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A Trindade
nas Escrituras
Gerhard Pfandl, Ph.D.
Diretor associado do Biblical Research Institute da Associao Geral da IASD, Silver Spring, Ma-
ryland, EUA

Resumo: O presente artigo prov uma especialmente quando refletimos sobre a

investigao das evidncias bblicas que relao das trs pessoas com a divina es-
apiam a doutrina da Trindade. Vrias re- sncia [...] todas as analogias falham e nos
ferncias, tanto do Antigo quanto do Novo tornamos plenamente cnscios do fato de
Testamento, so consideradas em seus res- que a Trindade um mistrio muito alm do
pectivos contextos lingusticos hebraicos e/ nosso entendimento. a incompreensvel
ou gregos. O autor aponta, ainda, os erros glria da Divindade.3 Portanto, procede-
mais comuns na interpretao de alguns mos melhor em admitir que o homem no
desses textos. pode compreend-la e torn-la inteligvel.
inteligvel em algumas de suas relaes e
Abstract: The present article provides
modos de manifestaes, mas ininteligvel
an investigation of the biblical evidences
em sua natureza essencial.4
supporting the doctrine of the Trinity. Many
passages from both the Old and the New Precisamos conscientizar-nos de que
Testaments are considered within their podemos atingir apenas uma compreenso
original Hebrew and/or Greek linguistic parcial do que a Trindade. Ao ouvirmos
settings. The author points out also the most a Palavra de Deus, certos elementos da
common mistakes in the interpretation of Trindade se tornaro claros, enquanto ou-
some of thoses texts. tros permanecero um mistrio. As coisas
encobertas pertencem ao Senhor, nosso
Introduo Deus, porm as reveladas nos pertencem,
a ns e a nossos filhos, para sempre, para
Embora a palavra Trindade (do lat. que cumpramos todas as palavras desta lei
trinitas, tri-unidade ou tri-unicidade) (Dt 29:29).
no se encontre na Bblia (tampouco a
palavra encarnao), o ensinamento que A Trindade no Antigo Testamento
ela descreve est claramente contido nas
Escrituras. 1 Brevemente definida, a dou- Vrias passagens do Antigo Testamento
trina da Trindade compreende o conceito sugerem ou mesmo implicam que Deus
de que Deus existe eternamente como existe em mais do que uma pessoa, no
trs pessoas: Pai, Filho e Esprito Santo; necessariamente em uma Trindade, mas ao
cada pessoa plenamente Deus; e h um menos em uma relao binria.
s Deus.2
O prprio Deus um mistrio quanto (1) Gnesis 1
mais a encarnao ou a Trindade! Contudo, No relato da Criao em Gnesis 1, a pa-
embora no sejamos capazes de compre- lavra hebraica para Deus Elohim, a forma
ender logicamente os vrios aspectos da plural de Eloha. Geralmente, este plural
Trindade, precisamos tentar entender o tem sido interpretado como um plural
melhor possvel o ensino escriturstico a ela majesttico, em vez de uma pluralidade.
concernente. Todas as tentativas para expli- Todavia, G. A. F. Knight tem argumentado
car a Trindade no atingiro o seu objetivo, corretamente que tomar esta forma como
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um plural majesttico ler no antigo texto Eis que o homem se tornou como um de
hebraico um conceito moderno, desconsi- ns (Gn 3:22). E, algum tempo depois,
derando que os reis de Israel e de Jud so quando os homens comearam a construir
todos tratados no singular no texto bblico.5 a torre de Babel, disse o Senhor: Desa-
Alm disso, Knight ressalta que as palavras mos e confundamos ali a sua linguagem
hebraicas para gua e cu so ambas (Gn 11:7). Vez aps outra a pluralidade da
plurais. Os gramticos tm denominado Divindade enfatizada.
este fenmeno de plural quantitativo. A
Em sua famosa viso do trono divino,
gua pode aparecer em forma de pequenas
Isaas ouve o Senhor indagando: A quem
gotas ou grandes oceanos. Esta diversidade
enviarei, e quem h de ir por ns? (Is 6:8).
quantitativa em unidade, diz Knight, uma
Aqui vemos Deus utilizando o singular
maneira adequada de compreender o plural
e o plural na mesma sentena. Muitos
Elohim. Tambm explica por que o subs-
eruditos modernos tomam isto como uma
tantivo singular Adonai escrito como
referncia ao conclio celestial. Mas Deus
um plural.6
alguma vez convocou Suas criaturas para
Lemos em Gnesis 1:26: Tambm conselho? Em Isaas 40:13 e 14 Ele parece
disse [singular] Deus: Faamos [plu- refutar esta mesma noo. Ele no precisa
ral] o homem nossa [plural] imagem, aconselhar-Se com Suas criaturas, nem
conforme a nossa [plural] semelhana. mesmo com os seres celestiais. Portanto,
Moiss no est usando um verbo plural este plural, embora no prove a Trindade,
com Elohim, mas Deus, em sua fala, usa sugere que h uma pluralidade de seres
um verbo plural e pronomes plurais com nAquele que fala.
referncia a Si mesmo. Alguns intrpretes
crem que Deus aqui est falando aos (4) O Anjo do Senhor
anjos. No entanto, segundo as Escrituras,
os anjos no participaram da Criao. A A expresso Anjo do Senhor aparece
melhor explicao, portanto, a de que j cinqenta e oito vezes no Antigo Testa-
no primeiro captulo de Gnesis h uma mento, e o anjo de Deus, onze vezes. A
indicao de uma pluralidade de pessoas palavra hebraica malak (anjo) significa
na prpria Divindade. simplesmente mensageiro. Portanto, se
o Anjo do Senhor um mensageiro do
Senhor, ele deve ser distinto do prprio Se-
(2) Gnesis 2:24 nhor. No entanto, em vrios textos o Anjo
De acordo com Gnesis 2:24, o homem do Senhor tambm chamado Deus ou
e a mulher devem tornar-se uma s [heb. Senhor (Gn 16:7-13; Nm 22:31-38; Jz
echad] carne, uma unio de duas pessoas 2:1-4; 6:22). Os Pais da Igreja O identifica-
distintas, individuais. Em Deuteronmio vam com o Logos pr-encarnado. Eruditos
6:4, a mesma palavra empregada para modernos O tm visto como um ser que
Deus: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, representa a Deus, como o prprio Deus,
o nico [echad] Senhor. Diz Millard J. ou alguma fora externa de Deus. Eruditos
Erickson: Parece que aqui algo est sendo conservadores geralmente concordam que
afirmado acerca da natureza de Deus Ele esse mensageiro deve ser visto como
um organismo, isto , uma unidade de uma manifestao especial da existncia
partes distintas.7 Moiss poderia ter usado ou essncia do prprio Deus.8 Se isto est
a palavra yachid (somente um, singular) em correto, temos aqui outro indicador da plu-
Deuteronmio 6:4, mas o Esprito Santo ralidade de pessoas na Divindade.
preferiu que assim no fosse.
A Trindade no Novo Testamento
(3) Outros textos que expressam uma
Nas Escrituras a verdade progressi-
pluralidade
va. Quando chegamos, portanto, ao Novo
Disse Deus aps a queda do homem: Testamento, encontramos um quadro mais
 A Trindade nas Escrituras / 9

