Noções de Língua Portuguesa
Noções de Língua Portuguesa
Noções de Língua Portuguesa
Noções de
Língua Portuguesa
MÓDULO 01
BRASÍLIA – 2011
Os textos do presente Módulo não podem ser reproduzidos sem autorização do
INEDI – Instituto Nacional de Ensino a Distância
SCS – Qd. 08 Ed. V enâncio 2000, Bloco B 60 Sala 245 – Brasília - DF
Venâncio
Telefax: (0XX61) 3321-6614
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Tibério Cesar Bravim – MBA em Ciências da Educação
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PRODUÇÃO EDITORIAL
Luiz Góes
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E CAPA
Alessandro dos Santos
IMPRESSÃO GRÁFICA
Gráfica e Editora Equipe Ltda
347.46:145
C560m
Caro Aluno,
Em síntese, caro aluno, o estudo dedicado do conteúdo deste módulo lhe permitirá
não só o domínio dos conceitos mais elementares da Língua Portuguesa, além do
conhecimento dos instrumentos básicos para que o futuro profissional possa atingir os
seus objetivos no mercado de imóveis. Além desse módulo, leia outros textos com maior
atenção. Você vai gostar e aprender muito.
Boa sorte!
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 07
UNIDADE I
1. COMUNICAÇÃO.................................................................................................................. 11
1.1 – O processo de comunicação e as variantes linguísticas ......................................... 11
1.2 – Funções da linguagem .............................................................................................. 13
1.3 – Problemas de comunicação na empresa................................................................. 14
1.3.1. Algumas expressões a evitar ........................................................................... 18
UNIDADE II
3. TEXTO TÉCNICO ................................................................................................................ 39
3.1 – A organização do texto técnico............................................................................... 39
3.2 – A unidade do parágrafo ........................................................................................... 42
3.3 – A produção do texto técnico .................................................................................. 44
3.3.1. O texto da carta empresarial .......................................................................... 47
3.3.1. O planejamento do texto da carta ................................................................. 47
UNIDADE III
5. REVISÃO GRAMATICAL................................................................................................... 67
5.1 – Ortografia .................................................................................................................. 67
5.1.1. Fonemas e letras ............................................................................................... 67
5.2 – Acentuação ................................................................................................................ 70
5.2.1. Emprego do hífen ............................................................................................ 70
5.2.2. Uso da vírgula .................................................................................................. 71
5.2.3. Uso da crase ..................................................................................................... 73
5.3 – Plural das palavras compostas ................................................................................. 74
5.4 – Flexão dos adjetivos compostos ............................................................................. 74
5.5 – Concordância verbal e nominal ............................................................................... 75
5.6 – Frase – oração – período......................................................................................... 77
5.6.1. Termos essenciais da oração........................................................................... 78
5.6.2. Tipos de sujeito ................................................................................................ 78
5.6.3. Oração sem sujeito .......................................................................................... 79
5.6.2. Tipos de predicado.......................................................................................... 79
5.7 – Correlações frasais .................................................................................................... 80
Sucesso!
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Unidade
I
guagem mais informal, sem grandes c) Faça um resumo do que vem a ser “lingua-
preocupações com a correção grama- gem literária”.
tical; esse tipo de linguagem é chama- _____________________________________
do de linguagem coloquial ou fami- _____________________________________
liar. Em situações mais formais (por
exemplo, o discurso numa solenidade d) Com suas próprias palavras defina o que vem
de formatura ou em uma missa de séti- a ser “linguagem culta”.
mo dia) usamos uma linguagem mais _____________________________________
cuidada, procurando obedecer as nor- _____________________________________
mas gramaticais; esse tipo de linguagem
é chamada língua culta ou norma pa- e) Faça um resumo do você que entende por
drão, e é utilizada nos livros didáticos, “linguagem familiar”.
no ensino escolar, nos manuais etc. _____________________________________
_____________________________________
Quando o uso da língua não se restringe
às necessidades práticas do cotidiano comuni-
cativo, incorporando preocupações estéticas
surge a língua literária, que procura produzir
um sentimento estético no leitor, submetendo
a escolha e a combinação dos elementos lin-
guísticos a atividades criadoras e imaginativas.
Exemplo:
Ex.: Fizemos tudo por si na reunião; conta- esses elementos de coesão podemos citar as pre-
mos consigo hoje, na convenção. posições (a, de, para, com, por, etc.), as con-
junções (que, para que, quando, embora, mas,
Correto: Fizemos tudo por ti na reunião; e, ou, etc.), os pronomes (ele, ela, seu, sua, este,
contamos contigo hoje, na convenção. esta, esse, essa, aquele, o qual, que, etc.), os
Erro nas palavras (erro na estrutura ou no em- advérbios (aqui, aí, lá, assim, etc.).
prego da palavra).
Ex.: “É sabido que a violência nas escolas
Ex.: Ele aspira um cargo de chefia. cresce assustadoramente. É sabido, ainda,
que não se achou ainda uma solução para
Correto: Ele aspira a um cargo de chefia. o problema. Em vista disso, a sociedade
Precisão – Para um texto ser preciso, ele está se unindo para tentar modificar esse
precisa conter todos os elementos necessários quadro. Para tanto, convoca uma reunião
à comunicação, respondendo às indagações e com todos os diretores de escolas da rede
interesses eventuais. municipal”.
Ex.: “Convido Vossa Senhoria a participar Como você viu, no exemplo acima, os
da abertura do Primeiro Seminário Regio- segmentos do texto estão ligados entre si, por
nal sobre o uso eficiente de energia no Setor meio de palavras que servem para dar conti-
Público, a ser realizado em 5 de junho pró- nuidade ao que foi dito anteriormente e acres-
ximo, às 9 horas, no auditório da Escola Na- centar novos dados.
cional de Administração Pública, localizada Consistência – Um texto é consisten-
no Setor de Áreas Isoladas, nesta capital”. te quando dá informações confiáveis e cor-
retas, demonstrando conhecimento do as-
Coerência – A coerência deve ser en- sunto e tratando apenas do que é significati-
tendida como unidade do texto. Num texto vo para quem o lê.
coerente todas as partes se encaixam de ma-
neira complementar, de modo que não haja Ex.: “Comunicamos que, a 7 do corrente,
nada destoante, nada ilógico, nada contraditó- foi instalado o Instituto de Cibernética Jurí-
rio. Existe uma solidariedade entre as partes dica, órgão integrante desta Instituição. São
do texto, possibilitando um bom entendimen- objetivos do novo Instituto estudar as im-
to do mesmo. plicações sociais da cibernética no campo do
Texto incoerente: Embora seu livro seja Direito e divulgar conhecimentos sobre os
fundamental para nossos alunos, vamos ado- sistemas utilizáveis no setor jurídico. Para
tá-lo imediatamente em nossa escola. isso, o novo órgão entrará em contato com
Texto coerente: Considerando que seu o Poder Público, a Universidade, a indústria
livro é fundamental para nossos alunos, vamos especializada e promoverá cursos, conferên-
adotá-lo imediatamente em nossa escola. cias e seminários.”
