Física Matem Teoria e Aplicações PDF
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DE GRADUAO
Programa de Apoio Produo de Material Didtico
Edson Sardella
FSICA-MATEMTICA:
TEORIA E APLICAES
So Paulo
2008
Pr-Reitoria de Graduao, Universidade Estadual Paulista, 2008.
1 reimpresso 2009
Sardella, Edson
S244f Fsica-Matemtica : teoria e aplicaes / Edson Sardella
So Paulo : Cultura Acadmica : Universidade Estadual Pau-
lista, Pr-Reitoria de Graduao, 2008.
212 p.
ISBN 978-85-98605-31-9
1. Fsica-Matemtica. I. Ttulo.
CDD 530.15
Reitor
Marcos Macari
Vice-Reitor
Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Chefe de Gabinete
Klber Toms Resende
Pr-Reitora de Graduao
Sheila Zambello de Pinho
Pr-Reitora de Ps-Graduao
Marilza Vieira Cunha Rudge
Pr-Reitor de Pesquisa
Jos Arana Varela
Pr-Reitoria de Administrao
Pr-Reitor
Julio Cezar Durigan
Secretaria Geral
Secretria Geral
Maria Dalva Silva Pagotto
CONSELHO EDITORAL
Heraldo Luiz Giacheti
Joo Aristeu da Rosa
Miguel Ruiz
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COMISSO EXECUTIVA
APOIO TCNICO
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PROJETO GRFICO
PROGRAMA DE APOIO
PRODUO DE MATERIAL DIDTICO
Prefcio 12
Abreviaes 13
1 Frmulas e Funes Bsicas 14
1.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Funes Hiperblicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Relaes de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 Relaes entre Funes Trigonomtricas e Hiperblicas . . . . 15
1.5 Propriedades Bsicas da Funo ln x . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 Fatorial e Duplo Fatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.7 Regras de Derivao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.8 Regra de L'Hpital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.9 Integrao por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.10 Notao de Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 Sries Innitas 18
2.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Srie de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Srie de Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 Resto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5 Srie de Taylor Revisitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6 Critrio de Convergncia de d'Alembert . . . . . . . . . . . . 25
2.7 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 Anlise Vetorial 30
3.1 Vetores e Escalares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 lgebra dos Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3 Vetores Unitrios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.4 Sistema de Coordenadas Retangulares . . . . . . . . . . . . . 32
8 Sumrio
4 Coordenadas Curvilneas 60
4.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2 Elementos de Comprimento, rea, e Volume . . . . . . . . . . 62
4.3 Gradiente, Divergente, e Rotacional . . . . . . . . . . . . . . 63
4.4 Coordenadas Cilndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.5 Coordenadas Esfricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.6 Separao de Variveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.7 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Bibliograa 207
ndice Remissivo 208
Prefcio
Este livro nasceu da experincia do autor em ministrar a disciplina Fsica-
Matemtica para o curso de Licenciatura em Fsica do Departamento de
Fsica, Campus Universitrio da UNESP de Bauru.
So vrios os livros textos sobre este assunto. Assim, perfeitamente
questionvel a confeco deste livro. Entretanto, os livros textos freqente-
mente contm uma enorme quantidade de informaes, o que muitas vezes
inviabiliza a abordagem de todos os sub-tpicos de um determinado tpico
especco numa disciplina de seis crditos num semestre. Foi diante desta
diculdade que o autor deparou-se com a necessidade de selecionar os prin-
cipais sub-tpicos de cada assunto sempre tendo como objetivo principal
proporcionar aos alunos de fsica os elementos essenciais para facilitar o
acompanhamento e compreenso mais efetivos das disciplinas prossiona-
lizantes do Curso de Licenciatura tais como Eletromagnetismo, Estrutura
da Matria, e Mecnica Quntica.
Em outras palavras, este livro foi concebido para ser um guia prtico
em sala de aula. Portanto, para complementar o contedo adquirido nas
aulas, recomenda-se fortemente a consulta de livros clssicos da disciplina,
tais como Fsica-Matemtica de Eugene Butkov, e Mathematical Methods
for Physicists de George Arfken.
Evitou-se tanto quanto possvel, demonstraes de teoremas. A nfase
dada nas aplicaes destes tanto para casos de interesse puramente aca-
dmico como para aqueles casos que aparecem na soluo de problemas de
fsica.
Como se trata de uma primeira tentativa de desenvolver um conjunto de
tpicos para a disciplina de Fsica-Matemtica, qualquer sugesto que vise
sua melhoria e aprimoramento ser bem vinda pelo autor.
Edson Sardella
Bauru, So Paulo, fevereiro de 2008.
Abreviaes
EDH Equao Diferencial Homognea
EDNH Equao Diferencial No-Homognea
Re(z) Parte real de um nmero complexo z
Im(z) Parte imaginria de um nmero complexo z
Arg(z) Argumento de um nmero complexo z
Res(f, zk ) Resduo de f (z) em z = zk
F {f (x)} Transformada de Fourier direta
F 1 {f (x)} Transformada de Fourier inversa
Captulo 1
Frmulas e Funes Bsicas
1.1 Introduo
Ao longo deste livro usaremos algumas funes elementares e importantes
frmulas matemticas. Embora a maioria delas de conhecimento do leitor,
com o objetivo de escrever um livro auto-contido, catalogamos as principais
funes elementares, suas propriedades fundamentais, bem como regras de
derivao e integrao, dentre outras.
1 x
sinh x = (e ex ) ,
2
1 x
cosh x = (e + ex ) ,
2
sinh x
tanh x = ,
cosh x
coth x =
cosh x
sinh x
. (1.1)
Captulo 1: Frmulas e Funes Bsicas 15
1 i
cos = (e + ei ) ,
2
1 i
sin = (e ei ) , (1.2)
2i
onde i = 1 a unidade imaginria.
sin(ix) = sinh(x) ,
cos(ix) = cosh(x) ,
tan(ix) = tanh(x) ,
cot(ix) = coth(x) . (1.3)
ln xa = a ln x ,
ln(xy) = ln x + ln y ,
x
ln = ln x ln y ,
y
eln x = x. (1.4)
Leonhard Euler (1707 - 1783) nasceu em Basilia, Sua, onde seu pai era ministro
religioso e possua alguns conhecimentos matemticos. Mesmo tendo perdido a viso
ainda jovem por causa de uma catarata, continuou suas intensas atividades de pesquisa
em matemtica.
16 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
n! = n (n 1) (n 2) . . . 2 1 ,
(2n)!! = (2n) (2n 2) . . . 4 2 ,
(2n + 1)!! = (2n + 1) (2n 1) . . . 3 1 .
(n + 1)! = (n + 1)n! ,
(2n)!! = 2n n! ,
(2n)!
(2n)!! = ,
(2n 1)!!
(2n + 1)!
(2n + 1)!! = . (1.5)
(2n)!!
d(f g) df dg
= g+f ,
dx dx dx
df dg
d f dx g f dx
= . (1.6)
dx g g2
Regra da cadeia:
df [g(x)] df dg
= . (1.7)
dx dg dx
f (x) f (x)
lim = lim , (1.8)
xx0 g(x) xx0 g (x)
onde a linha indica a primeira derivada. Se a indeterminao persistir,
necessrio a aplicao da regra mais de uma vez at que seja removida. A
regra de L'Hpital tambm se aplica a indeterminaes do tipo /.
2.1 Introduo
Uma srie innita uma soma de innitos termos. Existem dois tipos de
srie, as sries numricas e as sries de funes. Neste Captulo estudaremos
apenas esta ltima. Primeiramente estudaremos a srie de Taylor. No
Captulo 6 veremos um novo tipo de srie conhecida como srie de Laurent, e
no Captulo 7 a srie de Fourier. O estudo das sries de funes importante
pois possui vrias aplicaes, tais como na soluo de equaes diferenciais
lineares de segunda ordem, sejam estas ordinrias ou parciais.
dj f (x)
f (j) (x) =
dxj
, f (0) (x) = f (x) . (2.1)
Consideremos a integral da j -sima derivada de f (x),
x
(j)
x
df (j1) (x)
f (x) dx = dx
a a dx
x
= f (j1) (x)
a
= f (j1) (x) f (j1) (a) . (2.2)
Captulo 2: Sries Innitas 19
x x x
f (j) (x) dx dx = f (j1) (x) f (j1) (a) dx
a a a
(j2)
= f (x) f (j2) (a) (x a)f (j1) (a) ,
(2.3)
x x x
f (j) (x) dx dx dx =
a a a
x
= f (j2) (x) f (j2) (a) (x a)f (j1) (a) dx
a
(x a)2 (j1)
= f (j3) (x) f (j3) (a) (x a)f (j2) (a) f (a) .
2
(2.4)
x x x
f (j) (x) dx
dx dx
=
a a a
nintegrais
(jn) (jn)
=f (x) f (a) (x a)f (jn+1) (a)
(x a)2 (jn+2) (x a)n1 (j1)
f (a) f (a) . (2.5)
2! (n 1)!
Tomando-se j = n, a equao acima toma a forma
x x x
f (n) (x) dx
dx dx
=
a a a
nintegrais
(x a)2
= f (x) f (a) (x a)f (a) f (a)
2!
(x a)n1 (n1)
f (a) . (2.6)
(n 1)!
(x a)2
f (x) = f (a) + (x a)f (a) + f (a)
2!
(x a)n1 (n1)
+ + f (a) + Rn , (2.7)
(n 1)!
lim Rn = 0 , (2.9)
n
(x a)2
f (x) = f (a) + (x a)f (a) + f (a) +
2!
f (n) (a)
= (x a)n . (2.10)
n=0
n!
x2
f (x) = f (0) + xf (0) + f (0) +
2!
f (n) (0) n
= x . (2.11)
n=0
n!
2.4 Resto
O resto (2.8) pode ser escrito numa forma mais prtica usando-se o teorema
do valor mdio do Clculo Integral. Se g(x) for uma funo contnua no
intervalo a x b, existe um ponto x = tal que
b
g(x) dx = (b a)g() . (2.12)
a
x x x
Rn = f (n) ()(x a) dx
dx dx
a a a
(n1)integrais
(x a) n
= f (n) () . (2.13)
n!
h
tf ( + h t) dt
h
I = tf ( + h t)|0 +
0
h
= hf () + tf ( + h t) dt . (2.16)
0
h2 h
t2
I = hf () + f () + f ( + h t) dt . (2.17)
2! 0 2!
Empregando este procedimento repetidas vezes e usando a equao
(2.14) obtemos a frmula geral de Taylor
h2 h3
f ( + h) = f () + hf () + f () + f () + . (2.18)
2! 3!
Podemos escrever a srie numa forma mais familiar usando = 0 e
h = x,
x2 x3
f (x) = f (0) + xf (0) + f (0) + f (0) + , (2.19)
2! 3!
que a srie de Maclaurin.
Exemplo 2.1 Expandir a funo exponencial f (x) = ex em uma srie
de Maclaurin.
Soluo: Primeiramente devemos calcular as derivadas da funo. Te-
mos, f (n) (x) = ex e conseqentemente f (n) (0) = 1. Substituindo as deriva-
das em (2.11), obtemos
x2 x3
ex = 1+x+ + +
2! 3!
xn
= . (2.20)
n=0
n!
xn
Rn = e
n!
n
x
ex , (2.21)
n!
pois x. Uma vez que x nito, podemos concluir que
xn
lim Rn = lim ex =0. (2.22)
n n n!
Portanto, a srie converge no intervalo < x < .
Exemplo 2.2 Determinar a expanso em srie de Maclaurin da funo
f (x) = ln(1 + x).
Captulo 2: Sries Innitas 23
x2 x3
ln(1 + x) = x +
2 3
xn
= (1)n1 . (2.23)
n=1
n
(n 1)! xn
Rn = (1)n1
(1 + )n n!
xn
, 0x, (2.24)
n
pois Rn |Rn |, e a funo 1/(1 + )n mxima quando = 0. Para
0 x 1, podemos garantir que
xn
lim Rn = lim =0. (2.25)
n n n
m(m 1)(m 2) (m n + 1) xn
Rn =
(1 + )nm n!
xn
m(m 1)(m 2) (m n + 1) , 0 x , (2.27)
n!
pois 1/(1 + )nm mxima quando = 0. Supondo 0 x 1,
24 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
xn
lim Rn = lim m(m 1)(m 2) (m n + 1) =0. (2.28)
n n n!
Logo, a srie converge no intervalo 0 x 1.
Exemplo 2.4 A energia relativstica de uma partcula dada por
1/2
v2
E = mc2 1 2 . (2.29)
c
Obter a energia cintica da partcula no limite de baixa velocidade, isto ,
v/c 1.
Soluo: Comparando a ltima equao com (2.26), obtemos x =
v 2 /c2 e m = 1/2. Temos
2
1 v2 12 12 1 v2
E = mc2 1+ 2 + 2 +
2 c 2! c
2 1 v2 3 v4
= mc 1+ + + . (2.30)
2 c2 8 c4
2 1/2
r1 = r + a2 2ar cos ,
2 1/2
r2 = r + a2 + 2ar cos . (2.33)
r2
r r1
q +q
x
a +a
q q
(r, ) =
r1 r
2
q 1 1
= .(2.34)
r 1 +
a2 2ar cos 1/2
1+
a2 +2ar cos 1/2
r2 r2
2
q 1 a 2ar cos
(r, ) = 1+ +
r 2 r2
2
1 a + 2ar cos
1+ +
2 r2
q 2a cos
= + . (2.35)
r r
f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 +
= an xn . (2.36)
n=0
an+1 m! n!(m n)!
=
an (n + 1)!(m n 1)! m!
m! n!(m n)(m n 1)!
=
(n + 1)n!(m n 1)! m!
m n
= . (2.40)
n+1
Tomando o limite,
an+1 m n
lim
= lim =1. (2.41)
n an n n + 1
2.7 Problemas
2.1 Mostrar que
x2n+1
sin x = (1)n ,
n=0
(2n + 1)!
x2n
cos x = (1)n .
n=0
(2n)!
Figura 3.3: Soma de vetores.
Figura 3.4: Subtrao de vetores.
Figura 3.5: Soma de vetores pela regra do polgono.
1. Comutativa da adio:
A+B=B+A, (3.1)
a qual pode ser vericada facilmente usando a regra do paralelogramo.
2. Associativa da adio:
A + (B + C) = (A + B) + C , (3.2)
a qual pode ser vericada facilmente usando a regra do polgono.
A = Ax i + Ay j + Az k , (3.3)
onde (Ax , Ay , Az ) so as componentes do vetor A. Assim, a soma de dois
vetores A e B ser dada pela soma de suas componentes. Este mtodo
algbrico de somar vetores muito mais prtico do que o mtodo grco.
u v = uv cos , (3.5)
onde o ngulo formado entre os dois vetores.
