Politica de Educacao Completo
Politica de Educacao Completo
Politica de Educacao Completo
CÉLIO DA CUNHA
O novo projeto de desenvolvimento gerado pela
1. CALIMAN, Geraldo (Org.). Violências e Direitos WELLINGTON FERREIRA DE JESUS globalização hegemônica trouxe, para primeiro
Humanos: Espaços da Educação, 2013.
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
Célio da Cunha
Educação Superior: conjunturas, políticas e
Organizadores
perspectivas, 2015.
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO:
cenários globais e locais
Brasília, DF
2016
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por quaisquer meios, sem autorização
prévia, por escrito, da editora e do Programa Mestrado e Doutorado em Educação da UCB.
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1999, que entrou em
vigor no Brasil em 2009.
Comitê Editorial
Afonso Celso Tanus Galvão, Célio da Cunha, Cândido Alberto da Costa Gomes, Carlos Ângelo de
Meneses Sousa, Geraldo Caliman (Coord.), Luiz Síveres, Wellington Ferreira de Jesus
ISBN: 978-85-7963-151-1
CDU: 37.01
Introdução
A indissociabilidade entre o global e o local
Célio da Cunha
Wellington Ferreira de Jesus
Maria de Fátima Matos de Souza.....................................................................................7
Capítulo 1
La dialéctica de lo global y de lo local y la Universidad Pública
Carlos Alberto Torres......................................................................................................17
Capítulo 2
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação
das políticas de educação
António Teodoro............................................................................................................31
Capítulo 3
Globalización neoliberal y productivismo académico: sus efectos en el
trabajo de los profesores-investigadores de universidades argentinas
Estela María Miranda
Nora Zoila Lamfri .......................................................................................................45
Capítulo 4
Que países são estes?
Educação nova no Brasil e Portugal
Wellington Ferreira de Jesus
Candido Alberto Gomes.................................................................................................67
Capítulo 5
Federalismo e educação:
Os percursos da Argentina, do Brasil e do México
Marcelo Lucio Ottoni de Castro......................................................................................91
Capítulo 6
O pobre e a pobreza na perspectiva economicista: implicações educacionais
Lúcio Gomes Dantas
Elizabeth Tunes...........................................................................................................127
Capítulo 7
A valorização do magistério público nos sistemas municipais de ensino:
análises e perspectivas a partir de sua autonomia federativa
Fábio Mariano da Paz
Yoshie Ussami Ferrari Leite..........................................................................................157
Capítulo 8
O fracasso escolar e suas implicações na formação integral na escola básica
Maria de Fátima Matos de Souza
Célio da Cunha...........................................................................................................195
Capítulo 9
O governo do presidente Lula da Silva (2003-2010): percurso histórico da
educação profissional, científica e tecnológica
Luiz Augusto Damasceno Brasil
Gabriela Menezes de Souza
Marli Alves Flores Melo................................................................................................229
Capítulo 10
Como avaliar a implementação de novas institucionalidades no campo
educacional – O caso dos Institutos Federais
Remi Castioni.............................................................................................................251
Capítulo 11
A educação profissional no Brasil: a proposta da expansão da oferta de
vagas e a evasão no Pronatec
Maria Anastácia Ribeiro Maia Carbonesi
Eriane de Araújo Dantas .............................................................................................277
Sobre os autores..........................................................................................................295
Introdução
A INDISSOCIABILIDADE ENTRE O
GLOBAL E O LOCAL
Célio da Cunha
Wellington Ferreira de Jesus
Maria de Fátima Matos de Souza
7
da Califórnia, sobre A dialética do global e do local na América Latina e a universidade
pública, descreve as novas condições políticas latino-americanas no começo deste
século e destaca o papel das universidades visando ampliar seus compromissos
com as ideias e as plataformas de mudanças reivindicadas pelos movimentos
sociais de liberação como o Fórum Social Mundial, o Fórum Educativo Mundial
e a Carta da Terra. Motivado por essas tendências, Torres afirma que,
Introdução | 9
educação atuais e futuras. Asseveram, por exemplo, que a globalização neoliberal
está modificando profundamente a universidade, alterando nos países latino-
americanos a relação histórica de confiança que existia entre o Estado e as
universidades, mediante a redução de recursos e o estabelecimento de novas
regras fundadas na lógica da qualidade e da eficiência, conferindo primazia aos
mecanismos de accountability. Em outras palavras, passaram a utilizar o que alguns
especialistas denominam de “capital acadêmico”, ou “produtivismo acadêmico”.
Além disso, essas pesquisadoras lembram que as universidades estão adotando
padrões e critérios de avaliação exógenos como se fosse uma construção própria
e autônoma dos órgãos colegiados. A decisão do que valorizar está seguindo
concepções disseminadas internacionalmente que dão primazia a quantidade,
com os números se sobrepondo à qualidade e outros componentes relevantes do
processo formativo, entre eles, a questão da ética e de compromissos morais com
a sociedade.
O problema apontado por Miranda e Lamfri, sobre a adoção de padrões
exógenos de avaliação da qualidade, requer uma atenção especial, pois modelos
de avaliação interferem nos conteúdos curriculares. Além disso, deixam de levar
em consideração condições e características específicas que marcam a identidade
de cada país e que são fundamentais para a determinação dos fins da educação.
Por isso, essas autoras enfatizam a necessidade de repensar os fundamentos em
curso da educação superior universitária. Há a necessidade de rever os modos de
como pensamos a educação superior no contexto das condições sociais e política
da atualidade. Não se trata de ignorar contribuições exógenas, mas submete-las ao
que Guerreiro Ramos chamava de “a redução sociológica”.
Todavia, para rever os modos de como pensamos, não somente a
educação superior, mas também a básica, é sempre oportuna uma inserção, ainda
que de forma lacônica, na história das ideias pedagógicas dos países. Nesse sentido
sobressai a contribuição de Wellington Ferreira de Jesus e Candido Alberto
Gomes que empreenderam essa tarefa mediante um esclarecedor artigo sobre a
penetração do pensamento da Escola Nova no Brasil e em Portugal. Iniciam o
texto com a afirmação de que o movimento da Educação Nova espraiou-se por
grande parte do mundo, embora sua época não tivesse gestado o conceito de
globalização. No entanto, a interdependência planetária, da qual emergiram duas
Introdução | 11
dos anos noventa do século passado, em maior ou menor grau, influenciaram as
políticas de educação latino-americanas da educação básica e superior.
No caso da educação básica, o texto de Marcelo Lúcio Ottoni de Castro –
Federalismo e educação: os percursos do Brasil, da Argentina e do México, apresenta-
se como oportuno na medida em que compara as políticas educacionais de
três importantes nações da América Latina que adotam o regime federalista,
respectivamente Brasil, Argentina e México. Uma de suas conclusões que vale a
pena ressaltar é a de que, nos três países, apesar de esforços descentralizadores, os
governos centrais continuam a exercer papel de primeira ordem na democratização
do acesso educacional e na melhoria da qualidade do ensino. A propósito do
dilema histórico centralização-descentralização é sempre necessário colocar na
agenda de discussões sobre as melhores alternativas de política educacional para
a região de que o excesso de aparatos burocráticos existentes em diversos países
contribui não somente para o aumento dos gastos com educação, como também
para bloquear a autonomia das instâncias locais, impedindo-as com frequência de
pensar e conceber soluções que só o conhecimento da realidade de cada escola
ou de cada município permite delinear. Sobressai desse modo, a importância
de repensar o desafio de maior ou menor centralização de forma a buscar um
equilíbrio que atenda tanto os objetivos mais amplos em nível de país, como a
necessidade de conceder maior autonomia às escolas para que possam efetuar
adaptações importantes, em termos curriculares e de gestão e administração.
Um dos fatores que pode influenciar positivamente a busca de maior
equilíbrio no contexto do dilema centralização-descentralização, é o
aperfeiçoamento das metodologias de avaliação de políticas educacionais. Nessa
direção, o texto de Remi Castioni sobre Como avaliar a implementação de novas
institucionalidades no campo educacional, pode oferecer auxilio valioso para o
desenvolvimento de modelos de gestão capazes de proporcionar às políticas de
educação caminhos que atenuem o excesso de compartimentos burocráticos. O
artigo de Castioni contempla as contribuições de Stephen Ball e Richard Bowe,
teóricos que tiveram suas concepções adaptadas para a América Latina por J.
Mainardes e C. Tello. Trata-se, como observou Castioni de uma proposta analítica
que inclui os contextos de influência, produção de texto e o contexto da prática,
todos inter-relacionados. Nessa abordagem, sublinha Castioni, a linearidade e o
Introdução | 13
Ussami Ferrari Leite, que escreveram um importante texto sobre A valorização do
magistério público nos sistemas municipais de educação. O desafio de valorização
do magistério constitui uma das questões mais importantes para ampliar a
abrangência de uma educação de boa qualidade para todos. Há uma frase, de
autor desconhecido, que sintetiza o horizonte desejado: “a melhor educação
para uns poucos, deverá a educação de todos”. Esta aspiração, certamente
ainda distante, deve ser a bandeira principal de lutas. Nesse sentido, sobressai
a relevância do texto de Paz e Ferrari Leite, que analisou estatuto e planos de
carreira de magistério em 15 municípios do Estado de São Paulo. A oportunidade
desse texto reside no fato de ser São Paulo a principal unidade da federação em
termos econômicos e culturais, o que o coloca como um termômetro de futuros
possíveis ou não. Algumas constatações surgem logo, como a de que em boa
parte dos municípios examinados, ocorreram manifestações de greves em busca de
melhores salários e condições de trabalho. A história do magistério no Brasil não
poderá ser escrita independente do exame do alcance e significado para a política
educacional de dezenas e centenas de greves que se registraram nos últimos 30
anos na educação nacional. Apesar do avanço relativo que ocorreu dos planos
de carreira e magistério, sobretudo em termos da obrigatoriedade de concursos
públicos de ingresso, os autores ainda informam que um município, entre quinze,
ainda admite provimento por indicação política. Além disso, mais da metade dos
municípios pesquisados não incluem a avaliação de desempenho docente. Sob
esse aspecto, deve ser salientado que a avaliação de desempenho está incluída
na Constituição do país. Uma das conclusões da pesquisa que deu origem ao
artigo em destaque é o fato de que a autonomia municipal proporcionada pela
Constituição de 1988 possibilitou formulações políticas de carreira levando em
consideração os contextos locais. O texto dos referidos pesquisadores permite
ainda prever o longo caminho de lutas a ser percorrido para que a carreira do
magistério atinja o patamar de dignificação aceitável. O quadro continua de
incertezas.
Em seguimento ao objetivo de ampliação dos cenários locais, o livro incluiu
ainda mais dois artigos, sendo um de autoria de Maria de Fátima Matos de Souza
e Célio da Cunha, no qual examina o histórico problema da repetência escolar no
Brasil que, apesar de ter diminuído nos últimos anos, continua a vitimar expressivo
Introdução | 15
anos feita por Ortega y Gassett em sua obra clássica “A missão da Universidade”.
Mas para colher subsídios e lições que ajudem os países que não lograram ainda
edificar sistemas públicos de educação de boa qualidade, como o nosso país, a
buscar soluções apropriadas e certamente evitar erros e equívocos que pertencem
à história educacional dos diferentes países. Partindo do contexto global de
formação profissional, os estudos de Carbonesi e Dantas, vai analisar localmente
cursos de formação para o trabalho, promovido por uma dada instituição de
ensino superior, através do Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), enquanto parte de uma política de expansão de vagas em cursos de
formação para o trabalho, estabelecido na meta 11 do PNE 2014-2024, sem
perder de vista a democratização do acesso e a sinergia entre a demanda social de
trabalho, a oferta e a qualidade.
Por outro lado, o mundo e suas diferentes culturas estão cada vez mais
conectados, condição que permite a reciprocidade de influências, o intercâmbio
de ideias e amplia a interdependência. Nesse processo, torna-se fundamental a
contextualização e uma percepção crítica sistêmica de modo a considerar as diversas
variáveis que se fazem presente dentro e fora do ambiente escolar. Estamos certos
que o livro que ora se edita por intermédio da Cátedra Unesco e do Programa de
Pós-graduação em Educação da Universidade Católica de Brasília (UCB) oferece
subsídios valiosos na amplitude da indissociabilidade entre o universal e o local.
LA DIALÉCTICA DE LO GLOBAL Y DE LO
LOCAL Y LA UNIVERSIDAD PÚBLICA
Introducción
17
normalmente asociado a las políticas implementadas en Chile por Pinochet, luego
de 1973. Posteriormente las políticas implementadas por Carlos Saúl Menem en
Argentina, Fernando Henrique Cardoso en Brasil, y Carlos Salinas de Gortari
en México, representan, con las peculiaridades de Argentina, Brasil y México,
modelos neoliberales.
En muchos aspectos, las políticas neoliberales defienden el comercio libre
y la reducción del sector público y se colocan en una posición contra lo que
consideran como excesiva intervención del Estado y rígidas regulaciones de
mercado.
Lomnitz y Melnick, entre otros académicos, postulan que histórica y
filosóficamente el neoliberalismo ha estado asociado a programas de ajuste
estructural. Un ajuste estructural, el cual a su vez, es usualmente descrito como
una gran variedad de políticas recomendadas por el Banco Mundial (BM),
por el Fondo Monetario Internacional (FMI) y por organizaciones financieras
internacionales.1
Uno de los principales representantes del neoliberalismo son las políticas
educativas impulsadas por el Banco Mundial. Aunque el Banco Mundial diferencie
estabilización, ajuste estructural y políticas de normalización, reconoce que el uso
general de estos términos “es frecuentemente impreciso e inconsistente”.2
La reconstrucción de la democracias luego de la violencia de los estados
autoritarios, especialmente en el Cono Sur en los años setenta y principios
de los ochentas, la reorganización social luego de los ciclos revolucionarios
centroamericanos en la misma época, y las transformaciones estatales en los países
más estables de la región en la última mitad de siglo pasado como Venezuela o
México, todas han sido marcadas de un modo u otro por la introducción de un
modelo de globalización neoliberal tanto en las políticas culturales, la educación
y por supuesto la economía política misma.
1 Ver Larissa Lomnitz y Ana Melnick. Chile´s Middle Class. A Struggle for Survival in the Face of Neoliberalism
(Boulder and London: Lynne Rienner Publishers, 1991).
2 Citado en Joel Samoff, “More, Less, None? Human Resource Development: Responses to Economic
Constraint.” (Palo Alto, junio 1990, mimeografiado, p. 21). Fernando Reimers, “Educación para todos
en América Latina en el Siglo XXI. Los desafíos de la estabilización, el ajuste y los mandatos de Jomtien”.
(Comunicación presentada en el seminario sobre Pobreza, Adaptación e Supervivencia Infantil, organizada
por la UNESCO en Perú, de 3 a 6 de diciembre 1990, p. 16).
3 Para una historia y teoría de la economía sobre los cambios en los modos de acumulación y de regulación
desde el pre-fordismo al fordismo, ver D. J. Franzten, Growth and Crisis in Post-War Capitalism. Hants,
England and Vermont, USA, Darmouth Publishing Co, and Gower Publishing Co, 1990, especialmente
p.58 a 138.
