O Estilo Juridico Alemao PDF
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Mrtin P. Haeberlin3
Esclarecimento metodolgico: O presente texto foi apresentado pelo doutorando Mrtin P. Haeberlin,
originariamente, sob a forma de trabalho escrito de concluso da disciplina Teoria da Jurisdio em
Perspectiva Comparada, ministrada pelo Professor Eugnio Facchini Neto, no mbito do Curso de
Doutorado em Direito, na PUC/RS. O trabalho continha originariamente 26 laudas. Trabalhando em
cima desse texto originrio, o coautor Eugnio Facchini Neto o reduziu, inicialmente, a 16 laudas e
posteriormente acrescentou suas contribuies, dando ao mesmo a sua verso e extenso final, com 36
laudas em sua formatao anterior impresso. Consequentemente, pode-se dizer que se trata de um
texto efetivamente escrito a quatro mos.
Doutor em Direito Comparado (Florena/Itlia). Mestre em Direito Civil (USP). Professor e Ex-Diretor
da Escola Superior da Magistratura Ajuris. Desembargador do Tribunal de Justia do Estado do Rio
Grande do Sul TJ/RS. Coordenador-Geral do Centro de Estudos do TJRS.
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Doutrina Nacional
INTRODUO
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Utilizamos a distino de Ugo Mattei e Pier Giuseppe Monateri, segundo os quais: sistema linsieme
dele regole di diritto applicabili in uma determinata comunit; famlia linsieme di sistemi profondamente
legati da strutture giuridiche comuni e dalla loro storia; modelo um insieme di concezioni giuridiche pi
o meno tecniche che possono ritrovarsi in diversi sistemi ed anche in diverse famiglie giuridiche (MATTEI,
Ugo; MONATERI, Pier Giuseppe. Introduzione Breve al Diritto Comparato. Verona: Casa Editrice, 1997.
p. 13-4).
ZWEIGERT, Konrad; KTZ, Hein. Introduzione al Diritto Comparato. Principi fondamentali. Trad.
Barbara Pozzo. Milano: Giuffr Editore, v. I, 1998. p. 76-84.
A noi sembra rilevante il fatto che singoli ordinamenti giuridici, oppure gruppi di ordinamenti giuridici,
abbiano ciascuno loro proprio stile. (Zweigert e Ktz, op. cit., p. 83, traduo livre)
Idem, p. 83.
A opo pela diviso em um sistema romanstico (Frana, Itlia, Holanda, Blgica, Portugal, Espanha
e Amrica Latina, entre outros) e um sistema jurdico germnico (Alemanha, ustria e Sua)
respaldada em Zweigert e Ktz (Idem, p. 164), que tambm distinguem um sistema de direito
escandinavo (abrangendo os ordenamentos jurdicos da Dinamarca, Sucia, Noruega, Finlndia e
Islndia), com peculiaridades suficientes para serem distintos tanto do sistema romanstico quanto do
germnico, no se confundindo igualmente com o sistema da common law.
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FROMONT, Michel. Grands systmes de droit trangers. 3. ed. Paris: Dalloz, 1998. p. 11. J Claude Witz,
professor da Universit Robert-Schuman (Strasbourg) e dtach lUniversit de la Sarre, destaca
outros aspectos histricos relevantes, parcialmente coincidentes com aqueles referidos pelo Professor
Fromont: I) recepo do Direito romano; II) o jusracionalismo e as primeiras codificaes; III) o sculo
XIX e a unificao tardia do direito alemo; IV) de 1900 ao fim da Repblica de Weimar; V) o perodo
nacional-socialista; VI) O Direito alemo de 1949 aos nossos dias (WITZ, Claude. Le Droit Allemand.
Paris: Dalloz, 2001. p. 8 e ss.).
249
Sobre tais aspectos, v. CUNIBERTI, Gilles. Grands Systmes de Droit Contemporains. Paris: LGDJ, 2007.
p. 27/28.
11
VAN CAENEGEM, Raoul C. Introduzione storica al diritto privato. Bologna: Il Mulino, 1995. p. 214.
12
Os povos francos slios constituam uma das duas confederaes de povos francos, habitando as
margens do rio Issel. Para os povos francos situados s margens do Rio Reno, aplicava-se a Lei Ripuria
(sobre isso, v. BART, Jean. Histoire du Droit. 2. ed. Paris: Dalloz, 2002. p. 8). A Lei Slica buscava
regular todos os aspectos da vida em sociedade, cobrindo matrias que hoje seriam denominadas
de direito penal, tributrio e civil, embora de forma assistemtica e com notveis lacunas. Uma das
matrias tratadas, de grande influncia na idade mdia, foi a disciplina da herana bem como as
regras de sucesso dinstica. Ao final do medievo e incio da idade moderna, a expresso lei slica
passa a designar as regras de sucesso do trono da Frana regras que posteriormente foram imitadas
por outras monarquias europeias. Segundo Scovazzi, a Lex Slica surgiu sob a forma de um pactus
vinculante entre a monarquia e o povo e constitui o documento mais importante para o conhecimento
do antigo direito germnico ocidental, seja pela completude, autenticidade, bem como pela influncia
que teve no desenvolvimento jurdico posterior (SCOVAZZI, Marco. Le origini del Diritto Germnico
Fonti, Preistoria, Diritto Pubblico. Milano: Giuffr, 1957. p. 47/48).
