COHEN, Roberto. Gestão de Help Desk e Service Desk
COHEN, Roberto. Gestão de Help Desk e Service Desk
COHEN, Roberto. Gestão de Help Desk e Service Desk
HELP DESK
ESERVI CE DESK
Roberto Cohen
Novatec
Copyrighr © 2011 da Novarec Editora Ltda.
ISBN : 978-85-7522-276-8
Histórico de impressões:
Maio/2011 Primeira edição
Cohen, Roberto
Gestão de help desk e service desk. : ensaios e
crônicas ao supervisor de pequenos e médios
centros de suporte técnico, help desk. e service
desk I Roberto Cohen. -- São Paulo ~ Novatec
Editora, 2011.
ISBN 978-95-7522-276-8
Da gestão .........................................................................................23
O suporte técnico é uma empresa ................................................ 24
O conceito de valor no suporte técnico ............................... .. ........ 28
Digressões sobre missão, estratégia e metas ................................... 37
Indicadores de desempenho ........................................................ 42
Crie um programa de métricas e indicadores ............................... 49
Painel de indicadores de desempenho ....................... ............. ...... 53
Características de métricas ................. ... .... .................................. 58
Uma análise de indicadores tradicionais ... .......... .. .. ... .... .............. 62
O desempenho ótimo pode camuflar tragédias .............. ............. 77
Cultura organizacional .................................. .... ......................... 79
Um bom planejamento não significa boa execução ....................... 92
Alternativas para seu Nível I de atendimento .............................. 101
De um estilo de gestão a escolher .............................................. 106
Publicidade, expectativas e Pigmaleão ......................................... ll3
Teoria das janelas quebradas ...................................................... 118
Não force a redução no número de incidentes ............................ 122
Sete mandamentos do comandante Rolim ................................. 125
Engenharia social, um perigo à espreita ...................................... 130
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8 Gestão de Help Desk e Service Desk
Apêndices ......................................................................................281
Perfil de competências ...... ......... ..... .............................. ............ 282
Exercícios de dinâmica para a seleção de colaboradores .............. 283
Referências ................ .................. .................................. ....... .. ... 287
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10 Gestão de Help Desk e Service Desk
Em seu primeiro livro, Implantação de Help Desk e Service Desk, Cohen nos
presenteou com uma visão simples, objetiva e absolutamente aplicável dos
princípios da organização eficiente não só das centrais de suporte, mas de
toda a cadeia de serviços que há por trás do atendimento. E o fez com um
tempero brasileiro, que, em minha opinião, transformou o livro em uma obra
fundamental para gestores e até mesmo para analistas. Do jeito que o mercado
precisava há muito tempo.
Por sorte, eu estava errado. Como todo estudioso e apaixonado pelo que
faz, ele se superou. Em seu novo trabalho, Cohen criou uma dinâmica total-
mente nova sobre como deve ser a gestão moderna das centrais de atendi-
mento. Longe de jargões e da mesmice imposta em literaturas intermináveis
e pouco práticas, e fundamentado nos maiores pensadores e administradores
de todo o mundo, ele não criou um manual com uma sequência obrigatória,
mas uma base de consulta e conhecimento, que leva o leitor a encontrar exa-
tamente o que ele precisa para desvendar os desafios do dia a dia do suporte.
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12 Gestão de Help Desk e Service Desk
Nino Albano
Diretor de planejamento da IST Brasil
Membro do Estrategic Advisory Board do HD I Brasil
Apresentação por Ricardo Mansur
"[ ... ] por que, com tanta gente que 'sabe fazer', não há nada 'feito
no Brasil' na internet mundial? E nem mesmo no Brasil, falando
nisso?" (MEIRA, Folha de São Paulo, 20 jan. 2011).
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14 Gestão de Help Desk e Service Desk
Ricardo Mansur
Vice-Presidente Sucesu- SP
Introdução
E aqui estou eu. Escrevendo por último este pequeno texto de apresentação
da minha obra.
Sempre achei que escrever livros seria uma sequência como gerar filhos de
partos normais. O primeiro, mais difícil. Os próximos, mais fáceis em razão
da prática e manhas aprendidas.
Ledo engano.
E confirmado pela minha esposa, mãe de duas filhas de partos normais.
O primeiro, "Implantação de Help Desk e Service Desk- como construir e
manter pequenos e médios centros de suporte técnico, Help Desk e Service Desk ':
recebeu sua faísca incendiária quando consegui definir o subtítulo: "pequenos
e médios'~ Quando a expressão brotou em minha mente, de forma límpida e
arrebatadora, surgiu um torvelinho de ideias, arrastando tudo em sua espiral
e, voilà, eu iniciei a organizá-lo e colocar no plano digital.
O histórico foi similar neste segundo livro. Dentre vários títulos e temas
disponíveis, decidi que seria uma produção voltada ao gestor de suporte
técnico. Mas como da primeira vez, a procrastinação e falta de inspiração
me sufocavam. Angustiado, tentei várias técnicas de desbloqueio. Infrutíferas.
Até que um dia, após ministrar dezenas de cursos para gestores, o tal
"clique" apareceu: "ensaios e crônicas': Algo leve e que pudesse ser lido em
capítulos curtos e com aplicação imediata.
15
16 Gestão de Help Desk e Service Desk
Escrever- para mim- parece que é sempre atrás desse momento de ignição
(os surfistas diriam "a onda certa") e que faz tudo acontecer.
Objetivo da obra
Este segundo livro almeja transformação. Não é um manual para gerenciar o
departamento de suporte técnico. Nem é uma obra sobre as melhores práticas
na área de suporte.
Poucos percebem que, nessa nova fase da vida, torna-se necessário deixar
morrer a parte técnica dentro de si para franquear espaço ao crescimento do
administrador.
Na área dos mitos religiosos, Cristo precisa morrer para ressuscitar no-
vamente. Aliás, em várias fases de nossa vida, precisamos morrer e permitir
o surgimento de uma nova vida. Morte e vida permeiam nossa existência.
Um tigre precisa devorar uma gazela para continuar vivendo. Uma criança
precisa deixar de ser criança (morrer) e consentir que o adulto surja e cresça.
Sucessivos exemplos ilustram esse simbólico morrer e renascer.
Creio que esta é uma das maiores competências do ser humano: a capa-
cidade de relacionar temas e extrair delas conhecimento aplicável. Avistar
uma situação na sua vida enquanto lê um parágrafo. Aquela pausa em que o
olhar se perde fixo no horizonte ou na parede (ou no monitor de vídeo) e a
mente galopa célere, sem freios, jogando as rédeas da imaginação ao chão e
produzindo sinapses mentais.
É claro, este livro está contaminado com meus princípios pessoais. Qual-
quer texto possui características e valores do seu autor, ainda que disfarçados
de maneira subliminar ou racional. Em uma analogia com a estatística, cabe
a máxima citada uma vez por um amigo matemático: ''A estatística é a arte de
torturar os números até que eles confessem aquilo que desejamos." Ou seja,
usamos nossa habilidade para passar o nosso recado.
As fontes preferidas
Peter Drucker escreveu: "o resultado está lá fora." Não dentro da mente do
produtor ou fabricante, mas do cliente. E, para isso, preciso dialogar com
você, querido leitor.
Introdução 19
Estrutura
Finalmente, é importante expor a estrutura deste livro.
Há um título para cada capítulo que não é determinante do conteúdo,
mas atiçador. Busca estimular sua curiosidade.
Existem no texto algumas histórias, casos e frases em destaque, fixando
os principais conceitos em explanação.
A organização apresenta-se em pequenos capítulos. Você absorve trechos
no metrô, no ônibus, enquanto espera a carne do churrasco assar ou no
aborrecido engarrafamento de tráfego.
Ao final, uma pequena lista literária para você mergulhar nas águas pro-
fundas de cada tema.
De maneira humilde, mas não modesta, entrego esta obra à sua leitura.
Conforme me é habitual, coloco-me à inteira disposição para debater os temas,
revirá-los do avesso, escutar novos pontos de vista, questionar.
Um grande abraço e obrigado por prestigiar minha obra,
Roberto Cohen
www.4hd. com. brlblog
Para ler este livro
Usuário e técnico
Escolhi a expressão "usuário" para representar "usuário-final'; "cliente" ou
qualquer outra personalidade que solicita serviços de suporte técnico. Da
igual forma, convencionei denominar "técnico" para simbolizar "analista
de suporte'; "operador" e outras referências àqueles que ofertam e realizam
ações de suporte.
Chamado x incidente
Doravante passo a usar a expressão "incidente" para uniformizar todo o vasto
leque de termos técnicos que constitui a mesma verdade, como chamado, ordem
de serviço, ticket trouble, problema, atendimento e outros de função similar.
Service Desk
Buscando não embaralhar as interpretações e, apesar de saber que várias
metodologias e melhores práticas diferenciam Help Desk, Service Desk, servi-
ços ao usuário e suporte técnico, adoto como terminologia comum "suporte
técnico" Perdoem-me os ortodoxos pela heresia, mas creio que ajudará na
leitura do livro.
21
22 Gestão de Help Desk e Service Desk
Por vezes, dou-me o crédito de usar "Service Desk" para evitar a cacofonia
de repetir muitas vezes a expressão "suporte técnico':
O departamento de suporte técnico deve ser entendido por você como um em-
preendimento que busca resultados.
E, para não aparentar que esse autor deseja ser "um pato bancando de
ganso'; a recomendação primeira vem ancorada em ninguém menos do que a
figura soberana da literatura nacional em governança de TI, Ricardo Mansur:
24
Osuporte técnico é uma empresa 25
Uma segunda dica: desculpas não são mais aceitas. "Falta tempo." "Não
compraram o servidor que eu pedi." "Olha os colaboradores com quem preciso
trabalhar." Você aceitou ser gerente. Assuma a bronca e faça o seu melhor-
que, espero, não é produzir justificativas ou explicações. Ou esperava um mar
de flores no paraíso quando aceitou esse cargo?
Não se aborreça. Seus colegas gestores também são originários da área téc-
nica e, para adequarem-se à nova função, precisaram renunciar ao pensamento
26 Gestão de Help Desk e Service Desk
Em uma transição normal, você deixará de ser o que é para ser outro. É
hora de mudar de postura. E, considerando que o livro da Marie-Louise é um
tanto antigo, quero lembrar que tal situação acontece hoje antes dos trinta
anos. E, claro, reclama uma mudança no seu modelo mental (movimento que
não é fácil para ninguém).
Essa forma de proceder lhe dará uma visão superior de tudo que acontece
dentro e fora de seu departamento.
A primeira coisa a descobrir é o que deseja seu cliente, faça você suporte interno
ou externo. A partir dessa descoberta, crie estratégias e deposite as fichas nos
recursos mais importantes para alcançá-la.
----------------~----------_J
28
Oconceito de valor no suporte técnico 29
Aí está!
Uma pausa em sua leitura. Puxe para seu lado sua esposa, esposo, na-
morado, namorada, mãe, pai, filho, colega, seja quem for e repita a frase
de Drucker. Discutam o significado dela. Vale a pena, mas não faça isso se
estiverem assistindo ao final do campeonato ou da novela, porque não lhe
darão a mínima atenção (experiência própria).
Ela reforça a ideia: "O valor é definido não pelo que a organização faz,
mas pelos clientes que adquirem seus bens e serviços."
[ ... ]
[ ... ]
Sem gastar sapato, sem encostar a barriga no balcão, sem investir tempo e
energia na descoberta da verdade, fica muito difícil encontrá-la.
Oconceito de valor no suporte técnico 31
Uma grande dificuldade enfrentada pela empresa com esse tipo de cliente
envolve o alto nível de rotatividade de funcionários nos períodos em que novos
mandatos são conquistados pelo partido político rival ao anterior.
Nesses momentos, como é comum, o prefeito traz sua equipe. Esta toma
posse das secretarias municipais e também preenche os cargos inferiores
com pessoas de sua confiança. E um efeito cascata com base em confiança e
preferências partidárias remove pessoas de cargos e as substitui por outras.
No final do processo, pasme, pouca gente sabe operar os sistemas confeccio-
nados pela software-house.
Porém, com o enfoque certo, um gestor vigilante expande sua oferta de valor
e presta consultoria em gerenciamento de IPTU, nos aspectos administrativos e
burocráticos de uma prefeitura; até porque seus técnicos conhecem o assunto.
É por essa razão que você precisa se familiarizar com os objetivos da sua
empresa (e dos seus clientes) e o que esperam do seu departamento de suporte
técnico. Pense, reflita. Gaste um tempo e analise a situação.
Você não entrega o valor que seu cliente deseja se não se organiza e transmite à
equipe as premissas básicas de como chegar lá.
--------------------------
Quando as empresas crescem rapidamente, chega um momento em que
elas precisam estabelecer o seu código (valores, missão, visão de futuro etc.),
que norteará o grupo de colaboradores, inclusive os recém- contratados, para
sustentar a expansão da organização. Mas não é uma surpresa para mim que,
a cada curso in-company que realizo, poucos funcionários compreendem- ou
até sabem- tais enunciados.
37
38 Gestão de Help Desk e Service Desk
Talvez a distância com o usuário permita esse deslize de foco. Ainda resta
alguma esperança na área de suporte técnico. Afinal de contas, ela lida dia-
riamente com os usuários. Porém, mesmo nela e com tal contato cotidiano,
o usuário é enxergado como um "mal necessário" para a manutenção do
emprego. E detém alcunhas e apelidos negativos. Aquele que não sabe operar
o sistema. Ou que pede mudanças a todo momento (para que o negócio se
torne ágil e competitivo), interferindo no planejamento do suporte. O usuário
é simplesmente defenestrado (atirar alguém janela afora).
Por isso, Senge recomenda sua construção com base em três questões:
Metas
As metas concretizam a missão, facilitam as decisões sobre os meios e fazem
o negócio progredir. Já a estratégia, que é uma forma de diferenciação da
concorrência, preocupa-se com a evolução da missão básica. Metas ope-
racionais refletem assuntos de sobrevivência tática em curto prazo com os
quais a organização se identifica. Elas podem ser definidas em vários níveis
de abstração e em diferentes horizontes de tempo.
E a pergunta a fazer: "É mesmo hora de fazermos isso por conta própria?"
Questione-se em cada etapa do processo de criação de valor.
BOJ.-i,SEILÁ ...
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ÍéRCE:I QI"20l.J,.
Indicadores de desempenho
Para saber se está na direção correta de entregar o valor esperado pelo cliente,
você precisa construir instrumentos que ajudem a conferir o rumo, velocidade
e outros critérios durante o caminho.
"Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá'; disse o Gato.
Um exemplo
Depois de descoberta "a coisa certa a fazer'; você estipula parâmetros de per-
formance que sejam aceitáveis pelo negócio. Um tempo de resposta de uma
aplicação em três segundos pode parecer excelente, mas não para seu usuário
que está frente a frente ao comprador de comida fast -food no drive-through
de grande movimento.
A taxa de abandono é definida pelo cliente final (se ele paga a conta) ou
pelo tomador do serviço, quando é um contratado.
Você deve usar outras medidas para ajudá-lo a "definir" o tempo de corte
da desistência (os tais 30 s). Veja como está o porcentual de satisfação com
o suporte telefônico do Service Desk e aí, dos que reclamam, você descobre
o porquê. Talvez você encontre motivos para mexer nos limites do seu
termômetro!
