Informativos 2017
Informativos 2017
Informativos 2017
www.dizerodireito.com.br
Atualizado até os informativos 609 do STJ e 882 do STF.
➢ DIREITO ADMINISTRATIVO
STJ 594 - SERVIDORES PÚBLICOS. Piso salarial nacional para os professores da
educação básica e reflexos na carreira e nas demais verbas recebidas por tais
profissionais
A Lei nº 11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das
carreiras do magistério público da educação básica deve corresponder ao piso
salarial profissional nacional, sendo vedada a fixação do vencimento básico em valor
inferior, não havendo determinação de incidência automática em toda a carreira e
reflexo imediato sobre as demais vantagens e gratificações, o que somente ocorrerá
se estas determinações estiverem previstas nas legislações locais. STJ. 1ª Seção. REsp
1.426.210-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo)
STJ 595 - PODER DE POLÍCIA. Não cabe ao Banco Central fiscalizar o Serasa
O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade
das instituições financeiras. O Serasa não é uma instituição financeira, considerando
que não exerce coleta, intermediação nem aplicação de recursos financeiros, nem a
custódia de valor de propriedade de terceiros, seja como atividade principal ou
acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das atividades
do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 1/12/2016
Art. 243 da CF. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo
na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
STF 859 – PENSÃO. O art. 11 da EC 20/98 não proibiu a percepção de pensão civil
com pensão militar
A CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que o militar reformado
voltasse ao serviço público e, posteriormente, se aposentasse no cargo civil,
acumulando os dois proventos.
Ex: João foi reformado como Sargento do Exército em 1980. Voltou ao serviço
público e se aposentou como servidor da ABIN (órgão público federal), concedida
em 1995. Essa acumulação de proventos é possível.
O art. 11 da EC 20/98 proibiu, expressamente, a concessão de mais de uma
aposentadoria pelo regime de previdência dos servidores civis. No entanto, este
dispositivo não vedou a cumulação de aposentadoria de servidor público com
proventos de militar.
Sendo possível a cumulação de proventos, é também permitido que o dependente
acumule as duas pensões. Ex: Em 1996, João faleceu e Maria, sua esposa, passou a
receber duas pensões por morte, uma decorrente de cada vínculo acima explicado.
STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/3/2017
elaboração do certame.
Ex: o Estado do ES abriu concurso para agente penitenciário. O CESPE foi
contratado para realizar as provas. João inscreveu-se no certame e foi aprovado nas
provas teóricas, tendo sido, contudo, reprovado no exame psicotécnico. Diante disso,
João quer ajuizar ação ordinária questionando os critérios de avaliação do exame
psicotécnico previstos no edital sob o argumento de que eles eram subjetivos. Essa
ação terá que ser proposta contra o Estado do ES (e não contra o CESPE). STJ. 1ª
Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 7/3/2017
STJ 602 – LICITAÇÃO. Proibição do art. 9º, III, da Lei 8.666/93 permanece mesmo
que o servidor esteja licenciado
Se um servidor público for sócio ou funcionário de uma empresa, ela não poderá
participar de licitações realizadas pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
este servidor público (art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93).
O fato de o servidor estar licenciado do cargo não afasta a referida proibição,
considerando que, mesmo de licença, ele não deixa possuir vínculo com a
Administração Pública.
Assim, o fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o
qual não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu
quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão contratante ou responsável pela
licitação. STJ. 2ª Turma. REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
7/3/2017
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STJ 606 - SERVIDORES PÚBLICOS. União não deve figurar na ação proposta
pedindo a implementação do piso nacional do magistério
Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 não amparam a
tese de que a União é parte legítima, perante terceiros particulares, em demandas
que visam à sua responsabilização pela implementação do piso nacional do
magistério, afigurando-se correta a decisão que a exclui da lide e declara a
incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o feito ou, em sendo a
única parte na lide, que decreta a extinção da demanda sem resolução do mérito.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017
(recurso repetitivo)
STF 866 - AGENTES POLÍTICOS. Exercentes de mandato eletivo que não forem
vinculados a regime próprio deverão pagar contribuição previdenciária ao RGPS
Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de
mandato eletivo, decorrentes da prestação de serviços à União, aos Estados e ao
Distrito Federal ou aos Municípios, após o advento da Lei nº 10.887/2004, desde que
não vinculados a regime próprio de previdência. STF. Plenário. RE 626837/GO, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 25/5/2017 (repercussão geral)
STF 873 - BENS PÚBLICOS. Não se pode caracterizar as terras ocupadas pelos
indígenas como devolutas
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da
CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio
do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgados em 16/8/2017
STF 876 – FUNDEF. União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo
incorreto do VMNA
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado
com base no valor mínimo nacional por aluno extraído da média nacional.
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno
fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação
de recursos, mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e
manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo
incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do
montante pago a menor a título de complementação pela União no período de
vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007.
Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo devidos danos
morais coletivos por conta desse repasse a menor. STF. Plenário. ACO 648/BA, ACO
660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgados em 6/9/2017
STF 882 - STF 882 - CONCURSO PÚBLICO. Decisão do STF que cassou ato do
CNJ que havia anulado o concurso de cartório do TJ/RJ
CNJ anulou concurso público para cartório no RJ sob o argumento de que o
Presidente da Comissão do concurso possuía relacionamento pessoal com duas
candidatas aprovadas que teriam sido beneficiadas na correção das questões da
prova subjetiva. O STF cassou a decisão do CNJ sob três argumentos principais: 1)
CNJ não poderia ter reavaliado os critérios de correção das provas adotados pela
comissão; 2) Houve um aditamento no processo administrativo sem que as
candidatas tenham tido a oportunidade de se manifestar sobre ele; 3) Não ficou
provado ter havido o alegado favorecimento das candidatas. STF. 2ª Turma. MS
28775/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 17/10/2017
➢ DIREITO AMBIENTAL
STF 871 – COMPETÊNCIA. Estado-membro pode legislar sobre controle de
resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras
Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de
resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto
dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa matéria de competência
concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017
9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de
redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e
segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225,
CF/88). STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017
➢ DIREITO CIVIL
Turma. REsp 1.473.392-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/10/2016
STJ 594 – DIVÓRCIO. Cotas sociais que serão partilhadas após mancomunhão
deverão ser calculadas no momento efetivo da partilha
Verificada a existência de mancomunhão, o pagamento da expressão patrimonial
das cotas societárias à ex-cônjuge, não sócia, deve corresponder ao momento efetivo
da partilha, e não àquele em que estabelecido acordo prévio sobre os bens que fariam
parte do acervo patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.537.107-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 17/11/2016
indivíduo outorgou fiança limitada a R$ 30 mil; significa que ele não terá obrigação
de pagar o que superar esta quantia, mesmo que esse valor a maior seja decorrente
das custas processuais e honorários advocatícios. STJ. 3ª Turma. REsp 1.482.565-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016
STJ 595 – CASAMENTO. Regime da separação obrigatória de bens para idosos não
se aplica se o casamento foi precedido de união estável iniciada antes da idade-limite
A proteção matrimonial conferida ao noivo, nos termos do art. 258, parágrafo único,
II, do Código Civil de 1916, não se revela necessária quando o enlace for precedido
de longo relacionamento em união estável, que se iniciou quando os cônjuges não
tinham restrição legal à escolha do regime de bens. STJ. 4ª Turma. REsp 1.318.281-
PE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016
O § 2º do art. 1.584 somente admite duas exceções em que não será aplicada a guarda
compartilhada. A interpretação desse dispositivo pode ser relativizada? É possível
afastar a guarda compartilhada com base em peculiaridades do caso concreto mesmo
que não previstas no § 2º do art. 1.584 do CC?