Com efeito, os vetores unitrios tm as seguintes propriedades:
ii=jj=kk=1,
ij=ik=jk=0. (3.6)
1. Comutativa:
uv =vu. (3.7)
2. Distributiva:
u (v + w) = u v + u w . (3.8)
u v = ux vx + uy vy + uz vz . (3.9)
2
Note tambm que (a) uu = u ; (b) uv = 0 se u e v so perpendiculares.
|u v| = uv sin , 0, (3.10)
Captulo 3: Anlise Vetorial 35
1. Anti-Comutativa:
u v = v u . (3.11)
2. Distributiva:
u (v + w) = u v + u w . (3.12)
ii=jj=kk=0,
i j = k , i k = j , j k = i . (3.13)
uv = (ux i + uy j + uz k) (vx i + vy j + vz k)
= (uy vz uz vy )i + (uz vx ux vz )j + (ux vy uy vx )k .
(3.14)
onde foram somados e subtrados seis termos sem alterar o resultado nal.
Os termos positivos podem ser fatorados na forma (u2x + u2y + u2z )(vx2 + vy2 +
vz2 ) = u2 v 2 e os negativos na forma (ux vx + uy vy + uz vz )2 = (u v)2 . Assim,
usando-se (3.5), obtemos
(u v) (u v) = u2 v 2 (u v)2
= u2 v 2 (uv cos )2
= u2 v 2 (1 cos2 )
= u2 v 2 sin2 . (3.17)
w2 = (u + v) (u + v)
= uu+uv+vu+vv
= u2 + v 2 + 2u v
= u2 + v 2 + 2uv cos , (3.18)
1. Produto misto:
ux uy uz
u (v w) = (w u) v = (u v) w = vx vy vz . (3.20)
wx wy wz
Figura 3.8:
us = u cos . (3.23)
38 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
s
1
u
y
O
Figura 3.9:
e
Captulo 3: Anlise Vetorial 39
Figura 3.10:
3.11 Gradiente
Por convenincia, mudemos a notao de (x, y, z) para (x1 , x2 , x3 ). Seja
(x1 , x2 , x3 ) uma funo escalar da posio, por exemplo, temperatura,
densidade de energia, etc. O valor de , deve independer do sistema de
coordenadas,
todos os seus pontos. Para ver isto, considere dois pontos P e Q de uma
superfcie arbitrria (ver Fig 3.11). Seja dr o deslocamento entre os dois
pontos. O deslocamento de P para Q causa uma mudana innitesimal em
= C dada por
d = dx + dy + dz
x y z
= i +j +k (idx + jdy + kdz)
x y z
= dr . (3.42)
d = C2 C1
=
= dr . (3.43)
Q
= C 2 > C1
dr
P
= C1
x x
= " = ,
x x2 + y2 + z2 r
y y
= " = ,
y x2 + y2 + z2 r
y z
= " = . (3.44)
z x2 + y2 + z2 r
3.12 Divergente
Existe algumas formas de combinar o operador nabla com funes escalares
e vetoriais. Na Seo anterior vimos que este operador aplicado a uma
funo escalar resulta no gradiente. Podemos tambm combinar com
uma funo vetorial atravs de um produto escalar. O divergente de uma
funo vetorial denido por
ux uy uz
u= + + . (3.46)
x y z
Note que o divergente de um vetor um escalar.
Quando u tem valor positivo em um determinado ponto, dizemos
que o campo vetorial tem uma vazo lquida para fora da vizinhana deste
ponto. Este o caso do campo eltrico produzido por uma carga pontual.
Dependendo do sinal da carga, as linhas de campo ou convergem para, ou
divergem do ponto onde ela se encontra. O inverso ocorre com o campo
magntico, pois neste caso as linhas de campo se fecham em si mesmas,
isto , o campo tem circuitao (ou vorticidade). Neste ltimo caso, no h
vazo: todas as linhas de campo que adentram uma determina superfcie
fechada, iro emergir em algum outro ponto da mesma superfcie.
3.13 Rotacional
Tambm podemos combinar o operador nabla com um vetor atravs de um
produto vetorial. O rotacional denido por
Captulo 3: Anlise Vetorial 45
i j k
u = x
y
z . (3.47)
ux uy uz
0.8
0.6
0.4
0.2
0
y
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1
-1 -0.5 0 0.5 1
x
Figura 3.13: Campo vetorial A = xi + yj.
0.8
0.6
0.4
0.2
0
y
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1
-1 -0.5 0 0.5 1
x
Figura 3.14: Campo vetorial A = yi + xj.
(f + g) = f + g , (3.48)
(f g) = f g + gf , (3.49)
(f u) = f u + u f , (3.50)
(f u) = f ( u) + (f ) u , (3.51)
(f ) = 0 , (3.52)
( u) = 0 , (3.53)
Captulo 3: Anlise Vetorial 47
0.8
0.6
0.4
0.2
0
y
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1
-1 -0.5 0 0.5 1
x
Figura 3.15: Campo vetorial A = yi + xj.
(u v) = (v )u + (u )v + v ( u) + u ( v) , (3.54)
(u v) = v ( u) u ( v) , (3.55)
(u v) = u( v) v( u) + (v )u (u )v , (3.56)
2f 2f 2f
(f ) = 2 f = + + . (3.57)
x2 y 2 z 2
Esta ltima conhecida como o Laplaciano de f . Tambm temos
( u) = ( u) 2 u , (3.58)
(f (r)r) = f r + f r . (3.60)
Usando a denio de rotacional (3.47) fcil mostrar que r = 0.
Com efeito (f (r)r) = f r. Uma vez que f depende apenas do
mdulo de r, temos
f f f
f = i +j +k
x y z
df r df r df r
= i +j +k . (3.61)
dr x dr y dr z
Similarmente ao Exemplo 3.1, obtemos f = (r/r)df /dr. Portanto,
r df
(f (r)r) = r=0. (3.62)
r dr
Exemplos de fora central so o da fora gravitacional e da fora de
Coulomb, em que f (r) = C/r3 , onde C = Gm1 m2 para o primeiro caso e
C = q1 q2 /40 para o segundo caso.
Exemplo 3.3 Calcular r.
Soluo: Pela denio (3.46), temos que
x y z
r= + + =1+1+1=3. (3.63)
x y z
Exemplo 3.4 Calcular 2 g(r), onde g uma funo que depende
somente do mdulo de r.
Soluo: Do Exemplo 3.2, vem que
r dg
(g(r)) = . (3.64)
r dr
Agora, usando a identidade (3.50) e o resultado do Exemplo 3.3, ob-
temos
1 dg 1 dg
(g(r)) = r+r
r dr r dr
3 dg r d 1 dg
= +r
r dr r dr r dr
2
2 dg d g
= + 2 . (3.65)
r dr dr
Captulo 3: Anlise Vetorial 49
Se g(r) = rn , ento
dr ,
C
u dr ,
C
u dr ,
C
(3.67)
1 1
dr = i dx + j dy
C 0,y=x 0,y=x
50 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
(1, 1)
C2
x
C1 (1, 0)
1 1
= i x2 dx + j x2 dx
0 0
1 1
= i +j . (3.69)
3 3
Exemplo 3.6 Integrar a funo F(x, y) = (x y)i + (x + y)j atravs
da parbola que une os pontos (0, 0) e (1, 1) como ilustrado na Fig. 3.17.
(1, 1)
1 1
F dr = (x y) dx + (x + y) dy
C 0,y=x2 0,y=x2
1 1
= (x x2 ) dx + 2x(x + x2 ) dx
0 0
1
x2 x3 x4
= + +
2 3 2 0
11
= . (3.70)
6
ux uy uz
ux yz + uy xz + uz xy = ( + + )xyz .
x y z
(3.74)
Na forma diferencial esta equao pode ser reescrita como
ux uy uz
+ + dxdydz = udV . (3.75)
x y z
Pela denio de uxo,
u nS = uV , (3.76)
onde a soma refere-se a todas as faces do volume V .
Imaginemos agora que o volume V possa ser subdividido em pequenas
unidades innitesimais de volume Vi . Usando a ltima equao acima,
temos
u dV = uVi
V i
= u nSi
i
Captulo 3: Anlise Vetorial 53
)
= u n dS . (3.77)
S
E= . (3.83)
0
Esta a lei de Gauss na forma diferencial.
B = 0 J . (3.88)
Esta lei foi primeiramente enunciada por Andr Marie Ampre (1775 - 1836), nascido
em Polemieux-Le-Mont-d'Or, uma herdade prxima a Lyon, Frana. Devido grande
contribuio de Ampre eletrodinmica, Maxwell o apelidou de o Newton da Eletrici-
dade.
Captulo 3: Anlise Vetorial 55
B
E= , (3.91)
t
que a lei de Faraday escrita na forma diferencial.
Conseqentemente
B = 0. (3.94)
( B) = 0 J = 0 . (3.95)
Este resultado est em desacordo com a equao de continuidade que ex-
pressa a conservao da carga,
J+ =0. (3.96)
t
Agora, usando a lei de Gauss (3.83), temos que
E E
J + 0 = J + 0 =0. (3.97)
t t
Vemos ento que esta equao e (3.95) so incongruentes. Este apa-
rente paradoxo pode ser resolvido adicionando-se um termo a mais na lei
de Ampre de maneira que a equao da continuidade seja satisfeita,
B = 0 J + 0 Jd . (3.98)
A densidade de corrente de deslocamento Jd pode ser determinada obser-
vando-se que
( B) = 0 (J + Jd ) = 0 . (3.99)
Comparando esta equao com (3.97), obtemos
E
Jd = 0
. (3.100)
t
"
Assim, as quatro equaes fundamentais de Maxwell do eletromagne-
tismo podem ser escritas como
E ,=
0
B = 0,
B
E = ,
t
E
B = 0 J + 0 0 . (3.101)
t
" James Clerk Maxwell (1831 - 1879) nasceu em Edimburgo, Esccia. Entre os anos
de 1860 e 1865 trabalhou no Kings College, de Londres, onde elaborou a teoria do ele-
tromagnetismo sintetizada nas quatro clebres equaes que levam o seu nome.
Captulo 3: Anlise Vetorial 57
3.20 Problemas
3.1 Ache o volume do paraleleppedo de arestas A = 3i j, B = j + 2k,
C = i + 5j + 4k.
bc
a = ,
a (b c)
ca
b = ,
a (b c)
ab
c = .
a (b c)
x y = xy ,
F = .
1 1
U= 0 E E + BB.
2 20
U
=JE+S,
t
onde S o vetor de Poyting e dado por
1
S= EB.
0
By Ex
= 0 0 ,
z t
Ex By
= ,
z t
Bx Ey
= 0 0 ,
z t
Ey Bx
= .
z t
2 f (z, t) 1 2 f (z, t)
= ,
z 2 c2 t2
onde c = 1/ 0 0 a velocidade da luz no vcuo.
Captulo 4
Coordenadas Curvilneas
4.1 Introduo
Com muita freqncia, encontramos problemas em fsica que no possuem
uma simetria retangular. Portanto, conveniente mudarmos do sistema
de coordenadas retangulares para o sistema de coordenadas correspondente
simetria do problema em questo. Neste Captulo aprenderemos como
encontrar uma correspondncia entre os pontos do sistema de coordenadas
retangulares (x, y, z) e os pontos do sistema de coordenadas curvilneas que
denotaremos por (q1 , q2 , q3 ).
Na forma genrica, as equaes transformativas so escritas como
x = x(q1 , q2 , q3 ) ,
y = y(q1 , q2 , q3 ) ,
z = z(q1 , q2 , q3 ) . (4.1)
Iremos impor que o novo sistema de coordenadas seja ortogonal. Para
isto, necessrio encontrarmos os vetores unitrios que denam os senti-
dos positivos do eixos q1 , q2 , e q3 . Vejamos como encontrar estes vetores.
Usando regras de derivao parcial, podemos escrever
x x x
dx = dq1 + dq2 + dq3 ,
q1 q2 q3
y y y
dy = dq1 + dq2 + dq3 ,
q1 q2 q3
z z z
dz =
q1
dq1 +
q2
dq2 +
q3
dq3 . (4.2)
Captulo 4: Coordenadas Curvilneas 61
3
xi
dxi = dqj . (4.3)
j=1
qj
r 2 2 2
x y z
h3 = = + + . (4.10)
q3 q1 ,q2 q3 q3 q3
62 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
3
1 xj
a
i = x
j , (4.11)
hi j=1 qi
3 2
xj
h2i = , (4.12)
j=1
qi
onde (
x1 , x 3 ) = (i, j, k).
3 , x
Como veremos adiante, as mtricas assumem um papel fundamental nas
novas representaes no sistema de coordenadas curvilneas.
Usando o fato que x i x
j = ij , e a equao (4.11), temos que
, 3
- , 3
-
1 xk 1 xl
i a
a j = x
k x
l ,
hi qi hj qj
k=1 l=1
3 3
1 xk xl
= k x
x l ,
hi hj qi qj
k=1 l=1
3 3
1 xk xl
= kl ,
hi hj qi qj
k=1 l=1
3
1 xk xk
= . (4.13)
hi hj qi qj
k=1
i
Se assumirmos que os novos vetores unitrios so ortogonais, ou seja, a aj =
ij , ento
3
1 xk xk
= ij . (4.14)
hi h j qi qj
k=1
ds2 = dr dr
= (dx)2 + (dy)2 + (dz)2
3
= dx2i .
i=1
(4.15)
3 3 3
xi xi
ds2 = dqj dqk
i=1 j=1
q j q k
k=1
3 3
, 3 -
xi xi
= dqj dqk
j=1 i=1
qj qk
k=1
3
3
= hj hk jk dqj dqk
j=1 k=1
3
= h2j dqj2 , (4.16)
j=1
x y z
= + +
q1 x q1 y q1 z q
1
x y z
= i+ j+ k i+ j+ k
x y z q1 q1 q1
r
= ()
q1 q2 ,q3
= () (h1 a
1 ) . (4.18)
= () (h2 a
2 ) , (4.19)
q2
= () (h3 a
3 ) . (4.20)
q3
As trs ltimas equaes tm solues nicas e so dadas por
1 1 1
=a
1 + a
2 + a
3 . (4.21)
h1 q1 h2 q2 h3 q3
A m de obter a representao do divergente em coordenadas curvil-
neas usaremos o mesmo procedimento que na Seo 3.17. Imaginemos um
elemento de volume em coordenadas curvilneas como ilustrado na Fig. 4.1.
