha pela Escola Hoteleira de
Paris. Em visita ao Brasil, conheceu Fortaleza. Em 1986, montou aqui o restaurante Via Paris. Trs
anos depois, foi convidado para trabalhar no Beach Park, onde hoje chef corporativo (Fonte: Guia
do Sabor).
Fernando Barroso
Autodidata, foi um dos pioneiros em Fortaleza com seu premiado espao, o Alimenta Bistr, onde
mergulhou na pesquisa especializada e na leitura dos clssicos da gastronomia. Em 2007, voltou-se
para o negcio de catering e para a atual atividade: consultoria em gesto e gastronomia. Seu
trabalho pode ser conferido em casas como DAbelle Bistr e, atualmente, no restaurante Medit. Em
2009, foi eleito Chef do Ano (Fonte: Guia do Sabor).
Elcio Nagano
Descendente de japoneses e nascido em Londrina-PR, chegou em Fortaleza h 13 anos. Engenheiro
mecnico por formao, aqui decidiu transformar o hobby de cozinhar em atividade profissional.
Nos dois primeiros anos, trabalhou com a esposa em catering. Em 2000 foi inaugurado o Kingyo,
que logo se tornou referncia na cidade. Nove anos depois, inaugurou o Soho, em parceria com o
empresrio Joo Mendona, que trouxe a grife de Salvador. (Fonte: Guia do Sabor)
2
Qual foi sua percepo do beijupir
cultivado
frente
ao
beijupir
proveniente da pesca, em termos de
odor, textura, cor, sabor e aparncia
geral?
Bernard Twardy
A degustao foi um sucesso de ponta a
ponta. O odor do beijupir comprado na
peixaria da Beira-Mar se propagou pelo
ambiente, o que no ocorreu com aquele
obtido do cativeiro, que teve odor
ausente.
A
firmeza
da
carne
surpreendeu a todos: agradavelmente
firme e, contrariando o que se pensa,
no seca, o que era de se esperar de
um peixe grande. Li que o beijupir
adulto marmoriza otimamente a gordura
quando atinge 35 kg. A cor clara, que era
o que eu mais esperava, foi constatada.
O processo de sangria do peixe vital e
talvez possa ser melhorado. Este um
fator determinante para o consumidor
final, que associa peixe-alvo com
qualidade. A tilpia, por exemplo,
quando bem processada, alcanou um
salto de qualidade.
Fernando Barroso
O fator determinante da qualidade o
processamento, o manuseio e a cadeia
de frio. Assim, o peixe cultivado foi
despescado e processado corretamente,
mantendo uma melhor qualidade quanto
ao odor, textura, cor e sabor. O peixe
proveniente da pesca sofreu o desgaste
da inadequada cadeia de frio, manuseio
e processamento.
Elcio Nagano
O beijupir cultivado muito melhor que
aquele oriundo da pesca em todos os
aspectos.
O beijupir cultivado fresco (24 h no
gelo) comparado com o beijupir
cultivado congelado (com cinco
meses de estocagem em frigorfico)
apresentou diferenas significativas
nos atributos descritos acima?
Bernard Twardy
A cadeia de frio foi correta e resultou em
um bom produto. No foram perceptveis
diferenas entre os peixes.
Fernando Barroso
Observou-se uma boa qualidade no
beijupir congelado, mas o peixe fresco
revelou os melhores atributos porque,
com cinco meses de estocagem, ocorreu
a desidratao natural do produto
congelado. Se tivesse sido embalado a
vcuo teria perdido menos umidade.
Elcio Nagano
ENTREVISTA
(cont.)
As
diferenas
no
foram
significativas, mas para a comida
japonesa (shis&sashimis) melhor
usar o fresco.
Indique o tipo de preparaes
culinrias que voc prefere
quando
compra o produto
resfriado ou o congelado.
Bernard Twardy
O peixe eviscerado sem cabea
pode ser usado para preparar
ensopados. O fil sem pele
adequado para servir na forma de
sashimi,
ceviche,
poch
e
grelhados. Com o peixe em postas
podem ser preparados ensopados e
grelhados na brasa.
Fernando Barroso
O peixe eviscerado com cabea
pode ser temperado com sal grosso
e cozido ao forno. O fil com pele e
sem pele pode ser servido
grelhado, assim como na forma de
sashimi e ceviche, respectivamente.
O peixe em posta se presta bem
para preparar peixadas.
Qual seria a faixa de preo, por
kg, que o beijupir de cultivo,
eviscerado,
com
adequado
sangramento,
estocagem
resfriada ou congelada poderia
ser vendido?
Bernard Twardy
O beijupir acima de 5 kg pode ser
vendido entre 23 e 26 reais/kg.
Fernando Barroso
Apontar pesos ideais no momento
seria imprprio. Necessitaramos
avaliar uma srie de testes para
uma melhor apurao dos custos e
resultados. Os peixes oriundos da
pesca tradicional com peso acima
de 20 kg tm uma marmorizao
(finos veios de gorduras internas)
maior, gerando mais sabor e melhor
rendimento para ser filetado. As
postas
da
amostra
fresca
apresentaram
um
excelente
resultado,
especialmente
se
considerada a faixa de peso do
peixe que foi testado.
Elcio Nagano
O beijupir eviscerado resfriado
deveria ter um preo entre R$ 10,00
a R$15,00/kg
A que espcie de peixe o
beijupir se aproximaria mais em
termos de preo?
Bernard Twardy
Pescada-amarela e congro-rosa.
Fernando Barroso
O
beijupir
tem
caractersticas
prprias. Em criatrio, os processos
podero ser controlados, gerando um
produto de excelncia. Neste caso no
teria concorrente na categoria.
Elcio Nagano
Acho que ele tem caractersticas
particulares. Acho que tem que ser um
pouco mais barato que o robalo porque
para o sushi ele um pouco inferior. O
preo deveria ser similar pescada
amarela.
Indique e pondere os aspectos
positivos e negativos do beijupir
cultivado em termos de seus
atributos culinrios.
Bernard Twardy
Quanto aos aspectos positivos, a
textura, o sabor, a cor e o frescor so
muito importantes.
Fernando Barroso
O custo da pesca na nossa costa
muito elevado em funo dos recursos
existentes, clima e, especialmente, a
falta
de
uma
frota
pesqueira
adequadamente
armada
com
tecnologia
para
preservao
e
processamento do pescado com
qualidade.
Considerando
essa
realidade,
o
pescado
cultivado
apresenta o caminho mais vivel. O
beijupir demonstra um forte potencial,
tanto no quesito qualidade quanto na
viabilidade econmica, pois peixe de
rpido ganho de peso e demonstrou
ser de qualidade.
Elcio Nagano
Com relao aos aspectos positivos o
frescor e a suavidade do sabor so
muito importantes.
No aspecto
negativo a textura um pouco dura tem
importncia regular.
Onde voc acredita que o beijupir
cultivado produzido no Brasil seria
mais consumido/vendido? (em casa,
fora
de
domiclio
ou
para
exportao).
Bernand Twardy
Tanto em domiclios como fora de
casa, e tambm na exportao.
Fernando Barroso
Com qualidade o beijupir poder ser
consumido nos trs segmentos.
Ronaldo O. Cavalli
Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE
A p es a r d a i m po r t n c i a d a
piscicultura marinha como fonte de
trabalho e renda em vrios pases, esta
atividade ainda no tem expresso
comercial no Brasil. O desenvolvimento
e a aplicao de tcnicas modernas de
produo de peixes marinhos
representam um importante passo para
a explorao do mar brasileiro, o que
poderia ampliar significativamente a
produo nacional de pescado.
