Rqi 753

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Ano 84 N 753 4 trimestre de 2016

QI
Revista
ISSN: 23581697

de
Qumica Industrial
Edio Eletrnica 11 do N 753

Biossensores
e Sensores
Qumicos
2016

P
A biodiversidade na produo
de biocombustveis o
d
Teresina - Piau za
27 a 29 de abril de 2016 li
ea
Simpsio Nacional
de Biocombustveis
Trabalhos: 7 de maro R

P
SimpsioBase curricular nacional para
o Brasileiro de
a Qumica na educao bsica
d Educao
a
l iz Qumica Manaus - Amazonas
ea 10 a 12 de agosto de 2016
R Trabalhos: 15 de junho
IMPEQUI

P
Tecnologias limpas: Um desafio
o
ENTE Q UI econmico e ambiental
za
d
Goinia - Gois li
Encontro Nacional 19 a 21 de setembro de 2016 ea
de Tecnologia Qumica R
Trabalhos: 21 de julho

P
Qumica: Tecnologia, desafios
o e perspectivas na Amaznia
d

ea
li
z a
CBQ
Congresso Brasileiro
Belm - Par
7 a 11 de novembro de 2016
R de Qumica Trabalhos: 2 de agosto
Editorial
Nosso ltimo editorial de 2016 comea com o planejamento anual traado pelo
Editor e pelo Conselho Editorial para o ano de 2017 durante a reunio presencial do
o
Conselho Editorial e do Editor da RQI por ocasio do 56 CBQ de Belm. As seguintes
temticas centrais (matria de capa) sero: RQI 754 (1 trimestre de 2017):
Poluio Atmosfrica; RQI 755 (2 trimestre de 2017): Etanol de Segunda Gerao
(Etanol 2G). Esse tema est alinhado com o BIOCOM a ser realizado em Recife em
abril; RQI 756 (3 trimestre de 2017): Megatendncias: Desafios e Oportunidades
para o Futuro da Qumica (tema do 57 CBQ de Gramado); RQI 757 (4 trimestre de
2017): Poluio Indoor (qualidade do ar em ambientes selados/fechados). Cabe
ainda destacar que o nmero 754 trar uma mteria sobre os 85 anos da RQI.
O 56o CBQ passado em revista nesta edio. Belm e seu espao Hangar -
Convenes e Feiras da Amaznia, se transformaram num grande palco onde
qumicos de todas as regies do pas se encontraram e celebraram a Qumica em um
clima de confraternizao e cordialidade. Foi o maior evento da Qumica do pas
neste ano. Duas pequenas matrias esto intimamente associadas cobertura deste
CBQ: uma volta ao passado, quando a ABQ Regional Par acolheu em 1991 em
Belm um Prmio Nobel de Qumica que desejava conhecer a riqueza da Regio
Amaznica, e um olhar para o futuro: o 57o CBQ de Gramado celebrar importantes
eventos da Qumica no Rio Grande do Sul e mesmo no pas ocorridos ao longo do
sculo XX.
A ABQ segue firme em sua trajetria, cumprindo a misso prevista em seus
estatutos: palavras de incentivo comunidade qumica, feitas pelo seu presidente,
Prof. Robrio Fernandes Alves de Oliveira, sinalizam as diretrizes para o ano novo
que se aproxima.
Outro ponto que merece destaque neste nmero a Cerimnia de
Encerramento da Olimpada Brasileira de Qumica, ocorrida no Teatro da
Universidade Federal do Piau.
Lembro sempre das novas normas de submisso de artigos para a RQI, cuja
verso completa est no portal da revista (www.abq.org.br/rqi). Depois de um
perodo mais calmo, aumentou significativamente o nmero de trabalhos
submetidos. Este nmero traz cinco artigos completos. Enquanto isso, o acesso ao
portal da revista (www.abq.org.br/rqi) continua sua trajetria ascendente, hoje com
um mdia de 70 visitas por dia. A digitalizao dos nmeros editados antes de 1960
avanou bastante e, certamente, teremos novidades no portal da revista no ano
novo.
A matria de capa deste nmero foca o tema Sensores Qumicos, uma das
palestras nacionais do 55o CBQ de Goinia, e que h muito merecia uma abordagem
nesta revista. A Qumica Verde continua marcando presena com a terceira edio
de seu Caderno.
Alm, claro, de desejar uma boa leitura, aproveito tambm este momento
para desejar a todos os nossos caros leitores um maravilhoso Natal e um Ano Novo
repleto de realizaes em todos os campos da vida. Em 2017, mais novidades
continuaro a aparecer na nossa RQI, mantendo a nossa expectativa de crescimento
como veculo de publicao de bons trabalhos na rea qumica. Continue
aproveitando tudo o que ela tem a oferecer! Divulgue, sugira, indique a RQI a quem
possa usufruir de seu contedo.
RQI: o passado e o presente da qumica aplicada no Brasil passa por aqui!

Jlio Carlos Afonso


Editor
EXPEDIENTE
RQI Revista de Qumica Industrial ISSN: 2358-1697
(www.abq.org.br/rqi)
rgo oficial da Associao Brasileira de Qumica
para divulgar os eventos que promove; publicar matrias
relevantes na rea de qumica, como entrevistas com
eminentes personalidades da cincia e tecnologia em
QI Revista de Qumica Industrial
Ano 84 N 753 4 trimestre de 2016
Edio Eletrnica 11
geral, artigos tcnicos, tcnico-cientficos e cientficos
relacionados rea industrial, P&D (inclusive em escala
de laboratrio) e desenvolvimento de tcnicas analticas,
bem como resenhas de livros e outras publicaes. A
convite do Editor, a RQI publica artigos de opinio de
pessoas convidadas.
SUMRIO
Indexada no Chemical Abstracts. Indexada no
Qualis da CAPES nas reas de Cincias Agrrias I (B5),
Cincias Ambientais (B4), Engenharias I I (B4),
Engenharias III (B5), Geocincias (B5), Interdisciplinar
1 Editorial
(B4) e Qumica (B5). Para fins de citao, a abreviatura da
revista a ser usada Rev. Quim. Ind.
Fundador
2 Sumrio e expediente
Jayme da Nbrega Santa Rosa (1903-1998)

Editor 3 Palavra do Presidente


Julio Carlos Afonso (UFRJ)
e-mail: editordarqi@abq.org.br

Editor Associado 4 Aconteceu


56 Congresso Brasileiro de Qumica
Airton Marques da Silva (UECE)

Artigo de Opinio
Conselho Editorial
Alvaro Chrispino (CEFET-RJ) 10 Aconteceu em belm no sculo passado
Cludio Jos de Arajo Mota (UFRJ)
David Tabak (FIOCRUZ)
Eduardo Falabella Sousa-Aguiar (CENPES e UFRJ)
Geraldo Andr Fontoura (Bayer e UFF) 10.1 Caderno de Qumica Verde
Gil Anderi da Silva (USP)
Magda Beretta (UFBA)
Maria de Ftima Vitria de Moura (UFRN) Aconteceu
Newton Mario Battastini (SINDIQUIM - RS)
Peter Rudolf Seidl (UFRJ)
11 Encerramento da Olimpada Brasileira
de Qumica 2016
Sergio Roberto Bulco Bringel (INPA e CRQ-XIV)
Silvana Carvalho de Souza Calado (UFPE)
Viridiana Santana Ferreira-Leito (INT) Capa
13 Sensores Qumicos
Um assunto fascinante
Capa, arte e diagramao
Adriana Lopes - asl.eventos@globo.com
Artigo de Opinio
Impresso 16 Acontecer em Gramado no ano que vem...
Grfica Nova Brasileira - guilhermeventurelli@gmail.com

Associao Brasileira de Qumica


(www.abq.org.br) 17 Aconteceu na RQI
Utilidade Pblica Federal:
Decreto n 33.254 de 08/07/1953
Av. Presidente Vargas, 633 sala 2208
20071-004 Rio de Janeiro RJ
Tel/fax: 21 2224-4480
20 Agenda
e-mail: rqi@abq.org.br

permitida a reproduo dos artigos e 21 ndice de Trabalhos


reportagens desde que citada a fonte. Os textos
assinados so de responsabilidade de seus
autores.Normas para envio de artigos: ver na
pgina 77 e no portal www.abq.org.br/rqi.
Palavra doPresidente
Iniciamos o ano de 2016 com muitas preocupaes decorrentes da crise pela qual o pas passava, e
ainda passa, nos aspectos poltico e econmico, cujos reflexos j vinham nos atingindo desde o ano anterior,
2015, dificultando, principalmente, a participao dos interessados em nossos eventos por conta da reduo
da disponibilidade das verbas de fomento, bem como por conta dos cortes ocorridos nos programas de
desenvolvimento cientfico nas instituies de ensino e pesquisa, atreladas aos diversos nveis de governo.
Apesar de tudo, tnhamos a certeza de que deveramos enfrentar as dificuldades, contando com a
contribuio de todos que compem a comunidade qumica, o que nos daria fora para atravessarmos a
tormenta, na esperana de um cenrio mais tranquilo no ano de 2017.
Podemos dizer agora que a deciso de no esmorecer, foi a mais acertada. Realizamos nossos eventos
com enorme sucesso, mantendo o alto nvel de qualidade cientfica que nos caracteriza em todos eles.
Assim, com expectativas mais positivas, estamos nos preparando para a travessia do ano de 2017, em
cujo planejamento j esto definidas a realizao do 10 BIOCOM em Recife, PE; o 15 SIMPEQUI em Manaus,
AM; o 10 ENTEQUI em Goinia, GO; e o 57 CBQ na cidade de Gramado, RS; alm do apoio a outros eventos
cujos temas so considerados relevantes para o atendimento s misses estabelecidas pela ABQ.
Evidentemente, para o prosseguimento de nossas atividades, essencial o envolvimento e a
participao de todos aqueles que, direta ou indiretamente, esto dedicados ao desenvolvimento e difuso
da Qumica e reas afins; aproveito para deixar aqui registrado nossos mais sinceros agradecimentos a todos
que, atendendo aos nossos convites, emprestam seu tempo, nome e competncia, abrilhantando cada vez
mais, os nossos eventos e, tambm, para aqueles que, voluntariamente, trabalham pela manuteno e
crescimento da nossa associao.
Finalizo minhas palavras desejando que tenhamos um caminho iluminado pela tolerncia e com todo
o respeito s diferenas, permitindo que os grandes temas que afligem a nossa sociedade brasileira sejam
debatidos em alto nvel, sempre no campo das ideias e que todos ns participemos ativamente na busca de
um futuro promissor para todos, contando sempre com a preciosa atuao da Associao Brasileira de
Qumica.
Robrio Fernandes Alves de Oliveira,
Presidente da ABQ

A ABQ se sentiu muito honrada com a


presena do grupo de alunos do Centro de
Ensino Professora Zuleica Santos, Escola
Estadual Pblica, localizada na cidade de Buriti
Bravo, Maranho, que participaram da
Maratona de Qumica no 56 CBQ, levados
pela Profa. Fernanda Soares de Oliveira,
primeira direita na foto ao lado. So quase
mil quilmetros de distancia at Belm,
percorridos em trs viagens por nibus
distintos e que levaram cerca de 18 horas.

RQI - 4 trimestre 2016 3


Aconteceu
Agnaldo Arroio

56 Congresso Brasileiro de Qumica


Belm Recebe a Qumica de Braos Abertos

O 56 Congresso Brasileiro de Qumica, tendo O local do evento - Hangar Centro de


como promotora e organizadora a Associao Convenes e Feiras da Amaznia
Brasileira de Qumica e sua Regional Par, foi (http://www.hangarcentrodeconvencoes.com.br/inde
realizado no Hangar Centro de Convenes e Feiras x.php), possui uma rea de 24 mil metros quadrados,
da Amaznia, em Belm do Par, de 7 a 11 de distribuda em dois pavilhes projetados a partir do
novembro de 2016. A organizao do Congresso hangar que existia no antigo Parque da Aeronutica.
contou com a participao da CAPES Caixa de Foi inaugurado em 2007. O Hangar se tornou um dos
Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior; destaques desse CBQ, com suas instalaes
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento versteis e arrojadas, ambientes confortveis e fcil
C i e n t f i c o e Te c n o l g i c o ; C R Q - V I R e g i o ; acesso. A disposio do espao alocado para o 56o
Universidade Federal do Par, UFPA; Instituto CBQ foi muito importante para congregar os
Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Par, participantes nos diversos ambientes do evento:
IFPA; Universidade Estadual do Par, UEPA; Museu movimentao e presena constante de todos os
Paraense Emilio Goeldi, MPEG; Sebrae-PA; Allcrom participantes nas diversas atividades programadas.
Brasil. O CBQ permaneceu recebendo dos rgos de A abertura oficial do evento foi realizada s 19
fomento a confiana de estar entre os eventos horas tendo mesa diretora o Presidente da ABQ,
beneficiados. Estiveram ainda presentes com Robrio Fernandes Alves de Oliveira; Celio Augusto
estandes a Livraria da Fsica, a Waters, a DpUnion, a Gomes de Souza, Presidente do CRQ-PA; Sergio
UEPA, o IFPA, o CRQ-VI, a Associao dos Artesos Nanita, representante da ACS para a Amrica Latina;
de Belm e os Chocolates Nayah. Edmar Tavares da Costa, Pr-Reitor de Ensino da
FOTOS: Julio Afonso

Solenidade de
abertura do 56 CBQ:
Mesa de Abertura

4 RQI - 4 trimestre 2016


da UFPA; Manoel Antonio Quaresma, Diretor do direita, Sergio Nanita,
IFPA; Alberto Cardoso Arruda, Diretor Cientfico da American Chemical
Society,
da FAPESPA; Eloisa Helena de Aguiar Andrade,
acerca do
Coordenadora do MPEG; Patrcia Teresa Souza Global Innovation Initiative
da Luz, Presidente do 56 CBQ; Waldinei Rosa
Monteiro, Presidente da Comisso Organizadora.
O Presidente de Honra do CBQ 2016 foi
Waterloo Napoleo de Lima, cuja homenagem
pstuma, foi conduzida por Simone de Ftima
Pinheiro Pereira, ex-aluna e colega. esposa e
filhos foi entregue uma placa alusiva homenagem.
Ainda na Solenidade, o Prof. Airton Marques da
Silva, prestou uma homenagem a Wildson Luiz
Pereira dos Santos, falecido poucos dias antes do
CBQ e que era um dos palestrantes do evento. esquerda,
Ocorreu uma rpida apresentao por parte Alberto Cardoso Arruda,
Diretor Cientfico
de Sergio Nanita da American Chemical Society
da FAPESPA,
acerca do Global Innovation Initiative, projeto que palestra de abertura
est sendo difundido no Brasil e que foi objeto de
evento conjunto entre ACS e ABQ realizado nos especficas sendo feitas comunicaes orais por
dias 4 a 6 de novembro, tambm em Belm, seus autores. Dos 48 trabalhos selecionados 42
precedendo ao CBQ. foram apresentados, em dois auditrios, sempre com
Para a palestra de abertura, Alberto Cardoso um grande e animado pblico estudantil. Ainda cabe
Arruda, Diretor Cientfico da FAPESPA, falou sobre registrar que para a Jornada de Iniciao Cientfica
Estratgias tecnolgicas e educacionais para o foram selecionados 108 trabalhos.
desenvolvimento da Amaznia. Aps a palestra foi A programao foi completada com Palestras
servido um coquetel aos presentes. e Mesas Redondas.
No dia 8 de novembro, pela manh tiveram As trs palestras internacionais, cujos
inicio as atividades cientficas. Foram oferecidos 12 auditrios estiveram sempre lotados, foram:
cursos sendo 8 com carga de 8 horas/aula e 4 com 9 Simulao ambiental e recursos hdricos,
horas/aula. Destacaram-se Qumica Forense, proferido pelo Prof. Dr. Ramiro Neves, do Instituto
ministrado por Valter Stefani, da UFRGS; Como Superior Tcnico de Lisboa, em Portugal;
Ensinar Qumica Verde, ministrado por Rafaela da O desenvolvimento de produtos e nanomateriais
Conceio Nascimento, da EQ-UFRJ; Qumica para usos farmacuticos e engenharia biomdica,
medicinal baseada em produtos naturais, ministrado proferido pelo Prof. Dr. Hermnio Jos Cipriano de
por Raphael Salles Ferreira Silva, do IFRJ. No total Sousa, da Universidade de Coimbra, Portugal;
foram 423 inscritos nos cursos. A qumica da atmosfera, proferida pela Profa. Dra.
O evento apresentou, em formato de Judith Johanna Hoelzemann, do CCET.
psteres, 953 trabalhos distribudos em 14 reas de Dentre as nove palestras nacionais, podemos
conhecimento, de um total de 1185 inicialmente destacar:
inscritos. Dentre os trabalhos aceitos, 48 foram Anlises qumicas na Amaznia: avanos,
selecionados para os Encontros Temticos das reas desafios e perspectivas para sensores
RQI - 4 trimestre 2016 5
e sistemas eletroqumicos, proferida pelo Prof. Dr. Trs momentos com autores abrilhantaram o
Ivano Gebhardt Rolf Gutz, do IQ-USP; CBQ com a apresentao de suas obras: Anlise
Procedimentos analticos ambientalmente Instrumental uma Abordagem Prtica, do Prof. Dr.
sustentveis, proferida pelo Prof. Dr. Orlando Hiram da Costa Araujo Filho, do IFRJ; Introduo
Fatibello Filho, da Universidade Federal de So aos conceitos e clculos: da qumica analtica", do
Carlos; Prof. Dr. Orlando Fatibello Filho, da UFSCar (que
Energias renovveis: quais e como produzi-las, tambm palestrou no CBQ sobre esse tema);
proferida pela Profa. Dra. Ana Flavia Nogueira, da Variabilidade Qumica em leos Essenciais de
UNICAMP, Espcies de Piper da Amaznia, da Profa. Dra.
e duas mesas redondas: Eloisa Helena de Aguiar Andrade, do Museu
A Qumica e a biodiversidade amaznica, em que Paraense Emilio Goeldi.
palestraram o Prof. Dr. Claudio Jos de Araujo Mota, Alm do Global Innovation Initiative, a ACS e a
do IQ-UFRJ, o Prof. Dr. Jos Guilherme Soares Maia, ABQ estiveram novamente juntas em 9 de novembro
da UEPA, e o Prof. Dr. Valdir Florncio da Veiga em um workshop, Chapter ACS Brazil, cujos
Junior, da UFAM, sob a moderao do Prof. Dr. Peter apresentadores foram o Eng. Qumico Roberio
Rudolf Seidl, da EBQV-UFRJ. Fernandes Alves de Oliveira, presidente da ABQ, e o
Gesto de recursos hdricos, em que palestraram Prof. Dr. Claudio Jos de Araujo Mota, do IQ-UFRJ. O
o Prof. Dr. Sergio Roberto Bulco Bringel, do INPA, a Chapter um programa de divulgao das atividades
Profa. Dra. Silvana Carvalho de Souza Calado, da da American Chemical Society no Brasil.
UFPE, e o Prof. Dr. Cleber Silva e Silva, do IFPA, sob Seis palestras tcnicas, e oito encontros
a moderao do Prof. Dr. Estevo Freire, da EQ- temticos complementaram o conjunto de atividades
UFRJ. oferecido aos participantes deste CBQ.

Sesso de Psteres

6 RQI - 4 trimestre 2016


Auditrio sempre com boa audincia

O 56 CBQ teve 1316 participantes, XXIX Jornada Brasileira de Iniciao Cientfica em


constituindo-se no principal evento de Qumica no Qumica
pas neste ano. Manteve o mesmo nmero de Evento paralelo ao CBQ destinado
trabalhos apresentados em relao do CBQ do ano apresentao de trabalhos de Iniciao Cientfica.
anterior (ocorrido em Goinia). Este CBQ mostrou Foram recebidos 149 trabalhos, sendo aceitos 108
que, apesar do delicado momento poltico- que concorreram premiao mxima. O sistema de
econmico por que atravessa o pas, as pesquisas avaliao compreendeu uma primeira anlise dos
nas reas de desenvolvimento, tecnologia e ensino trabalhos apresentados por meio de apresentao
de qumica encaram de frente o desafio de levar os em forma de psteres em que os membros da
resultados de seus trabalhos para um evento do porte Comisso, coordenados pela Profa. Kellen Heloisy
do CBQ. Outro dado da maior relevncia que, de Freitas, da UFPA, avaliaram todos os trabalhos
mesmo tendo sido realizado na regio norte do pas, (no mnimo dois membros por trabalho),
um considervel nmero de congressistas vindos das selecionando 10 para a etapa seguinte. Dos 10
regies sul e sudeste esteve presente em Belm. autores dos trabalhos selecionados, 9 fizeram
Esses fatos, juntamente com o timo apresentao oral podendo utilizar-se de
ambiente, repercutiram muito nas comisses do 56 equipamento de multimdia e sendo argudos por
CBQ, servindo como estmulo para que o evento membros da banca. Aps essa etapa da avaliao, a
transcorresse da melhor forma possvel, e Comisso decidiu pela classificao. Trs alunos
sinalizando para o evento de 2017, o mesmo esforo foram classificados como Menes Honrosas, um foi
para que seja atrativo independente da conjuntura desclassificado e os outros cinco Certificados com a
o
que o pas ter daqui a um ano, por ocasio do 57 designao da Classificao. Os cinco primeiros
CBQ, em Gramado. Ainda durante o CBQ foram colocados receberam prmios. O 1 colocado
liberados, on line, todos os Certificados dos cursos, recebeu o Premio Professor Arikerne Sucupira, no
de trabalhos e de participao no evento. valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
RQI - 4 trimestre 2016 7
A Comisso contou com os
seguintes membros: Kellen Heloisy
Freitas, da UFPA (coordenadora); Antonio
Silva, da UFPA; Cleide Maria da Silva Leite,
da UNILAB-CE; Cleidson Breno dos
Santos, da UNIFAP; Edinaldo Cunha, da
UFPA; Ewerton Carvalho, da UFRA; Gilza
Maria Piedade Prazeres, da UFMA; Jean
Carlo Antunes Catapreta, da UFPI; Jorge
Reis Fleming, do IFRJ; Jos Masson, do
IFMT; Leandro Rosa Camacho, do CRQ-
RS; Marcos dos Reis Vargas, do IFG; Silvio
Bispo do Vale, da UFPA; Sonia Cavalcanti Trabalhos da FEPROQUIM
de Albuquerque, da UFPE; Tania Denise
Salgado, da UFRGS (que ser a Avaliadora foi coordenada pelo professor Alcy
coordenadora em ramado em 2017). Favacho Ribeiro, da UFPA, e contou com os
A relao de vencedores foi: seguintes membros: Edson Cavalcante Filho, da
1 lugar: Jefferson Rodrigo Souza Pina, da UFPA UFPI; Elsa Lesaria Nhuch, do CRQ-RS, Fabio
Novos policetdeos com atividade antibacteriana Grasel, da Tanac (que ser o coordenador em
isolados do fungo exserohilum rostratum endfito de Gramado); Jorge Cardoso Messeder, do IFRJ; Luiz
bauhinia guianesis; Both, do IFMT; Marcus Vinicius Riberio, do IF Sul.
2 lugar: Ayrlane A. de Lima Sales, do IFPE Os Projetos foram apresentados em forma de
Aplicao de sistemas supramoleculares na maquetes, psteres e dissertao oral tendo
hidrogenao de cetonas ,-insaturadas em gua; recebido por parte dos membros da Comisso
3 lugar: Erico June Neves Teixeira, do IFMA, questionamentos acerca de suas explicaes.
Campus So Lus Monte Castelo Atomic Game: O Os trs primeiros colocados receberam
jogo como ferramenta didtica na aprendizagem dos Certificados alusivos s suas classificaes. O
contedos de qumica para o ensino fundamental e premio ao primeiro colocado foi no valor de R$
mdio; 1.000,00 (um mil reais).
4 lugar: Antonio Gomes dos Santos Neto, da Os Projetos vencedores foram:
UFMA Desenvolvimento e aplicao de sensores 1) Encapsulao do leo essencial de citronela
eletroqumicos empregando novas plataformas via geleificao: Sntese e aplicao no controle
base de grafeno; de vetores
5 lugar: Stephany Swellen V. Maia, da UECE Autores: Emily Alves dos Santos, Amanda Letcia de
Desenvolvimento e caracterizao do produto de Rosa Balata, Carolina Ferreira Luciano, Anglica da
reao da mistura de cardis, sua atividade Silva Costa Martins, Eucarlos de Lima Martins, Maria
antifngica e toxicidade. Rafaela Silva Santos.
Instituio: IFMT Campus Cuiab Bela Vista.
XVII Feira de Projetos de Qumica - FEPROQUIM 2) Caf solvel como revelador de fotos
No dia 8 de novembro, os Projetos foram analgicas
apresentados comunidade e Comisso de Autores: Carlos Alberto Pereira Domingues, Gabrielle
Avaliao, que fez sua anlise. A Comisso Izidoro dos Santos, Nathalia Izidoro dos Santos,
8 RQI - 4 trimestre 2016
Natalia Lara, Lydia Hae Shin Lee, Antonio Nishimura O 56 CBQ mostrou, mais uma vez, que se
Mariane. consegue realizar um evento de porte nacional
Instituio: Colgio Objetivo Aruj So Paulo. apesar de todas as dificuldades. Apesar destas, as
3) Obteno e estudo do efeito repelente do agncias de fomento continuaram a apoiar o CBQ
perfume de leo essencial da folha de pitanga como um evento relevante de nvel nacional. Os que
(Eugenia Uniflora L.) vieram ao CBQ de Belm participaram ativamente de
Autores: Thaylla Rodrigues do Nascimento, Samuel suas atividades, favorecidas pelo arranjo e qualidade
Mahatma Bispo, Jony Henrique Riberio de das instalaes do Hangar Centro de Convenes e
Brito, Natalia Siqueira Tenrio, Vytory Huggo Feiras da Amaznia, tornando o CBQ um importante
Souza dos Santos, Jonas Miguel Priebe, Sandra elo de integrao entre participantes de todas as
Mariotto. regies brasileiras e de quase todos os estados da
Instituio: IFMT Campus Cuiab Bela Vista. federao. Um importante estmulo para enfrentar as
dificuldades que se avistam no horizonte para os
XXIV Maratona de Qumica anos vindouros.
Voltada para alunos de ensino mdio, a Cabe ainda lamentar a dificuldade de
Maratona teve selecionados 34 redaes versando financiamento por parte de suas instituies de
sob o tema do CBQ. Destes 28 se fizeram presentes a origem, relatada por muitos estudantes e professores
Belm para participar da segunda etapa do evento. da rede pblica, alguns inclusive com trabalhos
A Comisso preparou experimentos que aceitos e inscries efetuadas, decorrente do corte,
foram apresentados aos alunos no Laboratrio de ou restrio, de verbas destinadas participao em
Qumica do IFPA. eventos, mesmo sendo de carter cientfico e de alta
Em seguida tiveram que responder por escrito relevncia na formao dos mesmos.
a uma prova sobre os experimentos que haviam Pela dimenso que o 56o CBQ teve em
presenciado. Essas questes foram avaliadas por relao a outros eventos de qumica neste ano, a
uma Comisso coordenada por Marcio de Souza ABQ e seus Dirigentes tm conscincia de sua
Entrada do Museu
Farias, do IFPA; e com a participao de: Edson responsabilidade ainda maior de fazer os eventos
Cavalcanti da Silva Filho, da UFPI; Fabio Cardoso dos prximos com a mesma qualidade cientfica,
Borges, do IFPA; Johny da S. Oliveira, do IFPA; Jos atestada pelas respostas as pesquisas junto aos
Milton E. Matos, da UFPI; Luis Carlos de Abreu participantes.
Gomes, do CPII-RJ; Marcus Eduardo Ribeiro, do O prximo CBQ ser na cidade de Gramado,
IFSul (que ser o coordenador em Gramado em de 23 a 27 de outubro de 2017, mais precisamente no
2017); Renato Candido da Silva, da UFG; Solange M. Centro de Eventos e Espao Cultura de Gramado, um
Correa, do IFPA. muito bem montado local para a realizao de
Foram classificados os cinco primeiros eventos. Gramado a famosa cidade do Estado do
colocados. Os trs primeiros receberam prmios em Rio Grande do Sul pelo seu festival de cinema, pelas
dinheiro: 1 colocado, R$ 600,00; 2 colocado, R$ festas de fim de ano, e suas fbricas de chocolate e
300,00; 3 colocado, R$ 150,00. de calados. O tema central ser: Megatendncias:
Os premiados foram: desafios e oportunidades para o futuro da
1) Jos Tiago Costa Mendona do IFPA. Qumica.
2) Matheus Gonalves Bezerra do IFPA. Em 2018 o CBQ ir para So Lus do
3) Nathalia Izidoro dos Santos do Colgio Objetivo Maranho, retornando s terras maranhenses depois
Aruj So Paulo. de sete anos.

RQI - 4 trimestre 2016 9


Artigo de Opinio

Aconteceu em Belm no Sculo Passado...


No nmero 701 desta revista (julho a setembro de Prefeitura que o visitante fosse declarado convidado
1995), o Gerente de Eventos da ABQ, Celso Augusto C. oficial da cidade, sendo recebido no Palcio do Governo do
Fernandes, descreve a vinda do Professor Roald Hoffmann Estado.
(1937-), prmio Nobel de Qumica em 1981 em conjunto Em visita Universidade Federal do Par, ele teve a
com o pesquisador japons Kenichi Fukui (1918-1998) oportunidade de conhecer os vrios departamentos de
"por suas teorias, desenvolvidas de forma independente, a Pesquisas, bem como ver alguns dos trabalhos que esto
respeito do andamento de reaes qumicas", cidade de sendo desenvolvidos. Em seguida, ao ser recebido pelo
Belm do Par. Ele desejava realizar um antigo sonho: Reitor, Prof. Marcos Ximenes, colocou-se disposio para
conhecer a biodiversidade amaznica de perto. A viagem desenvolver contatos para futuros intercmbios de
do Prof. Hoffmann a Belm foi uma realizao conjunta da pesquisadores da UFPA com a Universidade de Cornell. Em
ABQ com a ABQ-PA, por intermdio de seu ento almoo com Diretores e Chefes de Departamentos da
Presidente, Prof. Harry Serruya, que obteve junto Universidade, ouviu do Prof. Harry Serruya um breve
relato das dificuldades financeiras encontradas para o
desenvolvimento de pesquisas de ponta.
O Prmio Nobel esteve, a convite da Secretaria de
Educao, em visita Escola Bosque, o primeiro centro de
aprendizado ambiental da regio. L foi convidado a
plantar uma muda de seringueira (foto ao lado). Seu
ltimo compromisso foi em Carajs, em visita
Companhia Vale do Rio Doce. A viagem alm de lhe
mostrar a planta de extrao de minrios, proporcionou
algo muito interessante, que foi a visualizao de longo
trecho da floresta, o que mais uma vez deixou o Prof.
Hoffmann extasiado.
Esta visita est intimamente relacionada ao tema
do evento Global Innovation Initiative, realizado em
conjunto entre a ACS e a ABQ, e que precedeu o 56o CBQ,
tendo ocorrido entre os dias 4 a 6 de novembro, tambm
em Belm.
FOTO: Celso Fernandes (1992)

10 RQI - 4 trimestre 2016


CADERNO DE QUMICA VERDE
Ano 1 - N 3 - 4 trimestre de 2016

Editorial
A Qumica Verde e a Indstria do Petrleo so
incompatveis? A resposta depende de seu ponto de vista sobre o Neste Caderno
assunto. Em termos estratgicos, a economia mundial ainda
depender do petrleo por muito tempo e uma das expectativas
mais promissoras para que o nosso pas consiga vencer esta fase 10-2
difcil justamente a explorao de nossas significativas reservas
do Pr-Sal. Acima de tudo, a posio da Petrobras na inovao
tecnolgica, apoio a empresas nacionais, criao de empregos
qualificados, incentivo educao de qualidade e exemplo para
futuras geraes da nossa competncia e capacidade de realizar As idias e opinies de
trabalhos de alto nvel so crticos para qualquer esperana de Eduardo Falabella de Sousa-Aguiar
melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. sobre a Qumica Verde
De fato, desde o incio das atividades da Qumica Verde
no Brasil, o apoio da Petrobrs ao desenvolvimento da
sustentabilidade em processos qumicos tem sido fundamental.
10-5 QUMICA VERDE nas Empresas
Notcias da
Tanto atravs de sua prpria atividade de pesquisa e Petrobrs, BASF,
desenvolvimento de combustveis e aditivos para melhorar o seu Genomatica e Radix
desempenho quanto na orientao e apoio financeiro a grupos
em universidades e empresas que executam projetos de
converso de biomassa. A prpria empresa emprega mtodos
avanados para esverdear seus procedimentos e compartilha 10-6
seus conhecimentos no assunto com seus colegas em outras
empresas e rgos de governo. O Depoimento de um dos
profissionais egressos da empresa que teve um destacado papel
na implantao da Qumica Verde no Brasil abre esta edio.
O uso de matrias primas renovveis uma das principais Qumica Verde na Indstria
prioridades do pas e o petrleo representa o seu maior de Explorao e Produo (E&P)
concorrente em termos de tecnologia e custos. Entretanto ainda de Petrleo
h muito a esverdear na rea de processos e produtos
empregados na rea de petrleo, particularmente na rea de
Explorao e Produo (E&P) vital para aproveitamento, da
10-15 QUMICA VERDE em Cpsulas
Etanol, matria prima verde.
forma mais eficiente e rentvel, de nossas reservas. As
Metano, vilo do efeito estufa.
consequncias do mais recente acidente numa plataforma
martima ainda no foram completamente avaliadas, mas j
resultaram em um impacto significativo sobre a legislao sobre o
assunto. Vrias regies do mundo adotam medidas rigorosas
sobre a descarga de qualquer produto no meio ambiente e a
10-15 QUMICA VERDE Eventos
2016 Global Innovation Imperative
qumica verde pode apontar os caminhos para enfrentar este Demonstraes de Qumica Verde
desafio. para Locais Remotos
Peter Seidl
Editor

RQI - 4 trimestre 2016 10-1


Depoimento de Eduardo Falabella Sousa-Aguiar
Adriana Goulart
Escola de Qumica-UFRJ - Caderno de Qumica Verde

O Caderno entrevistou o professor da Escola de Qumica da UFRJ,


que foi Consultor Senior do CENPES/PETROBRAS e um dos pioneiros
da Qumica Verde no Brasil. Veja suas opinies na entrevista que segue.

