Ação Popular

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AÇÃO POPULAR

EXMO SENHOR DOUTOR XXXXXXXXXXXX DE DIREITO DA VARA ÚNICA


COMARCA DE ...

..., brasileiro, casado, vereador, CPF nº ... e Título de Eleitor nº ... - Zona ..., residente e
domicilio eleitoral na comarca de ..., na Rua ..., ... – Bairro ...– Cidade de ... – CEP ...,
por seu advogado infra-assinado, nos termos da anexa procuração, vem, com
fundamento no inciso LXXIII, do art. 5º da CF/88 e específica Lei nº 8.717/65, e suas
posteriores alterações, propor a presente

AÇÃO POPULAR

contra o Município de ..., pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ ..., com sede
de seu governo na Prefeitura situada na ..., ... – Bairro ... – CEP ..., a Câmara Municipal,
com personalidade judiciária, com sede na Av. ... – Bairro ... – CEP ... e, ainda, em
desfavor de ..., com suposta sede na Rua ... – Cidade de ... – CEP ... – Carmo do Cajuru,
conforme consta de seu anexo ESTATUTO SOCIAL, na pessoa de seu representante
legal, o presidente ..., residente na Rua ..., ... – Bairro ... – Cidade de ... – CEP ..., onde
poderá ser citado, e o faz, pelos relevantes fundamentos de fato, jurídicos e de direito
seguintes;
OS FATOS

1. O primeiro requerido, pelo seu então alcaide e agente político, ..., apressadamente
editou o Decreto nº ..., declarando de utilidade pública, uma área de terreno, com 3,60
(três hectares e sessenta ares), parte de uma gleba maior de propriedade de ... e esposa,
situada à margem da Rodovia ..., sem previsão de sua destinação ou finalidade. Em
seguida, porém, editou-se o Decreto nº ..., com a pretensa finalidade pública, a saber: “a
finalidade da desapropriação é para fim industrial e para a expansão de atividade
industrial ao Distrito de São José dos Salgados para incentivo à criação de empregos e
oportunidade fora do distrito da sede.”

2. Em seguida pela Lei nº ... o então Chefe do Poder Executivo pretendeu alienar, sob a
forma de doação, a título gratuito, sem qualquer encargo ou ônus para a donatária, a
área objeto da declinada desapropriação, para beneficiar a empresa particular
(privada) ..., e, portanto, destinada exclusivamente à construção de sua sede,
estabelecimento e exploração de suas atividades lucrativas.

3. Convém enfatizar-se que o atual prefeito que substituiu o Prefeito cassado, no


entanto, constatando-se, a ilegalidade, a inconveniência e inoportunidade da tal doação,
de forma destemida e transparente, visando restabelecer a moralidade, a legalidade e
restituir ao erário os prejuízos decorrentes da desapropriação e da doação, sem encargo,
gratuita, mediante acordo, elaborou proposta e enviou o Projeto de Lei EM nº ... à
Câmara Municipal, em regime de URGÊNCIA URGENTÍSSIMA, visando a revogação
de tal Lei, conforme se depreende de seu texto anexo, cujo PARECER nº ..., da
Comissão competente foi no sentido, de que, a Lei nasceu com vício de ilegalidade,
porque o Município apressou-se a doar tal área, mesmo ainda não lhe pertencendo a
propriedade e seu domínio,como de fato, ainda não lhe pertence. Em razão de tal
ilegalidade, opinou pela tramitação do Projeto, contudo, limitou-se a votar pela sua
suspensão até a decisão judicial “acerca da propriedade em favor do Município”,
decisão cômoda que apenas posterga e não resolve os apontados vícios e admitidos, pois
pela própria Comissão da Câmara.

8. E, nesse particular, cabe registrar que se encontra em tramitação perante esse DD.
Juízo, uma Ação de Desapropriação direta proposta pelo primeiro requerido contra os
desapropriados, cujo processo está em curso sob o nº ..., em que se discute o valor ou
preço da área desapropriada, bem como uma Ação Cautelar Incidental, cuja controvérsia
gira em torno da transferência do domínio, já que o ente desapropriante deixou de
efetuar o depósito integral da prévia e justa indenização.

