A Figura Complexa de Rey
A Figura Complexa de Rey
A Figura Complexa de Rey
DESCRIÇÃO
André Rey, apresentou uma prova que visa essencialmente avaliar a organização mental bem
como a percepção e memória visuais de indivíduos a partir dos 4 anos.
Apresenta duas figuras, A e B, das quais a figura B deve ser aplicada a crianças com idades
compreendidas entre os 4 e os 8 anos, ou adultos com suspeita grave de degradação mental, e
a figura A que deve ser aplicada a indivíduos com idades superiores a 5 anos.
Figura A
Figura B
Assim, a Figura Complexa de Rey é uma figura geométrica complexa composta por um
retângulo grande, com sectores horizontais e verticais, duas diagonais, e detalhes geométricos
adicionais, dentro e fora do rectângulo grande.
TEMPO DE APLICAÇÃO
MATERIAL
• Alguns lápis de cores diferentes (lápis de minas bem afiadas, meia dúzia bastam);
• Duas folhas de papel branco A5 (das quais uma não deve estar visível);
É preferível utilizar os lápis de cor em vez de canetas de pontas de feltro, já que estes
permitem ainda conhecer aspectos como a tonicidade e a tensão corporal postas no
movimento ao realizar o traçado.
PROCEDIMENTO
O modelo da figura a apresentar ao sujeito examinado está impresso numa folha de papel de
formato A5, que deve ser colocada horizontalmente, sobre a mesa, em frente do sujeito. Dá-
se-lhe uma folha de papel branco de dimensões iguais. O sujeito poderá, caso queira, mover a
sua folha de papel, mas não pode mover a folha do modelo (contido isto não deve ser dito
para não induzir esse comportamento).
Pede-se ao examinando para copiar a figura, o melhor e o mais depressa que puder. Ao
mesmo tempo que isto se pede, entrega-se um dos lápis de cor ao sujeito. Assim que ele
começa a desenhar começa-se a contar o tempo.
Muda-se o lápis cada vez que o sujeito desenha cada uma das estruturas gráficas que
compõem a figura. Faz-se isto estendendo-lhe o novo lápis e retirando activamente o anterior,
e evita-se qualquer tipo de conversa pois o tempo está a ser cronometrado.
Cada vez que se retira um lápis, deve colocar-se à parte, conservando a ordem pela qual foram
retirados. Cada lápis usado não se volta a dar ao sujeito. O objectivo disto é o de se poder
identificar a sequência de cores usadas, ou seja, por onde este começou o seu desenho, o que
desenhou primeiro, a seguir, etc, para podermos depois caracterizar o Tipo de Execução.
Se, usados os lápis de que se dispõe, o examinado ainda não tiver concluído a figura, não se
retira o último lápis, permitindo-se que conclua o seu desenho com essa mesma cor.
Escreve-se nessa folha a palavra ‘Cópia’, para se poder diferençar da execução seguinte.
Anota-se também o nome do sujeito e a idade (é útil que a data de nascimento seja já um
dado conhecido aquando da realização das entrevistas iniciais). Coloca-se a data em que a
prova está a ser realizada.
Tempo de intervalo
Quando este acaba de desenhar desliga-se o cronómetro e vê-se o Tempo de Execução, que
deve ser anotado na folha em que o sujeito desenhou.
Ao mesmo tempo conta-se discretamente 3 minutos pelo relógio (o objectivo é iniciar ao fim
desse tempo a reprodução por memória). Com os lápis que estão de lado, sempre respeitando
a ordem pela qual foram retirados, faz-se um pequeno risco com cada um num dos cantos
dessa folha (para mais tarde se saber a ordem em que foram usados).
Inicia-se então com o sujeito uma pequena conversa adequada ao preenchimento dos 3
minutos que entretanto estão a ser contados. Muitas vezes esta faz algum comentário sobre o
desenho que realizou, ou sobre as suas capacidades para o desenho. Deve ter-se em conta que
o tipo de conversa a manter nesse momento não deve prejudicar a interrupção que dali a
momentos se vai ter de fazer, evitando por isso algum assunto mais delicado.
Pede-se-lhe agora que desenhe a figura que desenhou há pouco, o melhor que souber e o mais
depressa que puder. Se o sujeito comentar que não se lembra ou não sabe diz-se que faça o
melhor que puder. Não se alimentam conversas de forma a não prolongar mais o tempo de
intervalo.
Procede-se não como da primeira vez, a diferença é que agora a folha do modelo já não é
mostrada ao sujeito e ele deve reproduzir a figura conforme se lembrar.
Ao entregar os lápis a ordem pela qual se vão dando as cores não deve ser a mesma que se
usou da primeira vez, para evitar que isso possa auxiliar a memorização.
Anotam-se também na folha o Tempo de Execução e a ordem pela qual as cores foram usadas.
Escreve-se a palavra ‘Memória’, o nome do sujeito e a idade. Coloca-se também a data em que
a prova está a ser realizada.
COTAÇÃO (Pontos)
Utiliza-se a Folha de Cotação da Figura (que se encontra na última página deste documento).