Adriana: Uma das propostas da Qumica Verde Eduardo: Indubitavelmente, dos 12 Princpios da
alinhar o desenvolvimento econmico com a Qumica Verde, o mais caracterstico para o Brasil
preservao do ambiente e da sade humana. o que diz respeito s matrias-primas renovveis. O
Voc acredita que isto possvel? Quais aes Brasil o pas da Biomassa. Portanto, o alto grau de
so necessrias para chegar a este resultado? desenvolvimento tanto da Agroindstria quanto do
Eduardo: Sim, possvel. Mas temos que respeitar Agronegcio em nosso pas representa uma grande
a sustentabilidade, ou seja, o modelo do triple oportunidade no que tange Qumica Verde. Eu
bottom line. Portanto, alm do social e ambiental, h costumo dizer que, no Brasil, deveramos ter uma
que se incluir, em qualquer modelo de Qumica Qumica Verde...e Amarela!. Outro princpio (uso
Verde, o aspecto econmico. Sem esse, no se de catalisadores) encontra no Brasil alto nvel de
sustentvel e, portanto, no se Verde. importante conhecimento. A rea de Catlise muito
dizer que Qumica Verde uma filosofia, um desenvolvida no pas, um dos poucos a ter uma
processo. No se pode dizer sou Verde, e sim sou fbrica de catalisadores de grande porte.
mais Verde. Qumica Verde se confunde com tica,
a tica pregada por Nietsche, que em seus escritos Adriana: No Acordo de Paris, um nmero recorde
opunha tica Moral. Ser tico ser capaz de atuar de 195 pases comprometeram-se em reduzir as
em processos que possam se desenvolver emisses de gases do efeito estufa e, assim,
eternidade. Portanto, em termos filosficos, as limitar a 1,5C o aumento da temperatura no
aes que devem ser tomadas passam por uma planeta. O governo Trump uma ameaa para
conscientizao tica. Em termos prticos, as aes esses acordos de cooperao? Como isso afeta
pragmticas so muitas. No h espao para o Brasil? Tendo em vista que o presidente
descrever todas. Mas, basicamente, faz-se Obama havia afirmado que o pas um lder-
necessria uma mudana de cultura, entendendo chave no G-20 e um parceiro global
cultura como o conjunto de solues praticadas por indispensvel para implementar medidas
um determinado segmento da populao que so pblicas e desenvolver tecnologias de
suficientemente vlidas para serem perpassadas conteno das mudanas climticas.
para geraes futuras. Eduardo: O governo Trump uma incgnita e, sem
qualquer dvida, pode representar uma ameaa s
Adriana: Qual a importncia da Qumica Verde polticas climticas. Mas Qumica Verde
para o Brasil? Quais conceitos j esto sustentvel e, por conseguinte, menos vulnervel.
estabelecidos no pas e quais so promissores Temos que buscar rotas de transformao a partir de
para impulsionar nossa economia? biomassa que impliquem Economia Atmica.

10-2 RQI -4 trimestre 2016


Prof. Falabella

E ser Verde
pensar
adiante
Eduardo Falabella

Tais rotas sero mais baratas e mais indstria qumica brasileira?


competitivas. Mas nada resistir a uma poltica Eduardo: O regulamento REACH obriga as
protecionista americana. empresas a se responsabilizar:
Se de fato Trump se colocar como vem a) Pela gesto dos riscos que as substncias
pregando, o que acho difcil, novas rotas qumicas qumicas podem constituir para a sade e o
no encontraro espao. Trump um populista de ambiente;
direita, como foram populistas os ltimos governos b) Pela transmisso de informaes adequadas
supostamente de esquerda no Brasil. O sobre segurana aos utilizadores da cadeia de
Populismo uma corrente extremamente abastecimento.
danosa para qualquer viso tecnolgica Nesse sentido, acho tal regulao muito boa
inovadora que atenda aos anseios para o Brasil.
ambientais. Igualmente, o Populismo contrrio, Permitir separar o trigo do joio, dando fora
por definio, Sustentabilidade, na medida as rotas realmente mais verdes.
em que somente enxerga um ramo do Contudo, fundamental que haja
modelo triple bottom line. O Populismo de fiscalizao igualitria. No Brasil corrupto
direita abraa o capitalismo desenfreado, o de como vimos assistindo nos meios de
esquerda o socialismo inconsequente. Ambos so comunicao, uma proposta do tipo REACH pode
igualmente nocivos Qumica Verde em sua viso matar qualquer indstria inovadora que esteja
mope do mundo e de seu futuro, pois so nascendo.
imediatistas.
E ser Verde pensar adiante. Adriana: As tecnologias verdes
so complementares ou concorrentes
Adriana: A proposta poltica para controlar a das petroqumicas? Voc acredita que as
segurana dos produtos qumicos consumidos matrias-primas renovveis sero capazes de
pela cadeia produtiva nacional, semelhante ao substituir o petrleo na produo de energia e
REACH Europeu, estimular ou prejudicar a insumos qumicos?

RQI - 4 trimestre 2016 10-3


Acesso a Escola de Qumica-UFRJ oxidao mais alto. Esse o futuro da Qumica
Verde. Usar da sofisticao molecular que a
Natureza nos prov para reduzir o nmero de
etapas dos processos.

Adriana: Como a produo de biodiesel e de


etanol de cana-de-acar est sendo
afetada pela queda de preos do barril de
petrleo? Quais entraves tecnolgicos
precisam ser sanados para torn-los mais
competitivos? E em relao polticas
pblicas?
Eduardo: Toda e qualquer produo de
combustveis alternativos est sendo afetada
pela queda do preo do barril de petrleo. O
prprio petrleo brasileiro do pr-sal pode se
tornar completamente invivel se os preos
carem abaixo dos 40 dlares por barril (ainda
que haja correntes que digam abaixo dos 35
dlares).
Com respeito s melhorias tecnolgicas,
com relao ao etanol, podemos citar:
a) Aumentar a eficincia energtica do
processo;
b) Desenvolver rotas alternativas de
agregao de valor aos resduos tais como
bagao e palha (conceito de biorrefinaria
integrada).
Os mesmos conceitos valem para o
Eduardo: As matrias primas renovveis so biodiesel, embora esse seja um ponto mais
definitivamente complementares ao petrleo. No delicado. A rota FAME , por definio, menos
se pode imaginar uma sociedade sem petrleo competitiva.
ainda por muitos anos. Temos, ainda, o problema da glicerina
H que se mencionar o problema dos como subproduto. Eu, particularmente, acredito
alimentos, ou seja, preciso que se foque na mais na rota HBIO, desenvolvida pela Petrobras, na
biomassa de segunda gerao, mais precisamente qual o leo vegetal diretamente misturado na
nos resduos. Acredito, contudo, que algumas rotas, corrente de gasleo da refinaria que ser
sobretudo de produo de petroqumicos hidrotratada.
alternativos, podero vir totalmente de biomassa. Quanto s polticas pblicas, fundamental
Mantendo-se o conceito de Economia Atmica, que evitar que aes populistas se sobreponham
um dos Princpios da Qumica Verde, mais viso dos especialistas, como vinha acontecendo.
negcio fazer cido actico de etanol que de eteno, A palavra do tcnico deve fundamentar as
na medida em que etanol j parte de um nvel de decises.
10-4 RQI - 4 trimestre 2016
QUMICA VERDE
nas Empresas

Avaliao do impacto ecotoxicolgico numa patente da Genomatica que inclui a


do fragmento de rocha produzido fermentao, em uma etapa, de dextrose ou
no processo de perfurao com sacarose.
fluido base leo A empresa j produz o BDO renovvel de
Cristiano Pamphili e Leonardo Marinho, qualidade comparvel ao petroqumico em
Petrobras volumes comerciais que podem ser fornecidas aos
seus clientes para testes. O monmero usado na
Durante as operaes de perfurao de produo de plsticos, solventes, produtos
poos martimos, a indstria, usualmente, descarta qumicos de grau eletrnico e fibras elsticas para as
no mar o cascalho (fragmento de rocha) resultante indstrias automobilsticas, txteis, de embalagens,
da perfurao e estes slidos atingem o sedimento artigos esportivos e lazer, entre outros.
marinho. Quando os fluidos de base no aquosa so
utilizados, necessrio que se faa uma avaliao
subjetiva do impacto causado pelo fluido aderido
ao cascalho descartado.
Software simula de forma
Como o fluido de base no aquosa
integrada o escoamento
apresentaumabaseorgnicaemsua
poo-reservatrio
composio, mesmo depois do processo de
de petrleo
Lucas Dias,
secagem de cascalho, um residual desta base
Radix Engenharia e Software
orgnica ainda estar presente no cascalho
descartado.
A Radix desenvolve software para projetos
Reco rre-se, p o rtanto, a u m en saio
de engenharia em que simula em uma nica
ecotoxicolgico que utiliza um organismo de
ferramenta as informaes de poo e reservatrio e
sedimento marinho para esta avaliao. Neste
calcula a produo do poo considerando o mbito
contexto, no Brasil foi adaptada uma metodologia
subsuperfcie.
internacional de referncia, substituindo o
O programa tem auxiliado de maneira
organismo extico indicado no mtodo de
inovadora a elaborao de projetos mais precisos
referncia pela espcie nativa Grandidierella
de perfurao.
Bonnieroides, o que agrega representatividade para
As informaes de poo e reservatrio
a avaliao de impactos sobre ecossistemas
reunidas de forma integrada, em uma mesma
nacionais.
plataforma, permitem prever o quanto o poo ir
produzir em um determinado tipo de reservatrio a
ser explorado, impedindo, assim, a realizao de
Os bio-plsticos esto avanando perfuraes desnecessrias.
Em consequncia, o cliente ganha em
Uma nova unidade comercial de 1,4- c u sto e a s s e r t i v i d a d e , a l m d e o t i m i za r
butanodiol (BDO) a partir de renovveis est sendo os processos, aumentar a produtividade,
inaugurada na Itlia. minimizar o uso de materiais e energia, a
J no ano passado, a BASF e a Genomatica gerao de poluentes e demais impactos
expandiram o seu acordo de licenciamento para ambientais associados explorao de um novo
produo do BDO a partir do processo baseado poo.

RQI - 4 trimestre 2016 10-5


Qumica Verde na Indstria E&P
1 1 1 1
Adriana Goulart , Ana Karolina Muniz Figueiredo , Fernanda Lago , Flvia Rocha Drummond ,
Isabela Fernandes Soares1, Maurcio Maturan1, Peter Rudolf Seidl1, Rodolfo Balthazar Vadinal2
1
UFRJ e 2Petrobras

Introduo profundas), principalmente no Pr-sal, tem levado as


O Brasil possui a 15 maior reserva mundial de empresas a formar consrcios entre elas e com
petrleo (16,2 bilhes de barris), cerca de 1% das universidades e centros de pesquisa.
reservas totais j provadas em todo o mundo. A A explorao e produo (E&P) uma das
produo diria nacional tambm significativa, tanto primeiras e mais importantes fases da cadeia de
que as marcas recordes de 2,624 milhes de barris de produo do leo, gs e seus derivados. Por isso, o maior
leo e 108,5 milhes de metros cbicos de gs foram foco de investimento das empresas petrolferas no pas
atingidas em outubro de 2016, um crescimento de 9,0% est voltado para a inovao das seguintes tecnologias:
e 11,2%, respectivamente, em relao ao mesmo explorao dos reservatrios usando
perodo no ano anterior. Estes resultados esto g e o p ro c e s s a m e n t o e i n te r p re ta o s s m i c a ;
relacionados ao aumento da demanda global de energia instrumentos, equipamentos e dutos usados das
e foram impulsionados pela explorao de novos unidades de perfurao; cimentao, completao e
campos, notadamente em bacias marinhas, algumas estimulao do reservatrio; mtodos de interveno
delas em guas profundas e ultraprofundas, devido a distncia e controle remoto; logstica de tratamento,
maturao das reservas de petrleo em terra. transporte e armazenamento da produo do petrleo e
O Pr-sal, regio representada na Figura 1, foi gs; e problemas de natureza qumica referentes a:
delimitado por lei com cerca de 150 mil quilmetros Formao de substncias que podem ficar em
quadrados e possui carter estratgico devido ao baixo suspenso, precipitar ou depositar. Entre os
risco exploratrio e elevado potencial de produo de mais comuns esto parafinas, asfaltenos,
petrleo e gs natural. Alm da extensa lmina d'gua, a incrustaes, hidratos, naftenatos e produtos de
camada de sal pode chegar a mais de 2 mil metros de corroso ou da ao de microorganismos;
profundidade, o que torna as condies operacionais Mudanas nas propriedades fsicas dos fluidos.
altamente complexas e os custos de produo elevados Incluem o aumento de viscosidade ou formao
nestes campos. A srie de desafios tecnolgicos na de espumas e emulses assim como a mudanas
explorao Offshore (jargo do setor para guas no volume de gases contidos nas correntes;
A m e a a s i n t e g r i d a d e e s t r u t u ra l d e
Bacia do instalaes, equipamentos, tubulaes e
Esprito
Esprito
Santo
Santo
amarras, principalmente as relacionadas ao
Minas Gerais
desgaste ou corroso;
Rio de Janeiro Presena de gases que podem sofrer mudanas
Bacia de
Campos
So Paulo
de estado fsico ou volume, como
hidrocarbonetos e xidos, ou serem venenosos
Paran

Reservatrio Pr-Sal ou corrosivos como os derivados de enxofre.


Blocos Exploratrios
Santa Bacia de Santos Campos de Hidrocarbonetos A maioria destes itens tambm pode ser
Catarina

resolvida pelo uso de solventes, filtros, isolamento

10-6 RQI - 4 trimestre 2016


Figura 2 - Nmero mdio de derramamentos de leo por navios petroleiros (Adaptado de ITOPF, 2015)

trmico, aquecimento, separadores magnticos, por acidente. As iniciativas da Qumica Verde podem
desobstruo por raspagem ou passagem de pigs, etc. contribuir para solucionar os problemas da Indstria
Entretanto a viabilidade do emprego destas tcnicas E&P, por exemplo: desenvolver insumos qumicos no
diminui com a profundidade dos depsitos e a distncia danosos ao meio ambiente e sade humana, buscar a
a ser percorrida pelos fluidos. eficincia energtica, desenvolver processos
Os combustveis fsseis e os produtos intrinsecamente mais seguros, adotar aes de
petroqumicos so fundamentais para a manuteno da monitoramento e controle da poluio, evitar a
vida no planeta, porm sua alta toxicidade e a poluio utilizao de auxiliares qumicos e dar a destinao
gerada na fase E&P ameaam a vida humana e animal. adequada aos rejeitos gerados.
Na explorao martima, por exemplo, cerca de 600.000 As vezes difcil encontrar solues mais verdes
toneladas/ano de petrleo bruto so derramadas em que apresentam o mesmo desempenho que os produtos
acidentes ou descargas ilegais. Deste total, 98% so tradicionais, mas a preveno da descarga de poluentes
considerados de pequena proporo (< 7 toneladas). As qumicos no meio ambiente uma preocupao
principais causas dos vazamentos de leo so: falhas constante das empresas que fabricam, manuseiam e
estruturais de equipamentos, falhas humanas, a ruptura empregam tais produtos. Por isso, crescente o
de oleodutos de distribuio e o surgimento de fissuras interesse por projetos de pesquisa e desenvolvimento
no reservatrio. em Qumica Verde. Nesta edio sero apresentadas,
Porm, nas ltimas dcadas houve uma queda portanto, tecnologias mais verdes com potencial
significativa dos ndices de derramamento de leo no aplicao nos processos E&P, como: produtos e aditivos
oceano por navios petroleiros (Figura 2) devido aos q u m i c o s b i o d e g ra d v e i s e a t x i c o s , n a n o -
avanos tecnolgicos e normatizaes discutidas em desemulsificantes de base biolgica para a limpeza do
convenes internacionais sobre segurana e proteo leo derramado no mar e o monitoramento
do ambiente marinho. Alguns eventos assinados pelo ecotoxicolgico dos fluidos de perfurao.
Brasil foram: Preveno da Poluio do Mar por leo
(Londres - 1954), Interveno em Alto Mar no Caso de Qumicos biodegradveis e/ou atxicos aplicados na
Incidentes que Cause ou Possa Causar Poluio por E&P
hidrocarbonetos (Bruxelas - 1969) e Conveno sobre O aumento do consumo de petrleo e derivados
responsabilidade Civil por Danos Causados a Poluio do tem estimulado o mercado de qumicos inseridos nos
Mar por leo (Bruxelas - 1969). processos de perfurao, completao e cimentao dos
Por isso, faz-se necessrio buscar tecnologias poos e de separao, transporte e tratamento do
inovadoras cada vez mais limpas e seguras para produzir petrleo e do gs. De acordo com a Figura 3, a demanda
petrleo, alm de solues mais eficientes para tratar nacional por aditivos qumicos da indstria E&P cresceu
tanto os resduos txicos inevitavelmente produzidos, de 0,2 para 1,4 bilho de dlares nos ltimos dez anos.
quanto as grandes manchas de leo lanadas no oceano Estima-se que este valor ir dobrar nos prximos 5 anos.

RQI - 4 trimestre 2016 10-7


Processo Funo Qumicos para E&P

Polmeros
Aumenta o fator de recuperao
Estimulao Surfactantes
do poo
lcalis
Isola o poo hidraulicamente, Cimento
Cimentao sustenta a estrutura da coluna de Aceleradores e retardantes
revestimento Estendedores

Mantm a presso do poo, evita


Sais orgnicos
corroso do revestimento e da
Completao Inibidores de corroso e incrustao
coluna de produo, aumenta a
Biocidas
permeabilidade da rocha ao leo

Desemulsificante
Separa o leo, gua e gs, evita a
Produo Sequestrante de H2S
formao de bolhas e corroso
Biocidas

Fluidos de perfurao:
Figura 1 - Bolas de material sinttico usadas em diferentes esportes
- base gua: gua ou salmoura e aditivos;
- base leo: leo mineral, diesel,
Remove cascalhos, mantm a
querosene ou parafinas e aditivos;
estabilidade e resfria a broca e a
Perfurao - base sinttica: olefinas, acetais, steres e
coluna de perfurao, lubrifica e
di-steres graxos e aditivos.
suporta a coluna de perfurao
- base gs: ar seco ou gs; agente
espumante e ar; surfactante, argilas e
polmeros; lama com ar injetado

Figura 3 - Demanda nacional de qumicos usados nos processos de E&P (Adaptado de Bain & Company; Gas Energy; BNDES, 2014)

Os fluidos empregados durante a perfurao A base o componente principal do fluido de


dos poos de petrleo possuem as funes de: manter o perfurao e representa 60 a 90% de seu volume fsico.
controle da presso da formao, carregar os cascalhos Pode ser constituda por gua, leo, gases ou qumicos
at a superfcie, manter a estabilidade mecnica do sintticos. Os fluidos de perfurao formados por bases
poo, resfriar a broca, transmitir fora hidrulica at a mais verdes podem divididos de acordo com a Tabela 1.
broca, etc. Eles empregam 70% dos qumicos Os fluidos sintticos de perfurao so
demandados pela E&P e so responsveis por 54,3% do substitutos biodegradveis dos base leo, pois so
total de resduos perigosos produzidos no processo. aplicveis nos mesmos tipos de formao, como
Portanto, optar por fluidos de perfurao mostrado na Tabela 1. Porm, so compostos por steres
biodegradveis, com baixos teores de enxofre, graxos, poliglicis ou olefinas LAO (alfa-olefinas-
nitrognio e aromticos primordial para uma fase de lineares), IO (olefinas internas) ou PAO (poli-alfa-
E&P mais limpa. olefinas) de origem renovvel.

Base Vantagem Aplicao


Formaes submetidas a baixas ou
Menor custo e disperso fcil na
gua moderadas presses e baixa
coluna dgua
permeabilidade ou sensibilidade gua
Gs ou gs- Zonas com grandes perdas de circulao
Prolongam a vida til das brocas e
lquido e formaes com presso muito baixa e
aumentam a taxa de penetrao
estruturalmente frgeis
Produzidos pelo hidrotratamento de Formaes salinas, hidratveis e com
Parafina verde
leos vegetais altas temperaturas e presses
So pouco ou no txicos e possuem
a mesma eficincia dos fluidos base Formaes salinas, hidratveis e com
Sintticos
leo em condies severas de altas temperaturas e presses
perfurao

Tabela 1 - Fluidos de perfurao ambientalmente menos nocivos


10-8 RQI - 4 trimestre 2016
Aditivos Qumicos Funo
Fluidos de Perfurao
- Viscosificante: Auxiliam o transporte de cascalhos para a superfcie e mantm a suspenso de agentes adensantes.
Argilas: Bentonita; Atapulgita; Hectorita organoflica - Redutor de filtrado: Formam um filme nas paredes do poo, restringindo perdas do fluido de perfurao por infiltrao
nas formaes geolgicas.
Amido; Hidroxietilcelulose (HEC); Carboximetilcelulose (CMC); Carboximetilamido
- Viscosificante e Redutor de filtrado.
(CMS); Goma Xantana (produzida por Xanthomonas campestris); Goma guar;
- Substitutos/Estabilizantes das argilas.
Hidroxipropilguar (HPG); Scleroglucan (produzido por Sclerotium); Goma Diutan
- Gelificante: Formam gis quando o bombeio interrompido, mantendo cascalhos e slidos suspensos ao invs de
(produto da Sphingomonas genus); Schizophyllan (gerado por Schizophyllum
decantarem sobre a broca enquanto o fluido est sob condies de repouso.
commune)
- Dispersantes qumicos: Auxiliam a disperso de slidos no fluido de perfurao, evitando a acumulao.
Lignosulfatos; Polifosfatos; Lignitos; Taninos - Inibidor fsico/Defloculante: Evitam a aglomerao de um alto teor de slidos no fluido de perfurao, problemas de
filtrao e m circulao do fluido, elevao da presso de bombeio, reduo da taxa penetrao e remoo dos slidos.
Poliacrilamida parcialmente hidrolisada (PHPA); Poliacrilato de sdio (SPA). - Viscosificante e Controle da floculao: Estimulam/no o agrupamento dos slidos a depender do polmero.
Cloreto ou sais de clcio ou potssio tambm so adicionados para controlar a - Inibidor de hidratao de argila: Evitam o inchamento das argilas na presena de gua e a obstruo dos poros da
presena de ons clcio [Ca+] ou potssio [K+] no meio. formao.
Adensante: Mantm a presso hidrosttica do poo superior dos poros da formao, impedindo o fluxo indesejado de
Minerais pesados (Barita (BaSO4), Galena e/ou hematita); xidos de ferro
fluidos da formao para o poo. Garantem a estabilidade mecnica do poo, impedindo seu fechamento.
Sais quaternrios de amnio; Sulfato de tetrakis hidroximetil fosfnico (THPS);
Cloreto de dodecil dimetil amnio (DDAC); Cloreto de alquil benzil amnio
Bactericida/Biocida: Inibem processos fermentativos do fluido de perfurao devido ao de microorganismos.
(Dodigen); Policloreto de dialildimetilamnio (PDADMAC); SAFE-CIDE (EMEC);
TOLCIDE PS A-SERIES (Rhodia); AQUCA (DOW); M-I CIDE (Schlumberger)
ster Graxo de Glicol Etoxilado; Poliglicerol; Polietilenoglicol (PEG), leos
vegetais; steres de cidos graxos e dibsicos com poli(glicol etilnico); Silicone; Lubrificantes: Reduzem o atrito entre a broca de perfurao e a formao e entre a coluna de perfurao e as paredes do
steres de cidos graxos e lcoois neopentlicos; steres de cidos dicarboxlicos poo.
e polmeros
Poliamida hidrofobizada com triglicerdeo de cido graxo; Alquil poliglicosdeo
Emulsificantes: Reduzem a tenso interfacial entre gua/leo. Aumentam a recuperao de leo do poo.
(APG)
Amida; Amina; Bissulfito de amnia ou sdio; Polisulfonato de vinila; steres de
Inibidores de incrustao e corroso em brocas. Neutralizam gases cidos (oxignio, gs carbnico, ou cido sulfdrico).
cido fosfrico; Copolmetos de cido acrlico; Penta-fosfonatos; xido de zinco;
Soda custica, cal hidratada e hidrxido de clcio podem ser adicionadas para minimizar a corroso ao alcalinizar o meio.
Hematita; Sal de amnio quaternrio; lcoois Graxos
Fluidos de Completao
Sais; Emulsificantes; Anticorrosivos; Biopolmeros biodegradveis, como: Goma Manuteno da hidrosttica, inibio da formao de hidratos, inibidor de inchamento das argilas, preventor de emulso,
xantana; CMC; HEC; HPG; Poliacrilamida; Zanflon (produzido por Erwinia tahica) inibidor de corroso, agentes viscosificantes, sequestrantes de oxignio.
Produo de Petrleo
Desemulsificantes: steres e teres de poliglicol; leos e steres polimerizados; Separam os componentes da emulso gua e leo, impedindo problemas com o controle de nvel dos separadores
Produtos de condensao da alcanolamina; Resinas, Fenis, Poliaminas ou trifsicos, o tempo de reteno efetivo e a queda de rendimento do processo. Tambm so usados nos tanques de
Poliglicis oxialquilados; Copolmeros de xido de etileno e propileno lavagem e de tratamento eletrosttico do leo.
Pasta de Cimento
Adequam as propriedades qumicas e fsicas da pasta de cimento (quantidade de gua, carga aninica, viscosidade
Bentonita; Goma welan; HEC; carboximetilhidroxietilcelulose (CMHEC)
intrnseca e comportamento hidrocoloidal), facilitando seu deslocamento atravs do anular poo x cimento.
Dutos, Risers e Separadores Trifsicos
Anticorrosivos; Dispersantes; Polmeros: Etanol; Copolmeros de etileno e Acetato Inibem o acmulo de hidratos, a deposio de ceras, a incidncia de corroso em dutos, tubos e separadores, e a queda
de vinila (EVA) modificados com radicais alquilados; Copolmeros de etileno- da presso ao longo do deslocamento do leo. Nas linhas de gs natural, o mtodo de preveno adotado a
butadieno (PEB); Polmeros e copolmeros de acrilatos e metacrilatos desidratao do gs usando absorventes como o monoetilenoglicol, trietilenoglicol, metanol ou etanol.
Recuperao de leo do Poo
Polmeros como: Goma guar ou HPG, Tensoativos; Agentes oxidantes Direcionam os fluidos injetados para regies de baixa permeabilidade. Aumentam o varrimento e o tempo de vida do poo

Tabela 2 - Aditivos qumicos da Indstria E&P

Os fluidos sintticos de perfurao so de soja, palma, canola, oliva, rcino) e um alcool (C4 ou
substitutos biodegradveis dos base leo, pois so maior).
aplicveis nos mesmos tipos de formao, como A Tabela 2 contm alguns exemplos e funes de
mostrado na Tabela 1. Porm, so compostos por biopolmeros, compostos inorgnicos e minerais usados
steres graxos, poliglicis ou olefinas LAO (alfa-olefinas- co m o a d i t i vo s q u m i co s n o s p ro c e s s o s E & P,
lineares), IO (olefinas internas) ou PAO (poli-alfa- principalmente nos fluidos de perfurao, uma vez que
olefinas) de origem renovvel. correspondem a cerca de 10-40% da sua composio. O
As olefinas LAO e IO podem ser produzidas: pelo ajuste das caractersticas dos fluidos para cada condio
processo PACOL de desidrogenao cataltica de n- da formao essencial para prevenir erupes, o baixo
parafinas verdes desenvolvido pela UOP; pela reao de rendimento da perfurao, o desmoronamento das
Fisher-Tropsch a partir de biomassas vegetais da Sasol; e paredes, o alagamento e a reduo do dimetro do
pela reao de polimerizao do eteno verde (oriundo poo, entre outros problemas que podem levar sua
do bioetanol de cana-de-acar, bagao ou milho), cujos perda.
processos foram desenvolvidos pelas empresas: Ineos, As questes relacionadas ao fluxo dos
Chevron Phillips Chemical Company (CPChem), Shell, hidrocarbonetos extrados do poo at a plataforma ou
Lummus, SABIC-Linde -Sablin, Axens e Institut Francais linhas de produo esto includas no conceito de
du Petrole (IFP). As olefinas PAO so produzidas pela garantia de escoamento, expresso utilizada pela
polimerizao das LAO e PAO. J os steres graxos ou primeira vez pela prpria Petrobras nos anos 1990. Seu
poliglicis so formados pela reao de esterificao alvo principal evitar a formao de depsitos em
entre um cido graxo de origem animal ou vegetal (leo operaes com maiores profundidades e baseada em

RQI - 4 trimestre 2016 10-9


d u a s a b o rd a ge n s : o u s o d e d i s p e rs a nte s o u reporta acidentes onde as estratgias de tratamento no
inibidores. foram to eficientes do ponto de vista ecolgico, pois
Os dispersantes no evitam a formao dos mesmo removendo o leo, certos componentes usados
depsitos mas servem para dispers-los nas correntes. tambm agrediram direta ou indiretamente o meio
Os inibidores controlam a formao de slidos nas ambiente.
longas linhas de fluxo que esto sujeitas s mudanas de Sendo assim, a escolha acertada da tecnologia
temperatura, presso ou concentrao. de remoo do leo deve considerar: as
Outra alternativa verde consiste no uso de caractersticas e a sensibilidade do ecossistema
enzimas para produzir qumicos in situ (como cidos impactado; o tipo de leo derramado; fatores
orgnicos, gis, resinas ou a goma curdlana (produzida tcnicos, tais como acesso, equipamento e custos
pela espcie Alcalgenes fecalis)) capazes de modificar a da operao; e o uso de componentes ou processos
permeabilidade dos reservatrios, aumentando a vazo no agressivos ao meio ambiente e sade
do leo e o tempo de vida dos campos de produo. humana.
Adicionalmente, os microorganismos podem degradar A Tabela 3 apresenta uma comparao entre
os gis biopolimricos usados no fraturamento diferentes mtodos de remoo de leo, que podem
hidrulico, ou os biopolmeros formadores dos bolos de auxiliar a deciso final.
filtrao na perfurao do poo, reduzindo a poluio Potenciais alternativas ecologicamente corretas
ambiental aps estas etapas. para remover o leo do mar esto sendo
desenvolvidas, como o uso de barreiras fsicas
Tratamentos verdes para a remoo de leo derramado para conter o alastre de leo por uma rea
no mar extensa do oceano, seguido pela biorremediao
Nos acidentes em plataformas ou navios de com microorganismos que existem naturalmente
produo so derramadas expressivas quantidades de na regio do vazamento e que degradam petrleo.
petrleo em extensas faixas martimas. Outra tecnologia est relacionada criao de
O impacto fauna e flora muito agressivo desemulsificantes com o uso de nanotecnologia.
(Figura 4) e, em muitos casos, tambm irreversvel. Esses materiais so capazes de absorver
Por isso, h diversos mtodos para limpar petrleo em acidentes na gua e em terra, funcionando
o leo derramado na gua. Entretanto, a literatura como esponjas hidrofbicas.

