A Importância Dos Contos de Fadas Na Educação Infantil PDF
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RESUMO
Reconhecer a importncia da literatura infantil e incentivar a formao do hbito de leitura na
idade em que todos os hbitos se formam, isto , na infncia, o que este artigo vem propor. Neste
sentido, a literatura infantil um caminho que leva a criana a desenvolver a imaginao, emoes
e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Atravs das histrias lidas pelas prprias crianas
ou contadas pelo professor, possvel que elas experimentem estados afetivos diferentes daqueles
que a vida real pode lhes proporcionar. Assim, a presena da literatura infantil na escola e no lar
representa um estmulo forte aprendizagem da leitura. Os contos de fadas vivenciados durante a
infncia ajudam no desenvolvimento das crianas de modo geral. Contar histrias para uma
criana uma forma de demonstrar afeto. Um ato simples como esse pode estimular o
desenvolvimento psicolgico, cultural, emocional, cognitivo. A criatividade tambm estimulada,
fazendo com que a criana desenvolva a imaginao e a fantasia. Os contos infantis oferecem a
criana uma forma ldica de aprender e contribuir na formao do ser humano. O presente
trabalho objetiva demonstrar a influncia dos contos de fadas no desenvolvimento infantil. O
estudo se baseia na pesquisa bibliogrfica com nfase na anlise qualitativa, em que amparados
em autores como Machado, Maricato, Lajolo, entre outros, desenvolvemos um breve histrico da
literatura infantil e dos contos de fadas e demonstramos seu devido valor para o desenvolvimento
da criana.
1
INTRODUO
O presente trabalho pretende fazer um estudo a respeito da importncia dos contos
de fadas na educao infantil, verificando a contribuio dos mesmos no desenvolvimento
social, emocional e cognitivo da criana. Baseados na pesquisa bibliogrfica, o artigo
mostrar as origens dos contos de fadas, sua repercusso na literatura infantil e toda a
importncia que exercem, qual seja, despertar o imaginrio e o gosto pela apreciao da
leitura desse tipo de texto. So fundamentais para aquisio de conhecimentos, recreao,
informao e interao necessrias ao ato de ler.
O que se percebe que a literatura, bem como toda a cultura criadora e
questionadora, no est sendo explorada como deveria nas escolas e isto ocorre em grande
parte, pela pouca informao dos professores.
A formao acadmica, infelizmente no d nfase leitura e esta uma situao
contraditria, pois segundo Machado (2001, p.45) no se contrata um instrutor de natao
que no sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira esto repletas de pessoas que
apesar de no ler, tentam ensinar. Como professores, acreditamos que as histrias dirigidas
s crianas, incluindo os contos de fadas, podem proporcionar uma infncia marcada pelo
encantamento.
Encantamento esse que comove e estimula os sentimentos. Concordamos,
tambm, com a ideia de que atravs das histrias as crianas tm a oportunidade de
ampliar, transformar e enriquecer sua prpria experincia de vida, pois ouvir e ler histria
penetrar num mundo curioso, repleto de surpresas, quase sempre muito interessante e
mesmo encantador, que diverte e ensina.
O contato com histrias, particularmente com os contos de fadas, possibilita a
criana aprender brincando em um mundo de imaginao, sonhos e fantasias. Em suma,
mostrar-se- que alm de encantar as crianas, os contos de fadas so historicamente
utilizados e de grande relevncia no desenvolvimento das crianas na educao infantil.
A LITERATURA INFANTIL
A palavra literatura intransitiva e, independente do adjetivo que receba, arte e
deleite. Sendo assim, o termo infantil associado literatura no significa que ela tenha sido
feita necessariamente para crianas. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que
corresponde de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele. A
literatura infantil tem como parmetros contos consagrados pelo pblico mirim de
diferentes pocas que, por terem vencido tantos testes de recepo fornecem referncias a
criana. Ela constitui-se como gnero durante o sculo XVII, poca em que as mudanas na
estrutura da sociedade desencadearam repercusses no mbito artstico. A mesma divide-se
em dois momentos: a escrita e a lendria. A lendria nasceu da necessidade que tinham as
mes de se comunicar com seus filhos, de contar coisas que os rodeavam, sendo esta apenas
contada, no sendo registradas por escrito.
Os primeiros livros infantis surgiram no sculo XVII, quando da escrita das
histrias contadas oralmente. Foram obras de fundo satrico, concebidas por intelectuais
que lutavam contra a opresso para estigmatizar e condenar usos, costumes e personagens
que oprimiam o povo. Os autores, para no serem atingidos pela fora do despotismo,
foram obrigados a esconder suas intenes sob um manto fantasioso (CADEMARTRI,
1994).
