Coleção Pro Infantil
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PRESIDNCIA DA REPBLICA
MINISTRIO DA EDUCAO
SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao a Distncia
Programa de Formao Inicial para Professores em Exerccio na Educao Infantil
COLEO PROINFANTIL
MDULO III
unidade 1
livro de estudo - vol. 2
Karina Rizek Lopes (Org.)
Roseana Pereira Mendes (Org.)
Vitria Lbia Barreto de Faria (Org.)
Braslia 2006
Ficha Catalogrfica Maria Aparecida Duarte CRB 6/1047
Livro de estudo: Mdulo III / Karina Rizek Lopes, Roseana Pereira Mendes, Vitria
L788 Lbia Barreto de Faria, organizadoras. Braslia: MEC. Secretaria de Educao
Bsica. Secretaria de Educao a Distncia, 2006.
94p. (Coleo PROINFANTIL; Unidade 1)
CDD: 372.2
CDU: 372.4
MDULO III
unidade 1
livro de estudo - vol. 2
SUMRIO
a - APRESENTAO
DO MDULO III 8
b - ESTUDO DE TEMAS
ESPECFICOS 16
FUNDAMENTOS DA EDUCAO
EDUCAR E CUIDAR............................................................................... 17
Seo 1 Principais elementos scio-histricos da conceituao
contempornea de Educao Infantil................................ 19
Seo 2 Cuidar e Educar so funes complementares
e indissociveis na Educao Infantil................................ 29
Seo 3 O cuidar-educar como prtica social e profissional:
dimenses ticas e polticas............................................... 33
Seo 4 Identidade da instituio de Educao Infantil no
contexto da Educao Bsica............................................. 40
c ATIVIDADES INTEGRADoraS90
a - APRESENTAO
8
DO MDULO III
Tudo no mundo comeou com um sim
Clarice Lispector1
Prezado(a) professor(a),
O livro que voc tem nas mos rene oito unidades do terceiro dos quatro
mdulos que tratam de Educao Infantil. Lembramos que os mdulos so os
seguintes:
1
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Jos Olympio Ed., 1977. p. 15.
9
Clarice Lispector que pode ter muitas interpretaes, pois so diversas as formas
de compreenso de toda fala potica. Para ns, Tudo no mundo comeou
com um simsignifica que na histria de cada um(a) de ns, um certo dia, por
escolha, acaso ou circunstncia, dissemos sim Educao Infantil e aqui estamos.
Atuamos na educao das crianas, na formao de crianas. A proposio que
fazemos ao iniciar este mdulo : vamos tentar pensar, ao longo do estudo das
unidades, nos significados e nas implicaes que tm esse sim na nossa histria
pessoal e profissional? E como o sim interfere na histria da creche, pr-escola
ou escola em que trabalhamos?
- 1. O Mdulo III
- Unidade 1
FE Educar e Cuidar
OTP Relaes interpessoais: educao para a paz e a solidariedade
- Unidade 2
FE A instituio de Educao Infantil e o contexto sociocultural: funo
social, diversidade, relao com a famlia e a comunidade
OTP Como conhecer e trabalhar com as famlias e a comunidade (incluindo
instituies locais e servios bsicos)
- Unidade 3
FE Concepes e prticas de Educao Infantil
OTP Retrato de um cotidiano
- Unidade 4
FE Proposta pedaggica: concepo, elaborao, implementao e avalia-
o
OTP A expresso da proposta pedaggica no cotidiano
- Unidade 5
FE A gesto democrtica na instituio de Educao Infantil
OTP Desenvolvimento de projeto institucional
- Unidade 6
FE Sade coletiva: ambiente saudvel
OTP Cuidados essenciais: sono, higiene e alimentao
10
- Unidade 7
FE Mediadores da aprendizagem (I): ambientes, espaos e materiais
OTP Organizao dos ambientes, espaos e materiais
- Unidade 8
FE Organizao dos ambientes: tempos e agrupamentos
OTP Mediadores da aprendizagem (II): tempos e agrupamentos
Lembramos, ainda mais uma vez, que as unidades foram escritas por autores
diferentes, o que justifica posies ou modos diferentes de entender e ver os
temas. E justifica tambm o fato de que h temas ou idias abordados em mais
de um texto. Como os assuntos esto interligados e os textos so como aulas que
apresentam contedos, os autores desenvolvem argumentos ou sugerem reflexes
para favorecer a compreenso de um assunto, que precisa ser lembrado, trazido,
sistematizado. O mais importante que aquilo que aprendemos e discutimos com
os(as) colegas v tambm afetando as nossas prticas e os modos de organizar
o tempo e o espao nas instituies.
Se perguntarmos a uma criana pequena o que ela acha que quer dizer a palavra
gesto, provavelmente ela nos dir que gesto quer dizer gesto grande.
E,provavelmente, os adultos que escutarem isso vo rir dela.
Mas se pensamos bem, vemos que a gesto tem a ver exatamente com isso:
com os gestos grandes que somos capazes de fazer. Na creche, na pr-escola ou
na escola, o cotidiano cheio de miudezas, sutilezas, muitas tarefas em que os
problemas so to variados que seria impossvel list-los aqui. Somos afetados
por problemas graves, como: a violncia social que ocorreu ontem noite, o
falecimento da me de uma criana, o pagamento do nosso salrio que atrasou,
uma professora ou uma criana que est doente e no hospital no h recursos
para tratar dela. Mas tambm somos afetados por problemas prticos que muitas
11
vezes tornam nosso trabalho quase invivel: a cozinheira faltou, no tem gua
hoje, a descarga do banheiro enguiou. Todas as situaes exigem cuidados e
mobilizam afetos diferentes. O grande desafio que devemos continuar a tomar
providncias em relao aos pequenos problemas, mas no podemos descuidar
do clima geral, do sentimento geral de confiana e da responsabilidade da
nossa posio de liderana na instituio, seja na superviso, na direo ou na
coordenao, seja na atuao direta com as crianas.
12
simplesmente conversar pode ser uma boa estratgia para, lembrando do
que cada um viveu, compreender ns mesmos e os outros. Nesse processo,
possvel tecer sentimentos que podem ajudar a enfrentar desavenas, com
esprito de colaborao e de reciprocidade, entendendo a dor que o outro
sente, vibrando com a sua alegria ou comemorando as conquistas do grupo.
A reflexo coletiva, a rememorao e a reconciliao so componentes
necessrios nesse trabalho, que, por ser humano, envolve tantos matizes do
saber e do sentir.
13
tenham tambm em relao a ns, necessrio para enfrentar (e quem sabe
superar!) determinadas vises preconceituosas sobre a criana e sobre os adultos
e para atuar no cotidiano numa direo que combata o preconceito.
Sabemos que estes no so temas fceis. Sabemos tambm que muitas vezes
so temas mais fceis de estudar e discutir do que de praticar. Mas trazem
possibilidades muito interessantes para o nosso trabalho. Esperamos que os
temas possam ser discutidos por voc e que o(a) ajudem no dia-a-dia com
as crianas, os jovens, as famlias e com seus colegas adultos, professores,
homens e mulheres que merecem tambm um tempo e um espao para
pensar na sua prpria histria e em modos de alter-la.
Bom trabalho!
