Fundamentos Sociofilosoficos-Livro
Fundamentos Sociofilosoficos-Livro
Fundamentos Sociofilosoficos-Livro
Licenciatura de Matemtica
Fortaleza, CE
2011
CDD 370.1
AULA 2 Ideologia 23
Tpico 1 Ideologia e alienao 24
Tpico 2 Ideologia e educao 29
Tpico 3 Educao e doutrinao 31
Tpico 4 Contra-ideologias e educao 35
SUMRIO 5
Nesse semestre, para ajuda-lo a compreender o arcabouo terico das prticas pedaggicas
que voc observa no seu cotidiano e tambm para auxilia-lo a construir os seus valores
educacionais, faremos um bom passeio pelos fundamentos scio-filosficos da educao.
Dessa forma, vamos ler e interpretar textos, analisando as dimenses scio-filosficas e
tico-polticas da educao, e vamos conhecer os paradigmas educacionais. Dentre esses,
destacaremos, o paradigma emergente, a partir do qual que voc poder buscar, no exerccio
da sua profisso, alternativas de transformao de situaes da realidade em que se nega o
princpio da cidadania.
Esperamos que voc se encante com a disciplina e procure aproveitar ao mximo o material
que preparamos. Estaremos juntos, instigando, em cada aula, a sua curiosidade e auxiliando-o
a dirimir suas dvidas e inquietaes.
Seja bem-vindo(a)!
Ser que todos vem o mundo do mesmo modo? Uma mesma pessoa o v numa
mesma perspectiva sempre? Que referncias usamos para interpretar o mundo?
O que caracteriza o olhar filosfico? Qual a importncia desse olhar na educao?
Quais os campos de atuao da filosofia? Qual a finalidade da educao? O que
se espera do educador? O que necessrio na formao do educador? O que
caracteriza um professor reflexivo?
AULA 1 7
vo c s ab i a?
Por outro lado, mesmo que, por exemplo,
coexistam vrias perspectivas para se apreender
P odemos olhar o mundo e a ns
mesmos a partir de diversas
perspectivas: do mito,
religio, do senso comum, da cincia, da arte e da
filosofia. Essas abordagens o real coexistem, sem
da
O QUE PENSAR?
Acesse o site http://nossaagora.blogspot.
com/2008/04/perguntar-e-pensar.html e veja o que diz o
texto Perguntar e pensar do autor Juan Alfaro.
Agora que voc j comea a entender melhor o ato de
pensar, vamos conhecer um pouco sobre como apreendemos
o real. Analise a Figura 1 e reflita.
Figura 1 - O que pensar? Diante do exposto o que a imagem sugere?
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
mtica muito forte nos povos de nosso milnio, segundo Aranha (2006),
tudo o que pensamos e queremos se situa inicialmente no horizonte da
imaginao, nos pressupostos mticos, cujo sentido existencial serve de
base para o trabalho posterior da razo.
A mesma autora nos convida a refletir sobre os mitos que embalam
nossos sonhos, oferecidos pela literatura, religio e ideais polticos, e
que, assim, mobilizam nossas convices mais ntimas. Por outro lado, a
autora tambm alude queles que, ao contrrio dos que podem contribuir
para o crescimento da humanidade, conduziram-na lamentveis enganos
que tiveram conseqncias terrveis, como o da raa pura ariana e da Figura 2 - Pandora
O senso comum
O senso comum um conhecimento espontneo ou vulgar, herdado por um
grupo social e que seguido pelos seus membros. fragmentado, difuso, ametdico
e assistemtico. Pode se caracterizar como ingnuo e arbitrrio, injusto, parcial ou
reprodutor da classe dominante, ou ainda, evoluir para o bom senso.
Apesar de parecer ter apenas caractersticas negativas, o senso comum no
algo to ruim assim. Na verdade, importante saber que atravs do conhecimento
do senso comum que projetamos nossas vidas, adquirimos certezas e confiana para
AULA 1 TPICO 1 9
que possui todos os dons, ou a que o dom relao de causa e efeito entre as coisas e os
de todos os deuses) foi a primeira mulher, criada fatos; no se surpreendem nem se admiram com
por Zeus como punio aos homens pela ousadia a regularidade, constncia, repetio e diferena
do tit Prometeu em roubar aos cus o segredo das coisas; identificam cincia com magia.
do fogo. Para saber mais acesse o site http://www.
historianet.com.br E o bom senso, como se caracteriza?
Como uma anlise crtica dos saberes
e valores herdados, que no est atrelada
erudio, mas capacidade individual de lidar com o que diz o senso comum e a
sua pertinncia na ocasio.
Contudo, como veremos na aula 2, nem sempre h uma evoluo do sendo
comum para o bom senso devido a influncia da ideologia dominante.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
A cincia
E o olhar da perspectiva da Cincia, quais as especificidades
desse olhar?
Antes de comearmos essa nova discusso, analise a figura
Melancolia Figura 3 e reflita sobre a influncia da perspectiva
cientfica na sociedade ocidental.
Agora, convidamos voc a voltar ao sculo XVII, quando
Galileu Galilei- responsvel por transformar a fsica e a astronomia
vigentes desde a antiguidade grega e que tinha em Aristteles, a
Figura 3 - Melancolia maior referncia, desenvolveu as bases do mtodo cientfico.
A partir das proposies de Galileu, nada mais pde
ser considerado um saber seguro se no tivesse sido matemtica passou a ser a
ferramenta bsica, uma vez que o importante no era saber o que so as coisas, nem
a que finalidades servem, mas como so e por que surgiram em tal tempo e espao.
Logo, passou a ser imprescindvel definir como representar matematicamente
tempo e o espao.
Fonte: www.latinstock.com.br
O olhar da Filosofia
AULA 1 TPICO 1 11
A arte
E na arte, como se caracteriza a abordagem do real?
O olhar da arte no objetiva necessariamente fazer afirmaes sobre as
coisas, mas fundamentalmente, lanar possibilidades de interpretaes sobre estas
de forma criativa, utilizando-se de uma linguagem especfica e da imaginao.
AULA 1 TPICO 1 13
Como voc pde observar nas afirmaes acima, educar oferecer, s novas
geraes, as conquistas das anteriores, subsdios que sero fundamentais para que
se transformem em sujeitos de sua histria, se construindo a si prprios de forma
consciente.
... transmitir de fato, de forma macia e eficaz, cada vez mais saberes e saber-
fazer evolutivos, adaptados a civilizao cognitiva, pois so as bases da
competncia do futuro. Simultaneamente compete-lhe encontrar e assinalar
as referncias que impeam as pessoas de ficar submergidas nas ondas de
informaes, mais ou menos efmeras, que invadem os espaos pblicos e
privados e as levem a orientar-se para projetos de desenvolvimento individuais
e coletivos. educao cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo
complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bssola que permita
navegar atravs dele.
Esse novo papel da escola tambm confirmado por Libneo (2004), quando
este afirma que a escola moderna deve adotar um currculo centrado na formao
geral e continuada de sujeitos pensantes e crticos, objetivando assim a preparao
para uma sociedade tcnica/cientifica/informacional na contribuindo para a
formao de uma cidadania crtica participativa e na formao tica.
AULA 1 TPICO 2 15
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
AULA 1 TPICO 3 17
Para aprofundar um pouco mais a temtica, pas, apontam para a urgncia no investimento
pesquise como as cincias, tais como Sociologia, na formao de nossos educadores, porque,
Filosofia, Economia, Psicologia, Histria da infelizmente, o fato de terem se graduado no
educao, podem auxiliar a pedagogia. lhes assegurou o domnio dos saberes necessrios
a sua atuao profissional.