4 BOURDIEU, 1990, p. 5.
5 Ver Ciaran Cronin y Pablo de Greiff, Introduction: Normative Responses to Current Challenges of Global
Governance. In Ciaran Cronin y Pablo de Greiff, (editores) Global Justice and Transnational Politics. Essays
on the Moral and Political Challenges of Globalization. Cambridge, Mass and London, England, The MIT
Press, 2002, p. 29, nota 1. Para una discusión más amplia acerca de la globalización en educación, vease mi
trabajo con Nick Burbules (editores) Education and Globalization: Critical Concepts. New York, Routledge,
2000 (version portuguesa, Editorial Voces, São Paulo, 2004, version española, Ediciones Popular, 2005).
6 Ver lo siguientes trabajos: Carlos Alberto Torres, Editorial. Comparative Education: Requiem for
Liberalism? Comparative Education Review, Noviembre 2002; Carlos Alberto Torres y Raymod Morrow,
Teoria Social e Educação (Porto, Afrontamento, 1997); Carlos Alberto Torres; La Educación del Futuro y
los Dilemas de Nuestra Hora, Cuadernos de Educación, Madrid, Setembro 2002; Carlos Alberto Torres,
The State, Privatization and Educational Policy: A Critique of Neoliberalism in Latin America and Some
Ethical and Political Implications. Comparative Education, 38 (4), 2002, Carlos Alberto Torres, Educación
y Neoliberalismo. Ensayos de Oposición, op. cit.
7 OFFE, 1991.
8 Discuto en detalle las transformaciones del modelo post-fordista y las implicaciones en la educación en
mi trabajo Carlos Alberto Torres, "The State and Education Revisited: Or Why Educational Researchers
Should Think Politically about Education", AERA Annual Review of Educational Research, 21, 1995.
12 FREIRE, 1973.
13 Véase la propuesta de de Souza Santos en Rob Rhoads & Carlos A. Torres (editors) Higher Education, State
and Market. The Political Economy of Globalization in the Americas. Stanford, Stanford University Press,
2005.
14 Véase los fundamentos teóricos y politicos de esta propuesta en Moacir Gadotti “O projeto da escola cidadã
como alternativa a ao projeto neoliberal. Educar para e pela cidadania.” CLACSO, Grupo de Trabajo de
Educación y Sociedad, Seminario Internacional, Buenos Aires, Argentina, 27-28 de octubre 2000. Vease la
serie de papers que escribió sobre el tema em: <www.institutopaulofreire.brasil>.
15 Véase las discusiones sobre la ‘moneda social’ en América Latina en: <www.appropriate-economics.org/
latin/latin.html>.
16 Sobre el proyecto, ya mundial, de economía solidaria, véase: <www.economiasolidaria.net>. Debe notarse
que el proyecto de economía solidaria no se puede restringir de manera alguna a las experiencias latino-
americanas sino que hay importantes experiencias y debates en países europeos como Francia. Véase por
ejemplo el Manifiesto Europeo de la Red de Economía Alernativa y Solidaria. <www.reasnet.com>.
17 Vease por ejemplo, la película canadiense, apoyada por el National Film Board de Canada, The Take, diri-
gida y producida por Avi Lewis, con un script elaborado por Naomi Klein, autor del betseller internacional
No Logo, y proponente de un manifiesto por una economía radical para el siglo XXI.
18 Ver Moacir Gadotti, “Ecopedagogia e Educacão para a sustentabilidade”, São Paulo, Instituto Paulo
Freire, 1998. Para una discusión de los fundamentos alternativos a un modelo de globalización neolibe-
ral, y el establecimiento de las pautas para un análisis de planetarización, véase la comunicación de José
Eustaquio Romão, ‘Educación y Globalización en Brasil,’ en Globalization and Education Reform, The 6th
International Conference on Education Research, october 20-21, 2005, Hoam Faculty House, University
of Seoul, Corea.
REFERÊNCIAS
NOVAS TECNOLOGIAS DE
GOVERNAÇÃO E RECONFIGURAÇÃO
DOS MODOS DE REGULAÇÃO DAS
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO21
António Teodoro
31
2007). Reconhecendo que podem ser múltiplos os planos e escalões onde os
processos de regulação se concretizam (DALE, 2005; MAROY, 2006), o presente
texto situa-se no plano transnacional e da sua influência sobre todos os outros
planos e escalões de regulação.
Em trabalhos anteriores (TEODORO, 2001, 2003, 2007), procurei uma
explicação para as relações entre globalização (hegemônica) e educação, sobretudo
a partir da abordagem de Roger Dale, que, em texto muito conhecido (DALE,
2004), se posicionava distintamente face aos trabalhos de John Meyer e seus
colaboradores da Universidade de Stanford. Meyer e colaboradores defendem
que a expansão mundial dos sistemas educativos assenta, fundamentalmente,
em modelos e objetivos comuns definidos no quadro da modernidade ocidental,
como o progresso, a igualdade ou os direitos humanos (MEYER; RAMIREZ,
2000; SUAREZ; RAMIREZ, 2007) – uma cultura mundial educacional comum
(CMEC), na fórmula com que Dale sintetizou esta abordagem dos autores da teoria
neoinstitucional: “(...) a educação, por si só, é uma formalidade mundialmente
estandardizada, pelo que, ao adotarem a educação, os países ficam implicados
em dispositivos comuns” (MEYER, 2000, p. 20). Dale afastava-se desse tipo
de abordagem, defendendo que a globalização “é um conjunto de dispositivos
políticoeconômicos para a organização da economia global, conduzido pela
necessidade de manter o sistema capitalista, mais do que qualquer outro conjunto
de valores”. E acrescentava: “A adesão aos seus princípios é veiculada através da
pressão econômica e da percepção do interesse nacional próprio” (DALE, 2004,
p. 436).
No plano das consequências da globalização na educação, Meyer e seus
colaboradores insistem, baseando-se fundamentalmente numa análise das
políticas curriculares e nas estruturas organizacionais, no desenvolvimento por
isomorfismo da escola de massas nos diferentes espaços do sistema mundial. Por
sua vez, Dale prefere sublinhar que a globalização não significa a dissipação ou o
enfraquecimento dos Estados já poderosos, mas antes o reforço da sua capacidade
para responder coletivamente às forças que nenhum deles pode, por si, jamais
controlar individualmente. Centrando a sua crítica na teoria da agência subjacente
à abordagem da CMEC de John Meyer, Dale (2004) sugere que a influência
da globalização (hegemônica) se manifesta sobretudo a partir da fixação de uma
32 | António Teodoro
agenda globalmente estruturada da educação (AGEE), em que agências multilaterais
como a Unesco, o Banco Mundial ou a OCDE desempenham um papel decisivo.
Com um outro tipo de abordagem, de natureza histórico-social e
apoiando-se na teoria dos sistemas sociais autorreferenciais de Niklas Luhmann,
também Jürgen Schriewer tem procurado mostrar os limites da abordagem
neoinstitucionalista de Meyer e colaboradores. Apoiando-se num vasto trabalho
empírico realizado no seio do Centro de Educação Comparada da Universidade
Humboldt, de Berlim,22 Schriewer (2004) defende que as tendências não vão no
sentido da construção de um só mundo mas antes, e muito mais, da persistência
de múltiplos mundos.23 Segundo esta perspectiva, a influência mundial é sempre
mediatizada por um processo de ‘externalização’ (SCHRIEWER, 2000), ou seja,
reconstruída em função das tradições, dos valores e dos objetivos assumidos no
interior das sociedades nacionais.
Em texto mais recente, Dale (2008) faz uma revisão crítica da sua anterior
posição. Reconhecendo um conjunto de limitações internas e externas à sua
proposta, bem como o uso de uma abordagem metodológica inadequada – “é
claro que o nacionalismo metodológico, a equação ‘sociedade com Estado-nação’,
que caracterizou não apenas a educação mas todas as outras ciências sociais, não é
somente inadequada mas também enganadora” –, Roger Dale assume que, desde
que formulou originalmente a sua proposta em 1998-1999, houve substanciais
mudanças notadamente nos conceitos de currículo, Estado e nação, os elementos-
chave da abordagem de John Meyer e colaboradores.24 Apoiando-se no trabalho
de Boaventura de Sousa Santos (1995),25 no sentido de distinguir as trajetórias
22 O projeto de investigação baseou-se na análise das temáticas dos artigos das principais revistas pedagógicas
publicadas entre 1920 e 1997 em três países de diferentes espaços do sistema mundial: Espanha, Rússia/
URSS e China (ver SCHRIEWER, 2004, p. 12-13).
23 “Por este ponto de vista, os resultados condensadas aqui colocam explicitamente em relevo os laços gerais
– características das externalizações da reflexão pedagógica – entre as mudanças de um sistema político e
social, as mudanças de imperativos em matéria de reforma do seu sistema educativo e as transformações da
reflexão sobre a educação e as políticas educativas que lhes estão associadas” (SCHRIEWER, 2004, p. 21).
24 “Mais especificamente, a mudança para uma Economia do Conhecimento Global/Neoliberal como repre-
sentação da globalização pode trazer uma transformação do pensamento no curriculum, que deixa de ser
um corpo de conhecimentos justificados pelo seu contributo para os valores da modernidade e estruturado
(e ensinado) de um modo planeado e sequencial, para se tornar em competências destinadas a serem apren-
didas ad hoc, como e quando necessário” (DALE, 2008).
25 Dale cita a edição de Toward a New Legal Common Sense de 2004 (London, Butterworth). A nossa referên-
cia é a da edição original.
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 33
do capitalismo e da modernidade (e não de tratá-las como implicitamente
equivalentes), Roger Dale analisa as relações entre uma e outra na reprodução das
sociedades, incluindo através da educação, propondo-se, em conclusão, centrar a
sua atenção, em próximas abordagens, em quatro aspectos particulares:
34 | António Teodoro
apenas prioridades mas igualmente as formas como os problemas se colocam e
equacionam, e que constituem uma forma de fixação de mandato, mais ou menos
explícito conforme a centralidade dos países.26
No projeto da globalização – e essa é a hipótese que venho defendendo desde
2001 (TEODORO, 2001; 2003, 2007) –, essas relações estabelecem-se sobretudo
tendo como centro nevrálgico os grandes projetos estatísticos internacionais, e,
muito em particular, o projeto INES,27 do Centre for Educational Research
and Innovation (CERI) da OCDE. Nesses projetos estatísticos, a escolha dos
indicadores constitui a questão determinante na fixação de uma agenda global
para a educação,28 com um enorme impacto nas políticas de educação dos países
centrais, mas igualmente dos países situados na semiperiferia dos espaços centrais.
O projeto INES foi marcado, de início, por uma forte controvérsia e
uma larga oposição interna no seio da OCDE (HENRY, LINGARD, RIZVI;
TAYLOR, 2001).29 Tendo como expressão pública mais conhecida a publicação
anual de Education at a Glance, este empreendimento da OCDE foi decidido
na sequência de uma conferência realizada em Washington, em 1987, por
iniciativa e a convite do governo dos EUA e do Secretariado da OCDE, em
que participaram representantes de 22 países, bem como diversos peritos e
observadores convidados.30 O ponto principal da agenda da OCDE no campo
da educação era, nessa época, a qualidade do ensino, que serviu como questão de
partida para o lançamento do projeto INES, possivelmente a mais significativa e
26 Para o caso de Portugal, e para o período compreendido entre o final da 2ª Guerra Mundial e a adesão, em
1986, à então Comunidade Econômica Europeia (CEE), ver Teodoro (2001).
27 Indicators of Educational Systems (Indicadores dos Sistemas Educativos).
28 Como explicitarei adiante, a influência desses grandes projetos estatísticos vai bem mais além da mera
fixação da ‘agenda global da educação’.
29 Tive a oportunidade de confirmar essa afirmação com Maria do Carmo Clímaco, que representou Portugal
nas reuniões que prepararam o lançamento do projeto, bem como com Ana Benavente, que, no final dos
anos 1990 e início de 2000, representou Portugal no Comité Diretivo da OCDE (cf. memorandum da
oficina de trabalho “Organizações internacionais e regulação transnacional das políticas educativas: os indi-
cadores de comparação internacional e a construção de uma agenda global de educação”, realizada em 22 de
março de 2007, em Lisboa, no âmbito da Rede Ibero-Americana de Investigação em Políticas de Educação,
RIAIPE).
30 De uma forma mais detalhada, ver a gênese deste projeto em “A regulação transnacional das políticas educa-
tivas. O papel dos indicadores de comparação internacional na construção de uma agenda global de educa-
ção”, paper apresentado por Madalena Mendes e Carla Galego na 8th Conference of European Sociological
Association, que teve lugar na Escócia, de 3 a 6 de setembro de 2007. Este trabalho foi realizado no âmbito
da Rede Ibero-Americana de Políticas de Educação e do Projeto Educating the Global Citizen, financiado
pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Ref POCI/CED/56992/2004 e PPCDT/CED/56992/2004).
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 35
importante atividade dessa organização internacional em toda a década de 1990.
Reconhecendo que o problema mais complexo não era tanto o cálculo
de indicadores válidos mas a classificação dos conceitos, os representantes dos
países membros da OCDE e os peritos convidados examinaram um conjunto de
mais de cinquenta indicadores nacionais possíveis, tendo acabado por reuni-los
em quatro categorias: (i) os indicadores de input (entrada), (ii) os indicadores
de output (resultados), (iii) os indicadores de processo, e (iv) os indicadores de
recursos humanos e financeiros (BOTTANI; WALBERG, 1992).
A concretização desse projeto permitiu à OCDE estabelecer uma importante
base de dados de indicadores nacionais de ensino, que alimenta a publicação,
desde 1992, do Education at a Glance. Nesses olhares, para além dos tradicionais
indicadores, sejam as diferentes taxas de escolarização, os vários índices de acesso
à educação, as despesas com a educação, as qualificações do pessoal docente,
figura um conjunto de novos indicadores que têm profundas consequências, a
montante, na formulação das políticas de educação no plano nacional.31 Esses
novos indicadores são apresentados pela OCDE de uma forma particularmente
significativa:
Mas mais significativas ainda são as prioridades futuras apresentadas para este
31 Ver, por exemplo, os dois campos privilegiados pela OCDE nos finais da década de 1990: a avaliação do
funcionamento das escolas e a avaliação externa das aprendizagens.
36 | António Teodoro
projeto, constituindo uma verdadeira agenda global para as reformas realizadas,
ou em curso, na transição de século e de milênio nos sistemas de educação dos
diferentes países:
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 37
Quadro 1
38 |
Indicadores temáticos dos relatórios anuais da OCDE Education at a Glance, 1992-2007
Título dos capítulos 1992 1993 1995 1996 1997 1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Custos, Recursos e Processos Escolares X X X
Resultados da Educação X X X
António Teodoro
Contexto da Educação X X X X X
Resultados da Educação no Mercado de Trabalho a nível Individual e Social X X
Resultados da Educação na Aprendizagem X
Transição da Escola para o Trabalho X
Contexto Demográfico, Social e Econômico da Educação X X X
Custos da Educação e Recursos Humanos e Financeiros X
Resultados da Graduação das Instituições Educativas X
Sucesso dos Estudantes e Literacia dos Adultos X
Resultados da Educação no Mercado de Trabalho X
Ambiente Escolar e Processos da Escola/Sala de aula X X
Acesso à Educação, Participação e Progressão X X X X X X X X X X X
Ambiente de Aprendizagem e Organização das Escolas X X X X X X X X X X
Recursos Humanos e Financeiros Investidos na Educação X X X X X X X X X X
Resultados das Instituições Educativas e Impacto da Aprendizagem X X X X X X
Sucesso dos Estudantes X X
Sucesso dos Estudantes e Resultados da Educação nos planos Social e do
X
Mercado de Trabalho
Resultados da Educação nos planos Social e do Mercado de Trabalho X
Fonte: © Carla Galego; Madalena Mendes, 2007.
