Gases Cap II Mahan PDF
Gases Cap II Mahan PDF
Gases Cap II Mahan PDF
As Propriedades
dos Gases
Vimos no Capítulo 1 como o estudo dos gases foi importante caso Veremos adiante que esta simplificação deve-se ao fa::
para o desenvolvimento da teoria atômica. De acordo com o de que no estado gasoso as moléculas são essencialmer::~
princípio de A vogadro, medir o volume de um gás equivale a independentes umas das outras, e a natureza detalhada é~
contar o número de moléculas contidas neste volume, mas a moléculas individuais não afeta de forma acentuada o cor:>
importância deste tipo de medida não pode ser enfatizada de portamento do gás como um todo. Porém, no momento, C L:: -
modo excessivo. Além da importância histórica dos gases, daremos de determinar e expressar a equação de estad: dos
existe uma outra razão para estudá-los. O trabalho do químico gases.
é relacionar, por meio de teorias, as propriedades da matéria Inevitavelmente, para determinarmos uma equação d~
no estado bruto com as propriedades das moléculas estado para gases é necessário medirmos a pressão, ou a forç"
individuais. Este é o caso da teoria cinética dos gases que por unidade de área, que um gás exerce sobre as paredes de
constitui um exemplo notável de explicação bem sucedida dos recipiente que o contém. A pressão dos gases geralmente é
fenômenos macroscópicos em termos do comportamento melhor expressa em unidades de atmosferas ou milímetros de
molécular. Ao se investigar as consequências matemáticas do mercúrio, denominadas torro do que em unidades mais obvia-
fato de que um gás consiste em um grande número de mente relacionadas à força e à área. Para estabelecer a relação
partículas que colidem com as paredes do recipiente que as entre a atmosfera ou milímetro de Hg como unidades de
contêm, é possível deduzir a lei de Boyle e entender melhor o pressão e a idéia de força por unidade de área que é mais
conceito de temperatura. Quando tentamos explicar o desvio fundamentaL precisamos apenas verificar como se mede
dos gases em relação à lei de Boyle, podemos ter uma idéia experimentalmente a pressão.
dos tamanhos das moléculas e das forças que umas exercem Costuma-se medir a força por unidade de área exercida pela
so bre as outras. Assim, o estudo do estado mais simples da atmosfera terrestre com auxílio de um aparelho denominado
matéria pode nos levar à alguns dos conceitos mais universais barômetro [Figura 2.11. O tubo vertical que contém mercúrio
da ciência física. é completamente evacuado. restando apenas uma quantidade
muito pequena de \apor de mercúrio. Para se determinar a
altura da coluna de mercúrio acima da superfície inferior do
2.1 As Leis dos Gases mesmo é necessário que a força por unidade de área devida ao
mercúrio na coluna seja igual à força por unidade de área
exercida pela atmosfera circundante sobre a sua superfície.
Em geral, o volume de qualquer material- seja sólido, líquido Sob condições atmosféricas normais, ao nível do mar, esta
ou gasoso - é determinado pela temperatura e pressão às quais altura é aproximadamente igual a 760 mmHg (760 torr).
ele está sujeito. Existe uma relação matemática entre o Portanto, por definição arbitrária, 1 atm (uma atmosfera
volume de uma determinada quantidade de material e os padrão) corresponde a ;60 torr quando o mercúrio está aO "c.
valores de pressão e temperatura; esta relação matemática é Verifiquemos agora qual é o significado de 1 atm quando
expressa em termos de força por unidade de área. Considere-
denominada equação de estado e pode ser expressa
mos um tubo de barômetro cuja altura é igual a 760 mmHg. A
simbolicamente por:
força exercida pela coluna de mercúrio sobre a seção
v = V(t, P, n). trallsversal do tubo é igual à massa do mercúrio sob 760
que significa: O volume V é uma função da temperatura t, rnrnHg vezes a aceleraç ão da gra \'idade. A massa de
da pressão P e do número de mols do material. No caso de mercúrio no tubo, por sua \'eZ. é igual ao volume do mercúrio
líquidos ou sólidos, as equações de estado podem ser muito vezes sua densidade a O°e. Faremos o cálculo empregando
complicadas, apresentando formas diferentes de uma subs- dois sistemas de unidades.:'\o siscema cgs as unidades são:
tância para outra. Os gases, no entanto, são as únicas centímetros para distância. gramas para massa e segundos
substâncias que apresentam equações praticamente idênti- para tempo. Antigamente. este era o principal sistema de
unidades utiliza-
b)
I
que continuem a fazê-Io, embora atmosfera não faça parte de
nenhum sistema formal de unidades.
i A Lei de Boyle
h
d)
e)
g)
f)
k P=~ V'
A Lei de Charles e
Gay-Lussac
onde Kn,t, é uma constante cujo valor depende da temperatura e
da quantidade de gás. Um gás que obedece a essa lei deveria
Quando se examina experimentalmente a dependência do volume
de um gás em relação à temperatura, numa determinada pressão,
1.2 verifica-se que o volume aumenta linearmente com a elevação da
temperatura. Esta relação é conhecida como lei de Charles e Gay-
1.0
Lussac (abreviada para lei de
~ 0.8
8
'ie
"c; 0.6 l~ 226i
o: 0.4
O)
~
'ie
1--0---0---0---8 22.',"-
..J i
;; 22.2o...
0.
2 ,/') O' . I J
(1
__ o [!.l 0.2 0.3
00 40 60 80 Pressão (atm)
20 100 120
Volume (L)
Charles) e pode ser expressa algebricamente da seguinte forma: líquidos. Mesmo sem uma escala de temperatura é pO~Sl\e:
determinar que o volume de qualquer gás na temperatura ée
T = ~~(1 + ca). ebulição da água é 1,366 vezes o seu volume na temperatura de
uma mistura de gelo e água. Aqui, o que importa é que a
V é o volume de uma determinada quantidade de gás à pressão constante de proporcionalidade é a mesma para todos os
constante, Vo é o volume ocupado à temperatura de zero graus na gases. Pode-se medir, semelhantemente, a razão entre o volume
escala Celsius, Cf. é uma constante que apresenta o valor de de um gás no ponto de ebulição da água e seu volume no ponto
aproximadamente 1/273 para todos os gases e t é a temperatura de ebulição do éter. Neste caso a razão dos volumes é 1,295 para
na escala Celsius. Nesta equação fica estabelecido que o volume todos os gases. O fato de que todos os gases comportam-se da
de um gás aumenta linearmente com a temperatura. Para mesma maneira quando submetidos a uma determinada mudança
transformar esta afirmação em fato experimental é necessário que de temperatura indica que as propriedades dos gases podem ser
tenhamos um conhecimento prévio de como medir a temperatura. utilizadas para definir uma escala de temperatura. E é isso que se
A experiência corrente nos fornece um conceito qualitativo faz. A equação anterior, que expressa a lei de Charles e Gay-
de temperatura. Para criar uma escala quantitativa de temperatura, =
Lussac, V Vo(1 + at), pode ser reescrita da seguinte forma:
devemos escolher uma propriedade termométrica, uma
propriedade da matéria que seja facilmente mensurável e que
dependa do que chamamos de "calor", e definir a temperatura em
termos do valor dessa propriedade. A propriedade termométrica
mais comum é o comprimento de uma coluna de mercúrio que
A segunda equação pode ser assim interpretada: a temperatura, t,
dilata-se ao longo de um tubo capilar de diâmetro uniforme a
é uma quantidade que aumenta linearmente com o volume de
partir de um bulbo 'fechado. As posições do menisco do mercúrio
um gás, por definição. Isto é, a "lei" de Charles e Gay-Lussac na
podem ser marcadas quando o bulbo do termômetro é
verdade não é uma lei, mas sim uma definição de temperatura.
mergulhado numa mistura de água e gelo e quando ele está
Com efeito, nem todos os gases comportam-se exatamente
rodeado pelo vapor de água em ebulição sob pressão de 1 atm.