AULA 1 TPICO 4 19
AULA 1 TPICO 4 21
Atividad e s d e a pr o fun da m e n t o
1. Voc poderia apontar na sua vida cotidiana situaes de resolues de problemas baseado no senso
comum ? Descreva-as e se possvel compare-as se estas mesmas resolues fossem solucionadas utilizando-
se a viso cientfica.
2. Para aprofundar um pouco mais o tema, pesquise sobre um dos temas (ou os temas) a seguir: Educao
formal e informal.
3. Finalidade da educao na Grcia antiga (Esparta e Atenas), na Idade Mdia e na Idade Moderna.
Finalidade da educao nas comunidades tribais.
Caro(a) aluno(a),
Bom aproveitamento!
AULA 2 23
a) Raymond Williams
J no sculo XX, Raymond Williams (na obra Cultura e sociedade, 1958)
define ideologia em trs concepes bsicas:
Sistema de crenas de uma classe ou grupo social, incluindo-se os
valores, idias e projetos de um grupo ou classe social especfico.
Sistema de crenas ilusrias falsa conscincia. Essas crenas,
baseadas em critrios impossveis de ser comprovados, contrastariam
com o conhecimento verdadeiro ou cientfico.
Processo geral de produo de significados ou idias.
Aos dois primeiros conceitos chamaremos de conceito restrito e ao ltimo de
conceito amplo ou geral de ideologia. Vamos entender melhor o conceito geral.
Cada pessoa tem seus valores e crenas com os quais orienta suas escolhas.
Ideologia seria, ento, um conjunto de idias sistematizadas que servem para
orientar nossas aes.
E no sentido restrito, o que significa?
AULA 2 TPICO 1 25
c) Gramsci
Para concluir esta primeira parte, vamos refletir sobre o conceito positivo
de ideologia para pensador Antonio Gramsci (1891-1937), que a defendia como
base da estrutura social. Para o autor, a ideologia, quando incorporada como senso
comum, estabeleceria o consenso, garantindo hegemonia de uma determinada
classe que assume o poder. De acordo com Gramsci, O significado mais amplo de
uma concepo de mundo que se manifesta implicitamente na arte, no direito, na
atividade econmica, em todas as manifestaes de vidas individuais e coletivas e
que tem por funo, conservar a unidade do bloco social.
Fonte: www.latinstock.com.br
controladas.
O sucesso do taylorismo, que previa e
controlava melhor as fases da produo, fez com que
se expandisse a idia para domnios fora da fbrica.
Houve, assim, um grande desenvolvimento do
setor de planejamento, o que resultou numa grande
burocratizao. Este modelo de objetividade e
Figura 2 - Industria Automobilstica
racionalidade caracterizou-se por uma tcnica social
de dominao. A eficincia tornou-se um dos principais critrios dos negcios
atravs das premiaes gratificaes e promoes, estimulou-se a competio entre
os trabalhadores, fato que dificultava a solidariedade entre eles e os identificava
com os interesses da empresa em que trabalhavam. Pior, esses mesmos valores
invadiram os lares e influenciaram a educao, perfeitamente representados na
tendncia tecnicista que chega ao Brasil na dcada de 60 (assunto que estudaremos
na aula V.)
b) Alienao e informao
E na nossa sociedade, como se caracteriza o processo de alienao?
As relaes de trabalho se modificaram. Com o desenvolvimento tecnolgico
e as modificaes na produo, o setor predominante passou a ser o setor de servios
que envolvem as reas de comunicao e informao, educao, sade, comrcio,
AULA 2 TPICO 1 27
AULA 2 TPICO 2 29
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AULA 2 TPICO 3 33
AULA 2 TPICO 4 35
Justamente nesse contato com o aluno que poderia ser inculcada a ideologia
e a alienao, o que foi amplamente enfatizado por muitos autores como Althusser,
Passeron e Arroyo, que estudaram a escola como reprodutora do sistema scio-
poltico-econmico vigente. Nesse sentido, mesmo quando imbudos de boas
No posso ser professor se no percebo cada vez melhor que, por no poder ser
neutra, minha prtica exige de mim uma definio. Uma tomada de posio.
Deciso. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. No posso
ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de no importa o qu.
No posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade,
frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prtica
educativa. Sou professor a favor da decncia contra o despudor, a favor da
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Ativida d e s d e a pr o fun da m e n t o
1. Fazendo uma comparao com o que estudamos no tpico 2, da aula 1 (finalidade da educao: educao
e libertao), as informaes sobre o papel da educao, o conceito de doutrinar e o breve histrico a seguir,
o desafiamos a responder:
Embora a escola no seja responsvel sozinha pela educao das pessoas, as escolas se caracterizaram
historicamente como espaos educacionais ou doutrinadores?
2. O que ideologia e qual a sua funo?
3. Quais as caractersticas da alienao?
4. Reflita sobre educao e doutrinao e aponte as suas caractersticas.
Ol!
Nesta aula, procuraremos mostrar a voc como, desde o mundo antigo, essas
perguntas, foram sendo respondidas pelos filsofos e o que estas respostas
significaram na definio dos modelos educativos que construmos: como esses
modelos foram influenciados por estas concepes.
De tudo o que foi afirmado pelos filsofos, destacamos trs concepes para
serem analisadas nesta aula: essencialista, naturalista e histrico cultural.
Leia o material com ateno e tenha bom aproveitamento em mais este encontro.
AULA 3 39
voc s ab i a?
Definies da palavra Essncia:
A lguns filsofos ao longo da
nossa histria, afirmaram que
havia uma natureza imutvel
nos seres, inclusive no ser humano, aquilo o que
os fazia serem o que eram e que j nascia com eles:
1. O que constitui a natureza de algo a unidade na multiplicidade (PARMNIDES
(Aurlio, 2006 p 374).
(510-470 a.C.))
2. Parte mais importante de alguma coisa
A partir dessa perspectiva, mesmo
(Santos, 2001 p. 295)
constatando diferenas entre os homens, havia
um modelo de ser humano a ser atingido, uma
natureza humana universal idntica em sua
essncia em todos os tempos e lugares, que seria
atingida por meio da educao. Esses pensadores
Aristteles
Aristteles (384-322 a.C.), definia o
homem como ser racional, considerando essa
atividade sua essncia e separou matria e forma, sa iba m ais !
por compreender ser a matria passiva, varivel Acesse o site: http://www.youtube.com/
e neutra; e a forma, ativa, duradoura e aquela watch?v=I9qPYb_N3ng&feature=related e
que dava um aspecto qualitativamente definido. obtenha mais informaes sobre o mito da
AULA 3 TPICO 1 41
Kant
Kant(1724-1804), um importante pensador da poca, que ser estudado na
aula 4, afirmava que a educao tinha como fim, desenvolver, nas pessoas, toda a
perfeio que cada um fosse capaz. Porm, defender o aprimoramento da razo a
partir da coragem do indivduo de se auto-superar.
A concepo naturalista tem suas razes nas contribuies
histricas dos sculos XVI e XVII, abaixo:
AULA 3 TPICO 2 43
Fonte: www.latinstock.com.br
no sculo XIX, marcado pelos avanos tcnicos, a
industrializao e os conflitos sociais e prope o
desenvolvimento das cincias. A perspectiva positivista estendeu seu
mtodo a todas as reas do conhecimento, props o desenvolvimento
tecnolgico e a garantia da ordem social soberana. Essa ordem social
garantiria a reorganizao completa da sociedade, para assegurar o
seu pleno desenvolvimento, atravs da reestruturao intelectual
das pessoas. Todavia, esta corrente no era a nica poca. Outra
importante e antagnica corrente - como veremos com mais detalhes
na aula 5 - o materialismo histrico dialtico, que interpretar
Figura 1 - Positivismo
os problemas que se apresentam e as solues, de forma inversa ao
Positivismo.