Os efeitos práticos desse projeto estão bem presentes nas políticas educativas
adotadas nos diferentes Estados membros (ou associados) da OCDE desde a
década de 1990, em geral pertencendo a espaços centrais ou na semiperiferia
desses espaços centrais. Uma influência que se manifesta não por um mandato
explícito,32 mas pela necessidade de responder a uma agenda global baseada na
comparação e, sobretudo, na competição de performances dos sistemas educativos.
Como afirma Green (2002), a obsessão com a medida dos resultados e performances
torna os governos (e, acrescento, demais atores políticos, com destaque para
aqueles que possuem um acesso privilegiado aos meios de comunicação social
de massas) prisioneiros de uma espécie de Jogos Olímpicos de nações, onde se
colocam sob a forma de ranking os sistemas educativos em termos da sua eficácia.
São conhecidos múltiplos trabalhos que mostram os limites e a fragilidade
dos fundamentos técnicos e científicos, bem como os problemas epistemológicos,
das comparações internacionais de resultados (ver AFONSO; ST. AUBYN,
2006; BAUTIER, CRINON, RAYOU E ROCHEX, 2006; BROADFOOT,
OSBORN, PLANEL E SHARPE, 2000; NORMAND, 2003, 2004). Mas a
questão central está no fato desse tipo de comparação se tornar uma arma muito
poderosa para quem controla os ‘significados’ do que é comparado. Isso mesmo é
reconhecido por um antigo administrador principal do CERI-OCDE:
32 Esclarece-se que esta afirmação se reporta aos países centrais ou na semiperiferia dos espaços centrais, bem
como aos chamados países emergentes, que atualmente integram ou são membros associados da OCDE.
Para os países do chamado Terceiro Mundo, na periferia do sistema mundial, outras são as relações de
força que se estabelecem, por exemplo entre instituições financeiras como o Banco Mundial ou o FMI e os
governos nacionais.
33 Sublinhe-se que, na ocasião em que a afirmação foi escrita, N. Bottani ainda desempenhava as funções de
administrador principal do CERI-OCDE.
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 39
Como sublinha Normand (2003), esta obsessão pelos resultados e pela
comparação internacional de performances assenta no duplo propósito de, por um
lado, ‘moldar’ um modelo político para a educação e, por outro, institucionalizar
um modo de governança que tende a confiscar o debate democrático e a impedir
uma reflexão sobre o projeto político da escola.
Neste contexto, o poder das organizações internacionais nos tempos
atuais vai além do já importante papel de fixação da agenda global da educação.
Recorrendo a uma analogia com a distinção que Basil Bernstein faz entre
recognição (‘recognition’) e realização (‘realisation’),34 Roger Dale defende que a
influência das organizações internacionais, – dentre as quais destaco a OCDE por
considerar que constitui, pelo menos no campo da educação, o principal think
tank mundial da globalização hegemônica35 –, se situa não apenas na segunda
dimensão de poder de Steven Lukes – “poder como definição de agenda” – mas,
sobretudo, na sua terceira dimensão – “poder de moldar e controlar as regras
do jogo e de formatar as preferências” (DALE, 2008, p. 3).36 Por isso também
a convicção de Roger Dale de que o papel das organizações internacionais tem
mudado, assumindo-se cada vez mais como definidores de problemas (‘problem
definers’) e menos como provedores de soluções (‘solution providers’).
40 | António Teodoro
Os grandes inquéritos internacionais como o Timss,37 o Pisa,38 o Pirls39
ou o novel Talis40 (e, em alguns países, replicados no plano nacional), e a sua
permanente comparação em relatórios e estudos internacionais (e nacionais),
pouco (ou nada) preocupados com os contextos sócio-históricos geradores desses
resultados, tornaram-se uma das principais tecnologias de governança. O seu
papel é o de fornecer as evidências para a ação política governativa (evidence-
based policy), remetendo para segundo plano a contextualização dos processos
de aprendizagem, bem como a participação e o debate democráticos sobre as
dimensões políticas da educação.
Este é o paraíso da governação neoliberal: uma ação política baseada em
evidências apontadas pela expertise dos técnicos e cientistas, em vez da participação
dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada, associada à livre e
democrática afirmação e concorrência de projetos políticos contrastantes. É, em
suma, o velho sonho conservador de fazer políticas sem política, de um governo de
sábios que conhece os caminhos e as soluções para tornar o ‘povo’ feliz.41
37 Third/Trends in International Mathematics and Science Study. Publicado em 1995, com a designação
de Third, passou a partir de 1999 a designar-se de Trends. Conduzidos pela International Association
for the Evaluation of the Educational Achievement (IEA), foram realizadas até agora as edições de
1995, 1999, 2003 e 2007.
38 Program for International Student Assessment. Este estudo foi lançado pela OCDE em 1997 e teve, até
agora, três ciclos. O primeiro, que decorreu em 2000, teve como principal domínio de avaliação a literacia
em contexto de leitura e envolveu cerca de 265.000 alunos de 15 anos, de 32 países. No segundo ciclo,
realizado em 2003, participaram 41 países, envolvendo mais de 250 000 alunos de 15 anos, dando uma
maior ênfase à letramento em matemática e tendo como domínios secundários os letramentos de leitura e
científica, bem como a resolução de problemas. No terceiro ciclo, que decorreu em 2006, houve preponde-
rância do letramento científico e contou com a participação de cerca de sessenta países, envolvendo mais de
200 000 alunos de 7 000 escolas.
39 Progress in International Reading Literacy Study. Este projeto, conduzido pela International
Association for the Evaluation of the Educational Achievement (IEA), realizou dois ciclos de coleta
de dados. No primeiro, denominado Pirls 2001, participaram cerca de 150.000 alunos do 4º ano de
escolaridade em 35 países. No segundo, Pirls 2006, já participaram crianças do 4º ano de 45 sistemas
escolares, abrangendo um mínimo de 150 escolas, com um total de 4.500 a 5.000 alunos a serem
testados em cada um dos sistemas escolares participantes.
40 Teaching and Learning International Survey. Em setembro de 2007 tinham participado 24 países,
entre os quais Portugal. Este projeto é apresentado como o primeiro survey international, onde o foco
principal situa-se no contexto de aprendizagem e nas condições de trabalho dos professores nas escolas.
41 Mesmo que, muitas vezes, os seus mentores não tenham condições para explicitar este ponto de vista, a polí-
tica baseada em evidências tem, contudo, consequências claras: operar, simultaneamente, como legitimação
das políticas adoptadas e desqualificação de políticas alternativas, apontadas como resultado de interesses
particulares que não têm suporte técnico-científico nem respondem ao interesse geral.
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 41
REFERÊNCIAS
______. Brief Critical Commentary on CWEC and GSAE 8 Years on. Paper
presented to 52th Confererence Comparative and International Education
Society (CIES), Teachers College, Columbia University, New York, p. 17-21,
march/ 2008.
42 | António Teodoro
GREEN, A. Education, globalisation and the role of comparative research.
London: Institut of Education/University of London, 2002.
HENRY, M.; LINDGARD, B.; RIZVI, F.; TAYLOR, S. The OECD, Globalisation
and Education Policy. Amesterdam: Pergamon & Elsevier Science, 2001.
Novas tecnologias de governação e reconfiguração dos modos de regulação das políticas de educação | 43
TEODORO, A. Organizações internacionais e políticas educativas nacionais: a
emergência de novas formas de regulação transnacional ou uma globalização de
baixa intensidade. In: STOER, S. R.; CORTESÃO, L.; CORREIA, J. A. (Orgs.).
Da Crise da Educação à “Educação” da Crise: Educação e a Transnacionalização
dos Mecanismos de Regulação Social (p. 125-161). Porto: Edições Afrontamento,
2001.
44 | António Teodoro
Capítulo 3
GLOBALIZACIÓN NEOLIBERAL Y
PRODUCTIVISMO ACADÉMICO: SUS
EFECTOS EN EL TRABAJO DE LOS
PROFESORES-INVESTIGADORES DE
UNIVERSIDADES ARGENTINAS42
42 Una primera versión de este trabajo fue presentada en el VIII CONGRESSO IBEROAMERICANO DE
DÔCENCIA UNIVERSITÁRIA, realizado en la Universidade do Porto (Portugal) en junio de 2012.
45
Introducción
43 G7: Grupo de los siete a un grupo de países industrializados del mundo cuyo peso político, económico
y militar es muyrelevante a escala global. Está conformado por Estados Unidos, Japón, Alemania, Reino
Unido, Francia, Italia y Canadá.
Analizando estos procesos, Stephen Ball sostiene que se trata de una nueva
forma de gobierno de nuestras vidas en la que somos objeto de medición,
comparación, categorización y jerarquización y, también, estamos sujetos a los
números. Vivimos en una “tiranía de los números”: “Los números definen nuestro
valor, miden nuestra eficacia, junto a otro conjunto de modos de informar sobre
o construir lo que somos hoy”. En términos Foucaultianos, Ball sostiene que
“La medición y la monitorización como técnicas de reflexión y representación
desempeñan un papel particular en la relación contemporánea entre la verdad
y el poder y el yo´ que llamamos `neoliberalismo´. Como sujetos neoliberales
somos estimulados constantemente a invertir, a trabajar y a mejor en nosotros
mismos - incrementando nuestros números, nuestro rendimiento, nuestros
resultados - tanto en nuestra vida personal como en la laboral”. En la enseñanza,
el rendimiento y los resultados cada vez más están asociados a otro conjunto de
números: el dinero, en forma de recompensa; se trata del pago relacionado con
el rendimiento o desempeño”. Entonces, nuestras decisiones sobre el valor de las
actividades y la inversión del tiempo y el esfuerzo están asociadas a recompensas
simbólicas y materiales que podrían generarse a partir de las mismas (BALL,
2014).
La pérdida del control sobre la investigación y la organización de trabajo
académico, como sostiene Ibarra Colado (2002), está produciendo un nuevo tipo
de docente-investigador y nuevas identidades:
REFERÊNCIAS:
<https://ioelondonblog.wordpress.com/2014/11/16/education-and-the-
tyranny-of-numbers/>
67
e o mundo. Diferenças do curso histórico, sobretudo na sua paisagem social
e política, levaram a níveis diferentes de realizações, mas, de qualquer modo,
causam perplexidade quanto às duras resistências opostas aos movimentos de
mudança. É o que este trabalho se propõe a analisar.
Quadro 1
Índices de analfabetismo da população brasileira (1890, 1900, 1920)
44 A Historiografia sobre o período Vargas identifica a existência de três momentos: 1930-1934, o Governo
Provisório; 1934 -1937, Governo Constitucional e o último período, 1937-1945, a ditadura do Estado
Novo.
Do ponto de vista estatístico (os números falam muito, embora nem tudo), a
tabela 1 mostra o contraste entre a quantidade e o incremento da população
dos dois países. Enquanto a do Brasil cresceu 197,9% na primeira metade do
século XX, a de Portugal ficou em modestos 56,5%, afetado pela emigração e
pela participação na I Guerra Mundial. Desse modo, o Brasil alargou o mercado
interno para a indústria e outros setores, ao trazer para dentro o centro de
gravidade da economia. Mais ainda, a urbanização e a torrente de mudanças no
Brasil foi muito maior que em Portugal, com a sua insistência na manutenção da
bucólica paisagem rural. A título ilustrativo, em 1900 Portugal tinha 12 cidades
com mais de 10 mil habitantes, enquanto o Brasil contava 14 capitais com mais
de 30 mil. Meio século depois, Portugal apresentava 32 cidades com mais de 10
mil habitantes e o Brasil, embora dispondo de amplos territórios a ocupar, tinha
20 capitais com 30 mil habitantes e mais e 36,2% da população em áreas urbanas
(VALÉRIO, 2001; BRASIL, 2003).
Brasil Portugal
Anos
Agr. Ind. Serv. Agr. Ind. Serv.
1900 44,6 11,6 43,8 40,1 24,7 35,3
1910 39,7 13,1 47,2 37,1 27,1 35,8
1920 38,1 15,7 46,2 30,4 25,8 43,9
1930 35,8 14,8 49,4 31,5 28,0 40,5
1940 29,4 18,7 51,9 30,6 28,7 40,6
1950 22,4 25,6 52,0 32,1 30,3 37,6
Fontes: Brasil (2003), Valério (2001) e Lains (2003, 2006). Brasil: calculado com base nos
custos de fatores a preços de 1949. Portugal: calculado com base nos custos de fatores a
preços de 1953, fazendo-se a reestimativa dos anos anteriores a partir dos cálculos de série
mais recente.
Setores: Agropecuária; indústrias extrativa, de transformação e de construção civil; comércio
e serviços. Pode haver heterogeneidade de critérios ao longo do tempo, inter e intrapaíses,
pelo que pequenas diferenças devem ser consideradas cuidadosamente.
Tabela 3
Brasil e Portugal: população economicamente ativa por setor econômico (%),
1920-1950
Brasil Portugal
Anos
Agr. Ind. Serv. Agr. Ind. Serv.
1920 70,2 13,4 16,4 56,0 20,5 23,5
1940 36,5 6,9 56,6 52,6 21,1 26,3
1950 29,4 8,1 62,5 49,1 24,5 26,4
Fontes dos dados originais: Brasil: Brasil (2003); Portugal: Valério (2001).
À guisa de Conclusão
De qualquer modo, esta visão panorâmica destaca que o terreno foi mais propício
à Educação Nova quando vicejaram as liberdades políticas e cidadãs, mesmo
nos cenários tempestuosos da expansão do nazi-fascismo, da II Guerra Mundial
e, depois, da guerra fria. Mesmo nos Estados Unidos, as ameaças externas
antes e durante a Guerra restringiram o alcance de uma filosofia ousada, que
mudava o eixo da escola do ensino para a aprendizagem, do autoritarismo para
a construção da democracia e do aluno objeto para o aluno sujeito. O Brasil,
apesar das incertezas anteriores ao Estado Novo, ainda permitiu certo avanço, só
proscrevendo luminares da Educação Nova, como Anísio, em 1937. Em Portugal
as limitações às liberdades começaram em 1926 e se agravaram depois, com o
salazarismo. Ainda assim, no Brasil o movimento continuou timidamente, com
lideranças de outros quadrantes ideológicos, menos antipáticos ao regime, e,
como num eclipse, no pós-guerra retomou parte da sua força, em especial com
a volta de Anísio. E, com este, viveu o crepúsculo após o movimento militar de
1964. Do ponto de vista socioeconômico, as profundas mudanças estruturais
inerentes à urbanização e industrialização favoreceram as ideias inovadoras e as
mudanças educacionais, no sentido da democratização, qualificação e laicização.
O vinho novo, ao contrário de Portugal, fazia romper os odres velhos.
LEAL, Vitor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. Rio de Janeiro: Cia. Editora
Nacional, 1995.
FEDERALISMO E EDUCAÇÃO:
OS PERCURSOS DA ARGENTINA, DO
BRASIL E DO MÉXICO
Desde o início da década de 1990, Argentina, Brasil e México vêm passando por
reformas e ajustes em seus sistemas de educação, na expectativa de atender aos
anseios democráticos de seus cidadãos e às demandas surgidas nos diversos campos
da vida social. Nesse esforço, as relações entre as esferas de governo assumiram
papel de destaque. Nos três países, a educação constitui campo compartilhado de
atuação dos governos central e subnacionais, ainda que de formas diferenciadas.