DO DIREITO

DO SUJEITO ATIVO - LEGITIMIDADE


ATIVA AD CAUSAM

5. Neste particular, atualmente, a Constituição de 1988, ampliando as hipóteses de


cabimento da presente tutela popular, preceitua em seu art. 5º, LXXIII, o seguinte, in
verbis: “Qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

6. Assim, conforme decorre do texto Constitucional, sujeito ativo da Ação Popular é


qualquer cidadão, porém, assim considerado o que se encontra apto a exercer os direitos
políticos, votar e ser votado, cujo exercício dos direitos políticos depende do
alistamento eleitoral e prova da cidadania, para ingresso em juízo, tem de ser feita com
o título eleitoral, conforme o disposto no art. 1º, § 3º da LAP, prova esta que se faz com
a juntada do respectivo título eleitoral do autor.

DOS SUJEITOS PASSIVOS

7. Segundo o disposto no art. 6º, caput, da Lei nº 8.717/65, são sujeitos passivos da ação
popular: as pessoas jurídicas de que tenha emanado o ato lesivo e referidas no art. 1º,
deste diploma legal, dentre eles, sobressaem o ente que editou os atos impugnados, in
casu concreto, o Município, pessoa jurídica, a Câmara Municipal, que detém
personalidade processual e aprovou a Lei Impugnada e dado oportunidade à lesão, e,
finalmente a empresa particular beneficiária direta de todos os atos impugnados.

8. A propósito da pretensão, a regra da Lex Máxima, no seu artigo 37, caput, exige que
os atos da administração pública devam obedecer aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade e eficiência, dentre outros nele enumerados. Ademais, é
preceito constitucional que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a Direito (art. 5º, XXXV da CF). Ora, isso significa que, havendo direitos
subjetivos feridos, não precisa o judiciário indagar de onde vem a lesão, para conhecer o
caso concreto. Nem terá que deter diante de qualquer Poder, órgão ou autoridade
responsável pelo agravo ao direito individual ou coletivo.
DOS FINS DA AÇÃO POPULAR E SEU OBJETO

9. Quanto ao fim da Ação Popular, segundo a lição do memorável Hely Lopes


Meirelles, em sua também consagrada obra “MANDADO DE SEGURANÇA, AÇÃO
POPULAR, etc., p. 128-126, “A Ação Popular tem fins preventivos e repressivos da
atividade administrativa ilegal e lesiva ao patrimônio público...”. Em última análise, a
finalidade da Ação Popular é obtenção da correção nos atos administrativos...” “Os
direitos pleiteáveis na ação popular são de caráter cívico-administrativo, tendentes a
repor a Administração nos limites da legalidade e a restaurar o patrimônio público do
desfalque sofrido. Por isso mesmo, qualquer leitor é parte legítima para propô-la, como
também, para intervir na qualidade de litisconsorte ou assistente do autor ...” cujo
objetivo, é, portanto, o ato ilegal, imoral ou lesivo ao patrimônio público, sujeito à
anulação popular.

10. E, ainda, nesse particular e referindo-se, pois ao objeto da ação, o citado jurista a p.
26, na mencionada obra, assinala que os Tribunais têm admitido a Ação Popular para
“anular doação de bem público” (STF, RTJ, 71/897), dentre outros atos administrativos
ali mencionados.

DA LESIVIDADE DOS ATOS IMPUGNADOS


E SUAS ILEGALIDADES

11. No caso vertente, é manifesta a lesividade dos atos impugnados que consistem nos
declinados Decretos de Desapropriação da apontada propriedade e na Lei Municipal,
pela qual se fez a sua doação a terceiro, beneficiando-se, assim, pessoa jurídica de
direito privado. Como se não bastasse o vício de apontadas ilegalidades, que por si só,
rende ensejo à nulidade dos atos, não se negue que a alienação de bens públicos para a
transferência da propriedade ou do domínio, deverá, também atender as exigências e
disposições da Lei nº 8.666/93 e suas posteriores alterações (art. 17, inciso I, “b”, e
segs); e, na hipótese de desapropriação as normas previstas na Constituição Federal
(inciso XXIX, art. 5º e art. 182, §3º).
DA INVIABILIDADE DA DESAPROPRIAÇÃO PARA BENEFICIAR EMPRESA
PARTICULAR-DOAÇÃO SEM ENCARGO-ILEGALIDADE

12. A propósito dos atos administrativos expropriatórios, para beneficiar empresa


particular, o eminente professor de Direito Administrativo, Celso Antônio Bandeira de
Mello em seu curso de Direito Administrativo 17ª edição; revista e atualizada até a
Emenda Constitucional nº 82, p. 770, referindo-se ao beneficiário da desapropriação
leciona: “21. Em princípio, as desapropriações se fazem em favor das pessoas de direito
público, ou pessoas de direito privado delegadas ou concessionárias de Serviço público:
(TJSP; RDA58/230 e 93/193). Cabe, ainda, em caráter excepcional, desapropriar em
favor de pessoa de Direito Privado que não reúna tais caracteres, mas que desempenhe
atividade considerada de interesse público. “(STF, RDA 77/238).

