Coeficiente de Expansão Térmico Linear

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE MATERIAIS

ENG 02298 TRABALHO DE DIPLOMAO

Avaliao da Contrao e do Coeficiente de Expanso Trmico Linear em


Copolmeros Heterofsicos

Aluno: Cynthia Thompson


N Carto: 135882

Professor Orientador: Sandro Campos Amico

Dezembro de 2009
AGRADECIMENTOS

Ao professor Sandro Campos Amico pela orientao e apoio recebidos


durante a realizao deste trabalho.
Aos engenheiros e amigos Alessandro Cauduro, Susana Liberman,
Fernando Almada e Alexandre Di Pintor cujo auxlio e ensinamentos foram
fundamentais para a realizao e concluso do trabalho, bem como os demais
colegas de trabalho da empresa pela colaborao e ajuda oferecida durante o
perodo que permaneci na empresa.
empresa Braskem pela infraestrutura oferecida, oportunidade e apoio
ao trabalho.
Aos professores do Departamento de Materiais pelos ensinamentos,
dedicao e compreenso durante a minha graduao.
Aos colegas e amigos da faculdade que fizeram destes anos momentos
felizes e que guardarei com carinho.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelo nvel de educao
oferecido e pela infraestrutura proporcionada para a realizao do curso.
Ao meu namorado Digenes Savi Mondo pelo incentivo e tambm pela
ajuda durante a realizao deste trabalho.
Aos meus pais e meu irmo, por tudo que me ensinaram at hoje, pelo
carinho e por estarem sempre ao meu lado durante todos os momentos de
minha vida.

2
RESUMO

O polipropileno um material muito verstil que vem apresentando um


forte crescimento no mercado, sendo utilizado em uma srie de artigos para as
mais variadas aplicaes. Devido aos avanos tecnolgicos dos materiais, bem
como a busca por alternativas que visam substituir diferentes materiais por
polmeros, os copolmeros heterofsicos de polipropileno, um tipo de
polipropileno onde h uma fase elastomrica dispersa na matriz de
polipropileno, surgiram para atender a demanda de materiais polimricos com
boa resistncia ao impacto, inclusive a baixas temperaturas, propriedade no
encontrada no polipropileno homopolmero. Porm, por ser um material
polimrico, ele apresenta um elevado coeficiente de expanso trmico quando
sujeito a variaes de temperatura, alm de possuir tambm uma elevada
contrao trmica aps sua injeo.
Neste trabalho foram realizadas medidas do coeficiente de expanso
trmica linear em diferentes direes de quatro amostras de copolmeros
heterofsicos atravs da tcnica de Anlise Termomecnica (TMA). Foram
feitas tambm medidas de contrao trmica e ensaios em laboratrio em sete
copolmeros heterofsicos com diferentes propriedades, onde tambm foi
realizada microscopia eletrnica de varredura (MEV) com a inteno de
observar a morfologia destas amostras.
Conforme esperado, foram encontradas diferenas nos valores de
coeficiente de expanso trmica linear quando variada a direo de extrao
do corpo de prova. Foi observada tambm a influencia de algumas
propriedades dos copolmeros heterofsicos em estudo na contrao trmica.

3
NDICE

1. Introduo.............................................................................................................8
2. Objetivo.................................................................................................................9
3. Reviso Bibliogrfica ..........................................................................................10
3.1. Polipropileno ................................................................................................10
3.1.1. Propriedades do Polipropileno...............................................................10
3.1.1.1. Massa molar e distribuio da massa molar ......................................11
3.1.1.2. Cristalinidade......................................................................................12
3.1.1.3. Estereoespecifidade...........................................................................13
3.1.2. Tipos de Polipropileno ...........................................................................14
3.1.2.1. Homopolmero....................................................................................15
3.1.2.2. Copolmero Randmico......................................................................15
3.1.2.3. Copolmero Heterofsico ou em Bloco...............................................16
3.1.3. Processo Spheripol ...............................................................................17
3.2. Contrao.....................................................................................................19
3.3. Expanso Trmica .......................................................................................20
4. Procedimento Experimental................................................................................24
4.1. Materiais Utilizados ......................................................................................24
4.2. Preparao das Amostras............................................................................25
4.3. Caracterizao das Amostras ......................................................................27
4.3.1. ndice de Fluidez IF ............................................................................27
4.3.2. Viscosidade Intrnseca...........................................................................28
4.3.3. Contrao em Placa ..............................................................................28
4.3.4. Anlise Termomecnica - TMA .............................................................28
4.3.5. Microscopia Eletrnica de Varredura - MEV..........................................30
5. Resultados..........................................................................................................31
6. Concluses .........................................................................................................41
7. Sugestes para Futuros Trabalhos ....................................................................42
8. Referncias Bibliogrficas ..................................................................................43
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Desenho esquemtico do mecanismo de ligao dos termoplsticos.......10


Figura 2: Estreo-isomeria do Polipropileno. ............................................................14
Figura 3: Polimerizao do Propeno. ........................................................................15
Figura 4: Representao da estrutura molecular do PP homopolmero. ..................15
Figura 5: Representao da estrutura molecular do PP copolmero randmico.......16
Figura 6: Representao da estrutura molecular do PP copolmero heterofsico. ...16
Figura 7: Diagrama Simplificado do processo Spheripol...........................................17
Figura 8: Parmetros de processo e de projeto que levam ao aumento da contrao.
..................................................................................................................................20
Figura 9: Coeficiente de expanso trmico linear de diferentes materiais [2]...........21
Figura 10: Definio das direes: DF para direo do fluxo, DT para direo
transversal ao fluxo e DN para direo normal ao fluxo............................................22
Figura 11: Desenho esquemtico dos cortes realizados nos corpos de prova para
anlise. (a) Corte no sentido longitudinal; (b) Corte no sentido volumtrico. ............26
Figura 12: Representao feita no Solid Works do molde de placa do tipo D2. .......27
Figura 13: Esquema de um analisador termomecnico. ...........................................29
Figura 14: Grfico comparativo entre DN e DF na faixa de temperatura de -30 a
80C. .........................................................................................................................32
Figura 15: Grfico comparativo entre DN e DF na faixa de temperatura de -30 a
150C. .......................................................................................................................32
Figura 16: Contrao nas direes DM e DT para cada amostra. ............................34
Figura 17: Comparativo entre a contrao mdia e o teor de eteno de cada amostra.
..................................................................................................................................34
Figura 18: Comparativo entre a contrao mdia e o ndice de fluidez de cada
amostra. ....................................................................................................................35
Figura 19: Micrografia da Amostra A, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................36
Figura 20: Micrografia da Amostra B, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................36
Figura 21: Micrografia da Amostra C, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................37