Entre as espcies nativas com
potencial para criao em nosso Pas,
destaca-se o beijupir (Rachycentron
canadum), tambm chamado de caode-escama
pelos
pescadores
nordestinos. O interesse na criao
deste peixe se deve principalmente ao
seu rpido crescimento, facilidade para
desovar em cativeiro, disponibilidade de
tecnologia de produo de alevinos,
adaptabilidade ao confinamento e
Fazenda Marinha
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texto completo.
http://www.labomar.ufc.br/images/
stories/arquivos/beijupira/
bn_ano2_no5/
bn_ano2_no5_ronaldo_cavalli.pdf
prioridades de desenvolvimento da
aquicultura em guas continentais e
costeiras. Porm tem enfrentado
limitaes tais como: problemas de
espao, conflitos com outras atividades
(agricultura, turismo e pesca artesanal),
e contaminao de recursos hdricos.
Antes dessa conjuntura, a aquicultura
offshore ou ocenica tem se
apresentado como uma alternativa
Harry Batvik
Bilogo Marinho Cleanfish AS -Noruega
http://www.labomar.ufc.br/
images/stories/arquivos/beijupira/
bn_ano2_no5/
bn_ano2_no5_harry_batvik.pdf
http://www.labomar.ufc.br/images/
stories/arquivos/beijupira/
bn_ano2_no5/
bn_ano2_no5_fotos_harry_batvik.pdf
http://www.labomar.ufc.br/images/stories/arquivos/
beijupira/bn_ano2_no5/bn_ano2_no5_ricardo_melo.pdf
Com a intensificao da maricultura no Brasil, o cultivo do beijupir (Rachycentron canadum) tem sido
intensificado, principalmente na Regio Nordeste do Pas, buscando uma alternativa para o aumento da produo
de pescado brasileira. No entanto, pouco se conhece sobre o processamento dessa espcie, o tamanho comercial,
os rendimentos obtidos no processamento, a composio qumica, a aceitabilidade sensorial, e como ela se
comporta como matria-prima para desenvolvimento de novos produtos.
Nosso projeto j est gerando resultados que podero aperfeioar esses procedimentos. O primeiro passo
foi conhecer o percentual de rendimento por tipo de processamento, com os seguintes resultados: peixe inteiro,
eviscerado e descabeado (65%), peixe inteiro, eviscerado, descabeado e sem cauda (62%), fil espalmado com
pele (54%), peixe em postas (51%), fil com pele (40%) e fil sem pele (31%).
Com relao ao tamanho comercial para o consumidor final, percebeu-se que encontra-se entre 1,2 e 1,5 kg (43
a 55cm). Para espcimes de maior tamanho recomenda-se diversos cortes como: fils, lombos e postas.
A prxima etapa do Projeto est em andamento com as anlises fsico-qumicas e sensoriais, bem como o
estudo de vida de prateleira (shelf life) do beijupir armazenado em gelo, e com o estudo de desenvolvimento de
novos produtos.
Elcio Nagano
Bernard Twardy
Fernando Barroso
http://www.labomar.ufc.br/index.php?
56
option=com_content&task=view&id=129&Ite
mid=56
Diretor do LABOMAR/UFC
REALIZAO
APOIO
FINANCIAMENTO
Julho/2011
ANO 2
No 6
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
Nesta edio
Editorial
Pg.
1
Entrevista
Piscicultura de recirculao:
Uma crnica pessoal
Gaiolas circulares de
polietileno de alta densidade
A larvicultura de beijupir,
Rachycentron canadum no
Estado do Cear
O beijupir e a histria do
Brasil e os saberes
populares
Oficinas de gastronomia e
menu de degustao
2
Quais os principais motivos para que a
piscicultura marinha brasileira ainda no
tenha se desenvolvido?
Um dos principais motivos, certamente, a
falta de maturidade e a pouca capacidade de
organizao de todos os envolvidos com esse
tema. Porm, parece-me que isto est sendo
resolvido agora com o beijupir. A aquicultura
brasileira ainda no tem tradio para
desenvolver metodologicamente de A a Z,
tudo que deve ser feito para estruturar a cadeia
produtiva de um determinado organismo. E
estamos pagando um preo alto por isso. Cada
um acha que sabe como fazer e muitos saem
tentando por conta prpria. Na prtica, isso
que tem ocorrido por a. Tanto pesquisadores,
como centros de pesquisa, algumas empresas
privadas e o governo, acabam se virando do
jeito que acham que devem. Em geral, isso
acaba desperdiando muito dinheiro. Se
conversarmos com pessoas de diferentes partes
do Pas, veremos que surgiro mais de uma
dezena de espcies que, na opinio dessas
pessoas, deveriam estar recebendo um
tratamento prioritrio para se transformar na
espcie principal da piscicultura marinha
brasileira. E o curioso que, na medida em que
essas opinies ou convices no so ouvidas
ou atendidas, so criados torcedores
apaixonados por uma determinada espcie, que
se tornaro rivais de torcedores do time de
outra espcie. Foi o caso do beijupir quando,
tempos atrs, passou a receber apoio do
governo. Vi muita gente falar mal dessa espcie
sem mesmo a conhecer, s porque a Secretaria
de Aquicultura e Pesca (SEAP), hoje Ministrio
de Pesca e Aquicultura (MPA), decidiu apoiar o
seu cultivo.
Voc acredita no futuro sucesso do setor de
produo aqucola? Por favor, justifique sua
resposta.
Acredito, e muito. Acho que o setor est
amadurecendo. O encerramento das atividades
da Aqualider, empresa pernambucana em que
todos depositavam uma grande esperana, uma
vez que desempenharia o papel de empresa
ncora, trouxe uma inesperada insegurana.
Por outro lado, esse episdio ajudou a manter
mais abertos os olhos de quem est
comprometido com o fomento da piscicultura
marinha, para que ela se profissionalize sem
traumas. Tivemos tambm a trgica experincia
do laboratrio da Ilha Comprida, no litoral
paulista, construdo para a produo do
beijupir. Muito dinheiro pblico foi injetado
nesse projeto sem que e a piscicultura marinha
brasileira tenha visto retorno algum. Mas,
apesar disso, eu acredito que estamos bem
prximos de ver novos investimentos privados
no setor aqucola.
Quais aes voc recomendaria para o
desenvolvimento da piscicultura marinha
offshore brasileira?
Para comear eu apostaria num dilogo de alto
nvel entre as principais instituies pesquisa,
extenso, fomento, iniciativa privada, setor de
ENTREVISTA
J o m a r C a r v a l h o F i l h o E d i t o r d a R e v i s t a P a n o r a m a d a Aq u i c u l t u r a
Sobre o Projeto
Trata-se de um projeto
pioneiro em Portugal Continental,
que tem como objetivo a utilizao
de um conjunto de jaulas
flutuantes para o cultivo intensivo
de peixes em mar aberto
(offshore), quais sejam: Sparus
aurata, Dicentrarchus labrax, alm
das
novas
espcies
em
aquacultura Argyrosomus regius,
Diplodus sargus e Pagrus pagrus.