Agora, interessa compreender o que favoreceu a leitura do materialismo
histrico dialtico, seus fundamentos e a sua influncia na criao de uma nova
concepo de homem: histrico-cultural.
Para entender essa nova concepo de homem, importante compreender
um pouco o Romantismo, movimento cultural que surgiu no final do sculo XVIII
e predominou durante a primeira metade do sculo XIX, envolvendo a filosofia e a
arte.
A grande preocupao do movimento era a forma como a racionalizao
e a mecanizao tpicas da sociedade industrial, ameaavam a expresso dos
AULA 3 TPICO 3 45
ROUSSEAU
Na filosofia, nem sempre fcil identificar
g uarde b e m i s s o ! os representantes do romantismo porque seria
O criador do idealismo alemo, Johann Gottlieb necessria uma anlise rigorosa do que chamamos
Fichte (1726-1814), transformou o EU de Kant, de elementos romnticos presentes no arcabouo
princpio da conscincia, em EU criador: a terico dos autores. o caso, por exemplo, de
realidade objetiva produto do esprito humano. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) - importante
representante do movimento Iluminista,
Friedrich Schelling (1775-1854), outro importante
filsofo do idealismo alemo, negou que a realidade
responsvel por oferecer as bases tericas do
exterior fosse produto do Eu, afirmando existir Estado democrtico que tinha reservas em
um princpio nico (uma inteligncia exterior ao relao crena no progresso das cincias.
Eu) que rege todas as coisas, se manifestando de Sua concepo de homem bom por
forma visvel em todos os nveis da natureza, at natureza e a compreenso de que este, para se
chegar ao mais alto: o homem( razo). desenvolver plenamente, deve ser colocado em
HEGEL
AULA 3 TPICO 3 47
SARTRE
Fonte: www.latinstock.com.br
Jean- Paul Sartre (1905-1980) foi considerado o pai do
existencialismo, foi um dos seus maiores representantes.
Alm de Sartre, podemos citar Max Stirner e Friedrich
Nietzsche (1844-1900) como filsofos que se debruaram sobre a
vida concreta dos homens inserida na realidade cotidiana.
No sculo XX, a Fenomenologia, mtodo de investigao
filosfica formulada por Edmund Husserl (1859-1938), modificou
a noo clssica de conhecimento separada entre sujeito e objeto
(assunto que trabalharemos com detalhes na prxima aula) e que
no considerava o sujeito em seu contexto, buscando um conceito Figura 3 - Fenomenologia
At iv ida d e s d e a p r of u n da m e n to
1. Com base no que voc leu, escreva as principais caractersticas da concepo essencialista. Aponte,
naquilo que ouvimos e com que lidamos no cotidiano, posturas que revelariam, inconscientemente, uma
viso essencialista do ser humano.
2. De acordo com o texto O progresso em trs estgios, como Comte concebe a histria?
3. Analisando os pensadores que contriburam com a formao da concepo antropolgica naturalista nos
sculos XVI e XVII, identifique o que tinham em comum.
AULA 3 TPICO 3 49
Ol!
Qual a origem das suas idias? At que ponto possvel conhecer o real? Como
se estabelece a relao entre o cognoscente (sujeito) e o cognoscvel (objeto) no
processo do conhecimento?
Bom aproveitamento!
Fonte: www.latinstock.com.br
P ara entendermos a concepo inatista, analisaremos dois
pensadores - de pocas distintas, que davam explicaes
diferentes para justificar o inatismo: Plato e Descartes,
pensadores sobre os quais falamos na aula anterior.
Figura 1 - Pensador
O INATISMO EM PLATO
Vimos na aula anterior que Plato acreditava que antes de viverem nesta
existncia, as almas j haviam contemplado o mundo das idias perfeitas. Contudo,
quando nasciam passavam por um processo de esquecimento que acontecia de
forma diferente em cada pessoa. Em vrias de
suas obras, podemos observar o que o pensador pa r a p e n sar
defende em relao ao conhecimento adormecido
Razo objetiva e razo subjetiva. Seria a filosofia
dentro das pessoas, mas nos dilogos abaixo, isto
a possibilidade do encontro e do acordo entre
fica muito claro. ambas? O conhecimento est no sujeito, nas
Em Mnon, Plato conta como Scrates, coisas ou em ambos?
utilizando-se da Maiutica, vai fazendo as
AULA 4 TPICO 1 51
INATISMO EM DESCARTES
Para Descartes, o homem possui trs tipos de idias que se diferenciam
segundo sua origem e qualidade: idias adventcias, idias fictcias e idias inatas.
Vejamos as caractersticas de cada uma delas.
at e n o!
O MTODO CARTESIANO
Para conduzir o esprito na busca da verdade, Descartes propem um mtodo que possui quatro regras
bsicas, a saber:
Regra da evidncia - S aceitar algo com verdadeiro se estiver absolutamente evidente por sua clareza e
distino.
Regra da anlise O todo das dificuldades surgidas deve ser dividido em quantas partes forem necessrias
para que analisando-as, possa compreend-lo.
Regra da sntese Ordenar o raciocnio indo dos problemas mais simples para os mais complexos.
Regra da enumerao - Fazer verificaes completas e gerais, para que nada fique de fora, nenhum aspecto
do problema seja omitido.
Observao: Para obter mais informaes sobre as idias do pensador Ren Descartes releia aula 02, tpico
desta disciplina.
AULA 4 TPICO 1 53
s aiba m a i s !
Na imagem, temos uma exaltao dos sentidos,
N o tpico
tericos
anterior
compreendeu os Fundamentos
da
voc
concepo
inatistas. Neste tpico, analisaremos o empirismo
e suas conseqncias.
princpio primeiro nos empiristas para que aja
Segundo Marilena Chau (2005), o
aprendizagem. Na obra alegoria dos cincos
empirismo uma caracterstica muito marcante
sentidos, obra de Gerard de Lairesse, de 1668:
na filosofia inglesa. Roger Bacon ( 1214-1292),
a audio representada pela criana que toca
Guilherme de Ockam(1280-1394), Francis
tringulo, a viso pela criana com espelho; o
Bacon(1561-1626), Thomas Hobbes(1588-1679),
paladar pela mulher com a fruta;o olfato pela
criana segurando flores; o tato pelo contato dos
John Locke(1632-1704), David Hume(1711-1776)
AULA 4 TPICO 2 55
AULA 4 TPICO 3 57
HEGEL (1770-1831)
Responde ao problema do conhecimento, criticando o inatismo, o empirismo
e o apriorismo kantiano, afirmando que estes no compreenderam o fundamental:
a razo histrica, logo, a mudana, a transformao da razo e de seus contedos
Fonte: http://upload.wikimedia.org/
razo no est no tempo; ela o tempo(CHAUI 2005 p. 79) ( Reveja o
tpico 3 da aula 03 Idealismo)
Hegel ainda compreendia que Kant tinha razo quando afirmara
os enganos do inatismo e do empirismo, porm tambm se enganara por
no perceber que a razo sujeito e objeto, pois quando afirmara que o
sujeito no dava conta da coisa em si, admitia que existisse uma realidade
inalcanavel pela razo. Sendo assim no percebera que a razo a criadora Figura 5 - Hegel
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
Criador da fenomenologia, mtodo de investigao filosfico que
consiste na observao e descrio rigorosa do fenmeno. Para Edmund
Husserl, a realidade para o sujeito, no existindo em si, sendo, portanto,
desprovida de significados por ela mesma.