As particularidades de seus sistemas federativos são certamente responsáveis
pelos diferentes papéis assumidos pelos níveis de governo na regulação, no
financiamento e na gestão de seus sistemas de ensino.
Este estudo busca, em perspectiva histórica, explorar alguns dos aspectos
mais relevantes das relações entre os sistemas federativos adotados nos três países
e as formas como se organizaram seus sistemas de ensino. Assim, conferimos
destaque a uma das questões abordadas em outro trabalho (CASTRO, 2013),
que se centrou, no entanto, nas relações entre os Poderes Executivo e Legislativo
91
ao longo das reformas educacionais ocorridas nas três nações, entre 1990 e 2010.
As dimensões do presente texto não permitem entrar no detalhamento do tema
federativo surgido durante o processo legislativo relacionado a essas reformas.
Contudo, são ressaltadas aqui as questões ligadas ao federalismo que mais
mobilizaram os principais atores envolvidos nas mudanças educacionais ocorridas
nos três países. Conforme se verá, cada nação seguiu um percurso próprio, apesar
de identificadas não apenas pelo sistema federalista, como por seu nível de
desenvolvimento econômico e social e pelo comportamento e aspirações de seu
povo e de seus governantes.
ARGENTINA
O processo de construção do Estado nacional teve nos conflitos sobre a tese federalista
um dos seus maiores desafios. Ao confronto entre os defensores do unitarismo e os
partidários do federalismo, sobrepôs-se o que opunha os interesses das oligarquias
de Buenos Aires e das províncias, bem como aquele entre o governo federal e
as províncias mais fortes, principalmente a de Buenos Aires. Culturalmente, é
importante mencionar o dualismo sobre o projeto de nação a construir, que dividiu
os defensores da europeização do país e aqueles que buscavam valorizar os aspectos
típicos do interior, centrados na figura dos costumes do gaúcho (SHUMWAY,
2008). A Constituição de 1853 (ainda vigente, mas com várias reformas), elaborada
após o pacto federativo de São Nicolau, ocorrido no ano anterior, somente teve a
adesão da província de Buenos Aires em 1860, após novas garantias de autonomia
para os entes federados. Mas apenas vinte anos depois deu-se a federalização da
cidade de Buenos Aires, que se tornou a capital do país. A prosperidade econômica
das décadas seguintes, fruto das exportações de lã, carne refrigerada e grãos,
amenizou a tensão causada nos portenhos pelas frequentes vitórias eleitorais para
presidente da coalizão da maioria das províncias. Ainda que tenham persistido
alguns conflitos entre o governo central e os de algumas províncias, decorrentes de
disputas intraoligárquicas, esse arranjo político apenas foi abalado pela vitória dos
radicais em 1916, após anos de sua mobilização política e apelo junto às crescentes
classes médias (BOTANA, 1993; ROCCHI, 2009).
46 A taxa de escolarização de jovens entre 14 e 18 anos é estimada em pelo menos 28%, em 1960. Já o contin-
gente de matrículas no ensino universitário quase dobrou entre 1952 e 1960. Contudo, no governo de Perón
foram lançadas as bases legais para o financiamento público do ensino privado (FERNÁNDEZ, 1997).
Quadro 1
Argentina: matrículas da educação secundária pública por nível de governo (em %)
47 Na educação elementar, as matrículas em escolas provinciais atingia, em 1991, 75,9% do total, seguidas das
particulares, com 18,3%, das municipais, com 3,7% e das federais, com 2,1% (OIE, s.d.). Em 1997, 99%
das matrículas do setor público estavam em escolas provinciais (REPETTO, 2001).
48 A polêmica reascendeu no ano seguinte durante a tramitação da nova Ley Nacional de Educación Superior. Na
Argentina, as matrículas em instituições universitárias provinciais é residual: 1,1%, em 2011. Considerando
as matrículas de pregrado e grado do sistema universitário, a participação do setor público manteve razoável
estabilidade entre 1991 e 2011, variando de 81,4% para 79,7%. A participação das universidades nacionales
no total de matrículas cresceu de 61,3% para 77%, no mesmo período (MEN, 2011; LAMARRA, s.d.).
49 A oposição defendeu a igualdade no aporte de recursos entre a Nación e as províncias, com 50% para cada
esfera de governo.
50 A lei estabeleceu, como critério para as transferências de recursos federais, a capacidade financeira das pro-
víncias e da cidade de Buenos Aires, bem como seu esforço financeiro em favor da educação, a incidência
de atraso escolar e as taxas de repetência e de evasão escolar.
51 O Congresso efetuou modificações na proposição original, principalmente para criar salvaguardas para as
províncias, inclusive nas sanções a que estariam sujeitas se não cumprissem as metas de aporte de recursos.
Buscou-se também reduzir o risco de que o cumprimento da lei de financiamento educacional pelas pro-
víncias as levasse a descumprir a lei de responsabilidade fiscal.
BRASIL
52 Segundo Polack (2012), com base em dados do Centro de Implementación de Políticas Públicas para la
Equidad y el Crecimiento (Cipec), o índice em 2010 chegou a 6,2% e apenas três províncias não atingiram as
metas estabelecidas na LF. Narodowski & Moschetti (2014) apresentam dados que contestam que se tenha
atingido a previsão legal: admitem que os gastos em educação aumentaram até 2009, mas desde então o
índice estaria estancado em torno de 5%.
53 Isso pode ser exemplificado pelo contraste entre as cinco províncias nas quais os gastos (valores em pesos)
foram maiores – Tierra del Fuego ($ 17.213), Santa Cruz ($ 14.624), Neuquén ($ 11.700), La Pampa ($
11.461) e Cidade Autônoma de Buenos Aires ($ 10.682) – e aquelas em que os gastos foram menores –
Tucumán ($ 4.908), Corrientes ($ 4.825), San Luis ($ 4.489), Misiones ($ 4.342) e Salta ($ 3.276) (Polack,
2012).
54 Limitando-se ao campo político, foram apresentados projetos de lei no Congresso Nacional a esse respeito
e chegou a ser aprovada, na lei orçamentária para 1907 e em anos posteriores, autorização para que a União
concedesse auxílio anual aos estados com o fim de cobrir parte de seus gastos com o pagamento professores
das escolas primárias públicas. Os recursos federais, entretanto, nunca chegaram.
55 A inflexão no início da década de 1970 reflete a incorporação do antigo ginásio ao ensino de 1º grau, com
a reforma de 1971. De quatro anos, o ensino elementar, obrigatório, passou para oito.
56 As matrículas nas instituições estaduais, em relação ao contingente nacional, representavam 7,9%, em
1980, 13,6% em 1995 e 9,6% em 2010. Já nas municipais os índices foram de 4,8%, 5,3% e 1,9%, nos
anos respectivos (BRASIL/MEC, s.d.). Quase todas as municipais cobram mensalidades, com amparo na
exceção à gratuidade estabelecida no artigo 242 da Constituição de 1988. A LDB de 1996 restringiu a
criação de instituições municipais de educação superior.
Com efeito, pelo menos desde meados do século XX, o avanço do processo
de industrialização e de urbanização do País tornou mais complexos a composição
das classes sociais e os confrontos políticos. Ainda que nos estados o poder das
oligarquias tenha-se mantido, o crescimento das “classes trabalhadores” e das
camadas médias, em meio à radicalização ideológica do pós-guerra, intensificou
os conflitos distributivos e a instabilidade política no plano federal, levando
ao colapso de 1964. Mas tanto durante o período de desenvolvimentismo
oligárquico-democrático quanto no tecnocrático-militar, era ampla a percepção
de que as mudanças sociais e a consecução dos projetos políticos em embate
implicavam a necessidade de promover a democratização do acesso ao ensino,
em todos os níveis, ainda que, obviamente, houvesse diferentes perspectivas de
como o fazer. Assim, durante o regime militar, ainda que as redes públicas tenham
continuado a se expandir, a visão privatista adquiriu força: no ensino elementar
57 Na década seguinte e nos governos democráticos que se seguiram, houve continuidade desse crescimento
– embora a um ritmo menor – por meio de estímulos normativos, implantação e reformulações do financia-
mento estudantil subsidiado – crédito educativo e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – e concessão
de bolsas a fundo perdido em troca de renúncia fiscal – Programa Universidade para Todos (Prouni). Assim,
em 1984, o setor privado tinha 59% das matrículas de graduação; em 1995, 60%; em 2002, 70%; em
2012, 71% (BRASIL/MEC, s.d.).
58 A Emenda nº 14/1996, secundada pela nova LDB, manteve essa corresponsabilidade, mas previu a atuação
prioritária dos municípios na educação infantil e dos estados no ensino médio. Ademais, no art. 30, fixou
como competência dos municípios "manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
programas de educação infantil e de ensino fundamental".
59 A Emenda nº 53/2006 possibilitou a existência de normas específicas de colaboração entre os níveis de
governo em matéria educacional. Já a Emenda nº 59/2009 determinou que eles devem definir "formas de
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório", estendido para a faixa etária
de 4 a 17 anos. Ademais, estabeleceu que o plano nacional de educação deve "articular o sistema nacio-
nal de educação em regime de colaboração" e adotar "ações integradas dos poderes públicos" para o seu
cumprimento.
60 A Emenda nº 14/1996 determinou que essa função redistributiva e supletiva devia “garantir equalização
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e
financeira” aos entes federados.
61 Concorreu com o Fundef a ideia da criação de um piso salarial nacional para o magistério, concebida no
âmbito da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
62 Em São Paulo, as matrículas no ensino fundamental da rede estadual compunham 88% do setor público.
Em Minas Gerais, 75%. Na região Sul, 60%. Mas na região Nordeste, 46%, e no Estado do Rio de Janeiro,
36% (BRASIL/MEC, s.d.).
MÉXICO
63 No segundo cálculo são incluídas as seguintes despesas: aposentadorias, reformas e pensões futuras, recursos
para bolsa de estudo e financiamento estudantil, despesas com juros, encargos e amortizações da dívida da
área educacional e a modalidade de aplicação Transferências Correntes e de Capital ao Setor Privado. O
PNE acolhe as transferências para o setor privado. No período em questão, a participação da União subiu
de 0,7% para 1% (ou 0,9% para 1,3%), a dos estados, de 1,8% para 2,2% (ou 2,1% para 2,5%) e a dos
municípios, de 1,6% para 2,3% (ou de 1,8% para 2,5%). O dados por nível de governo eram divulgados
pelo MEC até 2010. Sua atualização foi recuperada por meio de requerimento de informações do senador
Randolfe Rodrigues e publicada por Rodrigues (2014).
64 Segundo Castellanos e Cortés (2010), o federalismo fiscal mexicano padece de problemas como o excessivo
número de fundos de transferências, falta de clareza nos critérios de repartição, com baixo componente
nivelador, mistura de fundos condicionados com incondicionados e indefinição entre busca da equidade e
de incentivo.
Quadro 2
México: matrículas por dependência administrativa – 1991/1992
Total Federal Autônomo* Estadual Público Privado
(mil) (%) (%) (%) (%) (%)
Primária 14.397 71,1 - 22,5 93,6 6,4
Secundária 4.161 69,0 - 22,9 91,9 8,1
Bacharelado
(Média 1.725 33,6 20,9 23,3 77,8 22,2
superior)
Licenciatura
1.164 16,8 51,2 13,5 81,5 18,5
(Superior)
Fonte: SEP (s.d.).
* Matrículas das universidades autônomas, que são financiadas, principalmente, pelo
governo federal.
65 O Sistema Nacional de Información Estadística Educativa, da SEP, indica um total de 13.499.363 matrículas
transferidas para os estados entre os ciclos escolares de 1991-1992 e 1992-1993.
66 Embora tenham dado esse apoio, não havia nos estados o desejo de mudança. Parte deles já tinha suas pró-
prias redes escolares (cf. quadro 2) e em algumas se pagava salários melhores do que os do governo federal.
67 Não houve transferência no Distrito Federal, onde, no ciclo escolar de 2013-2014, o governo federal de-
tinha 80,1% das matrículas da educação básica, contra 19,8 do setor privado e 0,1% classificadas como
autônomas.
68 Merece registro o avanço do setor privado na oferta de cursos de graduação (licenciatura), em contraste com
a estabilidade na educação básica e na média superior (cf. a tabela).
69 Paralelamente, tomou vulto o debate a respeito da destinação de 8% do PIB para a educação. Tratava-se de
bandeira levantada desde o início da década de 1990 pelo Partido Revolucionário Democrático (PRD), em
grande parte formado por dissidentes de esquerda do PRI. Em 2002, o tema voltou à análise parlamentar,
agora com o apoio também do PRI e a resistência do PAN, que tentou incluir na cifra os gastos privados.
No final de 2002, foi aprovada a destinação de 8% dos gastos públicos em educação, a partir de 2006. Nesse
ano, o índice registrado pelo Banco Mundial (s.d.) foi de 4,8%.
70 Segundo Mejía Botero (2007), as transferências do Fondo de Aportaciones Múltiples (FAM), cujos recursos
podem ser aplicados em alimentação escolar e infraestrutura das escolas, por exemplo, levam em conta
substancialmente o montante de matrículas e índices de desenvolvimento, mas praticamente ignoram as
deficiências de atendimento educacional, apesar de esse critério estar prescrito na legislação. Também de
acordo com o autor, pouco se sabe sobre a destinação dada pelos municípios aos recursos transferidos pelo
Fondo de Aportaciones de Infraestructura Social Municipal (FAISM), mas provavelmente a educação quase
não se beneficie deles.
Referências
BENSUSÁN, Graciela; TAPIA, Luis Arturo. “El SNTE: uma experiência singular
en el sindicalismo mexicano”, El Cotidiano, n. 168, jul.-ago., 2011, p. 17-32.
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DE ESTRADA, Dorothy (Coord.). História mínima de la educación en
México. México, DF: El Colégio de México, Seminário de la Educación en
México, 2010, p. 127-153.
O POBRE E A POBREZA NA
PERSPECTIVA ECONOMICISTA:
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
Introdução
127
dimensão, a de que a solução seria apenas pelo crescimento econômico.
Com isto, pretendemos esclarecer e criticar neste texto o enfoque econômico
que os organismos político-econômicos dão à pobreza, como forma de descrever
e analisar a pobreza brasileira. Refletiremos sobre a forma como os indicadores
econômicos sustentam o mito de que pela educação se acabará com a pobreza,
possibilitando que as pessoas pobres tenham mobilidade social e saiam da pobreza.
No fundo, o sistema capitalista interessa-se tanto em medir a pobreza,
mesmo que acirrando a concentração de renda, quando a erradicação deveria ser a
da concentração de renda e não da pobreza. A nosso ver, não adianta acabar com a
pobreza se a concentração de renda continua acintosa. A ocupação em mensurar a
pobreza não acaba com a essência da pobreza. É uma farsa a ilusão de acabar com
a pobreza porque o pobre se endivida. O endividamento alimenta o capitalismo e
leva as pessoas a acharem que estão numa classe acima da sua; no caso, os pobres
têm a ilusão de estarem na classe média.
Essa associação entre pobreza, desenvolvimento e crescimento econômico
levou os governos brasileiros, nas últimas décadas, a apostarem em políticas
econômicas estruturais, implementando, a partir dos anos noventa, modelos
de políticas sociais e estratégias de combate à pobreza com base em indicadores
quantitativos (RACZYNSKI, 1998).