do mesmo modo quando suas temperaturas são alteradas, mas as
Essas duas posições podem ser arbitrariamente definidas como
diferenças diminuem à medida que se reduz a pressão,
os pontos O °C e 100°C respectivamente. A distância entre as
geralmente tomando-se tão pequenas que em muitos casos são
duas marcas pode então ser dividida em 99 linhas igualmente
desprezíveis. Embora se possa usar termômetros de gás para
espaçadas, criando-se assim uma escala de temperatura.
definir uma escala de temperatura, outros dispositivos mais
A divisão da escala em unidades iguais é muito importante,
apropriados são utilizados em medidas práticas. A alteração na
pois assim fazendo, estabelecemos que a temperatura aumenta
resistência de um fio de platina sob pressão constante e a
linearmente com o comprimento da coluna de mercúrio. O voltagem produzida por um termopar de platina-ródio são
mesmo procedimento poderia ser efetuado utilizando-se um outro
exemplos de termômetros práticos.
líquido, como por exemplo álcool, para construir um segundo
termômetro. Se esses dois termômetros diferentes fossem
colocados no mesmo banho de água e gelo, ambos indicariam O
oco Se fossem envolvidos pelo vapor de água em ebulição, ambos
registrariam 1 OO°C.Mas, se fossem colocados no mesmo
A Escala
ambiente onde o termômetro de mercúrio indicasse exatamente
25°C, o termômetro de álcool marcaria uma temperatura de Temperatura
ligeiramente diferente desta. De um modo geral, este Absoluta
comportamento repetir -se- ia em qualquer outra temperatura da
escala exceto nos pontos de calibração O °C e 100 üC, pois para
que ambos os termômetros indicassem o mesmo valor em todas A relação entre temperatura e volume de um gás pode ser
as temperaturas, as equações de estado do mercúrio e do álcool simplificada ao se definir uma nova escala de temperatura.
teriam de ser exatamente iguais. Devido às diferenças intrínsecas Partindo da lei de Charles, podemos escrever
em suas estruturas moleculares. esses dois líquidos, bem como
quaisquer outros, nãô sofrem exatamente a mesma expansão para v = Vo(l + at) = V, l/a + t o l/a
uma determinada mudança de temperatura. Consequentemente, se
queremos usar um líquido para definir nossa escala de
Para a razão V /Vz dos volumes do gás em duas temperaturas
temperatura. devemos tomar o cuidado de especificar qual é o
diferentes t) e tz ' temos
líquido que está sendo utilizado.
Para os gases, a dependência do volume em relação à
temperatura é consideravelmente mais simples do que para os Vl l/a+tl V2 -
l/a + t2
i)
24 QUíMICA - UM CURSO UNIVERSITÁRIO - CAPíTULO 2
Verificando-se experimentalmente que 1/a = 273,15, quando t é t = -273,15°C,uma vez que uma temperatura menor corres-
expresso em graus Celsius, ponderia a um volume negativo de gás.
Estabelecer a escala de temperatura Kelvin por meio de uma
determinação experimental de a tem suas limitações. Nenhum gás
Vj 273,15 + tj obedecerá à relação dos gases ideais nas proximidades de O K:
V 273,15 + t2 portanto, na escala Kelvin, o zero teve que ser baseado numa
2
extrapolação partindo de O°e. O melhor valor experimental para
l/a variou de 273,1 a 273,2. Químicos especialistas em trabalhos a
A forma dessa equação nos sugere a conveniência de se definir
baixas temperaturas argumentaram que essa era uma maneira
uma nova escala de temperatura pela equação:
imprópria de definir O K. e que equivalia a definir a massa zero
por uma extrapolação partindo de 19. O problema foi resolvido
T = 273,15 + t. (2.1
com o estabelecimento da Escala Internacional de Temperatura
)
Prática (EITP-68). :'\essa escala, O K é definido como a
temperatura mais baixa possíwl. A unidade Kelvin é do mesmo
A temperatura T é denominada temperatura absoluta ou tamanho de um grau Celsius. mas agora é exatamente 1/273,16 da
temperatura na escala Kelvin, sendo indicada por K. Ao se temperatura Kelvin para o ponto de fusão da água sob sua própLa
utilizar a escala Kelvin, a relação entre temperatura e volume pressão de vapor e na ausência de ar. Essa temperatura é chamada
para uma determinada quantidade de gás sob pressão constante de ponto triplo, sendo também definida como exatamente 0,01 0e.
assume uma forma muito simples Com essas suposições, a Eq. (2.1) tomase uma relação exata, mas
a escala Celsius é agora definida de acordo com a escala Kelvin. e
Vj = Tj não o contrário. A Tabela 2.1 dá algumas informações sobre a
V2 T 2 versão mais recente da EITP-68.
Nota-se na Tabela 2.1 que alguns pontos fixos podem ser
determinados com maior precisão do que outros. O ponto de
congelação normal da água na presença de ar não é tabelado
o como um ponto fixo, e o ponto de ebulição da água agora não é
u V constante (2.2) mais exatamente 100° C. Embora os pontos de congelação e de
T ebulição não sejam exatamente definidos, eles diferem em menos
de O.orcc dos valores 0° C e 100°C, respectivamente. Vários
termômetros podem ser utilizados para efetuar interpolaçôes
Como consequência desta última formulação, temos que o
entre os pontos fixos da Tabela 2.1.
volume de um gás diminui à medida que a temperatura absoluta
T diminui, tomando-se zero quando T = O K ou, pela Eq (2.1), a
temperatura mais baixa possível é aquela em que
Definições Básicas
1. Ponto de congelação da água sobre sua própria pressão de vapor (ponto triplo I = 273.16 K (exato)
2. t(°C)=T(K) - 273,15 (exato)
A Equação dos Gases Ideais Em vez de lembrar ou referir-se à Eq. (2.4), é geralme,~:e :-
:~~.:..~; simples e seguro usar um método intuitivo. Como a
temre:.:..tura final é menor do que a inicial, sabemos que de\em2'
As medidas experimentais anteriormente analisadas mostraram
multiplicar V por uma razão de temperaturas menor do que a
que à temperatura constante, PV é uma constante, e que à pressão
unidade para obter Vz:
constante, V é proporcional à T. Agora queremos combinar essas
relações numa equação que expresse o comportamento dos gases.
De acordo com a lei de Boyle:
273
V2 oc Vj x 360'
PV = C(T, n),
.
onde C(T,n) é uma constante que depende somente da
Também, a pressão final é mais alta do que a inicial. Isso leva à
um volume final menor e, assim, devemos multiplicar Vj por uma
razão de pressões menor do que a unidade para obter Vz: Assim
temperatura e do número de mols de gás. Da lei de Charles
sabemos que, sob pressão constante, o volume de uma 273 0,620
determinada quantidade de gás é diretamente proporcional à V2 = Vj x 360 x 1,00'
temperatura absoluta. Assim, a dependência de C(T,n) em relação
à temperatura deve ser: que é exatamente a expressão obtida por meio de um simples
emprego mecânico da Eq. (2.4).
C(T, n) = C(n)T,
PV = C(n)T,
j)
Um gás que obedece a essa equação de estado, a qual inclui as Nossa equação de estado final para um gás ideal pode ser
leis de Boyle e de Charles, é chamado de gás ideal. Esse facilmente escrita simplificando-se ainda mais a Eq. (2.3). Mas,
resultado também pode ser expresso como: primeiro, vamos examinar as variáveis P, V e T. Para fazê-Io,
imaginemos, como mostra a Fig. 2.6, um grande volume V de gás
(2.4) dividido em um conjunto de secções com volumes V;, V;
e ~,
contendo n1, nz e n3 mols de gás, respectivamente.
