Dissertação Daniela Moreira - 2015147 PDF
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A PERTURBAÇÃO DO COMPORTAMENTO NA
ADOLESCÊNCIA E ESTRATÉGIAS DE
INTERVENÇÃO
1
A PERTURBAÇÃO DO COMPORTAMENTO NA
ADOLESCÊNCIA E ESTRATÉGIAS DE
INTERVENÇÃO
2
"O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio
indivíduo. Uma pessoa que se ‘tornou consciente de si mesma’, por
meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de
prever e controlar seu próprio comportamento." (Skinner,
1974/2006, p.31).
3
AGRADECIMENTOS
Primeiro quero agradecer aos meus pais, pelo amor, pela amizade, pelo carinho,
pela compreensão, pelo apoio constante e pela oportunidade de poder crescer mais a nível
de formação académica. Sem eles não teria sido possível! Agradeço também por terem
acreditado sempre em mim, por me darem força e continuar a seguir os meus sonhos e
objetivos. Como não poderia deixar de ser, quero agradecer também aqueles meus
primos, que também me apoiaram, auxiliaram e me deram força para continuar.
À Doutora Ana Márcia Vaz Serra Fernandes, a minha orientadora, pela sua
disponibilidade e transmissão de conhecimentos técnicos. Além disso, também me
transmitiu valores humanos bastante importantes para o futuro da minha carreira.
Agradeço também pelo apoio, pela paciência, pela compreensão, pela disponibilidade e
por me ajudar a refletir sobre as minhas dúvidas, de modo a conseguir compreendê-las e
superá-las. A todos os docentes que colaboraram para a realização deste mestrado, por
toda a transmissão de conhecimentos concedida e ajuda no desenvolvimento deste
projeto. Em especial ao Doutor Júlio Emílio Pereira de Sousa, pela confiança transmitida,
por acreditar em mim e me conceder a honra de me ensinar a, acreditar e a caminhar no
sentido da descoberta e da valorização própria.
4
RESUMO
5
ABTRACT
The theme chosen for this research focuses on the Disruption of Behavior in
adolescence and as an intervention strategy.
My experience is a curricular internship, with this pathology and ignorance of
the intervention strategies, led me to this interest to investigate more about this topic.
Since, increasingly, an increase in the diagnosis of Behavioral Disorder has been reported
surgically and then: to assess which as an intervention strategy that can help in reducing
the consequences of the Behavior Disorder of an adolescent.
A present invention has been developed with a view to a better understanding
of Behavioral Disorder in adolescence as well as the intervention strategy by the
participants and consequently the most important reflexes in order to contribute to a
reduction process manifestations of Behavior Disorder in the adolescent.
This study was carried out according to a methodology of the qualitative
research, being an analysis of the content the technique used for an analysis of collected
data. Concerning the accomplishment of two exploratory interviews and three focal
groups applied.
The research line followed, sought to review the existing literature on
Behavioral Disorder in adolescence. The different bibliography consulted allowed us to
identify the main behavioral characteristics, the criteria and measures for the diagnosis,
the biological, psychological and social determinants that seem to be the origin of the
same, as well as the main intervention strategies.
It can be seen that training for the entire educational community is indispensable,
in order to clarify the concept of Behavior Disorder and its associated symptoms, so that
effective intervention strategies can be applied and the manifestations of Behavior
disturbance in the adolescent.
6
LISTA DE ABREVIATURAS
7
ÍNDICE GERAL
Agradecimentos ………………………………………………………………………..4
Resumo………………………………………………………………………………….5
Abstract…………………………………………………………………………………6
Lista de Abreviaturas ………………………………………………………………….7
Introdução …………………………………………………………………………….15
1. A Adolescência ……………………………………………………..……………19
2. Perturbação do Comportamento……………………………………………….....31
8
3.4. Intervenção na Perturbação do Comportamento …………………………...50
Bibliografia ...................................................................................................................126
Anexos ………………………………………………………………………………..113
9
Índice de Figuras
Índice de Quadros
Índice Tabelas
10
Tabelas: Apresentação de dados do Grupo Focal dos Profissionais
11
Tabela 5: Questão 5 do Grupo Focal Adolescentes 9º ano……………………………237
12
Tabela 9: Questão 8.1. do Grupo Focal Adolescentes 7º ano…………………………257
Índice Anexos
13
Anexo 17 – Apresentação de dados do Grupo Focal Adolescentes 9º ano
14
INTRODUÇÃO
15
Tendo em consideração que diversos estudos relacionam a Perturbação do
Comportamento com o desenvolvimento e manutenção de comportamentos socialmente
desajustados, em termos de dificuldades de integração social, legais e de criminalidade,
bem como de várias perturbações psiquiátricas, torna-se fundamental a clarificação do
que é a Perturbação do Comportamento para o desenvolvimento de estratégias de
intervenção que possam ser utilizadas para minorar as consequências da mesma num
Adolescente, bem como a sensibilização dos pais e professores com vista ao diagnóstico
precoce e respetivo encaminhamento do adolescente e da família para programas de
intervenção a fim de ajudar a minimizar as consequências nocivas desta Perturbação nas
suas vidas.
16
são apresentadas as considerações finais e a bibliografia utilizada para a realização desta
dissertação.
17
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
18
1. A Adolescência
1.1.Conceito de Adolescência
Na atualidade, a entrada na idade adulta demora mais tempo e não está tão bem
delimitada. A puberdade começa mais cedo do que no passado e a entrada numa profissão
tende a ocorrer mais tarde, na medida em que as sociedades complexas requerem longos
períodos de escolaridade ou de formação profissional antes do jovem poder assumir
responsabilidades de adulto. Existem mudanças biológicas, como um crescimento físico
repentino, uma alteração das proporções corporais e o atingir da maturidade sexual. A
maturidade biológica contribui significativamente para as mudanças sociais e
19
económicas, ou seja, da dependência da família para uma independência legal e
moralmente sancionada. E, é claro, ocorrem também muitas mudanças psicológicas, estas
abrangem a maturação progressiva das atitudes e comportamentos sexuais, que permitirão
ao adolescente estabelecer relações amorosas e provavelmente constituir a sua própria
família. Ao mesmo tempo, os adolescentes adquirem várias competências que lhes
permitirão tornarem-se membros ativos da sociedade adulta. De facto, a adolescência é
um processo bastante abrupto, é considerado “o tempo de as aves já com penas deixarem
o ninho e seguirem o seu próprio caminho”. (Gleitman, Fridlund & Reisberg, 2011,
p.840). Esta fase é considerada uma transição desenvolvimental entre a infância e a idade
adulta, que implica importantes mudanças ao nível físico, cognitivo e psicossocial.
Vygotski (1996) citado por Facci (2004) dizia que é nesta fase de mudanças que
o adolescente desenvolve um importante avanço no desenvolvimento intelectual, em que
consequentemente formam os verdadeiros conceitos. Este abrirá a mente do jovem para
um mundo da consciência social, conhecimento da ciência, artes, dentre outros. Através
deste pensamento por conceito ele consegue compreender a realidade e também as
pessoas ao seu redor. Os seus pensamentos concretos começam a pertencer ao passado e
20
os abstratos começam a desenvolverem-se, como a orientação dos seus interesses, as
normas de conduta, o sentido ético, os seus desejos e as intenções.
21
De salvaguardar que uma vez construída a personalidade, isso não lhe confere um
caráter rígido de acordo com a mesma, continuando o indivíduo a reorganizar, a cada
momento, os elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-a, portanto às
diversas circunstâncias, do quotidiano, de acordo com as vivências experimentadas.
Erikson coloca as dimensões institucional, sociocultural, histórica e biológica em
interação, no entrecruza mento dessas influências, Erikson elaborou oito etapas de
desenvolvimento psicossocial para representar momentos diferentes de investimento da
energia psíquica. A adolescência é considerada a etapa que impulsiona o indivíduo a
redefinir a sua própria identidade, ao avaliar a sua inclusão no plano espaciotemporal,
tendo sempre em conta o passado, as suas identificações e conflitos, e pensando num
futuro, com suas perspetivas e antecipações. Erikson insiste na necessidade de o
adolescente fazer uma assimilação entre o seu passado e futuro, através de um processo
de recapitulação e antecipação. O desenvolvimento do indivíduo é determinado e ocorre
num contexto social marcado pelas relações interpessoais, pela interação com a família,
com as instituições sociais e com a cultura num momento histórico particular. A base da
personalidade adulta é constituída pelo conceito que possuímos do eu (a forma como nos
vemos a nós próprios e como os outros nos veem). Assim sendo, uma boa base
determinará uma sólida identidade pessoal, em contrapartida uma base instável originará
uma identidade difundida. A identidade é algo uno, com características dinâmicas e
adaptáveis e que permanece para além do passar dos tempos (Erikson, 1972). A
construção da identidade é um processo complexo que acompanha o ciclo de vida do
indivíduo. Neste processo, a construção biológica, a organização pessoal da experiência
e o meio cultural dão significado, forma e continuidade à existência do indivíduo (Kroger,
1989 citado por Campbell, Lindzey & Hall, 2000, p.532). De acordo com Erikson, os
adolescentes formam a sua identidade por modelagem a partir de outras pessoas, como
fazem as crianças mais novas.
22
1.1.2. Adolescência segundo Sigmund Freud
Parrott, (2003) complementa que, por norma, a maioria dos adolescentes com
Perturbação do Comportamento, quando passam por alguma dificuldade, tem tendência
a retrair-se. Estes bloqueiam a ansiedade e consequentemente, ficam mais predispostos
para cederem a atos conflituosos, mesmo que inconscientemente. Como tal, quando são
magoados têm tendência a expressarem os sentimentos de forma impulsiva,
frequentemente agem sob comportamentos não aceites pela sociedade e têm o intuito de
aliviar a tensão. Uma outra forma de “usar” a adolescência é a forma como o mercado a
passou a ver, como uma forma de markting, isto porque o adolescente passou a ser um
23
consumidor nato uma vez que, como nos é transmitido por Calligaris (2000), os estilos e
looks que caracterizam os grupos adolescentes, as marcas identitárias (dark, punk, pop,
etc.), são rapidamente transformadas em mercadorias e comercializados. Existe, portanto,
um interesse de marketing em definir e fixar tais grupos em tribos de forma que “cada
grupo, e a adolescência em geral, se transformam em uma espécie de franchising que
pode ser proposta à idealização e ao investimento de todo o mundo, em qualquer faixa
etária” (Calligaris, 2000, p.58). Pode verificar-se que as práticas sociais da cultura de
consumo e a transformação da adolescência num bem de consumo e estilo de vida, fica
fácil concluir que a adolescência foi elevada a ideal cultural.
24
adulta. Os adolescentes dedicam a maior parte do seu tempo no investimento da relação
com os pares, o que é vital para o desenvolvimento da individualidade e da identidade.
Há um “alargamento do mundo social” devido ao maior número e à diversidade de
contactos sociais que ocorrem na adolescência (Sprinthall & Collins, 1994, p. 359).
25
De acordo com estudos desenvolvidos por Piaget e Kohlberg, o desenvolvimento no
julgamento moral é estimulado pela interação social nos grupos de pares e no seio
familiar. Todo o processo de desenvolvimento e experiência maturacional realizados pelo
adolescente são determinados pelas normas e padrões socio-culturais e pelas expetativas
sociais relativas à puberdade. Esta fase é, inevitavelmente, acompanhada por sentimentos
que influenciam o modo como o adolescente se vê a si próprio e como responde aos outros
e ao meio. Kohlberg conclui que a maneira como as pessoas pensam acerca de questões
morais reflete o desenvolvimento cognitivo e que as pessoas chegam aos julgamentos
morais por si próprias, em vez de pela mera internalização de padrões dos pais, dos
professores ou dos pares.
Com base nos processos de pensamento, evidenciados pelas respostas aos seus
dilemas, Kohlberg (1969) descreveu três níveis de raciocínio moral, cada um dividido em
dois estádios:
26
dão respostas opostas, podem estar no mesmo estádio. (Papalia, Olds & Feldman, 2001,
p.552).
27
1.2. A Adolescência e a Perturbação do Comportamento
28
desumanidade, seja para com pessoas ou animais, participação em assaltos, atos de
vandalismo, etc.).
29
exibindo uma postura rebelde e passar mais tempo com os amigos e com o meio social
envolvente (Ferreira & Ferreira, 2000 citado por, Rosando, 2014). O companheirismo e
a lealdade dos amigos são caraterísticas assinaladas como importantes no
desenvolvimento da identidade do jovem e no desenvolvimento de perceções, de valores,
atitudes e comportamentos. Erikson, citado por Rosando, 2014) tendo como base a teoria
do desenvolvimento psicossocial, adiciona à abordagem psicanalítica a antropologia
cultural e constrói um modelo que coloca as dimensões intelectual, sociocultural,
histórica e biológica em interação. Este também determinou esta fase como a crise da
identidade da adolescência, visto que a separação da esfera adulta é apenas uma das
manifestações do que os adolescentes estão realmente a querer atingir.
É de notar que, na Comunidade Escolar, a Perturbação do Comportamento é um
dos temas associado a comportamentos considerados fora do normal aos olhos da
sociedade, como a falta de respeito, a negligência de um ou vários atos fortuitos, ao
pertencer a grupos de pares com características de P.C. e a outros comportamentos que
serão trabalhados na dissertação a apresentar.
Em suma, pode considerar-se que a adolescência e o modo como esta é vivida está
diretamente relacionada com a comunidade onde o adolescente está integrado. Também
o modo como é entendida é específica em função da época, do ambiente social, cultural
e económico a que se reporta. Ao longo do tempo foram várias as tentativas para explicar
a adolescência, desde as que se fundamentam nas teorias psicanalíticas a outras que
realçam as interações que o adolescente estabelece, a vários níveis, dando uma perspetiva
relacional/desenvolvimental a esta etapa da vida humana. Todas auxiliam a compreender
melhor a adolescência e a relação com os adolescentes.
30
2. A perturbação do Comportamento
31
sua relação com os conflitos intrapsíquicos e as significações subjetivas e
objetivas que elas tomam no meio em que vive o sujeito. (Doron & Parot,
2001, p.579).
32
Com base nos critérios de diagnóstico definidos na DSM-5, “A perturbação do
comportamento pode ser um padrão repetitivos e persistente de comportamento no qual
são violados os direitos básicos dos outros ou as principais normas sociais
correspondentes à idade.” (APA, 2014, p. 563). Esta Perturbação é considerada
tendenciosa, por apresentar comportamentos que incomodam, perturbam e, até mesmo,
envolvem atividades perigosas e/ou ilegais. Podem considerar-se as seguintes atitudes,
dificuldade em aceitar regras, passam a atos agressivos quando desencadeados
frequentemente por situações de frustração, bem como apresentam comportamentos de
anti-sociais através da prática de roubos, mentiras, fugas, destruição de propriedade,
agressividade para pessoas e animais. Estes adolescentes não demonstram sofrimento
psíquico ou constrangimento com as suas atitudes e não se importam de atingir os
sentimentos do outro ou desrespeitar os seus direitos. A Perturbação do Comportamento
prejudica a aprendizagem dos adolescentes ou a aprendizagem/ensino do meio
envolvente. Por norma são considerados adolescentes indisciplinados que não respeitam
as regras e opõem-se às regras escolares, familiares e da sociedade. Este processo acaba
por danificar todos esses diferentes ambientes nos quais os mesmos necessitam de
vivenciar experiências para um melhor desenvolvimento.
33
2.2.Subtipos de Perturbação do Comportamento
De acordo com a DSM-5, (APA, 2014), podemos verificar que existem três
subtipos de Perturbação do Comportamento, com base na idade de início da Perturbação
(isto é, subtipo de início não especificado, Tipo com Início na Infância e Tipo com Início
na Adolescência). Os subtipos diferem com base na idade de início da perturbação. De
seguida são apresentados, dois subtipos não descartando o que é designado um subtipo
de início não especificado quando não existe informação suficiente para determinar a
idade de início.
34
relacionamentos mais normais com seus pares (embora apresentem com frequência
problemas de comportamento na companhia de outros).
35
2.3. Características e Prevalência da Perturbação do
Comportamento
36
A9). O furto é comum, podendo incluir a invasão de casa, prédio ou automóvel alheios
(Critério A10); mentir ou romper promessas com frequência para obter bens ou favores
ou para evitar débitos ou obrigações (eg.: ludibriar outras pessoas) (Critério A11); ou
furtar objetos de valor sem confronto com a vítima (eg.: furtar em lojas, falsificar
documentos) (Critério A12).
Por norma os indivíduos com esta Perturbação também cometem sérias violações
de regras (eg.: escolares, parentais). As crianças com a Perturbação frequentemente
apresentam um padrão, iniciando-se antes dos 13 anos, de permanência fora de casa até
tarde da noite, apesar de proibições dos pais (Critério A13). Pode haver um padrão de
fugas de casa durante a noite (Critério A14). Para ser considerada um sintoma de
Perturbação do Comportamento, a fuga deve ter ocorrido pelo menos duas vezes (ou
apenas uma vez, sem o retorno do indivíduo por um extenso período). Os episódios de
fuga que ocorrem como consequência direta de abuso físico ou sexual não se qualificam
tipicamente para este critério. As crianças com esta Perturbação podem, com frequência,
faltar à escola sem justificação, iniciando-se este comportamento antes dos 13 anos
(Critério A15). Em indivíduos mais velhos, manifesta-se através de por constantes
ausências do emprego, sem uma razão pertinente.
37
como conflitos, roubos, vandalismo e problemas de disciplina na escola. Já do sexo
feminino com diagnóstico de Perturbação do Comportamento tendem a apresentar mais
atitudes como mentiras, faltar às aulas, fugas, uso de substâncias e prostituição. Enquanto
a agressão com confronto é mais comum entre os homens, as mulheres tendem mais a
usar comportamentos sem confronto. (APA, 2014, pp. 566-567).
38
2.4.Fatores de Risco de Perturbação do Comportamento
Sabe-se que não existe uma resposta concreta quanto a este tema, mas sabe-se que
existem múltiplos fatores como biológicos (temperamento, fatores neuroanatómicos,
psicológico e genéticos), relacionais (processos de vinculação com os pais, práticas
educativas parentais e relação com irmãos), familiares e sociais que se podem associar.
Segundo a DSM-5 (APA, 2014), existem os seguintes fatores de Risco e
prognóstico relativos à Perturbação do Comportamento:
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Valores de frequência cardíaca em repouso mais baixas está associado, de
forma confiável, a indivíduos com perturbação do comportamento por
comparação com aqueles sem esta perturbação, e este marcador não é
característico de nenhuma outra perturbação mental. A redução do
condicionamento autonómico em resposta ao medo, particularmente a
baixa condutância da pele, também está bem documentada. No entanto,
estes achados psicofisiológicos não são diagnósticos da perturbação.
Diferenças funcionais e estruturais em zonas cerebrais associadas à
regulação e processamento dos afetos, particularmente as ligações
frontotemporais-límbicas envolvendo o córtex pré-frontal ventral e a
amígdala, foram consistentemente observadas em indivíduos com
perturbação do comportamento por comparação aos indivíduos sem esta
perturbação. No entanto, os achados neuroimagiológicos não são
diagnósticos da perturbação.
40
Quadro I. Fatores de Risco da Perturbação do Comportamento
Temperamento difícil
Temperame Inteligência abaixo da média
ntais
Factores genéticos Predisposição biológica
Pais biológicos com Perturbação uso de
álcool, perturbações depressivas e bipolares
ou Esquizofrenia
41
3. Diagnóstico e Intervenção na Perturbação do
Comportamento
O diagnóstico é complexo, pode ser suspeitado pelos pais e/ou médico assistente,
no entanto deve ser sempre confirmado (ou não) por um pediatra do desenvolvimento.
Para o diagnóstico desta Perturbação destacam-se várias técnicas e instrumentos, tais
como a entrevista, ao adolescente e aos pais; os métodos projetivos; as cheklists de
comportamento; os métodos de observação direta; e os inventários de personalidade
(Benavente, sd), a analisar de acordo com os critérios definidos na DSM-5. O tratamento
da Perturbação do Comportamento deve passar por uma abordagem integrada que atue
sobre as várias dimensões da vida do adolescente, particularmente a família, a escola, o
grupo de pares e o próprio, de forma a ser prestado um acompanhamento contínuo e a
longo prazo (Bordin & Offord, 2000). Para o sucesso da intervenção, a mesma deve
incluir o treino parental, o treino de habilidades sociais com o indivíduo e a inclusão
académica (Patterson et al., 2002, citados por Bolsoni-Silva & Del Prette, 2003).
42
A. Padrão de comportamento repetitivo e persistente em que são violados os
direitos básicos dos outros ou as principais normas sociais
correspondentes à idade, que se manifesta pela presença nos últimos 12
meses, de pelo menos 3 dos 15 critérios a apresentar em qualquer das
categorias, em que 1 dos critérios tem de se verificar presente nos últimos
6 meses. As categorias mencionadas são: 1. Agressão a pessoas ou
animais; 2. Destruição da propriedade; 3. Falsificação ou roubo e 4.