5
Figura 22: Micrografia da Amostra D, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................38
Figura 23: Micrografia da Amostra E, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................39
Figura 24: Micrografia da Amostra F, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................39
Figura 25: Micrografia da Amostra G, com ampliao de 5000 x: a) do centro do
corpo de prova; b) entre a borda e o centro; c) na borda..........................................40

6
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Temperatura de massa estipulada conforme IF da resina........................25


Tabela 2: Valores de CETL obtidos para uma varredura de -30 a 80C...................31
Tabela 3: Valores de CETL obtidos para uma varredura de -30 a 150C.................31
Tabela 4: Resultados das anlises realizadas para avaliao da contrao. ...........33
Tabela 5: Limites de classificao das faixas de viscosidade intrnseca. .................33

7
1. Introduo

Devido s suas caractersticas de processamento, propriedades mecnicas e


boa relao custo benefcio, o polipropileno, seus copolmeros (presena de uma
fase elastomrica) e compsitos (incorporao de reforos) tm apresentado uma
crescente utilizao no mercado em substituio a materiais convencionais, como
aos e outros metais. Por estas razes, eles vm sendo largamente utilizados como
artigos na indstria automotiva, de bens de consumo, de aparelhos eltricos, filmes,
entre outras aplicaes.
Em algumas dessas aplicaes, o PP-i fica sujeito a condies severas de
temperatura que podem alcanar 50C, como o caso de um pra-choque, ou
150C em um sistema de ventilao de um motor. J em outras aplicaes, como
o caso de algumas embalagens para alimentos, o PP pode ser usado em
temperaturas negativas. A amplitude trmica qual ele exposto pode acarretar em
variao dimensional, podendo inclusive produzir um gap entre peas feitas de
materiais diferentes, como um metal e um polmero. Isso ocorre pois o PP possui
um elevado coeficiente de expanso trmica quando comparado a metais e outros
polmeros amorfos, uma caracterstica indesejada nestas aplicaes.
H tambm que se considerar a contrao na moldagem, que uma
propriedade relevante na obteno de artigos plsticos por injeo, pois afeta a
preciso dimensional das peas. Algumas estratgias, como a incorporao de
cargas, contribuem fortemente para o controle dessas propriedades, porm geram
problemas nos processos de reciclagem do material. Logo, so realizados estudos
em resinas livres de cargas com o intuito de viabilizar maneiras para restringir ou
minimizar sua contrao e expanso trmica. Assim, procura-se entender a
correlao entre a estrutura morfolgica dos copolmeros de PP-i e as suas
propriedades, como a contrao trmica ps-injeo e o coeficiente de expanso
trmico linear (CETL).

8
2. Objetivo

Este trabalho teve como principal objetivo obter copolmeros heterofsicos de


PP-i/EPR para aplicaes que necessitem boa resistncia ao impacto, aliada
estabilidade trmica. Foram avaliados coeficientes de expanso trmico linear em
corpos de prova extrados de diferentes direes de um artigo injetado, sendo estas
estabelecidas de acordo com o fluxo de injeo. Tambm foi estudada a variao da
contrao ps-injeo para diferentes amostras de copolmeros PP-i/EPR.

9
3. Reviso Bibliogrfica

3.1. Polipropileno

O polipropileno (PP) uma resina termoplstica produzida a partir do


propeno. Ele uma poliolefina, ou seja, um polmero produzido atravs de um
hidrocarboneto que contm pelo menos uma ligao dupla entre carbonos.
No polipropileno, as ligaes intermoleculares que unem suas
macromolculas so fracas (Figura 1), do tipo Van der Waals. Como conseqncia,
funde no aquecimento e solidifica por resfriamento, em um processo reversvel.

Figura 1: Desenho esquemtico do mecanismo de ligao dos termoplsticos.

O mercado mundial para o PP vem crescendo fortemente nas ltimas


dcadas devido ao fato dele apresentar um baixo custo e possuir propriedades
adequadas aos mais variados produtos, tais como baixa densidade, bom equilbrio
entre suas propriedades trmicas, qumicas e eltricas, com uma resistncia
mecnica moderada, que pode ser aumentada pela incorporao de cargas. Alm
disso, no prejudica o meio ambiente, durante seu processamento, uso e estgios
de reciclagem.

3.1.1. Propriedades do Polipropileno

As propriedades moleculares bsicas que determinam as caractersticas do


PP so as seguintes:
Massa Molar e Distribuio da Massa Molar;

10
Cristalinidade;
Estereoespecificidade.

3.1.1.1. Massa molar e distribuio da massa molar

Quando os polmeros esto no seu estado fundido, as cadeias moleculares


adquirem uma forma irregular, com entrelaamento de suas cadeias. Quanto maior
for a massa molar de uma molcula, maior ser o nmero de molculas vizinhas
com que ela se entrelaa. Em virtude disso, uma alta massa molar produz uma
elevada viscosidade no estado fundido e, conseqentemente, uma elevada
tenacidade no estado slido.
Normalmente, a massa molar do PP estimada atravs da medida de
viscosidade. Na prtica, o modo mais simples de determinar a viscosidade atravs
do ndice de fluidez (ou MFR Melt Flow Rate) do fundido [1], sendo este
inversamente proporcional massa molar para um determinado polmero. Algumas
tcnicas mais sofisticadas, como cromatografia de permeao por gel (GPC),
tambm so utilizadas para medio do massa molar.
Assim como todos os termoplsticos, o polipropileno apresenta um grau
mdio de polimerizao, apresentando macromolculas de diferentes tamanhos.
Este parmetro tambm pode ser representado e avaliado atravs do ndice de
fluidez, que expressa facilidade do material fluir durante o processamento.
A influncia da massa molar nas propriedades do PP geralmente o oposto
do esperado para a grande maioria dos polmeros conhecidos. Embora uma
elevao da massa molar do polmero conduza a um aumento da viscosidade e da
resistncia ao impacto, como ocorre com a maioria dos materiais polimricos, ela
tambm leva a uma menor resistncia ao alongamento, menor dureza, menor
rigidez e menor temperatura de amolecimento
Durante a polimerizao, o comprimento da cadeia determinado por
eventos aleatrios, sendo que h formao de macromolculas de diversos
tamanhos ao longo da reao. Por isso, possvel obter apenas um indicativo de
grau de polimerizao ou da massa molar mdia.
A distribuio de massa molar (DMM) resultante poder ser avaliada
estatisticamente atravs de uma curva de distribuio, podendo ser classificada
como estreita ou larga. De uma maneira geral, na distribuio estreita as

11
macromolculas possuem em sua maioria os tamanhos, ou massas molares
similares, enquanto que a larga composta por macromolculas de diferentes
tamanhos ou massas molares.
A DMM pode ser determinada por cromatografia de permeao por gel (GPC)
ou por interpretao de dados reolgicos.