explcito da natureza trinitria de Deus. O Na mentalidade semtica ou oriental,

prprio fato de se dizer de Deus que Ele porm, eles enfatizam igualdade ou iden-
amor (1Jo 4:8) implica em que deve existir tidade de natureza. Desse modo, quando
uma pluralidade dentro da Divindade, uma as Escrituras falam do Filho de Deus,
vez que o amor s pode existir em uma elas afirmam Sua divindade.
relao entre seres diferentes.
(b) No final do Seu ministrio, Jesus
disse aos Seus discpulos que eles deveriam
(1) No Evangelho de Mateus ir e fazer discpulos de todas as naes,
(a) No batismo de Jesus encontramos os batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
trs membros da Divindade em atividade do Esprito Santo (Mt 28:19). Neste, que
ao mesmo tempo: o rito introdutrio de cada crente na religio
crist, a doutrina da Trindade claramen-
Batizado Jesus, saiu logo da gua, e eis que te ensinada. Primeiro, notamos que em
se lhe abriram os cus, e viu o Esprito de Deus nome (gr. eis to onoma) singular, no
descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma
plural (nos nomes). Ser batizado em
voz dos cus, que dizia: Este o meu Filho amado,
em quem me comprazo. (Mt 3:16-17)
nome das trs pessoas da Trindade significa
identificar-se a si prprio com tudo o que a
O relato do batismo de Jesus uma Trindade representa; confiar-se ou entregar-
notvel manifestao da doutrina da Trin- se ao Pai, ao Filho e ao Esprito Santo.10
dade ali estava Cristo em forma humana, Segundo, a unio destes trs nomes indica
visvel a todos; o Esprito Santo descendo que o Filho e o Esprito Santo so iguais
sobre Cristo em forma corprea, como uma ao Pai. Seria um tanto estranho, para no
pomba; e a voz do Pai falou do cu: Este o dizer blasfemo, unir o nome do Deus eter-
meu Filho amado, em quem me comprazo. no a um ser criado (quer tenha sido criado
Em Joo 10:30, Cristo reclama igualdade na eternidade ou em algum momento do
com o Pai, e, em Atos 5:3, o Esprito Santo tempo), e a uma fora ou poder impessoal
identificado como Deus. Portanto, difcil, nesta frmula batismal.
se no impossvel, explicar a cena do batis- Quando o Esprito Santo posto na mesma
mo de Cristo de qualquer outra forma a no expresso e no mesmo nvel que as outras duas
ser admitir que h trs pessoas na natureza pessoas, difcil evitar a concluso de que o Es-
ou essncia divina. prito Santo tambm visto como uma pessoa e
de igual posio que o Pai e o Filho.11
No batismo de Jesus, o Pai O chamou
de meu Filho amado. A filiao de Jesus,
porm, no ontolgica, mas funcional. (2) Nos escritos de Paulo
No plano da salvao, cada membro da
Paulo e os demais escritores do Novo
Trindade aceitou uma funo especfica.
Testamento geralmente usam a palavra
uma funo com a finalidade de atingir um
Deus ao se referirem ao Pai, Senhor
objetivo especfico, no uma mudana de
quando se referem ao Filho, e Esprito
essncia ou condio. Millard J. Erickson
referindo-se ao Esprito Santo. Em 1 Co-
explica isto deste modo:
rntios 12:4-6, Paulo se refere aos trs no
O Filho no Se tornou menos do que o Pai mesmo texto:
durante Sua encarnao terrestre, mas subordinou-
Se funcionalmente vontade do Pai. Igualmente, o Ora, os dons so diversos, mas o Esprito o
Esprito Santo est agora subordinado ao ministrio mesmo. E tambm h diversidade nos servios,
do Filho (veja Joo 14-16), bem como vontade do mas o Senhor o mesmo. E h diversidade de
Pai, mas isto no implica em que Ele menos do realizaes, mas o mesmo Deus quem opera
que so Eles.9 tudo em todos.