Violação grave das normas. Os critérios e as respetivas categorias tal
como nos é transmitida pela DSM-5, encontram-se em (Anexo 1).
B. A Perturbação do Comportamento causa um défice clinicamente
significativo no funcionamento social, académico ou ocupacional.
C. Se o indivíduo tem 18 ou mais anos de idade, os critérios de Perturbação
antissocial da personalidade não são preenchidos.
Existem três diferentes configurações para se averiguar em que
faixa etária se desencadeou a perturbação do comportamento:
• Tipo com inicio na infância, é apresentado pelo menos um sintoma
característico da perturbação do comportamento nos indivíduos até aos 10
anos.
• Tipo com início na adolescência, não são apresentados sintomas
característicos da perturbação do comportamento nos indivíduos antes dos
10 anos.
• Tipo com início não especificado, não existe informação suficiente para se
determinar em que idade existiu o primeiro sintoma da perturbação do
comportamento, embora os critérios de diagnóstica desta patologia já
estejam completados.
A especificação deve ter em conta as limitações nas emoções
prossociais, o indivíduo tem de ter apresentado pelo menos duas das
seguintes características, por um período de12 meses. Para serem
avaliados os critérios para este especificador são necessárias várias fontes
de informação com conhecimento prolongado do indivíduo (eg.: pais,
professores, grupo de pares). As características apresentadas são: 1. Falta
de remorso ou Culpa; 2. Indiferença - falta de empatia; 3.
43
Despreocupação relativamente ao seu desempenho com
performance/consequências e 4. Afeto superficial ou deficiente
44
3.2. Diagnóstico Diferencial da Perturbação do Comportamento
45
vedado a indivíduos com menos de 18 anos. Tanto a perturbação do comportamento como
a perturbação explosiva intermitente envolvem elevados níveis de agressividade. No
entanto, a agressividade em indivíduos com perturbação explosiva intermitente está
limitada a agressão impulsiva e não premeditada e não é levada a cabo para atingir
determinados objetivos tangíveis (por exemplo, dinheiro, poder, intimidação). Além
disso, a definição de perturbação do comportamento. Se os critérios para ambas as
perturbações forem preenchidos, o diagnóstico de perturbação explosiva intermitente só
deve ser feito quando as explosões impulsivas recorrentes de agressividade requerem
atenção clínica independente. O diagnóstico de perturbação de ajustamento (com
alteração do comportamento ou com alteração mista de emoções e do comportamento)
deverá ser considerado se os problemas comportamentais, clinicamente significativos,
não preenchem os critérios de outra perturbação específica, se se desenvolvem em clara
associação com início de um fator de stress psicossocial e se não resolvem dentro de 6
meses após o desaparecimento do fator de stress (ou das suas consequências). A
perturbação do comportamento é diagnosticada apenas quando os problemas
comportamentais representam um padrão repetitivo e persistente que está associado a
défice do funcionamento social, académico ou ocupacional.
46
Quadro II- Perturbação do Comportamento, Comorbilidade e Diagnóstico Diferencial
47
3.3. Consequências funcionais da Perturbação do
Comportamento
48
De acordo com o anteriormente focado entende-se que todos esses comportamentos
constituem um forte motivo de preocupação para as famílias, a escola e outros meios onde
o adolescente está inserido.
o muitas vezes unem-se a grupos já considerados de risco, o que contribui para que
os seus problemas se agravem;
Globalmente a integração social destes jovens corre um sério risco e, sem ajuda, têm
uma dificuldade acrescida em ultrapassar os problemas. Adaptado de Direção Geral de
Saúde, 2007, p.2.
49
3.4. Intervenção na Perturbação do Comportamento
50
que favorecem o seu aparecimento através da promoção da “robustez” emocional nos
indivíduos, de forma a sentirem-se protegidos e mais capacitados. Já a prevenção
secundária engloba um conjunto de estratégias que se caracterizam pela identificação e
intervenção precoce junto de indivíduos que manifestam sinais inicias de disfunção. Esta
reage sob a forma de impedir perturbações no problema alvo, visa diminuir a prevalência
do problema alvo, procurando impedir a progressão do “problema” uma vez iniciada.
51
É importante salientar várias estratégias de intervenção, bem como fatores
considerados de proteção de Perturbação de Comportamento de forma a se verificar uma
melhoria do desenvolvimento de um adolescente.
Conte, (1997) aponta como fatores protetores do desenvolvimento saudável
das crianças e jovens:
o suporte parental com conduta calorosa,
o valorização pessoal da criança,
o demonstração de aceitação e apoio às suas iniciativas,
o encorajamento do desenvolvimento de competências sociais,
o frequente expressão de afeto positivo, apoio ao desenvolvimento
da autonomia na forma de escolhas;
o uso de métodos disciplinares mais racionais e verbais ao invés de
físicos e
o pais como modelos socialmente competentes. (Conte, 1997 citado
por Rosando, 2014, p.124).
Em concordância com (Marques, Marques & Pardilhão, 2009, p.594) que indicam
como fatores de proteção de Perturbação do Comportamento:
o Boa capacidade familiar para lidar com a adversidade;
o Bom nível cognitivo;
o Temperamento fácil;
o Boa capacidade de socialização com pares;
o Existência de relação significativa com pelo menos um dos progenitores
ou outro adulto de referência;
o Relação com irmão mais velho responsável e autodisciplinado;
o Bom desempenho escolar e extracurricular;
o Integração em grupo pró-social;
o Integração em meio escolar promotor de sucesso, responsabilidade e
autodisciplina.
Deve ter-se também em conta fatores desencadeantes e perpetuadores a
nível familiar, social ou escolar:
52
o Motivar a família para a mudança;
53
quando se foca a gestão de contingências, existe uma técnica criada para reforçar
sistematicamente os comportamentos “agradáveis” ou “prováveis” que são contingentes
(relação de dependência entre dois acontecimentos) a outros comportamentos menos
agradáveis e reforçadores. Também é explicado que os contratos comportamentais são
importantes e passam por ser um acordo entre duas ou mais pessoas, estipulando as
responsabilidades das mesmas, devido a determinado comportamento como ao reforço
pela realização do mesmo. A autogestão é explicada como:
54
de autoconhecimento, autogestão, consciência social, relações interpessoais e tomada de
decisão responsável, conseguindo assim o sentimento de pertença a uma comunidade.
55
o organizem o tempo para que tenham disponibilidade, para a partilha de afeto e
diálogo para com os filhos, desde os primeiros tempos de vida e ao longo do
desenvolvimento; assim poderão conhecê-los em profundidade e compreender as
suas necessidades, capacidades e fragilidades;
o controlem e supervisionem o adolescente: saber onde ele está, com quem está e a
fazer o quê;
o os educandos devem manter-se em contacto com a escola, para que possa existir
um trabalho multidisciplinar e se conseguir melhorar o desenvolvimento e a
integração do adolescente.
56
o acentuar que as manifestações comportamentais do adolescente assumem
determinados contornos, associados com as práticas educativas familiares e
parentais.
o promover nos Pais a autonomia e autocontrolo nas suas atitudes educativas,
justamente pelo reconhecimento do seu valor e singularidade no conhecimento
que têm do seu filho e da sua própria situação familiar, incrementando assim o
seu papel enquanto promotores de resolução de problemas.
o organizar e sistematizar um conjunto de princípios, orientações e estratégias,
relativamente à definição e resolução de situações problemáticas.
Em suma, não se pretendem criar novas metodologias de intervenção, mas sim,
compreender e interpretar as estratégias já definidas e estudadas pelos modelos
comportamentais e cognitivos existentes, sob uma perspetiva psicoeducacional e
desenvolvimentista. Num contexto comunitário, consiste “em identificar, facilitar ou criar
contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam ser compreendidas, ter uma
voz e influência sobre as decisões que lhes dizem diretamente respeito ou que, de algum
modo, afetam as suas vidas”. (Rappaport, 1992 citado por Ornelas, 2008, p. 47).
57
4. Projeto de Intervenção
58
“em identificar, facilitar ou criar contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas
possam ser compreendidas, ter uma voz e influência sobre as decisões que lhes dizem
diretamente respeito ou que, de algum modo, afetam as suas vidas”. (Rappaport, 1992,
citado por Ornelas, 2008 p. 47).
59
Neste contexto, pode-se catalogar as necessidades dos adolescentes, segundo a
pirâmide das necessidades de Maslow, com a ressalva de que as mesmas podem alterar-
se com o decorrer da intervenção, dado que cada adolescente revela necessidades
diferentes, em tempos diferentes: heterogeneidade social. Ou seja, se a adolescência
corresponde a uma fase da vida que pode ser limitada em termos etários, deve também
salientar-se que esses mesmos limites são eminentemente sociais. Neste sentido, mais do
que um grupo etário, a juventude é, pois, um fenómeno social de múltiplas dimensões; é
uma etapa de transição entre a dependência e a autonomia, que implica três percursos
interrelacionados e interdependentes. Portanto, a Pirâmide de Maslow transmite a
hierarquia de necessidades que foi introduzida por Abraham Maslow e se refere a uma
pirâmide que representa uma divisão hierárquica a respeito das necessidades humanas.
Na base da pirâmide estão as necessidades de nível mais básico, sendo que, apenas
quando satisfeitas, se sobe em direção às hierarquias mais altas para atingir a
autorrealização, que é o nível mais alto.
60
De acordo com o que pretendido a ser desenvolvido na dissertação
nomeadamente, minorar as consequências das manifestações da P.C. na adolescência, são
de privilegiar as questões relacionadas com a gestão do risco e da inclusão social, bem
como a prevenção primária visando prevenir o problema alvo, promover a saúde e o bem-
estar do indivíduo, desenvolver competências nos indivíduos, prevenir a adaptação dos
mesmos ao seu meio ambiente. Prevenção Primária e posteriormente secundária, sendo
que esta engloba um conjunto de estratégias que se caracterizam pela identificação e
intervenção precoce junto de indivíduos que manifestam sinais inicias de disfunção.
Impedir perturbações no problema alvo visa diminuir a prevalência do mesmo,
procurando impedir a progressão do “problema” uma vez iniciado.
61
como corretos pela sociedade, aliás estes vão contra aos comportamentos aceites pela
sociedade, enquanto conjunto normativo de direitos sociais. Por estas razões, é
fundamental que exista um apoio regular às famílias e que sejam auxiliadas a agir de
forma a potenciar o desenvolvimento emocional ajustado no adolescente. Através deste
modelo de intervenção comunitária, pretende-se conseguir identificar resultados
concretos da aplicação da filosofia de empowerment (facultar poder à população, para
que esta melhore), nomeadamente um maior controlo, aquisição de autonomia e
responsabilidade das pessoas sobre as suas próprias vidas, o aumento da participação nos
processos de decisão, maior participação social tanto organizacional, como no suporte
aos pares e uma maior procura dos serviços prestados pelos profissionais, pelo que se
pode concluir que, com estes aumentos, existe consequentemente um desenvolvimento
da consciência crítica, do crescimento pessoal e do recovery. No que diz respeito à
intervenção a nível da Política Social, é de referenciar então os objetivos que conduzem
à concretização desta política, inicia-se com: a redistribuição de recursos, onde se
privilegia a tentativa de garantir a equidade e a eficiência; já a gestão de riscos sociais, é
responsável pela gestão dos efeitos negativos de medidas implementadas; por fim a
promoção da inclusão social, trata da concretização plena dos direitos sociais, sendo que
o direito a ser e a sentir-se integrado na sociedade em que vive é o que se destaca neste
contexto. (Castro, 2013). De acordo com o referido até ao momento, pode-se concluir
que, quando abordamos o tema da intervenção com adolescentes, deve ter-se em
consideração toda a caracterização de uma intervenção, focando como fatores
importantes para um bom e sustentável desenvolvimento da mesma: o estabelecimento
de normas sociais, culturais e habitacionais, em que o adolescente cresceu e foi
sociabilizado. Sabe-se que um adolescente é um ser único e como tal pertence a um
determinado território, que poderá influenciar na construção da sua identidade,
desenvolve e tem cultura próprias em que os princípios foram apreendidos pela via da
socialização familiar e dos pares.
62
adolescentes; apostar na ressocialização e reinserção social na comunidade ; Atenuar o
impacto negativo que os comportamentos adolescentes com P.C. diagnosticada provocam
na comunidade, apostando em atividades que aproximem os adolescentes dos “outros”
residentes, conseguindo a conquista da confiança e proximidade; Proporcionar aos
adolescentes a oportunidade de terem apoio psicossocial regular que os conduza à
resolução positiva das situações/problema; Criar grupos de debate, workshops relativos a
temas escolhidos pela equipa técnica e pelos adolescentes, de forma a se desenvolver o
raciocínio critico e estruturado sobre os mesmos, demonstrando que também têm uma
opinião e é útil; Desenvolver proximidade com as famílias dos adolescentes a usufruírem
do projeto, no sentido de conhecer as suas práticas diárias e o projeto de prevenção a ser
realizado dinâmica das relações, de modo a atenuar os fatores de risco que advém do seio
familiar; Desenvolver nos adolescentes em acompanhamento um forte sentimento de
pertença à comunidade, conduzindo-os a cuidar da mesma e a adquirir comportamentos
revestidos de um forte carácter cívico. Embora seja de realçar todos os outros enfoques
que se desenvolvem ao longo do trabalho.
Delinear este projeto surge pela consciência do crescimento do fenómeno da
Perturbação do Comportamento e da necessidade premente de se atuar sobre esta
realidade, com vista à sua redução. É urgente perceber o porquê do surgimento destes
comportamentos e tratar as causas detetadas, pela via da intervenção comunitária
integrada e multidisciplinar. Para se produzir mudança nos problemas sociais é preciso
empreender novas políticas sociais, envolvendo todos os segmentos da sociedade em
questão. Apoios entre os quais salientamos o Modelo de Funcionamento Comunitário; a
interligação entre a prevenção primária e a secundária e por fim a delineação das
estratégias de Intervenção. Também existe a preocupação em optar por um tipo de
intervenção mais orientada, para a relação de suporte, que facilite a satisfação das
necessidades psicológicas de autonomia, competência e pertença, uma vez que esta
satisfação é apontada pela teoria da autodeterminação como fundamental para a
promoção da internalização dos valores. Tendo em conta que a promoção de autonomia
deve incluir os seguintes elementos: a compreensão da perspetiva do adolescente, apoio
incondicional, apoio às suas escolhas e minimização do controlo. No contexto
psicoterapêutico, o processo de promoção de autonomia deve incluir todos esses
elementos, mas deve começar pela compreensão e validação das referências internas do
63
adolescente. No que respeita à promoção da competência, o terapeuta deve dar feedbacks
eficazes e providenciar uma estrutura para atividades dentro do processo terapêutico que
seja coerente para o adolescente (por exemplo, “os trabalhos de casa” - registos diários,
estabelecimento de objetivos terapêuticos em conjunto). A promoção de pertença deve
basear-se no envolvimento genuíno por parte do terapeuta. Relativamente à intervenção
em grupo, e para além dos princípios atrás enunciados (promoção do foco no
comportamento em detrimento do self, da internalização dos valores e da satisfação das
necessidades básicas), será importante formar grupos heterogéneos, onde existam
adolescentes com comportamentos regulados por fatores menos e mais internalizados. A
partir de uma dinâmica de investigação colaborativa, conseguem identificar-se resultados
concretos da aplicação da filosofia de empowerment, nomeadamente um maior controlo
e responsabilidade das pessoas sobre as suas próprias vidas, o aumento da participação
nos processos de decisão, em termos organizacionais, o desempenho de papéis relevantes
no suporte aos pares e na consultoria aos serviços prestados por profissionais, bem como
uma maior participação social, pelo que podemos concluir que uma maior participção e
controlo gera um aumento da consciência crítica, crescimento pessoal e recovery.
Segundo (Ornelas, 2008, pp. 99-100), o modelo de Funcionamento Comunitário tem
como principal objetivo facilitar o aumento das ligações sociais e os níveis de
funcionamento na comunidade. Deste modo, este modelo considerou prioritária a
prestação dos serviços da comunidade, passando os profissionais hospitalares a focalizar
a sua atividade no ensino de competências no contexto comunitário.
Pelas diversas razões focadas ao longo do desenvolvimento de todo o projeto, é
fundamental pensar na existência de um apoio regular às famílias e que estas sejam
ajudadas a agir de forma a potenciar o desenvolvimento emocional ajustado no
adolescente, percebe-se que isso acontece através de:
64
equipa técnica e pelos adolescentes, de forma a se desenvolver o raciocínio critico e
estruturado sobre os mesmos, demonstrando que também têm uma opinião e são uteis
para a sociedade, desenvolver uma maior proximidade com as famílias dos adolescentes
a usufruírem do projeto, no sentido de conhecer as suas práticas diárias e o projeto de
prevenção a ser realizado; dinâmica das relações, de modo a atenuar os fatores de risco
que advém do seio familiar; desenvolver nos adolescentes a serem acompanhados um
forte sentimento de pertença à comunidade, conduzindo-os a cuidar da mesma e a adquirir
comportamentos revestidos de um forte carácter cívico. Deve existir uma preocupação
em optar por um tipo de intervenção mais orientada, para a relação de suporte, que facilite
a satisfação das necessidades psicológicas de autonomia, competência e pertença, uma
vez que esta satisfação é apontada pela teoria da autodeterminação como fundamental
para a promoção da internalização dos valores. A promoção de autonomia deve incluir os
seguintes elementos: a compreensão da perspetiva do adolescente, apoio incondicional,
apoio às suas escolhas e minimização do controlo. No contexto psicoterapêutico, o
processo de promoção de autonomia deve incluir todos esses elementos, mas deve
começar pela compreensão e validação das referências internas do adolescente. No que
respeita à promoção da competência, o terapeuta em trabalho multidisciplinar deve dar
feedbacks eficazes e providenciar uma estrutura para atividades dentro do processo
terapêutico que seja coerente para o adolescente - estabelecimento de objetivos
terapêuticos em conjunto. Relativamente à intervenção em grupo, e para além dos
princípios já atrás enunciados (promoção do foco no comportamento em detrimento do
self, da internalização dos valores e da satisfação das necessidades básicas), será
importante a elaboração de um trabalho multidisciplinar, bem como a formação de grupos
heterogéneos, onde existem adolescentes com comportamentos regulados. Pelas razões
mencionadas considera-se que o Focus Group é o modelo comunitário que nos
proporciona uma melhor validação da qualidade dos serviços segundo o paradigma
comunitário, e é o que cumpre de uma forma mais eficaz com o pretendido e é o que
consegue cumprir com os três critérios essenciais: os processos e resultados de
empowerment; os níveis de participação individual, organizacional e comunitária; a
acessibilidade aos serviços e recursos comunitários naturais. Muitos são os desafios que
se nos colocam para se dar continuidade à implementação de serviços e suportes no
contexto comunitário que facilitem o empowerment e a emergência da liderança das
65
pessoas com experiência a nível da P. C., que promovam um maior sentido de esperança
para as famílias e o sentimento de que os profissionais estão a desempenhar um papel
relevante no progresso e modernização da prevenção ligada à diminuição das
manifestações da Perturbação do Comportamento.
66
informação sobre recursos e serviços de suporte. Já o nono relativiza-se com o Apoio
Jurídico: desenvolver recursos/serviços de apoio jurídico para o público alvo e os seus
familiares. Por fim décimo item está ligado aos Rendimentos: combater a discriminação
dos adolescentes com P.C. diagnosticada, estabelecendo acesso a seguros e outros
benefícios sociais; promover o empreendedorismo destes, como facultar fundos para tal.
67
PARTE II - PARTE EMPÍRICA
68
5. Metodologia de Investigação
5.1. Contextualização
69
5.2. Metodologia
70
expressões faciais, manifestação de emoções, a diálogo, como estes se explicam e
conseguem transmitir a informação ao ouvinte. A idealização é obter a realização de três
reuniões, uma com adolescentes do sétimo ano de escolaridade, outra com adolescentes
do nono ano de escolaridade, de modo a conseguir entender qual o seu autoconceito, quais
os seus sentimentos perante determinadas atitudes, que os podem levar a ultrapassar os
“seus limites”, o porquê de utilizarem comportamentos fora da norma para resolverem os
seus problemas. Posteriormente é realizado o grupo focal dos profissionais de modo a se
perceber, os profissionais de educação têm formação no âmbito da Perturbação do
Comportamento, se aplicam estratégias de modo a colmatar as manifestações desta
perturbação no adolescente, o que entendem por P.C., é intencional também se obter o
maior proveito da informação partilhada pelos profissionais e que irão ser convocados
para esta dinâmica (Psicólogo Clínico, duas Diretora(s) de turma e uma Educador Social).
71
De acordo com Silva (2013), a metodologia qualitativa de investigação possui um
conjunto de estratégias e métodos de investigação que apresentam caraterísticas similares
entre si, baseadas em perspetivas naturalistas, etnográficas e etogenéticas.
