Apostila - NR-13 Caldeiras
Apostila - NR-13 Caldeiras
Apostila - NR-13 Caldeiras
Quando não for conhecido o código do projeto de construção, deve ser respeitada a concepção original da
caldeira, com procedimento de controle do maior rigor prescrito nos códigos pertinentes.
Nas caldeiras de categorias A e B, a critério do "Profissional Habilitado", podem ser utilizadas tecnologia de
cálculo ou procedimentos mais avançados, em substituição aos previstos pêlos códigos de projeto.
"Projetos de Alteração ou Reparo" devem ser concebidos previamente nas seguintes situações:
a) sempre que as condições de projeto forem modificadas;
b) sempre que forem realizados reparos que possam comprometer a segurança.
Todas as intervenções que exijam mandrilamento ou soldagem em partes que operem sob pressão devem ser
seguidas de teste hidrostático, com características definidas pelo "Profissional Habilitado".
Os sistemas de controle e segurança da caldeira devem ser submetidos à manutenção preventiva ou preditiva.
PRESSÃO
Caldeiras são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor a uma pressão maior do que a pressão
da atmosfera. Para produzir o vapor, uma fonte de calor aquece água sob condições controladas.
Quem opera caldeiras e vasos de pressão precisa saber bem como eles funcionam para obter o melhor
desempenho possível do equipamento sob sua responsabilidade.
Para isso, além da rotina normal de trabalho, o operador deve conhecer algumas noções sobre os fenômenos
físicos que permitem que esses equipamentos operem de maneira produtiva e segura.
PRESSÃO Se uma pessoa pisar na lama ou na areia fofa, nela será desenhada a marca das solas de seus
sapatos. Isso acontece porque os pés da pessoa exerceram uma força sobre a superfície em que se apoiaram.
Pois bem, toda força, quando aplicada sobre uma área tem como resultado uma grandeza física chamada de
pressão. Isso quer dizer que pressão é a força distribuída por uma determinada área.
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Por ser uma grandeza física, a pressão pode ser representada matematicamente, ou seja:
P = F / A, na qual P é a pressão; F é a força e A é a área.
Essa expressão nos ajuda a calcular a pressão sobre os corpos. Uma unidade de medida chamada pascal e
representada pelo símbolo Pa expressa numericamente essa relação.
Assim; 1 Pascal = 1Newton / m2 ; nessa expressão, Newton é a unidade de medida de força e m² é a
unidade de medida de área segundo o sistema SI. N = kgf.m/s2 e a aceleração da gravidade é 9,80665
kgf.m/s2 ou 1 kgf = 9,80665 N e 1 N = 0,101976 kgf ou 101,976 g.
OBSERVAÇÃO: O sistema SI é um sistema internacional que padroniza o uso das unidades de medida.
Seu uso no Brasil é regulamentado por lei.
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
A Terra está envolta por uma camada de ar chamada atmosfera. O ar da atmosfera em torno de nós é tão
leve que podemos nos mover através dele sem fazermos esforço.
No entanto, esse ar tem peso. Como ele é atraído pela gravidade, faz força sobre nós em todas as direções,
exercendo uma pressão de várias toneladas sobre nosso corpo. Não percebemos essa força porque a pressão
do ar dentro dos nossos pulmões é igual á da atmosfera.
Essa pressão se chama pressão atmosférica. Ela pode ser comprovada por meio de uma experiência
simples: molha-se a borda de um desentupidor de pia que é comprimido contra uma superfície plana. Isso
expulsa a maior parte do ar que havia dentro do desentupidor e será preciso fazer muita força para retirá-lo
do lugar.
Isso acontece porque, sem ar no seu interior, o desentupidor sofre uma pressão externa muito maior do que
a pressão interna.
A pressão atmosférica varia de acordo com a altitude, ou seja, ela é maior nos locais mais baixos e menores
nos locais mais altos.
Quem comprovou isso pela primeira vez foi um físico italiano chamado Evangelista Torricelli. Emborcando
em uma cuba cheia de mercúrio um tubo de vidro de 1 m de comprimento, fechado em uma das
extremidades, e também cheio de mercúrio, ele observou que, ao nível do mar, a coluna de mercúrio contida
dentro do tubo descia até atingir 760 mm de altura, 76 cm ou 0,76 m.
Com isso, ele comprovou que a pressão atmosférica, agindo sobre a superfície livre do mercúrio que estava
dentro da cuba, equilibrou a pressão exercida pela coluna de mercúrio contra o fundo da cuba. Para esse
valor de 760 mm, 76 cm ou 0,76 m de altura de mercúrio (Hg), ele deu o nome de atmosfera (atm).
O aparelho simples que Torricelli inventou para fazer essa experiência chama-se barômetro.
Quando a experiência foi repetida, com o auxilio do barômetro em locais de altitudes variadas, ficou
comprovado que a altura da coluna de mercúrio também variava. Com isso, concluiu que a pressão
atmosférica varia em função da altitude.
Se a pressão relativa é positiva, ou seja, se ela for maior que zero, ela é medida por meio de um instrumento
chamado de manômetro. É com o manômetro que o operador verifica os níveis de pressão dentro da
caldeira e os mantém dentro de faixas seguras de operação.
Se a pressão relativa for negativa, isto é, se ela for menor que zero, o vacuômetro é usado na medição.
Se no local onde é feita a medição a pressão relativa (ou manométrica) for somada com a pressão
atmosférica, obteremos a pressão absoluta.
CALOR
Tudo o que nos cerca é formado de partículas - chamadas de moléculas que estão em constante movimento,
embora isso não seja visível. Esse fenômeno acontece por que as moléculas são dotadas de energia de
agitação chamada de energia térmica.
Para saber quanta energia térmica tem um corpo, mede-se sua temperatura, que nada mais é que a grandeza
que indica o nível de agitação das partículas. Assim, quanto maior é a agitação das partículas, maior é a
temperatura do corpo.
Quando dois corpos com temperaturas diferentes são postos em contato, acontece a transferência de energia
térmica do corpo mais quente para o corpo mais frio, até que se alcance o equilíbrio térmico, ou seja, até
que as temperaturas se tornem iguais. Essa energia térmica que passa de um corpo para outro, enquanto
existe diferença de temperatura, tem o nome de calor.