O uxo lquido de um campo vetorial u atravs das faces 1, 2, e 3 dado
por
(u1 h2 h3 )
(u1 h2 h3 )q2 q3 = q1 q2 q3 ,
q1
(u2 h1 h3 )
(u2 h1 h3 )q1 q3 = q1 q2 q3 ,
q2
(u3 h1 h2 )
(u3 h1 h2 )q1 q2 = q1 q2 q3 . (4.22)
q3
Na forma diferencial o uxo lquido total pode ser escrito como
(u1 h2 h3 ) (u2 h1 h3 ) (u3 h1 h2 )
+ + dq1 dq2 dq3 = udV . (4.23)
q1 q2 q3
Por outro lado, usando a expresso do elemento de volume em coordenadas
curvilneas (4.17), obtemos
Captulo 4: Coordenadas Curvilneas 65
1 (u1 h2 h3 ) (u2 h1 h3 ) (u3 h1 h2 )
u= + + . (4.24)
h 1 h2 h3 q1 q2 q3
1 h2 h3 h1 h3
2 = () = +
h1 h2 h3 q1 h1 q1 q2 h2 q2
h1 h2
+ . (4.26)
q3 h3 q3
Nas prximas duas Sees iremos aplicar o formulrio acima para dois
casos especcos de grande utilidade em fsica.
66 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
* 0
0
z
r
Vetor de posio:
r = cos i + sin j + zk
= 0 + zk . (4.28)
Mtricas:
h1 = 1 , h 2 = , h3 = 1 . (4.29)
Elemento de volume:
Captulo 4: Coordenadas Curvilneas 67
dV = dddz . (4.30)
Gradiente:
1
= 0 + 0 +k . (4.31)
z
Divergente:
1 1 u uz
u= (u ) + + . (4.32)
z
Rotacional:
0 k
1 0
u =
z
.
(4.33)
u u uz
Laplaciano:
2 1 1 2 2
= + 2 +
2 z 2
2
1 1 2
2
= + + + . (4.34)
2 2 2 z 2
Mtricas:
h1 = 1 , h2 = r , h3 = r sin . (4.37)
Elemento de volume:
ro
(x, y, z) o
r o
(x, y, 0)
Gradiente:
1 1
= r0 + 0 + 0 . (4.39)
r r r sin
Divergente:
1 2 u
u= 2 sin (r ur ) + r (sin u ) + r . (4.40)
r sin r
Rotacional:
r0 r 0 r sin 0
1
u= 2 . (4.41)
r sin r
ur ru r sin u
Laplaciano:
2 1 2 1 1 2
= 2 r + 2 sin + 2 2 . (4.42)
r r r r sin r sin 2
Equao de Laplace:
2 = 0 . (4.43)
Equao de Poisson:
2 = . (4.44)
0
2 k 2 = 0 . (4.45)
1
2 = . (4.46)
a2 t
Equao de Schrdinger:
2 2
+ V = E . (4.47)
2m
A incgnita nas equaes acima . Ao resolvermos as equaes acima,
tentamos uma forma de transferir a soluo das equaes diferenciais par-
ciais para a soluo de equaes diferenciais ordinrias mais simples. Este
objetivo pode ser alcanado, usando-se o mtodo de separao de variveis.
Para ilustrar como este mtodo funciona, consideremos a equao de difu-
so independente do tempo com o sinal mais. A idia separar a equao
em trs equaes diferenciais ordinrias e independentes cada qual em uma
nica varivel. Escrevemos
d2 X d2 Y d2 Z
YZ + XZ + XY + k 2 XY Z = 0 , (4.49)
dx2 dy 2 dz 2
ou ainda
1 d2 X 2 1 d2 Y 1 d2 Z
= k . (4.50)
X dx2 Y dy 2 Z dz 2
70 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 d2 X
= l2 (4.51)
X dx2
2
1 d Y 1 d2 Z
k 2 = l2 . (4.52)
Y dy 2 Z dz 2
1 d2 Y 2 2 1 d2 Z
= k + l . (4.53)
Y dy 2 Z dz 2
Igualmente ao caso anterior, ambos os membros da equao acima so
iguais se ambos forem constantes. Temos
1 d2 Y 2
2 1 d Z
= m , = n2 , (4.54)
Y dy 2 Z dz 2
onde k 2 = l2 + m2 + n2 .
Para cada trinca de valores (l, m, n) teremos uma soluo lmn . Como
a equao (4.45) linear (ver Captulo 5) em , uma combinao linear de
solues tambm ser uma soluo da equao diferencial,
(x, y, z) = almn lmn (x, y, z) . (4.55)
lmn
1 2 1 1 2
r + 2 sin + + k 2 = 0 . (4.56)
r2 r r r sin r2 sin2 2
As condies de contorno so especicadas pelos valores da funo e/ou suas deri-
vadas nas fronteiras de um determinado domnio (para maiores detalhes, ver Captulo
8).
Captulo 4: Coordenadas Curvilneas 71
1 d2 2 2 2 1 d 2 dR 1 d d
= r sin k + r + sin .
d2 r2 R dr dr r2 sin d d
(4.58)
Analogamente ao caso de coordenadas retangulares, assumimos (r, , )
como coordenadas independentes. Temos que
1 d2
+ m2 = 0 , (4.59)
d2
1 d 2 dR QR
r + k2 R 2 = 0 , (4.60)
r2 dr dr r
2
1 d d m
sin + Q = 0 , (4.61)
sin d d sin2
onde m e Q so duas constantes de separao. Mais uma vez, vemos que
a soluo de uma equao diferencial parcial se reduz soluo de trs
equaes diferenciais ordinrias.
Consideremos o caso particular k = 0, o qual corresponde equao de
Laplace (4.43). Obtemos
1 d 2 dR QR
r 2 =0. (4.62)
r2 dr dr r
Supor que a soluo seja do tipo R(r) = Arn , onde A uma constante.
Substituindo na equao diferencial para R, vem que
d2 d
(1 x2 ) 2x + n(n + 1) = 0 . (4.65)
dx2 dx
72 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
4.7 Problemas
4.1 A transformao de coordenadas retangulares para coordenadas cilin-
dro-parablicas denida pelas equaes x = 12 (u2 v 2 ), y = uv ,
z = z . (a) Calcule as mtricas h1 , h2 e h3 . (b) Prove que a matriz
Aij = h1j x
qj ortogonal. (c) Escrever o gradiente, o divergente, o
i
x = a cosh u cos v ,
y = a sinh u sin v ,
z = z.
1 sin
= sin cos + cos cos ,
x r r r sin
Captulo 4: Coordenadas Curvilneas 73
1 cos
= sin sin + cos sin + ,
y r r r sin
1
= cos sin .
z r r
Lz = i x y = i .
y x
L+ = Lx + iLy = ei + i cot ,
L = Lx iLy = ei i cot .
1 1 2 2
+ + =0.
2 2 z 2
d2 Z
l2 Z = 0 ,
dz 2
d2
+ m2 = 0 ,
d2
1 d dR 2 m2
+ l 2 R = 0.
d d
74 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
d2 y dy
2
+ P (x) + Q(x)y = R(x) , (5.5)
dx dx
onde
B(x)
P (x) = , (5.6)
A(x)
C(x)
Q(x) = , (5.7)
A(x)
D(x)
R(x) = . (5.8)
A(x)
d2 y dy
+ P (x) + Q(x)y = 0 . (5.9)
dx2 dx
Se y1 (x) soluo de (5.9), ento y = C1 y1 (x), tambm uma soluo,
onde C1 uma constante arbitrria. Se y = y1 (x), e y = y2 (x) so solues
de (5.9), ento y = C1 y1 (x) + C2 y2 (x), tambm uma soluo de (5.9).
Estas armaes so verdadeiras por causa que (5.9) linear em y e suas
derivadas. Em outras palavras, (5.9) segue as propriedades (5.4).
Um par de solues y = y1 (x) e y = y2 (x) so denominadas linearmente
independentes se a igualdade
C1 y1 + C2 y2 = 0 , (5.10)
onde os C 's so constantes, for verdadeira se e somente se C1 = C2 = 0.
Se as solues forem linearmente dependentes, y1 = ky2 , onde k uma
constante que no depende de x. Logo, podemos escrever y1 = ky2 , e
y1 y2
= , (5.11)
y1 y2
ou ainda
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 77
*
W (x) = W0 e P (x) dx
, (5.20)
onde W0 = eC .
Derivando o quociente y2 /y1 , vem que
d y2 y1 y2 y1 y2
=
dx y1 y12
W
= . (5.21)
y12
y1
v1 (x)y1 (x) + v2 (x)y2 (x) = (v1 + g)y1 + v2 g y2 . (5.26)
y2
ou ainda
Ry2
v1 = , (5.33)
W
Ry1
v2 = . (5.34)
W
Integrando, nalmente obtemos
80 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
y2 (x)R(x)
v1 (x) = dx ,
W (x)
y1 (x)R(x)
v2 (x) = dx . (5.35)
W (x)
d2 y(x)
2 y(x) = ex , (5.36)
dx2
onde uma constante no nula. Determinar a segunda soluo.
Soluo: Por substituio direta na EDH, podemos vericar que
y1 (x) = ex soluo. Comparando esta equao com (5.5), encontra-
mos P (x) = 0 e Q(x) = 2 . Conseqentemente, usando (5.22), temos
que
y2 (x) 1
= e2x dx = e2x . (5.37)
ex 2
ou ainda
y2 (x) = ex , (5.38)
onde a constante multiplicativa foi ignorada. Como j mencionamos anteri-
ormente, esta constante no acrescenta nada de novo soluo. Usando-se
(5.13), obtemos W (x) = 2. De posse do par de solues da EDH e do
Wronskiano, podemos determinar a soluo particular da EDNH. De (5.35),
temos que
ex ex x
v1 (x) = dx = , (5.39)
2 2
x x
e e 1
v2 (x) = dx = 2 e2x . (5.40)
2 2
d2 y dy
A(x) + B(x) + C(x)y = 0 , (5.42)
dx2 dx
onde A(x), B(x), e C(x) so polinmios em x. Denominamos x = a um
ponto ordinrio da EDH se A(a) = 0, e ser um ponto singular em caso
contrrio.
Se x = 0 um ponto ordinrio, ento a EDH pode ser resolvida em srie
nas vizinhanas de x = 0 como
y(x) = cj xj
j=0
= C1 {srie} + C2 {srie} , (5.43)
d2 y R1 (x) dy R2 (x)
2
+ + y=0, (5.44)
dx (x a) dx (x a)2
onde R1 (x) e R2 (x) admitem expanso em srie de Taylor nas vizinhanas
de x = a. Em caso contrrio, x = a chamado de um ponto singular
irregular.
Uma forma alternativa de vericar se um ponto singular x = a regular
ou irregular testar os limites
y(x) = cj xj+s , (5.46)
j=0
(1 + x2 )y + xy y = 0 , (5.47)
usando o mtodo de Frobenius.
Soluo: Temos A(x) = 1 + x2 . Esta funo no possui nenhuma raiz
real, e portanto no tem ponto singular. Uma vez que A(0) = 0, ento
x = 0 um ponto ordinrio da EDH. Com efeito, a soluo da EDH admite
uma soluo em forma de srie como em (5.43). Temos
y(x) = cj xj ,
j=0
y (x) = cj jxj1 ,
j=0
y (x) = cj j(j 1)xj2 . (5.48)
j=0
(1 + x2 ) cj j(j 1)xj2 + x cj jxj1 cj xj = 0 , (5.49)
j=0 j=0 j=0
cj j(j 1)xj2 + cj j(j 1)xj + cj jxj cj xj = 0 . (5.50)
j=0 j=0 j=0 j=0
cj j(j 1)xj2 = cj j(j 1)xj2
j=0 j=2
= cj+2 (j + 2)(j + 1)xj . (5.51)
j=0
{cj+2 (j + 2)(j + 1) + cj [j(j 1) + j 1]} xj = 0 . (5.52)
j=0
2k 3
c2k = c2k2
2k
(2k 3)(2k 5)
= c2k4
2k(2k 2)
..
.
(2k 3)!!
= (1)k+1 c0 , k 2 . (5.55)
2k k!
A soluo geral da EDH dada por
1 2 k+1 (2k 3)!! 2k
y(x) = c0 1 + x + (1) x + c1 x . (5.56)
2 2k k!
k=2
c
Note que limj j+2 j1
cj = limj j+2 = 1. Portanto, a srie converge
para todo |x| < 1.
84 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 (x2 + 1)
y
y + y=0. (5.58)
2x 2x2
Assim, a soluo da EDH admite uma soluo em forma de srie como
em (5.46). Temos
y(x) = cj xj+s ,
j=0
y (x) = cj (j + s)xj+s1 ,
j=0
y (x) = cj (j + s)(j + s 1)xj+s2 . (5.59)
j=0
2x2 cj (j + s)(j + s 1)xj+s2 x cj (j + s)xj+s1
j=0 j=0
+(x2 + 1) cj xj+s = 0 , (5.60)
j=0
2cj (j + s)(j + s 1)xj+s + (1)cj (j + s)xj+s
j=0 j=0
+ cj xj+s+2 + cj xj+s = 0 . (5.61)
j=0 j=0
A terceira soma tambm pode ser escrita como j=2 cj2 xj+s . Con-
seqentemente,
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 85
c0 [2s(s 1) s + 1] = 0,
c1 [2(s + 1)s (s + 1) + 1] = 0. (5.63)
ou ainda
1
cj = cj2 . (5.66)
(j + s)(2j + 2s 3) + 1
1
cj = cj2 (5.67)
j(2j 1)
A partir desta relao de recorrncia geramos todos os coecientes da
srie,
Do ingls, indicial. Alguns autores traduzem este termo por indicadora. J em outros
livros este termo no recebeu traduo permanecendo como equao indicial. Neste livro
usamos esta ltima opo.
86 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 1
c2 = c0 = c0 ,
23 6
1 1
c4 = c2 = c0 ,
47 168
..
. (5.68)
y1 (x) = cj xj+1/2
j=0
x2 x4
= c0 x 1 + . (5.69)
6 168
Igualmente para s = 1, obtemos
1
cj = cj2 , (5.70)
j(2j + 1)
1 1
c2 = c0 = c0 ,
25 10
1 1
c4 = c2 = c0 ,
49 360
..
. (5.71)
y2 (x) = cj xj+1
j=0
x2 x4
= c0 x 1 + . (5.72)
10 360
As duas solues y1 (x) e y2 (x) so linearmente independentes. A soluo
geral da EDH uma combinao linear destas duas funes.
Para ambos
cj
os casos, pode-se vericar facilmente que limj cj2 = 0 . Portanto, as
sries convergem para todo < x < .
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 87
2. as razes so iguais;
y1 (x) = y(x, s1 ) ,
y(x, s)
y2 (x) = . (5.73)
s s=s1
y1 (x) = y(x, s1 ) ,
y(x, s)
y2 (x) = . (5.74)
s s=s1
xy + y y = 0 , (5.75)
usando o mtodo de Frobenius.