Como saber
Aonde
Onde Como que
queremos
estamos chegar lá chegamos
ir
lá
Uma pessoa compra um pacote turístico no mês de julho para uma praia
no Nordeste do Brasil, em janeiro do ano que vem. E, entre outras ações,
deseja emagrecer 10 kg até tal data.
Onde está?
A pessoa 10 kg acima do peso esperado.
Problemascorriqueiros
Em geral, as pessoas não conseguem estabelecer seus objetivos com clareza.
E, quando o fazem, eles são mais desejos do que metas a serem atingidas.
Ainda que sejam estipuladas, raramente conseguem colocar um prazo para
alcançá-las. O fatídico é que não acompanham com a necessária rígida dis-
ciplina os seus progressos (muitas vezes, chegam a ser regressos). jogam com
a esperança de, no mês seguinte, compensarem o mês atual cujos resultados
não foram tão bons, ou são pródigas em apresentar desculpas e explicações
dos problemas que tornaram infrutíferos seus esforços.
Progredir
Dar o primeiro passo exige muita disciplina de você e do time envolvido, para
registrar incidentes, para analisar, para ver melhorias nos gráficos. Não é algo
que a maioria de nós faça natural ou propositalmente. Porém, é necessário
para enfrentar a realidade e compreendê-la de forma objetiva e não ambígua.
Fique atento aos grandes padrões que aparecem. Uma quantidade de inci-
dentes ultrapassando, em certo dia, o tempo combinado para solução tem um
significado. Clientes e usuários que não respondem à pesquisa de satisfação,
outro. No primeiro caso, você- como gestor- busca descobrir o que aconte-
ceu. No segundo, tenta incentivar o pessoal a preencher a pesquisa para obter
um contato cada vez maior com quem vende os serviços do departamento.
Indicadores de desempenho 47
Terminologia básica
A seguir, algumas expressões mais comuns na idealização de indicadores.
Medida
Definição : visão em determinado momen to de um fator específico.
Resposta : 400.
Métrica
Definição : resultado da comparação de duas ou mais med idas no tempo.
Indicador
Definição : expressão numérica do alcance de um resultado.
Índice
Definição : valor numérico de um indicador em determinado instante
expresso em porcentagem.
Referencial comparativo
Definição: índice arbitrado como satisfatório para o indicador.
Meta
Definição: índice desejado para o indicador ser atingido em determinado
período de tempo.
..
Crie um programa de métricas e indicadores
49
50 Gestão de Help Desk e Service Desk
Métrica SMART
Para que sua métrica tenha um melhor entendimento por todo o grupo e
alcan ce efetividade, é importante dotá-la de determinadas propriedades.
Resumidamente:
• Específica - Specific;
• Mensurável- Measurable;
• Alcançável - Achievable;
Crie um programa de métricas e indicadores 51
• Relevante- Relevant;
• Oportuna - Timely.
Você não pode gastar ~eu dia examinando números e gráficos. É preciso identificar
quais são mais importantes e construir um painel gráfico e visual que apresente
o que precisa saber de maneira imediata.
-------------------------------J
Você, como gestor, sabe que realiza muitas tarefas no dia a dia. Resolve
questões de comportamento de técnicos. Participa de reuniões de planejamento.
Lida com clientes e usuários irritados com alguma coisa. Batalha por novos
recursos. Pesquisa inovações. Controla a parte financeira. Não preciso citar rodas
as situações, pois, melhor do que eu, você conhece o que devora seu tempo.
53
54 Gestão de Help Desk e Service Desk
Construa um painel
Uma literatura essencial para construir seu painel de indicadores é Geren-
ciamento de serviços de TI na prática, dos autores Ivan Luizio Magalhães e
Walfrido Brito Pinheiro.
Selecione o que afeta o valor crítico oferecido por seu departamento. Isso
é diferente de empresa para empresa, de departamento para departamento
de suporte.
Por exemplo: você estabeleceu que até 80% dos incidentes pendentes
fiqu em com o Nívell. Se esse grupo não conseguir resolvê-los, passa ao time
de Nível 2. Mas uma quantidade maior do que 20% com o Nível 2 é inad-
missível, segundo suas premissas.
Desesperar jamais
Aprendemos muito nesses anos
Afinal de contas não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Nada de correr da raia
Nada de morrer na praia
Nada! Nada! Nada de esquecer.
Desesperar jamais
Ivan Lins/Vitor Martins
SMART
Não sou adepto de códigos e do linguajar hermético usado em TI. Comu-
mente gera trabalho em demasia para traduzi-lo a algo compreensível aos
nossos superiores ou clientes quando precisamos vender uma ideia. Então,
o melhor é evitar.
58
Características de métricas 59
Specific (Específica)
Brooks explica que a métrica precisa ser clara e compreensível. "Perder peso"
é uma declaração vaga, mas "perder 20 kg em dois meses" é u ma assertiva
bem específica. "Reduzir a quantidade de incidentes abertos por telefone" é
genérico, mas "diminuir 10% a quantidade de incidentes abertos por telefone
até o final do ano" informa uma dimensão exata.
Measurable (Mensurável)
Meça apenas aquilo que consegue obter e que pode determinar se alcançou
seu objetivo.
Você pensa em construir uma métrica que indique quan to tempo cada
usuário aguarda na ligação telefônica até ser atendido. Contudo, se não tem
uma central telefônica que lhe forneça esses números, como irá medi-la? Outro
exemplo: você deseja saber quanto tempo os incidentes ficam em cada grupo
solucionador. Porém, se a ferramenta de registro de incidentes não anota tais
informações, como fará para obtê-la?
Achievable (Alcançável)
Evite estabelecer metas ambiciosas que nunca serão cumpridas e que, portan-
to, dispensariam sua medida. Se você come refeições com voracidade e leva
uma vida sedentária, como espera perder 20 kg em dois meses?
Realistic (Realista)
Na obra cirada, Brooks apresenta um bom exemplo. Vários aplicativos de
registro de incidentes permitem classificar um incidente em uma situação
genérica caracterizada como "aguardando':
Timely (Oportuna)
Faça alguma coisa com as métricas quando são geradas.
Comentários
Você encontrará outras siglas e recomendações para as métricas. KISS (Keep
It Simple Srupid) lembra que as métricas precisam ser simples o suficiente
para serem compreendidas e outras como GQM (Goa l- Question- Metrics
- Method), MAPE (Mape Absolute Percentage Errar) etc.
62
Uma análise de indicadores tradicionais 63
Disciplina
Não há como controlar o que não se pode medir. Uma frase batida para quem
é controller de processos. Se os técnicos não registram todos os incidentes, suas
métricas e indicadores nada valem. Se ainda assim o gestor decidir utilizar tais
indicadores, poderá levar um grande tombo quando um usuário apresentar
uma situação que não consta em suas medições.
Descrição
Esse indicador aponta o porcentual de incidentes resolvidos quando o usuário
telefona ao Service Desk e tem seu problema solucionado na própria ligação
ou por meio de outro mecanismo de interação que use comunicação síncrona
(como um chat on-line ou um software de mensagens instantâneas). Também
conhecido no mercado como First Call Resolution (FCR).
Benefícios
Esse indicador apresenta o desempenho deService Desk para fazer com que o
usuário retorne à sua atividade o mais veloz possível, sem aguardar telefone-
mas ou e-mails posteriores, diminuindo o impacto no negócio. As complicações
em contrário podem ser devastadoras, e são inúmeras as situações que a sua
própria imaginação pode criar.
Uma análise de indicadores tradicionais 65
O usuário está indo a uma reunião importante e está sem a planilha que
exibe os cálculos do plano de negócios. A reunião precisa ser cancelada e os
diretores só conseguirão se encontrar novamente em 15 dias.
Observações
A princípio, parece ser um objetivo normal tentar alcançar um valor de
100% nesse indicador. É interessante ao negócio que suporta, pois tudo é
resolvido na própria ligação do usuário.
Impossível definir.
Descrição
Tempo médio que os técnicos consomem na conversa com o usuário e que
buscam a solução até o momento em que transferem a um nível superior de
ajuda. Compreende um indicador de efetividade e competência do Nível L
Benefícios
Como todo indicador, seu objerivo é buscar a melhoria dos serviços e não,
como os técnicos temem, apontar aqueles com baixo desempenho e culpá-los
pela degradação da imagem do departamento.
Observações
Inúmeros centros de suporte estabelecem prazos para que o Nível l mantenha
sua conversação com o usuário. Após um limite de tempo (5, 10, 15 minutos),
o técnico transfere a alguém especializado e com maior capacidade de resolver
o assunto. Tal conduta converte-se em duplo benefício:
Descrição
Quantidade de incidentes que foram direcionados incorretamente a um
grupo solucionador.
68 Gestão de Help Desk eService Desk
Pode ficar pior? Pode. O técnico de redes, em vez de enviar ao time de se-
gurança, devolve a responsabilidade ao Nívell. Tal procedimento faz a solução
atrasar mais devido ao demorado trânsito do incidente na organização de su-
porte. E, com um agravante: quanto mais automatizados os processos, menos
intervenção humana e menores chances de se perceber o erro. Salvo se o am-
biente for tão paranoico que também preveja identificação automática de erros.
Benefícios
Trabalhar sobre o indicador permite aperfeiçoar os procedimentos internos,
a fim de que o Nívell direcione corretamente, carreando um aprimoramen-
to contínuo no suporte. Menos tempo é desperdiçado com o trânsito dos
incidemes em camadas que não o solucionarão. Sem falar na satisfação do
usuário, pois descobre que os problemas registrados são resolvidos de maneira
rápida. E do negócio que você suporta, pois "tempo é dinheiro'; segundo a
sabedoria popular.
Descrição
Indicador que mede a eficiência do departamento em cumprir o pactuado-
Service Levei Agreement (SLA).
Uma análise de indicadores tradicionais 69
Benefícios
Cumprir os SLAs acertados gera um nível de satisfação para ambos os lados,
cliente e time de suporte. Significa que aqueles que recebem o serviço podem
programar, em termos de tempo e cronograma, suas atividades conhecendo
o prazo médio para que a solução aconteça.
Observações
Atingir o desempenho planejado envolve também a complacência e partici-
pação do usuário. É comum, para descobrir a solução de um incidente, que
o técnico solicite uma ação do usuário ou requisite documentação adicional
(telas de erro, por exemplo). Se o usuário se abstém de colaborar ativamente,
os prazos padronizados serão facilmente ultrapassados.
Descrição
Avalia o tempo médio que o Nível 2 gasta para indicar que assumiu a res-
ponsabilidade de um incidente direcionado pelo Nívell.
Evite confundir tal indicador com "tempo médio de solução pelo Nível2 ':
Simplificando, o indicador mede o tempo que o Nível2levou ao tomar cons-
ciência de um novo incidente sob sua responsabilidade desde que o Nível l
o transferiu.
Benefícios
Otimizar os tempos permite que o incidente não espere em trâ nsito ou seja
abandonado em uma fila. Não significa propriamente que o Nível 2 inicia sua
solução ou realiza uma providência imediata, mas que reconhece a existência
de uma nova tarefa.
Observações
Novamente, o risco de "filas de atendimento" pode fazer com que os tem-
pos médios sejam altos, pois os técnicos podem se esquivar de assumirem
"abacaxis':
Sob o título Preocupações com filas de atendimento, essa questão foi ex-
plorada no meu livro anterior - Implantação de Help Desk e Service Desk.
Relembro aqui um excerto da obra:
Preocupações com filas de atendimento
Descrição
Tempo discorrido desde o início do incidente até a sua solução que, muitas
vezes, envolve outros aspectos além do técnico, como também a necessidade
de obter a confirmação do usuário.
• Todo o tempo da vida do incidente, desde seu início até seu encerra-
mento ou ...
E você precisa decidir sobre qual momento final sua métrica trabalhará:
tempo até o fechamento ou até o encerramento.
Benefícios
Esse indicador informa o desempenho geral do suporte técnico. Se uma das
suas tarefas é colocar o usuário a trabalhar o mais acelerado possível, quanto
menor o tempo médio, maior a eficiência do departamento.
Observações
Essa informação pode-se desdobrar, como todos os indicadores, em várias
classes, identificando por equipe qual o tempo médio, ou por tipo de proble-
ma, ou por departamento do cliente etc.
Benefícios
Uma classificação adequada feita logo no início permite acelerar a solução
do problema. Um treinamento eficiente de usuários e técnicos habilita uma
diminuição dessa quantidade incorreta.
Uma análise de indicadores tradicionais 73
Observações
É claro que, com o desenrolar da vida do incidente, ele pode ser reclassificado
para melhor caracterização. É natural. Ninguém acerta sempre de primeira.
Mas uma classificação malfeita faz o incidente circular por filas de aten-
dimento em grupos solucionadores incorretos. E pode "mofar num canto"
durante um tempo, dependendo da carga de trabalho do time.
Treinar sua equipe de Nívell faz com que o incidente seja, se não solucio-
nado, ao menos atendido pela equipe correta o mais ligeiro possível.
Descrição
Mede a frequência com que os usuários contatam diretamente o Nível 2 ou
Nível3 de suporte, contornando o Nívell e fazendo com que eles se obriguem
a registrar incidentes.
Benefícios
Os números indicam a (des)confiança que o usuário possui no fluxo como
um todo.
Observações
É um erro considerar que o usuário não confia no Nívell porque o circunda.
Na verdade, ele não leva fé no processo como um todo, independentemen-
te de quem seja a responsabilidade da demora (no registro do Nívell, no
encaminhamento ao grupo apropriado, na atenção que o grupo atribui ao
problema etc.).
Porém, cabe ouvir a voz da experiência. Ana Lúcia Martins e Paula Cavanesi,
experientes profissionais da área, em palestra realizada no HDI 2010, em São
Paulo, alertaram para evitar uma posição rígida em relação ao fato de o usuário
contornar o Single Point Of Contact (SPOC), comumente conhecido como Nívell:
Por vezes, é melhor que o usuário contate diretamente o Nível2. Para certos
problemas, o Nívell se coma uma burocracia que consome tempo, pois
não resolve mesmo a questão para o usuário.
Satisfação do cliente
Descrição
O item satisfação está no cerne do Balanced Scorecard, em que a perspectiva
sob a ótica do cliente em relação aos serviços é considerada. O indicador é
importantíssimo ao Service Desk e permite realizar um balanço de todas as
outras ações envolvidas.
Benefícios
Facilita realizar publicidade e marketing de seus serviços quando o suporte
obtém números positivos expressivos. Quando as coisas não vão bem, colabora
para identificar os pontos de melhoria de aprimoramento do desempenho.
Observações
Debatido no livro anterior, Implantação de Help Desk e Service Desk, com
um capítu lo somente a esse item, convém frisar que o cumprimento do SLA
(tempos e condições combinadas) não é garantia de satisfação do usuário.
Uma análise de indicadores tradicionais 75
Descrição
Porcentual de contatos (e-mails, telefonemas etc.) que são pedidos de serviços
em vez de incidentes ao suporte técnico.
Benefícios
Cada vez mais, ocorre uma diferenciação no ambien te técnico sobre as
expressões Help Desk e Service Desk. A primeira significa apenas auxílio a
problemas técnicos e esclarecimento de dúvidas. Service Desk abrange novas
funções, como a competência para anotar solicitações de serviços: instalação
de novos computadores, atualização de softwares, treinamento etc.
