Revestimento Cerâmico de Fachada

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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

COORDENAO DE CONSTRUO CIVIL


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

WALLACE PAZETO DA SILVA REIS

REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA:


PROJETO DO PRODUTO E DA PRODUO

TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

CAMPO MOURO
2013

WALLACE PAZETO DA SILVA REIS

REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA:


PROJETO DO PRODUTO E DA PRODUO

Trabalho de Concluso de Curso de Graduao,


apresentado como requisito parcial para
obteno do ttulo de Engenheiro Civil, do Curso
Engenharia
Civil,
da
Coordenao
de
Construo Civil COECI da Universidade
Tecnolgica Federal do Paran UTFPR.
Orientadora: Profa. Dra. Fabiana Goia Rosa de
Oliveira

CAMPO MOURO
2013

Dedicatria:
Dedico este trabalho minha famlia, que o princpio e a razo de
tudo em minha vida.
Meus pais que incansavelmente lutaram ao meu lado para que eu
atingisse minhas metas e tambm me apoiaram nos momentos de
infelicidade.
Em especial, pelo exemplo de valor e conduta.
Minha av que se prestou a tudo que eu precisasse em minha casa.
Meu irmo, que sempre me alegrou e me incentivou.
Dedico tambm minha orientadora que transmitiu o seu
conhecimento e confiana a mim.
Aos meus amigos da universidade e de moradia, pelas gentilezas e
extensos perodos de estudos em grupo.

AGRADECIMENTOS

Certamente, agradeo a Deus, por me dar suporte em minhas inseguranas.


Reverencio toda minha famlia, pais, avs, irmos, tios, primos, pela
compreenso, estmulo e colaborao. Principalmente pelo tempo que tive que abrir
mo do nosso convvio.
A todos os meus amigos e conhecidos que, de diversas formas, me apoiaram
nos momentos crticos.
Agradeo a Professora Dr. Fabiana Goia Rosa de Oliveira pela orientao,
pelos conselhos, suporte e ateno durante a realizao deste trabalho.
Aos Professores de Engenharia Civil que confiaram em minha capacidade.

Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso.


(EINSTEIN, Albert)

RESUMO

REIS, Wallace P. S. REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA: PROJETO DO


PRODUTO E DA PRODUO. 2013. 98f. Trabalho de Concluso de Curso
Engenharia Civil, Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campo Mouro,
2013.

de interesse das empresas construtoras a valorizao comercial de sua obra, do


seu empreendimento, seja ele de qualquer padro ou estilo. O revestimento
cermico de fachada se destaca sendo largamente empregado na construo civil a
fim de proporcionar um rico acabamento s obras e dar a margem de valorizao
almejada pelas empresas. Entretanto, so numerosas e de impacto negativo para as
estas empresas as ocorrncias de manifestaes patolgicas nos sistemas de
revestimento dos seus edifcios. As causas e origens das anomalias so diversas e,
por vezes, complexas. Neste contexto, surge a necessidade da discusso sobre
tecnologia do projeto de revestimento cermico de fachada, pouco desenvolvida at
o momento. Na consulta s bibliografias sobre o tema, torna-se claro que etapa de
Projeto de uma obra fundamental para o bom desempenho ao longo da vida til da
mesma, porque aborda pontos que devem ser bem equacionados antes da
execuo e que, se no analisada corretamente, incorrem em vcios permanentes.
Um projeto bem desenvolvido consegue diminuir custos, perdas de material, otimiza
as diversas etapas da execuo e especifica os recursos necessrios sua
concretizao. Apresenta-se neste trabalho as diretrizes e os parmetros
necessrios elaborao de um projeto de revestimento cermico de fachada.
Dentre eles, as caractersticas e conceitos sobre os materiais empregados nos
revestimentos cermicos, a importncia do projeto e suas particularidades,
orientaes para o desenvolvimento do projeto, detalhamentos e especificaes,
planejamento da produo, critrios de escolha e contratao dos recursos,
cronograma, logstica, sequncias executivas, controle e atribuies de
responsabilidades. Objetivou-se mostrar a necessidade do projeto do produto e da
produo de revestimento cermico como fator determinante na qualidade do
sistema.
Palavras-chave: Revestimento cermico. Fachada. Projeto do Produto. Projeto da
Produo. Execuo.

ABSTRACT

REIS, Wallace P. S. CERAMIC COATING FACADE: PRODUCT DESIGN AND


PRODUCTION. 2013. 98f. Trabalho de Concluso de Curso Engenharia Civil,
Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campo Mouro, 2013.

It is in the interest of construction companies to enrich the commercial value of it's


work, it's enterprise, be it of any pattern or style. The ceramic coating stands out
being widely used in construction to provide a rich finishing to the work and give the
margin of appreciation desired by companies. However, they are numerous and
negative impact on these companies occurrences of pathological manifestations in
coating systems for its buildings. The causes and origins of the anomalies are
diverse and therefore complex. In this context there is a need for discussion on
technology project coating ceramic facade, undeveloped yet. On enquiry with
bibliographies on the subject, it becomes clear that the Design stage of a project is
critical for the good performance over it's life, because it addresses issues that must
be well equated before it's execution, and that if not analyzed properly incur
permanent vices. A well developed project can cut down costs, loss of material,
enhances the various stages of performance and specifies the resources required to
deliver them. This work presents the guidelines and parameters necessary for the
preparation of project coating ceramic facade. Among them, the features and
concepts about the materials used in the ceramic, the importance of the project and
its particularities, guidelines for the development of the design, drawings and
specifications, production planning, selection criteria and recruitment resource,
schedule, logistics, executive sequences control tasks and responsibilities. The
objective was to show the necessity of the product design and production of ceramic
coating as a determining factor in the quality of the system.

Keywords: Ceramic coating. Facade. Product Design.


Execution.

Production Design.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Camadas constituintes do Revestimento Cermico de Fachada .............. 19


Figura 2 - Propriedades da argamassa nos estados fresco e endurecido ................ 29
Figura 3 - Dilatao trmica do revestimento cermico ............................................ 34
Figura 4 - Fatores e agentes que influenciam na qualidade dos RCF ....................... 37
Figura 5 - Sistema revestimento cermico ................................................................ 45
Figura 6 - Tipos de chapisco (industrializado, rolado e tradicional) ........................... 70
Figura 7 - Resultado do tempo em aberto vencido .................................................... 73
Figura 8 - Aplicao incorreta da placa cermica...................................................... 75
Figura 9 - Juntas de dessolidarizao ....................................................................... 77
Figura 10 - Detalhe - junta de trabalho ...................................................................... 78
Figura 11 - Junta de trabalho horizontal .................................................................... 78
Figura 12 - Disposies dos selantes nas juntas de trabalho ................................... 80
Figura 13 - Ensaios de arrancamento ....................................................................... 81
Figura 14 - Destacamento: erro de assentamento .................................................... 86
Figura 15 - Destacamento devido ao encurtamento da base .................................... 87
Figura 16 - Fissurao gereralizada .......................................................................... 88
Figura 17 - Gretamento ............................................................................................. 90
Figura 18 - Eflorescncia .......................................................................................... 91
Figura 19 - Deteriorao das juntas .......................................................................... 92

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Codificao dos grupos de absoro de gua em funo dos mtodos de


fabricao ............................................................................................... 25
Quadro 2 - Classes de resistncia abraso superficial .......................................... 25
Quadro 3 - Classes de resistncia abraso profunda (produtos no esmaltados) . 26
Quadro 4 - Denominao das placas cermicas prensadas ..................................... 27
Quadro 5 - Denominao das placas cermicas extrudadas .................................... 28
Quadro 6 - Requisitos mnimos de argamassa de rejuntamento............................... 32

SUMRIO

1 INTRODUO ....................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 13
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................... 13
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 14
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 16
5 CARACTERIZAO DO REVESTIMENTO CERMICO...................................... 17
5.1 CONCEITOS DO REVESTIMENTO CERMICO ............................................... 17
5.2 PLACAS CERMICAS ........................................................................................ 20
5.2.1 Composio das Placas Cermicas ................................................................. 21
5.2.2 Classificao das Placas Cermicas segundo a Indstria ............................... 22
5.2.3 Propriedades das Placas Cermicas ............................................................... 23
5.3 ARGAMASSAS ................................................................................................... 28
5.3.1 Argamassas para a regularizao de superfcies ............................................. 28
5.3.2 Argamassas Colantes ...................................................................................... 30
5.3.3 Argamassas de Rejuntamento ......................................................................... 31
5.4 JUNTAS .............................................................................................................. 33
6 PROJETO DE REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA ............................. 36
6.1 A IMPORTNCIA DO PROJETO ........................................................................ 36
6.2 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ................................................................ 39
6.2.1 Parmetros de Projeto...................................................................................... 40
6.2.2 Discriminao e Detalhamento ......................................................................... 42
6.2.3 Especificaes ................................................................................................. 44
6.2.4 Diretrizes para a escolha de materiais ............................................................. 46
6.2.5 Parmetros de Execuo ................................................................................. 47
6.2.6 Controle e Inspeo ......................................................................................... 48
6.2.7 Contedo do Projeto......................................................................................... 48
6.2.8 Atribuies de Responsabilidades na fase de projeto ...................................... 52
7 PLANEJAMENTO DA PRODUO ...................................................................... 53
7.1 ESCOLHA E CONTRATAO DOS RECURSOS ............................................. 54
7.1.1 Mo de obra ..................................................................................................... 54
7.1.2 Escolha do Revestimento Cermico ................................................................ 55
7.1.3 Escolha das Argamassas ................................................................................. 56
7.1.4 Equipamentos e Ferramentas .......................................................................... 57
7.1.5 Componentes especiais ................................................................................... 60
7.2 PROCEDIMENTOS DE PRODUO ................................................................. 60
7.2.1 Plano de Ao .................................................................................................. 61
7.3 CRONOGRAMA .................................................................................................. 62
8 EXECUO DO REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA .......................... 64
8.1 TREINAMENTO DAS EQUIPES ......................................................................... 65
8.2 LOGSTICA DO SISTEMA .................................................................................. 66
8.3 RASTREABILIDADE ........................................................................................... 67
8.4 PREPARO DA BASE .......................................................................................... 68
8.4.1 Chapisco .......................................................................................................... 69
8.5 CAMADA DE REGULARIZAO DAS SUPERFCIES ...................................... 70
8.6 APLICAO DA ARGAMASSA COLANTE ........................................................ 72

8.7 ASSENTAMENTO DOS COMPONENTES CERMICOS .................................. 74


8.8 EXECUO DAS JUNTAS ................................................................................. 76
8.9 REJUNTAMENTO ............................................................................................... 79
8.10 CONTROLE E INSPEO DAS ETAPAS ........................................................ 80
8.11 ATRIBUIO DE RESPONSABILIDADES ....................................................... 82
9 PATOLOGIAS DO REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA ....................... 85
10 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................. 93
REFERNCIAS ......................................................................................................... 96

11

1 INTRODUO

O revestimento cermico vem sendo usado desde a antiguidade nos pisos e


paredes pela nobreza. Naquela poca, os palcios eram revestidos por azulejos
caprichosamente decorados pelos artesos ceramistas. A grande vantagem de sua
utilizao reside nas caractersticas de durabilidade, facilidade de limpeza, alm do
aspecto esttico agradvel.
Atualmente, a construo passa por um perodo de transio entre os
mtodos artesanais e a exigncia tcnica de planejamento. Com a evoluo
tecnolgica e a produo industrial em massa, o revestimento cermico tornou-se
acessvel a todas as camadas sociais e as possibilidades de uso cresceram muito.
O organismo internacional CTBUH - Council on Tall Buildings and Urban
Habitat (1995 apud MEDEIROS; SABBATINI, 1999) considera que a fachada de um
edifcio tem uma relao marcante com o meio ambiente urbano e envolve valores
sociais importantes, tipificando e caracterizando a sociedade, suas aspiraes e at
grau de prosperidade.
As fachadas cermicas se destacam no setor projetista, garantindo um
espao rico de trabalho, uma vez que representam um dos maiores sistemas de uma
edificao e tambm uma das preferncias do mercado consumidor em
praticamente todos os segmentos imobilirios. A rea de fachada proporcional
dimenso da obra e a execuo do revestimento sobre ela influencia diretamente a
construo, desde o planejamento de canteiro at o planejamento financeiro da
obra.
Entretanto, os empreendedores e construtores, comumente, no se atentam
concepo e detalhamento de um procedimento de construo de uma fachada.
Projetos arquitetnicos, estruturais, de alvenarias e de esquadrias so feitos antes e
independentemente que se saiba qual o produto de revestimento da fachada. E,
quando muito, o material de revestimento definido apenas de acordo com o custo,
esttica e disposio no mercado. Contudo, a presena de manifestaes
patolgicas torna-se comum. Dentre as patologias mais comuns destacam-se os

12

destacamentos/descolamentos de placas, as trincas, o gretamento e fissuras, as


eflorescncias e a deteriorao das juntas.
Os motivos so diversos e na maioria das vezes a causa est nos princpios
do processo de um projeto. Um elemento que aparentemente insignificante pode
ser potencialmente deletrio no que tange qualidade, construo da fachada e
ao conforto visual e, ainda, tornar-se de difcil correo. Evidencia-se ento, a
importncia da qualidade do procedimento de revestimento antes, durante e depois
da construo, com resultado e desempenho satisfatrio ao longo do tempo.
Reconhecendo a possibilidade de evoluo dos revestimentos cermicos de
fachada e seu vasto potencial de uso, o projeto do produto revestimento ganha uma
nova dimenso. desenvolvido com base na inter-relao com todos os
subsistemas, estrutural, de vedao, de esquadrias, de impermeabilizao e em
funo da particularidade de cada empreendimento.
O trabalho tem o propsito de levantar, discutir e promover a tecnologia de
projeto de revestimento cermico de fachadas contribuindo para evoluo desta
parte da edificao, esclarecendo que a livre escolha e produo dos materiais
cermicos de qualidade no bastam para se obter bons resultados, contemplando os
requisitos de desempenho necessrios no projeto para evitar as patologias e,
consequentemente, possibilitar maior durabilidade.
O objetivo central deste trabalho estudar a importncia do projeto do
produto e da produo do sistema revestimento cermico de fachada, a partir de
uma anlise dos requisitos fundamentais ao desenvolvimento do projeto e das
tcnicas de execuo existentes neste segmento, tratando dos mtodos de
preveno s patologias de revestimento cermico de fachadas que proporcionem
melhor desempenho e durabilidade da construo.

13

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar a importncia do projeto de revestimento cermico de fachada,


contemplando os requisitos fundamentais ao desenvolvimento do projeto do produto
e do projeto da produo que corresponda s necessidades dos usurios, a partir de
uma anlise bibliogrfica, tratando dos mtodos potencialmente preventivos s
patologias do revestimento cermico de fachada.

2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

Analisar a tecnologia dos materiais empregados no sistema revestimento cermico


de fachada, os mtodos executivos, detalhes construtivos, normalizao nacional e
as principais patologias relacionadas.
Contribuir com uma viso sistmica da elaborao de projeto do produto e do projeto
da produo do revestimento cermico de fachada, para que corresponda s
necessidades do mercado da construo civil, mas que atenda tambm ao usurio.
Mostrar a necessidade do projeto do produto e da produo de revestimento
cermico como fator determinante na qualidade do sistema.
Apontar os parmetros e diretrizes potencialmente preventivos ao surgimento de
patologias de revestimento cermico de fachada, garantindo qualidade e
durabilidade do sistema atravs da ampliao das informaes.

14

3 JUSTIFICATIVA

As obras de revestimento cermico de fachadas tornam-se cada vez mais


comuns no pas. Nos grandes centros urbanos, frequente o uso deste tipo de
tecnologia de revestimento nas construes, assim como suas patologias.
Para Medeiros e Sabbatini (1999), o clima predominantemente tropical e
chuvoso brasileiro favorece o uso de RCF (Revestimento Cermico de Fachadas)
fazendo com que esta opo seja uma das mais interessantes, pelo desempenho e
durabilidade, alm da esttica, facilidade de limpeza, possibilidades de composio
harmnica, maior resistncia penetrao de gua, conforto trmico e acstico.
Esta tendncia torna os revestimentos cermicos quase uma unanimidade para o
mercado consumidor nas cidades litorneas, por exemplo. Seu uso comumente
associado ao prprio padro de qualidade da construo, agregando valor ao
imvel.
Porm, as patologias so comuns nos revestimentos cermicos de
fachadas. Geralmente, advindas de um conjunto de fatores que so deixados ao
improviso, prtica de obra, sem critrios corretos de execuo. Segundo Roscoe
(2008), as patologias de RCF so difceis de recuperar e custam caro. Quando
manifestam-se

visualmente,

integridade

do

revestimento

pode

estar

comprometida e os custos para recuperao podem facilmente superar os custos da


execuo original.
Muitas vezes os fabricantes do produto e os usurios tm pontos de vista
diferentes. O fabricante atesta a qualidade do material cumprindo os requisitos
mnimos na normalizao. O consumidor recorre norma do produto, tentando
complementar a falta da norma de projeto de RCF, o que no oferece parmetros
suficientes para o entendimento do sistema construtivo por completo. Surge a
incompatibilidade do material com a utilizao e, consequentemente, a patologia.
Acertar se torna uma tarefa rdua.
O revestimento de fachada tem a funo de invlucro na edificao. O que
se passa externamente pode interferir internamente, e vice-versa. Contudo,

15

necessrio o entrosamento do sistema de fachada com o revestimento, a


impermeabilizao, a alvenaria, as esquadrias e a estrutura.
O domnio da tecnologia de produo de placas cermicas no condio
suficiente para a obteno de resultados satisfatrios, sendo imprescindvel dispor
de uma metodologia para desenvolvimento de projetos que considere os vrios
aspectos envolvidos no processo (MEDEIROS; SABBATINI, 1999).
Com este trabalho busca-se mostrar a importncia da elaborao de um
projeto de revestimento cermico de fachada de modo a evitar as principais
patologias comuns a este segmento, colhendo, organizando informaes e
detalhando os procedimentos construtivos fundamentais concepo deste sistema.

