Tese Idoso
Tese Idoso
Tese Idoso
BAURU/SP
2015
MÁRIO COIMBRA
BAURU/SP
2015
MÁRIO COIMBRA
BANCA EXAMINADORA
____________________________
Prof. Dr. Flávio Luis de Oliveira (orientador)
____________________________
Prof.Dr.Rui Carvalho Piva
____________________________
Prof.Dr. Sílvio Carlos Alvares
_______________________________
Prof. Dr.Gelson amaro de Souza
______________________________________
Prof.Dr.Richard Paulro Paes Kim
.‖O direito de qualquer pessoa a obter justiça não será por nos
vendido, recusado ou postergado‖.
(Cláusula 40 da Magna Carta).
RESUMO
The right of the elderly has been involved with a new specialty promoted not only by
the population growth that has been increasing, but also by community awareness
irradiated to legislator himself for the need for protection of the elderly, with the
enforcement of their fundamental rights such as life, health, food, education, culture,
sports, leisure, work, citizenship, freedom, dignity, respect and family and community
life, as expressly required by article 6 of Law nº 10.741 / 2003 (Elderly Statute).
Through this law all the principles and protective international guidelines for the
elderly entered the Brazilian legal system, establishing legal mechanisms of
protection of fundamental rights of the elderly in both the vertical and the horizontal
levels, and also, regulates important matters related to social security, civil and civil
procedure of interest to the elderly. Regarding the procedural area, among the
fundamental rights of paramount importance contemplated by the Constitution, it is
worth highlighting the principle of reasonable duration of the process that requires the
judge with the task of promoting the process with all due speed, not allowing the
practice of dilatory and procrastinate acts. Failure to comply to that fundamental right
is undeniable violation of the principle of the prohibition of insufficient protection. Note
that the delayed adjudication is undeniable injustice, often causing deleterious effects
to the interests of one or both disputing parties, with significant material and moral
injuries. In fact, the legislator has imposed the proper procedural celerity in article 71
of the Elderly Statute, so that the law suit should be finalized with the desired legal
protection, as quickly as possible. It was the legislator´s intention when he stipulated
the proper celerity to the procedures related to elderly law suits, that the Justice was
able to have a good structure so that the alluded law was enforced. If the state itself
imposes on the Judiciary Power to give differentiated impulsivity to procedures
involving interest of elderly in order to make it faster than the others, it can not be
omitted in the alluded duty, without furnished consequences by the vilification
normative.
INTRODUÇÃO ____________________________________________10
ANEXOS ________________________________________________436
1 PLANO DE AÇÃO INTERNACIONAL DE VIENA SOBRE O
ENVELHECIMENTO _____________________________________________ 436
INTRODUÇÃO
Não é por outra razão que o artigo 71 do Estatuto do Idoso impõe que o
julgador vele pela devida celeridade processual nas ações envolvendo interesse de
idoso, cujos feitos terão prioridade de tramitação, incluindo execução, atos
processuais e diligências judiciais.
A primeira parte enfocou a tutela dos direitos dos idosos nas dimensões
internacional e nacional. Em seu primeiro capítulo, foram estudados os direitos
materiais fundamentais dos idosos, com análise do seu conceito, evolução histórica
e a dignidade da pessoa humana como pilastra dos direitos fundamentais. Também
foram realizadas prospecções atinentes às características e fundamentalidade
formal e material dos direitos materiais, bem como da duplicidade de conteúdo
jurídico-constitucional dos direitos fundamentais; e, ainda, sobre proibições de
intervenção e imperativos de tutela e efetividade dos direitos fundamentais nas
relações privadas.
1
SARLETE, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional.11.ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2012, p.2
2
DIMOULIS Dimitri; MARTINS, Leonardo. Definição e características dos direitos
fundamentais. In: LEITE, George Salomão: SARLET, Ingo Wolfgang.Direitos fundamentais e
Estado constitucional: estudos em homenagem a J.J. Gomes Canotilho.Coimbra/São Paulo:
Coimbra Editora e RT, 2009, p.119. Para Luigi Ferrajoli, direitos fundamentias podem ser definidos
como "todos aqueles direitos subjetivos que correspondem, universalmente, a todos os seres
humanos enquanto dotados de status de pessoas, de cidadãos ou pessoas com capacidade de atuar,
entendendo-se por 'direitos subjetivos', qualquer expectativa positiva (de prestações) ou negativa (de
não sofrer lesões) adstrita a um sujeito por uma norma jurídica, e por 'status' a condição de um
sujeito, prevista, também, por uma norma jurídica positiva, como pressuposto de sua idoneidade para
ser titular de situações jurídicas e/ou autor dos atos que são exercícios destas" (Los fundamentos
de los derechos fundamentales. Madrid: Editorial Trotta, 2001, p.19).
15
3
Ciência política, Estado e Direito Público: uma introdução ao Direito Público da
contemporaneidade. São Paulo: Verbatim, 2011, p.271.
4
Cf. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. A cidadania social na Constituição de 1988:
estratégias de positivação e exigibilidade judicial dos direitos sociais. São Paulo: Verbatim,
2009, p.44.
5
Direitos fundamentais. São Paulo: Gen/Editora Método, 2014, , p.64.
6
GIMENEZ, Daniela Nunes Veríssimo. Ações afirmativas como instrumento dos direitos
fundamentais sociais à luz dos princípio da igualdade no ordenamento jurídico brasileiro. In:
LUNARDI, Soraya (Coord.). Direitos fundamentais sociais.Belo Horizonte: Editora Fórum, 2012,
p.49).
7
NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Op.cit., p.45. Acrescentam Daniela Ricther e Liane Tabarelli
16
que: "é no Estado de Bem-Estar Social que se dá a positivação dos direitos sociais, econômicos e
culturais, ou seja, daqueles direitos característicos de segunda dimensão. Esses direitos impõem, ao
Estado, o cumprimento de prestações positivas em que o Estado deve intervir na economia e
fornecer condições materiais para a sua concretização. A ênfase desses direitos consiste, portanto,
na base social." (A efetivação dos direitos sociais como pressuposto à concretização da dignidade da
pessoa humana e a jurisdição constitucional. In: GORCZEVSKI, Clóvis; REIS, Jorge Renato dos
(Orgs.).Direitos fundamentais sociais como paradigmas de uma sociedade fraterna.Santa Cruz
do Sul-RS: IPR, 2008, p.78
8
O conceito de política pública em direito.In: BUCCI, Maria Paula Dallarri (Org.). Políticas
públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006, p.03.
9
NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Op.cit.p.70.
10
Concretização de políticas públicas na perspectiva da desneutralização do poder judiciário.
In: LUNARDI, Soraya (Coord.). Direitos fundamentais sociais.Belo Horizonte: Editora Fórum, 2012,
p.102.
17
11
Op.cit., p.65.
12
ROTHERMBURG, Walter Claudius Idem, ibidem.
13
Curso de Direito constitucional,26.ed..São Paulo:Mlheiros, 2011, p.571.
14
Op.cit., p.583.Acrescenta ao seu argumento as seguintes ponderações: "Vamos, por
conseguinte, retirar o direito à paz da invisibilidade em que o colocou o edificador da categoria dos
direitos da terceira geração.Para tanto, faz-se mister acender luzes, rasgar horizontes, pavimentar
caminhos, enfim descerrar o véu que encobre esse direito na doutrina ou o faz ausente dos
compêndios,das lições, do magistério de sua normatividade[...]" (idem, p.584).
15
Discussão histórico-jurídica sobre as gerações de direitos fundamentais: a paz como direito
fundamental de quinta geração. In: FACHIN, Zulmar (Coord.). Direitos fundamentais e cidadania.
São Paulo: Editora Método, 2008, p.196. Ressalta a autora, ainda, que "por isso, atualmente,
começa a se desenhar uma teoria para a quinta geração de direitos fundamentais, que tem como
finalidade a proteção do direito à paz como caminho necessário para a concretização de todos os
outros direitos fundamentais" (idem, p.197).
18
16
Curso de Direito Constitucional, 5. ed., atual. e ampl.. Rio de Janeiro: Forense, 2012,
p.228.
17
DALLARI, Suelli; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Direito Sanitário.São Paulo: Verbatim,
2010,p.37.
19
18
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela.
Lisboa: Edições 70, 2001, p.68-71.
19
VIVES ANTON, T.S.. Derecho Penal. Parte Especial. 2.ed. Valencia: Tirant lo Blanch,
p.276. apud. GRIMA LIZANDRA, Vicente. Los delitos de tortura y tratos degradantes por
funcionários públicos. Valencia: Tirant lo Blanch, 1998. p.62.
20
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil.
v.I São Paulo: Saraiva, 1988. p.425.
21
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios constitucionais penais e processuais penais.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p.40.
22
PIOVESAN, Flávia.Temas de direitos humanos. São Paulo: Editora Max Limonad, 1998.
p.215.
23
Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais, 9.ed,, rev. e atual., segunda
tiragem. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p.44.
20
24
MARMELSTEIN, George.Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008,p.19.
25
ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil.Ley, derechos, justicia.Traduccion de Marina
Gascón.Madrid: Editorial Trotta, 2008. p.116. Assinala ainda que: ―Nos princípios constitucionais
confluem, portanto, aspectos temáticos positivistas e jusnaturalistas. Não é difícil compreender que
justamente sobre isso (e, por conseguinte, sobre as declarações dos direitos e da justiça) as grandes
concepções do pensamento jurídico contemporâneo hajam podido encontrar compromissos
satisfatórios em seu conjunto [...](p.118)
26
Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais,9.ed.,rev e atual., segunda
tiragem. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p.116.
27
Idem, p.136. No mesmo sentido, ensinam Taís Nader Marta e Cláudio José Amaral Bahia
assinalando que "no âmbito da ponderação de bens ou valores, o princípio da dignidade da pessoa
humana justifica, ou até mesmo exige a restrição de outros bens constitucionalmente protegidos,
ainda que representados em normas que contenham direitos fundamentais, de modo a servir como
verdadeiro e seguro critério para solução de conflitos de tal envergadura" (As relações privadas e os
direitos fundamentais. In: MARTA, Taís Nader; CUCCI, Gisele Paschoal (orgs.). Estudos de direitos
fundamentais.São Paulo: Verbatim, 2010, p.53-54.
28
Disposição normativa contida no artigo 1º, § 1º da constituição alemã.
21
1.3.1 A historicidade
29
Teoria dos direitos fundamentais. 2.ed, Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo:
Malheiros, 2012, p.111-112.
30
Idem, p.112.
31
Cf. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. A cidadania social na Constituição de 1988. São
Paulo: Editora Verbatim, 2009, p.35.
32
NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Idem, Ibidem.
22
33
Idem, p.36.
34
Idem, p.37. Em complemento, ensina: ―Não propriamente como um epílogo, já que diversas
outras declarações a sucederam, mas como uma espécie de apogeu, sobreveio a Declaração
Universal de Direitos do Homem da ONU, em 1948, que, pautando um novo horizonte ético, em um
período de reconstrução de um mundo que ressurgia da Segunda Grande Guerra e dos horrores do
Holocausto, trouxe uma pletora de enunciados humanísticos até então não consagrados por
nenhuma outra declaração do gênero‖ (p.37).
35
Op.cit., p.16-17.
36
A era dos direitos. 9.ed. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus,
1992, p.03 e 05.
23
grupo de pessoas.
37
Op.cit., p.07.
38
Op.cit.,p.573. Melhor explicitando o seu raciocínio preleciona que "a nova universalidade
procura, enfim, subjetivar de forma concreta e positiva os direitos da tríplice geração na titularidade
de um indivíduo que antes de ser o home deste ou daquele país, de uma sociedade desenvolvida ou
subdesenvolvida, é, pela sua condição de pessoa um ente qualificado por sua pertinência ao gênero
humano, objeto daquela universalidade" (idem, p.574).
39
Op.cit., p.08. Anota, ainda, como documentos internacionais que albergam direitos com tal
característica, a Convenção e o Protocolo relativos ao estatuto dos refugiados – ONU, 1951 a 1966;
a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de discriminação contra a Mulher – ONU,
1979; a Convenção Interamericana par Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, 1994;
a Declaração de Pequim, 1995; a convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais, da Organização
Internacional do Trabalho – OIT, 1989; Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas, 2007 (p.08).
40
Idem, p.09.
24
41
LAPORTA, J. Francisco. El concepto de los derechos humanos.In: DIAZ, Ramón Soriano;
CABRERA, Carlos Alarcon; MOLINA, Juan Mora (Coords). Diccionario crítico de los derechos
humanos. Andalúcia: Universidad Internacional de Andalucía, 2000, p.24.
42
Muito a propósito, preleciona Vidal Serrano Nunes Junior que "partindo-se da premissa de
que os direitos fundamentais nasceram e se expandiram para a proteção do ser humano, pensado
como ser dignitário de direitos mínimos, a aceitação da renúncia dos mesmos consistiria em negação
da sua fundamentalidade e, por via de consequência, na sua desconstituição enquanto categoria
jurídica" (A vida social na Constituição de 1988. São Paulo: Verbatim, 2009, p.39).
43
Op.cit., p.11.
25
face do status constitucional, não se pode olvidar que constituem eles a própria
pilastra de legitimação da ordem constitucional, edificando, assim, ―uma
supraconstitucionalidade autogenerativa.‖44 Assevera Vidal Serrano que: a sua
incorporação e proteção pelo direito constitucional positivo ―não faz desaparecer o
momento anterior – de jusnaturalismo, de divinalização ou, de modo geral, de uma
concepção de justiça desenraizada da idéia de Estados soberanos ou de ordens
jurídicas específicas‖.45
44
Cf. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano.Op.cit.,p.38.
45
Idem, ibidem.
46
ROTHEMBURG, Walter Claudius. Op.cit., p.15.
47
Cf. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Op.cit., p.39.
48
Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade, 4 ed., rev e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2012, p.84. Complementa o conceito, lecionando: "Tem-se, pois, autêntica colisão, apenas
quando um direito individual afeta, diretamente, o âmbito de proteção de outro direito
individual.Tratando-se de direitos submetidos a reserva legal expressa, compete ao legislador traçar
os limites adequados, de modo a assegurar o exercício pacífico de faculdades eventualmente
conflitantes" (idem, p.85).
26
49
Idem, p.100.
50
Vidal Serrano Nunes Junior exemplifica, a questão da concorrência citada, com a realização
de uma passeata. "Aqueles que a integram estão, a um só tempo, exercendo o direito de reunião
(itinerante) e de manifestação do pensamento" (Op.cit., p.41|).
51
Op.cit., p.29.
52
Op.cit.,, p.35.
27
A evolução dos direitos fundamentais fez com que pudessem eles ser
enfocados hodiernamente, não só como direitos subjetivos individuais mas também
como elementos objetivos fundamentais.61
57
Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003, p.403.
58
Idem, p.403-404.
59
Idem, p.404.
60
Idem, ibidem.
61
Explicitando esta dupla dimensão dos direitos fundamentais, leciona George Marmelstein
que: "os direitos fundamentais, na sua dimensão subjetiva, funcionariam como fonte de direitos
subjetivos, gerando para os seus titulares uma pretensão individual de buscar a sua realização
através do Poder Judiciário. De outro lado, na sua dimensão objetiva, esses direitos funcionariam
como um 'um sistema de valores' capaz de legitimar todo o ordenamento, exigindo que toda a
interpretação jurídica leve em consideração a força axiológica que deles decorre"(Curso de Direitos
29
acepção axiológica, explica Fabio Resende Leal que estes irradiam valores
fundantes juridicizados de determinada sociedade na Constituição. Essa inserção
constitucional vincula todos os poderes públicos aos direitos fundamentais não só na
sua promoção, como na sua proteção. Ensina, ainda, que esse dever de proteção
67
alcança o Estado, em suas funções legislativa, administrativa e jurisdicional.
67
A celeridade processual como pressuposto da efetividade dos direitos fundamentais.
Curitiba: Juruá, 2011, p.36.
68
VILLELA, Patrícia. Ministério Público e políticas públicas.Rio de Janeiro: Lumens Juris,
2009. p.vii. Explica a autora que: ―As políticas públicas compreendem as escolhas e as ações das
autoridades legitimamente eleitas no exercício de um estatuto governamental disciplinado pelo
Constituinte. Pautam-se por conteúdos previamente consignados no cosmos normativo, os quais são
submetidos a ponderações concretas diante da gama de alternativas jurídica e faticamente
possíveis[...].(P.vii).
69
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. 3.ed. atual. por Rosolea Miranda Golgosi.
São Paulo: Malheiros, 2011, p.119.
31
70
Anota Alexei Julio Estrada que "[...]uma influência dos direitos fundamentais sobre o direito
privado não era de tudo estranho à concepção ideológica da teoria do Estado a partir da Revolução
Francesa. A declaração de 1789 não se dirigia exclusivamente contra as intervenções estatais;
apontava também contra os privilégios corporativos e clericais, contra as prerrogativas econômicas e
sociais no direito privado" (La eficacia de los derechos fundamentales entre particulares. Bogotá:
Universidad Externado de Colombia, 2001, p.31).
71
Op.cit., p.132.
32
fundamentais têm aplicação direta nas relações entre particulares. Frisa Marinoni
que, em tal hipótese, "além de normas de valor, teriam importância como direitos
subjetivos contra entidades privadas portadoras de poderes sociais ou mesmo
contra indivíduos que tenham posição de supremacia em relação a outros
particulares".72
Adverte o mesmo autor que, qualquer que seja a tese escolhida sobre
a aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas, a pacificação das
aludidas teses está longe de ser harmonizada. 74
72
Op.cit., p.134.
73
Op.cit., 127. Assinala o autor que, embora o Tribunal Constitucional alemão tenha repelido
a possibilidade de aplicação imediata dos direitos fundamentais nas relações entre particulares,
decidiu aquela Corte que "a ordem de valores formulada pelos direitos fundamentais deve ser
fortemente considerada na interpretação do direito privado".(idem, p.126).
74
Op.cit., 131.
33
similar".75
Deve ser focado, por primeiro, o legislador ordinário, uma vez que,
embora a Constituição Federal não se tenha referido, expressamente, à proteção
do denominado núcleo essencial dos direitos fundamentais, asseverou,
explicitamente, a proteção dos direitos e garantias individuais, com a petrificação
estabelecida pelo seu artigo 60, § 4º, inciso IV.76
75
CANARIS, Claus -Wilhelm. Direitos fundamentais e Direito privado. Tradução de Ingo
Wolfgang Sarlet e Paulo Mota Pinto. Coimbra: Almedina, 2006, p.115.
76
Assinala Gilmar Ferreira Mendes que: "a não admissão de um limite ao afazer legislativo
tornaria inócua qualquer proteção fundamental" (Op.cit., p.61).
77
Cf. .MENDES, Gilmar Ferreira. Idem, p.73.
78
Op.cit., p.75. Ensina, ainda, que "a doutrina identifica como típica manifestação do excesso
de poder legislativo, a violação do princípio da proporcionalidade ou da proibição de excesso
(verhältnismässigkeitsprinzip; Übermassverbot) que se revela mediante contraditoriedade,
incongruência e irrazoabilidade ou inadequação entre meios e fins[...]A aferição da
constitucionalidade da lei em face do princípio da proporcionalidade ou da proibição de excesso
contempla os próprios limites do poder de conformação outorgado ao legislador" (idem, p.72-73).
34
79
Cf. MARMELSTEIN, George. Op.cit., p.246.
80
Preleciona Paulo Hamilton Siqueira Jr que, em tal caso, "a decisão tem caráter obrigatório e
mandamental. No caso de órgão administrativo, o texto constitucional fixa o prazo de trinta dias para
a adoção de providências necessárias. No caso do Poder Legislativo, tendo em vista a autonomia dos
Poderes, não há fixação de prazo. apenas fixa-se judicialmente a omissão, podendo ensejar ação de
perdas e danos, se da omissão ocorrerem prejuízos[...]Segundo nosso entendimento, na medida em
que a declaração de inconstitucionalidade por omissão é realizada em tese, seus efeitos são erga
omnes, aproveitando a todos e revestindo-se da autoridade da coisa julgada. O alcance da decisão
se faz sentir ex nunc, pois é a partir da decisão que surge a omissão constitucional e vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal, estadual e
municipal". (Direito processual constitucional, 6.ed..São Paulo: Saraiva, 2012, p.317-319).
35
81
SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais e proibição de retrocesso: algumas
notas sobre o desafio da sobrevivência dos direitos sociais num contexto de crise. In: PAULA,
Alexandre Sturion de (Coord.): Ensaios constitucionais de direitos fundamentais.Campinas:
Editora Servanda, 2006, p.338-339.
82
Cf. Vide, neste sentido, lição de Gilmar Ferreira Mendes. Op.cit., p.119.
83
AITH, Fernando. Políticas públicas de Estado e de governo: instrumentos de consolidação
do Estado Democrático de Direito e de promoção e proteção dos direitos humanos. In: BUCCI, Maria
Paula Dallari (Org.). Políticas Públicas.São Paulo: Saraiva, 2006, p.219. Complementa o autor,
lecionando: "A elaboração dessas políticas deve estar em consonância com os ditames da
Constituição e dos demais instrumentos normativos do ordenamento jurídico, bem como deve sempre
ter, como finalidade, o interesse público, a promoção e proteção de direitos, em especial aqueles
reconhecidos como direitos humanos."(idem, p.219).
36
84
Vide RE 160.222/RJ.
37
85
A eficácia dos direitos fundamentais.11.ed., rev e atual., Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2012, p.386. Ao discorrer sobre a dupla função dos direitos fundamentais, no que tange a
sua subjetivação e à eficácia irradiante para o ordenamento, ensina Alexei Julio Estrada: "Esta dupla
qualificação, na qual os dois elementos coexistem em uma relação de tensão, é o resultado da
implantação da denominada teoria objetiva, que redunda em uma ampliação do conteúdo dos direitos
fundamentais, os quais não se limitam a atuar na relação do indivíduo com o poder público, uma vez
que, como valores supremos que se irradiam para todo o ordenamento jurídico, também informam as
relações recíprocas entre particulares e limitam a autonomia privada, ao mesmo tempo que atuam
como mandatos de atuação e deveres de proteção para o Estado" (Op.cit., p.67).
86
Op.cit.,p.24.
87
Contratos bancários: execuções especiais. São Paulo: Malheiros, 2002, p.198.
88
Idem, ibidem.
89
Op.cit., p.34.
38
90
Apud MENDES, Gilmar Ferreira. Op.cit., p.127.
91
Op.cit., p.47.
39
92
Antes do Estatuto do Idoso, a Lei nº 8.842/94 já definia o idoso, em seu artigo 2º, como a
pessoa maior de 60 anos.
93
Vide anexo.
94
SILVA, Anna Cruz da Araújo Pereira da. Um jovem direito: direito do idoso. Revista A
terceira Idade. São Paulo: SESC, v.20, n.45, p.25-37, jun.2009. Acrescenta que : ―O surgimento desta
nova disciplina se deve ainda à tendência à especialização dos Direitos Humanos, justificada pela
necessidade de se tutelar grupos, muitas vezes minoritários...que por sua maior fragilidade
careceram de especial proteção‖ (p.28).
40
95
Cf. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa nacional por amostra
de domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
96
Cf. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Envelhecimento demográfico e lugar do idoso no ciclo
da vida brasileira.In: TRENCH, Belkis; ROSA, Tereza Etsuko da Costa (Orgs.). Nós e o outro:
envelhecimento, reflexões, práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto de Saúde, 2011, p.08.
97
Idade estabelecida por anos de vida.
98
HUENCHUAN, Sandra. Los derechos de las personas mayores: aspectos teórico-
conceptuales sobre los derechos humanos de las personas mayores. Santiago de Chile.Nações
Unidas/CEPAL, 2013, p.04. Acrescenta que: ―Um termo associado à idade fisiológica é o de
senilidade, ou seja, o processo que se manifesta naqueles sujeitos que sofrem um nível de
deterioração física ou mental – ou ambos – que os impede de desenvolver com normalidade sua vida
social e íntima‖ (p.04).
99
Op.cit., ibidem.
41
100
Cf. <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=34054&janela=1>.
Acesso: 05/11/13.
101
Cf. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional por amostra
de domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 2012, p.28.
102
Cf. SáNCHEZ, Ernesto García.El maltrato a los ancianos em el ámbito familiar.
Albacete: Espanha, 2007, p.45.
103
Apresentação da obra de SILVA, Nilson Tadeus Reis Campos. Direito do idoso: tutela
jurídica constitucional. Curitiba: Juruá Editora, 2012.
42
104
Direito do idoso: tutela jurídica constitucional. Curitiba: Juruá, 2012, p.103.
105
Anotam com cientificidade Abilio Costa Rosa e Tereza Etsuko da Costa Rosa que: ―Apesar
da complexidade envolvida no processo de envelhecimento, a Medicina contemporânea, tem
recortado essencialmente um fenômeno biológico sobre o qual tem-se debruçado cada vez com
maior atenção, tendo trazido inegáveis conquistas no que diz respeito à melhora das condições de
vida e ao aumento da longevidade.(Envelhecimento, tempo e desejo na hipermodernidade. In:
TRENCH, Belkis; ROSA, Tereza Etsuko da Costa (Orgs.). Nós e o outro: envelhecimento,
reflexões, práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto de Saúde, 2011, p.321.
106
Cf. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Op.cit., p.08.
107
Cf. KALACHE, Alexandre. Conferência Magna - O século do envelhecimento: qual
sociedade queremos construir?In:Anais da 2ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa/A
avaliação da rede nacional de proteção e defesa dos direitos da pessoa idosa: avanços e desafios.
Brasília: Secretaria de Direitos Humanos/Presidência da República, 2010, p.08/10.
108
Op.cit., p.11. Pode-se complementar o aludido texto com a seguinte observação do IBGE:
―O envelhecimento da população, caracterizado pelo aumento da proporção de idosos em relação à
população total, é um fenômeno já bastante evidente em países desenvolvidos. Como esse
fenômeno ocorre de forma acelerada no Brasil, rapidamente ganha importância na agenda de
43
As pessoas mais velhas têm, cada vez mais, sido vistas como contribuintes
para o desenvolvimento; e suas habilidades para melhorar suas vidas e
suas sociedades devem ser transformadas em políticas e programas em
todos os níveis. Atualmente, 64% de todas as pessoas mais velhas vivem
em regiões menos desenvolvidas – um número que deverá aproximar-se de
80% em 2050.110
políticas sociais. As questões que emergem com o envelhecimento populacional estão relacionadas
ao mercado de trabalho, à previdência social, bem como ao sistema de saúde e de assistência social
dos idosos‖ (Pesquisa nacional por amostra de domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 2012, p.240).
109
É preocupante, contudo, a seguinte advertência de Abílio Costa-Rosa e Tereza Etsuko da
Costa Rosa : ―Alardeia-se como um triunfo a presença social de uma grande massa de indivíduos,
crescendo em progressão ampliada, com idades cada vez mais avançadas Mas o que a sociedade
atual reserva aos velhos além de uma vida mais alongada no diversionismo e no consumo?‖ (Op.cit.,
p.322).
110
ONUBR. A ONU e as pessoas idosas. Disponível em: <http://www.onu.org.br/a-onu-em-
acao/a-onu-e-as-pessoas-idosas. Acesso em: 16/11/2013.
111
Sobre a questão do idoso e do velho merece destaque a observação de J.R. Nascimento:
―Idoso é quem vive uma longa vida...a idade causa a degenerescência das cédulas...velho é quem
perdeu a jovialidade, a velhice causa a degenerescência do espírito. Você é idoso quando ainda
sonha...Você é idoso quando ainda aprende...Você é idoso quando ainda ousa...você é velho quando
apenas dorme; você é velho quando já nem mais ensina; você é velho quando sequer tenta. Para o
idoso, a vida se renova a cada dia que começa...para o velho, a vida se acaba um pouco mais a cada
noite que termina. Para o idoso, o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida...para o velho, todos
os dias parecem o último da longa jornada. Para o idoso, o calendário está repleto de amanhãs...para
o velho o calendário só tem ontens. Você é idoso quando ainda se exercita, quando ainda leva uma
vida ativa...você é velho quando somente descansa durante horas infindas que se arrastam
destituídas de sentido. Você é idoso quando ainda tem planos e projetos e ainda acredita na vida e
no futuro...você é velho quando só tem saudades e descrê de todos e de tudo. Você é idoso quando
curte o que lhe resta da vida...você é velho quando sofre o que o aproxima da morte[...]‖.. (Anos
dourados...Anos sonhados, 3.ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2001,. P.93/96.
44
Registre-se que:
112
Vide MINAYO, Maria Cecília de Souza. Op.cit., p.11.
113
CÔRTE, Beltrana et alii. Velhice, mídia, violência. In. GUGEL, Maria aparecida; MAIO,
Ladya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto Atenas/AMPID, 2009, p.31.
114
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL – CNBB. Fraternidade e pessoas
idosas. Texto-base Campanha da Fraternidade 2003: São Paulo: Editora Salesiana, 2001, p.19.
115
Idem, p.26.
45
tempo em que se pode optar por algo com menos constrangimentos, quanto aos
rumos que se quer imprimir a essa última etapa da vida, fazendo dela uma síntese
criadora‖.116
116
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Op.cit., p.14.
117
CÔRTE, Beltrana et alii. Op.cit., p.26.
118
Idem, p.26/27. Quanto às debilidades físicas apresentadas por idosos merece registro a
observação de Márcio Pochman, para quem ―o envelhecimento populacional traz uma série de
desafios para a sociedade, dado que altera a demanda por políticas públicas e a distribuição dos
recursos disponíveis. Uma das certezas que se tem para o futuro próximo é a de um crescimento a
taxas elevadas do contingente de idosos vivendo mais tempo. Por outro lado, a certeza da
continuação nos ganhos, em anos vividos, é acompanhada pela incerteza a respeito das condições
de saúde, renda e cuidado que experimentarão os longevo―. (anotação de capa. In: CAMARANO,
Ana Amélia (Coord.). Características das Instituições de Longa Permanência para Idosos – região
Centro-Oeste. Brasília: IPEA; Secretaria de Direitos Humanos/Presidência da República, 2008).
46
119
Idem, p.27.
120
Os gerontólogos enfocam a velhice como ―uma etapa da vida na qual, em decorrência da
alta idade cronológica, ocorrem modificações de ordem biopsicossocial que afetam a relação do
indivíduo com o meio‖ (Salgado, Marcelo Antônio. Velhice, uma nova questão social. São Paulo:
SESC-CETI, 1980, p.29. Márcia Dourado, Doutora em Psiquiatria, leciona, contudo, que ―a velhice é
um conceito inserido em um repertório cultural historicamente delimitado, que atravessa o estatuto de
um processo biológico inerente ao ser humano, para o de uma construção social. (A velhice e seus
destinos.In: Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.17, n.37, out./2006, p.09.
121
A velhice no Brasil. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Artes Gráficas, 1972, p.19.
122
A solidão dos moribundos. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p.79.
Acrescenta o ilustre autor: ―Minha espontânea reação juvenil à visão de um velho é típica da espécie
de sentimentos que a visão dos velhos suscita hoje, e talvez ainda mais em tempos passados, em
pessoas saudáveis nos grupos de ‗idade normal‘ (ibidem).
123
BARRETO, Maria Lectícia Fonseca. Admirável mundo velho. São Paulo: Editora Ática,
1992, p.24.
124
A proteção constitucional da pessoa idosa. In: PIOVESAN, Flávia; GARCIA, Maria (Orgs.).
Doutrinas essenciais-direitos humanos. São Paulo: R.T., v.IV, 2011, p.860.
47
125
Cf. ROSA, Abílio; ROSA, Tereza Etsuko da Costa.Op.cit., p.321.
126
A velhice. Trad. Maria Helena Franco Martins. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990, p.13-
14.
127
Denomina-se eficácia vertical , em suas dimensões objetiva e subjetiva, quando focadas
as relações entre o Poder Público e os cidadãos. A eficácia horizontal, também denominada de
eficácia privada ou eficácia em relação a terceiros, é aquela decorrente das relações entre
particulares.
48
128
Direitos humanos e políticas públicas. In: BORN, Tomiko. Cuidar Melhor e Evitar a
Violência – Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília: Secretaria de Direitos
Humanos/Presidência da República, 2008, p.33.
129
Tradução do Prof. Sérgio Antônio Carlos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vide
texto no Anexo. Disponível em:,http://www.ufrgs.br/e-psico/publicas/humanização/prologo.html.
Acesso em: 16/11/2013.
49
130
O papel da ONU na elaboração de uma cultura gerontológica.In: Revista A Terceira
Idade. São Paulo: SESC, v.18, n.39, jun./2007, p.33. Acrescenta que a ―Conferência de Viena
delineou o panorama sob o qual se construiu a nova tendência demográfica, apontando a importância
da combinação de fatores como declínio das taxas de mortandade infantil e natalidade e os avanços
em nutrição, saúde básica, controle de doenças infecciosas. Mais que isso, quebrou o mito de que o
desafio do envelhecimento é mais notado em países – assim chamados –desenvolvidos; em 1975
mais da metade dos cidadãos maiores de 60 anos vivia em países em desenvolvimento. Esclareceu-
se que, ainda que o fenômeno do envelhecimento seja global, cada país deve reconhecer sua
tendência demográfica e se estruturar de acordo com sua população para otimizar seu
crescimento...Para o pensamento expresso em Viena, a criação e a implementação de políticas para
a terceira idade eram direito de soberania e, ao mesmo tempo, responsabilidade do Estado.‖ (p.33-
34)
50
131
Vide elucidativo diagrama sobre tais princípios em PIÑERO, Luiz Rodrigues;
HUENCHUAN, Sandra. Los derechos de las personas mayores em el ámbito internacional,
módulo 2. Santiago de Chile: Nações Unidas/CEPAL, p.11.
132
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Plano de ação internacional sobre
envelhecimento, 2002. Trad. Arlene Santos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos,2003. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/programas/plano-de-
acao-internacional-para-o-envelhecimento>. Acesso em 18.12.2013.
51
133
Segunda Assembleia Mundial Sobre Envelhecimento em Madrid: Aprova plano de acção e
declaração política, p.1-2. Disponível em: <http://www.onuportugal.pt> . Acesso em : 17/11/2013.
52
Piñero e Sandra Huenchuan que os direitos das pessoas idosas não foram
contemplados com especificidade num tratado ou convenção, como nas hipóteses
dos direitos das mulheres, das crianças e das pessoas com deficiência. Realçam,
contudo, que, a despeito da não positivação dos direitos no almejado tratado, os
direitos humanos das pessoas idosas tem chamado atenção da comunidade
internacional e que há um pensamento consensual atinente a um mínimo de direitos
a um conteúdo mínimo dos direitos da pessoas idosas. .134
134
Op.cit., p.03
135
Los derechos de las personas mayores: las normas y politicas regionales y
nacionales sobre las personas mayores, módulo 3. Santiago de Chile: Nações Unidas/CEPAL,
2013, p.03.
53
136
HENCHUAN, Sandra. Idem, p.04.
137
Idem, ibidem.
138
Cf. HENCHUAN, Sandra. Op.cit., p.05.
54
139
Idem, ibidem.
140
Cf. . HENCHUAN, Sandra. Op.cit., p.06.
55
proteção dos direitos e da dignidade das pessoas idosas que não estejam
suficientemente previstos nos mecanismos existentes e que necessitam, portanto,
de uma maior proteção internacional. Seguindo o mesmo propósito, o Secretariado
das Nações Unidas, realizou uma consulta a todos os Estados membros, em março
de 2013, buscando sugestões em relação aos seguintes aspectos atinentes a um
novo instrumento protetivo de direitos humanos das pessoas idosas: a) propósitos;
b) princípios gerais; c) definições – em particular, de velhice e da pessoa idosa ; d)
igualdade e não discriminação aplicadas à pessoa idosa; e) direitos humanos
específicos a serem incluídos; e f) mecanismos de supervisão nacionais e
internacionais.141
141
NAÇÕES UNIDAS. Boletín 11: envejecimiento y desarrolho en America Latina y el Caribe.
Santiago de Chile :CELADE/CEPAL, 2013, p.04.
56
142
Direitos e garantias do idoso. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2011, p.02.
143
FREITAS Jr, Roberto Mendes.,p.05. Observa, contudo, o autor que ―Não é essa, contudo,
a realidade da cultura jurídica brasileira, que até hoje sofre os reflexos do positivismo, dominante
durante o século XIX‖ (p.06).
57
144
GÁLVEZ, Rosa de couto et alii. La protección jurídica de los ancianos. Madrid: Editorial
Colex, 2007, p.18.
58
145
BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. Quer um conselho? Guia prático
para a criação de conselhos e fundos estaduais e municipais de defesa dos direitos da pessoa
idosa. Brasília: Presidência da República/Secretaria de Direitos Humanos, 2013, p.13. Cartilha
editada pelo Ministério Público de Pernambuco também explicita que :―Cabe ao Conselho
acompanhar, propor e fiscalizar as políticas públicas na área do idoso. Apenas diante do
conhecimento da realidade e das necessidades apresentadas pela população idosa é que o Conselho
será capaz de identificar as propostas mais adequadas para a população do seu território‖ (Ministério
Público de Pernambuco. Idoso no exercício da cidadania. Recife: MPPE, 2013, p.27.
59
146
Registra Anita Liberalesso Neri, ao analisar os fatos pretéritos à aprovação da Lei nº 8.842
e do Estatuto do Idoso, que ―A Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso tiveram uma
gestação longa: sabe-se que, em 1976, foi realizado o I Seminário Nacional de Estratégias de Política
Social do Idoso, reunindo profissionais de Geriatria, Gerontologia e técnicos das áreas da Saúde e da
Previdência Social. Desmobilizados durante os governos militares, voltaram a atuar e a pressionar o
poder público e os políticos até a efetivação da promulgação da Lei 8.842 e sua regulamentação dois
anos mais tarde. Quanto ao Estatuto do Idoso, sabe-se que tramitou no Congresso a partir de 1997 e
que foi gerado por iniciativa do movimento dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à
Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionista..‖ (As políticas de atendimento aos
direitos da pessoa idosa expressas no Estatuto do Idoso. In: Revista A Terceira Idade.São Paulo:
SESC, v.16, n.34, out./2005, p.08.
147
Direitos e garantias do idoso. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2011, p.03.
148
O direito de envelhecer com dignidade. Revista Senatus. Brasília: Senado Federal, v.07, n.01,
p.92-116, 2007. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br/publicacoes/revistaSENATUS/pdf/Senatus_Vol7.pdf.> Acesso em
29/12/2013.
149
Prefácio da obra de SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. Direito do idoso: tutela jurídica
constitucional. Curitiba: Juruá Editora, 2012. Ensina, em complemento: ―Adiro à tendência
contemporânea no campo dos direitos fundamentais (direitos humanos) de afirmação das diferenças
por meio do estabelecimento de regimes jurídicos (estatutos) próprios. Isso se verifica tanto em
relação aos documentos jurídicos internacionais quanto nacionais. Corresponde a uma expectativa
dos respectivos grupos e, portanto, a uma reivindicação política. Projeta tais expectativas no plano
simbólico do Direito, que cumpre uma função importante‖.
60
Ademais não se pode olvidar que o desprezo social pelo idoso reflete,
com força exponencial, no parlamento e no próprio gestor público, que são
impregnados com o mesmo preconceito já enfocado. No entanto a forte pressão
social de seguimentos que atuam na proteção da pessoa idosa, que começam a se
fortificar, até mesmo em nível internacional, levou o parlamento brasileiro a aprovar
o Estatuto do Idoso.
positivo‖.153
Não é por outra razão que ensina Luis María Díez-Picazo Giménez que
o valor ou o bem jurídico protegido pelo direito à vida consiste justamente na
convicção já sedimentada de que toda vida humana é digna de ser vivida. O direito à
vida constitui o suporte físico ―de todos os demais direitos fundamentais e, por sua
óbvia conexão com a ideia de dignidade da pessoa, é inquestionável que sua
titularidade corresponde a todos os seres humanos, qualquer que seja sua
nacionalidade‖.156
153
Direito Constitucional. São Paulo: Verbatim, 2010, p.54.