Figura 4 - Impacto ambiental dos vazamentos de leo no mar


10-10 RQI - 4 trimestre 2016
Tcnicas / Toxicidade da
Eficcia da Facilidade de emprego Gerao de resduos
Propriedades Custo tcnica para a
limpeza do leo da tcnica no mar
analisadas fauna
Barreiras de
S retira o petrleo, no o
conteno e Alto Baixa 10-15% Baixa Elevado grau de dificuldade
degrada
skimmers
Dispersantes Baixa - s ajuda a Necessidade de aeronaves No remove o leo, auxilia
Alto Alta
qumicos dispersar ou embarcaes na disperso
Necessidade de condies
Gerao de CO2 e
Queima in-situ - Muito alta 95-98% Alta especficas para emprego e
resduos txicos
controle do fogo
Longos perodos para
Condies muito especficas
Bioremediao Baixo alcanar altas Baixa No gera resduos txicos
de aplicao
resolues
Absorventes Retirada do absorvente,
Reutilizveis e/ou
vegetais Baixo Alta Baixa transporte e processamento
Biodegradveis
(algodo) do co-produto
Retirada da nanoesponja,
Nanoesponja
Baixo Eficiente Atxica transporte e processamento Acmulo em clulas vivas
hidrofbica
do co-produto
Nanopartculas
Baixo Eficiente Atxica - Acmulo em clulas vivas
de quitosana

Tabela 3 - Mtodos de tratamento do leo vazado no oceano

Os nano-desemulsificantes removido por atrao magntica.


desenvolvidos partir de biomassa vegetal, por No Brasil, a UFMG criou um nano-emulsificante
exemplo, so sustentveis, atxicos, biodegradveis e (Figura 5) composto por uma argila mineral abundante
economicamente viveis. O material, desenvolvido na em solo brasileiro (a vermiculita), glicerina, gs natural e
Universidade do Texas, cerca de cem vezes mais fino do etanol. Nanopartculas provenientes de biomassa
que um fio de cabelo, captura uma quantia de leo do animal (quitosana) tambm so promissoras para
mar 10 vezes superior ao seu prprio peso e facilmente absorver o leo do mar.

Figura 5 - Absorvente industrial orgnico feito a partir de biomassa vegetal - Supersorb-BR

RQI - 4 trimestre 2016 10-11


Lmpada fluorescente, Resduos Oleosos ou Reciclagem e reutilizao
Resduos Infecto-contagioso (como hospitalares) na finalidade a qual
foram fabricados

Resduos Empresas que encapsulam estes resduos para serem


Contaminados co-processados como matrias-primas na produo de
energia em fornos de clnquer na fabricao de cimento
Perigosos

Pilha, Bateria e Retorno para o fabricante ou


Cartucho de Impresso lojas autorizadas

Fluido de Recuperao no sistema de controle de slidos


Perfurao e mistura de aditivos para reprocessamento

Os produzidos por fluidos base gua podem ser descartados no mar. Os


Cascalhos da
base leo podem ser desidratados em unidades de centrifugao trmica
Perfurao
para gerar um material arenoso usado em pavimentao na construo civil
Perigosos

Retornam para os fabricantes/empresas


-Reciclveis: papel, plstico, vidro, madeira, leo de responsveis pelo tratamento,
cozinha, alumnio, metal no-contaminado e embalagens
No

reciclagem e reutilizao. A disposio


-No reciclveis: Lixo comum em aterro deve ser evitada ao mximo

Figura 6 - Mtodos de controle de resduos gerados na indstria de E&P

Monitoramento ecotoxicolgico de fluidos de fsicos sobre a dinmica das populaes e comunidades,


perfurao considerando suas inter-relaes no ecossistema alm
Diferentes tipos de resduos so gerados na fase da atuao nos organismos.
de E&P como mostrado na Figura 6. Tais materiais devem A ecotoxicologia importante na determinao
receber uma destinao adequada para garantir o dos nveis de poluentes no ambiente, na estimativa do
menor impacto possvel ao meio ambiente. grau de risco dos contaminantes para os organismos
Os principais resduos perigosos dessa indstria vivos, na determinao dos padres de lanamentos dos
so provenientes do processo de perfurao, tais como poluentes permitidos, no diagnstico dos efeitos dos
fluidos de perfurao base leo e cascalhos. O contaminantes no ambiente, nas medidas de
lanamento desses resduos no mar pode gerar diversos remediao que so tomadas no controle da emisso de
efeitos biolgicos que variam com a forma em que esto efluentes e na avaliao dos riscos ecolgicos.
disponveis, a persistncia no ambiente, o estgio de O estudo do impacto dos poluentes no
vida e o metabolismo do organismo contaminado. ecossistema extremamente complexo e, por vezes,
A toxicologia aqutica estuda os efeitos invivel devido a fatores como: custos, disponibilidade
adversos de substncias qumicas em organismos que de tempo, extenso das reas afetadas e diversidade das
habitam oceanos, mares, rios e lagos. Tais efeitos espcies envolvidas. Entretanto, testes ecotoxicolgicos
incluem: letalidade a curto e longo prazo e alteraes para monitorar a qualidade da gua tm sido usados
comportamentais, reprodutivas, de crescimento e de para complementar as anlises qumicas que
alimentao. A ecotoxicologia uma rea especializada diagnosticam os danos ambientais ocasionados por
da toxicologia ambiental. Ela estuda de forma quali- contaminantes.
quantitativa as consequncias dos agentes qumicos e Os fluidos de perfurao so responsveis pela
10-12 RQI - 4 trimestre 2016
maior parte das descargas acidentais na fase de E&P. A livre no fluido), RPE (indica se o cascalho
primeira gerao dos fluidos de perfurao de base leo, est contaminado com leo de
que utiliza leo diesel, apresenta uma toxicidade formao), biodegradabilidade, bioacumulao
significativa devido a presena de aromticos e (coeficiente de partio entre o octanol
poliaromticos solveis em gua. e a gua), toxicidade aguda (CL50 96h), ecotoxicidade
Fluidos mais recentes de base mineral de baixa aguda e no sedimento.
toxicidade possuem consideravelmente menos Esses testes j so normatizados e aplicados em
hidrocarbonetos aromticos. outros pases. Por isso, uma questo de tempo
Por isso, o IBAMA est estudando a at que o monitoramento dos fluidos de perfurao e
implementao obrigatria do monitoramento fsico- cascalhos sejam exigidos pelo IBAMA e que
q u m i c o e e c o t o x i c o l g i c o as empresas de E&P tenham que se adequar a este
dos fluidos e cascalhos descartados no cenrio.
mar aps a perfurao dos poos nas atividades
petrolferas.
Em resposta a estas iniciativas, desde 2014 est Agradecimento
sendo proposta uma nota tcnica contendo diretrizes Aos colaboradores desta edio:
para restringir o uso e o descarte de fluidos de Cristiano Pamphili, Leonardo Marinho e Rodolfo
perfurao e cascalhos, fluidos de completao e pastas Balthazar Vadina da Petrobras;
de cimento remanescentes da E&P de petrleo. Amanda Marques, Lucas Dias, Luiz Eduardo Rubio,
Os testes analticos cuja obrigatoriedade de uso Rebecca Ratto e Tatiana Helich Lopes da Radix;
est sendo levantada incluem: teor de hidrocarbonetos Ao Professor Eduardo Falabella de Sousa-Aguiar
poliaromticos (HPA), iridicncia esttica (teor de leo pela concesso da entrevista.

Descargas acidentais no mar

RQI - 4 trimestre 2016 10-13


Bibliografia 31/11/2016.
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10-14 RQI - 4 trimestre 2016
QUMICA VERDE
em Cpsulas

O etanol um dos descoberto recentemente que viabilidade econmica apontam as


principais combustveis, matrias certos tipos de bactria vantagens do aproveitamento
primas e solventes verdes. A sua respondem termodinamicamente caules da bananeira como fonte
fabricao a partir da cana de em lugar de geneticamente ao de metano para a gerao de
acar proporciona ao Brasil controle de reaes enzimticas biogs, desde que certos
significativas vantagens favorveis. componentes sejam separados e
comparativas. Entretanto ainda prensados para reduzir o seu
h um esforo muito grande no contedo de gua antes de seu
sentido de diminuir seus custos transporte e armazenamento.
partindo de outros subprodutos Bananas so largamente
da agroindstria. A busca de O metano um dos encontradas em regies mais
matrias primas alternativas para principais viles do efeito estufa. quentes e midas, constituindo
o etanol acaba de ganhar um Entretanto, gerado a partir da uma importante fonte de alimento
importante aliado nas bactrias biomassa em condies e renda para populaes
que se alimentam de monxido de apropriadas, pode substituir com economicamente menos
carbono, um resduo txico de vantagens o seu concorrente favorecidas que j fazem bom uso
diversas indstrias. Foi fssil. Estudos recentes de de seus frutos e folhas.

QUMICA VERDE
Eventos
2016 Global Innovation Imperative
Demonstraes de Qumica Verde para Locais Remotos

A Escola Brasileira de Qumica Verde tem como objetivo informar a sociedade sobre questes relacionadas
sustentabilidade em processos qumicos. Para tanto promove o ensino de Qumica Verde em todos os nveis.
Recentemente, na conduo destes trabalhos junto aos professores do ensino mdio, foi identificada uma tendncia
extremamente perigosa vrias escolas esto fechando seus laboratrios e abandonando trabalhos prticos por causa
dos custos crescentes e limitaes no acesso a instalaes apropriadas. Este um problema muito srio, pois o trabalho
experimental representa um componente essencial do ensino de qumica.
Assim, com o apoio do Brazil International Chapter da American Chemical Society, foi realizado o 2016 Global
Innovation Imperative (Gii) Demonstraes de Qumica Verde para Locais Remotos que reuniu especialistas em
prticas de Qumica Verde tanto ao nvel nacional quanto internacional em Belm, Par, nos dias 4 a 6 de novembro. O
evento tratou da discusso e disseminao de experimentos simples, seguros e de baixo custo capazes de engajar
alunos de todos os nveis. Os trabalhos apontaram abordagens para o ensino de qumica em diferentes nveis e
situaes, um elenco de prticas que podem ser aplicadas em regies remotas, com acesso reduzido a materiais e
instalaes, e o estabelecimento de sites e redes para apoiar tais atividades. Uma descrio detalhada destes trabalhos e
as propostas para a sua continuidade sero tratadas na prxima edio do Caderno.

Expediente
O Caderno de Qumica Verde uma Conselho de Redao: Diagramao e arte:
publicao da Escola Brasileira de Adriana Karla Goulart, Evanildo da Adriana dos Santos Lopes.
Qumica Verde. Tem por objetivo Silveira, Julio Carlos Afonso, Roberio Contato:
divulgar fatos, entrevistas, notcias Fernandes Alves de Oliveira. quimicaverde@eq.ufrj.br
ligadas ao setor. permitida a reproduo de matrias
desde que citada a fonte.
Editor Responsvel: Consultor Senior: Os textos assinados so de
Peter Rudolf Seidl. Celso Augusto Caldas Fernandes. responsabilidade de seus autores.

RQI - 4 trimestre 2016 10-15


Aconteceu
Encerramento da Olimpada Brasileira de Qumica 2016
Paulo Chagas
IFRJ- So Gonalo, Coordenador da Olimpada de Qumica do Rio de Janeiro

No dia 25 de novembro de 2016, no Teatro da A tradicional cerimnia foi aberta com um duo de
Universidade Federal do Piau, ocorreu a Cerimnia de alunos de graduao de Msica da UFPI, que brindou
Encerramento da Olimpada Brasileira de Qumica, com a plateia com uma apresentao de voz e violo. Logo aps,
entrega das premiaes aos melhores alunos brasileiros o Magnfico Reitor da UFPI declarou aberta a solenidade
de Qumica nas diversas competies e nveis. Estiveram oficialmente.
presentes o Magnfico Reitor da UFPI, Prof. Jos Arimateia A premiao foi dada aos melhores alunos da
o o
Dantas Lopes, o Presidente da ABQ, Engenheiro Qumico Olimpada Brasileira de Qumica Junior (alunos dos 8 e 9
Robrio Fernandes Alves de Oliveira, o Coordenador Geral anos), da Olimpada Norte Nordeste de Qumica (alunos
da OBQ, Prof. Sergio Maia Melo, representantes de rgos das trs sries do Ensino Mdio) e da Olimpada Brasileira
estaduais e federais, os Coordenadores das Olimpadas de de Qumica (alunos das trs sries do Ensino Mdio de
Qumica Estaduais, alunos e seus responsveis para a festa todo Brasil). Salvas de palmas, assovios e gritos festivos
de congraamento e premiao. eram ouvidos a cada entrega de medalhas.

Mesa de abertura da Cerimnia de Encerramento da OBQ 2016


RQI - 4 trimestre 2016 11
A descontrao reinante foi a partir da alegria O programa nacional das Olimpadas uma
desses jovens alunos, que nos fazem pensar como vale a realizao e promoo da Associao Brasileira de
pena investir nesse projeto! Alm das Medalhas, foram Qumica ABQ.
entregues os trofus para os melhores alunos de cada Parabns queles que representam o futuro da
etapa. Qumica no Brasil!

Acima: Sergio Melo, Diretor de Assuntos das Olimpadas da ABQ, fazendo entrega de medalhas

Ao lado e abaixo:
Membros participantes
das Olimpadas
nacional e estaduais

12 RQI - 4 trimestre 2016


Capa

Sensores Qumicos
Um assunto fascinante
Segundo o Jornal da UNICAMP, em sua edio 262 (agosto de 2004), "No h muito tempo, a
determinao de substncias qumicas presentes em misturas, entre as quais a vitamina C em sucos e
remdios, exigia um conjunto de operaes trabalhosas e muitas vezes complexas. A identificao e a
determinao quantitativa em geral s eram possveis com o isolamento da substncia ou com a
eliminao de espcies que poderiam interferir na anlise. Nas ltimas dcadas, porm, foram
desenvolvidos sensores qumicos que permitem determinar quase que instantaneamente a presena e a
quantidade de um universo de substncias.
Softwares adequados comparam dados padronizados com os que chegam ao computador, atravs
da utilizao de um eletrodo imerso na soluo. A transformao qumica que ocorre junto ao eletrodo
produz uma corrente eltrica com certa intensidade, numa operao que permite a determinao."
De acordo com o Laboratrio de Materiais Eletroativos do Instituto de Qumica da Universidade de
So Paulo, "Um biossensor consiste em um dispositivo analtico que contm um componente biolgico que
garante a especificidade e produz uma resposta que traduzida pelo componente fsico em um sinal ptico
ou eltrico. Podemos citar como componentes biolgicos: antgenos, anticorpos, enzimas, cidos
nucleicos, receptores, clulas e suas organelas. Todos estes materiais biolgicos so capazes de produzir
respostas especficas a vrios analitos. Os componentes fsicos so diversos, como fibras pticas,
dispositivos acsticos, cristais piezoeltricos alm de diversos tipos de eletrodos modificados
quimicamente. J os sensores qumicos se diferenciam dos biossensores no fato de que os mesmos no
utilizam componentes biolgicos na transduo do sinal fsico emitido. Para tanto, tem-se amplamente
desenvolvido compostos que mimetizem as principais caractersticas de biocomponentes.
Uma grande vantagem destes sensores reside no fato que os mesmos podem ser produzidos com
maior economia, e aplicado em sistemas onde os biocomponentes no tm alcance, como por exemplo,
m o d i f i c a e s b r u s c a s d e p H e t e m p e r a t u r a "
(http://www.iq.usp.br/rtorresi/portugues/interesse/Sensores.htm).
o
Durante o 55 CBQ de Goinia, ocorrido em novembro de 2015, uma das palestras nacionais mais
concorridas foi exatamente "Sensores Qumicos", proferida pelo Prof. Wendell Karlos Tomazelli Coltro, do
Instituto de Qumica da Universidade Federal de Gois. Face a isso, e sendo assunto indito em nossa
Revista, o Editor convidou o Prof. Wendell para uma pequena entrevista sobre esse apaixonante tema da
qumica.
FOTO: Wikipedia

Tubo dosimtrico, sensor de radiao

RQI - 4 trimestre 2016 13


Exame desenvolvido pelo pesquisador
Wendell Coltro usa uma folha ou at um
guardanapo para detectar a dengue ou outras
enfermidades em minutos, ao custo de
centavos.
Ele foi considerado um dos dez brasileiros
mais inovadores pelo Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos
uma das cinco melhores universidades do
FOTO: Arquivo pessoal

mundo (de:
http://betaeq.blogspot.com.br/2014/10/pesquis
ador-cria-exame-de-sangue-mais.html, 14 de
outubro de 2014).

R QI: O que se entende por sensores nos ltimos anos, tem permitido a construo de
qumicos? Como eles se classificam? mltiplos sensores em uma mesma plataforma.
Wendell: Os sensores so dispositivos que Isso vantajoso porque com uma nica anlise
funcionam de modo a indicar algum tipo de voc pode obter mltiplas respostas diferentes.
alterao em funo das propriedades fsico-
qumicas. Eles podem ser classificados, de uma RQI: Como os sensores qumicos podem ser
maneira geral, em sensores eltricos, sensores produzidos?
pticos, sensores colorimtricos, dentre outros. Wendell: Os sensores podem ser produzidos
em diferentes materiais explorando-se tcnicas
RQI: Quais so as suas vantagens em relao sofisticadas ou tcnicas mais simples. No nosso
a outros tipos de sensor? laboratrio, usamos mtodos extremamente
Wendell: Alguns tipos de sensores qumicos simplificados como uma impressora a laser, um
permitem a visualizao da mudana de carimbo metlico, uma impressora 3D, etc.
resposta a olho nu. o que acontece, pode Projetamos a geometria do sensor e fazemos a
exemplo, nas fitas que medem pH. Os sensores impresso de modo a criar trilhas, ou caminhos,
microfludicos, cuja rea vem avanando muito para transporte da soluo.

Alguns tipos de
sensores mais
comuns:
termmetro de
mercrio
( esquerda) e
termistor, um resistor
sensvel
temperatura
( direita)

14 RQI - 4 trimestre 2016


esquerda,
clula solar
fotovoltaica
de silcio

Acima,
contador Geiger
direita,
sensor de luz

RQI: Que aplicaes hoje existem para os passam por um dinamismo incrvel.
sensores qumicos? Por isso, o importante hoje na formao
We n d e l l : E x i s t e m i n f i n i t a s a p l i c a e s bsica buscar se completar o mximo possvel
comerciais incluindo os testes de gravidez e tentando sempre ter um olhar crtico sobre
glicemia que so bem populares. No entanto, inovao e mercado.
podemos incluir os sensores dedicados para Isso passa necessariamente pela
testes rpidos para nitrito, nitrato, ureia, cido interdisciplinaridade, atravs das quais surgem
rico, dentre outros. Alm destes, os dispositivos as grandes ideias.
para doenas esto aparecendo com maior
incidncia nos ltimos anos. Exemplos para Notas do Editor:
detectar pacientes infectados com dengue, HIV O entrevistado pode ser contatado pelo
e Alzheimer, bem como dispositivos para e-mail: wendellcoltro@gmail.com
detectar marcadores tumorais j so realidade. Seu Currculo Lattes pode ser acessado pelo
link http://lattes.cnpq.br/8302650734477213
RQI: Qual seria a fronteira das pesquisas Alguns artigos e trabalhos de ps-graduao
para o desenvolvimento de novos sensores? que complementam esta entrevista podem ser
Wendell: A microfludica uma cincia acessados, gratuitamente, por meio dos
multidisciplinar, onde as fronteiras entre a seguintes links:
Qumica e as reas correlatas como a Fsica, a http://www.scielo.br/pdf/qn/v29n6/28.pdf
Biologia e a Engenharia esto cada vez mais http://www.scielo.br/pdf/qn/v32n6/47.pdf
estreitas. Isso uma tendncia na cincia http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/V
moderna, na qual a inter e a multidisciplinaridade ol29No6_1318_28-RV05268.pdf
devem caminhar juntas. http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/V
ol19No1_76_v19_n1_13.pdf
RQI: Que mensagem gostaria de deixar para http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/188
os leitores da RQI? 4/26905/TESE_versao%20final_Marcia_corrigi
Wendell: As necessidades da sociedade da_revisora.pdf?sequence=1

RQI - 4 trimestre 2016 15


Artigo de Opinio

Acontecer em Gramado no ano que vem...


Julio Carlos Afonso
Editor

Prdio do Instituto de Qumica Industrial, inaugurado em 8 de junho de 1926

O 57o Congresso Brasileiro de Qumica, que do Brasil (AQB, as razes mais novas da nossa ABQ), a
ter lugar em Gramado, estado do Rio Grande do Sul Associao de Qumicos decidiu, dois anos depois, se
em outubro de 2017, ter, afora a excelncia de sua dissolver, transferindo seu patrimnio e seus
programao cientfica em curso de estruturao, um associados para a recm-criada seo regional da
lado histrico e afetivo muito especial. AQB, dentro do mais completo esprito de unio dos
Os primeiros esforos para o estabelecimento qumicos gachos. Em 1945, havia 52 associados, e
de uma seo regional de qumica no Rio Grande do 106 em 1948.
Sul remontam a 1923 quando a Sociedade Brasileira Uma das realizaes mais marcantes dessa
de Chimica, base sobre a qual se assenta a nossa ABQ Seo Regional da AQB foi a organizao do 5o CBQ,
de hoje, estabeleceu seu ncleo sul rio-grandense de em Porto Alegre, ocorrido de 24 de fevereiro a 2 de
qumica; algumas reunies chegaram a ser realizadas, maro de 1947.
mas a durao desse ncleo foi efmera. Era o segundo CBQ na regio
Bernardo Geisel (1901-
Nesse mesmo ano ocorreu a formatura 1985), um dos sul do pas (Curitiba sediou o CBQ em
dos primeiros qumicos industriais em formandos da primeira 1943). Contando com mais de 100
turma de qumicos
solo gacho. O Instituto de Qumica industriais do RS, um dos participantes e dezenas de trabalhos
fundadores da
Industrial, antes instalado no Instituto de Associao dos Qumicos apresentados, o 5o CBQ foi terreno frtil
do Rio Grande do Sul, um
Eletrotcnica e mais tarde na Escola de dos organizadores do 5o para que fosse fundada, logo em
CBQ de Porto Alegre e
Engenharia de Porto Alegre, veio a presidente em exerccio seguida, a Sociedade Brasileira de
ganhar vida prpria em maro de 1925. da AQB por dois Cincia do Solo.
periodos
Foi preciso esperar o dia 5 de Desse modo, o CBQ de 2017
outubro de 1937 para que um grupo de celebrar datas festivas muito
qumicos fundasse a Associao dos importantes para a comunidade qumica
Qumicos do Rio Grande do Sul, abrigado do Rio Grande do Sul, unindo o passado
no prdio do Instituto de Qumica ao presente, numa conjugao de
Industrial. Com a fundao em 18 de esforos para fazer deste evento um
janeiro de 1941, da Seo Regional do momento marcante para todos os seus
Rio Grande do Sul da Associao Qumica participantes.

16 RQI - 4 trimestre 2016


Aconteceu na RQI ...
H 75 anos atrs (Ano 10, nmero 116, dezembro de 1941)

Alguns dados sobre a produo industrial no Brasil


(por Jayme da Nbrega Santa Rosa, Editor)
O S.E.E.F. do Tesouro Nacional acaba de dar conhecimento ao pblico uma coletnea de dados estatsticos sobre a
produo industrial em nosso pas e o nosso comrcio exterior.
Vejamos, em primeiro lugar, o aumento do nmero de fbricas, cujos produtos eram sujeitos ao imposto de consumo,
no perodo de 1912 a 1937. Em 1912, havia 12.571 daqueles estabelecimentos; em 1919, existiam 36.475; em 1932, 50.069;
em 1937, 59.771.
Foi o seguinte o valor, em contos de ris, da produo industrial brasileira sujeita ao imposto de consumo: no ano de
1936, 7.409.735; no ano de 1937, 8.274.004; no ano de 1938, 10.454.085. Aqui figura somente o valor da produo tributada.
No mesmo perodo, a produo agrcola no Brasil apresentava os valores, em contos de ris: no ano de 1936, 8.080.787; no
ano de 1937, 8.425.972 (dados sujeitos retificao); no ano de 1938, 8.640.047 (estimativa). (...)

Nova aplicao para o berlio


(do Brazilian Information Bureau - Nova Iorque)
Os cientistas americanos E. Burker Wifford, de Philadelphia, e
Hugh S. Cooper, de Cleveland, acabam de descobrir a forma de adaptar o
berlio construo de avies. Essa descoberta permitir no s que os
avies atinjam maiores altitudes, comi tambm que o seu raio de distncia
seja aumentado e se torne mais fcil o seu manejo.
O Snr. Wifford afirmou que a adaptao do berlio numa liga com o
alumnio concorre para que o raio de vo dos avies bi-motores de
bombardeio seja acrescido de 8.000 milhas, podendo subir at 45.000 ps
ou, em outras palavras, 5.000 ps acima da altura mxima at agora
alcanada.
Acrescentou quer o berlio, sendo quase to leve como o alumnio
(o mais leve de todos os metais de construo), resistir melhor do que o
alumnio (metal mais pesado) forte presso que sofrem os pistes e partes
de motores do avio.

Nova fonte de borracha


(do Brazilian Information Bureau - Nova Iorque)

Segundo o que divulgou o Boletim do Farm. Chemurgic Council, o


Snr. Peter Heinz, de Brownsville, ex-funcionrio do Bureau of Plant
Quarantine do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos,
havendo trabalhado em cooperao com Departamento Mexicano de
Agricultura, supe ter descoberto no Mxico uma planta tropical, da
qual poder ser extrada grande porcentagem de borracha, valiosa
sobretudo nesta hora em que o programa da defesa nacional dos
Estados Unidos exige quantidades enormes desse produto.

RQI - 4 trimestre 2016 17


Aconteceu na RQI ...
HH
5050
anos
anos
atrs
atrs
(Ano
(Ano
35,35,
nmero
nmero
416,
413,
dezembro
junho dede
1966)
1966)

O BNDE e a Indstria Qumica


O Instituto Nacional de Tecnologia
Como do conhecimento geral, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico vem
(Fatos,estimulando,
Episdios,do Lutas e Realizaes)
melhor modo que lhe possvel, a expanso da indstria qumica brasileira. Tem
(por Heraldo concentrado
de Souza Mattos, Vice-Diretor
sua ateno do INT)
nas atividades que so bsicas, fundamentais para o ramo, como as
Um dos grandes e inestimveis
produes de servios
lcalis prestados pelo Instituto
sdicos, cido sulfrico,foipigmentos
a inorgnicos, adubos, celulose e
organizao da legislao metrolgica brasileira
defensivos para (...). A nica
a agricultura. lei de
(...) No quepesos e medidas
diz respeito indstria carbonfera, limitou-se a
existente no Brasil era a Lei Imperial 1.157,
colaborao do de 26 de
Banco, atjunho
agora,de ajuda
1862,dispensada
ainda dos aogloriosos
levantamento, no sul do pas, de usinas
tempos do nosso grande imperador D. Pedroconsumidoras
termo-eltricas II. Mandavade elacarvo
adotarnacional.
no pas o(...)
sistema
No que concerne petroqumica, a
mtrico decimal, e foi regulamentada a 11 do
contribuio de Banco
dezembro de 1872.
tem sido modesta,(...)visto
Depois
comodesomente
inmeras
nos ltimos tempos comeou entre
lutas, foi aprovado pelo Decreto ns4.257, de 15
a tomar de sse
corpo junho de 1939,
ramo. Mas, a apartir
Lei de
Metrolgica
1965, o BNDE Brasileira.
passou a realizar estudos a respeito das
(...) difcil fazer entender porcondies
aqui quedeo funcionamento
progresso e o ebem-estar de umdopas
das perspectivas dependem,
parque petroqumico brasileiro. (...)

Flor no tratamento de guas


(por Amaury
Amnia (por Aristteles Bersou) Fonseca, diretor
Fatos tcnico da D'gua
e comentrios Qumica
sobre recursos Industrial
minerais Ltda)
- O contrabando atmico
J vem
o de gslonga
AMNIA,data as NHpesquisas
3, um dos concernentes(por ao emprego deAbreu,
Sylvio Fres flor no tratamento
diretor da gua.
do Instituto No de
Nacional entanto, somente h
Tecnologia)
cerca de
compostos vinte anos
qumicos maisimportantes,
que seu emprego
de tomou mais definidas
A primeira formas:
questo a seristo deu-se em
abordada 1944sequando
a que o Departamento
refere ao to agitado caso dedo
maior Sade
usodee Novacom Iorque,
as mais emvariadas
cooperaocontrabando
com tcnicosdede Newburh,
minrios comearam
atmicos, assuntoa que
medir
tema recebido
incidncia de cries dentrias
importncia, a nosso ver,
nas crianas
aplicaes, quer em emsuaidade escolar
forma pura,ali residentes.
quer Este (...)
imerecida. registro de dadosde
Contrabando foicristal,
executado antes
de ouro, dede dar incioou fluoretao
cassiterita de qualquer dasoutro
c o mguas
o i n t edestinadas
r m e d i r i oao
, qabastecimento pblicodenaquela
u e r c o m o produto alto valorcidade.
unitrio (...) Os estudos
possvel que venhainiciais
ocorrendo,tiveram
mas noa contrabando
durao dede
aproximadamente
componente seis anos
de outros produtos (1951); (...)
qumicos. os resultados
minrios atmicos,obtidos
porqueindicaram
os que souma reduoem
conhecidos denosso
aproximadamente
pas no tm talsessenta
valor que
porusos
(...) Os centodana taxa deesto
amnia incidncia de cries
aumentado dentrias
incite nas crianas
exportao que bebiam
clandestina. da gua
(...) As fontes fluoretada
de urnio em relao
j conhecidas quelas
em nosso que
territrio
muito.no tinham
Nos acesso
Estados Unidosa ela.
da(...)
Amrica, a so os minrios de zircnio do planalto de Poos de Caldas, o pirocloro de Arax e Tapira,
sua produo j est em primeiro lugar, em em Minas Gerais, os conglomerados de Jacobina, na Bahia, certos arenitos na regio de
dlares, entre os produtos qumicos Tucano, Bahia, o pegmatito uranfero de Perus, e outras ocorrncias de menor vulto. (...)
inorgnicos. A produo mundial do ano,I Seminrio Quanto aosLatino-Americano
minrios contendo trio (areias monazticas do litoral ou pirocloro torfero
de Qumica
Por intermdio
terminada em 30 de deseu
junhodepartamento
de 1962, foi de deassuntos cientficos,
de Arax), a Organizao
o contrle dos Estados
exercido pela C.N.E.N. Americanos
de certo (OEA)
no possibilita est
uma programando
evaso de vulto
um Seminrio
14.280.000 Latino-Americano
t mtricas. (...) Verifica-se ade suaQumica (SELAQ)
propalado. Nestas (...). Espera-se
condies, at queque
sejaeste I SELAQ
provado sejae com
com fatos a base de ummaterial
evidncia programaa
gcontinuado,
ra n d e e i nv a ser efetuado
u l ga r i m p oar cada
t n c dois
i a nanos ou mesmo
a existncia deanualmente,
contrabandocaso hajadevemos
atmico, interesseconsiderar
e recursosa financeiros para tanto.
questo em suspenso atAque
sede
dessas reunies
agricultura, ser varivel,
na indstria nos diferentes
e em aplicaes pases seja
o assunto latino-americanos.
definitivamente O local proposto
esclarecido, para o I SELAQ
provvelmente foi a cidade
fora da esfera de So
dos minerais
Paulo, no
diversas. (...)Conjunto das Qumicas da Cidade Universitria de So Paulo. A data escolhida foi de 3 a 28 de outubro, no corrente
atmicos.
ano [1966], isto , o Seminrio ter a durao de quatro semanas. O tema proposto foi: MACROMOLCULAS, e o programa-
tentativa inclui aspectos estruturais, fsico-qumicos, tecnolgicos e bioqumicos em nvel de ps-graduao. (...) O I SELAQ
H 25 anos atrs (Ano 59, nmero 685, 686, outubro
dezembro dede1991)
1991)
contar com o patrocnio de entidades culturais nacionais e internacionais, bem como de indstrias qumicas no pas. (...)