A ORIGEM DA LITERATURA
O incio da literatura infantil foi marcada por Perrault, entre os anos de 1628 e
1703, com os livros Me Gansa, O Barba Azul, Cinderela, A Gata Borralheira,
O Gato de Botas e outros. Depois disso, apareceram os seguintes escritores: Andersen,
Collodi, irmos Grimm, Lewis Carol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser
marcada com o livro de Andersen O patinho feio, no sculo XX. Posteriormente surgiu
Monteiro Lobato, com seu primeiro livro Narizinho Arrebitado e mais adiante, muito
outros que at hoje cativam milhares de crianas, despertando o gosto e o prazer de ler
(CADEMARTORI,1994).
O surgimento da literatura infantil tem caractersticas prprias, pois decorre da
ascenso da famlia burguesa, do novo status concedido a infncia na sociedade e da
reorganizao da escola. Sua emergncia deveu-se, antes de tudo, sua associao com a
pedagogia, j que as histrias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela. A
criana na poca era concebida como um adulto em potencial, cujo acesso ao estgio dos
mais velhos s se realizaria atravs de um longo perodo de maturao. A literatura passou
a ser vista como um importante instrumento para tal, e os contos coletados junto s fontes
populares so postos a servio dessa misso.
a partir do sculo XVIII que a criana passa a ser considerada um ser diferente
do adulto, com necessidades e caractersticas prprias, pelo que deveria distanciar-se da
vida dos mais velhos e receber uma educao especial, que a preparasse para a vida adulta.
Os primeiros livros direcionados ao pblico infantil surgiram no sculo XVII. Autores
como La Fantaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os
contos de fadas. A partir da os laos entre a escola e a literatura comeam a se estreitar,
pois para adquirir livros era preciso que as crianas dominassem a lngua escrita e cabia a
escola desenvolver esta capacidade, de acordo com Lajolo Zilbermann, a escola passa
habilitar as crianas para o consumo das obras, impressas, servindo como intermedirio
entre a criana e a sociedade de consumo (2002, p.25).
At as duas primeiras dcadas do sculo XX, as obras didticas produzidas para a
infncia, apresentavam um carter tico-didtico, ou seja, o livro tinha a finalidade nica de
educar, apresentar modelos, moldar a criana de acordo com as expectativas dos adultos. A
obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a
aventura pela aventura. Havia poucas histrias que falavam da vida de forma ldica, ou que
faziam pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmao da amizade centrada no
companheirismo, no amigo da vizinhana da escola. Hoje a dimenso de literatura infantil
muito mais ampla e importante.
constante, que comea muito cedo, em casa, aperfeioa-se na escola e continua pela vida
inteira. Existem diversos fatores que influenciam o interesse pela leitura. O primeiro e,
talvez mais importante, determinado pela atmosfera literria, que, segundo
Bamberguerd (2000, p.71) a criana encontra em casa. A criana que houve histrias desde
cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, ter um desenvolvimento
favorvel ao seu vocabulrio, bem como a prontido para a leitura.
Ler para mim, sempre significou abrir todas as comportas para entender o mundo
atravs dos olhos dos autores e da vivncia das personagens... Ler foi sempre
maravilha, gostosura, insubstituvel... E continua, lindamente, sendo exatamente
isso! (ABRAMOVICH,1997, p.17).
mgicos de encontro das infncias (da infncia de uma criana com a infncia de um adulto
que foi criana). Tambm porque este um dos preciosos meios que temos - e temos
poucos meios, se comparados com os recursos psquicos do adulto quando somos
crianas, para lidar com situaes desagradveis e resolver conflitos pessoais. Esta , na
verdade, uma forma de proteger as crianas, j que por seu intermdio a criana lida com
seus medos e emoes.
Outro aspecto relevante dos contos tradicionais a expectativa que supem: o final
feliz, a transformao, por vezes o perdo e, mais frequentemente, a punio exemplar,
sugerem justia, insuflam esperana, f no futuro. Mais um motivo pelos quais estas
histrias so to fascinantes o fato de que tratam dos temas angustiantes da humanidade: a
origem da vida, a morte, o abandono, a perda dos pais e tambm a sexualidade. Finalmente,
estas histrias, desenhos e canes abordam a criao e vivncias de mundos imaginrios,
mundos que no existem, mas, quem sabe? (Fortuna, 2005, p.1).
Conforme Fortuna (2005, p.1), vrios so os elementos que propiciam o fascnio
que os contos de fadas exercem sobre as crianas. Importa aqui esclarecer de que maneira a
imaginao da criana est sendo estendida; a saber, como um espao de liberdade e uma
espcie de decolagem em direo ao possvel quer realizvel ou no. Sensvel ao novo, a
imaginao, Machado (2002) nos lembra que os contos surgem a partir dos mitos e
tradies orais, alguns datados do sculo II d.C. Eles sofreram e sofrem modificaes em
sua estrutura, no apenas por razes externas, mas tambm por razes internas ao prprio
contador. Nas verses escritas por Perrault (apud Machado, 2002), por exemplo, so
acrescentados preceitos morais, j que estes contos eram usados como recursos para
reforar boas maneiras, condutas e aes.
