A Louca Do Jardim
A Louca Do Jardim
A Louca Do Jardim
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ProJeto grfico
Lcia Rodngucs
Ca pa
Daniel Santiago
Alouca do jardim
Ma/orC/audinodos lagos
39
65
lgrimas de me
/osS03rcs
79
lis
O estrangulador
Sotero Caetano
1 t CATRO BRASIL
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Osegredodo mordomo
Artur Fernandes
A louca do jard im
drama circense em 3
atos Major Claudino dos
Lagos
Personagens:
Alberto
Albertina
Afonso
Antunes
Policial
Guarda
Criado
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I
ato
( Casa ricamente mobiliada, jarros com llorcs, umporta-chapus, um
centro de mesa, etc. Em cena, Jlia, sozinha, lendo.)
encontra cm casa.
isso, porei tudo cm pratos limpos, suceda o Que suceder. (Bate op.)
Afonso (qnico)- Vivia. mas no viver mais. Quando souber cwe seu
marido a engana. A senhora pensa nadar em um mar de rosas Quando
prez.a. por sua prpria dignidade deve respeitar o lar alheio. o lar
falncia, a causa disso uma amante com Quem gasta somas fabulosas
de dinheiro. Os credores
da civilidade. tenta seduzir a esposa de um amigo seu. Querendo ferila no Que ela tem de mais puro e sagrado: a honra. H muito tempo
q_ue tenho vontade de lhe dizer tudo isso. mas temia um desenlace
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Que lheser fatal. a runa. Ele. q_ue tem consigo alguns contos de
q_ue no tenciono.
el)
"QueridoAlberto.
esperei-te
ontem.no me deste o prazer da tua visita. Espero-te hoje. Peote, q_uando vieres te encontrar comigo Que tragas algum dinheiro
para comprar algo Que falta para nossa viagem. Quero apresentarme na Europa digna do homem Que amo. Tua amante. HenrlQu. eta."
Jlia (/riste) - Meu Deus. ser verdade o Que diz esta carta?
Ser Que Alberto abandona sua esposa por uma mulher QualQu. er?
Ser possvel abandonar sua filha deiXando-a desamparada? ( tristt!}
No. esta carta no
verdadeira porq_ue Quando o homem tem amantes, trata mal sua
esposa. e Alberto sempre me trata com carinho.
Afonso -Tudo isso estratgia de Alberto para melhorlevar a eeito
seus planos...
Jlia -Senhor Aonso.
para decnder-me.
Afonso - dele mesmo Q!.le saberei vingar-me.
Alberto - Que te mandou dizer esta amiga Que ests com os olhos
vermelhos de chorar?
e prepare-se para
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Alberto-Sejamos francos. Jlia, de uns tempos pra c tenho notado grande diferena em ti.
andas triste. pensativa. e no me fazes o carinho de antes. Jlia -Ahl Alberto. como hei de
ter alegria vendonossa filha to doentinha? Alberto - PorQue uma filha est doente a
mulher no deve distrair-se do marido. ademais a doena de Albertina pura dentio.
Jlia - Para uma me extremosa. q_ualQuer incmodo do seu filho ou filha. causa-lhe pesar.
Qando Albertina geme. so punhais Que ultrapassam meu corao.
Alberto (beqa-a)- Ests muito eloQente, Querida Jlia, v pr o jantar Que eu vou ver Albertina.
Jlia - E por Que no vens? (Sai.)
Alberto (s) Pouco me demorei. ( Vendo 3 cigarreira) Uma cigarreira em minha casa? De
Afonso no . pois conheo a sua. de Antunes tambm no, pois est doente. enfim. Jlia vai
me dizer q_uem esteve aQui.
Jlia (enlfilndo)- O jantar est na mesa. como achaste Albertina? Alberto (irado) - No fui
v-la e no Quero jantar!
Jlia (calma) - Por Que, Alberto?
Alberto- PorQue estou indisposto. Jlia - At para ver
tua filha?