1 Evento organizado pelo HDI Brasil e patrocinado pela Premier TI, em 2010, São Paulo.
76 Gestão de Help Desk e Service Desk
Observações
A elevação numérica do indicador no transcorrer dos meses indica um nível
de maturidade maior do centro de suporte. Ele é reconhecido pelos usuários
como o canal competente e acertado; a percepção destes aumenta, transfor-
mando o Service Desk em uma real central de serviços.
Alcançar o sucesso pode ser uma situação definitiva ou o prelúdio de uma crise.
Como gestor, é bom, de forma permanente, ler os movimentos de sua equipe.
77
78 Gestão de Help Desk e Service Desk
Uma análise com base somente em números é arr iscada . Você precisa
envolver, também, aspectos qualitativos, aqueles que não podem ser pon-
derados em números, tampouco em estatísticas. Você visita três ou quatro
usuários-chave e eles confirmam a satisfação.
Para compartilhar seu grau de entusiasmo, conversa com seu melhor téc-
nico sobre os excelentes números alcançados e então... A surpresa'
Meu amigo: não importa o tipo de Servíce Desk onde trabalha. Se é uma
indústria no centro do país, ou uma software-house na Paraíba. Pode ser órgão
público em Brasília, ou empresa de outsourcing no Rio de Janeiro.
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar
nesse chão devagarinho.
Alguém me avisou
Dona Ivone Lara
79
80 Gestão de Help Desk e Service Desk
Da sua empresa
Você precisa reconhecer qual é a cultura organizacional da sua empresa.
Mudá-la exige uma identificação prévia de seu funcionamento e esperteza
para lidar com as nuances, de maneira a trabalhar a favor da correnteza e
não contra. Talvez, hoje, todos os usuários estejam acostumados a bloquear
seus técnicos no corredor para que resolvam problemas. Ou liguem exigindo
urgência para serviços de baixíssima criticidade, como alterar um papel de
parede. A diretoria, independentemente do serviço, quer sempre prioridade,
mesmo que o negócio seja prejudicado em razão de seus desígnios pessoais.
Do seu departamento
Vamos supor que exista um modus operandi na área que assumiu. Os técnicos
não registram os incidentes, ou o fazem, mas com poucos detalhes. Anotações
quase lacônicas como "impressora OK" ou "questão resolvida': Alguns feudos
de conhecimento se estabelecem e evitam compartilhar suas informações e
descobertas com o resto da equipe. Certas pessoas têm influência e prestígio
superior às outras, mesmo que não envolvam questões de mérito técnico.
E! i Estruturas e processos
organizacionais visíveis
(difíceis de decifrar)
Estratégias, objetivos e
Crenças e valores
filosofias
expostos
(justificativas adotadas)
! i Inconsciente, crenças,
Suposições básicas percepções, pensamentos e
sentimentos pressupostos
(última fonte de valores e ações)
Artefatos
Artefatos são o que se visualiza, ouve e sente quando na empresa.
O que acontece? Forma-se uma crença de que, quando existir uma carga
elevada de serviço, além do normal, a solução é trabalhar aos sábados. E talvez
esse aspecto cultural o acompanhe até em outros empregos. O mesmo vale
para permanecer além do horário. As horas extras justificam-se extraordiná-
rias porque ajudam na execução de tarefas e cumprimento dos prazos. (Você
percebeu como, hoje em dia, desligar seu computador no final do horário de
expediente pode gerar um sentimento de culpa? Ninguém consegue concluir
suas responsabilidades no prazo combinado. Mas qualquer erro futuro produz
um sentimento de autoculpa por ter saído no horário normal do expediente ...).
Suposições básicas
Esse é o nível mais profundo de comportamentos do grupo, da empresa ou
do departamen to. Certos valores durante o desenvolvimento da organiza-
ção, herdados de seus líderes, fizeram com que algumas ações a tornassem
Cultura organizacional 85
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente
retirado pelos ourros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo
integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído,
e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com
entusiasmo, da surra ao novato.
Se fosse possível perguntar a algum deles por que batiam em quem tentasse
subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre
foram assim por aqui ... "
Zeus
Historicamente, essa cultura é encontrada na pequena organização empre-
endedora. Gira em torno de uma pessoa carismática que centraliza decisões,
toma decisões com rapidez (mas isso nem sempre garante qualidade) e o
· ambiente praticamente despreza documentação. Busca a comunicação olho
no olho ou então pelo telefone. A empatia é sua característica, e a relação
de poder depende de afinidade e confiança com o deus, claro. Organizações
familiares têm esse estilo.
Apolo
Deus da ordem e das regras. Uma organização pode ser subdividida quadro a
quadro e desconstruída até a sistematização de um fluxo de trabalho organiza-
cional. É o quadro da burocracia, racional idade, hierarquia e do mecanicismo.
Ela é lenta para reagir à mudança, pois exige esforço maior para adaptação e
modificação de suas regras e formas metódicas de agir. Empresas do governo
têm esse estilo. Hospitais e bancos também se relacionam nessa estrutura,
pois nem você, nem eu gostaríamos de ser pacientes de um hospital ou banco
desorganizado e sem processos bem definidos (sem controle de seringas ou
medicações, por exemplo).
1111
Segundo Handy, os templos extraíam sua força dos pilares. Estes represen-
tam papéis e divisões de tarefas na empresa ou organização. Veja que, no topo,
enxerga-se a cúpula da empresa que une todas as divisões. Se pretender crescer
nessa empresa, precisa subir paulatinamente um pilar específico até o topo.
Ate na
Ela é a deusa preocupada com a solução contínua e bem-sucedida dos pro-
blemas. A idade dos indivíduos é desconsiderada, assim como o tempo de
serviço ou parentesco. Para contribuir, é necessário perícia, talento e criativi-
dade para alcançar eficácia e bons resultados. Horários rígidos não são bem-
vindos, afinal, criatividade exige liberdade. Funciona com sucesso enquanto
existir um problema específico a ser resolvido. Empresas típicas: agências de
publicidade ou empresas de consultoria.
Dionísio
A organização existe para facilitar que o indivíduo atinja seu propósito. Mo-
delos dessa cultura são as bancas de advogados ou arquitetos; clínicas de
médicos; cooperativas; escolas com professores. As estrelas compartilham um
staff (secretaria, máquina de café etc.). Os profissionais preservam sua própria
identidade, e a saída de uma estrela não prejudica a outra.
Planejar é preciso.
Escreve Lawrence:
Aprende-se a execução na escola da vida real, e os outros caminhos que
levam a resultados bem-sucedidos vêm acompanhados de erros e frustrações.
de execução e no controle, uma vez que muitas coisas, algumas delas impre-
visíveis, podem desviar e desafiar sua atenção.
Esse tempo maior que se faz necessário para a execução aumenta a proba-
bilidade de que novos problemas ou desafios imprevistos apareçam em todos
os lugares, realimentando o monstro devorador de tempo.
Se você executa uma nova proposta, precisa colocar as pessoas certas nos
lugares certos. Exemplos:
Insista no realismo
"O que estamos fazendo de certo e de errado" é a frase que Larry recomenda
periodicamente questionar. Muitas vezes, o gerente fica cego a certas situações
e se recusa a perceber que determinada ferramenta não é a melhor ao seu
ambiente. Mas, ainda assim, insiste na sua utilização, mesmo sabendo que o
projero avança em direção ao fracasso.
Um gestor precisa ter consciência que enfocar três ou quatro prioridades traz
melhores resultados, além de deixar todo o time engajado e focado nas metas.
Faz bem aquele supervisor que define prazos; caso conn·ário, o projeto
ficará no "ministério do ar'; mais como uma esperança do que como algo a
ser concluído e com prazo.
Mas nem sempre é assim. Talvez por falha dos próprios supervisores.
Lembre-se de que a sua empresa possui objetivos e que o departamento de
suporte precisa agregar valor a essas metas.
Reconheça a si próprio
Eis um momento complicado do projeto. Sob dois aspectos.
Antes do início das digressões, considere o Nívell como a equipe que re-
cebe os contatos de usuários por telefone, e-mail, WEB ou outro mecanismo
e que busca prover o primeiro atendimento.
Digressões
De imediato, aviso que você não encontrará a solução neste capítulo. Ela
depende mais do seu ambiente do que das minhas palavras ou certezas. Po-
rém, em virtude de minhas divagações, quem sabe encontre subsídios para
escolher uma alternativa?
101
102 Gestão de Help Desk e Service Desk
Opção 3 -célulasespecializadas
Quando os técnicos de Nívell não conseguem responder com qualidade a
demanda, um gestor pode optar por criar células especialistas em determi-
nados sistemas e conteúdos.
ao cliente que é atendido por alguém que não conhece RH. Sem comentar
que as operações de RH podem ser mais complexas que de outros sistemas,
dificultando a ação dos técnicos de transbordo.
Por exemplo, se gosta de estudar textos de alguém çom forte viés financeiro
e estatístico, encaminhar-se-á para estudos em Return Of Investment (ROI).
Pensa no resultado que deve advir quando o investimento for realizado no
suporte: tecnologia, gente, consultoria etc.
106
De um estilo de gestão a escolher 107
Depara-se com outro livro que trata dos assuntos na prática. E a prática
mostra que não é possível examinar apenas n úmeros; é preciso assumir
técnicas e táticas que funcionaram com os outros: as melhores práticas. Ge-
rentes de grandes empresas que, graças a suas experiências, compartilham
seus ensinamentos em livros.
E por que perder tempo quebrando a cabeça com números, quando seu
colega de faculdade disse que resolveram a questão do Nívell de atendimento
de um modo simples? Ou ainda, algo que reforça o enfoque na prática: você
veio de outra empresa e lá adotava mecanismos com alto índice de sucesso
e lá não precisava controlar muitos números para isso.
Otriângulo de Mintzberg
Para facilitar, o autor adota uma figura geométrica denominada por mim
como o "Triângulo de Mintzberg" e que, de forma visual, didática e simples,
apresenta a base para a compreensão de suas ideias.
Arte
(vlslla)
Ciência Habilidade
(análíse) prática
Gastao desmativada
(experiência)
Arte (visão)
Segundo Mintzberg, o gesror caracterizado como arte ou visão (o vértice
superior do triângulo) é um sujeito de coração, passional, que segue passos
intuitivos e seu estilo de gerência permeia o ramo das ideias .
Mas esse é um sujeiro que consegue dar um objetivo superior aos funcio-
nários e não apenas exigir trabalho no horário de expediente. Ele cria um
objetivo abstrato (buscar a excelência no atendimento) e engaja sua equipe
nessa empreitada. É um Moisés conduzindo o povo com seu cajado para fora
do Egito, com promessas de um mundo melhor.
De um estilo de gestão a escolher 109
A grande vantagem desse sujeito é que ele não perde muito tempo em
planejamentos ou ideias e explora a sua realidade para executar - de uma
vez- as propostas que surgiram. Compreende as dificuldades, mas, com ele,
as coisas acontecem.
Ciência (análise)
Finalmente, o terceiro estilo exposto por Mintzberg tem como base a ciência
ou análise .
O foco desse gestor são os fatos. Se os outros dois estilos são, respectiva-
mente, coração e mãos, esse é cabeça. Quer informações, quer resultados. É
determinado e organizado. E sua exclamação usual é: "Está perfeito!"
É claro, ele não se perde com visões e consegue acompanhar avanços (ou
retrocessos) dia a dia, graças ao seu rigoroso controle contábil.
Porém, mesmo que o supervisor assuma dois estilos dessa tríade - para
não ficar num só, o que é mais comum -, não significa que os transtornos
desaparecerão. Não mesmo!
~ssi:o
t=.sÇ>ÍRí\A
"TOfALMeJlC
1N~ ~1 '1.A.DA
A fé remove montanhas,
mas não se esqueça de ficar
empurrando enquanto você reza.
Mason Cooley
113
114 Gestão de Help Desk e Service Desk
Eles ainda explicam que você não pode divulgar qualquer medida de
desempenho. Leia os autores:
Os líderes de TI precisavam fazer com que todas as suas iniciativas de
TI fossem relevantes em termos de negócio, e eles precisavam mostrar
aos seus funcionários como usar essa mentalidade para direcionar suas
decisões e ações.
Então, o que for tornar público precisa ser "embalado" em aspectos que
os usuários compreendam como o suporte colabora com o negócio. Divulgar
Publicidade, expectativas e Pigmaleão 115
Crie expectativas
O psicólogo Dan Ariely, autor do livro Previsivelmente irracional, explica, no
capítulo nove da respectiva obra, o efeito positivo das expectativas geradas
em alguém:
Ou seja:
Se você diz às pessoas que alguma coisa pode ter sabor ruim, são boas as
chances que elas acabem concordando com você.
Uniformes
Fazer os técnico-volantes usarem uniforme com logotipo da empresa trans-
mite uma impressão de organização, limpeza e outros sentimentos positivos
no usuário. Obviamente, previno que o uniforme precisa estar limpo, bem
passado, sem remendos etc.
EfeitoPigmaleão
Na área da psicologia, existe um conceito similar conhecido como "autopro-
fecia" ou "efeito Pigmaleão':
Esta deu vida à estátua. O que se diz é que o sentimento do artista mudou
a condição do objeto.
Sobre esse tema, inúmeros autores escreveram, até mesmo o crítico, pole-
mista e dramaturgo irlandês, George Bernard Shaw, autor da peça Pigmaleão,
posteriormente adaptada ao musical My Fair Lady. Essa obra trata da história
de uma simples florista que se transforma em lady porque alguém a viu como
tal e, desse modo, deu vida à lady que existia dentro daquela florista.
[;E.I;XA. VEQ.
5E_ E.U f.:>D\\J \ ~ :
\)DcÊ. É Ut-1
\bvco \{H\00 ,
CEe\o. .?
Teoria das janelas quebradas
Hô Maria, hô Maria
vamos parar já com essa mordomia
é de noite, é de dia chega a sogra chega a tia
quase sempre é panela no fogo e barriga vazia.
Mordomia
Ary do Cavalo/Gracinha
"Não deixar a peteca cair" é uma frase da sabedoria popular que se encaixa per-
feitamente em uma área de atendimento técnico. A teoria das janelas quebradas
é um exemplo do conceito.
Essa tese, defendida pela primeira vez em 1982 pelos americanos ]ames
Wilson e George Kelling, recebeu o nome de "teoria das janelas quebradas':
Segundo ela, a presença de lixo nas ruas e de pichação nas paredes provoca
mais desordem, induz ao vandalismo e aos pequenos crimes.
118
Teoria das janelas quebradas 119
A teoria leva esse nome porque prédios abandonados e com algumas jane-
las quebradas estimulam vândalos a quebrarem as restantes, pois percebem
que inexiste vigilância ou controle algum.
Em Nova Iorque, ela foi aplicada pelo prefeito com o sugestivo nome de
"Tolerância Zero': A ação policial contra mínimos delitos, como urinar na rua,
beber em público ou realizar pequenos furtos, era enfática e determinante,
sem amenidades a quem as cometesse. É verdade que tal medida possui inú-
meras contestações, mas que não são objeto deste livro. Fato é que ajudou a
diminuir a criminalidade nas ruas, pois sua inexistência criava um ambiente
de permissividade que propiciava pequenas infrações e desandava em outras
maiores, como homicídios e tráfico de drogas.
