Entrevista e Questionario - Mila...
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Entrevista e Questionario - Mila...
Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2019
Emília Fenias Covane
Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2019
Índice
Conclusão .......................................................................................................................................13
Introdução
A colecta de dados é o processo de recolhimento de informações para uso secundário por meio de
técnicas e instrumentos específicos. O presente trabalho da cadeira de Práticas Pedagógicas
Gerais subordina-se o tema: Entrevista e questionário como técnicas de colecta de dados na sala
de aulas. A colecta de dados é de grande importância na elaboração da pesquisa científica,
portanto, é necessário se manter alguns cuidados para que se possa garantir a fidedignidade dos
resultados.
Para a materialização deste trabalho recorremos à revisão de literatura, que consistiu na pesquisa
em obras de autores que citamos no interior do trabalho e na última página. Este trabalho é de
relevante importância, na medida em que o mesmo fornece-nos subsídios teóricos para a
construção do nosso conhecimento, com vista a sua implementação no nosso quotidiano.
1.1. Entrevista
O termo entrevista é construído a partir de duas palavras, entre e vista. Vista referese ao acto de
ver, ter preocupação com algo. Entre indica a relação de lugar ou estado no espaço que separa
duas pessoas ou coisas. Portanto, o termo entrevista refere-se ao acto de perceber realizado entre
duas pessoas.
A entrevista é um dos instrumentos de coleta de dados considerada como sendo uma forma
racional de conduta do pesquisador, previamente estabelecida, para dirigir com eficácia um
conteúdo sistemático de conhecimentos, de maneira mais completa possível, com o mínimo de
esforço de tempo.
Segundo ARNOLDI (2006 p. 87), em relação aos outros instrumentos de colecta de dados, a
entrevista apresenta as seguintes vantagens:
Cumpre um papel estratégico na previsão de erros, por ser uma técnica flexível, dirigida e
econômica que prevê, antecipadamente, os enfoques, as hipóteses e outras orientações
úteis para as reais circunstâncias da investigação, de acordo com a demanda do
entrevistado, propiciando tempo para a preparação de outros instrumentos técnicos
necessários para a realização, a contento, da entrevista.
RIBEIRO (2008, p. 147) aponta como vantagens da utilização da entrevistana sala de aula, a
flexibilidade na aplicação, a facilidade de adaptação de protocolo, viabilizar a comprovação e
esclarecimento de respostas, a taxa de resposta elevada e o facto de poder ser aplicada a pessoas
não aptas à leitura.
Além das vantagens apresentadas, GIL (1999 p.118) considera que, se comparada com o
questionário, que também é bastante utilizada na sala de aulas, a entrevista apresenta outras
vantagens:
possibilita a obtenção de maior número de respostas, posto que é mais fácil deixar de
responder a um questionário do que negar-se a ser entrevistado;
oferece flexibilidade muito maior, posto que o entrevistador pode esclarecer o significado
das perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às circunstâncias em que se
desenvolve a entrevista;
possibilita captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade de voz e
ênfase nas respostas.
É importante ressaltar que, apesar das vantagens apresentadas, a entrevista, por si só, não garante
a fidelidade dos dados e informações colectadas. Ela deve ser utilizada em conjunto com outros
instrumentos de colecta de dados para que os resultados esperados possam ser fidedignos e
retratarem realmente o universo no qual está inserido o objecto da pesquisa.
RIBEIRO (2008, p. 151) identifica como pontos fracos da técnica: o custo elevado, o consumo de
muito tempo na aplicação, a sujeição à polarização do entrevistador, a não garantia do anonimato,
a sensibilidade aos efeitos no entrevistado, as características do entrevistador e do entrevistado, o
treinamento especializado que requer, as questões que direcionam a resposta.
Todas estas limitações intervêm na qualidade da entrevista, mas muitas delas podem ser
contornadas pelo entrevistador, visto que o sucesso desta técnica depende fundamentalmente do
nível da relação pessoal entre entrevistador e entrevistado.
Segundo GIL (1999, p. 120), as entrevistas podem ser classificadas em: informais, focalizadas,
por pautas e formalizadas.
A entrevista focalizada é tão livre quanto a anterior; todavia, enfoca um tema bem específico,
quando, ao entrevistado, é permitido falar livremente sobre o assunto, mas com o esforço do
entrevistador para retomar o mesmo foco quando ele começa a desviar-se. É bastante empregado
em situações experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma experiência vivida em
condições precisas. Também é bastante utilizada com grupos de pessoas que passaram por uma
experiência específica, como assistir a um filme, presenciar um acidente etc.