14
15
b - ESTUDO DE TEMAS ESPECFICOS
16
FUNDAMENTOS DA EDUCAo
Educar e cuidar
Clestin Freinet1
1
Clestin Freinet foi professor primrio na Frana no incio do sculo passado e desenvolveu
uma pedagogia centrada nas situaes reais, concretas, nas quais as crianas esto inseridas. (p.
104)
17
- ABRINDO NOSSO DILOGO
Ol, professor(a)!
Este Mdulo III, que tem como tema Crianas e adultos e a gesto da Edu-
cao Infantil, integra estudos acerca do cotidiano da creche e da pr-escola.
Seu interesse pelos estudos aqui propostos fundamental para a sua formao
docente, bem como para a sua prtica pedaggica numa educao pblica que
desejamos que seja de excelente qualidade.
Numa sociedade excludente como esta na qual vivemos, possvel uma educao
pblica de qualidade? Pode ser um desafio, mas possvel. E ns, professores(as),
temos compromisso com esse desafio.
Sabe por qu? Porque as relaes entre escola e sociedade so relaes dial-
ticas. Ou seja, so relaes que se influenciam mutuamente: ao mesmo tempo
em que a escola transforma a sociedade, a sociedade tambm transformada
pela escola. Assim, dependendo da qualidade da ao educativa que envol-
ve muitos fatores, entre eles a ao docente estaremos contribuindo para a
manuteno ou para a mudana do que acontece na escola e fora dela.
18
- DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
Com base nos objetivos propostos para este texto de FE, voc poder avaliar a
sua aprendizagem durante o processo de formao.
-
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
Este texto est dividido em quatro sees: a Seo 1, que discutir os princi-
pais elementos scio-histricos da conceituao contempornea de Educao
Infantil; a Seo 2, na qual estudaremos o cuidar e o educar como funes
complementares e indissociveis na Educao Infantil; a Seo 3, na qual
sero tratadas as dimenses ticas e polticas do cuidado-educao como
prtica social e profissional; e, por fim, a Seo 4, que enfocar a identidade
da instituio de Educao Infantil no contexto da Educao Bsica.
19
Priscilla Silva Nogueira
Esta etapa da educao que vai do nascimento aos 6 anos se constitui, hoje,
na Educao Infantil, que garantida s crianas em vrios documentos legais,
como estudamos na Unidade 4 do Mdulo I. A seguir, destacamos trs desses
documentos:
- A Constituio Federal de 1988, art. 208, III O dever do estado com a edu-
cao ser efetivado mediante a garantia de: (...) atendimento em creche e
pr-escola s crianas de 0 a 6 anos de idade.
Atividade 1
Releia as Unidades 3 e 4 do Mdulo I, destacando as principais conquistas da
educao da criana de 0 a 6 anos descritas nessas unidades.
Como voc pode constatar, nem sempre foi reconhecido, pelo poder pblico, o
direito educao para as crianas at 6 anos de idade. Tambm, num passado
recente, no era reconhecida a importncia da educao nesse momento da
vida humana, o que se deve, em parte, s concepes acerca da infncia/criana,
da aprendizagem e do desenvolvimento, como estudamos no Mdulo II.
20
PARA RELEMBRAR!
- Segundo a abordagem inatista, as capacidades bsicas do ser humano
dependeriam, apenas, da herana gentica. Desse modo, essas capaci-
dades j estariam definidas por ocasio do nascimento. Como podemos
perceber, neste caso, o papel do ambiente e da educao seria mini-
mizado e ambos ambiente e educao modificariam muito pouco
ou quase nada o desenvolvimento e as aprendizagens da criana, que
se dariam de forma espontnea, portanto, independentemente da
participao de outras pessoas.
Atividade 2
Na Secretaria de Educao do seu municpio existe um setor que cuida espe-
cialmente da Educao Infantil?
21
a) Na Secretaria Municipal de Educao do seu municpio existe um setor es-
pecfico responsvel pela Educao Infantil?
Atividade 3
Procure sistematizar as informaes registradas, redigindo um pequeno texto so-
bre o lugar da Educao Infantil na Secretaria de Educao do seu municpio.
22
1. Guardar as crianas a pr-escola guardi
Essa necessidade teve origem por volta do sculo XIX, podendo ser identificada, por
exemplo, nas iniciativas de Friederich Froebel (na Alemanha) e Maria Montessori
(na Itlia), autores que sero estudados no texto de FE da Unidade 3 deste mdulo,
ao criarem, para as crianas pobres, um trabalho de cunho mais pedaggico do que
assistencial, como na funo anterior, quando apenas a inteno era de guardar
as crianas que estivessem em situaes socialmente desfavorecidas.
Desse modo, surge uma nova funo para a pr-escola: compensar as deficincias
da criana, inclusive sua misria, sua pobreza.
No entanto, foi aps a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos e na Europa,
que a pr-escola ganhou contornos mais definidos no que diz respeito funo
de compensar as carncias infantis. Vrias pesquisas nesses pases relacionavam
o fracasso escolar s condies econmicas e sociais s quais as crianas estavam
submetidas. O acesso pr-escola passou a ser visto, ento, como soluo para
suprir a privao cultural a que essas condies submetiam as crianas, resolvendo o
problema do fracasso escolar. Esse contexto deu lugar ao surgimento da educao
compensatria.
23
Em linhas gerais, essa foi a concepo de pr-escola que chegou ao Brasil na
dcada de 70, levando o discurso oficial brasileiro a proclamar a educao
compensatria como a soluo para todos os males educacionais.
ATENO!
- A partir desse entendimento, os programas de educao compensatria
visavam compensar, via educao, todas as carncias (fsica, nutricio-
nal, motora, lingstica, afetiva, cognitiva etc.) de que, segundo seus
adeptos, eram portadoras as crianas das classes populares.
24
importante esclarecer que, no contexto da educao compensatria, a pr-
escola era considerada a panacia: o remdio para todos os males. Portanto,
seria tambm a soluo para o fracasso escolar nas suas diversas formas: evaso,
reprovao e repetncias.
25
Com relao pr-escola, recomendava-se uma educao para a prontido,
fundamentada na concepo de que, ao chegar pr-escola, as crianas das
classes desfavorecidas estavam em acentuada desvantagem no que diz respeito
aos conhecimentos e experincias culturais, desconsiderando-se tudo que a
criana j havia vivenciado no contexto familiar e na comunidade.
26
do baixo nvel de renda de seus pais. Conseqentemente, esperava-se que esse
suporte criana na pr-escola viesse interferir futuramente no aproveitamento
escolar. Diferente da educao compensatria, no havia preocupao imediata
com a escolaridade posterior da criana. No entanto, segundo as autoras que
tomamos como referncia, a idia de uma educao compensatria no esta-
va de todo superada, pois, se antes a pr-escola era o remdio para os males
educacionais, agora (se imaginava) era a soluo para os problemas sociais e,
futuramente, influenciariam a vida escolar das crianas.
Na realidade, essa funo no foi uma iniciativa oficial, mas resultado de pes-
quisas dos estudiosos da rea, em sua maioria, profissionais comprometidos com
a democratizao da escola pblica e a elevao da qualidade dos servios por
ela prestados. Com a preocupao de no antecipar, de forma drstica, a esco-
laridade da criana, eram apontadas alternativas para imprimir mais qualidade
pedaggica educao pr-escolar. A nfase era colocada na necessidade de
um trabalho sistemtico e intencional. Segundo Abramovay e Kramer (1984), a
pr-escola deveria ser um espao de incentivo criatividade e s descobertas
das crianas, ao jogo e espontaneidade [...] um trabalho que toma a reali-
dade e os conhecimentos infantis como ponto de partida e os amplia, atravs
de atividades que tm um significado concreto para a vida das crianas e que,
simultaneamente, asseguram a aquisio de novos conhecimentos.