16

4 METODOLOGIA

Baseando-se na bibliografia e utilizando como fonte principal revistas do


meio, dissertaes, livros, manuais tcnicos dos fabricantes e material disponvel na
internet, a pesquisa tm carter exploratrio, descritivo e explicativo. O trabalho se
atm ao levantamento, registro e organizao dos dados bibliogrficos referentes ao
assunto. Os objetivos so desvendar, recolher e analisar os requisitos fundamentais
ao desenvolvimento do projeto do produto e do projeto da produo do revestimento
cermico de fachada, que sejam de real importncia aos usurios, a partir de uma
anlise bibliogrfica, apresentando tambm as principais proposies no estado da
arte at o momento.

17

5 CARACTERIZAO DO REVESTIMENTO CERMICO

O revestimento cermico um sistema composto por camadas sucessivas de


composies e materiais, cujas funes e propriedades devem ser conhecidas a
fundo no momento de sua concepo.

5.1 CONCEITOS DO REVESTIMENTO CERMICO

A NBR 13816 - Placas cermicas para revestimento Terminologia (ABNT,


1997) define revestimento cermico como sendo o conjunto formado pelas placas
cermicas, pela argamassa de assentamento e pelo rejunte.
De acordo com a NBR 13755 (ABNT, 1996), revestimento externo um
conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constitudo pela estrutura
suporte, alvenarias, camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja
funo proteger a edificao da ao da chuva, umidade, agentes atmosfricos,
desgaste mecnico oriundo da ao conjunta do vento e partculas slidas, bem
como dar acabamento esttico.
O revestimento cermico de fachada de edifcios utilizando a tcnica de
revestimento aderido identificado por Medeiros e Sabbatini (1999) como o conjunto
monoltico de camadas, inclusive emboo de substrato, aderidas base suporte da
fachada do edifcio seja alvenaria ou estrutura, cuja capa exterior constituda de
placas cermicas, assentadas e rejuntadas com argamassas ou material adesivo.
Ainda, Campante e Baa (2003) dizem que os revestimentos cermicos
devem ser entendidos como um sistema composto por uma sucesso de camadas,
formando um conjunto que deve apresentar comportamento monoltico aderido ao
substrato e este base.

18

Para Fiorito (1994), qualquer que seja a natureza do revestimento final de


uma parede devemos sempre consider-lo ligado e fazendo parte do conjunto de
todas as camadas suportes. Todas as camadas de um revestimento tm
deformaes prprias quer devidas sua secagem, como ocorre com as
argamassas e concreto, quer devidas a esforos externos. No esquecendo que os
materiais cermicos no so totalmente estveis, uma vez que se expandem, em
menor ou maior grau, em funo da umidade natural do ambiente.
Segundo Medeiros e Sabbatini (1999) os revestimentos cermicos externos
de edifcios podem ser classificados de acordo com a tcnica construtiva e pela
forma como eles se comportam depois de aplicados.
Aderidos: revestimento cermico tradicional que trabalha aderido sobre a
base e substrato que lhe servem de suporte;
No aderidos: que no permitem aderncia entre as camadas,
revestimentos que possuem camadas com funo de isolamento trmico,
acstico e de impermeabilizao, precisam ser fixados por meio de
dispositivos especiais.
Neste trabalho, contemplado o revestimento cermico externo aderido.
Denomina-se base o suporte do revestimento de fachada constitudo de estrutura de
concreto e vedaes em alvenaria (tradicional), e de substrato o emboo de
argamassa aplicado sobre as bases e sobre o qual so aplicadas as demais
camadas do RCF.
A Figura 1 mostra os materiais e camadas constituintes indicando os
principais componentes do revestimento cermico de fachada.

19

Figura 1 - Camadas constituintes do Revestimento Cermico de Fachada


Fonte: Medeiros e Sabbatini (1999)

A base no faz parte do sistema, mas fundamental para seu desempenho


global. Essas camadas devem se comportar solidariamente, se um dos
componentes falhar, todo o conjunto pode estar comprometido. Podem ser
alvenarias de vrios tipos (blocos de concreto, blocos cermicos, tijolos macios,
blocos slico-calcrio ou de concreto celular autoclavado), outros tipos de painis de
vedao (Dry Wall ou cimentcios), ou tambm elementos estruturais (vigas, lajes,
pilares de concreto armado). Cada um destes materiais tem caractersticas distintas
que devem ser avaliadas.
Juntamente com a estrutura, com as vedaes verticais e horizontais,
demais revestimentos e os sistemas prediais, o revestimento cermico de fachada
um dos elementos que compe o edifcio proporcionando o acabamento final.
Segundo Campante e Baa (2003), sendo uma parte integrante do edifcio,
necessrio que o revestimento apresente propriedades especficas e cumpra as
suas funes, contribuindo para o adequado desempenho do edifcio como um todo.
As principais funes do revestimento cermico so:
Proteger os elementos de vedao do edifcio.
Auxiliar as vedaes no cumprimento das suas funes: isolamento
trmico e acstico, estanqueidade gua e aos gases, segurana contra
o fogo, dentre outras.

20

Regularizar a superfcie dos elementos de vedao.


Proporcionar acabamento final aos revestimentos de pisos e paredes.
O revestimento cermico um material que graas produo industrial em
massa e evoluo tecnolgica, tornou-se acessvel todas as classes sociais e as
possibilidades de uso cresceram significativamente. Existe revestimento cermico
para todos os ambientes: reas comerciais, industriais, residenciais, fachadas,
piscinas, etc. As caractersticas principais so: impermeabilidade, estabilidade de
cores, facilidade de limpeza, resistncia abraso e a manchas, e claro, beleza.
Segundo a NBR 13816 (ABNT, 1997), placa cermica para revestimento
um material composto por argila e outras matrias-primas inorgnicas, geralmente
utilizadas para revestir pisos e paredes, sendo formada por extruso ou por
prensagem, podendo tambm ser conformado por outros processos, e queimadas a
altas temperaturas.
Devido variedade considervel de produtos cermicos no mercado
segundo formatos, dimenses, cores, processo de fabricao, propriedade e
funes, tornam-se essenciais as classificaes tcnicas e do setor industrial para
os mesmos.

5.2 PLACAS CERMICAS

A placa cermica, alm de dar proteo s fachadas, a parte do


revestimento que transmite a beleza ao sistema atravs de suas cores e modelos.
Entretanto, para escolher um produto de boa qualidade necessrio conhecer um
pouco mais de suas classificaes e propriedades.
Neste trabalho so contempladas as placas cermicas que possuem as
dimenses mximas:
rea da superfcie: 400 cm
Espessura total: 15 mm.

21

De acordo com a NBR 13755 (ABNT, 1997).

5.2.1 Composio das Placas Cermicas

De acordo com a NBR 13816 (ABNT, 1997), a placa cermica constitui-se


de uma lmina fina fabricada de argilas e/ou outras matrias-primas inorgnicas,
usadas como revestimentos para piso e parede.
Na fabricao das cermicas de revestimentos so utilizadas matrias
primas encontradas na natureza de dois tipos principais, os materiais argilosos e os
no-argilosos. Os materiais argilosos formam a base do biscoito da placa, que
uma mistura de diversos tipos de argila. Os no-argilosos tm a funo de sustentar
o corpo cermico e proporcionar a fuso da massa com materiais sintticos
(esmalte, por exemplo).
Dentre as matrias-primas argilosas destacam-se:

Argila plstica: material composto basicamente de argilominerais e outros


minerais no argilosos como quartzo, feldspato, micas e matria orgnica;

Argila fundente: material composto por uma mistura de argilominerais com


proporo variada de quartzo e outros minerais no-plsticos e presena
de xidos fundentes;

Dentre os materiais no-argilosas destacam-se:

Filitos: rocha muito fina que, devido sua natureza qumica minerolgica,
pode compor at 50% de massas cermicas;

Fundentes feldspticos: material constitudo de minerais puro e isento de


contaminantes. utilizado nas camadas de cobrimento do corpo cermico
(engobe e vidrado).

22

Caulim: minrio composto de silicatos hidratados de alumnio e apresenta


caractersticas que permitem seu uso na produo de papel, cermica,
tintas, etc;

Talco: mineral de baixa dureza. Sua cor varia de branco a cinza,


translcido e opaco;

Carbonatos.

5.2.2 Classificao das Placas Cermicas segundo a Indstria

De acordo com a ABC (Associao Brasileira de Cermica), no que tange ao


setor industrial, adota-se a seguinte classificao:
a. Cermica vermelha: compreende os materiais de colorao avermelhada
utilizados tanto no setor da construo civil (tijolos, blocos, telhas, refratrios)
como em utenslios domsticos e adornos;
b. Materiais de revestimentos (Placas Cermicas): materiais usados na
construo civil para revestimentos de paredes, pisos e bancadas tais como
azulejos, placas ou ladrilhos para pisos e pastilhas;
c. Cermica branca: loua sanitria, loua de mesa, cermica artstica e
cermica utilizada para fins tcnicos;
d. Materiais Refratrios: possuem caractersticas especficas para suportarem
variaes bruscas de temperatura. Utilizados em operaes industriais;
e. Vidro, Cimento e Cal: apesar de serem desconsiderados do setor cermico
em funo de suas particularidades, o vidro, cimento e cal so trs
importantes elementos do setor.
As placas utilizadas para revestimentos de fachada enquadradas no grupo
das cermicas vermelhas possuem alta porosidade e so chamadas comercialmente
de plaquetas para revestimento de parede (plaquetas de laminado cermico ou

23

placas litocermicas). Em sua produo utiliza-se a argila como matria-prima nica


sem adio de outro mineral. J as placas obtidas por meio de massas compostas
de diversas combinaes e teores (argila, caulins, quartzito, calcita, talco, dolomita,
filito, feldspato) resultam em materiais como o gres, a faiana e porcelanas. As
matrias-primas dessas placas so utilizadas tambm em materiais enquadrados na
classificao da cermica branca, como citado anteriormente.

5.2.3 Propriedades das Placas Cermicas

Para o correto uso das placas cermicas, necessrio entender suas


classificaes tcnicas e suas propriedades.
Composio: Como mencionado anteriormente, separada por cermica
vermelha ou cermica branca;
Processo de fabricao: cermica extrudada ou prensada, segundo NBR
13818 (ABNT, 1997).
A. Extrudada: A massa plstica colocada em uma extrudora (conhecida como
maromba) onde compactada e forada por um pisto.
B. Prensada: A massa granulada com baixo teor de umidade colocada em um
molde com formato e tamanho definidos para em seguida ser submetida a
altas presses atravs de prensas de grande peso.
Acabamento superficial: esmaltada ou no esmaltada, segundo NBR 13817
(ABNT, 1997) e Campante e Baa (2003).
Esmaltadas (glazed) ou GL: recebem uma camada superficial de material
vtreo que, depois de queimado no forno, torna a superfcie da placa
vitificada.
No esmaltadas (unglazed) ou UGL: quando a placa cermica
simplesmente queimada no forno, sem adio de esmalte.

24

Textura: lisas e rugosas, segundo Campante e Baa (2003).


Lisas: as placas lisas tm menor capacidade de absoro trmica e
proporcionam maior reflexo dos raios solares, contribuindo para o melhor
comportamento trmico. Ainda permitem um maior escoamento de resduos
superficiais.
Rugosas: as placas rugosas tm maior capacidade de distribuir os fluxos da
gua, contribuindo para sua proteo.
Cor: divididas em placas de cores claras ou frias e em placas de cores
escuras ou quentes, segundo Campante e Baa (2003).
Escuras: apresentam maior capacidade de absorver calor dos raios solares,
ficando, portanto, sujeitas a maiores temperaturas, o que leva ao aumento
das tenses no revestimento.
Claras: apresentam maior capacidade de refletir os raios solares, diminuindo
a oscilao de temperatura e as tenses no revestimento.
Absoro dgua: uma das principais caractersticas dos revestimentos
cermicos indicando a porosidade que depende do processo de produo (via
seca ou mida) e de outos fatores, como o grau de compactao da massa, a
temperatura e o tempo de quima. O grau de absoro da gua interfere nas
outras propriedades da placa, tais como: resistncia mecnica, resistncia ao
gelo, resistncia qumica, resistncia ao impacto e resistncia ao choque
trmico, segundo Campante e Baa (2003).

25

Mtodos de fabricao
Absoro de gua (%)
Extrudado (A)
0 a 0,5

Prensado (B)

Outros (C)

BIa
AI

0,5 a 3

CI
BIb

3a6

AIIa

BIIa

CIIa

6 a 10

AIIb

BIIb

CIIb

> 10

AIII

BIII

CIII

Quadro 1 - Codificao dos grupos de absoro de gua em funo dos mtodos de


fabricao
Fonte: NBR 13817 (ABNT, 1997)

Resistncia mecnica: caracterizada pelo mdulo de resistncia flexo e


carga de ruptura e depende tanto da composio da placa cermica quanto
de sua espessura, segundo Campante e Baa (2003).
Resistncia abraso superficial ou resistncia ao desgaste superficial:
pode ser medida atravs da abraso superficial (para placas esmaltadas) ou
da abraso profunda (para placas no esmaltadas, como alguns tipos de
porcelanato). No caso das esmaltadas a classe de abraso denominada PEI
(Porcelain Enamel Institute), segundo Campante e Baa (2003).

Classe (PEI)

Resistncia

Baixa

Mdia

Mdia Alta

Alta

Altssima

Quadro 2 - Classes de resistncia abraso superficial

26

Fonte: Campante e Baa (2005)

A tabela a seguir mostra os valores de referncia ao ensaio de abraso


profunda de placas cermicas no esmaltadas. Quanto menor o valor obtido no
ensaio, mais resistente abraso ser a placa cermica, j que a quantidade de
material removido ser menor.

Denominao das Placas

Resultado do Ensaio (mm)

Bia

175

BIb

175

BIIa

345

BIIb

540

Quadro 3 - Classes de resistncia abraso profunda (produtos no esmaltados)


Fonte: NBR 13818 (ABNT, 1997)

Resistncia ao ataque de agentes qumicos: ligada composio dos


esmaltes, temperatura e ao tempo de queima da cermica, segundo
Campante e Baa (2003).
Dilatao trmica e expanso por umidade: significam um aumento da
placa mediante variaes de calor e umidade. A dilatao trmica um
fenmeno

reversvel

ocorre

principalmente

em

locais

sujeitos

aquecimentos. A expanso por umidade (EPU) um processo irreversvel e


ocorre com maior intensidade em lugares com alta incidncia de umidade,
segundo Campante e Baa (2003).
Resistncia gretagem: ocorre em placas esmaltadas quando a
expanso/dilatao do corpo da placa cermica no acompanhada pela
camada de esmalte superficial. Se a camada de esmalte no acomodar este
movimento de expanso/dilatao, ocorre a fissurao em forma de fio de
cabelo ou teia de aranha, segundo Campante e Baa (2003).

27

Resistncia ao choque trmico: significa que a placa resiste a uma grande


variao de temperatura, segundo Campante e Baa (2003).
Resistncia ao gelo: em regies frias, a gua penetra nos poros da placa
cermica, ao se congelar, aumenta de volume, danificando a placa. uma
caracterstica que depende, sobretudo, da absoro de gua da placa,
segundo Campante e Baa (2003).
Resistncia manchas: indica a facilidade de limpeza da superfcie da placa
cermica, segundo Campante e Baa (2003).
Resistncia ao ataque qumico: mede a resistncia da placa cermica
diante da ao de produtos qumicos, segundo Campante e Baa (2003).
As propriedades das placas cermicas prensadas e extrudadas esto
apresentadas nos Quadros 4 e 5, segundo a NBR 13818 (ABNT, 1997).