Proporcionando, assim, um modo interativo de recolha e análise dos dados e o recurso a
variadas fontes através de uma combinação de métodos que procuram conseguir a
dimensão subjetiva dos fenómenos sociais. O traço mais marcante desta metodologia
pode ser considerado o facto de que as questões a investigar não são definidas a partir de
variáveis ou de hipóteses previamente formuladas, mas segundo objetivos de exploração,
descrição e compreensão de fenómenos na sua totalidade e complexidade, beneficiando
um contato mais próximo da realidade para com os sujeitos no seu meio natural.
Esta inspira-se nos pressupostos do paradigma construtivista que, no plano
ontológico, assume que a realidade não existe fora da consciência do
sujeito, tratando-se de uma construção social embebida de significado. No
plano epistemológico, estas metodologias consideram que o conhecimento
é construído intersubjectivamente através de uma interacção estreita entre
o sujeito cognoscente e o objecto. No plano metodológico, a interpretação
da realidade passa pela consideração e captação dos significados atribuídos
pelos actores sociais aos diferentes aspectos da sua interacção. (Guba &
Lincoln. 1994, pp.105-117 citados por Silva, 2013).
O objetivo desta metodologia consiste no facto de descrever e compreender o
comportamento humano na sua complexidade, passando por se explicar a forma como se
constroem os significados atribuídos ao que é social. Procura-se, portanto, proporcionar
uma interpretação da realidade considerada como múltipla e dinâmica, residindo o
interesse na interpretação de processos sociais com recurso a uma análise reflexiva e
crítica das narrativas obtidas. As características desta metodologia passam por abordar
processos socioculturais onde as interações sociais constituem o objeto predominante e
em que os sujeitos se assumem como personagens do saber.
72
contexto social na compreensão da realidade bem como o papel dos
sujeitos na produção de sentido. (Silva, 2013, p.14).
A análise de conteúdo tem a sua origem no final do século XX, mas as suas
características, bem como as suas diferentes abordagens têm sido desenvolvidas ao longo
dos últimos cinquenta anos, (Moraes, 1999). A análise do conteúdo é caracterizada como
o desvendar crítico e definida como um método empírico. Segundo Bardin (2011, p.15),
a análise do conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em
constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes)
extremamente diversificados. Portanto, a Análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa
que visa uma descrição do conteúdo manifesto de comunicação de maneira objetiva,
sistemática e quantitativa.
De seguida, iremos estudar a análise dos dados obtidos, realizar a discussão dos
mesmos, pretendendo compreender quais as melhores estratégias a serem implementadas
para que se possa auxiliar o adolescente na diminuição da perturbação em questão.
73
5.3. Questões de Investigação
74
o Que estratégias de intervenção podem ser utilizadas para minorar as
consequências da Perturbação de Comportamento num Adolescente?
De seguida são apresentadas as questões de investigação complementares:
o Os professores/pais utilizam estratégias de intervenção junto dos
adolescentes com Perturbação de Comportamento?
o Os professores/ pais têm formação no âmbito da Perturbação de
Comportamento?
o Os professores/ pais aplicam as estratégias de intervenção com o objetivo
de minorar as consequências da Perturbação do Comportamento no
adolescente?
o Quais as estratégias de intervenção que são utilizadas para minorar as
consequências da Perturbação do Comportamento num adolescente?
75
5.4. Objetivos
76
Objetivos específicos
o Descrever os sintomas da Perturbação de Comportamento de um adolescente.
o Compreender quais as estratégias de intervenção utilizadas para minorar as
consequências da Perturbação do Comportamento num adolescente.
o Entender se os professores/pais utilizam estratégias de intervenção junto dos
adolescentes com Perturbação de Comportamento.
o Perceber se os professores/ pais têm formação no âmbito da Perturbação de
Comportamento
o Entender que estratégias de intervenção são utilizadas pelos pais/professores, de
modo a minorarem as consequências da Perturbação do Comportamento no
adolescente.
Todos estes objetivos podem ter uma resposta através do estudo aprofundado da
Perturbação do Comportamento, da recolha de dados da entrevista exploratória e da
análise de dados obtidos dos Grupos Focais. Neste projeto de investigação optou-se por
restringir a investigação aos adolescentes de uma escola secundária, porque os estudos
realizados sobre a temática indicam que é nesta faixa etária que se desenvolvem mais
problemas relacionados com a Perturbação de Comportamento.
77
5.5. Caracterização da amostra
78
alunos da escola que dirige. A Psicóloga da Escola foi também entrevistada, visto ser um
agente educativo importante na escola, em diversas vertentes, nomeadamente no que
respeita ao acompanhamento dos alunos.
79
5.6. Procedimentos
A escolha da escola para a realização do estudo empírico teve por base a nossa
área de intervenção comunitária e a recetividade por parte do Agrupamento da Escola.
Desta forma tivemos alguma facilidade de acesso aos participantes, na medida em que
existiu colaboração, desde que tivemos a autorização do diretor do agrupamento. Antes
de proceder à exploração do estudo na escola selecionada, foi pedido uma Declaração à
Escola Superior de Educação De Paula Frassinetti, para realizar um projeto de
investigação (Anexo 2).
80
gabinete. Ambos os entrevistados tinham acesso ao guião e realizámos os registos através
de gravador na presença dos mesmos. A todos foi garantido o anonimato e
confidencialidade dos dados recolhidos. Seguidamente foi feita a transcrição das
entrevistas, tendo sido os dados guardados em formato Word 2010 para impressão.
Posteriormente foi feita a leitura e releitura das entrevistas no sentido de se encontrarem
pontos em comum e ligações que fossem pertinentes ao estudo.
Após a fase da observação, realizou-se o primeiro grupo focal que foi com os
adolescentes selecionados do 7º ano. Este foi realizado numa sala à parte onde se
conseguia estar em silêncio. Teve uma duração de 45 minutos e foi realizada no dia 1de
julho de 2017. Iniciou-se este grupo focal com uma explicação da investigação a ser
realizada, e requerendo o consentimento informado a todos os participantes. No final fez-
se uma síntese do que foi abordado, com a ajuda do facilitador e por fim o grupo despediu-
se e houve lugar para algum feedback. O mesmo processo se sucedeu com o grupo focal
do 9º ano, tendo em consideração que se conseguiu uma melhor organização e maior
participação de todos os participantes. Este realizou-se no dia 2 de julho de 2017 e teve
uma duração de 59 minutos, seguindo o mesmo esquema de realização do outro grupo e
também sendo utilizado um gravador. No dia 10 de julho de 2017, foi realizado o grupo
focal dos profissionais de educação, onde se procedeu à apresentação da investigação e
do que era pretendido, este teve a duração de 67 minutos. No final do mesmo fizemos
uma retrospetiva de todos os aspetos abordados de modo a se obter conclusões.
81
Seguidamente, fez-se a transcrição e a releitura de todos os grupos focais de modo a se
conseguirem encontrar pontos em comum e ligações pertinentes entre os diferentes
grupos.
82
está nesta escola e função desempenhada/ categoria profissional), e uma segunda parte
que envolve um conjunto de questões de resposta aberta sobre a Perturbação do
Comportamento em adolescentes. Como complemento à realização do estudo foram
também executados três grupos de discussão, sendo eles feitos um com oito alunos do
sétimo ano de escolaridade, um outro com nove alunos do nono ano de escolaridade e por
fim um com dois profissionais de educação que desempenham funções de direção de
turma, um Educador Social e um Psicólogo Clínico.
83
Observa-se que a técnica do grupo focal tem sido cada vez mais utilizada em
diversos estudos, podendo facultar uma aproximação entre pesquisadores/profissionais
ao universo da população-alvo, em diversos momentos da investigação. Outra importante
contribuição é a de dar voz e vez a grupos que tradicionalmente não são ouvidos e até
muitas das vezes silenciados. Esta técnica permite também observar os processos de
interação que ocorre entre os participantes, podendo vir a ser relevantes para a
investigação.
A investigação qualitativa utiliza normalmente pequenas amostras e explora-as
em profundidade (Sampaio, 2010 citado por Silva, Veloso & Keating, 2014), e uma vez
que a amostra deste estudo é constituída por vinte e três participantes, na totalidade, a
metodologia da investigação qualitativa será a mais pertinente e rentável para aprofundar
respostas referentes ao que foi revisto na literatura sobre a Perturbação do
Comportamento. Nesse sentido, a abordagem qualitativa permite a construção de um
sistema de categorias de forma a aproximar-se o mais possível dos objetivos e da
problemática teórica em análise, (Quivy & Campenhoudt, 2008). Podem incluir-se
estudos de caso único ou estudos de casos múltiplos. O estudo de casos múltiplos realiza-
se no sentido de compreender melhor as características, as diferenças e semelhanças e a
variedade de fatores contextuais envolvidos num determinado conjunto de casos, que
facilitará com certeza, a compreensão e a teorização de uma determinada problemática
(Stake, 2005). Antes e durante a realização do estudo de caso, várias fontes de informação
foram consultadas, desde observações, documentos oficiais, revisões de literatura,
entrevista exploratória, testemunhos através do Grupo Focal para que assim possa existir
uma garantia de qualidade a construção dos objetivos. É de salientar a importância de se
verificar que o Grupo Focal tem as suas vantagens, como o facto de se conseguir obter
uma variedade de opiniões sobre um determinado assunto; condução a novos dados para
quem participa no grupo focal; é um método que se pode tornar agradável tanto pelo
esclarecimento de dúvidas que possam existir quanto ao assunto em discussão como
quanto ao facto de poder existir uma partilha de ideias e opiniões que podem vir a ser
úteis para uma melhor convivência entre os envolvidos, não descartando a hipótese de
saber que os inconvenientes também existem. Estes podem ser o facto de por norma os
resultados não virem sob a forma de generalização, o que leva a que exista uma maior
exigência na análise de dados e na obtenção de conclusões; este método pode demorar
84
algum tempo a ser realizado e ser de difícil organização; deve ter-se em conta o facto de
poderem existir participantes que são desinibidos e dispersam quando é a sua vez de
exprimirem a sua opinião, bem como aqueles que são bastante inibidos e chegam a não
se sentirem confortáveis como a opinião dada pelos outros participantes, nem com o facto
de terem de exprimir a sua própria opinião.
De acordo com a teoria acima sustentada, o Grupo Focal é importante para o nosso
projeto, visto que através da análise do mesmo podemos usufruir de toda uma recolha de
dados sobre o tema a abordar, localizar a interação, na discussão do grupo, como a fonte
dos dados, reconhecer o papel ativo do investigador na dinamização da discussão do
grupo para efeitos de recolha dos dados, aprofundar o conhecimento acerca do processo
de ajustamento psicossocial dos adolescentes com P.C., reunir diferentes profissionais e
adolescentes, ambos parte integrante da área em questão a ser explorada para a realização
de Focus Group, sempre com o objetivo de se conseguir uma perceção mais aproximada
das vivências destes adolescentes, e do seu entendimento sobre a Perturbação do
Comportamento.
85
5.6.2. Instrumentos de análise de dados
86
compreensão das significações e pela necessidade de se descobrir as relações que se
estabelecem para além das respostas verbais dadas.
Para Oliveira (2008) a análise de conteúdo permite: O acesso a diversos
conteúdos, explícitos ou não, presentes em um texto, sejam eles expressos
na axiologia subjacente ao texto analisado; implicação do contexto político
nos discursos; exploração da moralidade de dada época; análise das
representações sociais sobre determinado objeto; inconsciente coletivo em
determinado tema; repertório semântico ou sintático de determinado grupo
social ou profissional; análise da comunicação cotidiana seja ela verbal ou
escrita, entre outros (Oliveira, 2008 p.570).
A análise de conteúdo, segundo Bardin (2009), sustenta três etapas:
a) pré-análise; b) exploração do material e c) tratamento dos resultados,
inferência e interpretação (Bardin, 2009; Minayo, 2007). a) Pré-análise: é
a fase de organização tem por objetivo operacionalizar e sistematizar as
ideias iniciais de maneira a conduzir a um esquema preciso de
desenvolvimento da pesquisa (Bardin, 2009). b) Exploração do material: é
a operarão de analisar o texto sistematicamente em função das categorias
formadas anteriormente (Bardin, 2009; Minayo, 2007). c) Tratamento dos
resultados, inferência e a interpretação dos resultados. (Bardin, 2009;
Minayo, 2007). (Assis & Silva. 2010, p. 146).
Para além de demonstrarmos que a análise de conteúdo é o principal instrumento
da análise de dados deste estudo, interessa também perceber através das respostas, das
opiniões, que significação os entrevistados possuem acerca da Perturbação do
Comportamento e das estratégias de intervenção existentes.
87
6. Apresentação dos Resultados
88
adolescentes e profissionais. A categorização das respostas dadas pelos participantes será
acompanhada com excertos mais significativos das respostas dadas pelos menos, de
forma a tornar os resultados mais compreensíveis e interessantes. De salientar que a
mesma técnica foi aplicada para a análise das entrevistas exploratórias aplicadas ao
Diretor do Agrupamento da Escola e à Psicóloga da Escola.
89
6.1. Análise dos Resultados das Entrevistas Exploratórias
Questão 6: Que balanço faz, da sua experiência ao longo destes anos a prestar serviços à
escola, do comportamento dos alunos?
90
assinarem trabalhos pelos pais, mentiras, situações de agressões aos avós, familiares,
comportamentos sexuais menos próprios e a participação dos adolescentes em pequenos
delitos. A Perturbação do Comportamento de um adolescente está bastante relacionada
com o facto de ser um pré-deliquente, um adolescente que está no limite em ligação direta
com a lei, mesmo antes dos 18 anos.
91
Questão 9: Tendo em conta a sua experiência, o nº de adolescentes com Perturbações de
Comportamento, nesta escola, tem vindo a ser alterado?
Tem se verificado uma grande alteração, e tal pode estar a acontecer devido à falta
do “consumo de valores” que a sociedade deixou de ter em consideração. O facto de
existir menos consideração pelos valores a serem praticados leva à consequência de se
passar a ter intervenções menos próprias. São estas intervenções que levam aos
comportamentos e atitudes que os adolescentes praticam, como colocarem em causa a
autoridade do professor, levando à criação de conflitos entre alunos e professores,
provocando um clima desagradável dentro da sala de aula. Devido à situação da
escolaridade mínima obrigatória ter aumentado o número de anos de estudo, foi notória a
crescente revolta que os alunos com Perturbação do Comportamento têm demonstrado,
acabando por destabilizar os alunos que querem estudar. Esta revolta surge, uma vez que
os alunos com P.C. não querem estudar, querem sim ir trabalhar, pois os seus
pensamentos centram-se na necessidade de construção da sua independência e no que o
dinheiro lhes pode trazer de satisfação. Existem de facto diferenças e estas estão bastante
92
relacionadas com o facto de o professor não poder ser mais rígido, nem exercer um
sentido de punição mais forte. Esta situação provoca nos adolescentes uma ascensão de
ego, pois passam a ter um sentido de impunidade, achando que nada lhes acontece e que
serão sempre protegidos pelo sistema, sentindo-se na liberdade de poderem fazer o que
querem e quando querem, sem que exista qualquer tipo de retaliações. Este é um problema
grave e que tem contornos sociais complexos. A cultura de intimidade que está a ser
criada, e o facto dos adolescentes a decidirem tomar como adquirida, está a provocar
grandes danos no controlo das suas atitudes.
Questão 11: Nesta escola quais as consequências para os alunos que não cumprem
regras?
93
educação, pois não se pode aplicar algo mais. Relativamente ao incumprimento de regras,
denota-se que estas são “aos pontapés“, não chegam é a raiar o processo disciplinar,
exitindo alunos com incumprimentos reportados ao diretor de turma. O sistema não
funciona. A não ser o processo disciplinar não existe nunhuma punição que se possa
aplicar de forma a que estes formem conhecimento mais aprofundado dos erros que
cometem. Por exemplo não podemos colocar um aluno a limpar as casas de banho, mas
era ideal, para aprenderem a terem mais cuidado com o uso do mesmo
Questão 13: Acha importante intervir junto dos adolescentes com Perturbação de
Comportamento?
94
Questão 14: Que estratégias considera pertinentes para minorar as manifestações da
Perturbação de Comportamento nos adolescentes?
Questão 14.1.: Nesta escola tem sido possível aplicar alguma(s) das estratégias?
95
possíveis e o problema não for solucionado, é feita uma reunião com a equipa
multidisciplinar, diretor de turma, encarregado de educação, psicólogo e se necessário a
CPCJ. O diretor de turma é quem está na primeira linha, pelo que recebe e é confrontado
de imediato com as atitudes dos adolescentes. O diretor de turma é quem ainda aplica
algumas estratégias pois é este que tentam modificar estes comportamentos. Quando são
apresentadas algumas propostas, os pais estão sempre a cobrar a escola por melhorias,
são os primeiros a colocar limitações e assim torna-se complicado efetuar na realidade
alguma alteração. Os diretores de turma sabem quem são os alunos que sistematicamente
têm comportamentos desviantes, às vezes um simples problema de família e até existem
mais alunos com pais divorciados, os comportamentos começam a modificarem-se e os
professores têm que estar que estar atentos e mostram-se preocupados para saberem o que
aconteceu. Se a CPCJ não tiver solução para o caso em concreto é encaminhado para
tribunal. Quando falhar a sociedade e a família do aluno os comportamentos dos
adolescentes dependem da sociedade onde vivem e os próprios pais se desvinculam das
suas próprias obrigações, são percentagens pequenas, mas existem. Em relação aos alunos
que têm casos de comportamentos desviantes, procura-se revolver, muitas vezes,
aconselhando os pais que as situações até não têm nada a ver com a escola, mas que
devem ir ao médico de família ou psicólogo, e muitas vezes as situações surgem por falta
de acompanhamento. O que a psicóloga da escola faz, a maioria das vezes, é o
encaminhamento para o psicólogo, pediatra, psiquiatra. É pretendido que pelo menos seja
transmitido à escola um diagnóstico concreto onde se explique a origem dos
comportamentos e, assim, se adotar uma intervenção de acordo com as necessidades do
aluno.
96
6.2. Análise dos resultados do Grupo Focal dos Profissionais
Tendo em conta a opinião dos elementos do grupo focal pode considerar-se que
um adolescente “dito normal”, seja um adolescente que, ao longo do seu
desenvolvimento, procure descobrir e experienciar situações, de modo a que faça as suas
escolhas, mostrando as suas opiniões, delineando os traços da sua personalidade, apesar
das suas inseguranças e misto de certezas e incertezas. Vivem o seu desenvolvimento sem
ter de exibir comportamentos que perturbem ou causem transtorno para a sociedade.
97
Questão 3: A que se devem as situações de Perturbações de Comportamento dos
adolescentes?
De acordo com as respostas obtidas pelos elementos do grupo focal denota-se que
o número de adolescentes diagnosticados com a Perturbação do Comportamento tem
98
vindo a ser alterado, denota-se um aumento. Estas perturbações têm tendência a aumentar
de acordo com os fatores de risco a que o adolescente estiver associado. Sendo que é
demonstrada uma preocupação que se insere mais na extensão do problema em si e não
na quantidade. Está a tornar-se mais preocupante a intensidade do Diagnóstico da P.C.
em adolescentes.
Tendo em consideração a opinião dos elementos do grupo focal pode-se aferir que
as estratégias tidas como essenciais de modo a minorar as manifestaçoes da P.C. nos
adolescentes são:
– Existir uma maior paciência para dialogar com o adolescente, mostrar-lhe que é
bom e necessário este exteriorizar os seus pensamentos. Deixar que este
experimente, vivencie e partilhe as suas experiências, conquistando assim um
autoconceito mais positivo e uma melhor descoberta da sua identidade;
– Executar uma intervenção de forma preventiva, precoce e também se intervir nas
famílias para posteriormente se conseguir uma intervenção de sucesso nesta
problemática;
– Serem criados programas de formação de forma gratuita e explicativa a nível
99
parental, dos professores e funcionários;
– Adquar os Diagnósticos Clínicos de forma mais clara e objetiva, "Diagnósticos
clínicos claros e objetivos, tratamento medicamentoso, se for necessário,
acompanhamento psicológico com psicoterapia e formação parental e escolar para
docentes acerca das estratégias que poderão ser eficazes para controlar o
comportamento do adolescente.”;
– Procurar elaborar uma partilha de recomendações/orientações centrada nos
aspetos em cima focados.
Questão 8: Considera que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
Questão 9: Considera que os pais estão preparados para terem filhos com estas
caraterísticas?
100
seja a única solução, pois tem de existir um trabalho multidisciplinar entre os pais-filhos-
profissionais de educação para assim se obter o sucesso.
Questão 10: Que emoções verifica no adolescente quando este ultrapassa os limites?
Questão 11: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de
os adolescentes “ultrapassar os limites”?
Questão 11.1: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
101
pela vida escolar dos filhos. Estes podem ser só alguns dos sinais de falta de tempo e o
facto de que os adolescentes estarem à mercê do seu próprio instinto pois os pais não
estão presentes para fazerem cumprir as regras e os limites estipulados.
Questão 11.2: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar
na base de os adolescentes “ultrapassar os limites”?