ABQ cria projeto de Educao Qumica


A ABQ realizou em 19 de dezembro o encontro prvio de seu projeto de
Educao para o Ano de 1992, contando com o apio da Escola Tcnica Federal
MESA-REDONDA: O de Estado
Qumicada do
Arte Rio
do de Janeiro,
Ensino ETFQ-RJ,
da Qumica - onde
horase derealizou
refletir eomudar
evento, e a
Esta mesa-redonda foi organizadacolaborao
com o intuitodadeEditora
levantartica
ideiase eda Secretaria
questes desobre
atuais Estado de Educao
o ensino do Rio
da Qumica. de
Algumas
Janeiro.
questes essenciais foram formuladas aos participantes. Acreditamos que as respostas podero servir de eixo para discusses
Noao
mais profundas e como base de reflexo e de encontro foiprofissionais
para ns, realizado debate EstoLinguagem
sobre
da rea. na mesa: quee tipo
Notao Qumica,
de ensino devemos
ministrar; qual deve ser o enfoquesob responsabilidade
(o contedo da Comisso
ou o cidado?); o que pensamde Nomenclatura
os jovens sobredea Qumica Orgnica
qumica; como da a
melhorar
ABQ. sobre
bagagem de conhecimentos que recebem Foram,
umatambm, planejados
rea to importante os prximos eventos, com datas a serem
e abrangente.
agendadas
Com certeza, ao optar por transcrever apenasno primeiro
os pontos semestre
cruciais de 1992:
do debate, Debate:
deixamos "Regras outros
de apresentar da IUPACtantospara
pontos
Nomenclatura
relevantes que podero vir luz em de Qumica
prximos nmeros Orgnica
da Revista. para o 2o Grau";
(...) A mesa-redonda Debate:
foi promovida pela"Unidades e
ABQ na Escola
Tcnica Federal de Qumica, em 10Grandezas
de junho de para
1991, adiscutindo
Cincia oQumica Contempornea
ensino da Qumica - Proposta
nos diversos segmentosda IUPAC";em
da educao
Evento de divulgao da Qumica durante a ECO-92.
18 RQI - 4 trimestre 2016
Aconteceu na RQI ...
H 25 anos atrs (Ano 59, nmero 685, outubro de 1991)

Cincia abraa a Qumica


Sua RQI e a Cincia Hoje estreitaram laos. O Jornal Cincia Hoje, que cobre palmo a palmo
tudo o que interessa cincia e tecnologia nesse pas, passa a ter mais um canal direto de
informaes na rea qumica. Os leitores da RQI passam a ser vez por outra premiados com
informao cientfica de belssimo apuro visual.
RQI e Cincia Hoje tm uma interface comum na comunidade de C & T que transa a Qumica.
Alm do mais, esto ambas procurando a pedra filosofal que transforma em ouro o discurso oficial
sobre verbas e prioridade Cincia e Tecnologia no Brasil.

H 1 ano atrs (Ano 83, nmero 749, 4 trimestre de 2015)

Qumica Verde
(por Lucia Gorenstin Appel, do Instituto Nacional de Tecnologia)
"Atualmente, grande parte da Industria Qum ica Nacional e tambe m da Acade mica esta o
conscientes da importa ncia da QV. Isto ocorre na o so com relaa o a s questo es
ambientais, mais tambe m, pelo fato de que ao es neste a mbito sa o uma grande
oportunidade para a inovaa o em produtos e processos produtivos. Em muitas ocasio es
e atualmente possvel notar que esta conscie ncia vem se transformando em ao es
efetivas." No que diz respeito ao papel do poder pu blico para melhorar a insera o dos
princp ios da Qum
ica Verde no Brasil junto a populaa o, "A questa o da educaa o e
crucial e esta deveria se iniciar ainda no ensino me dio."

Segurana Qumica em Foco: 4 Conferncia Internacional Segurana Qumica em Foco: 4o Seminrio de Educao em
sobre Gesto Qumica Segurana Qumica na Indstria
A Segurana Qumica um conceito global, No Brasil, as aes governamentais, da sociedade civil e da indstria vm
desenvolvido para assegurar a proteo da sade, da vida e sendo desenvolvidas e articuladas pela Comisso Nacional de Segurana
das condies normais do ambiente, frente aos riscos Qumica CONASQ (...). Neste 4 Seminrio foi abordada a educao em
decorrentes das atividades compreendidas no ciclo de vida Segurana Qumica na indstria. O evento ocorreu em 2 de dezembro, na
das substncias qumicas, com base na sua utilizao racional Faculdade SENAI Rio - Sede Tijuca do Sistema FIRJAN (Federao das
e consciente. Indstrias do Estado do Rio de Janeiro). (...) Foram debatidos temas da
O tema tem merecido crescente ateno, levando maior relevncia para a indstria qumica e os profissionais do setor:
realizao de numerosos eventos regionais e internacionais. divulgao da evoluo da Segurana Qumica no cenrio internacional
Nesse contexto, a 4 Conferncia Internacional sobre Gesto (...) enfatizando a importncia do desenvolvimento de aes preventivas
Qumica (4 t h Internactonal Conference on Chemical e corretivas no Brasil; apresentao das expectativas e contribuies dos
Management ICCM4), realizada em Genebra, no perodo diversos setores envolvidos, promover o debate e colher subsdios para o
de 28/09 a 02/10/2015, contou com a participao de mais fortalecimento da educao corporativa na rea de Segurana Qumica;
de 800 delegados, incluindo presidentes, ministros, chefes dar continuidade s diversas iniciativas e articulaes interinstitucionais
de organizaes intergovernamentais e lderes da sociedade efetivadas a partir dos resultados dos 3 Seminrios realizados
civil da maior parte dos pases. Durante o evento foi anteriormente; e ampliao da Rede Brasileira de Educao em
divulgado documento elaborado pelo Programa das Naes Segurana Qumica. (...). A ABQ se fez presente no evento por meio do
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e outros organismos Editor da RQI, Prof. Jlio Afonso, do Instituto de Qumica da UFRJ. A
internacionais admitindo que, na atualidade, a principal preveno de acidentes, doenas e poluio ambiental relacionados aos
causa de mortalidade no mundo a poluio qumica. O produtos qumicos demandam esforos dos rgos pblicos, empresas,
Brasil como 5 maior produtor qumico mundial e o maior organizaes no governamentais e outros segmentos da sociedade
consumidor de agrotxicos deve dar ateno prioritria organizada. Dentre as formas de se alcanar os objetivos da Segurana
preveno da exposio da populao a produtos qumicos. Qumica, destacam-se a educao e o treinamento, (...).

RQI - 4 trimestre 2016 19


Agenda
Eventos Nacionais Eventos Internacionais

1 Escola de Modelagem Molecular da Unesp Araraquara Workshop Internacional sobre Validao de mtodos
Araraquara, SP, 9 a 13 de janeiro de 2017 de ensaio, erros humanos e a incerteza de medio
Info: facte.com.br/escola-de-modelagem- dos resultados
molecular-da-unesp-araraquara-1a-emmunesp/ Tel Aviv, Israel, 23 de janeiro de 2017
info: https://iupac.org/events/
Seminrio de Educao a Distancia
Goinia, GO, 8 a 10 de maro de 2017 14 UNESCO / IUPAC Oficina e Conferncia sobre
Info: www.ciar.ufg.br Macromolculas & Materials
Trabalhos: 15 de dezembro Stellenbosch , frica do Sul, 10 a 13 de abril de 2017
info: http://academic.sun.ac.za/unesco/
10 Simpsio Nacional de Biocombustveis - BIOCOM
Recife, PE, 24 a 26 de abril de 2017
25 Encontro de croatas qumicos e engenheiros
Info: www.abq.org.br/biocom
qumicos
Trabalhos: 9 de maro
Porec, Crocia, 19 a 22 de abril de 2017
info: http://25hskiki.org/en/homepage/
15 Simpsio Brasileiro de Educao Qumica- SIMPEQUI
Manaus, AM, 7 a 9 de agosto de 2017
Info: www.abq.org.br/simpequi 12 Advanced Polymers via Engenharia
Trabalhos: 29 de junho Macromolecular (APME 2017)
Ghent, Blgica, 21 a 25 de maio de 2017
info: http://www.APME2017.org
10 Encontro Nacional de Tecnologia Qumica- ENTEQUI
Goinia, GO, 4 a 6 de setembro de 2017
Info: www.abq.org.br/entequi 9 Simpsio Internacional sobre Molecular Mobilidade
Trabalhos: 3 de agosto e Ordem em sistemas polimricos
St.Petersburg, Russia, 19 a 23 de junho de 2017
57 Congresso Brasileiro de Qumica - CBQ info: http://www.mmops2017.com
Gramado, RS, 23 a 27 de outubro de 2017
Info: www.abq.org.br/cbq
Trabalhos: 19 de julho Simpsios Internacionais de Qumica Organometlica
dirigida para Sntese Orgnica (OMCOS 19)
Jeju, Coreia do Sul, 25 a 29 de junho de 2017
info: http://www.omcos19.org

Associao Brasileira de Qumica


Utilidade Pblica Federal: Decreto n 33.254 de 08/07/1953
Tel/fax: 21 2224-4480 - e-mail: secretaria@abq.org.br

www.abq.org.br
QI
ISSN: 2358-1697
Revista de Qumica Industrial
Ano 84 N 753 4 trimestre de 2016
Edio Eletrnica 11

ndice

22 Avaliao do desempenho de compostos fenlicos verdes como inibidores para a


indstria de petrleo
Evaluation of the performance of green phenolic compounds as inhibitors for oil industry

Uso de nanopartculas de prata para avaliao da eficcia antimicrobiana nos


34
sistemas de tratamento de gua e efluentes em substituio aos produtos clorados
Use of silver nanoparticles to evaluate the antimicrobial efficacy in water treatment systems
and wastewater to replace chlorinated products

42 Adsoro de zinco (II) e cobre (II) utilizando como adsorvente a borra de caf

Zinc (II) and copper (II) adsorption using coffee grounds as adsorbent

Tratamento de efluente de indstria cosmtica via reagente de fenton


52
Treatment of cosmtic industry wastewater via fenton reaction

69 Investigao da atividade antiacetilcolinesterase em mis de Apis mellifera


oriundos dos Estados do Cear e Piau
Investigation of antiacetylcholinesterase activity in Apis mellifera honeys from
Cear and Piau States

RQI - 4 trimestre 2016 21


Artigo Tcnico
Avaliao do desempenho de compostos fenlicos verdes como
inibidores para a indstria de petrleo
Evaluation of the performance of green phenolic compounds as
inhibitors for oil industry

Luana Barros Furtado, Rafaela da Conceio Nascimento,


Maria Jos O. C. Guimares, Peter R. Seidl*

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21941-909, Rio de Janeiro-RJ, Brasil


*e-mail: pseidl@eq.ufrj.br

Submetido em 07/07/2016; Verso revisada em 27/10/2016; Aceito em 10/11/2016

Resumo
Os inibidores de corroso tem sido muito empregados na indstria de petrleo, no entanto os
inibidores sintticos vem sendo substitudos pelos chamados inibidores verdes, pois estes
apresentam menor toxidez e so obtidos de fontes renovveis. Neste trabalho, foram
desenvolvidas formulaes orgnicas inibidoras de corroso a partir de subproduto da indstria da
castanha de caju. Primeiramente, foram realizados experimentos para avaliar a interao do
produto bruto e de seus princpios ativos isolados (obtidos aps destilao vcuo) com solventes
orgnicos. Os princpios ativos foram usados em 10 formulaes distintas estabilizadas em fluido
cido orgnico. As eficincias das formulaes foram avaliadas empregando ensaios de perda de
massa a 60 e 80C, utilizando aos carbono e inoxidvel. Os materiais foram analisados em
1
microscpio ptico, e os princpios ativos foram caracterizados por FTIR, TGA e H-RMN. O melhor
desempenho foi observado nos inibidores cujo princpio ativo o resduo da destilao do LCC
tcnico.
Palavras-chave: inibidores verdes, formulaes orgnicas, perda de massa

Abstract
Corrosion inhibitors have been largely used in the oil industry, however synthetic inhibitors have
been substituted for the green inhibitors as these ones are less toxic and are obtained from
renewable sources. In this work, corrosion inhibiting organic formulations were created from a
byproduct of cashew nuts industry. At first, experiments were done to evaluate the interaction of the
crude product and its fractions (obtained after vacuum fractional distillation) with organic solvents.
The active principles were used in 10 different formulations that were stabilized in an organic fluid
with acidic characteristics. The efficiencies of the formulations were evaluated through weight loss
measurements at 60C and 80C, using low carbon and stainless steels. The materials were
examined by optical microscopy, and the active substances were characterized by FTIR, TGA and
1
H-NMR. The most effective inhibitors are those whose active substances are the distillation
residue of the crude product.
Keywords: green inhibitor, organic formulations, weight loss

22 RQI - 4 trimestre 2016


INTRODUO proteo oferecida pelos inibidores depende dos
Na indstria de leo e gs, estruturas metais e ligas, bem como da severidade do meio. Os
metlicas presentes em equipamentos sejam mecanismos de atuao destes inibidores se
vlvulas, rvores de natal ou tubulaes, sofrem baseiam na formao de uma barreira ou filme na
ataques corrosivos constantes em todas as etapas, superfcie do material, e na alterao do meio
da extrao e refino at o transporte e corrosivo, tornando-o menos agressivo (ROCHA,
armazenagem. Isso ocorre devido a uma grande 2013).
variedade de ambientes e agentes corrosivos A elaborao de um novo inibidor implica em
presentes nessa indstria (FRAUCHES-SANTOS et pesquisas de alto grau de complexidade e entre as
al., 2014). variveis envolvidas esto: nmero elevado de
Esse setor deve minimizar os custos diretos e substncias orgnicas com potencial para serem
indiretos ocasionados pela corroso pelo uso de utilizadas nas formulaes; escolha de substncias
mtodos de proteo e processos de remoo de cujos princpios ativos apresentem eficincia de
agentes potencialmente corrosivos, uma vez que a inibio de corroso comprovada para diferentes
produo de leo e gs, bem como de derivados, aos; estudo de efeitos sinrgicos ou antagnicos;
deve ser contnua a fim de suprir as demandas do estabilidade da formulao no fluido; e distribuio
mercado e retornar o elevado custo do investimento homognea no fluido de acidificao (FURTADO,
(ABRACO, 2015; GENTIL, 1982). 2015).
Alm dos problemas causados pela exposio Os inibidores podem ser classificados quanto
a esses meios, existem atividades, como a ao comportamento em andicos, catdicos e de
decapagem cida e estimulao de poos que adsoro. Alguns fatores influenciam a eficincia
utilizam solues cidas para fins industriais e que destes inibidores, como: concentrao e volume de
comprometem as estruturas metlicas (GENTIL, inibidor, temperatura, estrutura, pH, velocidade de
1982; RAJEEV, SURENDRANATHAN e MURTHY, escoamento, solubilidade, composio do fluido,
2012).Uma das operaes de estimulao de poos caractersticas do substrato em que vai aderir, tempo
muito empregada, consiste na acidificao da matriz de interao entre o inibidor e o substrato e outros
rochosa aumentando a permeabilidade do poo e (NABI e HUSSAIN, 2012; NEGM, YOUSEF e
consequentemente sua produtividade, sendo, TAWFIK, 2013; SANYAL, 1981).
portanto, um artifcio tecnolgico importante Os inibidores de adsoro apresentam em sua
(GOMES, 2011; THOMAS, 2001). estrutura heterotomos como enxofre, nitrognio ou
Devido utilizao de solues cidas nas oxignio, os quais adsorvem sobre a superfcie
operaes de estimulao, processo este agravado metlica por possurem elevada densidade
por operaes a altas temperaturas, associado aos eletrnica, funcionando como doadores de eltrons,
diversos ambientes e agentes corrosivos enquanto que o metal o receptor. Alm dos
intrnsecos, faz-se necessria a utilizao de heterotomos, fatores como tamanho da molcula,
mtodos de mitigao da corroso (FURTADO, comprimento da cadeia lateral, presena de
2015).Um dos mtodos mais eficientes e insaturaes e aromticos tambm influenciam na
empregados o uso de inibidores. Os inibidores de proteo do material (ALSABAGH et al., 2015).
corroso so substncias que ao serem adicionadas Alguns trabalhos relataram que a adsoro de
ao meio corrosivo reduzem, retardam ou impedem compostos heterocclicos, como anis aromticos
as reaes de corroso, sejam elas nas fases ocorre em paralelo superfcie.Essa planaridade de
gasosas, aquosas ou oleosas. A eficincia de compostos heterocclicos associada a presena de

RQI - 4 trimestre 2016 23


heterotomos com pares de eltrons isolados so princpios ativos esto especificados na Tabela 1.
caractersticas importantes que determinam a
Destilao do LCC
adsoro dessas molculas sobre a superfcie.
As destilaes fracionadas foram conduzidas
Devido adsoro sobre a superfcie, essas
3
a presso constante de 100 mmHg (13*10 Pa), na
molculas podem bloquear stios ativos do metal, e
faixa de 200-300 C, por 4 horas.
assim, reduzir a taxa de corroso (RAJEEV,
SURENDRANATHAN e MURTHY, 2012).
Caracterizao dos princpios ativos
Os inibidores sintticos apresentam
Cardanol hidrogenado (SIGMA-ALDRICH,
caractersticas estruturais favorveis a adsoro,
95,8% por espectrometria de massas), cardanol
mas podem causar problemas ambientais. Devido
destilado, LCC (teor de cardanol 86,7% por CG-MS)
s regulaes ambientais crescentes, aliadas
e o resduo da destilao foram caracterizados por
preocupao com os prejuzos causados ao meio
FTIR em equipamento Perkin Elmer Instruments,
ambiente, estes inibidores vm sendo substitudos
Spectrum One FT IR Spectrometer com varredura
pelos inibidores de fontes renovveis. Os inibidores
-1
de 4.000 650 cm , n de scans de 5, resoluo de 4
verdes se apresentam como alternativas
-1
cm com acessrio de reflectncia total atenuada
interessantes, e devem ser ambientalmente e
(ATR); e Termogravimetria (TGA/DTG) em
ecologicamente aceitveis; os produtos de plantas
analisador termogravimtrico (TGA) da TA
devem ser de baixo custo, devem estar prontamente
Instruments, modelo Q500 TGA, no intervalo de 25
disponveis e ser de fontes renovveis. Esses
C a 1000 C, razo de aquecimento de 10 C/min,
inibidores verdes podem ser obtidos a partir de de
sob fluxo de N2 de 30 mL/min.
extratos de sementes (SINGH E QURAISHI, 2015),
frutos (UMOREN, GASEM e OBOT, 2015), folhas Tabela 1
(FOUDA, ETAIW e ELNGGAR, 2014), casca de Especificaes e Estruturas dos principais
constituintes dos princpios ativos
frutas (ODEWUNMI, UMOREN e GASEM, 2015) e
outros.
Nesse sentido, o lquido da casca da castanha de
caju, conhecido como LCC, foi o foco deste trabalho
com o objetivo de se obter formulaes inibidoras.
Esse produto natural apresenta em sua composio
compostos fenlicos com cadeia lateral alqulica
extensa e insaturada, representando um potencial
como inibidor de corroso devido a elevada
densidade eletrnica associada presena de
aromticos (MAZZETTO e LOMONACO, 2009).
Essas caractersticas estruturais permitem agregar
valor a este subproduto, em conjunto com o
desenvolvimento de produtos com menor impacto
ao meio ambiente e a sade humana.
Avaliao da estabilidade do LCC em fluido
cido
PARTE EXPERIMENTAL
Testes empregando 0,1% de LCC em soluo
Os materiais utilizados neste trabalho como de cido clordrico 15% foram realizados para

24 RQI - 4 trimestre 2016


verificar a possibilidade de aplicao direta do LCC Preparo dos corpos de prova
em fluido cido. Alm do princpio ativo e da soluo Corpos de prova de ao baixo carbono e
cida, utilizou-se um tensoativo comercial, Renex inoxidvel com dimenses de 8x20x5 cm, com
150, e a concentrao deste foi variada de 0,03% a orifcio central foram utilizados em ensaios de perda
0,27%. de massa de acordo com as normas ASTM G1
(1990) e G31 (1972). Composio (%) do ao baixo
Influncia do tipo de solvente orgnico na carbono: C- 0,280; Mn-1,220; Si-0,280; P-0,016; S-
solubilidade do LCC 0,002; Ni-0,010; Mo-0,110; Fe- 98,1. Composio
Os solventes orgnicos foram selecionados de (%) do ao inoxidvel martenstico 13Cr: C- 0,13;
acordo com a polaridade e potencial para solubilizar Mn-0,71; Si-0,32; P-0,021; S-0,001; Cr-14,03; Ni-
os constituintes do princpio ativo, na proporo 1:1 0,12; Mo-0,001; Cu-0,005; Fe- 84,7.
princpio ativo:solvente. Os solventes testados Os corpos de prova foram polidos com lixas de
foram: ciclohexanona (PA, grau de pureza 99,0%), granulometria 200, seguida de 400 e 600, e ento
glicerina comercial, lcool isoamlico (PA, grau de lavados com gua destilada, lcool e acetona. Aps
pureza 98,5%), butilglicol (PA, grau de pureza este procedimento, foi efetuada a etapa de limpeza
99,0%), lcool proplico (PA, grau de pureza 99,5%) qumica, sendo os de ao carbono em banho
e etanol (PA, grau de pureza 95,0%). Para ultrassom por 10 minutos com acetona, e os de ao
proporcionar maior interao entre as fases, os inoxidvel em soluo de cido ntrico 25% (v/v) por
bales foram mantidos em banho de ultrassom por 5 minutos. Aps este procedimento, os corpos de
20 minutos e mantidos em repouso at 24 horas. A prova foram secos e pesados.
estabilidade das misturas, em meio aquoso A composio (% m/v) do meio orgnico cido
contendo 15% de cido clordrico, foi verificada aps usado nos ensaios gravimtricos foi: cido actico
o perodo de repouso. (5%), cido frmico (8%) e inibidor (1%). Todos os
reagentes so da VETEC Qumica Fina Ltda e
Preparo das formulaes contendo diferentes apresentam grau de pureza superior a 85%.
princpios ativos
Aps a avaliao da solubilidade do LCC em Ensaios gravimtricos
solventes orgnicos isolados, foram desenvolvidas A corroso uniforme foi avaliada pela perda de
blendas homogneas com os solventes orgnicos massa dos materiais metlicos imersos no meio
mais eficientes. Estes solventes foram combinados cido, adicionados dentro de autoclaves cilndricas
dois a dois e adicionados ao princpio ativo na de ao inox 316 revestidas internamente com teflon.
proporo 1:2:2 para obteno de misturas estveis. Foram adicionados 250 mL da soluo teste s
Posteriormente, uma alquota de 0,05g da mistura autoclaves contendo duplicatas dos corpos de prova
foi adicionada ao balo volumtrico contendo totalmente imersos na soluo. As autoclaves foram
soluo de cido clordrico 15%. Aps 24 horas a colocadas em estufas nas temperaturas dos
estabilidade das formulaes em fluido cido foi ensaios, 60 ou 80C, mantidas estticos por 24
verificada e somente aquelas que apresentaram boa horas. Para determinar as taxas de corroso, os
solubilidade do princpio ativo e estabilidade no corpos foram removidos aps o ensaio, limpos com
fluido foram selecionadas para os ensaios de perda gua destilada, lcool e acetona, e pesados em
de massa. Esses testes foram realizados com os balana digital com preciso de 0,1 mg. Aps a
seguintes princpios ativos: LCC, cardanol destilado, pesagem, os corpos foram analisados em
cardanol hidrogenado e resduo da destilao. microscpio ptico, e em seguida, foi realizada

RQI - 4 trimestre 2016 25


a decapagem. A soluo usada na decapagem do devido a possibilidade de mais interaes no
ao carbono foi a soluo de Clark, enquanto que a ambiente em que est inserida.
do ao inoxidvel foi soluo de cido ntrico 15%
(v/v). A taxa de corroso foi calculada de acordo com
a Equao 1:

(1)
Figura 1: Espectro de FTIR do LCC tcnico

Onde K uma constante (mpy=3.45*106; mm


ano-1=87600), W a perda de massa (g), A a rea
do corpo de prova (cm2), T o tempo de exposio
(horas) e a densidade do ao (g cm-3). A eficincia
das formulaes foi calculada pela Equao 2:
Figura 2: Espectro de FTIR do Cardanol Hidrogenado

O espectro de 1H-RMN do LCC tcnico (Figura

(2) 3) apresenta uma grande variedade de sinais, o que


coerente por se tratar do produto bruto e corrobora
Onde Taxa de corroso (Br) a taxa obtida nos com a tcnica de FTIR. Em 1,301 ppm h picos
ensaios sem inibidor, e Taxa de corroso (Inib) a referentes aos hidrognios alifticos da cadeia
taxa obtida nos ensaios com inibidor. lateral; entre 1,56 e 1,57 ppm relacionado aos
hidrognios dos grupos metilnicos da cadeia
aliftica; entre 2,01 e 2,03 ppm devido aos
hidrognios alillicos; em 2,53 ppm referente aos
RESULTADOS E DISCUSSO
prtons benzlicos ligados ao anel; multipletos em
2,77-2,78 ppm de grupos metilnicos bis-allicos;
Caracterizao dos princpios ativos
entre 5,34 e 5,42 ppm relacionado ao deslocamento
O espectro de FTIR do LCC tcnico (Figura 1)
qumico dos hidrognios das olefinas no terminais;
se mostrou muito similar ao do cardanol
entre 4,97 e 5,03 ppm relativo ao hidrognio da
hidrogenado (Figura 2) devido presena de
hidroxila fenlica; e entre 6,66 e 7,23 ppm picos
deformao axial da hidroxila, aromticos e cadeia
referentes aos hidrognios ligados ao anel
carbnica lateral em ambos. No entanto, pelo fato do
aromtico em posies orto, para e meta.
cardanol presente no LCC ser majoritariamente
insaturado, associado a traos de outros compostos
como cardol, cido anacrdico e 2-metil-cardol,
foram observadas bandas, no espectro de LCC,
referentes a insaturaes na cadeia lateral em 992 e
911 cm-1, e anis aromticos orto-substitudos em
722 cm-1, as quais no apareceram no espectro de
cardanol hidrogenado, como j seria esperado. Alm
disso, a banda da hidroxila ficou menos definida
Figura 3: Espectro de 1H-RMN do LCC tcnico

26 RQI - 4 trimestre 2016


1
O espectro de H-RMN do cardanol
hidrogenado (Figura 4), assim como o de FTIR,
bastante similar ao LCC, exceto pela ausncia de
picos referentes aos hidrognios allicos, bis-alilcos
e das olefinas.

Figura 6: Curvas trmicas de TG do cardanol hidrogenado

O espectro de FTIR do resduo da destilao


Figura 4: Espectro de 1H-RMN do cardanol hidrogenado (Figura 7) apresentou algumas bandas comuns aos
espectros do cardanol hidrogenado e do LCC, como:
3
A anlise termogravimtrica mostrou que o deformaes axiais de ligaes C-H de carbonos sp
-1
LCC (Figura 5) apresentou dois eventos trmicos, o entre 2848 e 2853, e 2915 e 2924 cm ; deformao
-1
primeiro a 265,8 C e o segundo a 449,44 C. O axial C=C em anel aromtico em 1456 e 1586 cm ; e
primeiro evento foi mais intenso que o segundo, e deformaes angulares de hidrognios em anis
provavelmente est associado decomposio do aromticos meta-substitudos em 694, 696, 747 e
-1
componente majoritrio, o cardanol. A massa 780 cm . No entanto, no existem bandas referentes
residual de 4% est relacionada a substncias a deformao axial de hidroxila e deformao axial
inorgnicas como sais no degradveis em C-O do fenol. Destaca-se a presena da banda
-1
ambiente inerte (N2). Enquanto que as curvas referente a anis orto substitudos em 779 cm , bem
trmicas de TG do cardanol hidrogenado (Figura 6) como uma banda bastante intensa referente a anis
-1
mostraram somente um evento trmico, e a perda de policondensados em 890 cm .
massa foi total, no restando resduo. Alm disso, a
temperatura do evento foi de 248 C, o que indica
que o cardanol hidrogenado menos estvel que o
LCC, j que este foi decomposto em temperatura
inferior. A degradao total da amostra de cardanol
hidrogenado no foi observada na amostra de LCC,
devido as impurezas presentes nesta ltima.

Figura 7: Espectro de FTIR do resduo da destilao

1
O espectro de H-RMN (Figura 8) do resduo
tambm se mostrou diferente em relao aos
demais, com a intensificao do sinal relativo aos
hidrognios alifticos da cadeia lateral, em 1,25
Figura 5: Curvas trmicas de TG do LCC tcnico ppm, assim como os sinais entre 1,57 e 1,58 ppm,

RQI - 4 trimestre 2016 27


relativos aos hidrognios dos grupos metlicos da degradao trmica nas condies de anlise
cadeia aliftica, e reduo do pico entre 2,49 e 2,58 empregadas.
ppm relacionado aos prtons benzlicos ligados ao
anel. Alm disso, os sinais em 5,3 ppm relativo aos
hidrognios das olefinas no aparecem nesse
espectro, o que indica uma menor presena de
compostos com cadeia lateral insaturada no
resduo.