Mdulo de
Tipo de placa Denominao

Absoro de

resistncia

Carga de

gua (%)

flexo

ruptura (N)

(N/mm)
Porcelanato e
BIa

0 a 0,5

35

1300

Grs

BIb

0,5 a 3

30

1100

Semigrs

BIIa

3a6

22

1000

Semiporoso

BIIb

6 a 10

18

800

Poroso

BIII

> 10

15

600

Revestimento
Porcelanizado

Quadro 4 - Denominao das placas cermicas prensadas


Fonte: NBR 13818 (ABNT, 1997)

28

Mdulo de
Tipo de placa

Denominao

Absoro de

resistncia

Carga de

gua (%)

flexo

ruptura (N)

(N/mm)
Extrudada

AIa

0a3

23

1100

Extrudada

AIIa

3a6

20

950

Extrudada

AIIb

6 a 10

17,5

900

Extrudada

AIII

> 10

600

Quadro 5 - Denominao das placas cermicas extrudadas


Fonte: NBR 13818 (ABNT, 1997)

5.3 ARGAMASSAS

As argamassas, como parte do revestimento, tm igual importncia s placas


cermicas, seno maior. Mesmo acreditando na eficincia de resultados obtidos com
a correta aplicao do Mtodo Convencional de Produo de Argamassas, a
indstria cermica no teria atingido os nveis de produo atuais sem a existncia
da Indstria de Argamassas Colantes.

5.3.1 Argamassas para a regularizao de superfcies

De acordo com Fiorito (1994), como parte do sistema de revestimento


cermico de fachada, o emboo, apresenta importantes funes que so
genericamente:

29

Proteger os elementos de vedao dos edifcios da ao dos agentes


agressivos;
Auxiliar as vedaes no cumprimento das suas funes como, por exemplo, o
isolamento termo-acstico e a estanqueidade gua e aos gases;
Regularizar a superfcie dos elementos de vedao, servindo de base regular
adequada ao recebimento de outros revestimentos ou constituir-se no
acabamento final;
importante ressaltar que no funo desta parte do revestimento
dissimular imperfeies grosseiras da base. Na prtica, essa situao ocorre com
muita freqncia, devido falta de cuidado no momento da execuo da estrutura e
da alvenaria, que ficam desaprumadas e desalinhadas. Com isso necessrio
esconder na massa as imperfeies, o que compromete o cumprimento adequado
das reais funes do revestimento, segundo Maciel et al. (1998).
Para que esta parte do revestimento possa cumprir adequadamente a sua
funo, ela precisa apresentar um conjunto de propriedades especficas, que so
relativas argamassa nos estados fresco e endurecido.

Figura 2 - Propriedades da argamassa nos estados fresco e endurecido


Fonte: Maciel et al. (1998)

Fiorito (1994) diz que as argamassas utilizadas em obras so comumente


compostas de areia natural lavada, e os aglomerantes so de forma geral o cimento
Portland e a cal hidratada. Sua denominao em funo do aglomerante utilizado.

30

Assim, temos argamassa de cal, de cimento ou mista de cal e cimento. As


argamassas de cal so utilizadas para emboo e reboco, pela sua plasticidade,
condies favorveis de endurecimento, elasticidade, e porque proporcionam
acabamento

esmerado,

plano

regular.

Encontram

tambm

aplicao

no

assentamento das alvenarias de vedao.


As argamassas de cimento so mais resistentes, porm de mais difcil
trabalhabilidade. Adiciona-se cal para torn-las mais plsticas e facilitar o
acabamento. Tais argamassas mistas de cimento e cal so utilizadas nas alvenarias
estruturais ou no, de tijolos ou blocos; nos contrapisos; no assentamento de
revestimentos cermicos em pisos e paredes pelo mtodo convencional; no preparo
de paredes e pisos para receberem revestimentos cermicos aplicados com
argamassa colante; e, especialmente, nos emboos de forros e paredes (FIORITO,
1994).

5.3.2 Argamassas Colantes

Desde o surgimento da argamassa colante, muitas fbricas deste produto


proliferaram, devido inexistncia inicial de especificaes. Nem sempre a
qualidade norteou sua produo. Hoje em dia a qualidade e diversidade de produtos
vm sendo discutidas e, por certo, o mercado consumidor dever se tornar mais
sensvel ao uso de produtos de melhor desempenho (FIORITO, 1994).
Assim

como

os

produtos

cermicos,

as

argamassas

utilizadas

no

revestimento cermico tambm apresentam variedade. A norma brasileira NBR


14081 (ABNT, 1998) denomina as argamassas adesivas e colantes, definindo-as
como: Produtos industrializados, no estado seco, compostos de cimento Portland,
agregados minerais e aditivos qumicos, que, quando misturados com a gua,
formam uma pasta viscosa, plstica e aderente, empregada no assentamento de
placas cermicas para revestimento.

31

A propriedade fundamental que diferencia as argamassas adesivas


convencionais das argamassas tradicionais a capacidade de reteno de gua.
esta propriedade que permite que o material seja aplicado em camada fina, sem
perder, para a base ou para o ar, a quantidade de gua necessria hidratao do
cimento Portland (CRIBARI, 2010).
A diferenciao bsica considera o tempo em aberto e a capacidade de
aderncia. Segundo a NBR 14081 (ABNT, 1998) especificam-se as argamassas
pelos tipos:
AC-I rgidas para uso interior o aditivo da argamassa apenas o
retentor de gua; s propicia ancoragem mecnica;
AC-II aditivadas para uso exterior suportam esforos decorrentes de
flutuaes higrotrmicas, da chuva e do vento; so adicionadas resinas na
argamassa. Nesse caso, existe ancoragem mecnica e qumica;
AC-III aditivadas argamassa de alta resistncia possui maior resistncia
de aderncia que as demais; a quantidade de resinas adicionadas na
argamassa propicia forte ancoragem qumica. Mesmo depois de seca, possui
certa flexibilidade para acompanhar, em parte, a movimentao do sistema de
revestimento, dificultando o descolamento por cisalhamento e por flambagem
da placa cermica;
AC-IIIE aditivadas argamassa especial similar ao tipo III, possui aditivo
que permite estender o tempo em aberto.

5.3.3 Argamassas de Rejuntamento

Segundo Fiorito (1994), a maioria dos materiais de rejuntamento base de


cimento Portland. Podem receber adies de outros produtos para serem mais
elsticos, repelirem gua, resistirem fungos, permanecerem brancos (quando o

32

rejunte for branco), terem resistncia mecnica, serem impermeveis, serem


coloridos, etc.
A NBR 14992 (ABNT, 2003) classifica as argamassas base de cimento em
duas classes distintas:
Rejuntamento do tipo I: indicada para rejuntamento de placas cermicas em
ambientes internos e externos, desde que observadas as condies de uso
em locais em que o trnsito de pedestres/transeuntes no intenso, uso em
conjunto com placas cermicas com absoro de gua acima de 3% (grupos
II e III, segundo a NBR 13817) e uso em ambientes externos limitado a 20m
no caso de pisos, e 18m, no caso de paredes.
Rejuntamento do tipo II: indicada para rejuntamento de placas cermicas em
ambientes internos e externo, desde que observadas todas as condies do
tipo I, alm disso, o uso em locais onde haja trnsito intenso de
pedestres/transeuntes, uso em conjunto com placas cermicas com absoro
de gua inferior a 3% (grupos I, segundo a NBR 13817), uso em ambientes
externos, pisos ou paredes, de qualquer dimenso, ou sempre que haja
juntas de movimentao e uso em ambientes internos ou externos com
presena de gua confinada (piscinas, espelhos dgua, etc.).

Propriedade

Unidade

Tipo I

Tipo II

mm

75

65

mm/m

2,00

2,00

Resistncia compresso

MPa

8,0

10,0

Resistncia trao na flexo

MPa

2,0

3,0

Absoro de gua por capilaridade aos 300 min.

g/cm

0,60

0,30

cm

2,0

1,0

Reteno de gua
Variao dimensional

Permeabilidade aos 240 min.

Quadro 6 - Requisitos mnimos de argamassa de rejuntamento


Fonte: NBR 14992 (ABNT, 2003)

33

Segundo Campante e Baa (2003), outras caractersticas e propriedades


importantes so garantidas por fabricantes idneos, tais como:
Capacidade de absorver deformaes: para resistir s condies de uso e s
ambientais;
Impermeabilidade: para garantir a estanqueidade do revestimento cermico;
Resistncia abraso: para resistir a operaes de limpeza;
Durabilidade: para no sofrer alteraes de propriedades (por exemplo, cor)
no decorrer do uso;
Resistncia a fungos.

5.4 JUNTAS

Ainda que, s vezes, no seja perceptvel, em qualquer obra existem


movimentaes. Com o intuito de diminuir as incidncias de trincas e fissuras no
revestimento e descolamentos de placas devido a essas movimentaes que so
usadas as juntas.
Por serem modulares, os revestimentos cermicos sempre apresentaro
juntas entre os componentes. Porm em face das condies de uso, do tipo de base
e do tipo de placas cermicas, pode ser necessria a utilizao de outros tipos de
juntas, como as de trabalho ou de movimentao e as juntas estruturais, todas
usadas para dissipao de tenses vindas das deformaes da base e/ou do
revestimento (CAMPANTE E BAA, 2003).
Segundo a NBR 13755 (ABNT, 1996) necessrio manter espaamentos ou
juntas entre as placas cermicas na execuo do assentamento, o que d poder de
movimentao ao revestimento devido variao trmica, expanso por umidade,
s deformaes estruturais e aos detalhes de paginao.

34

Figura 3 - Dilatao trmica do revestimento cermico


Fonte: Junginger (2007)

A mesma norma define:


Junta: Espao regular entre duas peas de materiais idnticos ou distintos;
Junta de assentamento: Espao regular entre duas placas cermicas
adjacentes;
Junta de movimentao: Espao regular cuja funo subdividir o
revestimento, para aliviar tenses provocadas pela movimentao da base ou
do prprio revestimento, compensando a variao de bitola das placas
cermicas facilitando do alinhamento, harmonizando o tamanho das placas e
as dimenses do pano a revestir com a largura das juntas entre as placas
cermicas, facilitando o perfeito preenchimento, garantindo a vedao
completa da junta e at mesmo, facilitar a troca de placas;
Junta de dessolidarizao: Espao regular cuja funo separar o
revestimento para aliviar tenses provocadas pela movimentao da base ou
do prprio revestimento;
Junta estrutural: Espao regular cuja funo aliviar tenses provocadas
pela movimentao da estrutura de concreto.
De acordo com Campante e Baa (2003), as juntas de assentamento,
conhecidas tambm como juntas entre componentes, tm as seguintes funes:

35

Reduzir o mdulo de deformao do pano de revestimento e, desta forma,


aumentar a capacidade deste em absorver deformaes vindas das variaes
trmicas e higroscpicas e das deformaes da base;
Absorver variaes dimensionais entre as placas cermicas;
Permitir alinhamentos precisos das placas cermicas, que, por terem
variaes dimensionais decorrentes do prprio processo de fabricao, no
podem ser assentadas a seco sem que percam os alinhamentos.
Permitir harmonizao esttica do conjunto.
De acordo com o mesmo autor, as juntas de trabalho, conhecidas como
juntas de movimentao, tm as funes:
Criar painis de dimenses que permitam dissipar as tenses induzidas pelas
deformaes do prprio revestimento, somadas quelas da prpria base;
Funcionar como juntas de controle, ou seja, ser colocadas em locais
(encontro entre alvenaria e estrutura de concreto) passveis de aparecimento
de fissuras e trincas, de modo que, dissipando as tenses existentes, estas
no sejam transmitidas ao revestimento cermico.
Finalizando, Campante e Baa (2003) explicam que as juntas estruturais,
conhecidas tambm como juntas de dilatao, so definidas durante a elaborao
do projeto estrutural e tem a funo de absorver as tenses surgidas com a
deformao de todo o edifcio. Caso exista a junta na regio a ser revestida com
placas cermicas, obrigatoriamente a junta do revestimento cermico dever
respeitar a posio e a abertura da junta estrutural permitir uma deformao igual
quela prevista no projeto estrutural para a deformao do edifcio.

36

6 PROJETO DE REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA

A elaborao do projeto de revestimento fundamental para obteno de um


desempenho satisfatrio ao longo do tempo, refletindo no aumento da qualidade e
produtividade, reduo das falhas, desperdcios e custos. Tem como finalidade a
determinao

dos

materiais,

geometria,

juntas,

reforos,

acabamentos,

procedimento de execuo e controle. Porm, para que este objetivo seja realmente
alcanado, necessrio que o projeto de revestimento externo apresente um
conjunto de informaes relativas s caractersticas do revestimento e da sua forma
de produo (COMUNIDADE DA CONSTRUO, 2006).

6.1 A IMPORTNCIA DO PROJETO

Segundo Melhado e Agopyan (1995), quando se fala em projeto de edifcios,


acredita-se que se deva extrapolar a viso do produto ou da sua funo. Nesse
caso, fica claro que o projeto deva ser encarado, tambm, sob a tica do processo
(no caso, a atividade de construir). E, tambm nesse contexto, o projeto deve ser
encarado como informao, a qual pode ser de natureza tecnolgica (como no caso
de indicaes de detalhes construtivos ou locao de equipamentos) ou de cunho
puramente gerencial - sendo til ao planejamento e programao das atividades de
execuo, ou que a ela do suporte (como no caso de suprimentos e contrataes
de servios).
Desenvolver o projeto para produo de revestimento cermico de fachada
necessrio por razes tcnicas e econmicas. Alm de definir os meios para que o
planejamento e a programao da produo sejam eficientes, o projeto deve permitir
exercer o controle de qualidade do processo dos materiais e da execuo, pois
oferece os principais subsdios para isto. Este processo deve considerar um conjunto
de parmetros que permitam atingir os objetivos do empreendimento. Para analisar

37

seu comportamento, portanto, necessrio considerar no apenas o desempenho


de cada camada isoladamente, mas o desempenho do sistema como um todo,
desde a base suporte, at o material cermico de revestimento externo - placa
cermica (MEDEIROS; SABBATINI, 1999).

Figura 4 - Fatores e agentes que influenciam na qualidade dos RCF


Fonte: Medeiros e Sabbatini (1999)

Para Medeiros (2006), o projetista quem tem viso da estrutura, da


alvenaria e entende o comportamento do edifcio como um todo, compatibilizando o
funcionamento da fachada. Precisa ter experincia e conhecimento tcnico para
integrar a fachada. Em outras palavras, para que ela tenha a durabilidade esperada
deve-se extrapolar as normas existentes, pois o conhecimento que temos no
mercado e em literatura no suficiente para projetar e executar uma fachada que
oferea essas condies.
Fiorito (1994) diz que o objetivo fundamental o de reduzir o quanto
possvel os efeitos deletrios sobre o revestimento, procurando conhecer
intimamente os materiais utilizados, seu comportamento, e adotando tcnicas
construtivas seguras e racionais.
So inmeros os motivos que podem gerar situaes e problemas
patolgicos em um revestimento cermico, mesmo quando se adota diversos tipos
de placas, com comportamento, materiais e tcnicas de execuo diferenciadas.

38

Isso porque no apenas o seu processo de fabricao e composio que so os


responsveis pelo surgimento de problemas patolgicos. A etapa de elaborao de
um projeto especfico para revestimentos de fachada e a etapa de execuo da obra
so fundamentais para amenizar a ocorrncia de diferentes patologias (FRANCO,
2008).
Ainda que as manifestaes patolgicas sejam bastante presentes nos
sistemas de revestimentos cermicos de fachadas, h despreocupao dos
construtores perante um projeto de execuo deste trabalho. Sem a solicitao, o
projetista no realiza o projeto e os fabricantes se interessam apenas na venda do
produto. So fatores que refletem a cultura do povo, entretanto, que podem
prejudicar o resultado final.
O projeto tem um papel fundamental na eficincia e qualidade do
revestimento. Certamente, estas questes interessam ao empreendedor, ao
projetista, ao construtor e ao usurio, logo, a tomada do projeto atua a favor do
sistema e valoriza os interesses em comum neste setor de atividade econmica.
Gripp (2008) afirma que os projetos de sistema de revestimento cermico de
fachada devem ter diretrizes e parmetros para a sua elaborao. Alm do aspecto
esttico, apresentar detalhes como: descrio dos produtos (substratos, argamassas
adesivas, placas cermicas e rejuntes), posicionamento e dimenso das juntas de
movimentao e assentamento (horizontais e verticais), posicionamento das telas
metlicas, procedimentos de execuo e detalhes especficos de acordo com o
projeto executivo de arquitetura, como detalhes de platibandas e peitoris. Ainda
ressalta que outro fator importante a compatibilidade do projeto executivo do
sistema de revestimento cermico com os demais projetos, principalmente estrutural
e arquitetnico.
De acordo com Campante e Baa (2003), o projeto de revestimento cermico
pode ser desenvolvido em conjunto com o projeto arquitetnico e deve ter como
parmetros as caractersticas da base e das camadas constituintes, as solicitaes e
condies de uso durante a vida til do revestimento, a geometria dos painis e a
tcnica de execuo.