Por parte do grupo de pares as atitudes que podem estar na base de os adolescentes
ultrapassarem os limites, de acordo com a opinião dos elementos do grupo focal,
destancam-se as seguintes: o não ser aceite no grupo, a imitação, a pressão exercida pelos
colegas para que ele haja de determinada forma, pois só assim poderá ser aceite no grupo.
A humilhação, o facto de não valorizarem o que adolescente faz, nem a sua identidade.
Mais uma vez o sentido de pertença a uma comunidade surge agregado ao receio da
solidão, de serem excluidos do grupo, bem como, de se sentirem sós e do que pode
acontecer. Outra das preocupações é o que os líderes lhes podem fazer quando falham,
levando ao adolescente deixar-se influenciar e nem sempre de forma positiva.
102
melhor, procurando auxílio junto de profissionais especializados no assunto (eg.:
Psicólogo). Também é referido pelos profissionais que de acordo com a sua experiência
e contacto com os pais, afirmam que os estes não têm formação para aplicarem estratégias
de intervenção junto dos filhos, e que não o fazem.
103
6.3. Análise dos resultados do Grupo Focal dos Adolescentes do 9º ano
De acordo coma a análise das respostas obtidas pelos elementos deste grupo focal,
verifica-se que os adolescentes consideram que ser um adolescente “dito normal” tem de
seguir certas normas impostas pela sociedade, como cumprir as regras e não reclamarem
pelo facto de as executar, efetuarem uma rotina diária, conseguindo obter resultados para
serem considerados como bons filhos e bons alunos.
Afirmam que existe uma procura por horários mais flexiveis em relação às saídas
à noite e um arriscar em relação a mentir, apesar de saberem as consequências que isso
pode trazer, só para poderem disfrutar de todo esse prazer de sair. Aponta-se ser mais fácil
para os rapazes quebrarem as regras, estes demonstram ter muito mais habilidades
aquando dos exemplos para possíveis justificações de modo a conseguirem sair. Os
104
elementos do género feminino destacam-se por serem mais reticentes e mostrarem
resistência, aquando a quebra de uma regra. Apresentam como atitudes frequente como o
uso do telemóvel dentro da sala de aula, a tentação de resistência às influências a que
estão sujeitos e a incapacidade de resistência à entrada em vícios como álcool, droga,
canábis, etc, mesmo sabendo que correm riscos. Assinala-se que as raparigas têm uma
maior imposição de horários, relativamente a saídas à noite que os rapazes, e que essa
situação é mais facilitada para os elementos do género masculino, bem como quebrarem
as regras sem receio das consequências. Enquanto que os elementos do género feminio
relatam ter mais receio e ponderam mais tomar certas atitudes devido às advertências que
possam surgir.
Questão 5: Quais considera ser o(s) comportamento(s) que o Adolescente tem, para lhe
ser diagnosticado a Perturbação do Comportamento?
105
Questão 6: Que situações conduzem o adolescente a ultrapassar “os limites”? (Porque
quebram as regras)?
Questão 8: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de
os adolescentes “ultrapassar os limites”?
Estes destacam o "abuso de autoridade” como uma das atitudes por parte de
muitos professores. Considerando que os professores poderão estar a acusar cansaço
devido à sua profissão e mostram que, por vezes, os alunos também conseguem levá-los
ao extremo, mas mesmo assim, os alunos não se sentem agradados por ter faltas, recados
na caderneta ou repreensões. As constantes chamadas de atenção são o que os
106
adolescentes assinalam como o mais saturante e que, têm a noção da diferença entre estar
na sala de aula e no recreio.
Questão 8.1.: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
107
Questão 8.2.: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base
de os adolescentes “ultrapassar os limites”?
Verifica-se que nesta faixa etária (14/15 anos), passa a existir uma maior preocupação
com o visual e muitos consideram um insulto o facto de os colegas criticarem a sua forma
de vestir, Bem como o facto de os “rejeitar” segundo as marcas de roupa e sapatilhas que
utilizam, a maneira de falarem, as notas que tiram e o seu comportamento. Ressaltam que
existem diferenças e que o facto de cada um ter a sua forma de se vestir e de ser, nem
sempre é aceite por todos, e como consequências existem insultos, violência psicológica
que é mais frequente e é realizada de forma constante, chegando a levar alguns
adolescentes a perderem a paciência. Todas as atitudes anteriormente focadas são
realizadas pelos considerados “os maiores, os mais fortes, os rebeldes, os mais velhos, os
“king´s”, ou seja, alunos que são considerados superiores e quase que os líderes.
Questão 9: Que emoções nutre após quebrar uma regra? (terem um comportamento “fora
da norma”)?
Estes sentem-se satisfeitos caso resolvam o problema e aliviados por terem conseguido
libertar toda a raiva sentida no momento. Mas, ao mesmo tempo, existe uma angústia por
não saber que advertências podem advir da prática desses comportamentos e sem deixar
de salientar o ódio e a vontade de que o outro se sinta tal como se sentiram. Por fim o
alívio é a sensação mais focada, pelo que identificam perfeitamente o que sentem e têm
consciência das suas emoções.
Questão 10: Consideram que o facto de ter comportamentos desajustados nas situações
já anteriormente focadas, o leva a resolver essa situação?
A maioria dos adolescentes que participaram são ponderados, refletem que o ideal
é conversarem e conseguirem resolver a situação, sem partir para a violência. Dois dos
adolescentes referiram que o diálogo não é a solução e que dessa forma não se consegue
resolver na totalidade a situação, logo assinalam que o mais fácil é resolver as questões
através de violência física.
108
Questão 11: Considera que a escola o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Questão 12: Considera que a família o auxilia em situações deste género? (alunos que
têm comportamentos desajustados).
Os adolescentes não deixam de parte a partilha de que nem todos os pais praticam
as ações mencionadas e que têm colegas que partilham muitas inseguranças e angústias
de como vão resolver a situação se os pais nem os ouvem, e nem os tentam compreender,
alegando que por vezes muitos Pais, chegam revoltados e com vontade de “partirem
tudo”, enão dão a devida atenção aos filhos.
Questão 13: Acha que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
109
verdadeiramente o aluno. É de notar que os adolescentes pretendiam que existisse uma
maior cumplicidade entre eles e os professores que não existissem barreiras tão grandes.
Questão 14: Acha que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
- Persistir uma aula em que haja discussão sobre estes temas e outros que
preocupam os alunos e os levam a ter esses comportamentos;
110
- A presença do diretor passar a ser mais assídua e não se notar tanto o afastamento
que sugerem que este impõe;
111
6.4. Análise dos resultados do Grupo Focal dos Adolescentes do 7º ano
Verifica-se que estes banalizam o ser normal, como alguém que é adolescente,
seguindo as rotinas diárias que cumprem com as necessidades básicas, de fazer o percurso
de escola-casa /casa-escola, jogar, comer, beber e dormir. Explicam ainda que ser normal
é ser igual a todos os outros, enfatizando porteriormente que afinal é cumprir com as
regras que são impostas, pois eles não se consideram todos iguais.
Afirmam que sair fora da norma significa o adolescente ter atitudes que os pais
não gostam, ou consideram ser imprudentes, quebrar rotinas, ter atitudes não aceites pela
sociedade, uma vez que não estão estipuladas pela mesma como sendo algo positivo.
Percebem e sabem identificar que tipo de comportamentos não são bem aceites pela
sociedade, referindo o seguir “caminhos” da droga, das lutas, álcool, das passas (churros
de tabaco ou outro tipo), de “ser os que acham mandam na escola”, magoarem os mais
novos, e estarem sempre a provocar os mais fracos.
112
referindo que se sentem “stressados“. Referem também que o uso do spinner e dizer
palavrões faz bem, para alívio do stress, e que por ficarem nervosos, não controlam o tom
de voz.
Questão 5: Quais considera ser o(s) comportamento(s) que o Adolescente tem, para lhe
ser diagnosticado a Perturbação do Comportamento?
113
como o sentirem-se gozados pelos outros, não os deixarem fazer alguma coisa que
desejam, andarem a contar os segredos uns aos outros, situações que frequentemente lhes
acontecem e que vivenciam, de incumprimento de regras, e que por vezes geram
discórdias e até impulsos agressivos.
Questão 8: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de
os adolescentes “ultrapassar os limites”?
114
Questão 8.1.: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Questão 8.2.: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base
de os adolescentes “ultrapassar os limites”?
Questão 9: Que emoções nutre após quebrar uma regra? (terem um comportamento “fora
da norma”)?
115
acrescentando que quando estão a bater, isso os ajuda a libertar o stress, porque lhes
proporciona uma enorme adrenalina e só querem é vivenciar aquele momento e ganharem
a disputa.
Questão 10: Consideram que o facto de ter comportamentos desajustados nas situações
já anteriormente focadas, o leva a resolver essa situação?
Questão 11: Considera que a escola o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Questão 12: Considera que a família o auxilia em situações deste género? (alunos que
têm comportamentos desajustados).
As adolescentes referem que os pais são quem mais os ajuda e quem mais se
preocupa com eles, ressaltando o facto de nem todos os pais serem assim “pais presentes”.
116
Referem a falta de intercâmbio entre o encarregado de educação e o diretor de turma,
demonstram que a presença dos pais e a educação que estes dão é importante para o seu
desenvolvimento. Assinalam o facto de os pais irem falar com o diretor de turma sobre
algo que possa preocupar o adolescente como ter algum problema com um colega, sendo
que dessa forma o diretor de turma pode ajudar com maior facilidade a resolver a situação.
Questão 13: Acha que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
A maioria revela que não está preparado, no entanto, um adolescente refere que
muitos professores já sabem lidar com estas situações por já estarem habituados. Os
elementos do género masculino salientam o facto da experiência profissional levar a que
os professores comecem a estar preparados para estas situações. Já os elementos do
género feminino comentam que os professores mais compreensíveis, são os que
conseguem ajudar mais, mostrando em contrapartida indignação por alguns professores,
referindo que esses professores não se preocupam e ainda complicam mais as situações
devido às críticas que fazem, chegando a punir, sem antes terem uma conversa com os
mesmos procurando perceber as suas atitudes.
Questão 14: Acha que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
Tendo em conta a opinião dos elementos do grupo focal, verificou-se uma divisão
de opiniões, em que alguns adolescentes consideraram que sim, que os pais estavam
preparados, porque ser pai é querer o melhor para o filho e apoiá-lo. Enquanto que outros
alegavam que não, uma vez que a PC “é uma coisa má” e como tal os pais não reagem
117
bem, embora uma adolescente refira que os pais se habituavam. Alegaram o facto de
existirem muito pais que não querem saber dos filhos e consequentemente depois surgem
patologias como a Perturbação do Comportamento.
- A escola estar preparada para falar mais destas situações, através workshops.
118
7. Limitações ao estudo e linhas de futuras investigações
Com base nos resultados obtidos e na consequente análise reflexiva, julga-se ser
de referir algumas propostas de pesquisa futuras, tais como: Explorar a importância da
existência de programas de formação, da responsabilidade do Ministério de Educação,
119
sobre a Perturbação do Comportamento que contenham conteúdos específicos que
preparem os profissionais de educação e toda a comunidade educativa para lidar com esta
problemática; e Explorar a importância da implementação de um programa de prevenção
para crianças no âmbito de problemas de comportamento.
120
CONSIDERAÇÕES FINAIS
121
conhecimentos já adquiridos. Rodrigues (2001), aponta como necessidades a formação
dos professores nos seguintes aspetos: perceberem os conceitos das patologias, trabalhar
os problemas de desenvolvimento e implicações socioeducativas dos problemas em
causa, apreender a executar uma adaptação curricular, verificarem as metodologias de
intervenção existentes, perceber a importância da cooperação interdisciplinar e dinâmica
familiar. Como se pôde observar a maioria dos inquiridos concorda com a opinião da
autora e com a importância de rever o seu currículo, ou seja, verifica-se que os professores
não têm formação no âmbito da P.C. Se não existir o mínimo conhecimento da
problemática, os docentes acabam por cair na insegurança de acionarem uma intervenção
relativa às dificuldades dos alunos e, consequentemente, poderão prejudicar o
desempenho escolar e pessoal destes. Deve valorizar-se o trabalho multidisciplinar entre
todos os técnicos e que todos passem a intervir no processo educativo, para assim se obter
o sucesso esperado. A nível ético, todos os profissionais do ramo da educação devem
reavaliar conceitos de afeto, impulso, conflito e resiliência e ponderar deixar de parte uma
educação generalista. E, como tal, “É esperado que os professores construam
comunidades de aprendizagem, criem a sociedade do conhecimento e desenvolvam as
capacidades que permitam a inovação, a flexibilidade e o empenhamento na mudança”
(Hargreaves, 2003, p.23). É exigido aos professores profissionalismo e que assumam as
suas responsabilidades e funções específicas.
122
esforços e apresente reforços para as necessidades dos adolescentes.
Os adolescentes têm uma grande dificuldade em terem uma perspetiva de futuro,
mas é de salientar a importância de os adolescentes aprenderem a focar o que é importante
e a definir objetivos e realizações que pretendem atingir, e esta será uma motivação que
complemente o interesse dos pais para que os filhos concluam o ensino obrigatório sem
grandes sobressaltos, o que nem sempre acontece como se verifica ao longo desta
dissertação.
A parceria entre a escola, a comunidade escolar e a sociedade é necessária e deve
acontecer de modo equilibrado. Estas entidades deverão apoiar-se mutuamente para
poderem proporcionar todos os recursos necessários às necessidades e dificuldades dos
adolescentes com Perturbação do Comportamento. Ao longo desta investigação
constatou-se que os inquiridos apresentam um conhecimento algo disperso sobre o
conceito de P.C., principalmente os adolescentes, verificando-se que estes não conhecem
o conceito e, por sua vez, não conseguiram definir a patologia. Quanto aos profissionais
de educação, denota-se que estes apresentam algum conhecimento relativamente às
estratégias de intervenção a serem implementadas com estes adolescentes, mas como não
têm formação patrocinada pelo Ministério da Educação, trabalham na sua maioria de
forma individual e segundo as pesquisas relacionadas com a temática e a sua experiência.
Os profissionais de educação transmitem apresentar ainda dificuldades na relação com os
alunos diagnosticados com Perturbação do Comportamento, nomeadamente ao nível da
comunicação, das relações sociais, nos comportamentos agressivos e estereotipados.
Estes consideram o papel das famílias extremamente importante, assim como o contacto
regular com as mesmas, contudo, algumas mostram alguma resistência tanto a nível da
sua presença, como na aceitação a alterações propostas pela comunidade escolar.
Todos estes dados remetem para as estratégias de intervenção que teoricamente
existem e são descritas na literatura, embora sejam aplicadas com muita dificuldades e
bastante escassez, por falta de formação.
Para que se possam utilizar e aplicar as estratégias de intervenção de forma segura,
é necessário o desenvolvimento de uma estratégia que passe pela implementação de um
grupo de discussão, onde se possa dialogar frequentemente, e o mesmo deve ser realizado
por profissionais experientes nas temáticas a desenvolver. Esta estratégia foi uma das
mais referencciadas pelos adolescentes de ambos os grupos focais, sugerindo os mesmos
123
que seria a melhor estratégia a ser aplicada, de modo a minorar as manisfestações da P.C.
nos adolescentes. Portanto, verifica-se a necessidade de ser iniciada e dada uma posterior
formação especializada, tanto facultada aos professores como aos familiares. Será deste
modo que os profissionais de educação e os familiares irão compreender/aferir melhor
quais as estratégias de intervenção a utilizar para minorar as consequências da P.C. num
adolescente.
É importante que os adolescentes se façam ouvir e sejam ouvidos, mas para tal,
também é importante que possamos adaptar a forma de comunicarmos com eles, à medida
que se desenvolvem. Ao escutar os adolescentes, deve transmitir-se-lhes que se sabe o
que sentem, que se compreende a injustiça que sentem quanto às retaliações e ao facto de
existirem regras que são impostas devido a já estarem previamente estabelecidas pela
sociedade. Os pais devem colocar-se no lugar dos filhos, no sentido destes
compreenderem os receios que estes têm, de modo a que passe a existir menos revolta e
que seja posível a elaboração de planos de intervenção para os adolescentes expostos aos
fatores de risco já referenciados, e para que este conquistem a liberdade, que tanto
anseiam, de uma forma mais equilibrada. De enfatizar o facto dos pais terem o dever de
dar atenção aos comportamententos e atitudes dos filhos, bem como às alterações dos
mesmos. À medida que os filhos crescem procuram a conquista da sua autonomia mas,
no caminho que percorrem para chegarem à vida adulta, não deve ser descurado que estes
ainda continuam a ser crianças, necessitando do auxílio dos pais e, sobretudo, da sua
compreensão.
É realmente necessário ter em consideração que diversos estudos relacionam a
Perturbação do Comportamento com o desenvolvimento e manutenção de
comportamentos socialmente desajustados, em termos de dificuldades de integração
social, legais e de criminalidade, bem como a interligação da P.C. com várias
perturbações psiquiátricas. Pelo que se torna fundamental a clarificação das variáveis
preditoras da Perturbação para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficazes, e
para a sensibilização de pais e professores com vista ao diagnóstico precoce e respetivo
encaminhamento do adolescente e da família para programas de intervenção que possam
ajudar a minorar as manifestações desta Perturbação nas suas vidas. Algumas das
estratégias de intervenção a aplicar de modo a tentar-se minorar as consequências das
manifestações da Perturbação do Comportamento de um adolescente são: a aplicação de
124
grupos de discussão, desenvolvendo a importância de se dialogar, no sentido da partilha
das preocupações e vivências do adolescente; a compreensão dos pais para com os
adolescentes, a partilha de vivências, levando ao adolescente a perceber que pode confiar
nos pais e que estes o podem auxiliar relativamente aos seus conflitos. Dar importância
aos comportamentos dos filhos e se verificarem que os adolescentes estão expostos em
demasia a fatores de risco, intervir, de forma preventiva e/ou remediativa, procurando
auxílio de especialistas; a implementação de um plano de formação sobre a P.C. e outras
patologias presentes na comunidade escolar, bem como a partilha de estratégias de
intervenção a fim de minorar as suas consequências.
125
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132
ANEXOS
133
Anexo 1 – Diagnóstico da Perturbação do Comportamento segundo a DSM-5
Os critérios de diagnóstico, para cada uma das perturbações, estão definidos na DSM-
5,
134
13. Frequentemente permanece fora de casa à noite apesar da proibição dos
pais, iniciando este comportamento antes dos 13 anos.
14. Fugiu de casa durante a noite, enquanto vivia com os pais ou sem lugar
análogo, pelo menos 2 vezes, ou só 1 vez por um longo período de tempo.
15. Falta frequentemente à escola, com início antes dos 13 anos.
E. A Perturbação do Comportamento causa um déficit clinicamente significativo no
funcionamento social, académico ou ocupacional.
F. Se o indivíduo tem 18 ou mais anos de idade, os critérios de Perturbação
antissocial da personalidade não são preenchidos.
Especificar se:
Com limitação nas emoções prossociais, o indivíduo tem de ter apresentado pelo
menos duas das seguintes características, por um período de12 meses. Para serem
avaliados os critérios para este especificador são necessárias várias fontes de
informação com conhecimento prolongado do indivíduo (eg.: pais, professores, grupo
de pares).
135
2. Indiferença - falta de empatia
“O individuo é descrito como frio e insensível” (DSM-5, APA, p. 564), ignora e não se
preocupa com os sentimentos dos outros.
Especificar gravidade:
- Leve: poucos problemas de conduta, se existem, além daqueles exigidos para fazer o
diagnóstico e os problemas de conduta causam apenas um dano pequeno a outros.
- Severo: muitos problemas de conduta além daqueles exigidos para fazer o diagnóstico
ou problemas de conduta que causam danos consideráveis ao outro. (DSM-5, APA, 2014,
pp. 563 – 565).
136
Anexo 2 - Declaração da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti
137
Anexo 3- Pedido de autorização para a realização da investigação
138
Anexo 4 – Pedido de autorização para a realização do Grupo Focal com
Adolescentes
139
Anexo 5 – Pedido de autorização para a realização do Grupo Focal com Profissionais
140
Anexo 6 – Guião da Entrevista Exploratória ao Diretor do Agrupamento
(Diretor do Agrupamento)
Esta entrevista exploratória é realizada no âmbito de uma tese de Mestrado em
Intervenção Comunitária, da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, na qual
tratarei as questões que se relacionam com a Perturbação de Comportamento na
Adolescência e Estratégias de Intervenção.
Agradeço, desde já, a disponibilidade na sua colaboração.
141
13. Acha importante intervir junto dos adolescentes com Perturbação de
Comportamento?
14. Se sim, que estratégias considera pertinentes para minorar as manifestações da
Perturbação de Comportamento nos adolescentes?
a. Nesta escola tem sido possível aplicar alguma(s) das estratégias?
