Capítulo - II-Meteorologia Da Poluição Atmosférica
Capítulo - II-Meteorologia Da Poluição Atmosférica
Capítulo - II-Meteorologia Da Poluição Atmosférica
______________________________________________________________________________________________________
INDICE
Bibliogafia...................................................................................................................................................... 27
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 1
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
2.1 Introdução
Dado que a atmosfera da terra tem cerca de 160 km de espessura, essa espessura e volume são vistos
como sendo suficientimente grande para diluir todas as espécies químicas e partículas que são
lançadas para o seu interior. 95% da massa de ar se encontra nos primeiros 20 km de altura acima da
superfície da terra, a troposfera. É esta espessura que contém o ar que respiramos assim como os
poluentes do ar que emitimos. É onde ocorrem os fenómenos meteorológicos e os problemas de
poluição atmosférica.
Um problema de poluição atmosférica envolve três partes: a fonte de poluição, o movimento da dispersão do
poluente e o recepiente. Padrões meteorológicos determinam como os contaminantes atmosféricos são
dispersados e são transportados na troposfera e assim determinam a concentração de um poluente
que é inalado no processo de respiração ou que se deposita na vegetação.
Depois de se ter discutido as fontes e os efeitos da poluição no Capítulo I, neste capítulo iremos
discutir os mecanismos de transporte de poluentes através da atmosfera. Um Engenheiro ambiental
deve se familiarizar muito com alguns conceitos básicos da meteorologia de modo a ser capaz de
prever, aproximadamente a dispersão de poluentes no ar atmosférico.
No capítulo anterior vimos que a atmosfera da terra é dividida em camadas bem distinguiveis. Ela
possui uma massa total equivalente a 5x1018 kg e ¾ desta massa se encontra abaixo dos 11 km de
altura. A atmosfera vai se tornando mais fina com o aumento da altitude. Embora a linha de Karman
localizada a uma altitude de 100 km acima do nível médio das águas do mar é comumente usada
como a fronteira entre a atmosfera e o espaço livre.
Troposfera – varia entre 8 km nos polos a 16 km no equador (também varia com a estação do ano).
Esta camada é aquecida pela transferencia de energia a partir da superfície da terra e a temperatura
diminui com a altitude. Nesta camada a taxa de variação vertical da temperatura tem valor médio de
6,5°C/km. Contém 80% da massa atmosférica e 99% do vapor de água (proveniente da evapração e
transpiração). Como a saturação do vapor de água diminui com a diminuição da temperatura, a
quantidade de vapor de água diminui com a altitude.
Na parte mais baixa da troposfera, a camada limite planetária (CLP) é directamente influenciada pelo
seu contacto com a superfície. Dentro da CLP, o vento é directamente influenciada pela rugosidade
da superfície (gerando a turbulencia) que se move perpendicularmete às isòbaras (enquanto acima da
CLP, o vento é paralelo às isòbaras). A velocidade do vento aumenta exponencialmente com a
altitude sendo zero na superfície pelo facto de a superfície da terra não ser lisa. Isóbaras são linhas
que unem pontos com pressões iguais numa carta meteorológica.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 2
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
A turbulência causa misturas verticais do ar, que são fundamentais na dispersão de poluentes
atmosféricos. A espessura da CLP varia grandemente entre 50 m (por exemplo, nas noites calmas) e
2000 m (por exemplo, nas tardes quentes), com um valor típico de 300 m nas latitudes médias.
Estratosfera – estende-se da tropopausa (topo da troposfera) até cerca de 50 km onde atinge ~ -90°C.
Ao contrário da troposfera, a temperatura aumenta com a altitude devido a absorção da radiação
ultravioleta pela camada de ozono. Tem turbulência e misturas restritas devido ao perfil da sua
temperatura (ar mais quente acima do ar mais frio), assim é dinamicamente estável (isto é, não há
uma convecção regular e turbulência). Aviões geralmente voam abaixo da estratosfera para aproveitar
a camada de ar mais fina para reduzir a força de dragagem e evitar a turbulência da troposfera.