Concatenação – A concatenação de
ideias está inserida em um elemento textual Propriedade no uso da palavra – Essa
chamado coesão. A concatenação é a conexão propriedade se refere ao uso apropriado da
que deve existir entre os enunciados de um tex- linguagem, ao cuidado no emprego das pala-
to, quando organicamente articulados entre si. vras, evitando cacoetes linguísticos e termos
As relações de sentido de um texto são mani- surrados. Na escolha das palavras, devemos
festadas por uma categoria de palavras deno- preferir a que traduz, com mais precisão, o que
minadas conectivos ou elementos de coesão. Dentre queremos dizer.
16 • INEDI - Cursos Profissionalizantes
LÍNGUA PORTUGUESA – Unidade I
A construção correta é:
Os maiores de sessenta anos estão isentos
do pagamento daquele imposto.
Informar
Use as variações comunicar, avisar, noticiar, par-
ticipar, levar ao conhecimento, dar conhecimento,
instruir.
Onde
Como pronome relativo significa ‘em
que’ (lugar): A cidade onde nasceu./ O
país onde viveu. Evite, então, constru-
ções como “a lei onde é fixada a penali-
dade” ou “a reunião onde o assunto foi
discutido”. Nesses casos, faça a substi-
tuição, empregando em que, na qual, no
qual, nas quais, nos quais. O correto é: A
reunião na qual o assunto foi discutido./
A lei na qual é fixada a penalidade.
Ressaltar
Varie com destacar, sublinhar, frisar, salientar,
relevar, distinguir, sobressair.
Nem
Conjunção aditiva que significa ‘e não’ e
‘tampouco’, dispensando, portanto, a
conjunção e: Não foram feitos reparos à
proposta de comercialização da soja,
nem à nova proposta de pagamento.
Evite, ainda, a dupla negação não nem,
nem tampouco. Ex: Não pôde encaminhar
os relatórios no prazo, nem não teve
tempo para revisá-los.
Enquanto
Conjunção proporcional equivalente a ao
passo que, à medida que. Evite empregar a cons-
trução enquanto que, usada coloquialmente.
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 19
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Retrato
1 Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
5 Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
10 tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida
minha face?
Cecília Meireles: poesia. Por Darcy Damasceno,
Rio de Janeiro, Agir, 1974., p. 19 – 20
tos: um do passado, outro, do presente, am- amargo, que nem se mostra, nos levam a entender
bos com características opostas entre si. que o envelhecimento físico foi acompanhado
pela perda da energia, do entusiasmo, da ale-
Significados que remetem passado gria de viver.
ao presente (explicitamente) O poema permite, então, duas leituras:
Eu não tinha este rosto de hoje o desgaste material das coisas com o passar
assim calmo, assim triste dos anos, e o desgaste psíquico, a perda de ilu-
assim magro sões do ser humano com o passar do tempo.
EIXO 1
nem estes olhos tão vazios Não podemos, entretanto, dizer que um
nem o lábio amargo texto, ao implicar várias leituras, possa admitir
que qualquer interpretação seja correta nem que
Eu não tinha estas mãos sem força, o leitor possa dar ao texto o sentido que lhe
tão paradas, e frias, e mortas aprouver.
eu não tinha este coração Para impedir que a interpretação seja
que nem se mostra pura invenção do leitor, contamos com os in-
dicadores das várias possibilidades de leitura
Significados que remetem presente que o texto admite; podemos observar, então,
ao passado (implicitamente) que no interior do texto aparecem figuras ou
Eu tinha aquele rosto de outrora temas que têm mais de um significado, e que
tão irrequieto, tão alegre apontam para mais de um plano de leitura,
tão cheio como no caso do poema examinado, em que
e olhos tão expressivos os estados da alma (triste, amargo) possibilita-
EIXO 2
grafia e pronúncia semelhantes ou iguais. É caso Incidente - episódio; que incide, que ocorre:
dos fenômenos denominados homonímia ou O incidente da demissão já foi superado.
paronímia. Adotar - escolher, preferir; assumir; pôr em
A homonímia é a designação geral prática.
para os casos em que palavras de sentidos di- Dotar - dar em doação, beneficiar: Ele o dotou
ferentes têm a mesma grafia. Manga, por com aplicações em títulos do governo.
exemplo.
A paromínia designa o fenômeno que ocorre Afim - que apresenta afinidade, semelhança,
com palavras semelhantes (não idênticas) quan- relação (de parentesco): Se o assunto era afim, por
to à grafia ou à pronúncia, como entre descrição que não foi colocado no mesmo capítulo?
(ato de descrever) e discrição (qualidade do que A fim de - para, com a finalidade de: O projeto
é discreto), ratificar (confirmar) e retificar foi encaminhado com muita antecedência a fim de per-
(corrigir). mitir um exame minucioso.
Como o nosso objetivo é trabalhar prin-
cipalmente com a redação técnica, a lista abai- Aleatório - casual, fortuito, acidental.
xo vai ajudá-lo a esclarecer suas dúvidas quan- Alheatório - alienante, que desvia ou perturba.
hom to à grafia e ao sentido das palavras, para que
você passe a usá-las com propriedade. Ante - (preposição): diante de, perante: Ante
tal fato, devemos repensar nossa metodologia de ensi-
Absolver - relevar da culpa imputada, inocen- no.
tar: O réu foi absolvido. Ante - (prefixo): expressa anterioridade: ante-
Absorver - esgotar, embeber em si: A água da por, antever, anteprojeto, antediluviano.
chuva foi absorvida pelo solo. Anti - (prefixo): expressa contrariedade, opo-
sição: Aquele rapaz é anticomunista.
Ascender - elevar-se, subir: Aquele homem as-
cendeu socialmente. Ao encontro de - para junto de; favorável a :
Acender - atear (fogo), inflamar. Ele foi ao encontro de seus amigos./ O plano de car-
reira foi ao encontro das necessidades dos funcionários.
Acento - sinal gráfico; inflexão vocal: Esta pa- De encontro a - contra; em prejuízo de: O veícu-
lavra não tem acento. lo foi de encontro ao muro./ O governo não apoiou a me-
Assento - banco, lugar: Ele tomou assento ao dida, pois vinha de encontro aos interesses dos partidos.
meu lado.
Ao invés de - ao contrário de: Ao invés de demi-
Acerca de - sobre, a respeito de: No discurso, o tir dez funcionários, a empresa contratou mais trinta.
deputado falou acerca de seu projeto habitacional. (é inaceitável o cruzamento “ao invés de”)
A cerca de - a uma distância aproximada de: A Em vez de - em lugar de: Em vez de demitir dez
creche fica a cerca de vinte metros do prédio principal. funcionários, a empresa demitiu quarenta.