Figura 9: Curvas trmicas de TG do resduo da destilao

Avaliao da estabilidade do LCC em fluido


cido
A estabilizao direta do LCC em fluido cido
no foi efetiva em toda a faixa de tensoativo
Figura 8: Espectro de 1H-RMN do resduo da destilao etoxilado (RENEX) utilizado. O princpio ativo
bastante viscoso o que dificultou sua disperso no
Dessa forma, possvel que o aquecimento fluido cido.
durante a destilao tenha promovido a ciso das
cadeias olefnicas laterais e ramificao de cadeias Influncia do tipo de solvente orgnico na
alqulicas, o que confirmado pelo aumento na solubilidade do LCC
intensidade dos picos de hidrognios gama, e Todos os seis solventes utilizados na
ausncia de hidrognios de olefinas, j que as solubilizao do LCC foram aparentemente
insaturaes nas cadeias laterais so instveis e eficientes, no havendo formao de precipitado. No
favorveis a ciso. Alm disso, ocorreu a entanto, ao se adicionar uma alquota das misturas
condensao dos ncleos aromticos, levando a (LCC + solvente) no fluido cido, somente trs
formao de compostos de maior massa molecular, apresentaram desempenho satisfatrio na
devido a ausncia de bandas referentes a manuteno da solubilizao do LCC no meio.
deformao axial da hidroxila e deformao axial C-
O do fenol, e aparecimento de banda de anis Influncia da combinao de solventes
policondensados associado a reduo na orgnicos na solubilidade/estabilidade dos
intensidade dos picos de prtons benzlicos ligados princpios ativos e preparo das formulaes
ao anel. Os solventes de melhor desempenho foram
A anlise termogravimtrica do resduo lcool isoamlico, lcool proplico e butilglicol. Estes
(Figura 9) apresenta dois eventos trmicos, com foram combinados para verificao da solubilidade
temperaturas um pouco inferiores as do LCC. A do princpio ativo e estabilidade em fluido aquoso.
massa residual foi superior a gerada na anlise de Aps esses testes, foram preparadas 10
LCC, o que mais um indicativo da presena de uma formulaes (Tabela 2), as quais foram utilizadas
mistura de molculas poliaromatizadas resistentes a nos ensaios de perda de massa.

28 RQI - 4 trimestre 2016


Tabela 2
Cdigos e especificaes das formulaes desenvolvidas

Ensaios gravimtricos somente L3 apresentou desempenho. As


A corroso foi avaliada pela perda de massa formulaes com cardanol, tanto destilado como
dos materiais selecionados. Os resultados obtidos hidrogenado funcionaram como intensificadores do
sem adio de inibidor (Branco) apresentaram processo corrosivo, com exceo de CH3 para o ao
menores taxas de corroso para o ao inoxidvel carbono.
devido a presena de cromo neste material, Em relao as eficincias das formulaes
conferindo maior resistncia em meio aquoso nas (Figura 11) a maior eficincia global foi de 15,4%, o
duas temperaturas utilizadas. As taxas de corroso que limita a aplicao deste aditivo. O inibidor com
uniforme para os dois aos nos testes a 60 C com as pior desempenho, para ambos os aos, contm
diferentes formulaes inibidoras so exibidas na como princpio ativo cardanol hidrogenado (CH1),
Figura 10. enquanto os melhores resultados obtidos foram com
LCC (L3) para o ao inoxidvel, e com cardanol
hidrogenado+lcool+butilglicol (CH3) para o ao
carbono. A melhora na eficincia do princpio ativo
cardanol hidrogenado, em CH1 e CH3, demonstra
que a mistura solvente utilizada embora no atue
-1
Figura 10: Taxas de corroso (mm ano ) em meio orgnico a 60 C diretamente na proteo do material apresenta um
efeito sinrgico entre os componentes. O tipo de
Considerando uma margem de erro de 10%, material tambm influencia na interao das
para o ao carbono somente as formulaes CH3 e diferentes estruturas moleculares, como foi
R1 apresentaram algum desempenho na proteo observado nas formulaes com LCC para o ao
do material, mas ainda assim muito pouco inoxidvel, e com cardanol hidrogenado para o ao
expressivo. Enquanto que para o ao inoxidvel, carbono.

RQI - 4 trimestre 2016 29


solventes, exibindo a melhor sinergia na mistura
lcool+butilglicol. Neste material a formulao
contendo LCC (L3) promoveu um aumento
expressivo da corroso (448,7 mm/ano).

Figura 11: Eficincias das formulaes inibidoras em meio orgnico a 60 C

As taxas de corroso obtidas a 80 C (Figura


12) foram maiores para os dois materiais. Como j
seria esperado, com o aumento da temperatura, Figura 13: Eficincias das formulaes inibidoras em meio orgnico a 80 C

ocorreu a intensificao do processo corrosivo.


Os melhores desempenhos foram de R2 para
o ao carbono, e R1 para ao inoxidvel, enquanto
que os piores foram L3 para carbono e CH1 para
inoxidvel.
De modo geral, as formulaes baseadas em
cardanol hidrogenado no protegeram os materiais,

Figura 12: Taxas de corroso (mm ano-1) em meio orgnico a 80 C


uma vez que no possuem insaturaes em sua
cadeia lateral, o que reduz sua densidade eletrnica,
O ao carbono foi protegido por um maior e consequentemente sua capacidade de adsorver
nmero de formulaes nesta condio de sobre a superfcie metlica. J o cardanol destilado
temperatura (L2, C2, CH2, CH3, R1, e R2). No tambm no protegeu a superfcie, porm no
entanto, somente as formulaes cujo princpio ativo intensificou tanto a corroso como o hidrogenado. O
o resduo apresentaram desempenhos mais fato de o cardanol destilado apresentar insaturaes
expressivos. Alm disso, a formulao L3 funcionou na cadeia lateral aumentam sua capacidade
de forma antagnica superando as formulaes que protetora, porm por estar isolado podem ter
apresentam cardanol como princpio ativo, devido a ocorrido protonaes, e quando est na mistura no
alguma degradao que ocorreu com a elevao da LCC, est estvel e promove uma maior inibio da
temperatura. Para o ao inoxidvel, somente as corroso. Em relao ao resduo da destilao, este
formulaes L3, C1 e CH1 no protegeram o apresenta produtos de alta massa molecular e uma
material. elevada adeso aos corpos de prova, alm da
A eficincia dos inibidores (Figura 13), teve densidade eletrnica dos aromticos condensados,
maior variao nesta condio. O ao inoxidvel o que promove uma maior proteo dos materiais.
apresentou maior disperso nas eficincias, com
melhores resultados, embora os valores absolutos Anlises microscpicas das superfcies
da taxas obtidas sejam piores. Este comportamento Os corpos de prova foram analisados antes e
antagnico pode indicar que a adsoro dos aps os ensaios. A Figura 14 apresenta as anlises
compostos orgnicos menor ou a pelcula formada microscpicas das superfcies dos aos carbono e
pode ser mais instvel em alguns casos. O ao inoxidvel nos ensaios a 60 C para as formulaes
carbono foi mais influenciado pela combinao de de melhores desempenhos.

30 RQI - 4 trimestre 2016


formulao inibidora (resduo). Ao comparar as
micrografias do ao carbono nas duas temperaturas
constata-se que apesar das taxas de corroso
serem maiores na temperatura de 80 C para ambos
os aos, as superfcies no apresentaram
diferenas significativas, o que reflete as maiores
eficincias de proteo das formulaes em ensaios
a 80 C.
Figura 14: Corpos de prova em ensaios a 60 C: (a) ao carbono
com inibidor CH3; (b) ao inoxidvel com inibidor L3
CONCLUSES

No corpo de prova de ao carbono pode-se Os solventes orgnicos avaliados de acordo


observar a presena de alguns pites (forma de com a polaridade apresentaram melhor
corroso localizada em pequenas reas da desempenho na solubilizao do princpio ativo
superfcie metlica, produzindo cavidades de fundo quando combinados em propores adequadas. O
anguloso, e profundidade geralmente maior que o resduo da destilao do LCC foi o princpio ativo
dimetro), enquanto no ao inoxidvel no foi menos solvel, sendo necessrio utilizar maiores
observada. Alm disso, o maior ataque a superfcie propores de solventes.
de ao carbono reflete a menor eficincia de Os ensaios gravimtricos (perda de massa)
proteo da formulao CH3 em comparao a L3. A permitiram uma avaliao do potencial de cada
Figura 15 mostra as superfcies dos aos nos formulao na reduo do processo corrosivo. Os
ensaios a 80 C para as melhores formulaes. dados obtidos em diferentes temperaturas
indicaram um aumento do processo corrosivo com o
aumento da temperatura, independente do ao
utilizado.
Dentre as formulaes inibidoras utilizadas
para o ao carbono em ensaios a 60 C, somente
duas apresentaram desempenho positivo, porm
nos ensaios a 80 C, seis formulaes mostraram
eficincia, inclusive algumas que no haviam
protegido os materiais nos ensaios em temperaturas
inferiores. As eficincias mximas obtidas para o ao
Figura 15: Corpos de prova em ensaios a 80 C: (a) ao carbono
cominibidor R2; (b) ao inoxidvel com inibidor R1 carbono, em ensaios a 60 C e 80 C, foram 7,23% e
10,76%, respectivamente. Em relao ao ao
inoxidvel, nos ensaios em temperatura mais baixa,
A morfologia da corroso se manteve somente uma formulao protegeu o material,
independente da condio de temperatura. enquanto que a 80 C sete formulaes
Novamente, o corpo de prova de ao carbono apresentaram desempenho. As eficincias mximas
apresentou maior presena de pites do que o obtidas para esse ao, a 60 C e 80 C foram de
inoxidvel. Alm disso, pode-se verificar a presena 15,4% e 31,08%, respectivamente.
de colorao heterognea (escura) nos dois De maneira geral, a formulao cujo princpio
materiais demonstrando a forte aderncia da

RQI - 4 trimestre 2016 31


ativo o resduo ou o LCC corresponderam aos MATERIALS. G 31: Standard Practice for Laboratory
melhores resultados de proteo dos materiais, uma Immersion Corrosion Testing of Metals. West
vez que so substncias com elevada densidade Conshohocken: ASTM, 1972 (2004), 8 p.
eletrnica, enquanto que o cardanol hidrogenado ASSOCIAO BRASILEIRA DE CORROSO. A
atuou como intensificador do processo corrosivo o corroso. ABRACO. Disponvel em:
que pode estar associado ausncia de <http://www.abraco.org.br/site1/>, acessada em 15
insaturaes na cadeia lateral. de Jul. 2015.
A maioria dos artigos encontrados na literatura relata FOUDA, A. S.; ETAIW, S. H.; ELNGGAR, W. Punica
a eficincia de inibidores em temperaturas inferiores Plant extract as Green Corrosion inhibitor for C-steel
a 50C, ou seja, prximas a temperatura ambiente, o in Hydrochloric Acid Solutions. International Journal
que resulta em menores taxas de corroso (FOUDA, of Electrochemical Science., v. 9, p. 4866 4883,
ETAIW e ELNGGAR, 2014). Entretanto, as 2014.
temperaturas avaliadas neste trabalho foram FRAUCHES-SANTOS, C.; ALBUQUERQUE, M. A.;
superiores, o que implica ainda na necessidade de OLIVEIRA, M. C. C.; ECHEVARRIA, A. A corroso e
se otimizar essas formulaes para aplicao os agentes anticorrosivos. Revista Virtual de
industrial. As formulaes podem ter seus potenciais Qumica, v. 6, n. 2, p. 293-309, Abr. 2014.
de inibio melhoradas pela sinergia com outros F U R TA D O , L . B . D e s e n v o l v i m e n t o d e
princpios ativos, aumentando consequentemente a formulaes inibidoras verdes a base de
proteo em meio cido e em temperaturas compostos fenlicos para fluidos de
elevadas, o que desejvel para a aplicao em acidificao. 2015. 89 f. Projeto final de curso-
fluidos de acidificao. Escola de Qumica-Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
AGRADECIMENTOS GENTIL, V. Inibidores de corroso. In:______.
Corroso. Rio de Janeiro: Guanabara dois, 1982, p.
Os autores agradecem ao Professor J. O. B. 212-219.
Carioca (UFF) pela doao do LCC, as Prof Ana L. GOMES, J. S.; O Universo da Indstria
N. Silva (IMA/UFRJ) e Amanda Pereira (EQ/UFRJ) Petrolfera: da Pesquisa Refinao, Fundao
pelas anlises de TGA/DTG e FTIR e ao CNPq. Calouste-Gulbenkian, 2 ed., Portugal, 2011.
MAZZETTO, S. E.; LOMONACO, D.; MELE, G. leo
REFERNCIAS da castanha de caju: oportunidades e desafios no
contexto do desenvolvimento e sustentabilidade
ALSABAGH, A.M.; MIGAHED, M. A.; industrial. Qumica Nova, v. 32, n. 3, p. 732-741,
ABDELRAOUF, M.; KHAMIS, E.A. Utilization of 2009.
Green Tea as Environmentally Friendly Corrosion NABI, A. S. A.; HUSSAIN, A. A. Synthesis ,
Inhibitor for Carbon Steel in acidic media. Identification and study of some new azo dyes as
International Journal of Electrochemical Science, v. corrosion inhibitors for carbon-steel in acidic media.
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32 RQI - 4 trimestre 2016


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corroso a partir de extratos de produtos palm (Phoenix dactylifera) leaf extract as an eco-
naturais. 2013. 90 f. Tese (Doutorado em friendly corrosion inhibitor for carbon steel in 1M
Engenharia Metalrgica e de Materiais)- COPPE, hydrochloric acid solution. Anti-Corrosion
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Methods and Materials,v. 62, n. 1, p. 1928, 2015.
Janeiro, 2013.

RQI - 4 trimestre 2016 33


Artigo Tcnico
Uso de nanopartculas de prata para avaliao da eficcia
antimicrobiana nos sistemas de tratamento de gua e
efluentes em substituio aos produtos clorados

Use of silver nanoparticles to evaluate the antimicrobial efficacy in


water treatment systems and wastewater to replace chlorinated products

1 *a b
Antonio Csar Teixeira de Toledo , Letcia Cristina Moraes de Souza ,
c d
Flvio Gramolelli Jnior , Jonny Francisco Ros de Almeida
a
Instituto de Pesquisa Energtica Nuclear, IPEN, Centro de Qumica e Meio Ambiente, So Paulo
b
Departamento de Engenharia Qumica, Centro Universitrio Padre Anchieta, UniAnchieta, Jundia, So Paulo
c
Coordenao de Engenharia Qumica, Centro Universitrio Padre Anchieta, UniAnchieta, Jundia, So Paulo
d
Khemia Equipamentos Tecnolgicos de Efluentes, Centro de Inovao, Empreendedorismo e Tecnologia do
Instituto de Pesquisa Energtica Nuclear, IPEN, So Paulo
*
acesartoledo@usp.br

Submetido em 19/08/2016; Verso revisada em 04/11/2016; Aceito em 10/11/2016

Resumo
O presente trabalho tem por objetivo testar o uso de Nanopartculas de Prata em substituio aos
produtos clorados comumente utilizados em Estaes de Tratamento de guas (ETA's) e
Estaes de Tratamento de Efluentes (ETE's), com a finalidade de desinfeco e menor
probabilidade de gerao de THM's (Trihalometanos), subprodutos comprovadamente txicos e
carcinognicos. A fim de avaliar a eficcia da soluo nanoparticulada de prata foram realizados
testes bacteriolgicos e fsico-qumicos. Os resultados foram satisfatrios quando comparados a
ao do Hipoclorito de Sdio. O uso da soluo nanoparticulada em ETA's e ETE's torna-se vivel
tcnica e economicamente pela facilidade do uso, no formao de THM's e menor potencial
corrosivo em tubulaes quando comparado ao cloro inorgnico.
Palavra-Chave: nanopartculas de prata, trihalometanos, tratamento de gua.

Abstract
This study aims to test the use of Silver Nanoparticles to replace chlorinated products commonly
used in water treatment plants and wastewater, for the purpose of disinfection and less likely to
THM's generation (Trihalomethanes), proven toxic and carcinogenic by-products. In order to
assess the effectiveness of the silver nanoparticle solution they were performed bacteriological and
physico-chemical tests. The results were satisfactory compared to the action of sodium
hypochlorite. The use of nanoparticle solution ETA's and ETE's becomes technically and
economically feasible for ease of use, no THM's training and less corrosive potential pipes when
compared to inorganic chlorine.
Keyword: silver nanoparticles, trihalomethanes , water treatment.

34 RQI - 4 trimestre 2016


INTRODUO concentrao, e to finamente dispersas, que
podem circular pelas membranas celulares sem
As Nanopartculas de Prata (NPP) so ocasionar danos aos organismos superiores, visto
reconhecidas no mbito cientfico como bactericidas que a concentrao efetiva para a atuao contra
e fungicidas, podendo ser aplicadas, por exemplo, microorganismos de 0,1 microgramas por litro
como aditivo antimicrobiano em tratamentos de (0,1g/L) e a concentrao txica para os seres
guas residuais. Vislumbrando um cenrio em que humanos de 10 microgramas por litro (10g/L)
as Nanopartculas de Prata possam contribuir para a (OLIVEIRA, 2006).
melhoria na eficincia dos tratamentos de gua, O tamanho formado das Nanopartculas de
fundamentalmente no que se refere ao combate aos Prata importante na ao antimicrobiana, pois
agentes patognicos, presumidamente possvel quanto menor o tamanho maior a ao
imaginar uma gua com maior qualidade do ponto antimicrobiana. O aumento na rea superficial
de vista de sade pblica. proporciona melhor contato com as clulas
No incio do sculo XX, a prata foi aprovada bacterianas (KHEMIA, 2015).
como agente antimicrobiano, e a partir de 1940 essa As Nanopartculas de Prata em dimenses de
utilizao caiu com a alta do uso dos antibiticos inferiores a 200 nanmetros (<200 nm), no estado
(CHOPRA, 2007; KLASEN, 2000). coloidal ou slido, resultam em um maior efeito
Por muitos anos a populao dos EUA antimicrobiano quando comparadas aos sais
utilizaram soluo de Nitrato de Prata a 1% nos correspondentes (ATIYEH et al, 2007). Conforme
olhos de recm nascidos a fim de prevenir infeces visto na figura 1, os ons de prata (Ag+) tambm
oculares, chamada de OftamiaGonorreica. O podem interagir com o DNA, impedindo a
interesse da prata como medicamento ocorreu, em reproduo celular (DAMM, MUNSTEDT e ROCH,
grande parte, uso de curativos impregnados com 2007).
esse metal, que lentamente liberava ons para
extermnio de bactrias resistentes aos antibiticos
(TORTORA, FUNKE e CASE, 2002).
O uso de Nanopartculas de Prata como
agente antibacteriano relativamente novo e sua
atividade tem sido estudada em diferentes campos,
como na medicina para reduzir infeces, bem como
prevenir colonizao bacteriana em superfcies de
prtese, cateteres, materiais odontolgicos,
indstria de alimentos em superfcies de ao Figura 1: Representao esquemtica da atividade antimicrobiana
da prata. Fonte: Morones et al, 2005.
inoxidvel, empregadas no controle microbiano em
txteis e no tratamento de gua (GUZMN, DILLE e
GODET, 2009; FERNANDES, 2010). Anlise de Microscopia Eletrnica de
Partculas de prata em dimenses maiores Transmisso das Nanopartculas de Prata
(micromtricas) causam a obstruo das produzidas pela Khemia, conforme mostra a figura 2.
membranas celulares, promovendo um Essa anlise foi realizada pelo Dr. Vijay K Rangari do
"envenenamento por prata" conhecido por Argiria. Centro de Materiais Avanados da Universidade de
Isto no ocorre com o uso das (NPP) em dimenses Tuskegee, Tuskegee - Alabama, USA e pela Dr
nanomtricas. Essas partculas esto em baixa Esperidiana Moura do IPEN SP.

RQI - 4 trimestre 2016 35


relativos aos hidrognios dos grupos metlicos da classificados como pr-clorao e clorao final. A
cadeia aliftica, e reduo do pico entre 2,49 e 2,58 pr-clorao ocorre no incio do tratamento e tem por
ppm relacionado aos prtons benzlicos ligados ao objetivo principal auxiliar a eficincia da coagulao,
anel. Alm disso, os sinais em 5,3 ppm relativo aos realizar o controle de algas e micro-organismos e
hidrognios das olefinas no aparecem nesse reduzir a evidncia de gostos e odores. A clorao
espectro, o que indica uma menor presena de final visa garantir total desinfeco e qualidade
compostos com cadeia lateral insaturada no biolgica da gua a ser distribuda. Ocorre aps os
resduo. processos de filtrao (SAAE, 2006).
Trihalometanos foram encontrados em todas
as ETA's que utilizavam derivados clorados nos
processos de desinfeco (BELLAR,
LICHTENBERG e KRONER, 1974; BUN et al,1975;
BALSTER e BORZELLECA, 1982; MELNICK, 1987;
MELNICK, 1989; GRAY, 1994).
A importncia dos THMs em nvel mundial
prende-se ao fato de que, alm de serem
considerados carcinognicos, so tambm
Figura 2: Microscopia Eletrnica de Transmisso das Nanopartculas
de Prata. Fonte: Khemia, 2015. indicadores da possvel presena de outros
compostos organoclorados (cido actico clorado,
A partir de 1974, quando nos EUA estudos haloacetonitrilos, cloropicrin, clorofenis,
mostraram pela primeira vez a correlao positiva cloropropanonas), tambm resultantes do processo
entre guas de abastecimento pblico e cncer, de clorao das guas e mais perigosos que os
vrias pesquisas foram desenvolvidas, entre as prprios THMs (GRAY, 1994).
quais se destaca a realizada pela U.S. Os mtodos convencionais de tratamento de
Environmental Protection Agency (EPA) em 113 gua para a indstria e abastecimento pblico
estaes de tratamento de gua (ETA) (DROSTE, utilizam agentes clorados para desinfeco. Neste
1997; MACDO e BARRA, 2002). processo h possibilidade de formao de
De acordo com a Portaria MS no. 2.914/2011, substncias potencialmente cancergenas, os
a gua potvel definida como: gua para consumo conhecidos trihalometanos (THM), que se originam
humano cujos parmetros microbiolgicos, fsicos, das reaes entre o cloro e as substncias
qumicos e radioativos atendam ao padro de orgnicas, os cidos hmicos e flvicos, presentes
potabilidade e que no oferea riscos sade na gua, ou compostos como -dicetonas e
(BRASIL, 2011). compostos semelhantes, como resorcinol.
Em estaes de tratamentos de guas, o (SAMPAIO, 1989).
mtodo adotado para desinfeco a oxidao dos Os THMs podero chegar at o homem
organismos, adicionando produtos clorados, ou na atravs da: I) ingesto de gua; II) Lavagem de
maioria das estaes de tratamentos o prprio cloro. roupas e louas; III) Durante o banho; IV) atravs do
Esse mtodo no conceito ambiental, em utilizar um uso de piscinas. A inalao de clorofrmio durante
agente qumico leva a formao de compostos um banho de ducha, por 9 minutos pode chegar a ser
indesejveis e nocivos a populao (DROSTE, 6 vezes maior que a ingesto da mesma gua
1997). tratada durante 24 horas (TOMINAGA e MIDIO,
Atualmente h dois pontos de dosagens, 1999).

36 RQI - 4 trimestre 2016


Foram preparadas solues de prata Para incio dos testes, realizou-se a coleta de
nanoparticulada em concentraes de 60 ppm guas antes e aps o processo de clorao da ETA
utilizando mtodo eletroltico produzido (Estao de Tratamento de gua) e da ETE
comercialmente. Para o incio dos testes de (Estao de Tratamento de Efluentes) da SABESP
tratamento de gua e posterior anlises fsico- nos municpios de Campo Limpo Paulista-SP e
qumicas e microbiolgicas, realizou-se a coleta de Vrzea Paulista-SP, com o objetivo de comparar
guas antes e aps o processo de clorao da ETA guas em diferentes condies sem adio de
(Estao de Tratamento de gua) e da ETE agente desinfetante clorado.
(Estao de Tratamento de Efluentes) de dois Os frascos de coleta foram fornecidos pelo
municpios paulistas. Laboratrio da Sabesp, frascos esterilizados. Para a
coleta de gua clorada utilizou-se frascos contendo
MATERIAIS E MTODOS tiossulfato de sdio. As amostras seguiram para o
Laboratrio da Instituio acondicionada em caixa
Solues nanoparticuladas de prata foram trmica (isopor) e mantendo refrigerada em
preparadas em concentraes de 60 ppm e aferidas temperaturas <10 C (gelo), iniciou-se as anlises
pela diferena de potencial condutivo entre o veculo aps 3h do momento da coleta.
base e o produto final, obtido pelo processo Para as anlises fsico-qumicas foram
eletroltico com gua ultrapura e placas de prata utilizados os seguintes equipamentos: peagmetro
acopladas no interior de um reator (bquer de 2 L (ORION 720A); termmetro (MINIPA MT-320);
adaptado), vedado com o auxlio de um sustentculo turbidmetro (HANNA HI-98703); Analisador de cloro
circular de teflon contendo orifcios, de tal forma que residual total (POLICONTROL AP-2000);
fontes de alimentao so inseridas para o condutivmetro (POLICONTROL 3200); Jar Test
fornecimento de corrente eltrica. Desta forma (FLOCCONTROL).
produzida a soluo nanoparticulada de prata, Para as anlises bacteriolgicas foram
conforme a figura 3, cujo mtodo de produo em utilizados os equipamentos: contador de colnias
detalhes reservado empresa Khemia (Phoemix); estufa com temperatura controlada 30
Equipamentos Tecnolgicos de Efluentes. 0,5C (Sppencer Scientific); capela com fluxo
laminar e U.V. (Sppencer Scientific); autoclave
vertical (PHOENIX Equipamentos Cientficos);
microscpio.
Os testes bacteriolgicos foram realizadas
diluies da soluo nanoparticulada de prata na
proporo (1:10.000) em gua ultra pura, e as
dosagens feitas foram de 3,5 mL para 2000 mL das
amostras em Jar Test com velocidade de (40 RPM)
para completa homogeneizao. Realizou-se a
anlise bacteriolgicas para a avaliao da
eficincia do produto nanoparticulado pelo mtodo
Pour Plate, conforme as Normas Tcnicas da
Companhia de Tecnologia de Saneamento
Figura 3: Equipamento Khemia para a obteno Ambiental (CETESB, 1976, 1986, 1987, 1988), que
das nanopartculas de prata. baseiam-se no desenvolvimento de bactrias

RQI - 4 trimestre 2016 37


heterotrficas em meio de cultura (Plate Count UFC/mL aps adio da soluo nanoparticulada de
Agar), utilizando valores conhecidos do produto sob prata de 60 ppm, conforme a Figura 6.
condies de tempo e temperatura controlados.

Figura 6: Amostra de gua da ETA Bruta em adio por Superfcie


(figura esquerda) aps adicionar a soluo 60 ppm (figura direita),
reduo de 1.110 UFC/mL para 0 UFC/mL.

Figura 4: Plaqueamento pelo Mtodo Pour Plate. A amostra proveniente da ETE, pelo mtodo
Pour Plate, em adio por Superfcie, observou-se
uma total eliminao de atividade bacteriana, com
reduo de 1.200 UFC/mL para 0 UFC/mL aps
adio da soluo nanoparticulada de prata de 60
ppm, conforme a Figura 7.

Figura 5: Inoculao da Amostra pelo Mtodo Pour Plate.

Aps a realizao do plaqueamento dos


meios de cultura, estes foram adicionados em
Estufa. Utilizou-se a Estufa (Sppencer Scientific)
Figura 7: Amostra de gua da ETE Bruta em adio por Superfcie
37C, onde permaneceu por 48hrs at que (figura esquerda) aps adicionar a soluo 60 ppm (figura direita),
reduo de 1.200 UFC/mL para 0 UFC/mL.
ocorresse o crescimento dos microorganismos. As
placas foram fechadas com fita adesiva com
anotaes do horrio e data de leitura. As placas Os resultados presuntivamente da ao
foram levadas para a estufa 37 0,5C por 48 3 antimicrobiana avaliadas na forma vegetativa em
horas. tratamentos de guas demonstraram-se
satisfatrios, visto que houve eliminao total das
RESULTADOS E DISCUSSO bactrias heterotrficas. Diante dos resultados
preliminares de reduo bacteriana, acreditamos no
Contagem de Bactrias potencial do produto Nanoparticulado de Prata de 60
Para amostras proveniente da ETA, pelo ppm, visto que foram testados nas concentraes de
mtodo Pour Plate, em adio por Superfcie, 22, 44 e 90 ppm,a concentrao de 60 ppm foi a de
observou-se uma total eliminao de atividade melhor desempenho antimicrobiano quando
bacteriana com reduo de 1.110 UFC/mL para 0 comparado ao Hipoclorito de sdio.

38 RQI - 4 trimestre 2016


Avaliao das Anlises Fsico-Qumicas

Os resultados das anlises fsico-qumicas


antes e aps adio do produto nanoparticulado de
prata, nas amostras de gua da ETA e ETE, so

Figura 8: Anlise microscpica de Placa de Petri contendo


apresentados na tabela 1.
amostra de gua Bruta de ETA.

Tabela 1
Anlises Fsico-Qumicas.

Anlises Fsico-Qumicas

gua ETA
gua ETA + Efluente Tratado ETE
Clorada com Efluente Tratado
gua Bruta ETA Soluo Prata (60 + Soluo Prata (60
Hipoclorito de ETE
ppm) ppm)
Sdio

pH 7,38 8,05 7,12 6,84 7,92

Temperatura 21C 20C 21C 24C 23C

Cloro Total 0,22 mg/L 4,02mg/L 0,14 mg/L 0,08 mg/L 0,02 mg/L

Turbidez 19,2 Ntu 0,96 Ntu 2,11 Ntu 24,3 Ntu 1,72 Ntu

Condutividade 1.261,2 S/cm 453,3 S/cm 60 S/cm 2.325,7 S/cm 60 S/cm

Vale destacar que as amostras dessas guas substituir o Hipoclorito, com as seguintes vantagens:
tiveram valores de turbidez reduzidos aps a adio i) diminui a gerao de THM's; ii) menor custo
das Nanopartculas de Prata, o que resultou em uma comparado aos produtos clorados; iii) no corrosivo
significativa melhoria no aspecto da gua, pois s tubulaes; iv) reduz a turbidez da gua ao
quando h excesso de cloro observa-se uma leve substituir produtos clorados; vi) pode-se testar
turvao, que tende a diminuir com aumento da menores dosagens de prata (piloto e grande escala)
temperatura e consequente disperso do cloro no a fim de garantir um enquadramento mais seguro do
meio aquoso. Esse excesso de cloro no momento do ponto de vista toxicolgico, e com eficincia
tratamento se faz necessrio justamente por conta aceitvel.
das perdas observadas nas tubulaes, do contrrio Acreditamos que essa pesquisa possa estar
o consumidor receberia uma gua abaixo do valor de inserida numa vertente social pois vislumbramos um
clorao estipulado para controle de bactrias. cenrio em que esse estudo possa contribuir para
outras pesquisas de utilizao da prata
CONCLUSES nanoparticulada como agente de descontaminao
em locais onde os sistemas convencionais de
Os testes apontaram uma reduo completa tratamento de gua e esgoto so precrios, ou at
para atividades bacterianas nas mostras guas de mesmo inexistentes. Neste sentido o produto em
ETA e ETE, portanto conclui-se que o produto em estudo neste trabalho tornar-se uma alternativa
estudo eficiente para fins de desinfeco ao simples, rpida, eficiente e barata para a eliminao

RQI - 4 trimestre 2016 39


de bactrias e outros microrganismos malficos 1 9 7 6 . D i s p o n v e l
sade da populao. Por se tratar de uma alternativa em:<http://www.cetesb.sp.gov.br/Institucional/docu
ainda no testada em grande escala, preciso ter mentos/
cautela sobre os eventuais impactos ambientais Dec8468.pdf>. Acesso em: 23 out. 2013.
decorrentes do uso da nanopartcula de prata no ______. Guia de coleta e preservao de
meio ambiente. No faz sentido resolver um amostras de gua. So Paulo. p. 150, 1988.
problema e causar outro. ______. Norma Tcnica. 21L5.216. Controle de
qualidade de meios de cultura: mtodo de
AGRADECIMENTOS ensaio. So Paulo. p. 36, 1987.
Agradecemos Instituio Centro ______. Norma Tcnica. 22M1.001. Lavagem,
Universitrio Padre Anchieta por disponibilizar seus preparo e esterilizao de materiais em
Laboratrios para a realizao deste trabalho, ao laboratrios de microbiologia: procedimento.
Pesquisador Jonny Francisco Ros de Almeida, So Paulo. p. 34, 1986.
proprietrio da Empresa Khemia, pelo produto CHOPRA, I. The increasing use of silver-based
nanoparticulado de prata, Empresa Sabesp pela products as antimicrobial agents: a useful
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40 RQI - 4 trimestre 2016


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RQI - 4 trimestre 2016 41


Adsoro de zinco (II) e cobre (II) utilizando como
adsorvente a borra de caf
Zinc (II) and copper (II) adsorption using coffee grounds as adsorbent

a* a
Yvna de Salles Mol Lembi Ferreira ; Edgar Alexandre Reis de Lima ;
a
Maria Alice Moreno Marques

Departamento de Engenharia Qumica, Universidade Vila Velha 29.102-920 - Vila Velha ES - Brasil
*e-mail: yvnamol@hotmail.com

Submetido em 24/08/2016; Verso revisada em 20/10/2016; Aceito em 10/11/2016

Resumo
O presente trabalho visou a avaliar a capacidade de adsoro da borra de caf na remoo dos
ons metlicos zinco (II) e cobre (II) por meio dos modelos de isoterma de Langmuir e Freundlich. O
modelo que melhor se ajustou aos dados experimentais foi de Freundlich, cujos parmetros Kf e n
para os ons de Zn e Cu foram: 0,9074 e 5,2967 (mg.g-1) (L.mg-1)1/n, 1,0811 e 1,2823 (mg.g-1)
(L.mg-1)1/n, respectivamente, indicando que a borra de caf possui afinidade pelos ons metlicos e
que adsoro favorvel. Verificou-se que o aumento de pH reduz a capacidade de adsoro do
cobre enquanto que para o zinco a adsoro foi favorecida. No estudo da influncia da
temperatura, observou-se que o percentual adsorvido diminuiu com o aumento da temperatura
tanto para o cobre como para o zinco. Dessa forma, resultados sugerem que a borra de caf
possui potencial para o tratamento de efluentes contendo metais txicos.
Palavras-chave: Adsoro, borra de caf, metais txicos.