142
Anexo 7 – Guião da Entrevista Exploratória à Psicóloga Clínica
(Psicóloga da Escola)
1. Idade________
2. Habilitações académicas____________________________
3. Área de estudo___________________________
4. Número de anos que está nesta escola____________________
5. Função desempenhada/categoria profissional_______________
6. Que balanço faz, da sua experiência ao longo destes anos a prestar serviços à
escola, do comportamento dos alunos?
7. O que entende por Perturbação de Comportamento?
8. A que se devem as situações de Perturbações de Comportamento dos alunos desta
escola? (causas)
9. Tendo em conta a sua experiência, o nº de adolescentes com Perturbações de
Comportamento, nesta escola, tem vindo a ser alterado? Em que sentido (para mais
ou menos)?
10. Os comportamentos dos alunos, relacionados com as Perturbações de
Comportamento, têm vindo a ser diferentes? Se sim, quais as diferenças que verifica
nos comportamentos?
143
11. Nesta escola quais as consequências para os alunos que não cumprem regras?
(comportamentos menos e mais graves)
12. Qual o nº de processos disciplinares por ano/mês nesta escola?
13. Acha importante intervir junto dos adolescentes com Perturbação de
Comportamento?
14. Se sim, que estratégias considera pertinentes para minorar as manifestações da
Perturbação de Comportamento nos adolescentes?
14.1. Nesta escola tem sido possível aplicar alguma(s) das estratégias?
14.2. Se sim, qual/quais estratégia(s) e seus resultados.
144
Anexo 8 – Guião do Grupo Focal Profissionais
145
10. Que emoções verifica no adolescente quando este ultrapassa os limites?
11. Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
11.3. Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
11.4. Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base
de os adolescentes “ultrapassar os limites”?
12. Os Pais/profissionais de educação têm formação no âmbito da P.C.?
13. Os Pais/profissionais de educação utilizam estratégias de Intervenção junto dos
adolescentes com P.C.?
14. Que Estratégias de Intervenção ajudariam a diminuir as consequências de P.C.
de um Adolescente?
146
Anexo 9 – Guião do Grupo Focal Adolescentes
147
10.1.Se sim, porquê?
10.2.Se não, porquê?
11. Considera que a escola o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
11.1.Se sim, porquê?
11.2.Se não, porquê?
12. Considera que a família o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
12.1.Se sim, porquê?
12.2.Se não, porquê?
13. Acha que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas? (Motivo?)
13.1.Se sim, porquê?
13.2.Se não, porquê?
14. Acha que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
(Motivo?)
14.1.Se sim, porquê?
14.2.Se não, porquê?
15. Que Estratégias de Intervenção ajudariam a diminuir as consequências de P.C. de
um Adolescente?
148
Anexo 10- Transcrição da Entrevista Exploratória ao Diretor do Agrupamento
• Q- Questão
• R- Resposta
149
focado no 7º e perguntam as pessoas porque? M uitos pais, não percebem a situação e não
estão atentos. Estes tentam é negar o que é a boa educação, acredito que não seja toda a
gente, mas a mioria colocam em causa a própria formação dos educandoos e por questões
pedagogicas são os professores os culpados e quem tem de educar mas não, quem os vai
defender não é a sociedade, nós sabemos que a sociedade é quem os indicia mais por esses
caminhos e a sociedade também são os pais que não dão o exemplo. Por outro lado temos
o facto de o pai e a mãe terem que trabalhar para face as despesas e os filhos ficam em
entregas sabe lá quem ou ao vizinho ou a ninguém, por aí, verificamos depois os
resultados, temos comportamentos inaceitáveis.
Q -Diga-me o que entende por perturbação de comportamento?
R- Pertubação de comportamento, são alunos que não se enquandram quer nas normas
que são actualmente aceites quer nos regulamentos internos da escola e do ministério no
qual aprovou e delineou o que são as normas no qual estão também os deveres do aluno
além disso são regulamentos normais para que exista um bom relaciomanto entre as
pessoas.
Q- Quando as situações de perturbação do comportamento existem nos alunos desta
escola?
R- temos alguns alunos, normalmente numa turma de 28 a 30 alunos e cada vez mais as
turmas têm mais alunos de acordo com o ministério regulamenta.
Q - Mas concorda com isso ?
R- Não concordo de maneira nenhuma , mesmo não dando aulas à 15 anos, sei que é
impossível controlar tantos aluno numa sala de aula, portanto basta que tenha 3 a 4 miúdo
com comportamento do género que destrói completamente a sala de aula. Estão sempre
constantemente a interrromper a aula, quebrando o ritmo de uma aula. Se não houver uma
postura aceitavel entre o aluno e o professor não vamos a lado nenhum e não existe
sucesso, portanto é algo que o ministro sabe. A postura de um professor dentro da sala de
aula tem que ser de autoridade, não autoritário mas sim de autoridade, se um professor
diz calem-se é para se calarem senão não há clima dentro da sala de aula para se
proporcionar o ensino.
Q - tendo em conta a sua experiência, acha que o número de adolescentes com perturbação
do comportamento, nesta escola em específico, tem-se alterado de alguma forma?
R-Sim tem vindo a ser alterando por uma razão muito simples, quando cheguei cá a havia
150
comportamentos de libertinagem, muito permissivos, desde aí temos tentado com a ajuda
dos encarregados de educação, diretores de turma e corpo docente, para que os alunos
percebam quem sem ter um clima calmo não é possivel obter resultados escolares, por
isso alteramos o regime de horários escolares e o ambiente dos alunos acalmou, pois na
parte de manhã passou a ser só alunos do ensino secundário, na parte da tarde já são mais
barulhentos notando-se que já são alunos do 7º, 8º, e 9º anos, portanto são alunos muito
mais barulhentos, fazem aquelas brincadeiras impróprias para a idade deles, mas nós com
a experiência sabemos que o aluno tem aquele comportamento, já com intenção, nós
sabemos perfeitamente qual o conportamneto de um adolecente a nível individual e como
em grupo teem comportamento diferentes.
Q- em que sentido acha que esse foram os piores anos, e o porquê de serem esses os piores
anos?
R-Para mim é normal os alunos terem comportamentos disruptivos pois são alunos que
saiem da negativa, e aquele aluno que consegue conquistar o professor é aquelo aluno que
consegue emfim por em causa toda uma estrutura de uma sala ou de uma escola são alunos
com necessidades de auto discilpinação ou quando o aluno entra na adolescência querem
mostrar-se que já cresceram e que já sabem fazer uma as coisas, as pessoas de psicologias
podem esplicar melhor que eu, mas aquando a mudança notasse essa diferença de
comportamentos perfeitamente.
Q – em que sentido acha que a pervenção destes comportamentos podia existir em que
sentido?
R - Nós fazemos isso todos os anos, a partir do momento que encontramos
comportamentos desviantes é contactado logo os pais pelo diretor de turma, o grande
problema é quando a família desfaz tudo que a escola faz ou quando as famílias
contrariam tudo que a escola faz. Exemplos disso é alunos a dizerem, o meu pai diz que
a professora não sabe o que diz e a partir deste momento a estrutura familiar coloca em
causa a estrutura pedagógica, o que a escola está a fazer por esse miúdo. Nós logo na
primeira hora sabemos que o aluno que passa do 5 para o 6 negativas e teve esse tipo de
comportamentos, em primeira mão faltou a estrutura familiar, e sabiamos que do ano
anterior já existiam problemas e se não houver uma cordenação muito eficaz da escola
com a família não podemos fazer nada . Quando a família e a escola têm que estar no
mesmo lado da barricada agora se a escola estiver de um lado e a família de outro não se
151
consegue fazer nada e para o aluno o dever e quem “manda mais“ é o pai e a mãe, portanto
a família e a escola têm que estar no mesmo lado por que o objetivo é o mesmo, a educação
do miúdo.
Q- acha que só a família influência ou o facto de eles conviverem no meio de amigos,
grupo de pares também inflência qual é a sua opinião?
R- sabemos que hoje em dia a sociedade a começar pelos nossos políticos, não existem
os mesmos valores que no princípio o chamado salvesse quem poder, se toda a gente
falasse esta realidade basta vermos este exemplo na comunicação social de dinheiros que
andam por aí desviados não há preço, não há valores e o salvesse quem poder, por aqui
uns dias temos uma sociedade com policiais de um lado e os ladrões no outro e isto não
pode ser.
Q- Considera que os alunos estão praticamente a viver a luta pelo o poder?
R- acho que sim, na sociedade na família na rua, podem estar na lutar pelo o poder e não
perceberem isso é o inconsciente é a maneira que têm para se poderem defender, nós na
escola continuamos a defender valores, muitas vezes a família sendo membros da própria
sociedade não dá exemplo e mostrem aos miúdos que o melhor é executarem o salve quem
poder , por exemplo estes dizem que o meu pai é trolha e ganha mais que a professora, o
meu pai tem uma oficina de motorizadas e é verdade pois o professor é mal pago, estes
pais transmitem este tipos de mentalidades aos miúdos é realmente o praticarem o salvesse
quem poder e não pode ser.
Q- então acha que este tipo de mentalidade interfere com o poder do professor e
consequentemente que consequências provoca?
R - Não porque a família ainda concorda com aquilo que o profesor ensina e os valores
que a escola tem são valores a ter em consideração, embora no dia a dia os alunos ponham
de lado, não sei se faço entender, acho que os valores que a sociedade transmite é que são
os valorizados e os tidos em conta passamdo a ser os vivenciados. O que se tem vindo a
verificar é que no dia a dia, algumas famílias que culturalmente não se preocuparam
passam a valorizar mais a parte material como compenssação.
Q- Ao longo deste anos acha que a pertubação de comportamento tem modificado as
atitudes dos alunos?
R- tem modificado por falta de um consumo de valores da própria sociedade
Q-Quais considera sejám essas alterações, ou seja no comportamento dos adolescentes
152
com caracteristícas da P.C.
R-principalmente na sala de aula que me parece muitas vezes. Gostariamos que
aparecesse menos alunos com comportamentos desviantes pois nós muitas vezes temos 3
alunos numa turma 2 noutra, outras sem nenhum e muitas vezes esse comportamentos
acabam por pôr em causa a autoridade do professor e o interesse por parte dos outros
alunos e aparece também aqueles alunos que não querem aprender porque são obrigados
no qual querem ir para casa trabalhar com o pai, no que acabam por acabar de trabalhar
como pedreiro ou na construçao civil. Há uma nova realidade que alunos que não querem
aprender no qual apareceu quando o ensino foi tornado obrigatório. Foi uma opção
política no qual não contesto , mas não criaram estruturas para esse alunos entrarem no
ensino educativo de uma forma gradual, agora dizem que vais fazer o 12º no qual o
currúculum etc etc não iram sentir bem integrados nessa nova realidade.
Q- no que considera ser características de um aluno realmente com disturbios de
comportamento e o que agora seja um aluno com essas características no comportamento
em concreto o antes e o agora.
R- A grande diferença agora parece-me a mim que é que por em causa a própria
autoridade do professor, cada vez mais se questiona isso, já nada lhes interessa são alunos
que podem ser explusos da saula de aula e nada os interessa como explusos da escola, são
os casos mais graves no qual nós encaminhamos para a CPCJ, são alunos que muitas
vezes os próprios encarregados de educação não sabem o que fazer com eles. Temos
muitos pais que dizem que já não sabem o que fazer com eles, os próprios filhos.
Q- Considera que se coloca em causa uma autoriedade de um professor nestes
adolescentes?
R-Acho que e a própria sociedade que o põe em causa muitas vezes dizemos que é a nossa
própria comunicação social a opinião de um ministro de um jornalista, vale a mesma
coisa, repara a nossa sociedade coloca tudo em causa e mais alguma coisa ás vezes uma
pessoa desclafissicada sem qualquer formação dá a opinião e ao lado tem uma pessoa
responsável e com formação a cominucação social dá importância aos dois da mesma
maneira e isto não pode ser. Muitas vezes não se pode traduzir com o mesmo grau de
importância. Agora até mesmo quem bebe um copo a mais e dá uma opinião, hoje em dia
a quer falar e a comunicaçao social da logo
o microfone, já tem voz mesmo que seja para dizer barbaridades. Ninguem dá o microfone
153
para ele dar a sua opinião portanto nós sabemos que a comunicação social julga e condena
em praça pública pessoas que têm credibilidade e quando isso é possível por em causa a
autoriedade, acho que por vezes existem influências do meio e dos média e repara que os
nosso alunos, muitos deles têm televisão no quarta no qual é uma coisa que discordo
plenamente e que a familia já não fala nem ás refeições , vocês são jovens e sabem bem
disso, estão no quarto ou ao telemóvel, ou a jogar, mas não é so em casa pois vão para um
restaurante e estão sempre com o telemóvel. A família já não fala uns com os outros, são
modelos que nos chegam através de notícias de filmes dos programas, só transmitem falta
de rigor e de formação dos próprios pais na educação dos própios filhos, pois passaram
um período no qual poseram tudo em causa. Era militar durante o 25 de abril e vivi essa
experiencias e todo se pos em causa porque foi tudo abalado todos os sistemas e pilares
sociais e culturais foi tudo abalado e o que vemos hoje são miudos a serem fruto de uma
geração em que todos os valores foram escassos.
Q- O que acha que os alunos fazem quando um professor como disse perde um pouco de
autoriedade, por exemplo o professor diz "cala-te" e o que ele faz posterior a isso ?
R – ora bem um aluno normalmente impede de um professor da a materia para aquela
aula, aquela expressão que os alunos dizem " mandam aquelas bocas" e tenta mandar
comentários a cerca dos colegas e isso quebra o ritmo da aula, muitas vezes o professor
tenta chamar a tentão do aluno para não fazer isso e por muitas vezes poem isolado numa
cadeira e continua a fazer intervençoes menos improprias e acaba no final de o explosar
da aula isso e a primeira forma , portanto nos consideramos um comportamento desviante
quando um aluno não capata as informaçoes do professor, essa informaçoes não são em
funçao do professor mas sim esta a encomudar quem os colegas. Se estiver sempre a
incomudar o professor tem mais dificultade em chegar ao fim da aula ninguem percebe,
e é preciso concentação no que se está a fazer portanto esses alunos são aqueles que têm
comportamentos desviantes para além desses comportamentos, não acredito que sejam
todos, mas cada vez a mais, daquilo que não gostariamos, mas há alunos bem
comportados, mas existem nas escolas e são esses poucos alunos que pertubam uma turma
inteira, no qual para ese alunos o que o professor diz não tem qualquer sgnificado.
Q- Quando a atitudes que a escola tenha relativamente a alunos que perturbam mais ou
menos, que tenham essa caracteristicas de perturbaçao de comportamento?
R- para ser mais simples tratamos com o director de turma e o director de turma com o
154
encarrregado de educação do aluno para casos mais complicados são muitas vezes
encaminhadas para um psicologo que tenta fazer uma avaliaçao a ver se o aluno se tem
qualquer disfuncionamento que faça para que tenha aquele comportamento mais
complicado alguma desordem e aplicado processo desciplinar no qual e aplicado por lei
e o aluno compre os castigos disciplinares que esta previsto na lei que vai ate a explusão
ate 8 dias da escola e transferencia obrigatoria do aluno para outra escola, portanto isto
esta previsto na lei pelo ministério da educação, continuo a dizer aquilo que disse à pouco,
tem a ver com a familia a sociedade e o aluno tudo isso esta implicito. Se a sociedade for
um meio como nós temos aqui é um meio calmo pois os alunos daqui não têm nada para
ver comprando com os alunos do porto que insultam os professores e quase que lhes
batem, mesmo com polícia à porta. Nós aqui não temos nada disso agora temos sociedade
temos familia, temos escola portanto não é um sucesso, numa escola pública temos o que
é de melhor na sociedade mas também o pior que existe na sociedade e como tal o que a
de pior na sociedade temos que moldar para que se ajuste às normas. Uma participação
na qual é encaminhada para o director de turma e quando e grave manda logo para mim,
o mais interessante é quando se aplica um castigo disciplinar por exemplo suspensão de
3, 4 dias os pais não querem que fiquem em casa não pelo facto de perderam as aulas
mas sim pelo facto não ter ninguem que fique com eles em casa .
Q- Consegue miminamente quantificar por ano quanto processos disciplinares tem vindo
a ser efectuado.
R- Não, os processos disciplinares sas divididos por escola basica e secundária, agora 3
ou 4 por ano não são muitos mais são aqueles casos complicados que normalmente a gente
consegue resolver com os encaregados de educação.
Q- e esta situação de casos menos graves são quantos por ano?
R-Não sei, este ano levantei 2 processos disciplinares um aluno que bate na mãe, são esses
tipos de casos e a ultima situação foi encaminhada para cpcj que foi encaminhado para
uma instituição, são casos excecionais no que aparece um ou 2 por ano.
Q- acha importante interver junto desse adolescentes tanto nos comportamentos graves
como no menos graves?
R-São todos graves, processo de averiguação no qual pode resoltar de um processo
disciplinar , se o aluno se aperceber que teve um comportamento menos impróprio, mas
aqueles comportamento que sabemos que não são próprios da idade e se o diretor de turma
155
aturar junto da família e quando o aluno chega a casa o pai ea mae já sabem a que se deve
esse comportamento, otimo. Agora se esse comportamento só for comunicado no dia
seguinte um dia ou 2 ou uma semana já não tem qualquer efeito, agora se o pai e a mãe
sabe o aluno ao entrar dentro de casa os pais atuam logo, agora se for passado 2 ou 3 dias
o aluno já fez outras tantas, só tem efeito se actuar na hora.
Q- Que estratégias considera pertinentes a ser executadas nesses adolescentes para que
sejam melhoradas as manisfestaçoes da Perturbação do Comportamento
R- eles têm que ser consensalizados que existem normas numa sociedade na rua numa
piscina a normas o aluno quando sai da escolos pais tem que mentalizar os adolescentes
que numa sociedade existe regras. Se o aluno tiver comportamentos dentro de uma oficina
que não esteja na escola o patrão põe fora e não o quer mais. Eles têm que ter consciência
disso e nós a sociedade estamos a respeitar normas sem nos aperceber que estas são
socialmente aceites no qual estamos a respeitar normas que foram criadas socialmente,
portanto a primeira coisa e sensabilizar os alunos para as regras e normas existentes na
sociedade, depois sensabilizar os alunos que quando têm esse comportamentos são
sempre prejudicados, pois quando um aluno está dentro da sala de aula e perturba está a
perturbar os colegas, e os outros colegas têm direito a ter aulas calmas e normais. Se o
aluno acha que tem direito a perturbar isso não tem direito ele tem é o dever de estar
calado para o professor ter uma aula com um clima calmo para que possa transferir os
seus conhecimentos. Portanto o que esta em causa é o direito e os deveres do aluno,
portanto o aluno não tem o direito de perturbar os outros colegas. Nós temos que
mentalizar com ajuda do professores, pais e quando ultrapassa a nossa esfera nós
passamos para os psicólogos se percebermos que esxiste mais alguma coisa
encaminhamos para a segurança social, verificar se existe algo físico ou psicológico.
Q-Nesta escola existe estratégias de intervenção que considere importantes e tem teem
sido possivel aplica-las?
R- Penso que sim e aqueles casos que acontecem e pasam completamente despercebidos
que muitas vezes os alunos pegam-se aqui por questões familiares e o que muitas vezes
acaba por abrangir os miúdos e acabam por ter algumas agressões físicas, porque são
questões já do exterior o que costumo dizer é a escola e o reflexo da sociedade.
Q - Agora focando mais nas estratégiasmais frequentemente ou seja mais importante e os
resultados que advee m da mesma aplicação.
156
R-O mais interessante é isso, à pessoas que fazem projectos, só que na pratica não
resultam, muitas escolas têm sala chamadas salas do aluno, nós continuamos a dizer que
a intervenção do diretor de turma e do psicólogo quando é necessario é o suficiente. É
fundamental fazer logo, e diretor de turma chama o psicólogose necessério isto sim é
muito importante, o diretor de turma é o mais responsável pelo comportamento dos alunos
na sala de aula, todo o diretor de turma que estiver atento, descobre a problemática da sua
turma os problemas são logo revolvidos pelo diretor de turma, agora fazer grandes planos
na teoria na pratica não funciona. Já tentamos fazer isso mas não funciona agora se houver
um problema e falar com o diretor de turma e tentar resolver o problema e entrar em
contacto com o encarregado de educação se for mais complicado pede ajuda ou psicólogo.
O director de turma sabe quem são os alunos que sistemáticamente têm comportamentos
desviantes, às vezes um simples problema de família é suficiente. Este ano tenhos mais
alunos com pais divorciados e os comportamentos começam a mudar e nós temos que
estar atentos para saber o que aconteceu e acabam por fim conversar connosco, posso
dizer que muitas vezes os próprios alunos conversam mais com o diretor de turma.