Há cerca de - faz aproximadamente (tanto
tempo): Há cerca de dois anos, nos deparamos com Evocar - lembrar, invocar: Evocou na palestra o
um caso semelhante; existem aproximadamente: início de sua carreira.
Há cerca de mil títulos na biblioteca do colégio. Invocar - pedir (a ajuda de); chamar, proferir:
Para alcançar seus objetivos, ele invocou a ajuda de Deus.
Acidente - acontecimento casual, desastre: A
demissão foi um acidente na sua vida profissional. A Cassar - tornar nulo ou sem efeito, suspender,
tempestade provocou vários acidentes. invalidar: O mandato do deputado foi cassado.
Induzir - causar, sugerir, aconselhar, levar a: O Sustar - parar, interromper, suspender: O che-
réu declarou que havia sido induzido a praticar o crime. que foi sustado.
Aduzir - expor, apresentar: A defesa, então, adu- Suster - sustentar, manter; fazer parar, deter.
ziu novas provas em contrário. Taxa - imposto, multa, tributo.
Tacha - prego pequeno; mancha; defeito.
Inflação - ato ou efeito de inflar, emissão exage- Tachar - censurar, qualificar: O rapaz foi tacha-
rada de moeda, aumento persistente de preços. do de subversivo.
Infração - ato ou efeito de infringir ou violar Taxar - fixar a taxa de, regular, regrar: O im-
uma norma. posto sobre mercadorias foi taxado em 2%.
Tráfego - trânsito de veículos, percurso,
Infligir - cominar, aplicar (pena, repreensão, transporte.
castigo): O juiz infligiu uma pena leve ao réu, que Tráfico - ne gócio ilícito, comércio,
era primário. negociação.
Infringir - transgredir, violar, desrespeitar (lei, Trás - atrás, detrás, em seguida, após (cf. em
regulamento etc.): O motorista infringiu as leis de locuções: detrás, por trás)
trânsito. Traz - 3ª pessoa do singular do presente do
indicativo do verbo trazer.
Mandado - ato de mandar, ordem escrita ex- Vestiário - guarda-roupa; local em que se tro-
pedida por autoridade judicial ou administra- cam roupas.
tiva: mandado de segurança, mandado de prisão etc. Vestuário - as roupas que se vestem; traje.
Mandato - autorização que alguém confere a Vultoso - de grande vulto, volumoso: Ele pe-
outrem para praticar atos em seu nome; dele- diu uma quantia vultosa para fazer a perícia técnica.
gação, procuração: A duração do mandato do de-
putado é de dois anos.
2.3.2. Outras recomendações na escolha dos fossem de linho egípcio. É melhor escrever: O
vocábulos artista fez exigências descabidas, pedindo diariamen-
te dois litros de uísque importado e toalhas de linho
Na elaboração de um texto técnico, pre- egípcio.
valecem alguns cuidados no uso dos vocábu-
los. Não se devem utilizar palavras de difícil Ambiente/meio ambiente - Prefira ambi-
compreensão, mas também não se pode per- ente ao pleonasmo meio-ambiente.
mitir que a língua falada interfira na língua escrita,
que são dois meios de comunicação diferen- Ano - sempre escreva sem ponto de milhar.
tes. A língua falada é mais solta, acompanhada Ex: 1998
de mímica e de entonação, elementos que, na-
turalmente, não aparecem na língua escrita. Jus- Bimensal - para qualificar algo que aconte-
tamente por isso devemos utilizar termos cla- ce duas vezes por mês, empregue quinzenal.
ros, evitando cacoetes de linguagem, chavões Não confunda com bimestral, que significa
e cacófatos, sob pena de empobrecer a reda- uma vez a cada dois meses.
ção. O uso da língua culta é obrigatório nos
textos de que tratamos. Além desses cuidados, Cacófato - Mesmo que os textos não sejam
devemos atentar, também, para o significado lidos em voz alta, evite a ocorrência de sons
correto dos vocábulos, de modo a não ocor- desagradáveis formados pela união das síla-
rer em deturpação de sentido do que quere- bas finais de uma palavra com as iniciais de
mos dizer. outra. Ex: conforme já, marca gol, confisca gado,
A seguir, apresentamos alguns vocábu- uma herdeira etc.
los que podem ser utilizados livremente, e ou-
tros, cujo uso convém ser evitado em algumas Cacoete de linguagem - Evite expressões
situações: pobres, repetidas à exaustão, perfeitamente
dispensáveis em textos técnicos. Ex.: via de
Admitir - não utilize como sinônimo de di- regra, até porque, sal da terra, rota de colisão, trocar
zer, declarar ou afirmar. Admitir significa acei- figurinhas, a toque de caixa, visivelmente emociona-
tar ou reconhecer fato em geral negativo: O do, bater de frente com, causar espécie, elevada esti-
ministro admitiu que a inflação pode voltar. ma e distinta consideração, avançada tecnologia,
carreira meteórica, longo e tenebroso inverno, a nível
Advérbio - evite começar períodos com de, aparar arestas, em nível de, luz no fim do túnel,
advérbios formados com o sufixo mente: Cu- erro gritante, consequências imprevisíveis, duras crí-
riosamente, o PT venceu as eleições. É melhor es- ticas, quebrar o protocolo, pergunta que não quer
crever: Ao contrário do que previam as pesquisas, calar, inflação galopante, lançar farpas, ataque ful-
o PT venceu as eleições. minante etc.
Alegar - Significa aceitar como prova, explicar e Cargo - escreva sempre com minúscula. Ex.:
desculpar-se. O aluno alegou que não fez a tarefa presidente, secretário, papa, deputado, desembarga-
porque estava doente. dor, juiz, promotor etc.
Além disso, além do que - melhor evitar. Cólera - quando significa raiva é palavra fe-
Geralmente pode ser substituído por e ou minina: Ela chegou ao limite da cólera. Quando
por um ponto. O artista fez exigências descabi- designa a doença, pode ser masculino ou fe-
das, pedindo diariamente dois litros de uísque im- minino. Ex.: O amor nos tempos do cólera (livro
portado. Além disso, exigiu que todas as toalhas de Gabriel García Marques).
28 • INEDI - Cursos Profissionalizantes
LÍNGUA PORTUGUESA – Unidade I
Chefe da nação - use apenas quando se re- Meia-noite - Significa o horário que marca
ferir às sociedades tribais. Quando se trata o fim de um dia, não o começo de outro
de sociedades não tribais, como é a nossa, dia. O correto é escrever/dizer: A manifesta-
emprega-se chefe de Estado ou chefe de governo. ção começa à meia-noite de hoje.