39

Segundo Medeiros e Sabbatini (1999), possvel identificar trs fases de


desenvolvimento de projeto de sistema de revestimento cermico, organizado-as em
uma estratgia de elaborao de projeto essencialmente linear:
Fase de anlise e definies iniciais: o resultado um conjunto de
definies e alternativas potenciais de soluo e o estabelecimento da
concepo de projeto;
Fase de discriminao e detalhamento: descreve e caracteriza a soluo
do projeto com base na tecnologia disponvel e normalizao. Definio
das juntas, materiais, mtodos e detalhes construtivos;
Fase de execuo: implantao do projeto na obra e verificao prtica
das solues projetadas.
Campante e Baa (2003) tambm dividem o desenvolvimento do
projeto de revestimento cermico em trs fases:
1. Anlise preliminar: na qual se procura identificar e conhecer as
especificaes dos demais elementos do edifcio com os quais o
revestimento ter interfaces.
2. Elaborao do projeto: fase em que se deve considerar a necessidade de
adotar detalhes construtivos especficos, tais como: juntas, pingadeiras,
peitoris, etc.
3. Redefinio do projeto: fase em que podem ser feitas as alteraes que
porventura

sejam

necessrias

posteriormente

na

execuo

do

revestimento.

6.2 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

O projeto de revestimento diferencia-se dos demais projetos da obra por


apresentar uma caracterstica evolutiva em que alguns parmetros usados no
projeto tm que ser aferidos num determinado instante da obra, como: desaprumo

40

da estrutura; propriedades reais dos componentes da vedao; propriedades reais


das argamassas de mercado ou dos traos das argamassas produzidas em obra;
experincia das empresas aplicadoras do revestimento e outros. S aps esses
parmetros serem aferidos que o projeto ser concludo (CEOTTO et al., 2005).
Ainda que a etapa de projeto seja especfica de cada obra, para que se atinja
o objetivo desejado da construo, aplicao, locais, condies climticas, entre
outras variveis, so apresentados os tpicos essenciais para o desenvolvimento de
um projeto de revestimento cermico de fachada.

6.2.1 Parmetros de Projeto

A realizao de um bom projeto depende da qualidade e disponibilidade das


informaes para basear as tomadas de decises do projetista. De acordo com
Ceotto et al. (2005), para o projeto de revestimento necessrio levar em conta,
entre outros, os seguintes fatores:
a) Condies ambientais: so necessrias informaes sobre condies de
insolao, regime de chuvas, umidade relativa do ar, temperatura, ventos
predominantes, poluentes na atmosfera e outros. Essas variveis so
importantes para a formulao das argamassas (reteno de gua,
permeabilidade), condies e perodos de aplicao, textura da camada
decorativa, juntas, etc.;
b) Arquitetura: projeto arquitetnico, cores, detalhes de frisos e elementos
decorativos. Estas variveis so importantes para paginao da fachada,
elaborao dos reforos e juntas, definio dos pr-moldados, etc.;
c) Estrutura: geometria, rigidez e deformaes previstas. Estas variveis so
importantes para definio de juntas, detalhes construtivos das ligaes das
alvenarias com pilares, vigas ou lajes, preparao da base, definio da ponte
de aderncia (chapisco), entre outros. Estes detalhes condicionam a
viabilidade do uso de revestimento de argamassa;

41

d) Instalaes: interferncia nas fachadas, como rasgos e aberturas. Estas


variveis so importantes para a definio dos enchimentos e reforos;
e) Vedao: detalhes deste projeto, materiais utilizados e suas interferncias nos
revestimentos de fachada. Variveis importantes para a definio de juntas e
reforos no revestimento de fachada, bem como da definio da ponte de
aderncia (chapisco) e preparao da base;
f) Processos construtivos: estrutura (sistema de forma, velocidade de desforma,
resistncia do concreto, tipologia protenso), alvenaria (tipo e dimenso dos
componentes de vedao), equipamentos (andaime fachadeiro, balancim,
eltrico ou no) e mo-de-obra (nvel de qualificao) previstos inicial e
preferencialmente sero empregados. Estas variveis so importantes para
definies geomtricas do projeto, especificao dos materiais da fachada e
definio do processo de aplicao do revestimento cermico por completo;
g) Prazos: o cronograma das atividades importante para a elaborao do
planejamento e para a definio de toda a logstica de produo.
Alguns autores defendem que o desenvolvimento do projeto de revestimento
deve ser iniciado logo aps a entrega dos projetos preliminares da arquitetura,
estrutura e vedao, uma vez que, nesta etapa, o projetista de revestimento
consegue interagir com os projetistas das outras partes da construo. Isto faz com
que as chances de incompatibilidade entre os projetos reduzam. Caso o projeto seja
iniciado com a obra em andamento, a ao do projetista de revestimento tende a ser
insatisfatria, j que as decises tomadas nos projetos anteriores serviro como
condicionantes de projeto.
Campante a Baa (2003) mostram que os parmetros de projeto devem ser
observados no momento da especificao do revestimento cermico. Apresentados:
Caractersticas da base: Tipos de alvenaria (blocos de concreto, blocos
cermicos, tijolos macios, bloco slico-calcrio ou de concreto celular autoclavado) ou outros tipos de vedao (Dry Wall ou cimentcios), ou tambm
elementos estruturais (vigas, lajes e pilares de concreto armado);
Caractersticas das camadas constituintes: deve conter obrigatoriamente
chapisco, para o emboo externo obedecer valores mnimos de espessura (20
mm), trao adequado, ter planicidade, rugosidade, na camada de fixao das

42

placas, definir a espessura da camada de acordo com a geometria do verso


(tardoz) das placas cermicas;
Solicitaes do revestimento: no emboo onde exigida maior resistncia
ao de intempries at que a camada de fixao seja aplicada, apesar das
placas cermicas possurem grande resistncia mecnica, so componentes
modulares e necessariamente, em sua aplicao, precisam da formao de
juntas projetadas.
Condies de exposio: deve ser levado em conta as variaes trmicas, e
higroscpicas produzidas pela exposio intempries da placas cermicas,
aliadas ao clima predominante na regio, intensidade pluviomtrica, picos
de temperaturas dirias, possibilidade de ocorrncia de chuvas cidas, dentre
outros fatores climticos.
Geometria dos painis: influncia das dimenses sobre s deformaes,
definio das juntas para o no aparecimento de patologias, detalhamento da
paginao obedecendo s dimenses modulares e criando painis sem cortes
de placas, uniformidade visual dos encontros entre painis;
Tcnicas de execuo: Revestimento cermico convencional (argamassas
convencionais, dosadas em obra, mtodo tradicional) ou revestimento
racionalizado (com argamassas colantes, separao entre camadas de
regularizao e o assentamento do revestimento cermico). Considerando a
maior viabilidade de revestimento racionalizado em termos de produo.

6.2.2 Discriminao e Detalhamento

O detalhamento transmite e auxilia a compreenso proposta pelo projetista.


Os essenciais detalhamentos so, de acordo com Campante e Baa (2003) e Ceotto
et al. (2005):
Projeo das fachadas (arquitetura) sobre a estrutura de concreto;

43

Locais em que sero revestidos com cermica;


Elevao das fachadas, posicionando os frisos, bunhas e/ou as juntas de
movimentao, estruturais;
Dimenses dos frisos, bunhas e seus respectivos moldes para execut-los;
Dimenses e tipos dos componentes estruturais (vigas, pilares, lajes);
Posicionamento e identificao das molduras (janelas, portas, sacadas,
varandas,etc.), presena de ressaltos estruturais, pingadeiras, peitoris,
platibandas

outros

elementos

decorativos,

definidos

no

projeto

arquitetnico;
Fixao dos elementos decorativos (pr-moldados), que dever ser
compatibilizada e aprovada pelo projetista, fazendo parte do projeto;
Localizao de pontos de gua, luz, gs, etc.;
Indicao das regies que devero ser reforadas com telas ou outro material
(planta e elevao);
Posicionamento dos balancins fachadeiros e dos demais equipamentos de
transporte e mistura.
Campante e Baa (2003) recomendam algumas aes que ajudam a prevenir
o aparecimento de patologias:
Peitoris avanando nas janelas, com projeo mnima de 25 mm;
Lajes com ressaltos nas fachadas, proporcionando a diviso dos painis de
revestimentos cermicos e permitindo, portanto, maior capacidade de
absorver deformaes;
Utilizao de revestimentos cermicos diferentes sobre os componentes
estruturais, permitindo a construo de juntas entre eles e vedao;
Verga e contravergas salientes que funcionem como pingadeiras, o que
permite diminuir as dimenses dos painis de revestimento;
Definir os arremates no topo do edifcio, revestindo totalmente as platibandas;
Prover beirais revestidos com cermica de sistemas de calhas para captao
de guas pluviais;

44

Nas arestas vivas dos revestimentos internos, deve-se empregar cantoneiras


para acabamento e proteo;
Nos arremates de encontros de paredes e pisos possvel executar uma
junta de movimentao;
No encontro dos revestimentos com as esquadrias (janelas e portas), os
marcos e contramarcos, ou mesmo batentes, deve-se determinar o
nivelamento da superfcie final do revestimento e as guarnies devem
permitir um correto acabamento.

6.2.3 Especificaes

Segundo Ceotto et al. (2005), na fase final do projeto, os materiais e


equipamentos envolvidos no processo devem ser indicados de forma exata para no
ocorrerem improvisos ou substituies com materiais que no apresentem
caractersticas ou desempenhos esperados.
Devem ser especificados ainda:
Os equipamentos para o preparo e limpeza das bases que proporcionem ao
chapisco/argamassa microancoragem e macroancoragem;
Os

chapiscos

industrializados:

desempenhos

mnimos

de

aplicao

mecnicos e fsicos esperados;


Os chapiscos produzidos em obra: os materiais constituintes, a composio
das misturas e os desempenhos de aplicao mecnicos e fsicos esperados;
As argamassas produzidas na obra: os materiais constituintes, composio
das misturas e os desempenhos mnimos de aplicao mecnicos e fsicos
esperados;
As argamassas de emboo industrializadas: desempenhos mnimos de
aplicao mecnicos e fsicos esperados;

45

As

telas

de

reforo:

telas

plsticas,

telas

metlicas

galvanizadas

(eletrossoldadas, viveiros e pinteiros) e telas de fibra de vidro (lcalis


resistente) devem ser dimensionadas e posicionadas em projeto;
Os acabamentos: podem ser em forma de pintura, argamassas cimentcias ou
polimricas (rejuntamento) e revestimento cermico. Devem ser abordados
em projeto considerando o dimensionamento de elementos como juntas e
frisos.

Figura 5 - Sistema revestimento cermico


Fonte: Junginger (2007)

46

6.2.4 Diretrizes para a escolha de materiais

Segundo Campante a Baa (2003), durante a elaborao do projeto deve-se


especificar os materiais de comprovada qualidade (ou seja, materiais com qualidade
certificada por organismos credenciados pelo INMETRO; no caso das placas
cermicas, o organismo credenciado o Centro Cermico do Brasil CCB).
As escolhas das argamassas e das placas cermicas a serem utilizadas na
obra podem ser orientadas:
Pelas diretrizes propostas pelo projetista e explicitadas no projeto de
revestimento;
No caso de argamassas industrializadas, pelos dados de desempenho
fornecidos pelos fabricantes;
E por testes realizados nas condies reais da obra (painis prottipos, por
exemplo).
De acordo com Ceotto et al. (2005), qualquer que seja a alternativa de
produo das argamassas escolhida, seja industrializada ou preparada em obra,
assim como o tipo de placa cermica, efetua-se o estudo detalhado de todos os
fatores que interviro na qualidade e produtividade dos servios:
Armazenamento de insumos e local de produo;
Interferncias no layout e no fluxo de materiais;
Equipes de canteiro;
Controle de qualidade no recebimento dos materiais;
Controle da produo de argamassa;
Equipamentos de mistura e forma de aplicao;
Na avaliao das argamassas, tanto industrializadas como produzidas em
canteiro, devero ser considerados os parmetros especificados pelo projetista do
revestimento, com indicao clara dos intervalos aceitveis para as seguintes
determinaes:

47

Resistncia compresso e trao na flexo (NBR 13280);


Reteno de gua (NBR 13277);
Mdulo de elasticidade;
Resistncia de aderncia trao (NBR 13528 e 13749);
Resistncia de aderncia trao superficial.
Como o desempenho do sistema de revestimento resulta da interao de
quatro agentes base, argamassa, revestimento final e processo , o projetista
dever avaliar as caractersticas da interao de cada um destes agentes para a
indicao dos produtos que melhor atendam s especificaes. Os fabricantes de
argamassa devero fornecer o sistema chapisco/argamassa ou indicar o chapisco
compatvel com a sua argamassa.

6.2.5 Parmetros de Execuo

O acompanhamento e controle das etapas que compem o processo


executivo tambm faz parte do procedimento de desenvolvimento do projeto de
revestimento cermico de fachada. Segundo Ceotto et al. (2005), este documento
deve ser parte integrante do processo de contratao das empreiteiras, que atravs
dele tero prvio conhecimento da forma de execuo e controle dos servios pelas
construtoras. A equipe administrativa da contratante (engenheiros, estagirios,
mestres, contra mestres, encarregados) e a equipe de produo da contratada
(encarregados, pedreiros, tarefeiros) devero ter pleno conhecimento deste
procedimento de execuo, de forma a garantir o bom andamento do processo
construtivo.
O controle de execuo do revestimento cermico envolve um conjunto de
aes realizadas em todas as etapas: antes do incio da execuo do revestimento,
durante e aps a sua concluso. Para que este controle seja possvel, necessrio
definir quais so os itens que devem ser verificados e os limites de tolerncia para

48

cada um deles. importante manter o registro de todas as inspees realizadas


(CAMPANTE e BAA, 2005).

6.2.6 Controle e Inspeo

Como trata Ceotto et al (2005), o procedimento de controle deve conter


perodo, inspeo, amostragem, procedimento de ensaio e eventuais disposies. O
principal objetivo das recomendaes tcnicas de manuteno transmitir aos
usurios do empreendimento a correta utilizao e manuteno do revestimento de
fachada, de acordo com os sistemas construtivos e materiais empregados,
alcanando, assim, a vida til do revestimento prevista pela construtora.
Esta dever fornecer aos seus clientes um manual contendo tais orientaes,
em que importante a abordagem dos seguintes tpicos:
Inspeo rotineira das fachadas;
Conservao e limpeza;
Restauraes das condies originais; e
Validades e garantias.

6.2.7 Contedo do Projeto

A seguir, de acordo com Ceotto et al. (2005) descrito o contedo bsico de


um projeto de revestimento.

49

6.2.7.1 Relao dos Projetos consultados e analisados

Devero ser informados os documentos (desenhos, especificao tcnica,


memorial descritivo, especificao dos materiais) dos projetos envolvidos na
execuo da obra, especificamente os que interferem no revestimento externo
(projeto estrutural, arquitetnico, instalaes, caixilhos, alvenaria/ vedao, cobertura
e outros).

6.2.7.2 Detalhamento Construtivo

O projeto deve conter todas as definies geomtricas e posicionamento dos


seguintes detalhes construtivos:
a) frisos e juntas;
b) elementos decorativos;
c) pingadeiras;
d) soleiras;
e) guarda-corpos;
f) peitoris.

6.2.7.3 Memorial de especificaes de materiais

Devero ser definidas pelo projetista:

50

a) as propriedades das argamassas de chapisco, emboo, de acabamento e das


placas cermicas;
b) as especificaes dos materiais das juntas de movimentao;
c) as especificaes das telas, ou de outro material, indicando as dimenses dos
reforos.

6.2.7.4 Memorial Executivo

Tem como objetivo padronizar os trabalhos nas diversas etapas, desde a


escolha dos fornecedores de argamassas e placas cermicas at o recebimento final
do revestimento aplicado.
Faz parte desta etapa o que se segue:
Instrues e dimenses mnimas para execuo dos painis prottipos, das
amostras para seleo das argamassas;
Descrio das inspees e dos ensaios laboratoriais a serem executados nas
argamassas aplicadas nos painis prottipos junto s placas cermicas e
descrio de controle durante a execuo do revestimento;
Instrues para a rastreabilidade dos lotes de aplicao das argamassas nas
fachadas;
Controle no recebimento dos materiais;
Critrios para a definio de lotes de materiais recebidos e aplicados;
Preparo e aplicao das argamassas;
Preparo e aplicao das placas cermicas;
Definio de rotinas de inspees dos lotes das fachadas;
Definio de um controle de qualidade para o recebimento dos servios;
Posicionamento e dimensionamento dos balancins e andaimes fachadeiros;

51

Definio das etapas de execuo e seus intervalos;


Critrios de mapeamento e taliscamento;
Procedimento de execuo, aplicao, controle e aceitao:

6.2.7.5 Definio e Controle

O procedimento de controle deve conter perodo, inspeo, amostragem,


procedimento de ensaio e eventuais disposies, alm dos itens abaixo:
Recebimento dos materiais;
Aceitao da base;
Preparo e aplicao das argamassas chapisco;
Aceitao do chapisco;
Preparo e aceitao das argamassas emboo;
Colocao das telas;
Aceitao do emboo e de detalhes construtivos;
Preparo e aceitao da argamassa colante;
Preparo e aceitao das placas cermicas;
Aplicao da argamassa colante;
Assentamento das placas;
Preparo e aceitao do rejunte;
Aplicao do rejunte;
Aceitao do revestimento final.