Soluo: A equao diferencial tambm pode ser escrita na forma
1 x
y + y 2y = 0 . (5.76)
x x
Portanto, x = 0 um ponto singular regular da EDH. Substituindo as sries
(5.59) na EDH, obtemos
88 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
x cj (j + s)(j + s 1)xj+s2 + cj (j + s)xj+s1
j=0 j=0
cj xj+s = 0 , (5.77)
j=0
cj [(j + s)(j + s 1) + (j + s)] xj+s1 + (1)cj xj+s = 0 . (5.78)
j=0 j=0
c0 [s(s 1) + s] xs1 + cj+1 [(j + 1 + s)(j + s) + (j + 1 + s)] xj+s
j=0
+ (1)cj xj+s = 0 ,
j=0
(5.79)
ou ainda
. /
c0 s2 xs1 + cj+1 (j + s + 1)2 cj xj+s = 0 . (5.80)
j=0
c1 = c0 ,
1 1
c2 = c0 = c0 ,
22 (2!)2
1 1 1
c3 = 2
c1 = 2 3 c0 = c0 ,
3 2 3 (3!)2
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 89
..
.
1
cn = c0 . (5.82)
(n!)2
Uma soluo ento dada por
1 2 1 3
y1 (x) = y(x, s)|s=0 = c0 1 + x + x + x + . (5.83)
(2!)2 (3!)2
y(x, s)
y2 (x) = ,
s
s=0
j dcj
= ln x cj (0)x + xj , (5.84)
j=0 j=0
ds s=0
onde cj (0) = cj (s = 0), cujos valores so dados por (5.82). De (5.81), para
s arbitrrio, encontramos os seguintes coecientes
1
c1 = c0 ,
(s + 1)2
1
c2 = c0 ,
(s + 1)2 (s + 2)2
1
c3 = c0 ,
(s + 1)2 (s + 2)2 (s + 3)2
..
.
1
cn = c0 . (5.85)
(s + 1)2 (s + 2)2 (s + 3)2 (s + n)2
Embora envolvendo uma extensa lgebra, fcil mostrar que
dc1
= 2c0 ,
ds s=0
dc2 2 1
= 1+ c0 ,
ds s=0 (2!)2 2
dc3 2 1 1
= 1+ + c0 . (5.86)
ds s=0 (3!)2 2 3
90 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 2 1 3
y2 (x) = c0 ln x 1 + x + x + x +
(2!)2 (3!)2
x2 1 x3 1 1
2c0 x + 1+ + 1+ + + .
(2!)2 2 (3!)2 2 3
(5.87)
Exemplo 5.5 Resolver a EDH
x2 y + 2xy + (x2 2)y = 0 , (5.88)
2 (x2 2)
y + y + y=0. (5.89)
x x2
Assim, a soluo da EDH admite uma soluo em forma de srie como
em (5.46). Substituindo (5.59) na EDH, vem que
x2 cj (j + s)(j + s 1)xj+s2 + 2x cj (j + s)xj+s1
j=0 j=0
2
+(x 2) cj xj+s = 0 , (5.90)
j=0
cj (j + s)(j + s 1)x j+s
+ 2cj (j + s)xj+s
j=0 j=0
+ cj xj+s+2 + (2)cj xj+s = 0 . (5.91)
j=0 j=0
A terceira soma tambm pode ser escrita como j=2 cj2 xj+s . Con-
seqentemente,
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 91
c0 [s(s 1) + 2s 2] = 0 ,
c1 [(s + 1)s2(s + 1) 2] = 0 . (5.93)
Supor c0 = 0. Ento
1 1
c2 = c0 = c 0 ,
25 10
1 1
c4 = c2 = c0 ,
47 280
..
. (5.97)
y1 (x) = cj xj+1
j=0
x2 x4
= c0 x 1 +
10 280
1 2k
= c0 x 1 + 3 k
(1) k x . (5.98)
2 k!(2k + 3)!!
k=1
1 1
c2 = c0 = c0 ,
(1) 2 2
1 1
c4 = c2 = c0 ,
14 8
1 1
c6 = c4 = c0 ,
36 144
..
. (5.99)
Note que neste caso pudemos gerar todos os coecientes sem diculda-
des. Assim, no precisamos regularizar a soluo como veremos no prximo
exemplo. Substituindo os coecientes na srie, com s = 2, obtemos uma
segunda soluo
y2 (x) = cj xj2
j=0
1 x2 x4 x6
= c0 2 1 + +
x 2 8 144
1 x2 k+1 1 2k
= c0 2 1 + + (1) x .
x 2 (2k 3)!!(2k)!!
k=2
(5.100)
1
cj = cj2 . (5.103)
(j + s 4)(j + s)
Note que esta relao, para s = 4, d valores nitos para todos os coeci-
entes. No entanto, quando s = 0, c4 . Seguindo a regra, substitumos
c0 por b0 (s 0) = b0 s. Obtemos para y
s 1
y(x, s) = b0 x s
s
x2 + x4
(s 2)(s + 2) (s 2)(s + 2)(s + 4)
1
x6
(s 2)(s + 2)2 (s + 4)(s + 6)
1 8
+ x . (5.104)
(s 2)(s + 2)2 (s + 4)2 (s + 6)(s + 8)
1
y1 (x) = y(x, 0) = c0 x4
224
1 6 1 8
+ x x .
2 22 4 6 2 22 42 6 8
(5.105)
94 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
y(x, 0) 1 1
y2 (x) = = y1 (x) ln x + 1 + 2 x2 + 5 x4
s 2 2 2!
s=0
1 1 1
6 1+ + x6
2 3!1! 2 3
1 1 1 1 1 8
8 1+ + + + x . (5.106)
2 4!2! 2 3 4 2
y + by + cy = 0 , (5.107)
onde B1 = C1 + C2 e B2 = C1 iC2 .
Exemplo 5.7 Resolver a equao do oscilador harmnico simples
xy + y + xy = 0 . (5.115)
Note que x = 0 um ponto singular regular. Do ponto de vista numrico,
isto exige cuidado especial para se evitar overow. Usemos as seguintes
denies: y1 = y , y2 = y , dy1 = y = y2 , e dy2 = y . Ento temos,
y
2
dy2 = + y1 . (5.116)
x
O cdigo a seguir implementa o clculo da funo e suas derivadas. Salve
este cdigo em alguma rea de seu computador com o nome EDO.m."
0.3
0.2
0.1
0.5
0
y (x)
y(x)
-0.1
-0.2
0
-0.3
-0.4
-0.5
-0.5 -0.6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
x x
Figura 5.1:
5.9 Problemas
5.1 Considere a equao diferencial linear de segunda ordem
3 3
y y + 2 y = 2x 1 .
x x
98 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
sendo que para o caso (a) y1 (x) = ex ; para o caso (b) y1 (x) = 2x + 7;
e para o caso (c) y1 (x) = x.
5.3 Resolver as seguintes equaes diferenciais usando o mtodo de Fro-
benius:
(a) y x2 y y = 0 ,
(b) y + (x 1)y + y = 0 .
cos x sin x
n1 (x) = ,
x2 x
que conhecida como funo esfrica de Neumann de primeira ordem.
5.5 Resolver as seguintes equaes diferenciais usando o mtodo de Fro-
benius:
(a) 3xy + 2y + x2 y = 0 ,
(b) 2(x2 + x3 )y (x 3x2 )y + y = 0 ,
(c) xy + y + x2 y = 0 .
(j n)(j + n + 1)
cj+2 = cj .
(j + 1)(j + 2)
Mostrar que a soluo ser dada por y(x) = c0 y1 (x) + c1 y2 (x) =
F1 (x) + F2 (x), onde
P0 (x) = 1,
P1 (x) = x,
1
P2 (x) = (3x2 1) ,
2
1
P3 (x) = (5x3 3x) ,
2
..
.
$ Adrien-Marie Legendre (1752 - 1833). Matemtico francs com importantes contri-
buies para a estatstica, teoria dos nmeros, lgebra abstrata e anlise matemtica.
100 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
l
[2]
1 (2l 2j)!
Pl (x) = l (1)j xl2j ,
2 j=0 j!(l 2j)!(l j)!
1 dl 2
Pl (x) = (x 1)l .
2l l! dxl
Vericar que esta frmula verdadeira para l = 0, 1, 2.
x2 y + xy + (x2 n2 )y = 0 .
y(x) = cj xj+s .
j=0
1
cj = cj2 .
j(j + 2n)
Captulo 5: Equaes Diferenciais Ordinrias 101
1 1
y1 (x) = xn
1 x2 + 4 x4
22 (n + 1) 2 2!(n + 1)(n + 2)
1 6
6 x + .
2 3!(n + 1)(n + 2)(n + 3)
1 x 2j+n
Jn (x) = (1)j ,
j=0
j!(j + n)! 2
y 3y + 2y = 0 .
Captulo 6
Variveis Complexas
6.1 Introduo
O surgimento dos nmeros complexos tem origem na diculdade em deter-
minar razes reais de determinadas equaes polinomiais. A mais simples
delas x2 + 1 = 0. Matemticos do sculo XVI , tais como Cardano e
Bombelli, deram os primeiros passos para encontrar uma soluo para esse
problema. Eles perceberam que era necessrio introduzirum nmero, o qual
chamamos de unidade imaginria e denido por i = 1.
z1 z2 = (a c) + i(b d) . (6.1)
Multiplicao
Sejam dois nmeros complexos z1 = a + ib e z2 = c + id. Usando-se a
propriedade distributiva, e que i2 = 1, podemos escrever
Diviso
A diviso entre nmeros complexos pode ser obtida usando-se as proprie-
dades acima. Temos
z1 a + ib
=
z2 c + id
a + ib c id
=
c + id c id
ac + bd bc ad
= +i 2 . (6.3)
c2 + d2 c + d2
Denimos o mdulo
de um nmero complexo z = a + ib, e o denotamos
por |z|, como |z| = a2 + b2 . Note que z z = |z|2
y (x, y)
r
x
z = rei , (6.6)
conhecida como frmula de Euler.
Seja z1 = x1 + iy1 = r1 (cos 1 + i sin 1 ) e z2 = x2 + iy2 = r2 (cos 2 +
i sin 2 ). Usando-se a frmula de Euler, podemos facilmente mostrar as
seguintes frmulas
z1 z2 = r1 r2 [cos(1 + 2 ) + i sin(1 + 2 )] ,
z1 r1
= [cos(1 2 ) + i sin(1 2 )] ,
z2 r2
n
zn = [r(cos + i sin )] = rn [cos(n) + i sin(n)] ,
1/n
z 1/n = [r(cos + i sin )]
1/n + 2k + 2k
= r cos + i sin ,
n n
k = 0, 1, 2, . . . , n 1 . (6.7)
f (z) u + iv
lim = lim
z0 z x0 x
u v
= lim + i lim
x0 x x0 x
u v
= +i . (6.11)
x x
106 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
x 0 z0
y 0
x 0
y 0
f (z) u + iv
lim = lim
z0 z y0 iy
v u
= lim i lim
y0 y y0 y
v u
= i . (6.12)
y y
u v v u
= , = . (6.13)
x y x y
Estas so conhecidas como equaes de Cauchy-Riemann. Elas so con-
dies necessrias para que f (z) seja analtica em um determinado domnio
D do plano complexo.
Exemplo 6.1 Mostrar que f (z) = z 2 analtica em todo plano
complexo xy .
Soluo: As partes real e imaginria so dadas por u(x, y) = x2 y2 e
v(x, y) = 2xy . Temos para as derivadas parciais,
u v
= 2x =
x y
v u
= 2y = . (6.14)
x y
Captulo 6: Variveis Complexas 107
u v
= 1 = = 1
x y
v u
=0= , (6.15)
x y
2u 2v 2v 2u
= , = 2 . (6.16)
x2 xy yx y
Ento, somando-se
2u 2u
+ 2 =0. (6.17)
x2 y
De maneira anloga podemos demonstrar que 2 v = 0.
(x0 ,y0 )
f (z) dz = (u + iv)(dx + idy)
C (x0 ,y0 )
(x0 ,y0 ) (x0 ,y0 )
= (udx vdy) + i (vdx + udy) . (6.18)
(x0 ,y0 ) (x0 ,y0 )
)
V dr = V n dS
C D
Vy Vx
(Vx dx + Vy dy) = dS . (6.21)
C D x y
C
D D
x x
(a) (b)
Q
A B
C1 C2
A B
P
S R
Figura 6.4:
)
f (z) dz = f (z) dz + f (z) dz
AP QA B T SRBA AP QA A B
+ f (z) dz + f (z) dz .
B T SRB BA
(6.26)
)
f (z) dz = f (z) dz + f (z) dz
AP QA B T SRBA AP QA B T SRB
) )
= f (z) dz + f (z) dz
C2 C1
Captulo 6: Variveis Complexas 111
= 0, (6.28)
de onde se obtm
) )
f (z) dz = f (z) dz . (6.29)
C1 C2
com z0 no interior de D.
Note que f (z) analtica em D, mas f (z)/(z z0 )n+1 no .
Provaremos essa frmula para o caso n = 0. Temos
)
1 f (z)
f (z0 ) = dz . (6.32)
2i C (z z0 )
Seguindo os caminhos da Fig. 6.5, e usando o teorema integral de Cauchy,
podemos escrever
) )
f (z) f (z)
dz = dz . (6.33)
C (z z0 ) C (z z0 )
) )
f (z) f (z0 + rei )
dz = irei d
C (z z0 ) C rei
)
= i f (z0 + rei ) d . (6.34)
C
C
z0
Figura 6.5:
) )
f (z)
dz = if (z0 ) d
C (z z0 ) C
= 2if (z0 ) . (6.35)
f (z0 + z) f (z0 )
f (z0 ) = lim . (6.36)
z0z
Usando recursivamente o resultado do teorema para o caso n = 0, temos
que
)
1 f (w)
f (z0 + z) = dw
2i C (w z0 z)
)
1 f (w)
f (z0 ) = dw . (6.37)
2i C (w z0 )
)
f (z0 + z0 ) f (z0 ) 1 1 1 1
= f (w) dw
z 2i z C w z0 z w z0
Captulo 6: Variveis Complexas 113
)
1 f (w)
= dw . (6.38)
2i C (w z0 z)(w z0 )
Levando ao limite de z 0,
)
1 f (w)
f (z0 ) = dw , (6.39)
2i C (w z0 )2
que equivalente a (6.30) para n = 1. A demonstrao pode ser feita para
n arbitrrio usando o mtodo de induo nita: admitimos que o teorema
vale para n e ento provamos que vale para n + 1. Isto deixado para o
leitor.