O STJ está dividido, havendo decisões em ambos os sentidos:
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STJ 598 – DPVAT. Sucessores do falecido podem cobrar a indenização DPVAT por
invalidez permanente que a vítima deveria ter recebido quando estava viva
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos
filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na
guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado, educação,
informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e
diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores
venham a causar danos.
Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor
simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no
momento da conduta. STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599). Obs: cuidado com o REsp 1.232.011-SC, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015 (Info 575), precedente em sentido
um pouco diverso envolvendo uma mãe que morava em outra cidade.
a) pagar o débito;
b) provar que o fez (provar que já pagou a dívida); ou
c) justificar a impossibilidade de efetuá-lo (provar que não tem condições de pagar).
É possível que o devedor justifique a impossibilidade de pagar por meio de
testemunhas?
SIM. Em tese, é possível que isso seja feito por meio de prova testemunhal. Neste
caso, as testemunhas terão que ser ouvidas obrigatoriamente no prazo de 3 dias.
Na execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC/1973 (art. 528 do CPC/2015),
o executado pode comprovar a impossibilidade de pagamento por meio de prova
testemunhal, desde que a oitiva ocorra no tríduo previsto para a justificação. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.601.338-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min.
Nancy Andrighi, julgado em 13/12/2016
STF 857 – ALIMENTOS. Prisão civil não serve para cobrança de débitos pretéritos
A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento
inescusável de prestação, não alcançando situação jurídica a revelar cobrança de
saldo devedor. STF. 1ª Turma. HC 121426/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/3/2017
STJ 602 – JUROS. O termo inicial em caso de abuso de mandato é a data da citação
Reconhecido o abuso de mandato por desacerto contratual, em razão de o advogado
ter repassado valores a menor para seu mandatário, o marco inicial dos juros
moratórios é a data da citação.
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
O termo inicial dos juros moratórios deve ser determinado a partir da natureza da
relação jurídica mantida entre as partes. No caso, tratando-se de mandato, a relação
jurídica tem natureza contratual, sendo o termo inicial dos juros moratórios a data
da citação (art. 405 do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.403.005-MG, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 6/4/2017
STJ 602 - CONTRATO DE LOCAÇÃO. Se o locatário foi à falência, mas não houve
denúncia do contrato de locação, o fiador permanece vinculado à obrigação
A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art.
119, VII, da Lei nº 11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao
locador.
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes
regras:
VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do
locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;
STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.048-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017.
A Lei de Direitos Autorais não pode tolher a criatividade e a livre iniciativa, nem o
avanço das relações comerciais e da ciência jurídica, que ficaria estagnada com o
direito de exclusividade de certos tipos contratuais.
Assim, a criação de nova espécie de seguro não possui a proteção da Lei de Direitos
Autorais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.627.606/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 02/05/2017
STJ 603 - UNIÃO ESTÁVEL. Imóvel doado por um companheiro para o outro deve
ser excluído do montante partilhável, nos termos do art. 1.659, I, do CC
O bem imóvel adquirido a título oneroso na constância da união estável regida pelo
estatuto da comunhão parcial, mas recebido individualmente por um dos
companheiros, através de doação pura e simples realizada pelo outro, deve ser
excluído do monte partilhável, nos termos do art. 1.659, I, do CC/2002:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância
do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
Ex: João e Maria vivem em união estável. Durante este relacionamento, João
comprou um apartamento. Embora adquirido pelo esforço comum do casal, na
constância da união estável, o imóvel foi doado por João, de forma graciosa, à Maria.
Isso significa que, no momento que for feita a dissolução da união estável, este bem
não irá integrar o montante partilhável. João, quando doou o imóvel, o fez quanto à
sua metade sobre o bem, que antes pertencia a ambos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.171.488-
RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/4/2017
Se o quarto do hotel for equipado com TV por assinatura, tanto a empresa de TV a cabo
como o hotel pagarão direitos autorais
Não há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitos autorais tanto da empresa
exploradora do serviço de hotelaria (hotel) como da empresa prestadora dos serviços de
transmissão de sinal de TV por assinatura (ex: NET).
Os direitos da personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não
permanente nem geral
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STJ 606 – ALIMENTOS. Ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu
objeto com o nascimento da criança
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o
nascimento da criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em pensão
alimentícia até eventual ação revisional em que se solicite a exoneração, redução ou
majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação de investigação ou
negatória de paternidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 6/6/2017
STJ 608 - ALIMENTOS. As decisões e sentenças nas ações de alimentos devem ser
líquidas
Não é possível, em tutela antecipada deferida na ação revisional de alimentos, a
alteração de valor fixo de pensão alimentícia para um valor ilíquido, correspondente
a percentual de rendimentos que virão a ser apurados no curso do processo. STJ. 3ª
Turma.REsp 1.442.975-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017
STJ 609 - RESPONSABILIDADE CIVIL. Ofensas proferidas por Rita Lee contra
policiais militares em show geraram dano moral in re ipsa
As ofensas generalizadas proferidas por cantora contra policias militares que
realizavam a segurança do show atingem, de forma individualizada, cada um dos
integrantes da corporação que estavam de serviço no evento e caracterizam dano
moral in re ipsa, devendo a artista indenizar cada um dos policiais que trabalhavam
no local. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.524-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
3/8/2017
STJ 609 - UNIÃO ESTÁVEL. Partilha dos direitos de concessão de uso para fins de
moradia de imóvel público
Na dissolução de união estável, é possível a partilha dos direitos de concessão de uso
para moradia de imóvel público.
Ex: João e Maria viviam em união estável.No curso dessa união eles passaram a
residir em uma casa pertencente ao Governo do Distrito Federal sobre o qual
receberam a concessão de uso para fins de moradia. Depois de algum tempo decidem
por fim à relação. Deverá haver uma partilha sobre os direitos relacionados com a
concessão de uso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.494.302-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 13/6/2017
➢ DIREITO CONSTITUCIONAL
STF 851 - DIREITO DE RESPOSTA. Sentença que nega direito de resposta por não
ter havido ofensa não ofende a decisão do STF na ADPF 130/DF
Não cabe reclamação para o STF contra sentença que julgou improcedente pedido
de direito de resposta sob o fundamento de que não houve, no caso concreto, ofensa.
Esta sentença não afronta a autoridade da decisão do STF no julgamento da ADPF
130/DF.