52

6.2.8 Atribuies de Responsabilidades na fase de projeto

Compete ao projetista:
Solicitar todas as informaes tcnicas necessrias ( administrao da obra
e aos fornecedores de insumos) para execuo de um projeto que atenda s
expectativas do cliente;
Fazer o projeto dentro das diretrizes fixadas pela construtora e pelos demais
projetistas (estrutura, vedao, etc.);
Definir atravs de indicao clara os intervalos aceitveis para os parmetros
especificados no projeto.
Compete administrao da obra/construtora:
Fornecer ao projetista todas as informaes tcnicas relevantes sobre os
procedimentos e controles normalmente utilizados pela construtora, bem
como todos os projetos (estrutura, arquitetura, vedaes, etc.) necessrios;
Definir o sistema de produo: produo no canteiro ou argamassa
industrializada, fornecimentos em silos ou em sacos, central de produo ou
argamassadeiras nos andares;
Efetuar anlise crtica do projeto, discutir e apontar necessidade de
modificaes ou adequaes em funo, entre outras coisas, do sistema de
produo.
Compete ao fabricante de argamassa e/ou aos fornecedores de insumos:
Fornecer as informaes tcnicas sobre o desempenho e caractersticas
tecnolgicas de seus produtos.
Compete mo-de-obra:
Por intermdio da equipe tcnica da obra fornecer informaes ao projetista
que contribuam com a construtibilidade e produtividade da obra.

53

7 PLANEJAMENTO DA PRODUO

O planejamento da produo do revestimento externo cermico, assim como


todas as atividades inerentes ao processo de execuo de uma edificao, deve
estar principalmente vinculado ao planejamento geral da obra. Nesse planejamento
podero ser consideradas as caractersticas fsicas e operacionais da obra, como a
escolha e contratao dos recursos, seleo e treinamento da equipe de trabalho a
logstica do sistema e o plano de ataque.
De acordo com a Comunidade da Construo (2006), o desenho da fachada
do edifcio deve ser estudado minuciosamente a fim de definir a posio dos jahs,
rea de fachada a ser revestida, o tempo de execuo dos servios com base nos
ndices de produtividade e os equipamentos e ferramentas a serem transportados
para cada etapa de execuo. Deve-se determinar as atividades para cada etapa de
subida e descida dos balancins, visando garantir a qualidade do servio em anlise.
A seguir sero apontados os pontos relevantes do planejamento:
rea total do revestimento externo;
Produtividade da mo-de-obra por m/dia/homem;
Dimensionamento da mo-de-obra;
Disposio de balancins, quantidade e dimenses mximas possveis;
Nmero de funcionrios por balancim;
Situao da estrutura e vedaes externas para previso da espessura mdia
do revestimento;
Anlise do processo de abastecimento de material no local de aplicao;
Dificuldade de execuo de reforos e juntas;
Dificuldade de execuo dos detalhes arquitetnicos;
Determinao do ciclo de balancins: considerada 1 balanada por dia
equivalente a 10 m (conforme oramento - 3,50 m de comprimento do
balancim x 3,0 m de altura);

54

Necessidade de proteo das fachadas com telas;


Perodo do ano em que

os

servios

de

revestimento

externo

sero

executados.

7.1 ESCOLHA E CONTRATAO DOS RECURSOS

Segundo Ceotto et al. (2005), diversos fatores interferem no dimensionamento


dos recursos necessrios execuo do revestimento cermico, como por exemplo
a deciso sobre o sistema de produo e transporte dos materiais, a quantificao
dos trabalhos e os ndices de produtividade. As definies mais importantes, que
orientaro todo o projeto da produo e influenciaro diretamente os custos, o prazo
e a qualidade da obra, dizem respeito s equipes de produo, primeiramente, se
sero prprias ou terceirizadas, depois ao fornecimento da argamassa, se preparada
na obra ou industrializada. A rea para estocagem de materiais e a dimenso do
canteiro da obra, instalao e capacidade dos solos, o transporte horizontal e
vertical, capacidade e perodos disponveis do elevador de obras tambm so
importantes. Equipamentos necessrios e locais de preparao da argamassa,
reservas estratgicas de material, o plano de ataque da obra, por exemplo, quantas
torres simultaneamente, quantas fachadas ao mesmo tempo, por onde iniciar,
finalizando com o cronograma da obra.

7.1.1 Mo de obra

Campante e Baa (2003), afirmam que em relao mo de obra a ser


empregada do revestimento cermico, preciso estar atento para o fato de que dela

55

depender grande parte do resultado final. Por isso, empregar mo de obra treinada
e habilidosa a chave para um revestimento cermico bem feito.
A formao das equipes deve ser calcada no perfil de capacitao tcnica
requerida dos encarregados, pedreiros, operadores de bombas e argamassadeiras,
assentadores de placas; assim como no treinamento para servios especiais,
argamassa projetada, fixao de reforos, acabamento de juntas com selantes
flexveis, aplicao de pr-moldados com insertes metlicos ou colas especiais; e
no menos importante, na definio do nmero necessrio de profissionais/equipes,
considerando a produtividade mdia do processo, o cronograma da obra e o plano
de ataque anteriormente definido (CEOTTO et al., 2005).
Barros e Sabbatini (2001) mencionam que, buscando-se obter produtos de
melhor qualidade possvel, com os materiais adequadamente utilizados e com uma
produo satisfatria, deve-se alocar operrios cujo trabalho seja reconhecidamente
de qualidade, procurando sempre aprimorar suas habilidades atravs do treinamento
especfico, competio, integrao entre equipes, estmulo econmico a partir da
produtividade e qualidade obtidos, entre outros.

7.1.2 Escolha do Revestimento Cermico

Para Sabbatini e Barros (2003), as escolha do revestimento cermico, devese basear nas solicitaes de uso o qual ele ser empregado, dando ateno s
propriedades: resistncias mecnicas (trao; choque; abraso; puncionamento),
resistncia qumica, resistncia ao manchamento, estabilidade dimensional, conforto
ttil, facilidade de limpeza, resistncia ao escorregamento, impermeabilidade,
durabilidade, etc. Requisitos construtivos como salincias no tardoz, absoro e
porosidade, tolerncias de fabricao, espessura, assim como exigncias estticas e
econmicas tambm so relevantes na escolha.
O mercado nacional possui ampla gama de placas cermicas, ou seja, h
uma variedade de formatos, cores, tonalidade e caractersticas, porm o mais

56

importante que as placas compradas tenham as caractersticas exigidas no projeto


de revestimento. A compra das placas cermicas certificadas importante, pois so
placas que passaram por um processo de verificao de suas caractersticas,
realizado por um organismo certificador credenciado pelo INMETRO, segundo a
NBR 13818 (ABNT, 1997). Tambm siginifica a garantia de que o comprador no
precisa confiar apenas no controle de qualidade interno do fabricante (CAMPANTE E
BAA, 2003).

7.1.3 Escolha das Argamassas

Quanto compra das argamassas colantes, preciso se certificar que o


material comprado corresponde aos requisitos do projeto de revestimento e respeita
as determinaes da normalizao (NBR 14081, 2004). A compra de materiais de
fabricantes idneos uma garantia para o comprador, no s pela qualidade
intrnseca do material como pela preocupao em oferecer argamassas especficas
para assentamento de materiais no referenciados nas normas, como, por exemplo:
porcelanatos, pastilhas de porcelana e de vidro, ou mesmo pedras naturais
(CAMPANTE E BAA, 2003).
Segundo Barros e Sabbatini (2001), necessrio, inicialmente, conhecer as
caractersticas das argamassas de marcas idneas disponveis, para ento optar
pela compra do lote. Como sistemtica, pode-se escolher aleatoriamente amostras
de diversas marcas e fazer alguns testes, de simples e rpida execuo, como
tempo de abertura, tempo de ajustabilidade e tempo de vida til da argamassa. Com
estes dados em mos e o custo de cada produto possvel decidir qual argamassa
proporciona melhor eficincia. Ainda acrescenta que, para uma compra melhor
aprofundada, recomenda-se a avaliao da resistncia de aderncia potencial e
para argamassas flexveis, a capacidade de absorver deformaes.
Ceotto et al., (2005) diz que, no caso de argamassas industrializadas, o
fabricante dever apresentar construtora uma ficha tcnica do sistema

57

base/chapisco/argamassa contendo todos os valores das propriedades solicitadas


pelo projetista, atestando que o sistema atende s especificaes previstas no
projeto e que tem condies de manter essas propriedades ao longo de todo o
fornecimento. Valores e propriedades como o tempo e forma de mistura: manual ou
mecnica, argamassadeira de eixo contnuo ou de ps, relao entre gua e
materiais secos a ser observada na preparao da argamassa para aplicao, forma
de aplicao, espessura mxima das camadas, espessura mxima sem reforo,
nmero mximo de camadas sem reforo, remistura, adio de outras substncias,
reaproveitamento e descarte da argamassa.
Se argamassa for preparada em obra, o projetista dever participar da
escolha dos fornecedores de insumos (areia, cimento, cal, etc.), bem como fornecer
a composio do chapisco e argamassa que atendam aos parmetros por ele
especificados. Porm, o grande problema da variabilidade do desempenho das
argamassas produzidas em obra a variabilidade do seu nico insumo no
industrializado, a areia. Na areia, o ideal a determinao da curva granulomtrica e
do teor de impurezas, entretanto esse material apresenta grande variabilidade
durante as estaes do ano. Mesmo fazendo esse controle, pode no ser possvel a
correo da granulometria da areia em determinada poca do ano, por total falta de
material de compensao. Dessa maneira, tem que se avaliar a possibilidade real de
correo da granulometria ou a execuo de um novo estudo de dosagem (CEOTTO
et al., 2005).
Pode-se fazer painis teste para avaliar o comportamento e as propriedades
dos diversos materiais a serem empregados para execuo do revestimento externo:
chapisco, argamassa de revestimento, argamassa colante e placas cermicas.

7.1.4 Equipamentos e Ferramentas

Considerando todas as caractersticas do processo de produo das


argamassas e dos revestimentos, os detalhes construtivos projetados e as formas de

58

estocagem e transporte de materiais, devem ser definidos todos os equipamentos,


ferramentas e outros insumos necessrios. Para Ceotto et al. (2005), em funo do
cronograma, do plano de ao, da disponibilidade do canteiro e da produtividade
mdia, dos ensaios de resistncia dever ser definido o esquema de operao e/ou
o nmero necessrio de equipamentos, englobando:
Depsitos cobertos: capacidade de estocagem, distncia da portaria e do
equipamento de transporte vertical, altura mxima das pilhas, ordem de
abastecimento e retirada de sacos de aglomerantes ou argamassa
industrializada;
Locais de produo: reas de estoque insumos/argamassa, layout, nmero e
capacidade dos equipamentos de mistura, recipientes para dosagem dos
materiais, abastecimento de gua e energia eltrica, depsito de argamassa
intermediria;
Silos: quantidade e capacidade volumtrica, localizao, fundaes especiais,
velocidade de mistura e capacidade de bombeamento, velocidade de
reabastecimento, equipe de manuteno;
Gruas e caambas: raio de alcance, capacidade, acesso aos pavimentos,
perodos de disponibilidade;
Guinchos: capacidade, localizao, interferncia da fixao nos servios de
fachadas; elevadores suspensos: tipo e modelo, capacidade de carga e
tamanho da plataforma, interferncias entre balancins vizinhos, plataformas
especiais para quinas e reentrncias nas fachadas;
Elevador de obras: capacidade, perodos em que sero abastecido os
andares, forma de transporte entre o depsito, ou central de produo, at o
elevador;
Palletes/bags: dimensionamento das quantidades, quantidade e disposio
dos carrinhos paleteiros em funo dos locais e das quantidades de material a
serem transportadas;
Argamassadeiras: tipo e modelo, capacidade de produo, nmero e
disposio nos andares, pontos de gua e energia, masseiras intermedirias;
equipamentos

de

limpeza

das

alvenarias

concretos:

bomba

de

59

hidrojateamento, escovas de cabo longo com cerdas de ao, escovas de


piaava, lixadeiras mecnicas, serras manuais para corte de pontas de ferro,
lixas dgua, esptulas, marteletes, etc.;
Equipamentos e ferramentas para execuo dos revestimentos: carrinhos de
mo, caixas de massa, apoios para caixas de massa, andaimes ou banquetas
para servios acima de 1,50 m de altura a partir do piso, arames de fachada e
contrapesos, ganchos para fixao de guias ou rguas em requadramentos,
rgua de alumnio, esquadro, fio de prumo, linha, trena, colher de pedreiro,
broxa, desempenadeiras de ao, madeira ou feltro, desempenadeiras para
quinas ou cantos reentrantes, rolos para aplicao de chapisco, cortador de
vdia manual, serra eltrica porttil com disco de corte adiamantado, martelos,
de borracha e ao, furadeira eltrica com serra copo ou broca tubular,
materiais deformveis (isopor, corda betumada, borracha alveolar, cortia,
espuma de poliuretano, etc.), talhadeira e formo, rgua (perfil de alumnio
tubular com aproximadamente 2m), linha de nylon, prego de ao, lpis, trena
e/ou metro, esptula, esquadro de alumnio, nvel de bolha e de mangueira,
copo dosador, recipiente para mistura, vassoura e rodo, baldes plsticos;
Equipamentos e ferramentas especiais: projetor de argamassa/mangotes e
bocais, gabaritos pr-fabricados para requadramento de vos, formas para
peitoris e pingadeiras, frisadores, finca-pinos, tesoura para corte de telas,
serras ou escovas (massa raspada), aplicador de selante (juntas, arremates),
etc.;
Equipamentos de proteo coletiva e individual: rampas, tneis, telas, botas,
cintos de segurana tipo paraquedista, trava-quedas com corda, capacete,
culos de segurana, luvas de borracha, cinto, e outros que se fizerem
necessrios.

60

7.1.5 Componentes especiais

Os componentes especiais do revestimento da fachada, como quadros e


peitoris pr-moldados, cornijas, faixas, telas de reforo, bem como bem como todos
os insumos necessrios para sua aplicao (finca-pinos, tesouras de corte, grampos,
argamassas colantes ou adesivos especiais, insertos metlicos, etc.) devero ser
especificados e quantificados previamente. As atividades dentro do cronograma
geral de execuo so baseadas nas particularidades do sistema e processo de
aplicao, procurando- se otimizar a sequncia dos servios. Com base no tipo de
servio e fase em que se encontra a obra, todas as ferramentas necessrias
devero estar disponveis, evitando qualquer tipo de improvisao (CEOTTO et al.,
2005).

7.2 PROCEDIMENTOS DE PRODUO

A execuo dos revestimentos envolve uma srie de etapas, com atividades


prprias e procedimentos especficos, que devem estar bem definidos para que seja
alcanado um maior nvel de racionalizao das atividades de execuo. As etapas
gerais da execuo do revestimento cermico em fachadas so, segundo Campante
e Baa (2003): o preparo do substrato (emboo); a execuo da camada de
acabamento, preparo e aplicao da argamassa colante, assentamento da cermica
e a execuo de juntas.
No obstante, necessita-se observar se as etapas que antecedem o incio do
revestimento externo, bem como os prazos mnimos especificados pelas normas
brasileiras. Estrutura e vedaes externas concludas, materiais, equipamentos e
ferramentas disponveis, mo de obra contratada, montagem dos balancins
executada, elementos pr-moldados e decorativos planejados e/ou executados,

61

colocao da tela de proteo de fachada, so exemplos de verificaes importantes


a serem feitas, antes do incio da execuo.