A pr-escola, vista por esse prisma, estava comprometida tanto com a criana
e suas formas de expresso e interaes que estabelece com a sua realidade
quanto com o desenvolvimento posterior da sua escolaridade, principalmente
favorecendo o processo de alfabetizao.
27
Cuidar/educar
- Guardar as crianas.
- Compensar as carncias infantis.
- Promover o desenvolvimento global e harmnico das crianas.
- Instrumentalizar as crianas.
- Favorecer o processo de alfabetizao.
- Cuidar/educar crianas.
Priscilla Silva Nogueira
28
Atividade 4
a) A partir do quadro apresentado, como voc resumiria cada uma dessas funes?
Alm da compreenso de uma dupla funo, uma outra viso traz a concepo
de que educar engloba cuidar (KRAMER, 2003; TIRIBA, 2004). Nesse sentido,
no falamos de duas funes, mas na possibilidade de distinguir a funo da
Educao Infantil, e de todos os demais segmentos da Educao Bsica, e at da
Educao Superior, como educar, e o cuidado como parte desse processo, assim
29
como o so as interaes, a relao com a cultura e tudo mais que envolve a
proposta pedaggica de uma instituio, no propsito de educar as crianas,
adolescentes e jovens e at adultos na sociedade em que vivemos. Desse
modo, percebemos que a relao entre cuidado e educao pode ser abordada
a partir de diferentes pontos de vista.
Atividade 5
a) Voltando Atividade 4 da seo anterior, o que voc descobriu sobre a
funo do trabalho realizado na creche, pr-escola ou escola em que voc
trabalha? Existe algum tipo de separao entre o que considerado uma
atividade de educao e o que uma atividade de cuidado?
E, com base nessa viso, muitas instituies assumem a postura de que as(os)
auxiliares cuidem das crianas e os(as) professores(as) eduquem. Colocaes como
estas fortalecem a imagem da separao e no da integrao corpo/mente, educar/
cuidar. Alm disso, essa diviso de responsabilidades promove a discriminao
social entre os(as) trabalhadores(as) da educao, admitindo que alguns(algumas)
deles(as) pensam e realizam trabalhos cognitivos no mbito da educao enquanto
outros(as) executam atividades manuais referentes aos cuidados.
O que vemos na prtica, segundo Rossetti-Ferreira (2001), que, quem educa, muitas
vezes, no se prope a cuidar. Por outro lado, os(as) profissionais responsveis por
alguns cuidados especficos como dar o banho, trocar fraldas, alimentar acabam
no sendo considerados aptos a educar. O que devemos lembrar que na relao
com a criana estaremos sempre assumindo um lugar que ser fundamental para
a construo da sua subjetividade, seja cuidando ou descuidando do outro.
30
De tudo o que foi dito, podemos concluir que a organizao das situaes
de cuidado ou de (des)cuidado, dependendo da forma como oportuniza a
participao da criana, podero educar para a conquista da autonomia, para
a construo de conhecimentos relevantes ou (des)educar para a passividade,
para a submisso, para a dependncia.
Vejamos: sem o cuidado, o homem deixa de ser humano e, como diz Leonardo
Boff (1999, p. 34), se no receber cuidado, desde o nascimento at a morte, o
ser humano desestrutura-se, perde sentido e morre, o que significa dizer que
o cuidado que possibilita a existncia humana. E a educao? A educao
um fenmeno prprio dos seres humanos, ou um ato humano por excelncia
(SAVIANI, 1991. p. 19).
31
educ-las sem cuidar delas. Se temos preocupao em educ-Ias, porque as crianas
inspiram cuidados, evidenciando que esses dois aspectos da Educao Infantil, na
verdade, seconstituem num s, no acontecem isoladamente. Portanto, o cuidar-
educar no pode ser pensado nem trabalhado de forma desagregada, desunida.
Aciso do binmio cuidar-educar inaceitvel, incompreensvel, paradoxal.
32
agora realizarmos uma atividade nesse sentido? Para isto, estamos propondo a
ltima atividade desta seo.
Atividade 6
a) A partir do que estudamos at aqui, e tambm da sua experincia como
professor(a), como voc definiria a funo da educao da criana de 0 a 6
anos realizada em creches e pr-escolas?
b) Como voc relaciona essa concepo com o trabalho que voc realiza na sua
instituio de Educao Infantil? Voc pode usar o seu caderno para registrar
essas reflexes.
Como vimos nas sees anteriores, uma das vises da Educao Infantil, seja
na creche ou na pr-escola, se volta para a dupla funo a ser desenvolvida:
cuidar-educar. Esta dupla funo da Educao Infantil cuidar-educar est
definida nos documentos da atual poltica educacional brasileira, embora
nas nossas prticas seja ainda um conceito em construo. Desse modo,
tratando explicitamente da necessidade de integrao entre cuidar e
educar, a definio de cuidado ainda vaga, e a complexidade do conceito
pouco explorada (MONTENEGRO, 2001. p. 30).
O(a) professor(a) que trabalha, sobretudo, com a criana pequena, deve ter
o cuidado como um dos componentes da sua ao educativa. Considerando
a faixa etria 0a 6 anos da criana atendida pela creche e pr-escola,
portanto, pela Educao Infantil, bastante compreensvel que o cuidado
seja uma das dimenses do processo educativo desempenhado por essa
instituio. Cuidado este que se manifesta em diferentes momentos do
cotidiano, como quando consolamos uma criana que se desaponta com a
sua produo ou inserimos, numa brincadeira do grupo, uma criana que est
destacada, como a experincia de Aninha, relatada nas memrias poticas
de Cora Coralina:
33
Imaginrios de Aninha (A roda)
34
Cuidar implica esse movimento em direo necessidade do outro, que nos
torna mais humanos, que nos sensibiliza e emociona.
Uma prtica profissional no se faz de qualquer jeito. Desse modo, essa prti-
ca no pode ser exercida por qualquer pessoa. Como diz Paulo Freire (1999),
uma prtica que se quer profissional tem seu fundamento na competncia
profissional.
Atividade 7
Para realizar esta atividade, sugerimos que voc leia novamente a parte inicial
da Seo 3 e, em seguida, procure responder s perguntas abaixo. Voc pode
registrar suas idias no seu caderno.
Essas idias podem ser compartilhadas com os(as) seus(suas) colegas do PROINFANTIL.
35
Atividade 8
A partir das caractersticas anteriormente listadas, e da sua prtica cotidiana,
o que voc pode dizer sobre a sua atuao profissional? Escreva um texto in-
titulado Um dia na creche e/ou na pr-escola: as aes de um(a) professor(a)
profissional. Esse texto pode fazer parte do seu memorial.
Ensinamento
36
Adlia Prado , sem dvida, uma das grandes figuras da poesia brasileira
atual. Nascida em 13 de dezembro de 1935, reside em sua cidade natal,
Divinpolis, Minas Gerais. Professora durante 25 anos, lecionou em todos
os nveis de ensino, inclusive Filosofia na universidade local e foi chefe da
Diviso Cultural da Secretaria Municipal de Divinpolis.