Dessa maneira, segundo Husserl, seria necessrio buscar-se analisar Figura 6 - Edmund Husserl
percepo.
AULA 4 TPICO 3 59
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
entendido como parte do desenvolvimento histrico geral de nossa espcie.
O referencial histrico-cultural desenvolvido por Vigotsky e seus
colaboradores apresenta uma nova maneira de entender a relao entre o
sujeito e objeto, no processo de construo do conhecimento. Enquanto,
para Piaget, a aprendizagem e a aquisio do conhecimento so baseadas
nos aspectos biolgicos do desenvolvimento infantil, para Vigotsky, o
Figura 8 - Vigotsky
processo de aquisio do conhecimento est diretamente ligado ao processo
scio-histrico. O desenvolvimento e a maturao representam pressupostos e no
um resultado da aprendizagem. O sujeito constri o conhecimento com a troca
com outros sujeitos e consigo prprio at ir internalizando o conhecimento, papis
e funes pessoais, que permitem a constituio do conhecimento e da prpria
conscincia. Dessa forma, o sujeito no deve ser considerado apenas ativo em
relao realidade e ao conhecimento, mais interativo.
HENRI WALLON(1879-1962)
Afirmava que a gnese da inteligncia gentica e organicamente
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
AULA 4 TPICO 3 61
g uarde b e m i s s o !
Podemos ainda sintetizar as contribuies de Piaget, Vigotsky e Wallon da seguinte forma:
Piaget: dedica-se ao estudo da psicognese da inteligncia, tendo como objetivo o estudo da
inteligncia em seus aspectos universais, independente de quaisquer culturas.
Vigotsky: dedica-se ao estudo da evoluo do pensamento conceitual, tendo como objetivo o estudo
das funes mentais superiores (memria, conceito, linguagem e pensamento)
Wallon: dedica-se ao estudo da psicognese da pessoa, tendo como objetivo a criana dentro do seu
cotidiano, no seu habitat natural. Segundo esse terico, a singularidade viria do social.
Ol!
Nesta aula vamos fazer um pequeno passeio histrico pelo sculo XIX para que
voc possa compreender melhor as mudanas ocorridas na sociedade ocidental
a partir desta poca. Como j vimos anteriormente, a Europa viveu mudanas
profundas com Revoluo Industrial, consolidando um modelo do capitalismo. Do
ponto de vista poltico e scio-cultural foi a Revoluo Francesa que consolidou o
poder da burguesia e um novo modelo social.
AULA 5 63
Cartel - Associao entre empresas do mesmo ramo de produo com o objetivo de dominar o mercado e
disciplinar a concorrncia. As partes entram em acordo sobre o preo, que uniformizado geralmente em
nvel alto, e quotas de produo so fixadas para as empresas membros. Os cartis comearam na Alemanha
do sculo XIX e tiveram seu apogeu no perodo entre as duas grandes guerras mundiais.
Holding - uma forma de oligoplio no qual criada uma empresa para administrar um grupo delas
(conglomerado) que se uniu com o intuito de promover o domnio de determinada oferta de produtos e
/ou servios. Na holding, essa empresa criada para administrar possui a maioria das aes das empresas
componentes de determinado grupo. Essa forma de administrao muito praticada pelas grandes
corporaes.
Influncias positivistas
As mudanas na perspectiva de conhecimento, j citadas na aula anterior,
favoreceram o embate entre duas correntes ideolgicas: o positivismo e o socialismo.
O positivismo, sugere que as avaliaes cientificas devem ser rigorosamente
embasadas em experincias. Essa corrente epistemolgica saiu dos domnios da
filosofia do conhecimento e se tornou uma doutrina para a organizao social,
AULA 5 TPICO 1 65
Influncias socialistas
A primeira fase da histria do socialismo ficou conhecida como socialismo
utpico e seus principais representantes foram Claude-Henri de Rouvroy, conde de
Saint-Simon; Franois-Charles Fourier e Robert Owen. Em 1848, com a publicao
do Manifesto Comunista de Marx e Engels, o socialismo inaugurou uma nova fase
conhecida como socialismo cientifico. As bases tericas desse novo modelo de
socialismo estavam centradas no materialismo histrico, no materialismo dialtico,
na luta de classes, na doutrina da mais-valia e na teoria da evoluo socialista.
Outras ideologias como o anarquismo e anarco-sindicalismo contriburam
para as turbulncias sociais que assolaram o sculo XIX. Dentre os inmeros
eventos ocorridos, podemos destacar a formao da Internacional Comunista que
foi determinante na ecloso da Comuna de Paris.
vo c s ab i a?
Socialismo utpico: a literatura marxista se refere aos primeiros socialistas como utpicos porque
eles acreditavam na possibilidade de uma transformao social total que compreendesse a eliminao
do individualismo, da competio e da influncia da propriedade privada de forma pacifica, sem o
reconhecimento da necessidade da luta de classes e do papel revolucionrio do proletariado para realizar
essa transio. (BRAICK e MOTA, 2002).
O materialismo dialtico tem como idia central a hiptese de que o mundo no pode ser considerado
um complexo de coisas acabadas, mas de processos em que as coisas e os reflexos delas esto em constante
movimento (BRAICK e MOTA, 2002).
Luta de classes: foi a denominao adotada por Karl Marx (idelogo do comunismo) e Friedrich Engels
para designar o confronto entre o que consideravam os opressores (a burguesia) e os oprimidos (o
proletariado), consideradas classes antagnicas e existentes no modo de produo capitalista. A luta de
classes se expressa nos terrenos econmico, ideolgico e poltico.
Mais-valia: na teoria da mais-valia Marx e Engels procuram demonstrar uma das formas pela qual o
capital se apropriava e explorava a classe trabalhadora. Portanto o valor acrescentado ao produto pela
fora do trabalho do operrio e se expressa na diferena entre o valor que o trabalho produzia e o que ele
recebia.
Teoria da evoluo socialista Hiptese de que, aps a conquista do poder pelos trabalhadores, eles
dariam inicio a um processo de transio entre a ordem burguesa e o comunismo chamado de ditadura do
proletariado. O final dessa transio seria o estabelecimento de uma sociedade sem classes, sem propriedade
privada dos meios de produo e sem Estado. Nessa sociedade, cada pessoa trabalharia segundo suas
habilidades e receberia conforme as suas necessidades, criando-se, assim, uma sociedade comunista.
at e n o!
Anarquismo uma palavra que deriva da raiz grega avapya an (no, sem) e arch (governador) e
que designa um termo amplo que abrange desde teorias polticas a movimentos sociais, as quais, por sua
vez, advogam a abolio do capitalismo e do Estado como representante de autoridade imposta e detentora
do monoplio do uso da fora. Vejamos alguns significados de anarquismo e de conceitos derivados dessa
corrente de pensamento:
AULA 5 TPICO 1 67
Anarquismo a teoria libertria baseada na ausncia do Estado. De um modo geral, anarquistas so contra
qualquer tipo de ordem hierrquica que no seja livremente aceita [1], defendendo tipos de organizaes
horizontais e libertrias.
As disputas entre as diversas ideologias iniciadas no sculo XIX continuaram ao longo do sculo XX
especialmente aps a Revoluo Bolchevique de 1917, em Moscou, que colocava em xeque o modelo de
sociedade capitalista-burguesa. Com a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido praticamente em
dois grandes blocos: o bloco dos pases capitalista e dos socialistas. Esse modelo estendeu-se at 1989,
quando ocorreu a queda do muro de Berlim, evento que fortaleceu o fim do socialismo no leste europeu,
criando, assim, na viso de muitos especialistas um vcuo ideolgico para um novo modelo de sociedade.