Os termos Pai e Filho, no pensa- Semelhantemente, em 2 Corntios

mento ocidental, trazem consigo as idias 13:13, ele enumera as trs pessoas da
de origem, dependncia e subordinao. Trindade:
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A graa do Senhor Jesus Cristo, e o amor de (2) Joo 20:28

Deus, e a comunho do Esprito Santo sejam com
todos vs. Respondeu-lhe Tom: Senhor meu
e Deus meu! Esta a nica ocasio nos
Conquanto no possamos dizer que Evangelhos em que algum diz a Cristo
estes textos sejam uma enunciao formal Deus meu (ho Thes mou). Quando
da Trindade, estas passagens e outras seme- Tom viu o Cristo ressurreto, o duvidoso
lhantes (p. ex., Efsios 4:4-6) so de carter foi transformado num adorador. signi-
distintamente trinitariano. Foi a Igreja em ficativo que nem Cristo, na ocasio em
tempos posteriores quem elaborou os deta- que isto ocorreu, nem Joo ao escrever
lhes da Trindade, mas eles construram sobre o Evangelho, tenham desaprovado o que
os fundamentos dos escritores bblicos. Tom disse. Ao contrrio, tanto quanto se
referia a Joo, esse episdio constituiu um
ponto importante em sua narrao, pois ele
A divindade de Cristo imediatamente diz ao leitor:
Um elemento decisivo na doutrina Na verdade, fez Jesus diante dos discpulos
da Trindade a divindade de Cristo. Sendo muitos outros sinais que no esto escritos neste li-
que a doutrina da Trindade ensina que h vro. Estes, porm, foram registados para que creiais
um Deus em trs pessoas, e que cada uma que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
dessas pessoas plenamente Deus, torna- crendo, tenhais vida em seu nome. (20:30, 31)
se importante verificar o que as Escrituras
ensinam acerca da divindade de Cristo. O que Joo est dizendo, portanto,
que este livro foi escrito para persuadir
A divindade de Cristo no as pessoas a imitarem Tom, que chamou
Jesus de Senhor meu e Deus meu.
Novo Testamento
H vrias passagens no Novo Testa- (3) Filipenses 2:5-7
mento que afirmam claramente a plena
divindade de Cristo: Apesar de esta passagem ter sido escrita
para ilustrar a humildade, ela um dos tex-
tos fundamentais do Novo Testamento para
(1) Joo 1:1-3, 14 apoiar a divindade de Cristo. Tende em
No princpio era o Verbo, e o Verbo es- vs o mesmo sentimento que houve tam-
tava com Deus, e o Verbo era Deus. A frase bm em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo
introdutria no princpio (sem o artigo) em forma [gr. morf] de Deus, no julgou
nos leva de volta ao incio do tempo. Se o como usurpao [harpagms] o ser igual a
Verbo era no princpio, ento Ele mesmo Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assu-
era sem princpio, que outra maneira de mindo a forma [morf] de servo, tornando-
dizer que Ele era eterno. se em semelhana de homens.
O Verbo estava com Deus nos diz que Morf (forma ou aparncia visvel)
o Verbo uma pessoa ou personalidade descreve a natureza genuna de uma coisa,
distinta. O Verbo no estava em (gr. en) sua essncia. No se refere a qualquer
Deus, mas com (pros) Deus. forma mutvel, mas forma especfica da
E o Verbo era Deus, ou, mais lieteral- qual dependem identidade e condio.13
mente: e Deus era o Verbo. O Verbo no Morf contrasta com skma (2:7), que tam-
era uma emanao de Deus, mas o prprio bm significa forma, mas no sentido de
Deus. Conquanto o verso 1 no nos diga aparncia superficial em vez de essncia.
quem o Verbo, o verso 14 claramente O O substantivo harpagms aparece somente
identifica com Cristo. Uma afirmao neste texto do Novo Testamento; o verbo
mais enftica e inequvoca da absoluta correspondente significa roubar, tomar
Divindade do Senhor Jesus Cristo im- fora. No grego secular o substantivo
possvel de conceber.12 significa roubo. Todavia, o contexto
 A Trindade nas Escrituras / 11

