Febre
Febre
Febre
ÍNDICE
RESUMO .......................................................................................................................... 4
ABSTRACT ...................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 8
TERMORREGULAÇÃO.................................................................................................. 9
1. Introdução .................................................................................................................. 9
2. Mecanismos Aferentes de Termorregulação ............................................................. 9
3. Mecanismos Eferentes de Termorregulação ............................................................ 11
3.1. Termogénese ..................................................................................................... 11
3.1.1. Ativação do Metabolismo Energético ............................................................ 12
3.1.2. Vasoconstrição e Contração Muscular ........................................................... 13
3.2. Termólise ........................................................................................................... 14
3.2.1. Condução ........................................................................................................ 15
3.2.2. Radiação ......................................................................................................... 15
3.2.3. Evaporação ..................................................................................................... 16
3.2.4. Conveção ........................................................................................................ 16
4. Variações da Temperatura Corporal Fisiológica ..................................................... 17
5. Alterações da Temperatura Corporal com Termorregulação Normal ..................... 20
5.1. Hipertermia ................................................................................................... 20
5.1.1. Cãibras ....................................................................................................... 21
5.1.2. Esgotamento por Calor .............................................................................. 21
5.1.3. Golpe de Calor .......................................................................................... 21
5.2. Hipertermia Maligna ..................................................................................... 22
FEBRE ............................................................................................................................ 23
1. Introdução ................................................................................................................ 23
2. Fisiopatologia .......................................................................................................... 24
3. Importância da Febre ............................................................................................... 29
4. Períodos de Reação Febril ....................................................................................... 30
5. Síndrome Febril ....................................................................................................... 30
5.1. Particularidades das Síndromes Febris .............................................................. 31
5.1.1. Aumento Persistente dos Valores de Temperatura ........................................ 31
5.1.2. Sinal de Faget ................................................................................................. 31
1
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
2
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
3
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
RESUMO
A febre é um sinal clínico frequente, que está presente numa vasta gama de doenças. Neste
implicados na resposta febril, bem como os tipos de febre e suas manifestações clínicas em
diferentes contextos patológicos, com o objetivo de alertar para a utilidade da inclusão destes
4
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
ABSTRACT
Fever is a common clinical sign, which is present in a wide range of diseases. In this review
article, the physiological mechanisms and the endogenous and exogenous determinants of
thermal homeostasis of the human being have been described. It addressed the
pathophysiological processes involved in the febrile response, as well as the types of fever and
attention to the usefulness of including these data in the diagnostic and prognostic approach of
5
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
INTRODUÇÃO
assegurada pelo recurso a mecanismos fisiológicos que nos permitem manter variáveis
independentemente das alterações do meio interno e do ambiente que o rodeia. Este estado de
Esta regulação é possível graças a estruturas do sistema nervoso central, que integram estímulos
A febre é um sinal clínico que consiste na elevação da temperatura corporal acima dos
valores normais, por aumento do ponto de ajuste térmico hipotalâmico, numa tentativa de
preservar a integridade do organismo face a uma aparente ameaça. Este sinal perfaz cerca de
30% das consultas pediátricas, e 20% das queixas em serviços de urgência, na população em
geral 1. Estima-se que esteja presente em 29 a 36% dos doentes hospitalizados por diferentes
patologias 2 e que ocorra em quase 50% dos doentes no momento de admissão em unidades de
neoplasias, lesão tecidual, entre outros, através da produção de substâncias pirogénicas por
corporal para novos valores é definida pelo sistema nervoso central na resposta a estes
estímulos.
6
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Contudo, a febre não se define apenas em termos quantitativos. Existem causas por
vezes não identificáveis, doenças do sistema nervoso, infeciosas, distúrbios genéticos e outros
que definem as suas variáveis, desde a sua forma de início e término, súbito ou gradual, à
intensidade, leve a alta, à duração, mais ou menos extensa, e ao modo de evolução no tempo,
prognóstico. Com base neste pressuposto, o objetivo deste trabalho de revisão é a caracterização
dos processos implicados na homeostasia térmica e na resposta febril, bem como a caraterização
da febre na clínica.
7
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
MATERIAIS E MÉTODOS
A revisão da literatura que serviu de base a este trabalho foi feita com recurso à
utilizou-se a estratégia da pirâmide dos 5 S’S (Sistemas, Sumários, Sinopses, Sínteses, Estudos
doenças nas quais esses padrões estão presentes, apresentações clínicas específicas e
caraterísticas de febre em diferentes doenças. Na mesma área de estudo foram excluídos artigos
A pesquisa de artigos foi filtrada para a língua inglesa e realizada durante os meses de
Novembro de 2014 e Janeiro de 2015, com utilização de artigos e livros publicados entre 1991
e 2015.