Essa ideia quantitativa da pobreza entra também em instituições sociais.
Dentre elas, a escola é, sem dúvida, a mais sensível por vivenciar as expectativas, as
esperanças e as contradições de nossa sociedade. Além do mais, a escola contribui,
muitas vezes, para reproduzir as divisões sociais. Especificamente, por saber que
as populações mais empobrecidas se encontram nas escolas públicas no Brasil
(ALGEBAILE, 2009). Sobre essa tendência em reproduzir as divisões sociais,
as pessoas pobres na escola podem perpetuar as segregações sociais baseadas nas
desigualdades de origem. O que faz manter o lugar atribuído em uma posição de
hierarquia social.
Nas últimas décadas a estrutura educacional encontrou na fusão entre as
ações político-sociais e as ações escolares, na esfera educativa pública, ainda que
atinja também a esfera privada, o fortalecimento da ideia de uma escola pobre
materialmente e pedagogicamente. Decerto que, no Brasil, quanto mais a escola
incorporou a pessoa do pobre, mais ela se tornou pobre. Quase sempre a ideia
Sem banheiro de uso exclusivo; sem ligação com rede geral de esgoto ou
pluvial e não tinha fossa séptica; em área rural sem ligação à rede geral de
distribuição de água e sem poço ou nascente na propriedade; sem energia
elétrica, com pelo menos um morador de 15 anos ou mais de idade analfa-
beto, com pelo menos três moradores de até 14 anos de idade e pelo menos
um morador de 65 anos ou mais de idade.
Notamos até aqui, então, que a linha de pobreza estabelece um nível mínimo de
bem-estar abaixo do qual as pessoas são consideradas pobres. De acordo com o
Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird), também
conhecido como Banco Mundial, citado por Costa (2008) e Kanbur e Squire
(1999), o parâmetro para se definir a “linha de pobreza” é de 1 (um) a 2 (dois)
dólares por dia, para se chegar, por exemplo, ao tipo de pobreza moderada; de
todo modo, prioriza-se a renda. Precisamente, as novas estimativas se baseiam
em linha de pobreza internacional de US$ 1,25/dia por pessoa (BRASIL/IPEA,
2014, p. 14). As Nações Unidas adotaram a nova linha de pobreza para as
estimativas de pobreza global em 2009 e usada, a partir daí, em relatório global
de acompanhamento dos Objetivos do Milênio. Vale salientar que no ano de
2015, o Banco Mundial atualizou esse valor da linha internacional da pobreza
para US$1,90 por dia (LETRA, 2015).
Embora a linha da pobreza formulada pelo Banco Mundial seja bem
difundida em meios acadêmicos e em meio à população em geral, ela também
já foi criticada. Nesse aspecto, de acordo com Pogge e Reddy (2003, p. 1), “o
Banco utiliza uma linha internacional arbitrária de pobreza e alheio a qualquer
concepção clara do que é a pobreza”. O Banco Mundial, ao financiar programas
de atenção aos pobres, quer passar a impressão de se interessar pelos desvalidos,
quando, estruturalmente, é o grande produtor da pobreza (SANTOS, 2009,
2010). Ademais, a proliferação da pobreza prejudica a eficácia do modelo padrão
de economia; por isso há preocupação em erradicá-la, sob o signo de que as
aplicações das receitas do capital sejam imperativas.
No que concerne aos governos assumirem em suas agendas a erradicação da
pobreza, o Brasil, por meio da atual Constituição Federal, de 1988, explicita que
um dos objetivos fundamentais do país é o de combater a pobreza. Desse modo,
REFERÊNCIAS
______. A condição humana. Tradução Roberto Raposo. - 11. ed. rev. – Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2010.
CASTRO, Josué de. Geografia da fome. O dilema brasileiro: pão ou aço. – 10.
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por dia. Rádio ONU. 05 out. 2015. Disponível em: <http://www.unmultimedia.
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NERI, Marcelo Cortês (Coord.). A nova classe média: o lado brilhante do pobre.
Rio de Janeiro: FGV/CPS, 2010.
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SEN, Amartya. Sobre economia e ética. Tradução Laura Teixeira Motta. São
Paulo: Companhia das Letras, 1999.
A VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO
PÚBLICO NOS SISTEMAS MUNICIPAIS
DE ENSINO: análises e perspectivas a
partir de sua autonomia federativa
Introdução
157
Partindo desses aspectos, este texto tem por objetivo analisar como estão
configurados os estatutos e planos de carreira do magistério público em quinze
municípios sedes das regiões administrativas do Estado de São Paulo como meios
de valorização dos profissionais da educação, tendo por base dados obtidos em
levantamento bibliográfico e documental provenientes da pesquisa de doutorado
intitulada “Estatutos, Planos de Carreira e Valorização do Magistério Público: um
estudo dos municípios sedes das regiões administrativas do Estado de São Paulo”.
(PAZ, 2014)
Para dar conta dessas análises, o texto está estruturado em duas partes. Na
primeira, com base em uma perspectiva que considera a autonomia municipal
como aspecto central, apresentamos uma breve análise histórica da formação
dos municípios brasileiros e das regiões administrativas do Estado de São Paulo,
dando ênfase aos aspectos sociopolíticos, educacionais e investimentos financeiros
realizados por esses, com vistas à valorização do magistério. Na última parte do
texto tratamos da análise documental dos quinze estatutos e planos de carreira
do magistério público pesquisados, mediante uma perspectiva comparativa entre
suas principais disposições legais.
Tabela 1
Evolução da criação de municípios brasileiros de 1940 a 2000
Anos Municípios Anos Municípios Anos Municípios Anos Municípios
1940 1.574 1970 3.952 1993 4.974 Após 2000 5.562
1950 1.889 1980 3.991 1997 5.498
1960 2.766 1991 4.491 2000 5.507
Fonte: IBGE (2000) /atualização do autor.
Tabela 2
Ano de instalação e população dos municípios sedes das regiões administrativas
em 2013
Município Ano de instalação População 2012
Araçatuba 1921 190.536
Araraquara 1832 222.036
Barretos 1885 117.779
Bauru 1896 362.062
Campinas 1797 1.144.862
Franca 1821 336.734
Marília 1928 228.618
Presidente Prudente 1921 218.960
Registro 1944 56.123
Ribeirão Preto 1871 649.556
Santos 1545 433.153
São José do Rio Preto 1894 434.039
São José dos Campos 1767 673.255
São Paulo 1554 11.821.873
Sorocaba 1661 629.231
Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Atlas Brasil (2013) e São Paulo/Seade (2013).
Gráfico 1
IDHM nos municípios sedes das regiões administrativas – 2010
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J.
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Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Atlas Brasil (2013).
No grupo dos IDHM classificados como muito altos figuram: São Paulo
(0,840), Araraquara (0,815), São José do Rio Preto (0,807), Presidente Prudente
(0,806), Campinas e São José dos Campos (0,805), Bauru (0,801) e Ribeirão
Preto (0,800). Nos IDHM descritos como altos incluem-se: Marília e Sorocaba
(0,798), Santos (0,797), Barretos (0,789), Araçatuba (0,788), Franca (0,780) e
Registro (0,754).72
Embora todos os municípios em análise tenham diminuído os índices de
pobreza extrema de sua população nas duas últimas décadas, Bauru, Campinas,
Marília, Registro e São José dos Campos são os únicos que ainda apresentam
percentuais acima de 1% dos habitantes nessa condição. Entre os que reduziram
expressivamente tais índices, destaca-se São José do Rio Preto, que possui o menor
indicador (0,46%).
71 O IDHM é calculado em três quesitos, a renda da população, a longevidade e a educação, com base em
dados do censo de 2010.
72 O IDHM alto corresponde de 0,700 a 0,799 e muito alto de 0,800 a 1 (ATLAS BRASIL, 2013).
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% de Extrema Pobreza
Gráfico 3
Expectativa de vida nos municípios sedes – 2010
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% Expectativa de vida
Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Atlas Brasil (2013).
Gráfico 4
Percentual de analfabetismo da população de 15 anos ou mais nos municípios
sedes – 2010
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Gráfico 5
Percentual da população de 18 a 24 anos com Ensino Médio completo nos
municípios sedes – 2010
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Gráfico 6
Percentual de recursos do Fundeb aplicados em remuneração do magistério, nos
municípios sedes (2008 a 2012)
S. J. do Rio Preto 92,430
Santos 91,810
Marília 88,530
São Paulo 87,630
Rib. Preto 87,100
S. J. dos Campos 86,310
Sorocaba 86,310
Bauru 81,550
Registro 78,930
P. Prudente 78,190
Araçatuba 78,130
Campinas 75,940
Barretos 73,340
Franca 69,470
Araraquara 69,000
Fonte: Elaborado pelo autor com dados do SIOPE (2013)
73 Cumpre destacar que a categorização dos aspectos analisados nos estatutos e planos de carreira pautou-se
na estruturação dos próprios documentos, uma vez que todos eles seguem uma sequência de dispositivos
legais próxima à existente nos Estatutos do Magistério do Estado de São Paulo de 1985 e 1997. Além disto,
consultamos para organizar melhor a categorização, um guia de elaboração de estatutos e planos de carreira
distribuído pelo MEC aos sistemas públicos de ensino (BRASIL, 2000a).
Gráfico 7
Provimento para os cargos/funções de especialistas/gestores nos municípios
sedes
13%
concurso e também funções de 54%
con ança/grati cada ( efetivos)
74 No município de Ribeirão Preto, embora a legislação da carreira exija para o provimento dos cargos
em comissão de diretor de escola, vice-diretor e assessor educacional experiência mínima que varia
de três a cinco anos no magistério municipal, este direito é exclusivo dos servidores efetivos, pois,
conforme estudo do MEC (BRASIL, 2000a), o termo “efetivo exercício” não se refere ao profissional do
quadro efetivo/permanente, mas, tão somente, ao servidor que tenha efetivamente lecionado os dias letivos
que lhe foram incumbidos.
75 Nenhum dos municípios estudados supera a exigência de cinco anos de experiência no magistério para o
exercício de tais funções, a exceção de oito anos pertence ao plano de carreira de Campinas, cujos cargos da
área de gestão educacional são providos mediante concurso público de provas e títulos.
Avaliação de Desempenho
Conforme pesquisa feita por Gatti et al. (2011), um dos pontos que menos
receberam atenção especial nos estatutos e planos de carreira municipais é a
avaliação de desempenho. Em levantamento feito com 48 municípios brasileiros
entre janeiro e maio de 2011, os autores constataram que 38% utilizavam para
fins de promoção por merecimento apenas o critério de antiguidade, deixando de
realizar uma consistente avaliação de desempenho.
Ao voltarmos nossos olhares aos quinze estatutos e planos de carreira
investigados, com vistas à constatação de quais deles contemplam em suas normas
avaliações de desempenho que visem, realmente, à aferição de resultados que vão
além do critério de merecimento por antiguidade, chegamos ao seguinte panorama.
Gráfico 8
Percentual dos municípios sedes com avaliação de desempenho do magistério
Jornada de trabalho
Gráfico 9
Cumprimento da jornada fixada pela Lei nº 11.738/2008 nos municípios sedes
0 2 4 6
Fonte: Elaborado pelo autor (2013)
Tabela 4
Salário base dos docentes por área de atuação para uma jornada de 40 horas, nos
municípios sedes – setembro/2013
Prof. de Prof. Ens. Fund. Prof. Artes/Ed. Prof. Ed.
Município
Ed. Infantil Anos Iniciais Física/Música Especial
Araçatuba 2.472,16 2.472,16 2.595,77 2.595,77
Araraquara 1.684,99 2.022,00 2.368,00 ---
Barretos 2.543,60 2.543,60 2.901,30 ---
Bauru 2.726,54 2.726,54 2.726,54 2.726,54
Campinas 3.750,00 3.750,00 3.750,00 ---
Franca 2.416,33 2.416,33 2.416,33 2.416,33
Marília 3.205,96 3.205,96 3.245,12 ---
Pres. Prudente 1.794,00 1.794,00 2.181,24 ---
Registro 2.030,32 2.030,32 2.353,69 ---
Ribeirão Preto 2.710,00 2.710,00 3.262,00 ---
Santos 2.048.58 2.048.58 2.337,77 ---
S. J. do Rio Preto 2.219,38 2.219,38 3.192,00 ---
S. J dos Campos 2.356,80 2.356,80 2.356,80 ---
São Paulo 1.917,25 1.917,25 2.315,94 ---
Sorocaba 2.988,40 2.988,40 3.612,00 ---
Fonte: Elaborado pelo autor (2013).
76 Cumpre-nos ressaltar que haverá considerável aumento no salário base quando os profissionais ingressantes
com curso normal de nível médio apresentarem o diploma de curso superior em Pedagogia, mas isto será
demonstrado quando tratarmos da progressão funcional, ainda neste tópico do estudo.
77 Em 2013, o valor do piso salarial nacional do magistério para uma jornada semanal de 40 horas estava
fixado em R$ 1.567,48, para profissionais com formação mínima em curso normal de nível médio.
180 |
Percentual de crescimento da progressão funcional via acadêmica nos estatutos e planos de carreira, nos municípios sedes
Cursos na área da educação % Tipo de
Municípios Interstício inicial incidência sobre
Licenciatura Pós-graduação lato sensu Mestrado Doutorado o salário base
Araçatuba A partir do ingresso no cargo 10% 10% * 10% 10% cumulativa
Araraquara 3 anos (estágio probatório) 17% 17% 17% 17% cumulativa
Barretos A partir do ingresso no cargo 4,75% 4,75% 4,75% 4,75% cumulativa
Bauru 5 anos de exercício no cargo --- 6% 12% 12% cumulativa
3 anos (estágio probatório), porém todo
título acadêmico apresentado só entrará
Campinas 5% 10% 15% 20% cumulativa
em vigor no mês de março do ano
seguinte ao que ocorreu o requerimento
Franca Não possui progressão funcional
Marília Não possui progressão funcional
78 Em geral, nos municípios de Presidente Prudente e São José do Rio Preto não podem haver benefícios
cumulativos somente para os níveis de formação de pós-graduação stricto sensu, prevalecendo o maior título
acadêmico. Em Santos a norma não cumulativa abrange todos os títulos acadêmicos a partir da graduação
em nível superior. Mesmo que as progressões funcionais em Presidente Prudente não sejam cumulativas,
a legislação da carreira apresenta considerável percentual de crescimento em comparação com alguns dos
outros municípios.
182 |
Progressão funcional via não acadêmica ou por capacitação nos estatutos e planos de carreira do magistério, nos municípios sedes
Carga horária/
Outros pontuação % de crescimento na
Município 1º Interstício Cursos que podem ser apresentados
interstícios necessária para a carreira
progressão
A partir do
A cada 4 Atualização e capacitação de no mínimo 30
Araçatuba ingresso no 210 horas 2%
anos horas
cargo
Araraquara Integra a avaliação de desempenho
3 a 5 anos, Atualização de no mínimo 30 horas e
3 anos (estágio No mínimo 4
Barretos conforme a aperfeiçoamento de no mínimo 180 horas e 4,75%
probatório) pontos
legislação produção profissional.