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Nesse sentido, GILISSEN, John. Introduo histrica ao direito. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian,
1988. p. 172.
14
CAVANNA, Adriano. Storia del diritto moderno in Europa Le fonti e il pensiero giuridico. Milano:
Giuffr, 1982. p. 445/6.
15
Na verdade, o processo de eleio era complexo e sofreu uma evoluo ao longo da histria. At
metade do sculo XIII, o eleito torna-se Rei por efeito da uno dos bispos e assuno ao trono de
Aquisgrana; tornando-se Imperador por efeito da sucessiva uno papal. A partir das alteraes
promovidas pela Dieta de Rehns (1338) e especialmente pela Bula de Ouro (1356), o Rei alemo por
si s in imperatorem promovendus, reduzindo-se a aprovao papal a uma simples formalidade. Sobre
isso, v. CANNATA, Carlo Augusto. Linneamenti di storia della giurisprudenza europea. II Dal medioevo
allepoca contemporanea. 2. ed. Torino: Giappichelli, 1976. p. 68, n. 3.
16
O chamado Kurkollegium, integrado por trs prncipes eclesisticos, os Arcebispos de Colnia (Kln),
de Mainz e de Trier, e por quatro prncipes laicos, o Rei da Baviera, o Marqus de Brandeburgo
(Brandenburg), o Conde do Palatinado e o Duque da Saxnia.
17
251
19
Sobre esse perodo histrico, vejam-se as informaes trazidas por RAVA, Tito. Introduzione al diritto
della civilt europea. Padova: Cedam, 1982. p. 155 e ss.
20
GAMBARO, Antonio; SACCO, Rodolfo; VOGEL, Louis. De droit de loccident et dailleurs. Paris: LGDJ,
2011. p. 257.
21
Nesse sentido, v. CANNATA, Carlo Augusto. Linneamenti di storia della giurisprudenza europea. II Dal
medioevo allepoca contemporanea. 2. ed. Torino: Giappichelli, 1976. p. 69/71.
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No sculo VI, Justiniano, imperador do Imprio Romano do Oriente, posteriormente conhecido como
Imprio Bizantino, com sede em Constantinopla (antiga Bizncio e atual Istambul), estava preocupado
com a decadncia do antigo direito romano, j que seu perodo ureo havia passado havia mais de trs
sculos e os grandes jurisconsultos do perodo clssico romano nunca mais tiveram substitutos altura.
Numa poca em que os textos manuscritos eram poucos e naturalmente suscetveis a deteriorao,
com cpias de duvidosa fidelidade aos textos clssicos, resolveu Justiniano, em 528, encarregar a seu
homem de confiana (uma espcie de Ministro da Justia da poca), Triboniano, a tarefa de resgatar
o direito romano clssico, a fim de preservar suas partes mais importantes. Triboniano reuniu uma
equipe de juristas e cumpriu magistralmente o encargo, compilando obra de flego, dividida em
quatro partes. J em 529 foi publicado o Codex, que compilava as constituies imperiais, ou seja,
o conjunto da legislao promulgada pelos antigos Imperadores Romanos, especialmente os do
Imprio Ocidental, com sede em Roma. Uma segunda edio, ampliada, seguiu-se em 534. Em 533
aparecem duas outras partes da compilao: as Institutas e o Digesto. As Institutas nada mais eram do
que uma espcie de manual de Direito, inspirado na famosa obra homnima do jurisconsulto clssico
Gaio (Gaius). Era uma obra destinada a ser enviada aos inmeros funcionrios graduados do Imprio,
que representavam o poder central junto s provncias do Imprio Bizantino, para que tivessem
uma noo de conjunto, elementar, das questes jurdicas mais importantes. Segundo Schipani, as
Institutas (Institutiones) de Justiniano, como as de Gaio, desempenharam um papel relevantssimo
e de enorme importncia para o ensino do direito e para sua estabilizao sistemtica (SCHIPANI,
Sandro. La codificazione del diritto romano comune. Torino: Giappichelli, 1996. p. 163). Todavia, de longe
a mais importante parte da consolidao foi o Digesto, em sua denominao latina, ou Pandectae (ou
Pandectas), em grego, o outro idioma em que a consolidao foi redigida, j que ambos os idiomas
eram usados na corte justinianeia. O Digesto reunia os textos dos maiores jurisconsultos clssicos
(cerca de quarenta autores, de Quinto Mcio Cvola, que morreu no ano 82, a Hermogeniano
e Carsio, que escreveram nos sculos III e IV, mas com destaque para cinco: Ulpiano, Modestino,
Paulo, Papiniano e Gaio). Triboniano e sua equipe garimparam a obra dos jurisconsultos clssicos
(consta que teriam examinado cerca de dois mil textos jurdicos) e selecionaram textos por eles escritos
sobre inmeros temas. Assim, sobre determinada questo jurdica, colaram o que cada um havia
escrito a respeito da mesma, buscando uma possvel harmonizao. A obra dividida em 50 livros,
subdivididos em aproximadamente 1.500 ttulos. Por ltimo, j aps a morte de Justiniano (565), foi
publicada as Novelas ou Novellae, obra que reunia a obra legiferante de Justiniano foram mais de
177 constituies imperiais por ele baixadas, inovando o direito anterior.