Estamos a falar daqueles alunos que têm comportamentos desviantes e não todos outros,
se no caso a cpcj não tiver solução para eles, encaminha-se para tribunal. Quando a familia
falha e a sociedade e a família do aluno os comportamento depende da sociedade onde
vivem e os próprios pais se vinculam das suas próprias obrigações, são percentagens
pequenas mas que existem existem. O que significa que os alunos que têm casos de
comportamento desviastes temos tentado revolver muitas vezes concelhando os pais que
isto não tem nada a ver com a escola mas ir ao médico de família ou psicólogo e muitas
vezes há falta de encaminhamento. Muitas vezes é o que o psicólogo da escola faz é o
encaminhamento por exemplo psicólogo - pediatra, queremos pelo menos que nos digam
onde esta a origem dos comportamentos para saber que comportamento a adoptar perante
o aluno.
P- Considera que esses comportamentos têm vindo a aumentar ou a diminuir ao longo
destes anos de experiência?
R-Aumentar, era costuma ser aos 14/15 anos agora é aos 12/13 anos. Agora aqueles
comportamentos desviantes sempre houve na escola e todos nós sabemos quando os
alunos que têm aqueles comportamntos próprios da adolescência e quando há mudança
de comportamento.
157
Q- Considera então que um trabalho multidisciplinar é o sucesso para se obter bons
resultados?
R-Sim nós professores não somos médicos, nós temos uma formação espeficica que é na
parte científica e temos na parte pedagógica, mas há muitas areas que nos ultrapassam, o
próprio ser humano é multidisciplinar e como tal temos que recorrer a essa informações
e pessoas diferentes para isso. O que compete só à escola, à escola compete encaminhar
se o aluno necessitar, nós estamos aqui para o aproveitamento do aluno.
Q- Achas que deveria existir formações específicas, como resolver, como colmatar, ou
como aplicar estratégias da Pertubação do Comportamento?
R- Há muita informação nesse sentido
Q-Acha que essa formação deve ser aplicada aos professores ou aplicada aos pais
R- Já se começou a fazer essa formação virada para os pais, e essas formações são dadas
à noite e nem todos os pais estão disponiveis para tal, agora para professores e
funcionários têm formação disponivel. Os pais que normalmente vêm à escola são pais
interessados na educação dos filhos, automaticamente vão à escola para saber como está
o filho, agora aqueles pais que so vão à escola de vez em quando e estão sempre a reclamar
daquilo que não deviam de reclamar. Mas acompanhar o filho isso não vêm e muitas vezes
é chamado a aparecer na escola e não aparecem, um pai interessado aparece na escola
sem que seja para saber se o filho esta ou não a tirar boas notas, e a mentalidade que os
pais só são chamados à escola quando há problema, essa mentalidade tem que acabar.
Q- Consedaria uma boa ideia criar um associação de pais mais específica para estes
adolescentes com esta perturbações?
R- Não, sabe porquê? Ia se criar uma associação para outras coisas completamente
diferentes e muitas vezes existe a arte de querer mandar e muitas vezes quando a
associação de pais é para ajudar a colaborar, as pessoas pensam, temos esse problema
como vamos resolver em conjunto agora mas ninguém dá ideias e a maioria dos pais nem
aparece. Portanto a associação de pais com caracteristicas específicas, não valeria a pena
e muitos pais não têm formação pedagógica e um trabalho que não se vê isso se muda ao
fim de 3 a 4 anos, logo não são resultados imediatos.
158
Anexo 11- Transcrição da Entrevista Exploratória á Psicóloga da Escola
• Q- Questão
• R- Resposta
Q- Área de estudo?
Q- Exato, algum destes anos que esteve lá falámos à experiencia com o psicólogo de lá,
a nível de adolescente em si.
159
R- Muito bem, trabalho num agrupamento escolar eu consigo é acompanhá-los
basicamente até ao 4º. Eu tenho aqui uma riqueza muito grande em termos de
conhecimento com alguns miúdos em particular, e que não me podia desligar deles, são
miúdos muito ricos, e ensinaram me muito e fizeram-me crescer como técnica, como
pessoa e foi muito importante para mim. O balanço destes 8 anos na escola é muito rico,
cansativo, nem sempre correspondido e nem sempre me deixava segura do que fiz, o que
devia fazer e o que era preciso fazer. Isso é algo que os psicólogos escolares têm que
aprender a conviver. O impacto que tem na escola é muito pouco e devíamos trabalhar
mais no planeamento, projeto, trabalho direto.
Q- E quanto ao comportamento dos adolescentes, neste caso, ao longo destes 8 anos claro.
A: Eu não tenho como psicóloga, o espaço de manobra que eu tenho, tem de ser numa
situação SOS, ou imediata em que precise de ir, em que eu esteja imediatamente a ter que
me mexer, agir ou mobilizar para aquele momento. A nível de 8 anos, trabalhar com
comportamentos como os dos adolescentes era algo que nunca me foi dado muito espaço
para fazer. Ou seja, comportamento dentro da sala de aula é função do professor, não do
psicólogo; comportamento dentro da escola era regulado pelo estatuto do aluno do
regulamento interno e ser cumprido. E portanto, a minha intervenção nesse tipo de
documento, portanto eu não tinha possibilidade nesse local de poder dar minha opinião
sobre esse tipo de documentos ou de posturas de como agir perante determinadas
situações. Portanto, aquilo que eu podia fazer em termos de conquistar alunos mais
problemáticos tinha que ser em momentos muito bem selecionados, para eu poder dar o
meu melhor. Se eu tinha situação de alguma agressão, é um momento fantástico para
intervir. Qualquer miúdo sabe, que entrava no espaço de boné, que hoje em dia está muito
bem banalizada, é uma falta de respeito e é uma coisa que não devia ser permitida.
Portanto ao longo destes anos consegui uma coisa em que sempre que eu aparecia no
corredor os bonés desapareciam das cabeças. Este comportamento que é muito simples,
que é só uma questão de hábito, eles foram-se habituando, até os mais “outsiders” mal
me viam, nunca tinham estado comigo na sala, tiravam. Houve ali uma figura que era
considerada com respeito, eu consegui constituir isso nos alunos, em 8 anos, não tanto na
secundária, o local onde permanecia mais tempo era na básica, eu na secundária estava
menos tempo, e também as condições de respeito portanto, o regulamento não permitia
que eu tivesse tanto espaço de manobra. Mas na básica eu tinha conquistado um espaço.
160
Se eu dizia que era para falar baixo, falavam baixo, portanto eu estabeleci com eles uma
posição de respeito.
Q- Qual é que considera os comportamentos dos alunos, aqueles que são mais
relacionados com a P.C.?
R - Tenho alguns critérios, tem a ver com condutas altamente impróprias, e ajudam me
se eu tiver enganada, mas tem a ver o mentir, homicídio, o agredir, o roubar, tem uma
série de itens. Isto tudo junto nunca tive. Tenho situações em que os miúdos assinam os
trabalhos pelos pais, havia situações de mentiras, havia situações de agressão aos
familiares, à mãe, aos avós, comportamentos sexuais menos próprios e participar em
pequenos delitos. Isto são comportamentos que se enquadrariam se ocorressem em um
número suficiente e durante algum tempo, seriam diagnosticados.
R- Um pré delinquente. É um miúdo que está no limite de mal saia, antes dos 18 anos,
está em ligação direta com a lei ou que já tenha registo. São situações que já estão dentro
dos quadros da lei. Para mim entendo que perturbação do comportamento é que já teve
esse tipo de comportamento.
R- Primeiro lugar, estamos a falar de uma zona que estamos a 30 km do Porto, parece que
estamos noutra terra. Temos pessoas que vivem praticamente em aldeia ainda, pessoas
que não tem condições sanitárias, não tem água, não tem luz para estudar. Eu lembro-me
de uma menina, que ainda está lá, está a fazer o 12 ano e já tem mais de 18 anos, e está lá
porque quer. E lembro-me que os exames do 9 ano foram estudados à luz da vela, e
estamos a falar de há 3 ou 4 anos atrás. Como é que uma miúda destas ainda persiste em
ser alguém e, quando tem tudo, para ser uma alienada, porque não tem dinheiro para luz.
A 30 km do Porto, e é chocante no séc.XXI. E temos famílias completamente desfeitas
porque uns estão para outros países, os pais foram embora e deixaram os filhos nos avós,
que vivem com imensas dificuldades e não tem capacidades para educar. São bons para
161
mimar. Temos neste momento uma situação muito importante, a figura do professor, está
muito fragilizada na sociedade, o professor já não é visto como uma figura sábia, é uma
pessoa que está a mercê dos pais, e neste momento temos uma grande dificuldade em
educar por parte dos pais, que é os meninos serem depositados na escola, a escola tem
que dar a resposta que os pais acham que tem que dar, e depois quando chegam a casa o
professor não fez e amanhã vamos lá falar com o professor. O que interessa é o que o
professor tem que fazer e não faz.
Situações de P.C., como situações que são externas à criança, e acaba por ter um cariz
desviante porque a criança aprendeu a viver daquela forma, sem responsabilidades, pois
os próprios pais não assumem a sua responsabilidade. E o adolescente acaba por omitir
ou na realidade mentir, pois percebe que pode contar o que que quizer e dizer o que quiser
que ninguém diz, o que é que tu fizeste para isso ter acontecido, qual foi a tua
responsabilidade na situação relatada. Muitos dos miudos são ensinados a viver em
função do que è que os outros te fizeram?. Sempre os outros e não o que é que tu fizeste,
quem foi o responsavel, por isso. Eles neste momento não estao a conseguir fazer esse
raciocínio.
Q - E porquê que acha que isso acontece?
R - É mais facil, evitar a responsabilidade e o que dela pode advir. Os pais acabam por
promover muito esta situação, pois os proprios encarregados de educação "lutam" a
responsabilidade de educar o seu educando para a escola. Esta modo a função da escola
acaba por ser superada, no comportamento destes adolescentes existe e entao o problema
de eligerem a casa e terem o reforço positivo daquilo que fizeram de enado.
Comportamento Inadquados, são por alienação parental ou por falta de acompanhamento
parental em condições. Raros são as situações que são do foro psicologico, mental e que
ate temos uma familia bastante funcional e organizada e termos um menino que tem
comportamentos ligados a pedalogia clinica, não, normalmente acontece. Os adolescentes
com esse tipo de comportamentoverificam-se em famílias que são completamente
desagradadas disfuncionais.
Q- As ditas “famílias disfuncionais“, ajudam ao desenvolvimento da P.C.
R- Ajudam a construir todo um conjunto de sintomas que levam á construçao da P.C.
Se tivessemos um sistema que trabalhasse a prevenção, e um sos, o que tenho que fazer.
Muitos dos comportamentos, deste genero são sinal dado por eles, “Ajuda-me, olha por
162
mim, em existo, da-me regras, da-me estrutura, dá-me, dá-me o que eu não tenho.“
A Situação mais gritanto de disfunção familiar, uma Família do ponto visto económico
razoável, mas passam a viver num barraco, este miúdo está no processo de entrada no
5ºano e esta no mesmo desde então. E surge a questão então mas a escola não faz nada,
não fizeram nada por ele? A cpcj, perguntava sempre. Era mostrada tudo o que se tinha
feito, o que é que se tinha, uma mãe que perante estas claras evidências de mau
comportamento e disfunção comportamental, pertubação mental, não ajudava, pois fazia
de tudo para alimentar os desejos do filho, por mais avisos que lhe foram feitos. Até que
um dia ela não tinha 5 euros para dar ao filho e ele lhe deu 2 estalos, agressão fisica.
Meninos que não tem um defice cognitivo, são meninos inteligentes, e porque e que eles
desviam é por serem inteligentes. Emocionalmente têm que se fazer ver, tem que se fazer
sentir, se não se corta, não se belisca, e então dispara em todas as direções. E quando
disparam, disparam bem, meninos que fazem coação sobre os mais novos, tem realmente
a pertubaçao do diagnosticada, é um miudo que esta com 2 processos em tribunal 1 por
agressão a mãe, sendo por tentativa de atos sexuais com uma. Neste meio e perceberam
que a mãe já não pode pagar as suas contas e ceder aos seus desejos. Apesar disto verifica-
se que a certa altura ele tinha tudo positiva e até tinha quatros, devido a uma questão
emocional, ligação emocional com alguém que lhe permitia estabilizar. A partir do
momento que a namorada acaba com ele, ele volta a descambar por completo.
Q- os números da P.C. têm vindo a ser alterados?
R- Tem existido um registo de ocorrências mais graves nos ultimos 2 a 3 anos. Mas não
existe um momento significativo as ocorrências é que são mais fora do que seria de
esperar para aquela idade, problemas mais complexos.
Q- Achas que as ocorrências da P.C. têm vindo a ser diferentes?
R- Sim acho,tem!
Q- Em que sentido?
R- Mais graves, com cortornos sociais mais complexos, com sentido de impunidade por
parte dos adolescentes no sentido de acharem que nada lhes acontece e que o sistema os
protege sempre, sentem que podem fazer o que quiserem, quando quiserem sem existirem
retaliações.
Q-que diferença nota nos comportamentos de antes para os praticados na atualidade?
R- Sim existem diferençaa, acho que tem a ver com uma cultura de intimidade, ou seja, o
163
professor não pode bater, ser mais rigido. Os Adolescentes sentem que tem poder de uma
sala de aula, exemplo se um professor disser assim: "Olhe o seu educando desafiaou a
autiriedade“, mesmo o pai e a mãe, apenas sonharam com a educando perfeito. Relatam
episódios e os pais respondem:"Ai bateu pesso imença desculpa mas o meu filho não é
assim." Ou seja os meninos que eles criam, não podem ser aquele menino que bate, que
tem mau comportamento, que estorquia dinheiro, eles (encarregados de educação) não
aceitam isso. Noto que nestes 8 anos, os pais viam a escola como um sitio bom, um sitio
onde os filhos iam realmente aprender, um sitio saudavel. Mas nos ultimos 4 anos, percebi
que os encarregados de educação começaram a considerar a escola como um sitio onde a
gente os deposita.
– Exemplo de comportamento de P.C.
– Desafio da autoriedade ao professor
– sair da sala sem ordem do professor, ou ser dada uma ordem e tal não ser
comprida.
– Desrespeito pelos funcionário,
– o poder da autoriedade, noçao de hierarquia (não existe)
– Em espaço consultório trabalhava-se
– Trabalhar o relato de episódios, a narrativa, o que é que eu fiz as consequências,
trabalhar os comportamentos mais adquados e mais próprios
Q- Existem regras na escola?
R- Sim e eram explicadas aos alunos no inicio do ano
Q- Quais são essas regras, para este tipo de situações?
R- Previstas no regulamento interno, chegar a horas, entrada ordeira na sala de aula e
dentro dos toques, sem ruído nos corredores, proibido o uso do telemóvel na sala de aula,
o professor ser o subordinado da sala de aula.
Q- O incomprimento destas regras, leva a que consequências?
R- Primeiramente é tomada a medida de prevenção, chamada de atenção, se o mesmo
voltasse a acontecer era reportar ao psicólogo. Participação escrita feita pelo professor ao
qual foi contacto com encarregado de educação e dependendo a gravidade do
comportamento, chegando à direção e terá de se abrir um processo disciplinar, uma
intervenção direta do diretor, para se agilizar algumas conversas com o encarregado de
educação.
164
Q-Uma estimativa de quantos processos disciplinares existem?
R- 3 ou 4 por ano
Q- Relativamente ao incomprimento de regras?
R- Isso são aos pontapés, não chegam é a raiar o processo disciplinar. Agora existiam
alunos com incomprimentos reportados ao director de turma.
Não existe penalização por parte de se agilizar as situações ocorridas com o estatuto do
aluno. O sistema não funcionava. A não ser o processo disciplinar não existe nunhuma
punição que se possa aplicar de forma a que estes formem conhecimento mais
aprofundado dos erros que cometem. Por exemplo não podemos colocar um aluno a
limpar as casas de banho, mas era ideal, para aprenderem a terem mais cuidado com o
uso do mesmo.
Q- Acha importante intervir junto dos aluno comP.C?
R- De forma directa, frequente, disciplina e constante, é como educar, educar é isso.
Q- Que estratégias considera serem pertinentes a aplicar de modo a se mininizar as
manifestaçao da P.C.?
R- Do ponto de vista social, o professor passa-se a ter outra imagem a nivel social, ou
melhor voltasse a ter a imagem e o estatudo de professor de antigamente. Professor tem
de ter algumas autoridade, seja esta garantida pelo estado, pelos pais.
Socialmente, precisso habilitar as figuras parentais, passarem a ter mais responsabilidades
pelos comportamentos que os filhos tem na escola, tem de passar a ser mais
responsabilizados.
A escola tivesse mais autonomia/liberdade na forma como pode intervir com estes
miudos. Porque existe essa imagem de que a escola tem essa liberdade, mas não e rea,
pois existem uma serie de leis, toda uma serie de borocracias e papeis a preencher, que é
tudo responsabilidade da escola.
È preciso mudar muita coisa, para conseguirmos chegar ao ponto de termos um sistema
perfeito, que permitisse que estes miudos fossem responsabilizados de imediato pelos
atos.
Q- Na escola tem sido possivel aplicar as estratégias à pouco referidas, no sentido de se
melhorar os registos de P.C.?
R- Do ponto de vista diretores de turma, sim, os que estão na 1º linha a tentar modificar
estes comportamentos. Emboraa seja muito difícil, os pais querem tudo, mas não fazem
165
a parte deles. Portanto se são aplicadas algumas mudanças, ou apresentadas algumas
propostas de alteração aceitas, mas tem sempre uma negação, colocam sempre limitações.
Mais formação aos pais, aos funcionários, para enquadrarem estratégias de intervenção
nestas situações não existe.
Q- Quais as estratégias que tem sentido um resultado mais positivo?
R- A intervenção direta, intervir naquela hora e naquele nomento é que faz com que
aquele comportamento pare e se consiga suster aquela situação por mais algus minutos.
Mas o importante era realmente intervir antes daquelas situações. Era necessário, a
implementaçao da intervençao comunicativa ou de trabalho cominutário na comunidade
escolar, feito com um prepósito de medio, longo prazo e não imediato, porque imediato
não resolve nada. Era necessario sentar-nos a conversar como comunidade escolar e
perceber. Quais são os nossos problemas? Quais são os vossos pontos fracos?
Verificar documentos informações dos alunos, registos, das coisas acontecerem para
assim se conseguir resolver os pontos fracos e a partir daí a médio-longo prazo termos
uma noção de onde estavamos e para onde formos.
Criar um conjunto de objectivos a atingir enquando comunidade escolar, envolvendo,
pais, funcionarios, direçao, alunos, porque os alunos tambem sabem o que é que a escola
tem de certo, o que os motiva a la estarem e a não querem la estar. Era realizar um projecto
medico a longo prazo para que daqui a 10 anos, esta escola ser uma escola de top.
Q- Então considera que as estratégias que se implenentam têm sentido resultados?
R- As estratégias que se implenentam têm respondido às situações realizadas, no
momento, não me parece que a longo prazo possam fazer melhorias porque não se
trabalha em comunidade.
166
Anexo 12- Transcrição do Grupo Focal dos Profissionais
Q – Pergunta/Questão
C – Resposta do elemento
CL – Resposta do elemento
M – Resposta do elemento
R - Resposta do elemento
167
Q - O que entende por Perturbação de Comportamento?
168
R - Na maioria dos casos as perturbações do comportamento devem-se causas biológicas
próprias do sujeito ou a situações traumáticas que moldam o mesmo e o podem tornar
doente.
169
CL – Diria que tem aumentado. O número não me assusta, preocupa-me mais a extensão
da perturbação.
C – Sem dúvida que é importante intervir junto dos adolescentes com Perturbação de
Comportamento, porque na génese dos comportamentos de risco, durante a adolescência,
podem estar fatores individuais, culturais, relacionais, académicos, a influência de pares
ou ainda a falta de ligação à escola ou o fraco rendimento escolar. Porém não nos podemos
esquecer da família, uma vez que, são várias as lacunas
M – Sem dúvida porque quanto mais cedo os adolescentes forem intervencionados, mais
cedo poderão obter resultados adequados e com sucesso.
R - Obviamente que deve haver uma intervenção junto destes casos. Quanto mais cedo se
diagnosticar a perturbação melhor será o prognóstico de tratamento/acompanhamento.
170
- pais compreendam que têm a função de pais e não de companheiros dos filhos;
- tenham disponibilidade e tempo para o afeto e diálogo para com os filhos, de modo a
que os possam conhecer melhor e compreender as suas necessidades, capacidades e
fragilidades;
- controlem e supervisionem os filhos ( onde está, com quem está e a fazer o quê);
M – Primeiro intervir na família para depois o trabalho feito com os aluno, ser mais
produtivo.
Q - Considera que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
171
Daí haver uma necessidade, ou seja, pretende-se que os professores saibam lidar com este
tipo de situações e invistam em formação nesta área, o que muitas vezes não acontece. A
escola deveria estar preparada para promover o desenvolvimento de habilidades sociais
educativas, de melhorar as estratégias para lidar com as dificuldades dos adolescentes e
ajudá-los a resistir à frustração, e para a resolução de problemas, embora se constate que,
muitas vezes, não é isso que acontece, pois os professores têm um conjunto de burocracias
a cumprir que muitas compromete a atenção e o cuidado face a determinados alunos, em
particular daqueles que manifestam P.C.