ESCALAS DE TEMPERATURA
Há várias maneiras de representar a temperatura: a escala Celsius, a escala Fahrenheit e a escala Kelvin.
Como ponto de referência para as medições, as escalas usam a temperatura do gelo fundente e a temperatura
da água em ebulição.
Na escala Celsius, por exemplo, a temperatura do gelo fundente corresponde a 0º C, enquanto que a
temperatura da água em ebulição corresponde a 100 ºC na escala.
O intervalo entre esses dois pontos foi dividido em 100 partes iguais e cada uma dessas partes corresponde a
1 ºC.
Na escala Fahrenheit, a temperatura do gelo fundente corresponde a 32 ºF e a da água em ebulição é de 212
ºF. A faixa entre esses dois pontos foi dividida em 180 partes iguais e cada divisão é igual a 1ºF.
Para a escala Kelvin, o número de divisões em K corresponde ao equivalente em ºC, com a temperatura do
gelo fundente (0ºC) correspondendo ao valor de +273K.
TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Quando o calor se propaga de um ponto de maior temperatura para outro de menor temperatura, ocorre um
fenômeno chamado de transmissão de calor. O calor pode propagar-se através das substâncias com
facilidade ou com dificuldade.
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A facilidade ou dificuldade que o calor tem de propagar-se através das substâncias recebe o nome de
condutibilidade térmica e ajuda a classificar os materiais em condutores e isolantes.
Os materiais condutores são aqueles que transmitem o calor com mais facilidade. Os metais em geral são
bons condutores de calor.
Os materiais isolantes, por outro lado, são maus condutores de calor. Materiais como tecidos, papel e
amianto são exemplos de material isolante.
Mesmo entre os materiais condutores, a quantidade de calor que passa através de uma parede feita de
qualquer material depende:
- Da diferença de temperatura que existe entre ambos os lados do material;
- Do tamanho da superfície da face exposta ao calor, ou seja, superfícies maiores transmitem mais calor;
- Da espessura da parede;
- Do material de construção da parede.
A propagação do calor acontece nos sólidos, nos líquidos, nos gases e no vácuo e pode ocorrer de três
formas: por condução, por convecção e por radiação.
Nos materiais sólidos, o calor se propaga por condução. Isso é facilmente verificado ao se colocar a
extremidade de uma barra de ferro no fogo. Após um certo tempo, quem estiver segurando a outra
extremidade da barra, começará a perceber que a temperatura aumenta gradativamente, até que fica
impossível continuar a segurá-la.
Nos líquidos e gases, o calor se propaga por convecção, ou seja, as massas de líquidos e gases trocam de
posição entre si. Isso significa que, se fosse retirada a fonte de calor – o fogo
– que aquecia a barra do exemplo anterior, e se mantivéssemos a mão a certa distância do material aquecido,
seria possível perceber seu calor.
Isso acontece porque o ar em torno da barra quente se aquece, fica mais leve e sobe. O espaço livre deixado
pelo ar quente é então ocupado pelo ar mais frio (mais denso) que, por sua vez, se aquece, repetindo o ciclo
anterior. Dessa forma, estabelece-se uma corrente ascendente do ar quente, que atua como veículo
transportador de calor desde a barra de ferro até a mão. Em países de clima frio, por exemplo, o sistema de
aquecimento de ambientes se baseia na convecção do calor da água.
Relembrando: na transmissão por condução, o calor passa de molécula para molécula.
Na transmissão por convecção por sua vez, o calor é transferido juntamente com o ar, a água ou outro
material.
A transmissão por radiação é diferente porque o calor é transferido sem a ajuda de nenhum material. O
melhor exemplo desse tipo de transmissão é o calor do Sol que chega à Terra: o calor não vem por condução
porque não há contato físico entre os dois astros; nem vem por convecção porque não há atmosfera ligando
um ao outro. O calor do sol chega até nós por ondas semelhantes às ondas de radio e àquelas que transmitem
a luz. São as chamadas ondas de energia radiante.
É possível sentir os efeitos dessas ondas, aproximando a mão por baixo de uma lâmpada elétrica acesa. A
mão ficará quente apesar do fato de que o ar quente sobe. Na verdade, o calor sentido foi transmitido por
radiação.
O fenômeno de troca de calor é muito empregado nos processos industriais e ajuda a atender às exigências
tecnológicas desses processos. Nas caldeiras, o processo de transferência de calor entre a queima do
combustível na fornalha e o aquecimento da água e conseqüente geração de vapor pode ocorrer por radiação,
convecção ou condução.
Em muitos casos, é importante que o aquecimento ocorra com um mínimo de variação de temperatura.
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CALOR ESPECÍFICO
Algumas substâncias são mais difíceis de aquecerem do que outras. Se uma vasilha com água for colocada
sobre uma chama e se um bloco de ferro de massa igual for colocado sobre uma chama de mesma
intensidade, o ferro ficará logo tão quente que fará ferver qualquer gota de água que respingue sobre ele. A
água, por outro lado, continuará fria o suficiente para que se possa mergulhar a mão nela sem queimá-la.
Isso significa que o ferro necessita de menos calor do que a água para elevar sua temperatura, ou seja, ele
tem menor calor específico.
O calor específico indica a quantidade de calor que cada unidade de massa de determinada substância precisa
para que sua temperatura possa variar em 1ºC. É uma característica da natureza de cada substância. Portanto
cada uma tem seu próprio calor específico. Para os gases, o calor específico varia com a pressão e o volume.
A unidade de medida do calor específico é a caloria por grama por grau Celsius. O calor específico do vapor
sob pressão constante é 0,421 cal/g ºC.
CALOR SENSÍVEL
Calor sensível é a denominação dada à quantidade de calor absorvido ou cedida por um corpo
quando, nessa transferência, ocorre uma variação de temperatura.
CALOR LATENTE
Calor latente é a denominação dada à quantidade de calor absorvido ou cedida por um corpo, quando houver
uma mudança de estado sem que haja variação de temperatura.