Culminar - evite essa expressão como sinô- Norte/Sul - Use maiúscula somente quan-
nimo de terminar. Use-a apenas no sentido li- do se referir aos hemisférios, ou às regiões
teral, de chegar ao ponto mais alto: A parti- Norte e Sul do Brasil. Ex.: As chuvas têm cas-
cipação do Brasil nas Olimpíadas culminou na con- tigado a região Sul do país.
quista de um título importante para a natação.
ONG - Sigla de organização não-governa-
Disciplina - escreva sempre com minúscu- mental. Deve ser grafada em caixa alta
la: direito, ciências sociais, geografia, filosofia, por- (maiúsculas).
tuguês, matemática.
País - deve ser escrito com minúscula, mes-
E - evite começar frase com essa conjunção. mo quando se referir ao Brasil.
Ex: O ministro da economia anunciou o aumento
da contribuição do INSS. E, além disso, informou Ph.D - Abreviatura da expressão philosophi-
que a idade requerida para aposentadoria também ae doctor (doutor em filosofia). Com o uso ge-
será modificada. neralizado para outras áreas, traduz-se por
doutor.
Estado/estado - Utilize maiúscula para de-
signar conceito político ou unidade da Fe- Que - Evite em excesso, para tornar o texto
deração: o Estado de Goiás, golpe de Estado. mais elegante e conciso.
Quando significar situação ou disposição,
empregue minúscula: O meu estado de espírito Ressaltar - significa destacar, tornar sali-
está péssimo. ente. Não empregue como sinônimo de
dizer.
Falecer - Falecer é um eufemismo que signifi-
ca haver falta ou carência. Use a palavra morrer. Revelar - não utilize como sinônimo de di-
zer. Significa tirar o véu, desvelar.
Garantir - Não utilize como sinônimo de
dizer; garantir significa asseverar, responsabilizar- Salientar - não use como sinônimo de di-
se, afiançar. zer. Significa ressaltar, tornar saliente, distinto
ou visível.
Lembrar - Não deve ser utilizado como si-
nônimo de dizer. Válido - Só use no sentido restrito de ter va-
lidade, vigência: Essa promoção é válida somente
Linguagem coloquial - Utilize uma lin- até sexta-feira.
guagem próxima da coloquial, respeitan-
do a norma culta, escolhendo a expressão Viatura - o termo é um jargão policial; subs-
mais clara possível. O encarregado do almo- titua por carro de polícia.
xarifado não sabe quanto gastou na compra é
melhor que O encarregado do almoxarifado Essas considerações a respeito da ade-
não sabe precisar com exatidão o montante gasto quação vocabular serão complementadas sob
na transação comercial. o título Produção do texto técnico.
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 29
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
passagens descritivas, como ocorre no texto nada que indique progressão de um estado an-
acima, no qual o narrador descreve (mesmo terior para outro posterior. Se por acaso ocor-
que de forma sucinta) a personalidade dos per- rer essa progressão, o texto passa a ser um tex-
sonagens (os meninos). to narrativo. Veja um exemplo de texto des-
critivo:
TEXTO DESCRITIVO
Eis Brasília às seis da tarde. O trânsito
A descrição é o que chamamos de re- flui lentamente. As lojas comerciais baixam suas
trato verbal de objetos, pessoas, cenas ou am- portas. Pessoas lotam os pontos de ônibus. Os
bientes. Ela trabalha com imagens, permitindo bares colocam suas mesas nas calçadas, espe-
que o leitor visualize o que está sendo descri- rando os fregueses habituais. Pedestres atraves-
to. No entanto, a descrição não se resume a sam as ruas, apressados. Luzes pálidas inci-
uma simples enumeração de detalhes. É es- dem sobre os prédios e casas. Anoitece.
sencial que o autor, ao fazer uma descrição,
saiba captar o traço particular que diferencie Encontramos no texto características
o objeto ou ser descrito de todos os demais de um texto descritivo, pois:
objetos ou seres semelhantes. No caso de pes- São relatados vários aspectos de um lu-
soas, é fundamental um retrato que valorize gar (Brasília), num determinado tempo, que é
não somente a descrição física, mas também estático (seis da tarde);
a descrição psicológica. Tudo é simultâneo, não existindo pro-
A descrição possui, muitas vezes, um ca- gressão temporal entre os enunciados.
ráter subjetivo, pois ao fazer o retrato do perso- Uma observação final e importante é a
nagem, ele insere aí sua visão pessoal, o que de que dificilmente você encontrará um texto
não deve ser considerado um defeito, já que que seja exclusivamente descritivo. É frequente
sem essa subjetividade a descrição seria ape- encontrarmos trechos descritivos inseridos
nas um retrato frio e sem vida, uma fotografia. numa narração ou numa dissertação. Num ro-
Assim, em maior ou menor grau, o autor reve- mance, por exemplo, que é essencialmente um
la a impressão que ele tem daquilo que descre- texto narrativo, você perceberá várias passa-
ve, exceto nas chamadas descrições técnicas ou gens descritivas, de pessoas, objetos, persona-
científicas. gens ou ambientes.
Quando o autor, ao descrever, procura
mostrar uma imagem bastante próxima da re- TEXTO DISSERTATIVO
alidade, ele faz uma descrição objetiva. Mas, O texto dissertativo se caracteriza pela
como já mencionamos anteriormente, excetu- defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou
ando as descrições técnicas ou científicas, difi- pelo questionamento acerca de um assunto
cilmente você encontrará uma descrição em que determinado. Na dissertação, o autor traba-
a subjetividade esteja ausente. O que distingue lha com argumentos (o texto dissertativo é
uma descrição objetiva de uma descrição sub- um texto argumentativo), com dados, com
jetiva é o grau de interferência do sujeito (au- fatos, utilizando-os para justificar seu ponto
tor) na descrição. de vista.
Você deve observar, ainda, que o texto A dissertação é organizada em três par-
descritivo relata as características de um obje- tes distintas. São elas:
to ou de uma situação qualquer num certo Introdução - Na introdução você vai
momento estático do tempo, não existindo, explicar o assunto a ser discutido, apresentan-
obviamente, a anterioridade e posterioridade pre- do uma ideia, de um ponto de vista que você
sentes no texto narrativo, ou seja, não existe irá defender com argumentos.
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 31
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
ainda um bilhete sobre esse texto: “Brastemp cidade procura chamar a atenção pelo lado
Mondial, vai dizer que você ainda não tem?”). humorístico da situação.
A publicidade ainda explora o uso de
expressões da língua falada, objetivando criar Exemplos:
uma atmosfera de intimidade com o leitor. Em
um anúncio da Kibon, aparece o seguinte tex- “A gente nem tem roupa para receber o
to: “Vai morango aí, freguesa?”. Em outro, prêmio” (mensagem da revista Playboy, co-
o anúncio utiliza dois termos característicos da nhecida, sobretudo, pelas fotos de mulheres
imprecisão do código oral (treco e coiso) para nuas).
valorizar o produto anunciado: “Esse treco
serve pra você nunca mais esquecer o nome “Foi bombom para você também?” (anún-
daquele coiso.” (o produto anunciado era um cio do bombom Sonho de Valsa, da Lacta).
dicionário visual).