No registro de incidentes
Quando a equipe é displicente e não anota em um sistema informatizado os
incidentes que acontecem, será difícil pôr em prática ações gerenciais de me-
lhoria. Como saber quais usuários enviar a treinamento ou pedir prioridade
ao desenvolvimento de sistemas para corrigir um aplicativo quando não se
tem as incidências comprovadas de forma científica?
120 Gestão de Help Desk e Service Desk
No fluxo dosprocessos
Outro ponto importante e passível de ser associado com a teoria das janelas
quebradas é a intervenção em determinados pontos de processos (quando
existem) e que, muitas vezes, acabam sendo desprezados.
É preciso lembrar a frase de Che Guevara: "É preciso ser duro sem perder
a ternura jamais." Seja compreensivo com seu time, mas recorde-o de suas
responsabilidades profissionais e o quão importante elas são para o progresso
da equipe, do departamento e do negócio.
Não force a redução no número de incidentes
• você não consegue ver o fim de uma prioridade antes que outra se torne
mais importante;
122
Não force a redução no número de incidentes 123
Quero dizer que não adianta impor cotas ou franquias de horas para
atendimento de maneira unilateral. Eles continuarão ligando. E pedindo
suporte. Até porque não é o fornecedor que conhece a urgência de determi-
nada situação do cliente (quando pode extrapolar sua franquia de tempo de
atendi mento).
Este estabeleceu uma cultura dentro da empresa por meio de sete manda-
mentos seguidos por todos os funcionários e colaboradores, desde o presidente
até o sujeito que recebia e etiquetava malas no check-in.
Vejamos:
125
126 Gestão de Help Desk e Service Desk
Se, por um lado, melhorar sempre as coisas é uma boa diretriz, por outro,
envolver-se obsessivamente em gastar recursos além do permitido é prejudiciaL
Um planejamento exacerbado consome o tempo da equipe. Planejamento esse
que talvez fica estagnado por requerer recursos em demasia.
Significa que, em alguns serviços que não fazem diferença ao negócio, você
não precisa otimizá-los em demasia. Uma analogia: uma padaria precisa ser
ótima na fabricação de pães, mas não precisa exagerar nos serviços de portaria,
por exemplo. Nessa área, ficando na média será suficiente.
Uma boa dica vem de Rolim: "Quem não tem inteligência para criar
precisa ter a coragem em copiar." De certa maneira, foi dessa forma que se
desenvolveram vários fabricantes chineses de tecnologia, como a empresa
Sete mandamentos do comandante Rolim 127
Humildade é fundamental
Tudo pode ser feito ainda melhor. É preciso humildade para aprender com
os clientes. Entrevistas e pesquisas de satisfação planejadas para consulta de
melhorias e aperfeiçoamentos precisam ser realizadas periodicamente. Você
não pode se camuflar e tentar ser invisível aos seus usuários porque tem
vergonha da imagem do suporte técnico. Ao contrário, boas sugestões são
ori undas deles, ainda que sejam leigos em tecnologia. Basta ter coragem. E
nenhuma arrogância.
Sete mandamentos do comandante Rolim 129
Corolário do capítulo
Pare. Pense.
A primeira vez que travei conhecimento com esse conceito foi na leitura
do livro Contra-ataque: a história da captura do pirata cibernético mais pro-
curado dos Estados Unidos, escrito por Tsutomu Shimomura e John Markoff.
O primeiro, um especialista em segurança, ajudou a enjaular na prisão o
hacker mais famoso de todos os tempos : Kevin Mi tnick. Lá, em 1994, essa
fera conseguiu roubar dados de 20.000 cartões de crédito. E, empolgado com
suas conquistas, acabou por topar com outra estrela da área: Shimomura.
Vale a pena ler os dois livros. Não para aprender a ser um hacker, mas a
fim de compreender como se defender de tais artimanhas.
São vários os aspectos que fazem as pessoas caírem nas malhas da enge-
nharia social:
• Faz parte de qualquer ser humano acreditar nos outros. Salvo as mentes
paranoicas (e elas são ótimas para trabalhar na área de segurança e de
contingências), o técnico de Service Desk tem boa índole para prestar
assistência, compreender as dificuldades e satisfazer o usuário a retornar
ao trabalho o mais rápido possível.
• O criminoso utiliza palavras que não vão direto ao cerne, mas rodeia o
assunto, circundando-o para conquistar a confiança. Finalmente adota
a técnica do "plantar verde': Uma forma de expressão para denotar um
modo de dizer nada e conseguir uma informação valiosa do outro lado.
Exemplo: "O velhinho do terceiro andar." O técnico responde: ''Ah, o
seu Alberto?': E repassou uma informação que o bandido não tinha.
Mas que agora tem.
Mas atenção: não são apenas senhas que os larápios procuram. Por isso,
pense a respeito. Visite algum colega de suporte da área financeira (em que
tais processos devem estar no estado-da-arte). Converse com seu time de
segurança para obter melhores orientações.
.. ··,.. .'· . ~ .
Da sua equipe
134
Force sua equipe a pensar
Porém, boa parte de todo esse trabalho acaba sendo uma armadil ha criada
por você mesmo: transformou-se em um tarefeiro, não desenvolveu seu time
e fez com que se tornasse refém da sua pessoa. Os motivos são variados e
constam neste elenco de explicações:
• Porque você faz as coisas mais rápido do que qualquer um no seu time
e, se realizar a tarefa, seu usuário não perde tempo.
135
136 Gestão de Help Desk e Service Desk
- João, já são l7h50m in, esto u meio sem tempo. Faça um favor, vamos
utilizar a base zero. Pense da seguinte forma : imagine uma soluçã o
alternativa e ava li e o risco. Pense também numa alternativa de não fazermos
nada e indique o risco. Aproveitando que você estará pensando em não
fazer nada e em fazer tudo, especifique duas alternativas intermediárias e
o respectivo risco.
Há, também, outro motivo para esse sentimento : ele nunca precisou se
arriscar. Nunca sugeriu aquela ideia que foi por água abaixo e custou caro
ao departamento.
Nas primeiras ocasiões, replicar com tal proposta gerará desconforto entre
os funcionários que habitualmente pedem "o que fa zer '~ Evite ceder, ainda
que eles apontem premência, alta severidade etc. Óbvio, certifique-se da real
prioridade. É preciso ajudar seus subordinados a crescerem. Você se defron-
tará repetidas vezes com respos tas como "Diga o que temos de executar que
faremos." Não contemporizar é importante, pois não resisti r valerá o ditado :
138 Gestão de Help Oesk e Service Oesk
''Água mole em pedra dura tanto bate até que fura." Ou seja, rejeitando o
tradicional choro, saberão que precisam refletir sobre as opções por conta
própria.
Aliás, cabe destacar que a ideia não é seguir ipsis litteris a sugestão do
técnico. É fazê-lo pensar nas alternativas e nos respectivos riscos. Reúna-se
com ele, analise os riscos, levante a oportunidade de novas alternativas. Por
meio desse debate, ele, com certeza, nas próximas vezes, não perguntará o
que realizar. Ao contrário, aparecerá com três ou quatro propostas embasadas
de soluções.
Logo pela manhã, vai até a sua mesa e atira-lhe a ideia. Ele não pensou
no impacto, nos riscos ou problemas de se projeto. Ora, eis uma boa opor-
tunidade para aperfeiçoar o senso de risco de seu supervisor. Peça a ele uma
''Análise Base Zero" de tal proposta e ofereça um prazo. Ao término, avaliem
juntos os argumentos por meio de uma tabela parecida co m a seguinte (na
qu al as colunas devem ser preenchidas pelo técnico):
Entregar
Para ninguém Apenas para alguns técnicos Para todos os técnicos
smartphones
• números imprecisos no suporte • inveja • uso inadequado para fins pessoais
RiKOS • menor facilidade de comunicação • dificu ldade de comunicação • aumenta nos custos de telefonia e
entre técnicos banda larga
Mas o melhor de tud o: capacitou seu técnico, pois ele precisou pensar
na questão e deliberar os riscos, em vez de simplesmente jogar-lhe a ideia e
tra nsferir a você a responsabilidade de tudo.
Reeduque seu time
Arrume tempo para educar e treinar sua equipe, pois, do contrário, ela não
atenderá aos seus anseios. E nem dos seus usuários.
140
Reeduque seu time 141
• "Expliquei o que deveria ser feito. E ele não fez um procedimento que
detalhei. Mas era óbvio que tinha que fazer isso, como queria acessar
o nosso site de internet sem antes se conectar à rede sem fio?"
Alternativas
Seguem sugestões para engajar e debater com seus técnicos.
Vídeo
Pesquise vídeos com duração de 10 minutos nos sites de redes sociais que lidem
sobre atendimento. Selecione aqueles que apresentam os comportamentos
que trabalham com seus subordinados. Exiba-o e promova o debate. Libere o
grupo para as habituais brincadeiras e piadas (porque, muitas vezes, é nelas
que se revela a verdade). Aproveite o "gancho'; provoque os presentes e gere
reflexões. Ainda que não se chegue a uma conclusão, os comportamentos
poderão mudar após tais momentos.
Arrume tempo
Um time esclarecido e treinado produz mais. Torna-se eficiente. Porém, não
se evolu i sem uma dose de sacrifício. De certa maneira, você precisa dedicar
tempo para identificar os problemas de comportamento e lidar com eles.
lembrete
A grande maioria dos técnicos de suporte é formada por jovens entre 17 e 24
anos. Coincide com a faixa etária que a psicologia classifica como "adoles-
cência tardia" ou "Geração Y':
profissional, já qu e, com essa atitud e, ele não terá com o chefe uma
relação profissional, mas sim uma relação filial. "Este jovem sempre será
um adolescenre conversando com um adulto, e n unca um profissional
conversa ndo com ourro'; ressalta Zacharias.
Chorei
Como nunca chorei na vida
Porque precisava desabafar
Chorei
Tanta mágoa naquela hora
Que a tristeza fo i indo embora
Antes da derradeira lágrima rolar
Chorei
Porque vinh a trazendo minh'alma sentida
Eu chore i pela última vez nessa vida
Para nunca mais chorar
Chorei
Eduardo Godin!Paulo César Pinheiro
145
146 Gestão de Help Desk e Service Desk
"Como ele foi me dedurar desse jeito? Jusro eu que mudei a prioridade
dele para ser atendido antes e ele vai e comenta no refeitório?"
"' , ~\2.
\J..E:NSD.LA.o "' ~
C U~, \) N.E~\ODVTO ,
~N&UE-sS,u&A. ...
. I I
?b..\w=·A"i2'A. 'íó\AL ~ D
\.Jib...S, NO f=!NA.L' É Só
!>.. ~\ "-l M (p,Sy:~:.r,A ~Ui
]:,.,~ RCXAt-.100 ... ~
Talvez até mesmo você, gerente, não se dê coma que "usuário não é amigo':
Talvez o técnico tenha segundos interesses. Desenvolva relações para obter
vantagens com os departamentos (ser o primeiro a receber os vales-refeições
do pessoal do RH a quem trata muito bem). Ou até benefícios (falsos teste-
munhos de bom desempenho, por exemplo) na pesquisa de satisfação. Nesses
casos, ninguém apontará essas situações. E conflitos que aparecem serão
considerados "cólicas normais da profissão':
148 Gestão de Help Desk e Service Desk
Mas lidar com tal circunstância pode ser mais simples em ambientes de
Service Desk, compostos por pequenos times de quatro, oito, dezesseis ou até
trinta pessoas (esse número-limite é hipo tético e não significa impeditivo a
equipes ainda maiores).
Este capítulo não trata sobre recrutamento. Envolve apenas o fluxo de seleção,
pois se exime dos métodos de divulgação e do desenvolvimento de métodos
para atração de candidatos (sites on-line, empresas de recrutamento etc.).
Maria Odete Rabaglio cita no prefácio d e seu livro Seleção por competên-
cias um aspecto que ressalta a impor tância de uma seleção bem-sucedid a:
Sempre que me fa lam em di spensar gente eu comento: antes de despedir
alguém, pense dua s vezes; mas antes de admitir, pense cinco! Embora
tod os considerem que é preciso ter a pessoa certa, para o lugar certo, no
momento certo, poucos conseguem identificar e antever o desempenho
de urna pessoa na execução do seu papel verdadeiro. Um bom nadador é
avaliado dentro da piscina, não pelos exercícios de aquecimento fora d'água.
A única coisa que exige ainda mais tempo (e ainda mais trabalho) do que
esca lar as pessoas certas é desfazer uma decisão er rada sobre as pessoas.
Perfil de Competências
Seleção de currículos
Entrevista coletiva
Entrevista individual
Perfil de competências
A primeira etapa para preencher um cargo não é, ao contrário do que imagina,
publicar um anúncio.
O d itado popular explica: "Se você comprar uma orelha de burro, só con-
seguirá fazer uma bolsa de pele de burro. Nunca uma bolsa de seda."
Mas João tem essa habilidade. Ela vivenciou com seu tio, proprietário de
um pequ eno estaleiro e já exercitou pessoalmente os macetes da profissão.
Isso conduz ao terceiro item: atitude.
Uma grade composta pelos três atr ibutos CHA encontra-se no apêndice
"Perfil de Competências" deste livro, para ajudar a visualizar, de maneira real,
a composição de um Perfil de Competências.
Seleção de currículos
Depois de estipular o perfil, chega o momento do recrutamento e, com a
chegada dos currículos dos candidatos, um espaço de análise.
Essa atitude não significa desprezar uma recomendação feita por colega
que trabalhou com o candidato em outra empresa, mas aquelas situações
154 Gestão de Help Desk e Service Desk
Por último, se existe disponível uma área de RH, é importante deixar que
ela faça o esforço maior na seleção dos currículos. Não carece desperdiçar seu
tempo em ações intermediárias que podem ser facilmente delegadas a terceiros.
Entrevista coletiva
Nessa fase do processo, a interação do candidato com os participantes é exa-
minada. Seus traços de personalidade ficam manifestos durante os debates
promovidos por um exercício de dinâmica de grupo. Nele é possível ver se
participa ativamente, mantém-se omisso, ouve a opinião dos outros etc.
Philip Plumbley, em seu livro Recruitment and selection, exibe uma lista
com três diferentes tipos de entrevistas em grupo:
3. Grupo para solução de problemas - também sem líderes; o time precisa resolver
um problema dentro de um limite de tempo determinado.
• expressão verbal;
Testes psicotécnicos
Um processo intermediário, dependendo da estrutura da empresa que o de-
partamento de suporte integra, é a avaliação psicotécnica por meio de testes
específicos, conforme citado no item anterior.
Resumo do cargo
É obrigatório dispor de uma sinopse sobre o cargo. Itens que o cand idato
tem interesse em conhecer, como:
• o salário;
Você pede ao candidato que fale sobre fatos do dia a dia na outra empresa.
Surgem respostas:
Exemplos:
Sem imbróglios
Você é o responsável pela produção de resultados da pessoa selecionada no
seu departamento.