A equação (2.4) é uma forma simples de expressar as leis dos Para que as leis de Charles e de Boyle sejam aplicadas a este
gases. Ela pode ser usada para calcular o volume V1 de um gás gás, as temperaturas e pressões têm de ser iguais em todas as
sob as condições arbitrárias P1 e V1, partes. Assim,
conhecendo-se seu volume VI' à
temperatura TI e pressão P I'
e
°
Exemplo 2.1 Uma certa amostra de gás ocupa um volume de
0,452 L,à 87°C e 0,620 atm.Qual será o seu volume à 1 atm e o
Essas variáveis são denominadas variáveis intensivas, uma
C?
vez que não dependem do tamanho da secção ou do número de
Solução. Considerando V]= 0,452 L, p]= 0,620 atm, T] = 87 + 273
moléculas de cada amostra. Isso não é verdade para os volumes
VI' Vz e V3' para os quais
= 360 K, P2 = 1 atm e Tl = 273 K, e partindo da Eq (2.4), temos
que:
Tl Pj 273 0,620
V1 = Vj X - X - = 0,452 x ~ x ~-
T) P1 360 1,00 o volume é chamado de variável extensiva, já que depende do
= 0,213 L. tamanho da amostra tomada para se efetuar a medida.
k)
QUíMICA - UM CURSO UNIVERSITÁRIO - CAP-n: :
-- i V
V (2.5)
,--
n·
,
Exemplo 2.2 Calcular o número de mols contidos n.:= __
amostra de umgás ideal cujo volume é 0,452L à 8'7 . C :
0,620atm.
com Vl = V/nj, V2= V/n2 e V3= V/n3, então temos uma No exemplo 2.1 verificamos que o volume dessa meSL:' amostra
variável intensiva que é igual em todas as partes:
de gás sob condições normais de temperatura : pressão era de
0,213 L. Portanto, podemos também calcu~::.: o número de mols:
Essa variável é o volume por moI. Há circunstâncias em que uma
variável intensiva pode não ser igual em toda a amostra, mas por
enquanto não nos preocuparemos com isto.
Uma vez reduzidas à forma intensiva as três variáveis da lei
dos gases, P, Ve T, a Eq. (2.3) pode ser simplificada ainda mais.
Visto que agora nenhuma dessas variáveis depende do número de
mols, n, a Eq. (2.3) pode ser escrita como:
P V = C = constante T 0,213 L
n= V(CNTP)
22,4 22,4 L mol- 1 = 0,0095 moI.
m)
componente A é igual à pressão total da mistura multi;Ú: .=.:.=. por
(2.8) XA, a fração de mols totais do componente A.
n)
o)
Ou seja, na mistura, cada gás exerce a mesma pressão que Solução. Uma vez que se trata de um gás ideal e a temperatura é
exerceria se fosse o único gás presente e essa pressão é constante, podemos usar a lei de Boyle:
proporcional ao número de mols do gás. As quantidades P A e PB
P1V1 = P2V2,
são denominadas pressões parciais de A e B,respectivamente. De
acordo com a lei de Dalton das pressões parciais, a pressão total, 760V1 = 530(0,500 + Vil, (760 -
P" exerci da sobre as paredes do recipiente é a soma das pressões 530)V1 = (530) x (0,500), V1 = 1,15 L.
parciais dos dois gases e depende somente do número total de
mols n,:
A equação dos gases ideais pode ser utilizada para ajudar a
calcular pesos moleculares a partir de medidas de densidade dos
gases. É o que veremos em seguida.
onde i é um indicador Solução. O peso molecular sempre poqerá ser calculado a partir
que identifica cada componente da mistura e o símbolo ~i do número de mols correspondentes a um determinado peso de
representa a operação de somatória de todas as quantidades material. Neste problema, é possível chegar ao número de mols
indicadas. Uma outra expressão útil para a lei das pressões do gás, empregando-se a equação de estado dos gases ideais:
parciais pode ser obtida, escrevendose
RT 730 torr 524 cm3
PA = nA-, PV
----x----
3
760 torr atm -1 1000 cm L -1
V n- 0,0204 moI.
RT 0,0821 L atm mol-1 K-1 x 301 K
RT RT
Pt = -y Lini = -ynt,
Nesse cálculo usamos dois fatores de conversão para expressar a
pressão e o volume em unidades coerentes com o nosso valor
deR. O peso molecular do gás, então, é
ou
0,896 g
(2.9) 0,0204 moI = 43,9 g mol- 1.
Qual é a pressão final nos doist(lnques? A pressão inicial corespondente a esse número de mols seria
Solução. Imaginemos poder distinguir os gases nos dois nRT
P=_·· V
tanques, chamando-os de componentes a e b. Assim, quando
(0,0129 mol)(0,0821 L atm mol- j K - j )(523 K) 1,00 L
a válvula de conexão for aberta, cada um deles se expande até
preencher um volume total de 15 L. Para cada gás, = 0,554 atm.
Pj Vj = P1V1,
Visto que a pressão total observada é maior do que esta,
onde certamente deve ter ocorrido alguma dissociação do PCls'
Utilizando a lei das pressões parciais, podemos escrever:
P j = pressão inicial,
Vj = volume inicial, PPCl5 + PPC13 + PCl = P,
2
PpCl3 = PCI"
Resolvendo a equação para cada pressão parcial:
Além disso, já que para cada PCl3 formado um PCls é
remoYido da mimm.l. a pressão parcial de PCl deve diminuir
5 x 9 = 3 atm
Pa=15 em relação ao seu \alor máximo de 0,554 atm segundo a
e expressão:
P = Pa + P = 3 + 4 = 7 atm.
b
Nosso último exemplo combina o uso da lei de Dalton PPCl3 = Pc, = 1,00 - 0,554 =
com a equação de estado dos gases ideais. 0,446 atm
e
PpCl5 = 0,554 - 0,446
Exemplo 2.6 Uma amostra de PCls pesando. 2,69 g foi
colocada num frasco de 1,00 L e completamente vaporizada a = 0,108 atm.
uma temperatura de 250°C. A pressão total observada nessa
temperatura foi de 1,00 atm. Existe a possibilidade de que um Assim fica fácil calcular as frações molares de cada compo-
pouco de PCIs tenha se dissociado de acordo com a equação: nente da mistura a partir das pressões parciais e da pressão
total:
PCls(g) ~ PCI3(g) + CI1(g)·
s)
de (22,4 x 103)/(6 x 1023), ou 4 x 1O.2°cm3. Lma "~z~,:~:
0,446 atm
0,108 atm volume real de uma molécula é bem menor do que o \olu':".cO
1,00 atm por molécula no estado gasoso, podemos justificadamec.te
e XPCl5 = 1,00 atm
supor que as moléculas são partículas quase pontuais que se
= 0,108. comportam independentemente, exceto durante breves mo-
= 0,446 mentos em que colidem umas com as outras. Além do mais,
sabendo-se que as moléculas dos gases exercem forças umas
sobre as outras somente nos breves instantes da colisão, todas
as propriedades macroscópicas evidentes de um gás devem
ser consequência principalmente do movimento independente
Observe que a soma das frações molares é igual a 1,000.
da molécula. Por esta razão, a idéia que iremos desenvolver
denomina-se teoria cinética dos gases.
2. 2 A Teoria Cinética
devemos admitir que todas as moléculas no recipiente
movimentam-se ao longo de três coordenadas cartesianas
perpendiculares às paredes da caixa e têm a mesma velocidade
dos Gases C. Agora focalizemos nossa atenção num cilindro imaginário
t)
30 QUíMICA - UM CURSO UNIVERSITÁRIO - CAPíTULO 2
estiverem mais próximas da parede irão alcançá-Ia num intervalo A pressão é a força por unidade de área,jlA, portanto
de tempo menor.
A força experimentada por uma molécula numa colisão com P = L_I Nme2 A PV = iNme2.
a parede é dada pela segunda lei de Newton, -3V- ou
variação do momento número de impactos Dedução da Lei de Boyle com o Uso do Cálculo Diferencial. A
força = . x--------
por Impacto por unidade de tempo dedução anterior realmente nos leva ao resultado correto, mas a
suposição de que todas as moléculas movimentam-se apenas
A variação do momento que ocorre num impacto pode ser paralelamente aos eixos coordenados ou perpendicularmente às
obtida subtraindo-se o momento de uma molécula após a colisão paredes não é correta e tende a abalar nossa confiança no
de seu momento antes da colisão. Inicialmente, uma molécula resultado. Felizmente, essa suposição pode ser eliminada, o que
que se desloca em direção a uma parede tem um momento mc, nos dá a oportunidade de utilizar o cálculo diferencial na
depois da colisão, admite-se que sua velocidade apresenta direção dedução.
contrária, porém mesma magnitude. O momento final é, portanto, Consideremos o cilindro mostrado na Fig. 2.8. A área de sua
-mc, e a variação do momento, ou seja, o valor final menos o base é A e a altura inclinada é ct, onde c é a velocidade molecular
inicial, é, e t um tempo curto e arbitrário. O eixo do cilindro é estabelecido
e
pelo ângulo formado com a direção perpendicular à parede e
~(mc) = -me - me = -2mc. pelo ângulo fjJ. No cilindro, as moléculas que se movimentam
paralelamente ao seu eixo com velocidade c têm um componente
Essa é a variação do momento para a molécula, enquanto que o de velocidade perpendicular à parede igual a ccose. e ao
momento atribuído à parede é o valor negativo deste, ou 2mc, atingirem a parede adquirem um novo componente perpendicular
uma vez que em toda colisão há conservação do momento. -ccosS. O momento atribuído à parede em tal colisão é. 'portanto,
Agora é muito simples calcular o número de colisões numa 2mc cosS.