Abstract
This paper focuses on evaluating the adequacy of Langmuir and Freundlich isotherms as a way to
describe the capacity of adsorption of the heavy metals zinc (Zn) and lead (Pb) in residues by
commercial coffee. The model that best fitted the experimental data was the Freundlich, whose
parameters Kf and n for Zn and Cu ions were: 0.9074 and 5.2967 (mg.g-1) (L.mg-1)1/n and 1.0811 and
1.2823(mg.g-1) (L.mg-1)1/n, respectively. Results imply that coffee grounds have affinity for copper (II)
and zinc (II) ions and that the adsorption is favorable. It was noticed that pH increase causes a
decrease in the adsorption capacity of copper, whereas, for zinc, adsorption was enhanced by an
increase in pH. In the assessment of temperature influence, it was revealed that the adsorbed
percentage was reduced with temperature rise, for both copper and zinc. Therefore, the results
suggest that coffee grounds have good potential for the treatment of effluents containing toxic
metals.
Keywords: Adsorption, coffee grounds, toxic metals.

42 RQI - 4 trimestre 2016


INTRODUO alternativa para a reutilizao desse resduo.
A presena de substncias qumicas Portanto, em face da necessidade de dados
principalmente txicas em concentraes elevadas experimentais para analisar a possibilidade da
nos solos e nos ecossistemas aquticos resultado utilizao da borra de caf para adsoro de ons
direto do desenvolvimento industrial, agrcola e da metlicos, neste trabalho estudou-se a capacidade
urbanizao. O intenso crescimento do consumo, da do resduo de caf comercial na adsoro dos
produo, da explorao de matrias-primas, metais pesados por meio de isotermas de adsoro,
associado ao crescimento da populao nas ltimas que so equaes matemticas que descrevem as
dcadas, tem gerado uma srie de problemas relaes entre as quantidades de determinado
ambientais em funo da gerao de resduos elemento qumico adsorvido pelo slido
contendo elementos txicos, como os metais (adsorvente) e a sua quantidade remanescente na
pesados (MOREIRA,2004; SILVA & FERNANDES, soluo.
2010).
A remoo de ons metlicos txicos em Modelagem das isotermas de adsoro
efluentes uma tarefa difcil, devido aos aspectos A isoterma de adsoro uma representao
tcnicos e ao elevado custo dos mtodos de grfica que mostra a quantidade de soluto adsorvida
tratamento. Os mtodos clssicos para a remoo por um adsorvente, em funo da concentrao de
de ons em solues aquosas envolvem processos equilbrio do soluto. (A concentrao expressa pela
fsico-qumicos de extrao por solventes, osmose Equao 1 (SALVADOR, 2009).
reversa, troca inica, precipitao qumica, eletrlise
e adsoro (ASSIS, 2012). Do ponto de vista (1)
analtico, conhecido que a extrao em fase slida
(adsoro) uma tcnica eficaz para a remoo de Sendo qe a quantidade de metal adsorvido pela
-1
determinados tipos de poluentes das guas, borra de caf (mg. g ), Ci a concentrao inicial da
-1
especialmente aqueles que no so facilmente soluo de metal (mg. L ), Cf a concentrao final da
-1
biodegradveis, como os metais (SALVADOR, soluo (mg. L ), V volume da soluo de metal (L),
2009). W a massa de adsorvente (g).
A adsoro em carvo ativado altamente O percentual de remoo dos ons metlicos
eficiente na remoo de metais pesados no processo de adsoro expresso pela Equao
encontrados em efluentes industriais (SANTOS et 2:
al., 2005), porm o alto custo inibe seu uso em larga % remoo =
(C C )
i f

Ci 100 (2)
escala. Em busca de novas tecnologias tem se
pesquisado a utilizao de adsorventes alternativos
para a remoo de metais pesados. No processo de adsoro, o pH, a
A utilizao de adsorventes a partir de temperatura, tempo de contato e o tipo de material
resduos agrcolas tais como casca de arroz, de adsorvente so parmetros que influenciam na
laranja, de coco, talo da uva, e outros, surge como forma da isoterma. O comportamento grfico das
uma alternativa promissora e de grande interesse isotermas pode apresentar-se de diferentes formas,
para o tratamento de efluentes industriais contendo fornecendo informaes importantes sobre o
metais em soluo (SALVADOR, 2009). Sendo modelo matemtico que o representa. Os modelos
assim, o uso da borra de caf como um adsorvente de isoterma de Langmuir e de Freundlich so os
para o tratamento de efluentes pode ser uma mais comumente utilizados na literatura.

RQI - 4 trimestre 2016 43


INTRODUO ser obtidos pela interseo e inclinao do grfico
linear de log q versus log C. O valor de n
O modelo de isoterma de Langmuir assume compreendido entre 1 e 10 indica adsoro
que as molculas do adsorvato aderem-se na favorvel (BARROS,2001).
superfcie do adsorvente em locais definidos (stios);
cada stio ativo apenas acomoda uma molcula do Termodinmica de adsoro
adsorvato, isso significa que formada apenas uma As caractersticas termodinmicas do
monocamada; no h interao entre as molculas processo de adsoro so definidas por meio das
de stios vizinhos, sendo assim pode-se considerar o variaes da energia livre de Gibbs (G), da entalpia
mesmo calor de adsoro para todos os centros (H) e da entropia (S) e, podem ser determinados
ativos na superfcie (DANIEL, 2009). A Equao 3 por meio da Equao 5 linearizada de Van`t Hoff:
expresso linear de Langmuir:

DH DS (5)
C 1 C lnkabs = - +
= + (3) RT R
q qmx . K ads qmx
Em que: kabs a constante de equilbrio da
Em que: q quantidade de adsorvato (metal) adsoro, R a constante dos gases ideais
-1
retido no slido no equilbrio (mg g ), qmx parmetro (8,314 JK-1mol-1) e T a temperatura absoluta
de Langmuir relativo capacidade de adsoro (K). O grfico de ln kabs versus 1/T construdo para
-1
(mg g ), C concentrao do on na soluo quando obteno dos parmetros termodinmicos, em que
-1
esta em equilbrio (mg L ), K ads constante de pelo coeficiente angular da reta, calcula-se o valor
Langmuir relacionada com a energia de ligao do de H (-H/R), e pelo coeficiente linear o valor de S
-1
metal na borra de caf (mg L ). (S/R) (COTTET, 2009).
A isoterma de Langmuir pode ser obtida a A entalpia e a entropia se relacionam com a
partir de um grfico linear da razo entre as energia livre de Gibbs por meio da Equao 6.
concentraes de adsorvato na fase lquida e slida
(C/q) versus a concentrao de adsorvato na fase
DG = DH - T DS (6)
lquida (C) (CAPUDI, 2010).
O modelo de isoterma de Freundlich assume
que a adsoro ocorre em multicamadas em que os MATERIAIS E MTODOS
stios podem adsorver mais de uma molcula de
adsorvato, porm os stios no so idnticos, nem A borra de caf, utilizada como adsorvente, foi
sempre esto disponveis e possuem diferentes coletada diariamente em uma residncia entre os
energias de adsoro (GARCIA, 2010; CAPUDI, meses de novembro e dezembro de 2014. Coletou-
2010). A Equao 4 expresso linear de se aproximadamente 1000g de borra de caf de uma
Freundlich: mesma marca de caf comercial, para garantir que
amostra tivesse a mesma classificao

1 granulomtrica. A borra foi armazenada em frasco


log q = log K f + log C (4) de vidro bem vedado e conservada em uma cmara
n
fria a uma temperatura de 5 C. Antes da realizao
sendo K f e n constantes relacionadas com a dos testes de adsoro, retiraram-se 100g da
capacidade de adsoro. Os valores de Kf e n podem amostra homognea que foi colocada em uma

44 RQI - 4 trimestre 2016


-1
estufa com circulao de ar Tecnal (MODELO TE- solues 0,1 mol L de hidrxido de sdio (NaOH) ou
394/1) por um perodo de 48h a uma temperatura cido clordrico (HCl). Utilizou-se o potencimetro
constante de 60C. Aps 48h, retirou-se a amostra e Digimed (MODELO DM-22, SRIE: 40990).
homogeneizou-se, dando incio aos ensaios de
Influncia da Temperatura na Adsoro
adsoro.
A influncia da temperatura na adsoro foi

estudada a 25C, 35C e 50Cpara cada valor de pH
Isotermas de adsoro estudado. Os ensaios foram conduzidos em um
Os testes de adsoro foram realizados agitador magntico digital com aquecimento
utilizando, como adsorvatos, os metais pesados Fisatom (MODELO 753D, SRIE: 132614), a 150
zinco e cobre. Para cada adsorvato realizou-se o rpm.
experimento adicionando-se 500 mg de adsorvente
em bqueres de 100 mL. Em cada bquer Anlise de metais por ICP OES
adicionaram-se 25 mL da soluo de diferentes A anlise da concentrao remanescente dos
-1
concentraes do adsorvato 0,4, 8, 12, 16, 20 mg L ons zinco (II) e cobre (II) foi realizada em
e a mistura foi agitada continuamente com um espectrmetro ptico com plasma indutivamente
agitador magntico Tecnal (MODELO TE-0851, acoplado (ICP-OES) da marca ThermoScienctific,
SRIE: 13484) por 15 minutos, temperatura modelo ICAP 6000 srie, com viso axial e radial.
ambiente (25 2C). Ao final deste procedimento, a Utilizou-se para injeo da amostra um nebulizador
fase lquida foi separada da biomassa por meio de concntrico acoplado a uma cmara de nebulizao
filtrao simples (filtrada em papel quantitativo) e ciclnica e bomba peristltica. Foi utilizado na
transferida para um tubo falcon de 50 mL, e seu anlise um corpo de tocha EMT Duo (Thermo Fisher
volume foi completado com gua ultrapura Mili-Q. As Scientific Inc., Massachutts, EUA). Os padres
concentraes remanescentes dos ons metlicos utilizados foram adquiridos de AbsoluteStandars
foram determinadas por ICP-OES (CASTRO, 2009; (Absolute Standards, Inc. Connecticut, EUA).
BONIOLO et al 2014).
Ressalta-se que as solues tiveram seus RESULTADOS E DISCUSSES
valores de pH ajustados para o pH original da borra
de caf (pH 5) antes do incio do ensaio. Os testes Isotermas de adsoro
foram realizados em triplicata e nas avaliaes dos O processo de adsoro dos ons metlicos em
modelos ajustados foram utilizados os valores dos solues no intervalo de concentrao inicial de 4
2
coeficientes de correlao (R ), soma de quadrado -1 -1
mg. L a 20 mg.L foi representado por meio da
de erros (SQE), desvio padro amostral (S) e isoterma de equilbrio que relaciona diretamente a
2
varincia amostral (S ). Para a estimativa dos concentrao do adsorbato na fase lquida e a
clculos utilizou-se o programa Microsoft Office quantidade de adsorbato adsorvido, no equilbrio.
Excel 2007. Para cada concentrao inicial de ons metlicos,
aps o contato, obteve-se pela Equao 1, a
Influncia do pH na Adsoro quantidade de ons metlicos adsorvidos (qe) pela
O efeito da variao do pH dos ons de cobre borra de caf em equilbrio com a quantidade em
(II) e zinco (II) na eficincia da sua adsoro na borra soluo (Cf), como mostram as isotermas obtidas
de caf foi determinado em valores de pH iguais a 3, nas Figuras 1 e 2, para os ons de cobre e zinco,
5 e 7. O pH das solues foi ajustado pela adio de respectivamente.

RQI - 4 trimestre 2016 45


L-1 a 20mg.L-1 o aumento da concentrao de ons de
Zn na soluo implica na diminuio do percentual
removido (80,83 a 77,85%). Sabe-se que quanto
maior a concentrao do on metlico, menor a
qe (mg g-1)

eficincia de remoo pelo biossorvente, pois,


aumenta concentrao, sem variar a massa do
mesmo, os stios so saturados mais rapidamente
Concentrao final ,C f (mg L-1) (BONIOLO et al 2014). Sendo assim, o cobre obteve
maior eficincia de remoo, mas as concentraes
utilizadas no foram suficientes para saturao dos
Figura 1. Isoterma de adsoro de cobre para a borra de caf. stios.
Condies: pH 5 e temperatura de 25C

Tabela 1
Resultados obtidos para a percentagem e a capacidade
de remoo de Cobre e Zinco
qe (mg g-1)

Concentrao final ,Cf (mg L- 1 )

Figura 2. Isoterma de adsoro de zinco para a borra de caf.


Condies: pH 5 e temperatura de 25C
Por meio das isotermas de adsoro
Verifica-se que a partir das isotermas de possvel, de maneira qualitativa, avaliar se a
adsoro para os metais em soluo sinttica que o interao dos ons em soluo com o adsorvente
processo de remoo do cobre ocorre segundo um favorvel ou desfavorvel, pela anlise do formato
processo linear e para o zinco h uma tendncia da curva. Para uma anlise quantitativa do processo
para um processo favorvel, de acordo com a de adsoro, h necessidade de ajustar os dados
classificao definida em McCABE (2000) experimentais por meio de modelos matemticos.
(SILVA,2010). Nas isotermas favorveis possvel Assim, com valores dos parmetros fornecidos por
obter uma capacidade de remoo alta, mesmo em esses modelos, pode-se realizar uma avaliao
condies de baixa concentrao de adsorvato na quantitativa dos dados do processo.
soluo (SILVA,2010). A avaliao do ajuste dos modelos de
A Tabela 1 apresenta os resultados equilbrio de adsoro aos dados experimentais foi
observados para a eficincia de remoo do cobre e r e a l i z a d a e m p r e g a n d o - s e a s e s ta t s t i c a s :
do zinco em funo da concentrao inicial. Os coeficiente de correlao (R2), soma do quadrado
resultados observados mostram que para o cobre dos erros (SQE), desvio padro amostral (S),
aumento da concentrao de ons de Cu implica em varincia (S2). A Tabela 2 apresenta os parmetros
uma pequena variao no percentual de remoo calculados para o modelo de Langmuir e a Tabela 3
pela borra de caf (92,97 a 94,04%) e para o zinco apresenta os parmetros calculados para o modelo
observou-se que a partir da concentrao de 12 mg. de Freundlich.

46 RQI - 4 trimestre 2016


energia de ligao e pode ser definida como um
coeficiente de adsoro ou de distribuio que
descreve a quantidade de ons metlicos adsorvido
sobre o adsorvente por unidade de concentrao de
equilbrio, apresenta o valor mais elevado para o
-1 -1 1/n
zinco [5,2967 (mg.g ) (L.mg ) ] e o mais baixo para
-1 -1 1/n
o cobre [1,2823 (mg.g ) (L.mg ) ], sugerindo que a
borra de caf possui afinidade pelos ons de cobre
(II) e de zinco (II) e que a adsoro favorvel, o de
adsorvato na soluo (SILVA,2010).

Influncia do pH na Adsoro
O pH tem expressivos efeitos na solubilidade,
especiao e capacidade de adsoro dos metais
pesados (BUENO, 2009). O pH pode influenciar a
adsoro dos ons metlicos pela competio entre
+
o metal e os ons H pelos stios ativos. A
dependncia do pH na captao das espcies
metlicas pelo biossorvente pode ser tambm
justificada pela associao-dissociao de certos
Desta forma, verifica-se pela Tabela 2 que o grupos funcionais tais como os grupos carboxilas
modelo de Langmuir no representa de forma (VAGHETTI,2009). O efeito do pH na capacidade
significativa e quantitativa o modelo matemtico de adsoro dos ons de cobre (II) e zinco (II) pela
apropriado para os dados experimentais deste borra de caf foi investigado variando-se o pH nas
estudo. Observa-se na Tabela 3 que o modelo de faixas 3, 5 e 7, a temperatura ambiente. As Tabelas 4
Freundlich se ajustou de maneira satisfatria aos e 5, representam o efeito da concentrao de
dados experimentais. Nota-se que o cobre biomassa na adsoro de Cu (II) e Zn (II),
apresentou melhor ajuste, com menor desvio em respectivamente, em relao faixa de pH.
relao aos dados experimentais (0,4598), menor Tabela 4
Efeito da concentrao de biomassa de borra de caf na adsoro de
erro (0,8457) e menor disperso (0,2114) ao
ons cobre (II). Condies: pH: 3,0, 5,0 e 7,0; velocidade de agitao:
comparar com os dados obtidos para o zinco, desvio 150 rpm; tempo de contato: 15min

(1,0525), erro (4,4313) e disperso (1,1078).


O parmetro n um parmetro emprico, que
indica que para valores de n>1 o metal
favoravelmente adsorvido. Como pode ser
verificado pelos valores de n determinados, o cobre
favoravelmente adsorvido nas condies
experimentais utilizadas, e o zinco tende para
favorvel ao se observar o valor obtido de n (0,
9074), e os valores do coeficiente de correlao
(0, 987) e do coeficiente de adsoro de
Freundlich (Kf). A constante Kf, que est relacionada

RQI - 4 trimestre 2016 47


Influncia da Temperatura na Adsoro
As Tabelas 6, 7 e 8 mostram o porcentual de
ons Cu (II) e Zn (II) adsorvido na borra de caf, nas
temperaturas de 25C, 35C e 50C e nas faixas de
pH 3, 5 e 7, respectivamente.
A partir dos dados apresentados nas tabelas 6,
7 e 8, pode-se observar que, em todas as faixas de
pH, o aumento da temperatura junto com o aumento
da concentrao inicial levou a uma diminuio do
percentual adsorvido, mas ocorreu um aumento da
capacidade de adsoro do material. Isso ocorre
porque se diminui a quantidade de adsorvato que
efetivamente retirada de um meio mais concentrado,
ao mesmo tempo em que se aumenta o grau de
saturao dos stios de adsoro do adsorvente.
Verifica-se tambm que, independente da
Observa-se, nas Tabelas 4 e 5, que para todas faixa de pH ao se comparar para uma mesma
as concentraes analisadas o maior percentual de concentrao inicial o aumento de temperatura
remoo para os ons de Cu (II), ocorreu no pH 5. O diminuiu o percentual removido e diminui a
maior valor obtido foi de 94,13% de remoo na capacidade de adsoro do material. O aumento de
-1
concentrao 12 mg.L . E para de ons de Zn (II), em temperatura desfavorece a adsoro dos metais
todas as concentraes analisadas, o maior zinco e cobre para uma mesma concentrao inicial.
percentual de remoo foi observado em pH 7, o
maior valor obtido foi de 84,17% de remoo, na
-1
concentrao de 4 mg.L . Uma provvel explicao
para reduo da capacidade de adsoro do cobre
em pH 7, a ocorrncia da hidrlise dos ons
metlicos, que formam hidrxidos e estabilizam os
ons metlicos no ocorrendo adsoro. E em
+
meio cido, de pH baixo, os ons H competem com
os ons metlicos pelos grupos hidroxila (-OH) e
carbonila (C=O), de forma que a adsoro menor
(VAGHETTI,2009).
Para os ons de Zn (II), observa-se que a
adsoro foi favorecida medida que aumentou-se
o pH. Esse comportamento indica a adsoro dos
ons metlicos pelos grupos hidroxila e carbonila
presentes na estrutura qumica do biossorvente, ou
seja, quanto maior o valor de pH menor a quantidade
+
de on H na soluo, logo, menor competio com
os ctions metlicos pela hidroxila (-OH) e carbonila
(C=O) (MONTEIRO,2009).

48 RQI - 4 trimestre 2016


borra de caf, que foram obtidos pelo o grfico de ln
(Kd) versus (1/T), em que pelo coeficiente angular da
reta, calcula-se o valor de H (-H/R), e pelo
coeficiente linear o valor de S (S/R), conforme a
Equao 5. Com os valores da entalpia e entropia
determinados, calculam-se os valores do G
(Equao 6). Os dados para as faixas de pH
estudadas e temperaturas esto nas Tabelas 9, 10 e
11.

Anlise termodinmica
A variao dos parmetros termodinmicos
entalpia (H), entropia (S) e energia livre de Gibbs Partindo do valor obtido para a variao da
(G) foram determinados em funo da temperatura entalpia, possvel analisar a natureza das foras
para o processo de adsoro os ons metlicos na i n t e r m o l e c u l a r e s p r e s e n t e s n o p r o c e s s o

RQI - 4 trimestre 2016 49


de adsoro. Valores entre 10 e 20 kJ mol -1 ajustaram ao modelo de Freundlich, caracterizando
representam fisissoro enquanto valores entre 40 e a formao de multicamadas de adsoro. Os dados
-1
4000 kJ mol , comparveis aos encontrados para se ajustaram pela linearizao de Freundlich.
reaes qumicas, representam um processo de Ressalta-se que o tempo de contato um fator
quimissoro. Alm disso, se H < 0, pode-se dizer importante na eficincia do processo para obter
que o processo exotrmico, pois com o aumento ajustes melhores das isotermas. Na escolha do
da temperatura, ocorre a diminuio da eficincia do modelo que melhor se ajusta aos dados, a anlise de
processo (Perry, 1980). Observam-se os vrias funes de erro fundamental, pois a
resultados obtidos nas Tabelas 9, 10 e 11 que, em comparao dos grficos, sem anlise dos
todas as faixas de pH e independente da parmetros estatsticos, nem sempre prediz o
temperatura, os valores obtidos para a entalpia de modelo ideal.
adsoro foram negativos, o que sugere que o O pH um fator importante a ser considerado
processo exotrmico. O fato dos valores de H porque modifica a carga superficial do adsorvente e
-1
menores que 20kJ.mol , o maior valor observado foi a forma de hidratao dos metais. Com o aumento
para o zinco em pH 3 e temperatura de 50C (H=- da temperatura, verificou-se que h um aumento da
-1
19,8039KJ mol ), indica que o processo de adsoro capacidade de remoo (qe) e uma diminuio
de natureza fsica (fisissoro), com ligaes percentagem removida. E o aumento de
fracas de Van der Waals entre os ons metlicos e a temperatura desfavorece a adsoro dos metais
borra de caf. zinco e cobre para uma mesma concentrao inicial.
A variao de entropia est relacionada s Os parmetros termodinmicos indicam que o
variaes de ordem-desordem de um sistema, de processo exotrmico. O maior valor observado foi
maneira que, quanto mais aleatrio for o sistema, para o zinco em pH 3 e temperatura de 50C (H=-
maior a sua entropia. Observa-se pelos resultados 19,8039 KJ mol-1) e pode ser classificado como
obtidos nas Tabelas 9, 10 e 11 que em todas as fisissoro (H < 20 KJ mol -1 ) e processo
faixas de pH, e independente da temperatura, que os espontneo a temperaturas baixas (G >0).
valores obtidos da variao de entropia foram Assim sendo, os resultados obtidos sugerem
negativos, o que indica um aumento no grau de que a borra de caf possui potencial para o
organizao do sistema, associado acomodao tratamento de efluentes contendo metais pesados.
das partculas dos ons metlicos em camadas mais
ordenadas na superfcie do adsorvente. Esse REFERNCIAS
aumento do grau de organizao do sistema
compensado pela liberao de energia ASSIS, P. A. Adsoro de metais pesados em
representada pela variao de entalpia, garantindo soluo aquosa e em drenagem cida de mina
que o processo global termodinamicamente utilizando bagao de cana-de-acar modificado
coerente. Os valores encontrados para energia livre quimicamente. Dissertao de Mestrado.
de Gibbs foram positivos, o que sugere um aumento Universidade Federal de Ouro Preto, MG. Brasil,
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CONCLUSO /handle/123456789/2306>Acesso em: 14 de maro
Com base nos resultados obtidos e de 2015.
apresentados nesse trabalho tem-se que as BARROS, A. R. B. Remoo de ons metlicos em
adsores dos ons metlicos Cu (II) e Zn (II) se gua utilizando diversos adsorventes

50 RQI - 4 trimestre 2016


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Qumica) , Instituto de Qumica, Universidade Federal do
MONTEIRO, Raquel Almeida. Avaliao do potencial
Rio Grande do Sul, 2009.

RQI - 4 trimestre 2016 51


Artigo Tcnico
Tratamento de efluente de indstria cosmtica
via reagente de fenton
Treatment of cosmtic industry wastewater via fenton reaction

Weberson de Oliveira Morais, Nbia Natlia de Brito*


Instituto de Qumica-Universidade Federal de Gois, Goinia, GO, Brasil
*nubiabrito@ufg.brr

Submetido em 30/08/2016; Verso revisada em 06/11/2016; Aceito em 10/11/2016

Resumo
Neste trabalho foi estudada a aplicao da reao de Fenton integrada coagulao/floculao no
tratamento de efluente da linha de produo de filtros solares. Com o processo de otimizao
realizado em ensaios de jarros, a concentrao tima de Fe+2 e H2O2 foi de 110,00 mg L-1 e 700,00
mg L-1, respectivamente e um valor de pH 4,50. Nestas condies os valores de remoo foram
90,75% de Demanda Qumica de Oxignio (DQO), 99,61% de turbidez, 98,24% da colorao
(valores de absorvncia), 96,24% de Carbono Orgnico Total (COT), 99,26% de leos e graxas,
97,36% de slidos suspensos totais (SST), 73,12% de surfactantes e 81,85% de fenis totais. O
tempo total de tratamento foi 226 minutos e 30 segundos. Quando aplicados de maneira isolada,
os processos oxidativos avanados no apresentam boa eficincia, no entanto, neste trabalho o
tratamento via reao de Fenton integrado tecnologia coagulao/floculao apresentou
elevada capacidade para uma aplicao em escala real no segmento cosmtico.
Palavras Chave: filtro solar, reagente de Fenton, indstria cosmtica.

Abstract
In this work the application of integrated Fenton's reaction with the coagulation/flocculation in the
treatment of sunscreens lotion production line wastewater. After optimizing (performed at jar test
equipment) of the treatment processes was possible to verify that in concentrations of 700.00 mg.L-1
H2O2, 110.00 mg.L-1 Fe+2 and at pH 4.50, reductions of Chemical Oxygen Demand (COD) values,
turbidity values and coloration (absorbance values) were respectively 90.75%, 99.61% and
98.24%. Other environmental analyzes were also carried out, and the values reductions were: Total
Organic Carbon (TOC) 96.24%, Oil and Grease 99.26%, Total Suspend Solids 97.36%,
Surfactants 73.12% and Totals Phenols 81,85%. The total treatment time was 226 minutes and 30
seconds. When applied in an isolated way, the advanced oxidation processes do not have good
efficiency; however, in this study the treatment means Fenton's reaction integrated
coagulation/flocculation technology shown high capacity for a full-scale application in the cosmetic
segment.
Keywords: sunscreen, fenton, cosmetic industry.