Procedimentos a evitar
Treine para evitar procedimentos que não são adequados à entrevista :
• Não faça perguntas sobre personalidade, como "Você acha que tem o
perfil adequado para trabalhar conosco?" Obviamente, a maioria dos
162 Gestão de Help Desk e Service Desk
Princípios básicos
1. Ao designar um funcionário a uma atividade e ele não corresponder, o
gerente cometeu um erro e não pode culpar outra pessoa ou se queixar.
2. Considerar uma boa quantidade de pessoas qualificadas à função . É preciso ter, pelo
menos, três a quatro candidatos qualificados na seleção para uma boa
decisão.
164
Teorias de motivação 165
Reali zei essa introdução para explicar que existe um grande número de
teorias motivacionais. Várias de cunho científico e outras com base em aspectos
empíricos, como um gestor que obteve sucesso adotando métodos com sua
equipe e os compartilha com colegas.
São elas:
Sociais
segurança
Fisiológicas
Teorias de motivação 167
Teoria DISC
Como funciona
Explicando de maneira simplificada, Geier criou um questionário com várias
perguntas, em que o indivíduo tem um tempo-limite para respondê-las. Esse
período de preenchimento é relativamente curto - menos de quinze minu-
tos- e tenta evitar que o participante trapaceie nas respostas ("Sim, amo as
Teorias de motivação 169
Explicação do modelo
A teoria estabelece uma caracterização de comportamentos a partir das respos-
tas do questionário. A partir delas, evidencia-se no que as pessoas acreditam:
• Omundo não está contra mim - visão pacífica; a realidade acontece sem a
intenção proposital de agredir o indivíduo.
O mundo O mundo
pode não vai
mudar mudar
Influência Estabilidade
Dominância
Dominância é o fator de controle e poder. Uma pessoa com alto nível de
dominância refere-se a um estilo de comportamento que é direto, exigente,
decidido e competitivo. Indivíduos dominantes (alto percentual desse indica-
dor de domin ância) precisam se sentir no controle da situação, tentam tomar
o comando e ditar soluções sempre que possível.
Influência
Influência é o fator DISC que descreve um comportamento sociável. Pessoas
com uma pontuação de alta influência têm um estilo aberto, amigável e so-
ciável. São populares, otimistas e inspiradoras. Elas apreciam a companhia
dos outros e sentem-se relaxadas e confiantes em qualquer situação social.
São motivadas pela atenção e apreço de outras pessoas e, muitas vezes, saem
de seu caminho inicial para se tornarem o centro das atenções.
Teorias de motivação 171
Estabilidade
A firmeza é u ma característica peculiar desses indivíduos. Estão associados a
qualidades como persistência, paciência, sinceridade e simpatia. São acolhe-
dores e bem-apessoados, mas a fal ta de confiança social complica um p ouco
suas relações. Apreciam a companhia dos outros, mas são ouvintes em vez
de expansivos.
Cautela
Cautela (ou conformidade) é o quarto e último fator DISC. São pessoas com
uma abordagem racional e desapaixonada da vida. Indivíduos in teressados em
fatos e detalhes, perfeccionistas, analíticos, cuidadosos e minuciosos. Tendem
a olhar as coisas de maneira prática. Raramente agem emocionalmente e pre-
ferem planejar suas ações considerando todas as possibilidades conhecidas.
Autores reno mados, co mo Peter Dru cker e Jack Welch, confirmam que
uma d as principais responsa bilid ades de um gestor é escolher a pessoa certa
ao posto certo.
Pêrfil do
Boaideia Má ideia
colaborador
• Trabalhar no Nível1 de atendimento registrando
• Implantação do novo software de Help Oesk e
incidentes o dia inteiro.
Dominância Service Desk.
• Fazer backup (cópia de segurança)
• Desenhar o projeto da basede conhecimento.
periodicamente.
• Desenvolver atividadesde maneira solitária .
Influência • Supervisionar equipe. • Trabalhar em tarefas que exigem análise de
muitos detalhes.
• Fazer backup periodicamente eanotar na
• Liderar novos projetos.
planilha tal informação.
Estabilidade • Trabalhar em ambientescom muita confrontação
• Acompanhar a rotina normal de um ambiente
e falta de clareza nos objetivos.
implantado.
• Controle de qualidade.
• Revisão das soluções indicadas para a base de • Realizar levantamento inicial em um novo cliente
conhecimento. de outsourcing.
Cautela
• Participar do comitê de aprovação de mudanças. • Elaborar rapidamente a página do suporte
• Testes e homologação de novas versões de técnico na intranet.
aplicativos.
Teorias de motivação 173
D s c
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Origens
Outro método cienúfico para identificar tipos psicológicos é o inventário
MBTI. A sigla origina-se de Myers-Briggs Type Indicator: é o resultado do
trabalho de duas psicólogas (Katharine Cook Briggs e Isabel Briggs Myers).
Sim, mãe e filh a. Com base nos trabalhos do psiquiatra Carl G.Jung, a dupla
definiu um questionário que, ao ser respondido, permite interpretações para
características e preferências das pessoas e como aj udá-las a aproveitar suas
habilidades no dia a dia.
174 Gestão de Help Desk e Service Desk
Percepção Julgamento
1\
Sens a ção Intuição
1\
Pensament o Sen t imento
Teorias de motivação 175
Aplicação do MBTI
O questionário que é aplicado pelo MBTI distribui os indivíduos em um
conjunto de tipologias, os quais podem chegar a um máximo de dezesseis.
Con forme a caracterização do tipo de seu colaborador, algumas tarefas
deixam-no entusiasmado. Outras, menos.
Razão pela qual recorro novamente à tradicional frase: "Uma das princi-
pais responsabilidades de um gestor é escolher a pessoa certa para o posto
certo." Se você conseguir encontrar o tipo certo para a função correta por
meio do método MBTI, terá grandes chances de o colaborador estar motivado
para executar as tarefas.
É recomendável contar com a ajuda profissional na aplicação e análise
das tipologias encontradas, apesar de testes dessa bio tipologia estarem dis-
poníveis na internet.
Taylorismo nos centros de suporte
Um modelo de gestão que busca a eficiência dos processos pode causar prejuízos
no desempenho dos colaboradores envolvidos.
Do histórico
O modelo de administração pregado por Frederick Taylor, em 1911, ainda per-
siste na maioria de nossos centros de suporte. O referido autor é considerado
o pai da ad min is tração científica e, graças a ele e à Ford, a produção de bens
(e até de serviços) migrou do estilo artesanal para uma linha de produção.
176
Taylorismo nos centros de suporte 177
Método de trabalho
A gerência deve desenvolver para cada tipo de trabalho, para cada tarefa, para
cada movimento, um método de trabalho que substitua as forma s manuais
e as ferramentas tradicionais e variáveis utilizadas pelos antigos artesãos.
Apenas executar
O gerente controla a execução da tarefa de modo que se processe exatamente
da forma como foi descrita. A vigilância, base de sustentação do sistema, é
explicitada. É proibido ao operador criar e variar. Um operário faz justamente
o que mandam e não reclama. É o fi m da cria tivid ade.
178 Gestão de Help Desk e Service Desk
Se algo sai errado, azar do chefe. Se uma rotina pode ser melhorada, mas
sou tratado apenas como um peão e não tenho voz, toco o barco e deixo
como es tá.
Por que o suj eito não foi examinando meus documentos enqu anto isso?
Porque a responsabilidade para resolver situações desse tipo era do seu chefe,
hoje conhecido pela denominação "sistema':
Porém ...
Reaçõesconsdentes
Desmotivação
Taylor (e Ford, seu seguidor) orientava unicamente como mecanismo de mo-
tivação as recompensas salariais e financeiras. Surpreendente é que há tantos
anos de diferença de Taylor, poucos gestores de suporte técnico atingiram esse
momento, de valorizar se us técnicos com recompensas (veja Primeira Pesquisa
Nacional sobre Gestores de Help Desk, Service Desk e Suporte Técnico \ Claro,
refiro-me aos pequenos e médios centros de suporte técnico.
Os gerentes buscam toda e qualquer maneira para fazer com que sua
equipe trabalhe mais. E com ânimo. Existem empresas que pagam algum
adicional financeiro por incidente atendido. Só que, na realidade, tal incentivo
roma-se um salário com o passar do tempo. E desaparece essa característica
de motivação, pois ela está quase incorporada ao salário.
Rotatividade
O indivíduo que tem potencial criativo, é capaz de enfrentar o novo não se con-
forma em seguir processos à risca. Muda de emprego. Afeta a produtividade da
organização, porque aumenta custos com recrutamento, seleção e treinamento.
1 Disponível em: http://www.robertocohen.com.br!download
180 Gestão de Help Desk e Service Desk
Absenteísmo
O trabalhador que é desprezado, que não participa nas decisões e que apenas
executa funções repetitivas, como no antigo seriado de desenho animado
"]etsons'; não tem a mínima vontade de trabalhar.
Toda e qualquer desculpa será sufic iente para falta, pedir licenças-saúde,
chegar atrasado ou outras evasivas. O personagem de qu adrinhos Garfield,
em uma segunda-feira, é a imagem simbólica dessa situação.
Esquiva
Se o trabalho é aborrecido, o colaborador vai ao sanitário e se demora. Um
técnico-volante pode ir até a mesa do usuário e, ao retornar, demora-se ao
máximo. Vai passear na copa , tomar um café e jogar conversa fora. Ou, se for
externo, curte um passeio pelo shopping. Por maiores controles que possam
existir, sempre haverá oportunidade de esquiva.
Descuido e sabotagem
Estas são situações que ocorrem por meio de ações descuidadas ou peque-
nos atos de sa botagem. O colaborador efetua um registro de um incidente
com displicência. Coloca poucos detalhes nas ano tações. Ou qualifica mal
o incidente, fazendo-o transitar por duas equipes solucionadoras até chegar
à correta.
O que você, como qualquer gestor, faz nesse caso? Aumenta o controle
e a su pervisão, fazendo com que o círculo vicioso se mantenha. Mais gente
conferindo e ouvindo gravações. Mais pessoas no controle de qualidade.
Reações inconscientes
Esse tipo de reação ao trabalho repetitivo não é tão simples de correlacionar.
Mas está em Ritos de passagem, de José Antonio Küller, que referencia Chris-
tophe Dejours, em A loucura do trabalho :
A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica cujo
impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições, emerge um sofrimento
qu e pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora
de projetos, de esperanças e de desejos, e uma organização do trabalho
que os ignora.
Doenças psicossomáticas
Desagradado pela atividade repetitiva e também pelo amb iente de pressão, o
colabora dor pode vir a sofrer de estresse. Isso também se reflete em problemas
de saúde, como ú Iceras, questões de pele, hipertensão, labirinti te, musculatura
rígida propensa a contraturas, tend inites, incômodos de coluna vertebral etc.
Drogas e alcoolismo
Os impactos de um trabalho desinteressante e pouco desafiador podem ser
grandes para um funcionário. Recorde que estamos discutindo algo- expe-
diente- que consome a maior pane da vida dele.
Aorigem do mal
Todas as desagradáveis reações relatadas são consequências de um ambiente
com base nos conceitos de Taylor. Se tal teoria funcionava com sucesso quando
foi criada -e olhe lá-, no mundo pós-moderno é preciso outra abordagem.
As alternativas são amplas. A realida de, um tanto mais dura do que esse
próprio ensaio.
Você e sua equipe se depa ram com uma situação complicad a. Talvez até
inusitada. Um servidor que travou. Um problema novo qu e ninguém conhece
a solução. Uma necessidade de levantar hipóteses ao lidar com aquele usuário
agressivo que exige tratamento especial.
184
Brainstorming precisa de piada e chocolate 185
Ampliação significa que você está menos focado, mais propenso a receber
interrupções e aberto a novas ideias ou eventos. O afeto positivo envolve
curiosidade, engaja a cria tividade e co loca o cérebro dentro de um
mecanismo efetivo de aprendizado.
Com o afeto positivo , você está mais propenso a ver a floresta do que
as árvores, você prefere ver a paisagem a concentrar-se em detalhes. Por
ou tro lado, quando você está triste ou ansioso, sentindo o afeto negativo ,
você está mais propenso a ver as árvores do que a floresta, focado mais em
detalhes do que a paisagem. .
Um gestor não deve encarar uma descontração como desprezo pelo as-
sunto a ser tratado. Pelo contrário, ela colabora para alcance de um resultado
supenor.
Comentário final
Não é à roa que você encontra no centro de algumas mesas de salas de reu-
niões potes com montanhas de balas.
Comunicação não violenta
[ ... ]
2. sentimento ;
3. necessidades;
4. pedido.
O autor recomenda que, ao observar algo, você precisa ser capaz de dis-
tinguir o que acontece sem inferir juízos de valor (que é mais ou menos a
base dos processos de feedback em reuniões de desenvolvimento de equipe).
São palavras comuns em julgamentos pessoais: "relaxado'; "áspero'; "bom';
"raiva" etc.
Passo 1 - Observação
Quase todo processo da CNV gira em torno da ideia do au tocontrole. A sua
capacidade de identificar o que acontece com você e lidar com isso. O que,
convenhamos, é difícil. Ainda mais com o sangue latino que circula por nossas
artérias e veias e fomenta nossa espontaneidade.
Passo 2- Sentimento
O primeiro componente da CNV é observar sem avaliar; o segundo é expres-
sar como você se sente. É ter a predisposição de transmitir sentimentos. Há
uma compreensão de que as pessoas não devem divulgar sentimentos em
ambiente de trabalho. O que acontece é que eles acabam sendo expressos,
porém de outras forma s, que, normalmente, são maléficas, como sabotagem,
ranço reprimido, afrontas em pequenas situações e outros comportamentos
indesej áveis.
Passo 3 - Necessidade
Se os estágios anteriores para alcançar uma comunicação não violenta são
a capacidade de observar, a qual tenta transformar juízos em descrições e
perceber os sentimentos, a terceira parte é identificar a necessidade embutida
nas emoções.
1. Culpa a si próprio - quando alguém expressa algo sobre você, existe a ten-
dência de aceitar o juízo de valor. "Você é preguiçoso, sempre acorda
tarde." É uma frase que pode ser aceita sem qualquer avaliação. Porém,
talvez você esteja cansado por trabalhar demais ou tem hábitos noríva-
gos que justificam a necessidade de dormir um pouco mais.
Quando alguém lhe "corta" a frente no trâns ito e você buzina, ele salta
pela janela e grita palavrões? Quais dos quatro passos descritos você tomaria?
Eu geralmente acho graça disso ; sinto que há uma raiva incontida e que, em
uma simples buzinada, a pessoa consegue expressar tal senti mento (ainda
que sua origem não tenha nada a ver com o ato de buzinar).
o que recebe a resposta:"- Você acha que vou deixá-lo comandar minha
vida e deixar como devo me sentir~ Ele que trate seus sen timentos e
encontre a causa dos mesmos, que não são as meras moedas.':
Passo 4 - Pedido
Finalmente, o último passo da CNV é conseguir pedir o que se deseja dos
outros. Envolve:
Ações positivas
As pessoas evitam pedir diretamente aquilo que querem. Infelizmente, frases
como "gostaria que você chegasse no horário" são expressas em sua forma
negativa, como: "gostaria que você não se atrasasse." Elas parecem similares,
mas é costumeiro embutir em uma negação o verdadeiro interesse, o que torna
complicado a quem recebe a mensagem "descobrir" o real desejo.