3.1.1.2. Cristalinidade

Alm da massa molar e de sua distribuio, a estrutura macromolecular dos


materiais um fator relevante que afeta suas propriedades. Para que no exista
apenas uma estrutura onde as cadeias esto entrelaadas aleatoriamente
essencial que exista um grau de organizao das macromolculas, no qual ser
possvel que os segmentos assumam conformaes que favoream a formao de
estruturas repetidas regularmente.
Os polmeros podem existir em estado amorfo ou cristalino, sendo que na
grande maioria dos casos as estruturas apresentam as duas formas
simultaneamente. Na estrutura amorfa, tem-se uma disposio desorganizada das
molculas e na cristalina, tem-se estruturas que apresentam uma ordenao
tridimensional.
Pode-se ento definir a cristalinidade como um arranjo organizado da
matria, com regularidade nas repeties dos grupos atmicos ou moleculares. Para
os polmeros, a cristalinidade influenciada principalmente pelos seguintes fatores:
Massa molar;
Presena de uma segunda fase (ou molcula);
Estrutura qumica;
Condies de processamento.

Para todos os fatores listados, sempre que h aumento da ordem ou


regularidade da molcula, facilita-se o empacotamento e conseqentemente a
formao de cristalitos e o aumento da cristalinidade [2].

12
3.1.1.3. Estereoespecifidade

A posio espacial do grupo metila (-CH3) existente em cada segundo tomo


de carbono da molcula de polipropileno pode ser distinta ao longo da cadeia do
polipropileno. Quando todos os grupos metila esto situados do mesmo lado da
cadeia molecular, o polipropileno denominado isottico. Sua estrutura uniforme
favorece a formao de zonas cristalinas, cuja proporo oscila entre 60 e 70%.
Atualmente, do ponto de vista comercial, o PP isottico (PP-i) o mais relevante em
termos de utilizao no mundo.
O polipropileno sindiottico possui grupos metila ordenados alternadamente
no espao e, em relao ao PP isottico, possui aproximadamente 20% menos
zonas cristalinas. Por essa razo, ele um material mais flexvel, com menor
temperatura de fuso e menor densidade, possuindo assim uma menor resistncia
ao impacto.
No polipropileno attico, os grupos metila esto em uma sucesso
desordenada, anulando a capacidade de cristalizao, gerando um material amorfo
com propriedades mecnicas deficientes. Este PP encontra aplicao comercial
apenas como adesivos. Em geral, em qualquer processo de polimerizao, sempre
gerada uma pequena quantidades de estrutura attica.
Abaixo (Figura 2), pode-se ver a representao esquemtica das diferentes
estruturas do PP.

13
Figura 2: Estreo-isomeria do Polipropileno.

3.1.2. Tipos de Polipropileno

A polimerizao do propeno foi descoberta pelo italiano Giulio Natta, em


1954. Atravs do emprego de catalisadores seletivos (formados por uma substncia
organometlica com um metal de transio), denominados Ziegler-Natta, obteve-se
o primeiro polmero cristalino formado pelo encadeamento ordenado das molculas
de propeno. Na reao de polimerizao (Figura 3), milhares de molculas de
propeno se unem sequencialmente formando as cadeias polimricas.

14
Figura 3: Polimerizao do Propeno.

Utilizando como parmetro os monmeros encontrados na cadeia [3][4], o


polipropileno pode ser classificado em homopolmero, copolmero randmico ou
aleatrio e copolmero heterofsico. Cada tipo possui caractersticas intrnsecas que
vo definir suas propriedades.

3.1.2.1. Homopolmero

O polipropileno homopolmero contm apenas o monmero (propeno) ao


longo de sua cadeia molecular (Figura 4). Ele apresenta uma estrutura de elevada
cristalinidade, o que proporciona elevada rigidez e dureza alm de possuir melhor
resistncia a altas temperaturas do que os copolmeros. Entretanto, para utilizaes
em baixas temperaturas, suas propriedades so limitadas. Possui utilizao em
variados processos de transformao, como injeo, extruso e termoformagem,
que resultam em produtos para as mais variadas aplicaes.

Figura 4: Representao da estrutura molecular do PP homopolmero.

3.1.2.2. Copolmero Randmico

O polipropileno copolmero randmico (Figura 5) produzido pela adio de


um comonmero (geralmente eteno) aleatoriamente durante a reao de
polimerizao. Deste modo, o eteno substitui parcialmente o propeno na cadeia
polimrica.

15
Figura 5: Representao da estrutura molecular do PP copolmero randmico.

A presena do comonmero diminui a tendncia cristalizao, o que resulta


em um incremento da resistncia ao impacto, maior resistncia ao dobramento e
aumento da transparncia do material. Devido baixa cristalinidade, ele tambm
possui menor densidade e temperatura de fuso mais baixa.

3.1.2.3. Copolmero Heterofsico ou em Bloco

O polipropileno copolmero heterofsico polimerizado com eteno e seu teor


superior ao dos copolmeros randmicos. Este copolmero consiste em uma
matriz de PP homopolmero ou copolmero randmico na qual se encontra disperso
um copolmero de etileno-propileno (EPR Ethylene Propylene Rubber) (Figura 6)
com caractersticas elastomricas, que o diferenciam do copolmero randmico.

Figura 6: Representao da estrutura molecular do PP copolmero heterofsico.