Como exemplo, pode-se citar a transformação do gelo (água em estado sólido) em água em estado líquido,
com a temperatura se mantendo constante.
DILATAÇÃO TÉRMICA
Quando um corpo é aproximado de uma fonte de calor, vários fenômenos acontecem: a temperatura se eleva
e algumas de suas propriedades e características físicas, tais como dimensões, volume e calor específico, se
modificam.
Vimos também que o calor é a energia gerada pelo movimento das moléculas. Quando um material é
aquecido, suas moléculas se agitam mais intensamente. Por causa disso, elas se movimentam e o material se
expande, isto é, aumenta de tamanho. Esse fenômeno se chama dilatação térmica.
De fato, com o aquecimento, o comprimento, a superfície e o volume do corpo aquecido aumentam
proporcionalmente.
Existem processos industriais que exigem vapor seco, sem partículas sólidas em suspensão e com
temperatura elevada. Isso é obtido por meio da produção do vapor superaquecido. Porém, o vapor saturado
arrasta umidade e grande parte das impurezas na forma de partículas sólidas, causando danos ao processo.
Um tratamento eficaz da água da caldeira pode diminuir a quantidade das partículas, minimizando esse
problema.
UTILIZAÇÃO DO VAPOR
O vapor produzido em um gerador de vapor pode ser usado de diversas formas:
- em processos de fabricação e beneficiamento;
- na geração de energia elétrica;
- na geração de trabalho mecânico;
- no aquecimento de linhas e reservatórios de óleo combustível;
- na prestação de serviços.
A geração de energia elétrica através de vapor é obtida nas usinas termoelétricas e outros pólos industriais.
Para isso, os equipamentos são compostos basicamente de um gerador de vapor superaquecido, uma turbina,
um gerador elétrico e um condensador.
O vapor é também utilizado para a movimentação de equipamentos rotativos, na geração de trabalhos
mecânicos.
Nas indústrias onde é usado “óleo combustível pesado”, é necessário o aquecimento das tubulações e
reservatórios de óleo, a fim de que ele possa fluir livremente e proporcionar uma boa combustão. Isso é feito
por meio dos geradores de vapor.
Além desses usos industriais, os hospitais, as indústrias de refeições, os hotéis e similares utilizam o vapor
em suas lavanderias e cozinhas e no aquecimento de ambientes.
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De acordo com as classes de pressão, as caldeiras foram classificadas segundo a NR-13 em:
-Categoria A: caldeira cuja pressão de operação é superior a 1960 kPa(19,98kgf/cm2);
- Categoria C: caldeiras com pressão de operação igual ou inferior a 588 kPa (5,99kgf/cm2) e volume
interno igual ou inferior a 100 litros;
- Categoria B: caldeiras que não se enquadram nas categorias anteriores.
De acordo com o grau de automação, as caldeiras podem se classificar em: manuais, semi-automática e
automática.
De acordo com o tipo de energia empregada, elas podem ser do tipo: combustível sólido, liquido, gasoso,
caldeiras elétricas e caldeiras de recuperação.
Existem outras maneiras particulares de classificação, a saber: quanto ao tipo de montagem, circulação de
água, sistema de tiragem e tipo de sustentação.
TIPOS DE CALDEIRAS
A classificação mais usual de caldeiras de combustão refere-se à localização de água/gases e divide-as em:
flamotubulares, aquatubulares e mistas.
As caldeiras flamotubulares ou fogotubulares são aquelas em que os gases provenientes da combustão
(gases quentes) circulam no interior dos tubos, ficando por fora a água a ser aquecida ou vaporizada.
As caldeiras mistas são caldeiras flamotubulares que possuem uma ante-fornalha com parede d’água.
Normalmente são projetadas para a queima de combustível sólido.
A caldeira elétrica é um equipamento cujo papel principal é transformar energia elétrica em térmica, para
transmiti-la a um fluido apropriado, geralmente água. A produção de vapor, em uma caldeira elétrica, baseia-
se no fato de que a corrente elétrica, ao atravessar qualquer condutor, encontra resistência a sua livre
circulação e desprende calor (Efeito Joule).
CALDEIRAS FLAMOTUBULARES
O rendimento térmico da caldeira flamotubular é normalmente mais baixo e o espaço ocupado por ela é
proporcionalmente maior, embora atualmente já existam modelos compactos desse tipo de caldeira. Apesar
dessas restrições, seu emprego pode ser indicado de acordo com as necessidades particulares de cada
processo industrial, sendo adequado para pequenas instalações industriais.
CALDEIRAS AQUATUBULARES
A necessidade de caldeiras de maior rendimento, rapidez de geração de grandes quantidades de vapor com
níveis de pressão mais elevados levaram ao surgimento da caldeira aquatubular. Nesse tipo de caldeira, os
tubos que, nas caldeiras flamotubulares, conduziam gases aquecidos, passaram a conduzir a água, o que
aumentou muito à superfície de aquecimento, aumentando bastante a capacidade de produção de vapor.
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CALDEIRAS ELÉTRICAS
A caldeira elétrica é um equipamento que transforma energia elétrica em energia térmica, transmitindo-a
para um fluido apropriado (geralmente água) e transformando-o em vapor.
VISOR DE NÍVEL
O visor de nível consiste de um tubo ou uma placa de vidro presa numa caixa metálica, que tem a finalidade
de dar ao operador a noção exata da altura de água existente na caldeira. Nas caldeiras flamotubulares, os
visores normalmente são instalados de modo que o nível indicado garanta a presença de água no balão acima
da última carreira de tubos.
Nas aquatubulares, geralmente, o nível deve ficar situado em uma faixa de 50 a 70% do diâmetro do tubulão
superior.
Existem algumas caldeiras onde isso não ocorre e cabe ao operador certificar-se desta correspondência: nível
do visor x nível real do tubulão.
É importante que o operador mantenha uma atenção especial ao visor de nível, verificando vazamentos,
nível de limpeza do vidro e efetuando as drenagens de rotina.
INDICADORES DE PRESSÃO
Outro dispositivo importante na operação da caldeira é o indicador de pressão representado pelo
manômetro.