O nome Corpus Juris Civilis no foi dado por Justiniano. Tal denominao veio a ser aposta ao conjunto
da obra suas quatro partes somente no incio da chamada baixa idade mdia, quando da retomada
dos estudos do direito romano, por obra das universidades europias. Durante esses cinco ou seis
sculos, entre o sculo VI e o XI, o Corpus no teve quase nenhuma importncia no espao europeu, em
razo da enorme feudalizao que se vivia na Alta Idade Mdia, com acentuada involuo jurdica e
ausncia de estudos jurdicos formais. Naquele perodo, a sociedade, quase que exclusivamente rural,
era regida por um direito costumeiro bastante primitivo. Todavia, com a redescoberta dos textos do
Corpus, com especial destaque para o Digesto, o Corpus Juris Civilis veio a ter uma crucial importncia
para o renascimento do direito. Esse renascimento jurdico inicia no norte da Itlia, j no fim do sculo
XI, com a fundao das primeiras universidades, e nos sculos seguintes se espalha por toda a Itlia e
pelos demais pases europeus.
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CALASSO, Francesco. Medioevo del Diritto. Le fonti. Milano: Giuffr, v. I, 1954. p. 368.
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Na poca, parte do que hoje a Repblica tcheca e arredores integrava o Imprio romano-germnico,
tanto assim que, entre 1346 e 1378, o imperador alemo Carlos IV estabeleceu a capital de seu imprio
em Praga.
27
Durante toda a baixa idade mdia, a ustria sempre foi uma das mais importantes naes germnicas,
sendo que durante a maior parte do longo perodo de hegemonia da Dinastia Habsburg (1273-1918),
Viena foi a sede do Sacro Imprio romano-germnico (a partir de 1438 e at sua dissoluo, em 1806,
em meio s guerras napolenicas), passando a ter um papel predominante, poltica, econmica,
cultural e militarmente.
28
Foi utilizada a data que consta no prprio site desta Universidade, que corresponde data da
autorizao para sua fundao, outorgada pelo Papa Clemente, o que a colocaria como a mais antiga
Universidade alem. Na verdade, porm, ela s foi efetivamente instalada em 1389, sob o Papa
Urbano. Levando-se em considerao essa segunda data, a mais antiga Universidade efetivamente
em funcionamento na Alemanha seria a de Heidelgerg. Menciona-se o detalhe porque as duas
Universidades disputam entre si o ttulo de mais antiga.
29
CAVANNA, Adriano. Storia del diritto moderno in Europa Le fonti e il pensiero giuridico. Milano:
Giuffr, 1982. p. 452.
30
O direito civil francs foi o feliz resultado da combinao do droit crit do sul da Frana (regio chamada
de pays de droit crit), de origem romanista, com o droit coutumier no norte francs (denominado de pays
de droit coutumier), baseado nos costumes germnicos.
255
KELLY, John M. A Short History of Western Legal Theory. New York: Oxford University Press, 1992.
p. 181.
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Observa-se que embora essa expresso (consiliar), que consta na edio portuguesa, no seja
utilizada no Brasil, ela est correta, pois consiliar, aqui, est no sentido de atividade consultiva, e
no de atividade conciliatria.
34
WIEACKER, Franz. Histria do direito privado moderno. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1980.
p. 196/197. Ren David refere que a prtica da Aktenversendung s encerrou em 1879, com a
promulgao da ZPO Zivilprozessordnung (DAVID, Ren; JAUFFRET-SPINOSI, Camille. Les grands
systmes de droit contemporains. 11. ed. Paris: Dalloz, 2002. p. 45). Sobre a Aktenversendung, v. tambm:
GLENDON, Mary Ann; CAROZZA, Paolo G.; PICKER, Colin B. Comparative Legal Traditions. St. Paul/
MN: Thompson West, 2008. p. 30; bem como FOSTER, Nigel; SULE, Satish. German Legal System and
Laws. 3. ed. New York: Oxford University Press, 2003. p. 20.