Como resultado dessas caractersticas, o copolmero heterofsico muito


mais resistente do que o homopolmero, podendo alcanar alto impacto mesmo a
baixas temperaturas, porm com perda de transparncia e diminuio do ponto de
amolecimento.
utilizado em aplicaes semelhantes as dos polipropilenos modificados
com elastmeros, as quais necessitam de elevada resistncia ao impacto, em
especial a baixas temperaturas. A resistncia ao impacto depender do tipo,
quantidade e morfologia da fase elastomrica, enquanto a rigidez determinada
pela matriz de polipropileno.

16
3.1.3. Processo Spheripol

O processo Spheripol [5] , atualmente, o mais utilizado na produo


industrial de polipropileno e de seus copolmeros, envolvendo polimerizao do tipo
em massa (bulk polymerization), em meio lquido, e copolimerizao em leito
fluidizado. Ele utiliza catalisadores de alta seletividade, de alto rendimento e de
morfologia controlada, os quais so capazes de produzir esferas de polmero
diretamente nos reatores. O processo composto por dois reatores tipo loop em
srie e um reator tipo fase gs tambm em srie, como pode ser visto na Figura 7.

Figura 7: Diagrama Simplificado do processo Spheripol.

Dentre as vantagens do processo Spheripol frente aos demais processos,


pode-se citar:
possibilidade de operao com alta concentrao de monmero, em funo
deste se encontrar em fase lquida, gerando alta taxa de polimerizao;
reduo tanto do consumo de matrias-primas quanto das emisses
provenientes do processo, devido principalmente ao elevado rendimento do
sistema reacional, ausncia da etapa de recuperao de solvente,
recuperao e posterior reciclo dos monmeros no reagidos e inexistncia
de produtos indesejados provenientes da reao;

17
operao em condies brandas de temperatura e presso;
elevada taxa de transferncia de calor provocada pela alta velocidade da
mistura reacional e pela boa relao volume/rea do reator;
possibilidade de operao com alta concentrao de polmero, podendo
chegar a at 60% em massa.

O processo de polimerizao inicia-se com a mistura dos componentes do


sistema cataltico em um vaso de pr-contato e posterior pr-polimerizao para sua
ativao. Ambas as operaes so necessrias para se alcanar um desempenho
superior do catalisador em termos de rendimento, taticidade e para se obter um
polmero com morfologia adequada.
Depois disso, a descarga do vaso de pr-polimerizao para o primeiro reator
de polimerizao (loop) executada por diferena de presso. Do primeiro reator
loop, o polmero suspenso em propeno lquido (monmero) transferido ao segundo
reator loop, em um processo contnuo. Uma mistura de propeno fresco e propeno
reciclado, provenientes do vaso de estocagem, dividida em dois fluxos controlados
separadamente, alimentando o primeiro e o segundo reator loop. Em cada fluxo de
propeno adicionado hidrognio na proporo necessria para se obter o ndice de
fluidez desejado.
Em seguida, as partculas de polmero suspensas em propeno lquido, e na
presena de propano e hidrognio, so descarregadas do segundo reator e
conduzidas para um ciclone por meio de uma linha aquecida, onde ocorre a
vaporizao (flash) dos monmeros no reagidos por aquecimento e subseqente
queda de presso. Nesse ciclone, o propeno vapor ento separado para ser
recuperado e a fase mais densa (polmero e propeno no evaporado) conduzida
para o sistema de desativao e secagem, em caso de campanhas de
homopolmero ou copolmero randmico, ou para o primeiro reator fase gs, em
campanhas para produo de copolmeros heterofsicos.
Os copolmeros heterofsicos possuem um teor elevado de comonmero
(mais comumente eteno) e so conhecidos como materiais altamente resistentes ao
impacto temperatura ambiente ou inferior, pela presena de uma fase borracha.
Como j comentado, sua produo ocorre atravs de um reator fase gs (leito
fluidizado) que opera em srie com os reatores loop. As partculas do polmero so

18
mantidas em suspenso no reator em um nvel que propicie a coliso constante das
partculas do polmero e tambm entre essas partculas e as paredes do reator.
Nesse reator ocorre a formao de uma segunda fase amorfa no interior da
matriz polimrica produzida no primeiro estgio da reao. Essa fase amorfa de
copolmero eteno-propeno possui caracterstica borrachosa e conhecida como
EPR (Ethylene-propylene Rubber). A partir deste ponto, o polmero est pronto para
ser armazenado na forma de esferas ou extrudado para formar os pellets, que a
forma usual de comercializao do polipropileno.

3.2. Contrao

Entende-se por contrao, ou encolhimento, a diferena resultante entre as


dimenses finais da pea injetada (aps alcanar o equilbrio trmico em
temperatura ambiente) e as dimenses da cavidade interna do molde onde a pea
foi injetada [6].
A contrao uma propriedade inerente ao processo de injeo e ocorre
porque a densidade do polmero nas condies de temperatura e presso durante o
processamento diferente da densidade nas condies normais em que as peas
permanecem aps a injeo. uma propriedade importante [7], pois afeta a
preciso dimensional das peas e, no caso do PP, so esperados valores de
contrao entre 0,8% e 2,5%.
Deve-se distinguir entre contrao absoluta (chamada contrao do volume)
e contrao direcional. A primeira resulta de uma diminuio em todas as
dimenses do produto de acordo com o coeficiente de contrao de cada material
plstico. Ela depende da densidade e da taxa de fluidez, dos parmetros de
processamento e da espessura da pea. J a segunda, refere-se diferena entre a
contrao linear na direo do fluxo e a contrao linear transversal a esta direo,
sendo causada pela orientao das macromolculas devido ao fluxo do material
fundido quando entra no molde, sendo maior neste sentido.
A cristalizao dos polmeros dificultada por ramificaes, portanto quanto
menor o grau de ramificaes, maior ser a cristalinidade do material, e por
consequncia, maior a densidade e a rigidez. Materiais cristalinos e semicristalinos
tendem a contrair mais do que materiais amorfos, pois quando resfriados abaixo da
sua temperatura de fuso, as molculas se organizam mais ordenadamente

19
formando cristais. Por outro lado, os materiais amorfos no sofrem alterao na sua
microestrutura quando passam do estado lquido para o slido.
O aumento da densidade, da massa molar, bem como altas temperaturas de
fuso, pode levar a uma contrao alm dos limites aceitveis. Alm disso,
condies inadequadas de processamento, tais como presso de injeo ou de
recalque baixas, pouco tempo de recalque ou de refrigerao, temperatura de
injeo e do molde altas, tambm podem contribuir para o aumento da contrao. A
influncia das condies de processamento sobre a contrao das peas pode ser
observada na Figura 8.