área A e num tempo t. O volume do cilindro é igual a sua área Agora devemos calcular qual é o número de moléculas no
vezes o comprimento, ou Act, e uma vez que o número de cilindro que se movimentam paralelamente ao seu eixo. Esse é
moléculas por unidade de volume éNN, o número total de igual ao volume do cilindro, ActcosS, vezes o número
moléculas no cilindro de colisão é N ActN. No entanto, destas,
somente um sexto movimenta-se em direção à parede, já que
apenas um terço movimenta-se ao longo de qualquer um dos três
eixos coordenados, e somente metade destas desloca-se na (
direção correta. Consequentemente, o número de moléculas que '
1 N Aet 1 NAe
--~
6V 6V
Assim, a força exercida em A, é
1 NAe 1 NAme2 Fig.2.8 Um cilindro de colisão oblíqua de altura inclinada cte área de base A. Todas
f = 2mc x -~- = ----o as moléculas em seu interior que se movem à parede com as direções especificadas
6V 3 V por 8 e 4J colidirão nela durante o tempo t.
AS PROPRIEDADES DOS GASES 31
de moléculas por unidade de yolume, N/V, vezes a fração de Para obter a velocidade total com que as moléculas atingem uma
moléculas que se movimentam na direção especificada pela unidade de área da parede, integramos sobre os ângulos
pequena amplitude dos ângulos 8 e <j>, ou 8 + d8 e <j> + d<j> permitidos:
21t 1t 2
respectivamente. Esta fração é:
1 1/
(2.11
)
dep sen e de 4n
velocidade colisional = -- Nc dcjJ cos e sin e de
com a parede 4n V o o
à qual se chega diyidindo r 2 sen 8 d8 d<j> (a área da superfície de Nc
uma esfera de raio r correspondente aos ângulos difer~nciais 4V
d<j> e d8) pela área total da esfera (4nr). Consequentemente, a Podemos substituir c pela velocidade média c, e assim chegar a
variação de momento por unidade de área e de tempo (isto é, ~ a uma expressão exata para a velocidade de colisão com a parede.
pressão) devido às moléculas no cilindro é O emprego do método elementar anteriormente utilizado para
deduzir a lei de Boyle resultaria em NCf6V para a velocidade de
2mc cos e) ( e) (N~(dcjJ sen e de) colisão com a parede, que é um valor muito pequeno. Seu
( At Act cos V) 4n sucesso na dedução da lei de Boyle foi consequência de
compensação de erros. Não se deve ficar surpreso ao verificar
Nmc2
-- cos2 e sene de dcjJ. 2nV que, apesar dos desvios, chegou-se à forma correta da lei de
Boyle. Não é raro, em ciência, uma dedução simplificada originar
resultados melhores do que o esperado, considerando-se as suas
Para obter a pressão total resultante de todas as possíveis limitações. Por esta razão, a prática científica mais aconselhável é
orientações do cilindro, devemos adicionar (por integração) os efetuar primeiro a dedução mais simples. Geralmente os
valores dos termos trigonométricos para todos os valores primeiros aperfeiçoamentos que tentamos fazer numa teoria
permitidos de 8 e <j>. O ângulo 8 pode variar de O a n/2 antes que simples podem não alterar o resultado ou então levar a uma
o cilindro imaginário atinja a parede, ao passo que <j> varia de O resposta ainda pior. Neste caso, porém, como queríamos saber o
a 2n. Assim calculamos valor correto para a velocidade de colisões contra a parede,
A integral de <j> é igual a 2n. A integral de 8 pode ser calculada Temperatura, Energia e a
observando~se que d( cos8) = ~sen8 d 8. Assim, se Constante dos Gases
considerarmos x = cos8, teremos
0
1t 2
r/ 1 x31°
Jo cos2 e sen e de = - 1 x2 dx = - 3 1
1
Agora temos duas equações para o produto da pressão pelo
volume. Uma delas é uma equação experimental que tem sido
utilizada para definir a temperatura em Kelvin. Trata-se da Eq.
3 (2.6):
A expressão para a pressão total será, portanto,
PV = RT.
P = Nmc2 (2n)(~)
2nV 3 A segunda é uma equação teórica baseada na teoria cinética dos
2
ou, rearranjando e substituindo c2 por c , teremos gases. É aEq. (2.10). Para relacioná-Ia comPV, devemos
substituir seu número arbitrário de moléculas N pelo número de
Avogadro, NA' Feita a substituição, a Eq. (2.10) toma-se
PV = ~ Nmc2 3
2'
que é o resultado obtido pelo método mais elementar.
Podemos utilizar essa técnica para calcular a velocidade com (2.12)
que as moléculas, vindas de todas as direções, atingem uma
unidade de área de uma parede. A contribuição de um cilindro
com orientação (<j>, 8) é o volume do cilindro (Act cos8) Comparando diretamente esses dois resultados, temos
multiplicado pelo número de moléculas por unidade de volume
(N/V) e pela fração que se desloca ao longo de (8, <j» em direção (2.13)
à parede (sen8 d8 d<j>/41t) dividido pelo tempo
t e área A:
O termo do lado esquerdo daEq. (2.l3)corresponde à energia
cinética média por molécula, uma vez que a energia cinética
u)
é sempre igual a ! da massa vezes o quadrado da velocidade problema com relação às unidades atmosfera e litro é que elas
para qualquer objeto em movimento. Podemos simplificar a não pertencem a nenhum sistema coerente de unidades. Nós
Eq. (2.13) utilizando a constante dos gases por molécula, que continuamos a utilizá-Ias porque são convenientes, mas aos
é chamada de constante de Boltzmann, k, dada por poucos, estão sendo substituídas pelo pascal e pelo metro
cúbico, que fazem parte do sistema SI. A Tabela 2.2 traz um
R k--, resumo dos valores de R.
- NA'
Utilizando k, obtemos
TABELA 2.2 AS CONSTANTES DOS GASES E DE BOL
TZMAl"<'N EM VÁRIAS UNIDADES
2
me _ ~ kT. (2.14
2-2 )
R 0,08206 L atm mol1 K-1
8,3144 m3 Pa mol-1 K1 (SI)
Os químicos geralmente preferem pensar em termos de mols 8,3144 J mol-1 K-1 1,9872 (SI)
em vez de moléculas individuais. Se multiplicarmos a energia cal mol-1 K-1 (SI)
cinética média por molécula na equação (2.14) por NA'
k R/J\\
obteremos seu equivalente molar:
1,3807 X 10.16 erg K-1
1,3807 X 10-23 J K-1 (SI)
energia cinética translacional = l R T. (2.15
média por moI de gás 2 )
_ força (' .
pressao x volume = -,-- area x compnmento) area
28,0 23
m= - NA'
= 465 x 10- g
= força x comprimento. ,
3 1
R = 8,3144m Pamol- K- ,
1
N = .[(3 x 8,314 J m~I-1 K-1){298 K)]1/2
28,0 x 10 3 kg mol-1
e, portanto, = 5,15 x 102 m S-I.
R = 8,3144Jmol-1 K-1.
A Tabela 2.3 mostra valores de vmq na temperatura de 298 K.