esclarece que Jesus no cobiou, ou no dando a bendita esperana e o glorioso apa-

tentou roubar a igualdade com Deus. recimento do nosso grande Deus e Salvador
Ao contrrio, Ele no tentou apegar-Se Jesus Cristo (NKJV [New King James Ver-
igualdade com Deus que Ele possua de sion]). A KJV traduz esta passagem como
modo intrnseco. Em outras palavras, Ele o glorioso aparecimento do grande Deus e
no tentou reter pela fora Sua igualdade nosso Salvador Jesus Cristo, apresentando
com Deus, mas tratou-a como uma oca- os santos espera do Pai e do Filho. Conquan-
sio para renunciar a cada vantagem ou to esta traduo seja possvel, a NKJV deve
privilgio que desse modo Lhe pudesse ter ser preferida pelas seguintes razes: (1) Os
vindo, como uma oportunidade para auto- dois substantivos Deus e Salvador esto
empobrecimento e sacrifcio de Si mesmo ligados por um s artigo, indicando que, por
sem reservas.14 Este o significado de a via de regra, os dois substantivos so duas
si mesmo se esvaziou. Sua igualdade com designaes para um nico objeto. (2) Todo
Deus era algo que Ele possua de maneira o Novo Testamento aguarda a segunda vinda
intrnseca; e algum que igual a Deus de Cristo. (3) O contexto do verso 14 fala
deve ser Deus. Por conseguinte, Filipenses somente de Cristo. (4) Esta interpretao est
2:5-7 uma passagem que exige para sua em harmonia com outras passagens tais como
compreenso a idia de que Jesus era divino Joo 20:28; Romanos 9:5; Hebreus 1:8; 2
no mais pleno sentido.15 Pedro 1:1. O texto de Tito 2:13 , portanto,
uma assero explcita divindade de Cristo.
(4) Colossenses 2:9
Porquanto, nele habita, corporalmente
O testemunho da divindade de Cris-
[gr. somatiks], toda a plenitude [pleroma] to no Antigo Testamento
da Divindade. A palavra pleroma tem No somente Jesus chamado Deus
o significado bsico de plenitude, cum- no Novo Testamento, mas Ele tambm
primento. No Antigo Testamento, ela se chamado Senhor e Deus em citaes do
refere repetidamente terra e toda a sua Antigo Testamento onde a palavra hebraica
plenitude (Sl 24:1; cf. 50:12; 89:11; 96:11; Yahweh ou Elohim.
98:7), que citada em 1 Corntios 1:26,
28. No grego secular, pleroma se referia
ao pleno complemento da tripulao de (1) Mateus 3:3
um navio ou quantidade necessria para Voz do que clama no deserto: Preparai
completar uma transao financeira. Em o caminho do Senhor. Segundo o verso 1,
Colossenses 1:19 e 2:9, Paulo usa a palavra este texto de Isaas se refere a Joo Batista,
para descrever a soma total de cada funo que foi o precursor de Jesus. Em Isaas
da divindade.16 Essa plenitude habita em 40:3, a palavra para Senhor Yahweh.
Cristo corporalmente; isto , mesmo Portanto , o Senhor cujo caminho Joo
durante Sua encarnao, Cristo reteve to- devia preparar no era nenhum outro seno
dos os atributos essenciais da divindade, o prprio Yahweh.
embora no os utilizasse em Seu prprio
proveito. A plenitude da Divindade (2) Romanos 10:13
fez sua habitao em Sua humanidade sem
consumi-la ou deific-la, ou mudar quaisquer de
Porque: Todo aquele que invocar o
suas propriedades essenciais... Via-se facilmente nome do Senhor ser salvo. O contex-
que a Divindade habitava naquela humanidade to (vs. 6-12) deixa claro que Paulo est
(ou natureza humana), pois lampejos de Sua glria pensando em Cristo quando se refere ao
brilhavam freqentemente atravs de sua cobertura nome do Senhor. O texto uma citao
terrestre.17 de Joel 2:32 onde a palavra para Senhor no
hebraico , outra vez, Yahweh.
(5) Tito 2:13
Paulo descreve os santos como aguar- (3) Romanos 14:10
12 / Parousia - 2 semestre de 2005