Pretende-se a instalao de uma
unidade de piscicultura marinha
offshore na rea Piloto de
Produo Aqucola da Armona
(APPAA), no Algarve, em Portugal
Continental,
onde
ser
previligiada a relao entre
investimento,
investigao
e
desenvolvimento,
atravs
de
protocolos de cooperao entre
universidades e centros de
investigao, com o objetivo de
inovar e adotar novas tcnicas,
visando cada vez mais uma maior
sustentabilidade.
A APPAA (Figura 1) ir
profundidade e um volume de
aproximadamente 3.000 m 3, para
uma densidade produtiva de 20 kg/
m3, cuja a finalidade atingir uma
produo mxima, alternada entre
os 2 lotes, de 800 t/ano.
Justificativa
Portugal o pas europeu que
consome mais peixe: quase 60 kg
per capita, o que o coloca em 3
lugar no mbito mundial, ficando
atrs apenas do Japo e da
Islndia.
Emergindo no horizonte
h uma nova forma de produzir
peixes marinhos, o que nos obriga
a reexaminar as prticas
tradicionais quem do preferncia
a grandes gaiolas para cultura de
peixes. A indstria focaliza em
maximizar a rea total de gaiolas
principalmente orientadas pelo
axioma de que quanto maior a
gaiola, maior o volume de
biomassa a ser desenvolvida por
unidade investida. precisamente
porque o custo das gaiolas pode
variar pelo quadrado das linhas da
dimenso, embora o volume varie
pelo cubo. Este axioma detm um
vestgio de mrito. Seguindo essa
mesma linha de raciocnio,
pensando que as gaiolas maiores
so mais custosas, deseja-se que
as densidades iniciais de estoque
permaneam iguais ao longo da
engorda.
Estoque, em termos de
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ANO 2 Nieto
No 6Daz-Muoz
Daniel
danielnieto@sustainablesalmon.cl
muito limitadas.
A descrio e o layout do
sistema so relativamente simples
abundante
na
literatura
especializada. Basicamente, tratase de captar as guas efluentes de
cada tanque e conduzi-las atravs
de uma sequncia de processos
que as devolvero, finalmente, aos
mesmos tanques em condies tais
que os peixes possam seguir
vivendo
e
crescendo.
Essas
condies variam de espcie para
espcie.
Algumas
so
muito
exigentes como o salmo. Outras
so mais tolerantes a sistemas
extremos como a tilpia, que resiste
bem com muito menos oxignio
dissolvido. Esse processo, que
alguns chamam de caixa preta do
sistema, no guarda maiores
mistrios e, em geral, todas as
Plantas de Tratamento de gua que
tm chegado ao Chile possuem o
seguinte ciclo de gua desde que
esta sai dos tanques de peixe:
filtrao mecnica de fezes, da
matria orgnica e do alimento no
consumido
etc.;
nitrificao;
eliminao de dixido de carbono
(CO2); esterilizao; aquecimento
(ou resfriamento segundo as
circunstncias); injeo de oxignio;
Figura 1
Oculos em
ao
galvanizad
o
o
galvanizado a quente j no protege
mais o ao.
A Figura 2 mostra o culo 100%
PEAD fabricado pelo sistema de
compresso a alta presso. Neste
caso o PEAD introduzido num
Figura 2
culos de
PEAD
comprimido
a alta
presso
Fig. 3: Sistema de
fabricao por
roto modelado
Fig. 4 Sistema
conformado
Toda produo deve ser entendida como um processo amplo, que envolve todo um conjunto de elementos
que se inter-relacionam formando uma rede complexa. A Figura 1 representa a cadeia produtiva da piscicultura
marinha, onde se pode observar que a produo de alevinos (larvicultura) estratgica no fomento ao
desenvolvimento dos demais elos da cadeia produtiva. Neste sentido, a existncia de empreendimentos voltados
para a produo de alevinos de qualidade e com garantia de regularidade no fornecimento destes, um ponto
chave no sentido de criar condies favorveis para o correto desenvolvimento da cadeia produtiva da piscicultura
marinha. O desenvolvimento desta etapa de extrema importncia para estimular que novos
Seguem
algumas
citaes sobre a espcie na
literatura nacional, desde o
sculo XVI:
Diretor do LABOMAR/UFC
REALIZAO
APOIO
FINANCIAMENTO
Novembro/2011
Editor
ANO 2
Ral Malvino
Madrid
No 7
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
Nesta edio
Editorial
Pg.
O BEIJUPIRNASCE UMA
ESTRELA?
ENTREVISTA
CULTIVO EXPERIMENTAL
ILHA BELA: UMA REALIDADE
CULTIVO DE BEIJUPIRA NO
LITORAL NORTE DE SO
PLANEJAMENTO DO ESTUDO
DE MERCADO
PARCERIAS
PRODUTOS OBTIDOS
CURSOS E DEGUSTAES
RESULTADOS DA DEGUSTAO
RESULTADOS NOS
RESTAURANTES JAPONESES
CONSIDERAES FINAIS
O beijupir (Rachycentron
canadum) a nica espcie da famlia
Rachycentridae, que tambm
conhecida como ling, pez limn,
Black kingfish e crab eater (comedor
de caranguejos), entre outros nomes.
um peixe pelgico que pode pesar mais
de 60 kg, encontrado em todos os mares
tropicais e temperados (20 30 oC). A
nica exceo o pacfico oriental.
Caracteriza-se por sua carne
branca e textura firme, suave sabor,
poucas espinhas e por sua extremada
velocidade de crescimento, indo de 1
grama a 5 ou 6 kg em um ano, e 8 - 10
kg em dois anos.
A pesar de sua carne ser de cor
branca, o beijupir uma espcie com
Texto completo
ENTREVISTA
I t a m a r d e P a i va R o c h a P r e s i d e n t e d a A B C C
Histrico
A piscicultura marinha no
Brasil encontra-se num momento de
oportunidades, pois h grande
interesse no somente do setor
pblico e do privado, mas tambm
das universidades, em fomentar a
produo de peixes marinhos
mediante a produo de juvenis em
laboratrio, como o caso do
beijupir (Rachycentron canadum).
Estimulado
com
todo
esse
crescente interesse, em 2009, na
Ilha Grande RJ, um cultivo
experimental de beijupir foi iniciado
dentro de uma parceria privada,
pblica e universitria. O local
citado foi um dos primeiros a fechar
a cadeia produtiva dessa espcie
por meio da maturao natural em
tanques-rede, seguido de desovas e
produo de alevinos em tanques
indoor, e a posterior engorda em
tanques-rede (Figura 1).
Localidade
A fazenda marinha localizada na
Praia de Jaconema na Ilha Grande
Angra dos Reis RJ, e consta de sete
tanques-rede
(Figura
2):
trs
retangulares de 3 x 6 m, trs circulares
de 6 m de dimetro e um quadrado de 8
x 8 m . O clima tropical com
temperatura da gua variando entre 19C
no inverno e 30C no vero, e com uma
mdia anual de 25C. A profundidade do
cultivo varia entre 6 14 m, que est
abrigado no mar aberto.
Engorda
Em 2009, 1000 juvenis oriundos
do Laboratrio Nacional de Maricultura
(LANAM), localizado em Ilha Comprida SP/Mistrio da Pesca e Aquacultura,
foram estocados e cultivados por dois
anos em tanques-rede near-shore. O
cultivo foi dividido em trs etapas: na
primeira fase, denominada de berrio,
foram utilizados nove tanques-rede de 2
x 3 x 2 m com malha de 3 mm, sendo
Depois do fechamento da
AQUALIDER (texto ao lado), a
programao teve uma parte que
precedeu execuo, consistenete
na realizao de reunies nas trs
cidades
selecionadas
com
o
objetivo de acertar as parcerias,
estabelecer as responsabilidades e
ajustar o oramento nova
realidade.