Figura 1 - Greve
tornou-se um mero executor, limitando, assim, seu domnio
tcnico sobre o prprio trabalho.
possuem apenas a fora de trabalho e a vendem ARRUDA, 1996 p.140). Hegel afirmava ainda que
AULA 5 TPICO 1 69
CONCEPES PEDAGGICAS
Na poca contempornea, observamos uma reao filosofia idealista
e positivista do sculo XIX, bem como filosofia moderna geral. No entanto,
possvel perceber que as correntes filosficas da educao muito tm em comum
com os pensadores da poca moderna e contempornea, visto que estes retomavam
e interpretavam os filsofos de pocas anteriores, (relembre o assunto na aula 3).
Saviani (apud MENDES, Disponvel em http://tjsc5.tj.sc.gov.br/moodledata/12/
Pedagogia_Liberal.pdf, acessado em 19/08/08) afirma que as concepes filosficas
pedaggicas podem ser organizadas em:
AULA 5 TPICO 2 71
Concepo Analtica
Pressupe que a tarefa da filosofia da educao seria efetuar a anlise lgica da
linguagem educacional. O significado de uma palavra s poderia ser determinado,
conforme essa perspectiva, em funo do contexto em que utilizada. Esse contexto
seria o lingstico e no scio-econmico ou poltico.
Concepo Dialtica
V o homem com o conjunto das relaes sociais. A tarefa da filosofia da
educao seria explicitar os problemas educacionais. No nega viso tradicional,
nem a moderna, admite que a realidade dinmica.
Como se v, as concepes abordadas esto relacionadas em parte com as
correntes filosficas. O positivismo relaciona-se com a concepo tradicional; o
existencialismo com a concepo humanista moderna; a dialtica com a concepo
dialtica e a fenomenologia com a concepo analtica.
PEDAGOGIA LIBERAL
Segundo Libneo (1992), o termo liberal, em educao, em Histria, no
tem o sentido de avanado, democrtico, aberto como costuma ser usado no
senso comum. Na realidade, a doutrina liberal apareceu como um elemento de
justificao do sistema capitalista que, ao defender a predominncia da liberdade
e dos interesses individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de organizao
social que est baseada na propriedade privada dos meios de produo e que
caracteriza a chamada sociedade de classes.
Para a pedagogia liberal, o papel da escola consiste na preparao intelectual
e moral dos alunos, no compromisso com a cultura e na defesa de que os menos
capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto
aos mais capazes.
AULA 5 TPICO 2 73
AULA 5 TPICO 3 75
Papel da escola
A finalidade da escola difundir a instruo, transmitir os conhecimentos
acumulados pela humanidade, sistematizados logicamente (SAVIANNI, 1992).
Destaque-se ainda que os liberais atribuam ignorncia as causas da marginalidade
na nova sociedade. Portanto a escola seria a respostas para os males apresentados.
No havia, porm, como j dissemos anteriormente, uma preocupao em
compreender as causas dessa marginalidade.
Gesto escolar
O modelo organizativo pautado em dois aspectos: a ordem externa e a
disciplina normativa. Apresenta uma estrutura organizativa linear, em que a
autoridade do gestor no questionada e sua principal preocupao controle da
aplicao dos programas e das ordens que so emanadas do Estado.
Relao professor-aluno
Fonte: http://flickr.com/photos/jovemrural/
AULA 5 TPICO 3 77
A escola no pode ser uma preparao para a vida, mas sim a prpria
vida, portanto aprendizagem e experincia esto unidas.
Nas suas obras, Dewey procurou refletir sobre a oposio entre interesse/
esforo e interesse/disciplina. Para ele, o esforo e a disciplina so produtos do
interesse, por isso importante que o educador descubra os reais interesses da
criana para poder avanar na ampliao de seus poderes, apoiados nesses interesses.
Dewey, influenciado pelo avano do capitalismo e pelo iderio da democracia,
queria preparar o aluno para a sociedade do desenvolvimento tecnolgico e para
a vida democrtica.
Na Europa e nos Estados Unidos, o movimento da Escola Nova teve lugar
na escola particular (vejam-se as contribuies de Montessori, Decroly). No Brasil,
por outro lado, o escolanovismo se apresentou como um movimento reformista da
instruo pblica.
at e n o!
A educadora italiana Maria Montessori nasceu em 1870, e morreu em 1952. Formou-se em Medicina,
pela Universidade de Roma. Nesta mesma instituio, iniciou um trabalho com crianas anormais (termo
utilizado na poca em que a pesquisadora desenvolveu sua teoria. Hoje a denominao foi substituda por
crianas com necessidades especiais). Fundou, assim, a Casa da Criana (Casa dei Bambini). O mtodo
desenvolvido na Casa da Criana foi posteriormente experimentado, com xito, em crianas sem problemas.
AULA 5 TPICO 4 79
Ovide Decroly (1871-1932), mdico belga, desenvolveu um mtodo de ensino que ficou mais conhecido
como centro de interesse. Priorizava o trabalho em grupo e no aceitava a idia de a criana ser um adulto
em potencial. Segundo o terico, a criana devia ser criana. Transformou ainda a maneira de ensinar e
aprender, ajustando a psicologia da criana. Decroly foi um dos fundadores do mtodo ativo, segundo o qual
o aluno pode gerir seu prprio aprendizado e, assim, aprender a aprender.
AULA 5 TPICO 4 81
AULA 5 TPICO 4 83
- Ansio Teixeira (1900-1971): foi aluno de Dewey, na Universidade de Columbia, em 1929, e teve um papel
importante em diversos setores da educao. Foi diretor de Instruo Pblica do Distrito Federal (1931 a
1934), Secretrio de Educao e Cultura do Distrito Federal (1934-1935) e mais tarde secretrio de Educao
e cultura na Bahia.
- Loureno Filho (1897-1970): foi responsvel pela reforma do ensino pblico no Cear na dcada de 1920,
diretor-geral do ensino pblico em So Paulo, na dcada de 1930 e organizador Instituto Nacional de
Estudos Pedaggicos, em 1938.
- Fernando de Azevedo (1894-1974): socilogo, foi diretor de Instruo Pblica do Distrito Federal (1926-
1930) e do Estado de So Paulo (1933), foi diretor da Associao Brasileira de Educao e diretor da Faculdade
de Filosofia, Cincias e Letras da USP entre 1941 e 1942.
ANTECEDENTES
No tpico anterior, vimos o modelo de educao da Escola Nova. Agora
vamos estudar a tendncia tecnicista da educao, procurando compreender a sua
evoluo e a sua importncia no Brasil.
A tendncia tecnicista da educao est diretamente ligada aos avanos
tecnolgicos da sociedade contempornea. A cincia deixou de ser comprometida
apenas com o conhecimento e assumiu o desafio de dominar a natureza, ou seja:
saber poder. Bacon (1561-1626).
Diante deste novo modelo de sociedade capitalista, era necessria a formao
de mo-de-obra especializada composta de tcnicos cada vez mais aptos aos novos
desafios propostos pelo avano acelerado da tecnologia. Afinal, disso dependia o
aumento da produtividade, da eficcia, da eficincia. O modelo de escolas tecnicista
inspirava-se no modelo taylorista de racionalizao da produo.
O taylorismo foi aceito em diversos pases, inclusive na URSS, e j na
dcada de 1940 era possvel ver este modelo
de organizao, no ocidente, especialmente nos
EUA, que se baseava na capacidade de coordenar
o conjunto e dirigir o todo, inclusive os homens.
sa iba m ais !