Figura 8: Parmetros de processo e de projeto que levam ao aumento da contrao.

3.3. Expanso Trmica

Alteraes dimensionais observadas nos polmeros devido a mudanas de


temperatura so estimadas atravs da expanso trmica. Esta propriedade mede o
volume adicional requerido pelo polmero para acomodar os tomos e molculas
que comeam a vibrar mais rpido e com maior amplitude devido ao aumento de
temperatura 43[6]. A expanso trmica de grande importncia para uma srie de
aplicaes, visto que gradientes de temperatura em um mesmo material ou
diferena de coeficientes de expanso trmica em materiais diferentes podem gerar
tenses e distores em componentes e peas.
Esta propriedade avaliada pelo coeficiente de expanso trmica linear
(CETL), que representado pelo alongamento relativo da pea por unidade de

20
temperatura [8]. O CETL uma propriedade intrnseca e especfica para cada tipo
de material. Existe uma boa correlao entre o CETL e a energia de ligao, e em
geral materiais que possuem ligaes qumicas mais fortes possuem menor CETL,
sendo o inverso dos materiais polimricos que possuem ligaes fracas entre suas
cadeias e, portanto, um elevado valor desta propriedade.
Atravs da Figura 9, pode-se observar o valor de CETL de diferentes
materiais [9], destacando os materiais polimricos, que possuem os maiores
valores. Este comportamento pode ser explicado pela elevada mobilidade dos
segmentos macromoleculares, que mais significativa que nos casos de ligaes
metlicas e inicas.
400
375
CETL (um/c)

350
325
300
275
250
225
200
175
150
125
100
75
50
25
0
o

o
io

no
re

te

os

os

er

s
nc

en
et

to
n

an
A

ob

st

ile
dr

er
cr
Zi
m

til

si
li
m
C

Vi

p
on

p
lu

le
ia

ro
Po
t

Po
A

om
lip
as

Po
El

Figura 9: Coeficiente de expanso trmico linear de diferentes materiais.

O CETL expresso em m/C e pode ser calculado atravs da equao


abaixo [10][11]:

Lsp k
m =
L T

21
Onde:
ref Lref Tref
k= 1 (ISO 11359) ou k = (ASTM E831),
Lref
= coeficiente linear de expanso trmico (m/C).
Lsp = variao do comprimento da amostra (m)
k = coeficiente de calibrao,
L = comprimento da amostra na temperatura ambiente (m).
T = variao de temperatura.

Segundo a literatura [12][13][14][15], a alternativa convencional para reduo


da expanso trmica a adio de um segundo componente (como cargas
inorgnicas), que diminuem a expanso volumtrica atravs do mecanismo de
restrio mecnica. Entretanto alm da desvantagem de um acrscimo no peso final
das peas devido ao aumento de densidade, essas cargas dificultam a reciclagem
do polmero ou sua recuperao energtica por combusto.
Uma das estratgias [13] para controle da expanso trmica que vem sendo
estudadas e documentadas por pesquisadores a adio de borracha a um
material plstico. Apesar de geralmente os elastmeros apresentarem valores altos
de CETL comparados com materiais polimricos, foi observado que o valor dessa
propriedade pode mudar com o controle da morfologia da mistura final.
Quando as fases da borracha e do plstico so ajustadas de modo a se
sobreporem e se organizarem numa estrutura lamelar [14], a expanso trmica na
direo transversal (DT definida na Figura 10) e na direo de fluxo (DF)
minimizada, sendo favorecida na direo normal (DN) devido orientao
preferencial das molculas no sentido de fluxo.

Figura 10: Definio das direes: DF para direo do fluxo, DT para direo transversal ao fluxo e
DN para direo normal ao fluxo.

22
Considerando as diversas aplicaes, o ideal que o CETL seja menor na
direo DF, pois isso acarretar menores variaes no sentido de comprimento e
largura das peas, no gerando problemas dimensionais.

23
4. Procedimento Experimental

4.1. Materiais Utilizados

Para a avaliao de diferenas nos valores de CETL conforme direes de


extrao do corpo de prova foram escolhidas aleatoriamente quatro amostras
diferentes de copolmeros heterofsicos, sendo que as propriedades de cada um
eram irrelevantes neste momento, tendo apenas como objetivo a avaliao dos
valores de CETL. Elas foram nomeadas conforme segue:
 HECO A
 HECO B
 HECO C
 HECO D

Para a contrao trmica, foram selecionadas sete amostras diferentes de


copolmeros heterofsicos, e estas foram identificadas em ordem crescente de teor
de eteno, identificadas abaixo junto com seus respectivos ndices de fluidez:
 HECO E 5,7 g/10 min
 HECO F 49 g/10 min
 HECO G 13 g/10 min
 HECO H 10 g/10 min
 HECO I 19 g/10 min
 HECO J 11 g/10 min
 HECO K 7,3 g/10 min

Essas amostras foram escolhidas de modo a entender a influncia de


algumas propriedades na contrao, sendo necessria a escolha de copolmeros
heterofsicos que apresentassem diferentes valores das propriedades em estudo.
As amostras foram injetadas de acordo com as condies fixadas pela norma
ASTM D4101, sendo que as temperaturas de massa variam conforme o ndice de
fluidez de cada amostra, conforme mostra Tabela 1 retirada da norma citada.