Carga horária/
Outros pontuação % de crescimento na
Município 1º Interstício Cursos que podem ser apresentados
interstícios necessária para a carreira
progressão
4 anos (1.460
A cada 5 Atualização e aperfeiçoamento de curta
Registro dias de efetivo 360 horas 5%
anos duração
exercício)
3% a cada 5 pontos
A partir do Cursos de extensão de no mínimo 30 horas; obtidos (limitados
A cada 10 No mínimo 5
Ribeirão Preto ingresso no Aperfeiçoamento de no mínimo 120 horas; a 78% - máximo
anos pontos
cargo Especialização de no mínimo 360 horas; da escala de
vencimentos)
Santos Não existente na legislação
S. J. do Rio Preto Não existente na legislação
S. J dos Campos Integra a avaliação de desempenho
São Paulo Integra a avaliação de desempenho
3 anos (estágio Aperfeiçoamento de no mínimo 120 horas e No mínimo 150
Sorocaba Anualmente 5%
probatório) congressos nacionais e internacionais pontos
Obs. 1: Nos municípios de Barretos, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Sorocaba, abstemo-nos de detalhar o procedimento de cálculo das pontuações para a
progressão não acadêmica, pelo fato de que a legislação complementar (portarias e resoluções) estava indisponível, porém, sabemos que os certificados são valorados
de 1,0 a 5,0 pontos, conforme seu grau de complexidade.
|
183
Do mesmo modo como ocorre com a progressão funcional via acadêmica,
a progressão não acadêmica ou por capacitação exige o cumprimento de um
primeiro interstício em Barretos, Bauru e Sorocaba (3 anos de estágio probatório)
e em Registro (4 anos), para que se possa requerer o benefício. Em Araçatuba,
Presidente Prudente e Ribeirão Preto isto não ocorre, podendo haver crescimento
na carreira desde o ingresso no cargo, porém, em todos os municípios, após a
primeira progressão o profissional só poderá ser contemplado novamente após
decorridos novos interstícios de 2 anos em Bauru, 3 a 5 anos em Barretos, 4 anos
em Araçatuba, 5 anos em Presidente Prudente e Registro e 10 anos em Ribeirão
Preto. Excepcionalmente em Sorocaba, depois de cumprido o estágio probatório
o direito a esse tipo de progressão funcional passa a ser anual.
Em Ribeirão Preto, embora seja necessário esperar uma década para entregar
os cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização realizados, o estatuto e
plano de carreira limita o percentual de crescimento em 78% sobre o salário
base, o que, talvez, estimule os profissionais a buscarem o máximo de formações
continuadas ao longo desse período.79 Já com relação a Araraquara, Campinas,
São José dos Campos e São Paulo, prevalece uma sistemática diferenciada no
cômputo dos cursos de formação realizados pelos servidores, pois todos eles
somam-se a outros critérios para compor a avaliação de desempenho funcional.
Em outra perspectiva de análise das carreiras nos estatutos e planos apreciados,
temos, ainda, como componente evolutivo, a valorização do tempo de serviço
prestado pelo servidor ao ente federado. De certa forma, esse critério existe em
todos os municípios, pois quando não está contemplado na legislação específica
do magistério público, encontra-se na legislação geral do funcionalismo municipal.
Em nove dos municípios apresentados na tabela a seguir, será possível
constatar que esse tipo de progressão está diretamente contemplado, e em alguns
outros, integrando a avaliação de desempenho. Permanecem ainda na redação
das legislações verificadas termos diversos para tratar do tempo de serviço, vindo
ora descritos como promoção por antiguidade e assiduidade, ora designando
períodos específicos como anuênio, biênio, triênio ou quinquênio.
79 Em razão de nossas limitações, não faremos nenhum tipo de juízo de valor sobre a validade ou não desses
cursos de formação para a melhoria da qualidade do ensino. Para isto, porém, seria necessário um estudo
aprofundado em cada sistema municipal de ensino, mas não podemos deixar de lembrar que, informal-
mente, muito se ouve a respeito da realização de cursos rápidos e sem muita qualidade, somente para fins
de progressão funcional.
|
Santos Integra a avaliação de desempenho
185
Continuação _ Tabela 8
186 |
Município 1º Interstício Outros interstícios/critérios Tipo de progressão %
Biênio
A cada 2 anos Para o cargo de Professor 3%
de Ed. Básica I – PEB I
S. J. do Rio Tempo de magistério
-----
Preto Para o cargo de Professor
A cada 5 anos 12%
de Ed. Básica II - PEB II
e gestores
A cada 5 anos Quinquênio 5%
S. J dos Campos Integra a avaliação de desempenho
3 anos (estágio
São Paulo 2 a 5 anos, conforme o cargo Tempo de magistério 6,5%
probatório)
80 Em São José do Rio Preto o Bônus Educador Presente pode chegar até 50% da Referência 10, correspon-
dente ao nível superior da tabela geral de vencimentos, e em Araraquara, resulta na concessão de R$ 60,00
adicionais no auxílio alimentação em caso de inexistência de ausência ao trabalho durante o mês, não sendo
descontados apenas os dias em que o servidor se ausentar em caso de nojo, intimações ou convocações do
Poder Judiciário e doação de sangue.
REFERÊNCIAS
Introdução
195
Na busca dessa qualidade do ensino, temos percebido que a partir do ano
2000 as legislações e políticas educacionais têm se preocupado com a formação
integral na escola básica. Esse tipo de formação está expresso em diferentes
documentos oficiais, dentre eles a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), nº 9394/96 (BRASIL, 1996). Porém, essa preocupação com a oferta
de uma educação integral requer uma política educacional que seja capaz de
superar o fracasso escolar, o qual se encontra arraigado no sistema educacional,
ocasionado por um modelo de educação fragmentado.
O fracasso escolar tem sido objeto de preocupação constante de gestores
e educadores brasileiros. Essa temática vem sendo debatida e discutida por
educadores em diferentes fóruns educacionais, desde a década de 1920. Na
década de 1930, os educadores brasileiros lançaram um documento intitulado
“Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, o qual apontava os fatores negativos,
considerados graves na educação pública brasileira, oferecida às classes populares.
Além de denunciar os problemas da educação brasileira, o documento cobrava
dos gestores da educação a necessidade dos críticos da educação pública escolar
abandonar a formação “livresca” e fragmentada e se voltar para uma formação
integral do homem.
Na esteira do movimento desencadeado por educadores na década de
20 e 30, acerca da qualidade da oferta do ensino público brasileiro, podemos
constatar que os estudiosos também passaram a desenvolver estudos no sentido de
compreender o problema e apontar possíveis soluções. Na literatura da educação
brasileira constata-se que os primeiros estudos realizados por Teixeira de Freitas
nos dados da educação na década de 40, apontavam que o problema da educação,
desde aquela época, já se centrava na qualidade do ensino ofertado (KLEIN;
RIBEIRO, 1995). Estudos realizados por Ribeiro (1986, p. 13) apontam que
“um fator importante do nosso baixo rendimento escolar reside na exiguidade do
tempo de atendimento que damos à criança na escola”.
A superação do fracasso escolar, ainda que presente nos documentos oficiais,
na prática continuou ausente das políticas educacionais, a qual só foi assumida
como prioridade a partir da década de 90, mais como resultado da pressão externa
do que propriamente como preocupação estatal. Apesar das políticas educacionais
se voltarem, a partir da década de 90, para encontrar alternativas para a superação
Esses estudos mostram que, na educação brasileira, até a década de 1960 era
usual a utilização dessa explicação para justificar o alto índice de fracasso escolar.
Analisando registros de encaminhamento de crianças às unidades de saúde pelas
escolas, Moysés e Colares (1992) detectaram que os alunos encaminhados para
“tratamento” já iam com o diagnóstico prévio da escola, sendo os mais comuns a
desnutrição e os distúrbios neurológicos.
Posteriormente, a psicologia se apropriou de conhecimentos acumulados
pela antropologia cultural e redirecionou seu foco para a origem do aluno. Nos
anos 60, pesquisadores dos EEUU e da Europa se ocuparam em estudar os
desempenhos dos alunos através de testes. Com base nos resultados, passaram
(...) Dois exemplos bastam para ilustrar essa constatação que já fizemos
quando da análise de artigos da RBEP: embora defensora da tese da dife-
rença e embora se tenha posicionado desde o início de sua produção contra
os termos “carência” e “deficiência” cultural, Poppovic (1977) afirmava: “o
aluno – proveniente, em sua maioria, de ambientes econômicos e cultural-
Essa pouca importância dada à educação formal fez com que o país chegasse
à década de 1920 com 65% de sua população com idade acima de quinze anos
analfabeta (RIBEIRO, 2001, p. 82). A pouca escolarização da população se
justifica pela própria formação da sociedade, uma vez que esta era composta em
sua grande maioria por camponeses, para os quais os conhecimentos ensinados
nos currículos da escola rural em pouco mudavam sua condição econômica e
social. Outro fator que contribuía para esse resultado era a falta de organização
estrutural do ensino, uma vez que o Brasil não possuía sequer um órgão central
para pensar, traçar e acompanhar uma política educacional para o país, conforme
aponta Freitag (1981, p. 46):
Podemos dizer que nesse período uma política educacional estatal é quase
inexistente. Basta ressaltar que o primeiro Ministério de Educação é criado
pelo Governo de Getúlio Vargas, em 1930. Isso não quer dizer, porém,
que o sistema educacional correspondente aos diferentes momentos desse
período fosse totalmente inoperante (...).
(...) a escola não foi chamada a exercer qualquer papel importante na for-
mação de quadros e qualificação de recursos humanos, permanecendo
como agente de educação para o ócio ou de preparação para as carreiras li-
berais. As relações entre o modelo econômico e o modelo educativo, nessa
fase, não podiam ser medidas em termos de defasagem, porque a educação
escolar carecia de função importante a desempenhar junto à economia.
Os dados apresentados por Werebe (1994) indicam que até esse período
a preocupação com a educação primária continuava centrada na expansão
quantitativa do ensino que, mesmo assim, continuava a ser insuficiente para
atender toda a demanda. A política expansionista era a prioridade governamental
em detrimento da qualidade do ensino.
Tabela 1
Evolução da matrícula na escola primária, por zona no Brasil, entre 1932 e 1970
Tabela 2
População de 7 a 14 anos com respectivas taxas de escolarização, por zona, em
1970
Tabela 3
Taxa de repetência no ensino de 1º grau, no período de 1981-1990
81 A implementação do Fundef era uma estratégia governamental para promover a justiça social, uma política
nacional de equidade, a descentralização e a melhoria da qualidade da educação e valorização do magistério – o
Fundef, com duração de dez anos (1997-2006), teve seus recursos automaticamente distribuídos no âmbito
de um mesmo estado, em função do número de alunos matriculados no ensino fundamental regular público.
De acordo com a legislação, a União deveria complementar os recursos dos estados sempre que não atingissem
a um valor mínimo por aluno ao ano definido para o âmbito nacional. Outro dado interessante é o fato da
definição de que o Fundef deveria destinar, no mínimo, 60% dos seus recursos para a remuneração dos pro-
fissionais do magistério em efetivo exercício na educação fundamental (MENEZES; COELHO, 2007).
É difícil precisar como se instalou no Brasil uma situação como esta. Mas,
análises semelhantes realizadas na década de 40, utilizando dados do início
do decênio (7), já mostram que, apesar do acesso à educação básica ser de
apenas 65% de uma geração, a repetência na 1ª série do antigo curso pri-
mário era da ordem de 60%. Parece que nos últimos cinquenta anos con-
Tabela 4
Percentual de alunos com experiência prévia de reprovação na 4ª série do ensino
fundamental por regiões.
Considerações Finais
ARAÚJO, C. H.; LUZIO, N.. Fracassados aos sete anos? Jornal de Brasília,
Brasília, 7 fev. 2005.
FREITAG, B. Escola, Estado & Sociedade. 6. ed. São Paulo: Moraes, 1981.
229
A partir da idade moderna, os avanços filosóficos e científicos ocorridos,
principalmente na Europa, permitiram inferir que a educação foi a grande
protagonista de um papel decisivo, que levou tanto ao desenvolvimento da
economia quanto à produção de maior quantidade bens, contribuindo também
e, significativamente, para a adequação da formação humana para as novas formas
de trabalho, gestadas com maior ênfase, a partir da Revolução Industrial, ocorrida
na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX, contexto em que a Enciclopédia de
Jean d’Alembert e Denis Diderot descrevia o quadro das ocupações da época e o
saber necessário para os seus exercícios.
No Brasil Colônia não foi diferente. Os postulados da educação para o
trabalho estavam na bagagem dos primeiros missionários religiosos que aqui
aportaram e ficaram. Fundada no ano de 1534, por Santo Inácio de Loyola, a
Companhia de Jesus chegou ao Brasil em 1549, juntamente com o primeiro
Governador-Geral, Tomé de Sousa. Representava o movimento da Igreja Católica
contrário à Reforma protestante que agitava toda a Europa. Seu principal objetivo
era deter o avanço protestante em duas frentes: a primeira, por meio da educação
das novas gerações e a segunda, pela ação missionária, procurando converter à fé
católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas. Desta forma, atendia
plenamente aos interesses políticos e econômicos tanto da Igreja Católica quanto
da Coroa Portuguesa.
Ressalte-se, que em alguns registros documentais, os missionários jesuítas
foram os precursores do ensino para o trabalho no Brasil e também os criadores
das primeiras “Escolas-oficinas”, com sede nos pátios de seus colégios e nas
vizinhanças de suas residências, localizadas quase sempre em áreas urbanas.
Essa localização tinha por estratégia básica facilitar a oferta do ensino, visando à
formação de artesãos, marceneiros, carpinteiros, ferreiros e outros ofícios manuais,
tendo por público alvo os indígenas, os escravos e as pessoas mais pobres. Com
isto, segundo Fonseca (1961, p. 68), “[...] habituou-se o povo de nossa terra a
ver aquela forma de ensino como destinada somente a elementos das mais baixas
categorias sociais”.
Vale destacar que as primeiras iniciativas formais para o ensino de profissões
nasceram inspiradas nas Corporações de Ofícios, como as organizações formadas
por trabalhadores que exerciam as mesmas tarefas artesanais inerentes às olarias,
230 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
às carpintarias e à construção civil, nas quais se exigiam força física e habilidade.
Para tanto, as corporações eram mantidas por cotas pagas pelos seus membros,
destinadas a socorrer os associados em situações de necessidade financeira, doenças
ou funerais, bem como as mais organizadas veneravam um santo patrono, da
devoção dos operários.
Dessa maneira, o ensino técnico e profissional oferecia somente o
conhecimento necessário para manutenção do modelo econômico de base
extrativista, haja vista que a Coroa Portuguesa não permitia a instalação de
estabelecimentos industriais nas suas colônias e, no caso do Brasil, a proibição
constava em Alvará de 5 de janeiro de 1785. Em referência a isso, Manfredi (2002,
p. 67) afirma: “durante os dois primeiros séculos de colonização portuguesa,
a base da economia brasileira era a agroindústria açucareira, predominando o
sistema escravocrata de produção e organização do trabalho”.
Em consonância, nos três primeiros séculos de colonização, reproduz-se na
sociedade a anacrônica separação entre o ensino destinado às elites e o ensino
destinado ao restante da população. Para tanto, repetia-se o que ocorria desde
os tempos mais remotos para as elites dominantes, ou seja, um ensino voltado
às ciências, humanidades, preparo intelectual, conhecimento das estratégias de
comando e das práticas militares. Especialmente para os índios, os escravos e
demais subjugados, o ensino era controlado e limitado, numa tônica voltada para
o fazer, o sofrer, o trabalho manual. De acordo com Cunha (2000b, p. 90), “[...]
essa característica contaminava todas as atividades que lhes eram destinadas, ou
seja, estabelecia-se na cultura brasileira a base do preconceito contra o trabalho
manual [...]”.