Como a sentença não violou nenhuma decisão do STF proferida em sede de controle
concentrado de constitucionalidade, o que se percebe é que o autor, por meio da
reclamação, deseja que o Supremo examine se a sentença afrontou, ou não, o art. 5º,
V, da CF/88.
Para isso, seria necessário reexaminar matéria de fato, o que não é possível em
reclamação, que se presta unicamente a preservar a autoridade de decisão do STF.
Ademais, isso significaria o exame per saltum, ou seja, "pulando-se" as instâncias
recursais do ato impugnado diretamente à luz do art. 5º, V, CF/88. STF. 1ª Turma.
Rcl 24459 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/12/2016
OBS: a tese acima fala em "leis municipais", mas ela também pode ser aplicada para
representações de inconstitucionalidade propostas no TJ contra "leis estaduais". A
tese falou apenas de leis municipais porque foi o caso analisado no recurso
extraordinário
Exemplo: Município do Paraná aprovou lei tratando sobre direito do trabalho; foi
proposta uma ADI estadual no TJ contra esta lei; o TJ poderá julgar a lei
inconstitucional alegando que ela viola o art. 22, I, da CF/88 (mesmo que a
Constituição do Estado não tenha regra semelhante); isso porque essa regra de
competência legislativa é considerada como norma de reprodução obrigatória. Nesse
sentido: STF. 1ª Turma. Rcl 17954 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
21/10/2016.
na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa que
todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de
constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para
declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017
IMPORTANTE! STF 856 - DEFENSORIA PÚBLICA. Para que a DPE atue no STJ,
é necessário que possua escritório de representação em Brasília
A Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário
que possua escritório de representação em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual
não tiver representação na capital federal, as intimações das decisões do STJ nos
processos de interesse da DPE serão feitas para a DPU.
Assim, enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem suas
Defensorias Públicas para atuarem continuamente nesta Capital Federal, inclusive
com sede própria, o acompanhamento dos processos no STJ constitui prerrogativa
da DPU.
A DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios da unidade e da indivisibilidade
para dar suporte às Defensorias Públicas estaduais e fazer as vezes daquelas de
Estados-Membros longínquos, que não podem exercer o múnus a cada recurso
endereçado aos tribunais superiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 378.088/SC, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/12/2016. STF. 1ª Turma. HC 118294/AP, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 7/3/2017 (Info
856).
sessões, o STM violou a decisão do Supremo, que deu acesso amplo aos áudios das
sessões.
Além disso, a recusa do STM está em descompasso com a ordem constitucional
vigente, que garante o acesso à informação como direito fundamental. STF. Plenário.
Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017
pelo TCU
O prazo prescricional para que o TCU aplique multas é de 5 anos, aplicando-se a
previsão do art. 1º da Lei nº 9.873/99.
Caso esteja sendo imputada ao agente público a conduta omissiva de ter deixado de
tomar providências que eram de sua responsabilidade, tem-se que, enquanto ele
permaneceu no cargo, perdurou a omissão. No momento em que o agente deixou o
cargo, iniciou-se o fluxo do prazo prescricional. STF. 1ª Turma. MS 32201/DF, rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 21/3/2017
STF 859 – NACIONALIDADE. Brasileiro, titular de green card, que adquire
nacionalidade norte-americana, perde a nacionalidade brasileira e pode ser
extraditado pelo Brasil
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a
nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira.
Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção prevista na
alínea “b” do inciso II do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o
green card, não havia necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte-americana
como condição para permanência ou para o exercício de direitos civis.
O estrangeiro titular de green card já pode morar e trabalhar livremente nos EUA.
Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e
espontânea vontade.
Vale ressaltar que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias
inerentes ao brasileiro nato. Assim, se cometer um crime nos EUA e fugir para o
Brasil, poderá ser extraditado sem que isso configure ofensa ao art. 5º, LI, da CF/88.
STF. 1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 28/3/2017
STJ 601 - DIREITO À SAÚDE. Ação pedindo suplemento para criança lactente não
perde o objeto pelo simples fato de terem se passado vários anos sem o julgamento
Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento
de leite especial necessário à sobrevivência de menor ao fundamento de que o
produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidade em razão do
tempo decorrido para a solução da controvérsia.
Como se trata de direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir
a saúde e a vida, não há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples
fato de a solução da demanda ter demorado.
A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser
apurada em fase de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de
se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão judicial acerca do tema,
nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma.
AgRg no RMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, , julgado em 2/2/2017
STJ 605 - SIGILO BANCÁRIO. Publicação no jornal dos nomes dos clientes que
tinham contas de poupança no banco, em determinado período, representa quebra
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
do sigilo bancário
A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação
civil pública que determinou o pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes
de planos econômicos configura quebra de sigilo bancário. STJ. 3ª Turma. REsp
1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 23/5/2017
STF 863 - AMICUS CURIAE. Havendo três amici curiae para fazer sustentação oral
no STF, o prazo deverá ser considerado em dobro, dividido entre eles
Nos processos que tramitam no STF, o amicus curiae pode fazer sustentação oral.
Em regra, o amicus curiae dispõe de 15 minutos para a sustentação oral no STF.
Se houver mais de um amicus curiae, o prazo para sustentação oral no STF será o
mesmo?
NÃO. Havendo mais de um amicus curiae, o STF adota a seguinte sistemática: o
prazo é duplicado e dividido entre eles. Assim, em vez de 15, os amici curiae (plural
de amicus curiae) terão 30 minutos, que deverão ser divididos entre eles.
Dessa forma, se são três amici curiae para fazer sustentação oral, o prazo deverá ser
considerado em dobro, ou seja, 30 minutos, devendo ser dividido pelo número de
sustentações orais. Logo, cada um deles terá 10 minutos para manifestação na
tribuna. STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/5/2017
receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por
crime comum.
Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o
Governador do Estado seja processado por crime comum.
Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja
processado criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional.
Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a
instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa
autorização da Casa Legislativa.
Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará
automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma automática.
O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma
fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do
cargo.
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer
uma das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-
se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. ADI 5540/MG,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI
4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgados em 4/5/2017 (Info 863).
art. 71, IV, da CF/88, não se aplica o prazo de decadência previsto no art. 54 da Lei
nº 9.784/99. Isso porque em processos de “controle abstrato”, o Tribunal de Contas
não faz o exame de ato específico do qual decorre efeito favorável ao administrado.
A Corte está examinando a regularidade das contas do órgão e a repercussão sobre
eventual direito individual é apenas indireta. STF. 1ª Turma. MS 34224/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 15/8/2017
➢ DIREITO DO CONSUMIDOR
IMPORTANTE!! STJ 596 - CONTRATOS BANCÁRIOS. Validade da cobrança de
tarifa bancária a partir do quinto saque mensal
O cliente paga alguma tarifa bancária quando ele saca dinheiro de sua conta? Os
bancos adotam a seguinte prática contratual: o cliente pode fazer até quatro saques
por mês sem pagar nada. A partir do quinto saque, é cobrada uma tarifa bancária.
Esta prática bancária é válida? SIM.