154
Vide ROTHERMBURG, Walter Claudius. Direito Constitucional, p.55.
155
PRADO, Luiz Regis. Tratado de direito penal brasileiro, v.4, Parte Especial, São Paulo:
RT, 2014, p. 60-61. Acrescenta o ilustre autor que ―A proteção de tão relevante bem jurídico é
imperativo de ordem constitucional...A garantia da vida humana não admite restrição ou distinção de
nenhuma espécie. Ou seja, protege-se a vida humana de quem quer que seja, independentemente
da raça, sexo, idade ou condição social do sujeito passivo...em razão da indisponibilidade e da
incontestável magnitude do bem jurídico protegido – a vida humana –, é irrelevante, em princípio, o
consentimento da vítima‖. (ibidem).
156
Sistema de derechos fundamentales, 4.ed., Cizur Menor/Navarra/Espanha:
Civitas/Thomson Reuter/Aranzadi, 2013, p.203/204.
63
157
e é o supremo bem individual‖ . Este dado é explicitado com maior cientificidade
por Magalhães Noronha, que, ao dissertar sobre o tema, leciona que : ―A vida é um
bem jurídico individual e social. Cada indivíduo tem o direito de gozá-la e desfrutá-la,
incumbindo ao Estado assegurar as condições de sua existência. Cabe-lhe a tutela
desse bem [...]‖.158
157
Comentários ao Código Penal. 3.ed, rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 1955, p.15.
158
Direito Penal, 23.ed., v.2. Atualizada por Dirceu de Mello. São Paulo: Saraiva, 1988, p.14-
15.Acrescenta que: ―É ela o bem supremo da pessoa e tanto basta, para, assegurar-se sua defesa e
proteção. Igualmente é um bem social e, por isso, indisponível pelo indivíduo. Existe um interesse
ético-político do Estado na conservação da vida humana[...]‖ (p.15).
159
CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Direito à moradia. Revista de Informação Legislativa. Brasília:
Senado Federal, v.32, n.127, p.49-54, jul/set., 1995
160
CANUTO, Elza Maria Alves. Direito à moradia urbana. Belo Horizonte: Editora Fórum,
2010, p.152.
161
Idem, p.153. Complementa a autora, ensinando: ―O direito à vida antecede o princípio
constitucional da dignidade humana, pois este só se justifica com a existência daquele. A vida,
protegida constitucionalmente, não é uma vida qualquer: deve ser uma vida digna, pois a Constituição
traz a dignidade humana como princípio fundamental do Estado Democrático de Direito‖ (p.154)
162
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Fundamentos do direito natural. In: PIOVESAN, Flávia:
GARCIA, Maria (Orgs.). Doutrinas essenciais: direitos humanos. São Paulo: R.T., 2011, v.II,
p.617. Conclui o autor que ―O mais fundamental direito natural do ser humano é portanto, aquele que
tem à vida‖ (ibidem).
64
Anota Georges Minois que os Incas, sob o império de Manco Capac, 164
no século XII, estabeleceu uma nova organização, para propiciar segurança aos
idosos, sendo que, anteriormente, os índios matavam e comiam os velhos daquele
território. Leciona que os velhos conservavam, nessa sociedade, o papel tradicional
de arquivos vivos. Ensina, ainda, que os idosos se transmudavam em conselheiros
dos soberanos. Acrescenta que os idosos formavam, em cada tribo, um conselho
163
O direito à saúde da pessoa idosa. São Paulo: Saraiva, 2010,
p.83.
164
Primeiro Rei da cidade de Cuzco, região dos Andes, Peru.
65
165
Histórica da velhice no Ocidente. Tradução de Serafim Ferreira. Lisboa: Editorial
Teorema, 1999, p.25-26. Acrescenta que: ―o Inca mandou, por duas vezes, o príncipe herdeiro, Maita
Capac, visitar o reino, em companhia de homens de idade e experientes, para que conhecesse os
seus problemas e os aprendesse a governar. As velhas mulheres têm um papel médico e tidas como
sábias...Os velhos do povo ficavam a cargo da comunidade, os camponeses deviam trabalhar a sua
terra logo após a dos domínios do Sol e gratuitamente...Os armazéns públicos forneciam os cereais e
um tributo especial era cobrado em forma de tributo (sic), que consistia em fabricar roupas e calçado
para os velhos, sendo isentados de impostos os índios que tivessem mais de cinquenta anos‖.(p.26).
166
Mensagem de sua santidade, o Papa João Paulo II, para a quaresma de 2005.
Disponível em:
<http://www.pastoraldapessoaidosa.org.br/images/stories/pdf/mensagemdopapajpauloiiquaresma200
5.pdf> . Acesso: 05 de março de 2014.
66
O Estatuto do Idoso, por sua vez, de forma mais ampla, estende tal
responsabilidade também à comunidade, dispondo, no seu artigo 3º:
167
A eficácia dos direitos fundamentais, 11.ed., rev e atual.. Porto Alegre, 2012, p.326.
168
Idem, ibidem.
169
Idem, p.329.
67
170
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria737.pdf. Acesso em:
27.11.13, p.11-12. Verifica-se, pela portaria enfocada que morbimortalidade consiste no ―conjunto das
ocorrências acidentais e violentas que matam ou geram agravos à saúde e que demandam
atendimento nos serviços de saúde‖. (p.02).
171
SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Plano de ação
para enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos,
2007, p.12.
68
172
Idem, p.13.
173
Idem, ibidem.
174
Idem, ibidem.
175
Idem, ibidem.
176
Idem, ibidem..
177
Idem, ibidem.
69
1. Toda pessoa tem direito à saúde, entendida como o desfrute do mais alto
nível de bem estar físico, mental e social.
182
BARLETTA, Fabiana Rodrigues.Op.cit., p.154.
183
Adverte Nadia Rejane Chagas Marques: ―A esse respeito, cumpre admitir-se que
dificilmente alguém se encontrará em completo bem-estar e que é mais factível predicar que a
‗saúde‘, em vez de um estado de perfeição pouco realista, abrange uma condição de equilíbrio
variável. Resultado de longa evolução na concepção, do que seja a sanidade, em si mesma
considerada, a saúde constitui um direito humano e fundamental, passível de proteção e tutela do
Estado‖ (O direito à saúde no Brasil: entre a norma e o fato. Porto Alegre: Nuria Fabris Editora,
2012, p.45-46.
71
saúde gravitava sobre parâmetros negativos, já que era vista como mera ausência
de enfermidade. Explicitando tal fase histórica, ensina o costarriquenho Roman A.
Navarro Fallas que o indivíduo só possuía saúde quando o médico não detectava
nenhuma enfermidade ao examiná-lo. Também o indivíduo era detentor de saúde
quando rastreada alguma moléstia, o médico obtia êxito na cura do doente.
―Coerente com esse paradigma, as instituições e serviços de saúde se dedicavam a
curar pessoas enfermas, sem dedicar tempo e recursos na prevenção e promoção
da saúde‖.184
184
Derecho a la salud:un análisis a la luz del Derecho Internacional, el Ordenamiento
Jurídico Costarricense y la Jurisprudencia Constitucional. San José,Costa Rica: Editorial
Juricentro, 2010, p.63.
185
Políticas de Estado e políticas de governo: o caso da saúde pública. In: BUCCI, Maria
Paula Dallari.Políticas públicas:reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006,
p.247
186
Direito Sanitário.São Paulo: Verbatim, 2010, p.08-09.
187
Idem, p.13.
72
188
FALLAS, Roman A. Navarro. Op.cit., p.64.
189
Medicina preventiva y salud pública.10.ed. Barcelona: Masson, 2001, p.03.
190
DALLARI, Sueli Gandolfi.Op.cit. p.249.
191
Idem, p.250.
192
STURZA, Janaína Machado; CASSOL, Sabrina. Do direito à saúde no Brasil ao diritto alla
salute na Itália: breves apontamentos sociojurídicos. In:GORCZEVSKI, Clóvis; REIS, Jorge Renato
dos (Orgs.). Direitos fundamentais sociais como paradigmas de uma sociedade fraterna.Santa
Cruz do Sul-RS:IPR, 2008, p.359. Complementam as autoras, lecionando que: ―Todavia garantir o
acesso igualitário a condições de vida saudável e satisfatória, a cada ser humano, constitui um
princípio fundamental de justiça social e, portanto, exige, também, uma grande produtividade
complexa por parte da sociedade e do Estado, sendo necessária a intensificação dos esforços para
coordenar as intervenções econômicas, sociais e sanitárias, através de uma ação integrada‖ (p.359).
73
193
O Sistema Único de Saúde e suas diretrizes constitucionais. São Paulo: Verbatim,
2009, p.79.
194
MARQUES, Nadia Rejane Chagas. Op.cit., p.44.
74
195
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. O direito à saúde da pessoa idosa. São Paulo: Saraiva,
2010, p.60. A aludida autora faz importante observação atinente ao artigo 9º do Estatuto do Idoso
lecionando que ―é importante ressaltar o conteúdo normativo do artigo em comento , pois ele agrega
à vida saudável àquela que se dá em condições de dignidade. De nada adianta ao idoso estar vivo
se não goza de bem-estar físico, psíquico e social, pois, sem esses predicados, não há que se falar
em vida nas condições de dignidade a que toda pessoa humana tem direito‖ (p.60).
196
Idem, p.61.
197
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. Op.cit., p.61.
198
Idem, p.62.
75
saúde pública no Brasil, a Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994 199, que institui,
como política de Estado, a Política Nacional do Idoso no Brasil, dispôs, no seu
artigo 10, inciso II :
199
A referida lei foi regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96.
76
200
QUEIROZ, Zally Pinto Vasconcelos; PRADO, Adriana Romeiro Almeida. Mudanças
adequadas aos usuários idosos: humanização do atendimento na instituição hospitalar.
Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.21, n.49, nov./2010, p.09. Acrescentam que: ―Assim
sendo, pode-se dizer que a longevidade traz, consigo, a maior incidência e prevalência de doenças
crônicas que exigem novas propostas em atenção à saúde, constituindo um enorme desafio para os
países em desenvolvimento, como o Brasil, onde se constata uma superposição epidemiológica:
coexistem doenças transmissíveis e crônico-degenerativas. Essa situação provoca maior demanda
pelos serviços de saúde[...]‖ (p.10).
77
201
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Plano de ação internacional sobre
envelhecimento, 2002. Trad. Arlene Santos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos,2003, p.22.Disponivel em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/programas/plano-
de-acao-internacional-para-o-envelhecimento> . Acesso em 18.12.2013.
78
202
Introdução da descrição da política nacional constante do anexo à portaria citada.
79
203
Introdução da descrição da política nacional constante do anexo à portaria citada.
204
PEREIRA, Maria Angélica Leite; RODRIGUES, Mineia Carvalho. Capacidade funcional
80
em pessoas idosas. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.20, n. 45, jun./2009, p.70.
Acrescentam: ―Tais mudanças vêm propiciando a aquisição de hábitos potencialmente lesivos à
saúde e à qualidade de vida, como a redução dos níveis de atividades físicas inerentes às atividades
habituais, favorecendo, com isto, que os fatores de risco relacionados à instalação de estados
patológicos ocorram com maior incidência na população‖ (p.70)
205
Políticas públicas de saúde para o idoso. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC,
v.13, n.24, p.44, abr./2002.
206
ROCHA, Cristiano Andrade Quintão Coelho. Avaliação da capacidade funcional de
indivíduos institucionalizados com acidente vascular encefálico. In: Revista A Terceira Idade.
São Paulo: SESC, v. 22, n.51, jul./2011, p.63. Acrescenta o ilustre autor: ―Na verdade, o que mais
importa nessa etapa da vida, é a autonomia, ou seja, a capacidade de determinar e executar seus
próprios desígnios‖ (ibidem).
81
207
Item 3.3 das diretrizes da política nacional constante do anexo à portaria citada.
208
Op.cit., p.45. Ensina, em complemento: ―A assistência, de uma maneira global, é dada, de
forma segmentada pela porta de entrada do pronto socorro e do pronto atendimento. Qual é o risco
de assistir, principalmente o idoso, pela porta de entrada do pronto socorro? Estaremos sempre
trabalhando a consequência, jamais a causa da patologia, pois cada vez quem atende o paciente é
um profissional diferente e portanto desconhecerá bem a história do usuário do serviço. As condutas
nem sempre serão igualitárias e isso pode colocar em risco a própria saúde do indivíduo‖ (p.46)
209
Conforme preconiza a aludida portaria: ― Essa assistência será pautada na participação de
outros profissionais, além de médicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas, assistentes sociais,
psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, a
disponibilidade de equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico com formação em
geriatria, de equipamentos e de serviços adequados, será pré-requisito para as instituições públicas
estatais ou privadas – conveniadas ou contratadas pelo SUS –, que prestarem assistência a idosos
dependentes internados‖ (item 3.3.).
82
210
Item 3.3. da portaria supra.
83
marcos temporais passou de 11,4 milhões para 24,8 milhões, num crescimento de
117%.211
211
COLLUCCI, Cláudia. Número de idosos que moram sós triplica. Folha de São Paulo,
São Paulo, 25 de dezembro de 2013, Caderno B, Saúde + ciência, p. 05
212
Idem, ibidem. Acrescenta que: ―Essas mudanças, associadas ao aumento da longevidade,
têm levado as pessoas a verem com mais naturalidade a decisão de um idoso morar sozinho, de
acordo com Marília Berzins, doutora em saúde pública pela USP e presidente do Observatório da
Longevidade. ‗O que antes era tido como sinal de abandono, agora é visto como autonomia‖ (p.05).
213
Idem, ibidem. ―Pioneira no mercado brasileiro, a TELEHELP atende 6.000 idosos em 19
Estados. Quase 80% deles moram sozinhos. A idade média é de 79 anos e, em 50% dos casos são
eles próprios que contratam o serviço. O carro-chefe da empresa é uma aparelho instalado na
residência do idoso que, em caso de emergência, com um único toque, aciona uma central de
atendimento 24 horas‖ (idem, ibidem).
84
214
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Documento Norteador Programa Acompanhante
de Idosos. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, 2012, p.22/25.
215
Item 3.4 do anexo da Portaria 1.395/GM de 10 de dezembro de 1999.
85
216
Item 3.6 do anexo da Portaria 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999.
217
Item 3.7 do anexo da Portaria 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999.
86
218
Item 3.7 do anexo da portaria supra.
87
219
SANTOS, Marcelo Moreira dos. Direito à saúde da pessoa idosa. In: GUGEL, Maria
Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto Atenas/AMPID,
2009, p.93.
220
Introdução do anexo da Portaria 2.528/GM, 2006.
88
221
Item 3 do anexo da portaria supra.
222
Item 3.1 do anexo da portaria supra.
89
223
Item 3.2 do anexo da portaria supra. Não se pode olvidar, por oportuna, da seguinte
ponderação feita por Leila Auxiliadora José de Sant‘ana: ―Para a criação do modelo de atenção
integral à saúde do idoso, deve-se buscar o mapeamento da rede de serviços formais e informais em
todos os níveis de governo, nas áreas sociais, assistenciais, educacionais, de esporte e lazer,
turismo, cultura e de saúde (promoção e assistência social, previdência, unidades educacionais e de
saúde, universidades, igrejas e pastorais, instituições de longa permanência, associações, conselhos
e grupos sociais), entre outras existentes, visando ao trabalho intersetorial‖ (O que considerar para a
construção do modelo de atenção à saúde do idoso no SUS? In: Revista A Terceira Idade. São
Paulo: SESC, v. 20, n. 44, p.53, fev./2009.
224
Item 3.3. do anexo da portaria supra.
225
Item 3.5 do anexo da portaria supra.
90
226
Item 3.6 do anexo da portaria supra.
227
Anexo II da Portaria 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006.
91
política nacional citada, o pacto pela vida também catalogou ações estratégicas
voltadas à saúde da pessoa idosa, que foram assim delineadas:
Envelhecer, portanto, deve ser com saúde, de forma ativa, livre de qualquer
tipo de dependência funcional, o que exige promoção da saúde em todas as
idades. Importante acrescentar que muitos idosos brasileiros envelheceram
e envelhecem apesar da falta de recursos e da falta de cuidados específicos
de promoção e de prevenção em saúde. Entre esses estão os idosos que
vivem abaixo da linha de pobreza, analfabetos, os sequelados de acidentes
de trabalho, os amputados por arteriopatias, os hemiplégicos, os idosos
228
Anexo II da portaria supra.
92
229
Item 3 do anexo XLVIII da Portaria nº 2.048/MS de 2009.
230
Item 4 do anexo XLVIII da Portaria nº 2.048/MS de 2009.
231
Disponível em http://styx.nied.unicamp.br/todosnos/documentos-internacionais/doc-
declaracao-e-programa-de-acao-de-viena-1993/view. Acesso em 22/01/2014.
93
232
Disponível em: http://www.crinorte.org.br/sobre-cri.php. Acesso em 19/12/2013.
233
As Organizações Sociais de Saúde foram disciplinadas, no âmbito federal, pela Lei n°
9.637, de 11 de maio de 1998. Trata-se de uma qualificação jurídica conferida pela União a pessoas
jurídicas de direito privado, desde que não tenham fins lucrativos, as quais devem prever em seus
estatutos o exercício de atividades direcionadas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à saúde e à cultura (art.1°). O Estado de
São Paulo, inspirando-se no governo da União, editou a Lei Complementar n° 846/98, que restringiu,
inicialmente, a ação das OS nas áreas da saúde e cultura. Posteriormente, foi editada a Lei
Complementar nº 1.095/09 que estendeu a possibilidade de se estabelecer contrato de gestão com
OS também nas áreas do esporte e no atendimento ou promoção dos direitos das pessoas com
deficiência.Acrescente-se que outros Estados, como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Santa
Catarina e vários municípios também editaram suas leis estaduais e municipais disciplinando a
atuação das OS naqueles territórios.
94
234
Disponível em: http://www.crinorte.org.br/sobre-cri.php. Acesso em 19/12/2013
235
Verifica-se pelo próprio Manual ―De como se tornar um Município amigo do idoso‖ de que
o Governo de São Paulo ―Para incentivar os municípios a se associarem ao Estado no trabalho de
promoção da qualidade de vida da terceira idade, foi criado o Selo Município Amigo do Idoso. Para
terem direito a ele, os prefeitos devem cumprir quatro etapas, que começam com a adesão ao
Programa até chegar ao Selo Pleno. Na sequência, as cidades devem criar o Conselho Municipal do
Idoso, cujo papel é fiscalizador. As prefeituras também devem comprometer-se a traçar plano de
metas, fazer o diagnóstico das políticas já existentes e incluir ações nos Planos Municipais de Saúde
e Assistência Social, por exemplo. Depois, os municípios têm de apresentar avaliação e diagnóstico
dos benefícios implantados previstos no Programa. Aqueles que se comprometerem com os critérios
para a aquisição do Selo Pleno, receberão recursos do Fundo Estadual do Idoso. O Programa São
Paulo Amigo do Idoso também prevê o repasse de recursos para a construção de dois importantes
equipamentos da área de assistência social:‖ (Disponível em:
http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/programas_spamigodoidoso. Acesso em
21/12/2013
95
236
Disponível em : www.saude.ba.gov.br/index.php?option=com_content...id, Acesso em
21/12/2013.
237
Disponível em; http://www.vitoria.es.gov.br/semus.php?pagina=centrodereferencia. Acesso
em 21/12/2013.
238
Disponível em: http://servicos.uff.br/content/centro-de-refer%C3%AAncia-em-
assist%C3%AAncia-%C3%A0-sa%C3%BAde-do-idoso. Acesso em 21/12/2013.
96
239
SECRETARIA DE POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL/MPAS. Normas de
funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil (Portaria MPAS/SEAS nº 73, de 10 de maio
de 2001). Brasília: Ministério da Previdência e Assistência Social. Disponível em
http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=polit. Acesso em 21/12/2013.
240
Idem, ibidem.
241
São Paulo é o primeiro Estado do país com o selo ―Amigo do Idoso‖. Disponível em:
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=219.196. Acesso em 21/12/2013.
242
SECRETARIA DE POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL/MPAS. Normas de
funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil (Portaria MPAS/SEAS nº 73, de 10 de maio
de 2001). Brasília: Ministério da Previdência e Assistência Social, p.74. Disponível em
http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=polit. Acesso em 21/12/2013.
97
243
Idem, ibidem.
244
Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso.. Disponível
em: http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=ind_pol&pol=p_nac_imu. Acesso em
21/12/2013.
98
245
Idem, ibidem.
246
Idem, ibidem.
247
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de ações
programáticas estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem p.38.
Disponível em: < http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2008/PT-09-CONS.pdf.> Acesso
em: 11.11.2014.
99
248
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de ações
programáticas estratégicas,. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, p.67.
Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2007/politica_mulher.pdf> . Acesso em:
11.11.2014.
249
Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso.. Disponível
em: http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=ind_pol&pol=p_nac_imu. Acesso em
21/12/2013.
100
250
FALCÃO, Deusivania Vieira da Silva; CARVALHO, Isalema Santos. Idosos e saúde
mental.: demandas e desafios. In: FALCÃO, Deusivania Vieira da Silva; ARAÚJO, Ludgleydson
Fernandes de (Orgs.). Idosos e saúde mental. Campinas: Papirus Editora, 2010, p.12.
251
Idem, bidem.
252
Idem, p.14.
253
Idem, p.19. Acrescentam as autoras que ―sendo uma proposição de mudança
paradigmática, a reforma psiquiátrica enfrenta vários desafios, entre os quais a formação de recursos
101
257
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. O que é geriatria?
Disponível em: www.sbgg.org.br. Acesso em 26/12/2013. A Enciclopédia BARSA conceitua geriatria
como ―parte da medicina que estuda os problemas relativos à saúde e às doenças dos velhos...a
geriatria visa, além do aspecto orgânico, ao lado psicológico e emocional da pessoa idosa em seus
diversos estágios de senectude[...]A geriatria visa não apenas a prolongar a vida mas também a
proporcionar ao indivíduo idoso existência útil e vigorosa. É possível controlar e retardar a progressão
de muitos distúrbios da idade avançada, quando se instituem medidas profiláticas em tempo
oportuno‖ (BARSA, Enciclopédia. Rio de Janeiro-São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil
Publicações Ltda, v. 08, 1994, p.207-.208).
258
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. O que é gerontologia?
Disponível em: www.sbgg.org.br. Acesso em 26/12/2013.
259
Op.cit., p.36.
260
Direitos humanos e pesquisa em Gerontologia no Brasil. Revista A Terceira Idade. São
Paulo: SESC, v. 21, n.49, p.26-38, nov./2010. Acrescenta que ―o surgimento de cursos de graduação
e a consolidação dos cursos de pós-graduação e das associações de especialistas em Gerontologia
trouxeram um avenço maior na área de pesquisa em Gerontologia, demonstrando a importância de
trabalhos que se baseiam em dados científicos para o desenvolvimento de investigações sobre o
envelhecimento. Assim sendo, acredita-se que estudos científicos, a respeito do idoso, possibilitam e
possibilitarão um cuidar efetivo e eficiente desses profissionais, quando do trato com a população
idosa‖ (idem, ibidem).
103
261
MAPELLI JÚNIOR, Reynaldo; COIMBRA, Mário; MATOS, Yolanda Alves Pinto Serrano de.
Direito sanitário. São Paulo: Ministério Público do Estado de São Paulo/Imprensa Oficial, 2012, p.99.
262
Idem, ibidem.
263
Idem, p.100.
104
264
Idem, ibidem.
265
Idem, p.107. Ensinam os autores que ―cada município deve elaborar sua lista de
medicamentos essenciais, de acordo com o perfil epidemiológico de sua população, como, por
exemplo, a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) da cidade de são Paulo...é
importante esclarecer que a lista de medicamentos essenciais é instrumento, para viabilizar garantias
mínimas à população, e não pode servir, para limitar o acesso integral do indivíduo aos tratamentos
que se mostrarem necessários à manutenção de sua saúde, até porque as patologias mais comuns,
de modo que terapias relevantes para o tratamento de alguns quadros de saúde podem estar
excluídas de seu rol. O fundamental, tanto para pedido administrativo quanto para eventual ação
judicial, é haver evidência científica da necessidade do produto fármaco ou do insumo terapêutico‖
(ibidem).
105
Deve ser advertido de que o SUS não pode ser compelido a entregar
ao idoso todo medicamento prescrito pela área médica.
266
Idem,, p.108.
267
Idem, ibidem.
268
Idem, p.110.
269
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais, 11. ed., rev. e atual.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p.333.
106
270
Vide acórdão ilustrativo da posição atual do STF sobre a dispensão gratuita de
medicamentos na STA 175, AGr/CE, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.17/03/2010, DJe
076, de 30/04/2010.
271
Definição de prótese, órtese e materiais especiais – Câmera Técnica de Implantes – AMB.
Disponível em http://guilhermepitta.com/?p=3624. Acesso em 26 de dezembro de 2013.
272
MINISTÉRIO DA SAÚDE/Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Saúde da
Pessoa Portadora de Deficiência, item 3.5, p.40. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_pessoa_deficiencia.pdf. Acesso
em 26/12/2013.
107
273
INSTITUTO DE MEDICINA FÍSICA E REABILITAÇÃO. Saiba, mais, sobre a Rede de
Reabilitação. Disponível em http://lucymontoro.bwebsite.com.br/redelucymontoro/a-rede-de-
reabilitacao-lucy-montoro. Acesso em 27/12/2013. Atualmente, a rede citada encontra-se em
funcionamento nos seguintes locais: Ribeirão Preto, Vila Mariana, São José do Rio Preto, Campinas,
Clínicas, Lapa, São José dos Campos, Umarizal, Jaú, Presidente Prudente, Santos, Mogi Mirim e
Fernandoópolis..
108
274
Idem, ibidem.
275
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. Op.cit., p.34. Acrescenta, anotando que: ―De igual modo,
devem ser destinados ao idoso que sofra agravos auditivos, sinais visuais com o mesmo objetivo de
lhe propiciar condições de tráfego, com liberdade e autonomia. Barreiras arquitetônicas nas vias
pública, no interior dos edifícios públicos e privados, no acesso ao transporte e nas vias de
comunicação, em massa ou não, também devem ser transpostas para que o idoso com mobilidade
reduzida possa gozar de acesso no caráter mais extenso possível, não só no ambiente urbano, como
também no rural‖ (p.34).
276
VILAS BOAS, Marco Antônio. Estatuto do idoso comentado. 2.ed. Rio de Janeiro:
Forense., p.40. Anota, ainda, o autor que: ―Pode existir aumento, mas, quando ocorrer justificável
modificação de índices econômicos levados pela conjuntura real do País e compatível com todas as
outras faixas de idades e pessoas. O que não pode haver é o reajuste diferenciado para o idoso. Não
é admissível uma majoração de índices somente em relação a uma determinada classe de pessoas,
penalizando-as injustificadamente...O que se pretende dizer é que deve existir um procedimento
regular para a atualização dos planos, em molde igualitários. O aumento de preços motivado pela
corrosão do valor monetário, ou outras injunções previstas, não autoriza o repasse somente sobre os
109
278
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. Idem, p.196. Acrescenta a autora que ―[...]parece claro o
poder uma operadora de planos de saúde diante do consumidor idoso, que nela deposita a confiança
de ter suas legítimas expectativas atendidas, quando moribundo. Por conta disto, a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais entre particulares se revela tão importante, pois se demonstra capaz de
humanizar as relações onde, por desigualdades explícitas, possa ser violada a dignidade da
pessoa[...]‖ (p.196).
111
279
GREGORI, Maria Stela. Planos de saúde: a ótica da proteção do consumidor, 3.ed.
rev., atual e ampl. São Paulo: RT, 2011, p.64. Acrescenta a autora que ―os entes reguladores são
dotados de independência decisória, autonomia financeira, administrativa e gerencial. Os diretores
são nomeados pelo Presidente da República, previamente aprovado pelo Senado Federal, para
exercer mandatos fixos e não coincidentes, protegidos de exoneração ad nutum, pois somente
poderão perder o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de
processo administrativo disciplinar. A função essencial das Agências, objetivamente, é a de executar
as políticas do Estado de orientação e planejamento da economia, com vistas à eficiência do
mercado, corrigindo ou ao menos atenuando suas falhas, por meio de intervenção direta nas
decisões dos setores econômicos, tais como formação de preços, competição, entrada e saída do
mercado, garantias de operação etc‖(p.65).
280
Cf. VILAS BOAS, Marco Antônio. Op.cit, p.44.
112
281
QUEIROZ, Zally Pinto Vasconcelos; PRADO, Adriana Romeiro Almeida. Mudanças
adequadas aos usuários idosos: humanização do atendimento na instituição hospitalar. São
Paulo: SESC, Revista A Terceira Idade, v.21, n.49, p.7-25, nov./2010. Acrescentam que os idosos na
hospitalização {...] perdem a sua identidade, deixam de usar a sua roupa, passam a uma condição de
passividade e impotência e geralmente são apenas informados sobre o seu tratamento, alimentação,
horários, etc.‖ (p.7-25).
282
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. Op.cit., p.35.
283
Observa Fabiana Rodrigues Barletta, ao dissertar sobre o tema, que: ―A autodeterminação
do paciente idoso deve ser preservada tendo em vista que o Direito lhe garante, enquanto capaz, o
livre desenvolvimento de sua personalidade. Portanto, o trabalho dos médicos de dar ciência acerca
da doença, de suas particularidades, dos tipos de intervenções possíveis ou não, das consequências
de determinado medicamento ou de determinada conduta médica, deve ser desenvolvido da forma
mais qualificada e individualizada, atendendo às necessidades de um enfermo em condições muito
peculiares[...] (Op.cit., p.43 ).
113
284
Políticas públicas de saúde para o idoso. In: Revista A Terceira Idade. São Paulo:
SESC, v.13, n.24, p.42-43 abr./2002.
285
Idem, p.63
114
286
A influência do gênero e a participação da mulher na solidariedade entre gerações.
Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.23, n.54, p.33-46, jul./2012. Acrescentam que: ―Os
homens aposentados auxiliam seus filhos duas vezes menos que as aposentadas nas atividades
domésticas. Esse estudo também mostrou que apenas 6,6% das mulheres de baixa renda, que
trabalham fora, têm empregada doméstica. Isto porque são as avós que ajudam as filhas , assumindo
a tarefa de prover e educar os netos‖ (idem, ibidem).
287
RIBEIRO, Maria Aparecida. Perfil dos idosos no município de Ji-Paraná (RO). Revista A
Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.17, n.37, p.49-64, out.2006. Acrescenta a autora, lembrando que:
―A maior parte da população idosa entrevistada vive, ainda, com o cônjuge e os filhos. Isso é positivo,
pois a família é a base estrutural de uma pessoa. Todo ser humano necessita de companhia,
principalmente os idosos, já que, nessa faixa de idade, muitos não têm, mais, condições físicas de
manter a socialização com pessoas fora da família‖ (p.64).
288
GÁLVEZ, Rosa de Couto et alii. La protección jurídica de los ancianos. Madrid: Editorial
115
290
BARLETTA, Fabiana Rodrigues. Op.cit., p.64-65.
117
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito de exigir de
cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se, igualmente, por todos
a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os codevedores.
Não se pode olvidar, ainda, que, na fixação dos alimentos, por se tratar
de uma obrigação alimentar de caráter personalíssimo, deve ser levada em
consideração a capacidade econômico-financeira do próprio alimentante, e ―não sua
renda familiar, incluindo eventuais valores recebidos pelo cônjuge ou atual
companheiro, pois o mesmo não é parte na demanda, tampouco possui obrigação
legal de suportar encargo alimentar dos parentes de seu consorte‖. 292
291
PIARDI, Sônia Maria Demeda Groisman; ZAPELINI, Annie Elise . Idem, p.72.
Acrescentam que: ―a pensão deve ser estipulada em´percentual, sobre os rendimentos auferidos pelo
alimentante, considerando-se somente as verbas de caráter permanente, excluindo-se as de natureza
eventual (como horas extras), podendo ser determinado o desconto em folha de pagamento ou sobre
proventos de aposentadoria e pensão percebidos pelo obrigado‖ (p.73).
292
FREITAS JÚNIOR, Roberto Mendes de. Op.cit., p.81.
118
293
Idem, p.93. O autor fundamenta sua doutrina no seguinte Acórdão (ementa) ―Alimentos –
Solidariedade Familiar – Descumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar. É descabido o
pedido de alimentos, com fundamento no dever de solidariedade, pelo genitor que nunca cumpriu
com os deveres inerentes ao poder familiar, deixando de pagar alimentos e prestar aos filhos os
cuidados e o afeto de que necessitavam em fase precoce do seu desenvolvimento. Negado
provimento ao apelo (TJRS – 7ª Câmara Cível, AP.70013502331, j.15.01.2006‖ (p.94).
294
Idem, p.81.
119
295
Idem, p.74.
296
Op.cit., p.82.
120
297
PIARDI, Sônia Maria Demeda Groisman; ZAPELINI, Annie Elise . Idem, p.79.
121
atividade remunerada e renda familiar mensal per capita, inferior a ¼ (um quarto) do
salário mínimo.
exigidos para o BPC, como a Lei nº 10.836/04, que criou a bolsa família; a Lei
10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei
10.219/01, que criou o Bolsa Escola; e a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder
Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de
garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas.
300
Vide ementa do acórdão no anexo 5.
301
Vide ementa do acórdão no anexo 6
123
Por estar o idoso inserido na rede SUAS, ensina-se que eventual ação
judicial, visando ao recebimento do aludido benefício, poderá ser interposta contra
qualquer dos entes federados, conjunta ou isoladamente, sob o fundamento de que
a divisão meramente administrativa ―implementada pelos entes federados, para a
realização das diferentes ações e serviços que visam à efetividade dos direitos
sociais, não pode ser oposta aos seus beneficiários‖.303
302
Assistência e previdência social em conexão com os direitos fundamentais: análise de
casos. In: CANOTILHO, JJ. Gomes; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula
Barcha (Coords.). Direitos fundamentais sociais. São Paulo: Saraiva, 2010, p.189.
303
PIARDI, Sônia Maria Demeda Groisman; MARTINS, Annie Elise Zapelini. Op.cit., p.79.
Justificam as autoras que: ´‖É incabível o pleito de um ente federado demandado numa ação de
fornecimento de alimentos a idoso, de citação de outro ente federado para integrar o polo passivo da
demanda. É adequada a permanência do ente acionado pelo idoso no polo passivo da ação, até
porque, dada a condição de idoso, a urgência e a relevância do assunto discutido judicialmente – o
fornecimento de alimentos está intimamente ligado ao direito à vida-, o chamamento de outro ente
federado à lide atrasaria muito o julgamento, que deve ser célere e preferencial, nos termos do art. 71
do Estatuto do Idoso‖ (p.80).
304
Idem, ibidem.
305
Idem, p.81. Acrescentam as autoras, contudo, que: ― [...]a ação de alimentos pode ser
proposta contra o pai e avô, caso reste evidente que o genitor não possui condições de arcar sozinho
com o encargo, porquanto a doutrina é pacífica no sentido da admissibilidade do pedido de
complementação, pelo avô, do alimentando da pensão prestada pelo pai‖ (ibidem).
124
306
Artigo 70 do CC.
307
Artigo 72 do CC.
308
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Direito à moradia e de habitação, 2.ed. São Paulo:
RT, 2009, p.30.Noutras palavras acentua o autor que ―o domicílio se considera como uma
qualificação jurídica atribuída pela lei para reconhecer-se o local da pessoa e o centro de suas
atividades, ainda que de forma presumida e permanente‖ (p.41).
309
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 11.ed, São Paulo: Saraiva, 1995,
v.1, p.108.
310
Eficácia e vinculação dos direitos sociais. São Paulo: Saraiva, 2012, p.25.
125
esta se falando de direitos da personalidade, que, por sua vez, são intransmissíveis
em razão da infungibilidade dos direitos inatos à pessoa‖.311
Aliás, o direito à moradia, que deve ser visto como o direito à moradia
digna, decorre do princípio da dignidade da pessoa humana. Neste sentido, deve ser
refutado o entendimento de alguns civilistas que entendem que há transitoriedade
na noção de moradia, o que não é verdade, já que tal característica é da habitação,
e não da moradia, que, como visto, constitui um bem da personalidade tendo, por
conseguinte, caráter permanente.312
311
Idem, p.26.
312
Vide por todos quanto à crítica a tais civilistas SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Op.cit.,
p.42, nota 34.
313
Idem, p.43.
314
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Op.cit., p.44. Utilizando-se de conceito mais amplo,
explica o autor que habitação, pode ser conceituada como ―o direito ao exercício de uma faculdade
humana conferida a alguém por norma jurídica ou por outrem, permitindo a fixação em um lugar
determinado, não só física, como também onde se fixam os interesses naturais da vida cotidiana,
exercendo-os, porém, de forma temporária ou acidental, iniciando-se e extinguindo-se obre
determinado local ou bem, tratando-se de uma relação de fato, sendo, porém, a relação humana e
imóvel objeto de direito, logo tutelável juridicamente‖ (p.45).
315
Idem, p.44. Também conceitua o autor a moradia como ―um bem da personalidade, com
proteção constitucional e civil. É, portanto, um bem irrenunciável da pessoa natural, indissociável da
sua vontade e indisponível, exercendo-se, de forma definitiva, pelo indivíduo; secundariamente, recai
126
o seu exercício em qualquer pouso ou local, mas é objeto de direito e protegido juridicamente‖
(p.45/46).
316
Idem, ibidem.
317
Direitos de personalidade. Revista de Informação Legislativa. Brasília: Senado Federal,
v.03, n.11, p.39-48, set./1966.
318
Idem, ibidem.
319
Direitos da personalidade: aspectos gerais. Revista de Informação Legislativa. Brasília:
Senado Federal, v. 14, n.56, p.247-277, out./dez/1977.
127
320
Idem, ibidem.
321
Idem, ibidem.
322
O direito fundamental à moradia na Constituição. In: PIOVESAN, Flávia; GARCIA, Maria
(Orgs.). Doutrinas Essenciais: direitos humanos. São Paulo: RT,2011, v.III, p.688.
128
323
O referido pacto foi ratificado pelo Brasil em 24/01/1992 e promulgado pelo Decreto nº 591,
de 06/07/92. Anota Sérgio Iglesias, ao comentar a ratificação do Brasil ao aludido pacto, que: ―A
proteção do direito à moradia como direito humano deu-se, para o cenário internacional, como uma
técnica de plano de desenvolvimento social adotado pelo Estado brasileiro, cuja adoção das medidas
legislativas deve permitir a facilitação do exercício da moradia, propiciando a utilização de lugares
que lhe reservem o seu pleno exercício, sem se questionar a necessidade da efetiva propriedade,
mas que assegure, principalmente às classes econômicas menos favorecidas no capitalismo, o
exercício desse direito como forma de garantia de um nível de vida tido como adequado pelos
organismos internacionais. Dessa forma, as medidas político-legislativas que restrinjam o direito à
moradia, segundo o referido Pacto Internacional, seriam atentatórias ao direito‖. (Op.cit., p.64).
324
Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. Op.cit., p.690.
325
Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-
apoio/legislacao/moradia-adequada/declaracoes/declaracao-de-istambul-sobre-assentamentos-
humanos. Acesso em: 20/01/2014.