Contudo, em 1808, aconteceu um refrigério provocado pela vinda da Corte
Portuguesa para o Brasil e mudanças significativas ocorreram na economia e na
educação para o trabalho sob a tutela do Príncipe Regente, futuro D. João VI,
que iniciou um lento processo de desenvolvimento industrial brasileiro com a
abertura dos portos ao comércio com outras nações e a autorização para a criação
de novas fábricas.
Já em 1809, no porto do Rio de Janeiro, foi criado o Colégio das Fábricas,
como primeira medida destinada a formação de artífices e aprendizes que tinha
por público alvo, principalmente, os órfãos que tinham vindo na frota com a
232 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
prática e também as iniciando no ensino dos ofícios manuais para atender ao
setor industrial nascente. Com base nesses arranjos, sociedades importantes se
formaram pelos Liceus de Artes e Ofícios, dentre as quais, citamos as unidades
do Rio de Janeiro/RJ (1858), Salvador/BA (1872), Recife/PE (1880), São Paulo/
SP (1882), Maceió/AL (1884) e Ouro Preto/MG (1886). No âmbito do Liceu de
Artes e Ofícios do Rio de Janeiro em 1881, Cunha (2000a) pontua como nova
a oferta do primeiro curso com um currículo seriado fixo e com quatro anos de
duração, destinado a mulheres.
No que toca às instituições de ordens religiosas, em 1883 chegou ao Brasil,
proveniente do Uruguai, a primeira missão salesiana seguidora da filosofia
do Padre Dom Bosco cujos religiosos eram vistos como praticantes de uma
modalidade atualizada do ensino jesuíta. Esses missionários trouxeram uma
experiência realizada na Itália no ano de 1853, quando propuseram um ensino
em caráter profissionalizante para retirar menores carentes das ruas, dando-lhes
instrução e preparando-os para o trabalho. Nesse ideário, os salesianos, ao final
do século XIX, inauguraram escolas semelhantes em alguns estados da federação
brasileira, como nas cidades de Campinas/SP, Cuiabá/MT, Lorena/SP, Niterói/
RJ, Recife/PE, Salvador/BA, São Paulo/SP e Rio Grande/RS.
Todavia, em 1889, com a Proclamação da República, o Brasil ingressou em
novas fases de desenvolvimento tanto social quanto econômico, advindas de seu
processo de urbanização e industrialização. Para Manfredi (2002), nesse período
denominado de Primeira República, que vai da proclamação até os anos 30 do
século XX, o sistema educacional escolar e a educação profissional ganharam nova
configuração.
Com base nessas evidências, Cunha (2000b) considera que os adeptos do
pensamento positivista, logo após a Proclamação da República, foram pioneiros
nas concepções sobre a educação profissional, materializada por um memorial
em que constaram as assinaturas de quatrocentos operários das oficinas do Rio
de Janeiro. Esse documento foi entregue a um dos principais articuladores do
levante republicano de 1889, Benjamin Constant, que era um militar e político
simpatizante da vertente do positivismo. Com efeito, os pleitos contidos nesse
memorial não foram atendidos, mas, em parte, contribuiu para o avanço e
aprovação de um decreto que limitou o emprego de menores nas fábricas da
234 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
Ainda neste mesmo ano, o ensino técnico e profissional passou a ser atribuição
do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, claramente controlados
e supervisionados pelos empresários desses segmentos. Consolidou-se, então,
uma política de incentivo ao desenvolvimento do ensino industrial, comercial e
agrícola. Dessa forma, o ensino comercial saiu na frente, foram instaladas escolas
comerciais em São Paulo, como a Fundação Escola do Comércio Álvares Penteado
e escolas comerciais públicas no Rio de Janeiro/RJ, Bahia/BA/, Pernambuco/PE
e Minas Gerais/MG.
No final da primeira década do século XX, o Presidente Nilo Peçanha no
seu breve governo (1909-1910), para incentivar o ensino industrial, comercial e
agrícola, assinou o Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, criando uma
rede de dezenove Escolas de Aprendizes Artífices nos moldes dos Liceus de Artes
e Ofícios, custeadas pelo Estado e instaladas nas capitais dos principais estados,
com exceção do Distrito Federal/DF e do Rio Grande do Sul/RS.
Em relação a isso, Manfredi (2002, p. 83) afirma: “A distribuição das escolas
de aprendizes artífices pelas capitais dos estados tinha objetivos mais políticos
do que econômicos”. Em razão disso, foram poucas as capitais que contavam
com um parque industrial desenvolvido ou com estrutura física suficiente para
demandar esta modalidade de ensino. Essa situação vivenciada pelos governos
estaduais gerou um eficiente mecanismo de barganha direta com o governo
federal e sua presença junto às oligarquias políticas.
Na lógica dessas reivindicações, Silva e Carneiro (1983) sinalizam que Nilo
Peçanha demonstrava sua revolta com a distinção entre o trabalho intelectual e
o trabalho manual, pois considerava que esta separação destinava os operários à
servidão, à ignorância e aos duros encargos da vida.
Esses autores afirmam que sobre as políticas públicas que envolviam
educação e trabalho, Nilo Peçanha, então fustigava:
236 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
iniciativas de criação de cursos destinados à educação profissional provinham
de entidades privadas e estatais localizadas no estado de São Paulo e ligadas
em sua grande maioria às ferrovias. Assim, a primeira escola criada foi a Escola
Profissional Mecânica, com sede e funcionamento no Liceu de Artes e Ofícios,
tendo por mantenedores as companhias ferroviárias paulistas.
No desdobramento da Revolução de 1930, alguns dos reformadores
educacionais da década anterior passaram a ocupar cargos importantes na
administração de ensino e iniciaram a colocar em prática ideias que defendiam.
Nessa perspectiva, a educação brasileira teve impactantes transformações que
começaram a dar-lhe até mesmo uma feição de um sistema articulado, com a
criação do Ministério da Educação e das Secretarias de Educação dos Estados,
cujo ministro escolhido foi o advogado e jurista Francisco Luís da Silva Campos,
que, na década anterior, tinha vivido a experiência de reformar com as suas ideias
a educação de Minas Gerais.
No ano de 1931, já na vigência do Estado Novo, o Presidente Getúlio
Vargas tinha como Ministro da Educação Francisco Campos, e o responsável
pela primeira reforma da educação brasileira de maior vulto e abrangência ao
criar na sua gestão o Conselho Nacional de Educação (CNE) e, pelo Decreto
Federal n 20.158/31, organizou o ensino profissional comercial e regulamentou
a profissão de contador. A importância deste decreto deve-se ao fato de ser o
primeiro instrumento legal a estruturar cursos no Brasil, já incluindo a ideia de
itinerários voltados para a profissionalização.
Ainda em 1931, concebido nos moldes da Taylor Society dos Estados Unidos,
foi criado o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), com a
finalidade de divulgar os princípios da administração científica elaborados pelo
engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856-1915), com a adoção de métodos
cartesianos, principalmente o método de Taylor, que era tido como remédio para
redução de custos e aumento na produtividade das empresas. Para tal, um grupo de
empresários fundou o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT).
A criação do IDORT recebeu o apoio da Associação Comercial de São Paulo
e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e foi precursor na realização
de projetos visando à profissionalização de trabalhadores junto às empresas
particulares.
238 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
profissional que, segundo a visão de Romanelli (1986, p. 155):
240 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
Distrito Federal, entidades do setor produtivo e organizações não governamentais,
com vistas à manutenção e à gestão dos novos estabelecimentos de ensino.
Em 20 de dezembro de 1996, com a Lei nº 9.394, é aprovada a considerada
terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), trazendo em seu
escopo um capítulo dedicado à educação profissional. Em 1997, pelo Decreto
nº 2.208, de 17 de abril, é regulamentada a educação profissional e criado o
Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep).
No ano de 1995, primeiro ano de Governo do Presidente Fernando
Henrique Cardoso, iniciou-se a estruturação do Plano Nacional de Qualificação
do Trabalhador (Planfor), que passou a ser implementado com recursos oriundos
do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por meio da Secretaria de Formação
Profissional (Sefor) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a partir de
1996, através da Resolução nº 126 do Conselho Deliberativo do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (Codefat). Esta política pública tinha como objetivo
geral ofertar cursos profissionalizantes suficientes para qualificar ou requalificar,
anualmente, a partir de 1999, pelo menos 20% da População Economicamente
Ativa (PEA).
A partir de 2003, a educação profissional, científica e tecnológica se fortalece
com a ascensão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, um trabalhador
egresso da educação profissional. Nesse mesmo ano, através da Resolução nº 333,
de 10 de julho, do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(Codefat), institui-se o Plano Nacional de Qualificação (PNQ), no âmbito do
Programa do Seguro Desemprego, para a execução de ações de qualificação
social e profissional de trabalhadores sob a coordenação do Departamento de
Qualificação da Secretaria de Políticas Públicas e Emprego (SPPE), do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE).
Em 2004, o Decreto nº 5.154 permite a integração do ensino técnico de
nível médio ao ensino médio regular e, em 2005, é lançada a primeira fase do
Plano de Expansão da Rede Federal prevendo a construção de sessenta novas
unidades de ensino pelo Governo Federal. Como marco, o Centro Federal de
Educação Tecnológica do Estado do Paraná (Cefet-PR) é transformado e passa
ser a Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Em prosseguimento, na data de 23 de setembro de 2005 é criado o Projeto
242 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
cursos técnicos; f ) ampliar a oferta e o acesso aos cursos técnicos de nível médio
públicos e gratuitos.
De modo especial, o mandato do Governo Lula (2007-2010) fica marcado
pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) apresentado como um plano
executivo e criado para fomentar o crescimento do país e melhorar a qualidade
de vida, incluindo o lançamento de 40 Programas divididos em quatro em eixos
norteadores e que contemplam a educação básica, a educação superior, a educação
profissional e a alfabetização.
No contexto desse pacote instituído em 2007, admite-se que na gestão do
Ministro da Educação Fernando Haddad as ações propostas para a implantação
de políticas educacionais nacionais foram ousadas em comparação aos governos
anteriores, considerando-se, as metas e resultados almejados em empreendimentos
promissores, como: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb); o Programa
Universidade para Todos (Prouni); o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais (Reuni); o Sistema de Seleção Unificada
(Sisu).
Ainda como parte da política do Ministro da Educação (2007), a atuação
e a articulação foram essenciais para a ampliação do sistema educacional do
país, desde a educação infantil até a pós-graduação. Ademais, surge um legado
de contribuições significativas, sendo: a diminuição de quase 2% no índice de
analfabetismo; a alteração da média de tempo dos brasileiros na escola com
aumento de 7 anos para 7,5 anos; ampliação do número de vagas para o ensino
superior; a flexibilidade na entrada de alunos nos cursos técnicos e profissionais
por meio dos exames nacionais; a acessibilidade na concessão de bolsas de estudo
em universidades privadas para estudantes de baixa renda; a criação de exames
nacionais idealizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) com a aplicação da Avaliação da Educação Básica (Saeb)
nas unidades da federação e a Prova Brasil nos municípios e Distrito Federal.
Note-se que nas reformas educacionais, são criados em 2008, os Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets). Em continuidade às políticas
públicas de educação, Dilma Rousseff na presidência do país, sanciona a Lei nº
12.513, de 26 de outubro de 2011 e que cria o Programa Nacional de Acesso
244 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
Diante do exposto, afirmamos que como uma das modalidades de ensino
vigentes, a educação profissional, científica e tecnológica, situa-se numa trajetória
especial para a construção da cidadania dos atores envolvidos e pela relevância
das políticas públicas educacionais retratadas num plano territorial e efetivadas
na gestão do Presidente Lula da Silva, com o Partido dos Trabalhadores (PT) no
poder.
REFERÊNCIAS
246 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4024, de 20 de
dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília:
Distrito Federal, 1961. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso
em: 22 set. 2013.
248 | Luiz Augusto Damasceno Brasil ; Gabriela Menezes de Souza ; Marli Alves Flores Melo
______. Decreto nº 6.302, de 12 de dezembro de 2007. Institui o Programa
Brasil Profissionalizado. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
Brasília, Distrito Federal, n. 249, 13 de dezembro de 2007. Seção 1, p. 4-5.
Remi Castioni
Introdução
251
de implementação, com o trabalho clássico de Presmann e Wildavsky (1984), que
se tornou referência para a área de políticas públicas.
No campo educacional só muito recentemente os olhares sobre a
implementação se fizeram presentes na avaliação das políticas. Na maioria das
vezes a avaliação recai sobre o beneficiário da política, mas muito pouco se
condiciona o sucesso da política ao que proporciona a “entrega” da política. Nessa
direção, autores como Rus Perez (2010) chegam a se indagar porque é importante
pesquisar implementação de políticas educacionais atualmente.
É com este propósito que discorremos aqui sobre uma das mais importantes
iniciativas do governo federal, nos últimos anos, a expansão da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica com a criação dos Institutos Federais. Nessa
direção e dadas às características que encontramos com a expansão da educação
profissional para o interior do continente, é importante assinalar que o papel
exercido pelos implementadores dessa política está a classificação a que Lipsky
(1980) classificou como “burocracia do nível de rua”.
O conceito de “burocracia do nível de rua”, criado pelo autor, diz respeito
a servidores públicos que agem diretamente com cidadãos. Entrariam nessa
classificação os professores, policiais e assistentes sociais, entre outros. A formulação
clássica de burocracia weberiana não levava em consideração os servidores que
atuavam na ponta de qualquer sistema e para tanto, os burocratas seriam meros
formuladores que não pertenceriam a um serviço público de massas. Ao longo
do tempo admitiu-se que aqueles que atuam na prestação direta dos serviços não
seriam meros implementadores de políticas, mas teriam papel importante na
discricionariedade, que pode alterar em muito os desejos proclamados pela alta
burocracia.
Na implementação de políticas públicas o conceito de “burocracia do nível
de rua” tornou-se fundamental para entender porque algumas políticas dão certo
e outras não. Essa análise recai sobre o importante papel que esses servidores
desempenham ao mediar essa relação entre o Estado e o cidadão, recaindo sobre
eles o bônus e o ônus no atendimento.
Como tem sido a expansão dessa rede de escolas pelo interior do Brasil e quais
os desafios que ainda se apresentam para consolidar essa nova institucionalidade
da educação profissional. Essa é a reflexão pretendida, que foi subsidiada pelo
A Rede Federal de Educação Profissional tem sua origem em 1909, quando o então
presidente da República, Nilo Peçanha, criou 19 escolas de aprendizes e artífices
que, posteriormente, deram origem às Escolas Técnicas e aos Centros Federais
de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets), no final dos anos de 1970. Na
sua origem, a educação profissional sempre foi classificada com uma educação de
segunda categoria, tendo sido consagrada na Constituição de 1937 aos desvalidos
da sorte. Somente com a Constituição de 1988 a educação profissional teve
tratamento equânime, tendo sido classificada como uma modalidade de educação
Considerações finais
BALL, Stephen J.; BOWE, Richard; GOLD, Anne. Reforming education &
changing schools: case studies in policy sociology. London: Routledge, 1992.