É legítima a cobrança, pelas instituições financeiras, de tarifas relativas a saques
quando estes excederem o quantitativo de quatro realizações por mês. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.348.154-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/12/2016
STJ 598 - VÍCIO DO PRODUTO. É válida a prática de loja que permite a troca
direta do produto viciado se feita em até 3 dias da compra
Determinada loja adota a seguinte prática: se o produto vendido apresentar algum
vício (popularmente conhecido como "defeito"), o consumidor poderá solicitar a
troca da mercadoria na própria loja, desde que faça isso no prazo de 3 dias corridos,
contados da data da emissão da nota fiscal. Por outro lado, se o consumidor detectar
o vício somente após esse prazo, ele deverá procurar a assistência técnica
credenciada e lá irão verificar a existência do vício e a possibilidade de ele ser
reparado ("consertado").
Essa prática é válida? Sim.
É legal a conduta de fornecedor que concede apenas 3 (três) dias para troca de
produtos defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor,
após tal prazo, a procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que
realize a análise quanto à existência do vício.
A loja conferiu um "plus", ou seja, uma providência extra que não é prevista no
CDC, não sendo, contudo, vedada porque favorece o consumidor. Vale ressaltar que
a política de troca da loja (direito de troca direta do produto em 3 dias) não exclui a
possibilidade de o consumidor realizar a troca, na forma do art. 18, § 1º, I, do CDC,
caso o vício não seja sanado no prazo de 30 dias. Em outras palavras, a loja concede
uma opção extra, além daquelas já previstas no art. 18, § 1º. STJ. 3ª Turma. REsp
1.459.555-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/2/2017
STJ 599 – ACESSIBILIDADE. Logo depois de ter sido publicada a Lei 10.098/2000,
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STJ 599 - PLANO DE SAÚDE. Ex-empregado demitido sem justa causa tem direito
de permanecer vinculado ao plano de saúde em que se encontrava antes da demissão
com as mesmas condições de valor
É indevido cobrar reajuste de ex-empregado demitido sem justa causa que opta por
permanecer vinculado ao plano de saúde em que se encontrava antes da demissão,
na condição de beneficiário, pelo prazo que lhe assegura o art. 30, § 1º, da Lei nº
9.656/98, nas mesmas condições de cobertura assistencial e mediante o pagamento
integral das mensalidades, só lhe podendo ser atribuído algum aumento que também
tenha sido estipulado aos empregados em atividade.
Em 2011, a ANS editou a Resolução ANS 279/2011, prevendo que "a manutenção da
condição de beneficiário no mesmo plano privado de assistência à saúde em que se
encontrava quando da demissão ou exoneração sem justa causa ou aposentadoria
observará as mesmas condições de reajuste, preço, faixa etária e fator moderador
existentes durante a vigência do contrato de trabalho" (art. 16).
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo antes da Resolução ANS 279/2011, os
empregados demitidos sem justa causa já possuíam esse direito de permanecerem
pagando o mesmo valor. Isso porque esse direito decorre diretamente do art. 30 da
Lei nº 9.656/98 (e não da Resolução, que só veio confirmar essa conclusão). STJ. 3ª
Turma. REsp 1.539.815-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/2/2017
Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
25/05/2017 (repercussão geral)
➢ DIREITO ELEITORAL
➢ DIREITO EMPRESARIAL
STJ 595 - DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE. Momento em que se
considera dissolvida a sociedade empresária para fins de apuração de haveres
Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada constituída por tempo
indeterminado exerce o direito de retirada por meio de inequívoca e incontroversa
notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de haveres é o termo final
do prazo de 60 dias, estabelecido pelo art. 1.029 do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp
1.602.240-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016
STJ 596 – FALÊNCIA. Autor do pedido de falência não precisa provar insolvência
patrimonial do devedor
O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da
insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se
enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005.
Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é
possível a decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de
direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-
mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª
Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/10/2016
prova da quitação de tributos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.422-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é
condição para a extinção das obrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta que
sim.
Em provas objetivas, fique atento porque pode ser cobrada a redação literal do art. 191
do CTN, devendo essa alternativa ser assinalada como correta: “Art. 191. A extinção das
obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.”
STJ 608 – PATENTES. Para que o pedido seja arquivado ou a patente extinta por
falta de pagamento da retribuição, exige-se notificação prévia do depositante ou
titular
Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da
retribuição anual prevista no art. 84 da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia
do respectivo depositante ou titular.
Obs: retribuição anual é um valor que deve ser pago anualmente ao INPI pelo fato
de o indivíduo ter pedido ou já ser titular de uma patente. STJ. 3ª Turma. REsp
1.669.131-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017
STJ 608 – FACTORING. Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de
contrato tem legitimidade para figurar no polo passivo da ação que pede a revisão
do pacto
A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações
estabelecidos em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi
regularmente cientificado o devedor, tem legitimidade para figurar no polo passivo
de demandas que visem à revisão das condições contratuais.
Ex: Pedro comprou da loja uma moto parcelada. No mesmo instrumento contratual,
a loja cedeu esse crédito para uma factoring. Assim, no próprio contrato de compra
e venda havia uma cláusula dizendo que a loja estava cedendo o crédito para a
factoring, a quem o devedor deveria pagar as parcelas e que, em caso de
inadimplemento, a factoring iria pleitear a restituição do bem vendido. Se Pedro
desejar propor ação pedindo a revisão deste contrato, poderá ajuizá-la diretamente
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
contra a factoring. STJ. 4ª Turma. REsp 1.343.313-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 1/6/2017
STJ 608 – SOCIEDADES. Se parte das quotas do sócio retirante estão empenhadas
(penhor), a apuração dos haveres ficará limitada às quotas livres do ônus real
A dissolução parcial de sociedade limitada por perda da affectio societatis pode ser
requerida pelo sócio retirante, limitada a apuração de haveres às suas quotas livres
de ônus reais. STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 1/6/2017
➢ DIREITO FINANCEIRO
STF 869 - ORÇAMENTO PÚBLICO. Expropriação de recursos administrados pelo
poder público estadual
O Estado do Rio de Janeiro vive uma grave crise econômica, estando em débito com
o pagamento de fornecedores e atraso até mesmo no pagamento da remuneração dos
servidores públicos. Os órgãos e entidades também estão sem dinheiro para custear
os serviços públicos.
Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram propostas, tanto na
Justiça comum estadual como também na Justiça do Trabalho, pedindo a realização
desses pagamentos. Os órgãos judiciais estavam acolhendo os pedidos e
determinando a apreensão de valores nas contas do Estado para a concretização dos
pagamentos.
Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de
suspender os efeitos de todas as decisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região
que tenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação
de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro.
O STF afirmou que esse conjunto de decisões representa uma usurpação das
competências constitucionais reservadas ao Poder Executivo (a quem cabe exercer a
direção da administração) e ao Poder Legislativo (a quem compete autorizar a
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
➢ DIREITO INTERNACIONAL
STF 864 – EXTRADIÇÃO. Procedimento simplificado no caso de o extraditando
concordar com o pedido
Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido
extradicional e de declarar que deseja retornar ao Estado requerente a fim de se
submeter ao processo criminal naquele País não exonera (não exime) o STF do dever
de efetuar o controle da legalidade sobre a postulação formulada pelo Estado
requerente.