O manômetro é o aparelho com o qual se mede a pressão de gases, de vapores e de outros fluidos. É muito
utilizado na indústria para verificar a pressão de caldeiras e de vasos de pressão, entre outros fins. O
conhecimento desta pressão é obrigatório, não só sob o ponto de vista de segurança, como também, para a
operação econômica e segura dos equipamentos.
São mais conhecidos dois tipos de manômetro: com mola e tubular.
DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA
A caldeira conta também com dispositivos de segurança, como válvulas e sistemas de segurança contra
falhas de chama.
VÁLVULA DE SEGURANÇA
A válvula de segurança é um dispositivo capaz de descarregar todo o vapor gerado pela caldeira para a
atmosfera, sem que a pressão interna da caldeira ultrapasse a P.M.T.A. (pressão máxima de trabalho
admissível), com a válvula totalmente aberta.
Em caldeiras aquatubulares que possuem superaquecedor, é padrão a seguinte instalação: uma válvula de
segurança na linha de vapor superaquecido e duas no tubulão de vapor saturado, reguladas em pressões
diferentes umas das outras. Cada válvula abrirá a uma pressão ligeiramente superior à válvula anterior.
A primeira a abrir é a válvula da linha de vapor superaquecido, o que garantirá o fluxo de vapor em seus
tubos. Caso a pressão no interior da caldeira continue subindo, uma das válvulas do balão abrirá. Quando
necessário, a terceira também abrirá, ocasião em que todo o vapor gerado poderá ser descarregado por elas,
impedindo que a pressão ultrapasse a pressão de operação.
FOTOCÉLULA
Os sistemas de proteção contra falhas de chama composto por fotorresistores ou fotocélulas são
aplicáveis em caldeiras que queimam líquidos, gases ou sólidos pulverizados e devem ser mantidos sob
supervisão contínua, para evitar o procedimento incorreto de partida e a falta de chama por qualquer motivo.
Ocorrendo uma dessas falhas, a fornalha da caldeira poderá ficar sujeita a uma explosão, caso não haja
imediata interrupção do fornecimento de combustível.
Conforme a concentração da mistura (ar/combustível), a magnitude da explosão poderá tornar-se mais
perigosa, causando danos irreparáveis ao equipamento e provocando risco de vida ao seu operador.
É importante notar que a maior parte dos casos de explosão de fornalhas ocorre durante o acendimento da
chama.
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Qualquer sistema de proteção e controle de chama exige certas características indispensáveis para que
possa desempenhar adequadamente suas funções.
Elas são:
Usualmente são empregados dispositivos termelétricos formados por lâminas bimetálicas e por uma chave
elétrica e dispositivos com células fotoelétricas ou fotorresistores.
Trata-se de um sistema bem aperfeiçoado que trabalha com uma célula fotoelétrica
(que capta radiações entre as faixas infravermelha e ultravioleta), um amplificador e um relê. O seu
funcionamento é baseado na coloração das chamas. Se estas se apagarem, a luminosidade no interior da
fornalha será diminuída, a célula fotoelétrica comandará o amplificador e o relê que abrirá seus contatos,
interrompendo o circuito dos queimadores.
Esse sistema também efetua a parada de emergência, comandada pelo circuito de segurança. Os sistemas
fotocondutivos para segurança de uma chama têm quase o mesmo funcionamento dos fotoelétricos, sendo
diferentes no tipo de célula. Utilizam-se das irradiações infravermelhas das chamas e de amplificadores
especiais. Os amplificadores conseguem estabelecer diferenças entre o calor das chamas e o calor dos
refratários da fornalha.
DISPOSITIVOS AUXILIARES
Os dispositivos auxiliares considerados mais importantes na caldeira são o pressostato, o programador,
os ventiladores, o quadro de comando, os compressores.
PRESSOSTATO
O pressostato destina-se a controlar a pressão da caldeira, de modo a não permitir que ela ultrapasse certo
valor preestabelecido.
Para algumas caldeiras de combustível líquido e gasoso, o pressostato atua diretamente no fechamento da
válvula solenóide que interrompe a entrada de combustível no queimador.
Quando a pressão do vapor da caldeira estiver abaixo de um valor de ajuste (“set-point”) preestabelecido, o
pressostato manda sinal para o programador seqüencial, para início do processo de acendimento.
Em certos tipos de pressostato, a atuação pode ser parcial numa válvula controladora; este pressostato é
denominado pressostato modulador.
Para caldeiras de combustíveis sólidos, o pressostato atua diretamente na combustão, seja desligando o
ventilador ou cortando a alimentação de combustível.
PROGRAMADOR
O programador tem como finalidade promover um ciclo com a sequencia de acendimento.
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VENTILADORES
Os ventiladores são equipamentos necessários para a purga (exaustão) de gases da fornalha e o insuflamento
de ar para combustão; devem ser dimensionados para vencer as perdas de carga do sistema garantindo a
tiragem. As caldeiras possuem ventiladores acionados por motor elétrico e/ou turbinas a vapor.
QUADRO DE COMANDO
O quadro de comando é a parte da caldeira onde estão os dispositivos que permitem todas as operações
necessárias ao seu funcionamento.
As caldeiras podem ter um quadro de comando local, instalado ao lado da caldeira com, no mínimo, os
seguintes elementos:
- chave do modo de comando (manual ou automático);
- chave liga/desliga bomba de água;
- chave liga/desliga ventilador;
- alarme sonoro de advertência (piloto, ventilador, pressão de vapor, nível, etc.;
- lâmpadas piloto;
- chave magnética de ligação do nível;
- chave de acendimento manual da caldeira.
As caldeiras mais complexas possuem uma sala de controle com instrumentos controladores, indicadores e
registradores das variáveis de processo.
Esta instrumentação pode ser pneumática, hidráulica, elétrica ou eletrônica dependendo das características
particulares de cada caldeira.
Alguns tipos de caldeiras possuem um compressor de ar para realizar o processo de pulverização,
atomizando o combustível.
VÁLVULAS
As principais válvulas numa caldeira são:
- válvula principal de saída de vapor;
- válvula de alimentação de água;
- válvulas de retenção e de alívio;
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- válvulas de descarga;
- válvulas de serviço;
- válvulas de vapor;
- válvulas de respiro;
- válvulas de injeção de produtos químicos;
- válvulas de descarga contínua.