O que tudo isso significa? Significa que ao longo da histria da Educao Infantil,
principalmente no que diz respeito s creches, as aes dos(as) professores(as)
ficavam restritas s tarefas de alimentao e higiene. A compreenso de que a
proposta da educao da criana de 0 a 6 anos era limitada a assistir as crianas
nas suas necessidades de alimentao, sono e higiene subentendia que qualquer
pessoa, mesmo sem formao profissional na rea docente, podia assumir o
trabalho com as crianas nas creches e pr-escolas.
37
Porm, hoje, a compreenso do
38
Outra questo importante e que deve ser esclarecida que o cuidado na
Educao Infantil assim como toda e qualquer ao educativa se configura
nas suas dimenses ticas e polticas.
No nosso dia-a-dia, ouvimos muito falar em tica. O que seria um(a) professor(a)
tico(a)? Essa questo complexa.
39
Atividade 9
Voc teve oportunidade de estudar no Mdulo I as leis referentes Educao
Infantil. Dentre essas leis destacamos o ECA Estatuto da Criana e do Adoles-
cente (Lei Federal n 8.069/90).
Voc tem acesso a esse documento? Procure ler o ECA, e destaque os direitos
da criana de 0 a 6 anos de idade que l esto definidos.
Atividade 10
Considerando os direitos da criana apresentados no ECA, como devemos agir
eticamente, respeitando e ampliando esses direitos? A partir dessa questo,
sugerimos que voc construa um pequeno texto e compartilhe suas idias com
os(as) professores(as) da instituio na qual voc trabalha.
40
Como vimos no Mdulo I, pela primeira vez na histria da legislao brasileira,
a Educao Infantil integra a Educao Bsica e tem a sua importncia reconhe-
cida e destacada com muito mais nfase que nas legislaes anteriores.
Salienta-se que a CLT Seo VI; art. 389; IV; 1 e 2 j determinava, como
ainda determina, que os estabelecimentos em que trabalhassem pelo menos
trinta mulheres com mais de 16 anos de idade, deveriam ter locais apropriados
para guardar os filhos no perodo de amamentao, o que poderia ser suprido
por meio de creches, mantidas pelas prprias empresas ou em regime comuni-
trio (BRASIL, 1979. p. 10, 11).
Dez anos aps a Lei 4.024/61, portanto, em 1971, foi promulgada uma nova legis-
lao para reger a educao brasileira a Lei 5.692/71 que se colocava quanto
educao da criana pequena nos seguintes termos: Os sistemas de ensino
velaro para que as crianas de idade inferior a 7 anos recebam conveniente
educao em escolas maternais, jardins-de-infncia e instituies equivalentes
(art. 19, 2). Se a legislao de 1961
parecia mais incisiva quanto Educao
Priscilla Silva Nogueira
Infantil, a legislao de 1971 no a colo-
cou no lugar de destaque a que faz jus.
Assim sendo, se a Lei 4.024/61 no con-
feriu Educao Infantil a importncia
merecida, a Lei 5.692/71 foi muito mais
tmida e omissa nesse sentido.
41
Apesar do compromisso que documentos legais mais importantes, como a Cons-
tituio Federal, o ECA e a LDB, tm assumido com relao Educao Infantil,
ela no considerada obrigatria como o Ensino Fundamental. Mesmo no
sendo considerada obrigatria, pois a educao da criana de 0 a 6 anos uma
opo da famlia, a insero da Educao Infantil na Educao Bsica pode ser
considerada uma conquista, porque abre a perspectiva da universalizao do
atendimento, como acontece hoje no Ensino Fundamental.
42
Se no texto legal no foi fcil modificar a viso assistencialista da Educao
Infantil, na prtica, essa mudana requer um esforo redobrado, porque:
43
A Educao Infantil guarda uma especificidade com relao formao dos
seus profissionais, porque:
44
Considerando tambm as necessidades e o ritmo de cada criana, o(a)
professor(a) deve trabalhar no sentido de educ-Ia, cuidando para inclu-la
sempre e nunca estigmatiz-Ia, seja qual for a diferena apresentada por
cada criana. A esse respeito, convm salientar que as crianas portado-
ras de necessidades educativas especiais (como estudamos na Unidade 8
do Mdulo II) tambm tm o direito constitucionalizado de serem aten-
didas, preferencialmente na rede regular de ensino, j a partir da Educa-
o Infantil, portanto, de 0 a 6 anos de idade (Lei n 9.394/96; Captulo V;
art. 58; 3).
45
Ensino Fundamental so partes integrantes da Educao Bsica, necessrio
um grande esforo para que se articulem esses dois nveis, alertando-se, po-
rm, para o que diz Kuhlmann Jr. (2000, p. 57): seria um equvoco engess-Ia
(a Educao Infantil) nos moldes do Ensino Fundamental, que lhe sucede, em
uma perspectiva preparatria. No texto de OTP da Unidade 3 do Mdulo IV,
voc ter oportunidade de discutir mais de perto o processo de avaliao na
Educao Infantil.
Atividade 11
Considerando o texto da Seo 4 deste mdulo, o que voc poderia destacar
como especificidade da Educao Infantil no que diz respeito ao seu profissional,
ao trabalho realizado com as crianas e quanto avaliao?
46
PARA RELEMBRAR
Trazemos para este item algumas questes que consideramos importantes
no estudo deste texto, quando discutimos o educar e o cuidar a partir do
reconhecimento da Educao Infantil como direito de todas as crianas de
0 a 6 anos de idade, como uma conquista atual, resultante de embates e
discusses.
47
- Um trabalho com a infncia que seja voltado para a construo da cida-
dania, para a tica e para o respeito implica um processo de formao
dos profissionais da Educao Infantil que leve em conta as dimenses
ticas e polticas desse processo.
Professor(a),
Com certeza, muitas idias devem ter passado pela sua cabea e pelo seu cora-
o no estudo deste texto de FE, pois cuidar e educar so tarefas importantes
e nem sempre fceis de entender.
Que tal agora fazer uma anlise reflexiva da sua prtica, relacionando-a aos
conhecimentos discutidos?
A partir das questes estudadas neste texto, tanto da Educao Infantil como
dos profissionais que trabalham com a criana de 0 a 6 anos, e tambm da sua
prtica cotidiana, o que voc pode dizer sobre a sua atuao profissional? Escre-
va um texto intitulado Um dia na creche e/ou na pr-escola: as aes de um(a)
professor(a) profissional. Esse texto pode fazer parte do seu memorial.
GLOSSRIO
Ciso: separao; divergncia; desacordo. No caso ao qual nos referimos, diza-
mos que as dimenses do binmio cuidar-educar no devem ser pensadas nem
trabalhadas de forma separada ou em desacordo.
48
da educao, deve ser ministrado tendo como base a igualdade de condies
para o acesso e permanncia na escola.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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www.anped.org.br/25/tp25.htm. Acesso em: 30/03/2004.
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PALHARES, Marina Silveira (orgs.). Educao Infantil ps LDB: rumos e desafios.
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LHARES, M.S. (orgs.). Educao Infantil e ps-LDB: rumos e desafios. Campinas,
SP: Autores Associados; So Carlos, SP: Editora da UFSCar; Florianpolis, SC:
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ZABALZA, Miguel Angel. Dirios de Aula: contributo para o estudo dos dilemas
prticos dos professores. Porto: Porto, 1994.