Exemplo 6.4 Mostrar que
)
1 1 1, n=1
dz = , (6.40)
2i C (z z0 )n 0 , n = 1
onde C um contorno fechado incluindo o ponto z0 .
Soluo: Reescrevemos a frmula integral de Cauchy (6.30) com n tro-
cado por n 1,
)
(n 1)! f (z)
f (n1) (z0 ) = dz . (6.41)
C (z z0 )
2i n
1 1 1
= = , (6.43)
z z z z0 (z z0 )
(z z0 ) 1 zz0
z z0
z
z0 z
Figura 6.6:
n
1 z z0
= , (6.44)
1 zz0
z z0 n=0
z z0
)
1 f (z )
f (z) = z )n+1
(z z0 )n dz
n=0
2i C (z 0
f (n) (z0 )
= (z z0 )n , (6.47)
n=0
n!
Captulo 6: Variveis Complexas 115
(z)
f (z) = , (6.48)
(z z0 )n
onde (z) analtica em qualquer ponto do domnio D, incluindo o ponto
z0 . Ento f (z) tem um ponto singular isolado em D, z = z0 . Denominamos
este ponto de plo de ordem n.
Se n = 1, denominamos a singularidade de plo simples, e se n = 2 de
plo duplo.
a0 a1 an1
f (z) = + + + + an + an+1 (z z0 ) + .
(z z0 )n (z z0 )n1 z z0
(6.52)
Renomeando os coecientes, {a0 an , a1 an+1 , . . .,an1 a1 ,
an a0 , an+1 a1 , . . .}, encontramos
an an+1 a1
f (z) = + + + + a0 + a1 (z z0 ) +
(z z0 )n (z z0 )n1 z z0
= aj (z z0 )j . (6.53)
j=n
1 1 zj
0
= = . (6.55)
z z0 z 1 z0
z
z j+1
Exemplo 6.6 Expandir a funo f (z) = 1/z(z 1) em uma srie de
Laurent em torno de z = 0.
Soluo:
1 1 1
= = 1 + z + z2 + z3
z(z 1) z(1 z) z
1
= 1 z z2 . (6.56)
z
Captulo 6: Variveis Complexas %
z w1 w1
= = 1 w + w2 w3 +
(z + 1)(z + 2) w(w + 1) w
1
= + 2 2w + 2w2 2w3 +
w
1
= + 2 2(z + 1) + 2(z + 1)2 2(z + 1)3 + .
z+1
(6.57)
Procedendo de forma anloga, a expanso em torno do ponto z = 2
dada por
z 2
= + 1 + (z + 2) + (z + 2)2 + (z + 2)3 + . (6.58)
(z + 1)(z + 2) z+2
dn1 n!
[(z z0 )n f (z)] = (n 1)!a1 + a0 (z z0 )
dz n1 1!
(n + 1)!
+ a0 (z z0 )2 + , (6.61)
2!
e levando ao limite z z0 , obtemos
1 dn1
a1 = lim [(z z0 )n f (z)] . (6.62)
zz0 (n 1)! dz n1
Este coeciente da expanso de Laurent conhecido como resduo de
f (z) no plo de ordem n, z = z0 .
)
N
f (z) dz = 2i Res(f, zk ) , (6.63)
C k=1
) ) )
1 1
f (z) dz = an dz + a n+1 dz +
C (z z0 ) C (z z0 )
n n1
C
) ) )
1
+a1 dz + a0 dz + a1 (z z0 ) dz + .
C z z0 C C
(6.64)
+
Usando a equao (6.40), todas as integrais se anulam, exceto C (z
z0 )1 dz . Obtemos
)
f (z) dz = 2ia1 . (6.65)
C
)
f (z) dz = 2i(a1 + b1 + c1 + )
C
N
= 2i Res(f, zk ) . (6.66)
k=1
z2 4
a1 = lim (z 2) = ,
z2 (z 2)(z 2 + 1) 5
z2 1 2i
b1 = lim (z i) = ,
zi (z 2)(z 2 + 1) 10
z2 1 + 2i
c1 = lim (z + i) = . (6.69)
zi (z + 1)(z 2 + 1) 10
Portanto, pelo teorema dos resduos (6.63), temos que
)
z2 4 1 2i 1 + 2i
dz = 2i + + = 2i . (6.70)
C (z 2)(z 2 + 1) 5 10 10
Exemplo 6.9 Calcular
)
1
dz , (6.71)
C z(z + 2)3
onde C dado pelo crculo |z| = 1.
Soluo: O plo z = 0 simples e z = 2 de ordem trs. Tomamos
somente o resduo de z = 0, pois somente este plo est no interior do
domnio em considerao. Temos
120 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 1
a1 = lim z = . (6.72)
z0 z(z + 2)3 8
Ento,
)
1 1 i
3
dz = 2i = . (6.73)
C z(z + 2) 8 4
Exemplo 6.10 Calcular
)
1
dz , (6.74)
C (z 1)(z + 3)2
onde C dado pelo crculo |z| = 10.
Soluo: O plo z = 1 simples e z = 3 duplo. Os dois esto no
interior do domnio. Temos
1 1
a1 = lim (z 1) 2
= , (6.75)
z1 (z 1)(z + 3) 16
e
d 2 1
b1 = lim (z + 3)
z3 dz (z 1)(z + 3)2
1
= lim
z3 (z 1)2
1
= . (6.76)
16
Para a integral, temos que
)
1 1 1
2
dz = 2i =0. (6.77)
C (z 1)(z + 3) 16 16
ei + ei 1 1
cos = = z+ ,
2 2 z
ei ei 1 1
sin = = z . (6.79)
2i 2i z
1 1 1
f (z) = 1 = 2 , (6.84)
z 1 2p z+ z
+ p2 pz (1 + p2 )z + p
2
1
pz 2 (1 + p2 )z + p = p(z p)(z ) . (6.85)
p
Se 0 p < 1, somente z = p est no interior do domnio em questo; se
p > 1, ento somente z = 1/p est dentro do domnio. No primeiro caso,
temos que
1 1
Res(f, p) = lim (z p)
zp p (z p)(z p1 )
1
= , (6.86)
1 p2
e no segundo,
1 1 1 1
Res(f, ) = lim (z )
p z1/p p p (z p)(z p1 )
1
= . (6.87)
1 p2
Em qualquer dos casos podemos escrever o resultado de forma compacta
como 1/|1 p2 |, e para a integral temos que
2
1 2
2
d = . (6.88)
0 1 2p cos + p |1 p2 |
)
1 1
dz = 2i lim (z ia) = . (6.93)
C z2 +a 2 zia (z ia)(z + ia) a
+ia R CR
R +R x
ia
Figura 6.7:
Por outro lado, a integral complexa pode ser separada em duas outras
integrais,
) R
1 1 1
dz = dx + dz , (6.94)
C z 2 + a2 R x2 + a2 CR z 2 + a2
124 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
de onde se obtm
R
1
dx + IR = , (6.95)
R x2 +a 2 a
onde
1
IR = dz . (6.96)
CR + a2 z2
Agora, provaremos que IR 0, quando R . Usando a propriedade de
integrais complexas, podemos escrever
f (z) dz |f (z)||dz|
M |dz| = M L
(6.97)
onde M = max|f (z)| o mximo valor de |f (z)| e L o comprimento do
caminho . Pela desigualdade triangular (6.8), obtemos
|z 2 + a2 | |z 2 | a2 = R2 a2 , (6.98)
e portanto
1 1
2 . (6.99)
|z 2 + a2 | R a2
Combinando os resultados, conclumos que
R
|IR | . (6.100)
R2 a2
Tomando o limite de raio innito, vem que
R
lim |IR | = lim =0. (6.101)
R R R 2 a2
Finalmente obtemos
1
dx = , (6.102)
x2 +a2 a
ou ainda
1
dx = . (6.103)
0 x2 +a 2 2a
Captulo 6: Variveis Complexas 125
Agora,
) R
eibz eibx
dz = dx + IR , (6.109)
C z 2 + a2 R x2 + a2
onde
eibz
IR = dz . (6.110)
CR z 2 + a2
Na Seo 6.14 provaremos que IR 0, quando R . Logo,
126 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
eibx
dx = eab . (6.111)
x2+ a2 a
O uso da frmula de Euler eibx = cos(bx) + i sin(bx), resulta em
cos(bx) sin(bx)
2 2
dx + i 2 2
dx = eab . (6.112)
x + a x + a a
A segunda integral do membro esquerdo anula-se, pois o integrando mpar,
de onde se obtm
cos(bx)
2 2
dx = eab . (6.113)
x + a a
Alternativamente, podemos escrever
cos(bx) ab
dx = e . (6.114)
0 x2 + a2 2a
R CR
Cr
r
R r +r +R x
Figura 6.8:
r R
eiz eix eiz eiz eix
dz = dx + dz + dz = 0 . dx +
C z R x Cr r z CR z x
(6.117)
A integral real ser obtida nos limites R e r 0. Veremos na
Seo 6.14 que a integral no semicrculo maior se anula. Consideremos a
integral no semicrculo menor; Cr descrito por z = rei , com 0 , e
dz = irei d. Temos
0 i
eiz ere
dz = irei d , (6.118)
Cr z rei
e levando ao limite r 0,
0 i
eiz ere
lim dz = lim irei d
r0 Cr z r0 rei
0 i
ere
= lim irei d
r0 rei
0
= i d
= i . (6.119)
Reunindo os resultados,
eix
dx i = 0 , (6.120)
x
& Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
CR
|f (z)||eiaz | |dz|
CR
c iaz
k
|e | |dz| . (6.124)
CR R
/2
eR sin d = 2 eR sin d . (6.126)
0 0
Agora, notamos que sin 2/ para todo 0 /2 (ver Fig. 6.9).
Ento
cR
|IR | eR sin d
Rk 0
2cR /2 2R/
e d
Rk 0
c
= k
1 eR . (6.127)
R
1
sin
2
Figura 6.9:
6.15 Problemas
6.1 Usando a primeira das relaes de Euler (1.2), mostrar que
1 p cos x
pn cos(nx) = .
n=0
1 2p cos x + p2
130 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
+ 2z 2 +3z1
+ 2z
+ sin z
(d) z1+i dz , (e) z 2 9 dz , (f ) z2 dz ,
+ ez
+ sin z
(g) (z1)2 dz , (h) zn dz .
Captulo 6: Variveis Complexas 131
1
(a) f (z) = cos z (z = 0) , (b) f (z) = (z 2 +1) (z = 0) ,
z 1
(c) f (z) = z 2 1 (z = 2) , (d) f (z) = z 2 +1 (z = 1) ,
ez
(e) f (z) = z(z 2 +1) (z = 0) , (f ) f (z) = cosh z (z = i) .
2z + 3 z3 ezt z
(a) , (b) , (c) , (d) 2 .
z2 4 z 3 + 5z 2 (z 2)3 (z + 1)2
+ z2
6.11 Calcular C (z+1)(z+3) dz , onde C uma curva fechada, envolvendo
todos os plos.
* 2 cos 3
(b) 0 54 cos d = 12 ,
* d
(c) = ,
0 1+sin2 2
* 2 2a
(d) 0
d
(a+b sin )2 = (a2 b2 )3/2
(a > |b|) ,
* 2 135(n1)
(e) 0
cosn d = 246n 2 .
7.1 Introduo
J vimos no Captulo 2 que uma funo contnua com derivadas contnuas
de todas as ordens pode ter uma representao em forma de srie de Taylor
em torno de um determinado ponto. Neste Captulo, veremos um outro
tipo de srie conhecida como srie de Fourier. Se uma funo for peridica,
esta pode ter uma representao em forma de uma srie de Fourier. A srie
de Fourier tem vrias aplicaes. Para ilustrar sua utilidade iremos aplica-
la para o clculo de somas numricas. Mas a srie de Fourier tem outras
utilidades tais como na soluo de problemas de valores de contorno (ver
Captulo 8).
f (x) = f (x + T ) , (7.1)
onde T uma constante.
As Figs. 7.1 e 7.2 so exemplos de funes peridicas. No caso da funo
de onda quadrada temos que
Jean Baptiste Joseph Fourier (1768 - 1830) nasceu em Auxerre, Frana. rfo aos
8 anos, Fourier foi colocado no Colgio Militar, dirigido pelos beneditinos. Ao estudar a
conduo de calor foi levado a criar um novo tipo de desenvolvimento em srie, diferente
da srie de Taylor, empregando funes peridicas em vez de potncias, e que recebeu
seu nome.
134 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1 , 1 < x < 0 ,
f (x) = (7.2)
1, 0<x<1,
onde T = 2. No caso da funo dente-de-serra temos
f (x)
+1
3 2 1 +1 +2 +3 x
1
f (x)
6 4 2 +2 +4 +6 x
0 Exemplo 7.1
Mostre que1 o conjunto de funes
1
m (x) = L cos L x , m = 0, 1, 2, . . . , com L x L, ortogo-
m
nal.
Soluo: Denotemos por Imn a integral
L m n
1
Imn = cos x cos x dx . (7.7)
L L
L L
Usando a identidade trigonomtrica
1
cos A cos B = [cos(A B) + cos(A + B)] , (7.8)
2
com A e B escolhidos convenientemente, encontramos
L
1 (m n) (m + n)
Imn = cos x + cos x dx
2L L L L
1 L (m n)
= sin x
2L (m n) L
L
L (m + n)
+ sin x . (7.9)
(m + n) L L
L
1 2m
Imm = 1 + cos x dx
2L L L
136 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
L
1 L (m + n)
= x+ sin x
2L 2m L L
= 1. (7.10)
Ento Imn = mn .
