Poesia Dos Inconfidentes
Poesia Dos Inconfidentes
Poesia Dos Inconfidentes
1. Numa cuidada edio, levada a cabo por uma equipa de especialistas coor-
denada por Domcio Proena Filho, lanou a Nova Aguilar um volume nico que
rene pela primeira vez a poesia dos inconfidentes. O organizador justifica a opo
pelos traos comuns obra dos trs poetas, pelo facto de ao contrrio de outros
autores da chamada Escola Mineira apenas eles terem permanecido em Minas
Gerais e ainda pela sua participao no episdio da Inconfidncia, de 1789. Se esta
opo aceitvel enquanto tal, j os argumentos aduzidos no colhem totalmente.
Na verdade, se o objectivo principal fosse oferecer ao leitor um panorama do arca-
dismo mineiro, permitindo-lhe observar as caractersticas comuns da obra dos seus
representantes, compreender-se-ia mal a excluso de poetas como Jos Baslio da
Gama ou Manuel Incio da Silva Alvarenga. Assim, somos obrigados a concluir
que a reunio da obra potica de Cludio, Gonzaga e Alvarenga Peixoto teve
razes de outra natureza, conforme o sugere o prprio ttulo. Antes de mais, razes
de ordem poltico-ideolgica, relacionadas com o envolvimento dos autores na
Inconfidncia, o que um dado sobretudo biogrfico, na medida em que as marcas
que ter deixado nas respectivas obras so muito tnues. Por outro lado, podemos
tambm admitir motivos de ordem mais prtica: a obra dos trs inconfidentes
(sobretudo a dos dois primeiros) por motivos vrios a que continua a gozar de
maior favor do pblico e a que dispunha de melhores condies editoriais para
FRANCISCO TOPA
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voltar a ser impressa. A incluso de autores como Baslio da Gama ou Silva Alva-
renga obrigaria, com efeito, a um trabalho demorado de reunio dos poemas dis-
persos e inditos e a uma paciente fixao dos textos.
Isto no significa contudo que ponhamos em causa a utilidade desta edio. Se
consideramos discutvel o critrio que determinou a reunio da obra dos trs poetas
seleccionados, reconhecemos contudo o mrito de colocar disposio de um
pblico potencialmente alargado a obra de autores incontornveis de um perodo
decisivo de formao da literatura brasileira. Por outro lado, h que reconhecer
tambm os muitos contributos novos que ela traz, tanto no que respeita reunio e
fixao dos textos como no que se refere ao estudo de muitos aspectos da vida e da
obra dos poetas inconfidentes.
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Recenso
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FRANCISCO TOPA
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Recenso
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3. Para alm da edio dos textos dos poetas inconfidentes, este volume apre-
senta tambm uma srie de ensaios e trabalhos de consulta, que certamente contri-
buiro para fazer dele uma obra de referncia.
Relativamente aos primeiros, so includos artigos entretanto tornados clssi-
cos, referentes a cada um dos poetas. Assim, sobre Cludio, publicada uma carta
de Joo Ribeiro a Jos Verssimo datada de 1901; a propsito de Gonzaga, repro-
duz-se o prefcio de Rodrigues Lapa ao volume I da sua edio das Obras Comple-
tas e o ensaio de Manuel Bandeira A autoria das Cartas Chilenas Prova de esti-
lo favorvel a Gonzaga; quanto a Alvarenga Peixoto, optou o organizador pelo
prefcio que Lapa escreveu para a Vida e Obra do poeta. A par destes trabalhos, o
volume inclui tambm uma srie de importantes novos artigos, da autoria de espe-
cialistas em cada matria. Sobre Cludio, Melnia Silva de Aguiar apresenta um
estudo de conjunto intitulado A trajetria potica de Cludio Manuel da Costa,
enquanto Eliana Scotti Muzzi aborda o Vila Rica em Epopia e Histria. Em
relao a Gonzaga, o volume inclui Toms Antnio Gonzaga, um rcade entre a
lira e a lei, de Lcia Helena, e Cartas Chilenas: impasses da Ilustrao na col-
nia, de Paulo Roberto Dias Pereira. O terceiro poeta inconfidente estudado por
Letcia Malard em As louvaes de Alvarenga Peixoto. Precedendo as seces
dedicadas a cada um dos poetas, temos ainda um Painel histrico, da autoria de
Luciano Figueiredo.
Excelentes pelo seu rigor so tambm os trabalhos de consulta, elaborados por
Paulo R. D. Pereira: as cronologias (Arcdia, Ilustrao, Inconfidncia e Vida e
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FRANCISCO TOPA
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Francisco Topa*
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Publicado na Revista da Faculdade de Letras Lnguas e Literaturas, II Srie, vol. XIV, Por-
to, Faculdade de Letras, 1997, pp. 553-556.
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