51
52
52
ORGANIZAO DO TRABALHO PEDAGGICO
RELAES INTERPESSOAIS: EDUCAO PARA A PAZ E
A SOLIDARIEDADE
Leonardo Boff1
1
BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: tica do humano, compaixo pela terra. Petrpolis: Vozes,
1999.
53
- ABRINDO NOSSO DILOGO
Ol, professor(a)!
O tema deste texto tem muito a ver com nossa vida: a paz.
Leonardo Boff, autor do texto destacado logo abaixo do ttulo desta unidade,
analisa o cuidado que devemos ter com a terra inteira e com o ecossistema
local, com a sociedade sustentvel, com o outro, com os pobres, oprimidos e
excludos, com nosso corpo, com nosso esprito e com a grande travessia da
morte. Essa atitude de cuidado estabelece o fundamento de uma nova tica
a tica que precisamos no mundo de hoje. Leonardo Boff parte da primazia
que o sentimento deve ter sobre a lgica ou a razo, porque, segundo ele, s
ns humanos podemos construir o mundo a partir de laos afetivos. Esses laos
tornam as pessoas portadoras de valor. O assunto deste texto nos ajudar a
refletir sobre questes semelhantes a estas apontadas pelo autor.
Olhemos para fora de ns: a guerra est sempre presente em algum lugar; bombas
atmicas, armas qumicas e a insanidade de algum governante em us-las podem
destruir a vida sobre a Terra; atos e ameaas terroristas semeiam horror, medo
e tenso; pretenses imperialistas invadem com prepotncia pases que no
obedecem ao seu interesse econmico; assaltos, seqestros, roubos, balas perdidas
matam inocentes nas ruas e tiram a segurana de qualquer pessoa; explorao,
injustias, opresso, excluso social desrespeitam a dignidade da pessoa humana e
condenam povos ao subdesenvolvimento e submisso. Tudo isso faz levantar vozes
clamando por um mundo mais justo, por uma sociedade solidria, pela paz.
Olhemos para dentro de ns: queremos estar bem, ter paz e tranqilidade no
interior de nosso corao. Ningum quer ansiedade, brigas, desentendimentos,
dio, revolta, insegurana, medo. Mas um nmero muito grande de pessoas
sofre desses males. Quantas vezes voc ouve pessoas dizerem: me deixe em
paz; eu quero paz e o que falta a paz dentro delas. Com freqncia, temos
vontade de nos afastar do corre-corre, do sufoco, dos ambientes carregados, das
pessoas tensas, estressadas. s vezes voc est diante de uma linda paisagem que
inspira dizer: que ambiente de paz!. A pessoa que no tem paz fica doente.
J aquela que tem uma fisionomia serena, transmite bem-estar ao seu redor.
54
a serenidade, osentimento do belo, a confiana mesmo diante de grandes
problemas, a certeza de que agimos corretamente. Outra, a harmonia ou,
pelo menos, o respeito nas relaes entre as pessoas, os grupos, as naes, o
direito autodeterminao dos povos, a soluo dos conflitos pelo dilogo, a
convivncia democrtica, o desenvolvimento com justia.
Convivncia
Pense nesta frase que est escrita no Ato Constitutivo da UNESCO: Como as
guerras nascem no esprito dos homens, no esprito dos homens que devem
ser erguidas as defesas da paz.
O quadro Guernica, que voc ver a seguir, foi pintado pelo artista espanhol
Pablo Picasso. Essa obra foi uma resposta de Picasso Guerra Civil Espanhola,
episdio histrico que aconteceu pouco antes da Segunda Guerra Mundial.
Uma guerra civil um conflito que envolve grupos de um mesmo pas. Outros
pases s participam se for indiretamente, ou seja, apoiando um dos grupos.
55
No caso da Espanha, ocombate comeou em julho de 1936, com a tentativa
de um golpe militar liderado pelo General Francisco Franco contra a Repblica
Espanhola e seu governo.
Importante
- Essa uma questo difcil, porque mais do que um conhecimento e uma
estratgia para chegar paz e mant-la, preciso ter pensamentos,
atitudes e comportamentos pacficos. Ou seja, preciso ser uma pessoa
de paz. Portanto, a chave est na formao da pessoa, desde o colo da
me, passando pela educao infantil e percorrendo a vida toda.
E por essas razes que a ONU Organizao das Naes Unidas destaca o
papel da educao para a paz.
56
Voc est convidado(a) a estudar o tema desta Unidade com a mente e o corao,
sempre relacionando-o com as situaes do dia-a-dia, procurando crescer em
compreenso e vivncia da paz no seu interior, na sua famlia, no seu ambiente
de trabalho, na sua comunidade e na sua cidade. Como professor(a) de Educao
Infantil, voc tem um papel privilegiado na construo da cultura da paz. Quanto
mais competente for no exerccio desse papel, mais voc estar fazendo pela paz
-
no mundo.
Em sntese:
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- CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
- relaes interpessoais;
- educar para solidariedade;
- educar para a paz.
Por que a frase comea com relaes interpessoais? Porque a paz e a solidariedade
no so coisas materiais que existem por a, que se pode comprar, levar para
casa, consumir, devolver. So pensamentos, sentimentos e atitudes que moram
dentro das pessoas e que so formados no relacionamento social. Em outras
palavras, a gente aprende a viver a paz aprendendo a conviver.
Importante
- nas relaes com as outras pessoas que ns nos educamos para ser
pessoas de paz e para viver solidariamente.
Por isso, para falar de paz, temos que pensar em educar para a paz. E para
fazermos educao para a paz, precisamos considerar a formao das pessoas
para os valores humanos.
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Atividade 1
Procure se lembrar de alguns valores que contribuem para a paz. Em seu ca-
derno, faa uma lista provisria. Mais adiante vamos voltar a eles e voc ter
oportunidade de ampliar a lista. Dos valores que voc listou, sublinhe aqueles
que voc considera mais importantes.
A paz um bem muito precioso e necessrio vida humana. Ela tem que
estar na mente humana e, ali, gerar idias, sentimentos e atitudes que
aproximem as pessoas e as tornem capazes de construir relaes solidrias,
de respeito e cooperao. A educao como formadora da pessoa tem um
papel importante na construo da paz.
Para expandir e aprofundar o conhecimento que voc j tem sobre esse tema,
propomos trs subtemas, um para cada seo:
2. Aprender a conviver.
Comecemos buscando saber mais sobre cultura de paz. A Assemblia Geral das
Naes Unidas aprovou, em outubro de 1999, a Declarao sobre uma cultura
de paz e um programa para colocar em ao seus objetivos e diretrizes. A
introduo da palavra cultura quer expressar que a paz no esttica, nem
alguma coisa pronta, como uma frmula que se aplica, uma roupa que se
veste, um remdio que se prescreve. algo que tem de ser cultivado, zelado,
59
vivido e que est sempre em formao. A prpria ONU define cultura de paz
como um conjunto de valores, atitudes, tradies, comportamentos e estilos de
vida baseados no respeito e na promoo dos direitos fundamentais da pessoa
humana e das sociedades. Cultura de paz e direitos humanos, portanto, esto
profundamente relacionados.