Neste texto, Paulo relembra a seus lei- Jesus nunca afirmou diretamente Sua
tores que todos havemos de comparecer divindade; todavia, Seu ensino estava
ante o tribunal de Cristo (Verso Almeida permeado de conceitos trinitarianos. De
Revista e Corrigida). Ele, ento, adiciona acordo com a idia hebraica de filiao (ou
uma citao de Isaas 45:23 que diz: Pela seja, tudo que o pai , o filho tambm),
minha vida, diz o Senhor, todo joelho Jesus afirmou ser o Filho de Deus (Mt
se dobrar diante de mim, e toda lngua 9:27; 24:36; Lc 10:22; Jo 9:35-37; 11:4).
confessar a Deus. Em Isaas o que fala Os judeus entenderam que pela reivindi-
Yahweh; no livro de Romanos, o mesmo cao de ser o Filho de Deus Ele estava
texto aplicado a Cristo. reivindicando igualdade com Deus: Por
isso, pois, os judeus ainda mais procura-
(4) Hebreus 1:8, 9 vam mat-lo, porque no somente violava
o sbado, mas tambm dizia que Deus era
O teu trono, Deus, para todo o sem- seu prprio Pai, fazendo-se igual a Deus
pre... Deus, o teu Deus te ungiu. Neste (Jo 5:18; cf. 10:33).
captulo, sete textos do Antigo Testamento
so usados para apoiar o argumento de que Repetidamente, Jesus afirmou possuir o
Cristo superior aos anjos. O quinto texto, que propriamente s pertence a Deus. Ele
citado nos versos 8 e 9, vem do Salmo 45:6, falou dos anjos de Deus (Lc 12:8-9; 15:10)
7, no qual um rei da casa de Davi tratado como Seus anjos (Mt 13:41). Ele considerava
como Deus. Trata-se de uma hiprbole o reino de Deus (Mt 12:28; 19:14, 24; 21:31,
potica como , s vezes, encontrada em 34) e os eleitos de Deus (Mc 13:20) como Sua
cortes orientais ou est esse texto apontando propriedade.19 Em Lucas 5:20, Jesus per-
para uma outra pessoa alm do prncipe do doou os pecados ao paraltico, e os judeus,
Antigo Testamento da casa de Davi? baseados em Isaas 43:25, argiram cor-
retamente: Quem pode perdoar pecados,
Para os poetas e profetas hebreus, um seno Deus? Destarte, estava implcita
prncipe da casa de Davi era o vice-regente na ao de Jesus de perdoar a pretenso
do Deus de Israel; ele pertencia a uma de ser Deus.
dinastia qual Deus havia feito promes-
sas especiais ligadas realizao de Seu A divindade de Cristo tambm indi-
propsito no mundo. Alm disso, o que era cada pelo Seu uso do tempo presente em
apenas parcialmente verdade de qualquer Sua resposta aos judeus: Antes que Abrao
um dos governantes histricos da linha- existisse [genesthai], Eu Sou [ego eimi]
gem de Davi, ou mesmo do prprio Davi, (Jo 8:58). Usando os termos genesthai
seria realizado em sua plenitude quando (nasceu ou se tornou) e ego eimi (Eu
aparecesse o Filho de Davi em quem todas Sou), Jesus contrasta Sua existncia eter-
as promessas e ideais associados com a na com o incio histrico da existncia de
dinastia seriam incorporados. E agora, fi- Abrao. a eternidade do ser, e no sim-
nalmente, o Messias havia surgido. Em um plesmente a preexistncia antes de Abrao,
sentido mais amplo do que era possvel para que expressa aqui. Ao menos os judeus
Davi ou qualquer dos seus sucessores nos entenderam isto desse modo; perceberam
dias antigos, esse Messias pode ser tratado que Jesus reivindicava ser Yahweh, o Eu
no meramente como Filho de Deus (verso Sou da sara ardente (x 3:14), e pegaram
5) mas realmente como Deus, pois Ele o em pedras para mat-Lo (8:59).
Messias da linhagem de Davi e tambm o Finalmente, o fato de que Jesus acei-
resplendor da glria de Deus e a prpria tava a adorao de outros evidncia de
imagem de Sua substncia.18 que Ele mesmo reconhecia Sua divinda-
Todas estas passagens indicam que de. Aps Jesus ter vindo aos discpulos
Cristo, Deus e Yahweh so um. andando sobre a gua, eles o adoraram
(Mt 14:33). O cego cuja vista foi res-
taurada depois de lavar-se no tanque de
Jesus e a sua conscincia Silo o adorou (Jo 9:38). Depois da
de Si mesmo ressurreio, os discpulos foram para a
 A Trindade nas Escrituras / 13

Galilia, onde Jesus lhes apareceu e eles misericrdia e verdade se encontrando,

o adoraram (Mt 28:17). justia e paz se beijando, e a verdade
brotando da terra. No Salmo 96:12, o
Reiteradamente Jesus aceitou a ado-
campo est alegre, e todas as rvores do
rao como algo perfeitamente correto.
bosque se regozijam na presena do Se-
Ele, desse modo, demonstrou direta pretenso
nhor. (Veja tambm 1 Cr 16:33; Is 52:9;
divindade.
Ap 20:13-14). Esta espcie de linguagem
no deve ser interpretada literalmente. A
Textos difceis20 personificao um artifcio literrio e
Os antitrinitarianos usam vrios textos potico que serve para criar atmosfera,
bblicos para apoiar sua alegao de que e para avivar idias abstratas e objetos
Jesus foi gerado em algum tempo da inanimados, representando-os como se
eternidade (quer dizer, Ele teve um prin- fossem seres humanos.21
cpio e, portanto, no absolutamente (b) A personificao do divino atributo
igual a Deus). da sabedoria como uma mulher inicia-se no
captulo 1. Grita na rua a Sabedoria, nas
(1) Apocalipse 3:14 praas levanta a voz (1:20). No captulo 3
nos dito: Mais preciosa do que prolas
Jesus, o princpio da criao de Deus.
e todas as suas veredas so paz (3:15,
Alega-se que Jesus foi criado em algum
17). No captulo 7, ela chamada de irm
momento no passado, que Ele foi a primeira
(7:4), e, no captulo 8, a sabedoria habita
obra de Deus.
com a prudncia, outra persofinicao
Resposta: (8:12). A sabedoria personificada tambm
(a) A palavra grega arqu pode ser o assunto de Provrbios 9:1-5. A aplicao
traduzida por princpio, ponto de ori- destas passagens a Jesus requer um mto-
gem, primeira causa ou governante. do alegrico de interpretao bblica que
O prprio Pai chamado princpio em conduz a pontos de vista incompatveis
Apocalipse 21:6. com outras passagens. Foi esta espcie de
hermenutica que levou os Reformadores
(b) O mesmo ttulo usado para Jesus a rejeitar o mtodo alegrico de interpre-
em Apocalipse 22:13. Conquanto a pala- tao. Tambm deve-se notar que nenhum
vra arqu possa ter um sentido passivo, verso desta passagem citado no Novo
que faria de Jesus o primeiro ser criado, o Testamento.
sentido ativo da palavra torna-O a primeira
causa (ou causa primria), agente motor, ou (c) Provrbios 8:22-31 contm imagem
o Criador. Que Jesus no o primeiro ser potica que precisa ser cuidadosamente in-
criado, mas o prprio Criador, o testemu- terpretada. A primeira frase do verso 22 pode
nho de outros textos do Novo Testamento ser traduzida por: O Senhor me possua
(veja Jo 1:3; Cl 1:16; Hb 1:2). (KJV, NIV); O Senhor me criou (RSV,
NEB); ou O Senhor me gerou (NAB).
O significado bsico do verbo qanah
(2) Provrbios 8:22-31 comprar, adquirir, donde vem possuir;
Eu fui gerada. Afirma-se que esta mas as duas outras tradues so possveis.
passagem, se refere a Jesus e ensina que Ao lado de qanah, duas outras palavras
Jesus nasceu ou foi criado. se referem origem da sabedoria: nasak
(estabelecer; 8:23), e chil (nascer; 8:24,
Resposta: 25). O pensamento bsico desta passagem
(a) O contexto fala acerca da sabe- sempre o mesmo: a sabedoria estava com
doria, no de Jesus. A personificao Deus antes do incio da Criao. Quer Deus
da sabedoria um artifcio literrio a tenha criado ou quer ela tenha sido gerada
que ocorre tambm noutras partes das ou simplesmente possuda, no o ponto
Escrituras. No Salmo 85:10-13 temos focal. O que fundamental no a maneira
de sua origem, mas, antes, sua antigidade
14 / Parousia - 2 semestre de 2005

