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Camaquenses

A Histria do municpio por seus homens ilustres

ersonalidades

A Histria do municpio por seus homens ilustres

Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

Organizao:
Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

Projeto Editorial:
Joo Mximo Lopes

Digitao:
Hlia Simone Duarte Lima e
Giuller Lempke Dias
Luciana Lacerda da Cunha Janke

Arte Final:
Fbio Duarte Tavares
Giuller Lempke Dias

Capa:
Fbio Duarte Tavares

Colaboradores:
Alex Hass (foto orelha)
Alaor de Jesus Nunes Rodrigues
Fbio Duarte Tavares
Gilberto Bueno da Silva
Giuller Lempke Dias
Guilherme Dias Macedo
Rui Renato de Menezes Reinaldo
Luciana Lacerda da Cunha Janke.

NPHC
3

Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

SUMRIO
I.

APRESENTAO......................................................................................... 07

II.

PERSONALIDADES CAMAQUENSES..................................................... 09

Aos grandes homens, bastam seus nomes


1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
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14.
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18.
19.
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21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.

Adriano Jacob Scherer............................................................................. 11


Amarlio Borges Moreira......................................................................... 21
Anna Patrcia Vieira Rodrigues Csar..................................................... 27
Anna Rodrigues de Oliveira e Jos Custdio de Oliveira ....................... 43
Dr. Atahualpa Irineo Cibils...................................................................... 75
Benjamim Alberto Bartz.......................................................................... 91
Boaventura Azambuja Centeno............................................................... 99
Caro Rodrigues Mendes...........................................................................109
Chequer Buchaim.....................................................................................119
Coronel Cristvo Gomes de Andrade.................................................... 131
Cypriano Jos Centeno.............................................................................147
Dario Centeno Crespo.............................................................................. 151
Donrio Lopes de Almeida...................................................................... 159
Dorval Ribeiro..........................................................................................165
Estcio Xavier de Azambuja.................................................................... 171
Francisco Luiz Pereira da Silva............................................................... 179
Hildebrando Jos Centeno....................................................................... 185
Gal. Jos Antnio Netto (Zeca Netto)......................................................193
Jos Domingues de Carvalhos Bastos......................................................217
Lins Sperotto Ferro.................................................................................225
Lus Alberto Cibils...................................................................................227
Luis Carlos Barbosa Lessa....................................................................... 233
Cnego Luiz Walter Hanquet.................................................................. 239
Pedro Nolasco Crespo e Mrio Centeno Crespo......................................249
Oscar Centeno Crespo.............................................................................. 257
Paulo Cardoso Dora................................................................................. 265
Raphael Pires dos Santos......................................................................... 271
Slvio Luiz Pereira da Silva..................................................................... 275
Irm Maria Sulpcia................................................................................. 281
Valdemar Sperotto Ferro........................................................................ 289

Os homens no morrem,
ns que o matamos com o nosso esquecimento.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37.
38.

Alaydes Schumacher Pinheiro................................................................. 297


Alberto Jos Centeno............................................................................... 299
Amado Perez............................................................................................ 305
Anthero Salustiano Silveira..................................................................... 307
Coronel Antnio Jos Centeno................................................................ 311
Antnio Ribeiro........................................................................................319
Apolinrio Pavo......................................................................................325
Dr. Armnio Silveira................................................................................ 331

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
46.
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49.
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68.
69.
70.
71.
72.
73.
74.
75.
76.
77.
78.

Aurea A. Chinepe Prado......................................................................................


Bento onalves da Silva (Filho)........................................................................
Bento Martins de Azambuja................................................................................
Major Bernardo Vieira Dias.................................................................................
Sargento-Mor Boaventura Jos Centeno e sua mulher Antonia Joaquina
Gonalves da Silva (Centeno)..............................................................................
Cel. Boaventura Luiz Pereira Da Silva................................................................
Caetana Juana Francisca Garcia Gonzles...........................................................
Cassemiro Mattos Dias........................................................................................
Clia Beckel Carvalho.........................................................................................
Dr. Darclio de Souza Garcia...............................................................................
Coronel Drio Silva Azambuja............................................................................
Divino Alziro Beckel...........................................................................................
Edson Nunes de Campos......................................................................................
Francisco Emlio Scherer.....................................................................................
Dr. Hermann Friederich Albrech Von Ihering.
Pe. Hildebrando de Freitas Pedroso.....................................................................
Hiplito Soares de Souza.....................................................................................
Honorato Domingos Soares.................................................................................
Joo Beckel..........................................................................................................
Joo da Silva e Azevedo......................................................................................
Dr. Joo Nunes de Campos..................................................................................
Joaquim Gonalves da Silva................................................................................
Capito Joaquim Gonalves da Silva (Neto).......................................................
Jos Cndido de Godoy Netto..............................................................................
Jos Carlos Lzaro da Silva.................................................................................
Dr. Jos Custdio de Oliveira Netto....................................................................
Jos Wescelau da Silva Crespo............................................................................
Cel. Juan Ganzo Fernandes..................................................................................
Laury Farias dos Santos.......................................................................................
Capito Lucdio Edgar Moreira...........................................................................
Luiz Lzaro da Silva............................................................................................
Manoel da Silva Pacheco.....................................................................................
Marcrio Dias Longaray.......................................................................................
Mrio Silva Azambuja.........................................................................................
Nelson Ramos de Carvalho Ricardo....................................................................
Nestor Moura Jardim...........................................................................................
Oswaldo Lessa da Rosa........................................................................................
Renato Centeno Crespo........................................................................................
Ruy de Castro Netto.............................................................................................
Walter Meirelles Vieira........................................................................................