Atividade 2
Pensando no que acabou de ler, como voc definiria, com suas palavras, cul-
tura de paz? Voc pode registrar essa definio escrevendo no seu caderno
ou, ainda, fazendo um cartaz com imagens e dizeres encontrados em jornais
ou revistas.
Avancemos, pois, na questo dos Direitos Humanos que nos ajudam a cultivar
a paz.
Preste ateno nos seguintes itens, que, segundo a Declarao sobre uma
Cultura de Paz, devem orientar e fundamentar os valores, as atitudes, os
comportamentos e os estilos de vida:
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Atividade 3
a) Procure extrair desses seis itens os valores que as Naes Unidas consideram
fundamentais para uma cultura de paz. Feito isso, volte lista que voc fez
na Atividade 1 e pense se h algum item que possa ser acrescentado. Ao
final, voc pode ter trs listas: sua primeira lista, a lista da ONU e a sua lista
atualizada.
b) Por fim, pense nos valores que voc considera possvel trabalhar com as
crianas na instituio de Educao Infantil e nas vrias formas de relacio-
namento que essa instituio tem com a comunidade. Voc pode levar sua
lista e compartilhar com os seus(suas) colegas no encontro quinzenal.
Professor(a), a seguir, vamos trazer alguns desses valores para a nossa realidade
de educadores infantis. Aps cada um, voc pode escrever sua idia de como
aquele item poderia ser vivenciado na Educao Infantil. muito importante
que voc faa o esforo de identificar situaes que dem sentido prtico a
cada um dos valores, na perspectiva da paz.
Respeito vida
No Brasil, a cada ano, mais de 100 mil crianas no completam o seu primeiro
ano de vida. Entre 2 mil e 3,5 mil mes morrem das conseqncias da falta
de atendimento de qualidade durante a gravidez, o parto e aps o parto. Os
riscos para a me e seu filho aumentam por insuficincia de micronutrien-
tes, como vitamina A e iodo, por alta incidncia de desmame precoce antes
dos 6 meses de vida, por falta de informaes adequadas sobre os cuidados
necessrios ou por falta de acesso a servios bsicos de saneamento.
Os cuidados tm de comear antes mesmo de a criana nascer. A mulher
grvida precisa fazer pelo menos seis consultas pr-natais e de orientaes
sobre como garantir o melhor comeo de vida a seu beb. (dados colhidos
no site da UNICEF www.unicef.org.br)
61
O respeito vida implica a conscincia das condies de vida das crianas e suas famlias
e a mobilizao em relao a aes que possam modificar quadros como esses.
Atividade 4
a) Seria interessante fazer um levantamento, na comunidade onde sua instituio
de educao infantil est localizada, do nmero de crianas que morreram nos
ltimos doze meses antes de completarem o quinto ano de vida.
Idia
Voc pode convidar avs das crianas ou pessoas mais velhas de sua comu-
nidade para brincarem e contarem histrias de sua infncia para as crianas.
Esse encontro ser a oportunidade de uma rica interao entre eles, que
ensina lies de respeito e valorizao da vida humana.
A vida do planeta est hoje na ordem do dia, quer dizer, h uma grande
preocupao com a sobrevivncia da Terra. A civilizao humana pode ser
destruda pelas bombas atmicas armazenadas, pelas armas qumicas, mas
62
tambm a Terra pode se tornar um deserto sem vida por causa do processo de
degradao de seus recursos naturais (gua, ar, florestas etc.). Voc j ouviu
falar na ECO-92 (AConferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992) e na Rio +10 (Reunio
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, realizada dez anos depois da
ECO-92, em 2002, em Johannesburgo, frica do Sul)? Procure se informar sobre
os compromissos assumidos nelas de respeitar a biodiversidade, promover o uso
sustentvel dos recursos naturais e distribuir eqitativamente seus benefcios,
visando um mundo de mais justia e equilbrio social e econmico. O respeito
vida de nosso planeta passou ser um novo tema da tica. Veja, no final deste
texto, as sugestes de leitura sobre esses temas. Essa experincia de respeitar a
biodiversidade foi vivida pela cultura Ticuna. Lembra? No texto de FE da Unidade
3 do Mdulo II apresentamos como essa nao se envolveu em um projeto de
preservao da sua cultura ao preservar o meio ambiente.
Fim da violncia
63
De acordo com os autores citados, se temos conscincia de que a guerra no
apenas ausncia de paz, no podemos negar que a guerra destri tanto
vidas quanto a possibilidade de dilogo, cria um clima de insegurana, pe em
dvida as certezas e, principalmente, tira a possibilidade do entendimento. No
podemos ver a guerra e o conflito como soluo, pois o que trazem consigo
a destruio do outro. Ao contrrio, precisamos reafirmar nossas possibilidades
de lutar contra as injustias e opresses. Precisamos nos importar, colocar em
dvida o que a mdia coloca como certeza, buscar o dilogo e viver a esperana,
como nos diz a cano:
Dias melhores
Rogrio Faustino Jota Quest
Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que no deixaremos pra trs
Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores
Melhores no amor, melhores na dor
Melhores em tudo
Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores pra sempre
Atividade 5
Como voc poderia viver esse valor em sua sala, creche, pr-escola ou escola?
Anote suas idias no seu caderno.
64
criana, suas interaes e suas diferentes formas de expresso. Nocotidiano com
as crianas, voc pode identificar momentos em que as crianas tm o direito
de falarem e serem ouvidas? Quando a criana se expressa atravs do desenho,
por exemplo, ela tem liberdade ou, de antemo, j est designado tudo o que
ela deve fazer, cores, formas, o que e onde pintar etc.?
65
Atividade 6
Para voc refletir: Como posso enriquecer o ambiente e aumentar as oportunida-
des na creche, pr-escola, ou escola onde trabalho e, particularmente, na minha
sala, para que o desejo de saber das crianas voe nas asas da curiosidade?
Atividade 7
A roda de conversa, no incio das atividades do dia, o planejamento e a ava-
liao com a turma so bons momentos para a expresso das opinies e o
respeito do grupo pelas crianas. Voc recorda uma situao em que voc deu
um bom encaminhamento para a divergncia de opinies? Voc pode registrar
essa situao no seu caderno e perguntar a outros(as) professores(as) da sua
instituio que encaminhamentos eles(as) tm dado quando h divergncia de
opinio entre as crianas.
66
Priscilla Silva Nogueira
Democracia ou gesto democrtica
c) Na avaliao, junto s crianas, das tarefas propostas: O que pode ser re-
gistrado do progresso que vai sendo obtido pela turma e por cada criana em
particular, do que falta fazer, do que no deu certo, das causas ou motivos por
que algo no foi realizado.
67
proposta pedaggica, se est elaborando ou se ainda vai comear o trabalho.
Se voc pede s crianas para sugerirem os temas de trabalho, se planeja com elas
o que o grupo vai fazer, se a distribuio das tarefas feita com a participao
de todos, voc est exercendo a democracia com sua turma de crianas.
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Atividade 8
a) Procure se lembrar de uma situao bem expressiva em que voc modificou
seu plano para atender s necessidades que as crianas, at mesmo os bebs,
expressaram por meio de gestos, olhares, movimentos ou mesmo falando
de seus desejos e expectativas.