No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que
rege a extradição entre o Brasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimento
simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedido. É o caso, por
exemplo, da “Convenção de Extradição entre os Estados Membros da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa”. Este tratado internacional estabeleceu regime
simplificado de extradição, que autoriza a entrega imediata do extraditando às
autoridades competentes do Estado requerente, sempre que o súdito estrangeiro
manifestar, de forma livre e de modo voluntário e inequívoco, o seu desejo de ser
extraditado. Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de homologar (ou não) a
declaração do extraditando de que concorda com a extradição. STF. 2ª Turma. Ext
1476/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2017
➢ DIREITO PENAL
IMPORTANTE!! STJ 595 – TRÁFICO DE DROGAS. Agente que pratica delitos da
Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente responde também por corrupção
de menores?
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos NÃO esteja previsto
nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e
também pelo delito do art. 244-B do ECA (corrupção de menores).
• Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35,
36 ou 37 da Lei nº 11.343/2006: ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas
com a causa de aumento de pena do art. 40, VI. Não será punido pelo art. 244-B do
ECA para evitar bis in idem.
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar
previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime
de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses
artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a
majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/11/2016
O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/2006) NÃO é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser
cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. STJ. 3ª
Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016
(recurso repetitivo)
culpabilidade de que trata o art. 59 do CP não tem nada a ver com a culpabilidade
como requisito do crime (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude do fato
e inexigibilidade de conduta diversa).
b) Antecedentes. O juiz aumentou a pena pelo fato de o agente já responder a quatro
outros processos criminais. A jurisprudência entende que, em face do princípio da
presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e ações penais em curso não
podem ser considerados maus antecedentes (Súmula 444-STJ e STF RE 591054/SC).
c) Circunstâncias do crime. O julgador considerou que as circunstâncias do crime
eram negativas porque o crime foi praticado com rompimento de obstáculo à
subtração da coisa. Aqui, o erro do magistrado foi utilizar como circunstância
judicial (1ª fase da dosimetria) um elemento que ele já considerou como
qualificadora (inciso I do § 4º do art. 155). Houve, portanto, bis in idem (dupla
punição pelo mesmo fato). STF. 2ª Turma. HC 122940/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 13/12/2016
STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017
STJ 598 – EXTORSÃO. A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça feita pelo
agente de causar um "mal espiritual" na vítima
O crime de extorsão consiste em "Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa" (art. 158 do
CP).
A ameaça de causar um "mal espiritual" contra a vítima pode ser considerada como
"grave ameaça" para fins de configuração do crime de extorsão?
SIM. Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que
submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e
compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.299.021-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/2/2017
momento do crime, neste caso mostra-se devida a perda da nova função como uma
forma de anular (evitar) a possibilidade de que o agente pratique novamente delitos
da mesma natureza.
Assim, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo ocupado ou função pública
exercida no momento do delito, à exceção da hipótese em que o magistrado,
motivadamente, entender que o novo cargo ou função guarda correlação com as
atribuições anteriores. STJ. 5ª Turma. REsp 1452935/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 14/03/2017
STF 859 - LEI DE DROGAS. Se o réu, não reincidente, for condenado a pena
superior a 4 anos e que não exceda a 8 anos, e se as circunstâncias judiciais forem
favoráveis, o juiz deverá fixar o regime semiaberto
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos,
tem o direito de cumprir a pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do
CP), caso as circunstâncias judiciais do art. 59 lhe forem favoráveis. Obs: não
importa que a condenação tenha sido por tráfico de drogas.
A imposição de regime de cumprimento de pena mais gravoso deve ser
fundamentada, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
A conduta prevista no art. 21, Lei nº 7.492/86, pressupõe fraude que tenha o
potencial de dificultar ou impossibilitar a fiscalização sobre a operação de câmbio,
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
em decorrência do tráfico pode ocorrer ainda que o bem não fosse utilizado de forma
habitual e mesmo que ele não tenha sido alterado
É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em
decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade,
reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a
descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além
daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição
Federal. STF. Plenário. RE 638491/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/5/2017
(repercussão geral)
art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017
STF 880 - TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO. O superior hierárquico não pode ser
punido com base na teoria do domínio do fato se não tiver sido demonstrado o dolo
A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala
hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo,
também não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim,
não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o Governador
tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 3/10/2017
STF 881 - REGIME INICIAL. Fixada a pena-base no mínimo legal, não é possível
a imposição de regime inicial mais severo do que aquele abstratamente imposto
Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi
fixada no mínimo legal, então, neste caso, não cabe a imposição de regime inicial
mais gravoso. STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
10/10/2017
A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, prevê que
os contribuintes que estão devendo acima de R$ 10 milhões são considerados
“grandes devedores” e devem receber tratamento prioritário na atuação dos
Procuradores. Diante disso, surgiu uma tese defensiva dizendo que somente as
dívidas acima de R$ 10 milhões poderiam ser consideradas de grande porte,
justificando a incidência da causa de aumento do art. 12, I.
Essa tese não foi acolhida pelo STF e STJ.
Não é razoável dizer que somente deverá incidir a causa de aumento de pena do art.
12, I, se o valor dos tributos sonegados for superior a R$ 10 milhões, previsto no art.
2º da Portaria nº 320/PGFN. Isso porque este dispositivo define "quantia vultosa"
para fins internos de acompanhamento prioritário pela Fazenda Nacional dos
processos de cobrança, não limitando ou definindo o que seja grave dano à
coletividade. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 17/10/2017
➢ DIREITO PREVIDENCIÁRIO
STJ 594 - PENSÃO POR MORTE. Possibilidade de conferir pensão por morte aos
avós que criaram o falecido como se fosse filho
Deve ser reconhecido aos avós de segurado falecido o direito ao recebimento de
pensão por morte em razão de terem sido os responsáveis pela criação do neto,
ocupando verdadeiro papel de genitores. STJ. 2ª Turma. REsp 1.574.859-SP, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 8/11/2016
IMPORTANTE! STJ 596 - PENSÃO POR MORTE. INSS pode ajuizar ação de
regresso contra o autor do homicídio para ser ressarcido das despesas com o
pagamento da pensão por morte aos dependentes do segurado
O art. 120 da Lei nº 8.213/91 prevê que "nos casos de negligência quanto às normas
padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e
coletiva, a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis."
Assim, este dispositivo autoriza que o INSS proponha ação de regresso contra o ex-
empregador pedindo o ressarcimento dos valores que pagou e ainda irá pagar a
título de pensão por morte.
É possível aplicar este art. 120 para outros casos que não envolvam acidente de
trabalho?
SIM. O STJ decidiu que: É possível que o INSS ajuíze ação regressiva contra o autor
do homicídio pedindo o ressarcimento dos valores pagos a título de pensão por morte
aos filhos de segurada, vítima de homicídio praticado por seu ex-companheiro.