129
Dessa forma, atribuído o direito ali referido como habitação, uma vez que,
em sentido internacional, não houve, propriamente, uma efetiva
diferenciação de moradia, determinou-se o respeito a tal direito
fundamental, sem distinção de qualquer espécie, já que a moradia é tratada
como norma fundamental do direito internacional, na área dos direitos
327
humanos.
326
Disponível em http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-ao-
Desenvolvimento/declaracao-sobre-o-direito-ao-desenvolvimento.html. Acesso em: 21/01/2014.
327
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Op.cit., p.66.
130
Artigo V
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2,
Os Estados Partes comprometem-se a proibir e a eliminar a discriminação
racial em todas suas formas e a garantir o direito de cada uma à igualdade
perante a lei, sem distinção de raça , de cor ou de origem nacional ou
étnica, principalmente no gozo dos seguintes direitos:
d) Outros direitos civis, principalmente,
i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro das fronteiras
do Estado,
e) direitos econômicos, sociais, culturais, principalmente:
iii) direito à habitação.328
328
Disponível em http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=94836.
Acesso em: 21/01/2014.
329
ONU. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf. Acesso em:
19/03/2015.
131
Artigo XI. Toda pessoa tem direito a que sua saúde seja resguardada por
medidas sanitárias e sociais relativas à alimentação, roupas, habitação e
cuidados médicos correspondentes ao nível permitido pelos recursos
públicos e os da coletividade.
Artigo VIII. Toda pessoa tem direito de fixar sua residência no território do
Estado de que é nacional, de transitar por ele livremente e de não
abandoná-lo senão por sua própria vontade.
330
Artigo IX. Toda pessoa tem direito à inviolabilidade do seu domicílio.
330
Disponível em http://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/b.Declaracao_Americana.htm.
Acesso em: 21/01/2014.
331
Op.cit., p.692.
132
332
Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. Op.cit., p.692/693. No mesmo sentido, ensina Flávio Pansieri,
que: ―Ainda sobre o reconhecimento, ao menos do ponto de vista material do Direito à Moradia, deve-
se frisar que o Brasil é signatário desde 1966 do Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos
e Culturais; e assim, pelo disposto no próprio art. 5º, § 2º da CF/88, esse direito ao menos na
perspectiva material, deveria ser considerado desde 1988 como norma de Direito Fundamental.‖
(Eficácia e vinculação dos direitos sociais. São Paulo: Saraiva, 2012, p.46.
333
CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Direito à moradia. Revista de Informação Legislativa. Brasília:
Senado Federal, v.32, n.127, p.49-54, jul./set.1995.
334
Idem, p.50.
335
Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. O direito fundamental à moradia na Constituição. In:
PIOVESAN, Flávia: GARCIA, Maria (Orgs.). Doutrinas essenciais: direitos humanos. São Paulo:
RT, 2011, v.III, p.692. Perfilhando o mesmo raciocínio ensina Elza Maria Alves Canuto que: ―A
inclusão desse direito pela EC 26/2000 evidenciou a proteção implícita do artigo 1º da Carta Magna,
que estabelece, como fundamento da República Federativa do Brasil, a dignidade da pessoa
humana, pressupondo, necessariamente, a moradia, tornando-a um direito essencial e robustecido
com a sua expressa menção no artigo 6º da CF/88‖ (Op.cit., p.170).
133
336
SARLET, Ingo Wolfgang. Os direitos fundamentais sociais, o direito a uma vida digna
(mínimo existencial) e o direito privado: apontamentos sobre possível eficácia dos direitos sociais
entre particulares. In: ALMEIDA FILHO, Agassiz; MELGARÉ, Plínio (Orgs.). Dignidade da pessoa
humana\; fundamentos e critérios interpretativos. São Paulo: Malheiros, 2010, p.394.
337
SARLET, Ingo Wolfgang. Idem, ibidem.
338
CORDEIRO, Karine da Silva. Direitos fundamentais sociais. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2012, p.120 e 125.
134
339
Op.cit., p.70.
340
CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Op.cit., p. 52. Acrescenta o autor que: ―Se não há terrenos
públicos suficientes ou em condições que satisfaçam o direito à moradia, deve o Estado busca-los em
mãos de particulares, atendidos os direitos e garantias integrantes do estatuto da propriedade‖ (p.52).
341
SARLET, Ingo Wolfgang. O direito fundamental à moradia na Constituição. In: PIOVESAN,
Flávia; GARCIA, Maria (Orgs.). Doutrinas essenciais: direitos humanos. São Paulo: RT, 2011, v.III,
p.696.
342
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 11.ed.. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012, p.335. É oportuno, ainda, o registro da seguinte lição do autor‖: ―Os
direitos fundamentais sociais de cunho prestacional, encontram-se, por sua vez, a serviço da
igualdade e da liberdade material, objetivando, em última análise, a proteção da pessoa contra as
necessidades de ordem material e a garantia de uma existência com dignidade‖ (O direito
135
fundamental à moradia na Constituição. In: PIOVESAN, Flávia; GARCIA, Maria (Orgs.). Doutrinas
essenciais: direitos humanos. São Paulo: RT, 2011, v.III, p.694.
343
Ensina Rodolfo Camargo Mancuso que, embora na acepção vernacular as expressões
coletivo e difuso, pela ambiguidade dos termos, possam aparentemente ser confundidas como
sinônimas, perfilha aquele autor, na concepção da melhor doutrina, tese contrária, no sentido de que
é ―difuso o interesse que abrange número indeterminado de pessoas unidades pelo mesmo fato,
enquanto interesses coletivos seriam aqueles pertencentes a grupos ou categorias de pessoas
determináveis, possuindo uma só base jurídica que se nos afigura conveniente e útil a tentativa de
distinção entre esses dois interesses‖ (Interesses difusos, 6.ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: RT,
2004, p.85/86). .
344
Op.cit., p.179/180.
136
345
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores
sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2012,
p.24.
346
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Comentários ao estatuto da cidade. 3.ed., ampl. e
atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.07. Anota, ainda, o autor que: ―Atualmente é contínuo
esse processo de mutação, e cada vez mais intenso, não se podendo deixar de reconhecer que as
cidades se tornam mais atraentes quanto maior for o processo de urbanização. Com ele fica à mostra
o desenvolvimento social, econômico e político das cidades, geradores, como regra, da satisfação
dos interesses gerais, satisfação da qual costumam estar distantes as áreas rurais‖. (p.08).
347
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Idem, ibidem. Acrescenta que: ―não se trata, na
verdade, de constatar a concentração humana nos centros populacionais como um fator estático:
aqui o fenômeno é efeito, e não causa. Cuida-se, isto sim, de verificar o processo de mutação social,
perpetrado pela fuga das áreas rurais para os centros urbanos, e as causas que provocam essa
transformação. Em tempos mais remotos, o campo chegou a ter imensa relevância no contexto das
sociedades. Modernamente, contudo, as populações, movidas inicialmente pelo desenvolvimento da
industrialização e depois por inúmeras outras causas, passaram a buscar os espaços habitáveis das
cidades‖. (p.07/08).
348
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Idem, p.08. Anota o autor que sem a urbanificação
―as concentrações humanas ficarão sempre à mercê das consequências gravosas oriundas da
desorganização e da ocupação caótica das áreas citadinas‖ (p.08).
137
349
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Op.cit., p.25.
138
350
PISARELLO, Gerardo; DESC(Observatório). Vivienda para todos: um derecho en (de)
construcción. Barcelona: Icaria editorial, 2003, p.25. Anota o autor que ―[...]de acordo com o Centro
das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (CNUAH), uns 100 milhões de mulheres e
homens em todo o mundo são, literalmente, pessoas sem teto. Algo mais de 30 milhões, por sua vez,
são crianças de rua que se vêm forçadas a dormir ao ar livre e a assumir como moradia formas
miseráveis de abrigo: cortiços, ônibus velhos, calçadas, plataformas de estação, ruas e taludes de
rodovias, porões, escadas, telhados...refugios de alumínio e lata‖ (p.31).
351
Programa Vila Dignidade. Disponível em:
<http://www.cdhu.sp.gov.br/programas_habitacionais/provisao_de_moradias/vila-dignidade.asp.>
Acesso em 24/01/2014.
139
352
Cf. Condomínio para a terceira idade. Revista Veja, seção guia. São Paulo: Editora Abril,
ano 47, n.10, p.82, 05.03.2014. Acrescenta a matéria que: ―a maioria das residências segue o padrão
de um pequeno flat: espaço privativo inclui apenas quarto, banheiro, e, às vezes, uma sala de estar.
A ênfase recai sobre os serviços e as áreas comuns. Os bons condomínios oferecem uma grande
gama de atividades aos residentes, desde fisioterapia e hidroginástica até salão de jogos e aulas de
memória, artesanato e música. Nos mais luxuosos, costuma haver ainda academia, salão de beleza,
sala de cinema e biblioteca. A ideia é que o residente crie a rotina que mais lhe agrade: se é caseiro
no temperamento, encontrará tudo aquilo que quer ou de que necessita ao seu redor; se é ‗saideiro‘ e
está com boa saúde, por ir e vir quanto quiser, mas terá sempre o amparo de uma infraestrutura
completa. É possível inclusive procurar uma situação semelhante à qual se estava habituado; embora
os edifícios sejam mais comuns, há também residências com jardim para o pessoal que sempre
gostou de morar em casa e acha que não vai se adaptar a um apartamento.‖ (p.82/83).
140
353
Políticas públicas para a habitação do idoso. Análise de algumas iniciativas do
município de São Paulo. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.18, nº 39, p.7-22, jun./2007.
354
MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Normas de Funcionamento de
Serviços de Atenção ao Idoso no Brasil. Item 4.1. Disponível em
http://www.sbgg.org.br/profissionais/arquivo/politicas_publicas/8.pdf. Acesso em 25/01/2014.
141
355
Vide item 7.1 do aludido documento.
356
Vide item 3.1. do documento supra.
142
357
Carta aos anciãos. Disponível em:
http://www.pastoraldapessoaidosa.org.br/images/stories/pdf/carta_aos_anciaos_joaopauloii.pdf.
Acesso em: 04/03/2014.
358
MORAES, Cristina de Cássia Pereira; SOUZA, Rindo Bento de. Os caminhos da
cidadania: a legislação brasileira referente à pessoa idosa. Revista de Informação Legislativa.
Brasília: Senado Federal, v.46, n.184, p.227-244, out./dez. – 2009.
359
Vide item 2.1 do documento supra. O referido programa, conforme expressamente previsto no
mencionado item tem por objetivos: Oferecer uma suplementação financeira a família que não tem
condições de prover as necessidades básicas do idoso. · Manter a autonomia do idoso para que
possa permanecer vivendo em sua residência por maior tempo possível. · Fortalecer os vínculos
familiares e sociais · Estimular hábitos saudáveis com respeito a higiene, a alimentação, prevenir
143
auxílio financeiro prestado diretamente à família que não tem condições financeiras
de manter nem mesmo as necessidades básicas do idoso. Este auxílio é utilizado
comumente para custear o pagamento de salário de um cuidador para o idoso.
362
Vide item 8.1 do documento supra. O referido programa é caracterizado ― por ser um serviço de
atendimento público ou privado a domicílio às pessoas idosas através de um programa
individualizado, de caráter preventivo e reabilitador, no qual se articulam uma rede de serviços e
técnicas de intervenção profissional focada em atenção à saúde, pessoal, doméstica, de apoio
psicossocial e familiar, e interação com a comunidade. Pode ser de natureza permanente ou
provisório, diurno e/ou noturno, para atendimento de idosos dependentes ou semi-dependentes, com
ou sem recursos e mantendo ou não vínculo familiar.‖ (item 8.1. do documento supra)
363
CAMARANO, Ana Amélia. Instituições de longa permanência e outras modalidades de
arranjos domiciliares para idosos. In: NERI, Anita Liberalesco (Org.). Idosos no Brasil: vivências,
desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo,/SESC,
2007, p.173.
145
364
Sobre as formas de violência contra o idoso, vide no presente trabalho, o item 2.4 Do
direito à vida.
365
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência e maus-tratos contra a pessoa idosa. É
possível prevenir a superar. In: BORN, Tomiko (Org.). Manual do cuidador da pessoa idosa.
Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2008, p.38. Cataloga a autora os vários tipos de
maus-tratos contra os idosos, com a classificação reconhecida pela Organização Mundial da Saúde,
a saber: ―abusos físicos, abusos psicológicos, abandonos, negligências, abusos financeiros e auto-
negligências, os quais já foram comentados no item 2.4 do presente trabalho.
366
El maltrato a los ancianos em el ámbito familiar. Albacete/Espanha: Altaban, 2007, p.20
e 21. Acrescenta o autor : ―Porém, o que resulta por si mesmo repugnante em sua versão genérica,
produz maior desassossego, todavia, quando se pensa na violência que pode se produzir no interior
desse recinto que é o lar, cuja natureza parece destinada a proporcionar serenidade, sossego,
harmonia e equilíbrio emocional a seus componentes... O maltrato de pessoas idosas deixou de ser
uma questão de interesse privado. As mudanças tanto sociais, como legislativas provocaram
alterações no estado de coisas tirando numa dimensão pública, o que era simplesmente um delito
para converter o assunto num problema social de relevância e urgente solução‖ (p.21)
367
Centro de Referência de Assistência Social.
368
Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
146
Não é por outra razão que o artigo 37, § 1º do Estatuto do Idoso dispõe
que:
369
Vide item 9.1 das referidas normas. Verifica-se no mesmo item que ―Tratam-se de estabelecimento
com denominações diversas, correspondentes aos locais físicos equipados para atender pessoas
com 60 anos e mais, sob regime de internato, mediante pagamento ou não, durante um período
147
373
PAZ, Serafim Fortes. Política nacional do idoso: considerações e reflexões. Revista a
Terceira Idade, edição especial. São Paulo: SESC, v.24, n.58, p.23-35, nov.2013.
374
Cf. PRADO, Luiz Regis. Op.cit., p.60.
149
o
Art. 5 A Política Nacional de Mobilidade Urbana está fundamentada nos
seguintes princípios: I - acessibilidade universal; II - desenvolvimento
sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais; III -
375
Direito Administrativo moderno. 13.ed., rev. e atual. São Paulo: R.T., 2009, p.323. Maria
Sylvia Zanella Di Pietro, por sua vez, conceitua serviço público como ―toda atividade material que a lei
atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de
satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
público‖. (Direito Administrativo, 23.ed. São Paulo: Atlas, 2010, p.102.Celso Antônio Bandeira de
Mello, de forma mais ampla, define serviço público como ―toda atividade de oferecimento de utilidade
ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente
pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou
por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de
prerrogativas de supremacia e de restrições especiais -, instituído em favor dos interesses definidos
como público no sistema normativo‖ (Curso de Direito Administrativo, 27.ed., rev. e atual. São
Paulo: Malheiros, 2010, p.671.
376
Art.4º, inciso VI da lei supra.
377
Art.4º, inciso XI da lei supra.
378
Art. 4º, inciso XII da lei supra.
379
Art. 4º, inciso XIII da lei supra.
150
Ensina-se, com acerto, que ―com base no Estatuto, o idoso pobre pode
viajar gratuitamente de um Estado da Federação para outro, mas não de um
município para outro, dentro do próprio Estado‖.382
382
VILAS BOAS, Marco Antônio. Op.cit., p.91.
153
383
VERONESE, Alexandre. ―Artigo 6º‖. In: BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA,
Walber de Moura (Coords.). Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro, Forense,
2009, p.362/363.
154
384
REIMANN,Marcos Francisco; KUYUMIJAN, Márcia de Melo Martins. Direito humano e
direito social: para onde vai o trabalho? Revista de Informação Legislativa: Brasília: Senado
Federal, v.38, n.50. abr./jun., p.145/155, 2001. Acrescentam que: ―[...]no que refere ao direito à vida,
temos fundamentos para considerar os direitos ao trabalho e do trabalho como inseridos dentro dos
direitos humanos. O direito à vida supõe o gozo desse direito com dignidade e em condições
decentes. Os direitos humanos, entretanto, não existem dissociados. Estão todos interligados: civis,
políticos, econômicos, sociais e culturais. Na construção da cidadania, que, em nossa visão, é
essencial para o desenvolvimento, assim como deve ser uma decorrência natural dele, caminham
juntos, interligam-se, cominam-se, complementam-se‖ (op.cit., p.152).
385
Foi adotado pela Resolução nº 2.200 A, de 16 de dezembro de 1966 e ratificado pelo
Brasil, em 24 de janeiro de 1992 e promulgado em 06 de julho de 1992,a través do Decreto nº 591/92.
155
Art. 6º, § 1º. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a
oportunidade de obter os meios para levar uma vida digna e decorosa por
meio do desempenho de uma atividade lícita, livremente escolhida ou
aceita.
§ 2º Os Estados Membros comprometem-se a adotar medidas que
garantam plena efetividade do direito ao trabalho, especialmente as
referentes à consecução do pleno emprego, à orientação vocacional e ao
desenvolvimento de projetos de treinamento técnico-profissional,
particularmente aos destinados aos deficientes. Os Estados Membros
comprometem-se também a executar e a fortalecer programas que
coadjuvem um adequado atendimento da família, a fim de que a mulher
tenha real possibilidade de exercer o direito ao trabalho.
Art. 7º Condições justas, equitativas e satisfatórias de trabalho. Os Estados
Membros neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se
refere o anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições
justas, equitativas e para o que esse Estados garantirão em suas
legislações[...]
386
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi instituída pelo Tratado de Versalhes de
1919. A Declaração de Filadélfia de 1944, deu completude àquele documento finalizando, assim, toda
a estrutura da aludida organização. Frise-se que todos os Estados-membros das Nações Unidas são
considerados automaticamente também membros da OIT. O referido ente é composto de a
Conferência ou Assembleia Geral, que é o órgão de deliberação do referido órgão; o Conselho de
Administração que exerce a função executiva e de administração e a Repartição Internacional do
Trabalho, que é a secretaria do órgão enfocado. ―As Convenções da OIT possuem natureza de
tratados internacionais multilaterais, estabelecendo normas obrigatórias àqueles Estados que as
ratificarem...Após a aprovação da Convenção pela Conferência Internacional do Trabalho, o governo
do Estado-membro deve submetê-la ao órgão nacional competente no prazo máximo de 18 meses. A
ratificação da Convenção ocorre por meio de ato formal do chefe de Estado, dirigido ao Diretor-Geral
da Repartição Internacional do Trabalho‖ ( GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do
trabalho. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.132/133).
387
A referida Convenção entrou em vigor em 15 de julho de 1960 e foi ratificada pelo Brasil,
em 26 de novembro de 1965.
156
Art. 2º. Todo membro deverá adotar medidas apropriadas para coordenar o
seu regime de proteção contra o desemprego e a sua política de emprego.
388
A referida convenção entrou em vigor no âmbito internacional, em 17/07/66. No Brasil foi
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 61, de 30 de novembro de 1966, sendo ratificada em 24 de
março de 1969, através do Decreto Legislativo nº 66.499, de 27 de abril de 1970.
389
O Brasil ratificou a aludida Convenção, em 24 de março de 1993 e promulgada, em 21 de
julho de 1998, através do Decreto nº 2.682/98.
157
Para esse fim, deverá providenciar que o seu sistema de proteção contra o
desemprego e, em particular, as modalidades de indenização do
desemprego, contribuam para a promoção do pleno emprego produtivo,
livremente escolhido, e que não tenham como resultado dissuadir os
empregadores de oferecerem emprego produtivo, nem os trabalhadores de
procurá-lo.
Artigo 7º. Todo Membro deverá formular, como objetivo prioritário, uma
política destinada a promover o pleno emprego, produtivo e livremente
escolhido, por todos os meios ade3uqados, inclusive a seguridade social.
Esses meios deverão incluir entre outros, os serviços do emprego e a
formação e orientação profissionais.
Artigo 8º , § 1º. Todo Membro deverá se esforçar para adotar, com reserva
da legislação e da prática nacionais, medidas especiais para fomentar
possibilidades suplementares de emprego e a ajuda ao emprego, bem como
para facilitar o emprego produtivo e livremente escolhido de determinadas
categorias de pessoas desfavorecidas que tenham ou possam ter
dificuldades para encontrar emprego duradouro, como as mulheres, os
trabalhadores jovens, os deficientes físicos, os trabalhadores de idade
avançadas, os desempregados durante um período longo, os trabalhadores
migrantes em situação regular e os trabalhadores afetados por
reestruturações.
§ 3º. Todo Membro deverá procurar estender progressivamente a promoção
do emprego produtivo a um número maior de categorias que aquele
inicialmente coberto.
[...] E no entanto, com toda esta fadiga — e talvez, num certo sentido, por
causa dela — o trabalho é um bem do homem. E se este bem traz em si a
marca de um bonum arduum — « bem árduo » — para usar a terminologia
de Santo Tomás de Aquino, 18 isso não impede que, como tal ele seja um
bem do homem. E mais, é não só um bem « útil » ou de que se pode
usufruir, mas é um bem « digno », ou seja, que corresponde à dignidade do
homem, um bem que exprime esta dignidade e que a aumenta. Querendo
determinar melhor o sentido ético do trabalho, é indispensável ter diante dos
olhos antes de mais nada esta verdade. O trabalho é um bem do homem —
é um bem da sua humanidade — porque, mediante o trabalho, o homem
não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias
necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e até, num
certo sentido, « se torna mais homem ». Sem esta consideração, não se
pode compreender o significado da virtude da laboriosidade, mais
exactamente não se pode compreender por que é que a laboriosidade
haveria de ser uma virtude; efectivamente, a virtude, como aptidão moral, é
algo que faculta ao homem tornar-se bom como homem. 19 Este facto não
muda em nada a nossa justa preocupação por evitar que no trabalho,
mediante o qual a matéria é nobilitada, o próprio homem não venha a sofrer
uma diminuição da sua dignidade[...].390
390
Sumo Pontífice João Paulo II. Carta Encíclica Laboren Exercens. Item 9. Trabalho e dignidade da
pessoa. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-
ii_enc_14091981_laborem-exercens_po.html. Acesso em: 04 de março de 2014. Em carta dirigida
aos participantes da 2ª Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, o Papa João Paulo II também
observou que: ―Uma ajuda para a solução dos problemas relacionados com o envelhecimento da
população provém sem dúvida do inserimento efectivo do idoso na sociedade, utilizando o contributo
da experiência, conhecimentos e sabedoria que ele pode oferecer. De facto, os idosos não devem ser
considerados como um peso para a sociedade, mas como um recurso que pode contribuir para o seu
158
Essa população, apta para suas atividades laborais, não pode ser
dispensada do trabalho, pois engrossará rapidamente a massa de
aposentados, ou não. Esses indivíduos terá sobrevida para além dos 60
anos no Brasil[...]É preciso, portanto, um novo olhar sobre a velhice: o
homem é capaz de aprender e produzir sempre, desde que não tenha
algum tipo de impedimento que comprometa o seu desempenho, fato que
pode ocorrer em qualquer fase da vida, independente da idade cronológica.
Essa visão é fundamental para que se possa pensar na inclusão social do
velho. A velhice é um tempo de perdas e aquisições, assim como as outras
fases da vida. 392
bem-estar. Não só podem dar testemunho de que existem aspectos da vida, como os valores
humanos e culturais, morais e sociais, que não se medem em termos económicos e funcionais, mas
oferecer também o seu contributo eficaz no âmbito do trabalho e no da responsabilidade. Trata-se,
por fim, não só de fazer algo pelos idosos, mas de aceitar também estas pessoas como
colaboradores responsáveis, com modalidades que o tornem realmente possível, como agentes de
projectos partilhados, em fase de programação, de diálogo ou de realização.É importante também
que estas políticas se completem com programas formativos destinados a educar as pessoas para a
velhice durante toda a sua existência, tornando-as capazes de se adaptarem às mudanças, cada vez
mais rápidas, no modo de viver e de trabalhar. Uma formação centrada não só no fazer, mas e
sobretudo no ser, atenta aos valores que fazem apreciar a vida em todas as suas fases e na
aceitação tanto das possibilidades como dos limites que a vida encerra‖. Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/2002/documents/hf_jp-
ii_let_20020410_assembly-ageing_po.html. Acesso em: 05 de março de 2014.
391
CANÔAS, Cilene Swain; CANÔAS, José Walter. Trabalho e qualidade de vida para além
dos 45 anos. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.19, n.42, p.22-29, jun.2008.
392
Op.cit., p.26 e 27.
159
393
GUGEL, Maria Aparecida. Trabalho e profissionalização para a pessoa idosa. In: GUGEL,
Maria Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil. Brasília: AMPID/Atenas,
2009, p.135.
394
Cf. GODOY, Rui Martins; RIBEIRO, Regina Célia Sodré. Programas de preparação para
a aposentadoria: uma responsabilidade social das empresas. Revista A Terceira Idade. São
Paulo: SESC, v.16, n.34, p.34-49, out.2005.
160
efetivas políticas sociais para esse segmento etário, nos níveis municipal, estadual e
federal, sem nos esquecermos do papel decisivo da iniciativa privada, que não pode
abdicar de suas responsabilidades sociais‖. 396
395
Op.cit., , p.131.
396
Apresentação. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.13, n.24, p.05, abr.2002.
397
NERI, Anita Liberalesso. Envelhecer bem no trabalho: possibilidades individuais,
organizacionais e sociais. Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.13, n.24, p.07-27,
abr.2002. A CNBB observou na Campanha da Fraternidade de 2003 que: ―A questão do trabalho para
o idoso é bastante difícil no Brasil. Quanto mais o tempo passa, mais difícil encontrar um emprego.
161
401
Resolução do Parlamento Europeu sobre a Segunda Assembleia Mundial das
Nações Unidas sobre o Envelhecimento. Disponível em:
<http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+MOTION+B5-2002-
0239+0+DOC+XML+V0//PT>. Acesso em: 05/03/2014.
163
402
Atitudes e preconceitos em relação à velhice. In: NERI|, Anita Libralesso (Org.). Idosos no
Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: SESC/Nacional,
403
Menciona-se como exemplo da aludida exceção, a não contratação ―de um idoso para
atuar como salva-vidas em uma praia com mar constantemente agitado. O exemplo, todavia, é
bastante genérico, e caso o idoso comprove possuir condições física de atuar como salva-vidas, não
será possível negar-lhe o emprego apenas com fundamento na idade avançada‖ (FREITAS Júnior,
Roberto Mendes. Op.cit., p.103.
404
Idem, ibidem.
405
GUGEL, Maria Aparecida. Op.cit., p.140/141.
164
406
CELICH, Lilian Sedrez; BALDISSERA, Micheli. Trabalho após a aposentadoria:
influência na qualidade de vida do idoso. Revista A Terceira Idade: São Paulo: SESC, v.21, n.49,
p.53-66, nov.2010.
407
Selo Paulista da Diversidade. Disponível em:
<http://www.emprego.sp.gov.br/emprego/selo-paulista-da-diversidade/>. Acesso em: 05/03/2014.
408
Estatuto do idoso comentado, 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p.66. Ensina, em
complemento: ―Já disseram que a diferença entre os moços e os velhos é que os moços, um dia
foram incendiários, quando velhos, ajudaram a apagar o incêndio que eles próprios provocaram. É a
antítese entre a vocação inflamada do jovem contra a segurança e estabilidade dos idosos. O jovem
tem a graça, o idoso, a sabedoria.‖ (p.66).
165
409
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL – CNBB. Op.cit., p.29.
410
GODOY, Rui Martins de; RIBEIRO, Regina Célia Sodré. Op.cit., p.36/37.
166
411
CELICH, Kátia Lilian Sedrez; BALDISSERA, Micheli. Op.cit., p.61.Anotam que: ―[...]mesmo
que a maioria dos idosos entrevistados (67%) relate estar trabalhando por uma questão de
necessidade financeira, já que essa renda tem implicações determinantes em sua vida, eles
conseguem perceber que trabalhar é bom. Para 93,3% o fato de permanecerem ativos no trabalho
interfere de maneira positiva em suas vidas, no sentido de que 46,66% se sentem úteis para a
sociedade, 16,66% consideram estar desfrutando boa saúde, 30% permanecem trabalhando, pois o
trabalho faz com que se sintam capazes, e para 13,33% significa ter independência. Apenas para
6,66% o fato de continuar trabalhando interfere de maneira negativa em suas vidas, restringindo as
possibilidade de lazer e de liberdade[...].‖ (p.62/63).
412
ONU. Plano de ação internacional sobre o envelhecimento, 2002. Tradução de Arlene
Santos. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2003, p.21.
167
§ 1º. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
§ 2º. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos
humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol
da manutenção da paz.
413
UNESCO. Constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura. Disponível em:< http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001472/147273por.pdf>. Acesso
em: 12.11.14. O artigo 1º da referida Constituição realça o propósito da UNESCO que consiste em
―[...]contribuir para a paz e para a segurança, promovendo colaboração entre as nações através da
educação, da ciência e da cultura, para fortalecer o respeito universal pela justiça, pelo estado de
direito, e pelos direitos humanos e liberdades fundamentais, que são afirmados para os povos do
mundo pela Carta das Nações Unidas, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião‖.
168
414
UNESCO. Recomendação da UNESCO sobre a Educação para a Compreensão,
Cooperação e Paz Internacionais e a Educação Relativa aos Direitos Humanos e Liberdades
Fundamentais. Disponível em: http://direitoshumanos.gddc.pt/3_20/IIIPAG3_20_2.htm. Acesso em:
12.11.14
169
[...] mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais mulheres são
analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema significativo em
todos os países industrializados ou em desenvolvimento; - mais de um terço
dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas
habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e
ajuda-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e
culturais[...]Relembrando que a educação é um direito fundamental de
todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro;
Entendendo que a educação pode contribuir para conquistar um mundo
mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, e que,
ao mesmo tempo, favoreça o progresso social, econômico e cultural, a
tolerância e a cooperação internacional; Sabendo que a educação, embora
não seja condição suficiente, é de importância fundamental para o
progresso pessoal e social...Reconhecendo que uma educação básica
adequada é fundamental para fortalecer os níveis superiores de educação e
de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para
alcançar um desenvolvimento autônomo[...]Art. 1º, 3. Outro objetivo, não
415
O item 7 da referida Recomendação deve, também, ser destacado por impor aos Estados
membros a implantação de uma política pública na área de educação, que assegure a eficácia da
educação em todas as suas formas. Neste sentido, dispõe o referido preceito que: ―Cada Estado
Membro deverá formular e aplicar políticas nacionais destinadas a aumentar a eficácia da educação
em todas as suas formas e a reforçar o respectivo contributo para a compreensão e cooperação
internacionais, manutenção e desenvolvimento de uma paz justa, realização da justiça social, respeito
e realização dos direitos humanos e liberdades fundamentais e erradicação dos preconceitos, das
concepções erróneas, das desigualdades e de todas as formas de injustiça que comprometam a
realização de tais objetivos.‖
170
416
Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm. Acesso em:
29/01/2015. Merecem registro, ainda, os seguintes preceitos: ―Art.2º, 3. A concretização do enorme
potencial para o progresso humano depende do acesso das pessoas à educação e da articulação
entre o crescente conjunto de conhecimentos relevantes com os novos meios de difusão desses
conhecimentos.
417
Disponível em: http://www.fe.unicamp.br/gepeja/arquivos/VConfintea.pdf. Acesso em:
12.11.14. O artigo 5º também merece ser realçado, por reconhecer a multiplicidade das conquistas
advindas da educação na economia, cultura e sociedade, o fomento à coexistência, à tolerância e
participação dos cidadãos na vida ativa da comunidade e da sociedade, e o inegável preparo para os
desafios do convívio social.
171
418
Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/UNESCO-
Organiza%C3%A7%C3%A3o-das-Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas-para-a-
Educa%C3%A7%C3%A3o-Ci%C3%AAncia-e-Cultura/declaracao-de-dakar-educacao-para-todos-
2000.html. Acesso em: 29/01/2015.
419
Nos termos do artigo 1º dos Estatutos da OEI: ―A Organização dos Estados Ibero-
americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura ou Organización de Estados Ibero-americanos
para la Educación, la Ciencia y la Cultura, anteriormente denominada "Escritório de Educação Ibero-
americana" é um Organismo Internacional de caráter governamental para a cooperação entre os
países ibero-americanos nos campos da educação, da ciência, da tecnologia e da cultura no contexto
do desenvolvimento integral. Suas siglas são "OEI" e seus idiomas oficiais, o espanhol e o
português.‖.
420
XV Conferência Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo – 2005.
Declaração de Salamanca. Item 6. Disponível em:
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OEI-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Dos-Estados-Ibero-
Americanos-Para-a-Educa%C3%A7%C3%A3o-a-Ci%C3%AAncia-e-a-Cultura/xv-conferencia-ibero-
americana-de-chefes-de-estado-e-de-governo.html. Acesso em: 12.11.2014
172
Artigo 12. Toda pessoa tem direito à educação, que deve inspirar-se nos
princípios de liberdade, moralidade e solidariedade humana. Tem,
outrossim, direito a que, por meio dessa educação, lhe seja proporcionado o
preparo para subsistir de uma maneira digna, para melhorar o seu nível de
vida e para poder ser útil à sociedade .O direito à educação compreende o
de igualdade de oportunidade em todos os casos, de acordo com os dons
naturais, os méritos e o desejo de aproveitar os recursos que possam
proporcionar a coletividade e o Estado. Toda pessoa tem o direito de que
lhe seja ministrada, gratuitamente, pelo menos, a instrução primária.
421
Também houve preocupação com a transformação do ensino superior, no sentido de
redirecioná-lo a efetivamente a alavancar o desenvolvimento e a inovação tecnológica, no sentido de
propiciar melhor qualidade e acesso dos povos ibero-americanos aos bens e serviços dos referidos
países, inclusive, propiciar que os aludidos povos sejam declarados livres do analfabetismo até 2015,
conforma consta no item 13 do aludido documento.
173
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I -
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II -
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e
o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade
do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos
profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público,
na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial
profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos
termos de lei federal.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva
universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino;IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino,
da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI -
oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII -
atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e
gratuito é direito público subjetivo. § 2º - O não-oferecimento do ensino
obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente. § 3º - Compete ao Poder
Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
422
A exigibilidade constitucional do direito à educação. Fortaleza: Revista Científica da
Faculdade Lourenço Filho, v.06, n.01, p.105-123, 2009.
423
A referida lei era conhecida como Lei das Escolas das Primeiras Letras.
176
Art 149 - A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e
pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a
estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores
da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a
consciência da solidariedade humana.
424
15 de outubro passou a servir de referência para a comemoração do dia do professor.
425
POLETTI, Ronaldo. Constituições brasileiras, 3.ed. Brasília: Senado Federal,
subsecretaria de Edições Técnicas, 2012, v.III, p.13,
177
Art 156 - A União e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por cento,
e os Estados e o Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda
resultante dos impostos na manutenção e no desenvolvimento dos sistemas
educativos.
Parágrafo único - Para a realização do ensino nas zonas rurais, a União
reservará no mínimo, vinte por cento das cotas destinadas à educação no
respectivo orçamento anual.
seus operários, estendendo, ainda, tal dever aos sindicatos econômicos, no sentido
de que também criem escolas para os filhos dos associados. Neste sentido,
dispunha o artigo 129:
Tais princípios e diretrizes foram inseridos nos artigos 166, 168, 169 e
172 daquela Constituição, os quais dispunham:
Art 166 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve
inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana.
Art 168 - A legislação do ensino adotará os seguintes princípios:
I - o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional;
II - o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao
primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos;
III - as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que trabalhem mais
de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino primário gratuito para os
seus servidores e os filhos destes;
IV - as empresas industrias e comerciais são obrigadas a ministrar, em
cooperação, aprendizagem aos seus trabalhadores menores, pela forma
que a lei estabelecer, respeitados os direitos dos professores;
Art 169 - Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez por cento, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento
da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do
ensino.
Art 172 - Cada sistema de ensino terá obrigatoriamente serviços de
assistência educacional que assegurem aos alunos necessitados condições
de eficiência escolar
A educação foi tratada no título IV, nos artigos de 176 a 178, com
redação semelhante às disposições constitucionais da Carta de 1967 já anotadas.
181
426
Emílio ou da educação. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão europeia do livro, 1968,
p.10.
427
Op.cit., p.09.
428
Op.cit., p.14. Ressalta, contudo, que ―Há em muitas escolas, e sobretudo na Universidade
de Paris, professores que amo, que muito estimo, e que acredito muito capazes de instruir a
juventude, se não fossem forçados a obedecer aos usos estabelecidos. Exorto um deles a publicar o
projeto de reforma que concebeu. Ser-se-á enfim tentado a curar o mal, ao ver que não é sem
remédio‖ (p.14).
429
Op.cit., p.16.
182
O país certamente não pode conviver com o elevado grau de injustiça que
se manifesta em vários aspectos da vida social. A desigualdade gera
insatisfações e desequilíbrios e põe em risco a convivência democrática. A
consolidação da nação brasileira só pode ser concretizada através da
democratização das oportunidades sociais, ou seja, através da
universalização de uma educação fundamental de boa qualidade que dê a
cada cidadão o instrumental básico necessário para funcionar
430
adequadamente na sociedade moderna, complexa e pluralista.
430
O Brasil e seu futuro: um estudo das fragilidades nacionais. São Paulo: Editora Alfa
Omega, 1997, p.21.
431
CUNHA, Luiz Antônio. Educação e desenvolvimento social no Brasil, 9.ed. Rio de
Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1986, p.34. Complementa o autor que: ―Se Voltaire temia a
instrução das massas como perigosa à ordem social, Diderot, ao contrário, incentivava-a, como o fez
em carta à imperatriz russa Catarina, aconselhando-a à criação de uma universidade. Dizia ele ser
desejável que todos soubessem ler, escrever e contar, desde os ministros de Estado até o último dos
camponeses‖ (p.38).
432
Alguns pensamentos sobre a educação. Trad. Madalena Requixa. Coimbra: Almedina,
2012, p.174. Acrescenta o ilustre autor que: ―A instrução é necessária, mas deve ser colocada em
segundo lugar, como um meio de adquirir qualidades mais elevadas. Procurem, pois, algo que saiba
formar discretamente os costumes do seu discípulo; coloquem o vosso filho em mãos que possam,
na medida do possível, garantir a sua inocência, desenvolver e alimentar as suas boas inclinações,
183
corrigir docemente e curar as más inclinações, fazendo-o adquirir bons hábitos. Este é o ponto mais
importante. Uma vez alcançado, a instrução pode ser adquirida por acréscimo e, a meu ver, em
condições fáceis, simples de imaginar‖ (p.280).
433
Op.cit., p.51. Anota, contudo, o autor que: ―Os setores de mais baixa renda na sociedade
brasileira têm menos chances de entrar na escola; quando entram, fazem-no mais tardiamente e em
escolas de mais baixa qualidade. Isso faz com que seu desempenho seja mais baixo e, em
consequência, sejam reprovados mais frequentemente Por isto, e devido, também, à migração e ao
trabalho ‗precoce‘, evadem-se com maior frequência. Todos esses fatores determinam uma profunda
desigualdade no desempenho escolar das crianças e de jovens das diversas classes sociais‖ (p.169).
434
El rol del Estado en la educación. In: FRANCO, Maria Laura P.B.; ZIBAS, Dagmar M.L.
(Orgs.). Final do século: desafios da educação na América Latina. São Paulo: Cortez Editora,
1989, p.23. Complementa o autor que: ―A equidade na distribuição da educação não é só um
problema de quantidade de anos de estudo e sim do caráter socialmente significativo dos
conhecimentos aos quais se acessam no período de escolarização. Neste sentido, a equidade se
digne pela possibilidade de garantir a toda à população o acesso a uma base mínima homogênea de
conhecimentos, valores, habilidades, destrezas, etc. que constituem tanto a expressão cultural da
unidade nacional, como o meio através da qual é possível uma participação social ativa e
consciente‖ (p.31).