Alberto - Para tudo. Jlia. Quando me entra na cabea uma suspeita. Jlia (espantada) Suspeita de Qu, Alberto?
Alberto - QUe Quero saber Quem esteve aq_ui. Jlia (calma) -AQui?...
AQui no esteve ningum.
Alberto- E por Que ficaste plida com uma simples pergunta? Jlia - porq_ue...
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Alberto - Tens razo. Jlia. Eu perdi a cabea.
Jlia - Dizes antes Que perdeste a confiana qe tinha cm tua esposa. Alberto - Bem,
no falemos mais nisto. Ponha o jantar Que eu vou ver Albertina.
Jlia - Ela to bonita. no Alberto? Alberto - Sim.
ela o teu retrato!
Jlia- Queres dizer Que eu sou bonita? Alberto (beijando-a) - Tu s
um anjo. Jlia.
Jlia - lisonjeiro este beijo. talvez seja o ltimo. (Sai.)
Alberto - Coitada. est impressionada. com receio Que a filha morra e ela morra tambm.
apesar de a doena de Albertina ser uma simples dentio. (SaieJlia vol/3.)
Jlia (pega a cigarreira)- Esta cigarreira foi colocada aQui de propsito pelo senhor Afonso para
Que Alberto suspeitasse Que algum teve entrevista comigo e assim haver uma discrdia
entre ns.
Alberto- O jantar est timo. mas no te vi mesa. Jlia - Eu estava...
Alberto- Admirando esta cigarreira QUe de li conhecida.
llia- Eu noestava admirando esta cigarreira. nem ela de mim conhecida. Vejo Que ests com
cimes e no te Quero contrariar. vou para o Quarto e nas minhas oraes pedirei a Deus qe
te d sossego e esprito so.
Alberto (sozinho) - do Que estou precisando.
Afonso (entrando)- Ol. Alberto! Passando por aQui no poderia deixar de fazer uma visita aos
velhos amigos.
Alberto -AQui esteve algum, vamos. diz de qcm esta cigarreira! llia - No sei.
Alberto.
cigarreira.)
Alberto - No sabes?
Afonso (debochado, tira uma cigarreira do bolso) - No. Alberto. a minha est aQui. (Mostra.)
Jlia- Como q_ueres q_ue cu saiba se aqi em nossa casa todos os dias vm amigos teus? Queres
qe Quando saiam eu flq_ue cata do Q.Ue eles deixaram?
Alberto- Que apareceu aQui em minha casa e llia disse Que aQui no esteve ningum.
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do teu amante...j Que ele no teve coragem de dizer na carta Que te enviou! Jlia {aflta)-Que isto.
Alberto (irado) -Teu marido? No manches com esta baba peonhenta o nome "marido". Diz Quem teu
amante! Oizq_uem teuamanle para Que cu lhe arranQue o corao com este punhal. j q_ue ele no
Alberto - Bem Que me disse o Afonso. qe as mulheres so astutas . Jlia -Afonso? ... Foi ele
uma mulher virtuosa pode amar o seu marido. Agora. odeio-te porQue
vejo Que no tenho marido esim um louco. Eis o meu peito. crave nele
Alberto (irado) - Foi ele. sim. ele mais experiente do q_ue cu.
llia -No posso acreditar Que ele tenha dilo semelhante coisa. o senhor Afonso um embusteiro.
Alberto - Ento duvidas das minhas palavras. adltera. desprezvel!
Jlia -Oh. por piedade. Alberto. no me chames por esle nome feio. Que no mereo.
Alberto (joga a carta aosps deJlia) - Eis a prova do delilo Que tenho cm minhas mos.
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2 ato
(Jardim de umapraa do Recife. Jlia entra, cantando, com uma mochil.1, maltrapilha, etc.)
Jlia -
fgozeidias f elizes
@e
corao. sua voz harmoniosa em meus ouvidos. Albertina. como dever estar crescida e formosa. Vem...vem ... abraa tua
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aQui parti a ver se remedio o mal e repartir com ela o pouco Que
resta da minha ortuna.