Para tanto, contamos com a
valiosa contribuio de Roland
Wiefeld, diretor presidente da
INFOPESCA, com sede no Uruguai,
o qual durante uma semana em que
nos acompanhou nessa empreitada
preliminar.
Voltando
a
Fortaleza,
iniciamos a construo de uma
matriz
de
responsabilidades
selecionando
uma
pessoa
representante de cada instituio
participante e distribuindo as tarefas
a serem cumpridas no momento dos
cursos e degustaes.
A
coordenao
ficou
responsvel pela elaborao de um
PARCERIAS
O sucesso de todas as aes
executadas, tanto nos cursos como
nas degustaes e nas degustaes
realizadas nos rest a urant es
japoneses, deveu-se principalmente
ao apoio incondicional e gratuito de
varias empresas que acreditaram no
que estvamos fazendo. Colocaram
suas estrutura nossa disposio ou
aportaram insumos a serem usados
durante os eventos. difcil dizer
quem mais se destacou. O sucesso
do estudo se deveu, em grande
medida, ao apoio do conjunto, muito
mais que aos esforos individuais.
Para a realizao dos cursos, as
estruturas do SENAC do Cear e de
Pernambuco e do Instituto de
Ensino Superior de Braslia -IESB
foram disponizadas. Para as
degustaes, contamos com a
valiosa contribuio dos
restaurantes Coco Bambu de
M= muito bom
B= bom
70%
R= regular
60%
R= ruim
50%
40%
30%
20%
10%
0%
M
RE RU
SASHIMI
RE RU
CEVICHE
RE RU
POCH
RE RU
GRELHADO NA
CHAPA
RE RU
GRELHADO NO
FORNO
RE RU
FRITO
RE RU
PEIXADA
Grfico 1
20%
15%
Restaurante
Academia
10%
Outro
5%
0%
Sashimi
Ceviche
Poch
Grelado na
Chapa
Grelhado no
forno
Frito
Pei1ada
Grfico 2
30%
25%
Restaurante
20%
Academia
15%
Outro
10%
5%
0%
Inteiro/eviscerado
Posta
Grfico 3
Lombo
45
40
35
25
20
10
5
0
10
12
Grfico 4
Qualidade
Tamanho
Regularidade
Preo
Apresentao
40%
30%
Fornecedor
20%
10%
0%
1o
2o
3o
4o
5o
6o
GRAU DE IMPORTNCIA
6
PESO (kg)
PERCENTAGEM
30
15
50
PREO (R$/kg)
Grfico 5
80%
S= Superior
E= Equivalente
I= Inferior
SN= Sem resposta
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
S
I NS S
Cavala
I NS S
Pescada
amarela
I NS S
Salmo
I NS S
Surubim
I NS S
Robalo
I NS S
Pangasus
Grfico 6
I NS S
Tilpia
I NS S
Tambaqui
I NS S
Dourada
I NS
Sirigado
O Grfico 7 mostra o resultado da avaliao de quatro produtos oferecidos aos participantes das
degustaes realizadas em Recife, Braslia e Fortaleza. Os produtos oferecidos foram sashimi, ceviche, poch e na
chapa. A partir das informaes mostradas no referido grfico, possvel formular os seguintes argumentos:
Numa anlise global, o beijupir preparado na chapa obteve o melhor resultado com uma percentagem
mdia considerando a cor, a textura e o sabor de 80% dos degustadores que ponderaram a referida
preparao como muito boa. Seguida pela preparao poch com 60%, ceviche com 57% e sashimi com
56%.
A cor do beijupir preparado na chapa obteve a qualificao mais elevada: muito boa (98%). J a textura
foi melhor avaliada como muito boa no poch (64%), no ceviche (61%) e no sashimi (60%);
Ao contrrio, na soma dos comentrios regular e ruim, se destaca o sabor do sashimi e do ceviche com
14% dos entrevistados e 13% do poch. O resultados mais negativo foi para a sabor do beijupir preparado
na formaq de poch com 3% dos degustadores que consideraram ruim.
O Grfico 8 mostra a resposta dos participantes das degustaes nas cidades acima citadas, quando
perguntada a equivalncia do beijupira em relao a outras dez espcies com as alternativas de pontuar superior,
equivalente, inferior e no sabia. No presente grfico so revelados os valores percentuais, subtraindo a
pontuao no sabia. A anlise destas informaes permitem formular os seguintes comentrios:
O sirigado e o salmo foram as nicas espcies indicadas em relao ao beijupir de que este peixe era
de qualidade inferior. No caso do sirigado, 30% dos entrevistados informaram que este peixe era
superior ao beijupir. Somente 12% mencionaram que era inferior. No caso do salmo, 39%
mencionaram que o beijupir era inferior e 28% informaram que era superior;
No caso do robalo e da pescada amarela, dois espcies muito usada como opo de carne branca na
preparao de sashimi, o beijupir foi considerada superior por 24% e 45% dos entrevistados,
respectivamente. As consideraes pontuadas como inferior foram de 19% (robalo) e 15% (pescada
amarela);
90%
90%
80%
80%
70%
70%
60%
50%
Muito bom
Bom
40%
Regular
30%
Ruim
20%
PERCENTAGEM
PERCENTAGEM
60%
50%
SUPERIOR
40%
EQUIVALENTE
INFERIOR
30%
20%
10%
10%
0%
Cor
Textura Sabor
SASHIMI
Cor
Textura Sabor
CEVICHE
Cor
Textura Sabor
POCH
Grfico 7
Cor
Textura Sabor
NA CHAPA
0%
Cavala
P.
amarela
Salmo
Surubim
Robalo
Pangasus
Tilpia
Grfico 8
Tambaqui
Dourado
Sirigado
53%
43%
40%
35%
35%
32%
29%
30%
Cor
Textura
20%
16%
3%
3%
0%
0%
0%
Muito bom
Bom
Regular
Ruim
AVALIAO
Grfico 9
O SASHIMI DE BEIJUPIR PODERIA SER OFERECIDO COMO PEIXE BRANCO
JUNTO AO ATUM E SALMO?
Sabor
10%
48%
50%
80%
77%
70%
60%
PERCENTAGEM
PERCENTAGEM
50%
40%
30%
19%
20%
3%
10%
0%
Sim
No
Sim resposta
Grfico 10
CONSIDERAES FINAIS
De forma bem resumida e sem detalhar as respostas das diferentes qualificaes dos participantes dos
cursos e degustaes, as diferenas entre cidades pesquisadas, os resultados da avaliao estatstica obtidos no
cruzamento de cor, textura e sabor, os donos de restaurantes, os atacadistas de pescados, os professores e os
alunos de gastronomia, entre outros, as 9.000 respostas fornecidas por um nmero superior a trezentas pessoas,
so resumidas nos seguintes comentrios:
1. Os resultados obtidos permitem formular uma estratgia para uma melhor comercializao do beijupir
cultivado, bem como para estabelecer uma logstica de cultivo, importante base para apresentar cenrios
econmicos que sero motivo de estudos posteriores;
2. Em geral a qualidade do beijupir cultivado foi muito bem aceita entre os participantes dos cursos de
gastronomia, das degustaes e, tambm, nas avaliaes feitas nos restaurantes de culinria japonesa;
3. Destaque para a melhor aceitao da receita grelhado na chapa e tambm considerada a forma que mais se
adapta ao compar-la com outras preparaes;
4. O fil sem pele seria o produto preferido no momento da compra;
5. Os detalhes da expectativa do preo e o peso devem ser melhor trabalhados, houve uma disperso muito
grande de opinies;
6. Muito importante o fato de que os entrevistados consideraram a qualidade como o atributo principal na
compra do pescado. Essa caracterstica somente pode ser oferecida pelo pescado cultivado;
7. Os degustadores apreciam o salmo e o sirigado mais que o beijupir, mas colocam este pescado cultivado
no mesmo nvel do robalo e da pescada amarela, e superior tilpia, surubim, dourada, tambaqui, cavala e
pangasus;