Mesosfera – varia entre 50 km e 80km e a temperatura diminuir com a altitude. Milhões de meteoritos
que colidem com a terra são maioritariamente diluídos vaporizados nesta camada.
Termosfera ou Ionosfera – varia de 80 km a 350 km ~ 800 km (varia com a actividade solar). O ar é mais
fino nesta camada e estável com o aumento da temperatura (acima de 1500oC).
2.2 A Meteorologia
A meteorologia é definida como a ciência que estuda os fenómenos que ocorrem na atmosfera, e está
relacionada ao estado físico, dinâmico e químico da atmosfera, as interacções entre elas e a superfície
terrestre subjacente.
A Meteorologia básica, como o próprio nome sugere, nos fornece uma visão mais simples dos
fenómenos atmosféricos que ocorrem em nosso dia a dia. Baseados em observações, os elementos
meteorológicos mais importantes do ar, a velocidade e direcção do vento, tipo e quantidade de nuvens, a
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 3
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
temperatura, a quantidade da precipitação, humidade, a pressão podemos ter uma boa noção de como o
tempo se comporta num determinado instante e lugar.
As leis físicas aplicadas à atmosfera podem explicar o estado dela. Mas o estado ou o tempo é o
resultado, desses elementos e outros mais com a influência dos factores astronómicos e factores
geográficos (por exemplo, altitude, latitude e o relevo), podem estar distribuídos em um número
infinito de padrões no espaço e no tempo e em constante modificação.
A meteorologia engloba tanto tempo como clima, enquanto os elementos da meteorologia devem
necessariamente estar incorporados na climatologia para torná-la significativa e científica. O tempo e
o clima podem, juntos, ser considerados como consequência e demonstração da acção dos processos
complexos na atmosfera, nos oceanos e na Terra.
A Meteorologia no seu sentido mais amplo, é uma ciência extremamente vasta e complexa, pois a
atmosfera é muito extensa, variável e sede de um grande número de fenómenos
Nos estudos de impacto da poluição do ar, normalmente se inclui uma descrição das condições
meteorológicas e de topografia do local. Deve-se ressaltar que, mesmo mantendo constante a
emissão de poluentes, a qualidade do ar pode piorar ou melhorar, dependendo das condições
meteorológicas estarem desfavoráveis ou favoráveis à dispersão de poluentes.
À medida que a altitude aumenta, a pressão diminui, pois diminui o peso da coluna de ar acima.
Como o ar é compressível, diminui também a densidade com a altura, o que contribui para diminuir
ainda mais o peso da coluna de ar à medida que a altitude aumenta. Inversamente, quando a altitude
diminui, aumenta a pressão e a densidade.
A lei dos gases afirma que a pressão exercida por um gás é proporcional a sua densidade e temperatura absoluta.
Assim, um acréscimo na temperatura ou na densidade causa um aumento na pressão, se a outra
variável (densidade ou temperatura) permanece constante. Por outro lado, se a pressão permanece
constante, um decréscimo na temperatura resulta em aumento na densidade e vice-versa.
Pode parecer, a partir do parágrafo anterior, que em dias quentes a pressão será alta e em dias frios
será baixa. Contudo, isto não ocorre necessariamente. A dependência da pressão em relação a duas
variáveis interdependentes (densidade e temperatura) complica o assunto. Como na atmosfera o
volume de ar pode variar, variações na temperatura afectam a densidade do ar, isto é, a densidade
varia inversamente com a temperatura. Em termos da lei dos gases isto significa que o aumento da
temperatura não é normalmente acompanhado por um aumento na pressão ou que decréscimo de
temperatura não está usualmente associado com pressão mais baixa. Na realidade, por exemplo,
sobre os continentes em latitudes médias as pressões mais altas são registradas no inverno, quando as
temperaturas são menores. A lei dos gases ainda é satisfeita porque a densidade do ar neste caso
cresce (número maior de moléculas) quando a temperatura diminui (menor movimento das
moléculas) e mais do que compensa esta diminuição. Assim, temperaturas mais baixas significam
maiores densidades e frequentemente maiores pressões na superfície.