O art. 120 da Lei 8.213/91 não é numerus clausus (taxativo) e, assim, não exclui a
responsabilidade civil do causador do dano prevista no art. 927 do CC. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.431.150-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/8/2016
exigir início de prova material. STJ. 1ª Turma. REsp 1.329.812-AM, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Rel. para acórdão Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 6/12/2016
implica imposição de sanção processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro
nesta situação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.261.856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
22/11/2016
Haverá polêmica, mas pela redação literal do novo CPC, NÃO. Isso porque o
CPC/2015 traz uma nova regra, que não havia no Código passado, afirmando que a
fraude à execução tem como marco a data da citação da pessoa jurídica que é objeto
da desconsideração: Art. 792 (...) § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade
jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja
personalidade se pretende desconsiderar.
STF 855 – COMPETÊNCIA. STF não é competente para julgar ação proposta por
juiz federal pleiteando licença-prêmio
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados é de competência
originária do STF.
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF
se a matéria discutida, além de ser do interesse de todos os membros da
magistratura, for também do interesse de outras carreiras de servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria
discutida deverá interessar a todos os membros da magistratura e não apenas a
parte dela.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar
originariamente ação intentada por juiz federal postulando a percepção de licença-
prêmio com fundamento na simetria existente entre a magistratura e o Ministério
Público. STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgado em 21/2/2017
divulgado em Informativo
14/3/2017 (Info 600). Obs: prevalece que a Súmula 343 do STF não está mais válida
tendo em vista a previsão contida no art. 966, V, § 5º e no art. 525, § 15 do CPC/2015.
STJ 600 – EXECUÇÃO. O fato de ter sido decretada a indisponibilidade do bem não
impede que ele seja objeto de adjudicação decretada em outro processo
A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não impede
a adjudicação de um determinado bem ao credor que executa o devedor comum com
substrato em título executivo judicial.
Ex: o MP ajuizou ACP contra a empresa “X”. O juiz determinou a indisponibilidade
de todos os bens da requerida. Alguns meses depois, João ajuizou ação de
indenização contra a mesma empresa. A sentença julgou o pedido procedente,
condenando a requerida ao pagamento de R$ 100 mil. O juiz determinou a penhora
de um imóvel pertencente à devedora. João gostou do bem penhorado e requereu a
sua adjudicação, nos termos do art. 876 do CPC. O fato de este bem estar
indisponível não impede a adjudicação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.493.067-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 21/3/2017.
Obs: esse julgado NÃO tem relevância sob a égide do novo CPC.
No CPC/1973, para que o devedor apresentasse impugnação, era indispensável a garantia
do juízo, ou seja, era necessário que houvesse penhora, depósito ou caução.
No CPC/2015 isso acabou e é possível impugnação mesmo sem garantia do juízo.
No CPC/1973, o prazo de 15 dias para impugnação era contado da intimação do auto de
penhora e avaliação.
No CPC/2015, o prazo para impugnação inicia-se imediatamente após acabar o prazo de
15 dias que o executado tinha para fazer o pagamento voluntário (art. 525, caput). Não é
necessária nova intimação. Acabou um prazo, começa o outro. Logo, para fins de início
do prazo da impugnação, não mais interessa o dia em que ocorreu a penhora. Isso porque
a penhora (garantia do juízo) não é mais um requisito para que haja impugnação no
CPC/2015
eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem por meio digital tanto
no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.643.956-
PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017
STF 861 - COISA JULGADA. CBF não poderia ter editado resolução declarando
tanto o Sport como o Flamengo campeões de 1987 porque já havia uma decisão
transitada em julgado considerando vencedor o Sport
O Sport Club do Recife conseguiu, em 1999, uma decisão judicial transitada em
julgado declarando que ele foi o campeão brasileiro de futebol do ano de 1987.
Ocorre que, em 2011, a CBF editou a Resolução 2/2011 reconhecendo que, além do
Sport, o Flamengo também teria sido campeão brasileiro em 1987.
O Sport não se conformou com esta postura da entidade e ingressou com ação de
cumprimento de sentença pedindo que, em respeito à decisão judicial transitada em
julgado em 1999, a CBF fosse condenada a anular a Resolução e reconhecer o clube
pernambucano como o único campeão de 1987.
O STF concordou com o pleito do Sport. A decisão judicial que conferiu ao Sport o
título de campeão brasileiro de 1987 transitou em julgado e não podia ser alterada
por resolução posterior da CBF.
A coisa julgada, como manifestação do princípio da segurança jurídica, assume a
estatura de elemento estruturante do Estado Democrático de Direito. A autonomia
das entidades desportivas não autoriza a transformação da CBF em órgão revisor
de pronunciamentos jurisdicionais alcançados pela preclusão. STF. 1ª Turma. RE
881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/4/2017
O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros do Poder Legislativo
(Vereadores, Deputados e Senadores) são impedidos de exercer a advocacia contra
ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de
economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
concessionárias ou permissionárias de serviço público.
Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquer dos entes federativos
(União, Estados, DF e Municípios). Assim, o desempenho de mandato eletivo no
Poder Legislativo impede o exercício da advocacia a favor ou contra pessoa jurídica
de direito público pertencente a qualquer das esferas de governo – municipal,
estadual ou federal.
Ex1: um Deputado Estadual, além de não poder advogar em causas relacionadas
com o Estadomembro, também está impedido de advogar em processos envolvendo
os Municípios ou a União.
Ex2: um Vereador não pode advogar contra o INSS, mesmo sendo esta uma
autarquia federal.
Ex3: um Deputado Federal não pode, advogando em causa própria, ajuizar uma
ação popular, qualquer que seja o ente federativo envolvido. STJ. 1ª Seção. EAREsp
519.194-AM, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017
assinaram determinado tipo de contrato, a fim de instruir ação civil pública. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.611.821-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/6/2017
STJ 608 – RECURSOS. O pedido de antecipação dos efeitos da tutela pode ser feito
em sede de sustentação oral
É possível o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela em sede de
sustentação oral. STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 1/6/2017
STJ 594 – PRISÃO. Réu que praticou apenas a lavagem de dinheiro de uma
organização criminosa voltada ao tráfico, mas já desfeita, pode ser beneficiado com
medidas cautelares diversas da prisão
Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico de
drogas se limitava à lavagem de dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas medidas
cautelares diversas da prisão quando constatada impossibilidade da organização
continuar a atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo
tráfico. STJ. 6ª Turma. HC 376.169-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 1/12/2016
provisória da pena
Pedro foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão e o TJ manteve a condenação.
O Ministério Público foi intimado do acórdão e requereu que o Tribunal
determinasse imediatamente a prisão do condenado, dando início à execução
provisória da pena. Vale ressaltar, no entanto, que a Defensoria Pública ainda não
foi intimada do acórdão. Diante deste caso, o TJ poderá determinar a imediata
prisão do condenado, mesmo antes da intimação da defesa acerca do acórdão?