7.2.1 Plano de Ao

De acordo com o a Comunidade da Construo (2006), nesta etapa, como


todas as providncias iniciais foram analisadas, ento estipula-se por onde atacar
os pontos de execuo do revestimento externo. A planta baixa da edificao e o
desenho da fachada servem de base para determinar a quantidade necessria e o
posicionamento dos jahs, para garantir o revestimento de toda a fachada. Ser
determinado tambm o comprimento mximo dos jahs / balancins. Nesta etapa,
sero estabelecidos quais jahs / balancins iro atacar primeiramente e, aps
execuo do servio estipulado, cada responsvel passar para outro jah /
balancim. Se possvel, deve-se executar a fachada em etapas. Exemplo:
inicialmente, fachada frontal e lateral esquerda; posteriormente, o fundo e a lateral
direita.
O objetivo do mapeamento obter as distncias entre os arames e a fachada
em pontos localizados nas vigas, alvenarias e pilares, para a definio das
espessuras dos revestimentos. O posicionamento dos arames deve seguir a
seguinte sequncia feita por Ceotto et al. (2005):
Identificar os eixos da estrutura na platibanda;
Definir previamente o afastamento inicial dos arames em relao s
platibandas;
Locar dois arames em cada lado das quinas distanciadas de 10 cm a 15 cm,
bem como dois arames nas laterais das janelas;
O afastamento mximo entre os arames deve ser menor que o comprimento
das rguas a serem utilizadas no sarrafeamento;

62

Fornecer ao projetista o registro das espessuras entre o arame e as bases


dever ser fornecido ao projetista, que estabelecer as espessuras dos
revestimentos, os ajustes e os locais que devem ser reforados.
A grande vantagem de mapeamento da fachada o poder analtico edificao
por completo, permitindo identificar se somente em alguns pontos se tem uma
espessura maior e, assim, proceder antecipadamente a escarificao da base. O
que deve ser feito com cuidado, para no comprometer as recomendaes de norma
para cobrimentos mnimos de vigas e pilares e, consequentemente, no prejudicar a
espessura de todo o pano por conta de um nico. Isso no seria possvel sem fazer
o mapeamento.

7.3 CRONOGRAMA

O planejamento do cronograma de execuo do revestimento externo de um


empreendimento de grande importncia no contexto geral da obra, principalmente
prximo do seu final. nessa fase que devero ser recuperados eventuais atrasos,
no havendo muitas possibilidades de replanejar caso se queira efetivamente
cumprir o prazo de entrega da obra.
Ceotto et al. (2005) prope a elaborao do cronograma baseada nos ndices
de produtividade e nos fatores que dificultam a produo. Isto auxiliar na
determinao da durao das atividades, visando sempre o cumprimento do
cronograma da obra. A seguir so apresentados alguns pontos que podem servir de
referncias iniciais:
rea a ser executada: levantamento da rea total de revestimento externo;
Produtividade da mo-de-obra: m/dia/homem;
Dimensionamento da mo-de-obra: equipes;
Disposio de balancins, quantidade e dimenses mximas possveis;
Nmero de funcionrios por balancim;

63

Situao da estrutura e vedaes externas (prumo, planicidade) para previso


da espessura mdia do revestimento;
Anlise do processo de abastecimento de material no local da aplicao;
Dificuldade de execuo de reforos e juntas;
Dificuldade de execuo dos detalhes arquitetnicos (peitoris, frisos);
Determinao do ciclo dos balancins: a mdia estimada de balanadas por
dia, considerando as dimenses das faixas de revestimento, o tamanho dos
balancins comprimento das plataformas;
Necessidade de proteo das fachadas com telas;
Perodo do ano em que os servios de revestimentos externos sero
executados.
Como recomenda ainda o autor, uma vez o cronograma estabelecido, tornase necessrio um sistema de registro para controlar e monitorar o andamento dos
servios, possibilitando a tomada gil de providncias corretivas em caso de
necessidade, como aes visando recuperao de atraso no cronograma e outras.
vlido enfatizar que, na elaborao do cronograma, parte-se do princpio de que o
prazo de execuo ser fielmente cumprido, a fim de se evitarem prejuzos para o
empreendimento em questo e para a prpria imagem da construtora.

64

8 EXECUO DO REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA

Um projeto de revestimento cermico de fachada no responde apenas


especificao dos melhores produtos quem compem um sistema, ou seja, no se
resume a um projeto de produto. Significativa parcela das patologias nas fachadas
decorrente de falhas durante a sua produo. Logo, alm de selecionar um bom
material, elaborar plantas e desenhos necessrio oferecer o detalhamento
construtivo essencial para que as decises sejam planejadas, em vez de serem
improvisadas em canteiros.
A atividade de projetar no pode ser resumida caracterizao geomtrica e
das especificaes de acabamento do produto desejado - uma srie de dados
quanto ao processo de produo devem ser colocados entre as informaes que
compem o conjunto de elementos de projeto. "O projeto deve incluir informaes
dirigidas s especificaes do produto a ser construdo e tambm dos meios
estratgicos, fsicos e tecnolgicos necessrios para executar o seu processo de
construo" (MELHADO; AGOPYAN, 1995).
Alm do aspecto econmico e tcnico, o desenvolvimento do projeto de
revestimento cermico de fachadas define os mecanismos ideais para que se atinja
a eficincia do processo de execuo, oferecendo o planejamento e a programao.
Torna-se um conjunto de parmetros que permite alcanar os objetivos do
empreendimento.
Campante e Baa (2003) defendem um conjunto de atividades que resultam
na execuo do revestimento cermico: planejamento (preparao para a execuo
dos servios, tais como compra tcnica, estoque de material e escolha de mo-deobra), preparo do substrato (tambm as atividades de verificao do substrato) e
execuo da camada de acabamento (preparao e espalhamento da argamassa
colante, o assentamento das placas, o rejuntamento e execuo das juntas de
trabalho).

65

8.1 TREINAMENTO DAS EQUIPES

De acordo com Ceotto et al. (2005), o treinamento da equipe tcnica da obra


deve abordar todos os aspectos e fases da produo, usando-se como instrumento
o projeto e o planejamento dos servios. O projeto e o planejamento tm que ser
utilizados neste treinamento de forma intensa, de maneira que a equipe tcnica da
obra tenha domnio sobre todos os seus detalhes. O projetista e os fabricantes dos
insumos a serem utilizados no sistema de revestimento tm um papel importante
neste treinamento, devendo participar intensamente dele. O responsvel pelo
treinamento da equipe tcnica da obra administrador do canteiro, que coordena a
participao do projetista e dos fabricantes.
O treinamento da equipe de pedreiros realizado por um profissional
capacitado em avaliar o aprendizado do funcionrio na execuo de revestimento
externo em cermica. O perodo de treinamento dever ser suficiente para expor aos
alunos a parte terica e realizar aulas prticas em campo. Como parmetro, pode
ser usado o programa de treinamento especfico para o servio de revestimento
externo do SENAI, que contempla desde assuntos de relaes interpessoais,
segurana no trabalho, qualidade, produtividade e racionalizao, projeto e
planejamento do revestimento de fachada, e principalmente, as tcnicas de
execuo de cada parte do revestimento (COMUNIDADE DA CONSTRUO,
2006).
Uma

equipe

corretamente

treinada

capacitada

poder

controlar

adversidades na fase de construo, mantendo os princpios da tecnologia utilizada


e planejamento, com pouca probabilidade de erro. Isso algo particularmente
importante quando estamos lidando com a produo de revestimento de fachada,
pois a acessibilidade da equipe tcnica da obra aos locais de produo bastante
dificultada (acesso aos balancins ou andaimes fachadeiros). A qualidade desta
etapa depende sobremaneira do autocontrole do operrio. No existe autocontrole
sem bom nvel de capacitao e motivao (CEOTTO et al., 2005).

66

8.2 LOGSTICA DO SISTEMA

No contexto da obra, usual tratar a logstica como tudo o que envolve o


arranjo fsico do canteiro e a movimentao de pessoas, materiais e equipamentos,
e as atividades que do suporte produo propriamente dita. Os principais
aspectos a serem buscados a reduo das reas de estocagem, reduo das
perdas nas etapas de transporte, reduo das perdas no preparo dos materiais
constituintes, otimizao das operaes de transporte, evitando tempo de espera e
desabastecimento das frentes de trabalho, alm de buscar agilidade no preparo da
argamassa (COMUNIDADE DA CONSTRUO, 2006).
Materiais como areia, arenoso e saibro devem ser recebidos e estocados em
baias. Cimento e argamassa industrializada podem ser adquiridos a granel, e ser
estocados em silos, ou ensacados, devendo ser empilhados atendendo
quantidade mxima de sacos por pilha, protegidos de umidade e em local seguro,
conforme orientao do fabricante. As placas cermicas podem ser adquiridos em
caixas, ou at mesmo pallets e ser estocadas em pilhas atendendo quantidade
mxima de empilhamento, protegidas da umidade e em local seguro, conforme
orientao do fabricante. Para garantir a integridade dos materiais, o responsvel
pela recepo na obra deve estar atento se a rea est livre e desimpedida para
transporte, se h local para estocagem, qual a forma de armazenar, como manusear
e ainda fazer a inspeo do material.
Para transporte das argamassas, recomenda-se o uso de giricas especiais
de material galvanizado, proporcionando maior durabilidade, possuem maior
capacidade de armazenamento, consegue-se reduzir o nmero de subidas e
descidas do elevador da obra, as rodas so posicionadas dentro da estrutura da
girica e de pneu de borracha, amortecendo os impactos, evitando fenmenos de
exudao, por exemplo, a

largura total de 62 cm facilita a distribuio das

argamassas pelos apartamentos, pois permite que passe at por uma porta de 70
cm, dispe de um sistema de apoio que facilita o despejo da argamassa na
masseira. interessante estudar a possibilidade de bombeamento de argamassa.
Esta soluo otimiza o transporte, reduzindo o fluxo de cargas no elevador da obra

67

ou grua. Os outros materiais tambm podero ser transportados pelo elevador da


obra ou gruas.

8.3 RASTREABILIDADE

Torna-se importante ressaltar que prtica comum das construtoras mapear


o concreto aplicado nas estruturas. No entanto, o mesmo procedimento no
utilizado na execuo dos revestimentos nas fachadas, em ltima instncia, o carto
de visita da construtora, alm de ser um dos principais subsistemas da obra, o seu
prprio envelope.
A rastreabilidade fundamental para identificar o fator gerador de uma
eventual patologia futura. Lotes de revestimentos aplicados devem retratar
rigorosamente todos os fatores intervenientes de sua execuo, tais como condies
ambientais, aplicador, identificao dos lotes de fornecimento dos materiais,
balanada, local geomtrico, etc.
De acordo com Ceotto et al. (2005), as fachadas podem ser divididas em
panos de at 100 m, onde a altura mxima dever ser a altura da balanada
(mximo de 2 m) e a largura correspondente ao nmero inteiro de balancim, de
maneira que um balancim pertena somente a um lote. Os lotes devem ser
identificados, com nmeros, letras ou cores, em desenhos esquemticos (planta e
elevao), e nesses devem ser registradas as seguintes informaes:
Nome da obra;
Nmero do pavimento e/ou da balanada;
Identificao dos lotes e das fachadas;
Identificao dos balancins e dos respectivos funcionrios que os utilizam
(aplicadores);
Data de aplicao (incio e trmino);

68

Os autores tratam especificamente deste item em relao ao sistema de


revestimento de fachada em argamassa. Todavia, tal cuidado pode ser adaptado
fase de regularizao das superfcies (emboo), assim como no assentamento das
placas cermicas do sistema de revestimento cermico de fachadas.

8.4 PREPARO DA BASE

De acordo com Ceotto et al. (2005), as atividades desta fase so relativas


limpeza da estrutura e da alvenaria, eliminao das irregularidades superficiais,
remoo das incrustaes metlicas e ao preenchimento de furos, pois necessrio
que as mesmas estejam adequadas para receber o revestimento. O chapiscamento
da base tambm deve ser realizado nessa etapa.
A limpeza da base deve ser feita atravs da escovao, lavagem ou
jateamento de areia, a depender da extenso e dificuldade de remoo das sujeiras.
Essa limpeza deve proporcionar a eliminao de elementos que venham a prejudicar
a aderncia, tais como: p; barro; fuligem; graxas e leos desmoldantes da
estrutura; fungos e eflorescncias.
A eliminao das irregularidades superficiais, como as rebarbas de
concretagem e os excessos de argamassa nas juntas, alm da remoo de
incrustaes metlicas, tambm deve ser feita. Caso no seja possvel a remoo
das incrustaes, elas devem ser cortadas e aplicada tinta anti-xido de boa
qualidade sobre o local. Tambm deve ser feito o enchimento de furos, rasgos e
depresses com argamassa apropriada.

69

8.4.1 Chapisco

Segundo Maciel et al. (1998), o chapisco deve ser sempre aplicado nas
fachadas e nas superfcies de concreto, de acordo com as especificaes do projeto.
Ele serve para regularizar a absoro da base e melhorar a aderncia. Existe
diferentes tipos de chapisco: o tradicional; o industrializado; e o rolado. As
caractersticas de cada um deles so apresentadas a seguir:
Chapisco Tradicional: argamassa de cimento, areia e gua, adequadamente
dosada que resulta em uma pelcula rugosa, aderente e resistente, apresenta
um elevado ndice de desperdcio, em funo da reflexo do material pode ser
aplicado sobre alvenaria e estrutura.
Chapisco Industrializado: argamassa industrializada semelhante argamassa
colante, s necessrio acrescentar a gua no momento da mistura na
proporo definida, aplicado com desempenadeira dentada somente sobre a
estrutura de concreto apresenta uma elevada produtividade e rendimento.
Chapisco Rolado: obtido da mistura de cimento e areia, com adio de gua e
resina acrlica argamassa bastante plstica, aplicada com um rolo para
textura acrlica em demos pode ser aplicado na fachada, tanto na estrutura
como na alvenaria proporciona uma elevada produtividade e um maior
rendimento do material, necessita do controle rigoroso da produo da
argamassa e da sua aplicao sobre a base.
Projetados todos os tipos de juntas, o primeiro passo a preparao da base
com o chapisco. O tipo e o trao devem ser definidos em projeto, ou no caso de
produtos industrializados, orienta-se pelas instrues do fabricante. Molha-se
razoavelmente toda a superfcie do parmetro da alvenaria, qualquer que seja a
natureza dos materiais que a constituem. Chapa-se a argamassa do chapisco com
energia cobrindo todo o paramento, quando ainda mido, com fina camada desta
argamassa de cerca de 5mm. A inteno obter uma superfcie o mais irregular
possvel e com ancoragens mecnicas suficientes para perfeita aderncia da
camada seguinte (FIORITO, 2005).

70

Figura 6 - Tipos de chapisco (rolado, industrializado e tradicional)


Fonte: Ceotto et al. (2005)

8.5 CAMADA DE REGULARIZAO DAS SUPERFCIES

A camada de regularizao, em relao ao sistema revestimento cermico,


nada mais que o emboo que d suporte argamassa colante e posterior
revestimento.
De acordo com Ceotto et al. (2005), quando utilizada argamassa
industrializada, os fabricantes devem instruir a equipe tcnica da obra e a mo-de
obra para que sejam atendidas as recomendaes de preparo, aplicao e
rendimento de produto, garantindo, assim, o desempenho esperado. Quando
argamassa preparada em obra, estas instrues ficam a cargo do projetista. Nesta
fase a maioria das definies tcnicas j foi informada no projeto e no treinamento,
restando somente dois itens a serem definidos, pois dependem de fatores climticos
de difcil previso durante as fases de projeto e planejamento:
Acerto de dosagem dos materiais;
Tempo de mistura, descanso e tempo-limite de uso.
Segundo Fiorito (2005), deve ser aferida a determinada espessura necessria
da argamassa da camada seguinte do chapisco. Em alguns casos, pode ser

71

necessria a execuo de mais de uma camada de emboo (enchimento, ou


regularizao), pelo desaprumo da superfcie, por exemplo. Cada camada no deve
ultrapassar 25 mm.
O taliscamento a etapa seguinte definio da espessura do revestimento,
consistindo na fixao de cacos cermicos, com a mesma argamassa utilizada para
o emboo, em pontos especficos e respeitando a espessura definida. Para Maciel et
al. (1998) recomendvel que o taliscamento seja feito previamente em toda a
extenso da superfcie a ser revestida, de forma que a argamassa se encontre
endurecida, mantendo as taliscas fixas e firmes, para apoiarem e servirem de
referncia para a execuo das mestras.
Tambm de acordo com Maciel et al. (1998), as mestras so faixas estreitas e
contnuas de argamassa feitas entre duas taliscas, que servem de guia para a
execuo do revestimento. Atravs desses elementos, fica delimitada uma regio
onde ser aplicada a argamassa. Sobre as mestras, a rgua metlica apoiada
para a realizao do sarrafeamento.
A argamassa de emboo deve ser chapada com energia sobre o chapisco e,
depois, sarrafeada deixando um acabamento spero. Aguardar, no mnimo, 7 dias
para a cura, lembrando que este o prazo para ocorrer de 60% a 80% da retrao
da argamassa. Se executar a prxima camada antes deste prazo, equivale a
executar as duas camadas simultaneamente, o que implica em uma espessura
maior que a recomendada e consequente efeito indesejvel de sua retrao,
conforme Fiorito (2005).
Ele ainda detalha que por motivos construtivos a espessura da argamassa
exceder 25 a 35 mm, h que utilizar tela metlica soldada de malha de 5x5 cm e fio
16 BWG (aproximadamente 1,6mm) chumbada na estrutura suporte em quatro
pontos por metro quadrado e, nos cantos, em trs pontos por metro linear.
Ceotto et al. (2005), continua com a retirada das taliscas e os preenchimentos
necessrios. Executar os frisos horizontais e verticais previstos no projeto, requadrar
os vos de janela com ferramentas adequadas, anteriormente previstas no projeto; e
assentar ou moldar in loco os peitoris, assim como executar os reforos conforme o
projeto.