35
A frase poderia ser traduzida livremente, mantendo-se a rima, como: Os que do Direito so, maus
cristos so. A Martinho Lutero atribuda uma aliterao da frase, de contedo ainda mais forte:
Juristen sind bsen Kristen, Ja Diabolisten (Uma opo, tambm livre, seria: Os juristas so maus
cristos, e com o Diabo esto). A atribuio da frase a Lutero l-se em Gallo, op. cit., p. 158.
257
Antes de Samuel Stryk, o primeiro jurista alemo a ganhar notoriedade no cenrio europeu foi
Ulrich Zsy, posteriormente rebatizado com o nome latino Udalricus Zasius, que viveu entre os anos
1461-1535 (Gallo, op cit., p. 157).
37
Essa nova abordagem no estudo do Direito romano foi introduzida por Andrea Alciato (Alciatus),
ao lecionar em Avignon, no sul da Frana, entre 1518 e 1522. Alciato procurava combinar os estudos
jurdicos com os humansticos. O maior jurista humanista, porm, foi Jacques Cujas (Cujacio), que
possua um conhecimento enciclopdico dos textos do corpus juris civilis e dos estudos dos humanistas
sobre a literatura antiga. Foi o primeiro a iniciar o estudo das interpolaes aos textos do Digesto,
buscando purificar as fontes originais dos indevidos acrscimos medievais. Sobre o humanismo
jurdico francs, v. STEIN, Peter G. Il diritto romano nella storia europea. Milano: Raffaello Cortina
Editore, 1996. p. 93/96.
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PADOA-SCHIOPPA, Antonio. Storia del diritto in Europa Dal Medioevo allet contemporanea.
Bologna: Il Mulino, 2009. p. 279-281.
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Tratava-se de uma vastssima obra legislativa, abarcando cerca de dezenove mil artigos, estendendo-se pelo direito privado, pblico e penal. Tarello refere que se trata da obra legislativa mais completa
e madura entre as consolidaes do sculo XVIII, podendo ser at includa, sob certos aspectos, como
o primeiro exemplo de codificao moderna. Isso porque, ao contrrio das consolidaes daquele
perodo histrico, o ALR pretendia substituir, enquanto cdigo vlido para todo um territrio, o
direito comum anteriormente aplicvel, embora mantendo parte dos direitos particulares ento
vigentes (estatutos urbanos e costumes provinciais). Seus dispositivos eram formulados em forma
breve e bem cuidada, racionalmente ligados uns aos outros. Apresentava-se o Landrecht como uma
regulamentao completa, no suscetvel de heterointegrao, supostamente desprovido de lacunas.
Havia vedao expressa (Einleitung, 46-48) para que o juiz recorresse a fontes de integrao externa
ao Landrecht, embora pudesse utilizar-se da analogia legis e da analogia juris (princpios gerais internos
ao ALR). Na aparente ausncia de disposies aplicveis ao caso, direta ou analogicamente, devia
o juiz se reportar Comisso Legislativa, a fim de obter uma interpretao autntica. Sobre tal
monumento jurdico, veja-se o exaustivo estudo de Giovanni Tarello, no captulo denominado de Le
codificazioni illuministiche dellultimo terzo del secolo XVIII, inserto na sua magistral obra Storia
della cultura giuridica moderna (Bologna: Il Mulino, 1976. p 486/506, especialmente p. 489-493, de onde
extramos as informaes supra.
40
Mais amplamente falando, em 1750 o rei bvaro Maximiliano Jos II autorizou seu chanceler, o notvel
jurista Alois Von Kreittmayr, a elaborar novas consolidaes do direito vigente no territrio da Bavria.
Desincumbindo-se do encargo, so publicados, sucessivamente, um Cdigo Penal, em 1752, um
Cdigo de Processo, em 1753, e um Cdigo Civil, em 1756, chamado de Codex Maximilianeus
Bavaricus Civilis. Essas codificaes, sob um ponto de vista estritamente tcnico, representavam um
ponto de transio entre as velhas consolidaes e os cdigos modernos, embora no pudessem se
comparar s posteriores codificaes prussianas e austracas, tambm no espao cultural germnico.
Sobre outros aspectos dessas codificaes, v. TARELLO, Giovanni. Storia della cultura giuridica
moderna. Bologna: Il Mulino, 1976. p. 257/258.
41
TARELLO, Giovanni. Cultura giuridica e poltica del diritto. Bologna: Il Mulino, 1988. p. 109.