Jlia ( entrando, senta no cho) -S aQUi encontro alvio aos meus
pesares. parece Que o destino para aQui meconduziu: Quem sabe se
Alberto e minha filha algum dia no aparecem neste jardim? Mas no...
h Quinze anos vivo nessa iluso.
Afonso ( espantado, olhando-a) - ela. conheo-a ainda. Que
espetculo triste. Meu Deus, cm Que estado se encontra esta pobre
mulher.Sinto despedaar -me ocorao. (Indoaela.) Dona Jlia. no
me conhece?
Jlia ( calma) - No, no conheo ningum. Quem osenhor Que sabe
meu nome, j de todos desconhecido?
Afonso -Ainda Que tivesse passado cem anos. havia de lhe reconhecer
e lembrar do seu nome.
Jlia - Qual a razo dessa sua
lembrana? Afonso - PorQue tenho uma
dvida a pagar-lhe. Jlia ( rindo) - A mim?
Afonso (calmo) -Sim. a senhora .
Jlia-A mim nada deves .a no ser o miservel dosenhor Afonso.
causador da minha desgraa e o meu ingrato marido, Que no ouviua
voz da minha inocncia e no se compadeceu das lgrimas Que verti
por minha filha.
Aonso - Eu conheo sua histria e compreendo. Venho lhe oferecer
os
meus prstimos dando-lhe uma vida alegre e tranQila.
Jlia - TranQildade para mim? Oh. senhor.senhor. est escrito nolivro
do destino a minha desdita. Heidecumprir a minhasorte sem remdio
econheo a justia de Deus. porm no sei o_ue crime cometi para
sofrer tantas amarguras.
Afonso - Deus. compadecido da senhora. enviou-me para tir-la
desta penria mitigando assim um pouco dos seus sofrimentos.
Jlia -Mitigar meus sofrimentos? S a morte poder fazer.s a lpide
fria... Quem o senhor QUC tanto se compadece de mim?
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Afonso -Sou um infeliz tambm. porm um incliz moral.trago o corao denegrido pelas torpezas Que
pratiQuei.procuro fazer algumbem para minorar minhas culpas. para ver se Deusalcana perdo para minha alma
Jlia - Existem crimes de tal natureza Que Deus no pode perdoar. Eu conheci umhomem Que praticou um
crime to hediondo.to revoltante Que me parece Que Deus jamais estender a mo para ele, mas corno no seide
Afonso (s) - Tens razo. mulher infeliz. sou mais Que um monstro,
estado de desolao e misria.Vivo desamparada dos entes Que me eram carssimos:minha filha e meu marido.
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Agora
confeitaria.
Antunes - De fato, no me era possvel reconhecer-te. ests muito
mudado, h muitos anos no te vejo. j estava pensando Que havias
morrido.
Afonso - Antes tivesse me suicidado...
Antunes - Ests assim to aborrecido da
vida?
Afonso -A minhavida. senhor Antunes. um foco de podrido. um
sem
fimde martrios.
Antunes - Estava preso.matou algum ou sucedeu alguma desgraa?
Afonso - Se no te aborreo. se ests disposto a ouvir-me. contar-teei alguma coisa, particularidades da minha vida.
Antunes -Sentemos . Estou a seu dispor.
Alon:.o - Dotado de um gnio libertino, trnei tOnQuistar a esposa de
um amigo.ela. porm. nocedendo aos meus rogos. trtou-me de uma
maneira tal
Q.UC
beij -la fora. mas. furiosa por estar sendo ofendida cm sua dignidade,
deu-me urna bofetada. Antunes - Alis, muito bem empregada.
Afonso
-Confesso
QU.
foi.mas.desesperado
com
aQuelc
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sei Quem foi ocausador de tantas desgraas. Osenhor indigno de conversar com um homem de beml
Afonso (s) - Amanh. como ser !riste o meu amanh. Hoje farei um
Afonso - No se encolerize. senhor Antunes, tenho Que lhe esclarecer uma coisa Que muito servir a dona Jlia.