Os estudantes que quiserem confirmar essa conversão pre- É comum querer conhecer quais são as velocidades
cisam apenas lembrar que 1 J = 1 N mel Pa = N m- • O maior relativas das moléculas gasosas quando todas estão na mesma
2
v)
Q
que mostram que a velocidade média apresenta a mesma
dependência que a velocidade vmq em relação à massa. Por Vácuo
esta razão, para os dois gases na mesma temperatura,
podemos escrever que
w)
(2.17)
Fig.2.9 Uma representação esquemática de um aparato de efusão molecular. O
Em qualquer temperatura, diãmetro do orifício é menor do que a distância que as moléculas percorrem
moléculas mais leves movimen- entre as colisões. Conseqüentemente as moléculas passam de modo indepen-
dente, e não coletivamente, através do orifício.
tam-se mais rapidamente do
que moléculas mais pesadas, e a raz~o das velocidades
moleculares médias (e 1 le 2) é igual à raiz quadrada da razão
das massas moleculares. Uma vez que e, a velocidade molecular média, é inversamente
Quando deduzimos a lei de Boyle, mostramos que a proporcional à raiz quadrada da massa molecular, podemos
frequência das colisões contra a parede é proporcional à raiz escrever
quadrada da massa molecular. Consequentemente, à mesma
velocidade d~ efusão oc m - 1/2.
temperatura, moléculas mais leves colidem com mais
frequência contra as paredes do recipiente do que aquelas
mais pesadas. Por outro lado, a variação de momento por Isso é observado experimentalmente. Em particular, ao per-
colisão contra a parede é proporcional a me, e, levando em mitirmos que uma mistura equimolar de H2 e Nz passe por
conta a Eq. (2.17), vemos que me aumenta proporcionalmente efusão através de um orifício, podemos esperar que
m
à raiz quadrada da massa molecular. Assim, embora as
moléculas mais leves colidam mais frequentemente com as
paredes do recipiente, as mais pesadas experimentam maior
Velocidade de efusão do Hz = eH2 =
Velocidade de efusão do N z eN 2 mH 2
J N2 = f28 = 37
(2.18)
-V 2: ,.
variação de momento por colisão. Esses dois fatores se
cancelam e a pressão do gás fica sendo independente da
natureza das moléculas. Assim, o gás que atravessa o orifício deve conter maior
quantidade de H2 e o gás que permanece no recipiente deve
conter mais Nz. De fato, este é o resultado experimental. As
Efusão e Difusão velocidades de efusão podem ser utilizadas para determinar
pesos moleculares.
Existem dois experimentos que permitem observar direta- O segundo tipo de experimento que serve para demons-
trar a diferença nas velocidades moleculares é a difusão
mente a dependência da velocidade molecular média com
gasosa. A Fig. 2.10 mostra um aparato em que os gases
relação à massa. Consideremos primeiramente o aparato
hidrogênio e nitrogênio, inicialmente sob mesma pressão e
mostrado na Fig. 2.9. Um gás é separado de uma câmara de
temperatura, estão separados por uma parede porosa. Esta
vácuo por uma parede contendo um pequeno orifício. Se este
parede impede que os gases fluam rapidamente, mas permite
for suficientemente pequeno e estreito, conforme aparece na
que as moléculas passem de uma câmara para outra. Observa-
Figura, não haverá "extravasamento" ou fluxo coletivo da
se que o fluxo inicial de difusão do hidrogênio da esquerda
massa para a região de vácuo. Em vez disto, moléculas
para a direita é mais rápido do que o fluxo de nitrogênio da
individuais atravessarão independentemente o orifício so-
direita para a esquerda. Depois de um longo tempo, as
mente se suas trajetórias permitirem que elas se aproximem
pressões se igualam novamente.
da área da parede onde ele se encontra. A velocidade com que
A explicação para a velocidade de fluxo de difusão é
as moléculas passam pelo orifício, que é a velocidade de
mais complicada do que a explicação para a efusão molecular,
efusão, é igual à \-elocidade com que elas atingem uma
pois a difusão envolve os efeitos de colisão entre as
unidade de área da parede vezes a área A do orifício. Da Eq.
moléculas. o
(2.1), temos
x)
3/2
!i.N ~ e-mc2/2kT c2 !i.c, (2.19)
N = 4n 2nkT
(
)
e-(l2)(mc2kT)
, l'1
1
2
e , e o outro, excetuando as constantes, é c •
O fator exponencial é um exemplo especial de um termo
chamado fator de Boltzmann, e-v'kt, sendo E = Y2mc2 . Um aspecto
geral e muito importante de todos os sistemas é que a fração Fig.2.14 Representação gráfica de v, + vy + V
x = e',
y)
aa)
z)
bb)
mol-I K1• Com isso, nosso Cv é igual a 3 cal mol K \: sistema
2.4 Capacidades SI, temos o valor aproximado de 12 J mol- K
interpretação satisfatória das capacidades caloríficas experi- Cy; mas este incremento é fácil de ser calculado para um gás
ideal.
mentais de muitos gases.
O trabalho realizado pela expansão é igual à diferença
Primeiramente devemos observar que a nossa definição
dos produtos PV inicial e final, pois lembremos que PV tem
de capacidade calorífica é incompleta. Descobriu-se experi-
unidades de energia. Parai1(PV), considerando uma variação à
mentalmente que o valor da capacidade calorífica medido
pressão constante, podemos escrever
depende do modo como o gás é aquecido. Quando uma
substância é "aquecida", na verdade estamos fornecendo
energia a ela, e esta energia pode ser distribuída de várias
maneiras. Se o gás for aquecido sob condição de volume
constante, toda a energia acrescentada contribui para a ele- Para
vação da temperatura. Mas, se o aquecimento ocorrer sob 1 moi de gás, PV = RT
pressão constante, o gás se expandirá à medida que a tempe-
ratura for aumentando. A expansão de qualquer substância Assim, a capacidade de calor "extra" devido à expansão do
contra uma pressão aplicada produz trabalho, que é uma outra gás é i1( P V)j i1 T =
forma de energia, e uma quantidade maior da energia forne- R, e portanto,
cida será utilizada para elevar a temperatura. Esses dois
modos diferentes de fornecer energia resultam em duas
capacidades caloríficas distintas, C (volume
y
constante) e C p
(pressão constante).
Consideremos inicialmente o aquecimento de um gás sob
volume constante. De acordo com a teoria cinética, a energia
translacional para um gás ideal (Eq. 2.15) é A razão das capacidades caloríficasCpjCv pode ser medida
experimentalmente. A Tabela 2.4 mostra que os valores
E = ~RT. encontrados para os gases monoatôrnicos estão de acordo com
as previsões da teoria cinética. No entanto, também fica claro
que para os gases diatôrnicos as razões são consistentemente
Se o gás for monoatôrnico (composto de átomos simples), a menores que 1,67. Examinaremos agora as causas desses
única energia que poderá mudar com a temperatura é a sua desvios.
energia translacional. Portanto, se aumentarmos a energia de
Inicialmente observamos que ê v' a capacidade calorífica
Ei para E2, devemos mudar a temperatura de TI para T2, e de
devida ao movimento translacional das moléculas, é igual a
nossa equação de energia, temos 3/ R, e que existem três componentes de velocidade indepen-
2
Masi1Ej i1 T é o
incremento em energia TABELA 2.4 RAZÕES DE CAPACIDADES CALORÍFICAS
por grau por moi, ou a capacidade calorífica quando o volume C/C" PARA ALGUNS GASES
é constante:
Gás C/C Gás c/c
e p , p ,
He 1,66 H, 1,41
Ne 1,64 O, 1,40
Ar 1,67 N2 1,40
Assim, C y para um gás monoatômico ideal, é igual a 3/ R. As
2
Kr 1,68 CO 1,40
Xe 1,66 NO 1,40
unidades tradicionais para capacidade calorífica são as calo-
Hg 1.67 CI, 1,36
rias, e o valor para R em calorias é muito próximo de 2 cal
cc)
38 QUíMICA - UM CURSO UNIVERSITÁRIO - CAPíTULO 2
demos inferir que cada um dos três movimentos translacionais os movimentos translacional, rotacional e vibracional das
independentes contribui com Y2R para a capacidade calorífica. moléculas.