8
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
TERMORREGULAÇÃO
1. Introdução
Todo o animal homeotérmico se define como o ser capaz de manter a sua temperatura
corporal num intervalo relativamente estreito de valores, através do equilíbrio entre produção,
rodeia 5.
periférica (músculos e pele) é habitualmente inferior à nuclear em cerca de 2ºC a 4°C 5 e está
homeostasia corporal 4.
termorrecetores periféricos e centrais, passando por vias aferentes, pelo sistema nervoso central
que é responsável pela receção e integração dos sinais térmicos, e por vias eferentes.
com corpos celulares localizados nos gânglios das raízes dorsais da medula espinhal e no
neurónios são constituídos por fibras C e fibras Aδ (Tabela 1) 9,10, responsáveis pela transmissão
9
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
termosensíveis é possível porque estes contêm recetores de potencial transitório (TRP) térmico,
que são canais de catiões transmembranares. Os TRP fazem parte de uma família de TRP que
TRPV2, TRPV3, TRPV4), do tipo melastatina (TRPM8) e do tipo anquirina (TRPA1), que são
informação sobre a temperatura central 13. Desta forma, a informação térmica proveniente de
diferentes tecidos é recebida e transmitida para a medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo,
hipotálamo anterior está em proximidade com o pavimento do terceiro ventrículo e nesta região
10
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
10
contacto com substâncias existentes na corrente sanguínea . A variação de temperatura na
região hipotalâmica não excede os 0,2ºC a 0,4°C em situações não patológicas 14.
A elevação da temperatura ocorre, através das vias eferentes, por mecanismos de defesa
instinto de remoção de roupa e procura de locais frios, que permitirão a perda de calor e
hipotálamo e o córtex cerebral 4, são mais efetivas do que as defesas autonómicas, e são as
3.1. Termogénese
muscular.
11
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
resultam na produção de calor endógeno, de forma constante. Para acentuar este processo, o
hipotálamo estimula o sistema nervoso simpático, que por sua vez estimula a libertação de
hipotálamo liberta-se também, de forma mais lenta, a hormona libertadora da TSH (TRH), que
estimula a hipófise anterior a libertar a hormona estimuladora da tiróide (TSH), sendo que a
última estimula a libertação de tiroxina na hipófise. A tiroxina irá atuar sobre a medula
aplica-se sensivelmente até aos 10 anos de idade, já que a sua presença diminui ao longo da
vida. Após a infância, o tecido adiposo castanho não é identificável nas regiões abdominal
anterior, inguinal e interescapular, e pode não existir em qualquer local do corpo humano aos
12
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
febre.
dedos das mãos, pés e orelhas 7 têm um efeito marcado na temperatura central ao permitir que
o calor metabólico se mantenha no corpo a nível central, em vez de ser transferido dos braços
e pernas para o meio ambiente, de acordo com a segunda lei da termodinâmica. O diâmetro
destes shunts, em média de 100 µm, é cerca de 10 vezes superior ao dos capilares,
proporcionando uma afluência de sangue que pode representar até 30% do débito cardíaco 7. O
limiar para a contração de um shunt é habitualmente de cerca de 37°C e podem encerrar-se face
eletromiográfica rápida, com manifestação clínica durante a sua fase intensa. Tendo origem na
região pré-ótica do hipotálamo, sinais eferentes são transmitidos para o fascículo medial
estimulação contínua pelo frio, os neurónios motores são recrutados na ordem de tamanho
crescente, primeiro os neurónios motores pequenos ɣ, seguidos pelos neurónios motores tónicos
gerar calor à medida que os recetores de temperatura cutâneos são estimulados e originam
13
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
corporal aumente 15. Este mecanismo pode aumentar em 4 a 5 vezes a produção de calor normal
7
.
primeiro ano de idade o ser humano utiliza os dois processos. Nos idosos a resposta é a mesma
até por volta dos 80 anos, mas após esta idade o limiar para desencadear tremores é cerca de
35ºC 15.