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435
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451
461
471
473
481
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495
499
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509
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557
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577

Os homens fazem a histria, e a histria julga os homens.


79.
80.
81.
82.
83.
84.
85.
86.

Almiro Bridi.........................................................................................................
Cremilda Medina..................................................................................................
Earle Diniz Macarthy Moreira.............................................................................
Hilson Scherer Dias.............................................................................................
Joo Francisco de Mattos.....................................................................................
Jlio Macedo Machado........................................................................................
Marina Dutra de Castro Mendes..........................................................................
Zelia Leal.............................................................................................................

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

APRESENTAO

O ttulo genrico que encima esta smula histrica de Camaqu


atravs de seus filhos ilustres, sintetiza, a vida e os feitos desses
homens que nos legaram tantos ideais, quanto coisas prticas que hoje,
regem nossos destinos e nos definem rumos no transcurso do tempo.
Pequenas biografias onde poder-se- apreciar o caudal de
otimismo, de inteligncia, de luta e de sacrifcios de que se achavam
imbudos. So lies que devemos aproveitar e render ao mesmo
tempo, o tributo de admirao e de respeito de que so credores, tal,
o nosso propsito. A histria regional a memria coletiva de um
grupo, que tem conscincia de ser diferente por seus elementos
culturais moldados durante a sua formao. Para conhec-la, basta
estudar, pensar e reler a histria de seus ilustres filhos.
Os ideais civilistas que formavam o carter daqueles bravos,
deram-lhes, o impulso herico, em grau necessrio para vencerem e
projetarem o desenvolvimento da comunidade, exatamente, numa
poca to diferente da nossa, onde no havia o dinamismo da vida
moderna e esta vertigem que se agrava proporo que aumentam as
mquinas e o mundo se enriquece de novas energias.
A histria um orculo que revela o futuro pelos exemplos do
passado e, demonstra, que nem todos os povos amadureceram no
mesmo estgio de desenvolvimento e, quando esse liame empreende o
seu curso atravs das correntes de suas lideranas, no h como
impedir-lhe o determinismo biolgico que se impe como legtima
alvorada de vitalidade.
Organizar uma listagem de pessoas benemritas de uma
comunidade um encargo quase impossvel. A listagem, ainda que
bem feita, provoca naturalmente, insatisfaes. No d para tirar
nenhum nome, mas, todos teriam acrscimos a fazer1. Para tais
1

Ressalta-se que o livro carece de continuidade, cabento por tanto, futuros volumes com as
persanalidades faltantes,

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

omisses involuntrias, rogamos a benevolncia dos camaquenses,


com a prodigalidade de suas indulgncias2.
A eles pois, o nosso caloroso aplauso, que traduz a admirao
pela obra que realizaram, digna de acurado exame e meditao de
quantos sentem, dentro da alma, as sublimadoras aspiraes da
existncia humana.

Joo Mximo Lopes

A propsito dessas omisses involuntrias, a comisso formada por pessoas ligadas histria,
teve a cautela de divulgar o evento durante meses, pela imprensa local e, em oito (8) edies
semanais consecutivas, especificamente, solicitou comunidade a indicao de nomes. Esses
documentos, encontram-se arquivados no NPHC e, esto liberados a consulta pblica.

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

ADRIANO JACOB SCHERER

No dia 04 de maro de 1900,


nascia no lugar denominado Bonito,
4 Distrito de Camaqu - RS, filho
de colonos de origem alem, um
menino, que mais tarde seria um
dos vultos de maior expresso na
economia arrozeira do Municpio,
do Estado e do Pas, aquele que
revolucionou a lavoura arrozeira.
Foi Adriano Jacob Scherer, e
aqueles que viveram sua poca e o
conheceram, esto lembrados da
grandeza de seus empreendimentos
no setor orizcola.
Filho de Luiz Delfino
Scherer e de Ana Cristina
Adriano Jacob Scherer
Scherer,
Adriano
teve
sua
juventude naquela zona interiorana e juntamente com seus irmos
participava de todas as atividades agrcolas desenvolvidas na colnia
de seus pais, frequentando a escola l existente, onde fez seus estudos
primrios. De esprito inquieto e empreendedor, na adolescncia
acompanhava seus pais em negcios na cidade, e j fazia planos sobre
o futuro. Foi assim que conheceu Olinda Suso, filha de comerciante
da cidade, com quem casou em 1922, e deste casamento tiveram
quatro filhos: Maria Oddi, Estevo Ordi, Rubens Jacob e Maria
de Lourdes.
Logo aps o casamento, Adriano estabeleceu-se com comrcio
de armazm de secos e molhados, na cidade, situado na rua Mal.
Floriano, imediaes da atual sede do Sindicato Rural de Camaqu.
Mas no durou muito, pois na Revoluo de 1923, foi expulso do local
pelas foras invasoras que conquistaram a cidade, tendo que fugir. O