Podemos
0 mostrar de forma anloga1 que o conjunto de
funes m (x) = 1L sin m
L x , m = 1, 2, . . . , com L x L, tam-
bm ortogonal.
m m
a0
f (x) = + am cos x + bm sin x . (7.11)
2 m=1
L L
L m
1
am = f (x) cos x dx , m = 0, 1, 2, 3, . . . ,
L L L
L m
1
bm = f (x) sin x dx , m = 1, 2, 3, . . . . (7.12)
L L L
L L
1 2 a0 1
f (x) dx = f (x) dx
L L 2 L L
a0
L m
1
+ am x dx
f (x) cos
L L L
m=1
am
1
L m
+bm f (x) sin x dx
L L
L
bm
a20
= + (a2m + b2m ) . (7.13)
2 m=1
A equao
1 L
a20
f 2 (x) dx = + (a2m + b2m ) , (7.14)
L L 2 m=1
L
= 2 f (x) dx . (7.15)
0
Por outro lado, se f (x) uma funo mpar, isto , f (x) = f (x),
ento
L 0 L
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
L L 0
0 L
= f (x) dx + f (x) dx
L 0
L L
= f (x) dx + f (x) dx
0 0
= 0. (7.16)
m
Se f (x) uma funo par, ento f (x) cos m
L x par e f (x) sin L x
mpar. Logo, de (7.12) e (7.11), conclumos que
L m
1
am = f (x) cos x dx , m = 0, 1, 2, 3, . . . , (7.17)
L L L
bm = 0, (7.18)
a0
m
f (x) = + am cos x . (7.19)
2 m=1
L
Se f(x) uma funo mpar, ento f (x) cos m L x mpar e
f (x) sin m
L x par. Logo, de (7.12) e (7.11), conclumos que
am = 0, (7.20)
L m
1
bm = f (x) sin x dx , m = 1, 2, 3, . . . , (7.21)
L L L
m
f (x) = bm sin x . (7.22)
m=1
L
2
am = x2 cos(mx) dx
0
1 1 2 2x
= x2 2 sin(mx) + 2 cos(mx)
m m m 0
m
(1)
= 4 , (7.23)
m2
para todo m = 0. Se m = 0,
2
2 2
a0 = x2 dx = . (7.24)
0 3
Inserindo os resultados na equao (7.19) encontramos
2 (1)m
x2 = +4 cos(mx) , (7.25)
3 m=1
m2
para todo x .
fcil mostrar que, tomando-se x = na equao acima, obtemos o
valor da soma numrica
1 2
= . (7.26)
m=1
m2 6
Exemplo 7.3 Achar a srie de Fourier da funo dente-de-serra da
Fig. 7.2.
Soluo: A funo par, com efeito bm = 0, e
2 mx
am = x cos dx
0 2
mx mx 2
2 4
= x sin + 2 2 cos
m 2 m 2 0
4
= [(1) 1] ,
m
(7.27)
m2 2
para todo m = 0. Se m = 0, ento
2
a0 = x dx = 2 . (7.28)
0
140 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
4 [(1)m 1] mx
|x| = 1+ cos
2 m=1 m2 2
8 1 (2m + 1)x
= 1 2 cos , (7.29)
m=0 (2m + 1)2 2
para todo 2 x 2.
Exemplo 7.4 Usando a identidade de Parserval e o Exemplo 7.3,
mostrar que
1 4
= . (7.30)
m=1
m4 90
Note que este resultado foi usado na soluo do Problema 2.10.
Soluo: Pela identidade de Parserval (7.14),
2 2
1 22 16 [(1)m 1]
x2 dx = + ,
2 2 2 m=1
m4 4
8 64 1
= 2+ ,
3 4 m=0 (2m + 1)4
1 4
= . (7.31)
m=0
(2m + 1)4 96
Seja agora a soma
1
S= . (7.32)
m=1
m4
Temos
1 1
S = +
m=0
(2m + 1)4 m=1 (2m)4
4 1 1
= + 4
96 2 m=1 m4
4 S
= + , (7.33)
96 16
de onde se obtm o valor desejado S = 4 /90.
Captulo 7: Sries de Fourier 141
7.7 Problemas
7.1 Seja a funo
0 , t 0 ,
f (t) =
sin t , 0 t .
1 1 2 cos t
f (t) = + sin t .
2 n=2,4,6,...
n2 1
4 cos nx
f (x) = .
2 n=1,3,5,...
n2
7.4 Usando
f (x) = x4 , x ,
mostrar que
1 4
4
= ,
n=1
n 90
e que
(1)n+1 7 4
= .
n=1
n4 720
142 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
sinh(a) 2a sinh(a) (1)n
cosh(ax) = + cos(nx) ,
a n=1
n 2 + a2
para todo a = 0.
nx
2 (1)m b2 m na mx
sinh = sinh sin ,
b m=1 b2 m2 + a2 n2 b a
para todo x .
Captulo 8
Problemas de Valores de
Contorno
8.1 Equao de Difuso do Calor
8.1.1 Condies de Contorno Homogneas
Neste Captulo no discutiremos a teoria geral das equaes diferenciais
parciais. Ao contrrio, aprenderemos como resolve-las atravs de alguns
exemplos relacionados com alguns fenmenos fsicos importantes. Comece-
mos pela equao de difuso do calor a qual dada por
2u
2
x2
=
u
t
, (8.1)
onde u a temperatura ao longo de uma barra metlica de comprimento 2L.
Suporemos que a face lateral da barra esteja isolada, de tal modo que no
haja uxo de calor ao longo da direo radial, mas sim somente ao longo
da direo paralela ao eixo da barra. A constante est relacionada com a
condutividade trmica, a densidade especca, e o calor especco da barra
(ver Fig. 8.1).
Suponhamos que a distribuio inicial de temperatura seja conhecida,
u(x, 0) = f (x), L x L . (8.2)
Esta equao tambm conhecida como condio inicial.
Suponhamos tambm que as extremidades da barra sejam mantidas s
temperaturas xas T1 e T2 . Estas so conhecidas como condies de con-
torno. Sem perda de generalidade, podemos considerar as condies homo-
144 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
x=0
x
2L
x = L x = +L
u(L, t) = 0 u(L, t) = 0
x
L u(x, 0) = f (x) +L
Figura 8.2:
X 1 T
= 2 , (8.5)
X T
onde a linha denota a derivada com relao a x e o ponto a derivada com
relao a t. Uma vez que (x, t) so duas variveis independentes, os dois
lados da equao acima devem ser uma constante. Temos
X
= 2 ,
X
1 T
= 2 . (8.6)
2 T
Podemos escrever as equaes acima como
X + 2 X = 0 , 2 2
T + T = 0 . (8.7)
A constante de separao foi escolhida convenientemente como 2 , de
tal modo que a equao para X parea-se com a equao de um oscilador
harmnico simples. Consideremos o primeiro caso = 0. Temos, X = 0
cuja soluo dada por X(x) = k1 x + k2 . As constantes de integrao k1
e k2 podem ser obtidas usando-se as condies de contorno (8.3), ou seja,
X(L) = 0. Temos
k1 L + k2 = 0 ,
k1 L + k2 = 0 , (8.8)
k1 cos(L) + k2 sin(L) = 0 ,
k1 cos(L) k2 sin(L) = 0 . (8.10)
Em princpio deveramos ter escolhido uma constante de separao arbitrria po-
sitiva, negativa ou nula. No difcil mostrar que no existe soluo para X(x) que
satisfaa as condies de contorno para o caso < 0. Logo, consideramos somente os
casos = 2 0.
146 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
u(x, t) = bn un (x, t)
n=1
2
nx
(n/L)2 t
= bn e sin . (8.16)
n=1
L
2 v (x) = 0 , L x L , (8.22)
cuja soluo geral dada por v(x) = k1 x + k2 . Das condies de contorno
(8.20), vemos que v(x) satisfaz as seguintes condies
T2 T1 T 1 + T2
v(x) = x+ . (8.24)
2L 2
A soluo geral pode ser obtida superpondo a soluo estacionria (8.24)
com uma distribuio transiente w(x, t). Temos
2w w
2
2
= . (8.26)
x t
As condies de contorno para a soluo transiente so homogneas,
pois, de (8.20) e (8.23) fcil vericar que
T2 T1 T 1 + T2
nx
u(x, t) = x+ + bn sin , (8.29)
2L 2 n=1
L
onde agora
n
1 L
T 2 T1 T 1 + T2
bn = f (x) x sin x dx . (8.30)
L L 2L 2 L
2u 2u
= a2 , (8.31)
x2 t2
sujeitas s condies de contorno conforme ilustradas na Fig. 8.3.
Note que agora temos duas condies inicias, pois a equao diferencial
parcial de segunda ordem no tempo.
Igualmente ao caso anterior, usamos o mtodo de separao de variveis
escrevendo
u(L, t) = 0 u(L, t) = 0
x
L u(x, 0) = f (x) +L
u(x,t)
t = g(x)
t=0
Figura 8.3:
nx
nat
un (x, t) = sin cos ,
L L
nx
nat
vn (x, t) = sin sin . (8.35)
L L
nx
nat
nat
un (x, t) = sin bn cos + an sin . (8.36)
n=1
L L L
nx
u(x, 0) = f (x) = bn sin ,
n=1
L
na nx
u(x, t)
= g(x) = cn sin . (8.37)
t t=0 n=1
L L
L n
1
bn = f (x) sin x dx ,
L L L
na L n
1
cn = g(x) sin x dx . (8.38)
L L L L
2u 2u
+ 2 =0, (8.39)
x2 y
sujeita s condies de contorno de Dirichlet num retngulo conforme ilus-
trado na Fig. 8.4.
Johann Peter Gustav Lejeune Dirichlet (1805 - 1859), nascido em Dren, Alemanha.
Notabilizou-se por importantes contribuies teoria dos nmeros e pelo melhoramento
na demonstrao no teorema de Fourier.
! John Von Neumann (1903 - 1957), matemtico hngaro de origem judaica. Participou
da construo do ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator ), o primeiro
computador digital eletrnico da era moderna.
Captulo 8: Problemas de Valores de Contorno 151
+b u(x, b) = 0
u(a, y) = 0
+a
x
a
u(a, y) = f (y)
u(x, b) = 0 b
Figura 8.4:
X 2 X = 0 , Y + 2 Y = 0 . (8.41)
As condies de contorno da Fig. 8.4 implicam em Y (b) = 0. Assim,
similarmente aos casos anteriores, encontramos a seguinte soluo para a
segunda das equaes (8.41)
ny
Y (y) = k2 sin . (8.42)
b
As funes ex so duas solues linearmente independentes da primei-
ra das equaes (8.41). Portanto
X(x) = j1 ex + j2 ex . (8.43)
Atravs da condio de contorno X(a) = 0, facilmente obtida da
Fig. 8.4, obtemos j1 = j2 e2a . Substituindo j1 de volta ltima equao
acima, encontramos
2 u 1 u 1 2u
+ + 2 2 =0. (8.48)
r 2 r r r
Suponhamos o mesmo problema de Dirichlet, porm com as condio de
contorno sobre um crculo conforme ilustrado na Fig. 8.5.
Alm da condio de contorno da gura, tambm iremos impor que
u(0, ) nita, e que u(r, ) seja peridica de perodo 2 .
Como usual, empregamos o mtodo de separao de variveis
() = j1 e + j2 e . (8.51)
Captulo 8: Problemas de Valores de Contorno 153
u(a, ) = f ()
Figura 8.5:
u0 (r, ) = 1 . (8.52)
j1 [cos(2) 1] + j2 sin(2) = 0 ,
j2 [cos(2) 1] j1 sin(2) = 0 . (8.55)
un (r, ) = rn cos(n) ,
vn (r, ) = rn sin(n) . (8.57)
n 1
a cn = f () cos(n) d , n = 0, 1, 2, 3, . . . ,
1
an kn = f () sin(n) d , n = 1, 2, 3, . . . . (8.59)
Captulo 8: Problemas de Valores de Contorno 155
c0 n
u(r, ) = + r [cn cos(n) + kn sin(n)] , (8.60)
2 n=1
onde
1
an cn = f () cos(n) d , n = 0, 1, 2, 3, . . . ,
1
an kn = f () sin(n) d , n = 1, 2, 3, . . . . (8.61)
u(x,t) u(x,t)
x =0 x =0
x=L x=L
x
L u(x, 0) = f (x) +L
Figura 8.6:
8.4 Problemas
8.1 Considere uma barra com as extremidades isoladas. Neste caso no
h passagem de calor pelas extremidades. As condies de contorno
esto ilustradas na Fig. 8.6. Resolver a equao de difuso do calor
(8.1) empregando as condies de contorno especicadas no digrama
xt.
+b u(x, b) = g(x)
u(a, y) = 0
+a x
a
u(a, y) = 0
u(x, b) = 0 b
Figura 8.7:
A
L (x + L) , L x L/2 ,
L x , L/2 x L/2 ,
A
g(x) =
A
L (L x) , L/2 x L ,
onde r < a.
Sugesto : Use o resultado do Problema 6.1.
Captulo 9
Funo Delta de Dirac
9.1 Introduo
Antes de iniciarmos o estudo da funo delta de Dirac, recordemos o conceito
de funo. Seja X um conjunto de elementos de nmeros reais simbolizados
pela varivel x. Seja tambm um segundo conjunto de nmeros reais Y .
Uma funo f (x) uma aplicao ou transformao de X em Y . A cada
valor de x em X , associamos um valor f (x) em Y ; f (x) pode associar
um valor de X a um ou mais valores de Y . O conjunto X chamado de
domnio da funo e Y de sua imagem. Este conceito pressupe que ambos
os conjuntos sejam formados por nmeros nitos.
A funo delta de Dirac denida por
x = 0 ,
(x) =
0,
, x=0.
(9.1)
Note que esta funo no se enquadra dentro do conceito de funo
estabelecido anteriormente, pois singular no ponto x = 0. Por esta razo,
a funo delta de Dirac freqentemente chamada de funo imprpria.
Conforme veremos mais adiante, essa funo no deve ser entendida no
sentido usual de funo, mas sim como uma distribuio. Isto signica
dizer que a funo delta deve ser tal que
(x) dx = 1 . (9.2)
sculo passado. Ele inventou uma engenhosa forma de lidar com innitos,
o que inicialmente causou muito desconforto aos matemticos. Porm, mais
tarde, Schwartz! desenvolveu uma nova teoria matemtica, chamada de
teoria das distribuies, onde se provou que a proposio de Dirac estava
correta e a dava consistncia.
Existem vrias representaes da funo delta que obedecem a proprie-
dade fundamental (9.2). Na realidade, a funo delta de Dirac uma funo
extremamente pontiaguda em torno de um determinado ponto da reta (ver
Fig. 9.1). Pulsos so exemplos tpicos de funes delta, como por exemplo
uma fora aplicada a um corpo em um tempo innitesimalmente pequeno.
y
(x)
0 , |x| > 1/n ,
n (x) = (9.3)
2 , |x| < 1/n ,
n
1/n
n
lim n (x) dx = lim dx
n n 1/n 2
n 1/n
= lim x
n 2 1/n
= 1. (9.5)
Existem inmeras outras representaes da funo delta. As mais nor-
malmente usadas so
1 n
(x) = lim , (9.6)
1 + n2 x2
n
1 sin(nx)
(x) = lim , (9.7)
n x
n 2 2
(x) = lim en x . (9.8)
n
A seqncia {n (x), n = 1, 2, 3, . . .} conhecida como seqncia delta. A
seqncia (9.3) ilustrada na Fig. 9.2. Note que quanto maior o valor de
n, maior a intensidade do pico da funo n (x) em torno do ponto x = 0
e menor a sua largura. Usando o teorema dos resduos (ver Seo 6.10),
podemos mostrar que
1 n
dx = 1 , (9.9)
1 + n2 x2
1 sin(nx)
dx = 1 . (9.10)
x
Uma forma equivalente representao (9.7) e de grande utilidade
+
1
(x) = eikx dk , (9.11)
2
(ver Problema 9.4).