184
Não se pode olvidar, neste sentido, a lição de Paulo Freire, para quem:
―[...] a educação das massas se faz, assim, algo de absolutamente fundamental
entre nós. Educação que, desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma
força de mudança e de libertação‖.435
435
Educação como prática da liberdade, 16.ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1985,
p.36. Complementa o autor que: ―Nunca pensou, contudo, o Autor, ingenuamente, que a defesa e a
prática de uma educação assim, que respeitasse no homem a sua ontológica vocação de ser sujeito,
pudesse ser aceita por aquelas forças, cujo interesse básico estava na alienação do homem e da
sociedade brasileira na manutenção desta alienação.‖ (p.36).
436
O ensino público.. Brasília: Senado Federal, 2003, v. 4, p.71.
437
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Séries históricas e estatísticas. Taxa de
analfabetismo funcional. Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=taxa-
analfabetismo&vcodigo=PD384. Acesso em: 21/04/2014.
438
Educação, cultura e lazer: perspectivas de velhice bem-sucedida. In: NERI, Anita
Liberalesso (Org.). Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São
Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo/Edições SESC, SP, 2007, p.109/110.
185
Enquanto tais propostas não forem efetivadas pelo poder público resta
aos idosos inscreverem-se no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) que
consiste numa modalidade de ensino com foco nos jovens e adultos que não tiveram
acesso ou, mesmo, não concluíram os ensinos fundamental e médio. Ressalte-se,
contudo, que o EJA não contempla o idoso, em seu programa educacional.
439
A educação e a pessoa idosa. In: GUGEL, Maria Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.).
Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto Atenas; AMPID, 2009, p.106. Acrescenta o autor que:
―Apesar de sua inegável especificidade como categoria humana, conforme estipulava inclusive a Lei
nº 8.842/94, primeiro diploma a tratar da Política Nacional do Idoso, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB – Lei nº 9.394/96), que lhe é posterior em dois anos, negou-se a estabelecer políticas
detalhadas em relação aos maiores de 60 (sessenta) anos, na condição de público discente ou
elemento específico a ser abordado nos currículos‖ (p.106).
440
Secretaria de Direitos Humanos/Presidência da República. Anais da 2ª Conferência
Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Avaliação da rede nacional de proteção e defesa dos
direitos da pessoa idosa .. Eixo 6: Educação, cultura, esporte e lazer: avanços e desafios.
Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, 2010, p…82/83.
187
441
Documento final do Seminário Nacional de Educação de Jovens e Adultos. In: PAIVA,
Jane; MACHADO, Maria Margarida; IRELAND, Timoth (Orgs.). Educação de jovens e adultos: uma
memória contemporânea 1996-2004. Brasília: Secad/MEC; UNESCO, 2007, p.20. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13165&Itemid=913. Acesso
em: 21/04/2014.
188
442
A pesquisa sobre o idoso no Brasil: diferentes abordagens sobre educação nas
teses e dissertações (de 2000 a 2009). Revista Acta Scientarum Education. Maringá: EDUEM, v.35,
n.01, p.79-87, jan.-june, 2013.Acrescenta a autora que: ―A educação é considerada um direito
fundamental, que está incluso em algumas políticas públicas destinadas para o público idoso, todavia
ainda não existe política alguma que referencie exclusivamente a educação para a pessoa
idosa.[...].A educação permanente possibilita o desenvolvimento do idoso integral. Dessa maneira, ela
deve oportunizar que realmente esse idoso se desenvolva, independentemente da classe social ou
situação de marginalização em que o indivíduo esteja inserido, permitindo que o desenvolvimento
intelectual, social, cultural e político ocorra‖. (p.83).
443
Educação e envelhecimento – fundamentos e perspectivas. Revista a Terceira Idade.
São Paulo: SESC, v.19, n.43, p.7-26, out.2008. Acrescenta que: ―O contesto que favoreceu o
interesse na educação de adultos se deve às múltiplas mudanças e transformações que aconteceram
durante esse século. Mudanças que não só afetaram o mundo do trabalho, as formas de produção e
distribuição, mas também as formas de comunicação, as estruturas das sociedades e das famílias, as
formas de governo e das relações humanas. A institucionalização de mudanças constantes levou à
necessidade de se adaptar constantemente, de continuar a aprender, mesmo depois da formação
inicial da escola. Neste contexto, cresce o interesse em pensar uma educação de adultos como uma
nova postura do homem moderno‖ (p.12).
444
Op.cit., p.13.
189
445
Idem, ibidem.
446
Idem, ibidem.
447
Idem, p.14. Complementa, assinalando: ―Assistimos agora nas sociedades
contemporâneas a uma nova ‗desinstitucionalização‘ da educação, que não fica mais restrita às
escolas, nem à infância e juventude. Educação é vista hoje como um processo que deve acontecer
durante toda a vida, tanto em instituições formais (escola, universidade), quanto de forma não-formal,
como em cursos de atualização, palestras, encontros, debates, etc.‖(p.14).
448
Cf.DOOL, Johannes. Op.cit., p.16.Registra o autor que: ―No início foram principalmente
universidades que abriram as casas de estudantes durante as férias para os idosos, e hoje existe
toda uma rede, com possibilidades de viajar e estudar, para pessoas com mais de 55 anos, o que
torna o ‗elderhostel‘ o mundialmente maior programa educacional para idosos‖ (p.17).
449
Idem, ibidem. Acrescenta Johannes Dool que: ―Além dos grupos de convivência e das
universidades da terceira idade, encontramos hoje também outras formas de trabalho educacional,
como palestras, oficinas ou encontros para idosos. Gostaria de destacar ainda uma forma que, à
primeira vista, pode não parecer um trabalho educacional: o trabalho político nos conselhos
municipais e estaduais dos idosos, nas conferências do idoso ou nos fóruns regionais, em que o
engajamento de pessoas idosas leva a aprendizagens significativas em uma perspectiva de
educação informal‖ (p.18).
190
450
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL – CNBB. Op. cit., p.94.
451
PUC-SP, Pós-graduação, Especialização e MBA. Disponível em:
<http://www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/universidade-aberta-a-maturidade>.
191
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização
e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual,
visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do
poder público[...]
456
Mensagem nº 611, de 26 de dezembro de 2013.
195
Para Alexandre de Matos Guedes, tais filas devem ser focadas como
discriminatórias já que idosos e pessoas com deficiências são colocadas em
―guetos‖ ,separadas das ―pessoas normais‖. Ensina que a aludida prática reveste-se
de evidente impacto negativo sobre os próprios grupos de acesso preferencial , bem
como sobre os demais que introjetam ―[...] o indelével entendimento de que essas
categorias especialmente protegidas são ‗apartadas‘ da normalidade, de modo a se
acreditar que devem ser infantilizadas e não podem tem um convívio com os demais
componentes da sociedade‖.458
457
ADI 1950-SP. Tribunal Pleno, rel. Ministro Eros Grau, j.03/11/2005, DJ 02/06/2006.
458
A educação e a pessoa idosa. In: GUGEL, Maria Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.).
Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto Atenas; AMPID, 2009, p.111.
196
Ensina-se que:
461
Comissão de estudos sobre esportes para idoso do SESC SP – SOUZA, Maria Aparecida
Ceciliano de (Coord.). Esporte para idosos: uma abordagem inclusiva. Revista A Terceira Idade.
São Paulo: SESC, v.16, n.33, p.7-21, jun.2005. Acrescentam os professores da aludida comissão
que ―O adulto velho possui uma memória motora construída ao longo da vida que pode ser explorada
por meio do resgate das habilidades motoras como andar, correr, saltar, saltitar, arremessar, rebater,
quicar, entre outras, mesmo com pessoas que nunca vivenciaram a prática de esportes. Como o
estímulo à prática e à variação de movimentos, o que era apenas uma habilidade torna-se uma
diversidade de experiências motoras, onde os movimentos vivenciados pelo próprio aluno geram uma
relação corpo – objeto – espaço – tempo, que facilitará a datação gradual e o aprendizado dos
movimentos específicos do esporte‖ (p.14).
198
462
As novas imagens do idoso veiculadas pela mídia: transformando o envelhecimento
em um novo mercado de consumo. Revista da UFG. Goiânia: UFG, ano V, v.5, n.02, dez.2003, on
line. Disponível em: http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/idoso/imagens%20.html. Acesso em:
30/04/2014. Acrescenta a ilustre professora que: ―Grande parte das pessoas idosas não tem acesso
aos espaços de lazer, desconhecendo a importância e os benefícios que este pode lhe oferecer. Abrir
possibilidades de acesso é fundamental, uma vez que, por meio das experiências de lazer o idoso
aprenderá a gostar tanto do lazer como de si mesmo. Desta forma, faz-se necessário minimizar para
o idoso as barreiras de acesso ao lazer buscando, neste trabalho, uma participação de todas as
camadas da sociedade de diferentes sexos, idades, etnias etc. Ações concretas são imprescindíveis
para que a população idosa sinta os benefícios do lazer‖.
199
463
NASCIMENTO, Maria Cristina Rubelsperger et alii. Qualidade de vida na terceira idade. In:
Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços sociais; Associação Nacional de
Gerontologia/Seção Rio de Janeiro. Envelhecer com cidadania: quem sabe um dia? Rio de
Janeiro: ANG-RJ/CBCISS, 2000, p. 124. Acrescentam as autoras que: ―Em decorrência destas
observações, ressalta-se a necessidade de promover junto a pessoas desta faixa etária estimulação
constante no sentido de leva-las à consciência do quanto pode ser ampliada sua capacidade de
receber e avaliar novas situações e desafios, de integração e ressignificação do momento presente e
de real participação no contexto sócio cultural em que vivem. Abandonando este caminh0, temos à
frente o risco de nos deparamos cada vez mais com pessoas que preferem ter, e3m sua autoimagem,
as características ora destas como sendo a única forma de serem aceitas e reconhecidas pelo grupo
social‖ (p.124).
464
Idoso, lazer, grupos de convivência: uma comparação entre participantes, não-
participantes e egressos. 2012. 154 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Universidade Federal de Minas Gerais, Bel.o Horizonte, 2012.
Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br>. Acesso em 01/05/2014.
465
Disponível em: < http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/entidades-de-assistencia-
social/copy_of_legislacao-2011/resolucoes/2009/Resolucao%20CNAS%20no%20109-
%20de%2011%20de%20novembro%20de%202009.pdf >. Acesso em: 01/05/2014.
200
466
Vide item 2.5 Do direito a saúde.
467
Op.cit., p.124.
468
Lazer, velhice e instituição asilar: reflexões baseadas na revisão de literatura e nos
Trabalhos apresentados no encontro nacional de recreação e lazer (2001-2005). Revista A
Terceira Idade. São Paulo: SESC, n.18, v.40, p-.27-38, out.2007. Advertem, ainda: ―Com as
limitações provenientes do envelhecimento, outras atividades como leitura (que exige boa visão) e
atividades manuais (podem requerer boa visão e coordenação motora fina) vão sendo deixadas de
lado ou substituídas. Com o declínio da audição, até mesmo o rádio pode ser inutilizado e a TV, como
possibilidade de lazer – sendo esse lamentavelmente visto apenas como distração e entretenimento
para os internos -, ganha cada vez mais espaço nesse ambiente‖ (p.38).
201
Mesmo diante de uma realidade que denota que o idoso, hoje, com 70
anos de idade, pode continuar contribuindo com a Administração Pública e com a
própria comunidade o artigo 40 da nossa Carta dispõe, em seu § 1º, inciso II que o
servidor que completar a aludida idade será aposentado compulsoriamente, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
469
Op.cit., p.136.
470
Senador brasileiro: um conselho de anciãos? Revista de Informação Legislativa.
Brasília: Senado Federal, ano 47, n.187, jul./set. 2010.
203
Deve ser observado, ainda, que não são poucos os idosos que perdem
o poder de deambulação, mas que mantêm a saúde mental preservada, sendo que,
em tal hipótese, necessitam do apoio de terceira pessoa, para auxiliá-los. O novo
Código Civil instituiu uma nova modalidade de curatela, para que a pessoa do
curador possa cuidar dos negócios que o idoso indicar, conforme se verifica no
artigo 1.780 do Código Civil.
471
Disponível em: http://ww.senado.gov.br/senadores ,Acesso em: 23/06/2014.
472
SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. Op.cit., p.135. Ensina, em complemento: ―Assegurar a
participação do idoso na comunidade, defender sua dignidade e bem-estar, garantindo a ele o direito
à vida, como determina o art.230 da Constituição de 1988, não implica trata-lo como incapaz, e sim,
como igual aos demais seres humanos‖ (p.137).
204
473
Op.cit., p.209.
474
Comentário ao art.1.725. In: PELUZO, Ministro Cezar (Coord). Código Civil Comentado:
doutrina e jurisprudência, 2.ed., rev. e atual. Barueri: Editora Manole, 2008, p.1.867. Vide brilhante
acórdão paradigmático proferido na Ap. Cível n.007.512-4/2-00, 2ª Câmara de Direito Privado do
Tribunal de Justiça de são Paulo, relator: Des.. Cézar Peluzo, j. 18.08.98.
205
Não é por outra razão que Justiniano já explicitava no seu Digesto 478a
diferença entre direito público e privado, ensinando que:
477
PODETTI, J. Ramiro. Teoria y técnica del processo civil. Buenos Aires: Ediar Editores,
1963, p.27. Leciona-se que a história de Roma pode ser dividida em cinco períodos ou etapas. O
primeiro período, conhecido por direito arcaico ou época monárquica se estendeu desde a origem do
povo romano até a promulgação das XII Tábuas, por volta de 450 a.C, onde ocorreram as primeiras
magistraturas republicanas. O segundo período, conhecido por republicanos, que se iniciou na data
citada estendeu-se até a época de Augusto, que motivou o aparecimento do Principado. A terceira
etapa, conhecida por direito clássico, estendeu-se do ano 27 a.C até 285 d.C, em cujo ano
Diocleciano foi entronado imperador, iniciando-se a época do Império. O quarto período se iniciou em
285 d.C alcançando o ano de 527 d.C., com o coroamento de Justiniano, como imperador do Oriente,
sndo conhecido na história como período pós clássico.(Cf. RASCÓN, César. Op.cit., p.34).
478
Merece ser observado que Justiniano, ao assumir o poder no Oriente, nomeou uma
comissão de dez membros visando à compilação das constituições imperiais vigentes, cujo trabalho
ficou conhecido como Nouus Iustinianus Codex. Visando deslindar a questão dos iura (direito contido
nas obras dos jurisconsultos), nomeou três de tal comissão, para elaborar um manual destinado aos
estudantes, como introdução ao Direito inserido no Digesto, trabalho esse que ficou conhecido por
Institutiones (Institutas). Posteriormente, Justiniano promoveu alterações legislativas, mediante as
Noellae constitutiones (novelas). O conjunto de tais trabalhos compostos das Institutas, Digesto,
Código e das Novelas foi nominado pelo francês Dionísio Godofredo, em 1538, por Corpus iuris
Civillis (Cf. MOREIRA ALVES. José Carlos. Direito romano. 10. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense,
1996, v.I, p.46-48).
479
JUSTINIANUS, Caesar Flavius. Digesto de Justiniano. Trad. Hélcio Maciel França
Madeira. 2.ed. São Paulo: R.T.: Osasco: Centro Universitário FIEO-UNIFEO,2000, Livro I, p.15-16.
Acrescenta o célebre imperador que o ―direito natural é o que a natureza ensinou a todos os animais.
Pois este direito não é próprio do gênero humano, mas de todos os animais que nascem na terra ou
no mar, comum também das aves. Daí deriva a união do macho e da fêmea, a qual denominamos
matrimônio; daí a procriação dos filhos, daí a educação. Percebemos, pois, que também os outros
animais, mesmo as feras, são guiados pela experiência deste direito. O direito das gentes é aquele
do qual os povos humanos se utilizam. O que permite facilmente entender que ele se distancia do
natural, porque aquele é comum a todos os animais e este é comum somente aos homens entre si‖
(p.16).
207
1. Todos os povos que são regidos por lei e costumes usam um direito que,
em parte, lhes é próprio e, em parte, é comum a todos os homens, pois o
direito que cada povo promulga para si mesmo esse lhe é próprio e se
chama direito civil, direito inerente à própria cidade, mas o direito que a
razão natural constituiu entre todos os homens e entre todos os povos que
o observam, chama-se direito das gentes, como se disséssemos o direito
que todos os povos usam. Assim, também, o povo romano usa de um
direito que, em partem lhe é próprio e, em parte, comum a todos os
homens...2. Os direitos do povo romano constam, assim, de leis, plebiscitos,
senatusconsultos, constituições imperiais, editos dos que tem o direito de
promulga-los e respostas dos prudentes. 480
480
GAIUS. Institutas do jurisconsulto Gaio. Trad. J. Cretella Jr e Agnes Cretella. São Paulo:
R.T., 2004, p.37. Acrescenta, ainda, que: ―3. Lei é o que o povo romano ordena e constitui. Plebiscito
é o que a plebe manda e constitui. Plebe, entretanto, difere de povo, porque a denominação povo
abrange todos os cidadãos, incluídos também os patrícios, ao passo que a denominação plebe
significa os demais cidadãos, com exclusão dos patrícios...4..Senatusconsulto é o que o senado
manda e constitui, tendo força de lei, embora isso tenha sido posto e dúvida. 5. Constituição imperial
é o que o imperador ordena mediante decreto, edito ou epístola. ...6. Editos são ordens dadas pelos
que têm o direito de editá-las. Ora, o direito de promulgar editos têm-no os magistrado do povo
romano, mas o mais amplo dos direitos é dos editos dos dois pretores, o urbano e o peregrino...7.
Respostas dos prudentes são as sentenças e as opiniões daqueles a quem é permitido constituir o
direito.[...]‖ (p.37-38).
481
JUSTINIANUS, Caesar Flavius.Op.cit.,, p.15.
482
Tal pensamento de Ulpiano pode ser extraído do seguinte fragmento: ―Jus este ars boni et
aequi, cujus méritos quis nos sacerdotes appellet. Justitiam manque colimus, et boni et aequi notitiam
profitemur, aequum ab iniquo separantes, licitum ab illicito discernentes; bonos nos solum metu
poenarum, verum etiam praemiorumm qnoque exhortatione efficere cupientes: veram, nisi fallor,
philosophiam, nos simulatam afrfectantes‖ (Dig.1.1.1.§1,Fr.Ulp), apud ORTOLAN, M. .Esplicacion
histórica de Las Instituciones del Emperador Justiniano.Trad. Dom Francisco Perez de Anaya.
Madrid: Estabelecimiento Tipográfico de D. Ramon Rodriguez de Rivera, T.I, 1847, p.17.
483
Op.cit., p.16.
484
RASCÓN, César. Síntesis de historia e instituciones de derecho romano.4.ed. Madrid:
208
489
Leciona César Rascón que ―o escravo nascia com tal condição ou era feito escravo.
Nascia escravo o filho de mãe escrava, e as causas mais frequentes para que um homem livre se
convertesse em escravo eram os prisioneiros de guerra e a condenação a trabalhos forçados nas
minas. Caía também em escravidão aquele que era entregue a um povo estrangeiro para satisfazer
uma responsabilidade de Roma, el iudicatus e o confessuri in iure (o que havia confessado perante o
magistrado) vendido trans Tiberim, o que era vendido trans Tiberim porque sobre ele exercia a pátria
postestas; o que deixava de cumprir voluntariamente o serviços militar ou não se submetia ao
censo...o ladrão surpreendido em flagrante delito. Em virtude de um senadoconsulto Claudiano do
ano 52 d.c., a mulher livre que mantivesse relações com um escravo, após ser advertida três vezes
pelo dono do servo, se tornava escrava daquele‖ (idem, p.143).
490
Op.cit.,p.85.
491
Cf. Rascón, César. Op.cit., p.143. Complementa o autor esclarecendo que as famílias ricas
de Roma recorriam a preceptores escravos, de origem grega, para alfabetizarem seus filhos. Ensina,
ainda, que ―era muito frequente que os romanos pusessem o cuidado da sua saúde nas mãos de
médicos escravos, também gregos, que tinham um alto preço e chegavam a converter-se em
pessoas de confiança de seus donos, exercendo grande influência sobre eles, como no caso de
Jenofonte, médico e amigo de Cláudio; foram eles que introduziram a medicina hipocrática em Roma
criando escolas e renovando os métodos de curas tradicionais exercidos pelo paterfamilias no seio do
grupo familiar‖ (idem, p.143/144).
492
Cf. Rascón, César. Op.cit., p.144. Por meio do instituto da manumissão, o senhor libertava
o seu escravo, renunciando ao poder que detinha sobre ele.
210
Umas, formalistas, que são as procedentes do antigo jus civile; outras livres
de formas, as que adquirem força jurídica com o contato do comércio
romano com o mundial: as primeiras, reservadas às relações entre
cidadãos: as segundas, acessíveis também aos estrangeiros ou peregrinos.
Aquelas instituições formam o que se chama jus civile privativo e peculiar:
jus proprium civium Romanorum; nas outras veem os romanos um Direito
comum a todos os povos, embasado no sentimento de equidade, igual em
todos os homens, e na lei natural das coisas. 496
Pode-se afirmar que ―a ideia do jus gentium foi o primeiro passo para
uma desnacionalização do direito. A exigência fundamental do jus civile fazia
493
Cf. Rascón, César. Idem, p.145. Anota o autor que o direito romano somente se aplicava
aos cidadãos romanos onde quer que se encontrassem, o que significa que tinha o caráter pessoal e
não territorial. O cidadão se regia pelo direito romano, com a consequência de que nas relações
jurídicas de quem tinha tal condição se aplicava o direito romano pelos tribunais de justiça romanos e,
ao mesmo tempo, o cidadão devia cumprir as obrigações que resultavam da aplicação do direito
romano. Isso implica também no reconhecimento tanto de faculdades de caráter política, como votar
nas assembleias, ocupar magistraturas ou servir no exército, como de direitos de natureza pública e
privada, por exemplo, os de realizar negócios jurídicos válidos sujeitos à norma romana, contrair
matrimônio romano, fazer testamento ou atuar em juízo‖ (Idem, ibidem).
494
Local onde Roma foi fundada.
495
Ráscon, César. Idem, p.146.
496
SOHM, Rodolfo. Instituciones de derecho privado romano – historia y sistemas.
Op.cit., p.61/62.. Adverte o autor que não se ―pretende afirmar com isto a ideia de um ‗Direito Natural‘
de caráter filosófico: o jus gentium foi sempre parte do Direito romano positivo e concreto, modelado
pela necessidade do comércio pelas fontes jurídicas romanas, particularmente pelo Edito pretório‖
(idem, p.62).
211
497
BARRETOS, Tobias. Op.Cit., p.147. Acrescenta o autor que a civitas romana ―era uma
base muito estreita, que só podia aguentar o edifício político de um povo guerreiro e conquistador.
Mas essa base alargou-se, e em vez de civitas, o senso prático de Roma lançou mão do princípio da
libertas como fundamento da sua nova vida jurídica. Já não era preciso ser cidadão romano, bastava
ser humano livre, para gozar das franquias e proventos do direito[...]A cultura romana, tornando-se
cultura greco-latina, pela invasão e influência do helenismo, cuja mais alta expressão foi a filosofia,
recebeu em seu seio grande número de ideias então correntes sobre a velha trilogia: Deus, o homem
e a natureza[...]‖ (p.148).
498
SALA, Don Juan. Digesto Romano-Español, Tomo I. Madrid: Imprenta Del Colegio de
Sordo-Mudos, 1844, p.09.
499
Rascón, César. Idem, p.180.
500
ORTOLAN, M. Esplicacion histórica de Las Instituciones del Emperador
Justiniano.Trad. Dom Francisco Perez de Anaya. Madrid: Estabelecimiento Tipográfico de D. Ramon
Rodriguez de Rivera, T.II, 1847, p.534. Explica o autor que ação passou posteriormente a ter
sentidos. ―Assim, num sentido figurado, a ação não é já o ato, mas o direito de executar o dito ato; ou
seja, o direito de formalizar este recurso à autoridade[...]num terceiro sentido figurado, o mesmo que
o segundo, não é já nem o ato, nem o direito de executá-lo, e sim o meio, a forma que se coloca à
disposição para a apresentação deste recurso. Temos, pois, três significados diferentes da palavra
ação: na primeira, a ação é um fato; na segunda, um direito; na terceira, um meio, uma forma. Estas
três significações são todas usadas na linguagem jurídica‖ (Idem, ibidem).
212
501
Institutas do Imperador Justiniano. Tradução: Edison Bini. São Paulo: Edipro, 2001,
p.197. Adverte Vittoiro Scialoja que estava definição deve ser enfocada apenas ―[...]como a definição
de um dos múltiplos aspectos com que se nos apresenta o conceito de ação‖ (Procedimiento civil
romano: ejercicio y defensa de los derechos. Tradução de Santiago Sentis Melendo e Marino
Ayerra Redin. Buenos Aires: Ediciones Jurídicas Europa-América, 1954, p.95.
502
RASCÓN, César. Op.cit., p.180. Esclarece o autor que a resolução mediante a defesa
privada significava o uso da força.
503
Procedimiento civil romano: ejercicio y defensa de los derechos. Tradução de
Santiago Sentis Melendo e Marino Ayerra Redin. Buenos Aires: Ediciones Jurídicas Europa-américa,
1954, p.96. Ensina, ainda: ―Este significado que está em uso no mais antigo direito, apresenta
também vestígios no direito mais recente. Entre esses atos havia alguns de importância capital, que
eram os atos que se deviam cumprir para obter a execução de juízo ou a decisão de um ponto
controvertido e como estavam estabelecidos pela lei determinadas formas em que estes atos solenes
deviam modelar-se se chamavam legis actiones‖.(p.96).
504
Cf. RASCÓN, César, idem, ibidem.
505
Cf. RASCÓN, César. Op.cit., p.180. Complementa o autor que os litigantes, após
acordados, fixavam os termos do litígio e escolhiam o juiz, que era um particular e não um magistrado
nem um funcionário. (ibidem).
213
506
Instituciones de derecho privado romano: historia y sistema, 17.ed. Tradução de W.
Roces. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1936, p.597.
507
Cf. RASCÓN, César, idem, p.181.
508
Cf. SOHM, Rodolfo. Op.cit., p.594.
509
Institutas do jurisconsulto Gayo. Tradução de J. Cretella Jr. e Agnes Cretella. São
Paulo: RT, 2004, p.182.
510
SCIALOJA, Vittorio. Op.cit., p.132.
214
511
Cf. FIUZA, César. Op.cit., p.27.
512
O sacramentum consistia no depósito que as partes faziam no litígio sacramental após
comparecerem perante o magistrado afirmando solenemente seus direitos preparando a litis
contestatio. A quantia do lítigio depositada pela parte sucumbente era considerada perdida.
(Cf.SOHM. Op.cit., p.600).
513
Idem, p.28. Anota, ainda: ―O juiz decidia, e a parte perdedora perdia a soma do
sacramento e ou caução‖ (p.28). É interessante a observação de Gayo quanto à actio sacramenti:
―Esse tipo de ação era tão perigoso para os litigantes de má-fé, como hoje é a ação certae creditae
pecuniae, por causa da sponsio perdida pelo réu que nega imprudente e da restipulatio perdida pelo
autor, que pede o pagamento do indevido. A parte vencida pagava, a título de multa. A soma do
sacramentum,era destinada ao erário, oferecendo-se ao pretor fiadores responsáveis pelo
pagamento‖ (Op.cit.p.183).
514
Op.cit., p.181.
515
Idem, ibidem. Complementa Gayo explicitando que quando ―[...]se se tratasse de ações in
rem, as coisas móveis e as semoventes, suscetíveis de serem levadas ou conduzidas a juízo,
pleiteavam-se do seguinte modo. O autor reclamante, empunhando a varinha tomava a coisa, um
homem, por exemplo, dizendo: digo que este homem é meu por direito dos quirites, segundo sua
situação jurídica. Assim como disse, vê que o toquei com a varinha e, ao mesmo tempo, tocava o
homem com a varinha. O réu dizia e fazia o mesmo. Quando as duas partes tinham pleiteado, o
pretor dizia: larguem, ambos, o homem, e eles o largavam. O primeiro reclamante interrogava o
reclamado assim: peço que digas a que título vindicaste; e o segundo respondia: exerci meu direito
tocando a varinha. Em seguida, o primeiro reclamante dizia: já que pleiteaste injustamente, desafio-te
215
Este tipo de ação somente era utilizada, quando uma lei impunha a
sua utilização para determinado tipo de controvérsia, sendo muito mais vantajosa do
que ação por sacramento, uma vez que, nessa a parte sucumbente perdia a
importância que depositava como garantia da sanção.. Por outro lado, o demandado
pelo procedimento aqui descrito não corria o risco, com a sua negativa, de outra
soma além daquela efetivamente devida.519
O autor dizia: Por não ter me haveres pago dez mil sestércios, a que foste
condenado a pagar-me, eu lanço a mão sobre ti, por causa dos dez mil
sestércios. Ao mesmo tempo, agarrava em uma parte qualquer do corpo do
devedor. Ao condenado não lhe era permitido repelir a mão que o prendia,
agindo pessoalmente, mas nomeava um representante (vindex), para agir
em lugar dele. Quem não tivesse representante era levado para casa pela
520
Op.cit., p. 29
521
Cf. RASCÓN, César. Op.cit., p.189.
522
Op.cit., p.186.
523
Atinente à Lei das XII Tábuas ensinam Javier Paricio e A. Fernández Barreiro que: ―O
primeiro grande monumento jurídico romano foi a lei das XII Tábuas, nome que provem de sua
publicação em doze tábuas de madeira. Foram redigidas por uma comissão de dez pessoas
(decemviri legibus scribundis) e sua realização obedeceu à pretensão plebeia de que o direito
estivesse fixado por escrito. Apesar de algumas inovações por parte dos decemviros, a maior parte
dos preceitos recolhidos são oriundos dos mores, que acaso já se encontravam compilados em
prévias coleções pontificais. Assim, pois, a legislação decemviral vem a ser a fixação por escrito do
direito tradicional anterior custodiado pelos pontífices e sua transcendência não radica tanto nos
preceitos recolhidos como em sua publicação. Ademais, apesar de as XII Tábuas terem sido
superadas em grande medida, com o transcurso do tempo, nunca foram derrogadas de forma
expressa...Os preceitos conservados permitem apreciar um estilo sumamente conciso, simples e
elegante na redação, que adota ordinariamente a forma condicional em seu início e imperativa na
conclusão. Sem dúvida alguma, as XII Tábuas constituem uma clara manifestação do gênio jurídico
romano‖ (História del derecho romano y su recepción europea. 9.ed. Madrid: Marcial Pons, 2010,
p.53).
217
Leciona Fiuza que quem era credor por sponsio e não recebesse o
crédito em seis meses, podia se utilizar do aludido procedimento. Também quem
cobrasse juros usurários ou recebesse legado de mais de 1.000 asses podia ser
constrangido a restituí-los pela ação citada.525
A legis actio per pignoris capionem foi criada pelo costume militar de se
permitir que o militar penhorasse bens de quem lhe devia o soldo.
Ensina GAYO que:
524
Op.cit., p.186.
525
Op.cit., p.30.
526
Cf. SCIALOJA. Op.cit., p.152.
527
Op.cit., p.188.
218
528
SOHM, Rodolfo. Op.cit., p.607.
529
Idem, ibidem. Anota o autor que o embargante ―[..]geralmente, exercita seu direito
destruindo os bens sequestrados – pignora caedere se chama isto-, porque a finalidade do embargo,
neste caso, mais que cobrar a dívida, é castigar a contumácia do devedor‖ (p.607).
530
Idem, ibidem.
531
Cf. FIUZA. Op.cit., p.32.
532
SCIALOJA. Op.cit., p.158.
219
533
Jurisdição e execução na tradição romano-canônica. São Paulo: R.T., 1996, p.72.
Acrescenta o autor: ―se pudéssemos estabelecer uma equivalência entre a litis contestatio romana e
a estrutura do processo civil moderno, poderíamos sugerir que este instituto correspondesse ao ato
por meio do qual se encerrava a fase postulatória, com a consequente inalterabilidade da instância,
resultando estabelecidos pelo pretor os limites da controvérsia, seja pela fixação do conteúdo da
ação, seja, eventualmente, pela admissão das exceções suscitadas pelo demandado‖ (p.72/73).
534
SCIALOJA, idem, p.159.
535
O direito na história. 4.ed. São Paula: Atlas, 2012, p.34-35. Complementa o autor:
―[...]que nem pretor e nem juiz são juristas. Os juristas (jurisperitos, jurisconsultos, jurisprudentes)
colaborarão de várias maneiras com o juiz e o pretor, mas não fazem parte do ‗aparelho judicial‘...é
no quadro do processo formular que elementos fundamentais da jurisprudência clássica romana se
formam. Os juristas, que mais tarde se incorporarão ao corpo de auxiliares diretos do imperador
(príncipe), começam como consultores particulares dos magistrados (pretores), juízes (árbitros) e
partes do processo formular. A flexibilização do direito civil, em geral, dá-se dentro do processo
formular, assim como a entrada da retórica grega e dos princípios de direito natural ou de direito dos
povos, em oposição ao direito civil romano tradicional‖ (p.35).
536
Op.cit., p.192.
220
537
Idem, ibidem. No mesmo sentido explica César Rascón acrescentando, porém, que: ―[...]
nem todas as fórmulas tinham as mesmas características. ...nos juízos divisórios, assim chamados
porque as partes litigantes pretendiam repartir uma coisa comum, a condemnatio se substituía por
uma adiudicatio na qual se pedia ao juiz que se atribuísse a cada um o que lhe corresponderia da
coisa, e que intentio e demonstratio apareciam separadas unicamente em algumas fórmulas: as in ius
conceptae cuja intentio era incerta. Nas demais a demonstratio estava fundida com a intentio, como
ocorria, por exemplo, na actio certae creditae pecuniae, que era utilizada para reclamar o devido por
um contato de mútuo ou empréstimo de dinheiro ou coisas fungíveis, cuja fórmula era mais
simples‖(Op.cit., p.191).
538
Instituciones de derecho privado romano: historia y sistema. 17.ed.. Trad. W. Roces.
Madrid: Editorial Revista de Decho Privado, 1936, p.627.
539
Op.cit., p.651.
221
540
Op.cit., p.216.
541
Cf. Fiuza. Op.cit., p.33.
542
Op.cit., p.165.
543
Op.cit., p.46. Acrescenta o autor que, na realidade, ―[...] as várias fases do processo civil
romano se misturavam em alguns momentos. Na verdade, nenhuma delas nasceu de repente, de
maneira sub-reptícia, como que por decreto. No fim do período das legis actiones, já se pode divisar o
processo formular. Já nos meados do período formular, pode-se detectar o processo extraordinário.
Essa uma das razões da denominação ‗procedimentos extraordinários‘, ou seja, procedimentos que
fogem à regra‖ (p.45-46).
544
Cf. Fiuza. Op.cit., p.46.
222
545
Processo constitucional, devido processo legal e as funções do estado democrático. In:
CASTRO, João Antônio Lima; FREITAS, Sérgio Henriques Zandona. Direito processual. Belo
Horizonte: PUC Minas/Instituto de Educação Continuada, 2011, p.22.
546
Idem, p.47.
547
Op.cit., p.40.
548
Cf. Lima Lopes. Op.cit., p.41.
223
549
Cf. FIUZA. Op.cit., p.47.
550
Lima Lopes.Op.cit., p.37.
551
Lima Lopes. Idem, ibidem.
552
Jurisdição e processo: crítica histórica e perspectivas para o terceiro milênio. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p.35.
224
convenção trazia como consequência o fato de que ―o dominium ex iure quiritum era
a ‗propriedade‘ romana plena sobre determinados bens e para a determinadas
pessoas, portanto. Era um status do qual gozavam apenas os pais de família..553
Gayo, por sua vez, anota que, nos interditos, o pretor mandava fazer
ou proibia que se fizesse algo e que o pretor ou procônsul se utilizava de tal
procedimento, quando havia litígio entre as partes atinente a posse ou quase posse.
. Leciona que se pode falar em interditos, quando o pretor ―proíbe que se faça
alguma coisa, como, por exemplo, quando ordena que não se faça violência a quem
possui sem vício, ou que não se faça coisa alguma em lugar sagrado.557
553
Idem, p.38.
554
Relato histórico-evolutivo das ações cautelares no mundo ocidental. In: FIUZA, César
(Coord.). Direito processual na história. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p.217.
555
MIRANDA FILHO, Juventino Gomes.O caráter interdital da tutela antecipada. Belo
Horizonte, Del Rey, 2003, p.139.
556
A posse e os interditos na experiência romana. Revista de Direito Civil, imobiliário,
agrário e empresarial. v. 7, n. 23, p. 26-42, jan. - mar. 2003. p. 28. Ensina, em complemento: ―o
escopo era a tranquilidade da coletividade, isto e, da urbe romana...Depreende-se, claramente...a
preponderância do interesse público sobre o particular, quando da concessão, pelo pretor, de um
interdito. Daí podermos dizer que o interesse a ser tutelado era predominantemente público – mesmo
porque...ao pretor incumbia, dentre outros encargos, a administração da res publica‖ (p.28).
557
Op.cit., p.218.
225
a confundir-se com as próprias ações ordinárias, sendo que, ―no período clássico,
durante o procedimento formulário, teve uma aplicação ampla, e, em certas matérias
determinadas chegou a ser aplicado quase exclusivamente, sobretudo em matéria
possessória‖.558
558
Cf. SCIALOJA. Op.cit., p.312. Vide, ainda, p.183.
559
Institutas do Imperador Justitiniano. Tradução de Edson Bini. Bauru: Edipro, 2001,
p.221.
560
Op.cit., p.312.
561
Como bem ensina Rodolfo Sohm: ―O procedimento in iure se desenvolve perante o
magistrado ou autoridade encarregada da jurisdição que administra e representa, dentro deste setor,
os poderes soberanos do Estado. Depois da criação da pretura exercem este cargo, em Roma, o
pretor, nas províncias – a partir de uma certa época – os governadores. In iure se alega e examina a
questão de direito aduzida. Se já nesta primeira fase – portanto, antes de se nomear o juiz arbitral – o
adversário reconhece a razão da demanda – confessio in iure – ou uma das partes se remite ao
juramento da outra, a respeito da existência ou inexistência do direito que se aduz – jusjurandum in
iure delatum – não se passa adiante[...]‖ (Op.cit., p.595).
226
562
Contributo allo studio del processo inbterdittale romano. Milano: Dott. A. Guiffrè
Editore, 1955, p.01. Acrescenta que a doutrina se divide quanto à origem do procedimento interdital.
Para uma corrente, o instituto já existia no tempo do processo por legis actiones, enquanto outra
aponta sua origem para o período do processo formulário (p.117).
563
Op.cit., p.314.
564
Gaio explica que ―[...]nos interditos simples, uma das partes é o autor e a outra o réu,
como, por exemplo, nos interditos restitutórios ou exibitórios, porque autor é quem deseja a exibição
ou restituição da coisa, e réu é aquele que deve exigir ou restituir[...]‖ (Op.cit., p.222).
227
565
Cf. Scialoja. Op.cit., p.331-332.
566
Op.cit., p.48.
567
TUCCI, José Rogério e. Op.cit., p.30.
568
Op.cit., p.30. Assinala, ainda: ―A cognição realizada pelo pretor (causae cognitio) era
sumária. Examinava-se tão somente os pressupostos de fato, e, em seguida, concedia (edere ou
editio interdicti), ou quando fosse caso, denegava (denegatio interdicti) o intedito postulado, tutelando-
se, assim, o estado atual da coisa – daí, e porque não afirmar, ter a ordem característica cautelar.