8. A carne do beijupir tem atributos para participar do sashimi como opo de carne branca.
10
Diretor do LABOMAR/UFC
REALIZAO
APOIO
FINANCIAMENTO
Maro/2012
ANO 3
No 8
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
Ante as mudanas de comando no Ministrio da Pesca e Aquicultura MPA, nos
pareceu oportuno publicar nesta edio uma coletnea das Entrevistas apresentadas
em cada um dos sete ltimos Beijupir News, acrescentando a Entrevista
correspondente ao presente Boletim, realizada com o diretor do Instituto de Cincias do
Mar da Universidade Federal do Cear - LABOMAR/UFC, o professor Luis Parente
Maia.
Editorial
INFORMAES DO SASHIMI
BERNARD TWARDY,
FERNANDO BARROSO E
ELCIO NAGANO
CARLOS WURMANN
Ainda, nesta edio tnhamos a firme inteno de publicar alguns resultados das
pesquisas financiadas pelo MPA atravs do CNPq sobre o cultivo de beijupir, que
esto sendo realizadas em mais de quinze universidades. Entretanto, como at o
fechamento da edio no conseguimos nenhuma informao, resolvemos ocupar o
espao reservado com matrias de cultivo de beijupir de outros pases, acreditando
que na prxima edio possamos mostrar aos interessados os avanos alcanados nas
pesquisas brasileiras.
OYVIND KARLSEN
ALBERTO NUNES
INFORMAES DA NDIA
10
INFORMAES DO MXICO
10
Boa leitura.
INFORMAES DA COLMBIA 10
Ral Malvino Madrid Editor
TEXTO COMPLETO
ENTREVISTA
destaco,
mais
com
Lutjandeos,
EAP/MMA/MP/Marinha/ANA/
IBAMA6/2004.
so
nvel mdio
e 70.000
a(s)
espcie(s)
selecionada(s).
entre 57.000
entretanto,
como
principalmente
Instalao
de
uma
Ariac
Unidade
desenvolva?
os
lutijandeos
(ariac),
os
omnvoros
como
os
mugildeos (tainha).
do Estado.
referidos
municpios
apresentando
as
entes
federativos,
seja
atividade.
no
menos importante,
entre
trata-se
as
da
continuar
aumentando
bastante
ENTREVISTA ( Be ij upi r An o 2 No . 7)
(US$
mxima.
mais
Para
desenvolver
especializados.
aqucolas estrangeiras?
apenas
240,0
milhes).
piscicultura marinha?
tecnologia
da
piscicultura
nossa
tarefa
bsica
de
explorao
dos
amplos
todas
suas
macrorregies,
que
desenvolvimento
viabilizem
dessa
importante
atividade.
robalo/camurim,
Castanho,
Sobradinho,
Ors
espcies
deveria
ser
marinhas
cuja
priorizada.
explorao
Especialmente
universidades
de
marinha?
pelos consumidores.
na
transferncia
de
pesquisas
aplicadas,
de
de
Engenharia
Engenharia
de
de
Aquicultura,
Pesca,
Biologia
necessariamente,
uma
maior
ENTREVISTA ( Be ij upi r An o 2 No . 6)
Jom a r C arv alh o Fi lh o Ed ito r d a R ev i sta P ano r am a d a Aq ui cul tur a
Quais os principais motivos para que a piscicultura marinha brasileira ainda no tenha se
desenvolvido?
Um dos principais motivos, certamente, a falta
de maturidade e a pouca capacidade de
organizao de todos os envolvidos com esse
tema. Porm, parece-me que isto est sendo
resolvido agora com o beijupir. A aquicultura
brasileira ainda no tem tradio para
desenvolver metodologicamente de A a Z, tudo
que deve ser feito para estruturar a cadeia
produtiva de um determinado organismo. E
estamos pagando um preo alto por isso. Cada
um acha que sabe como fazer e muitos saem
tentando por conta prpria. Na prtica, isso que
tem ocorrido por a. Tanto pesquisadores, como
centros de pesquisa, algumas empresas privadas
e o governo, acabam se virando do jeito que
acham que devem. Em geral, isso acaba
desperdiando muito dinheiro. Se conversarmos
com pessoas de diferentes partes do Pas,
veremos que surgiro mais de uma dezena de
espcies que, na opinio dessas pessoas,
deveriam estar recebendo um tratamento
prioritrio para se transformar na espcie
principal da piscicultura marinha brasileira. E o
curioso que, na medida em que essas opinies
ou convices no so ouvidas ou atendidas, so
criados torcedores apaixonados por uma
determinada espcie, que se tornaro rivais de
torcedores do time de outra espcie. Foi o caso
do beijupir quando, tempos atrs, passou a
receber apoio do governo. Vi muita gente falar
mal dessa espcie sem mesmo a conhecer, s
porque a Secretaria de Aquicultura e Pesca
(SEAP), hoje Ministrio de Pesca e Aquicultura
(MPA), decidiu apoiar o seu cultivo.
Voc acredita no futuro sucesso do setor de
produo aqucola? Por favor, justifique sua
resposta.
Acredito, e muito. Acho que o setor est
amadurecendo. O encerramento das atividades
da Aqualider, empresa pernambucana em que
todos depositavam uma grande esperana, uma
vez que desempenharia o papel de empresa
ncora, trouxe uma inesperada insegurana. Por
outro lado, esse episdio ajudou a manter mais
abertos os olhos de quem est comprometido
com o fomento da piscicultura marinha, para que
ela se profissionalize sem traumas. Tivemos
tambm a trgica experincia do laboratrio da
Ilha Comprida, no litoral paulista, construdo para
a produo do beijupir. Muito dinheiro pblico
foi injetado nesse projeto sem que e a piscicultura
marinha brasileira tenha visto retorno algum.
Mas, apesar disso, eu acredito que estamos bem
prximos de ver novos investimentos privados no
setor aqucola.
Quais aes voc recomendaria para o
desenvolvimento da piscicultura marinha offshore
brasileira?
Para comear eu apostaria num dilogo de alto
nvel entre as principais instituies pesquisa,
Bernard Twardy
A degustao foi um sucesso de ponta a
ponta. O odor do beijupir comprado na
Beira-Mar se propagou pelo ambiente, o que
no ocorreu com aquele obtido do cativeiro,
que teve odor ausente. A firmeza da carne
surpreendeu a todos: agradavelmente firme
e, contrariando o que se pensa, no seca, o
que era de se esperar de um peixe grande. Li
que o beijupir adulto marmoriza
otimamente a gordura quando atinge 35 kg.
A cor clara, que era o que eu mais esperava,
foi constatada. O processo de sangria do
peixe vital e talvez possa ser melhorado.