Outra característica facilmente compro- “Tem coisa melhor que ficar falada no
vada nos anúncios publicitários é o uso de fra- bairro?” (anúncio do jeans Di Paolucci, mos-
ses curtas, de adjetivos, o uso do verbo no im- trando os corpos de duas jovens vestidas
perativo, o uso da segunda pessoa, advérbios. com o jeans da marca).
Exemplos:
“Se alguém bater em você, chame a Todas as características do texto publi-
gente” (campanha do Bamerindus Seguros, re- citário obedecem a uma lógica pré-determina-
ferindo-se à batida de carros) da: o uso de adjetivos e advérbios procura cri-
“Não faça lipo. Faça aspiração” (cam- ar uma caracterização exagerada do produto
panha de Diet Shake, decompondo a palavra anunciado; a função apelativa (mais usada) se
lipoaspiração, para incentivar o consumo do destina a convencer o receptor; e, finalmente
produto) utiliza frases curtas, pois geralmente a mensa-
“Uma programação para quem é ta- gem é apresentada num espaço pequeno (pá-
rado por futebol – Se você é do tipo que fica gina de revista ou jornal), ou em um tempo
todo assanhado quando o assunto é fute- curto (intervalos comerciais de rádio e TV).
bol, então não pode perder a programação Quando se trata de um texto radiofôni-
da TVA” (anúncio de emissora de TV, mos- co, as repetições, principalmente do nome do
trando a foto de duas bolas de futebol dentro anunciante, são propositais. Quem elabora o
de um sutiã de renda). anúncio radiofônico sabe que os ouvintes es-
“Veja. Sinta. Tenha. Uma pele perfeita”. tão sempre trocando de estação, então a repe-
Lisa tição permite que a mensagem sempre seja cap-
Renovada tada, mesmo que pela metade.
Uniforme Segundo o pesquisador Jésus Martín Ri-
Equilibrada beiro, nossa sociedade constrói dia-a-dia a ima-
Suave” (anúncio do creme Idealist, de gem que cada um tem de si. Para ele, a publici-
Estée Lauder) dade é um espelho, apesar de bem deformado,
pois a imagem do lado de lá é muito mais bela
Nos textos publicitários é comum o uso que a imagem do lado real.
da ambigüidade, da dubiedade de sentido nas O poder da publicidade, atualmente,
frases, que na publicidade passa a ser uma qua- não se restringe a convencer o consumidor a
lidade, o que não ocorreria, naturalmente, num adquirir determinado produto, mas também a
texto técnico. Quando utiliza palavras que ofe- idealizar modelos estéticos, sexuais e compor-
recem dupla possibilidade de leitura, a publi- tamentais. O receptor da mensagem quer ter a
34 • INEDI - Cursos Profissionalizantes
LÍNGUA PORTUGUESA – Unidade I
Unidade
II
Ex.: O diretor chamou, com horror, o coordenador Ex.: O resultado da votação não causou como-
e o professor que me falaram ontem sobre o amor. ção na população.
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 39
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
junto à margem esquerda do papel a 2,5 cm, c) Para aumentar seu nível de conhecimentos,
localiza-se abaixo do índice e do número da responda como deve ser o fecho de um ofício,
carta a um espaço e meio, e deverá ser idêntico de um memorando ou de uma carta.
ao constante no envelope. Ocupa geralmente ___________________________________________
de três a cinco linhas sempre dispostas em blo- ___________________________________________
cos; observe a grafia correta do nome ou ra-
zão sociais, a fim de evitar constrangimentos. d) E no ofício, que cuidado deve-se ter em re-
No ofício, localiza-se na parte inferior esquer- lação ao transporte da mensagem para uma
da a 2,5cm da margem esquerda do papel, se- eventual segunda página?
guindo-se o mesmo critério da carta quanto à ___________________________________________
sua disposição em efeito de blocos e ocupa de ___________________________________________
duas a três linhas.
TRANSPORTE DA MENSAGEM –
No oficio devem-se transportar pelo menos
duas linhas, deixando o endereçamento na pri-
meira folha e transporta-se o restante dos ele-
mentos, não sendo necessário o transporte do
timbre e indica-se com o número da folha.
Repete-se o índice e o número; sua localização
fica a 2,5cm da margem esquerda, a 2,5 cm do
todo da folha ou 2,5cm abaixo do timbre se
esse o tiver. Na carta também com duas linhas,
sendo que todos os elementos que lhe sucedem
são transportados.
postal, uma das mais belas da Suíça, tem atraído A reformulação do texto, consideran-
ultimamente um grande número de pessoas doentes que do apenas as ideias mais importantes, ficaria
decidem pôr fim à própria vida, na Dignitas, uma assim:
ONG que pratica a eutanásia legalmente. O governo Federal se empenha arduamente em
acabar com a fome através do projeto Fome Zero. No
O período acima é prolixo e centopeico entanto, muitos obstáculos, como a burocracia e a falta
(longo, caudaloso). Os pormenores excessivos, de participação da sociedade, entravam o projeto.
grifados no texto, são dispensáveis, não servin- Ora, uma divisão de tarefas e uma participação
do de reforço à ideia-núcleo (“Em Zurique, pes- mais ampla e direcionada da sociedade seriam funda-
soas doentes decidem pôr fim à própria vida”). mentais para o bom resultado do projeto. Entretanto,
Eliminando os pormenores e redundân- os representantes de diversos setores da sociedade vêm
cias, teríamos: falhando lamentavelmente, em virtude de uma falta de
Um dos mais movimentados centros financeiros do conscientização coletiva.
mundo, Zurique, além de possuir uma paisagem de car- Embora se possa colocar em parágrafos
tão postal, tem atraído ultimamente um grande número de diferentes ideias igualmente importantes, a
pessoas doentes que decidem pôr fim à vida na Dignitas, ideia-núcleo não deve ser fragmentada em vá-
uma ONG que pratica a eutanásia legalmente. rios parágrafos.
Frases entrecortadas prejudicam a uni- Ex:
dade do parágrafo. Selecione as mais impor-
tantes, transformando-as em orações principais Nas últimas semanas, o tráfico de drogas
de períodos curtos. produziu duas notícias chocantes.
Ex: Levantei-me cedo hoje de manhã. Eu tinha Um pai de família acabou por matar a tiros
perdido o guarda-chuva. O ônibus demorou a passar. um filho dependente, quando ele tentava vender
Eu fiquei ensopada. Eu apanhei um bruto resfriado. a TV da família para comprar cocaína.