TUBULAÇÕES
As principais tubulações de uma caldeira são de:
- água,
- óleo,
- vapor,
- gás combustível,
- condensado,
- produtos químicos.
PURGADORES
Os purgadores são dispositivos automáticos que servem para eliminar o condensado formado nas linhas de
vapor e nos aparelhos de aquecimento, sem deixar escapar vapor. São usados, também, nas linhas de ar
comprimido para evitar a formação de umidade com riscos de corrosão para a tubulação.
Os bons purgadores, além de remover o condensado, também eliminam o ar e outros gases incondensáveis
como o CO2, por exemplo.
Os purgadores servem também para reter o vapor nos aparelhos de aquecimento existentes em serpentinas,
nas autoclaves e estufas, deixando sair apenas o condensado.
OPERAÇÃO DE CALDEIRAS
COMBUSTÃO
Para produzir vapor é necessária a geração de calor. Para tal, uma das maneiras mais usuais é utilizar-se os
processos de combustão.
A combustão é o resultado de fenômenos físicos e químicos. Para que ela aconteça, é preciso que se
disponha de um combustível e do comburente adequadamente misturados.
COMBUSTÍVEL
Podemos definir combustível como sendo um “material usado para produzir calor por combustão”, ou então:
“qualquer material que alimenta fogo”. Dependendo de sua disponibilidade e da viabilidade econômica de
seu uso, os combustíveis utilizados na geração de vapor podem ser sólidos, líquidos ou gasosos.
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COMBURENTE
O comburente é uma “substância que produz ou auxilia a combustão”. Essa substância é o oxigênio.
Por razões econômicas, na combustão usa-se o oxigênio presente no ar, uma vez que ele contém 21% dessa
substância em sua composição. O restante é composto basicamente por nitrogênio que não participa das
reações de combustão, mas que representa um volume extra de gás a ser aquecido. Isso diminui o
aproveitamento energético da caldeira e esfria a chama. Para melhorar a combustão, em alguns tipos de
queimadores é feita a adição de oxigênio do ar, e até mesmo oxigênio puro no processo em alguns casos
específicos.
TIPOS DE COMBUSTÃO
A combustão pode ser completa ou incompleta.
Na combustão completa, a máxima geração de energia é obtida e os gases resultantes desse processo são
menos nocivos ao ambiente. Assim, dependendo das características do combustível, a geração de material
em partículas é mínima, ou nula.
Não se pode eliminar a emissão de dióxido de enxofre (SO2).
Na combustão incompleta existe a presença de monóxido de carbono (CO) e fuligem.
Esses poluentes, além de nocivos à saúde, diminuem o rendimento da combustão, com consequente
diminuição da geração de energia.
PODER CALORÍFICO
A quantidade de calor obtido na combustão de determinada parcela de combustível por unidade de massa é
denominada de poder calorífico.
O poder calorífico de um combustível pode ser definido como superior ou inferior em função da
quantidade de água que se origina a partir de sua combustão. A tabela a seguir mostra valores práticos do
poder calorífico inferior para alguns combustíveis usuais.
EXCESSO DE AR NA COMBUSTÃO
Para que se obtenha o maior rendimento possível no processo de combustão, deve-se trabalhar com a
quantidade estequiométrica de ar, ou seja, a quantidade de ar que considera uma relação exata e correta
entre comburente e combustível, a fim de que todo o combustível seja queimado.
Na prática, porém, os equipamentos estão sujeitos a variações de temperatura e pressão do ar, bem como a
variações nas condições nas câmaras de combustão. Isso impede a geração do calor em condições ideais.
Quando se opera a caldeira com excesso de ar, além de dióxido de carbono (CO2), água (H2O), dióxido de
enxofre (SO2) formados na combustão e do nitrogênio (N2), presente no ar, encontra-se, também, dentro da
fornalha, oxigênio que não reagiu com o carbono.
A quantidade de ar fornecida a um determinado queimador é indicada numericamente como porcentagem da
quantidade estequiométrica. Por exemplo, em um queimador trabalhando com ar de combustão a 110%, tem-
se 10% de excesso de ar em relação à quantidade estequiométrica.
O ar excedente representa um volume extra a ser aquecido. Isso diminui o aproveitamento energético e esfria
a chama. Por causa disso, o excesso de ar deve ser o menor possível.
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A medição de gases existentes na combustão pode ser realizada por meio do aparelho ORSAT ou Fyrite,
pela coleta de uma amostra dos gases gerados.
A tabela a seguir mostra o teor máximo admissível de dióxido de carbono (CO2) para alguns tipos de
combustíveis.
A medição do teor de fuligem/partículas é feita em pontos de amostragem nas chaminés das caldeiras de
combustíveis líquidos.
Os detectores de fumaça, chamados de opacímetros são instalados nos dutos das saídas de gases e detectam a
combustão incompleta comparando a opacidade da fumaça gerada com um padrão ideal de combustão, em
função do combustível que estiver sendo utilizado.
Existem, também, disponíveis em alguns tipos de caldeiras, analisadores contínuos de gases de combustão,
que fornecem ao operador os parâmetros necessários para avaliação e controle da combustão.
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Quando essa temperatura se eleva, isso pode ser sintoma de alguma anormalidade operacional, dentre as
quais:
- caldeira suja, com deficiência de troca térmica;
- queda de material refratário, mudando o caminho preferencial dos gases;
- juntas de amianto não dão perfeita vedação;
- tamanho de chama maior que o aceitável;
- excesso de ar na fornalha, causando aumento de velocidade dos gases.
NÍVEL DE ÁGUA
Basicamente, a regulagem e o controle de nível para controladores tipo bóia, necessitam de intervenção
mecânica, alterando-se as dimensões da haste entre as chaves liga/desliga.
Para controladores com eletrodos, esta regulagem exige alteração nas dimensões dos eletrodos, em função da
deposição/corrosão dos eletrodos.