259
Na verdade, pode-se remontar a 1814 o incio dessa nova fase. Naquele ano, Savigny envolveu-se em
clebre polmica com Thibaut, que defendia a elaborao de um Cdigo Civil para a nao germnica,
seguindo o modelo do Cdigo napolenico, poca tido como verdadeiro paradigma de codificao.
Anton Friedrich Justus Thibaut (1772-1840), nasceu em Hameln, Saxnia, mas descendia de uma
famlia de antiga origem francesa, que havia emigrado para a Alemanha em razo de persecuo
religiosa (exatamente o que tambm havia ocorrido com a famlia de Savigny). Em 1814, poca em que
era considerado o maior civilista germnico, publicou um opsculo (cerca de 30 pginas) denominado
Ueber die Nothwendigkeit eines allgemeinen brgerlichen Rechts fr Deutschland (Sobre a necessidade
de um direito civil geral para a Alemanha), onde defende a necessidade da nao alem adotar
uma codificao de direito civil, nos moldes da francesa, como forma de racionalizar, sistematizar e
modernizar o direito. Em sua viso, um cdigo geral teria o condo de unificar o direito na Alemanha,
tal como o Code Civil o fizera na Frana.
No mesmo ano, em resposta ao opsculo, Frierich Carl Von Savigny (nascido em Frankfurt, em 1779,
morrendo em 1861) publicou o clebre Vom Beruf unsrer Zeit fr Gesetzgebung und Rechtswissenschaft
(A vocao do nosso tempo para a legislao e a cincia jurdica). Nessa obra (de maior flego,
ocupando cerca de cem pginas), Savigny critica a ideia da codificao, pois paralisaria a evoluo do
direito e contrariaria a essncia do fenmeno jurdico, que, segundo ele, seria uma criao primeira
dos costumes e das crenas populares, e depois da cincia jurdica, que sempre obra de foras
silenciosas e no do arbtrio de um legislador. O direito no seria algo universal e imutvel, como
pregavam os jusnaturalistas, mas sim consistiria numa ordem evolutiva espontnea e descentralizada,
refletindo a histria de cada povo em particular, acompanhando sua evoluo e refletindo sua ndole
imanente ou seja, espelhando seu Volksgeist (esprito do povo). Uma traduo integral, em italiano,
de ambas as obras, precedida de interessante introduo sobre a origem da polmica, seus efeitos e
desdobramentos, encontra-se na obra A. F. J. Thibaut F.C. Savigny La polemica sulla codificazione,
organizada por Giuliani Marini (Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 1992). O trecho da obra de
Savigny, acima citado entre aspas, encontra-se fl. 101.
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Doutrina Nacional
Na realidade, Savigny extrai de (Gustav) Hugo a noo de esprito (Geist), o qual, por sua vez, fora
buscar sua inspirao em Montesquieu e seu O esprito das leis, alterando-lhe o sentido. Hugo introduz
na cultura germnica a idia de esprito (Geist) no sentido de que os direitos histricos tinham,
cada um, um esprito prprio e varivel no tempo e espao o que nos diz TARELLO, Giovanni.
Cultura giuridica e poltica del diritto. Bologna: Il Mulino, 1988. p. 120.
44
DAVID, Ren; JAUFFRET-SPINOSI, Camille. Les grands systmes de droit contemporains. 11. ed. Paris:
Dalloz, 2002. p. 45.
45
STEIN, Peter G. Il diritto romano nella storia europea. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1996. p. 145.
261
Segundo tal concepo, o Direito deveria ser compreendido como uma pirmide onde os conceitos
esto escalonados em forma piramidal, dos mais genricos no topo, aos mais detalhados na base.
Dos conceitos mais genricos situados na parte superior da pirmide o jurista iria deduzindo, com
rigor lgico, os conceitos daqueles derivados. Por exemplo, de um conceito genrico como o ato
jurdico, o jurista poderia deduzir as noes mais concretas de contrato, testamento e casamento. Disso
decorre que o critrio de validao de cada noo jurdica consiste em poder incluir cada proposio
jurdica dentro da pirmide conceitual, de acordo com o princpio da no contradio a lio de
GAMBARO, Antonio; SACCO, Rodolfo; VOGEL, Louis. De droit de loccident et dailleurs. Paris: LGDJ,
2011. p. 261.
47
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Segundo a sntese de CANNATA, Carlo Augusto. Linneamenti di storia della giurisprudenza europea.
II Dal medioevo allepoca contemporanea. 2. ed. Torino: Giappichelli, 1976. p. 159/160.
49
Uma sntese da obra e influncia de Jhering e de Windscheid encontra-se em STEIN, Peter G. Il diritto
romano nella storia europea. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1996. p. 149/151.
263
SACCO, Rodolfo. Introduo ao direito comparado. Trad. Vera Jacob de Fradera. So Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001. p. 286-7.