52 RQI - 4 trimestre 2016


INTRODUO tratamento de efluentes, sua estreita faixa de pH e a
Na indstria de cosmticos durante a dependncia de uma relao coerente entre
manipulao dos produtos uma grande quantidade [Fe +2 ]:[H2 O2 ] torna o reagente de Fenton uma
de gua potvel utilizada em sistemas de tecnologia eficiente no tratamento, que requer um
resfriamento, gerao de vapor e, principalmente, processo de otimizao da melhor concentrao dos
nas operaes de lavagem e sanitizao de reagentes Qumicos e o melhor valor de pH antes de
mquinas, equipamentos, reatores e utenslios. Do sua aplicao (GAMA, 2012).
total de gua consumida no setor, em torno de 26% Diante disto uma proposta de tratamento do
efetivamente incorporado ao produto, restando 74% efluente real bruto de uma indstria cosmtica
para a composio do efluente, o que gera uma localizada na regio metropolitana de Goinia, foi
grande quantidade de resduo lquido (NATURA, elaborada para verificar a capacidade de aplicao
2008). da reao de Fenton no tratamento do efluente
Os efluentes cosmticos, em particular de gerado na manipulao de filtros solares, verificando
filtros solares, apresentam elevada composio ainda a possibilidade de integrar a tecnologia
orgnica de difcil biodegradabilidade, os coagulao/floculao a fim de aperfeioar os
tratamentos convencionais biolgicos aerbios e tratamentos buscando a mxima remoo de
anaerbios, bem como, os processos fsico- compostos recalcitrantes.
qumicos aplicados isoladamente tornam-se
ineficientes para esses efluentes, sendo necessria MATERIAIS E MTODOS
ento a integrao de um processo oxidativo Local dos experimentos
avanado como tentativa de remediao dessa
Os experimentos foram realizados no
matriz lquida poluente (ZANELLA et al., 2010;
Laboratrio de Tratamento de guas Residurias
YUEFEI et al., 2013).
(LABTAR) localizado no Instituto de Qumica IQ da
O processo de oxidao avanada se baseia
Universidade Federal de Gois. O efluente real
na gerao do radical hidroxila (.OH), que por
bruto foi obtido a partir da linha de produo de
possuir elevado potencial de oxidao (2,8eV) e
filtros solares de uma indstria de cosmticos, da
baixa seletividade ataca a matria orgnica
regio metropolitana de Goinia. Este efluente
promovendo um aumento na frao biodegradvel e
resultado da limpeza dos reatores de manipulao
at mesmo uma possvel mineralizao total do
diria da indstria. A coleta do efluente foi realizada
efluente a ser tratado. Vrias so as vias de gerao
aps a lavagem dos reatores (da linha de produo
desse radical, como reao de Fenton, foto Fenton,
de filtro solar), que realizada utilizando sabo
fotocatlise/TiO2, fotoqumica, ozonizao indireta,
neutro e uma grande quantidade de gua potvel.
entre outros. Nesta pesquisa a tecnologia escolhida
foi o reagente de Fenton, uma vez que este se
mostra eficiente e de baixo custo em relao aos Composio do filtro solar
demais (OLLER et al., 2011). O filtro solar, de acordo com informaes
A reao de Fenton promove a gerao do cedidas pela indstria de cosmtico, apresenta em
radical hidroxila (.OH) a partir da decomposio do sua composio principalmente: leo mineral e
perxido de hidrognio (H2O2) sob catlise de ons lcool de lanolina (como base), metil-parabeno
Fe + 2 em meio cido (ZBILJC et al., 2015; (ster fenlico), propil parabeno (ster fenlico),
MALHEIROS et al., 2015). Embora seja uma benzofenona 3 (difenil metanona), lcool
tecnologia consolidada no que diz respeito ao cetoestearlico etoxilado, palmitato de cetila,

RQI - 4 trimestre 2016 53


-1
BHT (di-terc-butil metil fenol), dixido de titnio, de hidrxido de sdio (NaOH) 0,01mol L , a fim de
trietanolamina, estearato de octila, salicilato de alcalinizar o efluente tratado para um pH 8,00.
octila, propilenoglicol, cido Finalizado este processo, o efluente foi mantido sob
etilenodiaminotetractico (EDTA), imidazolinidil- tratamento trmico, com temperatura de 80C por 40
uria, dentre outros. Os compostos apresentam minutos.
cadeias longas com grupos de tomos que Essas condies so determinadas
dificultam processos biolgicos de tratamento de principalmente para o ensaio de DQO sabe-se que
2+ 3+
efluentes, como o caso dos fenis e das cadeias Fe /Fe interferem na anlise de DQO no processo
dos leos essenciais. redox, para isso o valor de pH foi elevado a um valor
maior que 7,00 neste estudo pH 8,00, a fim de
Metodologia experimental precipitar espcies hidroxiladas de ferro de modo
O tratamento via reagente de Fenton foi que no interferisse na anlise de DQO.
implantado em escala laboratorial como tratamento Do mesmo modo o tratamento trmico na
primrio para degradao de compostos orgnicos temperatura mencionada deve-se a temperatura
proveniente dos efluentes cosmticos. O processo ideal para decomposio do H2O2 em gua e
2+
foi otimizado atravs da concentrao de Fe oxignio molecular, a fim de que o mesmo no
-1
(variando de 9,20 a 221,05 mg L ), concentrao de interfira na reao redox da anlise de DQO.
-1
H2O2 (variando de 200,00 a 1100,00 mg L ) e valores Obviamente ao tratar as amostras dessa maneira
de pH (variando de 3,00 a 8,00). As etapas do acoplamos uma coagulao/floculao e as
tratamento podem ser descritas da seguinte forma: eficincias de remoo so maiores.
1. Determinao dos valores de pH na faixa Posteriormente o efluente tratado permaneceu
desejada para o reagente de Fenton; em repouso para a sedimentao do resduo
2. Adio de soluo de sulfato de ferro II insolvel formado, durante 120 minutos, para
heptahidratado (FeSO4.7H2O) nas realizao das anlises dos parmetros: Demanda
concentraes estudadas; Qumica de Oxignio (DQO); turbidez; absorvncia
3. Agitao rpida durante 20 segundos a 300 (400nm); oxignio dissolvido; ferro total; Carbono
rpm; Orgnico Total (COT); fenis totais; leos e graxas;
4. A d i o d a s o l u o d e p e r x i d o d e slidos suspensos totais; surfactantes e
hidrognio, padronizado a 10% m/v por condutividade.
titulao permanganomtrica, nas Todas as anlises citadas acima (exceto
concentraes estudadas; perxido de hidrognio residual) foram realizadas
5. Agitao lenta por 6 minutos e 10 segundos a conforme Standard Methods for the Examination of
th
30 rpm; Water and Wastewater, 20 edition (APHA, 1998).
6. Decantao durante 60 minutos. O perxido de hidrognio residual foi
Todo processo foi realizado a temperatura determinado conforme procedimento adaptado de
ambiente. Oliveira et al. (2001), de acordo com a reao entre
-
perxido de hidrognio e o on vanadato (VO3 ) em
Aps o tempo de decantao, foi coletada meio cido. A reao promove a formao de on
3+
uma amostra de 90,00 mL do lquido e medidos os peroxovandio (VO2 ) de colorao avermelhada
valores de pH para a verificao da variao dos que absorve fortemente em 446 nm (OLIVEIRA et
valores desse parmetro durante o tratamento. al., 2001).
Em seguida foi realizado o ajuste com soluo O tempo total de tratamento foi de 6 minutos e

54 RQI - 4 trimestre 2016


30 segundos em agitao no jar test, 60 minutos de parmetros estudados no planejamento
decantao, 40 minutos em tratamento trmico e experimental 23 (Tabela 1) foram estabelecidos e
120 minutos em repouso para resfriamento e fixados, principalmente o que se refere
sedimentao do resduo insolvel, totalizando um concentrao de ferro, baseados em concentraes
tempo total de 226 minutos e 30 segundos de utilizadas no tratamento de esgoto, de acordo com a
tratamento. metodologia da Estao de Tratamento de Esgoto
de Gois (ETE-GO). Todo tratamento de efluente
RESULTADOS E DISCUSSO industrial tem como partida o tratamento de esgoto
sanitrio. Os demais valores de parmetros foram
Otimizao do Tratamento via reagente de obtidos a partir de um trabalho j realizado no Labtar
2+
Fenton Fe /H2O2 (laboratrio de tratamento de guas residurias-
Os limites inferiores e superiores dos UFG-IQ) por Morais e Brito 2015.

Pela anlise dos valores da tabela 1 foi maior variao durante o processo de otimizao.
possvel observar que os testes 03 e 04 Para melhor interpretao dos efeitos da
3
apresentaram elevados nveis de remoo tanto combinao das variveis (Planejamento Fatorial 2 )
para os valores na DQO quanto para os valores de em relao reduo dos valores na DQO foi
turbidez e absorvncia. A partir dos percentuais de construdo um diagrama geomtrico (Figura 1).
remoo observa-se que a eficincia do reagente de Pde ser observado que o aumento da
2+
Fenton, nestas condies reacionais, pode estar concentrao de Fe teve uma influncia
sendo influenciada em maior efeito pela significativa no rendimento cataltico apresentando
+2
concentrao de Fe e pelo pH, sendo a melhora em torno de 50,20% quando a
2+ -1
concentrao de H2O2 o parmetro que pode sofrer concentrao de Fe passa de 9,20 mg L

RQI - 4 trimestre 2016 55


-1
para 25,80 mg L no nvel inferior (concentrao Com a diminuio da concentrao H2O2
-1 -1 -1
H2O2 500,00 mg L ) e rendimento cataltico de 1000,00 mg L para 500,00 mg L o rendimento
52,00% no nvel superior (concentrao H 2 O 2 c a t a l t i c o f o i d e 11 , 1 0 % utilizando uma
-1 2+ -1
1000,00 mg L ). concentrao de Fe de 9,20 mg L e de 7,90%
2+ -1
utilizando uma concentrao de Fe de 25,80 mg L .
O valor do pH em 4,00 favoreceu o processo em
2+
88,00% quando a concentrao de Fe mais
-1
elevada (25,80 mg L ).

Com a diminuio da concentrao H2O2


-1 -1
1000,00 mg L para 500,00 mg L o rendimento
cataltico foi de 2,00% utilizando uma concentrao
2+ -1
de Fe de 9,20 mg L . Quando utilizado uma
2+ -1
concentrao de Fe de 25,80 mg L e com o
-1
aumento da concentrao de 500,00 mg L para
-1
1000,00 mg L o rendimento cataltico foi de 0,10%.
O valor do pH em 4,00 favoreceu o processo em
2+
61,70% quando a concentrao de Fe mais Com a diminuio da concentrao H2O2
-1 -1 -1
elevada (25,80 mg L ). 1000,00 mg L para 500,00 mg L o rendimento
Observando as condies do menor nvel c a t a l t i c o f o i d e 11 , 1 0 % utilizando uma
-1 2+ -1
para concentrao de H2O2 500,00 mg L , e do maior concentrao de Fe de 9,20 mg L e de 7,90%
2+ -1 2+ -1
nvel para concentrao de Fe (25,80 mg L ) e valor utilizando uma concentrao de Fe de 25,80 mg L .
de pH 4,00 o maior rendimento cataltico foi em O valor do pH em 4,00 favoreceu o processo
2+
torno de 63,60%, indicando que estas condies so em 88,00% quando a concentrao de Fe mais
-1
as ideais para o tratamento proposto. elevada (25,80 mg L ).
No diagrama da figura 2 pode-se observar Observando as condies do menor nvel
-1
melhor eficincia na remoo dos valores de para concentrao de H2O2 500,00 mg L , e do maior
2+ 2+ -1
turbidez, o aumento da concentrao de Fe teve nvel para concentrao de Fe (25,80 mg L ) e valor
uma influncia significativa no rendimento cataltico de pH 4,00 o maior rendimento cataltico foi em
apresentando eficincia em torno de 66,00% torno de 88,00%, indicando que estas condies so
2+ -1
quando a concentrao de Fe passa de 9,20 mg L as ideais para o tratamento proposto.
-1
para 25,80 mg L no nvel inferior (concentrao O diagrama da figura 3 traz a tendncia da
-1
H2O2 500,00 mg L ) e rendimento cataltico de remoo da colorao (valores de absorvncia) em
69,20% no nvel superior (concentrao H 2 O 2 relao aos experimentos do planejamento fatorial
-1
1000,00 mg L ). da tabela 1.

56 RQI - 4 trimestre 2016


2+
Pode ser observado que o aumento da abertura de faixas de concentrao de Fe de 18,42
2+ -1 -1
concentrao de Fe teve uma influncia a 221,05 mg L , H2O2 de 200,00 a 1100,00 mg L e
significativa no rendimento cataltico apresentando valores de pH de 3,00 a 7,00 para determinar as
melhora em torno de 62,30% quando a condies ideais de tratamento dessa matriz
2+ -1
concentrao de Fe passa de 9,20 mg L para poluente.
-1
25,80 mg L no nvel inferior (concentrao H2O2
-1 2+
500,00 mg L ) e rendimento cataltico de 68,10% no Efeito da concentrao de Fe
-1
nvel superior (concentrao H2O2 1000,00 mg L ). Para verificar a influncia da concentrao
+2
Com a diminuio da concentrao H2O2 do catalisador Fe no tratamento do efluente real
-1 -1
1000,00 mg L para 500,00 mg L o rendimento bruto, vrios testes foram realizados com
cataltico foi de 16,00% utilizando uma intervalos de concentraes entre 18,42 e
2+ -1 -1
concentrao de Fe de 9,20 mg L e de 10,20% 221,05mg.L , mantendo constantes a concentrao
2+ -1
utilizando uma concentrao de Fe de 25,80 mg L . do H2O2 e pH, como mostrado no grfico da figura
4.
No intervalo de concentrao de 18,42 a 36,57
-1
mg L foi possvel observar uma crescente na
eficincia da remoo dos valores na DQO, sendo
todos os valores de remoo acima de 60,00%. A
partir desta concentrao observa-se um aumento
significativo na eficincia (20,00%) de remoo do
valor desse parmetro com a concentrao do
catalisador sendo duplicada de 36,57 para 73,68 mg
-1
L .

A partir da anlise dos trs diagramas foi


possvel observar a tendncia na remoo dos
valores dos trs parmetros, em ser conduzida para
a maior eficincia com o reagente de Fenton, sob
+2 -1
condies: concentrao de Fe de 25,80 mg L , pH
-1
4,00 e H2O2 500,00 mg L . Os maiores rendimentos
catalticos eventualmente encontrados na
-1
concentrao de H2O2 de 1000,00 mg L no 4,00
justificam a utilizao de uma maior concentrao do
reagente qumico frente as eficincias encontradas
-1
na concentrao de 500,00 mg L . Na reduo da colorao (valores da
A partir da verificao da elevada tendncia do absorvncia) e dos valores da turbidez foi possvel
efluente real bruto em ser tratado via reagente de observar uma reduo acima de 80,00% para as
Fenton, foi realizado otimizao do processo com concentraes analisadas. A eficincia na remoo

RQI - 4 trimestre 2016 57


dos valores desses dois parmetros crescente at trs parmetros analisados, DQO, turbidez e
-1 2+
a concentrao de 147,36 mg L de Fe , a partir da a colorao (valores de absorvncia), em pH abaixo
eficincia comea a diminuir. de 4,00 se justifica pela formao de complexos
+2
De acordo com a reao representada pela [Fe(H2O)6] predominantes em valores baixos de pH.
equao 01 da fase 01 do reagente de Fenton, os A reao desse complexo com o perxido de
+2
ons Fe alimentam a formao do radical hidroxila a hidrognio consideravelmente lenta, o que diminui
partir da decomposio do perxido de hidrognio. a taxa de formao do radical hidroxila (WU et al.,
Esta reao possui constante de velocidade baixa, 2011).
-1 -1
na ordem de 70 mol L s , sendo dependente da Outra barreira a formao do on oxnio
+ +
fora inica do meio, que se acentua em pH cido. [H3O2] pela reao do prton H com perxido de
Por se tratar de uma reao de oxirreduo, onde os hidrognio, em pH extremamente baixo. Desta
+2 +3
ons Fe so oxidados a Fe , a formao do radical forma, consumindo H2O2 do meio e impedindo assim
+2
hidroxila dependente primria da concentrao do a reatividade com os ons Fe o que limita a
+2
catalisador Fe (KARTHIKEYAN et al., 2011). formao do radical hidroxila, diminuindo a
eficincia do tratamento em valores muito baixos de
2+ + 3+ . -1 -1
Fe + H2O2 + H Fe + OH + H2O k = 76 mol L s pH (ZBAY et al., 2014).
(01)

+2
Sendo assim a concentrao tima de Fe
para o efluente bruto real situa-se na faixa de
-1
106,84 a 147,36 mg L , sendo a concentrao de
-1
110,50 mg L a que apresentou maior eficincia na
remoo dos valores dos parmetros analisados.
A partir da otimizao da concentrao tima
+2
de Fe para o tratamento do efluente real bruto, a
prxima etapa caracterizou-se pela otimizao dos
valores de pH.

Efeito dos valores de pH


Na figura 5 analisa-se a influencia do pH no
reagente de Fenton comparando a remoo dos
valores na DQO, colorao (valores de absorvncia)
e turbidez. Nesta etapa o pH foi verificado na faixa de
+2
3,00 a 7,00, com concentrao de Fe e H2O2 fixas Segundo Wu e colaboradores (2011), em pH
-1
em 110,50 e 500,00 mg L respectivamente. extremamente baixo a presena de colides no
O tratamento do efluente real bruto via dissociados, formados por cargas negativas exige
reagente de Fenton, apresentou valores mais uma neutralizao mais efetiva a partir dos ons
eficientes em pH 4,00-4,50, com eficincia na frricos. Como consequncia os compostos
remoo dos valores na DQO de 97,06%. Acima orgnicos permanecem suspensos na soluo
desses valores de pH a remoo diminuiu apresentando colorao escura do sobrenadante.
mantendo-se acima de 85,00% at pH 6,00. Com relao turbidez e colorao (valores
A baixa eficincia na remoo dos valores dos de absorvncia) a eficincia em sua remoo na

58 RQI - 4 trimestre 2016


faixa de pH de 4,00 a 7,00 permanece acima de concentrao desse reagente foi realizada
2+
90,00%, sendo o valor mximo em pH 6,00 com mantendo constante a concentrao de Fe em
-1
97,80% de remoo. A elevada eficincia na 110,50 mg L e pH em valor 4,50. Os dados obtidos
remoo do valor desse parmetro nesta longa faixa nesta otimizao, podem ser visualizados no grfico
de pH se justifica pelo efeito coagulante do reagente da figura 6.
de Fenton. Em pH acima de 4,00 ocorre a
+3
polimerizao das espcies de Fe , formando um
precipitado amorfo, que efetivamente retira ferro da
reao, cessando o processo Fenton, mas
auxiliando no processo de coagulao/floculao
(MA e XIA, 2009).
A desestabilizao das partculas coloidais
a principal fora motriz da coagulao e tal
estabilidade est diretamente relacionada ao
potencial Zeta e o pH da soluo. Em pH prximo da
neutralidade a desestabilizao alcanada com
maior facilidade, aumentando a eficincia da
coagulao/floculao (MA e XIA, 2009; MANDAL et
al., 2010).
2+
Portanto a concentrao tima de Fe , foi
de 110,50 mg L-1 e o valor de pH 4,50 levando em
considerao a remoo dos valores dos trs
parmetros estudados: DQO, turbidez e Pela anlise dos valores apresentados no
absorvncia. Aps esses estudos a prxima etapa grfico (figura 6), foi possvel observar um aumento
foi otimizao da concentrao de H2O2, que, na eficincia da remoo dos valores dos trs
embora j utilizada em 500,00 mg L-1, necessita de parmetros at a concentrao de 700,00 mg L-1 de
uma determinao da dosagem ideal para a maior H2O2, quando a eficincia na remoo do valor na
eficincia do reagente de Fenton. DQO comeou a diminuir. A eficincia na remoo
dos valores da turbidez e da colorao (valores de
Efeito da concentrao de H2O2 absorvncia) se mantm crescente at 900,00 mg L-1
A reao direta que ocorre entre o H2O2 com de H2O2, quando comeam a sofrer diminuio.
ons metlicos possui a capacidade de formar Algumas reaes intermedirias ao processo
espcies altamente oxidantes, como por exemplo, o Fenton justificam a diminuio da eficincia na
radical hidroxila (SEKAR e DICHRISTINA, 2014; remoo dos valores dos parmetros. O principal
CAMPOS e BRITO, 2014). Portanto a concentrao fator a diminuio da produo do radical hidroxila
de perxido de hidrognio fator de determinao que pode ser influenciada por duas vias; sequestro
da eficincia no processo Fenton. de radicais hidroxilas pelo excesso de H 2 O 2
Durante o tratamento do efluente real bruto (equao 02) e regenerao do catalisador a partir
da linha de produo de filtro solar a otimizao da da reduo de Fe+3 por parte do perxido de

RQI - 4 trimestre 2016 59


hidrognio (reao redox), o que forma radical comparao entre os valores obtidos e os valores
hidroperoxila (equaes 03 e 04) (ANDRADE et al., especificados pela resoluo Conama 430 de 2011.
2015; MORAIS e BRITO, 2015).
Tabela 2
. .
H2O2 + OH HO2 + H2O k = 2,7x107 mol-1 L s-1 (02) Comparao dos parmetros analisados entre o
efluente bruto real e o efluente real tratado

Fe3+ + H2O2 FeOOH2+ + H+ -1 -1


k = 0,001 0,01 mol L s Parmetros Efluente Real Efluente Real Reduo (%) Resoluo

(03) Bruto Tratado CONAMA 430

. DQO mg L-1 9660,00 158,40 98,30% Reduo de


FeOOH2+ Fe2+ + HO2 k = 2,7x10-3 mol-1 L s-1 (04) 60,00% de
DBO
Turbidez NTU 5080,00 19,40 99,60% Abaixo de
100,00NTU
Comparando as constantes cinticas das CONAMA

equaes 02, 03 e 04, verifica-se que o processo 357/2005.


Absorvncia 1,25 0,13 89,84% NE
mais provvel que justifica a diminuio da eficincia OD mg L -1
0,92 4,02 Aumento de Acima de 4,00
do tratamento, causado pela elevada concentrao 77,00% mg L-1
CONAMA
de H2O2 o sequestro de radicais hidroxilas por este
357/2005
reagente (equao 02) (LUSTOSA et al., 2013). Carbono 15800,00 594,00 96,20% NE

Segundo Soon e Hameed (2011), na Orgnico Total

-1
mg L-1
degradao de 100 mg L de corante txtil reativo leos e Graxas 4216,00 31,00 99,30% At 70,0
vermelho HE-3B as melhores condies mg L-1 mg L-1
Ferro Total NR 5,50 --------- 15,00 mg L-1
operacionais alcanadas foram: pH 3,0; mg L-1
-1 Perxido de NR 13,48 --------- NE
concentrao de H2O2 500 mg L e concentrao de
2+ -1
hidrognio
nanocompsito de Fe 1000 mg L . residual mg L-1
NE: No Existe NR: No Realizado
Sendo assim neste tratamento as condies
ideais encontradas para a remediao do efluente
cosmtico da linha de produo do filtro solar com Estudo da DQO
-1
uma DQO de entrada em torno de 9660,00 mg L Para anlise de DQO ao final do processo de
2+ -1
foram: Fe 110,50 mg L , valor de pH 4,50 e H2O2 de otimizao do tratamento, o efluente real bruto teve
-1 -1
700,00 mg L . Com isso a relao [Fe]:[H2O2] foi de a anlise de DQO reduzida de 9660,00 mg L para
-1
1:6,33, dentro da faixa especificada por Bianco e 158,40 mg L , caracterizando uma reduo de
colaboradores (2011), de 1:5 a 1:10. 98,30%. Embora a resoluo Conama 430 de 2011
no referencia valores para remoo do valor na
Outros parmetros analisados DQO, a mesma estipula uma remoo mnima de
No efluente bruto real e no efluente tratado 60,00% de DBO.
via reagente de Fenton foram realizados alguns A remoo dos valores na DQO foi alcanada
estudos analticos referentes aos parmetros neste tratamento utilizando uma concentrao de
-1 +2
ambientais tais como: Demanda Qumica de 110,50 mg L de Fe . Segundo Bautista e
Oxignio (DQO), Turbidez, Absorvncia, Oxignio colaboradores (2007) para a aplicao do reagente
Dissolvido (OD), Carbono Orgnico Total (COT), de Fenton em efluente cosmtico, uma
+2 -1
leos e Graxas (OG), Ferro Total e Perxido de concentrao de Fe na ordem de 200 mg L ,
Hidrognio Residual e encontram-se na Tabela 2. suficiente na maioria dos casos para a degradao
Aps a disposio das anlises foi realizada uma dos contaminantes orgnicos.

60 RQI - 4 trimestre 2016


A concentrao de H2O2 utilizada no reagente A remoo de 99,60% do valor da turbidez
de Fenton, como visualizado no grfico da figura 6, um valor de extrema importncia no
-1
para alcanar esta remoo foi de 700,00 mg L , fato acompanhamento na desinfeco de efluentes,
+2
que fornece uma relao entre [Fe ]/[H2O2] igual a visto que este parmetro sofre influncia direta de
1:6,33. Bianco e colaboradores (2011) em slidos suspensos totais e coloidais. Uma vez em
tratamento via reagente de Fenton de lixiviado de efluentes, estes contaminantes fornecem proteo
aterro sanitrio, que possui elevada concentrao para micro-organismos que se deseja inativar por
de matria orgnica recalcitrante, atingiram uma agentes qumicos (ARANTES et al., 2013).
+2
relao [Fe ]/[H2O2] de 1:3,00, o que mostra que o Segundo Villota et al. (2014), a turbidez pode
efluente cosmtico de filtro solar tambm pode ser ser considerada um parmetro representativo da
classificado como um efluente de elevado poder de presena de espcies intermedirias oxidadas que
contaminao por matria orgnica. so geradas durante a decomposio de espcies
Outras fontes de poluentes altamente recalcitrantes tais como o fenol. Importante deixar
recalcitrantes tambm apresentam uma relao claro que a presena de turbidez possui tambm
+2
entre [Fe ]/[H2O2] equivalente relao obtida neste uma dependncia linear com a dosagem do
tratamento. Como Oliveira e Leo (2009) que catalisador que determinada pela concentrao de
conseguiram uma remoo de 93,00% do valor na contaminantes iniciais.
DQO de efluentes txteis com uma relao de Durante o processo de oxidao em matrizes
+2
[Fe ]/[H2O2] na ordem de 1:5. que apresentam fenis podem ser produzidos
intermedirios coloridos, diidroxilados e quinonas
Estudo da turbidez que provocam turbidez. Estes mesmos compostos
Para a anlise da turbidez, o efluente real intermedirios so precursores da formao de
tratado via reagente de Fenton, apresentou remoo cidos biodegradveis, quando o tratamento chega
de 99,60%, atingindo valor de 19,40 NTU ao final do neste estgio h um decrscimo da turbidez. Desta
tratamento. A turbidez para guas doces classe 1 forma, quando a remediao apresenta altas taxas
deve ter um valor mximo de 40,00 NTU, o valor de oxidao, na presena de fenis, por exemplo, o
conseguido com o tratamento proposto est bem decrscimo da turbidez observado, este fato
abaixo do recomendado pela Resoluo Conama mostra uma tendncia paralela diminuio na
357/2005 que dispe sobre a classificao dos concentrao de espcies txicas.
corpos d'gua.
Resultados na remoo acima de 95,00% Estudo dos valores de absorvncia
para outras matrizes poluidoras classificam o A anlise dos valores de absorvncia foi
tratamento realizado para efluente cosmtico de realizada no comprimento de onda de 400 nm,
filtro solar como eficiente para a remoo dos obedecendo varredura espectral realizada durante
valores da turbidez, com remoo de 99,60%. No a caracterizao do efluente real bruto, a qual
entanto, a remoo do valor desse parmetro no apresentou maior absoro em 400 nm, ou seja, pico
depende somente da matriz poluidora, mas tambm de maior sensibilidade no comprimento de onda
do tratamento empregado. Um exemplo o referente faixa do visvel (que passvel de se
tratamento de esgoto sanitrio realizado por Cheng enxergar, caso haja um derramamento ou descarte
e colaboradores (2011), aplicando ozonizao, que em um manancial e que tambm pode representar
teve uma remoo do valor de turbidez medida em compostos recalcitrantes). O efluente real bruto,
79,00%. neste comprimento de onda apresentou uma

RQI - 4 trimestre 2016 61


absorvncia de 1,25. Aps o tratamento, este valor absorvncia em 15 minutos de tratamento (tempo
diminuiu para 0,13, caracterizando uma remoo de total 21 minutos e 30 segundos) e em 500 nm
89,84% 91,00% de reduo do valor da absorvncia em 35
Elevadas absores em comprimentos de minutos de tratamento (tempo total 41 minutos e 30
ondas prximos a 350-400 nm indicam uma elevada segundos).
concentrao de matria orgnica no efluente.
Portanto a diminuio da intensidade de absoro
no comprimento de onda de 350-400 nm pode
indicar uma degradao eficiente nos compostos
orgnicos em soluo (MANDAL et al., 2010).

Segundo Boroski et al. (2009), os


comprimentos de onda tem potencial para
Como pode ser observado no grfico da Figura representar alguns grupos de espcies qumicas;
7 aps o tratamento incluindo mistura rpida (20 em torno de 254 nm correspondem regies aliftica,
segundos) e mistura lenta (6 minutos e 10 segundos) em 284 nm relatado grupos aromticos, por
foram necessrios mais 15 minutos para que exemplo, fenis, em 310 nm correspondem a anis
houvesse um decaimento de 90,00% dos valores da aromticos conjugados em 500 nm molculas que
absorvncia, aps este tempo as remoes absorvem radiao visvel.
encontradas no so considerveis. Os mesmos autores estudando o tratamento
Foi realizado tambm um estudo dos valores de efluentes de indstria farmacutica e cosmtica
de absorvncia (efluente bruto e tratado) versus integrando as tecnologias de tratamento via
comprimento de onda nos tempos 0 a 60 minutos (de eletrocoagulao e fotocatlise TiO2/UV alcanaram
5 em 5 minutos), conforme Figura 8. aps 4 horas de irradiao em pH 3,0 75% de
No grfico da Figura 8 podem ser visualizados remoo do valor da absorvncia no comprimento
outros picos mximos com indicativos de potencial de onda de 254 nm e em pH 7,0 alcanaram 63% de
remoo dos valores de absorvncias tais como: Em remoo do valor da absorvncia no mesmo
200 nm 77,00% de reduo do valor da absorvncia comprimento de onda (BOROSKI et al., 2009).
em 45 minutos de tratamento (tempo total 51 Damodar e You (2010), tambm corroboram
minutos e 30 segundos). Em 250 nm 83,00% de com Boroski e colaboradores (2009), que relatam
reduo do valor da absorvncia em 60minutos de que o pico de 595 nm na regio do visvel uma
tratamento (tempo total 66 minutos e 30 segundos); tpica caracterstica de cromforos contendo
Em 300 nm 86,00% de reduo do valor da sistema conjugado. Absoro e picos de 310 nm e

62 RQI - 4 trimestre 2016


2+ .- 3+ 2- 7 -1 -1
254 nm na regio ultravioleta (UV) so picos Fe + (O2 ) Fe + O2 k = 1 x 10 mol L s
caractersticos de estrutura de anis de naftaleno e (07)
benzeno que possuem sistema de transio de
3+ 2- 2+ 2- 7 -1 -1
eltrons *. Fe + (O2 ) Fe + O2 k = 5 x 10 mol L s
(08)
Estudo do oxignio dissolvido De acordo com a cintica qumica das quatro
A anlise de oxignio dissolvido (OD) para o reaes (05-08), a via mais provvel de produo e
efluente real bruto revelou uma concentrao aumento do oxignio dissolvido a de regenerao
-1
extremamente baixa (0,92 mg L ). Aps o do catalisador, representada pela equao 05, que
tratamento, esta concentrao teve seu valor por ter maior constante cintica do que a equao
-1
medido em 4,02 mg L , um aumento de 77,00%. 06, no beneficia a decomposio do radical
+
A importncia dessa anlise no se restringe hidroperoxila a ons superxidos e H que alimentam
apenas a manuteno da vida aqutica, em corpos as equaes 07 e 08.
hdricos o oxignio dissolvido que promove a
oxidao de poluentes orgnicos presentes em Estudo do Carbono Orgnico Total
efluentes descartados indiscriminadamente. A partir A anlise desse parmetro para o efluente real
-1
da oxidao da matria orgnica pelo oxignio bruto revelou um valor de 15800,00 mg L , o que se
dissolvido, a concentrao deste vai diminuindo justifica pela composio orgnica dos princpios
gradativamente, o que se justifica pelo baixo valor na ativos utilizados na manipulao do filtro solar
concentrao verificada no efluente real bruto. Em (SAKKAS et al., 2003). Aps o tratamento via
guas naturais, se a concentrao for abaixo de 4,00 reagente de Fenton a concentrao desse
-1
mg L , a maioria das espcies de peixes no parmetro (COT) diminuiu de 15800 para 594,00 mg
-1
sobrevivem (ARANTES et al., 2013). L , caracterizando uma reduo de 96,20%.
O aumento na concentrao desse parmetro A reduo de 96,20% considerada uma
se justifica pelas reaes intermedirias ao elevada eficincia, visto que outros autores,
processo Fenton. Uma vez formado, o radical aplicando reagente de Fenton nas mais variadas
hidroperoxila promove a regenerao do catalisador formas de efluentes, atingiram valores inferiores na
+3 +2
a partir da reduo do Fe a Fe (reao redox), remoo, como Martinez e colaboradores (2013),
como mostra a equao 05, produzindo oxignio que obtiveram uma reduo de 88,80%, aplicando o
molecular (NOGUEIRA et al., 2007). reagente de Fenton a efluente de laboratrio
2+
qumico, com uma concentrao de Fe otimizada
.
Fe3+ + HO2 Fe2+ + O2 + H+ k = 1,2x106 mol-1L s-1 em 50 mg L .
-1

(05) Perdigon-Melon e colaboradores (2010),


aplicando o reagente de Fenton integrado
Outra possibilidade a decomposio do coagulao/floculao a efluente de indstria
radical hidroperoxila formando o on superxido cosmtica alcanou uma reduo de 96,70% com a
- 2+ -1
(O2 ) que por sua vez se envolve no ciclo de concentrao de Fe otimizada em 843,00 mg L , um
oxirreduo do ferro liberando oxignio (eq. 06-08) valor mais de sete vezes maior do que a
(BIANCO et al., 2011; JI et al., 2013). c o n c e n t r a o o t i m i z a d a n e s t e t r a b a l h o
-1
(110,50 mg L ). Isso mostra que mesmo ainda
. .
HO2 (O2 -) + H+ k = 1,58 x 105 mol L-1 s-1 (06) restando contaminantes presentes no efluente
tratado, o tratamento proposto, neste trabalho,