Concedido o interdito, duas hipóteses emergiam: ou a ordem era acatada, pondo fim a controvérsia;
ou a parte interessada podia provocar a instauração de um procedimento ordinário...a ordem se
caracterizava pela provisoriedade, podendo ser rela ratificada pelo iudex unus ou tribunal, e, até
mesmo, ser revogada; eliminado, destarte, seu caráter hipotético e condicional‖ (p.31).
569
Anotam os ilustres professores que: ― Obrigação (sentido lato) é o gênero do qual o dever
jurídico e a obrigação em sentido estrito são espécies. Numa relação jurídica, o direito se opõe ao
dever. Já a pretensão se opõe à obrigação em sentido estrito. Primeiro nasce o direito. Em momento
posterior, após a violação do direito, pode surgir a pretensão‖ (A garantia constitucional à tutela
interdital: a especificidade da tutela específica. Revista Novos Estudos Jurídicos, n.12-1, jan.2007.
228
573
O procedimento interdital como delineador dos novos do Direito Processual Civil
Brasileiro. Revista de Processo. São Paulo, v. 25, n. 97, p. 227-240, jan.-mar.2000. p. 234.
574
O direito na história: lições introdutórias. 4.ed. São Paulo: Atlas, p.41.
575
LOPES, José Reinaldo de Lima.Idem, p.42. Acrescenta o autor que os juristas não
advogavam no foro já que a advocacia declamatória e retórica era considerada inferior. ―Suas tarefas
variavam: podiam das conselhos aos particulares sobre negócios e contratos, assim como podiam
preparar a seu pedido as operações e documentos (instrumenta) ou suas minutas. Podiam também
das conselhos aos pretores sobre como enquadras os casos novos ou como criar novos remédios.
Tanto falavam em casos hipotéticos, quanto podiam estar junto do pretor na fase in iure do processo.
Da mesma forma com os juízes, aos quais auxiliavam eventualmente respondendo a perguntas nos
casos difíceis e duvidosos. Nestas circunstâncias agiam sempre como um perito: não eram
magistrados e nem juízes, não eram funcionários. Durante os séculos II e III d.C.,sua atividade
criativa superou a dos pretores...Mais tarde sua criatividade será também posta diretamente a serviço
do príncipe legislador, auxiliando a redação das constituições imperirais‖ (p.42).
576
Dominato refere-se ao período em que Diocleciano dividiu o império romano em dois:
império do ocidente e império do oriente (285 d.C. a 565 d.C.).
230
Com base neste direito Celso nos denomina sacerdortes: pois cultuamos a
justiça e professamos o conhecimento do bom e do justo, separado o justo
579
do iniquo, discernindo o lícito do ilícito[...] .Justiça é a vontade constante e
perpétua de dar a cada um o seu direito.[...].580Mas também um filósofo da
grande sabedoria estóica Crisipo, assim começa no livro que fez ‗sobre as
normas‘: ‗a lei é a rainha de todas as coisas divinas e humanas. É preciso,
pois, que seja superior tanto aos bons quanto aos maus e que seja conduta
e mestra dos animais que a natureza quis que convivessem civilmente, daí
então que seja a norma do justo e do injusto, que obriga serem feitas as
coisas que devem ser feitas, que proíba as que não devem ser
581
feitas.[...]. Mas o que foi recebido contra a razão do direito não há de ser
levado às suas consequências. Não podemos seguir a regra de direito
naquelas coisas que foram estabelecidas contra a razão do
direito.[...].582Conhecer as leis não é reter as palavras delas, mas a sua
força e majestade.583
577
Op.cit., p.44.
578
Digesto de Justiniano. Tradução de Hélcio Maciel França Madeira. 2.ed. São Paulo: RT;
Osasco: UNIFEO/2000, livro I, p. 15, 19, 43, 46 e 47.
579
D. 1.1.1.1 Cuius mérito quis nos sacerdotes appellet: iustitiam manque colimus et boni et
aequi notitiam profitemur, aequum ab illicito discernentes...
580
D.1.1.10pr. Ulpianus libro primo regularum. Justitia est constans et perpetua coluntas ius
suum cuique tribuendi.
581
D.1.3.2 Marcianus libro primo institutionum.[...]Sed et philosophus summae stoicae
sapicentiae Chrysippus sic incipit libro, quem fecit[...].
582
D.1.3.14. Paulus libro XIII d edictum. Quod vero contra rationem iuris receptum est, no est
producendum ad consequentias.
583
D.1.3.17. Celsus libro XXVI digestorum. Sciere leges non hoc est verba eraum tenere, sed
vim ac potestatem.
231
584
BARRETO, Tobias. Op.cit., p.133.
585
Cf. BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 8.ed. Trad. Maria Celeste
Cordeiro Leite dos Santos. Brasília: UNB, 1996, p.19.
586
Teoria da norma jurídica.Trad.Fernando Pavan Baptista/Ariani Bueno Sudatti. São Paulo:
Edipro, 2001, p.23-24. Acrescenta o autor que ―a maior parte destas regras já se tornaram tão
habituais que não nos apercebemos mais da sua presença. Porém, se observarmos um pouco, de
fora, o desenvolvimento da vida de um homem através da atividade educadora exercida pelos seus
pais, pelos seus professores e assim por diante, nos daremos conta que ele se desenvolve guiado
por regras de conduta[...]Toda a nossa vida é repleta de placas indicativas, sendo que umas mandam
e outras proíbem ter um certo comportamento. Muitas destas placas indicativas são constituídas por
regras de direito. Podemos dizer desde já, mesmo em termos ainda genéricos, que o direito constitui
uma parte notável, e talvez também a mais visível, da nossa experiência normativa[...]. A história se
apresenta então como um complexo de ordenamentos normativos que se sucedem, se sobrepõem,
se contrapõem, se integram‖.(p.24-25).
232
587
BOBBIO, Norberto. Op.cit.,p.29. Informa o autor que a teoria do direito como instituição foi
elaborada por Santi Romano para quem ―os elementos constitutivos do conceito de direito são três: ―a
sociedade, como base de fato sobre a qual o direito ganha existência; a ordem, como fim a que tende
o direito, e a organização, como meio para realizar a ordem.‖ (ibidem).
588
Op.cit., p.34.
589
Idem, p.42.Acrescenta Bobbio que ―o que caracteriza a relação jurídica não é o conteúdo,
mas a forma...Em outras palavras: dado um vínculo de interdependência entre relação jurídica e
norma jurídica, nós não diríamos que uma norma é jurídica porque regula uma relação jurídica, mas
sim que uma relação é jurídica porque é regulada por uma norma jurídica...Relação jurídica é aquela
que, qualquer
590
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 17.ed.. São Paulo: Saraiva, 1996, p.563-564.
233
Verifica-se, dessa forma, que uma norma jurídica não pode ser
analisada de per si, como se ―fosse uma proposição lógica em si mesma,
inteiramente válida e conclusa, pois o seu significado e a sua eficácia dependem de
sua funcionalidade e de sua correlação com as demais normas do sistema‖ 594
Por esta razão, adverte Noberto Bobbio que ―o Direito não é norma,
mas um conjunto coordenado de normas, sendo evidente que uma norma jurídica
não se encontra jamais só, mas um está ligada a outras normas com as quais forma
um sistema normativo‖.595
591
Idem, p.564. Complementa Miguel Reale que ―entre o início da vigência de uma norma
legal e a sua revogação, os preceitos jurídicos têm aplicação ou eficácia, ‗vivem‘, em sua, como
instrumentos de vida que são, através dos atos interpretativos, da crítica da doutrina , das decisões
dos juízes, dos administradores e dos tribunais[...]‖(p.564).
592
BOBBIO, Norberto.Teoria do ordenamento jurídico.8.ed., Trad. Maria Celeste Cordeiro
Leite dos Santos. Brasília: UNB, 1996, p.17.
593
Cf. REALE, Miguel. Op.cit., p.565.
594
Idem, ibidem. Complementa o ilustre filósofo que é imprescindível, no caso, ―ultrapassar a
expressão particular e fragmentária dos preceitos jurídicos, a fim de que o sentido que lhes é próprio,
rigorosa e devidamente captado, seja, depois, completado e até mesmo dinamizado em função e à
luz dos restantes preceitos em vigor‖ (p.565-566).
595
BOBBIO, Norberto.Teoria do ordenamento jurídico.8.ed., Trad. Maria Celeste Cordeiro
Leite dos Santos. Brasília: UNB, 1996, p.21.
596
REALE, Miguel. Op.cit., p.567.
597
BOBBIO, Norberto. Op.cit., p.27. Acrescenta que, na realidade, ―quando se fala de uma
sanção organizada como elemento constitutivo do Direito, nós nos referimos não às normas em
particular, mas ao ordenamento normativo tomado em seu conjunto, razão pela qual dizer que a
sanção organizada distingue o ordenamento jurídico de qualquer outro tipo de ordenamento não
implica que todas as normas daquele sistema sejam sancionadas, mas somente que o são em sua
234
maioria‖ (p.29).
598
Idem, p.28.
599
Op.cit, p.29. Anota Eduardo García Máynez que a possibilidade de que exista um direito
formalmente em vigência, mas desprovido de eficácia, somente é possível, quando estamos diante
de um preceito isolado. ―Esta separação entre positividade e validez formal não pode ser admitida
em relação com todo um sistema jurídico[...] Não é possível admitir – no que toca a todo um sistema
jurídico – o divórcio entre positividade e validez formal‖ (Introducción Al Estudio del Derecho.
51.ed. .Mexico: Editorial Porrua, 2000, p.39-40.
600
Explica o caráter da bilateralidade da norma jurídica pelo fato de que ―a norma jurídica
institui ao mesmo tempo um direito a um sujeito e um dever a um outro; e a relação intersubjetiva, ao
constituir o conteúdo típico da norma jurídica, consistiria precisamente na relação de
interdependência entre um direito e um dever‖ (Teoria da norma jurídica, p.147-148).
601
Idem, p.148.
235
602
Idem, ibidem.
603
Para o aludido filósofo ―o critério do fim é insuficiente porque o juízo sobre para que serve
o fim (idos é, conservação da sociedade) varia de tempos em tempos, de lugar para lugar.‖ (Idem,
ibidem).
604
Acrescenta que só quem detém o poder está em posição de decidir o que é essencial, e de
tornar efetivas as suas decisões[...]‖. (Idem, p.149)..
605
Idem, p.150.
236
606
A Justiça de Toga. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2010,
p.299. Complementa afirmando que: ―A tese de que o direito de uma comunidade consiste apenas
nas determinações explícitas dos órgãos legislativos parece natural e conveniente quando os códigos
legislativos explícitos podem pretender suprir toda a legislação de que uma comunidade necessita.
Contudo, quando a transformação tecnológica e as inovações comerciais superam o provimento do
direito positivo – como ocorreu intensamente nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial -,
os juízes e as outras autoridades judiciais devem voltar-se para princípios mais gerais de estratégia e
justiça, de modo a adaptar e fazer o direito evoluir em resposta às novas necessidades. Portanto,
parece artificial e despropositado negar que esses princípios também participam da definição do que
é o direito‖. (p.299-300).
607
Idem, p.151.
608
Idem, ibidem.
609
Idem, p.154.
237
610
Idem, p.157.
611
Idem. P.158. Esclarece que o ―defeito das sanções sociais não é, todavia, a falta de
eficácia, mas a falta de proporção entre violação e respostas... em segundo lugar, precisamente por
causa do imediatismo e da inorgacidade da reação, a resposta não é sempre igual para os mesmo
tipos de violação, mas depende dos humores do grupo, que são variáveis...Esses inconvenientes
dependem do fato de que este tipo de sanção não é institucionalizado, ou seja, não é regulado por
normas fixas, precisas, cuja execução esteja confiada estavelmente a alguns membros do
grupo[...]‖.(p.159).
612
Idem, p.160. adverte que o critério da sanção, embora, não sendo exclusivo, ―serve, talvez,
para para circunscrever melhor uma esfera de normas, que usualmente são chamadas de jurídicas,
do que outros critérios‖ (p.161).
238
destinatário da norma.613
Quanto às normas sem sanção, explica que sua existência não afasta
o critério em exame já que a sanção deve ser vista como elemento constitutivo do
ordenamento no seu conjunto e não apenas de uma norma singular614.
613
Idem, p.163. Frisa que ―o problema não é se a sanção é necessária sempre, mas se é
necessária nos casos em que deve ser aplicada, isto é, nos casos de violação. Um ordenamento
normativo em que não houvesse nunca necessidade de recorrer à sanção e fosse sempre seguido
espontaneamente, seria tão diferente dos ordenamentos históricos que costumamos chamar de
jurídicos que ninguém ousaria ver ali realizada a ideia de direito: sinal evidente de que a adesão
espontânea acompanha a formação e a perduração de um ordenamento jurídico, mas não o
caracteriza‖ (p.164).
614
Idem, p.170. Complementa afirmando que o ―Estado de direito avançou e continua a
avençar na medida em que se substituem os poderes arbitrários pelos juridicamente controlados, os
órgãos irresponsáveis pelos órgãos juridicamente responsáveis‖ (p.170)
615
Idem, p.175. ensina que por ―mais que um ordenamento tenda a reforçar a eficácia das
próprias normas organizando a coação, não está excluído que ele confie também na adesão
espontânea. Aqui acrescentemos que a eficácia direta, isto é, a que deriva da adesão espontânea,
não apenas não está excluída, mas é de fato indispensável. As normas, cuja aplicação é certamente
confiada à adesão espontânea, são justamente as normas superiores do sistema. Ora, um sistema
em que todas as normas superiores devessem ser garantidas pela sanção não só é juridicamente
impossíveis, mas é também impossível de fato, porque significaria que aquele ordenamento estaria
fundado somente na força‖ (p.176).
616
Teoria pura do Direito. Trad. João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1999,
239
A conduta que é e a conduta que dever ser não são idênticas. A conduta
que deve ser, porém, equivale à conduta que é em toda a medida, exceto
no que respeita à circunstância (modus) de que uma é e a outra deve ser.
Portanto a conduta estatuída numa norma como devida (como devendo ser)
tem de ser distinguida da correspondente conduta de fato. Porém, a
conduta estatuída na norma como devida (como devendo ser), e que
constitui o conteúdo da norma, pode ser comparada com a conduta de fato
e, portanto, pode ser julgada como correspondendo ou não correspondendo
à norma (isto é, ao conteúdo da norma). A conduta devida e que constitui o
conteúdo da norma não pode, no entanto, ser a conduta de fato
correspondente à norma.620
p.01.
617
Op.cit., p.05.
618
Op.cit, p.06. Acrescenta que: ― o termo ‗norma‘ se quer significar que algo deve ser ou
acontecer, especialmente que um home se deve conduzir de determinada maneira. E este o sentido
que possuem determinados atos humanos que se dirigem intencionalmente à conduta de outrem‖.
(p.05).
619
Op.cit., p.06.
620
Op.cit., p.07. A explicação parte das seguintes proposições: a porta será fechada e a porta
deve ser fechada, o ‗fechar a porta‘ é, no primeiro caso, enunciado como algo que é e, no segundo
caso, como algo que deve ser. (ibidem).
240
de uma conduta humana conforme a norma se verificar na ordem dos fatos‖. 621
Assinala que:
621
Op.cit., p.11.
622
Op.cit., p.11-12. Acrescenta que: ―A eficácia é, nesta medida, condição da vigência, visto
ao estabelecimento de uma norma ter de seguir a sua eficácia para que ela não perca a sua
vigência. É de notar-se, no entanto, que, por eficácia de uma norma jurídica que se liga a uma
determinada conduta, como condição, uma sanção como consequência, - e, assim, qualifica como
delito a conduta que condiciona a sanção -, deve entender-se não só o fato de esta norma ser
aplicada pelos órgãos jurídicos, especialmente pelos tribunais – isto é, o fato de a sanção, num caso
concreto, ser ordenada e aplicada -, mas também o fato de esta norma ser respeitada pelos
indivíduos subordinados à ordem jurídica – isto é, o fato de ser adotada a conduta pela qual se evita a
sanção.‖ (p.12).
623
Op.cit., p.217. Para explicitar a autoridade da norma fundamental, ensina que: ―Uma
norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é figurativamente designada
como norma superior, por confronto com uma norma que é,, em relação a ela, a norma inferior. Na
verdade, parece que se poderia fundamentar a validade de uma norma com o fato de ela ser posta
por qualquer autoridade, por um ser humano ou supra-humano : assim acontece quando se
fundamenta a validade dos Dez Mandamentos com o fato de Deus, Jeová, os ter dado no Monte
Sinai; ou quando se diz que devemos amar os nossos inimigos porque Jesus, o Filho de Deus, o
ordenou no Sermão da Montanha. Em ambos os casos, porém, o fundamento de validade, não
expresso mas pressuposto, não é o fato de Deus ou o Filho de Deus ter posto uma determinada
norma num certo tempo e lugar, mas uma norma: a norma segundo a qual devemos obedecer às
ordens ou mandamentos de Deus, ou aquela outra segundo a qual devemos obedecer aos
mandamentos de Seu Filho. Em todo caso, no silogismo cuja premissa maior é a proposição de dever
ser que enuncia a norma superior: devemos obedecer aos mandamentos de Deus (ou aos
241
Reagindo contra tal situação, observou Hans Kelsen que sendo o direito
uma realidade específica não seria de bom alvitre transportar para a égide
da ciência jurídica métodos válidos para outras ciências. Entendendo que o
jurista deveria investigar o direito, mediante processos próprios ao seu
625
estudo, verificou que isto só seria possível se houvesse pureza metódica.
mandamentos de Seu Filho), e cuja conclusão é a proposição de dever-ser que enuncia a norma
inferior: devemos obedecer aos Dez Mandamentos (ou ao mandamento que nos ordena que amemos
os inimigos)...A norma afirmada na premissa maior, segundo a qual devemos observar os
mandamentos de Deus (ou do Seu Filho), está contida no pressuposto de que as normas, cujo
fundamento de validade está em questão, provêm de uma autoridade, quer dizer, de alguém que tem
capacidade, ou seja, competência para estabelecer normas válidas. Esta norma confere à
personalidade legiferante ‗autoridade‘ para estatuir normas‖ (Teoria Geral do Direito e do Estado.
Trad.Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.216.).
624
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à Ciência do Direito, 22.ed.São Paulo:
Saraiva, 2011, p.133.
625
Idem, ibidem.
626
Leciona-se que a expressão [...]‘positivismo foi cunhada Por Auguste Comted...Tendo
como pano de fundo o avanço das ciências naturais, o positivismo pretendeu integrar todo o
conhecimento humano por meio da metódica empírica exata, liberta de toda e qualquer interpretação
metafísica. A ciência deveria partir apenas dos fenômenos reais.‖ (MÜLLER, Friedrich. O novo
paradigma do Direito: introdução à teoria e metódica estruturantes. 3.ed., rev., atual e ampl. São
Paulo: R.T., 2012, p.95).
627
Assinala Friedrich Muller que: [...]o positivismo jurídico, ao conceber o direito como um
sistema sem lacunas, a decisão como uma subsunção estritamente lógica e com a supressão de
todos os elementos do ordenamento social não espelhados no texto da norma, deixa-se levar por
uma ficção inaceitável na prática. Inclusive na afirmação de Kelsen, segundo a qual norma e
realidade normatizada coexistem sem guardar nenhuma relação entre si, manifestar-se o erro de uma
proposição que, indistintamente, aplica ao direito um conceito da ciência atualmente em desuso,
inclusive no terreno das ciências naturais, em lugar de analisar diretamente as características
próprias da normatividade jurídica, baseando-se para isso na aplicação concreta das normas
jurídicas. Tal análise demonstra que a norma jurídica, ao contrário do que estabelece a proposição
positivista, não deve ser entendida como uma ordem abstrata daquilo que deve ser, nem como um
juízo hipotético ou um ato de vontade carente de inteiro fundo material‖ (Op.cit., p.190).
242
Friedrich Muller com a sua Teoria Estruturante do Direito, que, a despeito das
naturais críticas direcionadas ao mestre do positivismo jurídico, o trata com
reverência. Ensina Muller que:
628
Op.cit., p.14
629
Op.cit., p.11.
630
Idem, p.135.
631
Idem, ibidem.
632
Anota que: ‗em todas as disciplinas do direito é preciso analisarem-se os detalhes do fato
para saber se – no sentido da ‗subsunção‘ – correspondem às características típicas do preceito‖
243
nenhuma teoria abstrata, manuseando o seu entorno social.633 Em contato com essa
realidade social, elaboram-se ―gradualmente esquemas conceituais teóricos‖. São
descartados, assim, os dualismos utópicos do passado, como norma e caso direito e
realidade.634 No que tange ao novo paradigma do direito, realça que:
[...]o seu conceito composto de norma inclui o trabalho das ciências sociais
no trabalho jurídico. Ele concebe a atividade dos juristas, dos juízes como
atividade social, é, portanto, refletido em termo de teoria da ação; e com
vistas ao seu enfoque linguístico ele abrange, por fim, decididamente a
635
dimensão pragmática.
(idem, p.18).
633
Realça que: ―Teoria e prática no direito não são ‗Senhora e escrava‘, mas irmãs. São
equivalentes – mas a prática é a irmã mais velha da teoria, a de mais experiência‖ (idem, p.15).
634
Registra que, de fato, ―direito e ‗ realidade‘ não aparecem mais como categorias opostas
abstratas; eles atuam agora como elementos da ação jurídica, sintetizáveis no trabalho jurídico
efetivo de caso para caso – na forma da norma jurídica produzida[...]A Teoria Estrutura do Direito
sempre se empenhou em testemunhar em todos os seus campos de trabalho a realidade na qual o
direito é usado e na qual ele (se) orienta; ela sempre se empenhou em testemunhar o que é o caso
no direito.‖(idem, p.13-14).
635
Idem, ibidem.
636
Idem, p.19.
637
Idem, p.103. Complementa, explicitando que: ―nós juristas partimos de textos de normas,
isto é, dos enunciados no código. Com eles, que são elementos muito importantes, embora nem de
longe os únicos, elaboramos o texto da norma jurídica, derivando dele conclusivamente o texto da
norma de decisão‖ (p.111).
638
Anota Müller que: ―A norma jurídica e a norma de decisão são produzidas apenas na
situação do caso jurídico determinado e por meio do trabalho com vistas à sua solução. Somente elas
devem ser denominadas ‗normativas‘, pois somente por meio dos seus textos se determina de forma
suficientemente concreta como o conflito do caso deve ser solucionado e como se deve proceder
para implementar a norma de decisão‖ (Op.cit., p.108).
244
639
Idem, ibidem. Justifica Müller que: ―O texto da norma apenas tenta converte-se em
normatividade por meio da antecipação tipificadora. Mas ele ainda não pode produzir esse efeito sem
ter sido provocado por esse caso individual determinado – quer dizer, ante casum.‖ (p.109).
640
Idem, p.111. Anota, ainda, que: ―Tais textos de normas ainda carecem da efetiva
provocação pela questão jurídica atual, pelo caso jurídico atual. Sem a efetividade dessa provocação
o texto da norma – assim como o fenômeno do virtual – ainda carece da ‗objetualidade concreta‘(e
nesse sentido determinável). O texto da norma ‗é como se ele estivesse aí (como norma), mas 9ele)
não está aí‘‖ (p.112).
641
Concretizar, na lição do ilustre mestre, ―[...]não significa aqui, portanto, à maneira do
positivismo antigo, interpretar, aplicar, subsumir silogisticamente e concluir. E também não, como no
positivismo sistematizado da última fase de Kelsen, ‗individualizar‘ uma norma jurídica genérica
codificada na direção do caso individual ‗mais restrito‘. Muito pelo contrário, ‗concretizar‘ significa:
produzir diante da provocação pelo caso de conflito social, que exige uma solução jurídica, a norma
jurídica defensável para esse caso no quadro de uma democracia e de um Estado de Direito. Para tal
fim existem dados de entrada...- o caso e os textos de norma nele ‗pertinentes‘ - e meios de trabalho,
sobre os quais ainda haveremos de falar‖ (p.125).
642
Idem, p.112. Adverte Müller que: ―a norma jurídica não existe, mas é criada pelo jurista
decidente. Ele a cria não com base no virtual, mas isso sim, partindo do virtual e com sua ajuda‖
(idem, ibidem).
643
Para melhor explicitar a questão do programa da norma e do âmbito da norma, preleciona
Müller que: ―O jurista, que precisa solucionar um caso do direito constitucional, parte, bem como em
outras áreas do direito, das circunstâncias de fato, i.e,, do tipo legal, que ele formula
profissionalmente. Com esses traços distintivos ele constrói a partir do conjunto de textos da
constituição hipóteses sobre o texto da norma, eu ele pode considerar ‗provavelmente pertinentes‘
segundo o seu conhecimento especializado. Dessas hipóteses ele chega aos fatos genéricos
empiricamente vinculados a elas (ao lado dos fatos individuais do caso). O conjunto desses fatos
genéricos, o âmbito material [Sachebereich], ele reduz, em regra, de trabalho ao âmbito do caso
[Fallbereich], por razões de economia. Com ajuda de todos os elementos de trabalho que são, num
primeiro momento, de natureza linguística, i.e., com ajuda dos dados linguísticos, ele elabora o
programa da norma. Na medida em que os dados reais do âmbito material ou do âmbito do caso
(ainda) são relevantes diante do programa da norma e compatíveis com ele, eles constituem o âmbito
245
linguísticos do seu texto e, ainda, nos termos do âmbito da norma, que é o setor
concreto da realidade, o ―conjunto dos fatos individuais e gerais do caso‖. 644 Noutras
palavras, programa da norma é ―o resultado da interpretação do texto da norma,
formado a partir dos dados primaciais de linguagem‖, enquanto âmbito da norma ―é
um conceito a ser determinado estruturalmente que se refere às partes integrantes
materiais da normatividade, que são coconstitutivas da norma‖.645
Isto não quer dizer que a palavra foi introduzida por Maquiavel. Minuciosas
e amplas investigações sobre o uso de 'Estado', na linguagem dos séculos
XV e XVI, mostram que a passagem do significado comum do termo status
de 'situação" a 'Estado' no sentido moderno da palavra, já se havia dado
mediante o isolamento do primeiro termo na expressão clássica status rei
pubblicae. O mesmo Maquiavel não poderia escrever tal frase precisamente
da norma [Normbereich]. O jurista interliga então o programa e o âmbito da norma na norma jurídica
formulada genericamente...Essa norma jurídica ele individualiza num último passo na direção da
norma decisão (a parte dispositiva da sentença...)‖ (p.125-126).
644
Idem, p.114.
645
Idem, p.207. Acrescenta que o ―âmbito material designa a totalidade das hipóteses sobre
as questão de fato inicialmente introduzidas de forma associativa para fins de narrativa do caso[...]‖
(idem, ibidem).
646
Idem, p.206. Assim: ―A norma jurídica não é, portanto, um dado prévio orientador da
concretização, mas só chega a ser produzida pelo assim chamado aplicador do direito‖ (p.208).
647
O príncipe. tradução de J.Cretella Jr e Agnes Creella, 2.ed., 2ª tiragem, São Paulo: RT,
1999, p.21.
246
Também não se pode falar de Estado, sem que este esteja revestido
de Poder, que é uma de suas características fundamentais. Este poder estatal, pela
sua própria natureza, é caracterizado pela imperatividade e coercibilidade
decorrente da própria ordem jurídica, que estrutura o Estado. Neste sentido, ensina
Paulo Bonavides que:
648
Estado, gobierno y sociedad: por una teoría general de la política.México: Fondo de
Cultura Económica, 1997, p.86.
649
Elementos de teoria geral do Estado. Saraiva, 16.ed., atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva,
1991, p.43. . Rousseau faz importante observação, ao dissertar sobre as sociedades primitivas,
ensinando que: 'A família é, pois, se se quiser, o primeiro modelo das sociedades políticas; o chefe é
a imagem do pai, o povo é a dos filhos, e, tendo nascido todos igualmente livres, não alienam a sua
liberdade senão em proveito da própria utilidade. Esta diferença consiste em que na família, o amor
do pai pelos filhos é recompensado com o cuidado que estes lhe dedicam, enquanto no Estado, o
prazer de mandar substitui este amor que o chefe não sente para com os seus súditos" (O contrato
social, trad. de Antônio de P.Machado. Rio de Janeiro:Ediouro, [s.d],p.27.
650
Idem, p.101. Hans Kelsen parte de um conceito puramente jurídico, entendendo que "a
situação revela-se mais simples quando o Estado é discutido a partir de um ponto de vista puramente
jurídico. O Estado, então, é tomado em consideração apenas como um fenômeno jurídico, como uma
pessoa jurídica, ou seja, como uma corporação[...]. A única questão que resta é a de que modo o
Estado difere de outras corporações. O Estado é a comunidade criada por uma ordem jurídica
nacional (em contraposição a uma internacional). O Estado como pessoa jurídica é uma
personificação dessa comunidade ou a ordem jurídica nacional que constitui essa
comunidade"(Teoria geral do direito e do Estado, trad. Luis Carlos Borges. São Paulo: Martins
Fontes, 2000, p.261/262).
651
Ciência política. 17.ed., São Paulo: Malheiros, p.117.
247
654
Do Espírito das leis.Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin Claret,2002, p.165/166.
655
Segundo tratado sobre o governo.Trad. E.Jacy Monteiro. São Paulo: IBRASA, 1963,
p.102.
249
nos artigos do 9º a 12, com a ressalva de que foi instituído um quarto poder,
denominado moderador, entregue à autoridade do Imperador. 656
656
Art. 9. A Divisão, e harmonia dos Poderes Políticos é o princípio conservador dos Direitos dos
Cidadãos, e o mais seguro meio de fazer effectivas as garantias, que a constituição offerece.Art. 10.
Os Poderes Políticos reconhecidos pela Constituição do Imperio do Brazil são quatro: o Poder
Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial.Art. 11. Os Representantes da
Nação Brazileira são o Imperador, e a Assembleia Geral.Art. 12. Todos estes Poderes no Imperio são
delegações da Nação.
250
657
BRASIL JÚNIOR, Samuel Meira. Os limites funcionais do poder judiciário na teoria
sistêmica e a judicialização das políticas públicas. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais,
Vitória. Faculdade de Direito de Vitória, n.07, p.97-131, jan/jun.2010, p.98.
658
Poder judiciário na Constituição de 1988: judicialização da política e politização da
justiça. Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, n.198, p,1-17, out./dez.1994, p.03.
659
Manual do poder judiciário brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2012, p.134. Acrescenta o
autor que: ―Mas tanto a ‗separação de poderes‘ como as garantias da Magistratura que lhe são
inerentes devem estar a serviço imediato e último dos direitos humanos fundamentais da sociedade.
A propósito, e a título ilustrativo, cumpre demonstrar a forte ligação entre vitaliciedade, como
apresentada diante, e a ‗separação de poderes‘, que vem de longa data assentada pelo
constitucionalismo...O poder reformador que pretenda atentar contra o sentido útil e último da
251
cláusula de divisão funcional se depara com uma vedação material explícita, que é incapaz de
transpor legitimamente‖ (p.134-135).
660
O processo criminal brasileiro. 4.ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1959, v.I,
p.11.
661
Curso de direito administrativo. 6.ed. são Paulo: Malheiros, 2003, p.207/208
662
FORSTHOFF, Ernst. Tratado de derecho administrativo. Trad.Legaz Lacambra et all.
Madrid: Instituto de Estudios Políticos, 1958, p.138.
663
La teoria general del derecho administrativo como sistema: objeto y fundamentos de
la construcción sistemática. Trad. de Mariano Bacigalupo et all. Madrid: Instituo Nacional de
Administración Pública/Marcial Pons, 2003, p.221.
252
664
Cf. AMARAL JÚNIOR, José Levi Mello do. Comentários aos artigos 92 e 93 da
Constituição da República. In: BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura
(Coord.). Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: GEN/FORENSE, 2009,
p.1.173/1.174. Acrescenta o ilustre autor que: ―A pluralidade de jurisdições desconhece um único
órgão de cúpula. As eventuais jurisdições especializadas havidas atuam de modo independente. Este
modelo é próprio da Europa, inclusive nos países que adotam um tribunal constitucional (que é
considerado uma jurisdição especializada ou, até mesmo, um novo Poder)‖ (p.1,174).
665
TRÍPOLI, César. História do direito brasileiro. São Paulo: R.T.1936, v.I, p.192.
Acrescenta o ilustre autor que: ―O rei recebia sua autoridade diretamente de Deus – omnis potestas a
Deo – e era o chefe supremo de todos os poderes administrativo, judiciário e militar. Mas, estes
poderes não eram absolutos, porque, em virtude do direito tradicional, cabiam às classes sociais ou
ordens certas imunidades e privilégios. De sorte que, nos primeiros séculos, o exercício da soberania
do monarca estava consideravelmente limitado, até que, nos princípios do século XVI, os monarcas
trataram de assentar a sua autoridade nas máximas despóticas do direito romano; começou, desde
então, o predomínio absoluto da monarquia‖ (p.191/192).
253
666
LOPES, José Reinaldo de Lima Lopes. Op.cit., p.219-220..
667
Cf. TRÍPOLI, César. Op.cit., p.195.
668
Cf. TRÍPOLI, César. Idem, ibidem. Anota o autor que: ―Os concelhos ou municípios eram o
governo local das cidades e vilas. A sua organização, que no início estava consignada nos respetivos
forais, encontra-se regulada no primeiro livro das Ordenações...Cada cidade ou vila tinha pois o seu
concelho, no qual se destacavam os homens-bons e os vizinhos, que eram as pessoas habilitadas a
tomar parte na administração pública[...]‖(p.193).
669
Op.cit., p.193.
670
Op.cit., p.195.
254
[...] por presumir o direito que, sendo estranhos, sem na terra terem
parentes nem amigos, compadres e companheiros, ou bem malquerenças e
ódio, com outros, podiam resistir às prepotências dos poderosos, castigar
os seus excessos, sem ficarem expostos à vingança dos mesmos
poderosos, e assim faziam melhor justiça do que os naturais das terras. 671
671
Cf. ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.98.
672
Cf. TRÍPOLI, César, Op.cit., p.196.
673
Cf. TRÍPOLI, César. Op.cit., p.197.
674
História do direito nacional. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional, 1979, v.1,
p.102.
255
675
O direito público colonial do Estado Brasil sob o signo pombalino. Rio de Janeiro:
Editora Nacional de Direito Ltda, 1960, p.26. Merece registro, contudo, a observação de Cláudio
Valentim Cristiani nosentido de que: ―Pelos portugueses colonizadores o Brasil nunca foi visto como
uma verdadeira nação, mas sim como uma empresa temporária, uma aventura, em que o
enriquecimento rápido, triunfo e o sucesso eram os objetivos principais. Estas eram as reais
intenções dos colonizadores, não obstante o discurso simulado e cínico da necessidade de levar a
palavra cristã aos pagãos. Em lugar de uma evangelização, houve uma completa heresia e
desrespeito aos ensinamentos do cristianismo originário‖. (O direito no Brasil colonial. In: WOLKMER,
Antônio Carlos (Org.). Fundamentos de história do direito. Belo Horizonte: Del Rey, 1996, p.212.
676
Op.Cit., p.202.
677
Idem, p.203.
678
O concelho, na expressão de Waldemar Ferreira, representava a ―reunião, a assembleia
dos oficiais incumbidos de gerir e realizar os serviços e obras do interesse local da comunidade‖.
(Op.cit., p.57).
679
FERREIRA, Waldemar. Op.cit., p.57.
256
Alçada, sem apelação nem agravo, em causas crimes, até morte natural,
para os peões, escravos e gentios, e, até dez anos de degredo e cem
cruzados de penas, para as pessoas de maior qualidade; e nas causas
cíveis, com apelação e agravo, só quando os valores excedessem a cem
mil réis. Conhecer das apelações e agravos de qualquer ponto da capitania.
Influir nas eleições dos juízes e mais oficiais dos concelhos das vilas,
apurando a lista dos homens bons que os deviam eleger[...]684
680
Os almotacés eram funcionários nomeados pelas Câmaras Municipais com a finalidade de
fiscalizar os mercados e as questões sanitárias das cidades e vilas.
681
Op.cit., p.140.
682
MARTINS JÚNIOR, Isidoro. Op.cit., p.103.
683
Op.cit., p.103.
684
ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.141.
257
685
Direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978, T.1, p.172-73. No mesmo sentido
pontua Isidoro Martins Júnior que: ―Na primeira fase da colonização o órgão supremo da suprema
função judiciária fora o poderoso senhor do feudo, de quem tudo emanava, Administrador, chefe
militar e juiz ao mesmo tempo, o donatário não repartia com outros o direito de aplicar a lei aos casos
ocorrentes, dirimindo os conflitos de interesses e direitos entre os habitantes da capitania‖ (Op.cit.,
p.125).
686
TRÍPOLI, César. Op.cit., p.212.
687
Op.cit., p.212.
688
ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit. p.141.
258
Competia-lhes conhecer, por ação nova, das causas crimes, sendo a sua
alçada até morte natural inclusive, nos escravos, gentios e peões, cristãos e
livres. Esta pena podia ser aplicada, se com ela concordasse o governador-
geral, e, em caso contrário, deveriam os autos ser remetidos com o preso
ao Corregedor da Corte, em Portugal. Às pessoas de mor qualidade
690
(fidalgos, etc) podia ser aplicada a pena até cinco anos de degredo.
A justiça popular fazia parte do governo das vilas onde o povo elegia ao
mesmo tempo os homens da vereança, vereadores, e os juízes. Estes eram
dito ordinários ou da terra. Procuravam frequentemente, tanto eles como os
seus eleitores, a proteção dos reis contra os senhores, os fidalgos, - pois as
duas jurisdições, a dos senhores (às vezes também eclesiásticos) e a do
povo entravam facilmente em desacordo. Para resolver tais conflitos e para
reprimir abusos e erros, o Rei que era o justiceiro-mor por definição do seu
cargo, foi multiplicando seus ouvidores, seus corregedores, seus juízes-de-
fora, que eram, todos, representantes seus, com funções a princípio
confusas. Variavam as designações, embora a finalidade fosse uma só – a
de, em nome do Rei, ouvir as queixas, corrigir os defeitos, julgar com a
isenção de ânimo decorrente do fato de não ter ligações no local.692
689
CRISTIANI, Cláudio Valentim. Op.cit., p.218.
690
TRÍPOLI, César. Op.cit., p.221.Pode-se afirmar com Isidoro Martins Júnior que: ―Os altos
interesses da justiça, isto é, as aplicações das regras de direito aos casos ocorrentes, ficavam a
cargo do ouvidor-geral – magistrado incumbido de julgar e punir, na maior parte dos casos sem
apelação nem agravo, mas, em alguns, com audiência do governador, em toda a extensão do
território colonizado‖ (Op.cit., p.114).
691
Op.cit.p.222.
692
Quadro histórico do direito brasileiro. Recife: Editora Universitária, 1974, p.85.
259
693
Op.cit., p.114.
694
LOPES, José Reinaldo de Lima. Op.cit., p.263.
695
CRISTIANI, Claúdio Valentim. O direito no brasil colonial. In: WOLKMER, Antônio Carlos
(Org.). Fundamentos de história do direito. 2.ed, rev e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.339.
696
Eram juízes eleitos pela comunidade..
697
Eram juízes nomeados por Carta Régia entre bacharéis letrados.
698
Eram os juízes de paz para as comunidades superiores a vinte famílias. Tinham um
mandato de um ano nomeados pela Câmara.
699
Eram os juízes eleitos pelos homens bons da comunidade que fosse constituída de pelo
menos 400 vizinhos e tinham a função de zelar pelos órfãos e seus bens.
700
Agentes de polícia responsáveis pela segurança de cada ―concelho‖.