24
Tabela 1: Temperatura de massa estipulada conforme IF da resina.

ndice de Fluidez (g/10 min) Temperatura (C)


1,0 - 1,5 250
1,6 - 2,5 240
2,6 - 4,0 230
4,1 - 6,5 220
6,6 - 10,5 210
10,6 - 17,5 200
17,6 - 30,0 190

4.2. Preparao das Amostras

Foram obtidos corpos de prova do tipo gravata para a avaliao do CETL e


tambm do tipo placa de 2 mm de espessura para avaliao da contrao. A
temperatura de molde foi de 60 3C, sendo realizadas medidas de temperatura em
cada cavidade do molde para controle. O colcho foi mantido mnimo, entre 5 e 10
mm, para minimizar o acmulo de tenses proveniente de variaes de temperatura
durante o processamento e resfriamento. O tempo total de ciclo foi de 45 s, sendo
este dividido em 20 s de injeo, 20 s de resfriamento e 5 s para a abertura do
molde. A contrapresso foi fixada em 0,7 MPa. A presso de injeo e a velocidade
de injeo foram estabelecidas de modo a produzir peas de mesma massa, sendo
essas variveis ajustadas durante o processo conforme as caractersticas do
material.
De modo a verificar os valores de CETL nos diferentes sentidos de fluxo,
pequenos corpos de prova, no sentido longitudinal e volumtrico, foram obtidos das
gravatas, conforme as especificaes das normas ASTM E831 e ISO 11359,
garantindo sempre que as superfcies da amostra fossem as mais planas possveis,
de modo a evitar alteraes nas medidas. Conforme mostra a Figura 11, no sentido
volumtrico foram obtidos cilindros de 3 mm de altura e 5 mm de raio, atravs de um
furador hidrulico, e no sentido longitudinal (sentido de fluxo), foram obtidos
poliedros com o auxlio de um micrtomo.

25
Figura 11: Desenho esquemtico dos cortes realizados nos corpos de prova para anlise. (a) Corte no
sentido longitudinal; (b) Corte no sentido volumtrico.

Posteriormente, as amostras foram colocadas em uma estufa a 100C


durante 2 h para relaxamento das tenses provenientes do corte e obteno dos
corpos de prova. Em seguida, foram retiradas da estufa, e colocadas durante 24 h
em um dessecador para garantir que no ocorressem alteraes em suas
dimenses devido umidade.
Depois da climatizao, as amostras foram colocadas em um analisador
termomecnico, calibrado com uma referncia de alumnio, onde foi realizada uma
varredura de -50C a 150C. Para se chegar temperatura inicial, foi acoplado
nitrognio lquido e, quando se atinge -50, a anlise iniciada. Obviamente, o limite
mximo do mtodo deve estar abaixo da temperatura de fuso do material.
Para a avaliao da contrao e da influncia de algumas caractersticas dos
copolmeros heterofsicos nessa propriedade, foram injetadas placas de 60 x 60
mm, em um molde de duas cavidades, conforme mostra a Figura 12. Tambm
foram realizadas anlises em laboratrio das propriedades relevantes para o estudo
utilizando os pellets de cada amostra. As superfcies dos corpos de prova devem
estar livres de rebarbas e no apresentar imperfeies. As amostras devem ser
condicionadas por um perodo 24 h temperatura de 23 2C e umidade relativa de
50 5%, anteriormente s medies.

26
Figura 12: Representao feita no Solid Works do molde de placa do tipo D2.

Sabe-se que a contrao afetada por condio de processamento e o


estudo no tinha como objetivo avaliar a influncia dessa varivel. Logo, todos os
corpos de prova foram injetados em um mesmo dia e nas mesmas condies para
garantir que as respostas das anlises fossem apenas consequncia de sua
composio e/ou microestrutura.

4.3. Caracterizao das Amostras

Para as quatro amostras relativas avaliao do CETL, foram realizadas


medidas nas direes DN (direo normal ao fluxo) e DF (direo de fluxo), atravs
da tcnica de anlise termomecnica. Para avaliao da contrao, foram
realizadas em todas as amostras medidas do ndices de fluidez e da viscosidade
intrnseca, alm da observao por MEV das estruturas de cada amostra.

4.3.1. ndice de Fluidez IF

O ndice de Fluidez (IF) definido como a taxa de fluxo mssico do polmero


atravs de um capilar especfico em condies controladas de temperatura e
presso, sendo determinado atravs de medidas da massa do termoplstico fundido
que escoa pelo capilar em um determinado intervalo de tempo. Este mtodo de
ensaio particularmente utilizado para indicar a uniformidade da taxa de fluxo do

27
polmero em um processo, sendo por isto um indicativo de outras propriedades.
Embora com ressalvas, o IF serve tambm como uma medida indireta da massa
molecular e da processabilidade do polmero.
O equipamento utilizado para a realizao dos testes foi um Plastmetro
Ceast, com jogo de pesos para cargas de 2,16 kg, 5 kg e 21,6 kg, podendo ser o
mtodo tanto automtico quanto manual. A anlise foi realizada de acordo com a
norma ASTM D1238.

4.3.2. Viscosidade Intrnseca

Medidas de viscosidade de solues diludas de polmeros so importantes


para a caracterizao das macromolculas. Entre as vrias definies de
viscosidade, a viscosidade intrnseca (VI) das mais teis por ser diretamente
proporcional massa molar. Esta de fato a tcnica mais empregada para a
determinao da massa molar e se baseia na determinao do tempo de
escoamento do solvente puro e de uma soluo diluda de polmero em um
viscosmetro capilar. Esses dados, em conjunto com a concentrao da soluo e
as constantes do viscosmetro, possibilitam o clculo da viscosidade intrnseca do
polmero. O equipamento utilizado para a realizao das anlises foi um
viscosmetro do tipo Ubblelohd, com sistema LAUDA.

4.3.3. Contrao em Placa

O princpio desta anlise comparar as dimenses da cavidade do molde e


as dimenses finais do corpo de prova injetado aps sua climatizao adequada.
Para esta avaliao foram utilizados corpos de prova no formato placa obtidos
atravs da moldagem por injeo (conforme ASTM D 955). A medio dos moldes e
dos corpos de prova pode ser feita com um paqumetro ou outro equipamento de
medio adequado e devidamente calibrado (preciso de 0,025 mm).

4.3.4. Anlise Termomecnica - TMA

A anlise termomecnica uma tcnica na qual as deformaes de uma


amostra, sob ao de uma carga constante, so medidas em funo do tempo para

28
uma temperatura constante, ou em funo da temperatura quando o material
submetido a um programa controlado de temperatura.
A Figura 13 apresenta o esquema de um analisador termomecnico. O
sensor aplicado um transformador diferencial varivel linear (LVDT), que
posicionado no eixo de deslocamento do aparelho e detecta o quanto este eixo se
desloca durante a anlise.

Figura 13: Esquema de um analisador termomecnico.