A cotação dos Pontos faz-se de acordo com as instruções do Manual, e a atribuição de pontos
tem a ver com a correcção da execução, tal que:
• Figura correcta:
Desta forma, para o total dos 18 elementos que compõem a figura, o número mínimo de
pontos que se pode obter é 0, e o número máximo é 36.
ANÁLISE
A análise da Figura Complexa de Rey resulta da síntese integrada de todos estes aspectos.
1. Verbalizações, Corporalidade e Comportamentos (aspectos qualitativos do
comportamento do examinando durante a situação de prova);
2. Qualidade da Reprodução - Através da análise percentílica dos Pontos (Cópia e
Memória). Este aspecto deve sempre ser apreciado em conjunto com o seguinte,
reflectindo a clareza de análise e síntese espaço-perceptivas, associadas à capacidade
gráfica de execução motora fina;
3. Rapidez de Reprodução - Através da análise percentílica dos Tempos de Execução
(Cópia e Memória). Tal como o anterior, este aspecto deve sempre ser apreciado em
conjunto com esse, sendo sensível a aspectos comportamentais tais como situações de
impulsividade, meticulosidade ou preciosismo;
4. Relação entre a Qualidade e a Rapidez da Reprodução - Entre os percentis dos Pontos
e dos Tempos - (Cópia e Memória)), como compreensão da adequação aos padrões do
desenvolvimento grafo-perceptivo relativos às várias faixas etárias;
5. Relação entre a Cópia e a Memória – Entre os parâmetros acima mencionados, nas
figuras executadas nas duas partes do teste. Detecta factores tais como capacidades
de atenção, análise, estruturação perceptiva, e perdas do rendimento mnésico de cariz
patológico;
6. Estratégias de Organização da Informação Perceptiva (Função Executiva) - Através dos
Tipos de Reprodução, como formas perceptivas de aceder à adequação do
desenvolvimento genético-evolutivo;
7. Projecção Corporal - Através da organização do desenho na folha de papel com
implicação das coordenadas espaciais que estruturam o corpo próprio, tendo em
atenção os aspectos ligados à organização dos elementos: esquerda/direita,
interior/exterior, em cima/em baixo, como formas de aceder à projecção de uma
delimitação corporal, do espaço, e da lateralidade;
8. Tipo de Erros de Execução – Através das deformações primitivas, como formas de
detecção de organicidade ou psicopatologia.
• Tensão muscular (mais ou menos facilitadora e que informa sobre a facilitação dos
movimentos ao desenhar);
Faz-se através da observação dos percentis (que se encontram por observação da tabela
constante do Manual, e que estão construídos em relação às diversas idades – a partir dos 4
anos). Assim:
Faz-se também através da observação dos percentis (que se encontram também por
observação da tabela respectiva, constante do Manual, e que estão construídos em relação às
diversas idades – a partir dos 4 anos). Assim:
Cópia melhor que a Memória – Indica dificuldades de memorização que devem ser integradas
em conjunto com os outros aspectos já analisados, devendo ser prestada uma atenção
especial à capacidade de atenção e concentração do sujeito.
Assim, a elaboração perceptiva pode ser insuficiente por falta de conhecimentos e de métodos
podendo distinguir-se, entre os sujeitos carentes de instrução, os que apresentam
perturbações precoces do desenvolvimento intelectual, e aqueles em que se pode supor uma
diminuição da capacidade de elaboração perceptiva, já que anteriormente eram capazes de
um nível de actividade normal. Noutros casos, é especificamente a reprodução de memória
que está alterada, podendo aí falar-se em deficit mnésico.
Osterrieth analisou os desenhos de acordo com o método utilizado pelo paciente para
desenhar, bem como erros de cópia específicos. Considerando a rapidez da cópia e a precisão
dos resultados, identificou 7 tipos diferentes de formas do sujeito realizar a figura:
3) Tipo III - Contorno Geral da Figura - O sujeito começa com o contorno geral da figura, sem
diferenciar o retângulo central e então adiciona os detalhes internos;
7) Tipo VII - Reprodução Irreconhecível / Garatuja - O desenho é uma garatuja, na qual não se
reconhecem os elementos do modelo.
• A terceira etapa, a partir dos 10, 12 anos, aparecem apenas como dominantes reproduções
do tipo I e II, surgindo o tipo IV como secundário.
Adultos - Na amostra de Osterrieth, 83% dos sujeitos do grupo controle de adultos seguiram os
procedimentos do Tipo I e II, 15% o Tipo IV e nenhum usou o Tipo III.
Crianças - Acima dos 7 anos, nenhuma criança utilizou os Tipos V, VI e VII, e a partir dos 13
anos, mais da metade das crianças seguiram os Tipos I e II. Nenhuma criança ou adulto
produziu o tipo VII.
7. Projecção Corporal
Devem ser analisadas as formas pelas quais o sujeito errou na reprodução da figura, tendo em
conta categorias mais frequentes de erro verificadas na execução da prova, normais na
infância mas com características patológicas numa progressão etária, conhecidas como
deformações primitivas.
Deformações Primitivas:
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NOTA – A síntese de todos os elementos avaliativos desta prova não deve ser
esquecida, pois é a sua integração que permite a correcta contribuição para o diagnóstico do
paciente, bem como para o prognóstico final.