3.2. Termólise
A termólise é o processo pelo qual ocorre dissipação de calor do corpo humano para o
ambiente. Ocorre principalmente através da superfície da pele e da mucosa das vias respiratórias
A maioria do calor é produzido nos órgãos e tecidos, com realce para o cérebro, fígado,
principalmente pelo sangue, para a superfície corporal, arrefecendo à medida que se aproxima
da superfície e reaquecendo no trajeto oposto 21. A condução de calor através do sangue para a
superfície corporal é regulada pelo sistema nervoso simpático, que controla o grau de
vasoconstrição das arteríolas e das anastomoses arteriovenosas que fornecem sangue aos plexos
venosos da pele 7. Esta transferência é dificultada pela pele e tecidos subcutâneos, cujas
14
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
papel marcado na conservação de calor dado que conduz apenas um terço do calor dos tecidos
3.2.1. Condução
corporais para os corpos do meio ambiente 4, quando entre eles exista um gradiente térmico 21,
sendo que a velocidade e a quantidade de calor transmitida está relacionada com a diferença de
meio externo, a condução tem um papel secundário, que representa 3% da dissipação de calor
corporal 7, já que o contato direto com superfícies por unidade de área corporal é reduzido,
sendo mais relevante quando o indivíduo se encontra em decúbito dorsal. O papel do ar que
rodeia o organismo neste tipo de condução é irrelevante, pela sua densidade reduzida, ao
21
contrário da água, que torna o processo mais eficaz . Constitui o método de transferência
3.2.2. Radiação
A perda de calor por radiação para o meio ambiente ocorre através de ondas
ambiente, que tem de ser menor do que a do corpo para que ocorra uma perda de calor.
15
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
3.2.3. Evaporação
da ventilação pulmonar, por conversão de água da forma líquida para a forma gasosa, através
da pele e mucosas do trato respiratório superior (perdas insensíveis). Deste mecanismo resulta
a perda de mais de 0,5 L de água por dia com gasto energético, já que a transformação de 1L
de água em gás requer o consumo de 580 kcal 21. O processo ocorre numa relação inversa com
o grau de humidade do ambiente, através das glândulas sudoríparas e sob controlo do sistema
corpo não perderá calor suficiente ou até o absorverá do ambiente. Neste caso, o único processo
3.2.4. Conveção
É o fenómeno pelo qual o corpo, com maior energia térmica que o meio ambiente (ar)
transmite calor através das correntes de ar que circundam a pele 21, dependendo esta dissipação
transferência de calor do corpo para o ambiente de forma sucessiva. Num indivíduo despido,
16
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Concluiu-se que, à temperatura ambiente (de 21ºC a 23ºC), um corpo humano com 70
Kg produz cerca de 84 W (Watt) ou 84 J/s (Joule por segundo) de taxa metabólica basal. Destes
de alterações patológicas que podem afetar a temperatura corporal. Todavia, há variáveis que
podem merecer uma adaptação dos valores considerados normais numa medição de temperatura
corporal (Tabela 3). Estas variáveis podem ter menos influência, como o género e a temperatura
ambiente ou pelo contrário ter uma maior influência como a idade, o ritmo circadiano, estado
pós-prandial, o exercício físico, a gravidez, alterações endócrinas, bem como o local do corpo
temperatura matinal nas mulheres adultas comparativamente aos homens, mas outros estudos
17
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
menstrual tem influência na temperatura corporal, sendo a temperatura cerca de 0,5ºC superior
após a ovulação 4.
Alguns estudos apontam para uma diminuição gradual da temperatura média com a
idade 1, sendo que os idosos apresentam temperaturas basais mais reduzidas face a idades mais
jovens 4, com um valor médio de 36,4ºC após medição oral 23. A diferença deve-se a alterações
quase 1ºC, em torno dos 37ºC, com a temperatura máxima a ocorrer a meio da tarde e a mínima
retal média depois de anoitecer é a mais alta (37,0ºC-37,2°C) e pode diminuir mais de 1°C
durante o sono. A temperatura média fisiológica dos adultos varia entre os 36,4ºC-36,5°C
de bebidas quentes ou frias pode ter um efeito semelhante, durante um curto período de tempo
1
.
Durante o exercício físico moderado as temperaturas retais podem variar entre os 37,5ºC
18
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
temperatura oral e também é superior em 98% dos casos às temperaturas medidas na axila, entre
0,7º a 0,8°C. As temperaturas orais e axilares são mais utilizadas pela sua conveniência prática
1,16
.
central em procedimentos não invasivos 1. Estas são medidas por uma sonda que utiliza
infravermelhos para detetar o calor transmitido pela região da membrana timpânica e deslizando
a sonda sobre a testa na horizontal até à região posterior ao lóbulo da orelha, respetivamente
24,25
.
medição de temperatura na prática clínica é pouco explorada, em grande parte devido ao seu
custo monetário. O método gold standard para medir a temperatura central é o sensor de
resultados precisos.
orais e axilares, os resultados obtidos por estes métodos deveriam ser interpretados com
precaução 3.
19
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
patológicos em que ocorre aumento da temperatura sob circunstâncias distintas deste sinal
clínico.