Alm disso, os contos originais foram adaptados, pois traziam enredos que
chocavam e assustavam at mesmo os adultos. Inicialmente no eram destinados s
crianas, eram sim, criaes populares, feitas por artistas annimos do povo, as quais
sobreviveram e se espalharam por toda a parte graas memria e habilidade narrativa
de geraes de contadores variados, que dedicavam parte das longas noites do tempo em
que no havia eletricidade para entreter a si mesmos e aos outros contando e ouvindo
histria (Machado, 2002, p 69).
Os contos de fadas, ao longo do tempo e de modo geral, no modificaram sua
estrutura bsica: o eterno conflito entre o bem e o mal. Eles tambm possuem uma estrutura
simples (situao inicial - conflito - processo de soluo - sucesso final) e por resolverem
situaes problemticas atravs da fantasia, tornam-se fceis de ser compreendidos para a
criana, atendendo as caractersticas do seu pensamento mgico (AGUIAR, 2001). Isso
acontece porque esses contos partem das emoes dos seres humanos que so
transformados em personagens imaginrios de um mundo de fantasia, somos ns e o
mundo interior. Talvez por esse motivo, independente da idade, sejamos tocados de modo
to profundo por esses contos.
nesse sentido que a literatura infantil e, principalmente, os contos de fadas
podem ser decisivos para a formao da criana em relao a si mesma e ao mundo sua
volta. O maniquesmo que divide as personagens em boas e ms, belas e feias, poderosas ou
fracas, etc., facilita a criana a compreenso de certos valores bsicos da conduta humana
ou convvio social. Tal dicotomia se transmitida atravs de uma linguagem simblica, e
durante a infncia, no ser prejudicial formao de sua conscincia tica. O que as
crianas encontram nos contos de fadas so, na verdade, categorias de valor que so
Ao trazer a literatura infantil para sala de aula, o professor estabelece uma relao
dialgica com o aluno, com o livro, com sua cultura e com a prpria realidade. Alm de
contar ou ler a histria, ele cria condies para que a criana trabalhe com a histria a partir
de seu ponto de vista, trocando opinies sobre ela, assumindo posies frente aos fatos
narrados, defendendo atitudes e personagens, criando novas situaes atravs das quais as
prprias crianas vo construindo uma nova histria. Uma histria que retratar alguma
vivncia da criana, ou seja, sua prpria histria.
Portanto, a conquista do pequeno leitor se d atravs da relao prazerosa com o
livro infantil em que, sonho, fantasia e imaginao se misturam numa realidade nica, e o
levam a vivenciar emoes em parceria com os personagens da histria, introduzindo assim
situaes da realidade.
CONSIDERAES
A partir deste breve estudo, verificamos que no h necessidade de esperar pela
alfabetizao formal para que as crianas se envolvam com a leitura dos contos infantis.
Desta forma, tem-se aqui enunciado, que ler, contar e ouvir histrias no so atos passivos,
mas caminhos onde se encontra inmeras possibilidades a serem trabalhadas com as
crianas da educao infantil.
Delimitar o tema requer uma apreciao mais cuidadosa do assunto, sem que se
passe desapercebida, determinadas mensagens contidas nas histrias, sem que se despreze
seu apoio para a aprendizagem. A literatura infantil tem como ferramenta fundamental,
despertar na criana o hbito saudvel de se ouvir histrias, pois nesta fase que se tornam
provveis leitores. E com isso se garante no apenas possveis leitores, mas o que se
evidencia so caminhos infindveis que o simples ato de ler nos oferece. Bruno Bettelheim
afirma que o conto de fadas tem um efeito teraputico na medida em que a criana encontra
uma soluo para as suas dvidas atravs da contemplao do que a histria parece implicar
acerca dos seus conflitos pessoais nesse momento da vida.
O conto de fadas no informa sobre questes do mundo exterior, mas sim sobre
processos interiores que ocorrem no mago do sentir e do pensar. E as crianas entendem
bem a linguagem dos smbolos dos contos. So elas que inventam no seu dia-a-dia o jogo
do faz de conta e tantos outros que as divertem e distraem em tempos vividos entre a
imaginao e a realidade. Entre tantas heranas simblicas que passam de pais para filhos,
certamente de inestimvel valor a importncia dada fico no contexto de uma famlia,
pois no existe infncia sem fico. Histrias no garantem a felicidade nem o sucesso na
vida, mas ajudam.
Afinal, certa dose de otimismo preciso, pois, embora a fico no tenha o poder
de salvar o mundo, ela, pelo menos, o enriquece. Afinal uma vida feliz se faz de histrias:
as que vivemos as que contamos e as que nos contam.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS