Design Science Research
Design Science Research
Design Science Research
741-761, 2013
Resumo: Para garantir que uma pesquisa seja reconhecida como slida e potencialmente relevante, tanto pelo campo
acadmico quanto pela sociedade em geral, ela deve demonstrar que foi desenvolvida com rigor e que passvel de
debate e verificao. neste mbito que um mtodo de pesquisa robusto se torna imprescindvel para o sucesso na
conduo de um estudo. Este artigo busca contribuir para a comunidade de Engenharia de Produo argumentando
pela necessidade de adotar-se um mtodo de pesquisa centrado na evoluo de uma Cincia do Projeto (Design
Science) da rea, e evidenciando seu sentido e suas formas de operacionalizao. Para desenvolvimento deste artigo,
utilizou-se a abordagem metodolgica terico-conceitual fundamentada em ampla reviso da literatura. A partir
da reviso da literatura, foi possvel verificar que os conceitos da proposta metodolgica associada pesquisa em
Design Science, so pertinentes e aplicveis Engenharia de Produo. O artigo apresenta um histrico conceitual
a respeito da Design Science e da Design Science Research, a importncia da definio das Classes de Problemas e
dos Artefatos gerados no mbito da pesquisa, e os principais passos para operacionalizar a Design Science Research.
Para aprofundar o entendimento da pauta em questo, o artigo tambm prope comparaes e anlises sobre a Design
Science Research, o Estudo de Caso e a Pesquisa-Ao, dado que os dois ltimos so reconhecidos como mtodos
de pesquisa no mbito da Engenharia de Produo nacional. Ao final, o estudo busca apresentar alguns cuidados
para a aplicao e validao da Design Science Research.
Palavras-chave: Mtodo. Design Research. Design Science. Pesquisa. Design Science Research.
Abstract: This paper aims to contribute to the Brazilian community of Production Engineering addressing the need
to adopt a research strategy focused on the evolution of Production Engineering as a Design Science (DS) showing
its effects and process. A theoretical and conceptual methodological approach based on an extensive literature
review was used. The literature review showed that the concepts of the methodology proposed associated to Design
Science Research (DSR) are relevant and can be applied to Production Engineering. The present study presents
a review of DS and DSR concepts stressing the importance of defining the classes of problems and the artifacts to
solve them. It also suggests appropriate steps to conduct DSR in Production Engineering context. To deepen the
understanding of the meaning of DSR, this article also makes analyses and comparisons between DSR, Case Study,
and Action Research in order to clarify the main differences between these methods. Finally, this study makes some
remarks on the application of DSR methods and the validation of DSR results.
Keywords: Method. Design Research. Design Science. Research. Design Science Research.
1Introduo
Segundo Popper (2006, p. 61), As teorias so redes, de pesquisa. Os mtodos de pesquisa consistem
lanadas para capturar aquilo que denominamos mundo: em um conjunto de regras e procedimentos, aceitos
para racionaliz-lo, explic-lo, domin-lo. Na base da pela comunidade acadmica, para a construo do
construo das teorias, esto os mtodos cientficos conhecimento cientfico (ANDERYetal., 2004). De fato
1
Programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo e Sistemas PPGEPS, Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS,
CEP 93022-000, So Leopoldo, RS, Brasil, e-mail: dlacerda@unisinos.br; aldresch@gmail.com; junico@produttare.com.br
2
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Ps-graduao e Pesquisa de Engenharia COPPE, Universidade Federal do Rio De Janeiro UFRJ,
CEP 21941-972, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, e-mail: adriano.proenca@gpi.ufrj.br
Recebido em 12/9/2012 Aceito em 5/8/2013
Suporte financeiro: CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior) por meio do projeto MGOOI (Modelo
de Gesto de Operaes em Organizaes Inovadoras) do Pr-engenharias.
742 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
Produo. Terceiro, alinhando-se busca por ampliar engenharia, por exemplo, ensinar o que se refere ao
as possibilidades de enquadramento metodolgico artificial: como criar e projetar artefatos que tenham
das pesquisas em Engenharia de Produo. Pesquisas as propriedades desejadas e alcancem objetivos
que se dedicam construo de artefatos devem poder definidos (SIMON,1996).
se sustentar como vlidas cientificamente com uma Em uma leitura superficial, as cincias naturais e
abordagem metodolgica rigorosa e apropriada. Por as cincias do artificial se opem. No entanto, elas se
fim, por propor a discusso das possibilidades de complementam, apenas possuem sentidos distintos.
avano do conhecimento, em geral, e do tecnolgico, De fato, [...] os artefatos no esto fora da natureza.
em particular, na rea de Engenharia de Produo, a No tem qualquer permisso para ignorar ou violar as
partir de seu entendimento como uma Design Science. leis naturais. (SIMON, 1996, p. 24). Simon (1996)
Este artigo adota uma abordagem metodolgica define o artificial como algo que foi produzido ou
terico-conceitual fundamentada em reviso da inventado pelo homem, sofrendo intervenes deste.
literatura, buscando construir uma proposio geral Por consequncia, mquinas, organizaes, economia e
quanto a como se conduzir uma pesquisa no contexto aspectos da prpria sociedade (como suas instituies)
da Design Science Research. Seu objetivo sintetizar podem ser classificados como instncias do artificial.
os procedimentos e pontos a serem observados na Em outros termos, O mundo em que vivemos hoje
realizao de pesquisas no contexto da DS/DSR. muito mais artificial, fabricado pelo homem, do que
Inicialmente recupera-se a histrica e demarcam-se natural [...] (SIMON, 1996, p. 23).
os principais conceitos associados Design Science. Simon (1996) argumenta pela necessidade de
Na sequncia, aprofunda-se a discusso em torno da criar uma cincia (i.e., um corpo de conhecimento
importncia da definio de Classes de Problemas e na rigoroso e validado) que se dedique a propor como
tipologia geral de Artefatos (concepes centrais para construir artefatos que possuam certas propriedades
a Design Science e a Design Science Research). Em desejadasisto , como projet-los. Tal uma Cincia
seguida, desdobra-se a forma de operacionalizao da do Projeto, uma Design Science. Ao projeto interessa
Design Science Research na conduo de pesquisas. o qu e como as coisas devem ser, a concepo de
Como exerccio complementar, pertinente em particular artefatos que realizem objetivos. (SIMON, 1996,
para a situao da Engenharia de Produo brasileira, p. 198). A misso principal da Design Science ,
o artigo se dedica comparao entre a Design portanto, desenvolver conhecimento para a concepo
Science Research e os mtodos do Estudo de Caso e e desenvolvimento de artefatos (VANAKEN, 2004).
da Pesquisa-Ao, buscando elucidar suas principais A partir do enfoque dado por uma Design Science, a
distines. Por fim, expem-se alguns cuidados para problemtica da relevncia e da relao teoria-prtica,
a validade da pesquisa em Design Science Research constante do debate atual referido na seo inicial
com vistas a robustecer a avaliao dos artefatos e, deste artigo, obtm novos contornos. No se trata
por consequncia, do conhecimento gerado. de um problema de transposio do conhecimento
cientfico para o ambiente das organizaes. A
2Histrico e contextualizao da questo da relevncia do conhecimento produzido e a
tenso na relao teoria-prtica exigem, na verdade,
Design Science um novo foco de pesquisa: pesquisas efetivamente
A distino entre os ambientes natural e artificial direcionadas ao projeto de artefatos que sustentem
realizada originalmente por Herbert Simon (1969, melhores solues para os problemas existentes.
1996). Segundo Simon (1996), a cincia natural se Nesse sentido, Romme (2003) afirma que os estudos
refere a um conjunto de conhecimentos sobre uma relacionados s organizaes devem incluir a Design
classe de objetos e/ou fenmenos do mundo (suas Science e a Design Science Research, como um dos
caractersticas, como se comportam e como interagem). principais modos de conceber o conhecimento e de
Nesse sentido, tarefa das disciplinas cientficas realizar pesquisas cientficas.
naturais pesquisarem e ensinarem como as coisas O conhecimento gerado a partir dos fundamentos
so e como elas funcionam. Esse raciocnio pode da Design Science contribui tambm para o avano
ser aplicado para os fenmenos naturais (biologia, no desenvolvimento da pesquisa com base em
qumica, fsica) e sociais (economia, sociologia). conhecimento do Tipo 2 (Mode 2). Por um lado, para
No entanto, Simon (1996) levanta a possibilidade Gibbonsetal. (1994), a produo de conhecimento
de estudos sobre o universo artificial, definindo do Tipo 1 (Mode 1) , essencialmente, acadmica e
que as cincias do artificial se ocupam da aplicada a uma nica disciplina. Por outro lado, o
concepo de artefatos que realizem objetivos conhecimento do Tipo 2 (Mode 2) multidisciplinar,
(SIMON,1996,p.198). Ou seja, as cincias do e as pesquisas orientadas a esse tipo de conhecimento
artificial dizem respeito a como as coisas devem esto preocupadas em resolver problemas complexos
ser para funcionar e atingir determinados objetivos. relevantes, que consideram o contexto em que seus
Tem sido, justamente, a tarefa das escolas de resultados sero aplicados (BURGOYNE; JAMES,
744 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
2005). Por consequncia, o conhecimento desenvolvido HEVNER; BERNEDT, 2010; LEE; HUBONA, 2009;
pela Design Science Research no descritivo- MARCH; SMITH, 2005; PEFFERSetal., 2008). Mas
explicativo, ele prescritivo. h tambm trabalhos no campo da gesto em geral, sob
Alguns autores (VANAKEN, 2004; ROMME, diferentes enfoques (VANAKEN, 2004; MANSON,
2003; MANSON, 2006) distinguem a Design Science 2006; WORREN; MOORE; ELLIOTT, 2002;
de outras perspectivas filosficas e epistemolgicas. Da ROMME; DAMEN, 2007; ROMME, 2003; PLSEK;
perspectiva filosfica, para Cantamessa (2003,p.2), BIBBY; WHITBY, 2007; DENYER; TRANDFIELD;
a separao entre as cincias naturais e artificiais VANAKEN, 2008; PANDZA; THORPE, 2010; XU;
semelhante [...] distino aristotlica entre CHEN, 2011). No h, entretanto, uma consolidao
episteme produzindo theoria e a techne com ou uma sntese geral dessas pesquisas e uma tentativa
o objetivo de poieses (isto , produzindo coisas de sistematizao, em sentido amplo, disponvel. Cabe,
novas). O Quadro1 procura explicitar as principais portanto, proceder a uma proposio neste sentido.
comparaes realizadas entre a Design Science A Design Science reconhece, de partida, que os
Research e as outras perspectivas filosficas e problemas existentes nas organizaes costumam ser
epistemolgicas. Cabe registrar que a distino que especficos. Essa especificidade poderia inviabilizar
VanAken (2004) faz entre as pesquisas orientadas um conhecimento passvel de generalizao. Com
descrio e prescrio anloga discusso entre efeito, VanAken (2004) argumenta que a generalizao
as cincias natural e artificial. das prescries, extensiva aos artefatos, precisa ser
De fato, a viso da cincia natural/social, generalizvel para uma classe de problemas. Nesse
aplicada gesto, [...] ajuda a entender o fenmeno sentido, uma vez estabelecido conceitualmente o que
organizacional, descobrindo as leis e foras que so a Design Science e a Design Science Research,
determinam suas caractersticas, funcionamento oportuno aprofundar o entendimento de seus principais
e resultados [...] (ROMME, 2003, p. 558). As elementos constituintes. Na sequncia, procura-se
cincias humanas buscam representar, entender e definir conceitualmente o que so as classes de
refletir criticamente a respeito da experincia das problemas e os artefatos, objetos centrais do
pessoas que compem a organizao. Por sua vez, conhecimento em Design Science.
a Design Science seria responsvel por conceber e
validar sistemas que ainda no existem, seja criando,
3Classes de problemas e artefatos
recombinando, alterando produtos/processos/softwares/
mtodos para melhorar as situaes existentes. Simon (1996) no define o que seria uma classe
Segundo Romme (2003), o desenvolvimento de de problemas, embora as exemplifique. De fato, as
pesquisas organizacionais depende, significativamente, classes de problemas podem consistir em uma
da criao de interfaces que favoream a comunicao organizao para a trajetria e o desenvolvimento
e o senso de colaborao entre estes trs enfoques do conhecimento em uma Design Science. A prpria
de pesquisa. O Quadro1 mostra contribuies de natureza dos artefatos, como poder ser observado
autores como Romme (2003), VanAken (2004) e nesta seo, pode induzir conformao de tais classes.
Manson (2006) no que tange distino entre a A principal discusso envolvendo a necessidade de
Design Science e as cincias tradicionais. definio das classes de problemas est em VanAken
Enquanto a Design Science a base epistemolgica, (2004).
a Design Science Research o mtodo que As classes de problemas permitem que os artefatos
operacionaliza a construo do conhecimento nesse e, por consequncia, suas solues, no sejam apenas
contexto (CHAKRABARTI, 2010). Para Vaishnavi uma resposta pontual a certo problema em determinado
e Kuechler (2009), a Design Science Research um contexto. A Design Science no se preocupa com a
novo olhar ou um conjunto de tcnicas analticas ao em si mesma, mas com o conhecimento que pode
que permitem o desenvolvimento de pesquisas nas ser utilizado para projetar as solues. (VANAKEN,
diversas reas, em particular na engenharia. A Design 2004, p. 228). Nesse sentido, o conhecimento na
Science Research tem como objetivo estudar, pesquisar Design Science generalizvel quando vlido para
e investigar o artificial e seu comportamento, tanto uma dada classe de casos (VANAKEN, 2004), aqui
do ponto de vista acadmico quanto da organizao entendidos como uma classe de problemas. Entende-se,
(BAYAZIT, 2004). Nesse sentido, a Design Science reforce-se, que o problema real, e, por consequncia,
Research se constitui em um processo rigoroso de os artefatos que geram solues satisfatrias para este,
projetar artefatos para resolver problemas, avaliar o que sempre singular em seu contexto. Contudo, tanto
foi projetado ou o que est funcionando, e comunicar os problemas quanto as solues satisfatrias podem
os resultados obtidos (ADA; STUBKJR, 2011). compartilhar caractersticas comuns que permitam uma
A Design Science/Design Science Research tem organizao do conhecimento de uma dada Design
amadurecido como abordagem principalmente na rea Science por classes de problemashabilitando assim
de Tecnologia e Gesto da Informao (TREMBLAY; a generalizao e o avano do conhecimento na rea.
Quadro1. Distino entre a Design Science/Design Science Research e outras perspectivasos quadrospor autor so independentes.
Principais diferenas entre programas de pesquisa orientados Pressupostos filosficos de 3 perspectivas de pesquisaB
descrio e orientados prescrioA
Caracterstica Programas de Programas de Pesquisa Crenas Positivismo Interpretativismo Design Research
Pesquisa orientados Orientados para a Bsicas
para a Descrio Prescrio
Mltiplas alternativas,situadas
Uma nica realidade, de forma contextualizada
Paradigma Mltiplas realidades
Cincia Explicativa Design Science Ontologia conhecvel e em diferentes ambientes
Dominante construdas socialmente.
probabilstica. reais. Habilitadas
sociotecnologicamente.
Design Science Research: mtodo de pesquisa ...
Figura1. Lgica para Construo das Classes de Problemas. Fonte: Elaborado pelos autores.
748 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
solues ao problema em tela. Esse procedimento observadas no Quadro3. Dos tipos propostos para
parece necessrio, nesse momento, uma vez que os artefatos, cabe aprofundar argumentos em relao
seriam necessrias publicaes que consolidassem aos mtodos e instanciao. Os mtodos podem
as classes de problemas, os artefatos testados e suas ser representados graficamente ou encapsulados em
solues, como na medicina baseada em evidncias, heursticas e algoritmos especficos. Em sentido amplo,
por exemplo (HUFF; TRANFIELD; VANAKEN, representam um conjunto de passos que devem ser
2006), ainda no disponveis em outras reas (como obedecidos para que um resultado seja produzido
na Engenharia de Produo). Uma vez definidas as em determinado ambiente externo.
classes de problemas, necessrio caracterizar os Por sua vez, as instanciaes so os artefatos que,
artefatos associados. em geral, geram maiores controvrsias em termos
Os artefatos so de sua definio. As instanciaes informam como
implementar ou utilizar determinado artefato e seus
[...] objetos artificiais que podem ser
possveis resultados. Nesse sentido, as instanciaes
caracterizados em termos de objetivos, funes
podem se referir a um determinado artefato ou
e adaptaes. So normalmente discutidos,
articulao de diversos artefatos para a produo de
particularmente durante a concepo, tanto
um resultado em um contexto.
em termos imperativos como descritivos [...]
De certo ponto vista, as instanciaes podem
(SIMON, 1996, p. 28).
se assemelhar s prescries heursticas utilizadas
Assim, por VanAken (2004). Nesse sentido, as prescries
heursticas expostas por VanAken (2004) podem ser
[...] o cumprimento de um propsito, ou adaptao
utilizadas como a forma de exprimir as instanciaes.
a um objetivo, envolve uma relao de trs
VanAken (2004, p. 227) apresenta a lgica de uma
elementos: o propsito ou objetivo; o carter
heurstica prescritiva da seguinte forma: Se voc
do artefato; e o ambiente em que ele funciona.
quer atingir Y em uma situao Z, ento voc deve
(SIMON, 1996, p. 28).
realizar a ao X. Analogamente, uma Instanciao
Dessa forma, significaria dizer: Se necessrio atingir Y (Objetivo
da Instanciao), em uma situao Z (Ambiente
[...] um artefato pode ser considerado como
Externo), ento voc dever utilizar X (Construto,
um ponto de encontrointerfaceentre um
Modelo ou Mtodoincluindo a forma de colocar
ambiente interno, a substncia e organizao do
em prtica).
prprio artefato, e um ambiente externo, [isto
O artefato Instanciao consiste no conjunto
], as condies em que o artefato funciona [...]
coerente de regras que orientam a utilizao dos
(SIMON, 1996, p. 29).
artefatos (constructos, modelos e mtodos) em um
Assim sendo, o artefato a organizao dos determinado ambiente real. Esse ambiente real
componentes do ambiente interno para atingir objetivos compreende desde as fronteiras da organizao ou
em um determinado ambiente externo (SIMON, 1996), da indstria em que se encontra, at os contornos
como pode ser observado na Figura2. da realidade econmica que a organizao est
Uma vez definidos os artefatos, pode-se tipific-los. inserida. Assim, a Instanciao pode ter um papel
Artefatos podem ser definidos como: Constructos, particularmente relevante, pois orienta a utilizao
Modelos, Mtodos e Instanciaes (MARCH; SMITH, de outros artefatos considerando mltiplos fatores
1995). As descries dos tipos de artefato podem ser (economia, cultura organizacional e regional, contexto
Figura2. Caracterizao do Artefato. Fonte: Concebida pelos autores com base em Simon (1996).
Design Science Research: mtodo de pesquisa ... 749
Figura3. Esquema de conduo da Design Science Research (TAKEDAetal., 1990; VAISHNAVI; KUECHLER, 2009;
MANSON, 2006; PEFFERSetal., 2008).
Para a busca de uma soluo para o problema, algoritmos computacionais, representaes grficas,
devem-se considerar alguns conceitos explicitados prottipos, maquetes em escala, entre outros. Assim
por Simon (1996). Simon (1996) faz uma distino sendo, o principal resultado do Desenvolvimento
entre solues timas (ideais) e solues satisfatrias. o artefato em estado funcional.
Assim, Necessrio frisar que quando se trata de
Uma deciso tima em um modelo simplificado Desenvolvimento, no se est referindo nica e
s raramente ser tima no mundo real. O exclusivamente ao desenvolvimento de produtos. A
tomador de deciso pode escolher entre decises Design Science Research pode servir para este fim,
timas em um mundo simplificado ou decises mas tem um objetivo mais amplo: gerar conhecimento
(suficientemente boas), que o satisfazem, num que seja aplicvel e til para a soluo de problemas,
mundo mais prximo da realidade. (SIMON, melhoria de sistemas j existentes e, ainda, criao
1996, p. 65). de novas solues e/ou artefatos (VENABLE, 2006).
Ademais, o conhecimento gerado, embora aplicado
Nesse sentido, buscam-se solues suficientemente
pontualmente na soluo de problemas especficos,
boas para problemas em que a soluo tima seja
ou no desenvolvimento de novos artefatos, deve ser
inacessvel ou de implantao invivel (SIMON,
generalizvel para o que foi definido como Classe de
1996). Isso implica em definir quais os resultados
Problemas. Esta generalizao permite a construo de
satisfatrios. A definio de um resultado satisfatrio
um conhecimento tilno sentido pragmticono
pode ser obtida de duas formas: i) consenso entre
as partes envolvidas no problema; ii) avano da pontualmente, mas que possa ser ampla e efetivamente
soluo atual, comparativamente, s solues geradas aplicvel pela/para a sociedade (VENABLE, 2006;
pelos artefato anteriores. Essa proposio se alinha MARCH; SMITH, 1995; VAISHNAVI; KUECHLER,
ao delineamento proposto por Hevner (2007) de 2009).
estabelecer a priori os critrios de aceitao das A Avaliao definida como o processo rigoroso de
solues. Os parmetros para a aceitao das solues verificao do comportamento do artefato no ambiente
precisam ser, portanto, justificados. para o qual foi projetado, em relao s solues que
O Desenvolvimento corresponde ao processo de se props alcanar. Uma srie de procedimentos
constituio do artefato em si (MANSON, 2006). Do necessria para verificar o desempenho do artefato.
ponto de vista de Simon (1996), nesse momento que O critrio para validao do artefato se fundamenta
o pesquisador constri o ambiente interno do artefato, na filosofia pragmtica (WORREN; MOORE;
uma vez que os objetivos e o ambiente externo foram ELLIOTT, 2002). Segundo Worren, Moore e Elliott
caracterizados na Conscientizao. Essa construo (2002), uma teoria pragmaticamente vlida contm
pode utilizar diferentes abordagens, tais como: trs componentes principais.
Design Science Research: mtodo de pesquisa ... 751
adequadas. Por sua prpria definio, entretanto, Estudo de Caso em si, mas sim de questionar a agenda
a Design Science Research no permite que tais que rege a pesquisa em curso. Consciente de que se
objetivos sejam adequados. trata de desenvolver ou testar um dado artefato, o
Por outro lado, uma vez que os fins (objetivos) da desenho do Estudo de Caso muda de configurao, e
pesquisa sejam prescritivos ou de desenvolvimento o cnone de rigor cientfico da Design Science pode
de tecnologias (artefatos), o raciocnio inverso no ser acionado para orientar a montagem do protocolo
verdadeiro. Para esse objetivo, a Design Science adequado de pesquisa. Central, neste sentido, so os
Research a abordagem metodolgica adequada. passos de avaliao e validade na Design Science
Nesse sentido, as abordagens do Estudo de Caso e Research.
da Pesquisa-Ao, caso sejam adaptados, podem se
mostrar pertinentes para a consecuo destes objetivos. 6Avaliao e validade em Design
Estudos de Caso podem, quando o objetivo
prescritivo ou para o desenvolvimento de tecnologias
Science Research
(artefatos), ser teis para compreender os artefatos Essa seo apresentar discusses relativas
existentes e em funcionamento em um determinado Avaliao e Validao dos artefatos originados da
contexto. A formalizao do ambiente interno, dos Design Science Research. Cabe ressaltar que, para
resultados que produz e do ambiente externo em que aumentar a confiabilidade nos resultados da pesquisa,
funciona, pode contribuir no avano do conhecimento necessrio um conjunto de cuidados e procedimentos
em Design Science. O fato de o artefato estar em rigorosos que minimizem o vis nos resultados
uso e produzindo resultados superiores aos artefatos obtidos e/ou nas solues geradas. Dessa forma, a
precedentes, nesse caso, pode informar a fase de partir de uma filosofia pragmtica, o artefato gerado
avaliao. deve sofrer uma srie de avaliaes, rigorosas, que
VanAken (2004) ilustra essa possibilidade do possam demonstrar sua robustez.
uso do Estudo de Caso na Design Science citando o Conforme Tremblay, Hevner e Berndt (2010), a
reconhecido estudo de Womack, Jones e Roos (1990) pesquisa sustentada pela Design Science Research no
sobre a indstria automobilstica mundial. Nesse pode estar preocupada somente com o desenvolvimento
trabalho, foi formalizado um conjunto significativo do artefato em si. Devem-se expor evidncias de
de artefatos (mtodos, instanciaes) tais como: que o artefato, efetivamente, pode ser utilizado para
Kanban, sincronizao da produo, a produo resolver problemas reais (TREMBLAY; HEVNER;
Just-in-Time, entre outros. Os Estudos de Caso, por BERNDT, 2010).
consequncia, cumprem dois objetivos: podem avanar A Avaliao final do artefato no dispensa que, em
o conhecimento terico na rea em pauta (isto , cada etapa do mtodo da Design Science Research,
ampliam o conhecimento de artefatos bem sucedidos sejam realizadas avaliaes parciais dos resultados.
diante de determinadas classes de problemas), e Isso se faz necessrio, para se certificar de que a
permitem formalizar artefatos eficazes que podem pesquisa est no sentido dos objetivos propostos.
ser teis a outras organizaes. Autores como Hevner, March e Park (2004) propem
A Pesquisa-Ao tambm pode contribuir, no alguns mtodos que podem ser utilizados para a
contexto da Design Science, para a construo avaliao dos artefatos gerados pela Design Science
de artefatos em que: i) o desenvolvimento seja Research, so eles (Quadro7):
dependente da interao dos envolvidos na pesquisa; Outra forma de avaliao dos artefatos
ii) a avaliao apenas possa ser realizada no contexto desenvolvidos poderia ser a utilizao de Focus Group
da empresa e/ou com a participao dos envolvidos ou Grupo Focal. Segundo Bruseberg e McDonagh-
na pesquisa. A Pesquisa-Ao, ainda, poderia Philp (2002), esta tcnica poderia ser utilizada
ser particularmente utilizada para a gerao de para suportar os desenvolvimentos. Bruseberg e
artefatos do tipo Instanciaes, ou seja, relativamente McDonagh-Philp (2002) exemplificam que Grupos
forma de aplicao dos artefatos na realidade. Focais foram aplicados na construo de softwares
Portanto, argumenta-se em favor da possibilidade e avaliao de interfaces de softwares, por exemplo.
de utilizao dessas abordagens metodolgicas sob a Os Grupos Focais poderiam ser utilizados como
perspectiva da Design Science-ou seja, de desenvolver mtodo de avaliao para a Design Science Research,
conhecimentos que permitam a concepo e construo uma vez que garantem uma discusso mais profunda
de artefatos. Dessa forma, admite-se a utilizao de e colaborativa em relao aos artefatos desenvolvidos
mtodos mistos de pesquisa sob o enfoque da Design pela pesquisa. De acordo com Bruseberg e McDonagh-
Science, ou seja, para o projeto de artefatos. Philp (2002), o Grupo Focal pode ser combinado com
Tal aspecto parece importante para a nfase em outras tcnicas para: i) suportar as discusses dos
desenvolvimento tecnolgico no mbito da pesquisa grupos interessados; ii) facilitar a triangulao dos
em Engenharia de Produo. No se trataria, em muitas dados; e iii) auxiliar no surgimento de novas ideias
situaes, de argumentar pelo erro da abordagem por a respeito de um determinado problema.
756 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
Auxiliam, ainda, na realizao da anlise crtica Segundo Mentzer e Flint (1997), quando se trata
dos resultados obtidos durante a pesquisa e que podem de rigor importante deixar claro que no est se
fazer brotar novas possibilidades com o intuito de referindo ao uso de mtodos sofisticados. De fato,
encontrar melhores solues para os problemas em rigor implica cuidados para se evitar que algo seja
estudo. Tremblay, Hevner e Berndt (2010) abordam afirmado, ou que se conclua algo que a pesquisa em
dois tipos de Grupos Focais que poderiam ser utilizados si no tem condies de suportar. Migrando esse
para a avaliao dos artefatos desenvolvidos pela conceito para a Design Science Research, trata-se de
Design Science Research, estes tipos, bem como demonstrar e justificar os procedimentos adotados
suas principais caractersticas esto explicitadas no para aumentar a confiabilidade do artefato e de seus
Quadro8. resultados quando em uso.
A escolha do mtodo de avaliao pode Chakrabarti (2010) demonstra certa preocupao
depender tanto do artefato desenvolvido quanto das quando afirma que algumas maneiras de suportar a
exigncias acerca da performance deste artefato. validao da pesquisa tm fundamentos empricos
Por consequncia, o mtodo de avaliao deve insuficientes. A validade um fator determinante
estar alinhado diretamente ao artefato em si e a sua para amparar a pesquisa, com o intuito de facilitar a
aplicabilidade. Alm da avaliao a Design Science utilizao ou aplicao da pesquisa no campo prtico
Research, tambm deve evidenciar rigor, desde o seu (CHAKRABARTI, 2010). Conforme Mentzer e
desenvolvimento at a sua avaliao. Flint (1997), a validade de uma pesquisa pode ser
caracterizada como um conjunto de procedimentos ao longo do tempo. Neste sentido, tal referncia
utilizados para garantir que o que foi concludo com centralmente importante para a adaptao adequada de
uma pesquisa possa ser afirmado com segurana. mtodos como o Estudo de Casos ou a Pesquisa-Ao
Em Design Science Research, se compreende como para o contexto da Design Science.
fonte de validade um conjunto de procedimentos para
garantir que os resultados gerados pelo artefato provm 7Consideraes finais
do ambiente interno projetado e o ambiente externo em Este artigo procurou apresentar a Design Science,
que foi preparado para operar. Para isso necessrio: em geral, e a Design Science Research, em particular,
i) Explicitar o ambiente interno, o ambiente externo para o ambiente da Engenharia de Produo e Gesto
e os objetivos clara e precisamente; ii) Explicitar de Operaes. Nesse sentido, foram demarcados
como o artefato pode ser testado; iii)Descrever seus principais conceitos, desdobrados seus passos
os mecanismos que geraro os resultados a serem metodolgicos e delineadas suas distines diante
controlados/acompanhados. da discusso sobre mtodos de pesquisa. Alm
Para contribuir no sentido de explicitar os disso, procurou-se explicitar alguns mecanismos que
procedimentos adotados na pesquisa em Design permitam a avaliao e reforcem a validade de uma
Science Research, foi elaborado o Quadro9. pesquisa do tipo Design Science Research.
O Quadro9 procura indicar os pontos a serem Este trabalho tem conscincia de que sua
explicitados em cada uma das etapas e as sadas contribuio se concentra na abertura da discusso
associadas, a partir das etapas de conduo e sadas dos aspectos metodolgicos associados a outra forma
propostas por Manson (2006). de desenvolver as disciplinas que toma como foco.
Procurou-se aqui sugerir mecanismos que permitam Busca ressaltar a necessidade, e abrir a possibilidade,
uma compreenso detalhada dos artefatos produzidos de um conjunto amplo e importante de trabalhos que
e, por consequncia, garantam a replicao das procurem avanar nessa temtica, seja discutindo
pesquisas que fazem uso da Design Science Research. metodologias, seja praticando a pesquisa em Design.
A replicao um mecanismo importante para a Outras contribuies importantes do trabalho, no
consistncia e teste do conhecimento produzido observadas na literatura analisada, consistem em
758 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
quatro pontos. Primeiro, h uma sistematizao e o mundo vivo das organizaes. De uma forma
organizao da Design Science e da Design Science mais geral, trabalhos que revisem os mtodos de
Research. Segundo, se apresentam algumas definies, construo de conhecimento em Engenharia precisam
no identificadas na literatura, sobre classes de ser desenvolvidos. Est madura a necessidade de
problemas e instanciaes. Terceiro, se procurou desenvolver uma epistemologia da Engenharia,
avanar no entendimento e formato das Instanciaes, em particular da Engenharia de Produo. a
relevantes no contexto da Engenharia de Produo. partir dessa discusso por uma pesquisa rigorosa,
Por fim, elaborou-se um primeiro quadrocomparativo aplicada e relevante, que se poder desenvolver tanto
entre a Design Science Research, a Pesquisa-Ao o conhecimento quanto a tecnologia necessria para
e o Estudo de Caso. o aumento da competitividade tecnolgica brasileira,
Este trabalho, observe-se, foi desenvolvido no difundindo-os pelo tecido produtivo do Pas.
mbito do programa Pr-Engenharias, financiado
pela CAPES, no projeto Gesto de Operaes em Agradecimentos
Organizaes InovadorasGOOI. Este projeto tem Os autores agradecem CAPES (Coordenao
a participao de vrios programas de ps-graduao, de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior)
a saber: PPGEPS/UNISINOS, PEP/COPPE/UFRJ, que, por meio do projeto MGOOI (Modelo de
PEP-PE/UFPE, AI/INPI e Poli/USP. A Design Science Gesto de Operaes em Organizaes Inovadoras)
Research foi vista como alternativa concreta de mtodo do Pr-Engenharias, suportou a reunio dos mais
para a conduo de pesquisas de cunho tecnolgico diversos especialistas, suscitando as discusses que
(tecnologias de gesto, por exemplo), constituindo-se fundamentaram e motivaram o desenvolvimento
em uma abordagem de rigor cientfico para colocar deste texto. Este projeto conta com a participao
a inteligncia universitria do Pas, nestas reas, a de representantes de diversos Programas de
servio dos enormes desafios tecnolgicos brasileiros. Ps-Graduao do Brasil, como os da COPPE/UFRJ,
Contudo, vrios aspectos no puderam ser tratados POLI/USP, UFPE, UNISINOS e do INPI.
e merecem ateno em pesquisas futuras. Primeiro,
no foram discutidas as regras de projeto ou regras
tecnolgicas de um ponto de vista de orientao para
Referncias
a construo dos artefatos. Esse aspecto parece ser ALLORA, F. Engenharia de Custos Tcnicos. Blumenau:
importante na medida em que pode formar uma base FURB,1985.
ANDERY, M. A. et al. Para compreender a cincia:
mais geral, que facilite o desenvolvimento dos artefatos
uma perspectiva histrica. Rio de Janeiro: Editora
e sua adequaoao ambiente externo. Segundo, a EDUC,2004.
discusso sobre a Design Science Research e seus ANDRADE, A. L. et al. Pensamento Sistmico: Caderno
mtodos concretos de conduo ainda se encontra de Campo. Porto Alegre: Bookman,2006.
incipiente no debate dos artigos internacionais. BAYAZIT, N. Investigating Design: A Review of Forty
Portanto, o presente trabalho relevante tambm, Years of Design Research, Massachusetts Institute of
pois aponta uma oportunidade para a comunidade Technology. Design Issues, v.20, n.1, p.16-29,2004.
cientfica brasileira participar como protagonista http://dx.doi.org/10.1162/074793604772933739
no processo de desenvolvimento do conhecimento BEER, M.; EISENSTAT, R. A. Developing an organization
para a rea. capable of implementing strategy and learning, Human
Relations, v.49, n.5, p.597,1996. http://dx.doi.
Terceiro, outros mecanismos de avaliao
org/10.1177/001872679604900504
e validao precisam ser desenvolvidos para a
BEER, M.; EISENSTAT, R. A. The silent killers of strategy
consistncia dos trabalhos e a aceitao dos trabalhos implementation and learning. Sloan Management
em Design Science Research como regidos por mtodos Review, v.41, n.4, p.29-40,2000.
cientficos de pesquisa. Quarto, so necessrias mais BENBASAT, I.; WEBER, R. Research Commentary:
pesquisas que assumam a Engenharia de Produo Rethinking Diversity in Information Systems
como uma Design Science, e conduzam pesquisas Research. Information Systems Research, v.7, n.4,
nos termos da Design Science Research. Quinto, p.389-399,1996. http://dx.doi.org/10.1287/isre.7.4.389
este artigo abordou somente parte da Engenharia de BERTO, R. M. V. S.; NAKANO, D. N. Metodologia da
Produoaquela mais voltada gestoporm, pesquisa e a engenharia de produo. In: ENCONTRO
importante que sejam feitos novos estudos que sejam NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUO,
18., 1998, Niteri. Anais... Niteri, 1998.
mais abrangentes. Seria importante tambm uma
BERTO, R. M. S.; NAKANO, D. N. A Produo Cientfica
anlise comparativa entre a Design Science Research nos Anais do Encontro Nacional de Engenharia de
e a Soft Systems Methodology (SSM). Produo: Um Levantamento de Mtodos e Tipos de
Por fim, so necessrios peridicos que consolidem Pesquisa. Produo, v.9, n.2, p.65-76,2000. http://
as classes de problemas e os artefatos desenvolvidos dx.doi.org/10.1590/S0103-65131999000200005
pela comunidade cientfica, de forma a se constiturem BRUSEBERG, A.; McDONAGH-PHILP, D. Focus groups
em um mecanismo relevante para interao com to support the industrial/product designer: a review
Design Science Research: mtodo de pesquisa ... 759
based on current literature and designers feedback. v.22, n.2, p.152-194,2002. http://dx.doi.