Por outro lado, quando o ar é aquecido na atmosfera, ele se expande (aumenta seu volume), devido a
um movimento maior das moléculas e sua densidade diminui, resultando geralmente num decréscimo
da pressão.
Variações horizontais
A pressão atmosférica difere de um local para outro e nem sempre devido a diferenças de altitude.
Quando a redução ao nível do mar é efetuada, a pressão do ar ainda varia de um lugar para outro e
flutua de um dia para outro e mesmo de hora em hora.
Em latitudes médias o tempo é dominado por uma contínua procissão de diferentes massas de ar que
trazem junto mudanças na pressão atmosférica e mudanças no tempo. Em geral, o tempo torna-se
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 5
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
tempestuoso quando a pressão cai e bom quando pressão sobe. Uma massa de ar é um volume
enorme de ar que é relativamente uniforme (horizontalmente) quanto à temperatura e à concentração
de vapor de água. Por que algumas massas de ar exercem maior pressão que outras? Uma razão são
as diferenças na densidade do ar, decorrentes de diferenças na temperatura ou no conteúdo de vapor
de gua, ou ambos. Via de regra, a temperatura tem uma influência muito maior sobre a pressão que o
vapor de água.
Variações verticais
A variação vertical da pressão e densidade é muito maior que a variação horizontal e temporal.
Em regiões montanhosas as diferenças na pressão da superfície de um local para outro são devidas
rincipalmente a diferenças de altitudes. Para isolar a parcela do campo de pressão que é devida à passagem de
sistemas de tempo, é necessário reduzir as pressões a um nível de referência comum, geralmente o nível do
mar.
Divergência e convergência
Além das variações de pressão causadas por variações de temperatura e (com menor influência) por
variações no conteúdo de vapor de água, a pressão do ar pode também ser influenciada por padrões
de circulação que causam divergência ou convergência do ar. Suponha, por exemplo, que na
superfície da Terra, ventos horizontais soprem rapidamente a partir de um ponto, como mostrado na
figura a abaixo. Esta situação configura divergência de ar (horizontal).
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 6
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Por outro lado, suponha que na superfície ventos horizontais soprem radialmente em direcção a um
ponto central, como na figura b. Se a convergência de ar na superfície for menor que a subida de ar,
então a densidade de ar e a pressão atmosférica diminuem.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 7
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
2.2.1.2 Velocidade e direcção do vento
O fluxo geral do ar sobre a terra é induzido por variações de pressão de grande escala
(macrometeorológicos) comummente apresentadas nas cartas meteorológicas (sinópticas). A
intensidade destes sistemas de pressão e seu posicionamento normal ou trajectórias determinam a
distribuição dos ventos em uma dada área. Dentro deste macrossistema existem vários factores que
influenciam nas particularidades do movimento de ar nas direcções vertical e horizontal, e para
muitos problemas de poluição atmosférica é a combinação de padrões gerais e particulares que é
importante.
A direcção predominante em uma rosa dos ventos é geralmente chamada de “vento predominante”. Por
exemplo, na rosa dos ventos apresentada acima a direcção nordeste é predominante.
Frequentemente, este termo, é erroneamente utilizado como sendo a única direcção do vento
observada em um dado local. Na realidade ele simplesmente indica a direcção mais frequentemente
observada.
Como mostrado na Figura 2.3 o perfil vertical da velocidade do vento é afectado pelas
mudanças na cobertura do solo e pela estabilidade térmica da atmosfera.
A resistência do atrito reduz a velocidade do vento próximo do solo abaixo daquela do vento de
gradiente.
Durante a noite, quando o ar é estável, o perfil vertical geralmente é mais acentuado que aquele
encontrado durante o dia.