160 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
x
1 21 51 1 1
5 2 1
Assim, a funo delta atua como um ltro, ou seja, ela seleciona apenas o
valor f (a) de f (x). Na Fig. 9.3 ilustramos geometricamente esta importante
propriedade.
Esta propriedade pode ser facilmente demonstrada usando-se o teorema
da mdia do clculo integral. Temos
(x a)f (x) dx = lim n (x a)f (x) dx
n
Captulo 9: Funo Delta de Dirac 161
(x)
f (a)
f (x)
x
a
Figura 9.3:
a+1/n
n
= lim f (x) dx
a1/n 2
n
n 2 1 1
= lim f () , a a +
n 2 n n n
= lim f ()
n
= f (a) . (9.13)
Outras propriedades importantes da funo delta so:
2 2
(x a )f (x) dx = ((x a)(x + a))f (x) dx
a+
= ((x a)(x + a))f (x) dx
a
a
+ ((x a)(x + a))f (x) dx
a+
a+
= (2a(x + a))f (x) dx
a
a
+ (2a(x a))f (x) dx . (9.17)
a+
N
f (x )
(y(x))f (x) dx = i . (9.18)
dy
i=1
dx x=xi
(x x )
x
x
d d
f (x ) (x x ) dx
= f (x )(x x ) dx
dx dx
x
d
= f (x ) (x x ) dx
dx
=1
f (x ) (x x ) dx
x
=0
x
d
= f (x ) dx
dx
= f (x)
= f (x )(x x) dx , (9.20)
de onde se obtm
d
(x x) = (x x ) . (9.21)
dx
0, r = 0 ,
(r) = (9.22)
, r=0,
onde r um vetor de coordenadas (x, y, z). Similarmente ao caso unidimen-
sional (9.2), temos que
(r) dx dy dz = 1 , (9.23)
40
30
(x,y)
20
10
0
0.2
0.1 0.2
0 0.1
-0.1 0
-0.1
-0.2 -0.2
y x
2
(r r ) dx dy dz = (r r ) d d dz .
0 0
(9.25)
Captulo 9: Funo Delta de Dirac 165
b b
f (x)m (x) dx = cn m (x)n (x) dx
a n a
= cn mn
n
= cm . (9.30)
Substituindo cn de volta em (9.29), obtemos
, -
b
f (x) = f (x )n (x ) dx n (x)
n a
, -
b
= f (x ) n (x)n (x ) dx . (9.31)
a n
166 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
9.7 Problemas
9.1 Mostre que uma distribuio de cargas pontuais pode ser escrita em
termos de uma funo delta:
N
(r) = qi (r ri ) ,
i=1
1 n 1 sin(nx) n 2 2
n (x) = 2 2
, n (x) = , n (x) = en x .
1+n x x
Desenhe os grcos destas funes para n = 1, 2, 3. Verique que,
quanto maior for o valor de n, mais estas funes se localizam em
torno de x = 0.
9.3 Considere a representao (9.8) da funo delta. Mostre que os pontos,
onde os o valores da funo correspondem
metade do mximo em
x = 0, so dados por x = ln 2/n. A distncia entre estes dois
pontos a largura do pico. Note que quando n , a largura
tende a zero e o mximo ao innito, porm a integral da funo em
toda reta vale um. Faa um esboo desta funo demonstrando estas
caractersticas.
9.4 Mostre que a seqncia delta
1 sin(nx)
n (x) = ,
x
tambm pode ser escrita como
n
1
n (x) = eikx dk .
2 n
1
(x) = lim ,
k 1 + e2kx
uma boa aproximao para a funo de Heaviside.
1
(r r ) = (r r )(cos cos )( ) .
r2
9.8 Mostre que {n (x) = einx/L / 2L , n = 0, 1, 2, . . .} forma um
conjunto completo de funes ortonormais no intervalo L x L.
E, conseqentemente,
1 in(xx )/L
(x x ) = e .
2L n=
Captulo 10
Transformadas de Fourier
10.1 Teorema de Fourier
O teorema de Fourier pode ser enunciado da seguinte forma.
Teorema 10.1 Seja f (x) uma funo tal que satisfaa as seguintes condi-
es:
1
f (x) = F (q)eiqx dq ,
2
F (q) = f (x)eiqx dx . (10.1)
, imx - , imx -
a0 imx
e L + e L e L e L
imx
f (x) = + am + bm
2 m=1
2 2i
1
a0 1 imx 1 imx
= + am + bm e L + am bm e L .
2 m=1
2 i i
(10.3)
1
a0 1 mx 1 imx
f (x) = + (am ibm ) e L + (am + ibm ) e L .
2 m=1
2 m=
2
(10.4)
A equao acima pode ser escrita abreviadamente na forma
1
f (x) = Fm eimx/L , (10.5)
2 m=
onde
am ibm , m1,
Fm = a0 , m=0, (10.6)
am + ibm , m 1 .
Se f (x) uma funo conhecida, podemos determinar os coecientes Fm
em termos de uma integral envolvendo esta funo. Com este objetivo, pri-
meiramente multiplicamos ambos os lados da equao (10.5) por einx/L /L
e integramos o resultado entre L e L. Temos
L
L
1 1 1
f (x)einx/L dx = Fm ei(nm)x/L dx ,
L L 2 m=
L L
L
1
ei(nm)x/L dx = mn . (10.7)
L L
, -
1 1 L
imx /L
f (x) = f (x )e dx eimx/L
2 m=
L L
1 L
1
im(x x)
= f (x ) e dx . (10.9)
2 L L m=
1
f (x) = f (x ) eiq(x x) dq dx
2
1
= F (q)eiqx dx , (10.10)
2
onde
F (q) = f (x)eiqx dx . (10.11)
1
f (x) = F (q)eiqx dq ,
2
1
F (q) = f (x)eiqx dx , (10.12)
2
com as quais lidaremos daqui em diante.
Chamamos F (q) de transformada de Fourier direta de f (x), e de f (x) a
transformada de Fourier inversa de F (q). Simbolicamente temos
F (q)G(q)eiqx dx = f (y)g(x y) dy
= f (x y)g(y) dy
= 2f g , (10.15)
onde
1
f g = f (x y)g(y) dy , (10.16)
2
1
dq
F (q)G(q) = f (x)eiqx dx
2
1
g(y)eiqy dy dq
2
1
= f (x) g (y) eiq(xy) dq dx dy
2
= f (x) g (y)(x y) dx dy
= f (x)g (x) dx . (10.19)
Note que se f (x) for uma funo par, ento F {f (x)} = Fc {f (x)}, e se f (x)
for mpar, ento F {f (x)} = Fs {f (x)}.
Exemplo 10.1 Determinar a transformada de Fourier da funo
f (x) = ea|x| , para todo a > 0.
Soluo: Lembrando que |x| = x se x > 0, e que |x| = x se x < 0,
temos que
0
1 (a+iq)x (a+iq)x
F (q) = e dx + e dx
2 0
1 1 1
= +
2 a + iq a + iq
7
2 a
= . (10.24)
a2 + q 2
Exemplo " 10.2 Determinar a transformada de Fourier inversa da
funo F (q) = 2/ sin(aq)/q para todo a > 0.
Soluo:
1 sin(aq) iqx
f (x) = e dq
q
1 sin(aq)
= cos(qx) dq
q
1 sin[(a + x)q] sin[(a x)q]
= dq + dq .
2 q q
(10.25)
Usando o teorema de Cauchy, mostramos anteriormente que a primeira
das integrais acima dada por para todo x > a e a segunda por para
todo x < a. Logo f (x) = 1 para todo |x| < a, e zero para todos os outros
casos.
Exemplo 10.3 Determinar a transformada de Fourier inversa da
funo H(q) = (2/)ab/(q 2 + a2 )(q 2 + b2 ).
Soluo: H duas maneiras de determinar a transformada inversa. Uma
seria usando o teorema dos resduos. A outra, talvez mais simples, seria
usando o teorema de convoluo. Seguiremos esse ltimo caminho. Note
que H(q) = F (q)G(q) um produto de duas transformadas de Fourier,
onde " "
F (q) = 2/a/(q 2 + a2 ) e G(q) = 2/b/(q 2 + b2 ). Assim, usando o
resultado do Exemplo 10.1 e (10.15), temos que
174 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
1
h(x) = ea|y| eb|xy| dy
2
0
1 ay b|xy| ay b|xy|
= e e dy + e e dy
2 0
1 ay b|x+y| ay b|xy|
= e e dy + e e dy (10.26)
,
2 0 0
x
1 bx (a+b)y bx
h(x) = e e dy + e e(ba)y dy
2 0 0
bx (a+b)y
+e e dy
x
2 1 bx
= 2 2
ae beax . (10.27)
(a b )
Exemplo 10.4 Determinar a soluo da equao diferencial h (x) +
10.6 Problemas
10.1 Calcular a transformada de Fourier cosseno das seguintes funes
1
(a) f (x) = x2 +a2 ,
x
(a) f (x) = x2 +a2 ,
sin(ax)
(c) f (x) = x ,
1
(c) F (q) = |q| ,
2 q(x, ) q(x, )
2
= .
x
2
ex /4
q(x, ) = S .
4
d2 y dy
+ B(x)
A(x) + C(x)y = 0 . (11.2)
dx2 dx
Conforme j vimos no Captulo 5, a EDH tambm pode ser reescrita
como
L y(x) = 0 , (11.3)
onde L o operador diferencial linear denido por (5.3). O operador ad-
junto denido por
d2 [A(x)y(x)] d[B(x)y(x)]
Ly(x) = + C(x)y(x) . (11.4)
dx2 dx
Sejam u e v duas solues da EDH. O operador diferencial L dito
auto-adjunto se satiszer a condio
b b
uL v dx = v Lu dx . (11.5)
a a
b b
b
d2 v
b
dv
uL v dx = uA 2 dx + uB dx + uCv dx
a a dx a dx a
b b
dv d(Au) dv
= uA dx
dx a a dx dx
b b
b d(Bu)
+ uBv|a v dx + vCu dx
a dx a
b b b
dv d(Au) d2 (Au)
= uA v + v dx
dx a dx a a dx2
b b
b d(Bu)
+ uBv|a v dx + vCu dx
a dx a
b
d2 (Au) d(Bu)
= v dx + Cu dx
a dx2 dx
Captulo 11: Teoria de Sturm-Liouville: Funes Ortogonais 179
* B(x)
dx dy 2
B(x) * B(x)
dx dy C(x) * B(x)
dx
e A(x) + e A(x) + e A(x) y=0. (11.9)
dx2 A(x) dx A(x)
* *
d B(x)
dx dy
B(x)
dx dy 2
B(x) * B(x)
dx dy
e A(x) =e A(x) + e A(x) . (11.10)
dx dx dx2 A(x) dx
C(x)
p(x) = w(x) q(x) . (11.13)
A(x)
A equao de Sturm-Liouville usualmente escrita como
Por razes bvias, em problemas prticos, desconsideramos a constante de integrao.
180 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
onde
d d
L = p(x) q(x) . (11.15)
dx dx
d dym
p(x) + q(x)ym = n w(x)ym ,
dx dx
d dyn
p(x) + q(x)yn = m w(x)yn . (11.16)
dx dx
Multiplicando a primeira das duas equaes acima por yn , a segunda
por ym , subtraindo os resultados e integrando no intervalo a x b,
encontramos
b
d dyn d dym
ym p(x) yn p(x) dx
a dx dx dx dx
a
+(m n ) w(x)ym (x)yn (x) dx = 0 . (11.17)
b
y 2xy + 2y = 0 , (11.20)
onde uma constante.
Soluo: No caso em questo, A(x) = 1, B(x) = 2x e C(x) = 2;
substituindo em (11.12), vem que
* 2
(2x) dx
p(x) = e = ex . (11.21)
Por meio de (11.13), temos que
2 x2 2
w(x) q(x) = e = 2ex , (11.22)
1
2
de onde obtemos q(x) = 0, = 2 e w(x) = ex . Portanto, substituindo
os resultados em (11.1), nalmente obtemos
d x2 dy 2
e + 2ex y = 0 . (11.23)
dx dx
11.4 Problemas
11.1 Considere as seguites equaes diferenciais ordinrias, lineares, e de
segunda ordem.
Equao de Legendre:
Equao de Chebyshev:
(1 x2 )y xy + n2 y = 0 .
182 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
Equao de Bessel:
x2 y + xy (x2 n2 )y = 0 .
Equao de Laguerre:
xy + (1 x)y + y = 0 .
xy + (k + 1 x)y ( k)y = 0 .
Equao de Hermite:
y 2xy + 2y = 0 .
y + 2 y = 0 .
Tabela 11.1:
de Legendre 1 x2 0 l(l + 1) 1
2
de Legendre associada 1 x2 1x
m
2 l(l + 1) 1
de Chebyshev 1 x2 0 n2 1
1x2
2
de Bessel x nx a2 x
de Laguerre xex 0 ex
do OHS 1 0 2 1
Captulo 12
Polinmios de Hermite
12.1 Introduo
Neste Captulo estudaremos os polinmios de Hermite dentro de um con-
texto fsico onde eles emergem naturalmente. Para isto escolhemos a soluo
da equao de Schrdinger para o oscilador harmnico simples.
2 d2 () 1 2
2m d 2
+ k () = E() .
2
(12.2)
conveniente fazer uma mudana de varivel de tal forma que as gran-
dezas fsicas tornem-se adimensionais. Seja, = x, onde = (2 /mk)1/4 ;
note que tem dimenso de comprimento. Desta forma, usando a regra da
cadeia, encontramos
d2 () 1 d2 (x)
d()
d
=
1 d(x)
dx
,
d 2
=
2 dx2
. (12.3)
Captulo 12: Polinmios de Hermite 185
+ x2 = , (12.4)
"
onde = 2E/ , sendo que = k/m a freqncia natural de oscilao
do oscilador harmnico simples.
Suporemos que a funo de onda de quadrado somvel , isto , (x)
0, quando x . Antes de resolver a equao (12.4), busquemos as
solues assintticas que satisfaam as condies de contorno. Na regio
assinttica, os termos dominates da equao so
+ x2 = 0 , (12.5)
2
cuja soluo aproximada dada por (x) = ex /2 . Isto pode ser vericado
por substituio direta da soluo aproximada no membro esquerdo da EDH
acima. Temos
2
+ x2 = ex /2
0 , quando x . (12.6)
Assim, para satisfazer as condies de contorno, escrevemos a soluo
de (12.4) como
2
(x) = ex /2
y(x) , (12.7)
onde y(x) uma funo a ser determinada. Temos
2
(x) = [y (x) xy(x)] ex /2 ,
2
(x) = y (x) 2xy (x) y(x) + x2 y(x) ex /2 . (12.8)
y(x) = an xn , y (x) = nan xn1 , y (x) = n(n 1)an xn2 .
n=0 n=0 n=0
(12.10)
Substituindo na EDH (12.9), vem que
[(n + 1)(n + 2)an+2 + ( 2n 1)] xn = 0 , (12.11)
n=0
de onde se obtm a relao de recorrncia
2n + 1
an+2 = an , n 0 . (12.12)
(n + 1)(n + 2)
Os coecientes pares esto relacionados com a0 e os mpares com a1 .