5.1. Hipertermia
acima de 38ºC, sem alteração do ponto de ajuste hipotalâmico e sem a atuação de agentes
indutores de um estado febril 16. Deve-se a uma deficiência nos mecanismos de termorregulação
20
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
5.1.1. Cãibras
sudação intensa. Ocorrem em músculos sob maior atividade, sendo frequentes no contexto de
como idade avançada, exercício intenso, temperatura elevada, ambiente com alta humidade e
pouco vento. Os valores de temperatura central são mantidos ou sofrem um ligeiro aumento 4.
síncope, devido a hipovolemia. Com menor frequência podem ocorrer cefaleias, irritabilidade
No golpe de calor a temperatura sobe acima dos 40ºC. A par com um clima quente e
térmico e das citocinas pró-inflamatórias, o golpe de calor resulta de uma resposta inflamatória
de fase aguda com aumento da temperatura nuclear sem alteração do ponto de ajuste
21
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
órgãos e necrose isquémica, desidratação com pele seca e quente, citotoxicidade por
e produção de ácido láctico 4 e dióxido de carbono 5. Desta forma, o quadro clínico compreende
hipercapnia (em cerca de 38% dos doentes) 5, taquicardia sinusal (31%), espasmo do masséter
(20,8%) e aumento súbito de temperatura ou temperatura superior a 38,8ºC em 8,2% dos casos
5
, podendo contudo a temperatura progredir para 43ºC, a uma média de 1ºC por cada 5 minutos
4
. Podem ocorrer também disritmias cardíacas, hipotensão, paragem cardíaca, inconsciência,
22
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
FEBRE
1. Introdução
natural adaptativa e sistémica a um evento de stress fisiológico 3,28, que recorre a mecanismos
10
neuronais, endócrinos e autonómicos para realizar um acerto da temperatura corporal para
um valor de temperatura média fisiológica mais 2 vezes o seu desvio-padrão (DP) acima da
Existem relatos da presença e variação da febre nas culturas Persa, Grega e Romana 27.
terá inventado o primeiro termómetro, que utilizava o ar como meio de expansão e em 1604-
1618 foi, pela primeira vez, descrito na literatura o termómetro como meio de medição da
temperatura por Sanctorius 30. No início do século XVIII já era possível uma medição precisa
dos valores de temperatura. Nesta época Newton e Fahrenheit desenvolveram termómetros que
utilizavam óleo de linhaça e mercúrio, respetivamente 30. A partir do século XIX e graças aos
estudos de cientistas como Ott, Aronsohn, Sachs, Liebermeister e Lavoisier concluiu-se que a
febre seria causada por substâncias específicas, sendo a sede da sua regulação cerebral 31. Nas
últimas décadas do século XX ocorreram dois avanços importantes no estudo da febre: o recurso
23
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
2. Fisiopatologia
As causas de febre são amplas e variadas, como por exemplo infeções, neoplasias,
indução da síntese de pirogénios endógenos, após serem fagocitados por leucócitos sanguíneos,
nível dos receptores toll-like (TLR), proteínas expressas por células do sistema imune, que na
24
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
três regiões com sequências específicas de aminoácidos que permitem a ligação de proteínas
intracelulares, que fazem parte das vias de sinalização mediadas pelos TLR (Tabela 6) 32,33. A
conduz à ativação de uma cascata inflamatória, que culmina na produção de fator nuclear-ҡB
(NF-ҡB), uma molécula inflamatória ubiquitária que conduz à produção de mais citocinas
25
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
1-β (IL-1β), interleucina-6 (IL-6), interferão α (IF-α), fator de necrose tumoral α (TNF-α) e o
fator de necrose turmoral β (TNF-β), sendo o último também denominado linfotoxina (Tabela
7) 3,14,29. Estas citocinas são necessárias para provocar um aumento e manutenção da alteração
infeção por uma bactéria ou vírus ocorre um aumento de 20 a 100 vezes o seu valor, em 30 a
90 minutos 31,34. Esta citocina é uma importante molécula sinalizadora entre células do sistema
cicloxigenase-2 (COX-2), que por sua vez produz prostaglandina E2 (PGE2). Na sua
sinalização, a IL-1 usa os mesmos domínios moleculares e as mesmas vias de sinalização dos
por pirogénios exógenos, e tanto os pirogénios endógenos como os exógenos podem estimular
a síntese de prostaglandinas.
A PGE2 produzida é transportada na corrente sanguínea e liga-se aos seus recetores nos
neurónios hipotalâmicos: EP1 e EP3. Desta forma, a PGE2 altera o “set-point” térmico
26
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
hipotalâmico. Neste processo, o subtipo EP3 poderá ter um papel regulador importante, dado
(COX-2) e pela sintetase-1 microssómica de PGE2. A PGE2 é detetada pelos seus recetores nos
neurónios pré-óticos do hipotálamo, que por sua vez estão em contato com as regiões do cérebro
responsáveis pela conservação e geração de calor 34. Neste processo a PGE2 induz, através da
produção endógena de calor, por forma a se atingir a nova temperatura corporal ajustada pelo
hipotálamo 29.