Ainda h pouco cu estive com ela. pedi-lhe perdo. mas ela horrorizada no me Qis ouvir.retirou-se soluando. Antunes
- E onde a encontrou?
Afonso - AQ.Ui. neste jardim.
Antunes -Ao.ui? Oh! Ser ela? Bem Que Alberto a reconheceu.(Espantado.) Afonso ( esp;,ntado) - Alberto? E Alherto
est outra vez cm Pernambuco? Antunes - [st. sim. procurando sua mulher.
Afonso - Neste caso. peo-lhe Que no lhe diga nada por hora. amanh mandareia sua casa uma carta. Rogo-lhe o
favor de entregar a Alberto, nesta caria farei minha confisso pondo cm ,elevo a atitude de Jlia e a minha infmia.
Antunes - Pois bem. esperarei pela carta. preciso mesmo de uma prova cabalQU. e salve a reputao dao.uela infeliz
perante seu maridoe asociedade. Afonso ( humilhado) -Nolenha cuidado. no vou pessoalmente porQue no lenho
coragem de apresentar-me a um homem Q!Je me deu odoce nome de amigo e que to covardemente atraioei.
Antunes -Tens razo. espero pela carta amanh. (Sai.)
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3 ato
(CasadeAlberto.
cenarica.)
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Antunes - No merecidos.
Albertina -Muito merecido. e sendo o senhor um grande amigo de papai. ofereo-lhe minha cordial estima e
sincera gratido.
Albertina - Papai.l no Rio.falava sempre no seu nome. Antunes - E como se deu naq_ucla
cidade encantadora?
Albertina -Bem. Entretanto. pairava-me na cabea uma vontade louca de voltar.parece QJ.Je aQuihavia deixado
alguma coisa Q!Je me atraa. foiQuando pedi ao papai para voltar a Pernambuco. Ele me fez os gostos. Q!
Jando avistei
novo ao ardim.
os casares do Recife. confesso qe senti uma alegria incontida. como lindo o meu Pernambuco!
Antunes -Realmente. urna terra divina. bem empregado o nome Que lhe deram de Veneza Americana.
Albertina -Chegamos h pouco e ainda no tive tempo de correr minha terra natal e visitar as famlias conhecidas.
Antunes - Pois. Quando sair. v a nossa casa porQ!Je minha senhora ter muito prazer ese j no veio lhe visitar
porQue est um pouco adoentada. Albertina (alisa opa - Quando papai q_uiser.estarei s ordens.
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llia -Minha menina. urna esmola para Qpem tem fome, estou to
necessitada. Albertina - Pois no, minha senhora. est to abatida.
to fatigada. sinto Que Quer alguma coisa. Quer servir-se de um clice
de vinho do Porto?
Jlia -Agradecida. eu no bebo. o meu estado permanente este,
como no hei de viver assim se no tenho abrigo. durmo nas caladas.
se uns me do alguma coisa, outros me escarnecem. atirando-me injrias
Q!Je me fazem corar as faces de vergonha.
Albertina - Coitada. meu Deus. QPe coraes de bronze. Que
falta de sentimentos. Tenho muita pena de Quem pobre. daQ!1eles Que
so privados. dos Que tm necessidades. Queria ter riQuezas fabulosas
para dar a todos os necessitados.
Jlia -Como s bondosa. minha filha. Q! em d aos pobres empresta a
Deus, tens um corao bem formado. d graas Providncia. as almas
caridosas tm sua recompensa. Quando eu era rica e feliz, nunca deixava
de dar Queles Q.Ue me pediam. se no fui recompensada na terra. serei
na eternidade.
Albertina - E a senhora j foi rica?
Jlia -Eu...ah. minha filha. fui rica e virtuosa.
Albertina - E como se acha neste estado? Houve algum desgosto.
morreu seu marido?