Sendo assim, podemos esperar que, caso seja viável qualquer Conseqüentemente, a capacidade calorífica das moléculas,
outro tipo de movimento para as moléculas do gás, haverá mais do que para os átomos, depende da quantidade de energia
contribuições adicionais à capacidade calorífica, expressas em adicional distribuída entre os movimentos moleculares rotacional
unidades de Y2R. e vibracional.
Vemos na Figura 2.15 que, além dos três movimentos
translacionais, uma molécula diatômica pode girar em tomo do
seu centro de massa de dois modos mutuamente perpendiculares
e independentes. Considerando que cada um desses movimentos PARTE II
contribui com!- R para a capacidade calorífica, temos OS EFEITOS RESULTANTES DO
TAMAt4HO DAS MOLÉCULAS
EDESUASINTERAÇÕES
Cv = ~R + !-R + !-R = ~R, C
p = C y + R = i R,
~ ~ 7
Cp/Cy = 5 = 1,40. Próximo da temperatura ambiente e 1 atm de pressão, a distância
média entre as moléculas num gás é centenas de vezes maior que
os diâmetros moleculares. Esse fato permite que muitos gases
Esse argumento intuitivo explica em grande parte as razões das obedeçam à teoria dos gases ideais. Mas, quando a pressão sofre
capacidades caloríficas observadas para os gases diatômicos. uma grande elevação ou a temperatura é reduzida, mesmo gases
Se a nossa análise parasse por aqui, estaríamos desprezando como o N2 e o H2 começam a desviarse do comportamel).to ideal.
o fato de que os átomos de uma molécula diatômica não são Além do mais, há várias propriedades dos gaseS que dependem
rigidamente mantidos a uma distância fixa uns dos outros, mas das colisões moleculares. Tomemos como exemplo a difusão de
vibram em tomo de uma distância média bem definida. Esse moléculas num gás. Quanto tempo uma molécula de gás leva para
movimento vibracional é independente das rotações e translações delocar-se, apenas por difusão em ar parado, de uma extremidade
e, evidentemente, deve contribuir para a capacidade calorífica à outra de uma sala? Sabendo-se que as moléculas de um gás
total da molécula. Todavia, a contribuição do movimento apresentam velocidades próximas de 500 m s'l,julgaríamos que
esse tempo deveria ser, na verdade, muito pequeno. Experiências
vibracional não é significativa para a maioria das moléculas
simples mostram que o tempo necessário é de muitos minutos ou
diatômicas. Este fato pode ser explicado somente quando
mesmo horas em ar muito parado.
utilizamos a mecânica quântica, em lugar das leis de movimento
de Newton, para analisarmos o movimento vibracional. Tal A razão disso é que as moléculas de um gás deslocam-se
análise está além dos nossos objetivos, mas o seu resultado é a somente em linha reta até colidirem com outra molécula, tomada
previsão de que o movimento vibracional pode contribuir para a aleatoriamente, quando então ambas seguirão em outra direção,
capacidade calorífica com qualquer quantidade entre O e R, que pode até ser oposta. Esse movimento pode ser considerado
sendo que para aproximar-se do último valor, é preciso atingir como um percurso aleatório, e tais percursos são uma maneira
altas temperaturas para a maior parte das moléculas. bem lenta de se chegar de um determinado ponto a outro.
Resumindo, o fornecimento de calor para um gás eleva a sua Muitas das propriedades dos gases, tais como difusão,
temperatura, mas essa energia pode ser distribuída entre condutividade térmica e viscosidade, dependem das colisões
moleculares. Essas propriedades serão analisadas nas próximas
seções, juntamente com as propriedades dos gases não ideais.
z z
y li
A equação de estado dos gases ideais, P V = RT, embora seja de
: uma simplicidade atraente, tem aplicação restrita. Trata-se de
c
uma representação precisa do comportamento dos gases ideais
(a) (b) quando estes estão sob pressões não muito maiores do que 1 atm,
e a temperaturas bem acima do ponto em que sofrem
Fig. 2.15 Movimento de rotação de uma molécula diatómíca. (a) Rotação em condensação. Em outras palavras, a equação dos gases ideais é
tomo do eixo x. (b) Rotação em tomo do eixo y. uma aproximação das equações de estado mais
dd)
precisas, as quais devem ser utilizadas quando os gases estão sob e, assim, a baixas pressões, a equação de van der W aii~S ;:s.~s.
altas pressões e baixas temperaturas. Essas equações mais um moi de gás se reduz a PV = RT
precisas são matematicamente mais complicadas e, portanto, sua Para analisar mais detalhadamente essa equação, iremo S
utilização apresenta maiores dificuldades. Não obstante, rearranjá-Ia da seguinte forma:
levaremos seu estudo adiante, pois as fórmulas dessas equações
podem revelar muita coisa sobre as forças que as moléculas PV Vai
z=-=----_
exercem umas sobre as outras. RT V - b. RT V·
A quantidade z = PV/RT é denominada fator de com-
pressibilidade de um gás. Se o gás fosse ideal, z seria igual à Agora podemos ver que à medida que diminui o volume por moI,
unidade em quaisquer condições. Dados experimentais, alguns aumenta o valor dos termos do lado direito da equação. No
dos quais podemos ver na Fig. 2.16, revelam claramente que z entanto, se a temperatura for alta, o segundo termo tenderá a ser
pode desviar-se consideravelmente de seu valor ideal, próximo do pequeno, e teremos
qual se chega somente na faixa de baixas pressões. Além disso, ~ V
desvios do comportamento ideal podem fazer com que z assuma PV ~_ > 1. z = RT
valor maior ou menor que a unidade, dependendo da temperatura = V_b
e da pressão.
Isso reproduz os desvios "positivos" em relação à condição ideal
Uma equação de estado empírica gerada intuitivamente por
observados para temperaturas e pressões altas. Por outro lado, na
J.D. van der Waals em sua tese de doutorado, em 1873, reproduz
temperatura ambiente e para densidades moderadas, a
o comportamento observado com razoável precisão. A equação
aproximação
de van der WaaIs é a seguinte:
ff)
Fig. 2.16 Fator de compressibilidade para o nitrogênio em função da pressão.
gg)
Forças Intermoleculares
Para interpretar o fator aI0 na equação de estado de van der PV V a
Waals, notamos mais uma vez que a pressão de um gás surge RT = V - b - RTV
~~ = 1 + (b - :T) ~. (2.21)
ii)
kk)
jj) J.
AS PROPRIEDADES DOS GASES
ll)
mm)
°
~ o canto superior esquerdo da figo 2.20 podemos ver que as
características de P - V são semelhantes acima e abaixo de 1;. o
gás supercrítico acima de 1; apresenta muitas das propriedades de
um líquido real, podendo ser utilizado como solvente. ° H20
supercrítico pode ser usado como um solvente de alta temperatura o
para muitas substâncias que se dissolvem no HP líquido
comum; e o CO2 supercrítico, por sua vez, é utilizado como sol o
vente no processamento de alimentos. Qualquer CO2 residual
deixado nos alimentos é inofensivo, o que o o torna um sol vente
excepcional. Fig. 2.21 Caminhos moleculares livres mostrado como um deslocamem:
Se o N2 for resfriado bem abaixo das temperaturas indicadas aleatório.
na Fig. 2.20, até cerca de 63 K, formar-se-á N2 sólido sob
pressões próximas de 1 atm. No estado sólido as moléculas são
aglutinadas por longos períodos numa estrutura bem definida. As colisões é denominado caminho livre. Uma vez que esses
°
posições das moléculas nos sólidos geralmente são determinadas caminhos livres apresentam comprimento finito, a progressãc da
pelo termo de repulsão na função potencial intermolecular. As molécula em qualquer direção é inibida. que nos interessa é
estruturas desses sólidos moleculares parecem corresponder ao calcular o valor médio do comprimento desses caminhos, ou seja,
empacotamento de moléculas rígidas de tamanhos e formas bem o caminho livre médio.
definidas. Por outro lado, no líquido, as moléculas fazem parte de Para alcançar esse objetivo, consultemos a Fig. 2.22, que
um fluido e estão continuamente alterando sua posição umas em representa o movimento de uma determinada molécula tipo
relação às outras. É o termo de atração da função potencial "esfera rígida" com relação às outras. Admitiremos que a
intermolecular que desempenha o papel principal na formação e molécula em questão é muito mais rápida do que as demais à
preservação de um líquido como tal. Os líquidos apresentam medida que se movimenta através do gás e colide com qualquer
estruturas mais complexas do que aquelas que esperaríamos para outra molécula cuja distância centro-a-centro é menor que p, o
simples empacotamentos de moléculas rígidas. diâmetro molecular. Assim, essa molécula percorre um cilindro
de colisão cuja área seccional é np2 e cujo comprimento aumenta
numa velocidade dada por C, a velocidade média das moléculas.