Este um fator determinante para o
consumidor final, que associa peixe-alvo com
qualidade. A tilpia, por exemplo, quando
bem processada, alcanou um salto de
qualidade.
Fernando Barroso
O fator determinante da qualidade o
processamento, o manuseio e a cadeia de
frio. Assim, o peixe cultivado foi despescado e
processado corretamente, mantendo uma
melhor qualidade quanto ao odor, textura,
cor e sabor. O peixe proveniente da pesca
sofreu o desgaste da inadequada cadeia de
frio, manuseio e processamento.
Elcio Nagano
O beijupir cultivado muito superior em
todos os aspectos
O beijupir cultivado fresco (24 h no gelo)
comparado com o beijupir cultivado
congelado (com cinco meses de estocagem
em frigorfico) apresentou diferenas
significativas nos atributos descritos acima?
Bernard Twardy
A cadeia de frio foi correta e resultou em um
bom produto. No foram perceptveis
diferenas entre os peixes.
Fernando Barroso
Observou-se uma boa qualidade no beijupir
congelado, mas o peixe fresco revelou os
melhores atributos porque, com cinco meses
de estocagem, ocorreu a desidratao natural
do produto congelado. Se tivesse sido
embalado a vcuo teria perdido menos
umidade.
Elcio Nagano
Fernando Barroso
O beijupir tem caractersticas prprias. Em
criatrio, os processos podero ser
controlados, gerando um produto de
excelncia. Neste caso no teria
concorrente na categoria.
Bernard Twardy
O peixe eviscerado sem cabea pode ser
usado para preparar ensopados. O fil
sem pele adequado para servir na
forma de sashimi, ceviche, poch e
grelhados. Com o peixe em postas
podem ser preparados ensopados e
grelhados na brasa.
Elcio Nagano
Acho que ele tem que ser mais barato que
o robalo, pois para sushi o beijupir um
pouco inferior. O preo da pescada
amarela poderia ser uma referncia.
Fernando Barroso
O peixe eviscerado com cabea pode ser
temperado com sal grosso e cozido ao
forno. O fil com pele e sem pele pode
ser servido grelhado, assim como na
forma de sashimi e ceviche,
respectivamente. O peixe em posta se
presta bem para preparar peixadas.
Bernard Twardy
Quanto aos aspectos positivos, a textura, o
sabor, a cor e o frescor so muito
importantes.
Fernando Barroso
O custo da pesca na nossa costa muito
elevado em funo dos recursos existentes,
clima e, especialmente, a falta de uma
frota pesqueira adequadamente armada
com tecnologia para preservao e
processamento do pescado com qualidade.
Considerando essa realidade, o pescado
cultivado apresenta o caminho mais vivel.
O beijupir demonstra um forte potencial,
tanto no quesito qualidade quanto na
viabilidade econmica, pois peixe de
rpido ganho de peso e demonstrou ser de
qualidade.
Elcio Nagano
Quanto aos aspectos positivos, o frescor e
a suavidade do sabor muito importante.
Com relao aos aspecto negativo, a
textura pouco dura tem uma importncia
relativa.
Onde voc acredita que o beijupir
cultivado produzido no Brasil seria mais
consumido/vendido? (em casa, fora de
domiclio ou para exportao).
Bernand Twardy
Tanto em domiclios como fora de casa, e
tambm na exportao.
Fernando Barroso
Com qualidade o beijupir poder ser
consumido nos trs segmentos.
tem
mesma
grande
certificao
desenho,
construo/montagem,
inclui
material,
gaiola
como:
alimentao,
limpeza,
clculos,
ferramenta
de
cultivo.
assim
xito em cultivos.
qualidade necessrio?
maior
para
obter
maior
normas
exemplo,
estabelecidos
os
requisitos
operacionais
no
NS9415
(Norwegian
nacionais
de
regulamentao,
VEJA TAMBM:
www.regjeringen.no/upload/kilde/fkd/bro/2005/0013/ddd/pdfv/255320-technical_requirements.pdf
ENTREVISTA ( Be ij upi r N ew s An o I N o. 1)
Al b e rto Nu ne s P ro f. D r. do L AB O M AR / UF C
implantando
aes
programadas,
quando
coordena?
disponvel, rentabilidade do
negcio.
Queremos
questes
responder
estas
fizerem
definidas
e valor agregado.
e sua responsabilidade?
de execuo do projeto?
coordenados
(viabilidade
popularize
quando
pelo
Dr.
Raul
Madrid
Edital
se
no
corretivas
MCT/CNPq/CT-
de R$
Cristina
quais
para
gua
no
menor
reunies
no
so
tpicas
Nordeste.
os
principais
das
custo
Assim,
entraves
regies
monetrio,
estuarinas
disponveis
tcnico-econmica
semestrais
(presenciais
ou
os
problemas,
compartilhando
as
responder
perguntas
de
10
sseos
se
aqicultura na ndia.
cultivo
esto
muitos
espcies
de
peixes
Rpido
crescimento,
cativeiro,
baixo
custo
de
no
mercado,
especialmente
para
indstria
do
beijupir
pases
asiticos.
mar
realizada
em
Mandapam
TEXTO COMPLETO
executados
reproduo de alevinos.
os
estudos
para
Comunicaes
Transportes,
que sofreram os
pescadores da
cooperativa
Branca",
executado
poderia
propriedade
ainda
investimento
"Ilha
que
destina-se
pela
ser
considerado
cooperativa
desenvolvida
privada
que
pequeno
em
para
m2
de
praia
(rea
Federal).
TEXTO COMPLETO
comercializadora e processadora de
estratgias mercadolgicas
TEXTO COMPLETO
11
Diretor do LABOMAR/UFC
REALIZAO
APOIO
FINANCIAMENTO
Junho 2012
ANO 3
No 9
BEIJUPIR NEWS
EDITORIAL
No fim da dcada passada e comeo desta temos sido levados a acreditar que se tinha
descoberto uma espcie para cultivo em gua salgada que seria a redeno de alguns
pases aqucolas costeiros. Tratava-se do nascimento do salmo de guas tropicais: o
beijupir. O beijupir, conhecido internacionalmente como cobia foi, por mais de um
ano, a vedete nas feiras internacionais de Boston e Bruxelas. Manchetes nas revistas
internacionais especializadas em comercializao de pescado destacavam Nasce uma
estrela, O que o beijupir tem?, O beijupir alcanar todo seu potencial,
Beijupir a opo produtiva de Antillana, Colmbia, etc. Tudo devido s excelentes
caractersticas zootcnicas que apresenta o beijupir, entre elas: alcanar 5 kg em um
ano de cultivo, possuir carne branca de textura firme que se adapta, diferena do
salmo, quase todas as modalidades de preparaes. Ento nos perguntamos:
porque a produo de beijupir, em vez de aumentar no cenrio internacional, est
diminuindo? Essa resposta, em parte, ser dada pelo professor e diretor do
Aquaculture Division of Marine Affairs and Policy University of Miami , Daniel
Benetti, na entrevista que nos concedeu e, pelo consultor internacional em
Aquicultura Carlos Massad, ex-CEO da Mariner Farms Vietn, num artigo
especialmente elaborado para o Beijupir News. Entre outros entraves, os aspectos
nutricionais tm uma importncia relevante. Os pesquisadores Jorge Suarez e Daniel Benetti
Universidade de Miami , e Daniel Eduardo Lemos, da USP, nos brindam com dois belos artigos
sobre esse tema. Entre outros artigos/notcias, como no poderia deixar de ser,
apresentamos tambm algumas informaes sobre gastronomia, especificamente a
elaborao do foie gras de fgado de beijupir.