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

estabelecimento foi saqueado, nada restando, pois foram informados


que Adriano apoiava os adversrios. Face aos acontecimentos, teve
que afastar-se da regio, e passou a dedicar-se ao plantio de arroz, e
pelo seu dinamismo, inteligncia e capacidade de trabalho, teve
sucesso na nova atividade.
Em 1925 morava em Canoas, junto ponte sobre o rio Gravata
e plantava uma lavoura de arroz, em sociedade com seu irmo Roberto
Paulo Scherer, em rea arrendada de mais ou menos 600 ha.,
denominada Granja Brigadeira, onde, posteriormente, foi construdo
o Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Em 1926 arrendou uma rea de terras, na Vila Mathias Velho,
em Canoas junto ao rio dos Sinos, pertencente a firma Kessler &
Vasconcelos, onde plantou arroz por trs anos.
Em 1930 retornou para sua terra natal, arrendando terras de
propriedade do Dr. Carvalho Bastos, onde hoje est localizada a Vila
Carvalho Bastos e reas ao Leste, hoje de outros proprietrios, l
construindo o Aude Santa Brbara, para irrigao da lavoura de
arroz que estava plantando. A casa de moradia era situada em local
elevado, onde hoje existe um prdio para engenho, na Rua Barra do
Ribeiro, na referida Vila. Alm desta rea, plantava arroz tambm na
propriedade rural de Vitoriano Buttes de Souza, onde construiu o
Aude Capo do Leo. Nesse perodo j vinha trabalhando em uma
mquina que idealizou, acoplando uma trilhadeira a um trator, com a

Fotografia tirada em 1931, onde hoje est o Moinho Olson. Adriano Scherer efetuou demonstrao da mquina que inventou para
colheita de arroz, acoplando uma trilhadeira a um trator, com equipamento por ele prprio feito. Foi o prottipo das modernas
ceifa-trilhas. As pessoas presentes, da esquerda para direita so: Olynto Schumacher, Luiz J. Scherer, Edison Nunes de Campos,
Adriano Scherer, dois funcionrios do Banco do Brasil no identificados, outra pessoa tambm no identificada , e Gasto Leal.
Junto com Adriano veem-se os filhos: Estevam Ordy Scherer e Rubem J. Scherer.

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

qual fazia experincias na colheita de arroz. A cada ano acrescia


melhoramentos na mquina.
Em 1931 passou a plantar em rea de terras pertencente a
Amado Peres, tambm nas proximidades da cidade. Foi nesse ano
que conseguiu terminar a mquina agrcola que idealizou e construiu.

No dia 05 de maio daquele ano, na presena de autoridades,


convidados e conterrneos, foi realizada a apresentao pblica de sua
inveno, a Ceifadeira e Trilhadeira Scherer concebida e
construda por ele, com a colaborao dos irmos Francisco Emilio, o
Nuta, e Roberto Paulo, tambm experientes e profundos
conhecedores do arroz e das mquinas agrcolas, tendo ela
apresentado o desempenho esperado. A demonstrao da eficincia e
importncia do evento, comprovou o xito, fato que ocorreu na vrzea
da Santa Brbara, nas proximidades do local onde hoje o Moinho
Olson.

Dia da apresentao pblica de sua inveno, a Ceifadeira e Trilhadeira Scherer. Na parte central
da foto, mais alta, o povo est sobre mquina.

O pedido de registro de patente do invento, no Departamento


Nacional da Indstria, do Ministrio do Trabalho, Indstria e
Comrcio, foi feito mediante depsito sob n 11, de 06.08.1931, na
junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul, atravs de
Memorial descriptivo de uma machina agrria denominada
CEIFADEIRA E TRILHADEIRA SCHERER com desenho e
fotografias. O processo tramitou na repartio federal, e em 11 de
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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

Concomitantemente, construiu toda a estrutura e instalaes do


complexo industrial da Vila Guaraxaim e de controle de salinizao da
Lagoa de mesmo nome, que tinha ligao com a lagoa dos Patos no
local denominado Barrinha, com mais ou menos 300 metros de
extenso, onde mantinha permanentemente verificao e fiscalizao,
efetuando o seu fechamento com sacos de areia colocados no local de
entrada de gua, ao primeiro sinal de gua salgada na Lagoa dos
Patos.