Quanto mais claro for a respeito do que deseja obter, maior probabilidade
em alcançar o sucesso.
Podemos pedir que nos repitam com suas próprias palavras o que nos
ouviram dizer.
..• E.~Do
EV FÃL.E 1 f?<A ELE
~E A~ N=i>TÃ'Íl.
CDJSEC:.O.rJCb HAIS Sé
COI-'\t.N( c.A.g I ELE
-n<c:x:oJ A \-L>SSA-
~ De
céLVU>i?···
Ogrupo escolhe seu líder- ideias de Bion
Introdução
Hoje em dia, os gestores desejam se tornar líderes. Uma vontade adequada,
porém envolta em uma situação curiosa: é como tentar abandonar a tarefa de
gestão e administração e assumir outra posição. Independentemente do desejo
de liderar seu time, não é possível desprezar as funções de administração e
gerência, as quais não são sinônimos de liderança.
196
Ogrupo escolhe seu líder- ideias de Bion 197
Confesso que não enxergo as coisas dessa maneira. Sob minha ótica, um
líder competente é aquele que desenvolve sua equipe. Que os faz passar de
pessoas relativamente passivas para ativas; que opinam, participam, engajam-
se nos processos etc. E que, principalmente, permite brotar lideranças espon-
tâneas entre os membros de seu time.
Porém, como se fosse o outro lado de uma mesma moeda, o grupo também
é acometido de emoções intensas e de origem primitiva. Bion chamou esse
outro lado da moeda de "grupo de suposto básico".
Mentalidade grupal
A mentalidadegrupal é um dos conceitos de Bion. Quando um grupo adquire
unanimidade de pensamento e objetivo, ela transcende aos indivíduos. Um
bom exemplo para explicar esse conceito são as torcidas de times de futebo l.
Há uma enorme multidão revoltada com a derrota de seu time e que depreda
veículos na saída do estádio. Surpreso, você identifica um vizinho seu nas
imagens de televisão. Aquele suj eito tranquilo e pacífico chutando carros?
Ou seja, inserido dentro de grupo, o suj eito reage como o todo, moldando-se
à sua consciência grupal, mesmo que pense difereme.
Ogrupo escolhe seu líder- ideias de Bion 199
Dessa forma, os grupos são como uma moed a, qu e possui duas faces, tal
como o personagem Duas-caras, do filme Batman Eternamente . Uma voltada
à consecu ção dos seus obj etivos e outra regida p or impulsos dos seus mem-
bros, impulsos estes que se manifestariam qu ando se es tá reunido em um
conjunto de indivíduos.
200 Gestão de Help Desk e Service Desk
Certas vezes, não parece que seu time depende única e exclusiva mente
de você ou de um membro para realizar uma tarefa ou tomar uma decisão?
Espera ordens para iniciar tarefas que seriam banais a serem desenvolvidas!
Ao marcar uma reunião, precisar correr atrás de cada um? Qu ando algo pre-
cisa ser dito, sempre sobra para a mesma pessoa? E o time acaba aceitando a
sugestão do líder, sem avaliar a qualidade dessa ideia?
Convém destacar que inimigos podem ser objetos abstratos, como uma
nova id eia empurrada goela abaixo pela gerência superior, por exemplo.
Alguém (em nome do grupo) pode combater com veemência uma sugestão
de contratar um novo software com base em computação nas nuvens (cloud
computing), ainda que se essa se mostre muito superior às alternativas. E a
turma o apoiará nessa batalha.
Bion comentava que a aristocra cia seria esta imagem para o povo; esperar
que alguém aparecesse com as soluções dos probl emas.
Creio que se você coordena uma equipe reconhece essa situação. O time
acha que só melhoraria seu desempenho se tivesse recebido treinamento de
melhores práticas. E não realiza a mínima mobilização para melhorar a si-
tuação atual. Ou acredita na vinda de um consultor externo e que concentra
as esperanças de melhorias internas. Há um clima de euforia no grupo em
razão de uma "solução" que há de chegar.
202 Gestão de Help Desk e Service Desk
Comentários
É essencial entender que, enquanto um grupo tenta realizar seu trabalho, ele
é inundado por esses sentimentos e emoções, que Bion chamava, como visto,
de supostos básicos.
• "Eu nunca apresentei uma ideia e, quando sou convocado, todo mundo
ri dela ou despreza?"
Luiz Felipe Scolari é um técnico de futebol que trabalha com êxito nos
grupos sob o suposto básico de dependência. Em 2002, com a seleção brasi-
leira, venceu a Copa do Mundo, mostrando um estilo de "paizão" e chefe de
família, como era chamada a esquadra brasileira de futebol.
Ora, com o orgulho ferido e asfix iado, não foi por acaso que o povo alemão
apoiou um líder com espírito patriótico, nacionalista e que atendesse a seus
anseios (suposto básico de luta-e-fuga) para fugi r dessa opressão. O resto, os
livros de história mostram o que aconteceu.
e uma vaca. O policial desloca-se rápido ao local. Porém, ao chegar lá, o animal
mostra-se pacífico e tranquilo- como de hábiro. Isso fez concluir que não fa z
sentido matar o animal, até porque não se sente à vo ntade em aniquilar um
bicho menos perigoso do que uma vaca. Porém, duas mil pessoas revoltadas
reúnem-se atrás dele. Exigem sua ação por meio do rifle que carrega. E que
ele deve ser o responsável por esse ato. Não há dúvida do que deve fazer : tem
de matar o elefante. Apesar de ser a única autoridade presente e, também, a
única pessoa que porta um rifle grande, motivos pelos quais pode rejeitar a
ação, sente-se impotente para discordar da turba.
_VAI ~ MIM ,
[ M ELJ...\OR O
fJEr-Jf-PQ. ASSI~
E,. 'KEcoM-IECER
!=I QJvi.A. oo o
206 Gestão de Help Desk e Service Desk
John Medina, no livro Brain rules, cita (em uma tradu ção grosseira deste
autor) :
Multitarefas, quando se trata de prestar atenção, é um mito. O cérebro
na tu ralmente foca nos conceitos de maneira sequencial, um de cada vez. À
primeira vista isso pode soar confuso: em um nível o cérebro é multitarefa.
Você pode conversar e fa lar ao mesmo tempo. Seu cérebro controla a batida
de seu coração enqua nto você lê um li vro. Pian istas conseguem tocar uma
peça com as mãos direita e esq uerda de maneira simultânea. É claro que
isso é multitarefa. Mas eu estou falando de habilidades cerebrais que exigem
pres tar atenção. É o recurso que você utiliza quando tenta realizar a leitura
de um livro chato na escola. É a atividade q ue desconcentra seu cérebro e
você fica vaguea nd o du rante uma apresentação tediosa no trabalho. Essa
habilidade de atenção não é capaz de ser multitarefa.
207
208 Gestão de Help Desk e Service Desk
Uma boa técnica para realizar estudos em grupo é garantir o compromisso dos
participantes por meio de um método simples.
Uma das formas de capacitar sua equipe é sugerir a leitura de livros cujo
conteúdo seja importante ao suporte técnico. E, mais tarde, reuni r as pes-
soas para realizarem digressões sobre o te ma lido. A grande vantagem é qu e
múltiplas cabeças geram uma diversidade de interpretações e visões. Dessa
forma, o grupo explora oportunidades que não seriam imaginadas caso o
texto fosse estudado por apenas um elemento.
209
210 Gestão de Help Desk e Service Desk
Segundo ele, a maioria das pessoas não gosta de ler. Por isso, recomenda uma
técnica que denominou "método da cumbuca'; o qual envolve alguns passos:
• Reunir-se com as pessoas em uma sala onde haja uma cumbuca. Dentro
dela, papéis com o nome de cada participante.
• Caso a pessoa selecionada não tenha lido, a reunião está cancelada. Nada
de aceitar outro nome. Trata-se de uma questão de comprometimento.
Claro, antes de tudo, esse método pressupõe que o gestor dedica parte
do tempo de trabalho de seu time à capacitação deste, que é o objetivo do
método. Sem uma visão de desenvolvimento de seus subordinados, a equipe
mantém-se em uma espécie de infância, sem a oportunidade de crescimento
e apropriação de responsabilidades. Finalmente, angaria os respectivos frutos.
A seleção dos temas pode também ser debatida entre os presentes1 para
não ficar eternamente a cargo do gestor. Uma semana é um bom prazo para
a leitura de pequenos artigos ou capítulos.
Estudo em grupo, dedicação e comprometimento 211
Quero registrar que tal ideia é muito bem aproveitada na empresa Penso
Informática. Seu líder, Thiago Madeira de Lima, seleciona um livro junto com
se us coordenadores e semanalmente, após o horário de expedi ente, discutem
um determinado capítulo que foi previamente estudado por todos. E valem
as regras estipuladas por Vicente Falconi.
Falta de empatia sabota departamento
Todo mundo sabe o que é empatia, mas a prática é diferente da teoria quando
se torna necessário demonstrá-la.
212
Falta de empatia sabota departamento 213
Momento da verdade
jan Carlzon, em seu histórico A hora da verdade, explica:
ASAS é "criada" 50 milhões de vezes por ano nas mentes de nossos clientes
por 15 segundos de ca da vez. Estes 50 milhões de "m om entos da verdade"
são o que basicamente determinam se aSAS será bem-sucedida ou fa lhará
como empresa. São momentos em que precisamos provar a nossos clientes
que a SAS é a melhor alternativa.
No instante em que acontece a relação direta com o cliente este sair frus-
trado com o resultado desse atendimento.
Um exemplo:
Exercitando empatia
Entenda o problema por meio de um típico exercício de din âmica de grupo.
Dado o diálogo entre usuário e técnico, como reescrever a resposta deste
último para demonstrar empatia e evitar que pareça mecânica e provinda de
um sistema computadorizado?
Solidariedade
Um tropeço habitual dos técnicos que desejam expressar empatia é escorregar
para a solidariedade. Que significa se identificar e até mesmo se envolver com
as emoções do outro:
• "Falei para comprarem mais memória para nosso servidor. Não com-
praram e agora todos os sistemas estão bem lentos, inclusive o seu."
Ah, sim. Você gostaria de conhecer uma boa alternativa ao di álogo ante-
rior? Ela seria assim:
216 Gestão de Help Desk e Service Desk
Atendente: "Nossa, sinto muito por essa situação. Sei bem como é ficar sem
enviar e-mails ou perder fotografias de momentos importantes. Deixe-me
realizar algumas perguntas e indicar procedimentos a realizar."
Uma nova geração de profissionais chega ao mercado com valores muito diferentes
das outras. Conheça-os para aproveitar ao máximo o potencial dela e reduzir os
conflitos entre gerações.
Mesmo que você pertença à nova geração (nascidos após 1980), seus
professores provavelmente foram da anterior, cuj os va lores e princípios eram
diferentes. Meu querido leitor, se você pertence à geração anterior, é tempo
de se reciclar e aceitar um jeito diferente de ser e trabalhar.
Mas, para nosso es tudo, de suporte técnico, ouuas coortes nos interes-
sam mais. São as classificadas pelos nomes de Baby Boomers , Geração X e
Geração Y
Baby Boomers
Essa geração de pessoas agrega, conforme escrevi, as nascidas após a Segunda
Guerra Mundial. Insegura e impaciente, essa coorte realizou grandes mu-
danças na sociedade de sua época. Conquistou o direito à liberdade de ir e
vir; foi a primeira a ter em sua s mãos a chave de casa e também a alcançar o
direito de ser jovem, de manter um young lifestyle.
Geração X
É a geração seguinte à Baby Boomers e caracteriza-se pelas pessoas nascidas
nas décadas de 1960 e 1970 (como esse escritor). Aproveitaram-se dos direitos
conquistados pela geração anterior e batalharam ainda mais. Seus quartos
converteram-se em territórios privativos e individuais. Caracterizou-se como
uma juventude altamente competitiva.
Geração V
Nasceram após a Geração X. Engloba as pessoas nascidas depois de 1980.
Também conhecidas como Millenials, Geração Digital ou da Internet.
Características
Uma de suas facetas marcantes é o fato de permanecerem conectados ao meio
digital (quase) o tempo inteiro. Mas não é só, conforme comentei no início
do capítulo, pois engloba aspectos que envolvem comportamentos sociais.
[... ] No entanto, mensagens do tipo "você pode ser o que quiser" e "você
é um vencedor" foram transmitidas sem os benefícios d a experiência de
vida e uma base de vitórias, humildade e ca pacidade de aprender com os
erros realmente conquista.
Essa mrma tem uma conturbad a gestão do espaço privad o. Isso porque os
pais passam a acompanhá-la em entrevistas de emprego e até d arem palpites
nas coisas que acontecem no serviço. Os contatos entre pais e funcionários
da Geração Y são encarados com naturalidade (mesmo que isso perturbe a
concentração na tarefa durante um atendimento de supor te técnico). A Gera-
ção Y vive um período m aior na casa dos pais, sendo normal permanecer até
os trinta anos ou m ais. O que dificulta, em parte, assumir responsabilidades.
Porque os pais estão próximos e geralmente resolvem muito dos seus pro-
blemas, essa geração espera o mesmo de seus supervisores: que resolvam os
seus problemas. E, dependendo do relacionamento, até mesmo das questões
pessoais. Há uma clara transferência (termo psicanalítico) do funcionário ao
supervisor, enxergando neste uma continuação da figura paterna ou materna.
Motivação
Na sua infância , essa geração foi constantemente incentivada, elogiada,
protegida e paparicada pelos pais. Esse excesso de proteção gerou distorções
complicadas em seu amadurecimento pessoal, como ausência de responsa-
bilidad e e até realização de crimes, como na recente história do Brasil, onde
índios e mendigos foram queimados por simples pirraça e "diversão" de
grupos de jovens.
Comunicação
Essa é uma geração que nasceu dentro da tecnologia. Não há necessidade de
explicar o que a tecnologia é. Ninguém explica a uma criança o que é o ar.
Tampouco explicar a um peixe sobre a água em que ele flutua. A Geração Y
nasceu dentro do mundo digital. Celulares e MSN são guelras ou nadadeiras
da Geração Y
Dizem que cada ano de tecnologia equivale a dez anos de vida normal. O
impacto é estrondoso. Se, para minha geração, o e-mail foi a liberação do fax,
car tas e correios e fotocópias, surpreendentemente a Geração Y nem utiliza
mais e-mail. O estilo de comun icação varia de geração a geração e sempre
costuma gerar mal-entendidos. A Geração Y troca mensagens diretas via
AGeração V 223
Por outro lado, essa habilid ade digital proporciona grande capacidade
de interagir rapidamente com red es sociais para prestar suporte. Ou seja,
é preciso analisar pelo pomo for te, vendo com o tal característica- que não
224 Gestão de Help Desk e Service Desk
Ética profissional
Aqui os piores conflitos geracionais se apresentam.
Geraçlo X 6era~ãoY
Por outro lado, é uma geração qu e tem dificuld ades em aceitar críticas
e assumir responsabilid ades pelos seus atos. N a verdade, ela espera que
as empresas se ad ap tem às suas necessidades em vez de se ad aptarem às
AGeração Y 225
Regras e comportamentos
Os psicólogos e educadores ambientaram-se rapidamente a um novo contexto:
a fase de desenvolvimento de identidade do indivíduo tornou-se mais longa
entre a adolescência e a idade adulta.