R - Considero que não estão preparados pelo simples facto de se tratarem de casos clínicos
para os quais, na maioria das universidades, os professores não recebem formação acerca
da forma que poderá ser mais eficaz para lidar com eles.
Q - Considera que os pais estão preparados para terem filhos com estas
caraterísticas?
mesmos. Daí haver uma necessidade, ou seja, pretende-se que os professores saibam lidar
com este tipo de situações e invistam em formação nesta área, o que muitas vezes não
acontece.
CL – Não, porque o ritmo de vida nem sempre se consegue coordenar com o lidar/
compreender um jovem com essas caraterísticas. Há também a ideia de que existem
172
outros para lidar com estas situações. A ida ao psicólogo/psiquiatra tem sido mais
utilizada.
M – Não, porque eles também não sabem ter comportamentos normais. Não sabem
educar.
R - Obviamente que não estão preparados. Porque não foram treinados/ensinados para
lidarem com situações de exceção nem tem conhecimento técnico para tal. Não estão
preparados para lidarem com uma situação desse género como não estão no caso de outras
doenças clinicas.
Q - Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
M – Muito diálogo. Criar espaços para ouvir os alunos. Ajudá-los a descobrir tudo o que
os rodeia e prejudica o crescimento normal deles (como tenho feito ao longo da minha
carreira).
173
R - Tentar fazer uso de técnicas especificas de punição ou de reforço negativo
acompanhadas sempre, se possível, da execução dos comportamentos corretos e
visualização da diferença das consequências do novo comportamento. O reforço positivo
também será útil.
Q - Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
CL – Usar o autoritarismo, castigar sem dialogar, conversar sobre o que possa afligir o
jovem.
R - Tal como com os professores tentar fazer uso de técnicas especificas de punição ou
de reforço negativo acompanhadas sempre, se possível, da execução dos comportamentos
corretos e visualização da diferença das consequências do novo comportamento. O
reforço positivo também será útil.
Q - Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base de
os adolescentes “ultrapassar os limites”?
C – Para ser aceite no grupo ter que cumprir com um ritual; imitação; facto de ser uma
pessoa influenciável e com medo de exclusão do grupo cumprir com as ordens do líder;
humilhação; entre outros.
C – Considero que muitos pais e profissionais de educação não têm formação no âmbito
da P.C. Porém este é um tema muito estudado e investigado há já alguns anos e existe
muita documentação e formação nesta área.
174
CL – A maioria não, mas existe essa possibilidade.
M – Não, nenhumas
R – Não.
C – A maioria das vezes não, devido ao facto de não terem formação no âmbito da P.C.
ou por receio e/ou medo dos comportamentos e atitudes que o adolescente possa vir a
manifestar.
CL – Talvez sim.
M – Não, nenhumas.
que este trabalho tenha sucesso é fundamental que a intervenção inclua treino parental, o
treino de habilidades sociais com o indivíduo e a inclusão. Em suma, o desenvolvimento
de estratégias de prevenção eficazes no que concerne a P.C. passam pela sensibilização
dos pais e professores com vista ao diagnóstico precoce e respetivo encaminhamento do
adolescente e família para programas de intervenção que possam evitar ou minimizar as
consequências nocivas destes nas suas vidas.
175
R – Estratégias de base cognitivo-comportamental e comportamental associadas a
psicoterapia.
176
Anexo 13- Transcrição do Grupo Focal dos Adolescentes do 9º ano
• Q- Questão
• R- Resposta
R- Não
177
Um dos limites mais chunga é que tentaram influenciar-me em vícios alcóol, droga,
canábis etc, e eu resisti, quer dizer experimentei mas resisti. As horas, dizem á meia noite
quero-te em casa e eu so cheguei á uma ou duas (raparigas a falar) e o adolescente anterior
ri-se e diz o que , entao, já ultrapassei os meus limites.
Não conseguem perceber a diferença de limites entre cada um e que estes não são pre-
estabelecidas para todos da mesm a forma.
R- Por diversão
R- Porque provocam.
178
Mandam bocas.
Ou batem antes
R- Já sofri bullying no 5º ano, andavam sempre a gozar comigo, mandavam bocas, diziam
que eu era gay, encostavam-se aos postes até que um dia me passei da cabeça. E um dia
eu e a minha “malta da rua” espancamos esse tipo.
R- No 6º ano, desde o 1º período que uma rapariga começou a implicar comigo, eu não
podia fazer nada que ela implicava logo. Até ao 2º período deixava passar, mas já estava
farta. Então numa aula de física, eu não podia mandar a bola, encostar nas pessoas, não
podia fazer nada. E ainda por cima manda uma boca para eu ir buscar bifes, mas não fui
aos bifes fui ao cabelo dela. Eu agarrei-a pelos cabelos dela e bati-lhe. (a adolescentes
que relatou este episódio estava com voz de chorar e caíram-lhe lágrimas, mas ao mesmo
tempo ria-se ainda se denota uma sensibilidade e mágoa quanto ao assunto porque ao
longo do grupo de discussão esta referência muitos exemplos com base neste
acontecimento).
R- Senti-me aliviada.
Ódio, querer que o outro se sinta como nos fez sentir a nós;
Sentimo-nos aliviados, porque descarregamos a raiva na pessoa que nos fez mal.
179
Sinto-me contente por ter resolvido o problema.
R- Não nos deixam fazer coisas que queremos, tipo sair à noite.
Mandar-nos arrumar;
Quando quero dormir e eles mandam ir arrumar (todos juntos ya, ya isso).
Quando não nos podemos comparar aos outros, mas eles comparam-nos sempre aos
outros.
Eles dizem que não conhecemos o mundo lá fora, mas não nos deixam conhecer.
Quando os pais em termos de notas nos comparam aos outros, porque tem melhores
notas.Mas se formos nos a comparar aos outros porque fiz melhor eles dizem logo, não
te compares aos outros.
Prometerem coisas e depois no final não cumprem os pais dizem; " tu não sabes o que é
o mundo la fora, mas depois nos queremos sair para descobrir não é. E eles não nos
deixam,entao como é que querem que nos conhecemos as coisas."
– Os pais devem dar mais liberdade que o que dão.
– E o adolescente com o histórico mais caricato diz o seguinte devem dar mas dão
muito, porque depois....E não acrescentou mais nada, enquanto que a colega
referiu, nós também temos que saber qual é o nosso limite. Acho que todos aqui
tem noção própria do seu limite, acho que sabemos o que é bom e o mau para nós,
ninguém deve ser influenciável.
Não deixar viver, nós as vezes temos que sair do teto dos pais para aprender o que é viver,
para saber o que é cair, levantar,o que é lutar. Saber andar para a frente, e ás vezes os pais
não deixam isso acontecer. Não nos libertam, não dão liberdade nenhuma.
180
Outros adolescentes refere so nos deixam vir para a escola e eu dispenso.
(denota-se um pedido de liberdade, emancipação, vontade de conquistarem
indepedência, terem liberdade para controlarem o próprio horário das saídas à noite.
Necessidade de dinheiro para bens materiais.)
A maioria refere que preferia ir trabalhar do que estudar, exemplo de empregos referem,
as obras, nas tecnologias consideram que não é preciso estudar tantos anos.
"O meu pai trabalha na construção civil e não é pobre“.
A turma divide-se em que maioritariamente os rapazes dizem que preferem trabalhar
retirando 2 e todas as raparigas preferem estudar.
Q- Atitudes por parte de grupos de pares que vos levam ao limite? Nunca foram levados
ao limite com amigo/colegas?
Nós pedimos para parar, mas continuam, tipo a dar cacetadas, ou sempre a falar do
mesmo.
Q- Qual é o vosso limite em relação ao álcool que vos pode levar a fazer coisas?
R- Acho que cada um aqui deve ter noção do seu limite, e não deve ser influenciado.
Q- E pela parte dos vossos professores, o que vos leva a ultrapassar os limites?
A injustiça, é uma treta o prof. tem sempre razão, mesmo quando não tem.
181
Ás vezes, quando dizemos qualquer coisa ao professor e ele parece que sente que o
estamos a atacar. Quando explusam da aula por tudo e por nada, ou marcam faltas assim
por qualquer coisita (só por falarmos para o lado). Eles devem chamar à atenção, claro,
mas também não precisam de pedir logo a carteneta ou marcarem falta.
Chamar a atenção sim, mas pedir a caderneta de maneira injusta, só porque está
“cansado”, não tem sentido.
-Alguns dos adolescentes referem, que os professores poderam estar cansados, mas têm
de saber que não podem "abusar da autoriedade“, porque nós também não gostamos de
estar sempre a levar faltas ou castigos. Como nos estão sempre a dizer têm que saber a
diferença entre a sala de aula e o recreio. Eles também deviam ter de saber a diferença
entre os alunos e estarem chateados.
Uma adolescente refere; - Acho que não, pois o facto de exercerem sobre nós algum tipo
de violência, não é partir com violência para cima dessa pessoa que resolve o assunto.
Devemos pedir ajuda e conversar.
(Dois adolescentes dizem: Para quê ?), os funcionários nunca ajudam em nada e os
professores então. Existem vários relatos de vítimas de bullying, por parte de um
adolescente, que refere que não sofreu de bullying mas que tem amigos que sofreram, e
que tiveram que ser acompanhados por psiquiatras para conseguirem safar-se disto, Eo
que eles fizeram foi depois ganhar força enfrentar quem lhes fazia mal e mostrando-se
forte, eles depois pararam.
Q- Acham que é preferível a conversa ou partirem para a violência?
Em coro respondem conversa, existindo apenas um adolescente que refere um pouco das
duas também.
Q- Então porque?
Refere uma adolescente que a violência verbal é pior que a violência física
Entrem em contrasenso, no sentido que uns acham que a violencia fisica é pior que a
violência psicológica e outros acham o contrário.
182
Até que um dos adolescentes refere: eu acho que tanto uma como a outra são más, quer
dizer se eu chegar á tua beira e te chamar palhaço mais que uma vez tu vais ignorar para
sempre? Não, por isso eouviu-se um silência de consentimento na sala
Uma adolescente refere que depende, se for uma pessoa que aguente muito, todos os dias
podem tratarmal que a pessoa não liga.
Q- Então como acham que devem confrontar uma situação que vos chateia?
Também ajudam a arranjar uma estratégia porque se quem for para dar porrada for mais
velho não podemos ir,
183
Q- Acham que os pais vos auxiliam, nessas situações?
R- Sim, claro. Eles querem omelhor para nós. Eles conversam connosco, levam-nós por
um caminho melhor e tentam perceber situação.
Muitos dos alunos consideram que os professores não estão preparados, achando que os
professores quando escolhem ser professores não sabem para o que vão. Isto não é so
ensinar, nas escolas ha de tudo. Falta a compreensão e eles passaram de separar os mais
favoritos dos menós favoritos.
– Eles não nos conhecem, e deviam tentar pelo menos saber um bocadinho daquilo
que somos.
– Os professores aqueles que não gostam, mal se faça alguma coisa é logo uma
advertência e aos outros nem por isso.
Referem que os professores fazem separação dos alunos e não os conhecem. Nota-se que
pretendiam que existisse uma maior cumplicidade entre eles e os professores por vezes e
não existisse uma barreira tão grande.
Q- Acham que os professores estão preparados para ter alunos com comportamentos
desajustados?
R- Pelo menos deviam estar, mas não estão, diz a adolescente que se mostra mais lesada.
Q- Consideram que os pais estão preparados para terem filhos com estas características?
Todos consideram que sim, mas uma adolescente refere os pais não estao preparados para
lidar com estas situações, mas pronto habituam-se.
Q- Habituam-se a que tipo de situação?
R- A tentar mudá-las, e tentar ajudar os pais tentar que os filhos sejam cada vez melhores.
Eles dao aqueles castigos que nós deixaram mesmo chateados que é para isso. Tiram a
internet, o computador, sem o telemóvel. Por exemplo a mim ela tira-me o computador e
ela sabe que o PC é a minha vida, da-me felecidade,ficar sem sair a noite.
Q- Acham que os professores têm formação para lidar com vocês nestas situações?
184
R- Nos alunos que eles mais gostam, tem mais liberdade de sair das normas.
R- Os professores pelo menos uma vez por período, falar com os alunos como eles vão;
os diretores deviam ter mais diálogo com os alunos, e não aparecer aqui uma vez por
ano.
Conversar, mais apoio na psicologia, estar mais atentos aos comportamentos, (os
funcionaris, os professores...). Informar os alunos dizer-lhes para eles resolverem os
problemas em casa.
O professor aconselha a ir á psicologa da escola, uma vez por mês, os professores falarem
com os alunos a nivel individual, para tentar perceber se existe alguma coisa mal.Por
exemplo acontecer uma reunião como a de hoje que ouve com você é assim com o dialogo
que se resolve as coisa, e para quem tinha problemas ajudava muito. Proporcionar um
bom ambiente na escola, e isto não depende so dos alunós também depende, da escola
dos auxiliares de tudo. Por exemplo o Director da escola devia ajudar mais nisto e estar
mais presente.Uma pessoa nem sabe quem ele, ele devia estar mais atento á escola, aos
alunós, não aparecer so uma vez por semana. Haver mais dialogo entre os alunós, mas
também entre professores e alunós auxiliares. Não ser acabar a aula e pronto os alunós e
os professoresnunca mais se falarem, devia de ai também se conversar mais um bocado.
Os professores deviam tentar compreender mais as situaçoes e aquilo que nós dizemos.
Q- E se o adolescente fosse mais timido acham que a partilha, a cominucaçao entre todos
iria ser assim boa?
R- Não ia ser fácil, mas se ele se identificasse com a história de mais alguém, isso talvez
ajudaria a se abrir e falar.
– Um adolescente de repente diz, devia ser criada uma disciplina assim para isto,
como estamos a fazer.
185
Anexo 14- Transcrição do Grupo Focal dos Adolescentes do 7º ano
• Q- Questão
• R- Resposta
Q- O que é para vocês um adolescente considerado normal? O que é para ti uma pessoa
anormal e uma pessoa normal?
R- Anormal?
R- Faço as coisas igual aos outros, vou a escola, venho para casa, jogo, como, bebo e vou
Dormir.
- Exato, exato
- Exato
186
- Eu quando caio rio-me, pronto..
não conseguem entener, banalizam o ser normal, como alguem que é adolescente
seguindo as rotinas Eiarias Ee ir á escola, ir para casa, jogar, comer, beber e Eormir. Mas
não se consideram todos iguais.
(consideram anormal o facto de rir do nada, ou cair e estar a doer muito a só ser rir)
Q- Pronto mas isso é normal, há pessoas que reagem numa situação a rir e outras reagem
a chorar, depende da personalidade de cada um.
Q- Vocês acham que são todos iguais?
R- Não (coro)
Q- É um bocaDo por aí, digam-me uma coisa, o que consideram comportamentos que são
fora da norma? Sabem o que é sair da norma?
(sair fora da norma é para o adolescente fazer coisas que por norma os pais não gostam.
Percebem e sabem que tipo de comportamentos não são bem aceites pela sociedade).
R- É sair do normal
- É ultrapassar os limites
Q- Isso é algo que não é propriamente visto como uma coisa bem-feita
-Beber álcool
R- Não (coro)
Q- Mais comportamentos que saem da norma para além dos que já fizeram?
187
R-Ultrapassar as leis
R-Chatear os pais
-Quando temos raiva e queremos partir tudo... (Parti um copo e não gostei nada.... o meu
irmão partiu para aí 4...)
-dizer palavrões
A-É (coro)
- Dizem que dizer palavrões faz bem... alivia o stress e liberta uma pessoa
Q- E no nosso dia a dia quais são os comportamentos, sem contar com os árbitros, que
vocês vivenciam na realidade, quais os que vocês têm que são fora da norma?
R-Chatear os pais
- Berrar do nada, porque falo muito alto e de repente elevo muito a voz e pronto
R- Os meus pais mandam fazer cenas tipo coisas lá em casa e eu não faço.
188
Q- Ok e tu o que fazes que sai da norma?
R- Digo palavrões
Q- Sabes o que é uma coisa que sai da norma? Estares a brincar com isto enquanto nós
estamos aqui num grupo focal
R-Exato
Q-Estudas pelas cábulas? Se tiveres um papel de resumo estás a estudar claro mas se as
usares... tu usas?
R- Às vezes
R- Não
- Eu acho que nos sentimos melhor se fizermos o teste por nós e tirarmos uma nota por
mérito próprio
189
Q- Acham que as cábulas resolvem o problema de não conseguirem aprender?
R-Não
(Percebem que comportamentos normalmente usam e sabem que não os devem fazer e o
motivo de tal, no entanto por vezes as cábulas alegam que é para se sentirem mais
confiantes ou usar o (Spinner) é para alívio de stress, mesmo que seja em plena aula.)
- Uma pessoa está atenta e outra chama para dizer coisas que não tem nada a ver com a
aula
- Imagine que estão a gozar com um colega ele vai ficar perturbaEo, é isso?
- Exato
(Não conseguem defenir o que é a P.C., referem que sabem "conheço mas não sei
explicar", sabem dar o seguinte exemplo "imagino" que estão a gozar com um colega ele
vai ficar perturbado.
– expliquei o que sgnificava o P.C. E quando entendem o conceito começam com
acusações entre eles.
190
a P. C. fora isso significa que têm comportamentos desajustados e que são fora da norma.
Este diagnóstico tem de ser dado por um médico.
- Por exemplo à beira do buffet tem um caixote do lixo e um rapaz deitou o lixo ao chão
- Insultar alguém
-Enervar-se
- Partir a mesa
- Ear cacetaEas
R- Às vezes
R- Quando estamos a jogar e eu perco fico muito enervado isto foi quando parti o copo
R-Não
191
- Quando estou a descansar na cama e me vêm chatear, tipo os meus irmãos
Quando estou a dormir e os meus pais me acordam para ir jantar ou me ligam para acordar
para vir para a escola
R- Não
- Outra coisa que nos pode levar ao limite é alguém dizer para fazemos isto e nós
fizermos que daqui a dois minutos vamos e nos manda ir fazer na hora
R- Mal
- Sinto-me enervado
- Fico chateado
Quando batem em alguém a sensação : " Mostram ter medo das consequências de partirem
para a discussão, mas no momento não pensam nisso."
Quando confrontados, para solucionarem um problema partem para discussão ou
conversam, os rapazes respondem prontamente partir para a porrada, já as raparigas
consideram que se deve sempre conversar.
192
Q- Que atitudes por parte Eos vossos pais vocês acham que vos leva a ultrapassar o vosso
limite?
-Quando estou a ver televisão e eles estão sempre a mandar fazer isto e aquilo
R- Entre eles, não gosto de os ver a discutir, não quero ter de escolher.
Quando estou a fazer algo que gosto e a minha mãe quer ir fazer outra coisa, aí isso
enerva-me tanto
R- Põem-me de castigo
Q- que atitudes por parte do grupo de pares vos levam a ultrapassar os limites?
R- andarem a dizer mal nas costas
estarem sempre a gozar
serem betinhos
Acharem que são os reis aqui Do sitio, pensarem que mandam em tudo(depois mostra-
lhes quem manda)
denota-se uma forma bastante revoltada de falar.
Demonstram também o sexo masculino serem os mais conflituosos e acham que na
porrada e que se resolvem as coisas é aí que se sabem quem é forte.
Parecem ter uma vontade enorme de se vingarem assim que acham que algo esta mal
(segundo o que eles acham)
193
R- Pânico, fico com muito medo porque posso apanhar com o chinela ou com a vassoura
-libertado
-Sinto-me mal
-Fixe
R- Sim, quando vem o gangue dos ciganos, eles depois chamam a tropa toda e fico
nervoso
R- Depende, às vezes
Q- Quando vocês têm um problema acham que partirem para a violência resolve a
situação?
R- Não
Q- Preferem conversar?
R- Sim
R- Ofendida
194
Q- Quando bates em alguém não sentes nada?
É verdade
R-(Responde outra) Eu por exemplo quando dou um estalo em alguém fico bem porque
acho que ela merecia mas depois sinto-me mal porque penso que ela era minha amiga e
que vai ficar magoada comigo
- sinto-me mal porque não estou aqui para dar um estalo a ninguém
R-Eu não
-Sinto que achei que mereceu mas depois arrependo-me e que há outras maneiras de
resolver as coisas
P.C.- exprinem com bastante naturalidade, a forma como se sentem, denota-se que os
rapazes são muito mais impulsivos. Decidem partir para a viloência achando ser a forma
mais fácil de se resolver o problema. As raparigas pensam mais na questão da amizade e
no afeto que entretanto têm pela pessoa que até lhes possa ter causado "algum mal".
R- Não (coro)
-A escola tá quieta
195
Conhecem-no como uma pessoa ruEe e que só sabe impor regras.
A-Sim, claro
Q- De que forma?
R- Apoiando-nos
-Avisarem os diretores de turma para eles terem uma conversa com a turma
Consideram que os pais são quem mais os ajudam e quem mais se preocupa com eles.