Carcaa do locomvel em exposio na Vila do Guaraxaim

Para atender seus empregados, em nmero superior a 400,


construiu casas, escola, com professora paga por ele, e uma
cooperativa para fornecimento do pessoal.
Pelo xito de seu empreendimento orizcola e face repercusso
alcanada pela Ceifadeira e Trilhadeira Scherer, no ano de 1939,
Adriano foi o grande destaque em Congresso Orizcola realizado na
cidade de Cachoeira do Sul, sendo orador oficial do conclave.
A magnitude de seus empreendimentos ensejou a criao de
uma agncia do Banco do Brasil em 1940. Antes dela, cada vez que
eram liberados valores referentes a financiamentos agrcolas,

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

ANNA RODRIGUES DE OLIVEIRA (D. Aninha)


JOS CUSTDIO DE OLIVEIRA (Juca Custdio)

1.

HISTRICO DAS FAMLIAS

Anna Rodrigues de
Oliveira, mais conhecida como
D.
Aninha,
nasceu
no
municpio de Canguu, l pelo
ano de 1831, isto porque, em 6
de julho de 1895 declarou ter 64
anos
frente
ao
escrivo
autorizado da cidade de So
Gregrio no Departamento de
Tacuremb, Repblica Oriental
do Uruguai, em testamento que
firmou naquela data. Assim,
deduzindo, chega-se ao referido
ano de 1831.
A
sua
ascendncia
Anna Rodrigues de Oliveira
alcana os primeiros povoadores
do Rio Grande do Sul. Ela era
filha de Antnio de Souza Mattos (nasc. em 14.08.1788), com
estncias no Uruguai3 e que poca, figurava como um dos grandes
produtores de trigo na regio de Canguu (Fernando Luiz Osrio em
sua Cidade de Pelotas), e de Dona Ana Rodrigues de Sena nascida
em 1796 em Rio Grande e batizada em 28 de dezembro de 1796,
filha de Francisco Rodrigues Martins (Viamo) e de Rosa Maria de
Jesus de Sena e, neta de Beatriz Barbosa Rangel e de Dionisio
Rodrigues Mendes sesmeiros no ento municpio de Viamo.
3

Uma dessas estncias era a histrica Hospital.

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

Frente a importncia de Dionisio Rodrigues Mendes na


formao de muitas famlias camaqenses (Mendes, Rodrigues,
Azambuja, Souza, Garcia, Centeno, etc,) convm que se estenda um
pouco mais a seu respeito. Ele nasceu na Vila de Alvora, comarca de
Tomar, Patriarcado de Lisboa, mais ou menos no ano de 1700. Casou
com Beatriz em Guaratinguet onde tiveram o primeiro filho: Andr.
Desceram at Laguna onde foi membro do Senado da Cmara de
Laguna at 1732 e tiveram mais um filho, Manoel. Chegaram aos
campos de Viamo juntamente com Joo de Magalhes e Jernimo
de Ornelas, com outros ilustres desbravadores do Rio Grande do Sul
nas expedies de 1716 e 1725. Dionsio, faleceu em Viamo, em 14
de agosto de 1791.
Os pais de D. Aninha, Antnio de Souza Mattos e Anna
Rodrigues de Sena, tiveram oito filhos: Maria de Souza Mattos,
Francisco de Souza Mattos, Tefilo de Souza Mattos, Rafaela de
Souza Mattos, Antnia de Souza Mattos, Zeferina de Souza
Mattos, Antnio de Souza Mattos, Anna Rodrigues de Mattos4.

Tenente Coronel Teophilo de Souza


Matos ( heri da Guerra do Paraguai.

Dona Anna (Aninha), casou-se,


possivelmente, em 1857 ou 1858, com
Jos Custdio de Oliveira, nascido na
vila de Dores de Camaqu, em 1816, e
batizado, em 16.02.1816, no oratrio do
lugar. Ele era filho de Jos Custdio da
Silveira (1781-1859) e de Zeferina
Maria de Oliveira j falecida em 1859, e
tinha apenas, uma irm, Cypriana Maria
de Oliveira e esta, duas filhas, Zeferina
Maria Furtado e Bernardina Maria
Furtado. A me de Jos Custdio de
Oliveira, isto , Zeferina Maria de
Oliveira era filha de Manuel de Souza

Maria de Souza Mattos (sepultada no 5 distrito de Cangu), Francisco de Souza Mattos (sepultado na
Capela dos ancestrais de Zeca Netto, em Bag), Tefilo de Souza Mattos (heri da guerra do Paraguai,
sepultado em Bag), Rafaela de Souza Mattos, (me do Gal. Zeca Netto), Antnia de Souza Mattos,
Zeferina de Souza Mattos, Antnio de Souza Mattos (sepultado em mausolu entrada do cemitrio de
Jaguaro) e finalmente, Anna Rodrigues de Mattos; Aninha, nossa biografada, tia e sogra do Gal. Zeca
Netto, sepultada no cemitrio dos Galpes, em Camaqu e, atualmente, no altar-mor da Igreja So Joo
Batista

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

O Uruguai no possua madeira eis que, desprovido de matas


naturais assim como, de erva mate da qual era e grande consumidor.
O eucalipto, convm registrar, comeou a aparecer pela dcada 1870.
No fica descartada a hiptese do comrcio de erva-mate pois, ainda
que no constasse estoque de erva em seu inventrio, no arrolamento
dos bens aparecem como 40 surres (utenslio de couro cru), onde, se
transportava a erva no lombo de mulas (dois surres em cada uma).