Para os controladores termostático e hidráulico esta regulagem necessita de ajustes na válvula automática de
admissão de água. Este ajuste deve ser realizado sempre que o nível real estiver fora da posição ideal de
operação.
Para os controladores do tipo de transmissão por pressão diferencial, a regulagem é feita mediante ajuste do
set point no próprio controlador.
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OTIMIZAÇÃO DA COMBUSTÃO
O controle e a otimização da combustão são fatores importantes na economia de combustíveis e preservação
do meio ambiente.
A melhor eficiência da combustão é obtida observando-se fatores como: uso do queimador adequado,
nebulização perfeita, porcentagem correta de ar, manutenção periódica no equipamento, análise contínua dos
gases, etc...
ATOMIZAÇÃO E QUEIMADORES
Para que a combustão ocorra, é necessário que exista o maior contato possível do combustível com o
oxigênio do ar de combustão. Para isso acontecer quando se usa um combustível líquido, é preciso aumentar
sua superfície específica. Isso é feito na fase de atomização, ou seja, quando o combustível é transformado
em gotículas.
O queimador que emprega a atomização por óleo sob pressão, também denominado jato- pressão, é
normalmente empregado em instalações de grande porte nas quais predomina o fator econômico e em
instalações marítimo, devido não só ao menor consumo de energia, como principalmente devido à economia
de água. A pulverização de óleo combustível é produzida pela passagem do óleo sob alta pressão através de
um orifício.
A pressão do óleo varia normalmente de 60 a 140 psi, mas pode atingir valores bem maiores e é produzida
por uma bomba.
O queimador que usa a atomização por ação centrifuga emprega um processo que consiste em injetar
combustível no interior de um elemento rotativo (copo nebulizador).
O óleo injetado no interior do copo é forçado pela ação centrifuga da rotação (3000 a 8000 rpm) contra as
paredes internas desse copo que, devido à sua conicidade, faz o óleo mover-se para fora dele.
A atomização por fluido auxiliar, mais comumente adotada, pode ser feita através de ar a alta pressão e
através de vapor.
Os queimadores com atomização de ar a alta pressão possuem um compressor que faz a geração de ar
primário. Quanto maior a pressão do ar primário menor sua quantidade na porcentagem total de ar
necessário; complementa-se com ar secundário, facilitando o controle da combustão.
A pressão de operação do ar no queimador é superior a 1,5 kgf/cm² e este tipo de queimador pode ser
utilizado também com atomização a vapor.
A atomização a vapor é semelhante à do ar, na qual o vapor passa por um estreitamento arrastando consigo
o combustível em forma de gotículas. O consumo de vapor é de 0,15 a 0,40 kg de vapor por kg de óleo
combustível.
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Além dos queimadores descritos, temos que descrever particularidades dos queimadores a gás que, em um
sistema de combustão, têm as seguintes funções:
- fornecer o gás combustível e o comburente à câmara de combustão, fixando adequadamente o
posicionamento da chama;
- misturar convenientemente o gás combustível e o comburente;
- proporcionar os meios necessários para manter uma ignição contínua da mistura gás combustível/ar
(evitando a extinção da chama).
Para utilizar um sistema de queima de gás natural ou outro, é necessária uma adaptação do sistema de
queima normal a óleo.
RETROCESSOS
Este fenômeno ocorre quando a pressão interna da caldeira aumenta bruscamente, podendo afetar o ambiente
na sala e área das caldeiras, com risco de graves acidentes.
Como providências, a alimentação de combustível deve ser completamente cortada e a evolução da pressão
deve ser acompanhada.
Conforme a tendência de subida de pressão, deve-se providenciar abertura da válvula de alívio de pressão
onde houver.
Para caldeiras de combustível sólido, além da providência acima, deve-se parar ventiladores e fechar todas
as entradas e saídas de ar da caldeira.
ÁGUA
COMPOSIÇÃO DA ÁGUA
A água é, em geral, um excelente solvente para substâncias inorgânicas e orgânicas.
É também um bom meio de transferência de calor, para processos de aquecimento e resfriamento. Por esse
motivo, a água é essencial em muitos processos industriais como meio de aquecimento, resfriamento e
transporte de resíduos.
As águas de superfície são instáveis, apresentam altos teores de STD (sólidos totais dissolvidos) e SS
(sólidos suspensos), elevados teores de matéria orgânica e temperatura variável.
As águas subterrâneas, por sua vez, são estáveis, apresentam menores teores de sólidos em suspensão e de
material orgânico, e têm temperatura constante.
Do ponto de vista químico, a água é um composto cuja molécula é formada por dois átomos de hidrogênio e
um de oxigênio, ou seja, H2O.
IMPUREZAS DA ÁGUA
A água, como todo elemento da natureza apresenta uma série de impurezas, das quais podem ser citadas:
- Gases dissolvidos como o oxigênio (O2), o dióxido de carbono (CO2) e o gás sulfídrico (H2S), cuja
solubilidade na água diminui com o aumento da temperatura da solução;
- Sólidos em suspensão (SS);
- Sólidos dissolvidos (SD).
Existe uma infinidade de substâncias que podem estar dissolvidas na água, dependendo da origem de sua
captação. As principais impurezas que podem estar contidas na água e que, se não forem removidas, podem
afetar a qualidade da água da caldeira são: os sulfatos, a sílica, os cloretos, o ferro, o gás carbônico, a
amônia, o gás sulfídrico, o oxigênio dissolvido, etc.
CORROSÃO
Corrosão é a deterioração de um material, geralmente metálico, decorrente da ação química ou
eletroquímica dos agentes contaminantes existentes na água. Ela pode ser acelerada como resultado do
ambiente no qual esta água é captada, e pode ser associada ou não a esforços de natureza mecânica.
A corrosão pode ter várias causas. Ela pode ser, entre outras, eletroquímica, galvânica ou bimetálica, por
oxigênio, por aeração diferencial, por concentração diferencial.
Na caldeira, a corrosão é resultado do ataque provocado pela água e substâncias agressivas nela existentes.
As substâncias mais comuns que causam a corrosão nas caldeiras são: oxigênio e outros gases dissolvidos na
água, sais (cloretos de cálcio, magnésio, etc.) e ácidos.