701
CRISTIANI, Cláudio Valentim. Op.cit., p.340.
260
702
CRISTIANI, Cláudio Valentim, idem, ibidem.
703
CRISTIANI, Cláudio Valentim. Op.cit., p.341.
704
MARTINS JÚNIOR, Isidoro. Op.cit., p.129.
705
DELGADO, Luiz. Op.cit., p.91.
706
MARTINS JÚNIOR, Isidoro. Op.cit., p.130. Anota o autor que: ―Vê-se bem, que a medida
não trazia debalde o selo do marquês de Pombal. As Juntas de Justiça foram uma das muitas armas
261
1º Que desde a sua data em diante nenhuma pessoa livre no Brasil possa
jamais ser presa sem ordem por escrito do juiz ou magistrado criminal do
território, exceto somente o caso de flagrante delito, em que qualquer do
povo deve prender o delinquente.
de que lançou mão o genial estadista para apoucar o elemento clerical cerceando-lhe as regalias de
jurisdição temporal que a Igreja tanto prezava‖ (p.130).
707
Op.cit., p.86.
708
MARTINS JÚNIOR, Isidoro. Op.cit. 148.
709
Op.cit., p.145-146.
262
O artigo 162 deu ênfase ao juiz de paz, que era eleito pela
comunidade, por ocasião das eleições de vereadores das câmaras municipais e
embora não pudessem acumular as funções de juiz ordinário, juiz de fora ou de
órfãos, atuava em causas cíveis, administrativas e criminais. Dentre suas
atribuições, podem ser citadas:
710
Cf. ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.148.
711
Cf. ALMEDA JÚNIOR, João Mendes de. Idem, p.150.
712
Cf. ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.154.
263
Tem uma relação dos criminosos para fazer prendê-los, quando se acharem
no seu distrito; podendo, em seguimento deles, entrar nos distritos vizinhos.
E, tendo notícia de algum criminoso em outro distrito, avisar disso ao Juiz
de Paz e ao Juiz Criminal respectivo. Obrigar a assinar termo de bem viver
aos vadios, mendigos, bêbedos por vício, meretrizes escandalosas e
turbulentos. Fazer observas as posturas das Câmaras, impondo as penas
delas aos seus violadores...Quando o Juiz de Paz impuser qualquer pena ,
será o réu, estando preso, conduzido com o processo perante o Juiz
Criminal respectivo; e estando solto, será notificado para comparecer e
alegará a sua justiça, pena de revelia. O Juiz Criminal, convocando dois
juízes de Paz mais vizinhos confirmará ou revogará a sentença sem mais
recurso.713
713
Cf. ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.163.
714
Cf. ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Op.cit., p.158.
715
Subdivisões administrativas das comarcas. O Termo era composto de um Conselho de
Jurados, um Juiz Municipal, um Promotor Público (Promotor de Justiça), um escrivão das execuções,
além de oficiais de justiça.
716
O artigo 2º exigia, no entanto, que cada distrito tivesse no mínimo setenta e cinco casas
habitadas.
264
Art. 20. Haverá tantos Juizes dos Orphãos, quantos forem os Juizes
Municipaes, e nomeados pela mesma maneira. A jurisdicção contenciosa
destes Juizes fica limitada ás causas, que nascem dos inventarios,
partilhas, contas de Tutores, habilitações de herdeiros do ausente, e
dependencias dessas mesmas causas.
Art. 2º Aos Juizes de Paz, além das suas actuaes attribuições, compete:
§ 1º O julgamento das infracções de posturas municipaes com appellação
para os Juizes de Direito; ficando porém supprimida a competencia para
julgar as infracções dos termos de segurança e bem viver.
§ 2º A concessão da fiança provisoria.
A mesma lei permitiu que o juiz de paz pudesse julgar as causas cíveis
de até 100$ (cem réis), com recurso de apelação para os Juízes de Direito (art.22).
717
Constituições brasileiras. 3.ed. Brasília: Senado Federal, 2012, v.II, p.31.
718
Cf. BALEEIRO, Aliomar. Op.cit., p.31.
267
Como bem observou Walter Costa Porto: ―Lamentável é que uma das
maiores conquistas da Revolução de 30, a Justiça Eleitoral, tenha recebido o
repúdio da Constituição de 1937‖.719
719
Constituições brasileiras. 3.ed. Brasília: Senado Federal, 2012,v.IV, p.24.
268
Federal, composto por nove juízes (art.103), havendo, ainda, o permissivo para a
criação de outros Tribunais Federais de Recursos no país (art.105).
720
Direito e democracia. Apresentação da obra de ACHERMAN, Bruce. A nova separação
de poderes. Brasília: Lumen Juris, 2013, p.vii-viii.
721
Ativismo judicial: autoritarismo ou cumprimento dos deveres constitucionais? In: FELLET,
André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel Giotti de; NOVELINO, Marcelo (Orgs.). As novas faces do
ativismo judicial. Salvador: Editora Jus Podivm, 2011, p.404.
722
Fim de século e justiça. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002, p.44. Acrescenta o
autor que: ―Não vai aí nenhuma apologia da indiferença pelo bem comum ou pelo interesse coletivo,
porque o julgamento judiciário é uma concepção humanista, diferindo de outras modalidades de
arbitragem. No dia em que o juiz, preocupado com a multidão, com, a chamada opinião pública,
descurar do indivíduo (ou da questão peculiar) sob julgamento, não sobrará razão alguma para
confiar na Justiça, que será mais um dos órgãos burocráticos do Estado inclinado à massificação[...]‖
(p.44).
723
Op.cit., p.101.
270
724
Parte do seu discurso proferido na posse de Presidente do STF. Brasília: STF. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/discursoMinistroRL.pdf . Acesso em:
10/09/2014.
725
Op.cit., p.15.
726
ORTOLAN, M. Esplicacion histórica de las instituciones del Emperador Justiniano.
Trad. D. Francisco Perez de Anaya. Madrid: Establecimiento tipográfico de D. Ramon Rodrigues de
Rivera, 1847. T.I, p.16.
727
Op.cit., p.16.
271
Com base neste Direito Celso nos denomina sacerdotes: pois cultuamos a
justiça e professamos o conhecimento do bom e do justo, separando o justo
do iníquo, discernindo o lícito do ilícito, desejando que os homens bons se
façam não só pelo medo das penas mas também pela motivação dos
prêmios [...]728
728
Idem, ibidem.
729
Institutas do Imperador Justiniano, p.21.
730
Filosofia do Direito. Trad. Prof. L. Cabral de Moncada. 6. ed. Coimbra: Arménio Amado –
editor, sucessor, 1997, p.86.
731
Op.cit., p.87.
732
Op.cit., p.88.
733
Op.cit., p.89.
272
Quer isto dizer, em suma, que em ambos os casos a justiça carece de ser
completada com outros princípio fundamentais, se quisermos extrair dela os
verdadeiros preceitos dum direito justo. O seu princípio dá-nos a chave da
determinação conceitual do direito. E assim precisando melhor a
definição...diremos agora que o direito não é afinal senão a realidade que
734
tem o sentido de se achar ao serviço da ideia de justiça.
734
Op.cit., p.90-91.
735
Op.cit., p.93.
736
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p.272.
737
Idem, ibidem. Acrescenta, afirmando que: ―essa compreensão histórico-social da Justiça
leva-nos a identifica-la com o bem comum, dando, porém, a este termo sentido diverso do que lhe
conferem os que atentam mais para os elementos de ‗estrutura‘, de forma abstrata e estática, sem
reconhecerem que o bem comum só pode ser concebido, concretamente, como um processo
incessante de composição de valorações e de interesses, tendo como base ou fulcro o valor
condicionante da liberdade espiritual, a pessoa como fonte constitutiva da experiência ético-jurídica‖
(p.272).
738
Op.cit., p.276.
273
739
Idem, ibidem.
740
Filosofia do direito. 2.ed. Coimbra: Almedina, 1995, p.288.
741
Op.cit., p.289.Acrescenta que: ―o espírito humano mostra-se acentuadamente ambicioso.
E, por isso, não costuma conformar-se com a simplicidade de tal conclusão. Poderão divergir os
critérios pessoais sobre o que é justo. Contudo, isso não obsta a que cada homem, e todos os
homens, se rebelem contra a hipótese de serem necessariamente justas as de cisões resultantes da
aplicação das normas positivas legisladas, ainda quando se reconheça que essa aplicação se
mostrou perfeitamente ajustada às regras estabelecidas pela ciência do direito‖ (p.289).
742
Op.cit., p.290.
743
Idem, ibidem.
274
744
BITTAR, Eduardo C.B. A justiça em Aristóteles. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1999, p.79.
745
Op.cit., p.82.
746
Op.cit., p.88-89.
747
Op.cit., p.94. Anota, ainda, o ilustre filósofo que: ―O dinheiro nos serve também como uma
garantia de permutas no futuro; se não necessitamos de coisa alguma no presente, ele assegura a
realização da permuta quando ela fora necessária; com efeito, ele preenche os requisitos de algo que
podemos produzir para pagar por aquilo de que necessitamos, de maneira a podermos obter o que
nos falta. Mas acontece com o dinheiro o mesmo que acontece com os produtos, já que ele não tem
sempre o mesmo valor; de qualquer forma, porém, ele tende a ser mais estável. Por esta razão deve-
se estabelecer um preço para todos os produtos, pois desta forma haverá sempre permuta, e
275
[...] a matéria da justiça é a ação exterior, que por ela mesma ou pela
realidade que utiliza, tem uma proporção devida com outra pessoa. Por
isso, o meio-termo da justiça consiste em certa igualdade de proporção da
realidade exterior com a pessoa exterior. Ora a igualdade é realmente o
meio-termo entre o mais e o menos, como diz Aristóteles.. Logo, a justiça
752
comporta um meio-termo real.
A primeira, do lado do sujeito: a justiça, com efeito, tem sua sede na parte
mais nobre da alma, a saber no apetite racional, a vontade. Ao invés, as
outras virtudes morais têm por sede o apetite sensível, a que pertencem as
paixões, que constituem a matéria dessas virtudes. –A segunda razão vem
da parte do objeto. Pois, as outras virtudes morais, além da justiça, são
exaltadas somente pelo bem que realizam no homem virtuoso, ao passo
que a justiça é enaltecida pelo bem que o home virtuoso realiza em suas
relações com outrem, de tal sorte que ela é, de certa maneira, o bem de
outrem [...]754
752
Idem, p. 73.
753
Idem, p.75.
754
Op.cit., p.75-76.
755
La justicia. Trad. Por Francisco P. Laplaza. Buenos Aires: Editorial Depalma, 1952, p.16.
277
756
Idem,p.17
757
Idem, ibidem.
758
Idem, p.24.
759
Idem, p.25.
760
Idem, ibidem. Acrescenta que justiça, assim enfocada, ―vem a consistir, portanto, na
proporção entre as diversas partes que compõem um todo orgânico, cada uma das quais possuindo
uma virtude própria e particular – como a sabedoria, a fortaleza e a temperança – que permanece,
porém, subordinada àquele princípio formal que vincula entre si as distintas partes, o mesmo que as
suas respectivas virtudes‖(p.26).
761
Idem, p.65.
762
Idem, p.103.
278
alheio‖.763 Afirma, assim, que, dessa forma, se reduz ―o problema concreto da justiça
à delimitação e intersecção das exigibilidades recíprocas entre os sujeitos‖.764
[...] se deduz disto que um sujeito não pode ser comportar de certo modo
atinente a outros sem tornar-se legítima ou justa, ou seja, juridicamente
possível, nas mesmas circunstâncias que igualmente os outros possam se
comportar da mesma maneira em relação a ele.765
763
Idem, ibidem.
764
Idem, p.104-105.
765
Idem, p.106.
766
Idem, p.150.
767
Idem, p.147, nota de rodapé 12.
768
Op.cit., p.151.
279
[...] todo sujeito seja reconhecido e tratado por qualquer outro como
princípio absoluto de seus próprios atos, os quais, portanto, lhe devem ser
atribuídos em sua determinação suprassensível e logo também em todas as
consequências que se derivam na ordem dos fenômenos...A justiça deseja
que no tratamento recíproco, se tenha em conta esta identidade na natureza
metaempírica, e se exclua, por conseguinte, toda disparidade que não se
funde no efetivo ser e atuar de cada um, já que todo comportamento deve
769
equiparar-se, objetivamente, à mesma medida absoluta.
Do ponto de vista do direito positivo, uma tal norma não constitui uma valor
jurídico positivo por ser posta através de um ato que tem um valor de justiça
positivo, e constitui um valor jurídico positivo mesmo quando é posta
através de um ato que tem um valor de justiça negativo.772
769
Idem, p.154-155.
770
O problema da justiça. Tradução de João Baptista Machado: São Paulo: Martins Fontes,
1993.
771
Idem, p.04. Reafirma que: ―A conduta, que é um fato da ordem do ser existente no tempo e
no espaço, é confrontada com uma norma de justiça, que estatui um dever-ser. O resultado é um
juízo exprimido que a conduta é tal como – segundo a norma de justiça – deve ser, isto é, que a
conduta é valioso, tem um valor de justiça positivo, ou que a conduta não é como – segundo a norma
de justiça – deveria ser, porque é o contrário do que deveria ser, isto é , que a conduta é desvaliosa,
tem um valor de justiça negativo‖ (p.04-05).
772
Op.cit., p.08.
280
773
Idem, p.15.
774
Idem, p.16-17.
775
Idem, p.. 17. Anota que: ―As normas de justiça do tipo aqui designado como racional
podem na realidade ser também representadas como postas por uma instância transcendente; e
muitas delas, como, especialmente, a norma de justiça da retribuição, são descritas como vontade da
divindade. Todavia, isto não lhes é essencial e, pelo seu conteúdo, elas permanecem mesmo então
como racionais, quer dizer: podem ser compreendidas pela razão humana, ser racionalmente
concebidas‖(p.17).
776
Idem, p.18.
281
isto seria uma ilusão, ―[...] pois os homens de forma alguma coincidem no seu juízo
sobre aquilo que é subjetivamente bom, ou seja, afinal, naquilo que desejam.‖ 777
777
Idem, p.20.Adverte que: ―O que alguém considera ser um bom tratamento, a ponto de
desejar ser tratado dessa maneira, e de, consequentemente, segundo a regra de ouro, tratar outrem
da mesma forma, pode este outrem considerar subjetivamente como um mau tratamento, o que
significa que ele não quer ser tratado dessa maneira. Para um, podem a lisonja e a mentira ser
desejáveis, para o outro, porém, podem ser indesejáveis. Ora, neste caso, há um conflito entre os
dois‖(p.20).
778
Op.cit., p.30-31.
779
Idem, p.31.Acrescenta, que, no caso, ―a resposta é pressuposta.; e Aristóteles pressupõe
evidentemente como injusto aquilo que é injusto segundo a moral e o direito positivos. A autêntica
função da teoria do mesotes não é determinar a essência da justiça, mas reforçar a vigência do
ordenamento social existente, estabelecido pela moral e pelo direito positivos. Aqui nesta função
conservadora, reside a função política‖. (p.31).
282
Marx não dá nenhuma resposta a esta questão, sim, nem mesmo põe esta
questão pois parte do utópico pressuposto de que, enquanto na sociedade
comunista as necessidades de cada um forem satisfeitas e cada um tiver
apenas de produzir conforme as suas capacidades, esta ordem social não
corre perigo de ser violada, pois cada um produzirá voluntariamente aquilo a
que a ordem social o obriga; ou seja, parte do pressuposto de que esta
ordem social não precisa estatuir nenhum ato de coerção como sanção e,
portanto, constitui uma comunidade sem Estado e sem direito.781
780
Idem,p.32.
781
Op.cit., p.43.
782
Idem, p.62.
283
– apenas a alguns poucos eleitos e que tem de permanecer segredo deles porque
não podem comunica-lo aos demais.783
783
Idem, p.63.
784
Idem, p.64. Acrescenta que: ―Esta justiça situa-se para além de toda ordem possível numa
realidade social; e o amor, que é esta justiça, não pode ser a emoção humana a que nós chamamos
amor...O amor que Jesus ensina não é o amor ao homem, É o amor por meio do qual o homem deve
tornar-se tão perfeito como o seu Pai no céu, o qual manda o sol levantar-se sobre os maus e sobre
os bons e manda chover sobre justos e injustos‖ (p.64).
785
Idem, p.65.
786
Idem, p.65-66. Assevera, em complemento, que: ―Em vez da felicidade terrena, por amor
da qual a justiça é tal apaixonadamente exigida, mas que qualquer justiça terrena relativa não pode
garantir, surge a bem aventurança supraterrena que promete a justiça absoluta de Deus àqueles que
Nele creem e que, consequentemente, acreditam nela.‖ (p.66).
787
Idem, p.66.
788
Idem, p.68.
284
789
Idem, p.69.
790
Tratado de derecho administrativo. Buenos Aires: Editorial Ábaco de Rodolfo Depalma,
2002, T.1, p.103 e 105.
791
Idem, p.107. Acrescenta que: ―um dos sucessos mais importantes do Estado de Direito,
com o grande impulso das revoluções americana e francesa, foi colocar claramente o Estado como
sujeito credor ou de dívida na relação de justiça‖ (p.107).
792
Idem, p.109. Argumenta, ainda, que tanto na linha vertical como na horizontal, ―todas as
comunicações que se produzem no corpo da mostra pirâmide social se encontram assinaladas pela
virtude da justiça[...]‖.(p.109).
793
Idem, p.110.
285
794
Idem, p.111.
795
Ética e direito. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins
Fontes, 1996, p.08. Adverte, ainda, que: ―[...]quando uma voz neutra proclama a necessidade de uma
paz justa, todos os beligerantes ficam de acordo e afirmam que essa paz justa só será realizada
quando o adversário foi aniquilado. .Note-se que pode não haver nenhuma má-fé nessas afirmações
contraditórias. Cada um dos antagonistas pode estar sendo sincero e acreditar que sua causa é a
única justa. E ninguém se engana, pois cada qual fala de uma justiça diferente...Cada qual defenderá
uma concepção da justiça que lhe dá razão e deixa o adversário em má posição‖.(p.08).
796
Idem, p.14.
797
Idem, p.19. Acrescenta: ―Observe-se, imediatamente, que acabamos de definir uma noção
puramente formal que deixa intocadas todas as divergências a propósito da justiça concreta. Essa
definição não diz nem quando dois seres fazem parte de uma categoria essencial nem como é
preciso tratá-los. Sabemos que cumpre tratar esses seres não desta ou daquela forma, mas de forma
igual, de sorte que não possa dizer que se desfavoreceu um deles em relação ao outro. Sabemos
também que um tratamento igual só deve ser reservado aos seres que fazem parte de uma mesma
categoria essencial [...] ‖ (p.19).
798
Op.cit., p.34. Exemplifica o autor com a seguinte hipótese: ―Suceder-lhe-á, com muita
frequência, ficar em apuro: isso se dará todas as vezes que dois operários fizerem parte da mesma
categoria essencial do ponto de vista do trabalho, e de categorias diferentes do ponto de vista das
286
Consiste ela numa tendência a não tratar de forma por demais desigual os
seres que fazem parte de uma mesma categoria essencial. A equidade
tende a diminuir a desigualdade quando o estabelecimento de uma
igualdade perfeita, de uma justiça formal, é tornado impossível pelo fato de
se levar em conta, simultaneamente, duas ou várias características
799
essenciais que vêm entrar em choque em certos casos de aplicação.
[...] renuncia a sua autonomia e se perde nos ideais, nas ideologias ou nas
utopias. Se reduz a um artifício retórico para reivindicar esta ou aquela visão
política: a justiça proletária, a justiça étnica do nazismo, a justiça burguesa,
etc, cada uma apresentada como justiça autêntica, alternativa às demais
falsificações de justiça...por detrás do apelo aos valores mais elevados e
universais é provável que se oculte a mais despiedada luta pelo poder, o
mais material dos interesses. Quanto mais puros e sublimes são estes
valores, tanto mais terríveis são os excessos que tentam justificá-los.803
802
Idem, p.163. Acrescenta que: ―[...] o desejo de evitar consequências iníquas pode levar o
juiz a dar nova interpretação à lei, a modificar as condições de sua aplicação. Mesmo recusando ao
juiz o direito de legislar, é-se obrigado a deixar-lhe em nosso sistema, o poder de interpretação.
Graças ao uso que dele fizer, o juiz poderá, em certos casos, não se contentar com a interpretação
tradicional e com a aplicação correta da lei, em conformidade com a regra de justiça. Mas, para evitar
a arbitrariedade na matéria, ele terá de motivar especialmente as decisões que se afastam da
jurisprudência habitual‖ (p.166).
803
La idea de justicia y la experiência de la injusticia. In: ZAGREBELSKY, Gustavo; MARTINI,
Carlo Maria. La exigência de justicia. Tradução e apresentação de Miguel Carbonell.
Madrid:Editorial Trotta, 2006, p.18.
804
Op.cit., p.19.
288
Não basta, portanto, que todos falem de direitos humanos, para estar de
acordo sobre a justiça. Também as teorias que se referem aos direitos
humanos, como qualquer outra teoria da justiça, não retiraram a pluralidade
de pontos de vista e de crenças e não estão livres da acusação ou da
suspeita de mascarar meros interesses, às vezes, e de forma terrível,
puramente econômicos. Assim, o mundo ocidental, nem mesmo os direito
humanos valem pacificamente como fundamento objetivo e indiscutido da
806
justa convivência entre os homens.
805
Idem, ibidem.
806
Idem., p.20
807
Idem, ibidem.
808
Op.cit., p.21.
289
convicção de que a justiça é uma ideia bela e pronta, para brotar da cabeça dos
homens de forma tão veloz, de forma as protegê-los das perturbações conceituais, é
a quinta essência do mais ingênuo racionalismo‖. 809
809
Idem, p.22.
810
Justiça e democracia. Tradução de Irene A. Paternot. São Paulo: Martins Fontes, 2002,
p.202.
811
Op.cit., p.203.
812
Idem., p.23.
290
813
Idem., p.25.
814
Idem., p.27.
815
Idem, p. 29.
816
Idem, p.32.
291
817
Idem, p.34.
818
Idem, p.35.
819
Idem, p.36.
820
Idem, ibidem.
821
Op.cit., p.44.
292
como a paz e a liberdade democrática. Anota que: ―em alguns sistemas sociais
existe pleno emprego, mas modestos recursos para todos, sem liberdade; noutros
existe liberdade plena de mercado, mas também bolsões de miséria e de
desemprego‖.822Após elaborar seu libelo contra a enorme distância econômica e
financeira entre privilegiados e excluídos, com acentuado sofrimento para milhares
de homens, mulheres e crianças, proclama que tal situação demonstra o escândalo
de uma sociedade humana ―que, apesar de ser inteligente, penetrante, tecnicamente
quase perfeita, não encontra os meios para fazer triunfar o que seria razoável e útil,
ou seja, uma equitativa distribuição dos bens, com liberdade, progresso, trabalho
para todos.823
822
A justiça da cruz. In: ZAGREBELSKY, Gustavo: MARTINI, Carlo Maria. La exigência de
justicia. Tradução e apresentação de Miguel Carbonell. Madrid: Editorial Trotta, 2006, p.57.
823
Op.cit., p.58.
824
Op.cit., p. 61. Observa, ainda, que Deus ―não pretende constituir um sistema jurídico, mas
somente inspirar algumas atitudes de fundo, capazes de suscitar ações e gestos dirigidos a evitar
muitas injustiças, a criar um pouco mais de justiça, uma justiça possível - como disse o professor
Zagrebelsky - , naturalmente com essa rreserva escatológica proposto pela fé e na qual também Jó
encontrará a paz‖ (p.61).
293
ao jovem Learned Hand, que mais tarde também se tornou um dos grandes juízes
norte-americanos, protagonizou uma frase emblemática no momento em que foi
provocado por Hand. O Caronista, ao descer da carruagem que conduzia o
magistrado à Suprema Corte, saudou-o alegremente com a seguinte provocação:
―Faça justiça, juiz!‖. Holmes, então, imediatamente determinou que o condutor
parasse a carruagem e, debruçando-se sobre a janela, disse ao aludido jovem: ―Não
é esse o meu trabalho‖.825
Temos de ter a mesma pressa da sociedade. Não devemos andar nem tão
depressa a ponto de irmos na frente nem tão devagar de forma a ficar para
825
A justiça de toga. Tradução: Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2010,
p.03.
826
Dados extraídos do discurso de Ricardo Lewandowski na posse de Presidente do STF.
Brasília: STF. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/discursoMinistroRL.pdf . Acesso em:
10/09/2014
294
Davis, então, fez uma proposta aos demais onze jurados. Que a
votação fosse refeita entre eles e, se os onze, em votação secreta, depois de
ouvidas as suas ponderações, mantivessem, por unanimidade, a votação pela
condenação, ele acompanharia os demais.
827
ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Temos de ter pressa. Veja, São Paulo, edição 2.391, ano
47, n.38, p.15-19, 17 set.2014. Entrevista concedida a Mariana Barros.
295
sofrendo comportamento ofensivo à sua dignidade. Mas o filme deixa uma reflexão
muito mais impactante: se não fosse a sensibilidade de dois jurados, aquele jovem
seria condenado à sentença de morte.828 Assim, a realidade demonstra que não são
poucas as sentenças desprovidas de justiça.
828
12 homens e uma sentença. Direção de Sidney Lumet. Produção de Henry Fonda e
Reginaldo Rose. Manaus: Sony Dadc, 2013. DVD. 96 m.
829
A crise da justiça – a evidência de uma crise cultural? In: HOMEM, António Pedro Barbas:
GOUVEIA, Jorge Bacelar (Orgs.). O debate da justiça: estudos sobre a crise da justiça em
Portugal. Lisboa: Vislis Editores, 2001, p.184-185.
830
Op.cit., p.28.
297
831
Op.cit., p.29.
832
Agrega que, dentre as teorias jurídicas, há ―as teorias positivistas do direito, que insistem
em que aquilo que o direito de qualquer jurisdição exige ou permite é apenas uma questão social de
fato, e as teorias anjtipositivistas, para as quais aquilo que o direito exige depende às vezes não
apenas de fatos sociais, mas também de questões normativas que incluem as questões morais‖
(p.342).
833
Idem, p.265.
834
Idem, p.334.
835
Complementa o autor afirmando que o interpretacionismo ―[...] também pressupõe que os
juízes inovem em seus julgamentos de moralidade política nos casos difíceis, orientando-os a buscar
um equilíbrio interpretativo entre o conjunto de decisões legislativas e judiciais que representam a
estrutura jurídica e os princípios gerais que parecem constituir a melhor maneira de justificar essa
estrutura‖(p.355).
836
Idem, p.359
837
Idem, ibidem.
838
Op.cit., p.359-360.
298
839
O império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes,
1999, p.272.
840
Idem, p.273-274.
841
A justificação do direito e sua adequação social: uma abordagem a partir da teoria
de Aulis Arnio. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002, p.109 e 111.
842
O império do direito, p.288.
843
Idem, p.294.
299
844
Idem, p.291. Adverte, porém, que: ―O direito como integridade pressupõe ...que os juízes
se encontram em situação muito diversa daquela dos legisladores. Não se adapta à natureza de uma
comunidade de princípio o fato de que um juiz tenha autoridade para responsabilizar por danos as
pessoas que agem de modo que, como ele próprio admite, nenhum dever legal as proíbe de agir.
Assim, quando os juízes elaboram regras de responsabilidade não reconhecidas anteriormente, não
têm a liberdade que há pouco afirmei ser uma prerrogativa dos legisladores. Os juízes devem tomar
suas decisões sobre o ‗common law‘ com base em princípios, não em política: devem apresentam
argumentos que digam por que as partes teriam direitos e deveres legais ‗novos‘ que eles aplicaram
na época em que essas partes afirmaram, ou em algum outro momento pertinente do passado‖
(p.292/293).
845
Op.cit., p.299.
846
Idem, p.305.
300
847
Idem, p.306.
301
Art.10. Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa
e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de
seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
contra ele.
Art. 8º. Toda pessoa tem o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e
dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido, anteriormente, por lei, na apuração
de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que determinem
seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de
848
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm. Acesso
em, 18/01/2015.
302
849
Cf. COUTURE, Eduardo J. Fundamentos del Derecho Procesal Civil. 4.ed. Buenos
Aires: Euros Editores, 2010, p.47.
850
COUTURE, Eduardo J. Idem, p.48. Acrescenta o ilustre doutrinador que ―A ação não
procura somente a satisfação de um interesse particular (uti singuli) mas também a satisfação de um
interesse de caráter público (uti civis). É muito significativo...que se possa afirmar que o cidadão que
promove a ação desempenha uma função pública, enquanto procura a vigência efetiva do direito em
sua integridade. O caráter público da ação outorga naturalmente um acentuado caráter público ao
direito processual‖ (op.cit., p.57).
851
LENZA, Pedro. Assistência jurídica , integral e gratuita e o fortalecimento da Defensoria
Pública na reforma do judiciário. In: TAVARES, André Ramos; LENZA, Pedro; ALARCÓN, Pietro de
Jesus Lora (Coords.). Reforma do judiciário analisada e comentada: Emenda Constitucional
45/2004. São Paulo: Editora método, 2005, p.489.
852
Cf. MARTINS, Daniela Dias Graciotto. O acesso à justiça frente às crises do direito, da
Administração da Justiça e do Juiz. In: SIQUEIRA, Dirceu Pereira; OLIVEIRA, Flávio Luís de (Orgs.).
O acesso à Justiça. Birigui: Editora boreal, 2012, p.91.
303
Anota Gelson Amaro de Souza que não se pode confundir ação com
direito de ação, sendo que este preexiste àquela. Ensina que o direito de ação, por
ser preexistente à propositura da ação, é concebido num plano abstrato, enquanto a
ação é concreta. De fato, para que o cidadão tenha direito de ação, não é
imprescindível que tenha ele o direito material. ―Basta tão somente a existência
desse direito em abstrato, no ordenamento jurídico, que nada mais é do que o direito
objetivo‖.856
853
MARTINS, Daniela Dias Graciotto. Idem, p.92.
854
Cf. MARTINS, Daniela dias Graciotto. Idem, ibidem.
855
YARSHELL, Flávio Luiz. Tutela jurisdicional. 2.ed. São Paulo: Editora Perfil Ltda, 2006,
p.56.
856
Curso de Direito Processual Civil. 2.ed. Presidente Prudente: Data Juris, 1998, p.40.
304
complementa o autor lecionando: ―Quando se propõe uma ação, este direito já preexistia; do
contrário, o autor seria julgado carecedor da ação...A ação, no plano processual, em verdade, é a
manifestação de direito público subjetivo, que o Estado reconhece aos jurisdicionados de invocação
da jurisdição‖ (p.38/39).No mesmo sentido, anota Eduardo J. Couture, lecionando : ―A ação, como
poder jurídico de provocar a jurisdição, existe sempre: com direito (material) ou sem ele; com
pretensão ou sem ela, porque todo indivíduo tem esse poder jurídico, mesmo antes que nasça sua
pretensão concreta. O poder de acionar é um poder jurídico de todo indivíduo em quanto tal; existe,
mesmo quando não é ele exercido efetivamente‖ (Op.cit., p.56).
857
TAVARES, André Ramos. Manual do Poder Judiciário brasileiro. São Paulo: Saraiva,
2012, p.67.
858
Cf. BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica
processual. São Paulo: Malheiros, 2006, p.230.
859
Cf. CAPPELLETTI, Mauro: GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Trad. Ellen Gracie
Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2002, p.08.
860
Op.cit., p.13.
305
aceitarem acordos por valores muito inferiores àqueles a que teriam direito‖.861
861
Idem, p.20.
862
Idem, p.22-23.
863
Op.cit., p.24.
306
Itália e outros.864
864
Cf. CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Op.cit., p.33-35. Esclarecem os autores que ―A maior
realização das reformas, na assistência judiciária, na Áustria, Inglaterra, Holanda, França e Alemanha
Ocidental, foi o apoio ao denominado sistema judicare. Trata-se de um sistema através do qual a
assistência judiciária é estabelecida como um direito para todas as pessoas que se enquadrem nos
termos da lei; os advogados particulares, então, são pagos pelo Estado. A finalidade do sistema
judicare é proporcionar aos litigantes de baixa renda a mesma representação que teriam se
pudessem pagar um advogado‖. (p.35).
865
Cf. SOUZA, Silvana Cristina Bonifácio. Efetividade do processo à Justiça à luz da reforma
do poder judiciário. TAVARES, André Ramos; LENZA, Pedro; ALARCÓN, Pietro de Jesus Lora
(Coords.). Reforma do judiciário analisada e comentada: Emenda Constitucional 45/2004. São
Paulo: Editora método, 2005, p.51
307
exemplo vem senso seguido , com sucesso, pela França e Estados Unidos.866
866
Op.cit., p.83-87.
867
Tribunal de Justiça de São Paulo. Semana Nacional de Conciliação 2014. Disponível em :
http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/SemanaNacionalConciliacao_2014.pdf. acesso em:
18/01/2015.
308
868
Op.cit., p.94-97.
869
MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica processual e tutela dos direitos. 3. ed, rev. E atual.
São Paulo: R.T., 2010, p.139.
870
LEAL, Fábio Resende. Op.cit., p.58.
871
LEAL, Fábio Resende. Idem, p.58-59.
309
872
SOUZA, Gelson Amaro de; SOUZA FILHO, Gelson Amaro de. Processo e acesso à justiça.
In: SIQUEIRA, Dirceu Pereira; OLIVEIRA, Flávio Luís de. Acesso à Justiça. Birigui: Editora Boreal,
2012, p.231.
873
MARINONI, Luiz Guilherme. Op.cit. p.144.
874
MENDES, Gilmar Ferreira. Op.cit. p.120.
875
Observa Marinoni que "Essa prestação do juiz, assim como a lei, também pode significar,
em alguns casos, concretização do dever de proteção do Estado em face dos direitos fundamentais.
A diferença é que a lei é resposta abstrata do legislador, ao passo que a decisão é resposta do juiz
diante do caso concreto[...]a resposta do juiz não é apenas uma forma de dar proteção aos direitos
fundamentais, mas também uma maneira de se conferir tutela efetiva a toda e qualquer situação de
direito substancial, inclusive aos direitos fundamentais que não requerem proteção, mas somente
prestações fáticas do Estado (prestações em sentido estrito ou prestações sociais[...]o dever do juiz,
assim como o do legislador ao instituir a técnica processual adequada, está ligado ao direito
fundamental à efetividade da tutela jurisdicional, compreendido como um direito necessário para que
se dê proteção a todos os outros direitos". (Op.cit., p.144-145).
310
876
Cf. OLIVEIRA, Flávio Luis de. Concretização de políticas públicas na perspectiva da
desneutralização do poder judiciário.In: LUNARDI, Soraya (Coord.). Direitos fundamentais sociais.
Belo Horizonte: Editora Fórum, 2012, p.98. Acrescenta o autor que "[...] a democratização da
administração da justiça é uma dimensão fundamental da democratização da vida social, econômica
e política. Essa democratização, portanto, não se deve limitar à constituição interna do processo e do
procedimento,pois, apesar de amplas, têm limites óbvios. Com efeito, o Poder Judiciário deve estar
apto a eliminar os obstáculos econômicos, sociais e culturais inerentes às diferentes classes ou
estratos sociais, de modo a ensejar a concretização dos direitos sociais". (idem, p.98-99).
877
DINALLI A.; ABEID, M. Beatriz N. Bergamo. Do acesso à justiça: o direito de cidadania e a
eficiência do Judiciário. In: SILVEIRA, Vladimir Oliveira da; MEZZAROBA, Orides (Coords.). Justiça e
o paradigma da eficiência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.15.
878
Cf. ARRUDA, Samuel Miranda. Op.cit., p.73. Anota, ainda, que: ―A prestação jurisdicional
só será efetiva se forem respondidas todas as questões encaminhadas ao crivo do Judiciário, o que
se consubstancia no princípio do non liquet‖. (p.73).
879
MARINONI, Luiz Guilherme. Abuso de defesa e parte incontroversa da demanda. 2.ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.28.
311
Não se pode olvidar, ainda, do direito inglês, que, a partir do século XII,
passou a reconhecer a importância do aludido princípio, embora de forma
embrionária, conforme se verifica no Assize of Clarendon.881.
40.O direito de qualquer pessoa a obter justiça não será por nos vendido,
recusado ou postergado. 883
886
Cf. COMPARATO, Fábio Konder. Op.cit., p.131.
887
Cláusula de julgamento rápido (tradução livre).
888
ARRUDA, Samuel Miranda. Op.cit., p.37.
889
ARRUDA, Samuel Miranda. Idem, p.38.
890
Cf. JOBIM, Marco Félix. Op.cit., p.74.
313
Constituição de 1838.891
Art. 6º.1 Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada,
equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente
e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a
determinação dos seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre o
fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela [...].
Art.8º1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias
e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente,
891
Cf. ARRUDA, Samuel Miranda. Op.cit., p.40-42.
892
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm. Acesso
em: 21/01/2015.
314
Art. 7º.1 Toda pessoa tem o direito a que sua causa seja apreciada. Esse
direito compreende:
d) o direito de ser julgado em um prazo razoável por um tribunal
893
imparcial.
893
Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/banjul.htm. Acesso em:
21/01/2015.
894
Vide, neste sentido, importante lição de Marco Félix Jobim (Op.cit., p.177-198).
895
CALHAO, Antônio Ernani Pedroso. Justiça célere e eficiente. São Paulo: Editora LTR,
2010, p.128. Em complemento, leciona o autor que: ―Vista sob a perspectiva do cidadão-utente, a
justiça contempla uma dimensão individualizável de proteção e resultado, considerada primária em
qualquer sociedade. Nessa premissa situa-se a razoabilidade temporal como um direito originário não
secundário ou procedimental, integrante do núcleo básico de garantias e da posição jurídica subjetiva
315
relações jurídicas entre si, mas principalmente protege-los ante os atos de soberania estatal‖ (p.58).
899
Cf. ARRUDA, Samuel Miranda. Idem,p.61-63. Anota, em complemento: ― [...] no papel de
detentor do monopólio da Jurisdição e em atenção ao princípio do Estado de direito, compete ao
Estado organizar um sistema judicial amplamente acessível à população e apto à prestação de tutela
judicial efetiva. Por efetividade da tutela, compreenda-se, também, uma prestação jurisdicional em
tempo útil, uma proteção judicial temporalmente eficaz. O poder público deve garantir um serviço
judiciário eficiente, pronto a materializar o direito à tutela judicial‖ (p.95).
900
Observa Marinoni que: ―Quem recorre ao Poder Judiciário pode ser prejudicado de várias
formas pela demora do processo. Uma delas, e talvez a mais comum, verifica-se quando o autor
obtém a sentença condenatória mas não pode ter o seu direito à soma em dinheiro realizado em
virtude da dissipação dos bens do devedor...Mas, ainda que o autor possa ter, na execução, o bem
que persegue, a simples demora na sua obtenção é, por si só, fonte de dano‖ (Abuso de defesa e
parte incontroversa da demanda. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p.25
901
ARRUDA, Samuel Miranda. Idem, p.74-75. Acrescenta que: ― [...] o tempo dificulta a
posterior pacificação do litígio trazido ao Judiciário, assim como contribui para disseminar um
sentimento de injustiça e certeza...Quando se analisa a violação de um direito fundamental o
gravame é ainda maior. O abuso prolonga-se no tempo e a função e também dever – de proteção
judicial dos direitos fundamentais resta negligenciada‖ (p.74-75.
902
Cf. ARRUDA, Samuel Miranda. Idem, p.83.