Pequeno epílogo
As três gerações convivem no ambiente profissional. Mas convém salientar
que no ano de 2010 a quantidade de pessoas da Geração Yultrapassou todas
as outras acumuladas.
Você precisa aceitar um jeito diferente (ou igual?) de proceder. Uma das
maiores dificu ldades é o imediatismo. Tanto do lado do usuário que deseja -
como sempre- a solução "agora" do seu problema quanto dos técnicos que
não conseguem se concen trar durante meia hora em determinado projeto
sem consultar o smartphone, os e-mails, os instrumentos de redes sociais etc.
a respeitá-lo não porque é chefe, mas porque merece (espero que mereça '),
enfrentam desafios (do jeito deles) e assim p or diante.
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Comunicação escrita
Até mesmo o próprio suporte técnico (pergunte ao seu time) prefere que o
usuário registre suas questões em sistemas WEB, descongestionando a central
de atendimento telefônico.
227
228 Gestãode Help Desk e Service Desk
Um exemplo
Dada uma frase "Este alu no disse o professor é um incompetente'; a pontuação
pode transformá-la em:
• Manter a simplicidade.
• Adotar como norma a ordem direta, por ser esta que conduz o leitor
mais facilmente à essência do texto.
Tudo custa tempo. Recursos. Você simplesmente delega esse assumo aos
Recursos Humanos ou a empresas externas de treinamento ou, com alguma
coragem , entabula pequ enas iniciativas que produzam resultados.
Blog internos
Incentive os técnicos a dedicarem parte do dia escrevendo artigos sobre suas
especialidades. No empenho da elaboração, acabarão por buscar um texto
melhor acabado. Além do mais, essa ação pode fazer com que compartilhem
conhecimentos e interajam com os outros, incrementando a qu alidade da
solução e conhecimento do time em geral.
Campeonato de sinônimos
Vence aquele que conseguir apresentar maior quantidade de sinônimos para
certa palavra. Essa disputa vai além da ortografia e busca expandir o reper-
tório de expressões dos participantes.
Mas antes de sugerir alguns exercícios, quero apresentar uma pessoa impor-
tante. Edgar Dale foi um educador norte-americano que, co mo consequência
de suas pesquisas na área de ensino, idealizou o "Cone da Experiência'; logo
tra nsformado em um irmão mais famoso ch amado "Cone de Aprendizado"
232
Exercícios de dinâmica de grupos 233
1
Independentemente das controvérsias sobre suas origens e porcentuais,
o significado que ele traz é que a retenção de experiências (ou conhecimen-
to) pode ser incrementada conforme o engajamento do aluno no processo
de aprendi zado. Por exemplo, apenas ler um tex to traz pouca capacidade de
retenção em comparação a executar alguma tarefa relativa ao conteúdo.
Nossa experiência mostra que ler uma revista sobre fazer churrasco é uma
coisa, mas realizá-lo, acertar a quantidade de sal grosso, a proximidade do
fogo, a largura da churrasqueira e o modo de espetar a carne, entre tantas
outras variáveis geram novos conhecimentos, fazendo com que- na práti-
ca - a absorção das habilidades seja muito maior do que apenas na lei tura.
Diante dessa constatação, muitas empresas fazem com que seus aprendizes
vivenciem o conhecimento indo, por exemplo, para campo no qual poderão
se instruir diretamente. São os novos gestores de produção que literalmente
põem o pé no chão de fábrica para compreender como funciona na realidade.
Outra forma parecida, mas agora laboratorial, são os exercícios de dinâmica
de grupo, os quais permitem fazer com que a efetividade do aprendizado
aumente muito.
Jogos
Jogos corporativos são similares aos exercícios de dinâmica de grupo, podendo
ser mais extensos- envolvendo vários dias, por exemplo, como uma gincana
-ou simples, mas também poderosos. São disparados ou inaugurados por
meio de um exercício ou proposta que traz à tona sentimentos reprimidos.
6. Não controlar os debates. O que surgir no grupo pode ser muito útil
para compreender seus anseios, aflições e questionamentos. E, aind a
que o exercício busque determinado objetivo, permitir ao grupo lidar
com outras questões pode ser muito útiL
236 Gestão de Help Desk e Service Desk
7. Uma boa dica é nunca usar exercícios que sejam do cotidiano profissio-
nal. Se for de outra área, os técnicos sentem-se mais livres para realizar
e depois debater.
Exercícios
Resumo
Utilizar o tradicional telegrama sem fio é um bom método para disparar
debates sobre a importância de registrar e compartilhar as solu ções já identi-
ficadas de problemas. Ou anotar com detalhes informações de um incidente.
Ou processos de implantação de sistemas que não ficam bem documentados
e que podem causar confusão mais adiante.
Como aplicar
Solicitar que quatro participantes saiam da sala. Entregar a um deles que
ficou na sala uma ficha com um texto. Pedir para ler silenciosamente. Soli-
citar que o primeiro participante entre na sala e que aquele que leu a ficha
cochiche o recado ao pé do ouvido, sem que os outros ouçam. Realizar esse
procedimento sucessivamente até o último panicipanre, que deverá falar em
voz alta a mensagem que lhe chegou.
Sugestãode texto
Vou sair de férias de 15 de janeiro a 15 de fevereiro e gostaria de trocar a en-
trega do meu jornal. Creio que o exemplar de domingo pode ser entregue no
sábado à noite para o pessoal da portaria durante a minha ausência.
Exercícios de dinâmica de grupos 237
Resumo
Como aplicar
Dividir o grupo em duplas e pedir para que reescrevam as respos tas dos
técnicos anotad as em "Suges tão de diálogos'~ Oferecer um tempo para isso e
depois escutar o retorno que cada dupla oferecia. Debater.
Sugestão de diálogos
"Meucomputador pegou um vírus da internet que apagoutodos os dados.Temcomo
Usuário
me ajudar para fazê-lo funcionar novamente e, quem sabe, recuperar os dados?"
Atendente "Claro, senhor. Deixe-me fazeralgu mas perguntas sobre o que acontece.. :·
"Quebrei a perna e não poderei ir ao show da sexta-fei ra. Tenho como troca r meus
Usuário
ingressos para daqui a duas semanas?"
Atendente "Senhor, me informe o código dos ingressos que verei o que é possível fazer:'
"Estou sem meu carro há três dias, pois bati e deixei-oaí para orçamento. Vocês já
Usuário
podem me dizero valor?"
Atendente "Senhor, informe o número da placa do veículo que buscarei no sistema:'
238 Gestão de Help Desk e Service Desk
Resumo
Como aplicar
Cabo de guerra
Resumo
Como aplicar
Dividir a turma em duas e colocar o grupo nas pontas de uma corda. Ganha
aquele grupo que consegue trazer o outro para o seu lado do risco. Ao final ,
convidar para o debate, o que aconteceu e realizar analogias com o cotidiano.
Exercícios de dinâmica de grupos 239
Resumo
Como aplicar
Faça com que um dos participantes seja o chefe e outro, o funcionário. Esse
último cometeu um erro grave. Peça para realizarem um diálogo com base
no problema acontecido.
240
·Avida não é justa
Não espere justiça da vida. Assim como ela nos prega peças, também oferece
oportunidades. Foque-se nelas.
Com vinte anos de idade ele fora promovido a gerente de suporte técnico
em uma empresa que operava um mainframe IBM. Supervisionava cinco
funcionários no departamento que mantinha programas e equipamentos
funcionando vinte e quatro horas por dia.
241
242 Gestão de Help Desk e Service Desk
Infelizmente, tais situ ações são normais na vida real e, às vezes, escapam
de nossa compreensão momentânea.
Tempos depois, nosso personagem descobriu que o gestor de informática
que lhe contratara - também demitido - comandava uma informatização
acelerada na empresa e tal procedimento não era visto com bons olhos, pois
conflitava com a cultura corporativa da organização.
Seu sucessor exigiu que todos os cargos de confiança fossem disponibili-
zados para que colocasse neles as suas pessoas, buscando evitar sabotagens.
Paranoico, mas compreensível.
Aprendizado
A mensagem é simples: cuide de sua carreira!
Este não é um livro de autoajuda, mas pode lhe passar algumas boas
recomendações.
Não espere que a empresa desenvolva a sua carreira. Os tempos em que as
firmas realizavam tal atividade passaram. Não dispense treinamentos, cursos
e desenvolvimento oferecidos por ela. Mas não fique apenas esperando.
Sacrifique parte de seu tempo de lazer estudando, de maneira formal ou
informal. Principalmente no início da profissão. Visite amigos e colegas de
profissão. Participe de listas de discussão e comunidades temáticas. Crie e se
engaj e em grupos de estudos.
Mais : durante o cotidiano, não se lamente. Sua equipe é pequena? O orça-
mento está curto? Os treinamentos não vão acontecer? Lide com a realidade
da melhor maneira possível.
Uma atitude é batalhar para melhorar e, periodicamente, alca nçar sucesso.
Outra forma de proceder é colocar-se prostrado, derrotado e entregue. Nesse
segund o comportamento, você será demitido ou perderá negócios. Talvez seja
até bom à sua carreira, pois terá a chance de mudar para outro emprego no
qual sentirá mais motivação, rendendo melhor do que na antiga atividade.
Ah, sobre o nosso personagem: dois meses depois da demissão, uma
multinacional de software, a segund a maior do mundo, contratou-o como
funcionário. Um salto considerável na carreira. Oportunidade que talvez
nunca acontecesse caso tivesse permanecido na antiga companhia.
E sim, era eu, Roberto Cohen.
Avida nãoé justa 243
Resumo
Não esrou recomendando que aceite as coisas como elas são, ou mostre-se
conivente com as injustiças sociais, econômicas e ou tras formas que existem.
Muita antes pelo contrário.
Minha convocação é que não fiqu e prostrado ao ver que um colega foi
promovido e você não. Ou eternamente aborrecido porque foi desligado e,
sob sua ótica, injustamente. Muitas vezes, as empresas precisam cortar gastos,
e isso inclui dispensar recursos humanos.
É exatamente por tal motivo que não podemos ficar parados e devemos
ir à luta. Crescer profissionalmente. Enfrentar as agruras e não se acomodar.
Um período de depressão é natural, mas nada de deixar as novas oportuni-
dades esca parem.
Vale uma frase escrita por Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci, no livro
de dupla autoria chamado A vida que vale a pena ser vivida:
Se o teto desabou por causa das enchentes, só há nesse relato um erro a
lamenta r. A crença de que isso não fosse acontecer. Portanto, pare de culpar
o mundo. Assuma sua parte da tristeza. Porque o mundo, esse, é o que é. E,
por mais que você faça, ainda será mais fáci l corrigir-se do qu e adequá-lo
a você. Porque se todo o infortúnio depende de você e do mundo, por que
não começar pelo que está mais na mão?
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Assuma responsabilidades, seja alguém
244
Assuma responsabilidades, seja alguém 245
Meu aprendizado sugere que você siga o exemplo de meu pai: não fuja de
responsabilidades. Ao contrário. Candidate-se a novas tarefas, postos ou projetos
especiais. É como diz o ditado popular: "Pinto que não bica não sai da casca."
Você se tornará cada vez mais útil e importan te à sua empresa. E o re-
conhecimento virá ao natural. Nossa vida é responsabilidade nossa, e não
podemos culpar ninguém pelas condições em que vivemos. Mas quanto
246 Gestão de Help Desk e Service Desk
Quando uma porta se fecha, outra se abre. Mas muitas vezes nós ficamos olhando tan-
to tempo, tristes, para a porta fechada que nem notamos que se abriu outra para nós.
Não tenho dúvida que, por exemplo, quando fui demitido pela primeira e
única vez, praguejei e resmunguei como nunca. Chorei e permaneci indignado
por um bom tempo. Porém, toda mudança (ainda que ruim) precisa ser aceita e
elaborada. Até porque a vida é como uma bicicleta: não podemos parar de pedalar.
Dizem que foi Platão quem exclamou que "a necessidade é a mãe da in-
venção." Quando você está desempregado ou com poucos recursos, tem duas
opções: entregar-se (e geralmente essa entrega descamba na criminalidade
ou na prostração) ou buscar forças em seu ínfimo esconderijo mental para
seguir lutando.
Meu amigo gestor, seja em seu plano pessoal, seja em seu plano profissio-
nal, não desista. Algumas vezes, uma demissão pode ajudá-lo a reajustar sua
carreira e, até mesmo, apresentar-lhe opções melhores que você não veria caso
estivesse acomodado em uma função que até talvez não gos tasse.
Abra seus olhos. Levante a cabeça. Siga em frente. Atrás vem gente. E você
tem de ir à frente.
Faça oseu melhor
Descubra seus pomos fones e dedique seu tempo e recursos para aprimorá-los,
abandonando a ideia de amenizar seus pontos fracos.
Prezado gerente, no que você é bom? Que tal aproveitar essa qualidade
(ou qualidades), aprimorá-la ainda mais e manter colaboradores ao seu redor
para suprir aquelas declaradamente que são as suas deficiências?
E começo por mim. Durante muitos anos de profissão, tentei "tapar meus
furos'; procurando me aperfeiçoar em gestão financeira , em marketing e várias
outras áreas nas quais me achava pouco proficiente. Então, depois de alguns
249
250 Gestão de Help Desk e Service Desk
Um sonho possível
Um sonho possível é o título do filme no qual Sandra Bullock recebeu um
Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em março de 2010. E
antes, por sua atuação no mesmo filme, o Globo de Ouro por seu desempenho.
Afora o desejo de Hollywood de ganhar milhões com filmes melodramáti-
cos, a narrativa apresenta d a no filme é uma história real. E muito aderente à
mensagem deste capítulo.
Tudo começa a mudar em sua vida quando sua nova mãe adotiva, vinda
de uma família rica - Sandra Bullock - ,depois de vários insucessos em ten-
tar desenvolvê-lo no es tudo, encontra o caminho da motivação e do sucesso
para Big Mike. O ramo dos esportes, no qual ele transforma a disposição de
proteção em uma vantagem esportiva.
Ou seja: investiu naquilo que ele fazia melhor: proteger. E obteve sucesso.
Em vez de gastar boa parte de sua vida dedicando-se a es tudar disciplinas- o
Faça o seu melhor 251
[ ... ]
Charlie Chaplin
Começo es te capítulo com uma recomendação a você para assistir ao filme
Tempos Modernos, de Charlie Chaplin. Essa foi a última obra cinematográfica
muda rea lizada pelo célebre diretor e ator. Trata-se de uma crítica à moder-
nidade e ao capitalismo. Filmado em 1930, contém uma cena que apresento
repetidas vezes nos trei namentos de gestão:
Na linha de produção, Carlitos aperta parafusos numa estei ra. De forma
monótona e repetidas vezes. Distraído, cai na esteira e segue aparafusando
entre as engrenagens do enorme equipamento. Resga tado do interior da
máq uina , volta à esteira. A repetir o mesmo processo de sempre. Porém, em
terminado momento, uma secretária passa e, afixados na parte de trás de
sua saia, botões que lembram cabeças de parafusos. E nosso personagem
corre atrás dela para atarraxá-los. Detém-se somente quando visualiza um
hidrante com parafusos.