Tolerncia
A diretora no quer mais que as crianas cheguem atrasadas. Diz que atra-
palha as atividades das salas. E d a ordem de fechar o porto dez minutos
aps o horrio fixado para a entrada. Na sala da professora Danielle, a
ausncia do Lo comea a ser notada. Decidem informar-se do motivo.
Descobrem que o Lo mora longe e sua me tem que traz-lo a p. As
crianas propem professora falarem com a diretora para deixar o Lo
entrar atrasado algumas vezes.
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Atividade 9
a) Voc se lembra de outro caso em que as crianas se mostraram mais tolerantes
do que os adultos?
b) Como voc poderia agir de forma que as crianas no comecem a ser into-
lerantes, mas continuem com a alma grande ?
Solidariedade
Essa palavra est no ttulo de nossa unidade deste texto. Veja o que diz o
dicionrio Aurlio:
Para o nosso estudo, vamos ficar com a ltima frase, que pode ser aplicada assim:
as crianas da sua creche, pr-escola ou escola tm interesses comuns e sentem-
se, por isso, impulsionados a apoiar, ajudar e estar junto s outras crianas.
PARA REFLETIR
Que gestos de solidariedade as crianas poderiam fazer diante das seguin-
tes situaes:
70
Cooperao
Formar grupos para certas atividades; para outras, deixar que as crianas se
renam livremente; montar, em grupo, um quebra cabea de muitas peas;
trabalhar em projetos so formas que exercitam a cooperao.
Atividade 10
a) Em que momentos ou atividades voc tem percebido que as crianas so
mais cooperativas?
71
Para refletir
- Voc acha que a globalizao e os meios de comunicao, principal-
mente a TV, esto levando anulao das culturas dos grupos com
menos poder econmico e formao de uma nica cultura global?
Atividade 11
a) Retorne aos textos de FE das Unidades 3 e 4 do Mdulo II e resgate o levan-
tamento da diversidade cultural das famlias das crianas de sua sala: de que
regies do pas elas ou seus familiares provm? Que manifestaes culturais
existem naquelas regies? Que espao voc j abriu em sua sala de Educa-
o Infantil a essas culturas? As crianas tm oportunidade de conhecer a
diversidade cultural da humanidade?
b) Como essa atividade pode contribuir para a cultura de paz? Voc pode anotar
suas idias no caderno.
Dilogo
72
Proteo do meio ambiente
73
De que forma se pode fazer isso?
O ano 2000 deve ser um novo comeo para todos ns. Juntos, podemos trans-
formar a cultura da guerra e violncia em uma cultura de paz e no-violncia.
Essa evoluo exige a participao de cada um de ns para dar s crianas e s
geraes futuras valores que ajudem a forjar um mundo mais digno e harmo-
nioso, um mundo de justia, solidariedade, liberdade e prosperidade.
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Atividade 12
a) Se voc tem meio de acessar a internet na sua instituio ou em outro local,
entre no site: http://www3.unesco.org/manifesto2000/sp/sp_6points.htm. O
site est em espanhol. Veja quantas pessoas j assinaram o manifesto.
e) Caso seja difcil entrar na internet, voc pode fazer uma cpia do Manifesto
2000 e enviar pelo correio para um(a) amigo(a), explicando o seu objetivo.
75
Da mesma forma que precisamos conhecer as coisas que nos cercam, temos
que aprender a relacionar-nos com as outras pessoas. S assim podemos ser e
existir, porque ns somos essencialmente seres sociais.
76
Mas isso no nem muito simples nem fcil. Veja como o convvio pode ser
ambivalente, ou seja, pode ter sentidos que so opostos:
Para viver a paz dentro de si e irradiar a paz ao seu redor a pessoa precisa
aprender a conviver.
77
Atividade 13
Tendo em vista sua convivncia familiar com as crianas e demais profissionais
da creche, pr-escola ou escola na qual voc trabalha, procure responder s
seguintes questes:
a) Uma situao em que o convvio foi, para voc, uma oportunidade de sensi-
bilizar-se com outra pessoa (pode ser uma criana) e assumir a sua defesa.
b) Pode ser ainda o oposto: uma situao em que a convivncia provocou ten-
ses, desentendimentos e separao.
c) Que lies voc pode apreender dessas duas situaes para um entendimento
mais profundo da convivncia como relao que aproxima subjetividades? Voc
pode usar o seu caderno ou mesmo incluir esses registros no seu memorial.
d) Voc tambm pode levar essa discusso para a sua turma. Uma sugesto partir
de uma histria que traga a possibilidade da convivncia. No item Sugestes
de Leitura, voc poder encontrar algumas indicaes para esta atividade.
Resumindo
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Seo 3 Situaes do cotidiano da educao para a paz: superando
conflitos e discriminaes
Atividade 14
a) Provavelmente a sua prtica pedaggica est repleta de experincias sobre
mediao de conflitos. Procure se lembrar de dois exemplos: um em que o(a)
professor(a) atuou autoritariamente e outro, democraticamente. Voc acha
que o resultado foi diferente nos dois casos?
b) Como voc explicaria, com suas palavras, por que agir democraticamente
nas situaes de conflito, agresso ou pequenos desentendimentos entre
as crianas melhor do que agir autoritariamente. Voc pode escrever essa
reflexo no seu caderno.
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Tendo refletido sobre a atuao democrtica e participativa e feito sua relao
com a prtica no cotidiano da Educao Infantil, vamos considerar alguns casos
especficos que merecem uma anlise mais detida.
80
Se esses conceitos (na verdade, pr-conceitos) tiverem espao de expresso
no cotidiano das instituies de Educao Infantil, vo ser reforados e gerar
atitudes preconceituosas pela vida afora. Preste ateno nas histrias que voc
conta ou l para as crianas, nas conversas e nos brinquedos delas, nas tarefas
que voc distribui e nas coisas que as prprias crianas assumem fazer. Em todas
essas ocasies, as mulheres (ou as meninas) e os homens (ou os meninos) so
tratados com respeito sua igualdade humana fundamental e s suas diferenas
de gnero, que os caracterizam como homem e mulher?
Importante
- Uma coisa a diferenciao de gnero o masculino e o feminino tm
suas caractersticas prprias, que no devem ser eliminadas ou disfara-
das. Outra coisa o preconceito, que nega direitos, qualidades e possibi-
lidades de desenvolvimento para as meninas ou os meninos. s meninas,
pela imposio de conceitos machistas; aos meninos, pela imposio de
conceitos de que homem no pode expressar sentimentos.
O que isso tem a ver com a paz? A paz no se alcana com a negao do direito
igualdade ou da igualdade de direitos entre homens e mulheres.
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Atividade 15
Volte Seo 1 Direitos Humanos e Educao, procure a relao dos valores in-
dicados pela Declarao sobre uma Cultura de Paz e leia novamente a letra (c).
Uma situao simples do cotidiano pode ajudar a trazer para a sua turma
espaos de convivncia com a diferena. Quantas bonecas vocs tm para as
crianas brincarem? Dessas, quantas so negras e quantas so brancas? Quando
fizeram a lista de brinquedos para a escola adquirir, incluram boneca negra?
Encontraram no comrcio? Voc j observou como as crianas brincam com a(s)
boneca(s) negra(s)? Tratam indistintamente as brancas e as negras ou atribuem
papis sociais associados cor?