Casa primitiva, da Estncia dos Galpes

Jos Custdio de Oliveira, sendo nico filho homem do casal,


comeara a trabalhar com os pais, mesmo antes de seu casamento com
D. Aninha, cujo consrcio aconteceu, pelo ano de 1857 ou 58 a
deduzir-se pelo nascimento da primeira filha, no ano de 1859, quando,
tambm, faleceu o pai Jos Custdio da Silveira, sogro de nossa
biografada.
Acrescenta-se, para fortalecer a idia de que comeara a
trabalhar com o pai antes do casamento, que ali, em Jaguaro,
nascera a filha Zeferina Custdia de Oliveira, em 1860.
Nessa busca, conclu-se que Jos Custdio de Oliveira seguiu
o negcio do pai, isto , a venda de madeira para a Repblica
Oriental do Uruguai. Depois, segundo a tradio comeou, tambm,
a levar erva-mate, de vez que estava estabelecido no apenas em
regio madeireira como, tambm, ervateira, isto , no Distrito de So
Joo Batista de Camaqu, que poca pertencia Comarca de
Nossa Senhora das Dores.
O comrcio de madeira e erva mate para o Uruguai, comeou l
pelo ano de 1800, intensificando-se a partir de meados do sculo XIX
na regio do Cone Sul.
A propsito, a movimentao de produtos atravs do porto
natural da Barra do Camaqu era to intensa que a Repblica
Riograndense criou ali, uma coletoria de rendas, uma das mais
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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

DR. ATAHUALPA IRINEO CIBILS

As vrzeas pantanosas, o
Banhado do Colgio, a Serra do
Herval com suas densas
florestas, o Rio Camaqu ao sul,
ao norte o Arroio Velhaco e
mais adiante o Guaba, sem
pontes e sem estradas, eram
obstculos que limitavam a
atividade operosa da regio e
retardavam o seu progresso, se
comparado
com
outras
comunidades mais distantes de
polos civilizadores como Porto
Alegre, Pelotas e outros.

Os meios de transporte
eram prprios da poca, isto ,
cavalos, carretas e cargueiros de
mulas, alm da navegao pelo
Rio Camaqu desde o Bom Ser
at sua barra, tambm a Laguna
dos Patos e, como no havia estradas e nem pontes, os produtos saiam
e entravam pelo porto do delta do Rio Camaqu. Esse porto era o local
mais importante da regio e surgiu, possivelmente, no final do sculo
XVIII e s vindo a perder importncia no primeiro quartel do sculo
XX, frente a ascenso do porto da barra do Velhaco (Arambar). To
importante foi aquele escoadouro da produo regional da poca, que
ali se instalou uma charqueada j no inicio do sculo XIX e logo, um
coletor de rendas da Fazenda Provincial e tambm, um juizado de paz,
isso tudo, mesmo antes do surgimento da cidade de Camaqu em
meados do mesmo sculo.

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

que havia um local apropriado para fazer um aude, Miguel


concordou, foi feita a taipa do aude para irrigao da lavoura.
No primeiro ano de plantio, plantou-se seis quadras, como 10
hectares, a colheita foi boa, o que entusiasmou Miguel, no ano
seguinte aumentaram a taipa do aude e ampliaram o plantio, logo na
poca da segunda colheita, Miguel sofreu um enfarte e Donrio que
era grande amigo de Albertinho, assumiu a administrao da fazenda,
algum tempo depois a Fazenda do Canjica foi arrendada para o Senhor
Nestor de Moura Jardim (Quex), para plantar arroz e a parte de
pecuria para Jlio Corbeta.

Os difceis primeiros tempos.

Albertinho comeou ento a plantar em parceria com Quex, e


at o ano de 2003 a famlia plantou na Fazenda Canjica.
Albertinho comprou 60 hectares na Atalaia da Figueira, em
Camaqu, onde viveu at seus ltimos dias.
Devido a dificuldade de escolas na colnia e a necessidade de
trabalhar, seus filhos no estudaram, mas aprenderam, com a
orientao e o exemplo do pai, a trabalharem e serem honestos, pelo
seu carter firme, reto, exigiu a disciplina de seus filhos, deu-lhes uma
formao para a vida e foi exemplo de amor no trabalho, honestidade

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

Com esse objetivo fundou, em outubro de 1939, a firma Cibils


& Becker, para atender o comrcio e, a firma Cibils & Schwalm para
tratar da industrializao do arroz.

Reunindo essas atividades, em 22 de fevereiro de 1942, surgiu a


firma Cibils & Cia. Ltda. e, como medida de transio, em 31 de
outubro de 1943, passa a operar com nome individual para, a final, em
1949, criar a Cibils S.A. Agricultura, Indstria e Comrcio,
fundada no dia 25 de maro daquele ano, dia de seu aniversario,
quando distribuiu grande nmero de aes.

Proprietrio de um grande engenho de arroz exportava o


produto industrializado para as principais cidades do pas, atravs de
porto e navegao prprios, com os barcos Domador e Iucatan,
sem dispensar a contratao de outros para atender a demanda de seus
negcios.