Essa tendncia estava fundamentada nos Obtenha mais informaes sobre Taylorismo
pressupostos positivistas que, em nome de um acessando o site: (http://www.brasilescola.com/
AULA 5 TPICO 5 85
TECNICISMO NO BRASIL
O modelo tecnicista foi introduzido no Brasil durante o Regime Militar (nas
dcadas de 60 e 70), no momento que os militares buscavam consolidar um modelo
de economia capitalista baseada principalmente no capital estrangeiro.
A implantao do tecnicismo no Brasil aconteceu de forma abrupta e
prejudicou principalmente a escola pblica devido excessiva burocratizao do
ensino. Savianni (1992) ressalta que a pedagogia tecnicista, ao ensaiar transpor
para a escola a forma de funcionamento do sistema fabril, perdeu de vista a
At iv ida d e d e a p r of u n da m e n to
1. Tomando como referncia as leituras realizadas e o aprofundamento dos seus conhecimentos,
relacione Segunda Revoluo Industrial e imperialismo.
2. Estabelea a diferena entre positivismo, socialismo utpico e materialismo histrico.
3. Analise o pensamento pedaggico do sculo XIX, estabelecendo a sua relao com as mudanas
econmicas ocorridas durante o perodo.
A partir do que voc estudou neste tpico, responda as questes que se seguem e disponibilize o arquivo no
Ambiente, no recurso tarefa intitulado: Concepes liberais.
4. Retome a leitura de tpicos anteriores e estabelea um paralelo entre modelo capitalista liberal vigente
no sculo XIX e em grande parte do sculo XX e a escola tradicional.
5. Analise as caractersticas da escola tradicional e trace um paralelo com a modelo de escola vigente
hoje. No se esquea de destacar as semelhanas e diferenas.
Observao: Voc dever juntar as questes deste tpico com as do tpico 2. Disponibilize em um nico
arquivo no Ambiente no recurso tarefa Concepes liberais.
AULA 5 TPICO 5 87
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula vamos conhecer correntes filosficas da educao que receberam forte
influncia do socialismo, modelo poltico que foi implantado na Rssia, em 1917.
Aps a Revoluo Russa tornou-se urgente a implantao de um novo modelo de
educao que contribusse para formao do novo cidado, preparado para os
novos desafios do mundo do trabalho e para assumir de maneira mais efetiva o
seu papel de cidado dentro de um contexto mais coletivo.
Ao longo dos prximos tpicos, vamos tentar responder essas e outras perguntas
para que voc possa ampliar os seus conhecimentos sobre as teorias filosficas
da educao.
at mesmo das que ainda no haviam realizado pesquise mais sobre a revoluo industrial.
A RSSIA DA REVOLUO
A Rssia do sculo XIX viveu um processo interno de profunda contradio.
De um lado teve incio um rpido processo de industrializao nas cidades,
que submeteu os trabalhadores a cargas exaustivas de trabalho. Enquanto isso,
no campo, apesar de a servido ter sido abolida em 1861,
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/
AULA 6 TPICO 1 89
voc sa bi a?
Soviet: Em russo, significa conselho. O termo representava a assemblia ou os conselhos de deputados
eleitos e formados por operrios, camponeses e soldados no decorrer das revolues de 1905 a 1979 (MOTA
E BRAICK, 2002).
Modelo de poltica Econmica: Este modelo permitia a existncia de um setor privado que ficaria encarregado
do comrcio varejista, enquanto o atacadista permaneceria sobre o controle do Estado, que poderia permitir
a criao de cooperativas. No campo, as cooperativas continuaram existindo, mas os camponeses que haviam
assumido as terras de nobres durante a revoluo, puderam utilizar seus recursos para alugarem novas terras.
sa iba m ais !
O mais importante do enfoque de Fayol est em separar a tarefa da administrao das aes operacionais e
tcnicas na organizao. Isto essencial para as pessoas que administram os diversos tipos de organizaes.
at e n o!
Para obter mais informaes sobre as idias soviticas, voc pode pesquisar nos livros de histria sobre os
movimentos revolucionrios e sua importncia no sculo XX.
AULA 6 TPICO 1 91
sa iba m a i s !
Leia o texto de Pistrak: uma pedagogia socialista para obter mais informaes sobre a Escola de trabalho.
Disponvel no site: http://www.espacoacademico.com.br/024/24mt1981.htm
Leia o texto da professora Margarita Rodriguez, para obter mais informes sobre Poemas pedaggicos
disponvel no site: http://www.ucdb.br/serieestudos/publicacoes/ed17/08_Margarita.pdf
AULA 6 TPICO 1 93
baseado nos quatro pilares modernos da educao: (1898-1979), Walter Benjamin (1892-1940), Erich
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender Fromm ( ) e Jurgen Habermas (1929-). As idias
a viver juntos e aprender a ser. Este documento defendidas apontam para no concretizao
est disposio na integra para dowland no site: dos ideais emancipadores apresentados pelos
http://w.ww.dominiopublico.gov.br iluministas do sculo XVIII, visto que a cincia
e a tecnologia tornaram-se instrumento de
dominao do capital e no da emancipao do
homem. Para a excluso acabe, torna-se necessria a recuperao da razo para o
servio da emancipao humana, de forma a recuperar o individuo autnomo e
consciente de seus fins. Isso s acontecer, segundo a teoria, com a superao do
As Teorias Crtico-reprodutivistas
Como j dedicamos um tpico apenas a essas teorias, vamos s relembrar
que afirmam que elas criticam a ingenuidade com que se defende a democratizao
da sociedade pela ampliao das oportunidades de escolarizao. Segundo elas, as
escolas trabalham com hbitos tpicos das famlias burguesas, e a escola nica
na verdade dualista, com presses para a profissionalizao precoce dos egressos
das classes menos abastadas. Sofre crticas com relao ao seu pessimismo por
desconsiderar o papel transformador da escola, mas certamente favorece uma
percepo mais crtica da educao.
As Teorias Progressistas
Os educadores russos Makarenko e Pistrak so apontados como precursores
das teorias progressistas, alm do italiano Gramsci. Na atualidade, podemos
apontar: George Snyrdes, Suchodolski, Bernard Charlot, Henry Giroux. Este
ainda um movimento recente e que apresenta diversas caractersticas, a prpria
denominao progressistas no assumida por todos (ARRUDA, 2002). Mas de uma
maneira geral, os progressistas defendem uma pedagogia social e crtica em que o
papel poltico do professor valorizado no sentido de evitar que os alunos fiquem
a merc da fora ideolgica reinante. Eles tambm criticam os reprodutivistas - que
so excessivamente negativos em relao escola -, para os progressistas, a escola
pode de
AULA 6 TPICO 1 95
sa iba m a i s !
Vigotski teve vrios colaboradores de diversas reas, dentre eles destacou-se Luria (1902-1975) e Leontiev
(1903-1979).
Luria: nasceu em 1902. Aos 15 anos vivenciou o processo da revoluo russa. Cursou cincias sociais, mas seu
foco de pesquisa foi na rea da psicologia. Em 1924 foi convidado a se juntar a um grupo de jovens cientistas,
liderado por Vigotsky, onde conheceu Leontiev. Juntos desenvolveram pesquisas sobre as bases materiais do
fenmeno psicolgico humano.
Leontiev: importante psiclogo russo trabalhou com Luria e Vigotski. Foi membro da academia sovitica
de cincias pedaggicas. Em 1968 recebeu o ttulo de doutor honoris causa pela universidade de Paris. Ele
defendia a natureza scio-histrica do psiquismo humano. A partir dela, a teoria marxista do desenvolvimento
social tornou-se indispensvel.