Observao importante
O preconceito sofrido pela famlia de uma determinada criana pode ter feito
com que a criana negra j o tenha interiorizado e se considere feia e menos
inteligente. Preste ateno na linguagem e no brinquedo dessa criana. Se
descobrir que isso aconteceu, est na hora de fazer alguma coisa para mudar essa
auto-imagem e ela voltar a achar-se bonita, inteligente e aceita pelas outras.
Vamos sugerir algumas coisas que talvez j faam parte de seu modo de agir e
que so importantes para vencer o preconceito e a discriminao:
82
- Por exemplo, se uma criana branca
E o preconceito econmico?
H quem pense que a criana pobre menos inteligente que a criana rica.
Essa concepo esteve presente na abordagem da privao cultural, assunto
que acabamos de estudar no texto de FE da Unidade 1 deste mdulo. Como
vimos, a partir dessa viso, a pr-escola seria responsvel por suprir a carncia
cultural da criana das camadas populares.
83
Atividade 16
Tem sido dito muitas vezes que para pobres se oferece uma educao pobre.
Podemos observar que isso verdade (as escolas mais bem construdas e equi-
padas esto situadas nas reas habitadas por famlias de renda mais alta, essas
escolas tm os(as) professores(as) mais qualificados(as) e os materiais didticos
mais completos etc.), que as crianas das classes e das reas mais empobrecidas
sofrem uma discriminao que vai aprofundar sua excluso.
Olhando para a sua realidade, que relao voc faria com o que est dito acima?
Comente suas observaes e concluses com seus colegas no grupo de estudo do
sbado. Procure ir mais alm dos chaves, isto , das afirmaes corriqueiras, sus-
tentando suas opinies com observaes e dados colhidos na sua comunidade.
PARA RELEMBRAR
- Neste texto, voc refletiu sobre a construo da paz. Ela um dos bens
mais preciosos da vida. Mas ela no nos dada de graa. Temos que faz-
la acontecer primeiro em nosso interior e nas relaes interpessoais.
A partir da, em nosso meio social e na sociedade global. Ela tem que
ser pensamento, sentimento, atitude, comportamento.
- Paulo Freire nos deixou essa bela lio: Viver a abertura respeitosa
aos outros e, de quando em vez, de acordo com o momento, tomar a
prpria prtica de abertura ao outro como objeto da reflexo crtica
deveria fazer parte da aventura docente. A razo tica da abertura,
seu fundamento poltico, sua referncia pedaggica; a boniteza que
h nela como viabilidade do dilogo.
84
- ABRINDO NOSSOS HORIZONTES
Este texto reforou e ampliou aquilo que voc j sabia e vinha fazendo e, cer-
tamente, acrescentou coisas novas. Com este estudo, voc pode ir bem mais
longe nesse caminho da educao para a paz e a solidariedade, inventando
novas formas de cultivar a paz dentro de sua instituio de Educao Infantil.
V anotando suas invenes e refletindo sobre elas, para que sua prtica se
torne sabedoria.
O importante que voc tenha a obstinao por uma sociedade mais justa e
mais solidria. Uma sociedade que no aceite a injustia, a opresso, a exclu-
so, mas se engaje positivamente, que atue afirmativamente na promoo dos
direitos humanos, especialmente os direitos da criana.
85
GLOSSRIO
Alteridade: percepo do outro enquanto algum que diferente de mim,
com direitos iguais aos que atribuo a mim. A conscincia da alteridade nos
permite conviver com a diferena e nos proporciona um olhar interior a partir
das diferenas entre as pessoas.
86
Mediao (pedaggica): papel exercido pelo(a) professor(a) de atuar no processo
de desenvolvimento e aprendizagem da criana, ajudando-a a passar do nvel
de conhecimento atual, ou seja, do ponto em que se encontra, para o nvel
potencial, isto , ao qual ela pode chegar com essa ajuda. O(a) mediador(a)
no resolve o problema para a criana, no antecipa a resposta, mas induz,
com perguntas e novas situaes, a que a prpria criana percorra o caminho
da descoberta.
ONU: significa Organizao das Naes Unidas. Foi criada em outubro de 1945,
logo aps o trmino da Segunda Guerra Mundial, por 51 pases decididos
a manter a paz mediante a cooperao internacional. Hoje, mais de 190
pases so membros da ONU. Seus principais objetivos so: promover a paz, a
solidariedade, a cooperao internacional, evitar a guerra, garantir os direitos
humanos, assegurar a justia internacional. Seus rgos so: Assemblia Geral,
Conselho de Segurana, Conselho Econmico e Social, Corte Internacional de
Justia, Conselho de Administrao Fiduciria e Secretaria Geral. Tem vrios
programas, dois fundos (PNUD e UNICEF) e diversos organismos especializados.
Esses organismos funcionam como entidades independentes, vinculados
ONU, e se encarregam de reas especficas como educao, cincia e cultura
(UNESCO), alimentao e agricultura (FAO), sade (OMS), trabalho (OIT),
comrcio (OMC).
Ser dialgico: o ser humano forma-se na relao com o outro, por meio do
dilogo, da capacidade de ver, ouvir, acolher o outro e de estar disponvel para
o outro. Por isso se diz que o ser humano um ser de dilogo.
87
Viso utilitarista: o jeito de olhar para as coisas pelo seu lado de serventia, de
valor para satisfao imediata de algum desejo. A que d valor s coisas s pela
sua utilidade, sacrificando seu significado mais profundo em troca do prazer
egosta que ela pode oferecer.
JARES, Xess R. Educao para a Paz sua teoria e sua prtica. Porto Alegre:
Editora Artmed, 2002. 2.edio ver. e ampliada.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BAZLIO, Luiz Cavalieri, KRAMER, Snia. Infncia, educao e direitos humanos.
So Paulo: Cortez, 2003.
88
89
C - Atividades integradoras
90
Na Unidade 1 do Mdulo III, o cuidado foi o tema integrador entre os textos de
FE e OTP. O cuidado foi analisado a partir de uma viso tica, de relao com o
outro, mostrando a importncia dos laos afetivos. Esses laos tornam as pessoas
portadoras de valor, de sentimentos, da possibilidade de fazer do mundo um lugar
melhor para vivermos.
No texto de OTP foram destacados valores que devem ser cultivados nas relaes
interpessoais, visando uma cultura de paz, que na realidade so expresses do
cuidado que devemos ter em relao a ns mesmos e em relao aos outros:
Respeito vida; Fim da violncia; Respeito liberdade de expresso, informao
e opinio; Soluo pacfica para os conflitos; Democracia ou gesto democrtica;
Tolerncia; Solidariedade; Cooperao; Respeito diversidade cultural; Dilogo;
Proteo ao meio ambiente.
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- Escolha um desses valores: pode ser aquele que tem feito a diferena no
relacionamento da sua instituio ou aquele que a sua turma e/ou institui-
o precisa desenvolver. O que voc, enquanto professor(a) da Educao
Infantil, tem feito? Ou o que voc pode fazer, junto com as crianas, para a
construo de um mundo mais solidrio e de paz?
- Pense em uma maneira criativa de levar o princpio que voc escolheu para
o encontro quinzenal: pode ser um cartaz feito por voc, com recortes de
revistas e jornais, pode ser um cartaz construdo junto com as crianas, uma
msica ou poesia, obras de arte, enfim, algo que ajude o grupo a refletir
como ele tem vivido esse valor.
Durante o encontro:
Aps o encontro:
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