72

8.6 APLICAO DA ARGAMASSA COLANTE

As atividades comeam com a limpeza e verificao da qualidade do


emboo como planicidade (planeza) e textura. Antes do incio do assentamento
necessrio verificar se o emboo est ntegro e livre de qualquer tipo de material
contaminante, como: poeira, resduos de argamassa (que podem ser removidos com
vassouras) manchas de leo ou graxa (removidos com soluo fraca de soda
custica e posterior enxgue com gua em abundncia) e manchas de bolor ou
fungos (removidas atravs de lavagem com gua sanitria e enxgue com bastante
gua). A planeza deve ser medida considerando o edifcio como um todo e no
apenas andar por andar. A textura deve-se apresentar medianamente spera obtida
com desempenadeira de madeira, permitindo um grau de aderncia compatvel com
o assentamento das placas cermicas e ainda um consumo controlado de
argamassa colante (CAMPANTE; BAA, 2003).
Segundo Barros e Sabbatini (2001), os revestimentos devero se aplicados
em superfcies isentas de quaisquer substncias que possam vir a prejudicar a
aderncia. A textura medianamente spera permite um grau de aderncia
compatvel com a maioria das situaes de exposio do revestimento e ainda um
menor consumo de argamassa colante, garantindo tambm a planeza do substrato,
caractersticas estas que melhoram a estanqueidade do conjunto.
Medeiros e Sabbatini (1999), explicam que na aplicao das placas devem
ser mantidos o alinhamento, nivelamento e planicidade. O uso de material de
assentamento em excesso pode tornar mais difcil o ajuste da posio final da placa.
O assentamento dos componentes cermicos deve ser executado o mais
tarde possvel, a partir da execuo da camada de regularizao. Recomenda-se um
prazo mnimo de quinze dias para os revestimentos de fachada, afim de permitir que
ocorram a maior parte das tenses de retrao do substrato, sendo assim possvel
determinar o seu efeito sobre a camada final (BARROS E SABBATINI, 2001).
Conforme Campante e Baa (2003), o preparo e a aplicao da argamassa
colante devem seguir as indicaes do fabricante atingindo a consistncia adequada

73

e se torne trabalhvel, respeitando o tempo de descanso da mistura e


principalmente o de uso.
O espalhamento da argamassa na superfcie de revestimento deve ser
iniciado pelo lado liso da desempenadeira, colocando-se uma presso tal que a
argamassa tenha aderncia na superfcie. Logo aps, passa-se a desempenadeira
com o lado dentado em uma ngulo de 60 com a horizontal, formando-se os
cordes com alturas entre 2 e 5 mm. Alturas superiores a 5 mm demonstram que a
base est mal acabada, ou as placas cermicas esto muito empenadas. As
dimenses dos dentes da desempenadeira dependem das dimenses das placas
cermicas assentadas e do local de assentamento, ou seja, para placas com rea
superior a 250 cm e assentamentos externos deve-se usar desempenadeira de
dentes 8x8x8 mm. No se recomenda espalhar a argamassa por mais de 1 m, para
que no se vena o tempo em aberto da argamassa colante. Para isso, verifica-se a
formao da pelcula esbranquiada sobre os cordes de argamassa, ou verifica-se
se ela est aderindo ao toque dos dedos. A argamassa vencida pode ser ento
retirada e descartada e a superfcie pode ser limpa antes da aplicao de nova
argamassa. Em situaes extremas de alta temperatura e baixa umidade, pode-se
reduzir mais esta rea de assentamento (CAMPANTE E BAA, 2003).

Figura 7 - Resultado do tempo em aberto vencido


Fonte: Junginger (2007)

74

8.7 ASSENTAMENTO DOS COMPONENTES CERMICOS

Junginger (2007) defende que o assentamento a etapa mais crtica da


execuo de um revestimento cermico, mesmo porque um projeto muito bem feito,
materiais de tima qualidade e ferramentas adequadas podem resultar num
resultado final ruim se no houver treinamento e controle de mo de obra. A viso
geral do processo e todas as caractersticas de cada tarefa individual precisam estar
sob domnio da engenharia, pois a ela cabe gerenciar o processo, ajustar partes
individuais e obter o mximo de eficincia e eficcia. De maneira geral, o fracasso de
um revestimento no est na tcnica de execuo e muito menos na mo de obra,
mesmo porque todos os detalhes so conhecidos, mas sim na metodologia de
controle adotada para certificao de que as tarefas esto sendo executadas
corretamente. No caso da mo de obra, se ela est executando uma tarefa de
maneira deficiente, a culpa se reflete na engenharia que permitiu que isso
acontecesse.
Todas as argamassas secam mais rapidamente por ao do vento e do Sol.
Aps ser estendida sobre o substrato, a perda de gua por suco limitada por
compostos presentes na massa chamados retentores de gua, geralmente
compostos baseados em celulose. A ao do vento, entretanto, limitada por outros
compostos, mas condies atmosfricas extremamente agressivas fazem com que
haja a formao de uma pelcula superficial seca sobre os cordes. Esta pelcula,
quando a placa cermica posicionada apenas por compresso sobre os cordes,
prejudica seriamente a aderncia das placas cermicas e pode causar sua queda
em poucos anos aps o trmino da obra. Por este motivo as placas devem ser
colocadas levemente fora de posio e apenas depois arrastadas para seu local
definitivo, fazendo com que os cordes de argamassa sejam esmagados de modo a
formar uma camada nica e homognea, com 100% de preenchimento do tardoz
(verso da placa cermica) (JUNGINGER, 2007).

75

Figura 8 - Aplicao incorreta da placa cermica


Fonte: Junginger (2007)

Campante a Baa (2003), separam por tpicos a execuo do assentamento


dos componentes cermicos:
Molhagem da base: em condies normais, usando argamassa colante no
exigido a molhagem do substrato (devido a propriedade de reteno de gua
da argamassa).
Molhagem

das

placas

cermicas:

usando

argamassa

colante

no

assentamento no se deve molhar a placa cermica em hiptese alguma; se


os versos das placas estiverem sujos ou com engobe, deve-se limpar com
escova de ao ou pano seco.
Assentamento da placa cermica: a placa deve ser colocada a cerca de 2 cm
da posio final e ento arrastada com movimentos de vai-e-vem, sobre
presso.
Galgamento do painel: a marcao da posio de assentamento
(determinao das distncias horizontais e verticais das fiadas) das placas em
revestimentos modulares. Os painis planos de revestimentos externos so
definidos pelos planos contnuos entre juntas de trabalho (horizontais e
verticais), ou por qualquer elemento que quebre a continuidade do pano
(pingadeiras, quinas, vigas, pilares, mudanas de tipo de revestimento, etc.).

76

Cortes das placas cermicas: devero ser previamente planejados e


executados antes da aplicao da argamassa colante. As arestas dos cortes
devero ser disfaradas.
Para Barros e Sabbatini (2001), a sequncia mais adequada de execuo do
revestimento cermico em ambientes externos de cima para baixo em panos
contnuos (sem mudana de direo), o que facilita o alinhamento das juntas
verticais, porm, exige mais ateno no nivelamento entre panos contguos
ortogonais. Assim, a galga deve ser marcada em todas as fachadas ortogonais para
servir de referncia no mesmo nvel de todas as fiadas horizontais. A determinao
destas referncias feita pela marcao dos cantos convexos das extremidades ds
fachadas e, quando os balancins descem executando os painis, utilizam-se destas
marcaes para riscar sobre o emboo a posio da junta que ir servir de
referncia. Como o balancim desde 1 a 1,5m de cada vez, deve-se ter galgas
intermedirias entre as galgas de referncia que permitam a execuo de fiadas
horizontais perfeitas na faixa de trabalho.

8.8 EXECUO DAS JUNTAS

Segundo Campante Baa (2003), na execuo das juntas de assentamento, a


uniformidade de espessura depende do uso de espaadores plsticos, e o uso de
linhas de referncia, garantem a horizontalidade e verticalidade.
As juntas de trabalho so preenchidas por selantes elastomricos como
silicones, acrlicos, poliuretanos e os polissulfetos, que so os materiais mais
indicados. A espessura das juntas de trabalho definida pela capacidade de
absorver deformaes do material de preenchimento, pelo nvel de deformaes
previsto e pelo espaamento entre as juntas, podendo ser a mesma dos rejuntes,
mantendo a modulao. As posies das juntas de trabalho devem estar claramente
definidas no projeto e a sua execuo deve seguir estritamente o que foi projetado.

77

Para as juntas de dessolidarizao, o procedimento de execuo pode ser o mesmo


das juntas de movimentao (BARROS; SABATINI, 2001).

Figura 9 - Juntas de dessolidarizao


Fonte: Pedro et al. (2002)

A junta de movimentao deve ser executada seccionando-se toda ou parte


da espessura do substrato, preenchendo-se este espao aberto com material
elastomrico (selante). O selante no deve preencher todo o espao deixado pelo
seccionamento do revestimento; para isso, necessrio utilizar um material de
enchimento que deve ser colocado no fundo da junta (JUNGINGER, 2007).
Ainda Junginger (2007), de maneira geral, as juntas de trabalho horizontais
so posicionadas a cada pavimento, exatamente na posio do encontro com a
alvenaria e o fundo de viga. Juntas de trabalho verticais representam aumento de
custo inicial e de manuteno e por esses motivos geralmente so pouco usadas,
embora para panos com larguras superior a 5m sua colocao deve ser muito bem
avaliada e as recomendaes mostradas na Figura 10 devem ser de domnio do
projetista de fachadas.

78

Figura 10 - Detalhe - junta de trabalho


Fonte: Franco (2008)

Figura 11 - Junta de trabalho horizontal


Fonte: Junginger (2007)

79

8.9 REJUNTAMENTO

Medeiros e Sabbatini (1999), recomendam que antes da aplicao da


argamassa, o colocador deve verificar as condies das juntas de colocao,
devendo estas estarem limpas e secas para o incio do rejuntamento. A aplicao
deve ser conduzida de modo que uma rea possa ser trabalhada sem que o
endurecimento do material se inicie.
De acordo com Campante e Baa (2003), o rejuntamento deve ser iniciado
setenta e duas horas aps o assentamento das placas cermicas para evitar o
surgimento de tenses pela retrao da argamassa colante. Este prazo nem sempre
possvel de ser respeitado em fachadas devido dimenso da obra e tambm a
operao dos balancins, o que quebraria a continuidade e diminuiria a produtividade.
Ento, faz-se o rejuntamento aps todas as fachadas terem sido revestidas,
cuidando-se apenas da limpeza das juntas abertas. A argamassa de rejuntamento
deve ser preparada conforme indicaes dos fabricantes e aplicada com as
ferramentas adequadas, cuidando da compacidade e garantido a diminuio da
porosidade superficial.
A argamassa de rejuntamento deve ser preparada conforme indicaes do
fabricante e deve ser aplicada com desempenadeira de borracha, seguindo um
ngulo de 45 com as placas. Aps a aplicao as juntas podero ser frisadas,
utilizando um frisador plstico ou acrlico, para que haja uma maior compacidade de
rejuntamento, diminuindo assim sua porosidade superficial. Os rejuntamentos de
revestimentos cermicos que utilizam placas cermicas no esmaltadas necessitam
de um cuidado maior devido possibilidade de as argamassas de rejuntamento
impregnarem a superfcie das placas cermicas. Neste caso, aplica-se uma camada
de cera incolor, que posteriormente ser removida (CAMPANTE E BAA, 2003).
As juntas de trabalho, normalmente so preenchidas por selantes
elastomricos, como: silicones, acrlicos, poliuretanos e os polissulfetos. Segundo
Junginger (2007), o selante no pode aderir ao fundo da junta, sob pena de total
ineficcia da junta em termos de estanqueidade e conseqente deteriorao

80

precoce. A figura a seguir mostra recomendaes de como proceder com os


selantes elastomricos.

Figura 12 - Disposies dos selantes nas juntas de trabalho


Fonte: Junginger (2007)

A limpeza final dever ser feita imediatamente aps os procedimentos,


evitando-se maiores dificuldades na retirada da sobra de material. recomendvel
que faz-la aps 15 minutos, com um pano limpo e mido e depois de mais 15
minutos, deve-se finalizar com um pano seco. A limpeza dever ser eficiente,
evitando a necessidade de utilizao de cido muritico. Para limpeza mais
pesadas, gua, sabo neutro e palha de ao (FRANCO, 2008).

8.10 CONTROLE E INSPEO DAS ETAPAS

Para Junginger (2007), o controle do revestimento de fachada pode ser


dividido em duas partes: controle esttico e controle tcnico. No controle esttico,
encontram-se alinhamento, prumo e nivelamento, altura de peitoris, posicionamento
de juntas planicidade, etc. Enquanto que no controle tcnico so encontrados
controle de trao, tcnica de aplicao do emboo, resistncia de aderncia e

81

resistncia superficial, colocao de reforos metlicos, geometria de juntas,


rejuntamento, etc.
No que tange aceitao dos servios, recomenda-se fazer ensaios de
aderncia real na fachada, ou seja, utilizando as placas e a argamassa previstas em
projeto e obedecendo s carncias pr-estabelecidas. Nestes ensaios, devem ser
anotados tanto os valores de ruptura como os locais em que ela ocorreu. Tais
resultados devem ser avaliados pelo projetista da fachada.

Figura 13 - Ensaios de arrancamento


Fonte: Junginger (2007)

O mesmo raciocnio vale para o emboo, que deve passar por testes de
aderncia sobre a base (concreto e alvenaria) e principalmente por ensaios de
resistncia superficial, fundamentais para a definio do tipo de argamassa colante a
ser utilizada. Ainda mais: a paginao das placas deve estar definida, todos as
interferncias de fachada devem estar resolvidas e os materiais, ferramentas e
equipamentos devem estar disponveis e em bom estado de conservao. Aps a
liberao do assentamento das placas, de maneira geral os panos de cermica so
aceitos levando em considerao:
Alinhamento, acabamento;
Nivelamento e prumo, planicidade.

82

Entretanto, existem aspectos no estticos que precisam ser controlados


eficazmente para que um pano de revestimento esteticamente bem feito no esteja
com problemas ocultos graves. Assim, devem ser controlados:
Tcnica de aplicao e mistura da argamassa;
Extenso dos panos de argamassa (tempo em aberto) e tempo de vida;
Dupla e simples colagem;
Preenchimento do tardoz;
Detalhes especficos para regies com clima agressivo;
Rejuntamento e aplicao de selante.

8.11 ATRIBUIO DE RESPONSABILIDADES

Segundo Ceotto et al. (2005), compete ao projetista:


a) Proceder aos treinamentos da equipe tcnica da obra e da mo de obra para
esclarecer todos os detalhes constantes no projeto;
b) Acompanhar o incio de todas as etapas de servio, desde o preparo das
bases at a aplicao do acabamento final;
c) Se necessrio, fazer correes e/ou adaptaes ao projeto original;
d) Analisar os resultados dos ensaios tecnolgicos e das inspees realizadas e
elaborar relatrio com os comentrios sobre o desempenho observado;
e) Participar, se necessrio, de reunies tcnicas com os fornecedores de
insumos, equipe tcnica da obra e responsveis pela mo-de-obra;
f) Elaborar, se necessrio, uma disposio para correo de no-conformidades
(anomalias) que ocorram durante a fase de execuo da obra;
g) Treinar todos os novos tcnicos/aplicadores.
Compete administrao da obra/construtora:

83

a) Providenciar as condies necessrias (segurana, higiene, etc.) para que as


equipes de mo-de-obra desenvolvam os seus servios com a qualidade
estabelecida no projeto e no prazo planejado;
b) Avaliar constantemente a qualidade dos servios, das equipes, dos
fornecedores, visando a detectar e prevenir o mais rpido possvel a
ocorrncia de falhas;
c) Expor e discutir com o projetista eventuais dificuldades, formas alternativas ou
melhorias que possam ser introduzidas nos materiais, nos processos ou nos
detalhes construtivos;
d) Realizar o acompanhamento fsico-financeiro, analisar continuamente a
relao entre o planejado e o executado, replanejar, quando necessrio, e
tomar as providncias que assegurem a qualidade dos servios, o
atendimento ao oramento e o cumprimento do cronograma;
e) Executar e registrar todos os resultados tecnolgicos e das inspees
planejadas;
f) Convocar o projetista sempre que ocorrerem dvidas na execuo dos
servios projetados;
g) Programar treinamentos a todos os novos tcnicos/aplicadores.
Compete ao fabricante de argamassa e/ou fornecedores de insumos:
a) Executar os treinamentos da mo-de-obra para explicar os procedimentos e
cuidados durante o preparo e aplicao dos seus produtos;
b) Fornecer os materiais indicados no projeto e aprovados nos testes prvios em
painis, em consonncia com as normas brasileiras;
c) Garantir a uniformidade do produto durante todo o perodo de fornecimento;
d) Em eventual alterao do produto, este dever ter o desempenho original ou
superior. Tal alterao dever ser informada administrao da obra;
e) Participar de reunies na obra, sempre que convocados;
f) Fazer acompanhamento tcnico do seu produto durante toda a fase de
aplicao, mediante visitas tcnicas peridicas previamente combinadas com
a construtora;

84

g) Treinar todos os novos tcnicos/aplicadores.