51
52
53
54
FOSTER, Nigel; SULE, Satish. German Legal System and Laws. 3. ed. New York: Oxford University
Press, 2003. p. 366.
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56
David, op. cit., p. 75-6; Gallo, op. cit., p. 172-3; Monateri, op. cit., p. 114.
57
Segundo FOSTER, Nigel; SULE, Satish. German Legal System and Laws. 3. ed. New York: Oxford
University Press, 2003. p. 27.
58
Sobre as fontes de inspirao para a elaborao do Cdigo Civil japons, veja-se ZWEIGERT, Konrad;
KTZ, Hein. Introduzione al Diritto Comparato. Principi fondamentali. Trad. Barbara Pozzo. Milano:
Giuffr Editore, v. I, 1992. p. 369/370.
265
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MICHELON JNIOR, Cludio Fortunato. Aceitao e objetividade: uma comparao entre as teses de
Hart e do positivismo precedente sobre a linguagem e o conhecimento do Direito. So Paulo: Revista
dos Tribunais, 2004. p. 53-54.
60
VARANO, Vincenzo; BARSOTTI, Vittoria. La tradizione giuridica occidentale. Texto e materiali per un
confronto civil law common law. Torino: Giappichelli, v. I, 2002. p. 136-7.
61
BELL, John. Judiciaries within Europe A Comparative Review. New York: Cambridge University
Press, 2007. p. 169 e 172.
62
As informaes que se seguem sobre a formao do jurista alemo, quando no h citao especfica
sobre elas, so uma sntese realizada a partir dos seguintes textos: Gallo, op. cit., p. 194-5; Monateri,
op. cit., p. 117-8.
267
Na Bavria, por exemplo, 75% da nota do exame composta pela mdia dos resultados de seis provas
escritas de disciplinas diferentes, voltadas a resoluo de casos, sendo uma prova aplicada por dia,
em dias de semana consecutivos, com um mximo de cinco horas de resoluo para cada prova.
O 25% restante composto de um trabalho de especializao, que compreende um trabalho
escrito do aluno em um tema de sua escolha e a apresentao desse trabalho, oralmente, na forma de
seminrio. Fonte: Dominik Manuel Bouza Costa, em 12.09.2012 (informao oral, durante seminrio na
FADIR/PUC/RS).
64
No Estado da Bavria considerado um dos mais difceis , o exame composto por onze provas
escritas de disciplinas diferentes, voltadas a resoluo de casos, sendo uma prova aplicada por dia, em
dias de semana consecutivos, com um mximo de cinco horas de resoluo para cada prova.
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Doutrina Nacional
um cargo, portanto, este ser preenchido pelo Rechtsassessor que tenha obtido
a maior nota no segundo exame estatal entre aqueles que postularem a vaga.
O rigorismo exigido em todas essas fases e a enorme dificuldade de
superar os dois exames faz com que um aluno mdio, do incio ao final do curso,
leve no mnimo oito anos at estar formalmente apto para o exerccio de uma
profisso jurdica.
Por outro lado, notas altas no segundo exame garantem quele que as
obteve a possibilidade de uma quase livre escolha em qualquer carreira jurdica
que optar, alm do que tende a ser assediado por grandes escritrios de advocacia.
O maior grau possvel de se obter (muito bom) bastante raro. No ano de
2010, por exemplo, apenas 3 candidatos, dos mais de 10 mil que prestaram o
exame em toda a Alemanha, obtiveram essa gradao.
Resultado desse peculiar sistema de formao acadmica do jurista alemo
que a Alemanha conhece o jurista unitrio que est qualificado para todas as
careiras jurdicas. [...] Na Alemanha, o juiz mais um servidor pblico especial
(com mais independncia e melhor remunerao) e o cargo mais prestigioso o
de professor universitrio65.
Comparando o judicirio alemo com outros judicirios europeus, o
comparatista John Bell, Professor em Cambridge, assim se manifestou sobre a
relao entre juzes e professores alemes:
Tradicionalmente o professor tem sido o mais influente
membro da comunidade jurdica. Antes da codificao,
o parecer de um professor era frequentemente
solicitado para a resoluo de litgios. O professor frequentemente atuava tambm como juiz part-time.