e precedncia dentro da Criao de Deus. primognito de entre os mortos. Embora

Sendo que a linguagem potica e meta- Ele no fosse cronologicamente o primeiro
frica, no deve ser usada para estabelecer (Moiss e outros O haviam precedido), Ele
coisa alguma concernente suposta origem o preeminente.
de Cristo.
(4) Joo 1:1-3
Ellen White s vezes aplicou Provr-
No princpio era o Verbo, e o Verbo
bios 8 homileticamente a Cristo, mas ela
estava com Deus, e o Verbo era Deus.
usou o texto para sugerir Sua preexistn-
Alega-se que h uma distino entre Deus
cia eterna. Antes de citar Provrbios 8
o Pai, que o Deus, e Jesus, que apenas
ela diz: Cristo era, essencialmente e no
um deus. O termo grego para Deus (thes)
mais alto sentido, Deus. Estava Ele com
encontrado com o artigo o (ho), o Deus,
Deus desde toda a eternidade, Deus sobre
ou sem o artigo, um deus ou Deus.
todos, bendito para todo o sempre.22
Em Joo 1:1-3 o Pai chamado ho thes,
(3) Colossenses 1:15 ao passo que o Filho chamado thes.
Justifica isto a alegao de que o Pai o
Jesus, o primognito. Sendo que Jesus Deus Todo-poderoso, enquanto que o Filho
chamado o primognito (prototokos), apenas um deus?
argumenta-se que Ele deve ter tido um
princpio. Resposta:
Resposta: (a) O termo thes sem o artigo fre-
qentemente usado tambm para o Pai, at
(a) A expresso prototokos (primo- no mesmo captulo (veja Jo 1:6, 13, 18; Lc
gnito) neste texto um ttulo, no uma 2:14; At 5:39; 1Ts 2:5; 1Jo 4:12 e 2Jo 9).
definio de Sua condio biolgica. De Jesus tambm o Deus (Hb 1:8-9; Jo
acordo com 1:16, tudo foi criado por Je- 20:28). Em outras palavras, o uso do termo
sus. Portanto, Ele no pode ter criado a Si Deus com ou sem o artigo no pode ser
mesmo. usado para fazer uma distino entre Deus
(b) O termo primognito tinha um o Pai e Deus o Filho. Deus o Pai thes e
significado especial para os hebreus. Em ho thes, e assim tambm o Filho.
geral, o primognito era o lder de um grupo
de pessoas ou de uma tribo, o sacerdote da Muitas vezes, a ausncia do artigo em
famlia, e o que recebia duas vezes mais da grego denota qualidade especial e no
herana do que seus irmos. Ele tinha certos deve ser traduzido com o artigo indefi-
privilgios bem como responsabilidades. nido um.
s vezes, porm, o fato de que algum era (b) Se Joo tivesse usado o artigo defi-
o primognito no importava aos olhos de nido cada vez que ocorre thes, ele estaria
Deus. Por exemplo, embora Davi fosse o afirmando que h apenas uma pessoa divi-
filho mais novo, Deus o chamou de meu na. O Pai seria o Filho. Diz Joo 1:1: No
primognito (Sl 89:20, 27). A segunda li- princpio era o Verbo, e o Verbo estava
nha do paralelismo no verso 27, nos diz que com ho thes, e o Verbo era thos. Se Joo
isto significava que ele deveria se tornar o rei tivesse usado apenas ho thes, ele estaria
mais exaltado. Veja tambm a experincia dizendo: No princpio era o Verbo, e o
de Jac (Gn 25:25-26 e x 4:22) e Efraim Verbo estava com ho thes, e o Verbo era
(Gn 41-50-52 e Jr 31:9). Nestes casos, o ho thes. De acordo com Joo 1:14, o Verbo
elemento tempo primeiro foi apagado. Jesus. Portanto, substituindo Verbo por
Era importante apenas a posio especial e Jesus obtemos a sentena: No princpio
a dignidade da pessoa chamada o primog- era Jesus, e Jesus estava com ho thes, e
nito. No caso de Jesus, este termo tambm Jesus era ho thes. Ho thes se refere cla-
se refere Sua exaltada posio e no a um ramente ao Pai. O texto modificado diria:
momento do tempo no qual Ele nasceu. No princpio era o Verbo, e o Verbo estava
Em Colossenses 1:18, Cristo chamado o com o Pai, e o Verbo era o Pai. Isso est
 A Trindade nas Escrituras / 15