Tanto na indstria quanto no comrcio, propiciava participao


nos lucros a todos os empregados, com quem, tambm, tomava
medidas de cuidado na sade, educao, moradia, e outras de cunho,
eminentemente social.

Instalaes Industriais da Cibils S.A. no Balnerio de Arambar.

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Ncleo de Pesquisas Histricas de Camaqu

ANTNIO RIBEIRO
- O Clarim Farroupilha

Muito pouco, quase


nada, de Antnio Ribeiro,
chegou at ns. Esse pouco
que falo, que ele era negro,
que era filho de posteiro, que
era o clarim de Bento, que
depois da guerra voltou
condio de peo da estncia
do Cristal, que ali morreu
velho, isto , coisas de no
muito valor.
Entretanto,
chegou at ns, tambm, a sua
lealdade para com o seu chefe,
em todos os momentos, o que,
tambm, no era necessrio,
frente a todas as evidncias
desse mesmo pouco que
chegou at ns (1).
Antnio Ribeiro

A nica lembrana material que nos restou, desse quase nada,


foi a estampa de sua majestade personal, retratada por John King,
possivelmente, no final do sculo XIX, incumbido, por algum que
teve a lembrana de fixar a sua imagem legendria para a posteridade
(1).

O fotgrafo ingls John King, radicado em Rio Grande e com


ateli nessa cidade na segunda metade do sculo XIX, teve um dia
uma misso especial: fazer o retrato de Antnio Ribeiro, o corneta

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que, sob as ordens de Bento Gonalves e outros chefes farroupilhas,


acompanhou o exrcito da Republica Rio-grandense em batalhas
importantes daquela guerra.
Sabe-se que, finda a guerra, o negro Antnio Ribeiro voltou a
ser peo na estncia do Cristal, pertencente famlia de Bento, onde
morreu idoso.

Casa de Joaquim Gonalves da Silva, depois de Bento Gonalves da Silva, na Estncia do


Cristal, na antiga sesmaria deste nome. Pertenceu inicialmente ao Alferes Joaquim Gonalves da Silva,
pai do Gal. Bento Gonalves.
Da esquerda para a direita: corneteiro Antnio Ribeiro, Bento Gonalves da Silva (filho),
Joaquim Gonalves da Silva (neto), Manuel Centeno, um amigo e outros membros da famlia
Gonalves.
Foto tomada, possivelmente em 1868, porque a menina ao colo (no crculo), Palmira Antnia
Gonalves Centeno (neta de Bento), poca, tinha dois anos, segundo informaes de um membro da
famlia (o mdico Paulo Crespo Ribeiro). Ela nasceu em 1866.

O corneta farroupilha mereceu o poema Gesta de Um Clarim,


do poeta Guilherme Schultz Filho. Os versos foram compostos por
ocasio da comemorao dos 140 anos da Revoluo e premiados
num concurso da Assemblia Legislativa.
A fotografia, em formato gabinete (16 x 11cm), pertence ao
acervo do Arquivo Histrico do RS. Seu autor, John King, que
registrou tambm outras imagens do ps-guerra farrouplha, era irmo
do tambm fotgrafo Thomas King que, no mesmo perodo (segunda
metade do sculo XIX), trabalhou em Porto Alegre, com ateli na Rua
Duque de Caxias e, depois, na Rua dos Andradas.(2):
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Gesta de Um Clarim
(Fragmento)
Cemitrio do Cordeiro,
encostas do Camaqu.
Ouvia-se de manh,
o som de um clarim guerreiro.
Dizem que Antnio Ribeiro
vinha ali ao clarear do dia,
em cvica romaria
sepultura de Bento.
E do glorioso instrumento
de memorveis campanhas
tirava notas estranhas
de estranhas sonoridades,
acordando as soledades
das quebradas ignotas...
Pelos campos, pelas grotas
do rinco continentino,
ia recompondo o hino
de uma cruzada de glria,
nas altas torres da Histria
a repicar como um sino!
A peonada nas estncias,
gaudrios e carreteiros
lavradores e tropeiros,
escutavam nas distncias
as picas ressonncias
do legendrio clarim
que saudou Gomes Jardim
na madrugada da Azenha! (3)

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Os nossos escritores se encarregaram do imaginrio. A pena


brilhante de Arthur Ferreira Filho em O Clarim Farroupilha, de
Legendas do Rio Grande (Porto Alegre 1950) materializou tudo
que a lenda trouxe at ns (1): Era um humilde. Duas coisas,
apenas, bastavam para encher sua vida de modesto filho de posteiro
gacho: seu clarim e a irredutvel fidelidade a Bento Gonalves.
Em Sarandi, ndia Muerta, Passo do Rosrio, Jaguaro, onde
quer que o heri estivesse e pelejasse, l estaria Antnio Ribeiro
transmitindo vozes de comando, pelas notas sonoras de seu
instrumento.
Em 19 de setembro de 1835, na estrada de Viamo, numerosa
cavalaria descansava. Os cavaleiros, com os animais seguros pela
rdea, sem abandonar a ordem de marcha, fumavam, sentados na
relva, fazendo comentrios e prognsticos sobre os acontecimentos
que comeavam a desenrolar-se.