NÃO. Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão
condenatório, mostra-se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão em
desfavor do condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi intimada, não se
encerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível que interponha
embargos de declaração, por exemplo. STJ. 5ª Turma. HC 371.870-SP, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 13/12/2016
STJ 597 - EXECUÇÃO PENAL. A decisão que indefere o pedido do condenado para
ser dispensado do uso da tornozeleira eletrônica deverá apontar a necessidade da
medida no caso concreto
A manutenção de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem
fundamentação concreta evidencia constrangimento ilegal ao apenado.
No caso concreto, o condenado pediu para ser dispensado do uso da tornozeleira
alegando que estava sendo vítima de preconceito no trabalho e faculdade e que
sempre apresentou ótimo comportamento carcerário. O juiz indeferiu o pedido sem
enfrentar o caso concreto, alegando simplesmente, de forma genérica, que o
monitoramente eletrônico é a melhor forma de fiscalização do trabalho externo.
Essa decisão não está adequadamente motivada porque não apontou a necessidade
concreta da medida. STJ. 6ª Turma. HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 2/2/2017
STF 856 – NULIDADES. A investigação criminal contra Prefeito deverá ser feita
com o controle jurisdicional do TJ. Declarações colhidas em âmbito estritamente
privado sem acompanhamento de autoridade pública não apresentam
confiabilidade. A denúncia contra Prefeito por crime em licitação municipal deve
indicar sua participação ou conhecimento acerca dos fatos. Em caso de denúncia
envolvendo crime do DL 201/67 e delito diverso, deverá ser assegurada a defesa
prévia para ambas as imputações
Neste julgado, podemos destacar quatro importantes conclusões:
I – O prefeito detém prerrogativa de foro, constitucionalmente estabelecida. Desse
modo, os procedimentos de natureza criminal contra ele instaurados devem tramitar
perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, da CF/88). Isso significa dizer que as
investigações criminais contra o Prefeito devem ser feitas com o controle
(supervisão) jurisdicional da autoridade competente (no caso, o TJ).
II – Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da
legalidade, baseia-se em supostas declarações, colhidas em âmbito estritamente
privado, sem acompanhamento de qualquer autoridade pública (autoridade policial,
membro do Ministério Público) habilitada a conferir-lhes fé pública e mínima
confiabilidade.
III – A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve
indicar, ao menos minimamente, que o acusado tenha tido participação ou
conhecimento dos fatos supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser incluído entre
os acusados unicamente em razão da função pública que ocupa, sob pena de violação
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
corpus.
• Posição majoritária no STF: SIM. O Ministro Relator pode decidir
monocraticamente habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno,
sem que isso configure violação ao princípio da colegialidade. Nesse sentido: STF. 1ª
Turma. HC 137265 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 07/03/2017; STF. 2ª
Turma. HC 131550 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STF. 1ª
Turma. HC 120496/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017
STF 858 - HABEAS CORPUS. Não se admite habeas corpus para reexame dos
pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ
Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de
recurso interposto no STJ.
Ex: o STJ deu provimento ao recurso interposto pelo MP e, com isso, piorou a
situação do réu; a defesa impetra HC no STF contra o acórdão alegando que o STJ,
no recurso especial, reexaminou provas, o que é vedado pela Súmula 7 da Corte (A
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.). Esse HC não
será conhecido pelo STF porque o impetrante busca questionar os pressupostos de
admissibilidade do Resp. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 21/3/2017
Não é possível que o juiz determine, como medida cautelar substitutiva da prisão, a
incomunicabilidade do acusado com seu genitor/corréu.
A fixação da medida restritiva substitutiva não deve se sobrepor a um bem tão caro
como é a família, sendo isso protegido inclusive pela Constituição Federal, em seu
art. 226. STJ. 6ª Turma.HC 380.734-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 28/3/2017.
STJ 603 - TRIBUNAL DO JÚRI. O testemunho por ouvir dizer, produzido somente
na fase inquisitorial, não serve como fundamento para pronúncia
O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STJ 606 - REVISÃO CRIMINAL. Laudo pericial juntado quando estava pendente
apenas agravo para destrancar recurso especial é considerado prova nova para fins
de revisão criminal
O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de
julgamento agravo interposto contra decisão de inadmissão de recurso especial
enquadra-se no conceito de prova nova, para fins de revisão criminal (art. 621, III,
do CPP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.660.333-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 6/6/2017
colaborador a redução da pena (art. 14) ou até mesmo o perdão judicial (art. 13).
O réu colaborador não terá direito ao perdão judicial, mas apenas à redução da
pena, caso a sua colaboração não tenha tido grande efetividade como meio para
obter provas, considerando que as investigações policiais, em momento anterior ao
da celebração do acordo, já haviam revelado os elementos probatórios acerca do
esquema criminoso integrado. STF. 1ª Turma. HC 129877/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 18/4/2017
STF 862 - HABEAS CORPUS. Não cabimento de habeas corpus contra decisão
monocrática de Ministro do STJ
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do
Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto
naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no
tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo
regimental).
Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão
atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente
contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de
ofício o habeas corpus. STF. 1ª TurmA. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgádo em 25/4/2017
STF 865 - HABEAS CORPUS. Não cabimento de HC contra ato de Ministro do STF
Não cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada em face de decisões
monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário.
HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
18/5/2017.
STF 867 – RECURSOS. Situações nas quais não se aplica a regra do art. 580 do CPP
O art. 580 do CPP afirma que, no caso de concurso de agentes, a decisão favorável
que um dos réus conseguir no julgamento do seu recurso poderá ser aproveitada
pelos demais acusados, salvo se a decisão tiver se fundamentado em motivos que
sejam de caráter exclusivamente pessoal.
Esse dispositivo não pode ser aplicado quando:
a) o réu que estiver requerendo a extensão da decisão não participar da mesma
relação jurídico-processual daquele que foi beneficiado. O requerente será, neste
caso, parte ilegítima;
b) se invoca extensão da decisão para outros processos que não foram examinados
pelo órgão julgador. Isso porque, neste caso, o que o requerente está pretendendo é
obter a transcendência dos motivos determinantes para outro processo, o que não é
admitido pela jurisprudência do STF. STF. 1ª Turma. HC 137728 EXTN/PR, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 30/5/2017
Instagram @Magistraturaestadualemfoco @dizerodireito – Dezembro de 2017
STF 868 – PRISÃO. Réu pronunciado e que aguarda Júri há 7 anos preso, sem culpa
da defesa, deverá ter direito à revogação da preventiva
Em um caso concreto, os réus, embora pronunciados, estavam aguardando presos
há 7 anos serem julgados pelo Tribunal do Júri.
Diante disso, o STF concedeu ordem em “habeas corpus” para revogar prisão
preventiva em razão do excessivo prazo de duração da prisão. Além disso,
determinou que o STJ julgue recurso especial interposto contra o acórdão que
confirmou a sentença de pronúncia referente no prazo máximo de dez sessões (entre
ordinárias e extraordinárias), contado da comunicação da decisão.
Em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou do réu
reveste-se de caráter excepcional, mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito
a este equiparado.
O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário – não
derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao
réu –, traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo.
Além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra uma
prerrogativa básica que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio sem
dilações indevidas (art. 5º, LXXVIII, da CF/88).