13. E, mais adiante ressalta: “É certo, no entanto, que não se desapropria em favor de
interesse privado”. In casu concreto, verifica-se que, embora a declaração é de utilidade
pública, destinada a suposta expansão do parque industrial, tal expansão não existe.
18. É inegável que a lei geral expropriatória consigna que, mediante declaração de
utilidade pública, todos os bens podem ser desapropriados pelos entes da federação para
consumar a transferência do bem e sua integração ao seu patrimônio. É pela
desapropriação que o Poder Público recebe um bem, que possa a integrar seu patrimônio
e num momento subseqüente em outro negócio jurídico, se processa a alienação, na
forma da Lei nº 8.666/93 e específica editada por cada ente da federação, nas hipóteses
previstas.

DOAÇÃO SEM DOMÍNIO DA PROPRIEDADE – POSSE PRECÁRIA –


INEXISTÊNCIA DE PARQUE INDUSTRIAL A SER AMPLIADO

15. Ocorre, porém que, no caso subexamine, como já assinalado o Município, mediante
ato de seu então agente político, fê-lo como pretexto para justificar a doação, declarou
de utilidade pública a declinada área prevista nos Decretos nºs ..., ..., situada em local,
em que, na realidade inexiste regular e legal, parque industrial a ser ampliado, e em
seguida, mesmo sem a posse definitiva, já que detém apenas posse provisória ou
precária, da propriedade e nem o indispensável domínio, através da Lei Municipal nº ...,
pretendeu alienar tal propriedade, sob a forma de doação e repita-se, a título gratuito,
sem qualquer encargo, e, portanto trata-se de doação não onerosa, à apontada empresa
particular e beneficiária direta dos atos impugnados, com efeitos concretos em razão do
depósito judicial já efetuado, embora insuficiente, no âmbito da Ação de
Desapropriação Direta que promove contra os expropriados.

16. Sobre a matéria os nossos Tribunais têm-se posicionado no sentido da inviabilidade


ou da impossibilidade de desapropriar-se bem imóvel por interesse público para em
seguida doá-lo a terceiro, mesmo que o objetivo seja a implantação de indústria,
inclusive assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça em sede de Ação Civil Pública,
vejamo-la:

“A transferência de bem deve ser onerosa, não sendo tolerável a doação, mesmo que o
objetivo seja a implantação de indústria. (REsp nº 55.723, 1ª Turma – Rel. Min. Celso
Asfor Rocha, jul. em 15-2-1995).

17. O STF, também, julgou nesse sentido, conforme ementa a seguir transcrita, cujo
entendimento ajusta-se ao caso concreto, mutatis mutandis:
“Não é possível expropriar imóvel, urbano ou rural, mesmo se o for para ampliação de
parque industrial, doando-se, a seguir, no todo ou em parte, a gleba a particulares, a fim
de esses, aí, localizarem sua indústria. Na desapropriação por interesse, admite-se tão-
só, a venda ou a locação do bem expropriado, não, porém, a doação em face da expressa
disposição do art. 8º da Lei nº 8.132/62” (Rec. Extraordinário conhecido e provido, para
conhecer do mandado de segurança e anular o ato administrativo impugnado (STF –
Serviço de Jurisprudência).

18. Igualmente é a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

“Desapropriação. Mandado de Segurança – Decreto municipal declaratório de utilidade


pública de imóvel de propriedade do impetrante destinado “a ampliação do parque
industrial do Município”, com a doação da área expropriada, a empresa particular para
construção de fábrica de mandioca. Inviabilidade. Inexistência de parque industrial a ser
ampliado. Doação ilegal. Segurança concedida. Recurso Voluntário e remessa
necessária manifestadas. Desvio de finalidade. Possibilidade de análise do mérito do ato
administrativo (princípios da impessoalidade e da moralidade, art. 37 da Constituição
Federal) Doação ilegal. Direitos líquidos e certos do impetrante violados. Cassação dos
efeitos do Decreto hostilizado. “(Ap. Cível nº 11.082-9 – Reexame Necessário – TJPR).