Compete mo-de-obra:
a) Desenvolver os seus servios com a qualidade estabelecida no projeto e no
prazo planejado;
b) Disponibilizar treinamento a todos os novos tcnicos/aplicadores;
c) Oferecer condies para o controle/inspeo.

85

9 PATOLOGIAS DO REVESTIMENTO CERMICO DE FACHADA

As patologias associadas s fachadas so um dos problemas mais temidos


pelos construtores. O revestimento de fachada responde pela proteo e
durabilidade da edificao, mas pode tambm por em risco a vida de pessoas
quando apresenta alguma patologia.
Patologia, no que se refere construo civil, para Lichtenstein (1985) apud
Luz (2004), a cincia que estuda as origens, causas, mecanismos de ocorrncia,
manifestaes e consequncias das situaes nas quais o edifcio, ou suas partes
no apresente um desempenho mnimo preestabelecido.
De acordo com Campante e Baa (2003), a patologia d-se quando uma
parte do edifcio, em algum momento de sua vida til, deixa de apresentar
desempenho previsto. As patologias nos revestimentos cermicos podem ter origem
na fase de projeto - quando so escolhidos materiais incompatveis com as
condies de uso, ou quando os projetistas desconsideram as interaes do
revestimento com outras partes do edifcio (esquadrias, por exemplo), ou na fase de
execuo - quando os assentadores no dominam a tecnologia de execuo, ou
quando os responsveis pela obra no controlam corretamente o processo de
produo.
Segundo Gripp (2008), as patologias so estudadas para diagnosticar as
provveis causas, sendo que, geralmente no ocorrem devido a uma nica razo. A
ocorrncia se deve a um procedimento inadequado no processo construtivo, ou seja,
planejamento, projeto, materiais e componentes, execuo e uso, que gera uma
alterao no desempenho de um componente ou elemento da edificao.
As patologias dos revestimentos cermicos de fachadas apresentam-se de
diversas formas, todas elas resultando na impossibilidade de cumprimento das
finalidades para as quais foram concebidos, notadamente nos aspectos estticos, de
proteo e de isolamento. Um efeito imediato a desvalorizao do imvel. O
conhecimento da origem das patologias importante ferramenta para diagnosticar
as causas das falhas destes revestimentos (ROSCOE, 2008).

86

Dentre as patologias comumente vistas nos revestimentos cermicos de


fachada, esto: os destacamentos/descolamentos de placas; as trincas, gretamento
e fissuras; as eflorescncias e deteriorao das juntas.
A principal manifestao que atinge os RCFs o destacamento de placas
cermicas assentadas nas fachadas, isto se deve aos efeitos causados por este tipo
de problema; uma placa de 250g destacada do dcimo andar de um edifcio quando
chega ao solo possui o mesmo poder destrutivo de um projtil de arma de fogo (TAN
et al., 1994) apud Campante e Sabbatini (2001).

Figura 14 - Destacamento: erro de assentamento


Fonte: Junginger (2007)

A perda de aderncia, conforme Campante e Sabbatini (1999) um


fenmeno causado por falhas ou rupturas na interface da cermica com a
argamassa adesiva, ou mesmo desta com o substrato, devido a tenses surgidas
que ultrapassem a capacidade resistente das ligaes.
As situaes mais comuns de descolamento costumam ocorrer por volta de
cinco anos aps a concluso da obra, diz Medeiros (1999). Explica que a ocorrncia
cclica das solicitaes, somadas s perdas naturais de aderncia dos materiais de
fixao, em situaes de subdimensionamento do sistema, caracterizam as falhas
que costumam resultar em problemas de quedas.

87

De acordo com Campante e Baa (2003), o primeiro sinal desta patologia a


ocorrncia de um som cavo (oco) nas placas cermicas (quando percutidas), ou
ainda nas reas em que se observa o estufamento da camada de acabamento
(placas cermicas e rejuntes), seguido do destacamento destas reas, que pode ser
imediato ou no.
As causas desse problema so:
Instabilidade do suporte, devido a acomodao do edifcio como um todo;
Deformao lenta (fluncia) da estrutura de concreto armado, variaes
higrotrmicas e de temperatura, caractersticas pouco resilientes dos
rejuntes;
Ausncia

de

detalhes

construtivos

(contravergas,

juntas

de

dessodolidarizao);
Utilizao da argamassa colante com um tempo em aberto vencido;
assentamento sobre superfcie contaminada.
Impercia ou negligncia da mo-de-obra na execuo e/ou controle dos
servios (assentadores, mestres e engenheiros).

Figura 15 - Destacamento devido ao encurtamento da base


Fonte: Junginger (2007)

Outras patologias comuns aos RCFs so as trincas, gretamentos e fissuras.


Segundo Junginger (2007) o conceito de fissuras, trincas e rachaduras remete
sempre ao mesmo problema: uma descontinuidade mecnica resultante da
concentrao de esforos. Costuma-se designar fissuras ao problema com abertura
at 0,5 mm, trincas at 2-3 mm e rachaduras as aberturas maiores que 2- 3 mm.

88

Isto, muito mais do que uma diviso terica, importante porque as tcnicas de
correo dos problemas so diferenciadas para cada caso.
Campante e Baa (2003) consideram que as trincas so rupturas no corpo
da placa cermica provocadas por esforos mecnicos, que causam a separao
das placas em partes, com aberturas superiores a 1mm. As fissuras so
rompimentos nas placas cermicas, com aberturas inferiores a 1mm e que no
causam ruptura total das placas. O gretamento uma srie de aberturas inferiores a
1mm e que ocorrem na superfcie esmaltada das placas, dando a ela uma aparncia
de teia de aranha. Estas patologias aparecem por causa da perda de integridade da
superfcie da placa cermica, que pode ficar limitada a um defeito esttico (no caso
de gretamento), ou pode evoluir para um destacamento (no caso de trincas).
As trincas, fissuras e gretagem do sistema de revestimento cermico so
manifestaes patolgicas que podem induzir s outras patologias. As trincas, por
exemplo, podem abrir espaos para a penetrao de gua e surgimento da
eflorescncia, que por sua vez podem enfraquecer as camadas do sistema e ocorrer
o descolamento de placas cermicas (LUZ, 2004).

Figura 16 - Fissurao gereralizada


Fonte: Junginger (2007)

A seguir, de acordo com Campante e Baa (2003) so relatadas as causas


das trincas, gretamentos e fissuras.

89

Dilatao e retrao das placas cermicas: este problema ocorre quando


h variao trmica e/ou de umidade (a expanso por umidade uma das
caractersticas limitadas em 0,6 mm/m pela NBR 13818). Estas variaes
geram um estado de tenses internas que, quando ultrapassam o limite
de resistncia da placa cermica, causam trincas e fissuras, e, quando
ultrapassam o limite de resistncia da camada de esmalte, causam
gretamento.
Deformao estrutural excessiva: Esta deformao do edifcio pode criar
tenses na alvenaria que, quando no so completamente absorvidas,
podem ser transferidas aos revestimentos. Estes, por sua vez, podem no
resistir ao nvel de tenses, rompendo-se e, muitas vezes, destacando-se
do substrato.
Ausncia

de

detalhes

construtivos:

A falta

de

alguns detalhes

construtivos, tais como vergas, contravergas nas aberturas de janelas e


portas, pingadeiras nas janelas, platibandas e juntas de movimentao,
podem ajudar a dissipar as tenses que chegam at os revestimentos.
Retrao da argamassa de fixao: Este problema ocorre quando se usa
argamassa de fixao dosada em obra em vez de argamassa colante
industrializada, o que atualmente pouco se faz. A retrao da argamassa
causada pela hidratao do cimento podem causar um aperto ou
belisco na placa cermica que, por estar firmemente aderida
argamassa, pode tornar a superfcie convexa e tracionada, causando
gretamento, fissuras ou mesmo trincas nas placas cermicas.

90

Figura 17 - Gretamento
Fonte: Junginger (2007)

Outra manifestao patolgica a eflorescncia. Do latim eflorescentia, esse


fenmeno se caracteriza pelo aparecimento de formaes salinas sobre algumas
superfcies, podendo ter carter pulverulento ou ter forma de crostas duras e
insolveis em gua. Na grande maioria dos casos, o fenmeno visvel e de
aspecto desagradvel, mas em alguns casos especficos pode ocorrer no interior
dos corpos, imediatamente abaixo da superfcie (ROSCOE, 2008).
Segundo Franco (2008), eflorescncia um fenmeno causado pela
movimentao da gua nos vazios e canais localizados no interior da argamassa. A
gua sobe nestes vazios por capilaridade e/ou presso, transportando sais solveis
presentes no substrato, fluxo este ligado relacionado diretamente s propriedades
de absoro e permeabilidade das argamassas. O fenmeno entendido como a
formao do depsito cristalino (sal) na superfcie da placa, devido ao do meio
ambiente ou a ao fsico-qumica. Tal patologia afeta no somente a esttica da
fachada, como tambm a aderncia dos revestimentos; ela o efeito de problemas
mais graves na edificao, como a presena de umidade.
Outras possveis fontes de sais solveis advm da fabricao dos
componentes cermicos. So elas: matrias-primas cermicas; gua usada no
processo de fabricao; reao de componentes da massa com xidos de enxofre
do combustvel durante a secagem e incio da queima; defloculantes (substncias

91

que buscam neutralizar a reatividade entre as partculas no processo de fabricao


da cermica), alm de outras substncias adicionadas massa (SABBATINI et al.,
1997 apud FRANCO, 2008).
Para Campante e Baa (2003), algumas precaues podem ser tomadas
para evitar a eflorescncia:
Reduzir o consumo de cimento Portland na argamassa de emboo ou
usar cimento com baixo teor de lcalis;
Utilizar placas cermicas de boa qualidade, ou seja, queimadas em altas
temperaturas (o que elimina os sais solveis de sua composio e a
umidade residual);
Garantir o tempo necessrio para secagem de todas as camadas
anteriores execuo do revestimento cermico.

Figura 18 - Eflorescncia
Fonte: Junginger (2007)

Por ltimo, a deteriorao das juntas, alm de comprometer a esttica do


conjunto, compromete tambm a perda de estanqueidade da camada de
acabamento dos revestimentos cermicos e a deformao do conjunto, em funo
das solicitaes de uso da edificao.

92

Segundo Franco (2008), a perda de estanqueidade das juntas entre


componentes e juntas de movimentao, inicia-se, na maioria das vezes, logo aps
a sua execuo, em funo da limpeza inadequada (presso do jato da mangueira,
por exemplo) que acaba deteriorando parte de seu material constituinte. Ataques
agressivos do meio ambiente e solicitaes da estruturam tambm so causas de
deteriorao do rejuntamento, podendo ocasionar alm da eflorescncia, a formao
de trincas e descolamento da placa cermica.
O envelhecimento das juntas entre componentes, por serem preenchidas
com materiais base de cimento, normalmente no apresenta grandes problemas,
desde que bem executado. Sua deteriorao observada quando na presena de
agentes agressivos, como a chuva cida ou o aparecimento de fissuras. As
maneiras de se evitar a ocorrncia desta patologia esto diretamente ligadas ao
controle de execuo do rejuntamento/preenchimento das juntas de movimentao,
bem como escolha de materiais de preenchimento que atendam aos requisitos de
projeto (CAMPANTE; BAA, 2003).

Figura 19 - Deteriorao das juntas


Fonte: Franco (2008)

93

10 CONSIDERAES FINAIS

O Brasil passa por uma fase tima na construo civil. Existem muitas obras
nas metrpoles e tambm em pequenas cidades do interior. A evoluo geral no
Pas. Com isso, vem o aprimoramento das tcnicas construtivas, novos materiais,
novos procedimentos, e o fator projeto significa o primeiro passo para qualquer
ao, qualquer construo, qualquer empreendimento.
A vantagem da elaborao de um projeto que ele torna-se o referencial de
orientao durante o processo executivo. E para o projeto de revestimento cermico
de fachada no diferente. necessrio por razes tcnicas e econmicas. Alm
de definir os meios para que o planejamento e a programao da produo sejam
eficientes, ele permite exercer o controle de qualidade do processo dos materiais e
da execuo, porque oferece os principais subsdios para isso, e ainda, evita
improvisaes, que certamente poderiam resultar em patologias. Significa a soma de
um projeto de produto com um projeto de produo.
Assim, fica claro que, o objetivo de um projeto de revestimento de um edifcio
a definio completa e precisa do subsistema revestimentos de um edifcio,
fazendo com que a sua produo em obra seja realizada integralmente com base
exclusivamente nele.
Vale algumas recomendaes na elaborao do projeto do produto e da
produo de revestimento cermico de fachadas:
Ter como parmetros as de condies ambientais (regime de chuvas,
umidade relativa do ar, temperatura, ventos predominantes, poluentes na
atmosfera); o projeto arquitetnico com as cores, detalhes de frisos e
elementos decorativos para paginao da fachada; a estrutura pela
geometria, rigidez e deformaes previstas, para a definio de juntas,
detalhes construtivos das ligaes das alvenarias com pilares, vigas ou lajes,
preparao da base, definio da ponte de aderncia (chapisco), entre outros;
instalaes que interferem nas fachadas, como rasgos e aberturas; a
vedao; os processos construtivos (estrutura, alvenaria, equipamentos, mode-obra para as definies geomtricas do projeto, especificao dos

94

materiais da fachada e definio do processo de aplicao do revestimento


cermico por completo; prazos (cronograma das atividades) para o
planejamento e definio da logstica de produo.
Explicitar ao mximo as especificaes dos equipamentos ideais produo
das camadas dos revestimentos; os materiais constituintes, a composio das
misturas, os desempenhos mnimos de aplicao almejados (mecnicos e
fsicos);
Definir as diretrizes de escolha dos recursos (dados de desempenho
fornecidos pelos fabricantes, testes realizados nas condies reais da obra,
painis e prottipos, por exemplo).
Padronizar os trabalhos nas diversas etapas, desde a escolha dos
fornecedores de argamassas e placas cermicas at o recebimento final do
revestimento aplicado (controle no recebimento dos materiais, critrios para a
definio de lotes de materiais recebidos e aplicados, preparo e aplicao das
argamassas e das placas cermicas, definio de rotinas de inspees dos
lotes das fachadas, controle de qualidade para o recebimento dos servios,
plano de ao em relao distribuio dos balancins fachadeiros, definio
das etapas de execuo e seus intervalos, critrios de rastreabilidade,
procedimento de execuo, aplicao, controle e aceitao).
Atribuio das responsabilidades ao projetista, ao executor/administrador,
fabricante/fornecedor e mo-de-obra.
Trata-se de consideraes importantes na construo de um revestimento
cermico de fachada:
Atendimento das exigncias (dos usurios) de desempenho para os
revestimentos cermicos durante a vida til esperada para os mesmos;
Otimizao do binmio: benefcios X custos;
Compatibilizao dos riscos do surgimento de problemas patolgicos com o
preo dos revestimentos;
Compatibilizao da produo dos revestimentos cermicos com a produo
dos demais revestimentos e outros subsistemas do edifcio (estrutura,
vedaes, esquadrias, instalaes, impermeabilizao, etc.);

95

Atendimento das necessidades para a obteno da mxima eficincia na


produo.
Avaliao da transferncia de tecnologia entre fabricantes, projetistas,
construtores e assentadores do sistema de revestimento cermico em
fachadas;
A busca de novas tecnologias para a aplicao das placas cermicas em
RCF;

96

REFERNCIAS

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 7200: Revestimentos de


paredes e tetos com argamassas Materiais, preparo, aplicao e manuteno. Rio de
Janeiro, 1982.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 8214: Assentamento de
azulejos. Rio de Janeiro, 1983.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 13755: Revestimento de
paredes externas e fachadas com placas cermicas e com utilizao de argamassa colante
Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 13816: Placas cermicas
para revestimento Terminologia. Rio de Janeiro, 1997.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 13817: Placas cermicas
para revestimento Classificao. Rio de Janeiro, 1997.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 13818: Placas cermicas
para revestimento Especificao e mtodos de ensaio. Rio de Janeiro, 1997.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 14081: Argamassa colante
industrializada para assentamento de placas cermicas Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS NBR 14992: Argamassa base de
cimento Portland para rejuntamento de placas cermicas - Requisitos e mtodos de ensaios.
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