O efeito da corrosão é o desgaste progressivo que reduz a espessura da parede dos tubos, podendo provocar
sua ruptura no final. É importante notar que a corrosão não fica restrita somente à caldeira; pode ocorrer
também nas linhas de vapor e de retorno de condensado.
INCRUSTAÇÃO
A incrustação é um conjunto de formações cristalinas que se depositam na superfície dos tubos. Ela é
resultante de compostos que antes estavam em solução com a água e, se não forem removidos, causam uma
redução na taxa de transferência de calor nos locais nos quais se formou o depósito.
Isto ocorre porque a condutividade da incrustação é muito menor que a do material dos tubos e tem efeito
isolante. Consequentemente, a temperatura do lado oposto ao da incrustação atingirá valores que podem
afetar a resistência mecânica do tubo e causar sua ruptura.
As substâncias mais comuns encontradas na água e que provocam incrustação são os carbonatos de cálcio,
compostos de magnésio, sulfato de cálcio, sílica e silicatos, fosfatos, compostos de ferro e cobre. Dizemos
que uma água apresenta dureza, quando a mesma apresenta sais de cálcio e magnésio. Em função da dureza
da água, será determinado o tipo de tratamento para cada aplicação.
As incrustações podem ainda ser aumentadas se a água contiver sílica em suspensão.
A sílica forma incrustações muito resistentes, praticamente impossíveis de serem removidas. Para um
perfeito controle que evite a solidificação dos elementos que formam as incrustações, independentemente
das descargas de fundo determinadas pelo laboratório, o operador poderá realizar uma descarga de fundo
para remover os sólidos a cada x horas.
Os depósitos causam uma série de problemas que interferem no desempenho do equipamento. Eles são:
- redução ou perda da capacidade de transferência de calor;
- perda de produto devido à operação deficiente;
- parada de equipamento;
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- aumento da demanda de água e do custo de bombeamento;
- elevação dos custos de manutenção;
As incrustações e outros depósitos devem ser controlados por meio da limitação de concentração das
substâncias e materiais formadores de depósitos. Isso é conseguido por meio de tratamento com produtos
químicos, tais como:
- agentes quelantes: EDTA (ácido etilenodiaminotetracético);
- polifosfatos;
- ésteres de fosfatos;
- fosfonatos;
- dispersantes.
ARRASTE
O arraste é a passagem de água em uma mistura entre a fase líquida e a gasosa, junto com o vapor para o
superaquecedor e o sistema de distribuição de vapor, carregando também sólidos em suspensão e material
orgânico. Essa mistura geralmente contém materiais insolúveis, prejudiciais ao processo.
Este fenômeno pode ocorrer por razões mecânicas ou químicas. As razões mecânicas podem ser provocadas
por danos no aparelho separador de vapor (chevron), pelo nível de água elevado, pelas condições de carga
excessiva ou projeto da caldeira.
As razões químicas podem ser a presença de carbonato de sódio (CaCO3), sulfato de sódio (Na2SO4),
cloreto de sódio (NaCl), matéria orgânica (óleo, graxas, etc.) ou sólidos em suspensão.
DUREZA
A dureza é uma característica das águas que contêm grandes quantidades de carbonato de cálcio (CaCO3) e
magnésio (MgCO3).
Dureza total é a soma de concentrações de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). É devido a
bicarbonatos (HCO3-1), sulfatos (SO4-2), cloretos (Cl-1) e nitratos (NO3-1).
Esses sais têm a tendência de formar incrustações na superfície de troca de calor, provocando o entupimento
progressivo dos tubos das caldeiras. 1ppm é uma parte por milhão
O quadro a seguir mostra a classificação da dureza total.
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TRATAMENTO DE ÁGUA
Vários fatores influem na escolha de um programa de tratamento de água para caldeiras: características da
água, pressão da caldeira, tipo de indústria, finalidade do vapor, qualidade requerida para o vapor, carga
média de produção de vapor, participação do condensado retornado, tipo de caldeira, custo do combustível e
custos globais.
Após a consideração desses fatores, diversos métodos de tratamento podem ser empregados, englobando
dois grupos mais comuns: tratamento externo e interno.
O método externo é utilizado só para águas que estejam muito fora da especificação e para sistemas que
trabalhem a altas pressões. São métodos externos:
- a clarificação,
- a filtração,
- o abrandamento,
- a desmineralização,
- a osmose reversa,
- a destilação,
- a desgaseificação ou desaeração.
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CLARIFICAÇÃO
A clarificação engloba três etapas, cada uma constituindo um processo diferente que exige certos requisitos
para assegurar os resultados esperados. Elas são:
1. Coagulação: o processo pelo qual se obtém o equilíbrio de cargas elétricas através de adição e mistura
rápida de um coagulante com carga iônica contrária à da água a ser tratada. Após as cargas estarem
equilibradas, é possível a sua aglomeração formando flocos, sem que haja repulsão entre elas.
2. Floculação: Consiste na reunião de vários flocos pequenos mediante agitação suave, os quais formam
partículas maiores, com maiores velocidades de decantação. A agitação deve ser controlada para evitar a
desintegração dos flocos frágeis (defloculação).
3. Decantação: é a etapa final do processo de clarificação.
À medida que os flocos agregados são decantados, a água clarificada eleva-se e pode ser, então, separada do
sedimento.
Os flocos decantados são removidos como lodo.
FILTRAÇÃO
A maioria dos flocos formados é removida por sedimentação. No entanto, sempre sobram partículas mais
leves, que devem ser separadas por filtração.
Os filtros são geralmente compostos de várias camadas de pedras, pedregulhos e areia. Às vezes, usa-se
ainda uma camada ou mais de antracito, que dá um bom rendimento na filtração e diminui a freqüência de
lavagem, além de não adicionar sílica à água.
Abrandamento
Desmineralização
Osmose reversa
Destilação
Desgaseificação
INSPEÇÃO DE CALDEIRAS
A inspeção periódica de segurança, quando são efetuados também os serviços preventivos e periódicos de
manutenção, deverá ser executada a cada 12 meses de acordo com o item
13.5.3 da NR-13.