Contudo, a febre induzida pelo LPS inicia-se antes das citocinas pirogénicas serem
detetadas na circulação e antes do aumento de expressão das enzimas COX-2, responsáveis pela
produção de PGE2 no hipotálamo, o que nos leva a admitir a existência de outras vias de
indução de febre, como por exemplo, as vias de sinalização neuronais 3. Numa proposta mais
complemento C5a, promove a libertação de PGE2 por esta célula. A PGE2 estimula aferentes
vagais que transmitem a mensagem pelo nervo vago ao núcleo do trato solitário no tronco
temperatura. O aumento resulta, numa fase inicial, da ativação do recetor adrenérgico α-1 (AR
α-1), numa via PGE-independente e que se acompanha clinicamente por tremores e arrepios.
27
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
α-2, que resulta num aumento na produção de PGE2 via COX-2. Este fenómeno está associado
a um aumento mais prolongado da temperatura central do que a via que conduz ao aumento de
citocinas antipiréticas estão representadas pelo receptor antagonista da IL-1 (IL-1 RA), IL-10 e
a proteína ligante do TNF-α (TNF-α BP). A dissociação de recetores como o da citocina IL-6
(IL-6R) e o recetor do TNF tipo 1 (TNF-RI), que resulta no bloqueio da ativação de células
alvo por estas citocinas pirogénicas, é outro mecanismo importante de controlo antipirético 3.
28
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Mas os antipiréticos endógenos não representam o único mecanismo pelo qual células
se protegem contra os efeitos da febre. As proteínas de choque térmico (HSP), que as células
toxinas químicas) interagem com proteínas vitais desnaturadas para as preservar ou promover
a sua eliminação da célula. As HSP estão subdivididas segundo o seu peso molecular, sendo a
dos 40ºC de temperatura corporal ocorre aumento significativo do risco significativo de lesão
celular irreversível 28. A partir dos 41 a 42ºC de febre existe lesão das células neuronais 29
ea
partir dos 45ºC ocorre destruição celular alargada e a termorregulação cessa 28.
3. Importância da febre
revelaram que o aumento provocado da sua temperatura corporal aumentou a resistência dos
Num estudo retrospetivo de 218 doentes com bacteriemia por agentes gram-negativos
observou-se uma relação positiva entre temperaturas máximas diárias mais elevadas e uma
que não desenvolveram febre revelaram taxas de mortalidade superiores aos que desenvolveram
29
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
febre e, noutro estudo, em unidades de cuidados intensivos, doentes com infeção invasiva por
Candida e temperaturas corporais inferiores a 36,5ºC tiveram uma taxa de mortalidade superior
caracteriza-se por fadiga e mal-estar geral, mialgias e cefaleias, a par com vasoconstrição e
piloereção. A fase de calafrios ocorre com tremores até que seja gerada a quantidade de calor
necessária para atingir, de forma progressiva, a temperatura reajustada pelo hipotálamo. Segue-
se a fase de rubor com vasodilatação cutânea, numa tentativa de dissipar calor, e a fase de
defervescência que se inicia por sudação, complementando a dissipação de calor para o regresso
valores normais de temperatura. A fase de defervescência pode ocorrer por crise, quando se
verifica uma descida abrupta, em horas, ou em lise, quando ocorre progressivamente, ao longo
5. Síndrome Febril
A febre não é um sinal isolado, faz parte de uma síndrome que pode incluir vários
sintomas e sinais que resultam da resposta de fase aguda, com produção de citocinas
30
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Esta síndrome associa-se a um aumento de 13% da taxa metabólica por cada aumento de 1ºC
O aumento persistente dos valores de temperatura no doente febril pode em vários casos
ser associada à gravidade da doença, como por exemplo na shigelose (ou disenteria bacilar), na
infeção pelo vírus dengue ou numa infecção complicada pelo Plasmodium falciparum, sendo o
Herophilus, séculos IV a III a.C, terá sido o primeiro a relacionar a alteração do pulso
27
com a febre . A importância da relação fisiológica pulso-temperatura é habitualmente
canais de cálcio, um pulso inferior ao apropriado para um dado grau de temperatura é designado
31
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
significado diagnóstico relevante em doentes febris pois pode ocorrer na febre tifóide,
realce para lesões que afetem o lobo frontal 39. A causa dever-se-á a lesão do hipotálamo com
envolvem o aumento local de citocinas inflamatórias, com agravamento das lesões iniciais e
ausência de transpiração e com curvas de temperatura elevadas “em planalto”, sem variação
diurna, que permanecem inalteradas durante dias ou semanas e que resistem a medicação
antipirética.