AULA 6 TPICO 2 97
AULA 6 TPICO 2 99
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
ESTUDOS DE JEAN PIAGET
No contexto da educao contempornea, o debate
sobre o construtivismo ganhou amplo espao tanto no cenrio
educacional, como na Psicologia ou e nas Cincias Sociais.
Muitas vezes, entretanto, o termo construtivismo tem sido
Figura 7 - Jean Piaget
utilizando de maneira equivocada. Nesta aula, vamos, pois,
explicar o que o Construtivismo, quais as suas bases epistemolgicas e, por fim,
apresentar algumas correntes do construtivismo.
Com o surgimento do construtivismo na dcada de 20 do sculo passado,
ocorreu uma tentativa de superar essa dicotomia, visto que os construtivistas
defendiam que a aprendizagem se d como resultado do processo entre o sujeito e
o meio.
MTODO PSICOGENTICO
No Brasil, Lauro de Oliveira Lima (1921) props um mtodo de ensino
tomando como base as idias de Piaget, o mtodo psicogentico. Nesse mtodo, o
professor deixa de ser o centro do processo e passar a auxiliar o aluno no processo
de aprendizagem. Vejamos o que diz Lima (1965):
s aiba ma i s ! aprendizagem;
Tendo em vista que o nosso interesse residia em descobrir qual era o processo
de construo da escrita, ao planejar situaes experimentais procuramos que
a criana colocasse em evidncia a escrita tal como ela a v, a leitura tal como
ela a entende e os problemas tal como ela os prope
para si.
(FERREIRO e TEBEROSKY, 1999 p. 35).
guarde b e m i s s o !
As descobertas realizadas por esta
O conhecimento fsico o conhecimento dos
pesquisadora possibilitaram uma revoluo no
objetos da realidade externa. (KAMII, 1999)
que se refere ao processo de alfabetizao, visto
O conhecimento lgico-matemtico consiste na
que esta deixa ser vista como uma simples cpia
coordenao das relaes (KAMII. 1999)
de um modelo externo e passa a ser vista como
um processo de construo pessoal.
atividad e d e a pr o fun da m e n t o
1. Relacione a Revoluo Russa de 1917 com o modelo educacional implantado aps a revoluo.
2. Que relao podemos estabelecer entre a teoria histrico-cultural de Vigotski e a ecloso da Revoluo
Russa?
6. Comente e Discuta com seus colegas a respeito das teorias de Piaget, Vigotski e Wallon, ressaltando a
importncia destas no contexto educacional contemporneo e aponte as diferenas existentes entre
elas no frum teorias construtivistas
Nesta aula, vamos refletir sobre as denncias feitas pela proposta radical da
Descolarizao e pelas teorias Crtico-reprodutivistas, bem como analisaremos as
principais caractersticas das pedagogias progressistas Libertria, Libertadora e
Histrico-crtica. O termo progressista foi usado inicialmente por Snyrders (1917)
no livro Pedagogia Progressista. De acordo com Libneo (1992,p.32), a pedagogia
progressista no tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista; da ser
ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras prticas sociais
Bom desempenho!
AULA 7 111
Fonte: www.latinstock.com.br
de jovens intelectuais que se oponham ao consumismo e
otimismo exagerado do ps-guerra, questionavam ainda o
anticomunismo generalizado e a ausncia de um pensamento
crtico.
Na dcada de 60, surgiu o movimento hippie, que se
tornou o maior smbolo da contracultura poca, pois se
Figura 1 - Movimento Hippie
opunha radicalmente ao que denominava valores burgueses,
tais como: o trabalho, o patriotismo, a cumulao de riquezas e ascenso social.
O movimento hippie promoveu um amplo movimento contra a guerra, em
especial a Guerra do Vietn, criticou os hbitos alimentares baseados em comida
industrializada e a estrutura familiar tradicional. Para se contrapor a tudo isso,
promoveu um modo de vida alternativo, baseado na vida em comunidade: os hippies
plantavam e produziam a prpria comida e educavam seus filhos, observando os
valores que consideravam importantes, como respeito ao prximo e natureza.
A DESESCOLARIZAO
Na dcada de setenta, um ex-sacerdote da igreja catlica, nascido em Viena,
reitor da Universidade Catlica de Porto Rico, Ivan Illich, props uma sociedade
AS TEORIAS CRTICO-REPRODUTIVISTAS
Os crtico-reprodutivistas recebem este nome porque identificam e at
denunciam a ingenuidade das concepes vigentes que depositavam as esperanas
de democratizao da sociedade na ampliao das oportunidades de escolarizao
(Arruda, 2002).
Saviani (1992) aponta trs teorias elaboradas pelos filsofos crtico-
reprodutivistas:
at e n o!
Christian Baudelot: professor da cole Normale Supriue de Paris, autor de Lcole capitaliste em France
(1971), l`cole primaire divise (1975), Le niveau monte (1989), Allez les filles! (1992) e Avoir 30 ans em 1968
et em 1998 (2000).
Roger Establet: nascido em 1938 um erudito francs da Sociologia da educao. Foi estudante da lyce
Massena, e no khgne no Lyce Louis-le-Grande em Paris. em 1959, entrou no suprieure do normale de
cole, onde ganhou diplomas na filosofia e na Sociologia. Era um professor na universidade de Provence.
Colabora frequentemente com o Baudelot cristo, um socilogo no suprieure do normale de cole.
Anarquismo e educao
A escola na maioria das vezes tem sido um instrumento de reproduo do
modelo de sociedade vigente, conforme afirma Proudhon (apud GALLO, 1996, s/p):
A questo dialgica;
O estudo da obra de Freire exige que voc estude obras completas e fique
atento evoluo do pensamento do autor. Segundo Scocuglia (1999), anlises
equivocadas tm sido realizadas em torno do pensamento de Freire:
O
caracteriza?
A
que muda nessa corrente em
relao s que j estudamos
anteriormente?
pedagogia
O
histrico-critica,
que
como
a
Dentre os principiais
voc sa bia?
tericos brasileiros
defensores dessa linha podemos destacar:
foi dito anteriormente, est inserida dentro Dermeval Savianni, Jos Carlos Libneo, Guiomar
da corrente progressista da educao. Nesse Namo de Melo.
contexto, Libneo (1992) observa que no
seria possvel considerar o indivduo fora das
circunstncias histricas e do contexto que
vive e trabalha. O indivduo e a sociedade no
so abstraes, so concretos, so produtos da g u a r d e be m isso!
existncia material. Portanto o comportamento
As tendncias pedaggicas estariam agrupadas
humano no seria natural, pois o individuo
em duas correntes, de acordo com condicionantes
nasceria e cresceria num grupo social sociopolticos que adotam em relao escola,
determinado e as possibilidades profissionais, seriam elas: a) pedagogia liberal, dividida em
as oportunidades sociais seriam condicionadas tradicional, renovada progressista, renovada no-
pela existncia das classes sociais. diretiva, tecnicista. e b) pedagogia progressista,
Para que voc possa entender melhor a dividida em libertadora, libertria e crtico-social
pedagogia histrico-social preciso lembrar que dos contedos (LIBNEO, 1992) .
sociedade tem evoludo historicamente. Com isso
Savianni com esta tese filosfica denuncia o que ele denomina de falso
carter revolucionrio da pedagogia da existncia e prope ento uma pedagogia
revolucionria que v alm da pedagogia da essncia e da existncia.