253
254 Gestão de Help Desk e Service Desk
Então, peço que arrisquem uma analogia das avaliações com as suas pró-
prias vidas profissionais. Silêncio sepulcral. Foram pegos em um pequeno
ardil. De uso benéfico, esclareço. Eles também são como Carlitos.
Pedro Mandelli
Os gestores caem na rotina.
E pior: nunca tem tempo para se aperfeiçoar (leia noutro capítulo como
um gerente de atendimento não liberou seus supervisores para treinamento
porque eles são "insubstituíveis").
Só esse geren te pode fazer isso. Ou, pelo menos, é o que pensa.
Mas o que Julio explica é que uma equipe sem poder de decisão (ao me-
nos para aprender e se arriscar em hipóteses) se infantiliza com rapidez. Seus
integrantes viram anões.
Diz Júlio:
Caso a Síndrome de Branca de Neve seja diagnosticada em sua empresa ,
não titubeie um segundo. Feche a creche e deixe os anões crescerem.
[.. .] Isso é bom porque, quando alguém se elege a única pessoa competente
dentro de uma empresa , todos os raios numa área de 100 km vão estourar
sem pre na sua cabeça . É, não existe cabeça que aguente isso por muito
tempo.
Explicou-me que no seu Service Desk o ato de reinicializar senhas era uma
tarefa exclusiva do gerente, pois este afirmava que tal ação envolvia aspectos
de segurança muito importantes.
Tempos depois, mudei de ideia sobre o livro. Confesso. Você pode examinar
a obra com certo desdém como eu fiz. Achar que é psicologia de autoajuda.
Mas não é. E, mesmo que seja, tem poder de impacto. Trata-se de uma fábula ,
uma pequena história que transmite de forma indireta uma mensagem pode-
rosa. Rumin e-a em seu interior até que algum evento em especial traga à tona
esse pensamento reprimido e o desperte a um novo comportamento. Qual?
Mas quando?
Mas como você fará isso se continua de cabeça baixa, teclando e sem perceber
tais mud anças?
Elas exigem que você seja um gestor! Mudar é complicado. Mas isso so-
mente se você realmente qu iser. Se você está feli z com sua carreira técnica
e não com a de gestor, melhor pensar duas vezes se vale a pena permanecer
como gerente ou talvez buscar um emprego em outro lugar.
Penso Tecnologia
É com base nesse segundo parágrafo de Ducker que desejo descrever uma
experiência nacional.
Ensine para aprender 261
Preciso afirmar que tenho seguido tais princípios. Em cada curso a gestores
de suporte técnico que ministro, aprendo um p ouco mais. Sou aprese ntado a
264 Gestão de Help Desk e Service Desk
Gestor, ensine. Além de fazer com que sua equipe ganhe competência,
liberando-a para atividades mais nobres, ao final, você ainda saberá mais
sobre o conteúdo original.
Tacocracia -a pressa glorificada
Essa tecnologia, às vezes, é uma falsa amiga. Mesmo quando nos economiza
tempo, gera uma nova série de deveres e desejos, como atualizar a versão do
antivírus toda semana; fa zer cópia de segurança periodicamente; comprar o
modelo mais moderno do iPhone para evitar ficar defasado.
265
266 Gestão de Help Desk e Service Desk
O leporídeo exclama continuamente: '1\i, ai! Ai, ai! Vou chegar atrasado
demais!"Em seu bolso, um cronômetro gigante sempre a alertar do tempo.
Todo gerente vive sufocado por suas demandas e atividades. Sua própria
estação de trabalho mos tra suas tentativas em tornar-se mais eficiente com o
tempo. Utiliza duas telas de computador em sua frente. Na área de trabalho,
existemgadgets do Windows ou Google exibindo relógios, entre outras coisas.
E smartphones. E, em uma estimativa conservadora, dois aparelhos de telefonia
celular (e outro de comunicação via rádio, claro).
Pensar!!
E o resultado? Eles não têm tempo para aprender, para crescerem profissio-
nalmente. Rarameme se encontram com colegas de profissão para discutirem
problem as comuns. E o serviço de suporte mantém-se estagnado.
268 Gestão de Help Desk e Service Desk
Mas a cópia não pode ser feita de maneira automática. Porque, como você
leu (leu?) na introdução deste livro, Clóvis de Barros Filho explica que cada
ser humano é distinto do outro. E vale o mesmo para empresas e departa-
mentos de suporte. A cu ltura organizacional pode ser totalmente diferente
(uma empresa formal versus outra totalmente informal), o mercado de atuação
mostrar-se distinto (competitivo versus monopólio), o parque de máquinas
não é semelhante, os usuários bem ou mal treinados. Até o jeitão do chefe
pode impedir que algo que lá na outra empresa funcionou aqui não tenha a
mínima chance de implementação. É infindável a variedade de características
diferentes entre os ambientes.
Devagar
Tempo. Tempo. Você quer sentir a premência por efi ciência e como as pesso-
as impregnadas desse espírito não conseguem ficar paradas, simplesmente
pensando, meditand o ou contemplando o mund o? Na próxima vez que for
ao aeropor to, faça uma rápida observação na sala de espera para embarque:
Tacocracia - a pressa glorificada 269
Essa maluquice por sermos mais eficientes gera situações, no mínimo, en-
graçadas. Ela ocasiona, em certos momentos, que todos os incidentes dentro
do suporte técn ico têm prioridade máxima. Na verdade, nenhum deles tem
prioridade, pois, se ela serve exatamente para diferenciar aqueles que são
importantes e merecem mais atenção e todos estão no máximo, nenhum
se diferencia dos outros. Quando todo mundo opta pela alternativa mais
rápida, a vantagem de andar depressa desaparece, obrigando todos a irem
ainda mais depressa.
Taylor, Taylor
Em outro capítulo (Taylorismo nos centros de suporte), comentei sobre Fre-
derick Taylor. E, apesar de ele ter fundado a administração científica e suas
ideias estarem um pouco ultrapassadas, a busca exagerada pela eficiência-
iniciada por ele- ainda nos persegue. E agora não mais apenas no ambiente
profissional, mas no pessoal também.
Estamos plenamente acelerados. Ou você nega que sua vida não parece
com esta apresentada em Devagar, por Carl Honoré:
Esta análíse parece ainda mais verdadeira hoj e, quando o mundo inteiro
é uma loj a, e todos os homens e mulheres, simples compradores. Tema dos
e provocados a ca da passo, passamos a querer fazer cursos de arte, malhar
em academias de ginástica , ler o jornal e rodos os livros da lista de best-
sellers, sair para jantar com os amigos, frequentar clubes, praticar esportes,
270 Gestãode Help Desk e Service Desk
ver televisão durante horas, ouvir música, passar tempo com a família ,
comprar todas as novidades da moda, ir ao cinema, desfrutar de intimidade
e de um sexo maravilhoso com nossos parceiros, passar férias em lugares
exóticos e talvez até mesmo fazer alguma coisa útil como voluntário. O
resultado é uma desgastante disparidade entre o que queremos da vida
e o que realisticamente podemos ter, o que aumenta a sensação de que o
tempo nunca é suficiente.
Quando você está apressa do para completar uma ação, mas sente-se
misteriosamente bloqueado, o ciclo sugere alternativas para um esforço
maior. A probabilidade é que você precisa despender mais tempo numa
das outras fases. As pessoas que usam a roda (de aprendizado) reconhecem
que aprendem mais rápido qu ando se movem devagar - quando estão
mais reflexivas e usa m o tempo não apenas para reagir momemaneameme,
mas para tentar entender mais profundamente o que está ocorrendo no
momento. Se você despende apenas alguns minutos reflexionado, poderia
passa r dias implementando- não tanto para corrigir erros, mas reprojetar
no meio da ação.
Mas não se deixe absorver nessa correria cotidiana que, ao final da semana,
consumiu cinco dias de sua curta vida.
Gorilas no gerenciamento de problemas
272
Gorilas no gerenciamento de problemas 273
[... ]
[ ... ]
Não há por que desmerecer aqueles ourros colegas que também se en-
volvem no gerenciamento de problemas e realizam o controle da vida do
problema ou do erro conhecido. Desde o seu surgimento, quantos incidentes
estão envolvidos, se algum está esquecido etc. Todas as responsabilidades no
ciclo de vida.
Porém, é inegável que a parte nobre e que não pode ser automatizada é
a que exige criarividade e imaginação. Para enconrrar saídas, associações e
insights que ajudem a colocar o serviço novamen te no patamar anterior ou,
pelo menos, fazê-lo funcionar (ainda que capenga, mas funcionando).
• Uma vida regra da por exercícios fís icos periódicos geralmente demons-
tra uma surpreendente elevação no desempenho cognitivo.
276
Exercício físico tonifica seu cérebro! 277
Quando alguém realiza exercícios físicos, faz com que o sangue chegue
ao cérebro carregando a glicose (substância que constitui a principal fonte
de energia aos organismos vivos) para produzir energia e oxigênio, quere-
movem os elétrons que sobram. Também estimula as proteí nas, que mantêm
os neurônios conectados.
Mas conheça seus limites. Convém registrar o que escreve Drauzio Varella,
em sua crôni ca A preguiça humana , do livro A teoria das j anelas Quebradas:
O exercício fí sico va i contra a natureza hum ana. [...) A preguiça de
movimen tar o corpo não é privilégio de nossa espécie: nen hum animal
adulto gasta energia à toa. No zoológico, você jamais encontrará uma
onça dando um pique aeróbico, um gorila levantando peso, uma girafa
galopando para melhorar a forma física. A escassez milenar de alimentos
levou os animais a ado rar a estratégia de redu zir ao mínimo o desperdício
energético.
[... ]
[ ... )
Ou você encara a atividade fís ica com disciplina militar ou não vai dar certo.
Se puder, tenha cer teza que deixar a preguiça de lado trará bons resultados
intelectuais em curtíssimo prazo!
Se você deseja ter uma boa memória , é preciso exercitar as sinapses das
células nervosas. A falta de uso dessas células aca ba atrofiando as sinapses,
o que leva à perda paulatina de memória. Por outro lado, seu uso periódico
favorece o desenvolvimento destas e sua manutenção.
Esse cientista indica uma forma para manter sua memória "na ponta dos
cascos'~ A melhor recomendação, segundo Iván, é ler, ler e ler. Veja um excerto
do livro A arte de esquecer e compreenda por quê:
Exercício físico tonifica seu cérebro! 279
Esse cientista indica uma forma para manter sua memória "na ponta
dos cascos'~ A melhor recomendação, segundo Iván, é ler, ler e ler.
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6,~ sJ;b ~\S [)E. 2oo
~5 í?A 2.AÇ>1Af2···
VFO.!
Epílogo
280
Apêndices
Perfil de competências
282
Exercícios de dinâmica para a seleção de
colaboradores
Entregue uma folha para cada participante. Peça que leia com cuidado e
marque as opções individuais conforme orientação do texto (5 minutos).
Após, monte pequenos grupos e peça para que cheguem a um consenso (10
minutos). Finalmente, o grupo inteiro se reúne e precisa também chegar a
um consenso (10 minutos). Se não houver concordância, estimule o debate,
mas o que o grupo considerar mais adequado. Não existe certo ou errado.
Ocaso
Você e alguns companheiros de trabalho (superiores, colegas e subordinados)
foram convidados a visitar uma grande empresa no Chile.
Lista
Objetos Escolha individual Escolha grupal
Par deóculos escurospara ca da pessoa
Lanterna com 4 pilhas
Carta aérea da região
Canivete
Bússola magnética
Capa de chuva (grande)
Caixa de primeirossocorros
Paraquedas(vermelho ebranco)
41itrosde vodka
1 litro de águapor pessoa
Pistola carregada
Frasco comtabletesde sal
Coleção: os animaiscomestíveis do deserto
Espelho de bolsa
Sobretudo por pessoa
Abrigo
Imagine qu e a cidade es tá em ameaça de um bombardeio aéreo. Aproxima-se
um homem e solicita uma decisão im ediata. Existe um abrigo subterrâneo
que só pode acomodar seis pessoas. Há doze que pretendem en trar. Leia a
relação das doze pessoas interessadas em entrar no abrigo. Faça sua escolha,
destacand o apenas seis.
Ocaso da ponte
João era casado com Maria e se amavam.
Depois de um tempo, João começou a chegar cada vez mais tarde em casa.
Ela, então, procurou um amigo. Este foi com ela até a ponte, mas se aco-
vardou diante do bandido e não teve coragem de enfrentá-lo.
A
Admi nistração moderna Indicadores de desempenho 42
Peter Drucker 29 Alice e o Ga to de Chesire 43
Análi se Base Zero 137 Conceito 42
Painel de indicadores 53
8 Roteiro básico 45
Brainsrorming 184 Terminologia básica 47
Tipos
c Acessos direto a outros níveis de
atendimento 73
Char on-line Contatos que são requisições de
Problema 207 serviço 75
Comandante Rolim 125 Incidentes direcionados incor-
Comunicação retamente 67
Empatia 212 Incidentes malclassificados 72
Escrita 227 Incidentes resolvidos no prazo
Não violenta 188 combinado 68
Incidentes resolvidos no primei-
Cu ltura organizacional 79
ro atendimento 64
Charles Handy 86 Satisfação do cl iente 74
Edgar Schein 82 Tempo médio de confirmação
pelo Nível 2 70
D Tempo médio de conversação
se m escalação 66
Di nâmica de grupos
Tempo médio para resolver
Exercícios 232
incidentes 71
E M
Engenharia social 130 Memória
Estilo de gestão 106
Iván Izqu ierdo 278
Triângu lo de Mintzberg 107 Metas 39
Execução 92 Métricas
Larry Bossidy e Ram Charam 96 Características básicas 58
Lawrence Hrebiniak 93
Ca racterísticas SMART 58
Programa de métricas 49
G Missão 38
Geração Y 217 Mudanças de hábiros
Ba by Boomers 218 Branca de Neve 255
Características 220 Charlie Chaplin 253
Geração X 219 Pedro Mandell i 254
Gerenciamento de problemas Quem mexeu no meu queij o? 257
Gor ilas 272 Todo departamento é uma empresa 24
292 Gestão de Help Desk e Service Desk
N Tipos de suporte
Nível1 de atendimento 101 Suporte externo 25
Suporte Interno 24
o u
O grupo escolhe seu líd er 196
O Senhor das Moscas 204 Usuário não é amigo 145
Suposto básico de acasalamento 201
Suposto básico de dependência 200 v
Suposto básico de luta-e-fuga 200 Va lor
Conceito 32
p Criar va lor 30
Pesqu isa Nacional sobre Gestores de Desempenho na entrega 34
Help Desk, Service Desk e Su- Disponibilidade de informática 32
porte Técnico 16 Gerar cobranças do IPTU 33
Pomos fortes, aprimores os seus 249 Vicente Falconi
Publicid ade Método da cumbuca 210
Pigmaleão 113
s
Seleção de colaboradores 149
Diferença entre recr utamento e
seleção 149
Entrevista coletiva 1.54
Entrevista individual 158
Perfil de competências 1.51
Roteiro básico 1.51
T
Ta cocracia 265
Taylorismo nos centros de suporte
Princípios 177
Reações conscientes 179
Reações inconscientes 181
Teoria das janelas qu ebradas 118
Teorias de motivação 164
DISC 168
Necessidades de Maslow 165
Tipos psicológicos do MBTl 173
Terceirização 40