Reformulação: A mãe do rapaz disse: “Era ele ou nós,
Levantei-me cedo hoje. Como tinha perdido o não havia outra alternativa”.
guarda chuva e o ônibus custasse a passar, fiquei enso- A mãe do rapaz foi ouvida por Débora
pada e apanhei um bruto resfriado. Abreu, da sucursal de Fatos, no Rio de Janeiro.
Coloque em parágrafos diferentes ideias Semanas antes, em São Paulo, um pai
igualmente importantes, relacionando-as atra- matou o filho caçula pelo mesmo motivo.
vés de expressões que deem ideia de transição: “Foi uma reação inevitável”, disse o irmão
Ex: O governo Federal se empenha ardua- da vítima em entrevista a Luiz Ortiz, de Fatos.
mente em acabar com a fome, por meio do Projeto
Fome Zero. Muitos obstáculos, no entanto, entravam Reformulando o texto:
o projeto, impedindo uma ação mais eficiente. A par-
ticipação hesitante da sociedade, as dificuldades bu- Nas últimas semanas, o tráfico de drogas
rocráticas que impedem que os recursos cheguem ao produziu duas noticias chocantes. Um pai de
seu destino são fatores difíceis de serem contornados. família acabou por matar a tiros um filho de-
Todos sabem que uma divisão de tarefas, com a par- pendente quando ele tentava vender a TV da
ticipação das associações de bairros, que passariam a família para comprar cocaína. “Era ele ou nós,
fiscalizar o desperdício de alimentos, campanhas de não havia outra alternativa”, disse a mãe, ouvi-
mobilização em prol do mesmo objetivo, seriam fun- da por Débora Abreu, da sucursal de Fatos, no
damentais para o bom resultado do projeto. Os repre- Rio de Janeiro. Semanas antes, em São Paulo,
sentantes de diversos setores da sociedade vêm falhan- um pai matou o filho pelo mesmo motivo. “Foi
do lamentavelmente, em virtude de uma falta de cons- uma reação inevitável”, disse o irmão da vítima
cientização coletiva. em entrevista a Luiz Ortiz, de Fatos.
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 43
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
1 – Cabeçalho:
Timbre
Índice e número
44 • INEDI - Cursos Profissionalizantes
LÍNGUA PORTUGUESA – Unidade II
*Use “Sua” quando se referir à autoridade sem se dirigir diretamente a ela. Empregue “Vossa” quando estiver se
dirigindo diretamente à autoridade.
· Particular, familiar ou social: trocada en- Texto. Quando não se tratar de simples
tre particulares, versando sobre assun- encaminhamento de documentos, o ofício deve
tos íntimos, pessoais. apresentar a seguinte estrutura:
· Bancária: enfocando assuntos relaciona- Introdução, na qual é apresentado o assun-
dos à vida bancária, tais como: solici- to que motiva a comunicação. Não utilize fra-
tação de extrato, carta de apresentação, ses feitas, tais como: “Tenho a honra de”, “Te-
aviso de vencimento, carta de crédito. nho o prazer de”, “É com grata satisfação
· Comercial: ocupa-se da transação co- que”. Empregue, preferencialmente, a forma
mercial ou industrial. direta: “Cumpre-me informar que”, “Subme-
· Oficial: utilizada no serviço público, ci- to à apreciação de Vossa Senhoria”, “Informo
vil ou militar. a Vossa Excelência de que”;
Desenvolvimento, no qual se detalha o as-
Naturalmente, não nos ocuparemos, aqui, sunto, objeto da comunicação; se forem vári-
da correspondência bancária e particular, por os os assuntos, eles devem ser tratados em pa-
não serem pertinentes à atividade profissional rágrafos distintos, para maior clareza;
em questão. Enfocaremos somente alguns tipos Conclusão, na qual é reafirmada ou rea-
de texto da correspondência oficial e comercial presentada a posição recomendada sobre o
bastante utilizados, quais sejam: o ofício, o re- assunto.
querimento, a circular, o relatório e a carta. No texto, excetuando-se o primeiro pa-
rágrafo e o fecho, todos os demais parágrafos
4.1 – OFÍCIO devem ser numerados.
Ofício nº 524/SG-PR
5 cm
Senhor Deputado,
dade prática nas áreas às quais se destinam. pode ser uma simples carta ou memorando,
São eles: ou uma exposição de uma conferência, de
um gráfico, de uma tabela, desde que
Relatório de gestão social ou anual: é nor- requerido ou utilizado pelos administrado-
mal, pois é elaborado em períodos regula- res.
res, em regra um ano (civil, financeiro ou fis-
cal); é o “report” de maior importância, pe- Relatório técnico-científico: É o docu-
los esclarecimentos que presta e pela divul- mento original através do qual se difundem
gação que promove; exigido por lei ou esta- as informações correntes, sendo elaborado
tuto, é dirigido aos sócios ou aos acionistas, principalmente para descrever experiências,
ou ainda, ao povo, se a entidade de onde ele investigações, métodos, processos e análises.
emana for associativa, de fins comerciais ou
estatais. 4.4.1. Elementos do relatório
belas etc. – mesmo que não sejam es- Respondendo a essas perguntas, você
tritamente necessários para a compre- pode passar à redação do relatório, obedecen-
ensão do assunto. do a certas normas:
Estilo - O estilo da redação de um rela-
• Bibliografia – indicações cuidadosas e tório (seja ele de qual tipo for) deve ser for-
precisas, permitindo a identificação de mal, considerando as seguintes regras:
publicações, no todo ou em parte. Ausência de pronomes pessoais (eu, nós);
Inexistência de abreviações;
Quanto à localização, as referências biblio- Uso da terceira pessoa (Fulano decidiu);
gráficas podem ser: Ausência de estrangeirismos ou regiona-
lismos (a não ser quando imprescindíveis à
• Inteiramente incluídas no texto; compreensão do assunto);
• Parte no texto, parte em nota de roda- Preferência pela voz ativa;
pé; Ausência de gírias ou expressões colo-
• Em nota de rodapé ou de fim de texto; quiais.