Ocorrerá colisão com qualquer molécula cujo centro esteja dentro
2.6 Fenômenos de
do cilindro, conforme podemos ver na Figura. Sen* for número
médio de moléculas por unidade de volume, o número médio de
colisões por segundo, sofridas pela molécula em questão, será:
Transporte
colisões por segundo = volume percorrido por segundo x
Além da condição não ideal, há várias propriedades dos gases que moléculas por unidade de volume
dependem do tamanho da molécula. Essas propriedades podem
ser classificadas com sendo os seguintes fenômenos de _ 7Cp2 cn*.
transporte:
condutividade térmica - transporte de calor
difusão - transporte de moléculas viscosidade - ° resultado que acabamos de obter será correto se a única
transporte de momento molécula em movimento for a molécula que estamos con-
Analisaremos essas propriedades com maiores detalhes mais siderando. Se todas as moléculas da Fig. 2.22 estiverem se
adiante. Por enquanto, é importante saber que todas elas deslocando com a mesma velocidade média, o número de
dependem da distância que a molécula irá percorrer antes de colisões por segundo será maior por um fator de J2
em relação
ao que obtivemos, como podemos verificar por meio de cálculos
colidir com outra molécula. A distância média percorrida antes de
haver a colisão é denominada caminho livre médio, e o seu mais detalhados. °
caminho livre médio A é a distância média r
cálculo é fundamental para entender os fenômenos de transporte percorrida pela molécula entre as colisões. Isso deverá ser igual à
em um gás. distância média percorrida por segundo dividida pelo número
médio de colisões corrigido por segundo:
Teoria do Transporte
Como o próprio nome indica, a teoria do transporte trata do
fluxo de alguma propriedade do material. Por exemplo,
condutividade térmica é o fluxo de calor entre áreas com
diferentes temperaturas, e difusão é o fluxo de moléculas
entre áreas com diferentes concentrações. Viscosidade é mais
Fig. 2.22 CIlmLÍfu LÍe cubãu percurrido por uma molécula, As primeiras duas complicado, mas em geral é um fluxo de momento ou uma
moléculas, cujos centros estão dentro do cilindro, devem sofrer colisão, variação de energia entre duas áreas com diferentes
velocidades tangenciais. Uma variação de energia relacionada
com a distância é equivalente a uma força, e portanto a
Podemos usar a equação dos gases ideais para obter n*: viscosidade é um obstáculo ou resistência ao movimento.
A diferença na temperatura, na concentração ou na velo-
cidade é expressa como uma variação que ocorre com a
distância, ou um gradiente. Admite-se que todos os fluxos
sejam diretamente proporcionais a esses gradientes. A equa-
ção básica é:
Utilizando essa igualdade na Eq. (2.22), obtemos
fluxo = -(constante de proporcionalidade) x gradiente .
qq)
. RT (2.23a
I. = 2 . o sinal negativo nessa equação é ilustrado pelo exemplo de
J2np NAP )
condutividade de calor da Fig. 2.23. Nessa Figura o bloco
mais quente é separado do mais frio por uma distância de 20
mm, e a diferença de temperatura é de 40 K. Isso nos dá um
gradiente térmico de 40 K/20 mm, ou 2 x 103 K m-I. Uma vez
que a energia sempre fluirá do bloco mais quente para o mais
frio, o fluxo é oposto ao gradiente, conforme indicado na
Figura.
::\essa equação devemos utilizar o sistema SI (incluindo o
As equações de transporte básicas para calor e fluxo
\'alor de R): pressão em pascals e distância em metros. Se
molecular são
quisermos a pressão em atmosferas, podemos convertê-Ia em
pascals e usar a Eq. (2.23a), ou então a seguinte equação de
caminho livre médio modificada, com R em L atm moi-I K-' e
-A em em: velocidade de transporte de ~ T calor
por unidade de área =- K ~d
(2.25)
velocidade de tranporte de =_ D ~n* (molécula m - 2 S - 1 ).
molécula por unidade de área ~d
onde o fator 1000 é usado para converter litros em cen-
tímetros cúbicos.
Para uma estimativa numérica de p, o diâmetro molecular, Assim definidas, as constantes k e D
dependem apenas das propriedades do gás.
podemos usar o parâmetro do potencial de Lennard-Jonnes a,
que. segundo mostram os experimentos, é de
aproximadamente 3 x 10-s em para muitas moléculas gasosas
pequenas. Se utilizarmos esse valor na Eq. (2.23b), supondo 1
atm de pressão e 300 K, obteremos
. 1000 RT
2
1- = j2np NAP'
(2.23b
)
Bloco Bloco de
1,0 x 10 - 5 em. de metal metal a
a 320K
280 K
Gradiente de temperatura
É uma distancia pequena, mas é mais de 300 vezes o tamanho
Fluxo de energia
de urna molécula. A dependência de lIPna Eq. (2.23b), leva a
um resultado em que). pode ser expresso em centímetros
quando P cai pCJ'a 10-5 atm, ou cerca de 10-2 torro Essas
pressões geralmente SãD obtidas em sistemas de vácuo nos
laboratórios.
rr)
D = 3~2n_. 0 (2.27a)
64
.,
K = 2Sn_. (2.27b)
64' c,A,n*c,,,
Sn
- - -, *
IJ - 32 clcn m,
(2.27c)
}'--
I - 16
·~·(~)(A (2.30)
RESUMO
. -..-
.
~
uu)
48 QUíMICA - UM CURSO UNIVERSITÁRIO - CAPíTULO 2
razoavelmente próximos das temperaturas críticas de seus
moléculas no gás podem ser representadas por uma função de
líquidos, e (J é coerente com a constante b de van der Waals. A
energia potencial. A função potencial 6-12 de LennardJones é
inclusão do potencial 6-12 no cálculo das propriedades de
uma função de dois parâmetros com um poço de profundidade E e
transporte proporciona uma excelente concordância com os
uma distância a. Os valores Elk para os pares de moléculas
valores experimentais.
interagentes tais como H2, N 2 e 02 estão
Histórico Addison-Wesley.1964.
Jeans, J. An lntroduction to the Kinetic Theory ofGases. Cam-
Sobre dados biográficos de Ludwig Boltzmann, Robert Boyle, J bridge: Cambridge Uni versity Press, 1946.
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Golden, S. Elements ofthe Theory ofGases. Reading, Mass.:
PROBLEMAS
2.3 2,96 g de cloreto de mercúrio são vaporizados numa ampola 2.6 Um bom vácuo produzido com a aparelhagem de um
6
de 1,00 L a 680 K e a uma pressão de 458 torro Qual é o laboratório comum corresponde a uma pressão de 10- torr
peso molecular e a fórmula molecular do vapor de cloreto a 25°C. Calcule o número de moléculas por centímetro
de mercúrio? cúbico a essa mesma pressão e temperatura.
2.4 Escândio (Sc) metálico reage com ácido clorídrico aquoso em Pressão Parcial e Fração Molar
excesso, produzindo gás hidrogênio. Verifica-se que cada
2,25 g de Sc libera 2,41 L de hidrogênio, medido a 100°C e 2.7 Se 2,0 g de He e 2,0 g de H fossem inseridos núma ampola
722 torro Calcule o número de mols de de 15,0 L, qual seria a fração molar de cada um dos gases?
vv)
Se a ampola for mantida a 30°C, quais serão as pressões 2.14 Quantas colisões por segundo entre os átomos!; -,' • _ sos de
parciais e a pressão total? Ar ocorreriam em I m2 das paredes de _::-_ recipiente?