temperatura pode surgir em 50% dos doentes após AVC e em 60% dos casos de AVC isquémico
40,41
agudo, após 72 horas do início do mesmo . Num estudo efetuado em doentes com AVC
isquémico que desenvolveram febre, a temperatura máxima ocorreu em média cerca de 35,5
horas após o início do enfarte, numa população de doentes que estavam, na sua maioria,
32
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
várias formas de apresentação. Pode ser isolada, persistente, recrudescente, inexplicável, com
sendo observada uma só vez, sem associação a inflamação das mucosas orais, ou com uma
temperatura superior a 38°C observada durante 12 horas e que não está associada
temporalmente a causas não-infeciosas de febre. A forma persistente carateriza-se por não ceder
a pelo menos cinco dias de terapêutica antibiótica de largo espetro. Na forma recrudescente o
inexplicável não é encontrado um agente infecioso ou um foco clínico. A febre com infeção
microrganismo, como por exemplo uma cárie. Por fim, a síndrome reconstituição mieloide é
definida pelo aparecimento recente ou pelo agravamento de sinais e sintomas consistentes com
33
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
mais de 3 semanas com temperatura superior a 38,3ºC e que não apresenta diagnóstico após
uma semana de esforço diagnóstico. Na população pediátrica as definições são mais vastas, por
exemplo: temperatura igual ou superior a 38,3ºC sem outros sinais ou sintomas clínicos
associados durante cinco a sete dias e a febre igual ou superior a 38,5ºC em mais de quatro
ocasiões durante duas ou mais semanas, acompanhada ou não de investigação médica 44.
No primeiro ano de vida, a infeção respiratória é a causa mais comum de febre sem outra
causa específica 18. Após os 12 meses e até à idade adulta as infeções continuam a ser a principal
neoplasias baixa. Nos adultos, 40% dos casos têm como base processos infeciosos, 20%
doenças inflamatórias ou distúrbios do colagénio, em outros 20% a causa não se descobre por
45
um período de tempo prolongado e em 8% é causada por neoplasias . Entre as infeções as
principais causas são abcessos, endocardite, tuberculose e ITU. De entre as neoplasias malignas
neoplasias coloretais. No que diz respeito a doenças do tecido conjuntivo a artrite reumatóide
34
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
enquanto nos doentes idosos a arterite temporal e a polimialgia reumática são mais prevalentes
18
.
intravasculares 18.
Ocorre quando uma criança desenvolve, durante um curto período de tempo, mais do
que uma doença que cursa com febre. A febre resolve num período de tempo expetável de
acordo com a causa mas há persistência de sintomas vagos, intercalados com a perceção de
temperaturas febris isoladas e percepção de que a criança não está recuperada totalmente. Este
quadro pode ocorrer repetidamente, dando a impressão de que a criança tem uma ou mais
como perda de peso e astenia na altura da primeira doença, a existência de disfunção cognitivo-
35
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
As convulsões febris são a urgência neurológica da infância mais comum. A febre está
inflamatórios que influenciam a excitabilidade neuronal, mutações nos genes que codificam
canais de iões associadas este fenótipo, e alterações na ventilação pulmonar induzida pela febre
46
.
de exclusão, não se associando aos sinais típicos de doença infeciosa. A elevação da taxa de
sedimentação eritrocitária e da proteína C reativa (CRP) são comuns e a febre tende a não
36
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
crianças e o contexto é de febre superior a 39ºC, com resposta de fase aguda, sinais
precipitante que resulta numa resposta imune exagerada, como por exemplo vacinação,
periodontal.
prazo 50.
Existe um grupo de oito síndromes hereditárias bem estudados nesta categoria, que se
acne (PAPA); síndrome de Blau (BS); síndrome periódica associada ao recetor TNF (TRAPS)
inflamatórios como pleurite, peritonite, pericardite, mialgia, artralgia, artrite e lesões cutâneas
espontaneamente 51.