teologicamente errado. Falando acerca das (6) Mateus 14:33

duas pessoas da Divindade, Joo no tinha
Tu s o Filho de Deus. Pode o t-
outra escolha seno usar uma vez ho thes e
tulo Filho de Deus ser compreendido
na prxima vez thes. Portanto, a ausncia
literalmente?
do artigo no segundo caso no pode ser
usada para argumentar contra a igualdade Resposta:
entre o Pai e o Filho. (a) Esse ttulo um ttulo messinico.
(veja Sl 2:7; At 13:33; Hb 1:5). Enfatiza a
(5) Joo 1:14, 18; 3:16, 18; 1 Joo 4:9 divindade de Cristo. Jesus usou este ttulo
O Filho unignito (monoguens). muito raramente para Si mesmo (somente
Sugere-se que a palavra monoguens apon- em Joo, p. ex., Jo 11:4). um dos muitos
ta para uma gerao literal de Jesus. ttulos que Jesus possua. Na tentativa de
compreender o que Jesus , todos eles
Resposta: precisam ser investigados a fim de se obter
(a) A palavra monoguens significa uma viso coerente. Que o ttulo Filho
nico, nico de uma espcie, singular. de Deus enfatiza a divindade de Cristo
Ocorre nove vezes no Novo Testamento. evidente de Joo 10:29-36. Isso ainda
Encontra-se trs vezes em Lucas (7:12; mais apoiado pelo fato de que o Filho a
8:42; 9:38), onde sempre se refere a um imagem exata de Deus, sendo igual a Deus
nico filho. encontrada cinco vezes nos (Cl 1:15; Hb 1:3; Fp 2:6).
escritos de Joo (Jo 1:14, 18; 3:16, 18; 1 (b) A palavra filho tem uma ampla
Jo 4:9) como uma designao da relao extenso de significados na lngua original.
de Jesus com Deus. Ocorre somente uma Portanto, no possvel reduzi-la aos estrei-
vez em Hebreus 11:17, onde Isaque tos limites da lngua inglesa (ou portuguesa)
chamado o filho monoguens de Abrao. e defini-la de uma maneira puramente literal.
Isaque no era o filho nico de Abrao, A filiao de Jesus atestada em conexo
mas era o filho singular, invulgar, o nico com o Seu nascimento (Lc 1:35), batismo
filho da promessa. A nfase no sobre (Lc 3:22), transfigurao (Lc 9:35) e res-
o nascimento, mas sobre a singularidade surreio (At 13:32-33). A Bblia silencia
do filho. Portanto, a traduo nico ou quanto questo sobre se este ttulo descreve
singular deve ser preferida. A traduo a relao eterna entre Pai e Filho. Em qual-
unignito pode ter se originado com os quer caso, as Escrituras atribuem existncia
primeiros Pais da Igreja e se encontra na eterna a Jesus (Is 6:6; Ap 1:17, 18).
Vulgata. A ltima, por sua vez, influenciou
tradues posteriores. Durante Sua encarnao, Jesus subor-
dinou-Se voluntariamente ao Pai, sendo
O termo normal para gerado gennao, o Filho de Deus. Isto inclua a entrega
que se encontra em Hebreus 1:5 e pode das prerrogativas, mas no a natureza da
apontar para a ressurreio ou encarnao divindade. O Senhor ressurreto, sendo
de Cristo. entronizado como rei e sacerdote, tambm
Na LXX (Septuaginta) o termo mono- aceita voluntariamente a prioridade do Pai,
guens a traduo do hebraico yachid, mas Ele e o Pai so segundo as Escrituras
que significa nico, singular ou amado ambos Deus, personalidades coeternas e
(cf. Mc 1:11, em conexo com o batismo coiguais de uma s Divindade.
de Cristo).
No est claro se monoguens se refere
O Esprito Santo como a terceira
apenas ao Senhor histrico e ressurreto pessoa da Trindade
ou tambm ao Senhor preexistente. Que o Esprito Santo uma pessoa
de interesse notar, porm, que nem em divina, igual ao Pai e ao Filho em poder,
1:1-14, nem em 8:58, nem no captulo 17, substncia e glria, manifesta-se atravs
Joo usa o termo Filho para o Senhor das Escrituras.
preexistente.
16 / Parousia - 2 semestre de 2005