Este ensaio propicia medidas precisas de temperatura, que so


relacionadas com as propriedades viscoelsticas do material, sendo possvel medir
alteraes dimensionais ou avaliar o comportamento viscoelstico de algum material
em funo da temperatura e do tempo. Ensaios no modo de expanso fornecem
dados relativos ao coeficiente de expanso trmica linear e identificam transies
pela mudana destes coeficientes, ou seja, alteraes na inclinao das curvas de
expanso. Atravs dessas curvas, que so chamadas de curvas de TMA, e das
equaes anteriormente citadas, pode-se obter as informaes necessrias para o
clculo do CETL.
O equipamento utilizado para a realizao das anlises foi um analisador
termomecnico fabricado pela TA Instruments, modelo 2950, com sistema de
resfriamento para utilizao de nitrognio lquido acoplado. O procedimento de
anlise e obteno dos resultados foi realizado de acordo com as normas ASTM
E831 e ISO 11359.

29
4.3.5. Microscopia Eletrnica de Varredura - MEV

Com o intuito de observar a microestrutura das amostras, foram realizadas


anlises em um microscpio eletrnico de varredura (MEV), empregando detector
de eltrons secundrios (SE).
A fim de no danificar a morfologia dos domnios de borracha existentes, as
amostras foram polidas em um micrtomo, depois de realizada fratura criognica em
nitrognio lquido. Aps isso, foram imersas em hexano aquecido ( 70C) durante
40 - 45 min para solubilizao da fase amorfa, possibilitando assim a observao
dos domnios da borracha. Por fim, a amostra foi metalizada com ouro para viabilizar
a anlise por MEV.
As amostras foram analisadas em um Microscpio Eletrnico de Varredura da
marca Phiilips, modelo XL 20 empregando ampliaes de 1000, 3000 e 5000 em
trs regies distintas:
centro do corpo de prova;
entre o centro e a borda do corpo de prova;
prximo da borda do corpo de prova.

30
5. Resultados

Os resultados das medidas de CETL nos sentidos DN e DF obtidos para cada


amostra encontram-se nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2: Valores de CETL obtidos para uma varredura de -30 a 80C.

- DN (um/C) - DF (um/C)
HECO A 182 189 135 126
HECO B 186 196 135 130
HECO C 258 238 117 104
HECO D 209 206 136 150

Tabela 3: Valores de CETL obtidos para uma varredura de -30 a 150C.

- DN (um/C) - DF (um/C)
HECO A 204 213 144 140
HECO B 215 233 181 178
HECO C 350 325 129 112
HECO D 258 250 153 171

Foi observado que para as amostras HECO A, C e D, a diferena entre DN e


DF menor quando medido apenas at 80C, sendo o HECO C a que apresenta a
maior diferena entre DN e DF em ambas as faixas de temperatura. Tambm se
pode ver que a amostra que apresenta o maior valor de DN, tambm apresenta o
menor valor de DF, sendo esta o HECO C.
Comparando os valores encontrados, pode-se perceber que para todas as
amostras, independentes da faixa de temperatura, foram obtidos valores inferiores
de CETL para o sentido de fluxo, conforme evidenciam as Figuras 14 e 15.

31
Figura 14: Grfico comparativo entre DN e DF na faixa de temperatura de -30 a 80C.

Figura 15: Grfico comparativo entre DN e DF na faixa de temperatura de -30 a 150C.

32
Os outros resultados obtidos para as demais amostras, incluindo a avaliao
da contrao, esto apresentados na Tabela 4.

Tabela 4: Resultados das anlises realizadas para avaliao da contrao.


IF (g/10 % Contrao (Placa)
Amostra Eteno DPM VI Matriz VI EPR VI epr/VI matriz
min) DM DT
HECO E 0.19 Longa 5.7 1.70 1.51 alto alto baixo

HECO F 0.41 Estreita 49 2.03 1.87 baixo baixo alto

HECO G 0.62 Longa 13 1.71 1.48 alto baixo alto

HECO H 0.62 Longa 10 1.70 1.58 alto baixo baixo

HECO I 0.79 Estreita 19 1.56 1.48 baixo baixo baixo

HECO J 0.94 Estreita 11 1.49 1.11 baixo baixo baixo

HECO K 1.00 Estreita 7.3 1.72 1.58 alto alto alto

Por motivos de propriedade intelectual, o teor de eteno foi normalizado,


sendo que a amostra que apresenta o valor mximo foi identificada como uma
unidade, e as demais foram identificadas como uma frao desta quantidade
mxima. Os valores de viscosidade so apresentados como Alto ou Baixo, sendo
que as faixas aproximadas em que se encaixam estes valores esto listadas na
Tabela 5.

Tabela 5: Limites de classificao das faixas de viscosidade intrnseca.

VI Matriz (dL/g) VI EPR (dL/g) VIEPR/VImatriz


Baixo 0,4 1,4 1,0 3,1 0,7 - 1,6
Alto 1,5 4,0 3,2 4,5 1,7 4,0

Atravs dos resultados encontrados, nota-se que os menores valores de


contrao foram obtidos para HECO J, destacando tambm que ela se encontra na
faixa de razo das viscosidades dentro do limite classificado como Baixo. Os
maiores valores de contrao foram da Amostra B, sendo esta classificada como
Alto em relao s viscosidades (Figura 16).

33
Figura 16: Contrao nas direes DM e DT para cada amostra.

Na Figura 17, possvel visualizar que HECO J apresenta um alto teor de


eteno. Constata-se tambm que HECO F apresentou o maior valor de ndice de
fluidez (Figura 18) combinado a um baixo teor de eteno, sendo o segundo menor em
comparao s demais amostras.

Figura 17: Comparativo entre a contrao mdia e o teor de eteno de cada amostra.

34
Figura 18: Comparativo entre a contrao mdia e o ndice de fluidez de cada amostra.

As anlises de MEV foram realizadas com o intuito de observar a morfologia


do copolmero. Nas Figuras 19-25, pode-se observar as imagens obtidas para as
diversas amostras.
Para HECO E, verificou-se uma grande teor de fase amorfa com boa
distribuio e uniformidade, sendo que apenas algumas incluses apresentam
tamanho maior que a mdia de tamanho de tamanho dos domnios observados. Na
regio mais prxima borda verifica-se alongamento e orientao dos domnios da
EPR.

a) b)

35
c)

Figura 19: Micrografia do HECO E, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

Para HECO F, so observados domnios mais esfricos e de diferentes


tamanhos mais ao centro do corpo de prova. medida que se aproximam da borda,
os domnios de borracha comeam a apresentar deformao, ficando com formato
mais alongado e com certa orientao.

a) b)

c)

Figura 20: Micrografia do HECO F com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

36
No HECO G a matriz apresenta um bom preenchimento, com distribuio
regular e uniforme das incluses principalmente no volume do corpo de prova. Nas
proximidades da borda, verifica-se uma reduo no nmero de domnios e
modificao no formato, passando de esfrico a alongado.

a) b)

c)

Figura 21: Micrografia do HECO G, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

Para HECO H, a matriz apresenta um preenchimento uniforme, desde o


centro at a borda, com distribuio regular das incluses. Neste caso, no foi
observada uma modificao significativa no formato das incluses.