Quando de reformas legislativas, professores eram
65
ZITSCHER, Harriet Christiane. Introduo ao direito civil alemo e ingls. Belo Horizonte: Del Rey,
1999. p. 34. Acrescenta a ilustre professora, que alcanando uma ctedra pela primeira vez, o jovem
professor tem posio vitalcia, independncia e renda bem razovel. [...] se o professor for bom, ter
possibilidades mltiplas de melhorar sua posio. Receber chamadas de outras faculdades que lhe
abrem o caminho de negociao (com a nova faculdade) ou renegociao (com a prpria faculdade) da
sua posio, abrangendo remunerao, assistentes, secretria, bolsas, salas e oramentos prprios para
livros (op. cit., p. 36). Sobre a figura do juiz, refere que quem tirou nota boa nos exames estatais pode
diretamente candidatar-se para uma vaga no judicirio. A nomeao dos juzes feita pelo governo,
mas participam na escolha dos candidatos o prprio judicirio, representado pelos presidentes
respectivos e uma comisso Richterwahlausschuss qual pertencem juzes e parlamentares. raro
que um advogado torne-se juiz; se ele for realmente muito bom, ganha muito bem e no ter interesse
em ser juiz; se ele no for bom, o Estado no ter interesse nele (op. loc. cit.).
269
BELL, John. Judiciaries within Europe A Comparative Review. New York: Cambridge University
Press, 2007. p. 149.
67
270
Doutrina Nacional
69
271
No h previso de competncia exclusiva de legislao aos Estados, tendo-se apenas uma listagem
de competncias exclusivas da Federao (art. 73, 1, da GG) e de competncias concorrentes entre
Unio e Estados (art. 74, 1, da GG).
71
Esta ltima competncia deve ser exercitada com aprovao do Conselho Federal (art. 74, 2, da GG).
72
CORRA, Fbio Peixinho Gomes. Direito processual civil alemo. In: CRUZ E TUCCI, Jos Rogrio
(Org.). Direito processual civil europeu contemporneo. So Paulo: Lex, 2010. p. 16.
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272
Doutrina Nacional
CHIMENTI, Carlo. Noi e gli altri Compendio di diritto Costituzionale italiano e di elementi
comparativi. Sintesi de ordinamenti stranieri. Parte I Gran Bretagna, Stati Uniti, Germania. 2. ed.
Torino: Giappichelli, v. II, 2001. p. 114.
74
Com a reforma do Cdigo de Processo Civil de 2001/2002, as cortes de reviso passaram a desempenhar
papel similar s cortes de cassao.
75
273
274
Doutrina Nacional
Tambm aqui as cmaras so mistas, atuando trs juzes togados assistidos por
dois juzes leigos.
Em matria de benefcios previdencirios, a jurisdio social inicia com o
juizado social Sozialgericht , em nmero de setenta, em que um juiz togado
assistido por dois juzes leigos (indicados um pelos previdencirios e outro
pelos rgos estatais de previdncia social). De suas decises cabe recurso
para a Landessozialgericht, dividida em cmaras onde atuam trs juzes
togados, assistidos por dois juzes leigos. O ltimo grau de jurisdio social o
Bundessozialgericht, com sede em Kassel. Possui 12 divises, integradas por
trs juzes togados, assistidos por dois leigos76.
J a Finanz-gerichtsbarkeit (Jurisdio Financeira) competente para
resolver conflitos surgidos em relao a tributos em geral. a nica jurisdio
que possui apenas dois graus de jurisdio: os Tribunais de finanas estaduais
(Finanzgerichte) e a Corte Federal de Finanas (Bundesfinanzhof BFH), sediada
em Munique. Os Tribunais financeiros so divididos em cmaras julgadoras,
compostas por trs juzes profissionais e por dois juzes leigos. J a Corte Federal
de Finanas composta por 11 cmaras, integradas por cinco juzes profissionais.
Ela competente para rever, mediante recurso, as decises dos Tribunais
estaduais (somente quanto a questes de direito), quando estiver envolvida a
legislao federal e em casos excepcionais, questes de direito estadual77.
Em matria constitucional, todas essas instncias esto subordinadas
ao Tribunal Constitucional Federal. Considera-se que o status do Tribunal
Constitucional idntico aos das mais altas instituies dos demais Poderes
isso , do Parlamento Federal, do Conselho Federal, da Presidncia da Repblica
e do Governo Federal , sendo composto por 16 juzes, com mandato no
renovvel de 12 anos78, os quais dividem-se em duas Turmas (Senats). Seus
membros so eleitos, em partes iguais, pelo Parlamento Federal e pelo Conselho
Federal, no precisando ser juzes de carreira, porm no podendo ter vinculao
poltico-partidria (art. 94, 1, da GG). O Tribunal exerce grande influncia
no apenas no cenrio jurdico, mas tambm no poltico, sendo costume do
Poder Legislativo orientar-se por sua jurisprudncia e acatar suas decises sobre
inconstitucionalidade das leis.
76
As informaes sobre a estrutura da justia alem foram extradas da obra de YOUNGS, Raymond.
English, French & German Comparative Law. 2. ed. New York: Routledge-Cavendish, 2007. p. 91 a 109.
77
Segundo CARPANO, Eric; MAZUYER, Emmanuelle. Les grands systmes juridiques trangers. Paris:
Gualino diteur, 2009. p. 57.