2.3.1.3 Temperatura do ar
A temperatura do ar é variável, no tempo e no espaço. Pode ser regulada por vários factores, que
são os controles da temperatura:
a) Radiação solar
Factores que influem no balanço local de radiação e consequentemente na temperatura local do ar
incluem: (1) latitude, hora do dia e dia do ano, que determinam a altura do sol e a intensidade e
duração da radiação solar incidente; (2) cobertura de nuvens, pois ela afecta o fluxo tanto da
radiação solar como da radiação terrestre e (3) a natureza da superfície, pois esta determina o albedo
e a percentagem da radiação solar absorvida usada para aquecimento por calor sensível e
aquecimento por calor latente. Em consequência destes factores, a temperatura do ar é usualmente
maior nos trópicos e menor em latitudes médias, maior em janeiro que em julho (no Hemisfério
Sul), durante o dia que à noite, sob céu claro do que nublado (durante o dia) e com solo descoberto
ao invés de coberto de neve e quando o solo está seco ao invés de húmido.
O ciclo anual de temperatura reflete claramente a variação da radiação solar incidente ao longo do
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 9
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
ano. Por isso, na faixa entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, as temperaturas médias variam
pouco durante o ano, enquanto em latitudes médias e altas grandes contrastes de temperatura entre
inverno e verão são observados.
b) Advecção de massas de ar
A advecção de massas de ar se refere ao movimento de uma massa de ar de uma localidade para
outra. A advecção de ar frio ocorre quando o vento sopra através das isotermas de uma área mais
fria para outra mais quente, enquanto na advecção de ar quente o vento sopra através das isotermas
de uma região mais quente para uma mais fria. Isotermas são linhas traçadas sobre um mapa, que
unem pontos com mesma temperatura do ar. A advecção de massa de ar ocorre quando uma massa
de ar substitui outra com diferentes características de temperatura.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 10
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
A advecção de massas de ar pode compensar ou mesmo sobrepor-se à influência da radiação sobre
a temperatura podendo, por exemplo, causar a queda da temperatura num início de tarde, apesar do
céu claro.
1. Uma importante razão para que as temperaturas da superfície da água aumentem e diminuam
mais vagarosamente que as da superfície da terra é o fato que a água é altamente móvel. Quando
é aquecida, a turbulência distribui o calor através de uma massa bem maior. A variação diurna de
temperatura na água alcança profundidade de 6 metros ou mais e a variação anual pode atingir
de 200 a 600 metros.
Por outro lado, o calor não penetra profundamente no solo ou rocha; ele permanece numa fina
camada superficial, pois deve ser transferido pelo lento processo de condução. Consequentemente,
variações diurnas são muito pequenas além da profundidade de 10cm e as variações anuais atingem
apenas 15m. Portanto, uma camada mais grossa de água é aquecida a temperaturas moderadas
durante o verão, enquanto uma fina camada de terra é aquecida a temperaturas mais elevadas. No
inverno, a fina camada de terra aquecida durante o verão resfria-se rapidamente. Na água o
resfriamento é mais lento, pois a camada superficial resfriada vai sendo substituída pela água mais
aquecida subjacente, até que uma grande massa seja resfriada.
2. Como a superfície da terra é opaca, o calor é absorvido somente na superfície. A água, sendo
mais transparente, permite que a radiação solar penetre à profundidade de vários metros.
4. A evaporação (que é um processo de resfriamento) é bem maior sobre a água que sobre a
superfície da terra.
Devido às propriedades acima descritas, localidades costeiras que sofrem a influência da presença
da água, apresentam menores variações anuais de temperatura.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 11
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Numa escala diferente, a influência moderadora da água pode também ser demonstrada quando se
comparam variações de temperatura no Hemisfério Norte (HN) e no Hemisfério Sul (HS). O HN é
coberto por 61% de água; a terra ocupa os outros 39%. O HS tem apenas 19% de terra, com 81%
de água. Entre 45oN e 70oN há mais terra do que água, enquanto entre 40 oS e 65oS quase não há
terra.
d) Correntes oceânicas
Os efeitos de correntes oceânicas sobre as temperaturas de áreas adjacentes são variáveis. Correntes
oceânicas quentes que se dirigem para os pólos tem efeito moderador do frio. Um exemplo famoso
é a corrente do Atlântico Norte, uma extensão da corrente do Golfo (quente) (Fig. 3.4), que
mantém as temperaturas mais altas no oeste da Europa do que seria esperado para aquelas latitudes.