• Em listas bibliográficas, sintéticas ou Ênfase nos pontos importantes - O re-
analíticas; dator técnico deve usar a disposição das frases
• Encabeçando resumos. e das palavras no período, com o intuito de
realçar as ideias principais. Para isso ele deve
4.4.2. Técnicas para a elaboração de considerar que o início do parágrafo é o me-
relatórios lhor lugar para colocar a frase que deseja enfa-
tizar. Ela também pode ser colocada no final
A primeira providência é preparar um do parágrafo, se o relator quiser variar, mas
plano ou esquema. Com a ajuda do esquema, nunca deve estar diluída no meio do parágrafo.
fica mais fácil perceber a importância do as- A ordem inversa também pode ser utilizada
sunto a ser tratado, selecionar os fatos impor- para realçar ideias. Ex.: Se não for possível modifi-
tantes, estabelecer uma hierarquia entre as idei- car o projeto, outras soluções deverão ser encontradas.
as. Na organização do relatório, é preciso con- Ordem inversa: Outras soluções deverão ser encon-
siderar o tema, as circunstâncias, o receptor, a tradas, se não for possível modificar o projeto.
utilidade das informações e a pertinência das Utilize sempre palavras específicas, per-
sugestões finais. tinentes ao assunto, empregando verbos no
Escrever muito não significa, necessari- imperativo, evitando sempre que possível a voz
amente, escrever bem. O relatório deve se passiva. Ex.: Foram feitas várias alterações. Voz
restringir às informações realmente úteis, que ativa: Fizemos várias alterações.
podem ser complementadas com tabelas, Divida o relatório em seções e subse-
gráficos, fotos e outras ilustrações que, mui- ções, ou itens e subitens, para realçar as idei-
tas vezes, causam mais impacto do que as as e garantir a atenção do receptor. Os títu-
palavras. los devem ser curtos e uniformes, ou seja,
No esquema, procure determinar os ver- quando no primeiro título aparecer um subs-
dadeiros objetivos do relatório. Faça as seguin- tantivo, no segundo você pode usar um ge-
tes perguntas: rúndio, o que contribui para maior clareza
do texto. Ex.: 2.1. Definição do campo de atua-
Por que escrever este relatório? ção. 2.2. Atuando com professores/pesquisadores.
Quem lerá o relatório? (no primeiro título, você utilizou o substan-
O que pretendo escrever? tivo atuação; no segundo, você empregou o
Como fazê-lo? gerúndio atuando).
INEDI - Cursos Profissionalizantes • 57
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Eficácia da redação – Para garantir uma no lugar de “Carlos é bom digitador”, prefira “Car-
comunicação eficiente, você deve: los digita 300 toques por minuto”.
4.5 – CARTA
tradição entre a ideia-núcleo e as ideias com- de 1,5. Entre os parágrafos colocam-se dois
plementares? (rever unidade do parágrafo, coesão espaços de 1.5 ou três espaços simples.
e coerência) O vocativo pode usar fórmulas como:
Clareza: qualidade indispensável em qual- Prezado Senhor, Senhor Diretor, Senhores, Prezado
quer correspondência comercial. Mesmo que Amigo, etc.
existam expressões técnicas no texto, a reda- Como outras correspondências técnicas, as
ção deve ser tão clara que mesmo um leigo no cartas comerciais apresentam as seguintes partes:
assunto consiga apreender-lhes o sentido.
Concisão: o redator deve observar o • Cabeçalho ou timbre;
meio-termo, não escrevendo de forma tão pro- • Índice e número (algumas vezes apenas números);
lixa ou concisa que se torne incompreensível • Local e data;
para o leitor. • Endereço ou destino;
• Vocativo;
4.5.4. Simplificando o texto • Introdução;
• Explanação, ou desenvolvimento;
Ao escrever o texto o redator deve se • Fecho, ou encerramento;
restringir ao essencial, por economia de tem- • Assinatura;
po e levando em conta a objetividade e conci- • Iniciais (redator e datilógrafo, ou digitador).
são. Prefira expressões mais curtas, no caso, as
da direita: Obs. Algumas cartas comerciais, de cu-
nho mais informal, não fazem uso de todas as
• Acusamos o recebimento: recebemos. partes citadas, o que não constitui erro nem in-
• Segue anexo a esta: anexamos. terfere na eficácia da redação.
• Na expectativa de: esperamos.
• Um cheque nominal na importância de: um Modelos:
cheque de.
• No decorrer do ano em curso: durante. São Paulo, 10 de maio de 2003.
• Será prontamente atendido: será atendido.
• No corrente mês de maio: neste mês. Senhor Empresário
• Anteriormente citado: citado.
Estamos iniciando a comercialização de car-
Evite estas expressões clichês: tões de Natal confeccionados pelos menores da Cre-
che Nossa Senhora de Fátima.
• Agradecemos-lhe antecipadamente. Tal iniciativa se deve a uma postura de incen-
• Aguardamos ansiosamente sua resposta. tivo à criatividade infanto-juvenil, de integração do
• No devido tempo. menor à sociedade por meio da arte.
• Permita-me dizer. Convidamos V. Exa. a participar desse pro-
• Pela presente acusamos o recebimento. cesso adquirindo os cartões da Creche Nossa Senho-
• Rogamos acusar o recebimento. ra de Fátima.
• Lamentamos informar. Agradecemos, desde já, em nome dos menores,
• Servimo-nos desta para inteirá-lo. a sua ajuda.
Régis Pereira
Chefe do SvRP
MT/SB
Unidade
III
Escrevem-se com s: aliás, alisar, fase, fu- Grafia correta de algumas palavras:
são, atrás, quiser, colisão, nasal, pêsames, inclusive, Com g: angélico, estrangeiro, evangelho, gerin-
usina, mosaico, empresa, aviso, através, brasa, catali- gonça, sargento, sugestão, tangerina, gengibre, gengiva,
sar, cisão, lisonjeiro, surpresa, lisura, crase, despesa, herege, monge, vagido, ligeiro, ogiva, gim, tigela.
uso, visar, invés, brasa, atraso, atrasado, sinusite.
Escrevem-se com z: abalizar, azia, baliza, Com j: anjo, gorjeta, jenipapo, monja, ojeriza,
tenaz, veloz, coriza, sagaz, assaz, capaz, rapaz, azar, pajé, jiló, cafajeste, majestade, sarjeta.
azia, lazer, talvez, vazio, arroz, algoz, aprendiz, ba-
zar, buzina, cafuzo, rodízio, feroz, verniz, xadrez, USO DO “X” E DO “CH”
chafariz, fugaz, deslize, desprezo, giz, batizar (mas Emprega-se a letra x:
batismo), prazo. 1. Geralmente depois de ditongo. Ex.: eixo,
caixa, caixote, caixão, feixe, faixa etc.
USO DO “G” E DO “J”
Emprega-se a letra g : 2. Depois de sílaba inicial en-. Ex.: enxada,
1. Nas palavras terminadas em - ágio/ - enxoval, enxame, enxuto, enxaguar, enxaque-
égio/ - ígio/ - ógio/ úgio. Ex.: pedágio, ca etc. Exceções: encher e seus derivados
régio, litígio, relógio, refúgio. são grafados com ch: enchimento, enchen-
68 • INEDI - Cursos Profissionalizantes
LÍNGUA PORTUGUESA – Unidade III
6. Nos vocábulos formados pelo prefixo • O prefixo sub junta-se às palavras inicia-
supra, seguido por palavra começada das por b, r e h por meio de hífen: sub-
por vogal, por r ou s: região, sub-bibliotecário, sub-hepático;
supra-renal
supra-sumo • Os prefixos ad, ab, ob e sob juntam-se às
supra-axila palavras iniciadas por b, d ou r : ab-rogar,
ob-reptício, sob-roda.