Considere uma temperatura de 25 'C e uma pressão de 1,00
2.8 Duas ampolas de 2,50 L são conectadas por uma válvula
x 105 Pa.
reguladora. Enquanto fechada, cada ampola é preenchida
com 0,200 moi de gás. Considere que em cada ampola haja 2.15 A primeira evidência de que gases nobre como Ar e N e
um gás ideal diferente e que eles sejam mantidos a 25 0e. eram mono atômicos envolveram a interpretação de
Qual será a pressão total em cada ampola enquanto a medidas de suas capacidades caloríficas. Explique como a
válvula estiver fechada, e quais serão as pressões parciais e informação sobre Cv e Cp pode levar a tal conclusão.
a pressão total depois que a válvula ficar aberta por um
longo tempo? As respostas seriam diferentes se fossem 2.16 Costuma-se afirmar que a barreira do som para um avião é
êlôis gases da mesma substância? Explique. I
de 650 milhas náuticas h . Isto corresponde a uma
velocidade em que as moléculas dos gases não conseguem
2.9 Etileno gasoso, C2H4, reage com gás hidrogênio na presença
sair do caminho da aeronave. Considere que 1 milha náutica
de um catalisador de platina para formar etano, C2H6,
= 1,853 km para determinar essa velocidade em metros por
segundo a equação
segundo, e compare esse valor com a velocidade vmq de
moléculas de N2 a O 0e.
I
2.13 Calcule a velocidade C em que ms- a 25°C para átomos Gases Não Ideais
nllq
gasosos de Ar. Use também a Eq. (2.28) para calcular a
velocidade média. 2.21 Considere 3,0 x 10-8 cm como sendo o diâmetro de uma
molécula. Qual é o volume, medido em centímetro-
zz)
aaa)
QUíMICA· UM CURSO UNIVERSITÁRIO· CAPIT..: :
50 Caminho Livre Médio
cúbicos, que corresponde a esse diâmetro para uma 2.27 Admitindo-se que o diâmetro molecular é dado ;':ô
molécula esférica. e qual seria o volume moleculartotal parâmetro cr do potencial 6-12 de Lennard-Jones, e q..:e é
para um moI dessas moléculas? Se a equação dos gases igual à velocidade média quadrática, calcule o nÚlre~ de
ideais sempre fosse obedecida, qual a pressão que a 300 colisões que uma molécula de nitrogênio experim:ô~ta
K daria um volume molar total igual ao por segundo num gás a 25°C e a pressões de 1 2.:::-:0,76
volumemolecular real? torr e 7,6 x 10-6 torro Repita os cálculos para He .:. atm.
2.22 Verifiquemos a precisão numérica da equação de estado 2.28 Utilizando o valor de (T do potencial de Lennard-Jofe
de van der Waals e a importância relativa de cada termo como uma estimativa do diâmetro molecular, calcule -
para o N2 acima de sua temperatura crítica. Utilize os caminho liv're médio de uma molécula de nitrogênic _
valores de a e b dados na Tabela 2.5 e compare os 25°C e às seguintes pressões: 1 atm, 1 torr, 10-6 torro
valores que você calculou com aqueles da Fig. 2.20. 2.29 Na dedução da lei de Boyle, utilizando a teoria cinétic.:.
Considere T = 128 K para todos os cálculos. Primeiro admitimos que as moléculas colidem somente com 2.'
2
resolva para P + a/V , quando V= 0,2000 L moi-I, e depois resolva paredes do recipiente e não umas com as outras. Com:
para a pressão P. Até que ponto isso pode ser comparado comparar o caminho livre médio e a distância entre 2c'
com a Fig. 2.20? Repita essas etapas para V = 0,1000 L
moi-I. ° que se pode concluir sobre a precisão da
paredes a fim de que essa suposição seja válida? A que
pressão essa relação é satisfeita para moléculas de 3 Á ce
equação de van der Waals acima da temperatura crítica? diâmetro e a 25°C, num recipiente cúbico de 10 cm de
2.23 Soluções analíticas diretas para a equação de van der aresta.
Waals dão os seguintes valores para as constantes críti- 2.30 No estado líquido, o caminho livre médio é do mesmc
cas: V" = 3b, Pc = a/27b2 e Te = 8aJ27bR. Mostre que esses tamanho das moléculas. Partindo da Eq. (2.22), mostre
valores satisfazem a equação de van der Waals. Veja a que, se À =p, "O volume disponível para uma molécula é
Eq. 2.20 e decida qual é a propriedade especial da aproximadamente igual a p3
equação de estado que permite encontrar a solução
Propriedades de Transporte
matemática para os valores críticos.
2.24 Use os valores experimentais de T e P para No, que se 2.31 Utilize a Eq. (2.29)para deduzir uma expressão da razão
encontram na Tabela 2.7, e ache o; val~res a e b de van entre a viscosidade de Xe e He gasosos, ambos à mesma
der Waals a partir das fórmulas dadas no Problema 2.23. temperatura. Empregue os valores de (T da Tabela 2.6
Aqueles devem concordar com os valores da Tabela 2.5. para avaliar os diâmetros moleculares p de esfera rígida.
Depois utilize um outro par de valores críticos, tais como e tome a razão quantitativa. Próximo à temperatura
Pc e V" , e encontre uma segunda série de valores a e b. ambiente, o valor registrado é de 1,16. Por que esses
Qualquer diferença nas duas séries significa uma falha da valores não concordam entre si?
equação de van der Waals.
2.32 ° gás lH e sua forma isotópica com o dobro de massa,
2
2.25 Há um problema óbvio com a equação de van der Waals, 2H2, devem apresentar idênticos parâmetros 6-12 de
quando se tenta adaptá-Ia ao estado líquido. A densidade Lennard-Jones. Calcule a razão de suas viscosidades. A
da água líquida na temperatura ambiente é muito pró- razão observada é de 1,4 I 5 ± 0,002.
xima de 1,00 g cm3• Qual é o valor de V para HP em
unidades de L moi-I? Compare isso com o valor de b 2.33 Use as Eqs.(2.22) e (2.28) para obter uma expressão da
para H20 na Tabela2.5. É possível que li seja menor condutividade térmica k semelhante à Eq. (2.29). Será
que bna equação de van der W aals? Você pode imaginar que k depende da pressão do gás? Calcule também um
°
alguma situação em que o volume excluído b seja menor valor para a razão r.: I) do ::\ e em unidades de cal Kl
para os líquidos do que para os gases? Sugestão: gol. valor observado é de 0.370
Desenhe três ou mais moléculas próximas, utilizando a cal Kl gl .
Fig. 2.17.
2.34 Um composto gasoso que contém apenas carbono,
2.26 ° termo a/V2 pode ser considerado como uma pressão hidrogênio e nitrogênio é misturado exatamente com o
volume de oxigênio necessário para ocorrer a combustão
interna devido à atração molecular. Já que o volume dos
completa produzindo CO2 ' H P e N2 . A queima de 9
líquidos não se altera muito com a pressão externa P,
volumes da mistura gasosa produz 4 volumes de
suas pressões internas devem ser altas. Considere o valor
CO2• 6 volumes de \-apor d'água e 2 volumes de \.
1,00 g cm-3 como a densidade de HP líquido e determine
N 2' todos à mesma temperatura e pressão.
a pressão interna da água líquida de acordo com a
Quantos volumes de
constante a de van der Walls mostrada na Tabela 2.5
para Hp.
bbb)
ccc)
oxigênio serão necessários para a combustão? Qual é a gases ideais. Isso pode ser feito representandD-:'ê: :;:
fórmula molecular do composto? ~~:camente PV como uma função de P numa escale.
sc:~::entemente expandida de modo a mostrar as
2.35 Um balão feito de borracha permeável ao hidrogênio em variaçÔes em pi/. A partir desse gráfico determine o
todas as suas formas isotópicas é preenchido com gás valor que RI deve assumir para todos os gases ideais a O
°
deutério puro (D2 ou 2H ) e em seguida colocado numa
2 °C . Determine também com base no gráfico as
caixa contendo H2 puro. balão irá expandir-se ou constantes da equação de estado empírica PV = A + BP
contrair-se? para CO2•