Este efeito é sentido mesmo no interior do continente devido aos ventos dominantes de oeste.
O efeito de correntes frias é mais pronunciado nos trópicos ou durante o verão em latitudes médias.
A corrente de Benguela, por exemplo, é responsável por ser a cidade de Walvis Bay (23oS), na costa
oeste da África, 5oC mais fria no verão que Durban (29o S), na costa leste da África do Sul.
f) Posição geográfica
A posição geográfica pode ter grande influência sobre a temperatura numa localidade específica.
Uma localidade costeira na qual os ventos dominantes são dirigidos do mar para a terra e outra na
qual os ventos são dirigidos da terra para o mar podem ter temperaturas consideravelmente
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 12
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
diferentes. No 1o caso, o lugar sofrerá a influência moderadora do oceano de forma mais completa
enquanto o 2o terá um regime de temperatura mais continental, com maior contraste entre as
temperaturas de inverno e verão.
Outro aspecto a ser considerado é a acção das montanhas como barreiras. Localidades não tão
distantes do mar e a sotavento do mar podem ser privadas da influência marítima pela existência de
uma barreira de montanhas.
O estudo dos gradientes verticais de temperatura apresenta grande interesse, pois eles condicionam a
possibilidade de ocorrência e o sentido dos movimentos verticais de ar na atmosfera. Quando o ar
experimenta um processo de ascensão ou de descenso, sua temperatura é determinada pelo gradiente
adiabático.
É importante notar que um gás (ou vapor) realiza uma transformação adiabática quando a passagem do
estado inicial ao final é determinada apenas pela criação de sua energia interna, sem receber ou ceder calor.
Seja um gás contido num cilindro com paredes impermeáveis ao calor. Se a expansão se fizer
adiabaticamente, a energia necessária para executar este trabalho é extraída do próprio gás e ele se
resfria. Se, pelo contrário, ele for comprimido adiabaticamente sua temperatura aumenta, pois o
trabalho de compressão converter-se-á em calor.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 13
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Mecanismos actuantes no conceito:
Ao elevar-se na atmosfera o volume da parcela se expande de forma a acomodar-se em uma
situação de menor pressão;
A expansão é supostamente adiabática, isto é, a troca de calor entre a parcela e o ar as suas
circunvizinhanças é negligível;
Com a expansão da parcela dá-se um decréscimo de temperatura em seu interior.
O processo de mistura vertical na atmosfera é, de forma simplificada, assumido como
envolvendo um sem número de parcelas de ar ascendendo e descendo;
Não havendo troca de calor entre as fronteiras do sistema a parcela e seu ambiente imediato
podem estar em temperaturas diferentes na mesma pressão. Este fato governa o seu
movimento vertical.
A variação da temperatura ao longo da altura para uma parcela ascendente de ar seco que se
resfria adiabaticamente é utilizada como um perfil padrão de temperaturas para comparação
com as situações reais.
O gradiente vertical de temperatura raramente se aproxima do gradiente adiabático nos primeiros
100m acima do solo para qualquer período de tempo.
Gradiente vertical da adiabática saturada é o processo de expansão do ar saturado. Para uma pressão
de 1000 milibares e temperatura de 10ºC o gradiente da adiabática saturada é de 0,60°C/100m.
Ela é definida como a razão que existe entre a quantidade de vapor de água contida no momento num m3 de ar e
a quantidade de vapor que este mesmo volume de ar conteria se estivesse saturado, à mesma temperatura.