Mas ressaltam o facto de nem todos os pais serem assim “pais presentes”.
R- Do tipo explicam que agimos mal e que nos temos de desculpar perante os outros.
R- Sim, mas de vez em quando não ouvem a explicação e partem logo para a ação
Q- Vocês acham que os professores estão preparados para terem alunos com
comportamentos desajustados?
R- depende
A maioria revela que não, no entanto, um adolescente refere que muitos professores já
sabem lidar com estas situações por já estarem habituados.
Q- Vocês acham que os pais estão preparados para terem filhos com comportamentos
desajustados?
196
-Depende dos pais, porque são eles que dão a educação
-Há alguns que não querem saber dos filhos e depois eles são assim porque não têm
atenção dos pais
R – Não,
- mais ao menos
Alegaram o facto e existirem muito pais que não querem saber dos filhos e
consequentemente depois existem estas patologias como a perturbação do
comportamento.
Q- Que estratégias de intervenção devem ser implementadas na escola para ajudar estes
adolescentes
R-Câmaras de filmar
-Funcionários de intervenção
Q-Acham que devia de existir uma discussão como esta? Isto ajudaria a diminuir as
confusões?
A-Sim
R- Sim
Q-Gostam de castigos?
R- Não
197
demonstram que a presença dos pais e a educação destes é importante para o seu
desenvolvimento. Mostram que nem todos os pais são presentes e ajudam os filhos.
Afirmam que os castigos custam em ser aceites, mas devem ser dados pelos pais, pois
muito só aprendem dessa forma. É relatado o facto de muitos dos filhos só aprenderem
através de castigos e que os pais têm de ser severos, uma vez que eles são muito rebeldes.
198
Anexo 15 – Apresentação de dados das Entrevistas Exploratórias
199
Questão: Que balanço faz, da sua experiência ao longo destes anos a prestar serviços à escola,
do comportamento dos alunos?
Elementos Respostas Inferências
do Grupo
Focal
200
Questão: O que entende por Perturbação de Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
201
ligação direta com a lei ou que já
tenha registo. São situações que
já estão dentro dos quadros da
lei.”
202
Questão: A que se devem as situações de Perturbações de Comportamento dos alunos desta
escola?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
D “Famílias disfuncionais.”
203
o professor já não é visto como praticamente ser uma pessoa que está á
uma figura sábia, é uma pessoa mercê dos pais.
que está a mercê dos pais, e
O conceito de escola passou a ser o de
neste momento temos uma
educar os filhos e cuidar dos mesmos, tendo
grande dificuldade em educar
em conta que agora os pais “depositam” os
por parte dos pais, que é os
filhos na escola e esta tem de dar resposta a
meninos serem depositados na
todas as exigências dos pais.
escola, a escola tem que dar a
resposta que os pais acham que A falta de transmissão de responsabilidade
tem que dar, e depois quando aos adolescentes. Estes aprendem a viver
adolescente, e acabam por ter fizeste?”, não lhes é perguntado qual a sua
que ninguém diz, o que é que tu construir todo um conjunto de sintomas que
fizeste para isso ter acontecido, levam ao desenvolvimento da P.C.
qual foi a tua responsabilidade Os adolescentes inteligentes é que têm mais
na situação relatada.” tendência para se desviarem e isso acontece
204
por falta de acompanhamento externaliza através de agressões a si próprio
parental em condições.” como o de se cortar, passa a fazê-lo a
outros, torna-se agressivo com quem é mais
“Ditas ´famílias disfuncionais`,
próximo dele.
ajudam a construir todo um
conjunto de sintomas que levam
á construçao da P.C.”
“são meninos inteligentes, e
porque e que eles desviam é por
serem inteligentes.
Emocionalmente têm que se
fazer ver, tem que se fazer sentir,
se não se corta, não se belisca, e
então dispara em todas as
direções.”
205
Questão: Tendo em conta a sua experiência, o nº de adolescentes com Perturbações de
Comportamento, nesta escola, tem vindo a ser alterado?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
D “Sim tem vindo a ser alterando Tem sido alterado, mas para uma forma
por uma razão muito simples, positiva, pois agora os alunos deixaram de
quando cheguei cá a havia ter tanta liberdade.
comportamentos de
Com a ajuda de professores, alunos,
libertinagem, muito
funcionários e encarregados de educação, a
permissivos, desde aí temos
direção tem conseguido impor mais regras.
tentado com a ajuda dos
É conseguir mostrar aos alunos que sem um
encarregados de educação,
clima calmo e sagrado, não é possível
diretores de turma e corpo
obterem-se resultados de sucesso escolar.
docente, para que os alunos
percebam quem sem ter um
clima calmo não é possível
obter resultados escolares”
206
Questão: Os comportamentos dos alunos, relacionados com as Perturbações de
Comportamento, têm vindo a ser diferentes? Se sim, quais as diferenças que verifica nos
comportamentos?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
207
P “Sim existem diferença, acho Existem diferenças e estas estão bastante
que tem a ver com uma cultura relacionadas com o facto de o professor
de intimidade, ou seja, o não poder ser mais rígido, exercer um
professor não pode bater, ser sentido de punição mais forte.
mais rígido. Os Adolescentes
Esta situação pode provocar nos
sentem que tem poder de uma
adolescentes uma ascensão do ego, pois
sala de aula.”
passam a ter um sentido de impunidade,
“Mais graves, com cortornos
achando que nada lhes acontece e que
sociais mais complexos, com
serão sempre protegidos pelo sistema,
sentido de impunidade por parte
sentindo-se na liberdade de poderem fazer
dos adolescentes no sentido de
o que querem, quando querem sem que
acharem que nada lhes acontece
existe qualquer tipo de retaliações. Esta é
e que o sistema os protege
uma problemática grave e que tem
sempre, sentem que podem fazer
contornos sociais complexos, esta cultura
o que quiserem, quando
de intimidade que os adolescentes
quiserem sem existirem
decidiram tomar como adquirida, está a
retaliações. “
provocar grandes danos no controlo das
suas atitudes, seguindo as normas.
208
Questão: Nesta escola quais as consequências para os alunos que não cumprem regras?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
209
a acontecer era reportar ao Se voltasse a acontecer a mesma situação
psicólogo. Participação escrita ou alguma idêntica, reporta-se o
feita pelo professor ao qual foi acontecimento ao diretor de turma que
contacto com encarregado de através da participação escrita, transmite a
educação e dependendo a informação o encarregado de educação e
gravidade do comportamento, dependendo da gravidade da situação, esta
chegando à direção e terá de se é participada à psicóloga, para que esta
abrir um processo disciplinar, avalie e faça uma avaliação ao aluno para
uma intervenção direta do se perceber se existe alguma
diretor, para se agilizar algumas disfuncionalidade.
conversas com o encarregado de
Posteriormente, e de acordo com a
educação.“
gravidade do comportamento, a
participação quando chega à direção,
abre-se um processo disciplinar, existindo
uma intervenção direta com o diretor, de
modo a serem agilizadas algumas
conversas com o encarregado de
educação. Resolvida a situação, o aluno é
expulso onde pode durar até 8 dias, e
existe uma transferência obrigatória da
escola. Procedimento previsto na lei pelo
ministério da educação.
210
Questão: Qual o nº de processos disciplinares por ano/mês nesta escola?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
211
Questão: Que estratégias considera pertinentes para minorar as manifestações da Perturbação
de Comportamento nos adolescentes?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
“Quando existem
comportamentos desviantes é
contactado logo os pais pelo
diretor de turma.”
212
Questão: Nesta escola tem sido possível aplicar alguma(s) das estratégias?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
D “Quando existem
comportamentos desviantes é
Contactar os encarregados de educação
contactado logo os pais pelo
pelo diretor de turma, após algum
diretor de turma.”
comportamento desviante que o seu
“Informar os pais e encaminhá- educando tenha praticado.
los para o médico de família,
Os diretores de turma têm transmitido aos
psicólogo.”
pais que estes devem acompanhar os
“Mostrar que têm de filhos e ter bastante atenção ao seu
acompanhar os filhos e saber desenvolvimento escolar.
separar a relação familiar da
Em recurso SOS e se já se tiverem
escolar.”
aplicado todas as estratégias possíveis e o
“Existe o intercâmbio de problema não for solucionado, é feita uma
informação entre o diretor de reunião com a equipa multidisciplinar,
turma e encarregados de diretor de turma, encarregado de
educação.” educação, psicólogo e se necessário a
CPCJ.
“Se o problema não for
solucionado, ativar a equipa
multidisciplinar, diretor de
turma, encarregado de
educação, psicólogo e se
necessário a CPCJ.”
213
deles. Portanto se são aplicadas O diretor de turma é quem ainda aplica
algumas mudanças, ou algumas estratégias pois são estes quem
apresentadas algumas propostas tentam modificar estes comportamentos.
de alteração aceitas, mas tem
Quando apresentadas algumas propostas,
sempre uma negação, colocam
os pais que estão sempre a cobrar a escola
sempre limitações. Mais
por melhorias, são os primeiros a colocar
formação aos pais, aos
limitações e assim torna-se complicado
funcionários, para enquadrarem
efetuar na realidade alguma alteração.
estratégias de intervenção nestas
situações não existe.“
214
Anexo 16 – Apresentação de dados do Grupo Focal dos Profissionais
215
Questão: O que considera ser um adolescente “dito normal”?
Elementos Respostas Inferências
do Grupo
Focal
C “(…) é um adolescente que não demonstra É referido o facto de o
tendência para exibir comportamentos que adolescente não perturbar
incomodem, perturbem, nem desafiem nem incomodar o outro.
terceiros (…).”
“Um adolescente normal é um menino ou A adolescência é uma
menina que começa a ter opiniões sobre tudo. fase que divide o
CL
adolescente entre qual
(…) fase de dúvidas e paralelamente de quais são as certezas e
“certezas”, ainda que, por vezes, pouco quais são as dúvidas.
Essas incertezas levam o
fundamentadas.”
adolescente, por vezes a
acharem que já tem
opinião, mesmo que esta
ainda não seja a mais
fundamentada e credível.
M “(…) aquele que se integra na sociedade, Na fase da adolescência,
utilizando formas de vestir, a escolha de pares o adolescente por vezes
(…)” torna-se inseguro e
considera que para
pertencer ao meio social
onde está inserido, tem de
se vestir de igual forma
que os outros
adolescentes.
“É um ser humano que se encontra numa fase É um adolescente que se
de desenvolvimento bio-psico-social (...).” desenvolve de acordo
R
com o seu meio
biológico, psicológico e
social.
216
Questão: O que entende por Perturbação de Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
217
Questão: A que se devem as situações de Perturbações de Comportamento dos adolescentes?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
218
Questão: O tipo de comportamentos dos alunos, relacionados com as Perturbações de
Comportamento, tem vindo a ser diferente?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
219
comum próprio da
patologia
220
Questão: tendo em conta a sua experiência, o nº de adolescentes com Perturbações de
Comportamento, tem vindo a ser alterado? Em que sentido (para mais ou menos)?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
C “(…) tem vindo a crescer ao Com o ritmo do quotidiano que se tem vivido e o
longo dos anos, uma vez acesso fácil ao mundo virtual que os adolescentes
que, estes problemas são têm verifica-se que estes estão cada vez mais
mais frequentes quanto expostos a fatores de risco.
maior o número de fatores
de risco a que os
adolescentes tiverem a eles
associados.”
221
Questão: acha importante intervir junto dos adolescentes com Perturbação de
Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
222
Questão: Que estratégias considera pertinentes para minorar as manifestações da
Perturbação de Comportamento nos adolescentes?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
223
- mantenham contacto com a escola,
trabalhando em conjunto com os
professores.”
224
Questão: considera que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
CL “Não, embora haja cada vez a Sentem e admitem que existe uma
necessidade de existir essa necessidade de existir essa
preparação.” preparação.
225
Questão: considera que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
C “Os pais raramente estão preparados Na atualidade todos têm de ser “iguais”,
para terem e lidarem com filhos com a sociedade assim transmite e quando a
estas caraterísticas.” “diferença” surge, ou é desvalorizada ou
camuflada.
CL “Não, porque com o ritmo de vida O ritmo de vida leva a que os pais, não
nem sempre se consegue coordenar lhes permite proporcionar um momento
com o lidar/ compreender um de estar – presencialmente, o filho.
adolescente com essas caraterísticas.” Assim não se conseguem inteirar da
situação dos mesmos.
M “Não, porque os pais atualmente A falta de interesse dos pais para com os
também não sabem ter compromissos dos filhos foi referida,
comportamentos normais. Não sabem bem como a não preparação dos pais
educar.” para algo “diferentes”. Bem como a
postura que os pais passaram a ter, seja
como cidadãos não exemplares, não
cumpridores dos seus deveres para com
que a sociedade. Passando a não serem
os melhores educadores, não sabendo e
não cumprindo os próprios as regras.
226
Questão: que emoções verifica no adolescente quando este ultrapassa os limites?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
227
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
228
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os adolescentes
“ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Hoje os pais não sabem o que são O filho apenas será o espelho da educação
limites, como tal o filho apenas será que teve.
o espelho da educação que tem.”
229
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
C “(…) facto de ser uma pessoa Receio de serem humilhados, por não
influenciável e com medo de serem iguais aos líderes, de terem
exclusão do grupo cumprir com as gostos diferentes.
ordens do líder; humilhação (…).”
230
Questão: Os Pais/profissionais de educação têm formação no âmbito da P.C.?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
CL “A maioria não, mas existe essa Não têm formação mas sabem que
possibilidade.” existe essa possibilidade.
M “Nenhumas, a não ser que Não existe formação a não ser que
investigue por conta própria (…)” esta seja feita por conta própria.
231
Questão: Os Pais/profissionais de educação utilizam estratégias de Intervenção junto dos
adolescentes com P.C.?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
C “A maioria das vezes não, devido ao Não têm formação, logo não
facto de não terem formação no âmbito conseguem colocar em prática
da P.C. ou por receio e/ou medo dos estratégias, que fazem já parte da
comportamentos que podem advir intervenção
(…).”
R “Em muito poucas situações. Existe Poucas são as situações em que isso
muita falta de conhecimento para se acontece, uma vez que existe falta de
passar à ação.” conhecimento teórico, para poderem
passar à prática.
232
Questão: Que Estratégias de Intervenção ajudariam a diminuir as consequências de P.C.
de um Adolescente?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
233
Anexo 17 – Apresentação de dados do Grupo Focal Adolescentes 9º ano
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
“Não anda sempre a discutir.” Serem bons filhos e bons alunos, não
discutirem.
“Faz as coisas normais das
pessoas.”
234
Questão: Quais considera ser os comportamentos que saem da norma?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
235
Questão: Que comportamento dito “fora da norma” tem praticado mais frequentemente?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
F “As horas, dizem à meia noite Verifica-se que as raparigas, têm uma
quero-te em casa e eu só maior imposição de horários,
cheguei á uma ou duas relativamente a saídas à noite que os
(raparigas a falar) e o rapazes.
adolescente anterior ri-se e diz
Os rapazes quebram mais facilmente às
o quê , então, já ultrapassei os
regras sem receio das consequências. As
meus limites.
raparigas relatam com mais receio as
situações e o medo que sentem das
advertências que possam vir a sofrer.
236
Questão: O que considera ser a Perturbação do Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
Questão: Quais considera ser o(s) comportamento(s) que o Adolescente tem, para lhe ser
diagnosticado a Perturbação do Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
F “Gozarem com os que são Fazem chacota dos adolescentes que não
diferentes e mais fracos.” seguem as “modas” deles, ou que têm
algum problema.
“Partirem cacifos.”
Partirem os cacifos que são preciosos
“Destruírem coisas aqui na
para todos os alunos, bem como outro
escola.”
material que está na escola para servir os
“Tratarem mal os professores.” alunos.
237
Tabela 5: Questão 5 do Grupo Focal Adolescentes 9º ano
Questão: Que situações conduzem o adolescente a ultrapassar “os limites”? (Porque quebram
as regras)?
F “Sofrer de bullying”
referenciou uma adolescente e
A adolescentes que relatou este episódio
descreveu a situação pela qual
estava com voz de chorar e caíram-lhe
passou. E, entretanto, um
lágrimas, mas ao mesmo tempo ria-se ainda
adolescente descreveu a sua
se denota uma sensibilidade e mágoa quanto
própria situação.
ao assunto porque ao longo do grupo de
“Porque estão fartos da discussão esta referência muitos exemplos
rotina.” com base neste acontecimento).
238
Questão: como se sente quando é levado ao limite?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
239
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
240
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os adolescentes
“ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
“Eles dizem que não pais para aprenderem o que é viver, para
conhecemos o mundo lá fora, saber o que é cair, levantar,o que é lutar. Mas
mas não nos deixam conhecer.” não o fazem porque os pais nãos lhes dão
liberdade.
“Os pais devem dar mais
Outros adolescentes refere so nos deixam vir
liberdade que o que dão.”
para a escola e eu dispenso.
241
Tabela 8.1: Questão 8.1 do Grupo Focal Adolescentes 9º ano
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
242
Questão: Que emoções nutre após quebrar uma regra? (terem um comportamento “fora
da norma”)?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
243
Questão: Considera que o facto de ter comportamentos desajustados nas situações já
anteriormente focadas, o leva a resolver essa situação?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
244
Questão: Considera que a escola o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
M “Os funcionários não ajudam.” Não sentem apoio dos funcionários e dos
professores.
“Os profs. não têm tempo.”
Questão: Considera que a família o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
245
Questão: Acha que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas? (Motivo?)
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Não.”
246
Questão: Acha que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
(Motivo?)
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
247
Questão: Que Estratégias de Intervenção ajudariam a diminuir as consequências de P.C. de
um Adolescente?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
248
uma reunião como a de hoje
que ouve com você é assim
com o diálogo que se resolve as
coisa, e para quem tinha Existir uma presença mais assídua do
problemas ajudava muito. diretor e não tanto o afastamento que este
249
Anexo 18 – Apresentação de dados do Grupo Focal Adolescentes 7º ano
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Faço as coisas igual aos outros, vou Para eles o ter uma rotina pré-
a escola, venho para casa, jogo, estabelecida pela sociedade, cumprindo
como, bebo e vou dormir.” com as necessidades básicas e ser “igual
aos outros”, é ser normal.
F “Ter normal tem uma rotina diária.” Ter uma rotina diária.
250
Questão: Quais considera ser os comportamentos que saem da norma?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
“Ultrapassar as leis.”
251
Questão: Que comportamento dito “fora da norma” tem praticado mais frequentemente?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Dizer palavrões.”
“Os meus pais mandam fazer cenas “Dizem que dizer palavrões faz bem...
tipo coisas lá em casa e eu não alivia o stress e liberta uma pessoa.”, foi
faço.” uma expressão captada de um adolescente,
este descreveu na perfeição algo que não
“Levar cábulas para os testes ou
se deve realmente fazer utilizando palavras
telemóvel.”
que nós já escutamos do tempo dos nossos
“Usar o spinner durante a aula.” avós.
252
Questão: O que considera ser a Perturbação do Comportamento?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
Questão: Quais considera ser o(s) comportamento(s) que o Adolescente tem, para lhe ser
diagnosticado a Perturbação do Comportamento?
M “Insultar alguém”
F “Chamarem a atenção e
continuarmos a falar (…).”
As raparigas mostram-se são mais
“Estar a fazer uma coisa que ponderadas e dão exemplos de regras que
não é correta e continuar (…).” são quebradas frequentemente, a nível de
valores morais.
253
Questão: Que situações conduzem o adolescente a ultrapassar “os limites”? (Porque
quebram as regras)?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
254
Questão: Como se sente quando é levado ao limite?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
255
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos professores que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
256
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte dos pais que pode(m) estar na base de os adolescentes
“ultrapassar os limites”?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Quando me metem de
castigo.”
O confronto de opiniões e o facto dos pais
“estou a ver televisão e eles nem sempre satisfazerem os
estão sempre a mandar fazer desejos/interesses dos filhos..
isto e aquilo (…).”
257
Questão: Qual a(s) atitude(s) por parte do grupo de pares que pode(m) estar na base de os
adolescentes “ultrapassar os limites”?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
258
Questão: Que emoções nutre após quebrar uma regra? (terem um comportamento “fora da
norma”)?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Libertado.”
259
Questão: Considera que o facto de ter comportamentos desajustados nas situações já
anteriormente focadas, o leva a resolver essa situação?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
260
Questão: Considera que a escola o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
261
Questão: Considera que a família o auxilia em situações deste género? (alunos que têm
comportamentos desajustados).
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
“Castigarem-nos, quando
fazemos algo mal.”
262
Questão: Acham que os professores estão preparados para terem alunos com estas
caraterísticas?
Elementos do
Grupo Focal
Respostas Inferências
F “Depende do professor.”
263
Questão: Acha que os pais estão preparados para terem filhos com estas caraterísticas?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
264
Questão: Que Estratégias de Intervenção ajudariam a diminuir as consequências de P.C. de
um Adolescente?
Elementos
do Grupo
Respostas Inferências
Focal
M “Câmaras de filmar.”
265