RQI - 4 trimestre 2016 63


apresentou elevada eficincia em comparao a Estudo do Ferro Total
outros estudos. A anlise de ferro total no efluente real bruto
Embora expressem grandezas distintas, a aps tratamento via reagente de Fenton foi de 5,50
-1
razo entre COT e DQO ideal para muitos mg L , este valor se comparado com a concentrao
+2 -1
pesquisadores situa-se na faixa de 2 a 7. No efluente de Fe utilizada inicialmente (110,50 mg L ) um
real bruto esta razo (15800:9660) apresenta valor valor baixo de ferro residual no efluente tratado. Tal
de 1,63. Aps o tratamento a razo (594,00:158,40) diminuio pode ser explicada pelo processo de
aumentou para 3,75. coagulao/floculao integrada ao processo
Fenton, em que ons ferrosos e frricos
Estudo de leos e Graxas remanescentes em soluo promovem a formao
A anlise desse parmetro para o efluente real de flocos a partir da precipitao na forma de
-1
bruto revelou um valor de 4216,00 mg L este valor hidrxidos formando lodo, que, por sedimentao
considerado elevado, visto que est acima da retira o excesso de ferro no efluente tratado (EL
concentrao encontrada em vrios segmentos GOHARY et al., 2010).
industriais, como efluente de restaurante (98,00 mg Os ons ferrosos em soluo, quando em
-1 -1
L ), fbrica de sorvete (845,00 mg L ), esgoto contato com o perxido de hidrognio catalisam sua
-1
sanitrio (50,00 a 150,00 mg L ) e fbrica de batata decomposio formando o radical hidroxila, que
-1
frita (102,00 a 200,00 mg L ). responsvel pelo poder de oxidar a matria
+3
A concentrao de leos e graxas encontrada orgnica. A forma oxidada Fe em pH acima de 4,50,
+3
no efluente real bruto s perde para a indstria tem potencial para a formao de complexos de Fe
-1
txtil (9.000,00 a 50.000,00 mg L ) e laticnios na forma insolvel, que se precipitam e por
-1
(4.680,00 mg L ). Em sua maior parte estes sedimentao se depositam como lodo finalizando o
efluentes no so tratados, ou recebem tratamento processo de coagulao/floculao como mostram
inadequado, o que os tornam um preocupante as equaes 09, 10 e 11 (MA e XIA, 2009; WU et al.,
problema ambiental, frente ao seu impacto causado 2011).
(OLIVEIRA et al., 2014).
3+ 2+ +
Segundo Wang e colaboradores (2008), a [Fe(H2O)6] +H2O [Fe(H2O)5OH] +H3O (09)
decomposio de leos e graxas, em grande
concentrao em um efluente, consome uma grande
[Fe(H2O)5OH]2+ +H2O [Fe(H2O)4(OH)2]+ +H3O+
quantidade de oxignio dissolvido, o que gera um
(10)
baixo ndice dessa substncia no meio aqutico,
aumentando tanto a DQO quanto a DBO e causando 2+ 4+
2[Fe(H2O)5OH] [Fe2(H2O)8(OH)2] +2H2O (11)
alteraes no ecossistema aqutico.
A eficincia do reagente de Fenton para o A quantidade de ferro remanescente em um
efluente real bruto, considerando este parmetro efluente tratado motivo de preocupao em um
foi de 99,30% com uma concentrao final de 31,00 procedimento industrial,visto que a resoluo
-1
mg L . A resoluo Conama 430 de 2011 especifica Conama 430 de 2011 delimita uma concentrao
-1
um valor mximo de 70,00 mg L , o que caracteriza o mxima de 15,00 mg L -1 de ferro total para
efluente real tratado como adequado para lanamento do efluente em corpos hdricos aps o
lanamento em corpos hdricos em relao a esse tratamento. De acordo com esta especificao, o
parmetro analtico. efluente real bruto aps tratamento se encontra

64 RQI - 4 trimestre 2016


em conformidade para descarte. posteriormente por outro mtodo de tratamento, ou
seja, ainda assim o tratamento vivel, sendo que a
Estudo do Perxido de Hidrognio Residual remoo dos valores de perxido de hidrognio
A anlise de perxido de hidrognio residual pode ser relativamente mais simples que o
-1
revelou uma concentrao de 13,48 mg L . E s t e tratamento da matriz poluente como um todo.
valor uma concentrao baixa comparada Outros estudos no tratamento de resduos
concentrao desse reagente utilizada inicialmente lquidos de filtro solar tambm podem ser
-1
de 700,00 mg L , no entanto as vias reacionais do destacados como o realizado por Ferrero e
processo de Fenton justificam esta diminuio na colaboradores (2012) que destacam uma remoo
-1
concentrao. de 95% da concentrao inicial (250 g L ) de um
De acordo com a fase 01 do reagente de filtro solar denominado BP3 por um fungo T.
Fenton, representada pela equao 01, o consumo versicolor durante 2 horas de tratamento.
de H2O2 se inicia pela sua decomposio catalisada Li e colaboradores (2013) no tratamento de
+2 +3
pela oxidao de Fe a Fe . Alm desta, outras vias gua residuria contendo concentraes de
acentuam a diminuio desse reagente no efluente produtos farmacuticos e de higiene pessoal
tratado: efeito de sequestro por parte do excesso de observaram que esses compostos foram
radicais hidroxilas (equao 02), reao de fase 02 completamente removidos utilizando a reao de
-1 2+ 3+ 2+
do reagente de Fenton (equao 03), e outras Fenton: 20 mg L Fe /Fe , taxa molar de H2O2/Fe
3+
reaes intermedirias, como mostram as equaes Fe de 2,5, pH 3,0 e tempo de reao de 30 minutos.
12 e 13 (BACH et al., 2010; KAMEEL et al., 2014). Andrade e Brito (2016) no tratamento de
efluente simulado da linha de produo de
H2O2 H2O + O2 + Energia (12) condicionadores capilares alcanaram remoes de
+ +
H2O2 + H H3O2 (13) cor de 33,70% e DQO de 56,38% utilizando a
tecnologia de tratamento via degradao redutiva
Em estudos realizados por Boroski e com ferro valncia zero. Para isso as condies
colaboradores (2009), no tratamento de guas operacionais otimizadas foram: l de ao n.1, 3,0 g
residurias provenientes da indstria de frmacos e de massa de l de ao e pH 7,00 durante 60 minutos
cosmticos foi possvel observar aps 3 horas de de tratamento.
irradiao utilizando fotocatlise com TiO2/H2O2/UV
em pH 3,00 (tratamento mais enrgico) todo o H2O2 CONCLUSES
foi consumido durante a reao de tratamento.
J em estudos realizados por Mdenes e Quando aplicados de maneira isolada, os
colaboradores (2012), no tratamento de efluente processos oxidativos avanados no apresentam
txtil via Foto Fenton alcanaram um valor baixo de boa eficincia. No entanto, o caminho percorrido
-1
perxido de hidrognio residual de 0,40 mg L com pelo tratamento via reagente de Fenton no se
um remoo de 93,30%, no entanto cabe salientar processa de forma isolada, sendo a
que, houve a utilizao de uma fonte de radiao coagulao/floculao a tecnologia integrada neste
ultravioleta (lmpada de vapor de mercrio 250 W) processo de forma natural, a partir da hidrlise de
durante o tratamento e o tempo total para alcanar complexos ferrosos e frricos o que proporciona
esse resultado foi de 360 minutos. uma maior eficincia no tratamento como um todo.
Cabe ressaltar tambm que existe a Para o efluente cosmtico real bruto foi possvel
possibilidade do H 2 O 2 residual ser removido observar 98,30% de remoo dos valores na DQO

RQI - 4 trimestre 2016 65


apresentando DQO final de 158,40 mg L -1 O 2 ; BACH, A.; SHEMER, H.; SEMIAT, R. Kinetics of
89,84% de remoo da colorao (valor da phenol mineralization by Fenton-like oxidation.
absorvncia) apresentando absorvncia final de Desalination, Wales, v. 264, p. 188192, 2010.
0,13 e 99,60% de remoo dos valores da turbidez BAUTISTA, P.; MOHEDANO, A. F.; GILARRANZ, M.
apresentando turbidez final de 19,40 NTU. A; CASAS, J. A.; RODRIGUEZ, J.J., Application of
Importante ressaltar tambm que o tempo Fenton oxidation to cosmetic wastewaters
delimitado de tratamento a fim de alcanar essas treatment. Journal of Hazardous Materials, United
remoes foi de 226 minutos e 30 segundos. States of America, v.143, p.128-134, 2007.
Portanto a partir de todos os procedimentos e BIANCO, B.; MICHELIS, I.; VEGLI, F. Fenton
anlises realizadas, foi possvel concluir que o treatment of complex industrial wastewater:
tratamento via reagente de Fenton integrado Optimization of process conditions by surface
tecnologia coagulao/floculao apresenta response method. Journal Hazardous Materials,
elevada capacidade para uma aplicao em escala United States of America, v.186, p.1733-1738, 2011.
real no segmento cosmtico, sendo que possveis BOROSKI, M; RODRIGUES, A.C; GARCIA, J.C.;
contaminantes no removidos podem ser tratados SAMPAIO, L.C.; NOZAKI, J.; HIOKA, N. Combined
via reao foto-Fenton; apresentando um conjunto electrocoagulation and TiO2 photoassisted treatment
de promissoras caractersticas para fazer parte de applied to wastewater effluents from pharmaceutical
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68 RQI - 4 trimestre 2016


Artigo Tcnico
Investigao da atividade antiacetilcolinesterase em mis de Apis
mellifera oriundos dos Estados do Cear e Piau

Investigation of antiacetylcholinesterase activity in Apis mellifera honeys


from Cear and Piau States

Renata Almeida Farias*, Maria da Conceio Tavares Cavalcanti Liberato, Euciene de Brito Cipriano,
Glemilson Moita de Aguiar, Italo Ramon Rocha Muniz, Joaquim Rodrigues de Vasconcelos Neto,
Camila Ribeiro dos Santos Gomes

Universidade Estadual do Cear - UECE - Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Fortaleza-CE, Brasil.
renata.almeidaxm@gmail.com

Submetido em 14/07/2016; Verso revisada em 04/11/2016; Aceito em 10/11/2016

Resumo 
Resumo
O objetivo desse trabalho foi investigar a taxa de inibio da enzima acetilcolinesterase (AChE) em
mis oriundos dos estados do Cear e Piau para que possam ser usados em novas pesquisas
para desenvolver frmacos que atuem no tratamento da Doena de Alzheimer (DA). Foi realizado
um ensaio em cromatografia em camada delgada baseado no mtodo de Ellman e adaptado por
Rhee. O mel desde a antiguidade utilizado como frmaco e tem mostrado eficincia com suas
diversas propriedades fitoterpicas e teraputicas como as atividades antibacteriana e
cicatrizante. Portanto, h necessidade de uma investigao das propriedades dos mis como
alternativa no tratamento de DA, devido a presena de inibidores de AChE em sua composio e a
demanda de novos medicamentos de combate a esta doena. O padro utilizado na anlise foi o
alcaloide fisostigmina, que exibe um halo de inibio da enzima de 0,9 cm. As amostras analisadas
apresentaram resultados de inibio variando de 0,7 a 1 cm.
Palavras chave: mel, acetilcolinesterase, Alzheimer

Abstract
The objective of this work was to investigate the rate of inhibition of the acetylcholinesterase
enzyme (AChE), in honeys from Cear and Piau States in order that they can be used in new
researches to develop drugs to the treatment of Alzheimer Disease (AD). It was made an assay in
thin-layer chromatography based on the Ellman method adapted by Rhee. Honey has been used
since ancient times as a remedy and has showed efficiency by its therapeutic properties like the
antibacterial and healing activities among others. However, it is necessary an investigation about
honey's biological properties as an alternative to the cure of AD, due the presence of AChE's
inhibitors in chemical composition and the imperative need for new drugs against this disease. The
standard used in this analysis was the alkaloid physostigmine which shows an enzyme's inhibition
spot of 0.9 cm. The samples presented inhibition spots with variation between 0.7 cm and 1 cm.
Keywords: honey, acetylcholinesterase, Alzheimer

RQI - 4 trimestre 2016 69


INTRODUO alm de possuir inmeras outras substncias
O mel um produto alimentcio produzido benficas ao equilbrio dos processos biolgicos de
pelas abelhas com alto teor nutritivo e de grande nosso organismo (CAMARGO et al, 2006). A simples
utilidade medicinal atuando na cura de doenas anlise do mel, sob qualquer prisma, demonstra
como gripes e resfriados. Entende-se por mel, o claramente a riqueza nutritiva de seus elementos
produto alimentcio produzido pelas abelhas componentes, vitaminas, cidos e sais minerais,
melferas, a partir do nctar das flores ou das tornando ntido o seu valor nutritivo, quando posto
secrees procedentes de partes vivas das plantas em paralelo em confronto com outros alimentos
ou das secrees de insetos sugadores de plantas (LENGLER, 2000) (Figura 1).
que ficam sobre partes vivas das plantas, sendo sua
fonte principal o nctar, acares dissolvidos
secretados pelos nectrios que as abelhas
recolhem, transformam, combinam com substncias
especficas prprias, armazenam e deixam madurar
nos favos da colmeia (LENGLER, 2000).
A composio do mel depende,
principalmente, das fontes vegetais das quais ele
derivado, mas tambm do tempo, solo, espcie da
abelha, estado fisiolgico da colnia, estado de
maturao do mel, condies meteorolgicas na Figura 1: Coleta de Mel Fonte: Melo (2013)

poca da colheita, dentre outros fatores (CRANE,


1996 apud CARVALHO, 2005, p. 05). Estudos Doenas neurodegenerativas, como a Doena
indicam que o mel possui cerca de 200 substancias de Alzheimer (DA), so distrbios do sistema
(MEDA et al, 2005) como por exemplo compostos nervoso central, caracterizados pela perda da
fenlicos como cidos fenlicos e flavonoides que funo e morte dos neurnios no crebro, levando
so considerados antioxidantes mais poderosos que perda progressiva da funo cognitiva e da memria
a Vitamina C e a Vitamina E (CAO, SOFIC, PRIOR, e tem sido responsabilizada por 50 a 60% do nmero
1997) e que dependem de sua origem floral e do total de casos de doenas entre pessoas com idade
local de produo, possuindo portanto. superior a 65 anos (ALMEIDA, 1997). O
caractersticas extremamente variveis. A florada envelhecimento da populao mundial durante as
predominante dependente da planta onde houve ltimas dcadas fez com que a demncia passasse
maior predominncia de nctar coletado, podendo a ser um dos mais importantes problemas de sade
influenciar no aroma, cor e sabor do alimento. pblica da atualidade (BROOKMEYER et al., 1998;
A importncia do mel na nutrio humana HENDERSON, A. S.; JORM, A. F., 1988).
no limitado apenas a sua caracterstica adoante, A Doena de Alzheimer no causada por um
j que pode ser usado como excelente substituto do pron ou outro agente infeccioso externo, mas
acar refinado de cana de acar. O mel a base tambm se caracteriza por acmulo intraneural e
de sacarose prontamente absorvido pelo extracelular de feixes e filamentos que formam
organismo, em virtude de sua composio qumica, placas. O principal componente das placas a -
especificamente com os principais tipos de acares amilide, um peptdeo de 39 a 43 resduos derivados
presentes (frutose e glicose). Deve ser considerado de uma protena precursora de amilide maior
como alimento de alta qualidade, rico em energia (DEVLIN, 2007).

70 RQI - 4 trimestre 2016


Alteraes patolgicas associadas DA neurotxicos (FREITAS, BRILHANTE e ALMEIDA,
incluem a formao de placas neurticas e novelos 2001).
neurofibrilares. As placas neurticas contm a A AChE uma enzima pertencente a famlia
protena -amilide derivada de uma converso das colinesterases e encarregada da finalizao
proteoltica da protena precursora da -amilide da transmisso dos impulsos nervosos nas sinapses
neuronal. Os depsitos de -amilide nos neurnios colinrgicas atravs da hidrlise do
so neurotxicos (PELLEY, 2007). A Enzima neurotransmissor acetilcolina, podendo ser
Acetilcolinesterase responsvel pela reduo em encontrada sistema nervoso central e perifrico. No
acetilcolina na sinapse nervosa, causando dessa perifrico ela responsvel pela modulao dos
forma perda de neurnios colinrgicos. Para o impulsos nervosos que controlam os batimentos
tratamento de DA so utilizados frmacos que atuam cardacos, pela dilatao dos vasos sanguneos e
na inibio da acetilcolinesterase (AChE) pela contrao dos msculos lisos enquanto que no
aumentando a quantidade de acetilcolina (ACh), o central ela est envolvida no controle motor, na
neurotransmissor responsvel pela continuidade cognio e na memria (PETRONILHO, PINTO e
dos impulsos nervosos, nos processos motores, VILLAR, 2011) (Figura 3).
cognitivos e de memria. A AChE uma enzima Fonte: Petronilho, Pinto e Villar (2011)
responsvel pela finalizao da transmisso dos
impulsos nervosos nas sinapses colinrgicas pela
hidrlise do neurotransmissor acetilcolina (ACh). A
AChE est presente no sistema nervoso central e
perifrico (RANG, 2001 apud PETRONILHO;
PINTO, VILLAR, 2011, p. 4). A DA est relacionada
deficincia de neurotransmisssores de estmulos
nervosos e a reduo da ACh que sofre hidrlise
atravs de uma modificao realizada pela AChE
sendo convertida em colina (Ch) e acido actico.
Figura 3 Transmisso e controle nervoso nas sinapses
(Figura 2).

Fonte: Petronilho, Pinto e Villar (2011)


A ACh est localizada na regio terminal dos
neurnios denominada de axnio terminal, quando
um impulso nervoso chega a esse ponto ele
Figura 2 Hidrlise da ACh pela AChE enviado para a regio sinptica e so atrados pelos
receptores colinrgicos do neurnio vizinho de modo
A Doena de Alzheimer possui quatro fases que a transmisso seja contnua, porm
identificadas como inicial, moderada, grave e necessrio um controle na transmisso para que
terminal. Ainda no se conhece a causa especfica no acumule e acarrete em problemas
desta doena, mas estudos indicam que parece posteriormente, sendo a AChE a responsvel por
haver certa pr-disposio gentica para sua finalizar a reao e converter a acetilcolina em colina
ocorrncia. Alm do fator gentico, outros estudos (Ch), para que seja reabsorvida pelos neurnios e
apontam como agentes etiolgicos a toxicidade de convertida em ACh.
agentes infecciosos, do alumnio, de espcies No entanto, os frmacos usados no
reativas de oxignio (EROs) e de aminocidos tratamento da DA apresentam muitos efeitos

RQI - 4 trimestre 2016 71


colaterais. Dessa forma, tornam-se necessrios cromatoplaca e em seguida aplicou-se o reagente
mais estudos no sentido de elucidar o potencial de de Ellman (DTNB) e a soluo tampo (ATCI, 1mM)
atividades de proteo sade, pelo mel de abelha. aps a evaporao do solvente. Cerca de trs a
cinco minutos depois, foi borrifada a enzima AChE
MATRIAL E MTODOS uma concentrao de 3 U/mL.
As amostras analisadas foram todas Fonte: Rhee et al. (2001)
produzidas por abelhas Apis mellifera L. e oriundas
dos municpios de Aquiraz - CE, de florada Silvestre;
de Picos - PI, Heterofloral; de Ocara - CE, de florada
Marmeleiro; de Vrzea Alegre CE, de florada
Vassourinha de boto; de Cascavel - CE,
heterofloral; de Pacajus - CE de florada Vassourinha
de boto; de Crato - CE de florada Cip-uva; de Tau
- CE de florada Aroeira; de Irauuba, Heterofloral; de
Mauriti CE, de florada da Jitirana; e de Mauriti CE,
da florada do Juazeiro (Figura 4).
Fonte: Pinto (2015)
Figura 5: Reao do Teste de Ellman modificado por Rhee

Aps dez minutos a cromatoplaca


desenvolveu colorao amarelada resultante do
nion 5-tio-2-nitrobenzoato de cor amarela
produzido pelo DNTB que pode ser visualizado em
cromatografia em camada delgada e observou-se o
aparecimento de halos brancos em torno das
amostras que indicaram a inibio da enzima. Foram
medidos os tamanhos dos halos e comparados com
Figura 4 Amostras de mis
o halo do padro Fisostigmina (Figura 6).
O ensaio antiacetilcolinesterase foi realizado
atravs do mtodo de Ellman et al (1961), adaptado
Fonte: Liberato et al (2015)
para cromatografia em camada delgada por Rhee et
al. (2001) que consiste num teste colorimtrico que
pode ser tanto qualitativo quanto quantitativo. O
principio deste ensaio a medida da razo de
produo de tiocolina quando a acetilcolina sofre
hidrolise pela enzima acetilcolinesterase (AChE)
(Figura 5).
Para a realizao do ensaio foram usadas
solues de reagente de cido 5,5- Ditiobis (2-
nitrobenzico) (DTNB) e iodeto de acetilcolina
(ATCI) em tampo. As amostras foram diludas em Figura 6. Fluxograma do mtodo de inibio da Enzima
acetilcolinesterase
solues alcolicas de metanol e aplicadas na

72 RQI - 4 trimestre 2016


RESULTADOS E DISCUSSO Cordeiro et al. (2012) analisando amostras de
mis de Apis mellifera L. da Caatinga cearense
Os resultados obtidos foram comparados encontrou halos de inibio da Enzima
com um padro, o alcaloide Fisostigmina, que Acetilcolinesterase com valores 0,7 cm tanto para
apresenta um halo de inibio da Enzima um mel da florada marmeleiro como para um mel
Acetilcolinesterase de 0,9 cm (Tabela 1). A amostra heterofloral. Menezes et al. (2015) analisaram 18
de mel de Cascavel CE, de origem Heterofloral, amostras de mis produzidos pelas abelhas Apis
apresentou um halo de inibio da Enzima mellifera L e Melipona subnitida D. no estado do
Acetilcolinesterase de 1,0 cm, superior inclusive ao Cear obtendo halos de inibio da Enzima
padro Fisostigmina. Os mis de Aquiraz - CE, Acetilcolinesterase que variaram nos mis oriundos
Irauuba - CE, Mauriti de origem floral Juazeiro, e de Apis mellifera de 0,6 a 0,9 cm e de 0,6 0,7 cm
Picos-PI apontaram halos de inibio de 0,9 cm e os para os mis de Melipona subnitida. Paz e Liberato
de Ocara - CE, Vrzea Alegre - CE, Pacajus - CE, (2011) analisaram mis do bioma Caatinga da
Crato - CE, Mauriti CE de origem Heterofloral e Paraba e do Cear obtendo valores de halos de
Tau - CE tiveram halos de 0,8 cm enquanto o mel de inibio entre 0,6 e 0,7 cm, coincidindo com alguns
Mauriti, de origem floral Jitirana apresentou um halo valores encontrados nesse estudo. As variaes
de inibio de 0,7 cm. Os mis analisados possuem esto relacionadas com os constituintes minoritrios
a mesma abelha produtora a Apis mellifera L e existentes na composio dos mis como
apresentaram boa da taxa de inibio comparados compostos fenlicos e flavonoides que por sua vez
aos obtidos por Aguiar et al (2014) que obteve dependem das plantas visitadas pelas abelhas, da
valores inferiores variando entre 0,5 cm e 0,65 cm. estao climtica, do tipo de solo etc.

Tabela 1
Indice de inibio da AChE nas amostras analisadas

RQI - 4 trimestre 2016 73


A apicultura uma atividade ecologicamente consequentemente suas propriedades.
correta e geradora de renda. amplamente
conhecido que o mel uma tima fonte de CONCLUSO
nutrientes, um timo controlador de diversas
enfermidades e que 80% do nctar produzido pelas De acordo com os resultados obtidos conclui-
plantas no Brasil evapora (ALVIM, 2004). Muitos se que o mel de Apis mellifera L. oriundo da regio
estudos realizados comprovam atividades Nordeste do Brasil tem grande potencial teraputico,
biolgicas do mel importantes para a humanidade. incluindo alm de atividades biolgicas j
Almeida (2010) estudou 23 amostras de mel em comprovadas por outros estudos, os obtidos atravs
Portugal tendo em vista uma situao ocorrida com do Teste de Ellmann adaptado por Rhee et al (2001)
morte de colmeias inteiras. Em 5 das 23 amostras de que abre uma grande perspectiva de sucesso na luta
mis estudadas foram encontrados pesticidas. contra a Doena de Alzheimer, atravs da atividade
Observa-se a importncia da anlise rotineira dos de inibio da Enzima Acetilcolinesterase. Torna-se
mis objetivando-se um maior empenho no imperativo um maior aprofundamento para
conhecimento das propriedades que ele oferece, identificao de qual ou quais constituintes do mel
bem como no cuidado com a produo do mesmo. O pode ou podem, em efeito sinergstico, apresentar
conhecimento das espcies florais apcolas essa atividade. Dessa forma amostras de mis
principais, sua localizao e pocas de analisados podem ser utilizados em pesquisas, de
florescimento so de fundamental importncia para investigao desses constituintes minoritrios, de
a expanso da apicultura (SOARES et al., 2008). modo a proporcionar a produo de novos frmacos
Segundo Monteiro et al. (2006) os efeitos das que ajudem no tratamento da Doena de Alzheimer..
mudanas de estaes climticas no bioma
Caatinga tm ao sobre os nveis de constituintes AGRADECIMENTOS
qumicos da composio floral. AL et al. (2009) UECE; CNPq; FUNCAP
estudaram 23 amostras de mis coletadas em
diferentes regies da Romania e confirmaram REFERNCIAS
variaes dependentes de suas origens botnicas e
geogrficas. Lachman et al. (2010) analisaram 40 AGUIAR, M. G. et al. Investigao da Atividade de
amostras de mis principalmente da regio norte da Inibio da Acetilcolinesterase de Mis de
Moravia e encontraram extensa variao em suas Diferente Regies de Florada Silvestre. Mundo
composies. UNIFOR, XXI Encontro de Iniciao a Pesquisa.
Liberato et al. (2011) estudaram 23 amostras Fortaleza, CE, Brasil. 2014.
de mel produzidos por Apis mellifera L. em diferentes AL, MRGHITA LIVIU et al. Physico-chemical and
regies do Cear com relao s suas atividades de bioactive properties of different floral origin honeys
inibio da Enzima Acetilcolinesterase, encontrando from Romania. Food Chemistry, v. 112; n. 4, p. 863-
no apenas variaes relacionadas florada mas 867, 2009.
tambm s origens geogrficas e climticas dentro ALMEIDA, C. M. V. B. Deteco de contaminantes
do mesmo Estado. A variao dos halos de inibio no mel. 2010. 94f. Dissertao (Mestrado em
da Enzima Acetilcolinesterase pode estar Segurana alimentar) - Faculdade de Medicina
relacionada florada bem como aos fatores Veterinria, Universidade Tcnica de Lisboa,
edafoclimticos da regio de produo do mel, Lisboa, 2010.
variveis que podem alterar sua composio e ALMEIDA, O. P. Biologia molecular da doena de

74 RQI - 4 trimestre 2016


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Anandenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Revista Cincias e Tecnologia, Universidade Estadual do
Brasileira de Farmacognosia, v. 16; p. 338-344. Cear, Fortaleza, 2015.
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PELLEY, J. W. Bioqumica. Rio de Janeiro: Elsevier, SOARES, E. R. de C. et al. Seleo de espcies
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Revista Mlitar de Cincia e Tecnologia, n. 28. 2008.
2011.

76 RQI - 4 trimestre 2016


NOVAS NORMAS PARA SUBMISSO DE ARTIGOS
REVISTA DE QUMICA INDUSTRIAL
(aprovadas pelo Conselho Editorial em 14 de setembro de 2014)

A Revista de Qum ica Industrial (RQI) publica artigos te cnico-cientficos relacionados a a rea industrial e a
pesquisa, desenvolvimento e inovaa o (P&D&I), inclusive o desenvolvimento de te cnicas analticas. Tambe m
publica resenhas de livros e outros to picos das a reas de engenharia qum ica e da qum
ica industrial.
Sera o aceitos estudos de caso quando contriburem para aumentar o entendimento acerca de aspectos como
riscos a sau de, impactos ambientais, ecoeficie ncia, emprego de novos materiais etc.
Sa o tambe m bem-vindos artigos versando sobre Educaa o e Histo ria da Qum ica que estabeleam um elo
com a a rea industrial.

INSTRUES GERAIS
a) A submissa o de um artigo a RQI implica que ele na o foi previamente publicado, salvo na forma de resumo
ou parte de um trabalho acade mico (monografia, dissertaa o, tese), na o esta sendo submetido
simultaneamente a outra revista e na o sera submetido futuramente, caso aceito para publicaa o na RQI.
Subentende-se que o autor responsa vel pela submissa o tem o consentimento dos demais coautores e das
respectivas instituio es a que pertenam. Os autores ficam desde ja cientes de que todos os direitos autorais
do artigo submetido pertencera o a Associaa o Brasileira de Qum ica, caso o mesmo seja aceito para
publicaa o.
b) Os artigos podera o ser escritos em Portugue s ou Ingle s. No caso de artigos em ln gua inglesa, o texto que
na o possuir qualidade mn ima apropriada a uma publicaa o em perio dico sera devolvido aos autores.
c) Todos os artigos devem ser digitados em fonte Arial corpo 11, espaamento 1,5 entre linhas, margens 2,5
cm e alinhamento justificado. O arquivo deve estar em um dos formatos .doc, .docx ou .rtf e na o pode conter
qualquer tipo de marcaa o.
d) A primeira pa gina devera conter na parte superior o ttulo do artigo (em portugue s e ingle s), os nomes
completos dos autores e suas respectivas instituio es de vn culo (nome e endereo completo, incluindo
cidade, estado e pas). O autor responsa vel pelo artigo deve incluir um e-mail de contato. A seguir, devera
constar o resumo, limitado a 150 palavras, tre s palavras-chave (separadas por vrgulas) e a tradua o de
ambos para a ln gua inglesa (abstract, keywords). O resumo deve citar sucintamente o propo sito do artigo, os
resultados mais relevantes e as concluso es principais.
e) Os artigos submetidos devem enquadrar-se em uma das categorias abaixo:

Artigo completo: refere-se a estudos completos e ine ditos. Deve ser estruturado de acordo com a ordem:
Introdua o - Materiais e me todos - Resultados e discussa o Concluso es Agradecimentos - Refere ncias.
Comunicao: tambe m se refere a estudo ine dito, mas com uma quantidade reduzida de dados
experimentais que, contudo, possuem impacto significativo para justificar uma publicaa o.
Nota tcnica: sea o destinada a divulgaa o de me todos analticos, te cnicas laboratoriais ou industriais e
aparelhagens desenvolvidas pelos autores do artigo. Deve seguir a mesma estrutura apresentada para os
artigos completos.
Reviso: serve a divulgaa o do estado da arte de uma determinada a rea da qum ica pertinente ao escopo da
RQI.
Opinio: pesquisadores e profissionais renomados de uma determinada a rea da qum ica abrangida pela RQI
podem, a exclusivo convite do Editor, ser convidados a redigir um artigo versando sobre pontos especficos
de suas a reas, tais como: poltica industrial, perspectivas econo micas, mercado de trabalho, investimentos
em P&D&I etc.
Para a preparaa o de seu artigo, a n
tegra das normas de submissa o pode ser consultada acessando
http://www.abq.org.br/rqi/instrucoes-para-submissao-de-artigos-tecnicos-cientificos.html.
SINDIQUIM/RS
Conduzindo o desenvolvimento da
Indstria Qumica do Rio Grande do Sul

Atualmente nossas indstrias esto comprometidas com a


sustentabilidade do planeta atravs da Qumica Verde que provm
da natureza e de onde surge a qumica para o nosso cotidiano.

SINDICATO DAS INDSTRIAS QUMICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


Avenida Assis Brasil, 8787 Sistema FIERGS/CIERGS
Fone: (51) 3347-8758 Fax: (51) 3331-5200 CEP 91140-001 Porto Alegre RS
e-mail: sindiquim-rs@sindiquim.org.br site: www.sindiquim.org.br
RQI - 1 trimestre 2015 53

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