78
Idem, p. 18-9.
275
CORRA, Fbio Peixinho Gomes. Direito processual civil alemo. In: CRUZ E TUCCI, Jos Rogrio
(Org.). Direito processual civil europeu contemporneo. So Paulo: Lex, 2010. p. 19.
80
Segundo informao colhida na excelente obra de FOSTER, Nigel; SULE, Satish. German Legal System
and Laws. 3. ed. New York: Oxford University Press, 2003. p. 110/111.
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Doutrina Nacional
82
Sobre o tema da doutrina como fonte de direito, vide: REALE, Miguel. Fontes e modelos do direito: para
um novo paradigma hermenutico. So Paulo: Saraiva, 1994. p. 176.
83
Como afirma Pier Monateri: Dottrina e giurisprudenza in Germania riescono a vivere in simbiose; se la
prima divulga i risultati dela seconda sai nelle opere letteraria che nellinsegnamento, i giudici tedeschi citano la
dotrina nelle loro sentenze, indicando quanto meno um sentimento di necessit di riferimento dela decisione al
quadro di pensiero elaborato dalla dottrina (Monateri, op. cit., p. 117).
84
O primeiro Kommentar (Comentrios) a ser lanado foi o de Staudinger. Julius Von Staudinger era
Presidente de Seo da Corte de Apelaes de Munique. Em 1898, dois anos aps a publicao do BGB
e dois anos antes de sua entrada em vigor (1.1.1900), iniciou a publicao de seus clebres comentrios,
277
Na sntese de R. Legeais85, por ocasio de qualquer debate jurdico faz-se constante referncia aos autores acadmicos, cujas opinies so tambm
frequentemente citadas em decises judicirias. Se a doutrina no propriamente
uma fonte do direito, certamente uma relevante autoridade, uma vez que a
doutrina contribui para a sntese jurdica, faz crticas, denuncia lacunas e fornece
subsdios para a elaborao legislativa.
Na observao de outros juristas,
a rica (e por vezes hermtica) doutrina alem , sem
dvida mais do que em qualquer outro sistema
romanista, uma autoridade que serve de guia para
o legislador e para a jurisprudncia. Os juzes no
hesitam em se apoiar sobre trabalhos doutrinrios em
suas decises. Os tribunais so muito ligados opinio
juris e dele somente excepcionalmente se afastam.86
No se pode, porm, falar sobre fontes do Direito na Alemanha sem
referir a importncia fundamental do direito internacional e do Direito europeu.
Quanto ao direito internacional, a Alemanha adota o regime dualista, exigindo
uma lei de aprovao e incorporao dos tratados e convenes internacionais
ao direito interno. Uma vez incorporado ao direito interno, os compromissos
internacionais passam a ter certa primazia sobre o direito interno, caso no haja
possibilidade de uma interpretao compatibilizadora. Isso se deve ao princpio
da fidelidade da lei fundamental ao direito internacional pblico, extrada pela
jurisprudncia dos arts. 23 a 26 da Lei Fundamental.
para cuja redao contou com a ajuda de sete colaboradores. A primeira edio era composta de seis
volumes, num total de 3.600 pginas. O sucesso foi enorme, tanto que em 1904 a segunda edio j
fora acrescida de mais dois volumes e de mais de 2.000 pginas. As edies, sempre atualizadas,
sucederam-se desde ento e ainda hoje o Staudinger obra referencial em matria de direito civil na
Alemanha. Atualmente a obra se espraia por 25 grossos volumes. Segundo Patti, os comentrios so
obras destinadas a consultas, renunciando a qualquer construo sistemtica em desconformidade
com aquela decorrente da prpria lei, tendendo a uma exposio objetiva da matria, apontando
aquilo que conhecido e aceito e deixando na sombra a opinio pessoal do autor. Os comentrios
de Staudinger preenchiam precisamente esse modelo, de grande apelo prtico, razo de seu sucesso.
Nesse sentido, Salvatore Patti, no ensaio denominado I cento anni dello Staudinger (In: Codificazioni
ed evoluzione del diritto privato. Bari: Laterza, 1999. p. 85/86).
85
LEGEAIS, Raymond. Grands systmes de droit contemporains. Approche comparative. Paris: Lexis Nexis,
2008. p. 69.
86
CARPANO, Eric; MAZUYER, Emmanuelle. Les grands systmes juridiques trangers. Paris: Gualino
diteur, 2009. p. 47.
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Doutrina Nacional
REFERNCIAS
BART, Jean. Histoire du Droit. 2. ed. Paris: Dalloz, 2002.
87
Segundo Paolo Gallo, a circulao do modelo alemo na Europa compara-se, apenas, circulao do
modelo francs (Gallo, op. cit., p. 172).
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