7. Nos vocábulos formados pelo prefixo
super , seguido de palavra iniciada por • O prefixo sócio não admite hífen: socioeco-
h ou r: nômico, sociolinguística.
super-requintado
super-homem
5.2.2. Uso da vírgula
8. Nos vocábulos formados pelos seguin-
tes prefixos, seguidos por palavras ini- A vírgula marca separações breves de
ciadas por vogal ou h: sentido, entre termos vizinhos, expressões ex-
pan – pan-asiático plicativas, inversões, na oração ou no período.
mal – mal-amado
Principais casos do emprego da vírgula:
9. Nos vocábulos formados pelo prefixo
bem, quando a palavra seguinte possui • Para separar palavras ou orações justa-
significado independente ou quando a postas, ou seja, não ligadas por conjun-
pronúncia o requer: ção. Ex.: Chegou a Europa, visitou mu-
bem-aventurado seus, resolveu assuntos comerciais, pas-
bem-vindo seou com amigos, voltou ao Brasil e ca-
bem-amado sou-se com uma amiga de infância.
10. Nos vocábulos formados pelos prefi- • As intercalações também devem ser co-
xos abaixo: locadas entre vírgulas. Ex.: O processo,
sem – sem-cerimônia acredito eu, será decidido favoravelmente.
vice – vice-reitor
ex – ex-diretor • Colocam-se entre vírgulas as expressões
explicativas, corretivas, como: isto é, ou
11. Nos vocábulos formados pelos prefi- seja, ou melhor, ou por outra, quer dizer, por
xos: exemplo, etc. Ex.: Os policiais, a meu ver,
pós – pós-meridiano deveriam ser mais rigorosos no cumpri-
pré – pré-escolar mento do dever.
pró – pró-reitoria
cadas entre vírgulas. Ex.: O semestre foi Após no entanto, entretanto, por isso, porém,
difícil; não me queixo, porém./ Era pre- contudo, todavia, entretanto, quando essas palavras
ciso, pois, levar o caso às últimas conse- ou expressões iniciarem o período.
quências.
Ex.: No entanto o líder do partido deixou
• As orações adjetivas não restritivas (ex- claro que não aceitará discussões./No entan-
plicativas), os apostos, os vocativos, de- to, o líder do partido deixou claro que não
vem ser separados por vírgulas. Ex.: Pro- aceitará discussões.Cuidado! Não existe essa
fessores, é chegada a hora de tomar uma opção quando essas palavras ou expressões
decisão./ Rodin, o grande escultor, teve uma não iniciarem o período. Ex.: O líder do par-
existência atribulada. O homem, que é um tido declarou que participará da sessão, no en-
animal racional, deve ser sensato em to- tanto avisa que não aceitará discussões.
das as suas atitudes.
Antes de orações adverbiais de alguma
• Utiliza-se a vírgula também para indicar extensão que venham após a oração principal.
a elipse (ocultação) de verbo ou outro ter-
mo anterior. Ex.: As mulheres agem com Ex.: O vereador deixará o partido se a Câ-
o coração; os homens, com a cabeça./ mara não aprovar a CPI para apurar o caso
Os meninos brincam de bola; as meninas, das licitações./ O vereador deixará o partido,
de bonecas. se a Câmara não aprovar a CPI para apurar o
caso das licitações.
• Separam-se os topônimos, nas datas. Ex:
São Paulo, 10 de março de 2003.
Considerações gerais:
de um contexto é suficiente para transmitir um apenas uma oração, a qual recebe o nome de
conteúdo claro. oração absoluta (Ex.: A menina dormia na sala),
Na língua portuguesa, existem alguns ti- ou composto, quando constituído por mais de
pos de frases cuja entonação é mais ou menos uma oração (Ex.: Ela saiu de casa/ e não voltou
previsível, de acordo com o sentido transmiti- mais).
do. Assim: 5.6.1. Termos essenciais da oração:
Ex.: Os professores, os alunos e os co- b) Verbos: fazer, ser, estar indicando cli-
ordenadores organizaram a excursão. ma ou tempo cronológico.
Sujeito composto Ex.: É uma hora./ Está quente./Faz dois
anos desde o meu casamento.
Em muitos casos, o sujeito não vem ex-
presso na oração, mas pode ser facilmente iden- c) O verbo haver, quando empregado com
tificado pelo contexto e está implícito na desi- referência a decurso de tempo, ou no
nência verbal. Trata-se de um sujeito simples sentido de existir.
implícito e sempre estará representado por um Ex.: Há seis meses não chove nesta cidade./
pronome pessoal reto. Ex.: “Quero que você me Havia muitas mulheres na festa.
ganhe, que você me apanhe...” (Caetano Veloso).
O sujeito também pode ser indetermi- Obs: O verbo existir não é impessoal,
nado, quando não se pode (ou não se quer então terá o sujeito concordando regu-
precisar) que elemento da oração é o sujeito. larmente com ele. Ex.: Existem seres de
Ex.: Mataram minha cadela de estimação./ Precisa- outros planetas.
se de motoqueiros.
Obs. Se a palavra se for partícula apassi- 5.6.4. Tipos de predicado:
vadora, o sujeito não será indeterminado, já
que estará expresso na oração. Ex.: Aluga-se Existem três tipos de predicado:
uma casa de praia. O sujeito é uma casa de
praia. O se é partícula apassivadora quando PREDICADO VERBAL: É aquele que
vem acompanhado de verbo que não é transi- tem um verbo (transitivo ou intransiti-
tivo (v.t.d.) direto (sem preposição). O sujeito vo) como núcleo significativo. Ex.: O dia
é expresso na oração. amanheceu./Senti uma sensação estra-
nha./Contaram a triste verdade ao rapaz
Ex.: Revelou-se a idade do seqüestrador. enganado.
v.t.d. sujeito
PREDICADO NOMINAL: É aquele que
O se é índice de indeterminação do su- tem um nome como núcleo significativo;
jeito quando vem acompanhado de verbo que esse nome atribui uma qualidade ou um esta-
não é transitivo direto; nesse caso, o sujeito é do ao sujeito, sendo chamado de predicativo
indeterminado. do sujeito. Nesse caso, o verbo não será sig-
nificativo, funcionando somente como elo
Ex.: Confia-se em pessoas religiosas. entre o sujeito e o atributo (qualidade) do
v.i. sujeito. Esse tipo de verbo é chamado ver-
bo de ligação. Ex.: Marcos estava chateado./
5.6.3. Oração sem sujeito: Maria estava agitada.
BIBLIOGRAFIA
SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto – leitura
e redação. 8. ed. São Paulo: Editora Ática, 1994.
GABARIT
GABARITOO
EXERCÍCIO I EXERCÍCIO II