37
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Os valores expectáveis de febre são distintos nas diferentes faixas etárias. Os recém-
nascidos podem não desenvolver febres altas, mesmo face a infeções graves, e podem
manifestar valores altos de temperatura face a infeções menos graves 1. Isto ocorre porque, nos
porque o seu sistema nervoso central e periférico é imaturo na resposta homeotérmica 29. Entre
durante o 3º mês de vida 2 DP acima da média atinge cerca de 38,2°C. Entre os 3 e os 4 meses
de idade o limite superior da temperatura retal normal é 37,8°C, valor mantido durante o
primeiro ano de vida. Após os 12 meses de idade os valores de temperatura retal correspondem
existência de febre pode-se definir por temperaturas orais iguais ou superiores a 37,2ºC,
38
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
temperaturas retais persistentes acima de 37,5ºC, ou ainda por um aumento igual ou superior a
1,3ºC nos valores de temperatura basais normais do idoso. Os valores de temperatura febril no
termorreguladoras por declínio das funções vasomotora de sudação, a par com a ineficiência na
A febre em viajantes regressados tem como causas mais frequentes a infeção por malária
34 53
, hepatite viral , infeção do trato respiratório (trato respiratório superior, pneumonia e
54 55 56
bronquite), infeção do trato urinário, disenteria, dengue , febre entérica , tuberculose ,
rickettsiose 57, infeção aguda por VIH 58 e abcesso hepático amebiano 59 (Tabela 11). As que se
apresentam mais frequentemente sob a forma de uma febre de origem desconhecida são a
malária, a febre tifóide e infeção aguda por VIH 18. Neste grupo de doenças é essencial tomar
39
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Abcesso América do Norte e do Sul; México; Tosse, dor abdominal persistente no hipocôndrio direito e/ou
hepático Sudeste asiático; Índia, Este e Sudeste epigastro, dor pleurítica, dor referida ao ombro direito,
amebiano de África náuseas, vómitos, distensão abdominal, diarreia, obstipação,
hepatomegalia
40
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
TIPOS DE FEBRE
1. Introdução
Desde a antiguidade que existem registos da medição da febre, pelo menos três vezes
de conclusões fisiopatológicas com base neste sinal 31. Existem relatos de Aulus Gellius (século
paroxístico típico da malária, com o qual relacionavam o ciclo de vida do parasita Plasmodium.
Mas foi Akhawayni (século X d.C) que, num livro escolar, associou diversos padrões de febre
a diferentes curvas gráficas de temperatura. Este autor distinguia quatro subtipos diferentes de
febre, que se podiam sobrepor, resultando essa sobreposição numa gama extensa de
diferentes doenças, sedimentando o conceito de “curva febril” que viria a ser ensinado como
2. Classificação
variação de valores num intervalo de tempo. A sua interpretação diagnóstica e prognóstica tem
41
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
2.1. Temperatura
avaliação da temperatura corporal nuclear, a febre de baixo grau compreende valores entre
38,1°C e 39,0°C (100,5°F a 102,2°F), a febre de grau moderado 39,1°C a 40,0°C (102,2°F a
2.2. Duração
No que diz respeito à duração, a febre aguda tem duração inferior a 7 dias, a subaguda
trato respiratório superior. As febres subagudas podem ocorrer em doenças como a febre tifóide
evoluir para crónicas. A febre crónica é comum no contexto de doenças bacterianas crónicas
como a tuberculose, infeções virais crónicas como a que ocorre pelo VIH, neoplasias e doenças
2.3. Evolução
febre com picos matinais. Os mecanismos fisiopatológicos na base destes padrões têm em
42
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
qualquer valor normal durante este período (Figura 1). O padrão, tipicamente, prolonga-se por
61
3 ou 4 dias com pequenas variações diárias . Este tipo de febre é característico de doenças
com bacteriemia persistente, como a febre tifóide, pneumonia lobar por gram-negativos (e a sua
urinário 16.
Febre contínua
40
Temperatura (°C)
39,5
39
38,5
1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (horas)
43
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
de horas, regressando a valores fisiológicos pelo menos uma vez em cada 24 horas (Figura 2)
29
. O padrão é encontrado em doenças que envolvem bacteriemias intermitentes, como é o caso
quotidiana), infeções piogénicas e em linfomas. Pode ser uma manifestação rara mas típica do
Febre intermitente
Temperatura (°C)
40
39
38
37
36
35
0 12 24 36 48 60 72
Tempo (horas)
A febre remitente define-se por flutuações de valores superiores a 1ºC sem que se
atinjam valores normais no período de tempo avaliado (Figura 3). Surge em associação com
doenças infeciosas como a brucelose, endocardite infeciosa e rickettsiose. Pode ter uma duração
longa. Muitas vezes é causada por Streptococus β-hemolítico que persiste nas válvulas
cardíacas, estando a sua variação relacionada com a proliferação deste microrganismo 61.
44
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
Febre remitente
Temperatura (°C)
41
40
39
38
37
3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (horas)
Neste padrão existe alternância entre períodos febris e períodos afebris, que
compreendem dias ou semanas de intervalo (Figura 4). Pode ser descrito nas síndromes
29
hereditárias auto-inflamatórias, malária, brucelose, na doença de Hodgkin , no contexto de
tratamento parcial de doenças infeciosas bem sedimentadas com abcessos que libertam
39
38
37
36
35
0 2 4 6 8 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Tempo (dias)
45
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
2.3.5. Febrícula
e outros distúrbios com bacteriemia baixa em fase inicial, como a tonsilite, os abcessos
Febrícula
Temperatura (°C)
38
37,8
37,6
37,4
6 12 18 24
Tempo (horas)
temperatura normal, logo os picos de febre serão vespertinos ou noturnos. Esta observação é
útil porque doenças que manifestam picos de temperatura durante a manhã, apesar de raras,
sobressaem pelo contraste com o padrão usual. Conhecem-se três entidades caraterizadas por
picos de temperatura durante a manhã: febre tifóide, poliarterite nodosa e tuberculose miliar 62.