37
a) b)

c)

Figura 22: Micrografia do HECO H, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

Para o HECO I, foi observada uma quantidade elevada de domnio da fase


amorfa, de diferentes tamanhos. Na regio entre o centro e a borda verifica-se uma
tendncia de orientao, sendo este comportamento no observado mais na borda
do corpo de prova.

a) b)

38
c)

Figura 23: Micrografia do HECO I, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

Para o HECO J foi evidenciada uma matriz com preenchimento irregular, com
incluses de diferentes formatos superficiais, no tendo sido verificado nenhuma
orientao preferencial destas incluses. Nesta amostra, com elevado teor de EPR,
podem ter ocorrido problemas de extrao da fase amorfa.

a) b)

c)

Figura 24: Micrografia do HECO J, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

39
No HECO K, conforme esperado, foi verificada uma quantidade inferior de
domnios de EPR em relao s demais amostras, apresentando boa distribuio e
uniformidade, com poucas incluses de tamanho superior ao total de domnios
observados. Foi observado tambm que mais prximo borda do corpo de prova, a
quantidade de incluses menor sendo que elas permanecem no formato esfrico.

a) b)

c)

Figura 25: Micrografia do HECO K, com ampliao de 5000 x: a) do centro do corpo de prova; b) entre
a borda e o centro; c) na borda.

40
6. Concluses

Pelos resultados obtidos foi possvel confirmar que os valores de CLTE no


sentido volumtrico (DN) so sempre superiores aos obtidos no sentido longitudinal
(DF), conforme citado em artigos cientficos. Este efeito deve ser relacionado
cristalinidade do material e a sua capacidade de orientao durante o
processamento. No sentido longitudinal (paralelo ao fluxo de injeo) ocorre uma
maior orientao das molculas, o que faz com que a matriz plstica restrinja a
expanso da borracha, fazendo com que o material no sofra aumento em suas
dimenses quando sujeito a uma variao de temperatura, podendo inclusive
apresentar uma tendncia a contrair. Como o material precisa relaxar as tenses
geradas, ocorre ento um aumento na espessura do material, que o sentido onde
se tem uma baixa orientao das molculas, justificado o aumento do CLTE no
sentido volumtrico.
J para a avaliao da contrao, foi possvel observar que as caractersticas
especficas do material afetam a contrao. Foi observado que altos teores de
comonmero (no caso, eteno) levam a baixos valores de contrao, sendo esse
comportamento resultante da supresso simultnea do movimento das cadeias
amorfas do PP e da EPR. Entretanto, tambm necessrio que o material possua
uma taxa de fluidez adequada. Os resultados obtidos deixam clara a importncia de
se manter uma correlao ideal entre o teor de eteno, o ndice de fluidez e a razo
das viscosidades da fase amorfa e da matriz para o controle da contrao dos
copolmeros heterofsicos.
Na avaliao morfolgica, verificou-se que em razes de viscosidades mais
altas, as amostras apresentam uma morfologia mais alongada dos domnios da EPR
prximo superfcie do corpo de prova. Tambm cabe salientar a importncia de se
manter uma disperso adequada da EPR na matriz de PP para se obter menor
contrao no material injetado.

41
7. Sugestes para Futuros Trabalhos

Realizar simulao computacional do processo de injeo atravs do software


Mold Flow;
Avaliar as caractersticas e propriedades de produto que influenciam o CETL;
Avaliar a influncia dos parmetros de processamento na contrao;
Realizar anlise MEV em diferentes direes do corpo de prova.

42
8. Referncias Bibliogrficas

[1] ASTM D 1238-04C, Standard Test Method for Melt Flow Rates of
Thermoplastics by Extrusion Plastometer.
[2] Devesh Tripathi; Practical Guide to Polypropylene; Rapra Technology Limited,
2002.
[3] Eloisa Biasotto Mano; Introduo a Polmeros, Editora Edgard Blcher LTDA.,
2000.
[4] Canevarolo Jr, Sebastio V. - Cincia dos Polmeros - Um Texto Bsico para
Tecnlogos e Engenheiros - So Paulo: Artiber Editora, 2002.
[5] Spheripol Process and Services- Production of PP Homopolymer, random
copolymer, heterophasic impact copolymer www.basell.com. (Ultimo acesso em
02/10/2009).
[6] Eloisa Biasotto Mano; Polmeros como Materiais de Engenharia, Editora Edgard
Blcher LTDA., 2000.
[7] ASTM D 955 -00, Standard Test Method of Measuring Shrinkage from Mold
Dimensions of Thermoplastics.
[8] Turi E.; Thermal Characterization of Polymeric Materials, 1981.
[9] William D. Callister, Jr., Cincia e Engenharia dos Materiais: Uma Introduo,
LTC Editora, 2002.
[10] ASTM E 831-06, Standard Test Method for Linear Thermal Expansion of Solid
Materials by Thermomechanical Analysis.
[11] ISO 11359:1999, Thermomechanical Analysis.
[12] Ono M.; Wasshiyama J.; Nakajima K.; Nishi T.; Anisotropic thermal expansion
in polypropylene/poly(ethylene-co-octene) binary blends: influence of arrays of
elastomer domains.
[13] Wu G.; Nishida K.; Takagi K.; Rubber as additives to lower thermal expansion
coefficient of plastics: Morphology and properties.
[14] Ono M.; Nakajima K.; Nishi T.; Study on Thermal Expansion in Injection-
Molded Isotactic Polypropylene and Thermoplastic Elastomer Blends.
[15] Ono M.; Nakajima K.; Nishi T.; Filler-Less PP/Elastomer Blends with
Extremely Low Thermal Expansion.

43

Você também pode gostar