Applied Ergonomics, v.33, p.27-38,2002. http:// org/10.1108/01443570210414310
dx.doi.org/10.1016/S0003-6870(01)00053-9 GIBBONS, M. et al. The New Production of Knowledge:
BURGOYNE, J.; JAMES, K. T. Towards Best The dynamics of science and research in contemporary
or Better Practice in Corporate Leadership societies. London: Sage Publications,1994.
Development: Operational Issues in Mode2 GUIDE, V. D. R.; VAN WASSENHOVE, L. N.
and Design Science research. British Journal of Dancing with the Devil: Partnering with Industry
Management, v.17, p.303-316,2006. http://dx.doi. but Publishing in Academia. Decision Sciences,
org/10.1111/j.1467-8551.2005.00468.x v.38, n.4, p.531-546,2007. http://dx.doi.
ADA, V.; STUBKJR, E. Design research for cadastral org/10.1111/j.1540-5915.2007.00169.x
systems. Computers, Environment and Urban Systems, HAMBRICK, D. C. The Field of Managements Devotion
v.35, p.77-87,2011. http://dx.doi.org/10.1016/j. to Theory: Too Much of a Good Thing? Academy of
compenvurbsys.2010.07.003 Management Journal, v.50, n.6, p.1346-1352,2007.
CANTAMESSA, M. An empirical perspective http://dx.doi.org/10.5465/AMJ.2007.28166119
upon design research. Journal Engineering HAMBRICK, D. C.; CANNELLA JUNIOR, A. A. Strategy
Design, v.14, n.1, p.1-15,2003. http://dx.doi. implementation as substance and selling. Academy of
org/10.1080/0954482031000078126 Management Executive, v.3, n.4, p.278-285,1989.
CHAKRABARTI, A. A course for teaching design http://dx.doi.org/10.5465/AME.1989.4277401
research methodology. Artificial Intelligence for HEVNER, A. R.; MARCH, S.T.; PARK, J. Design Science
Engineering Design, Analysis and Manufacturing, in Information Systems Research. MIS Quaterly, v.28,
v.24, p.317-334,2010. http://dx.doi.org/10.1017/ n.1, p.75-105,2004.
S0890060410000223 HEVNER, A. R. A Three Cycle View of Design Science
COOPER, R.; KAPLAN, R. S. Measure costs right: Research. Scandinavian Journal of Information
Make the right decisions. Harvard Business Review, Systems, v.19, n.2, p.87-92,2007.
p.96-104, Sept/Oct1988. HORVTH, I. A treatise on order in engineering
COUGHLAN, P.; COUGHLAN, D. Action Research design research. Research in Engineering Design,
for Operations Management. International Journal v.15, p.155-181,2004. http://dx.doi.org/10.1007/
of Operations & Production Management, s00163-004-0052-x
v.22, n.2, p.220-240,2002. http://dx.doi. HUFF, A.; TRANFIELD, D.; VAN AKEN, J. E., Management
org/10.1108/01443570210417515 as a Design Science Mindful of Art and Surprise. Journal
GOLDRATT, E. M. A Sndrome do palheiro: Garimpando of Management Inquiry, v.15, n.4, p.413-424,2006.
informaes num oceano de dados. So Paulo: C. http://dx.doi.org/10.1177/1056492606295900
Fulmann, 1991. IIVARI, J.; VENABLE, J. Action Research and Design
GOUVA DA COSTA, S. E.; PINHEIRO DE LIMA, E. Science Research Seemingly Similar but Decisively
Processos: Uma Abordagem da Engenharia para a Gesto Dissimilar. In: EUROPEAN CONFERENCE ON
de Operaes. In: MIGUEL, P. A. C. et al. Metodologia INFORMATION SYSTEMS,17.,2009, Verona.
de Pesquisa em Engenharia de Produo e Gesto Proceedings Verona,2009. p.1-13.
de Operaes. Rio de Janeiro: Campus,2011. cap.4, JRVINEN, P. Action Research is Similar to Design
p.63-72. Science. Quality & Quantity, v.41, p.37-51,2007.
CRAIGHEAD, C. W.; MEREDITH, J. M. Operations http://dx.doi.org/10.1007/s11135-005-5427-1
management research: evolution and alternative KAPLAN, R.; NORTON, D. P. The Balanced Scorecard:
future paths, International Journal of Operations & measures that drive performance. Harvard Business
Production Management, v.28, n.8, p.710-726,2008. Review, v.70, n.1, p.71-86,1992. PMid:10119714.
http://dx.doi.org/10.1108/01443570810888625 LABOVITZ, G.; ROSANSKY, V. The power of alignment:
DENYER, D.; TRANDFIELD, D.; VAN AKEN, how great companies stay centered and accomplish
J. E. Developing Design Propositions through extraordinary things. EUA: John Wiley & Sons,1997.
Research Synthesis. Organization Studies, LEE, A. S.; HUBONA, G. S. A Scientific Basis for Rigor
v.29, n.3, p.393-413,2008. http://dx.doi. in Information Systems Research. MIS Quaterly, v.33,
org/10.1177/0170840607088020 n.2, p.237-262,2009.
EINSENHARDT, K. M. Building theories from case study MANSON, N. J. Is operations research really research?
research. Academy of Management Review, v.14, Orion, v.22, n.2, p.155-180,2006. http://dx.doi.
p.532-550,1989. org/10.5784/22-2-40
ELLRAM, L. M. The use of the case study method in MARCH, S. T.; SMITH, G. F. Design and natural science
logistics research. Journal of Business Logistics, v.17, research in Information Technology. Decision Suport
n.2, p.93-138,1996. Systems, v.15, p.251-266,1995. http://dx.doi.
FORD, E. et al. A Pesquisa que faz a diferena. RAE org/10.1016/0167-9236(94)00041-2
Revista de Administrao de Empresas, v.43, n.4, MENTZER, J. T.; FLINT, D. J. Validity in Logistics
p.86-101,2003. Research. Journal of Business Logistics, v.18, n.1,
FORZA, C. Survey research in operations management: p.199-216,1997.
a process-based perspective. International Journal MIGUEL, P. A. C. Estudo de caso na engenharia de
of Operations & Production Management, produo: estruturao e recomendaes para sua
760 Lacerda et al. Gest. Prod., So Carlos, v. 20, n. 4, p. 741-761, 2013
conduo. Produo, v.17, n.1, p.216-229,2007. SIMON, H. A. The Sciences of the Artificial. Cambridge:
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132007000100015 MIT Press,1969 .