Jlia -So duas perguntas Que no lhe posso responder.
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Albertina - Respeito seus segredos. mas desejava saber porQPe se encontra to pobrezinha agora.
Jlia - O motivo da misria, o causador dos meus padecimentos foi to somente um homem. Se lhe contar minha histria. por
encontro. possam ter tanta simpatia uma pela outra. Quanto a mim fui
Albertina -Conte. eu lhe peo. Compadeo-me tanto das infelizes. tenho um corao muito sensvel.choro pelos outros.
principalmente QPando esses infortnios so com mulheres.No sabes como simpatizo com a senhora. boa mulher.
Jlia - So comuns nossos sentimentos. eu tambm j lhe Quero como se fosse minha filha. No lhe convido para abraar-me em
virtude de saber Que lhe ofende semelhante proposta. no lhe fica bem abraar uma mulher coberta de trapos.
Albertina (abraa-a) - Quando dois coraes se amam pela simpatia. as vestes no separam. (Jlia chora.) No chores. eu
lhe peo. suas lgrimas me comovem bastante. conte sua histria Que talvez eu a possa consolar.
Jlia - No posso. minha filha. vs como estou comovida? Voltarei mais tarde e assim contarei minha dolorosa histria.
Albertina - Pois sim. esperarei.Quer uma xcara de caf? Jlia - Obrigado, ficar para outra vez.
Albertina - No Quero importun-la. espere um pouco Que j volto. (Sai.)
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minhas oraes. pedirei a Deus Que lhe livre dos infortnios. Que lhe
cubra de glria.
Albertina - Obrigada. o QJJC mais desejo a felicidade do
papai. Jlia - E da mame? No deseja a felicidade da mame?
Albertina -Se a tivesse desejaria muito. mas tive a infelicidade de
perd-la. Jlia -Coitadinha.compadeo-me das criaturas Que no tm
me. Que no conhecem suas carcias. eu tambm tenho uma filha.
Albertina - E onde ela est?
Jlia - No sei.
Albertina - No sabe? incrvel!
Jlia - Quando cu lhe contar minha histria. pensar de outra maneira.
Jlia - OhlSe fosse sua me. Q!te prazer! Porm. uma infeliz como eu
no pode ter uma filha como a menina. Sereisua amiga.
Albertina -Para provar-lhe o Quanto a amo e a estimo. vou pedir ao
papai para a senhora vir morar conosco em nossa companhia.
Jlia -Isso no possvel. seu pai com certeza no aceitaria em sua casa
deixou.
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33
para
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histria. Jlia -Mas um dia umamigo falso do meu marido tentou seQu.
Jlia - Pensava Que cu no vinha. no assim? A menina to boa Que eu no podia deixar de vir.
Albertina (alegre) -Olhe. j pedi ao papai para a senhora vir comigo. mas preciso ouvir sua histria.
Jlia (triste') - Minha histria terrvel. nunca contei a ningum. tenho um pressentimento Que contando
urna vez. no contarei a segunda.
Jlia-Ele. tendo sido feridoem sua dignidade. fez uma carta falsa.
fingindo ser do meusuposto amante, e mandou-a entregar de propsito a
princpio. Quis matar mc. no ofez nosei por Qu. Entretanto deume a morte moral,Que pior Que a morte fisica... Eo resultado dessa
histria QUC nosseparamos. mas o pior de tudo:fui privada de ver
minha filha ...enlouQueci.
Albertina - E como se chamava este indigno homem?
o primeiro ruto do nosso amor nasceu. uma filha. como era linda minha
Olha... (chora.)
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(Alberto eAlbertinaacariciamJlia. Que vai voltando asi. olhando aoredor.) j1fla ( abraando os doif'i -Alberto. meu
marido.Albertina. minha filha. senhor Antunes. meu amigo. eu sempre confiei q_ue a justia divina iria provar a minha
inocncia e Que eu ainda seria feliz ao lado do meu Querido Alberto e da minha filha. Albertina.
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