Isto produz duas solues linearmente independentes. Agora, note que
an+2 2n + 1
lim = lim
n an n(n + 1)(n + 2)
1
= lim
l l + 1
= 0, (12.13)
onde usamos a regra de L'Hpital e l = n + 1/2. Logo a srie converge para
todo < x < . No entanto, note que 1/(n + 1) a razo entre os
coecientes adjacentes da srie da funo
2 x2 x4 x6
ex = 1+ + + +
1! 2! 3!
x2n
= , (12.14)
n=0
n!
pois
an+2 n!
lim = lim
n an (n + 1)!
n
1
= lim
n n + 1
= 0. (12.15)
2
Isto signica que o comportamento assinttico de y(x) do tipo ex para
x . Este comportamento de y(x) viola as condies de contorno, pois
Captulo 12: Polinmios de Hermite 187
2
(x) ex /2 , a qual tende ao innito quando x . Todavia, as
solues podem ser regularizadas truncando a srie para um determinado
valor de n = m. Temos
2m + 1 = 0 , (12.16)
m
de onde obtemos a quantizao da energia E = 2 + 1 .
Assim, as duas solues linearmente independentes sero dadas pelos
seguintes polinmios
2
n (x) = ex Hn (x) . (12.20)
A soluo geral de (12.4) obtida pelo princpio de superposio. Mais
adiante
* veremos como normalizar a funo de onda de tal modo que
m (x) n (x) dx = mn . Antes, iremos estudar uma srie de propri-
edades dos polinmios de Hermite.
n
[2]
(1)l 2(n 2l)
n! (2x)n2l1 = C(n 1)!
l!(n 2l)!
l=0
[ n1
2 ]
(1)l
(2x)n2l1 . (12.24)
l!(n 2l 1)!
l=0
1 1
n! 2n = C(n 1)! C = 2n . (12.25)
n! (n 1)!
e
Hn (x) = 2nHn1 (x) . (12.26)
Captulo 12: Polinmios de Hermite 189
Esta relao de recorrncia pode ser usada para obter outras relaes im-
portantes. Vejamos um exemplo. Derivando (12.26), encontramos Hn (x) =
2nHn1 (x). Levando este resultado e (12.26) na equao de Hermite
(12.21), temos que
2nHn1 (x) 2x[2nHn1 (x)] + 2nHn (x) = 0 , (12.27)
de onde se deduz que
d
Hn (x) = 2xHn1 (x) Hn1 (x) = 2x Hn1 (x) , (12.28)
dx
como tambm
2
d
Hn (x) = 2x Hn2 (x)
dx
3
d
= 2x Hn3 (x)
dx
..
. n
d
= 2x H0 (x) . (12.30)
dx
Assim, os polinmios de Hermite podem ser determinados por aplicao
sucessiva do operador diferencial (2x d/dx) ao polinmio de mais baixa
ordem H0 (x).
pn (x) n
g(x, t) = t . (12.31)
n=0
n!
190 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
Hn (x) n
g(x, t) = t . (12.32)
n=0
n!
g(x, t) Hn (x) n1
= nt
t n=1
n!
Hn+1 (x)
= (n + 1)tn
n=0
(n + 1)!
Hn+1 (x) n
= t . (12.33)
n=0
n!
g(x, t) Hn (x) n Hn1 (x) n
= 2x t 2 n t
t n=0
n! n=1
n!
Hn (x) n+1
= 2xg(x, t) 2 (n + 1) t
n=0
(n + 1)!
Hn (x) n
= 2xg(x, t) 2t t
n=0
n!
= (2x 2t)g(x, t) . (12.34)
h(x) 1 + (2xt t2 ) + = H0 (x) + H1 (x)t + ,
h(x) + h(x)(2x)t + = H0 (x) + H1 (x)t + , (12.37)
1 n g(x, t) Hn (x) n
g(x, t) = n
t n
= t , (12.39)
n=0
n! t t=0 n=0
n!
n (tx)2 n
n 2
n
e = (1) n
e(tx) . (12.41)
t x
Portanto,
n x2 n (tx)2
Hn (x) = (1) e e
xn t=0
2 d
n 2
Hn (x) = (1)n ex ex . (12.42)
dxn
Esta equao conhecida como frmula de Rodrigues para os polinmios
de Hermite.
192 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
12.6 Ortogonalidade
Conforme vimos no Captulo 11, a teoria de Sturm-Liouville nos garante que
os polinmios de Hermite formam um conjunto completo de funes, pois
a equao diferencial de Hermite pode ser escrita na forma auto-adjunta.
Temos
2
ex Hm (x)Hn (x) dx = 0 , m = n . (12.43)
2 2 dn x2
In = ex [Hn (x)] dx = Hn (x)(1)n e dx , (12.44)
dxn
dn1 x2 dHn (x) dn1
In = n
(1) Hn (x) n1 e (1)n n1 dx
dx dx dx
2 2 2
= ex Hn (x)Hn1 (x) + 2n ex [Hn1 (x)] dx .
(12.45)
In = [2n][2(n 1)]In2
= [2n][2(n 1)][2(n 2)]In3
..
.
= [2n][2(n 1)][2(n 2)] [2.1] I0 = 2n n!I0 ,
nprodutos
(12.46)
* 2
onde I0 =
ex dx = . Finalmente obtemos In = 2n n! . Denin-
do
Captulo 12: Polinmios de Hermite 193
1 2
n (x) = ex Hn (x) , (12.47)
2n n!
a relao de ortogonalidade pode ser escrita como
m (x)n (x) dx = mn . (12.48)
12.7 Problemas
12.1 Mostre que
(2m)!
H2m (0) = (1)m ,
m!
H2m+1 (0) = 0.
2
12.2 Mostre que et cos(2xt) a funo geradora dos polinmios de Hermite
2
de ordem par e que et sin(2xt) a funo geradora dos polinmios de
Hermite de ordem mpar.
12.3 Mostre que os polinmios de Hermite tm a seguinte representao
integral
)
2 1 2
Hn (x) = ex n! tn1 e(tx) dt ,
2i C
2xtt2 Hn (x) n
e = t ,
n=0
n!
2 dn x2
Hn (x) = (1)n ex e .
dxn
12.6 Mostre que Hn (x) = (1)n Hn (x), ou seja, H2m (x) uma funo
par e H2m+1 (x) uma funo mpar.
1 1q (1 q)(2 q) 2
Bx (p, q) = xp + x+ x +
p p+1 2!(p + 2)
(1 q)(2 q) (n q) n
+ x + .
n!(p + n)
tanh x = 1 + 2 (1)n e2nx ,
n=1
1 1 1 1 1
= 1 + + + (1)n + .
4 3 5 7 9 2n + 1
x
= x + 2x2 + 3x3 +
(1 x)2
= nxn .
n=1
mg
v(t) = 1 ebt/m ,
b
onde b o atrito, m a massa do corpo em queda livre e g a acelerao
da gravidade local. Mostrar que
Captulo 13: Problemas Adicionais 197
1 bg 2
v(t) = gt + t + .
2m
1
A= Br,
2
satisfaz B = A.
6. Seja uma funo denida num volume V limitado por uma superfcie
fechada S . Supor que satisfaz a equao de Laplace. Mostrar que
a integral sobre qualquer superfcie fechada dentro de V da derivada
normal n ser zero.
198 Fsica-Matemtica: Teoria e Aplicaes
x = cos ,
y = sin ,
1 2
z= ( 2 ) .
2
u2 + v 2
x = ,
2
u2 v 2
y = ,
2
z = z.
4. Se
d2 y dy
x2 2x + (x2 + 2)y = x3 ex .
dx2 dx
Se y1 (x) = x cos x soluo da EDH associada, mostrar que a segunda
soluo dada por y2 (x) = x sin x, e que uma soluo particular da
EDNH dada por u(x) = 12 xex .
2. Seja a EDNH
d2 y dy 1 x2
(1 + x2 ) 2x + 2y = .
dx2 dx x
Se y1 (x) = x2 1 soluo da EDH associada, mostrar que a segunda
soluo dada por y2 (x) = x, e que uma soluo particular da EDNH
dada por u(x) = x ln x.
3. Seja a EDNH
d2 y dy
x2 x(2x + 3) + (x2 + 3x + 3)y = (6 x2 )ex .
dx2 dx
Se y1 (x) = x3 ex soluo da EDH associada, mostrar que a segunda
soluo dada por y2 (x) = xex , e que uma soluo particular da
EDNH dada por u(x) = ex (x2 + 2).
ab x a(a + 1)b(b + 1) x2
y(x) = 1 + + + ,
c 1! c(c + 1) 2!
com c = 0, 1, 2, 3, . . . .
Sugesto: Use apenas a raiz s = 0 da equao indicial.
y(x) = M (a, c; x)
ax a(a + 1) x2
= 1+ + +
c 1! c(c + 1) 2!
a(a + 1) (a + n) xn
+ + .
c(c + 1) (c + n) n!
x2 x4 x6 x2n
y(x) = 1 + + + + + .
[2!!]2 [4!!]2 [6!!]2 [(2n)!!]2
(12 n2 ) 3 (32 n2 ) 5
y1 (x) = c1 x + x + x + ,
3! 5!
2 2 2 2
n 2 (n 2 )n 4
y2 (x) = c0 1 x + x
2! 4!
(n2 42 )(n2 22 )n2 6
x + .
6!
T0 (x) = 1 ,
T1 (x) = x ,
T2 (x) = 2x2 1 ,
T3 (x) = 4x3 3x ,
* + x sin(ax)
(a) (x2 +b2 ) dx = eab , (a > 0, b > 0) ,
* x sin x (ea eb )
(b) 0 (x2 +a2 )(x2 +b2 ) dx = 2(b2 a2 ) , (a = b) ,
* cos(ax) a
(c) (x)2 + 2
dx = e cos(a) , (a > 0 , > 0 , > 0) ,
*
x sin(ax) ab/ 2 ab
(d) dx =
0 x4 +b4 2b2 e sin 2
, (a > 0 , b > 0) .
2. Considere a funo
eaz
f (z) = ,
1 + ez
no domnio R x R, 0 y 2 , ou seja um retngulo de
lados 2R e 2 (ver Fig. 13.1). Mostre que z = i um plo de f (z).
Expandir f (z) em uma srie de Laurent em torno deste ponto, isto ,
mostrar que
eaz eaz (z i) (z i)2
= 1 + .
1 + ez (z i) 2 12
Sugesto : Expandir 1 + ez em srie de Taylor em torno do ponto
z = i . Em seguida, escolhendo w apropriadamente, use 1/(1 + w) =
1 w + w2 , para calcular 1/(1 + ez ).
y
R + 2i R + 2i
R r R x
Figura 13.1:
+
eax
dx = , 0 < a < 1.
1 + ex sin(a)
) , -
+R R
eaz eax eax
dz = lim dx ei2a dx
C 1 + ez R R 1 + ex R 1 + ex
+ ax
e
= (1 ei2a ) dx ,
1 + ex
e que ao longo dos ramos verticais x = R, a integral anula-se no
limite R .
2. Considere a funo
1, 1 < x < 0 ,
f (x) =
1 , 0<x<1.
(1)n n x cosh(n y)
h(x, y) = 2H cos( ) ,
n=0
n a cosh(n b)
"
onde n = (n + 1/2) , e n = 1/2 + n2 /a2 .
+b h(x, b) = H
h(a, y) = 0
+a
x
a
h(a, y) = 0
h(x, b) = H b
Figura 13.2:
X 1 Y
= 2 =.
X Y
n x
Xn (x) = cos( ),
a
onde foi ignorado a constante de integrao. Usando as condies de
contorno, mostre que a soluo para Y (y) dada por
cosh(n y)
Yn (y) = H .
cosh(n b)
n x cosh(n y)
h(x, y) = H cn cos( ) .
n=1
a cosh(n b)
McGraw-Hill, 1968.
1988.
McGraw-Hill, 1975.
2000.
ndice Remissivo
Mathematica, 96 Ponto
MATLAB, 96 ordinrio, 81
Matriz singular, 81, 115
ortogonal, 62 irregular, 81
Matriz ortogonal, 40 regular, 81
Monopolo magntico, 55 Princpio de superposio, 146
Mtricas, 61 Produto
escalar, 34
Nmeros propriedade comutativa, 34
complexos, 102 propriedade distributiva, 34
adio e subtrao de, 102 misto, 37
conjugado de, 102 vetorial, 34
desigualdade triangular, 104 mdulo de, 35
diagrama de Argand, 103 propriedade anti-comutativa, 35
diviso de, 103 propriedade distributiva, 35
forma polar de, 104 Projeo de um vetor sobre um se-
mdulo de, 103 gundo vetor, 37
multiplicao de, 103
parte imaginria de, 102 Regra
parte real de, 102 de derivao, 16
de Bernoulli, 28 de L'Hpital, 16
do paralelogramo, 31
Operador Relao de recorrncia, 83
adjunto, 178 Resto da srie de Taylor, 21
auto-adjunto, 178 Rotacional
de abaixamento, 73 de uma funo vetorial, 44
de levantamento, 73 em coordenadas cilndricas, 67
diferencial L , 75, 178 em coordenadas esfricas, 68
momento angular, 73 em coordenas curvilneas, 65
nabla , 41 Rotao de coordenadas
frmulas que envolvem o, 46 em trs dimenses, 39
no plano, 38
Plo
de ordem n, 115 Srie
duplo, 115 de Fourier, 136
simples, 115 generalizada, 135
Perodo de um pndulo simples, 29 de Laurent, 116
Polinmio caracterstico, 94 de Maclaurin, 20
Polinmios de Taylor, 18, 81, 115
de Chebyshev, 201 de Taylor revisitada, 21
de Hermite, 187 Seqncia delta, 159
de Legendre, 27, 100 Singularidade essencial, 116
ndice Remissivo 211
Sistemas de coordenadas
cilndricas, 66
curvilneas, 60
esfricas, 67
ortogonais, 32, 40
retangulares, 32, 60
Teorema
de Stokes, 53, 108
do divergente, 51
dos resduos, 118
integral de Cauchy
domnio multiplamente conexo,
109
domnio simplesmente conexo,
108
Wronskiano, 77
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