MELLO, C. H. P. et al. Pesquisa-ao na engenharia de SIMON, H. A. The Sciences of the Artificial.3rd ed.
produo: proposta de estruturao para sua conduo. Cambridge: MIT Press,1996 .
Produo, v.22, n.1, p.1-13,2011. http://dx.doi. SLACK, N.; LEWIS, M.; BATES, H. The two worlds
org/10.1590/S0103-65132011005000056 of operations management research and practice:
NAKANO, D. Mtodos de Pesquisa Adotados na Engenharia Can they meet, should they meet? International
de Produo e Gesto de Operaes. In: MIGUEL, P. Journal of Operations & Production Management,
A. C. et al. Metodologia de Pesquisa em Engenharia v.24, n.4, p.372-387,2009. http://dx.doi.
de Produo e Gesto de Operaes. Rio de Janeiro: org/10.1108/01443570410524640
Campus,2010. cap.4, p.63-72. SPEARMAN, M. L.; WOODRUFF, D. L.; HOPP,
OHNO, T. O Sistema Toyota de Produo: Alm da W. J. CONWIP - a pull alternative to KANBAN.
Produo em Larga Escala. Porto Alegre: Bookman,1997. International Journal of Production Research,
PANDZA, K.; THORPE, R. Management as Design, but v.28, n.5, p.879-894,1990. http://dx.doi.
What Kind of Design? An Appraisal of the Design org/10.1080/00207549008942761
Science Analogy for Management. British Journal of STARKEY, K.; MANDAN, P. Bridging the Relevance Gap:
Management, v.21, p.171-186,2010. http://dx.doi. Aligning Stakeholders in the Future of Management
org/10.1111/j.1467-8551.2008.00623.x Research. British Journal of Management, v.12,
PEFFERS, K. et al. A Design Science Research p. S3-S26,2001. Special Issue. http://dx.doi.
Methodology for Information Systems Research. org/10.1111/1467-8551.12.s1.2
Journal of Management Information Systems, TAKEDA, H. et al. Modeling Design Process. AI Magazine,
v.24, n.3, p.45-77,2008. http://dx.doi.org/10.2753/ v.11, n.4, p.37-48,1990.
MIS0742-1222240302 TAYLOR, A.; TAYLOR, M. Operations management
PLATTS, K. W. A Process Approach to Researching research: contemporary themes, trends and
Manufacturing Strategy. International Journal potential future directions. International Journal
of Operations & Production Management, of Operations & Production Management,
v.13, n.8, p.4-17,1993. http://dx.doi. v.29, n.12, p.1316-1340,2009. http://dx.doi.
org/10.1108/01443579310039533 org/10.1108/01443570911006018
PLATTS, K. W. et al. Testing manufacturing strategy THIOLLENT, M.; ALVEAR, C. A. S. Sobre o papel
formulation processes. International Journal of do engenheiro de produo em projetos sociais. In:
Production Economics, v. 56-57, p. 517-523, 1998. SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO
PLSEK, P.; BIBBY, J.; WHTIBY, E. Practical Methods SIMPEP,16.,2009, Bauru. Anais Bauru,2009.
for Extracting Explicit Design Rules Grounded in the TREMBLAY, M. C.; HERVNER, A. R.; BERNDT, D. J,
Experience of Organizational Managers. Journal of Focus Groups for Artifact Refinament and Evaluation in
Applied Behavioral Science, v.43, n.1, p.153-170,2007. Design Research. Communications of the Association
http://dx.doi.org/10.1177/0021886306297013 for Information Systems, v.26, n.27, p.599-618,2010.
POPPER, K. A Lgica da Pesquisa Cientfica. So Paulo: TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Pesquisa-Ao na
Cultrix,2006. Engenharia de Produo. In: MIGUEL, P. A. C. et al.
ROMME, A. G. L.; DAMEN, I. C. M. Toward Science- Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produo
Based Design in Organization Development. e Gesto de Operaes. Rio de Janeiro: Campus,2010.
The Journal of Applied Behavioral Science, cap.7, p.146-163.
v.43, n.1, p.108-121,2007. http://dx.doi. VAISHNAVI, V.; KUECHLER, W. Design Research in
org/10.1177/0021886306297011 Information Systems.2009. Disponvel em: <http://
ROMME, A. G. L. Making a difference: Organization desrist.org/design-research-in-information-systems>.
as Design. Organization Science, v.14, n.5, Acesso em:18 out.2011.
p.558-573,2003. http://dx.doi.org/10.1287/ VAN AKEN, J. E. Management Research as a Design
orsc.14.5.558.16769 Science: Articulating the Research Products of Mode2
RYNES, S. L.; BARTUNEK, J. M.; DAFT, R. L. Across Knowledge Production in Management. British Journal
the Great Divide: Knowledge Creation and Transfer of Management, v.16, p.19-36,2005. http://dx.doi.
between Practitioners and Academics. Academy of org/10.1111/j.1467-8551.2005.00437.x
Management Journal, v.44, n.2, p.340-355,2001. VAN AKEN, J. E. Management Research Based on the
http://dx.doi.org/10.2307/3069460 Paradigm of the Design Sciences: The Quest for Field-
SEIN, M. K. et al. Action Design Research. MIS Quaterly, Tested and Grounded Technological Rules. Journal of
v.35, n.1, p.37-56,2011. Management Studies, v.41, n.2, p.219-246,2004.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-6486.2004.00430.x
e elaborao de dissertao.4. ed. Florianpolis: VENABLE, J. R. The Role of Theory and Theorising
UFSC,2005. in Design Science Research. DESRIST, v. 24-25,
SILVA, E. R. P. Mtodos para Reviso e Mapeamento p.1-18, 2006.
Sistemtico da Literatura. Rio de Janeiro: Escola VOSS, C.; TSIKRIKTSIS, N.; FROHLICH, M. Case
Politcnica de Engenharia, Universidade Federal do Research in Operations Management, International
Rio de Janeiro,2009. Projeto de Graduao. Journal of Operations & Production Management,
Design Science Research: mtodo de pesquisa ... 761