GONZÁLEZ, Silvia Novick de Senén; PAZ, Isabel Vilella. Las políticas educativas
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Epistemologías de la política educativa: posicionamentos, perspectivas y
enfoques . São Paulo: Mercado de Letras, 2013
ROSA, Tatiana Fátima Stürmer da; SOUZA, Eda Castro Lucas de; MACHADO,
Denise Del Prá Netto. Instituto Federal Sul-Rio-Grandense: práticas sociais
como Manifestações Culturais – um estudo do campus Sapucaia do Sul. In:
CASTIONI, Remi; SOUZA, Eda Castro Lucas de (Orgs.). Institutos Federais:
os desafios da institucionalização. Brasília: Editora da UnB, 2012.
SILVA, Maria Gildivane Soares; SOUZA, Eda Castro Lucas de; MACHADO,
Denise Del Prá Netto. Instituto Federal da Bahia: mudanças e manifestações
culturais. In: CASTIONI, Remi; SOUZA, Eda Castro Lucas de (Orgs.).
Institutos Federais: os desafios da institucionalização. Brasília: Editora da UnB,
2012.
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO
BRASIL: A PROPOSTA DA EXPANSÃO
DA OFERTA DE VAGAS E A EVASÃO
NO PRONATEC
Introdução
277
Os argumentos constroem-se a partir de variadas perspectivas como:
melhoria de qualificação de mão de obra; combate ao desemprego; inclusão;
permanência ou reinserção de jovens e adultos no mercado de trabalho; aumento
do nível de escolaridade; combate à exclusão social de jovens e adultos; educação
continuada para melhores condições de competitividade do trabalhador no setor
agrícola, comercial e industrial; redução da desigualdade social e desenvolvimento
econômico e social do País.
Como forma de assegurar ações nesse sentido, o Governo Federal criou o
Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), por meio da Lei
nº 12.513, de 26 de outubro de 2011, que tem como principal objetivo a oferta
de cursos de formação voltados para o acesso ao mercado de trabalho, tanto para
aqueles que ingressarão pela primeira vez no universo produtivo, como para os
profissionais que já se encontram no mercado de trabalho e buscam ampliar as
suas habilidades profissionais (BRASIL, 2011).
Nessa linha, pode-se supor que o incremento da oferta de vagas nessa
modalidade de ensino, como forma de democratização do acesso, representa
mecanismo eficaz para assegurar o estabelecimento de uma sinergia entre a
demanda social de formação para o trabalho, o número de alunos ingressantes e o
número de egressos. Diante dessa realidade, este trabalho de pesquisa constrói-se
com o objetivo de analisar a existência de coesão entre a proposta de expansão da
oferta de vagas relacionada à meta 11 do PNE 2014-2024 e o número de alunos
beneficiados pelo Pronatec em uma instituição privada de ensino superior que
concluíram os cursos técnicos de nível médio nos quais estavam matriculados.
O trabalho estrutura-se em cinco partes. Na primeira, abordam-se os
artigos constitucionais que preveem a expansão da oferta de vagas na educação
profissional, tendo-se em vista que a compreensão desse percurso constitucional é
um desdobramento importante para o entendimento da temática. Na segunda, a
análise tem como foco as metas e estratégias previstas para a educação profissional
nos PNEs 2001-2011 e 2014-2024. A terceira parte apresenta os procedimentos
metodológicos utilizados na pesquisa. Na quarta, a análise centra-se nos dados
coletados na pesquisa documental. Por fim, apresentam-se breves considerações
finais.
Art. 139. Toda empresa industrial ou agrícola, fora dos centros escolares,
e onde trabalharem mais de cinquenta pessoas, perfazendo estas e os seus
filhos, pelo menos, dez analfabetos, será obrigada a lhes proporcionar en-
sino primário gratuito.
(...)
3. Mobilizar, articular e aumentar a capacidade instalada na rede de insti-
tuições de educação profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a
oferta de cursos básicos destinados a atender à população que está sendo
excluída do mercado de trabalho, sempre associados à educação básica,
sem prejuízo de que sua oferta seja conjugada com ações para elevação da
escolaridade.
(...)
5. Mobilizar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de insti-
tuições de educação profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos,
a oferta de formação de nível técnico aos alunos nelas matriculados ou
egressos do ensino médio.
6. Mobilizar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de insti-
tuições de educação profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos,
a oferta de educação profissional permanente para a população em idade
produtiva e que precisa se readaptar às novas exigências e perspectivas do
mercado de trabalho.
(...)
10. Estabelecer parcerias entre os sistemas federal, estaduais e munici-
pais e a iniciativa privada, para ampliar e incentivar a oferta de educação
profissional.
11. Incentivar, por meio de recursos públicos e privados, a produção de
programas de educação a distância que ampliem as possibilidades de edu-
cação profissional permanente para toda a população economicamente
ativa.
(...)
14. Estimular permanentemente o uso das estruturas públicas e privadas
não só para os cursos regulares, mas também para o treinamento e retrei-
namento de trabalhadores com vistas a inseri-los no mercado de trabalho
com mais condições de competitividade e produtividade, possibilitando
a elevação de seu nível educacional, técnico e de renda. (BRASIL, 2001).
Estratégias:
11.1) expandir as matrículas de educação profissional técnica de nível mé-
dio na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação
territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais lo-
cais e regionais, bem como a interiorização da educação profissional;
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de
nível médio nas redes públicas estaduais de ensino;
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de
nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade de
ampliar a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e
gratuita, assegurado padrão de qualidade;
(...)
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação profissional téc-
nica de nível médio pelas entidades privadas de formação profissional vin-
culadas ao sistema sindical e entidades sem fins lucrativos de atendimento
à pessoa com deficiência, com atuação exclusiva na modalidade;
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissio-
nal técnica de nível médio oferecida em instituições privadas de educação
superior;
(...) (BRASIL, 2014).
Metodologia
Tabela 1
Demonstrativo do total de matrículas efetuadas por curso e turno
Turno
Cursos Total
Matutino Vespertino
Técnico em Informática 51 47 98
Técnico em Informática para Internet 46 33 79
Técnico em Logística 54 47 101
Técnico em Multimeios Didáticos 41 24 65
Técnico em Programação de Jogos 40 32 72
TOTAL 232 183 415
A Tabela 1 mostra que as 120 vagas ofertadas em cada curso não foram
preenchidas totalmente em nenhum deles. Portanto, do total de seiscentas vagas
ofertadas pela instituição analisada, 185 não foram preenchidas, mostrando que
houve expressiva ociosidade de vagas.
Dos 415 matriculados, 71 alunos concluíram os cursos em estudo,
distribuídos por curso e turno, conforme Tabela 2:
Turno
Cursos Total
Matutino Vespertino
Técnico em Informática 8 8 16
Técnico em Informática para Internet 4 12 16
Técnico em Logística 13 7 20
Técnico em Multimeios Didáticos 7 5 12
Técnico em Programação de Jogos 2 5 7
TOTAL 34 37 71
Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base na pesquisa documental.
Gráfico 1
Relação entre o número de vagas, de matrículas e de concluintes
N. de vagas ofertadas N. de matrículas efetuadas N. de concluintes
Considerações finais
Referências
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2002.
295
Carlos Alberto Torres é PhD em Educação Internacional e Desenvolvimento
Internacional pela Universidade de Stanford, EUA, com pós-doutorado em
Fundamentos da Educação Internacional pela Universidade de Alberta, Canadá.
Foi diretor do Centro de Estudos Latinoamericanos da Universidade da Califórnia
Los Angeles (UCLA), presidente do comitê de pesquisa em sociologia da educação
da International Sociological Association (ISA), e presidente da Comparative
& International Education Society (CIES), nos Estados Unidos. Atualmente é
Associate Dean para Programas Globais, e Distinguished Professor de Ciências
Sociais e Educação Comparada da Escola de Pós-Graduação em Educação e
Estudos da Informação (GSEIS, sigla em inglês) da UCLA. É diretor fundador
do Instituto Paulo Freire em São Paulo, Buenos Aires e UCLA e o primeiro crítico
deste consagrado pensador pedagógico brasileiro e latinoamericano do século
XX. Presidente do Conselho Mundial das Sociedades de Educação Comparada
(WCCES, sigla em inglês) e professor visitante de universidades na América do
Norte, América Latina, Europa, Ásia e África. É autoridade mundial em estudos
de sociologia política da educação, tendo atuado nos últimos 30 anos nas áreas
de Sociologia da Educação e Educação Comparada e Internacional, além de ser
escritor de ficção e poesia. Autor e editor de mais de 60 livros e de 200 artigos,
capítulos de livros, verbetes em enciclopédias, publicado em diversos idiomas,
destacando-se: Social Theory and Education, em co-autoria com Raymond
Morrow; Comparative Education: The Dialectics of the Global and the Local, em
co-autoria com Robert Arnove e Education, Democracy and Multiculturalism:
Dilemmas of Citizenship in a Global World.
Um de seus últimos livros – Diálogo e práxis educativa: uma leitura crítica
de Paulo Freire, será lançado após a sua Conferência, conforme programação
constante no presente folder.
296
políticas educacionais, sociologia da educação, democratização da educação,
ensino médio, educação profissional e financiamento e custos da educação.
Como resultado das suas pesquisas, incluindo dissertações e teses orientadas,
tem cerca de 270 publicações acadêmicas, incluindo livros, capítulos de livros,
artigos, em diversos idiomas. isto não seria possível sem a estreita colaboração dos
seus alunos, orientandos, ex-orientandos e colegas. Foi assessor concursado do
Senado Federal, da Assembleia Constituinte e da Comissão Mista de Orçamento
do Congresso Nacional, onde desenvolveu um trabalho de construção de pontes
entre a pesquisa e as políticas educacionais. Presidiu a Sociedade Brasileira de
Educação Comparada e foi membro e presidente do Comitê de Pesquisa do
Conselho Mundial das Sociedades de Educação Comparada. Tem sido consultor
de diversas organizações nacionais e internacionais, entre elas a UNESCO, pela
qual tem diversas obras publicadas. E-mail: clgomes@terra.com.br
Autores | 297
Elizabeth Tunes: Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília,
mestrado e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente,
é pesquisadora associado da Universidade de Brasília e professora do Centro
Universitário de Brasília. Sua atividade de pesquisa focaliza, principalmente,
os seguintes temas: conhecimento científico e conhecimento escolar, relação
professor-aluno, aprendizagem e desenvolvimento, desenvolvimento psicológico
atípico e deficiência mental, processos de escolarização e o significado social da
escola. E-mail: bethtunes@gmail.com
298
Fábio Mariano da Paz: Doutor em Educação na área de políticas públicas,
organização escolar e formação de professores pela Universidade Estadual
Paulista; Júlio de Mesquita Filho" - UNESP de Presidente Prudente/
SP e Université Lumière Lyon 2 – França. Membro do GPFOPE - Grupo de
Pesquisa Formação de professores, políticas públicas e espaço escolar pela UNESP
de Presidente Prudente/SP. Mestre em Educação na área de políticas públicas
e administração escolar pela Universidade Estadual Paulista; Júlio de Mesquita
Filho" - UNESP de Marília/SP. Possui graduação em Pedagogia Plena pela
FAI - Faculdades Adamantinenses Integradas (2007) e graduação em História
pela Universidade de Franca - UNIFRAN. É pós-graduado em Psicopedagogia
Institucional pela FALC - Faculdade da Aldeia de Carapicuíba (2008) e formado
como Técnico de Laboratório de Análises Clínicas pela UME Unidade Modelo
de Ensino de Dracena. Atualmente é Supervisor de Ensino efetivo da Secretaria
Municipal de Educação de Birigui, Professor efetivo no curso de Pedagogia da
FATEB - Fundação Municipal de Ensino de Birigui -, onde leciona as disciplinas
de Princípios e Métodos da Administração Escolar, Filosofia da Educação, História
da Educação Antiga, Medieval e Moderna e Política Educacional Brasileira. Tem
experiência na área da Educação, na rede pública e particular, mais especificamente
na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, em que lecionou
como titular de 2004 a 2008, e no Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração
de Jesus. Além disso, possui experiência em carreira do magistério, área na qual
foi responsável pela Comissão do Plano de Carreira do Magistério Público de
Adamantina por mais de 2 anos, entre 2006 e 2008 e, no período de 2009 a
2010 como Presidente da Comissão de Acompanhamento e Reestruturação do
Estatuto e Plano de Carreira do Magistério Público de Birigui. Atuou como
presidente do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do
FUNDEB durante os anos de 2011 a 2013, presidente do Conselho Municipal
de Educação entre os anos de 2010 a 2012 e atualmente é membro da Comissão
Coordenadora para Elaboração do Plano Municipal de Educação de Birigui para
o decênio 2015-2024.
Autores | 299
Gabriela Menezes de Souza: Doutoranda em Educação na Univesidade Católica
de Brasília (UCB). Graduada em Letras pelo Centro Universitário de Brasília
(1992) e Mestre em Educação pela UCB (2008). Foi horista em algumas IES no
DF e atualmente é professora na educação básica no Colégio Militar de Brasília
(concursada). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação,
atuando principalmente nos seguintes temas: gestão pedagógica, gestor, mal
estar docente, gestão; terceiro setor; público; privado e trabalho docente.
E-mail: profgabrielams@gmail.com
300
Ergonomia e Gestão de Programas de Segurança e Saúde no Trabalho. Em
2010 foi agraciado com a Comenda de Honra ao Mérito da Segurança e Saúde
no Trabalho, concedida pela Associação Nacional da Indústria de Material de
Segurança e Proteção ao Trabalho. Em 2014 foi agraciado com a Comenda do
Mérito Dom Pedro I, concedida pela Academia Brasileira de Ciências, Artes,
História e Literatura. E-mail: ladbrasil@hotmail.com
Autores | 301
GEPEIA. Tem experiência na área de Educação Superior em nível de graduação e
pós-graduação, atuando principalmente nos seguintes temas: política e legislação
educacional, avaliação educacional, exclusão escolar, formação docente, educação
do campo e historia da educação. E-mail: fmatoz@gmail.com
302
Remi Castioni: Possui graduação (Bacharelado) em Ciências Econômicas
pela Universidade de Caxias do Sul (1991) e doutorado em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professor-pesquisador
da Universidade de Brasília, classe Associado, atuando na Faculdade de Educação e
membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação. Coordenador
da linha de pesquisa em politicas públicas e gestão da educação do PPGE. Tem
experiência na área de gestão de políticas federativas. Atua no tema da educação
e trabalho, com ênfase em qualificação profissional, atuando principalmente
nos seguintes temas: educação, qualificação profissional, políticas de educação,
emprego, desenvolvimento regional, arranjos produtivos, certificação profissional
e ensino médio. E-mail: rcastioni@globo.com
Autores | 303
de Pós-graduação em Educação da FCT/Unesp/Campus de Presidente Prudente.
Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes
temas: formação de professores, políticas educacionais e escola pública. Líder do
Grupo de Pesquisa Formação de Professores, Políticas Públicas e Espaço Escolar e
coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação, no período de 2004
a 2007. E-mail: yoshieufleite@gmail.com
304
Coleção Juventude, Educação e Sociedade
CÉLIO DA CUNHA
O novo projeto de desenvolvimento gerado pela
1. CALIMAN, Geraldo (Org.). Violências e Direitos WELLINGTON FERREIRA DE JESUS globalização hegemônica trouxe, para primeiro
Humanos: Espaços da Educação, 2013.
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
Célio da Cunha
Educação Superior: conjunturas, políticas e
Organizadores
perspectivas, 2015.
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
Célio da Cunha
Educação Superior: conjunturas, políticas e
Organizadores
perspectivas, 2015.
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
Célio da Cunha
Educação Superior: conjunturas, políticas e
Organizadores
perspectivas, 2015.