317
903
ARRUDA, Samuel Miranda. Idem, p.89.Leciona o autor que: ―o conceito de devido
processo legal, embora aberto e não estritamente delimitável, engloba um direito ao processo em
tempo razoável. Em outras palavras – para fugir a uma imprecisão conceitual cada mais característica
do tema -, é necessária uma avaliação da razoabilidade temporal do processo para determinar seu
enquadramento na categoria de devido processo ou justo‖ (p.94).
904
Cf. ARRUDA, Samuel Miranda. Idem,p.90.
905
JOBIM, Marco Félix. Op.cit., p.107. Anota: ―Por essas razões, o princípio que realmente
rege o processo civil atual é o do processo justo‖. (p.107).
906
MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Princípio constitucional da duração razoável do
318
processo. In: LEITE, George Salomão: LEITE, Glauco Salomão (Coords.). Constituição e
efetividade constitucional. Salvador: Editora Podivm, 2008, p.27. Complementa o autor, afirmando
que: ―Não pode existir uma constituição justa e democrática com procedimentos incompatíveis com
os seus valores‖ (p.27)
907
Cf. MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Idem, p.35. Complementa, acrescentando: ―A função
dos princípios, nesse campo, está em ordenar o sistema, permitindo que haja comunicação entre os
vários elementos e possibilitando que haja comunicação entre os vários elementos e possibilitando
que o conteúdo e alcance das normas se dê de forma coerente‖ (p.36).
908
Cf. MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Idem, Ibidem.
909
MARINONI, Luiz Guilherme. Abuso de defesa e parte incontroversa da demanda. 2.ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.33.
319
910
Cf. MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Op.cit., p.36.Complementa o autor: ―Nesse contexto,
o princípio da ampla defesa deve ser ponderado com o da duração razoável do processo, buscando
harmonização que conduza à prerrogativa de participação e influência na formação do juízo de valor
do julgador sem fetichismo ou meras formalidades. A visão moderna do contraditório, em cotejo com
a efetividade, leva à superação de uma visão clássica caracterizada por uma compreensão formalista
do contraditório, sem preocupação com a duração do processo (p.37).
911
Cf. MENDONÇA JÚNIOR, Delosmar. Idem, p.38. Acrescenta: ―Se os parâmetros para o
processo sem dilações indevidas mostram que a atuação dos órgãos legislativos e julgadores são
importantes, a omissão do Estado, tanto na criação dos meios quanto na não utilização desses levam
à reparação dos danos causados pela excessiva (não razoável) duração do processo‖. (p.38).
320
912
Cf. JOBIM, Marco Félix. Op.cit. p.134.
913
Cf. JOBIM, Marco Félix. Op.cit., p.134-135.
321
[...]‖.916
A crise por que passa o Judiciário917, cujo mal não atinge somente o
Estado brasileiro, necessita, além do aprimoramento legislativo, de investimentos
maciços em estrutura e na própria formação técnica dos magistrados.
916
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Reforma do judiciário. In: TAVARES, André Ramos:
LENZA, Pedro; ALARCÓN, Pietro de Jesús Lora. Reforma do judiciário analisada e comentada:
Emenda Constitucional 45/2004. São Paulo: Editora Método, 2005, p.195.
917
Observa Araken de Assis : ―Apesar de vulgar, a fórmula ‗crise da Justiça‘ soa excessiva e
imprópria. Induz à crença de que a Justiça, em si, se perdeu em algum escaninho burocrático. Na
verdade, busca-se, nela, expressar que a prestação jurisdicional prometida pelo Estado, no Brasil e
alhures, tarda mais do que o devido, frustrando as expectativas dos interessados. A obra da Justiça
continua realizando-se como sempre, acompanhada, também como sempre, dos demais defeitos
inerentes à frágil condição humana‖ (Duração razoável do processo e reformas da lei processual civil.
In: MOLINARO, Carlos Alberto; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro; PORTO, Sérgio Gilberto
(Coords). Constituição, jurisdição e processo: estudos em homenagem aos 55 anos da Revista
Jurídica. Porto Alegre: Notadez, 2007, p.43).
918
ASSIS, Araken de. Op.cit., p.42.
323
919
Eficiência jurisdicional: a razoável duração dos procedimentos frente às garantias
fundamentais. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2012, p.33.
920
Texto sancionado em 16 de março de 2015.
921
DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 15.ed. São Paulo:
Malheiros, 2013, p.347.
324
Art. 4º. As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral
do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de
conclusão para proferir sentença ou acórdão.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe: II – velar pela duração razoável do processo; III – prevenir
ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir
postulações meramente protelatórias.
922
Não se pode olvidar a pertinente advertência de que ―O principal malefício de pretender a
erradicação do problema da demora por intermédio das reformas processuais consiste em eleger
uma solução simplista.As mazelas reais ou hipotéticas do processo jamais acabarão dando-se
invariavelmente razão ao autor‖. (ASSIS, Araken de. Op.cit., p.44|).
325
Federal como um dos direitos fundamentais de todo cidadão, seja ele nacional ou
estrangeiro.
923
Cf. CASTRO JÚNIOR, Roberto Apolinário de. Eficiência jurisdicional: a razoável duração
dos procedimentos frente às garantias fundamentais. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2012, p.06-10.
924
CASTRO JÚNIOR, Roberto Apolinário de. Idem, p.10.
925
DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 15.ed . São Paulo:
Malheiros, 2013, p.320.
326
926
Vide a respeito, MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica processual e tutela dos direitos.
3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p.62-63.
927
Idem, p.70.
327
Registre-se que a pessoa idosa não pode ser vista como uma pessoa
incapaz, de forma que somente o caso concreto é que indicará a necessidade ou
não da intervenção do Ministério Público.
930
A proteção processual dos direitos dos idosos: Ministério Público, tutela de direitos
individuais e coletivos e acesso à Justiça. 2.ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, p.101-
102.
330
Observa Hugro Nigro Mazzilli que ―[...] nem por ser fiscal da lei deixa o
931
T4. AgRg no ARESP 557517/SP, Relator Min.Luis Felipe Salomão, j.02.09.2014, DJe
05/09/2014. Vide, ainda: AgRg nos EDcl nos EREsp 1267621/DF , Rel. Min. Gilson Dipp,
j.20/08/2014, DJe 28/08/2014.
932
GODINHO, Robson Renaut. Op.cit., p.103/104.
933
ASSIS, Jacy de. Ministério Público no Processo Civil. In: Digesto do Processo, vol.3:
fraude à execução/nulidades. Rio de Janeiro: Editora Forense/ Revista Brasileira de Direito
Processual; Uberlândia, 1985, p.488. Neste sentido, também lecionam Antônio Carlos de Araújo
Cintra, Ada Pelegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, afirmando que ―O Ministério Público
oficia em prol da estrita observância do direito objetivo, como custos legis e, portanto, desvinculado
de qualquer interesse substancial em causa, quando intervém em processos instaurados‖ (Teoria
geral do processo. 25.ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p.320.
934
Cf. MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 22.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009, p.105.
935
Cf. ASSIS, Jacy de. Op.cit., p.486.
331
936
Op.Cit., p.83-84.Acrescenta o autor que ―Quando intervenha por imposição legal, em sua
atuação haverá de empregar zelo em nada inferior ao que despende nas ações que propõe. E, às
vezes até mesmo mais empenho, pois, recebendo a ação sem ter-se aparelhado para a propositura,
dele se exigirá desdobramento maior, para pôr-se a par das questões de fato subjacentes que nem
sempre são trazidas aos autos pelas partes. Em tese, é igual a importância da atuação do Ministério
Público agente e interveniente‖ (p.86).
332
937
Cf. MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos. 6.ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004, p.22.
938
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Idem, p.29.
939
Cf. MANCUSO, Rodolfo de Camargo, Idem, p.34.
940
Cf. MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Idem, p.51.
334
941
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Idem, p.57 e 82.
942
Cf. MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Idem, p.85. Acrescenta o autor que: ―Desse modo,
os interesses difusos ‗excedem‘ ao interesse público ou geral, configurando-se no quinto e último
grau daquela ordem escalonada, notabilizando-se por um alto índice de desagregação ou de
‗atomização‘, que lhes permite referirem-se a um contingente indefinido de indivíduos e a cada qual
deles, ao mesmo tempo‖.(p.87).
943
Cf. ZAVASCKI, Teori Albino. Processo coletivo tutela de direitos coletivos e tutela
coletiva de direitos. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p.32. Anota o autor que: ―[...] a
partir do advento do código de Proteção e Defesa do Consumidor, que introduziu mecanismo especial
para a defesa coletiva dos chamados direitos individuais homogêneos, passou-se, não raro, a
335
considerar tal categoria de direitos, para todos os efeitos, como espécie dos direitos coletivos e
difusos, lançando-os dos eles em vala comum, como se lhes fossem comuns e idênticos os
instrumentos processuais e as fontes normativas de legitimação para a sua defesa em juízo‖ (p.33)
944
ZAVASCKI, Teori Albino. Idem, p.34.
945
Cf. ZAVASCKI, Teori Alvino. Idem, p.34-35. Acrescenta o autor que: ―Quando se fala, pois,
em ‗defesa coletiva‘, ou em ‗tutela coletiva‘ de direitos homogêneos, o que se está qualificando como
coletivo não é o direito material tutelado, mas sim o modo de tutelá-lo, o instrumento de sua defesa‖
(p.35).
946
ZAVASCKI, Teori Alvino. Idem, p.212.
336
Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual,
na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público: [...]
IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei: a) para
a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente,
ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis e homogêneos [...]
948
Vide conceito de inquérito civil em MILARÉ, Edis. A ação civil pública na nova ordem
constitucional. São Paulo: Saraiva, 1990, p.18. e VASCONCELOS, Clever Rodolfo. Ministério
Pública na Constituição Federal: doutrina esquematizada e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
2009, p.106.
338
Mas a ação civil pública pode, também, ser utilizada na defesa dos
direitos fundamentais dos idosos, no âmbito da horizontalidade. Não são poucos os
casos em que financeiras estabelecem encargos ilegais nos denominados
empréstimos consignados, embutindo-as nas prestações para que o idoso não
perceba a maledicência do banqueiro. Também as operadoras de saúde sacrificam
os interesses dos idosos, estabelecendo encargos ou suprimindo direitos não
autorizados em lei, ensejando a atuação oportuna do Ministério Público, para sanar
tais vilipêndios, tanto em sede de inquérito civil, mediante a celebração de termo de
ajustamento de conduta, quanto, via ação civil pública.
949
GODINHO, Robson Renaut. Op.cit., p.128-129.
340
950
Cf. GODINHO, Robson Renaut. Idem, p.139.
341
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada
de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade: I - defender
a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os
direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas;
ligados à previdência social, cujo ente terá legitimidade, para defender os interesses
dos seus associados por meio das técnicas processuais apontadas pelo legislador
ordinário.
951
RODRIGUES, Oswaldo Pelegrina. Direitos dos idosos. In: NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
Manual de direitos difusos. São Paulo: Verbatim, 2009, p.467.
345
Registre-se que parte pode ser definida como aquela ― [...] que pede ou
perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional‖.952 Terceiro
interessado, por sua vez, é aquele que, embora não esteja
demandando ou demandado no processo, ―[...] por interesse jurídico próprio na
solução do conflito (ou, ao menos, afirmar possuí-lo), é autorizado a dele participar,
sem assumir a condição de parte‖.953
952
THEDORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do
direito processual civil e processo de conhecimento. 50.ed. Rio de Janeiro: Forense, v.I, 2009,
p.77. MARINONI e ARENHART preferem conceituar parte no processo como ―aquele que demandar
em seu nome (ou em nome de quem for demandada) a atuação de uma ação de direito material e
aquele outro em face de quem essa ação deva ser atuada‖.(Processo de conhecimento, 7.ed,
rev.e atual., 3ª tiragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.165.
953
MARINONI, Luiz Guilherme: ARENHART, Sérgio Cruz. Op.cit., p.165.
346
954
SCHMIDT JÚNIOR, Roberto Eurico. Tutela antecipada de ofício. Curitiba: Editora Juruá,
2012, p.27.
347
955
FACCHINI NETO, Eugênio. O judiciário no mundo contemporâneo. In: MOLINARO, Carlos
Alberto; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro; PORTO, Sérgio Gilberto (Coords). Constituição,
jurisdição e processo: estudos em homenagem aos 55 anos da Revista Jurídica. Porto Alegre:
Notadez, 2007, p.321.
956
BARROSO, Luís Roberto. Constituição, democracia e supremacia judicial: direito e política
no Brasil contemporâneo. In: MOLINARO, Carlos Alberto; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro;
PORTO, Sérgio Gilberto (Coords). Constituição, jurisdição e processo: estudos em homenagem
aos 55 anos da Revista Jurídica. Porto Alegre: Notadez, 2007, p.229.
348
957
BARROSO, Luís Roberto. Idem, p.230.
958
Preleciona o Ministro Barroso que ―a ideia de ativismo judicial está associada a uma
participação mais ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais,
com maior interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes. E muitas situações, sequer
há confronto, mas mera ocupação de espaços vazios‖ (Op.cit., p.233).
349
960
Cf. BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas
sumárias e de urgência (tentativa de sistematização), 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.17.
961
Abuso de defesa e parte incontroversa da demanda. 2.ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011, p.15.
962
BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Idem, p.18.
963
Cf. BADAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica
processual. São Paulo: Malheiros, 2006, p.75.
964
Abuso de defesa e parte incontroversa da demanda, p.18.Complementa o autor : ―Se o
tempo é a dimensão fundamental da vida humana e o bem perseguido no processo interfere na
felicidade de quem o reinvindica, a demora do processo gera, no mínimo, infelicidade pessoal e
angústia, reduzindo as expectativas de uma vida mais feliz ou menos infeliz‖ (p.19).
351
reclamada.965
965
Cf. BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. 3.ed. São
Paulo: Malheiros, 2003, p..19.
966
Tutela inibitória: individual e coletiva. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012,
p.25.
967
Comentários ao Código de Processo Civil. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, vol.III,
T.I, p.13.
968
BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Direito e processo: influência do direito material
sobre o processo. 4.ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p.20. Complementa o autor, lecionando que:
―O mínimo que se espera, portanto, é que seja ela dotada de utilidade, isto é, aptidão para tornar
efetivo o direito material‖ (p.20).
969
Cf.ALVIM, J.E.. Carreira. Tutela antecipada na reforma processual: antecipação de
tutela na ação de reparação do dano. 2.ed. Curitiba: Juruá, 1999, p.21.
352
970
Cf.ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipação da tutela. 7.ed. São Paulo: Saraiva,2009, p.28-
29.
971
Em feliz expressão científica, ensina Maria Rita de Carvalho Melo que: ―A tutela de
urgência é resposta à necessidade de efetividade do processo, seja quando aditada um ou mais
efeitos da sentença (tutela antecipada), ou quando apenas assegura que um determinado processo
consiga chegar a um resultado final útil (tutela cautelar)‖(Aspectos atuais da tutela antecipada. São
Paulo: Verbatim, 2010, p.21).
972
ZAVASCKI, Teori Albino. Idem, p.29.
973
ZAVASCHI, Teori. Idem, p.29-30.
353
concretizado mas também pela necessidade de evitar o dano potencial, ínsito, como
se viu, à natureza da relação possessória.974
974
Idem, p.30-31.
975
Cf. DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil. 10.ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2015, v.2, p.568.
976
Cf. TESSER, André Luiz Bäuml. Tutela cautelar e antecipação de tutela: perigo de
dano e perigo de demora. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p.62.
977
Tutela de segurança e tutela de evidência: fundamentos da tutela antecipada. São
Paulo: Saraiva, 1996, p.21.
354
Neste sentido, explica Marinoni que ―[...] a prática forense, sob o rótulo
de ‗tutela cautelar‘, passou a conceber tutelas antecipatórias, próprias à tutela
efetiva dos direitos que precisam ser realizados de forma urgente.‖ 979
981
ALVIM, Eduardo Arruda. Antecipação da tutela: biblioteca de estudos em homenagem
ao professor Arruda Alvim. Curitiba: Juruá, 2009, p.62.
356
982
MIRANDA FILHO, Juventino Gomes.O caráter interdital da tutela antecipada. Belo
Horizonte, Del Rey, 2003, p.139. No mesmo sentido, observa Ruy Zoch Rodrigues: ―A técnica de
decidir antecipadamente, outorgando efeitos práticos àquele que ostenta a probabilidade do direito, é
muito antiga. Os interditos romanos, em alguma medida, constituem a origem remota desse sistema
de prestar jurisdição‖ (Ações repetitivas: casos de antecipação de tutela sem os requisitos de
urgência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p.63/64.
983
O direito fundamental ao procedimento adequado; o procedimento interdital como garantia
de inclusão social. In: ALARCÓN, Pietro de Jesus Lora; NUNES, Lydia Neves Bastos Telles.
Constituição e inclusão social. Bauru: EDITE, 2007, p.184.
984
Neste sentido, registra Mirna Cianci que: ―O reformador de 1994 introduziu no sistema um
dos mais importantes avanços traduzidos pelo art.273 do CPC, mais precisamente a antecipação de
tutela, meio apto a possibilitar ao detentor do direito material, diante da verossimilhança, o imediato
gozo do bem da vida perseguido‖ (O acesso à justiça e as reformas do CPC. São Paulo: Saraiva,
2009, p.97.).
357
985
ZAVASCHI, Teori Albino. Op.cit., p.73.
986
BOLDRINI NETO, Dino. Tutela antecipada nos pedidos incontroversos. São Paulo:
Juarez de Oliveira, 2007, p.18.
987
SCHIMIDT JÚNIOR, Roberto Eurico. Tutela antecipada de ofício.: à luz do art. 273, I, do
Código de Processo Civil. Curitiba: Juruá Editora, 2012, p.41.
988
Cf. MELO, Maria Rita de Carvalho. Aspectos atuais da tutela antecipada. São Paulo:
Verbatim, 2010, p.37.
358
989
MELLO, Maria Rita de Carvalho, Idem, ibidem.
990
Tutela de segurança e tutela de evidência, p.338.
991
Cf. CIANCI, Mirna. Op.cit., p.98.
992
Op.çit., p.49.
993
FUX, Luiz. Tutela de segurança e tutela de evidência. São Paulo: Saraiva, 1996, p.50.
994
Cf. ALVIM, J.E. Carreira. Op.cit. p.36.
359
mérito, é algo inadmissível, que não deve ser tolerado pelos tribunais‖.995
995
ALVIM, J.E. Carreira. Op.cit., p.37.
996
Cf. ZAVASCKI, Teori Albino. Op.cit., p.77.
997
Cf. MARINONI, Luiz Guilherme: ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de conhecimento.
7.ed., rev. e atual., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.210-211.
998
ALVIM, J.E. Carreira. Op.cit., p.59.
360
999
FUX, Luiz. Op.cit., p.341.
1000
FUX,Luiz.Idem, p.346.
1001
ZAVASCKI, Teori Albino. Op.cit., p.77.
1002
Cf. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de
Conhecimento.7.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008,
1003
Cf. MARINONI; ARENHART. Idem, p.221.
361
Ensina-se, por oportuno, que ―Todo aquele que alega ter direito à tutela
jurisdicional (definitiva) está legitimado a requerer a antecipação provisória dos seus
efeitos; esta é a regra , que não comporta exceções‖.1005 Registre-se a advertência
de que, na hipótese de a tutela antecipada ser pleiteada em caráter antecedente, a
legitimidade fica restrita ao autor, pelo que se depreende da redação do texto
normativo do artigo 303, § 1º, I, do novo CPC.
1004
Cf. MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação de tutela. 6.ed., rev. e atual. São Paulo:
Malheiros, 2000, p.127.
1005
DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil. 10. ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2015, v.2, p.572. Complementa os
autores: ―Assim, autor, réu, terceiros intervenientes (que, a partir da intervenção, se tornam parte)
podem requerer a antecipação provisória dos efeitos da tutela (satisfativa ou cautelar), pois todos têm
o direito à tutela jurisdicional e, uma vez preenchidos os pressupostos de lei, também à antecipação
provisória dos seus efeitos‖ (p.573).
362
garantido constitucionalmente‖.1006
1006
DORIA, Rogéria Dotti. A tutela antecipada em relação à parte incontroversa da
demanda. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p.53.
1007
MARINONI, Luiz Guilherme. Abuso de defesa e parte incontroversa da demanda. 2.ed.
São Paulo: R.T., 2011, p.131-132. Acrescenta o autor: ―A circunstância de tal técnica trazer risco ao
direito de defesa não pode inviabilizar a sua utilização, pois o procedimento comum, ao obrigar o
autor a arcar sozinho com o tempo do processo, é desconforme aos valores constitucionais,
constituindo fonte de injustiça e evidente estímulo para o abuso do direito de defesa‖ (p.136).
1008
Cf. BEDAQUE\, José Roberto. Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias e
de urgência, p.326.
1009
Curso de Processo Civil. 3.ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1996, v.I,
p.118-119.
1010
Op.cit., p.346-347.
363
1011
Idem, p.347.
1012
MARINONI; ARENHART, Op.cit., p.232.
1013
DORIA, Rogéria Dotti. A tutela antecipada em relação à parte incontroversa da
demanda. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p.53.
364
1014
NOTARIANO JR, Antonio; BRUSCHI, Gilberto Gomes. O julgamento antecipado da lei e a
antecipação de tutela em casos de pedidos incontroversos. In: ARMELIN, Donaldo (Coord.). Tutelas
de urgência e cautelares. São Paulo: Saraiva, 2010, p.127.
1015
NOTARIANO JR, Antonio; BRUSCHI, Gilberto Gomes. Idem, p.128.
1016
Cf. NOTARIANO JR, Antonio; BRUSCHI, Gilberto Gomes. Idem, p.130.
1017
ZAVASCKI, Teori Albino. Op.cit., p.110.
1018
Cf. ZAVAZCKI, Teori Albino Idem, ibidem.
365
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
1019
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et alii. Primeiros comentários ao novo Código de
Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p.498.
366
do processo. 1020
1020
Cf. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et alii. Idem, ibidem.
1021
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et alii.Op.cit., p.499.
1022
SILVA, Jaqueline Mielke. Tutela de urgência: De Pietro Calamandrei e Ovídio Araújo
Baptista da Silva. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009, p.221.
367
do pedido de tutela final, com o prazo de quinze dias, conforme preceitua o artigo
303, § 1º, da aludida lei.
1023
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et alii.Op.cit., p.508.
1024
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et alii. Idem, p 511.
368
Ensina Luiz Fux que, sob a ótica processual, ― [...] é evidente o direito
cuja prova dos fatos sobre os quais incide revela-os incontestáveis ou ao menos
impassíveis de contestação séria‖.1025
1025
Op.cit., p.311.
1026
Cf. DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Op.cit.,
p.617.
1027
Cf. DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Idem,
p.618.
1028
DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Idem, ibidem.
369
1031
FUX, Luiz. Op.cit., p.309.
372
1032
Lições preliminares de direito. 23.ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p.49.
1033
A finalidade do direito. Tradução de Heder K. Hoffmann. Campinas: Bookseller, T. 2002,
p.212.
1034
Idem, p.227.
373
de torná-lo mais célere do que os demais, não pode omitir-se do aludido dever, sem
que advenham consequências pelo vilipêndio normativo.
Verifica-se, assim, que a aludida norma, tal como um oráculo, deve ser
reverenciada pelos órgãos julgadores, tal qual os oradores se comportam no templo.
1035
MÁYNEZ, Eduardo García. Introduccion ao estúdio del derecho. 51.ed. Mexico:
Editoral Porrua, 2000, p.295.
1036
Teoria geral do direito. TGradução de Antônio Carlos Ferreira. São Paulo: Lejus, 1999,
p.114.
374
1037
Vide anexos 04 e 05
375
1038
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: obrigações, responsabilidade civil.
6.ed .São Paulo: Saraiva, 2014, p.266. Ensina o ilustre filósofo que a heteronomia consiste,
justamente, nessa ―[...] validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se põem, por
assim dizer, acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura de um
querer irredutível ao querer dos destinatários‖ (p.49).
1039
COELHO, Fábio Ulhoa. Idem, p.270
1040
COELHO, Fábio Ulhoa. Idem, p.276
376
1041
COELHO, Fábio Ulhoa. Idem, p.288.
1042
Explica Carlos Roberto Gonçalves que no caso ― [...] a responsabilidade civil desloca-se
da noção de culpa para a ideia de risco, ora encarada como ‗risco-proveito‘, que se funda no princípio
segundo o qual é reparável o dano causado a outrem em consequência de uma atividade realizada
em benefício do responsável (ubi emolumentum, ibi onus); ora mais genericamente como ‗risco
criado‘, a que se subordina todo aquele que,sem indagação de culpa, expuser alguém a suportá-lo‖
(Responsabilidade civil. 15.ed . São Paulo: Saraiva, 2014, p.59)
1043
COELHO, Fábio Ulhoa. Idem, p.291.
377
1044
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op.cit., p.60-61.
378
enfocada.1045
1045
Comentando ambos os preceitos citados preleciona Fábio Ulhoa Coelho que: ―O preceito
normativo menciona a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público pelos danos
causados por seus agentes, conceito amplo que alcança toda e qualquer pessoa a serviço do
Estado.‖ (Op.cit., p.383). Menciona, ainda, que o Estado poderá ser responsabilizado até mesmo por
atos causados por pessoas estranhas ao quadro do funcionalismo público e que também não estejam
a serviço de ente público, desde que haja lei expressa admitindo tal indenização, como na hipótese
de atentados terroristas contra aeronaves de matrícula brasileira operada por empresas nacionais de
transporte aéreo público, onde há a responsabilidade da União até um teto de um bilhão de dólares,
definido pela Lei nº 10,744/03 (p.383-384)
1046
COELHO, Fábio Ulhoa. Op.cit., p.385.
379
1047
Calhao, Antônio Ernani Pedroso. Op.cit., p.156.
1048
Calhao, Antônio Ernani Pedro. Idem, p.154. Vide o caso supra mencionado pelo autor
em: http://www.menschenrechte.ac.at/orig/03_6/Egger.pdf
380
A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), com a redação dada pela
Lei nº 8.884/94, passou a contemplar, expressamente, o dano moral, conforme
expressa redação normativa contida no seu artigo 1º, ao lado do dano patrimonial.
interesses dos idosos, cujos fundos poderão ser utilizados, além das tradicionais
políticas públicas, também para a instalação de varas especializadas e exclusivas do
idoso.
1052
Vide definição de fundo em CARVALHO FILHO, José dos Santos. Op.cit., p.388.
383
1053
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Idem, p.389. Acrescenta o autor que: ―Se pública
for a fonte, a diferença não estará na qualificação, mas sim na destinação: os recursos que visavam
ao pagamento de indenização passam, uma vez integrados no fundo, a incorporar os objetivos a que
este está preordenado. Em outras palavras, permanece a qualidade de recurso público, mas
modifica-se sua finalidade‖. (p.389).
384
CONCLUSÃO
Estatuto do Idoso, que reafirma o aludido direito fundamental, como, ainda, dos
artigos 20 e 23 da mesma lei.
Registre-se que a pessoa idosa não pode ser vista como uma pessoa
incapaz, de forma que somente o caso concreto é que indicará a necessidade ou
não da intervenção do Ministério Público.
Juiz.
Mas a ação civil pública pode, inclusive, ser utilizada na defesa dos
direitos fundamentais dos idosos, no âmbito da horizontalidade. Não são poucos os
casos em que financeiras estabelecem encargos ilegais nos denominados
empréstimos consignados, embutindo-as nas prestações, para que o idoso não
perceba a maledicência do banqueiro. Também as operadoras de saúde sacrificam
os interesses dos idosos, estabelecendo encargos ou suprimindo direitos não
autorizados em lei, ensejando a atuação oportuna do Ministério Público, para sanar
tais vilipêndios, em sede de inquérito civil, mediante a celebração de termo de
ajustamento de conduta ou, mesmo, via ação civil pública.
individual do idoso, desde que se trate de direito indisponível, mas também ações
visando à tutela de interesses coletivos e difusos.
Verifica-se, assim, que a aludida norma, tal como um oráculo, deve ser
reverenciada pelos órgãos julgadores, tal qual os oradores se comportam no templo.
BIBLIOGRAFIA
ALARCÓN, Pietro de Jesús Lora. Ciência política, Estado e Direito Público: uma
introdução ao Direito Público da contemporaneidade. São Paulo: Verbatim,
2011.
ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. O processo criminal brasileiro. 4.ed. Rio de
Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1959, v.I.
AQUINO, Tomás de. Suma teológica : justiça, religião, virtudes sociais. São Paulo:
Edições Loyola, 2005, v.6.
ASSIS, Araken de. Duração razoável do processo e reformas da lei processual civil.
In: MO LINARO, Carlos Alberto; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro; PORTO,
Sérgio Gilberto (Coords). Constituição, jurisdição e processo: estudos em
homenagem aos 55 anos da Revista Jurídica. Porto Alegre: Notadez, 2007.
ASSIS, Jacy de. Ministério Público no Processo Civil. In: Digesto do Processo,
vol.3: fraude à execução/nulidades. Rio de Janeiro: Editora Forense/ Revista
Brasileira de Direito Processual; Uberlândia, 1985.
BARBOSA, Rui. Oração aos moços. São Paulo: Martin Claret, 2004.
BARRETO, Maria Lectícia Fonseca. Admirável mundo velho. São Paulo: Editora
Ática, 1992.
BEAUVOIR, Simone. A velhice. Trad. Maria Helena Franco Martins. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1990.
BERZINS, Marília Anselmo Viana da Silva. Direitos humanos e políticas públicas. In:
BORN, Tomiko. Cuidar Melhor e Evitar a Violência – Manual do Cuidador da
Pessoa Idosa. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos/Presidência da República,
2008.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 9.ed. Tradução de Carlos Nelson Coutinho.
Rio de Janeiro: Campus, 1992.
CALLAO, Antônio Ernani Pedroso. Justiça célere e eficiente. São Paulo: Editora
LTR, 2010.
CANUTO, Elza Maria Alves. Direito à moradia urbana. Belo Horizonte: Editora
Fórum, 2010.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública. 7.ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009.
CARVALHO FILHO, Milton Paulo de. Comentário ao art.1.725. In: PELUZO, Ministro
Cezar (Coord.). Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência, 2.ed., rev. e
atual. Barueri: Editora Manole, 2008.
COLLUCCI, Cláudia. Número de idosos que moram sós triplica. Folha de São
Paulo, São Paulo, 25 de dezembro de 2013, Caderno B, Saúde + ciência.
CORDEIRO, Karine da Silva. Direitos fundamentais sociais. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2012.
Condomínio para a terceira idade. Revista Veja, seção guia. São Paulo: Editora
Abril, ano 47, n.10, p.82, 05.03.2014.
CÔRTE, Beltrana et alii. Velhice, mídia, violência. In. GUGEL, Maria aparecida;
MAIO, Ladya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto
Atenas/AMPID, 2009.
DALLARI, Suelli G.; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano . Direito Sanitário. São Paulo:
Verbatim, 2010.
DIAS, Aline Oliveira. Idoso, lazer, grupos de convivência: uma comparação entre
participantes, não-participantes e egressos. 2012. 154 f. Dissertação (Mestrado) -
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br>. Acesso em 01/05/2014.
DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso
de Direito Processual Civil. 10.ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2015, v.2.
DIMOULIS, Dimitri; Martins, Leonardo. In: LEITE, George Salomão: SARLET, Ingo
Wolfgang. Direitos fundamentais e Estado constitucional: estudos em
homenagem a J.J. Gomes Canotilho. Coimbra/São Paulo: Coimbra Editora e RT,
2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 11.ed, São Paulo: Saraiva,
1995, v.1.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 23.ed. São Paulo: Atlas,
2010.
DOURADO, Márcia. A velhice e seus destinos. In: Revista A Terceira Idade. São
Paulo: SESC, v.17, n.37, out./2006.
DWORKIN, Ronald. A Justiça de Toga. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:
Martins Fontes, 2010.
ELIAS, Norbert. A solidão dos moribundos. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:
Zahar, 2001.
FIUZA, César. Algumas linhas de processo civil romano. In: FIUZA, César (Coord.).
Direito processual na história. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002.
______. Educação: atualidade brasileira. 2.ed. São Paulo: Cortez Editora; Instituto
Paulo Freire, 2001.
FREITAS JÚNIOR, Roberto Mendes de. Direitos e garantias do idoso. 2.ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
GIORGIO, Del Vecchio. La justicia. Trad. Por Francisco P. Laplaza. Buenos Aires:
Editorial Depalma, 1952.
GOUVEIA, Jorge Bacelar. A crise da justiça – a evidência de uma crise cultural? In:
HOMEM, António Pedro Barbas: GOUVEIA, Jorge Bacelar (Orgs.). O debate da
justiça: estudos sobre a crise da justiça em Portugal. Lisboa: Vislis Editores,
2001.
Idosos que cuidam de idosos. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 de maio de
2014, Caderno C7 Saúde +ciência.
JOBIM, Marco Félix. O direito à duração razoável do processo, 2.ed., rev. e ampl..
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
______. Teoria geral do direito e do Estado.Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
______. Teoria pura do direito. Trad. João Baptista Machado. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
______. Tutela antecipatória e tutela interdital. In: MOREIRA, José Carlos Barbosa
(Coord.). Estudos de Direito Processual em memória de Luiz Machado
Guimarães. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
MANCUSO, Rodolfo Camargo. Interesses difusos, 6.ed., rev., atual. e ampl. São
Paulo: RT, 2004.
______. A antecipação da tutela. 6.ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2000.
______. Técnica processual e tutela dos direitos, 3.ed., rev e atual., 2010.
______. Tutela inibitória: individual e coletiva. 5.ed. rev. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012.
______; ARENHART, Sérgio Cruz. Processo cautelar. 6.ed., rev. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p.62.
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 22.ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 27.ed., rev.
e atual. São Paulo: Malheiros, 2010.
MELO, Maria Rita de Carvalho. Aspectos atuais da tutela antecipada. São Paulo:
Verbatim, 2010.
MILARÉ, Edis. A ação civil pública na nova ordem constitucional. São Paulo:
Saraiva, 1990.
MIRANDA, Danilo Santos de. Apresentação. Revista A Terceira Idade. São Paulo:
SESC, v.13, n.24, p.05, abr.2002.
MONTESQUIEU. Do Espírito das leis. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin
Claret, 2002.
MOREIRA ALVES. José Carlos. Direito romano. 10. ed. rev. Rio de Janeiro:
Forense, 1996, v.I.
NORONHA, Magalhães. Direito Penal, 23.ed., v.2. Atualizada por Dirceu de Mello.
São Paulo: Saraiva, 1988.
OLIVEIRA, Flávio Luís de; FAZOLI, Carlos Eduardo de Freitas. O direito fundamental
ao procedimento adequado; o procedimento interdital como garantia de inclusão
social. In: ALARCÓN, Pietro de Jesus Lora; NUNES, Lydia Neves Bastos Telles.
Constituição e inclusão social. Bauru: EDITE, 2007.
425
PAPA JOÃO PAULO II. Mensagem de sua santidade o Papa João Paulo II para a
quaresma de 2005. Disponível em:
http://www.pastoraldapessoaidosa.org.br/images/stories/pdf/mensagemdopapajpaulo
iiquaresma2005.pdf. Acesso em: 05 de março de 2014.
PIARDI, Sônia Maria Demeda Groisman; MARTINS, Annie Elise Zapelini. Idoso: a
questão dos alimentos sob a ótica ativa e passiva. In: GUGEL, Maria Aparecida;
MAIO, Iadya Gama. Pessoas Idosas no Brasil. Brasília: Instituto Atenas/AMPID,
2009.
PINHEIRO, Naide Maria. Cultura, esporte e lazer: direitos da pessoa idosa. In:
GUGEL, Maria Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil.
Brasília: Instituto Atenas; AMPID, 2009.
427
PODETTI, J. Ramiro. Teoria y técnica del processo civil. Buenos aires: Ediar
Editores, 1963.
PRADO, Luiz Regis. Tratado de direito penal brasileiro, v.4, Parte Especial, São
Paulo: RT, 2014.
REBOUÇAS, Francisco de Paula Sena. Fim de século e justiça. São Paulo: Editora
Juarez de Oliveira, 2002.
ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Temos de ter pressa. Veja, São Paulo, edição
429
2.391, ano 47, n.38, p.15-19, 17 set.2014. Entrevista concedida a Mariana Barros.
RODRIGUES, Oswaldo Pelegrina. Direitos dos idosos. In: NUNES JÚNIOR, Vidal
Serrano. Manual de direitos difusos. São Paulo: Verbatim, 2009.
ROSA, Abilio Costa; ROSA, Tereza Etsuko da Costa. In: TRENCH, Belkis; ROSA,
Tereza Etsuko da Costa (Orgs.). Nós e o outro: envelhecimento, reflexões,
práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto de Saúde, 2011.
______. Prefácio da obra de SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. Direito do idoso:
tutela jurídica constitucional. Curitiba: Juruá Editora, 2012.
SALA, Don Juan. Digesto Romano-Español, Tomo I. Madrid: Imprenta Del Colegio
de Sordo-Mudos, 1844.
430
SALGADO, Marcelo Antônio. Velhice, uma nova questão social. São Paulo:
SESC-CETI, 1980.
SANTOS, Marcelo Moreira dos. Direito à saúde da pessoa idosa. In: GUGEL, Maria
Aparecida; MAIO, Iadya Gama (Orgs.). Pessoas idosas no Brasil. Brasília: Instituto
Atenas/AMPID, 2009.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional.11.ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012.
SILVA, Anna Cruz de Araújo Pereira da. O papel da ONU na elaboração de uma
cultura gerontológica.In: Revista A Terceira Idade. São Paulo: SESC, v.18, n.39,
jun./200.
SILVA, Ovídio A. Baptista da . Curso de Processo Civil. 3.ed. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris Editor, 1996, v.I.
SIQUEIRA, Maria Eliane Catunda de. Velhice e políticas públicas. In: NERI, Anita
Liberalesso (Org.). Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na
terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo/Edições SESC, 2007.
SILVA, Anna Cruz da Araújo Pereira da. Um jovem direito: direito do idoso.
Revista A terceira Idade. São Paulo: SESC, v.20, n.45, p.25-37, jun.2009.
SOUZA, Gelson Amaro de; SOUZA FILHO, Gelson Amaro de. Processo e acesso à
justiça. In: SIQUEIRA, Dirceu Pereira; OLIVEIRA, Flávio Luís de. Acesso à Justiça.
Birigui: Editora Boreal,2012.
SOUZA, Gelson Amaro de. Curso de Direito Processual Civil. 2.ed. Presidente
Prudente: Data Juris, 1998.
SOUZA, Sérgio Iglesias Nunes de. Direito à moradia e de habitação, 2.ed. São
Paulo: RT, 2009.
433
TEDESCO, Juan Carlos. El rol del Estado en la educación. In: FRANCO, Maria
Laura P.B.; ZIBAS, Dagmar M.L. (Orgs.). Final do século: desafios da educação
na América Latina. São Paulo: Cortez Editora, 1989.
VILAS BOAS, Marco Antônio. Estatuto do idoso comentado. 2.ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009.
VIVES ANTON, T.S.. Derecho Penal. Parte Especial. 2.ed. Valencia: Tirant lo
Blanch, p.276. apud. GRIMA LIZANDRA, Vicente. Los delitos de tortura y tratos
degradantes por funcionários públicos. Valencia: Tirant lo Blanch, 1998.
YARSHELL, Flávio Luiz. Tutela jurisdicional. 2.ed. São Paulo: Editora Perfil Ltda,
2006.
ANEXOS
Prólogo
1055
Tradução do Prof. Sérgio Antônio Carlos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Disponível em:,http://www.ufrgs.br/e-psico/publicas/humanização/prologo.html. Acesso em:
16/11/2013.