46
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
A febre tifóide é uma doença infeciosa transmitida pela bactéria Salmonella typhi, e
Nesta doença, a febre assume o caráter de contínua por não variar mais de 1°C em 24
horas. Ocorre tipicamente um aumento em “degraus” até atingir um “planalto” elevado, e após
47
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
relativa ocorre em fases tardias, durante a segunda ou terceira semana de doença 38.
3.1. Malária
P.vivax e P. ovale ou a duração de 72 horas no caso do agente infecioso ser o P.malariae 34.
Consoante a duração do seu ciclo de vida e consequente libertação de parasitas do interior dos
eritrócitos para a circulação, ocorre febre cíclica (febre do tipo intermitente), que dura apenas
algumas horas, e que se manifesta segundo um padrão terciário (com dois dias de intervalo)
para parasitas com ciclos de vida que rondam as 48 horas ou um padrão quaternário (como três
sanguínea os parasitas sofrem replicação no interior dos eritrócitos, que culmina com a rotura
dos últimos e a doença é assintomática até que seja atingido um limiar de ativação pirogénico.
Existem evidências de que uma carga parasitária específica será necessária para desencadear
uma resposta febril e que a carga parasitária, duração do ciclo eritrocítico, tipo de toxinas
48
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
antimaláricos eficazes, ocorre uma fase de defervescência por crise, com a duração de algumas
horas 34.
pulmões, baço, cérebro, placenta e outros tecidos com grande vascularização como os rins. Será
o fígado a ter maior relevância na resposta febril pelo seu papel na filtração do sangue pelas
doença, que conseguem reconhecer TLR. A apresentação do ADN do parasita coberto com
hemozoina estimula o TLR9 a nível intracelular e o GPI, reconhecido pelo TLR2, estimula a
Estudos in vitro de culturas do parasita em eritrócitos mostraram que, por um lado, que
nomeadamente a 23%, 66% e 100% após 2, 8 e 16 horas de cultura. Noutro estudo, verificou-
parasita para o estágio de trofozoito, sugerindo que o parasita pode ter desenvolvido
Associa-se à doença de Hodgkin. Caracteriza-se por uma febre baixa intermitente com
3-10 dias de febre e 3-10 dias sem febre, desencadeada pela libertação cíclica de citocinas e
49
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
crónica não tratada, em adultos 18. A febre que assume um padrão intermitente pode ser o único
sinal, apresentando-se como uma febre de origem desconhecida. Febre paroxística quotidiana
(que ocorre duas vezes por dia) e suores noturnos são outra apresentação frequente. Os picos
de febre durante a manhã são uma importante pista para o diagnóstico em doentes com
3.5. Brucelose
remitente ou recorrente de febre. Na infeção humana, é causada pelos agentes: Brucella abortus,
100% dos casos. Seguem-se relatos de sudorese com odor desagradável, anorexia, mialgias e
linfadenopatias.
50
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
CONCLUSÃO
circulatório, muscular e endócrino funcionem corretamente, a par com a normal função das
que alteram a produção ou a dissipação de calor, como ocorre após a toma de alguns fármacos
temperatura estabelecido pelo sistema nervoso central. O conhecimento das vias de indução e
51
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
manutenção da resposta febril é fulcral para perceber os sinais e sintomas que constituem a
síndrome febril.
sinal clínico, cujos valores variam no tempo, por exemplo segundo um padrão contínuo,
investigação diagnóstica.
como a toma de fármacos, infeções por mais que um agente, estados de malnutrição ou
52
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Anabela Mota Pinto e ao Mestre Rui Gradiz pela autorização concedida
realização do trabalho.
À Dr.ª Helena Donato, diretora do Serviço de Documentação dos CHUC, pela formação na área
de pesquisa Bibliográfica.
Ao Dr. Joaquim Manuel Ferreira de Oliveira, do Serviço de Infeciologia dos CHUC, pela
53
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
LISTA DE ABREVIATURAS
AVP: Vasopressina
COX-2: Cicloxigenase 2
54
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
GPI: Glicosilfosfadilinositol
IFN: Interferão
IL: Interleucina
IL-6: Interleucina-6
IL-10: Interleucina-10
J: Joule
LPS: Lipopolissacarídeo
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Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
PGE2: Prostaglandina E2
W: Watt
56
Febre, padrões de febre e o seu impacto na patologia
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