Dentro desse contexto, numa pedagogia revolucionria, a escola deveria ser
um lugar de ensino e difuso do conhecimento, um instrumento para acesso das
camadas populares ao saber elaborado e simultaneamente um meio educativo de
socializao do aluno no mundo social adulto (LIBNEO, 1992). Dessa forma, a escola
seria um espao para produzir de forma direta e intencional em cada indivduo o
que foi produzido historicamente pela humanidade. Portanto a educao escolar
dentro do contexto da pedagogia histrico-crtica se prope, conforme a professora
Aranha (2002, p.219) a:
at iv ida d e s d e a p r of u n da m e n to
A partir do que voc estudou neste tpico, responda as questes que seguem e disponibilize o arquivo no
Ambiente, no recurso tarefa intitulado: Descolarizao e Teorias Crtico-reprodutivistas.
1. Por que, para Savianni, a educao no consegue superar o problema da marginalidade social?
2. Quais as principais denncias feitas por Illich em relao escola?
3. Como aconteceria o processo educativo sem escola? Emita uma opinio sobre isso, fundamentando
sua resposta.
4. Por que as teorias crtico-reprodutivistas receberam esta denominao?
5. Diferencie e analise as trs principais correntes crtico-reprodutivistas.
A partir do que voc estudou neste tpico, responda as questes que se seguem e disponibilize o arquivono
Ambiente no recurso tarefa intitulado: Concepes progressistas: libertria e libertadora.
6. Conceitue anarquismo.
7. Relacione as idia de Bakuni sobre o homem com a formulao de um conceito de educao integral.
13. Com base no que voc leu, explique por que a teoria Histrico-crtica uma corrente para alm da
pedagogia da essncia e da existncia?
14. Faa uma pesquisa sobre a situao das escolas pblicas hoje no Brasil. Em seguida, compare o que
descobriu com as afirmaes do professor Savianni, a fim de fazer uma anlise comparativa entre
acorrente histrico-crtica e a atual conjuntura educacional pblica nacional.
Prezado(a) aluno(a),
AULA 8 131
voc s ab i a?
Obtenha mais informaes sobre o tema a
N este tpico iremos estudar
sobre a era da informao,
que pode ser caracterizada
pela maior difuso de dados e, por outro lado,
pelo menor acesso ao conhecimento. Retomando
Sociedade do conhecimento acessando o site: as palavras de T.S. Eliot (apud MORIN, 2006,
http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/ p.16), poderamos perguntar: Onde est o
newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?pu
conhecimento que perdemos na informao?
blicationCode=16&pageCode=1040&textCode=
Onde est a sabedoria que perdemos no
7652&textStep=2
conhecimento?. Hoje o aluno encontra
diversos meios de informao e formao no se
restringindo apenas ao ambiente sistematizado da escola para obter as respostas
que o inquietam.
As novas tecnologias criaram novos espaos do conhecimento antes restrita a
centros universitrios, escolas e centros de pesquisa. Agora, alm destas instituies,
tambm a empresa, o espao domiciliar e o espao social tornaram-se educativos.
Cada dia mais pessoas estudam em casa, estar conectado a rede onde se acessa o
A SOCIEDADE DA INFORMAO
E SUAS CONSEQNCIAS PARA A EDUCAO
A nfase educacional privilegiada nestes tempos ps-modernos da formao
continuada. Necessita-se para isso de maior integrao entre os espaos sociais
domiciliar, escolar, empresarial. Essa integrao visaria a equipar o aluno para
viver melhor na sociedade do conhecimento. Como previu McLuhan na dcada de
60, o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereo. Criou-se a metfora
do ciberespao que no est em lugar nenhum, pois est em todo o lugar o tempo
todo.
Antigamente, estar num lugar significava estar determinado pelo tempo (hoje,
ontem, amanh). No ciberespao, a informao est sempre e permanentemente
presente e em renovao constante. O ciberespao rompeu com a idia de tempo
prprio para a aprendizagem. No h mais, pois, tempo e espaos prprios para a
aprendizagem. Como ele est todo o tempo em todo lugar, o espao da aprendizagem
aqui - em qualquer lugar - e o tempo de aprender
Fonte: www.latinstock.com.br
sempre.
Ladislau Dowbor no livro A reproduo social,
aps descrever as facilidades que as novas tecnologias
oferecem ao professor, faz uma pergunta que, muitas
vezes, pode passar pela cabea do professor: o que eu
tenho a ver com tudo isso, se na minha escola no tem
nem giz e com o meu salrio eu no posso comprar um
Figura 1 - Satlite
ateno!
C onforme vimos no Tpico 1, novos
paradigmas se fazem presentes
na sociedade contempornea, o
que tem levado o exerccio do magistrio a ser
pensado numa tica dinamizadora e ao mesmo
Voc pode fazer uma reviso sobres as influncias tempo problematizadora.
das tecnologias da informao e comunicao Desde a Conferncia Mundial de Educao
revisando o livro 1 da disciplina Educao a
para Todos, realizada, em 1990, em Jomtien,
distncia.
Tailndia, a UNESCO vem concentrando sua
atuao no sentido de cooperar com os governos
e a sociedade civil de pases em desenvolvimento, prestando-lhes auxlio, para que
a educao possa contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio,
mais prspero e ambientalmente mais puro e que, ao mesmo tempo, favorea o
progresso social, econmico e cultural, a tolerncia e a cooperao internacional.
DELORS (1996).
Nesse contexto, particularmente importante reconhecer o papel vital dos
professores, sem os quais ser impossvel buscar novos sentidos para a escola e
construir pactos e alianas originais, em que estejam presentes a dimenso cidad,
o compromisso com a cultura de paz, com a solidariedade, com o respeito s
diversidades e com a satisfao das necessidades bsicas de aprendizagem.
O homem da Era Moderna era marcado pela iluso da onipotncia. Nele foi
inculcado que possua poderes, capacidades, fora de interferir no meio, na
cultura, na histria. De Deus, ele arrancou os poderes absolutos e determinou
com isso o declnio da metafsica: a nova era passa a ser a do homem dominando
a mquina, usando-se da cincia, da razo, do objetivo sobre o subjetivo, do
concreto sobre o abstrato, do material sobre o imaterial. O domnio positivo da
natureza e do meio decretava que nada mais de sobrenatural poderia interferir
na ao racional humana com vistas realizao de seus nobres fins sociais.
A tcnica, nas mos do homem, de fato promoveu o crescimento industrial,
a expanso dos bens de consumo, o desenvolvimento de todos os meios de
transporte e comunicao bem como a inovao no campo artstico, o aumento
das facilidades das prprias sociedades humanas e em todos os mbitos da vida
cotidiana. ( ... ) Tcnica, instituies e objetos deixaram claro, no sculo XX,
que os poderes humanos tm alcance restrito: demonstraram que o homem no
pode tudo; de fato, ele pode muito pouco. Os objetos tm autonomia, impem-
PARADIGMA EMERGENTE
A compreeenso do homem como sujeito histrico, portanto, na sua
transitoriedade existencial, encontra no paradigma emergente uma proposta de
pensamento, que visa substituir a causalidade linear e unidirecional de sua prxis,
por uma causalidade em crculo, ou seja, causalidade multirreferencial fruto da
enorme gama de experincias adquiridas.
3. A partir do estudo sobre o conhecimento complexo, que a base do Paradigma Emergente, elabore
UM PLANO DE AO tendo como base sua prtica docente. Evidencie no seu plano os seguintes
aspectos.
Fundamentao e/ou suporte terico a servir de base, caso seja uma ao inovadora quais os
pressupostos que motivaram a ao.
Metodologia interativas;
Cronograma de execuo;
REFERNCIAS 147
REFERNCIAS 149
CURRCULO 151