De acordo com o item 13.5.4 da mesma NR, caso a empresa possua serviço próprio de inspeção, os prazos
poderão ser estendidos em função da categoria da caldeira.
- inspeção nos superaquecedores, pesquisando possíveis furos ocasionados por altas temperaturas no
processo de superaquecimento.
PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Todo acidente tem uma causa definida, por mais imprevisível que possa parecer e pode trazer conseqüências
indesejáveis. Ele é resultado de uma combinação de fatores que envolvem falhas humanas e falhas materiais
e ocorre, em grande parte, devido ao despreparo dos trabalhadores para enfrentar certos riscos.
Com a redução dos acidentes podem ser eliminados os problemas que afetam o homem e a produção. Uma
das melhores maneiras de se obter isso é através da prevenção do acidente.
Prevenir quer dizer ver antecipadamente; chegar antes do acidente; tomar todas as providências para que o
acidente não tenha possibilidade de ocorrer.
ARTIGO 131
“Acidente do Trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda pelo
exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporário."
Atos inseguros são aqueles decorrentes da execução de tarefas de uma forma contrária às normas de
segurança. É a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente, a riscos de
acidentes. Em outras palavras é o tipo de comportamento que leva ao acidente.
Condições inseguras, também conhecidas como riscos profissionais, são as causas que decorrem
diretamente das condições do local ou do ambiente de trabalho.
São as falhas físicas que comprometem a segurança do trabalhador. São as falhas, defeitos, irregularidades
técnicas, carência de dispositivos de segurança e outros, que põem em risco a integridade física e/ou a saúde
das pessoas e a própria segurança das instalações ou equipamentos.
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Os principais acidentes que podem ocorrer em uma casa de caldeiras que esteja fora de condições de
segurança são:
- queimadura por calor na caldeira ou nas tubulações de vapor, ou por produto químico presente nas
tubulações que contêm produtos químicos;
- quedas provocadas por piso escorregadio ou por iluminação deficiente;
- quedas provocadas por acesso inadequado às partes altas, como válvulas, instrumentos, etc.;
- choques elétricos por fios elétricos soltos ou desencapados;
- batidas contra equipamentos ou tubulações provocadas por espaço insuficiente, leiaute inadequado,
ou por desconhecimento das instalações.
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Outra causa ponderável que concorre para a poluição do ar é o monóxido de carbono (CO) ou carbono livre
(C), que resulta da relação imprópria ar/combustível. A relação ideal é de 1 kg de combustível para 13,6 kg
de ar. Quando na mistura houver a quantidade de combustível correta com menos de 13,6 kg de ar ou a
quantidade de ar correta com mais de 1 kg de combustível, há a emissão de fumaça preta que, aspirada por
muito tempo, provoca doenças respiratórias ou pulmonares.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
A principal medida de proteção, naturalmente, é a prevenção, isto é, a tentativa de evitar que ocorra a
poluição. Isto se consegue mantendo a caldeira em perfeitas condições de funcionamento, pois quando não
há combustão completa, há emissão de fumaça. A atomização incompleta de óleo, causada pela temperatura
imprópria de combustível ou vapor, também pode causar fumaça. Uma tiragem deficiente e vazão óleo/ar
inadequada também são fatores de formação de fumaça.
Operação adequada e boa manutenção são fatores básicos para reduzir a emissão de fumaça, fazendo-a
permanecer dentro dos limites compatíveis com as normas legais existentes.
- Não trabalhar no interior da caldeira sem que a ventilação tenha sido providenciada.
Deve-se tomar cuidado com os gases tóxicos que podem se formar, inclusive dentro do tubulão de vapor.
- A temperatura do óleo combustível não deve nunca estar acima do ponto de fulgor em nenhuma parte do
sistema, exceto entre os aquecedores e os queimadores.
De qualquer modo, a temperatura não deve exceder à necessária para que o óleo atinja a viscosidade ideal de
combustão.
- A pressão máxima recomendada não deve ser excedida em nenhuma parte do sistema.
- As caldeiras que, sabidamente, têm depósitos de óleo nas suas superfícies de aquecimento (óleo, graxa ou
matéria estranha na água de alimentação) não devem ser postas a vaporizar intensamente, exceto em
emergências.
- As partes retas dos tubos geradores devem ser inspecionadas visualmente ou ser testadas freqüentemente,
com uma régua, para ver se houve alguma deformação (“laranjas”).
- Calibrar os manômetros a intervalos regulares, atualizando sua documentação.
- Não se deve tentar melhorar a vedação das portas de visita e janelas de inspeção durante os testes
hidrostáticos.
- Com caldeiras de tiragem natural, de invólucro simples deve-se lavar as partes inferiores e externas das
caldeiras, as canaletas coletoras do piso e quaisquer outros locais onde possa haver acúmulo de óleo.
- Manter todas as juntas das redes de óleo em perfeitas condições de vedação.
- Manter os extintores de incêndio carregados e em boas condições.
- Não permitir que se trabalhe no interior de uma caldeira sem que a ventilação tenha sido providenciada.
Cuidados devem ser tomados com os gases tóxicos, que podem vir do duto de gases e que podem se formar
inclusive dentro do tubulão de vapor.
- Assegurar-se de que todos os respiros e drenos dos tubulões e coletores estejam abertos antes de abrir uma
porta de visita. Não ficar na frente das portas de visita quando elas forem abertas pela primeira vez.
Não deixar nenhuma ferramenta em posição que possa cair ou obstruir a ventilação.
- Nos espaços que possam conter vapores inflamáveis, toda instalação elétrica deve ser testada quanto à
existência de terra. Os defeitos devem ser corrigidos antes que se envie alguém para trabalhar na área. Os
testes devem ser feitos a partir de um quadro de distribuição que esteja fora do espaço a ser testado e os
reparos devem ser feitos com o circuito desenergizado.
- Não permitir o uso de chamas desprotegidas, como as de maçaricos, velas, fósforos, etc., em
tanques de óleo ou nas proximidades dos respiros desses tanques.
- Antes de fechar uma caldeira, verificar se não ficou ninguém, ou se não foi esquecida nenhuma
ferramenta lá dentro.