O Esprito Santo como ser pessoal (a) Mateus 28:19 ...batizando-os em

nome do Pai, e do Filho, e do Esprito San-
Alguns tm indagado se o Esprito
to. Este texto coloca o Esprito Santo em
Santo uma pessoa distinta ou apenas o
um nvel igual ao do Pai e do Filho.
poder ou a fora de Deus. H vrios
versos onde o Esprito Santo mencionado (b) Pedro disse a Ananias que, mentindo
junto com o Pai e o Filho (Mt 28:19; 1Co ao Esprito Santo, ele havia mentido no
12:4-6; 2Co 13:13). Uma vez que o Pai e o aos homens, mas a Deus (At 5:3-4).
Filho so pessoas, isto indica que o Esprito (c) O Esprito Santo onipotente. Ele
Santo deve ser tambm uma pessoa. distribui dons espirituais a cada um indivi-
Freqentemente, o pronome mascu- dualmente como lhe apraz (1Co 12:11). Ele
lino ele usado com referncia ao onipresente. Habitar com o Seu povo para
Esprito Santo (Jo 14:26; 15:26; 16:13, sempre (Jo 14:6). Ningum pode furtar-se
14) apesar do fato de que a palavra para Sua influncia (Sl 139:7-10). Ele tambm
Esprito em grego (pneuma) neutra e onisciente, porque o Esprito a todas as cousas
no masculina. perscruta, at mesmo as profundezas de Deus
e as cousas de Deus ningum as conhece,
A palavra conselheiro ou consola-
seno o Esprito de Deus (1Co 2:10, 11).23
dor (parakletos) uniformemente se refere
a uma pessoa, no a uma fora. (d) Ellen White cria firmemente na
personalidade do Esprito Santo. Precisa-
dito que o Esprito Santo fala (At
mos reconhecer que o Esprito Santo, que
8:29), ensina (Jo 14:26), d testemunho
tanto uma pessoa como o prprio Deus,
(Jo 15:26), intercede em favor de outros
est andando por esses terrenos.24
(Rm 8:26-27), distribui dons a outros (1Co
12:11), e probe ou permite certas coisas
(At 16:6-7). De acordo com Efsios 4:30, Concluso
o Esprito Santo pode ser tambm entriste-
cido pelas pessoas. Todas estas atividades Embora com a doutrina da Trindade
so caractersticas de uma pessoa, no de haja certas dificuldades textuais e con-
uma fora. ceituais, nosso estudo do Antigo e do
Novo Testamento tem produzido algumas
possveis respostas. Temos visto que a
O Esprito Santo como Deus Divindade existe em uma pluralidade, que
Vrios textos das Escrituras descrevem Jesus Deus, coexistente com o Pai desde
o Esprito Santo como Deus: a eternidade, e que o Esprito Santo a

Referncias 9
Erickson, 1:338.
10
Alguns comentaristas crem que por trs da
1
Artigo traduzido do original em ingls por frmula est a linguagem das transferncias de
Francisco Alves de Pontes. Salvo indicao diversa, dinheiro da era helenstica, de sorte que a frmula
os textos bblicos utilizados na traduo so extrados expressa figurativamente que a pessoa batizada
da Verso Almeida Revista e Atualizada. transferida para a conta do Senhor e assim se torna
2
W. Grudem, Teologia Sistemtica (So Paulo: Sua propriedade. Outros interpretam nome como
Vida Nova, 2002), 165. autoridade. Destarte, algum batizado pela auto-
3
Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerd- ridade do Pai, do Filho e do Esprito Santo.
mans, 1994), 88. 11
Grudem, 230.
4
Ibid. 12
Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of
5
G. A. F. Knight , A Biblical Approach to the John (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1945), 22.
Doctrine of the Trinity (Edinburgh, 1953), 20. 13
W. Poehlmann, Morf, Exegetical Dictio-
6
Ibid. nary of the New Testament, 3 vols., eds. H. Balz e
7
Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand G. Schneider (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1981),
Rapids, MI: Baker, 1983), 1:329. 2:443.
8
G. Ch. Aalders, Genesis (Grand Rapids, MI: 14
F. F. Bruce, Philippians, NIBC (Peabody, MA:
Zondervan, 1981), 300.
 A Trindade nas Escrituras / 17

Hendrickson, 1989), 69. bridge Greek Testament Commentary [Cambridge,

15
Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study 1957], 166).
of the New Testament Teaching in the Deity and 17
John Eadie, Colossians, Classic Commentary
Humanity of Jesus (Grand Rapids, MI: Eerdmans, Library (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1957),
1958), 74. 145.
16
Alguns comentaristas definem pleroma em 18
F. F. Bruce, Hebrews, NICNT (Grand Rapids,
funo do pensamento gnstico, pelo qual pleroma MI: Eerdmans,. 1964), 19, 20.
significa o novo on (ou emanao gnstica) que 19
Erickson, 326.
encarnou-se no Redentor (Kaeseman, Essays on New 20
Sou grato ao meu colega Ekkehardt Mueller
Testament Themes [Londres, 1964], 158). C. F. D. pelo material deste pargrafo.
Moule, porm, tem ressaltado que pleroma era uma 21
Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster
palavra to comum na LXX que seria preciso forte Press, 1986), 85.
evidncia para levar algum a procurar em uma fonte 22
Mensagens Escolhidas, 1:247.
externa seu significado primrio em um escritor to 23
Nisto Cremos: 27 ensinos bblicos dos adven-
imergido no Antigo Testamento como Paulo (The tistas do stimo dia (Tatu, SP: Casa Publicadora
Epistles to the Colossians and to Philemon, Cam- Brasileira, 1988), 90.
24
Evangelismo, 616.