Afastados da tropa, Bento Gonalves e Onofre Pires falavam,


em voz baixa, trocando impresses e combinando planos. A poucos
passos, o velho clarim permanecia em silncio, de p, apoiando-se
sobre o cavalo encilhado, o olhar atento aos menores gestos do chefe.
Em dado momento, este faz um sinal e, logo, Antnio Ribeiro,
levando o metal boca, d o toque de sentido, sem adivinhar,
certamente, que esse toque acordava o Rio Grande para uma luta de
dez anos.

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DR. HERMANN FRIEDERICH


ALBRECH VON IHERING

Em 1887, veio morar numa


das ilhas foz do Rio Camaqu,
um tipo bastante estranho. Os
vizinhos dedicados criao de
gado ou, quanto muito, uma pesca,
estranharam que o recm-vindo
tivesse adquirido a propriedade
daquela
ilha
para
fazer,
simplesmente, nada: ele passava o
dia inteiro colhendo flores do
campo, caando bichos grandes e
pequenos, coisas assim. Devia
andar pelos cinquenta anos de
idade, tinha jeito de alemo, falava
forte sotaque colono, mas se dizia
apaixonado pela terra do Brasil.
Dr. Hermann Friederich
Os vizinhos ainda mais se
Albrech Von Ihering
espantaram ao saber que ele era
doutor doutor de verdade, formado em Medicina e ainda diplomado
em Filosofia, Antropologia, Paleontologia, Zoologia e outras
complicadas sabenas.
Ele tinha um nome comprido Hermann
Friederich Albrech Von Ihering, mas a turma simplificou,
chamando-o to somente de O Doutor. E ainda hoje, cem anos
passados desde a sua chegada, a geografia camaqense registra, ali na
barra do nosso grande rio, a Ilha do Doutor.
Hermann Von Ihering nascera em 1850 na cidade de Giessen,
Alemanha, e se formara em Medicina pela Universidade Gotlingen.
Aos trinta anos, se casou com Clara Beltzer Wolf, e veio em viagem
de npcias pelo sul do Brasil, onde poderia averiguar de perto o
badalado desenvolvimento das colnias germnicas. Adorou o que
viu. Terminou abrindo consultrio junto colnia do Mundo Novo,
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cientficos europeus, mas em seguida est de volta sua ilha. Ao


retornar, encontra o Brasil soltando foguetes Proclamao da
Repblica.
Naturaliza-se brasileiro. Sem cortar suas ligaes com a
imprensa europia, passa a dar preferncia aos leitores do Rio Grande
do Sul. Em Porto Alegre, o Dr. Graciliano Azambuja est editando
anualmente o Anurio, de generalizada leitura, e para o ano de 1892
vem publicando minucioso estudo de Von Ihering sobre As rvores
do Rio Grande do Sul, arrolando 42 espcies principais.
Nesse momento, ele se destaca como um dos primeiros a
desfraldar a bandeira da ecologia, encaminhando mensagens ao Poder
Pblico para que seja dada a maior ateno aos insuspeitos perigos do
desmatamento. Para o Anurio do ano seguinte, Os Mamferos
do Rio Grande do Sul, arrolando 92 espcies. E j est
sistematizando o trabalho seguinte sobre 363 espcies de aves, quando
irrompem os sanguinolentos
agitos
da
Revoluo
Federalista.
A poltica coisa que no
o empolga, e o clima de
violncia o afugenta. Vai
procurar mais segurana na
cidade de So Paulo. L
recebido de braos abertos e lhe
entregam a direo do famoso
Museu Paulista. Hermann
Von Ihering testa do Museu
Paulista de 1893 a 1915.

Delta do Rio Camaqu, onde morou o biografado

Depois
desce,
pela
Argentina e pelo Chile, voltou
a So Paulo, morou ora na
Alemanha e ora no Brasil.
Faleceu em 1930.

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HILSON SCHERER DIAS


- O Idealista Libertrio -

Em 04 de maro de 1925, na
Vila da Barra do Velhaco, antiga
Paraguassu, hoje municpio de
Arambar, nascia Hilson Scherer
Dias, filho de Joaquim Dias e Elza
Scherer
Dias.
A
infncia
desenrolou-se na Fazenda Capo
Grande77, propriedade do av Jos
Pio Dias, filho do ilustre
camaquense Bernardo Vieira Dias
(Intendente em 1904).
Neste
ambiente estritamente rural e
provinciano, o menino Hilson
desfrutou os primeiros anos de sua
vida tomando banhos de aude sem
imaginar que, no futuro, esta
Hilson Scherer Dias

liberdade que tanto lhe era ntima,


um dia seria ceifada.