437
de idade;
e) Estimular o desenvolvimento de ensino, capacitação e pesquisa que respondam
adequadamente ao envelhecimento da população mundial e fomentar o intercâmbio
internacional de aptidões e conhecimento nesta esfera.
4. O Plano de Ação deve ser considerado no marco de outras estratégias e planos
internacionais. Em particular, reafirmam-se nele os princípios e objetivos da Carta
das Nações Unidas, da Declaração Universal de Direitos Humanos (resolução 217
A (III) da Assembleia Geral), dos Pactos Internacionais de Direitos humanos
(resolução 2200 A (XXI) da Assembleia Geral) e da Declaração sobre o Progresso
e o Desenvolvimento no Social (resolução 2542 (XXIV) da Assembleia Geral), da
Declaração e o Programa de Ação sobre o Estabelecimento de uma Nova Ordem
Econômica Internacional (resoluções 3201 (S-VI) e 3202 (S-VI) da Assembleia
Geral) e da Estratégia Internacional do Desenvolvimento para a Terceira Década
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (resolução 35/56 da Assembleia
Geral), assim como as resoluções 34/75 e 35/46 da Assembleia Geral, em que se
declara a década de 1980 a Segunda Década para o Desarmamento.
5. Além disso, é necessário ressaltar a importância dos seguintes planos mundiais
de ação aprovados pela comunidade internacional, pois a questão relativa ao
envelhecimento dos indivíduos e ao envelhecimento das populações tem relação
direta com a obtenção de seus objetivos:
a) o Plano de Ação Mundial sobre População;
b) o Plano de Ação Mundial para a realização dos objetivos do Ano Internacional da
Mulher;
c) o Programa de ação para a segunda metade da Década das Nações Unidas para
a Mulher;
d) a Declaração de Alma-Ata (sobre atenção primária da saúde);
e) a Declaração de Princípios da Conferência das Nações Unidas sobre os
Assentamentos Humanos (HABITAT);
f) o Plano de Ação para o Meio Humano;
g) o Programa de Ação de Viena sobre a Ciência e a Tecnologia para o
Desenvolvimento;
h) o Programa de Ação para a Década da luta contra o Racismo e a Discriminação
Racial e o Programa de Ação para a segunda metade dessa mesma década;
i) o Plano de Ação de Buenos Aires para promover e realizar a cooperação técnica
entre os países em Desenvolvimento;
j) o Convenção nº 102 da Organização Internacional do Trabalho relativo à norma
mínima da previdência social;
k) o Convenção nº 128 e a Recomendação nº 131 da Organização Internacional do
Trabalho relativos a benefícios de invalidez, velhice e sobreviventes;
l) a Recomendação nº 162 da Organização Internacional do Trabalho relativa aos
trabalhadores de idade avançada;
m) o Programa de Ação da Conferência Mundial sobre Reforma Agrária e
Desenvolvimento Rural;
n) o Programa Mundial elaborado como conseqüência do Ano Internacional dos
Impedidos;
o) a Declaração de Caracas, aprovada no Sexto Congresso das Nações Unidas
sobre Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente;
p) a Recomendação sobre o desenvolvimento da educação de adultos, aprovada
438
I. INTRODUÇÃO
A. Antecedentes Demográficos:
24. Uma vida mais longa proporciona aos seres humanos a oportunidade de
examinar retrospectivamente suas vidas, corrigir alguns de seus enganos,
aproximar-se mais da verdade e obter uma compreensão diferente do sentido e do
valor de suas ações. Possivelmente seja esta a maior contribuição das pessoas de
idade à comunidade humana. Especialmente nesta época, depois de mudanças
sem precedentes que afetaram o gênero humano durante sua vida, a
reinterpretação de seu passado por parte dos idosos deverá ajudar todos nós a
conseguir uma necessária reorientação da história.
II- PRINCÍPIOS
produtivos ou não. Para o futuro imediato, ao menos, este fenômeno pode contribuir
para diminuir os efeitos do êxodo rural e dar um certo nível de segurança material
às pessoas inativas e de mais idade que ficaram. Mas dificilmente cabe estimar que
constitua a longo prazo uma compensação segura do dano causado pela migração
da população ativa jovem que partiu das zonas rurais ou saiu do país. É
indispensável fazer esforços concentrados tendentes a melhorar as condições
socioeconômicas que reinam nas zonas rurais, particularmente em vista da volta
dos migrantes a seu país de origem.
39. O desenvolvimento rural deve ser considerado uma chave da totalidade do
problema do envelhecimento em grandes partes do mundo, não menos que do
progresso nacional equilibrado e integrado dos países que têm uma economia
essencialmente agrícola. Até certo ponto, as políticas para aumentar a produção e
a produtividade nas zonas rurais, para estimular o investimento, para criar as
infraestruturas necessárias, para introduzir tecnologias apropriadas e prestar
serviços básicos podem reforçar os sistemas generalizados de previdência social
existentes em outros países mais industrializados.
40. A lenta expansão da longevidade da população, inclusive nas zonas atualmente
em desenvolvimento, constitui um recurso para as economias nacionais que, se
devidamente estimulada e utilizada, pode contribuir para compensar o êxodo das
pessoas mais jovens, diminuir as relações reais de dependência e assegurar o
status das pessoas idosas do meio rural como participantes ativos na vida nacional
e de produção e não como vítimas passivas e vulneráveis do desenvolvimento.
41. Uma forma conveniente de compensar o êxodo de jovens para outros países
consistiria em aumentar a continuidade dos benefícios sociais no que respeita a
seus direitos a uma pensão contributiva e de adotar disposições favoráveis para
transferências financeiras, qualquer que seja a forma em que se concedam os
benefícios aos trabalhadores migrantes. Isto seria não só justo, mas também
coerente com o estímulo do desenvolvimento da economia do país de origem. Para
tal fim, devem ser desenvolvidos acordos de previdência social. Também seria
preciso respaldar estes esforços adotando outras medidas, especialmente no que
respeita às habitações destinadas aos repatriados. Embora os migrantes de idade
avançada tenham as mesmas necessidades que outras pessoas de idade, sua
condição de migrantes coloca novas necessidades de caráter econômico, social,
cultural e espiritual. Além disso, é importante reconhecer o papel que os migrantes
mais idosos poderiam desempenhar em apoio aos seus congêneres mais jovens.
42. Nos países que têm sistemas de previdência social plenamente desenvolvido,
vinculados a limites de idade obrigatórios para a aposentadoria, o envelhecimento
geral é, e continuará sendo, um dos principais fatores estruturais que afetam a
composição da força de trabalho. Este fenômeno não deve ser considerado apenas
em função de suas repercussões nas pessoas idosas. Por causa de sua dimensão
e uma íntima interação com outros setores e processos que afetam a força de
trabalho ativa, as políticas de aposentadoria não podem ser tratadas de uma forma
isolada como um fenômeno independente. Para vários países, a relação mais
visível é a existente entre as disposições adotadas para a aposentadoria e os
problemas de desemprego, em particular o de jovens prestes a ingressar no
mercado de trabalho.
43. Muito já foi dito sobre essa relação, e foram estudadas e adotadas medidas
governamentais para respondê-la em diversas formas. Seja qual for a aparente
448
mesma idade avançada gozam de um nível de saúde cada vez mais elevado e se
prevê que, à medida que tanto os homens quanto as mulheres forem vivendo mais
e mais anos, as incapacidades mais importantes podem acumular-se em grande
medida em uma estreita faixa etária anterior à morte.
Recomendação 1
Cuidados destinados a compensar as incapacidades, reeducar as funções
remanescentes, aliviar a dor, manter a lucidez, o conforto e a dignidade das
pessoas afetadas e que lhes ajudem a reorientar suas esperanças e projetos,
sobretudo no caso dos idosos, são tão importantes quanto o tratamento curativo.
Recomendação 2
O cuidado das pessoas idosas devera ir além da doença e abranger a totalidade de
seu bem-estar, levando em conta a interdependência dos fatores físicos, mentais,
sociais, espirituais e ambientais. Cuidados de saúde devem, portanto, envolver os
setores sociais e de saúde e a família na melhoria da qualidade de vida das
pessoas idosas. Os cuidados de saúde, em particular a atenção primária como
estratégia, devem ser voltados para permitir aos idosos independentes conduzirem
sua própria vida na família e na comunidade pelo maior tempo possível, em vez de
serem excluídos e isolados de todas as atividades da sociedade.
54. Não há dúvida de que, com o avanço da idade, os estados patológicos se
tornam mais frequentes. Além disso, as condições de vida dos idosos os tornam
mais propensas aos fatores de risco que podem ter efeitos adversos para sua
saúde (por exemplo, o isolamento social e os acidentes), fatores que na maioria das
vezes podem ser modificados. A investigação e a experiência prática têm
demonstrado que é possível manter a saúde dos idosos, e que as doenças não
precisam ser componentes essenciais do envelhecimento.
Recomendação 3
O diagnostico precoce e o tratamento apropriado são necessários, como medida
preventiva, para reduzir as incapacidades e doenças do envelhecimento.
Recomendação 4
Deverá ser dada especial atenção, quanto a cuidados de saúde, aos muito idosos e
às pessoas que se encontrem incapacitadas em sua vida cotidiana, especialmente
quando sofrem perturbações mentais ou incapacidade de se adaptarem ao
ambiente; os transtornos mentais poderiam ser evitados ou modificados por meios
que não exigem a colocação dos afetados em instituições, tais como a capacitação
e o apoio à família e aos voluntários por profissionais, promovendo o cuidado
ambulatorial das doenças mentais, o trabalho de bem-estar social, centro-dia e
medidas que visam prevenir o isolamento social.
55. Sem dúvida, alguns setores da população de mais idade, especialmente os
mais velhos, continuarão sendo um grupo vulnerável. Como eles podem estar entre
os que têm menos mobilidade, este grupo necessita de especial atenção primária
localizada perto de suas residências e/ou comunidades. O conceito da atenção
primária à saúde inclui a utilização do pessoal existente e dos serviços sociais e de
saúde, com ajuda de funcionários de saúde da comunidade capacitados em
técnicas simples de cuidado ao idoso.
56. O diagnóstico e a intervenção precoces são de fundamental importância para
prevenção de doença mental nas pessoas idosas. Ter-se-á que tomar medidas
para atender às pessoas de idade que têm problemas de saúde mental ou cuja
saúde mental se encontra em perigo.
451
domésticos bem projetados podem reduzir a dificuldade das pessoas de idade, cuja
mobilidade é limitada ou que tenham outras incapacidades, para continuar vivendo
em suas casas.
65. Os idosos enfrentam uma quantidade de problemas no tráfego e nos meios de
transporte. Os pedestres idosos, em especial, devem enfrentar perigos reais ou
imaginários que limitam sua mobilidade e seu desejo de participar da vida da
comunidade. As condições nas quais se realiza a circulação devem ser adaptadas
às pessoas idosas e não o contrário. As medidas e os equipamentos devem incluir
a educação para o trânsito, especialmente estabelecer limites de velocidade,
particularmente nos aglomerados humanos, e garantir principalmente a segurança
nas estradas, no ambiente da habitação e nas zonas residenciais, assim como nos
meios de transporte.
Recomendação 19
Deve-se considerar que a residência destinada aos idosos é algo mais que um
mero abrigo. Além disso, o significado material tem um significado psicológico e
social que deve ser levado em consideração. A fim de liberar as pessoas de idade
da dependência de outras pessoas, as políticas nacionais em matéria de habitação
devem ter os seguintes objetivos:
a) Contribuir para que as pessoas de idade permaneçam em seus próprios lares o
máximo de tempo possível, mediante a restauração e o desenvolvimento quando
resultar possível e conveniente, mediante a reestruturação e o desenvolvimento das
próprias habitações assim como sua adaptação às necessidades de acesso e à
utilização por parte das pessoas de idade;
b) Programar e construir — no âmbito de uma política habitacional que preveja
também o financiamento público e de acordo com a iniciativa privada — habitações
para idosos, que levem em consideração as diferentes categorias de estado civil e
o grau de autonomia destas pessoas, com respeito às tradições e costumes locais;
c) Coordenar as políticas de habitação com as políticas encaminhadas para a
colocação em prática dos serviços comunitários (sociais, de saúde, culturais, de
lazer, de comunicações), a fim de garantir, sempre que possível, uma relação
especialmente favorável aos idosos em relação às residências destinadas ao
conjunto da população;
d) Elaborar e aplicar políticas e medidas especiais, assim como prever dispositivos
concebidos para permitir o deslocamento das pessoas de idade e para protegê-las
contra os perigos do trânsito;
e) Esta política deverá, por sua vez, estar contida na política mais ampla de ajuda
às camadas mais desfavorecidas da população.
Recomendação 20
A legislação e o planejamento em matéria de desenvolvimento e reconstrução
urbana deverão dar especial atenção aos problemas do envelhecimento, auxiliando
na garantia de sua integração social.
Recomendação 21
Os governos nacionais devem ser incentivados a adotar políticas habitacionais que
levem em conta as necessidades das pessoas idosas e das pessoas socialmente
desfavorecidas. Um meio ambiente concebido para apoiar as capacidades
funcionais destes grupos deve formar parte integrante das diretrizes nacionais para
as políticas e as medidas relativas aos assentamentos humanos.
Recomendação 22
456
de se dar conta dessas mudanças e, com base nisto, definir políticas nacionais de
envelhecimento que permitirão evitar algum dos problemas enfrentados pelos
idosos em alguns países desenvolvidos.
Recomendação 31
As organizações formais e informais existentes deverão considerar as
necessidades especiais do envelhecimento e as incluir em seus programas atuais e
em seus planos futuros. O importante papel que as cooperativas podem
desempenhar na prestação de serviços nesta área devem ser reconhecidos e
incentivados. Ditas cooperativas também poderiam beneficiar-se com a participação
das pessoas idosas como sócios ou consultores. Deverá ser formada uma parceria
entre governos e organizações não governamentais com vistas a assegurar uma
abordagem global integrada, coordenada e polivalente para satisfazer as
necessidades de bem-estar social dos idosos.
Recomendação 32
Com objetivo de favorecer o estreitamento de laços intergeracionais, deve-se
fomentar a participação dos jovens na prestação de serviços e cuidados de saúde,
e na participação em atividades para e com os idosos. Deve estimular-se, na
medida do possível, a auto-ajuda mútua entre idosos capazes e ativos, assim como
a assistência que este grupo pode proporcionar a seus pares menos afortunados, e
a participação dos idosos em ocupações informais com horário reduzido.
Recomendação 33
Os governos deverão também esforçar-se por reduzir ou eliminar qualquer restrição
de tipo fiscal ou de índole similar que pese sobre as atividades voluntárias
informais, assim como as normas jurídicas que impeçam ou desencorajem o
trabalho em tempo parcial, a autoajuda mútua e da utilização de voluntários junto
ao pessoal especializado na prestação de serviços sociais ou em instituições para
idosos.
Recomendação 34
Quando a institucionalização for necessária ou inevitável para os idosos, um
esforço extremo deve ser feito para garantir uma qualidade de vida institucional que
corresponda às condições normais em suas comunidades, com pleno respeito a
sua dignidade, suas crenças, suas necessidades, seus interesses e sua
privacidade; os Estados membros deveriam ser encorajados para assegurar uma
maior qualidade dos serviços institucionais.
Recomendação 35
A fim de facilitar a ajuda mútua entre os idosos e deixar que suas vozes sejam
ouvidas, os governos e as organizações não-governamentais devem estimular a
formação e a livre iniciativa de grupos e movimentos de pessoas idosas, assim
como as possibilidades de capacitar e informar a outros grupos etários em relação
ao apoio aos idosos.
f) Rendimentos de aposentadoria e emprego
72. Existem grandes diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento,
e particularmente entre as zonas urbanas industrializadas e economias agrárias
rurais, no que diz respeito aos objetivos da política de renda relacionadas à
previdência e ao emprego. Muitos países desenvolvidos conseguiram uma
cobertura universal através de esquemas generalizados de previdência social. Nos
países em desenvolvimento, onde muitos, se não a maioria, das pessoas vivem em
nível de subsistência, a segurança de renda é um tema que preocupa todos os
459
Recomendação 42
À luz da Convenção Nº. 157 da OIT, deverão ser adotadas medidas relativas à
manutenção dos direitos de previdência social. Devem ser tomadas medidas
particularmente através de convenções bilaterais ou multilaterais, a fim de garantir a
cobertura social plena aos trabalhadores migrantes no país de acolhimento, assim
como, em caso de regresso ao país de origem, a manutenção dos direitos
adquiridos de previdência social, particularmente no que diz respeito à
aposentadoria. Igualmente, os trabalhadores migrantes de volta a seus países
deverão gozar de condições que favoreçam sua reintegração, especialmente em
matéria de habitação.
Recomendação 43
Na medida do possível, a acolhida de grupo de refugiados por um país deverá
incluir tanto as pessoas idosas quanto os adultos e as crianças, esforçando-se por
manter a família intacta e grupos de alojamento e serviços adequados.
g) Educação
74. As revoluções científicas e tecnológicas do século XX produziram a enorme
―explosão‖ de conhecimentos e informação. A ―explosão‖ contínua e a natureza
destas deram origem também a uma mudança social acelerada. Em muitas
sociedades do mundo, os idosos continuam a servir como transmissores de
informação, conhecimentos, tradições e valores espirituais: não se deve perder
essa importante tradição.
Recomendação 44
Devem ser desenvolvidos programas educativos tendo os idosos como professores
e transmissores de conhecimentos, cultura e valores espirituais.
75. Em muitos casos, a expansão de conhecimentos veio produzindo certa
obsolescência da informação, o que por sua vez guarda relação com a
obsolescência social. As ditas mudanças indicam que as estruturas educacionais
da sociedade devem ampliar-se para dar resposta às necessidades educacionais
de toda uma vida. Esse enfoque da educação parece sugerir a necessidade de uma
educação continuada de adultos, que inclua a preparação para o envelhecimento e
o uso criativo do tempo. Além disso, é importante que os idosos, da mesma forma
que as pessoas de todos outros grupos de idade, tenham acesso a cursos básicos
de alfabetização, assim como a todos os serviços educacionais disponíveis na
comunidade.
Recomendação 45
Como direito humano básico, a educação deve ser proporcionada sem
discriminação dos idosos. As políticas educacionais devem refletir o princípio do
direito dos idosos à educação, mediante a atribuição apropriada de recursos e com
programas de ensino satisfatórios. Deve-se tomar cuidado em adaptar os métodos
de ensino às capacidades dos idosos, de modo que eles possam participar
equitativamente de qualquer tipo de educação que se ofereça e aproveitá-la. A
necessidade da educação continuada de adultos em todos os níveis deve encontrar
reconhecimento e estímulo. Deveria ser considerada a possibilidade da educação
universitária para idosos.
76. Existe também necessidade de educar a população em geral sobre o processo
de envelhecimento. Esta educação deve começar na infância, para que o
envelhecimento possa ser percebido plenamente como um processo natural. Neste
tema, a importância do papel dos meios de comunicação em massa não pode ser
462
exagerada.
Recomendação 46
Deve-se empreender um esforço coordenado com e pelos meios de comunicação,
para destacar os aspectos positivos do processo de envelhecimento e do
envelhecimento em si. Este esforço deve incluir, entre outras coisas:
a) a atual situação do idoso, em especial nas zonas rurais dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento, visando identificar e responder as suas reais
necessidades;
b) os efeitos da migração, tanto interna quanto internacional, em relação ao
envelhecimento das populações das zonas rurais e seus efeitos sobre a produção
agrícola e nas condições de vida dessas áreas;
c) métodos para desenvolver oportunidades de emprego e para adaptar as
condições de trabalho aos trabalhadores mais velhos. Isso pode incluir o
desenvolvimento de equipamentos simples ou ferramentas que ajudem aqueles que
têm capacidade limitada a realizar suas tarefas;
d) estudos sobre o papel da educação e o envelhecimento nas diversas culturas e
sociedades.
Recomendação 47
De acordo com o conceito de educação ao longo da vida, promulgado pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), programas de educação informal de base comunitária e de recreação
para os idosos devem ser implementados a fim de desenvolver um sentido de
autossuficiência e responsabilidade da comunidade. Tais programas devem contar
com o apoio dos governos nacionais e das organizações internacionais.
Recomendação 48
Com o objetivo de promover uma maior participação das pessoas idosas em
atividades de lazer e em uma utilização criadora do tempo livre, solicita-se aos
governos e às organizações internacionais estimular e apoiar programas
encaminhados a obter um maior e mais fácil acesso físico a instituições culturais
(museus, teatros, óperas, salas de concertos, cinemas, etc). Por outra parte, os
centros culturais deveriam organizar, para os idosos, e em cooperação com eles,
oficinas em áreas como artesanatos, artes plásticas e música, onde os idosos
possam desempenhar um papel ativo tanto como expectador quanto como
participante.
Recomendação 49
Os governos e as organizações internacionais envolvidas com os problemas do
envelhecimento devem iniciar programas para educar o público em geral sobre o
processo de envelhecimento e sobre o envelhecimento propriamente dito. Tais
atividades devem iniciar-se na infância e continuar em todos os níveis do sistema
escolar formal. Deverá ser reforçada a função e a participação dos Ministérios da
Educação nesse sentido, promovendo e facilitando a inclusão do tema
envelhecimento nos currículos, como um aspecto do desenvolvimento normal e da
educação para a vida do indivíduo que se inicia com a idade mais jovem, de forma
que conduza o conhecimento mais profundo e para eventual mudança positiva nas
atitudes estereotipadas das gerações presentes. Canais não-formais de meios de
comunicação de massa também devem ser utilizados para o desenvolvimento de
tais programas. Recomenda-se que os meios de comunicação de massa devam
também ser usados como um meio de promover a participação dos idosos em
463
planejamento da sociedade,
d) o uso das aptidões, competências, e potencial cultural do envelhecimento,
e) o adiamento das consequências funcionais negativas do envelhecimento,
f) serviços de saúde e sociais para os idosos, assim como estudos de programas
coordenados,
g) capacitação e educação.
Estas investigações deverão ser planejadas e realizadas por pesquisadores bem
familiarizados com as condições nacionais e regionais, sendo garantida a
independência necessária para a inovação e a difusão. Estados, organizações
intergovernamentais e organizações não governamentais deverão realizar mais
pesquisas e estudos relativos às questões de desenvolvimento e aos aspectos
humanitários decorrentes do envelhecimento, e cooperar nesta esfera trocando
estas investigações e estudos a fim de proporcionar uma base lógica para as
políticas relativas ao envelhecimento em geral.
Recomendação 61
Os estados, as organizações intergovernamentais e as organizações não
governamentais deverão estimular a criação de instituições especializadas no
ensino da gerontologia, geriatria e psicologia geriátrica nos países em que não
existam as ditas instituições.
Recomendação 62
Deverão promover-se intercâmbios internacionais e a cooperação em matéria de
investigação, assim como a recopilação de dados em todas as esferas que tenham
relação com o envelhecimento, a fim de proporcionar uma base racional para
futuras políticas e medidas sociais. Deverá dar-se especial importância a estudos
comparados e multiculturais sobre o envelhecimento. Deve ser destacada
abordagens multidisciplinares.
1056
Tradução do Prof. Sérgio Antônio Carlos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Disponível em , <http://www.ufrgs.br/e-psico/publicas/humanizacao/prologo.html> Acesso em:
20/09/2014.
471
A. DECLARAÇÃO POLÍTICA
Artigo 1º
Nós, representantes dos Governos, reunidos na II Assembleia Mundial sobre o
Envelhecimento, celebrada em Madri, decidimos adotar um Plano de Ação
Internacional sobre o Envelhecimento para responder às oportunidades que oferece
e aos desafios feitos pelo envelhecimento da população no século XXI e para
promover o desenvolvimento de uma sociedade para todas as idades. No marco
desse Plano de Ação, resolvemos adotar medidas em todos os níveis, nacional e
internacional, em três direções prioritárias: idosos e desenvolvimento, promoção da
saúde e bem-estar na velhice e, ainda, criação de um ambiente propício e favorável.
Artigo 2º
Celebramos o aumento da expectativa de vida em muitas regiões do mundo como
uma das maiores conquistas da humanidade. Reconhecemos que o mundo está
passando por uma transformação demográfica sem precedentes e que daqui a
2050, o número de pessoas acima de 60 anos aumentará de 600 milhões a quase
2.bilhões, e se prevê a duplicação do percentual de pessoas de 60 anos ou mais,
passando de 10% para 21%. Esse incremento será maior e mais rápido nos países
em desenvolvimento, onde se prevê que a população
idosa se multiplique por quatro nos próximos 50 anos. Essa transformação
demográfica apresentará para toda a sociedade o desafio de aumentar as
oportunidades das pessoas, particularmente as oportunidades de os idosos
aproveitar ao máximo suas capacidades de participação em todos os aspectos da
vida.
Artigo 3º
Reiteramos o compromisso contraído por nossos chefes de estado e de governo nas
principais conferências e cúpulas das Nações Unidas, em seus processos de
seguimento, e na Declaração do Milênio, com respeito à promoção de ambientes
internacionais e nacionais que promovam o estabelecimento de uma sociedade para
todas as idades. Reafirmamos
ainda os princípios e as recomendações contidos no Plano de Ação Internacional
sobre o Envelhecimento, feito pela Assembleia das Nações Unidas, em 1982, e os
princípios das Nações Unidas em favor dos idosos aprovados pela Assembleia
Geral, em 1991, que deram orientação sobre as questões da independência, e a
participação, dos cuidados, da auto realização
e da dignidade.
Artigo 4º
Destacamos que a melhoria da cooperação internacional é essencial para
complementar os esforços nacionais com vista à rigorosa aplicação do Plano de
Ação Internacional sobre o Envelhecimento, 2002. Por conseguinte, estimulamos a
1057
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Plano de ação internacional sobre
envelhecimento, 2002. Trad. Arlene Santos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos
Humanos,2003. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/programas/plano-de-
acao-internacional-para-o-envelhecimento>. Acesso em 18.12.2013. Em face da enorme dimensão
do texto apenas foi transcrito a declaração política do referido plano de ação internacional.
472
O potencial dos idosos constitui sólida base para o desenvolvimento futuro. Permite
à sociedade recorrer cada vez mais a competências, experiência e sabedoria dos
idosos, não só para tomar a iniciativa de sua própria melhoria, mas também para
participar ativamente na de toda a sociedade.
Artigo 11
Destacamos a importância das pesquisas internacionais sobre envelhecimento e
questões relacionadas com a idade, como importante instrumento para a formulação
de políticas relativas ao envelhecimento, baseadas em indicadores confiáveis e
uniformes, preparados, entre outras entidades, por organizações de estatísticas
nacionais e internacionais.
Artigo 12
As expectativas dos idosos e as necessidades econômicas da sociedade exigem
que possam participar na vida econômica, política, social e cultural de suas
sociedades. Os idosos devem ter a oportunidade de trabalhar até quando queiram e
de serem capazes de assim o fazer, no desempenho de trabalhos satisfatórios e
produtivos e de continuar a ter acesso à educação e aos programas de capacitação.
A habilitação de idosos e a promoção de sua
plena participação são elementos imprescindíveis para um envelhecimento ativo. É
preciso oferecer sistemas adequados e sustentáveis de apoio social a pessoas
idosas.
22
Artigo 13
Destacamos a responsabilidade primordial dos governos de promover e prestar
serviços sociais básicos facilitando seu acesso, tendo presentes as necessidades
específicas dos idosos. Para isso, temos que trabalhar com as autoridades locais, a
sociedade civil, incluídas as organizações não governamentais, o setor privado, os
voluntários e as organizações de voluntários, os próprios idosos e as associações de
idosos dedicadas a eles, bem como com as famílias e as comunidades.
Artigo 14
Reconhecemos a necessidade de conseguir progressivamente a plena realização do
direito de todos de desfrutar do mais alto grau de saúde física e mental que possam
obter. Reafirmamos que alcançar o mais alto grau possível de saúde é objetivo
social de suma importância no mundo inteiro, e para que se torne realidade, é
preciso adotar medidas em muitos setores sociais e econômicos fora do setor da
saúde. Comprometemos a proporcionar aos
idosos acesso universal e em condições de igualdade à assistência médica e aos
serviços de saúde, tanto de saúde física como mental, e reconhecemos que têm
aumentado as necessidades de uma população que envelhece, por isso é preciso
adotar novas políticas, especialmente em matéria de assistência e tratamento,
promover meios de vida saudáveis e ambientes propícios. Favorecemos a
independência e a integração dos idosos e suas possibilidades
de participar plenamente em todos os aspectos da sociedade. Reconhecemos a
contribuição dos idosos para o desenvolvimento mediante sua função de zeladores.
Artigo 15
Reconhecemos a importância da função das famílias, dos voluntários, das
comunidades, das organizações de idosos e outras organizações de base
comunitária para prestar aos idosos apoio e cuidados informais complementarias
aos proporcionados pelos governos.
Artigo 16
Reconhecemos a necessidade de fortalecer a solidariedade entre as gerações e as
474
A ASSEMBLEIA GERAL,
1058
O Canadá recorda suas notas de rodapé anteriores por meio das quais manifestou suas reservas
sobre a redação da Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos.
(...)
1059
Os Estados Unidos vêm se opondo de maneira sistemática à negociação de novos instrumentos
juridicamente vinculantes sobre os direitos do idoso. Reiteramos nossas inveteradas (...)
1060
Para a Jamaica, a Convenção não deve ser interpretada em detrimento do princípio da
inviolabilidade da vida, protegido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, (...)
1061
O Governo da República da Nicarágua, na função de garantidor da promoção e proteção dos
direitos humanos de todos os seus cidadãos, dispõe de um sistema jurídico de base constitucional,
que (...)
1062
O Governo peruano, levando em consideração a importância do projeto de Convenção, informa
que continua analisando as implicações econômicas e de outra índole relativas (...)
1063
A República Bolivariana da Venezuela promove, respeita e garante os direitos humanos
consagrados no Sistema Interamericano e Internacional; no entanto, considera que os órgãos (...)
1064
A Delegação do Paraguai informa que formulará reservas a respeito de determinados conteúdos
da Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, atendendo a (…)
476
RESOLVE:
1. Aprovar a seguinte Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos
Humanos dos Idosos:
PREÂMBULO
1065
Disponível em: http://www.ampid.org.br/v1/wp-content/uploads/2014/08/convenção-
interamericana-sobre-a-proteção-dos-direitos-humanos-dos-idosos-OEA.pdf.acesso em: 06/07/2015.
477
CAPÍTULO I
OBJETIVO, ÂMBITO DE APLICAÇÃO E DEFINIÇÕES
Artigo 1º
Objetivo e âmbito de aplicação
O disposto na presente Convenção não deve ser interpretado como uma limitação a
direitos ou benefícios mais amplos ou adicionais reconhecidos pelo direito
internacional ou pelas legislações internas dos Estados Partes em favor do idoso.
Artigo 2º
Definições
―Idoso que recebe serviços de cuidado de longo prazo‖: Pessoa que reside
temporária ou permanentemente em um estabelecimento regulado, seja público,
privado ou misto, no qual recebe serviços sociossanitários integrais de qualidade,
incluindo as residências de longa estadia, que proporcionam esses serviços de
atenção por tempo prolongado ao idoso com dependência moderada ou severa que
não possa receber cuidados em seu domicílio.
CAPÍTULO II
PRINCÍPIOS GERAIS
Artigo 3º
CAPÍTULO III
DEVERES GERAIS DOS ESTADOS PARTES
Artigo 4º
CAPÍTULO IV
DIREITOS PROTEGIDOS
Artigo 5º
Igualdade e não discriminação por razões de idade
Artigo 6º
Direito à vida e à dignidade na velhice
Artigo 7º
Direito à independência e à autonomia
Artigo 8º
Direito à participação e integração comunitária
O idoso tem direito à participação ativa, produtiva, plena e efetiva dentro da família,
da comunidade e da sociedade para sua integração em todas elas.
483
Artigo 9º
Direito à segurança e a uma vida sem nenhum tipo de violência
O idoso tem direito à segurança e a uma vida sem nenhum tipo de violência, a
receber um tratamento digno e a ser respeitado e valorizado, independentemente da
raça, cor, sexo, idioma, cultura, religião, opinião política ou de outra índole, origem
social, nacional, étnica, indígena e identidade cultural, posição socioeconômica,
deficiência, orientação sexual, gênero, identidade de gênero, sua contribuição
econômica ou qualquer outra condição.
O idoso tem direito a viver uma vida sem nenhum tipo de violência e maus-tratos.
Para os fins desta Convenção, se entenderá por violência contra o idoso qualquer
ação ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico
ao idoso, tanto no âmbito público como no privado.
Artigo 10º
Direito a não ser submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes
O idoso tem direito a não ser submetido a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanas ou degradantes.
Artigo 11
Direito a manifestar consentimento livre e informado no âmbito da saúde
485
Nos casos de emergência médica que ponham em risco a vida e quando não for
possível obter o consentimento informado, poderão ser aplicadas as exceções
estabelecidas em conformidade com a legislação nacional.
Artigo 12
Direitos do idoso que recebe serviços de cuidado de longo prazo
Para garantir ao idoso o gozo efetivo de seus direitos humanos nos serviços de
cuidado de longo prazo, os Estados Partes se comprometem a:
b) Incentivar que esses serviços contem com pessoal especializado que possa
oferecer uma atenção adequada e integral e prevenir ações ou práticas que
possam produzir dano ou agravar a condição existente.
e) Adotar medidas adequadas, quando cabível, para que o idoso que esteja
recebendo serviços de cuidado de longo prazo conte com serviços de
cuidados paliativos que abranjam o paciente, seu entorno e sua família.
Artigo 13
Direito à liberdade pessoal
Artigo 14
Direito à liberdade de expressão e opinião e ao acesso à informação
Artigo 15
Direito à nacionalidade e à liberdade de circulação
Artigo 16
Direito à privacidade e à intimidade
O idoso tem direito a não ser objeto de agressões contra sua dignidade, honra e
reputação, e à privacidade nos atos de higiene pessoal ou nas atividades que
realize, independentemente do âmbito em que se desenvolvam.
Artigo 17
Direito à seguridade social
Todo idoso tem direito à seguridade social que o proteja para levar uma vida digna.
Artigo 18
Direito ao trabalho
Artigo 19
Direito à saúde
O idoso tem direito à saúde física e mental, sem nenhum tipo de discriminação.
Artigo 20
Direito à educação
Artigo 21
Direito à cultura
Artigo 22
Direito à recreação, ao lazer e ao esporte
Artigo 23
Direito à propriedade
Todo idoso tem direito ao uso e gozo de seus bens e a não ser privado deles por
motivos de idade. A lei pode subordinar tal uso e gozo ao interesse social.
Nenhum idoso pode ser privado de seus bens, salvo mediante o pagamento de
indenização justa, por razões de utilidade pública ou de interesse social, nos casos e
na forma estabelecidos pela lei.
Artigo 24
Direito à moradia
Artigo 25
Direito a um meio ambiente saudável
O idoso tem direito a viver em um meio ambiente saudável e a contar com serviços
públicos básicos; nesse sentido, os Estados Partes adotarão as medidas pertinentes
para salvaguardar e promover o exercício deste direito, entre elas:
494
Artigo 26
Direito à acessibilidade e à mobilidade pessoal
Artigo 27
Direitos políticos
O idoso tem direito a votar livremente e ser eleito, devendo o Estado facilitar as
condições e os meios para o exercício desses direitos.
Os Estados Partes garantirão ao idoso uma participação plena e efetiva no que diz
respeito a seu direito ao voto e adotarão as medidas pertinentes para:
Artigo 28
Direito de reunião e de associação
Artigo 29
Situações de risco e emergências humanitárias
Artigo 30
Igual reconhecimento como pessoa perante a lei
Artigo 31
Acesso à Justiça
O idoso tem direito a ser ouvido, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra
ele, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de ordem civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
A atuação judicial deverá ser particularmente expedita nos casos em que esteja em
risco a saúde ou a vida do idoso.
CAPÍTULO V
TOMADA DE CONSCIÊNCIA
Artigo 32
CAPÍTULO VI
MECANISMO DE ACOMPANHAMENTO DA CONVENÇÃO
E MEIOS DE PROTEÇÃO
Artigo 33
Mecanismo de Acompanhamento
Artigo 34
Conferência de Estados Partes
Artigo 35
Comitê de Peritos
O Comitê de Peritos será integrado por especialistas designados por cada um dos
Estados Partes na Convenção. O quórum para as reuniões será estabelecido em
seu regulamento.
Artigo 36
Sistema de petições individuais
Além disso, todo Estado Parte poderá, no momento do depósito de seu instrumento
de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento
posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos para receber e examinar as comunicações em que um Estado
Parte alegue que outro Estado Parte incorreu em violações dos direitos humanos
estabelecidos na presente Convenção. Nesse caso, serão aplicadas todas as
normas de procedimento pertinentes contidas na Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
501
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 37
Assinatura, ratificação, adesão e entrada em vigor
Esta Convenção está sujeita à ratificação por parte dos Estados signatários de
acordo com seus respectivos procedimentos constitucionais. Os instrumentos de
ratificação ou adesão serão depositados na Secretaria-Geral da Organização dos
Estados Americanos.
Para cada Estado que ratificar a presente Convenção, ou a ela aderir, após o
depósito do segundo instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em
vigor no trigésimo dia a partir da data em que tal Estado tenha depositado o
instrumento correspondente.
Artigo 38
Reservas
Artigo 39
Denúncia
Artigo 40
Depósito
Artigo 41
Emendas
NOTAS DE RODAPÉ
1. (...) O Canadá não endossa o texto final adotado mediante esta resolução. O
Canadá manifestou reiteradamente sua preocupação de que os esforços para
colocar em prática esta convenção duplicariam as atividades que realiza o Grupo de
Trabalho Aberto da ONU sobre Envelhecimento. O Canadá sustenta que a referida
convenção dificultará, desnecessariamente, o trabalho realizado pelos sistemas
internacionais de monitoramento dos direitos humanos, além de duplicar o
monitoramento dos direitos humanos do idoso. O Canadá continuará a trabalhar
com a OEA e seus Estados membros, de maneira prática, para a promoção dos
direitos do idoso.
503
LIVRO V
DA TUTELA PROVISÓRIA
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
TÍTULO III
.............................................................................................................
Art. 303-A. Nas ações visando à tutela de direitos fundamentais de idosos ou
de outros grupos vulneráveis, o juiz, quando possível, concederá tutela
antecipada até mesmo de ofício.
PARTE ESPECIAL
LIVRO I
TÍTULO I
CAPÍTULO X
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença
em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias (texto legal).
Art. 366-A. Na hipótese de ação em que figura como parte ou interveniente
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, a sentença deverá
ser prolatada, no prazo de um ano, a contar da distribuição, podendo ser
prorrogado, o prazo, por igual período, na ação complexa, com despacho
fundamentado do juiz.
§ 1º No caso da ação prevista no inciso anterior não se findar no prazo legal e
transitar em julgado na primeira instância, caberá ao juiz tomar a providência
preconizada no artigo 1.024, incisos de IV a VI.
505
TÍTULO II
DOS RECURSOS
CAPÍTULO II
DA APELAÇÃO
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA
O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Seção II
Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
Art. 1º......................................................................................................................
..............................................................................................................................
Art.63-B ...............................................................................................................
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-173 DIVULG 03-09-2013 PUBLIC 04-09-2013
Parte(s)
Ementa
1066
Vide primeira parte, item 6.2. Do direito aos alimentos.
510
Decisão
RE 580963 / PR - PARANÁ
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 18/04/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-225 DIVULG 13-11-2013 PUBLIC 14-11-2013
Parte(s)
Ementa
1067
Vide primeira parte, item 6.2 Do direito aos alimentos.
512
Decisão