“Se a real finalidade do decreto expropriatório é adquirir bem imóvel, para em seguida,
doá-lo a terceiro, beneficiando, pessoa jurídica de direito privado, claro é que inexistem
aí os fins que embasam a expropriação: a real necessidade ou utilidade pública e/ ou
interesse social relevante”.

Na desapropriação por interesse público, admite-se tão-só a posterior venda ou locação


do bem expropriado em legítima licitação, jamais sendo permitida a doação a particular
para que ali ele instale sua indústria ou sua fábrica.
O decreto expropriatório eivado de tais vícios deve ser desconstituído e proclamada a
inviabilidade de sua subsistência no mundo jurídico (Rec. Improvido – Acórdão nº
7.517, 1ª Turma Cível – TJPR).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se a V. Exª:

a) a citação dos primeiros requeridos o Município de ..., através de seu representante


legal, para que, no prazo legal, assim como da Câmara Municipal de ..., nos respectivos
endereços já declinados, contestem ou abstenham-se de contestara a presente ação
popular, ou ainda manifestem adesão expressa ao pedido inicial, conforme estabelece o
art. 6º, § 3º, da Lei 8.817/65;

b) a citação da empresa particular ..., na pessoa de seu presidente ..., por via Postal c/
AR, para que no prazo legal, para abster-se de contestar ou não, a presente ação, sob
pena de revelia ou ainda atuar ao lado do autor, conforme lhe faculta o § 3ºdo artigo 6º
da LAP;

c) determine a suspensão liminar dos atos impugnados, e, portanto dos efeitos, dos
respectivos Decretos nºs ... e ... e da Lei nº ..., e eventual contrato que tenha sido
firmado com a empresa donatária e beneficiada, até decisão final, conforme dispõe o §
8º do 5º da Lei nº 8.717, alterada pela Lei nº 6.523/77, segundo o qual: Na defesa do
patrimônio público caberá suspensão liminar do ato lesivo impugnado”, notificando-se,
no que couber, as partes responsáveis pela edição e/ou aprovação dos atos, assim como
a empresas beneficiada.

d) seja, finalmente julgado procedente o pedido, para desconstituir e declarar a nulidade


dos atos impugnados que consistem, respectivamente nos Decretos nos ... e ... e na Lei
Municipal nº ..., para,em conseqüência, desconstituir a alienação, sob a forma de
doação, a título gratuito, sem encargo, à empresa particular e beneficiada ..., e contrato
que tenha sido eventualmente firmado pela administração do então prefeito ...,
condenado-se, ainda, a beneficiada empresa a ressarcir ao erário municipal os prejuízos
decorrentes da desapropriação e doação, bem como a pagar custas e honorários de
advogado de 20% sobre o valor da causa;

e) a intervenção da ilustre representante do Ministério Público e Curadoria do


Patrimônio Público, para acompanhar a ação no que lhe couber, custos legis.
f) A ISENÇÃO DE CUSTAS, na forma da lei.

g) Requer-se provar o alegado por todo o gênero da prova admitida em Direito.

Com os anexos documentos, dando-se à causa o valor provisório de R$ 30.000,00

Pede e espera deferimento.

De ..., para a Cidade e Comarca de ..., em ... de ... de ....

_______________________________________________
Advogado
OAB/... - ...

PROCURAÇÃO

Por este instrumento particular de mandato nomeio(amos) e constituo(imos) meus


(nossos) bastante procurador, onde com esta se apresentar, o Dr. ..., brasileiro, separado
judicialmente, advogado, inscrito na OAB/MG, sob o nº ..., com escritório na Av. ...,
nº ... – ... andar, sala ... – Bairro ..., CEP ..., ao qual outorgo(amos) os PODERES
GERAIS PARA O FORO e de representação perante Repartições Públicas, Autarquias,
Sociedade de Economia Mista e Serviços Administrativos Descentralizados, pedir
vistas, juntadas, confessar, desistir, transigir, renunciar, transacionar, receber e dar
quitação, fazer declarações, especialmente para propor Ação Popular em desfavor do
Município de ... e em face dos litisconsortes necessários Câmara Municipal e ...,
conforme as disposições da Lei nº 8.717/65 e suas posteriores alterações e CF (art. 5º)

Local e Data

____________________________________________
Outorgante

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