Em condições especiais, como nas tempestades, a camada de mistura pode estender-se até a
estratosfera. Valores típicos da altura da camada de mistura, definidos à partir do coeficiente de
rugosidade Zo, para condições atmosféricas estáveis, são apresentados na tabela abaixo
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 16
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
2.4.1 Estabilidade do ar seco (ou húmido)
Uma camada de ar não saturado é estável quando seu gradiente térmico vertical é inferior ao gradiente
da adiabática seca
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 17
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Figura 2.6 - Atmosfera neutra ou indiferente
Condições de instabilidade:
Forte intensidade de radiação solar;
Céu com nebulosidade do tipo cúmulo convectivo;
Gradiente superadiabatico;
Vento entre fraco e moderado;
Temperatura elevada.
Condições de neutralidade:
Céu nublado;
Não há resfriamento nem aquecimento;
Vento forte a moderado;
Forte mistura mecânica;
A temperatura estabelece um perfil adiabático.
Ao conjunto de factores meteorológicos que determinam o grau de dispersão dos poluentes no ar,
associa-se o termo estabilidade atmosférica. Em função da intensidade da turbulência atmosférica, o
estado atmosférico pode ser classificado em estável, instável e neutro. Para cada uma das classes de
estabilidade pesquisadora mediram experimentalmente os coeficientes de dispersão em função da
distância do ponto de emissão.
A dispersão d o s poluentes e mitidos por uma fonte tipo chaminé, depend e das
condições meteorológicas presentes na região onde a pluma formada se dispersa. A velocidade
do vento e a intensidade da turbulência atmosférica determinam a altura que a pluma atingirá e a
velocidade com que os poluentes se dispersarão.
Normalmente, em período nocturno a atmosfera é estável. Os poluentes têm a tendência a
ficarem confinados na parte baixa da atmosfera. No caso particular de uma colina, um escoamento
laminar se produz ao longo do relevo – Figura 2.7. Ao curso de um dia ensolarado o estado da
atmosfera é instável. A dispersão de poluentes é ligada a forte turbulência. No caso de uma
colina, por exemplo, numa atmosfera instável ocorre uma tendência de uma pluma a passar por cima
da mesma (DE MELO LISBOA, 1996).
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 19
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
As inversões de temperatura podem provocar graves problemas de contaminação do ar, não porque
representem uma fonte de contaminação, e sim porque fazem com que os contaminantes do ar se
acumulem na atmosfera inferior em lugar de se dispersarem. Muitos dos casos mais graves de
contaminação atmosférica ocorreram durante inversões de temperatura.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 21
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Figura 9 – Exemplo típico da presença de Inversão térmica na atmosfera.
As inversões de temperatura se combinam com outros factores, tais como, a frequência dos ventos,
velocidade dos mesmos e irregularidades do terreno (colinas, vales, edifícios) incrementando os
problemas relacionados com a qualidade do ar em alguns lugares.
A inversão de temperatura pode formar-se por (1) subsidência de ar, (2) grande resfriamento radiactivo ou (3)
advecção de massas de ar. A inversão pode ocorrer para cima ou sobre a superfície.
Altura
a convecção forte, instabilidade e turbulência. Esta
condição geralmente fica restrita aos primeiros 200 m
da atmosfera.
Temperatura
Neutro: Condição na qual o gradiente térmico da atmosfera está próximo ao gradiente adiabático
seco, implica na inexistência de tendência de um volume ganhar ou perder flutuação
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 22
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Isotérmico: Quando a temperatura ambiente é constante com a altura, a camada é constante com a
altura, a camada é denominada isotérmica, como no caso subadiabático existe uma pequena tendência
para um volume resistir ao movimento vertical
Inversão: Uma camada atmosférica na qual a temperatura aumenta com a altura, resiste fortemente
ao movimento vertical e tende a suprimir a turbulência. Assim sendo, é de particular interesse para a
poluição atmosférica, uma vez que esta situação limita em muito a dispersão.
Variação Temporal e Espacial: Em geral, a estabilidade nas primeiras centenas de metros mais baixas da
atmosfera apresenta variações diurnas características, alternando entre as condições estável e instável
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 23
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
de acordo com a hora do dia. Por outro lado, inversões elevadas frequentemente persistem por
dias ou mesmo semanas.