Boa leitura
Ral Madrid - Editor
O DESAFIO DO BEIJUPIR
medida
medida que
que aa indstria
indstria dada
aquicultura tenta
aquicultura
tenta encontrar
encontrar novas
novas
espcies
espcies
para
para diversificar
diversificar sua
sua
produo, vrias
produo,
vrias opes
opesemergiram
emergiram
para fazer
fazer parte
parte dessa
dessa expanso:
expanso:
pargos, atuns,
pargos,
atuns, beijupirs,
beijupirs,garoupas,
garoupas,
palombetas, barramundi,
palombetas,
barramundi,maki-mali,
maki-mali,
e e
olhete.
olhete.
gaiolas
Crescimento rpido (6 kg/ano)
Suprimento de juvenis durante todo
o ano.
Nesta edio
Editorial
O DESAFIO DO BEIJUPIR
ENTREVISTA
CONTEDO E
DISPONIBILIDADE DE
O ESTABELECIMENTO
METABOLMICO
AQUACULTURA DO BEIJUPIR
EM VIETN
PESQUISADORES
DETERMINAM DIETA
ADMINISTRAO FECHA
PARCERIA
PRIMEIRA CONCESSO
CONSIDERAES FINAIS
TEXTO COMPLETO
2
Quais os motivos da piscicultura marinha
ainda participar somente com 3,4% da
produo aqucola mundial?
As tecnologias de laboratrio e engorda de
piscicultura marinha so mais sofisticadas e
complexas do que tecnologias similares para
piscicultura de gua doce, ou mesmo de cultivo
de moluscos e crustceos. Na piscicultura
marinha o produto final quase sempre tem um
valor comercial mais alto do que as demais
formas de produo de protena no meio
aqutico, ou mesmo terrestre. mais difcil e
caro chegar l ou seja, desenvolver a
tecnologia e produzir comercialmente desde o
ovo at o tamanho de mercado.
Isso mudar nas prximas dcadas? Explique
a resposta.
Sem dvida alguma. O processo est em
ascendncia a nvel mundial, com tecnologias
para produo de novas espcies sendo
desenvolvidas rotineiramente. Ocorre que, em
sua maioria, o nvel de viabilidade alcanado
at o momento para a maioria das espcies
ainda tecnolgico e no comercial, e
investidores tm averso a riscos. Nosso
trabalho hoje em dia d mais nfase em levar
estas tecnologias, desde a fase experimental e
tecnolgica, at a fase comercial. Exemplos
claros disto so os pargos e os atuns. Existe
tecnologia, e no momento, estamos levando-as
fase comercial.
Quais so as grandes diferenas entre a
produo pisccola continental (gua doce) e a
marinha (gua salgada)?
Em sntese, a piscicultura continental mais
fcil e envolve menos riscos aos investidores.
Os peixes so estocados em tanques ou
viveiros, com fluxo dgua constante, e no em
jaulas em mar aberto ou em sistemas de
recirculao. Em piscicultura marinha h mais
riscos, porm o payoff proporcionalmente
muito maior.
Atualmente, quais so os grandes trunfos da
piscicultura
marinha
no
continente
americano?
Tecnologias avanadas de laboratrio para
desovas e produo de alevinos de espcies
nobres, bem como sistemas avanados de
jaulas em alto mar, capazes de suportar bem
ambientes extremos de alta energia, at
mesmo furaces. Tambm os sistemas
Recirculating Aquaculture Systems (RAS) esto
usando equipamentos bastante avanados
aqui nos EUA, permitindo altos nveis de
produo por unidade de volume. Ocorre que
os investimentos de capital e custos de
produo nesses sistemas so bastante
elevados, e o grande desafio passa a ser a
viabilidade econmica das operaes. Os
sistema RAS somente podem ser viveis
cultivando-se espcies de alto valor comercial.
ENTREVISTA
existente.
Quais deveriam ser os procedimentos
governamentais para atrair ao Brasil
capital e tecnologia, com vistas a
desenvolver rapidamente a piscicultura
marinha?
Simultaneamente, facilitar a regulamentao
e a logstica para a obteno de licenas e
concesses, investir e realizar uma
campanha agressiva a nvel internacional
para
atrair
investidores
e
grupos
estrangeiros.
Poderia enumerar quais os pontos fracos e
fortes que o Brasil tem para desenvolver a
produo de peixes marinhos?
Pontos fracos: nenhum. Pontos fortes:
todos. A piscicultura marinha exercida com
xito em vrios pases do mundo, cujos
ambientes naturais so menos favorveis
que do Brasil e os custos so muito mais
elevados. Porque no iria funcionar no
Brasil? Antes, o argumento sempre foi que
no exterior a piscicultura marinha funciona
porque o mercado melhor e os peixes
marinhos so vendidos com maior valor.
Este cenrio mudou radicalmente. O
mercado brasileiro, hoje, superior
maioria dos mercados a nvel mundial. Se h
alguma dvida, pergunte aos produtores de
salmo do Chile.
O beijupir uma boa opo? Explique.
Sim. O beijupir tem o potencial de tornar-se
o equivalente em guas tropicais ao que o
salmo representa para guas temperadas.
Porm,
esta
espcie
apresenta
caractersticas bastante especficas no que
diz respeito a requerimentos ambientais e
nutricionais.
Estes requerimentos so
bastante elevados e, em iniciativas
anteriores no Brasil eles no foram levados
em conta. Os asiticos tambm no levaram
em considerao as peculiaridades desta
espcie e esto pagando caro por isto. H
problemas srios com cultivo de beijupira na
sia, porque, de uma forma geral, os
sistemas e prticas asiticas no so
suficientes para cultivar espcies de
requerimentos energticos, nutricionais e
ambientais to elevados.
Em termos de sustentabilidade, quais so as
vantagens de desenvolver a piscicultura
marinha offshore com relao produo
em viveiros escavados?
O beijupir uma
espcie
amplamente
reconhecida
as
diferenas
dos
impacto
rpido
crescimento
(HASSLER
&
importante, Protena
comercial
facilidade
para
condies
naturais
desovar
e
sob
dos
induzidas
2002).
tambm
diminuiria
contaminao tambm
aumenta
excreo
de
Os estudos de beijupir
Embora
os
nutricionais sejam similares para todos os beijupir foi o de Chou et al. (2001).
aproximadamente
entanto,
os
essenciais na dieta d
nutricionais
somente
requerimentos
tm
uns
40
sido
TEXTO COMPLETO
Daniel Lemos
Laboratrio de Aquicultura (LAM)
Instituto Oceanogrfico, Universidade de So Paulo
disponibilidade.
os
origem
Nesse
contexto,
da
mtodo
determinao
farinha
animal.
aumento
in
vitro
para
de
ingredientes
de
Como
contribui potencialmente
fornecimento
espcie em criao.
leo
eutrofizao
de
peixe
vem
alternativos
do
para
ambiente
pela
bem
como
pela
alta
com
baixa
de
pH-stat
digestibilidade
Antecedentes
Com os estoques pesqueiros naturais
atingindo o seu limite, a aquicultura um
setor produtor de protena animal que
qualquer
outra
de
atividade
nutrientes
TEXTO COMPLETO
ANO 3 CULTIVADO
No 9
O ESTABELECIMENTO METABOLMICO BASEADO NUMA NMR DA SADE DE BEIJUPIR
EM
RESPOSTA MANIPULAO DIETTICA
Os
alimentos
da
aquicultura
comercial
recaem
grandemente
sobre alimentos oriundos de carne e
leo de peixe, os quais podem ser
caros
e
ecologicamente
insustentveis.