No ano de 1933, Hilson matriculado no Colgio So Jacob,


em So Leopoldo, onde inicia seus estudos sob a rgida disciplina de
um educandrio militar - seria um sinal. Mais tarde passa a estudar no
Colgio do Rosrio, em Porto Alegre. Formado em tcnico
agrimensor vem para Camaqu onde passa exercer a profisso.
A escolha pela profisso ligada agricultura e o estilo de vida
que adota tem forte influncia e inspirao no tio e padrinho Adriano
Scherer, que coincidentemente, nascera tambm no dia 04 de maro.
Produtor rural, ferreiro e inventor de equipamentos agrcolas, Adriano
77

A Estncia Capo Grande, hoje no Municpio de Arambar, pertenceu ao Tenente Farroupilha,


Antnio Fagundes de Sampaio, do qual, o biografado era trineto, como se v na seguinte ordem:
Joaquim Dias (pai); Jos Pio Dias (av); Joana Fagundes Vieira Dias (bisav, casada com
Bernardo Vieira Dias) e Antnio Fagundes de Sampaio (trisav), nascido em 1808.

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Scherer, chegou a ser considerado o maior plantador individual de


arroz do mundo. Segundo relatos da famlia, a vida de Hilson sempre
foi marcada pelo dinamismo de Adriano, que desde pequeno era seu
admirador.
A atuao profissional, leva Hilson a conhecer, como poucos, a
alma dos pequenos agricultores, motivando seu interesse pelas
questes sociais e abrindo caminho para sua trajetria poltica. Em
1943, o Major Otaviano Paixo Coelho, ento Prefeito de Camaqu,
lhe concede um cargo de escriturrio na Prefeitura, era a primeira
oportunidade que o jovem idealista recebia para atuar no poder
pblico. Logo depois, com apenas 21 anos, ele inicia militncia
poltica na Juventude Trabalhista do PTB, sendo um de seus
fundadores.
Nesta poca, o pai Joaquim Dias, abre o Cine Guarany, uma
grande novidade de lazer e entretenimento para a Regio, j que o
pioneiro Cine Teatro Coliseu deixara de funcionar. Em 1968 a famlia
inaugura o Cine So Joo, mais moderno, em espao que oferecia
maior conforto.
Hilson, apesar da atividade poltica, sempre
acompanhava essa atividade, tanto que, mais tarde, acabou
administrando o cinema. Em 1980, o histrico cinema fecha suas
portas. A partir da, o prdio de dois andares no centro da cidade,
passou a ter outras finalidades.
No incio da dcada de 1950, o Governador do Estado Ernesto
Dornelles, nomeia Hilson Chefe das Obras da Estao Hidrulica.
Entusiasmado com a construo que iria suprir a falta dgua em
centenas de lares da comarca
Em 05 de abril de 1952, Hilson, que sempre considerou a
famlia um refgio na hora dos grandes embates, casa-se com a
professora Maria Teresa Sofia Dias, filha de Emanuel Sophia e
Celina de Assis Sophia. Da unio nascem cinco filhos: Pia Ftima,
Hilson Manfredo, Virgnia, Fabola e Fbio, e ao longo dos anos ele
contemplado com sete netos e dois bisnetos.
Em 2012 o casal registrou 60 anos de unio, e os filhos em justa
homenagem aos pais mandaram publicar em jornais locais: Sessenta
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anos se passaram e os diamantes reluzem mostrando para ns a


grandeza da alma humana com toda a sua fora, pois diante da
incrvel efemridade da vida, um casamento verdadeiro no conhece
o tempo, possui a essncia da eternidade.
O fato de desempenhar
com denodo e eficincia as
atribuies que lhe eram
confiadas, fez com que em
1955, Hilson Scherer Dias
viesse a ser eleito Vereador
pelo PTB, sendo o mais
votado da sigla trabalhista, e
acabou reeleito em 58, em
uma poca em que os cargos
legislativos no recebiam
remunerao. Por sua posio
de destaque na poltica local
tornou-se
presidente
da
Casamento do biografado em 1952 com
Cmara
Municipal
de
Maria Teresa Sofia Dias
Vereadores, e algumas vezes,
chegou a assumir a Prefeitura, na administrao do prefeito Cel. Silvio
Luiz Pereira da Silva, ironicamente seu grande adversrio poltico.
Entre seus projetos e aes merece destaque a luta pela
construo da Ponte que liga Tapes / Arambar (1959), e o empenho
junto ao Governo Federal para a liberao de recursos para a Escola
Profissional Rural, que viria a transformar-se no Colgio Marista, por
iniciativa do Padre Cnego Walter. Neste episdio, Hilson esteve no
Palcio do Catete, sede do governo, no Rio de Janeiro, e trouxe o
dinheiro para Camaqu em uma mala, fato normal para os padres da
poca tal era a seriedade daqueles homens pblicos. Tantas atitudes
cvicas lhe renderam, em 1957, juntamente com outros parlamentares
do pas, o ttulo de Vereador do Brasil, distino entregue pelo ento
presidente Juscelino Kubitschek.
Um dos fatos que ilustra o seu fervor pelo Trabalhismo de
Getlio Vargas, foi que neste perodo ocorreu a mudana do nome da
rua Benjamin Constant, que passou a chamar-se avenida Presidente
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