Ademais, a duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar ofende, de
modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa
significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira
todo o ordenamento constitucional. STF. 2ª Turma. HC 142177/RS, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 6/6/2017
STF 868 - HABEAS CORPUS. Não cabimento de habeas corpus contra decisão
monocrática de Ministro do STJ
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do
Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto
naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no
tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo
regimental).
Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão
atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente
contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de
ofício o habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes,
red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2017
STF 871 – HABEAS CORPUS. Não cabe HC para pedir autorização de visita
Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. STF. 1ª Turma.
HC 128057/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 1º/8/2017
STF 878 – PRISÃO. Há excesso de prazo em caso de réu preso há mais de quatro
anos sem ter sido sequer realizado seu interrogatório
Em um caso concreto, o réu foi preso preventivamente pela suposta prática de delitos
previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Ocorre que já se passaram mais de quatro anos desde a prisão preventiva sem haver,
sequer, audiência de interrogatório.
Diante disso, o STF entendeu que havia flagrante excesso de prazo na segregação
cautelar e, por essa razão, concedeu habeas corpus para determinar a soltura do
paciente.
Embora a razoável duração do processo não possa ser considerada de maneira
isolada e descontextualizada das peculiaridades do caso concreto, diante da demora
no encerramento da instrução criminal, sem que o paciente, preso preventivamente,
tenha sido interrogado e sem que tenham dado causa à demora, não se sustenta a
manutenção da constrição cautelar. STF. 2ª Turma. HC 141583/RN, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 19/9/2017
correlação entre o fato descrito na peça acusatória e o fato pelo qual o réu foi
condenado, sendo irrelevante a menção expressa na denúncia de eventuais causas de
aumento ou diminuição de pena.
Ex: o MP ajuizou ação penal contra o réu por sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº
8.137/90). Na denúncia, o MP não pediu expressamente que fosse reconhecida a
majorante do art. 12, I. Pediu-se apenas a condenação do acusado pelo crime do art.
1º, I. No entanto, apesar disso, na exordial o membro do MP narrou que o réu
sonegou tributos em montante superior a R$ 4 milhões. O juiz, na sentença, ao
condenar o réu, poderá reconhecer a incidência da causa de aumento de pena
prevista no art. 12, I, porque o fato que ela representa (vultosa quantia sonegada
que gera dano à coletividade) foi narrado, apesar de não haver menção expressa ao
dispositivo legal. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 17/10/2017
➢ DIREITO DO TRABALHO
STF 857 – FGTS. Prazo prescricional para cobrança em juízo
O prazo prescricional para a cobrança judicial dos valores devidos relativos ao
FGTS é de 5 anos. Isso porque a verba de FGTS tem natureza trabalhista, devendo
ser aplicado o art. 7º, XXIX, da CF/88.
Antes, entendia-se que esse prazo era de 30 anos.
Como houve uma mudança brusca da jurisprudência, o STF, por razões de
segurança jurídica, modulou os efeitos desta decisão. Assim, esse novo prazo
prescricional de 5 anos somente vale a partir do julgamento do STF que alterou a
jurisprudência anterior (ARE 709212/DF).
Dessa forma, o STF decidiu que :
• para aqueles casos cujo termo inicial da prescrição – ou seja, a ausência de depósito
no FGTS – ocorrer após a data do julgamento da ARE 709212/DF, aplica-se, desde
logo, o prazo de 5 anos.
• Por outro lado, para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso antes
do julgamento da ARE 709212/DF, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos,
contados do termo inicial, ou 5 anos, a partir do julgamento da ARE 709212/DF. O
art. 23, § 5º, da Lei nº 8.036/90 e o art. 55 do Decreto 99.684/90, que previam o prazo
prescricional de 30 anos, são inconstitucionais. STF. Plenário. ARE 709212/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/11/2014 (repercussão geral) (Info 767). STF.
Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017
➢ DIREITO TRIBUTÁRIO
A alienação de bens que foram objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia
notificação ao órgão fazendário. A Lei nº 9.532/97 não exige que a notificação ao
órgão fazendário seja prévia à alienação, mas simplesmente que exista a
comunicação. STJ. 1ª Turma. REsp 1.217.129-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 27/10/2016
STJ 594 - IMPOSTO DE RENDA. Ganho de capital obtido com a venda de imóvel
residencial é isento de IR se ele for utilizado para pagamento de parcelas de outro
imóvel residencial comprado anteriormente
A isenção do Imposto de Renda sobre o ganho de capital nas operações de alienação
de imóvel prevista no art. 39, da Lei nº 11.196/2005 se aplica à hipótese de venda de
imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou parcialmente, débito
remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel residencial já possuído
pelo alienante. A restrição estabelecida no art. 2º, §11, I, da Instrução Normativa-
SRF n. 599/2005 é ilegal. STJ. 2ª Turma. REsp 1.469.478-SC, Rel. Min. Herman
Benjamin, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/10/2016
STJ 594 - PIS/PASEP E COFINS. Incidência do valor pago a título de ICMS na base
de cálculo do PIS/PASEP E COFINS
O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu
faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e
COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de
cálculo das referidas exações. STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
10/8/2016 (recurso repetitivo)
STJ 594 - PIS/PASEP E COFINS Valores computados como receitas que tenham
sido transferidos para outras pessoas jurídicas integram a base de cálculo do
PIS/PASEP e COFINS
O artigo 3º, § 2º, III, da Lei nº 9.718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que
integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo
das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como
receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica. STJ. 1ª Seção. REsp
1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo)
STF 856 - ICMS Inconstitucionalidade de lei estadual que concede isenção de ICMS
para empresas patrocinadoras de bolsas de estudo
É inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização de convênio
interestadual, dedução de ICMS para empresas que patrocinarem bolsas de estudo
para professores.
O Estado-membro só pode conceder isenção de ICMS se isso tiver sido combinado
com os demais Estados-membros/DF por meio de um convênio. É o que prevê o art.
155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75. STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017
IMPORTANTE!! STF 857 - PIS/COFINS. O valor pago a título de ICMS não deve
ser incluído na base de cálculo do PIS/PASEP e COFINS
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base
de cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS. STF. Plenário.
RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (repercussão geral)
Obs: o STJ possui entendimento em sentido contrário: STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-
PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 594)
STJ 600 – PIS E COFINS. Incide PIS e COFINS sobre o percentual repassado pela
empresa de transporte à empresa rodoviária que vende as passagens
Incide a contribuição ao PIS e COFINS sobre o valor do percentual repassado pelas
empresas de transporte de passageiros às empresas rodoviárias.
Ex: a “Viação Segura Ltda.” é uma empresa que realiza transporte intermunicipal
de passageiros. Ela vende suas passagens por meio da uma empresa rodoviária. Em
troca, a empresa rodoviária retém 10% do valor das passagens para si. Esse valor
que a empresa rodoviária retém continua sendo considerado como faturamento da
empresa de transporte e, por isso, deve ser incluído na base de cálculo do PIS e
COFINS. STJ. 2ª Turma. REsp 1.441.457-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 16/3/2017