Para
avaliar
a
eficincia de dietas com reduzido
teor de pescado para o crescimento,
um estudo diettico foi conduzido
com o peixe marinho beijupir,
Rachycentron canadum.
Tcnicas metabolmicas baseadas em
NMR foram usadas para estabelecer o
efeito da dieta com reduo de carne
TEXTO COMPLETO
TEXTO COMPLETO
ESTATUS DE PERCAS MARINHAS EUROPIAS CULTIVADAS, Dicentrarchus labrax: comparao entre gaiolas
submersas e de superfcie
Gaiolas
marinhas
submersas
representam um mtodo alternativo
para gaiolas padres de superfcie, e
poderiam auxiliar na soluo de vrios
problemas de produo que existem
em fazendas com gaiolas de superfcie,
tais como severas tempestades,
blooms algais e de guas-vivas e
ataques de predadores.
No presente estudo investigou-se
parmetros
de
crescimento,
hematolgicos,
bioqumicos
e
imunolgicos da perca europia,
Dicentrarchus labrax , cultivadas em
gaiolas submergveis e de superfcie
para comparar com o estatus
TEXTO COMPLETO
Modo de preparo
Limpe o fgado de beijupir, removendo a pelcula exterior.
Retire com cuidado as veias entre os lobos.
Adicione sal e pimenta e regue com vinho do porto.
Misture com cuidado para no rasgar o fgado.
Deixe repousar por 15 h, na geladeira, para recuperar a sua textura.
No momento da preparao, use uma forma untada com leo de girassol.
Pressione ligeiramente os fgados sobre a forma, de modo
que todas as peas resultantes fiquem na mesma altura.
Cubra com filme plstico e cozinhe no vapor durante 15 min. a 65C,
ou em banho-maria durante 10 min.
Aps o cozimento, coloque um peso sobre o micuit e resfrie rapidamente para pasteurizar.
O resultado deve ser semelhante a um micuit de pato, coberto de gordura.
Apresentao
Pode ser servido em fatias ou blocos, em conjunto com um vinagrete ou flocos de sal,
juntamente com fatias de po torrado.
Reitor da UFC
Diretor do LABOMAR/UFC
Colaborao
REALIZAO
APOIO
FINANCIAMENTO
350
http://www.aquariumbrasil.com.br
A empresa Aquarium (Aquicultura do Brasil Ltda.) foi fundada em 1999. Est instalada na localidade de Vrzea da Ema, no municpio de Mossor, Estado do Rio Grande do Norte, compreendendo
uma rea total de 798 ha. A Aquarium uma sociedade de responsabilidade limitada constituda
por dois scios, um Engenheiro de Pesca e um Administrador de Empresas. A empresa pioneira
no Brasil no reuso integral de gua, operando todo o seu sistema produtivo de 265 ha teis em sistema fechado, compensando as perdas de gua por evaporao e infiltrao com gua salobra do
subsolo, mediante o emprego de 40 poos (50 m de profundidade) com vazo individual mdia de
180 m3/h. Em seu sistema produtivo, a empresa conta com 48 ha de canais de recirculao, alm
de uma bacia de sedimentao com duas sees de 27 ha cada uma. Sua tecnologia produtiva se
fundamenta totalmente no emprego de biorreguladores e probiticos, empregados na gua, no
solo e no alimento artificial ministrado. Sua produo est baseada, alm da monocultura de camaro, no policultivo de peixes e camares em baixa densidade de estocagem. A produo integrada
utiliza as espcies Oreochromis niloticus e Litopenaeus vannamei, na qual a primeira espcie recebe
alimentao artificial e a segunda funciona como secundria. A Aquarium conta atualmente com
cerca de 100 funcionrios, dos quais, cinco so de nvel superior, 12 de nvel mdio e os 83 restantes
possuem nveis de escolaridade primria. A empresa produz mensalmente, cerca de 150 ton. de
camares e 40 ton. de tilpia salina. A comercializao da produo se faz totalmente no mercado
interno, notadamente no eixo Sudeste do Brasil. A Aquarium deu suporte a Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE, disponibilizando espao em viveiros escavados para ensaios de engorda
com o beijupir em baixa salinidade.
351
Instituto de Educacin Secundaria Ies de Aller Moreda (Espanha)
https://sites.google.com/site/iesmoredadealler/
Instituto de Educacin Secundaria Ies de Aller Moreda (I.E.S. Valle de Aller) est localizado no
Principado de Asturias, na Espanha. O I.E.S. Valle de Aller surgiu atravs da fuso entre o Instituto
de Bachillerato Prncipe de Asturias e o antigo Instituto de Formacin Profesional de Moreda. Com
isto, houve uma integrao dos professores de ambos os centros. A I.E.S. Valle de Aller oferece cursos profissionalizantes na rea de gastronomia. A Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE,
contou com a colaborao do Professor e Chefe de Cozinha, Sr. Victor Perez Castao, nos estudos
de mercado.
http://www.evialis.com.br/invivo-nsa
http://www.invivo-nsa.com
A InVivo Nutrio e Sade Animal, uma das empresas lderes mundiais em Nutrio Animal
uma unidade de negcios do Grupo InVivo. A empresa est presente industrialmente em 18 pases,
possui mais de 70 unidades industriais e comercializa produtos e servios em mais de 50 pases.
Possui cerca de seis mil funcionrios, atuante no mercado mundial h mais de 50 anos. A InVivo tem
a Pesquisa e Desenvolvimento como base de seus negcios, com uma rede mundial de experts em
nutrio composta por cerca de 160 profissionais. Sua estrutura conta com 13 estaes prprias de
pesquisa ao redor do mundo e dois centros de P&D na Frana. No Brasil, com fbricas localizadas
nas cidades de Barra Mansa (RJ), Canoas (RS), Contagem (MG), Descalvado (SP), Inhumas (GO), Paulnia (SP), So Loureno da Mata (PE), Primavera do Leste (MT) e Apucarana (PR), a InVivo Nutrio e
Sade Animal possui uma estao de pesquisa e diversas parcerias com universidades e instituies
pblicas. Na Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-Valor-NE, a InVivo facilitou o acesso a ingredientes para composio das dietas experimentais utilizadas em estudos de nutrio.
352
dcada de 1960. Na dcada de 1990, a informao e a produo de novos conhecimentos ganharam
destaque na agenda das aes do SENAC. A Instituio passou a produzir livros, vdeos e softwares,
voltados para as reas de atuao do SENAC. Nesse perodo, tambm foi criada a TV SENAC (posteriormente Rede SESC-SENAC de Televiso e, hoje, SESC TV), com uma programao voltada para
assuntos de cultura e lazer. O ensino a distncia tambm recebeu impulso na dcada de 1990, com a
criao de um centro nacional especfico, com o objetivo de ampliar a diversificar a programao do
SENAC nesse tipo de ensino. O SENAC colaborou na Sub-Rede Beijupir-Nutrio-Sanidade-ValorNE cedendo infraestrutura para estudos de gastronomia do beijupir.