Figura 2.10 - Escala sinóptica (imagem de satélite à direita e carta sinóptica de superfície)
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 24
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
c) Microescala – Incluem os movimentos resultantes dos efeitos aerodinâmicos das edificações
das cidades e dos parques industriais, rugosidade das superfícies e a cobertura vegetal de diversos
tipos de solo. Esses movimentos são responsáveis pelo transporte e difusão dos poluentes em
um raio horizontal inferior a 10 km e entre 100 e 500 metros na vertical acima do solo. Nesses
casos, a turbulência atmosférica, gerada por diversos pequenos obstáculos, é importante na
verdadeira trajectória das plumas emitidas pelas fontes industriais, uma vez que a direcção e a
velocidade do vento são totalmente dominadas pelas características topográficas e regionais em
torno da fonte.
Figura 11 – Microescala
Portanto, se uma determinada fonte está instalada dentro de um pequeno vale inclinado de NE
(Nordeste) para SW (Sudoeste), o vento vai soprar ao longo dessas direcções, sendo que o sentido
vai variar de uma ou outra direcção em função dos efeitos de resfriamento e aquecimento das
encostas local do vale. Nessas circunstâncias, é extremamente importante fazer medições horárias
dos parâmetros meteorológicos mais importantes para se definir qual a direcção e velocidade mais
predominante à noite e durante o dia. Com isto se pode estabelecer estratégias de controlo de
poluição do ar mais racionais e eficientes, na tomada de decisões.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 25
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
Trabalho prático 2
1. Qual o papel do tempo e do clima na percepção dos fenómenos de poluição atmosférica?
10. Duas cidades estão situadas na mesma latitude. Uma está localizada no litoral, com o vento
dominante vindo do mar para o continente e a outra está no centro do continente. Com base
apenas nestas informações, o que você esperaria a respeito das amplitudes do ciclo anual de
temperatura dessas cidades?
11. Qual seria a diferença entre a variação diurna da temperatura num dia completamente
nublado e num dia sem nuvens e ensolarado? Explique.
12. Dado o perfil de temperaturas obtido num determinado aeroporto, com base em
radiossondagem, identifique (escrevendo na terceira coluna da tabela abaixo) a estabilidade
das diferentes camadas (estável, instável, neutra, isotérmica, inversão).
Altura x temperatura.
Nível do 100 150 350 950 1200 1300 1600
solo
20 15 18 16 13 13 14 11
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 26
CAPÍTULO II – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
______________________________________________________________________________________________________
14. Dados os quatro perfis de temperatura abaixo, identifique qual o que seria mais desfavorável
para qualidade do ar, supondo uma região urbana no mês Julho, e qual o perfil que seria mais
favorável.
Bibliogafia
1. Jacob, D.J. (1999), “Introduction to atmospheric chemistry”. Princeton University Press,
Princeton, New Jersey.
2. Krause, S. Clark, H.M. Ferri,J. P. Strong, R. L. (2002), “Chemistry of the environment”. Elsevier
Science &Technology Books.
3. Miranda, Pedro M. A. (2002), “Meteorologia e Ambiente”, 1ª Edição, Universidade Aberta.
4. Nevers, N. (1995), “Air Pollutin Control Engineering”. McGraw Hill, New York, USA.
5. Seinfeld, J.H. & Pandis, S.N. (2006), “Atmospheric Chemistry and physics: From air pollution to
climate change”. Second Edition, John Wiley & Son, INC., Hoboken, New Jersey.
6. Stern, A.C. (1976), “Air Pollution” Vol. 1: Air pollutants, their transformation and transport.
Academic Press, New York, USA.
7. STERN, A.C. (1968). Air pollution. Volume III, Academic Press, EUA, - Part VII : Sources of air
pollution.
_______________________________________________________________________________________________
UEM - DEQUI Curso de Engenharia do Ambiente / 2018 Prof. BC Pagina 27