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O tipo de entrevista por pautas apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma
relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. As
pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas
diretas e deixa o entrevistado falar livremente, à medida que reporta às pautas assinaladas.
Algumas das principais vantagens em se utilizar a entrevista estruturada, estão na sua rapidez e
no fato de não exigirem exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica em custos
relativamente baixos. Outra vantagem é possibilitar a análise estatística dos dados, já que as
respostas obtidas são padronizadas, mas isto ocasiona em contrapartida, na não possibilidade de
análise dos dados com uma maior profundidade.
A entrevista pode assumir diferentes formas, mas, independente da forma, cada uma delas exige
do entrevistador habilidade e diversos cuidados na sua condução. Por este motivo, torna-se difícil
determinar qual é a melhor maneira para se conduzir uma entrevista, porque dependerá sempre
dos seus objectivos, assim como das circunstâncias que a envolvem.
Segundo ARNOLDI (2006, p. 80), a complexidade da aplicação de uma entrevista tem seu início
na análise inicial de todo um contexto externo em que se insere tanto o entrevistado quanto o
tema em estudo.
Mesmo que não seja da vontade do entrevistador e do entrevistado, ocorrerão influências locais,
sociais e culturais sobre os dados decorrentes da investigação científica. Torna-se, portanto,
imprescindível a visualização por parte do entrevistador, do contextoexterno, cultural e histórico
em que o sujeito a ser pesquisado está inserido, podendo prosseguir ou iniciar a coleta de dados,
somente após essa averiguação, para que não se perca em caminhos transversos.
O pesquisador que se arriscar a utilizar a entrevista sem estar devidamente preparado para
conduzi-la estará fadado ao fracasso, pois seus resultados não terão nenhuma ou quase nenhuma
validação e pouco acrescentarão à ciência.
Um ponto importante que deve ser observado com muito cuidado é o aspecto ético da entrevista.
Hossne, (1998) apud ARNOLDI (2006, p. 83), afirmam que
poucas pessoas têm competência para entender a lógica da entrevista. Por isso,
só o consentimento esclarecido do participante não é suficiente”. Segundo os
autores, “a palavra consentimento implica em uma ideia de atitude tomada por
livre e espontânea vontade, mas não com pleno conhecimento dos factos.
A expressão “consentimento esclarecido” implica que o consentimento deve ser obtido pelo
entrevistador não só após a informação ter sido passada ao entrevistado, mas também após o
esclarecimento, pois esclarecer é muito mais do que simplesmente informar.
Deixar o entrevistado à vontade, criar, desde o primeiro momento, uma atmosfera de cordialidade
e simpatia é de extrema importância para o sucesso da entrevista. O entrevistado deve sentir-se
absolutamente livre de qualquer coerção, intimidação ou pressão. Desta forma, torna-se possível
estabelecer o rapport (quebra de gelo) entre entrevistador e entrevistado.
RICHARDSON (1999, p. 216) apresenta algumas instruções para auxiliar a quem não tem
experiência no processo de entrevista:
Estas instruções não são ordens a serem cumpridas pelo entrevistador; são apenas alguns pontos
que podem ajudar a iniciar um diálogo construtivo e aspectos que o entrevistado tem direito de
conhecer.
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1.2. Questionário
MARCONI & LAKATOS (2003, p. 100) apontam cuidados na elaboração dos questionários, tais
como forma, extensão, facilidades para seu preenchimento, clareza, estrutura lógica, entre outros.
Em relação ao tipo de questões, esses mesmos autores sugerem que elas podem variar de acordo
com o objectivo da pesquisa, podendo ser abertas, cuja característica é permitir respostas com
linguagem e opiniões próprias, sem limitarem a escolha entre um rol de alternativas; de múltipla
escolha, onde se pode optar por uma das alternativas, ou por determinado número permitido de
opções; fechadas ou dicotómicas, que apresentam apenas duas opções de respostas - sim/não;
concordo/não concordo; gosto/não gosto.
Assim, na sala de aulas, o questionário servirá para colectar as informações da realidade acerca
do processo de ensino e aprendizagem.
possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área
geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;
implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento
dos pesquisadores;
garante o anonimato das respostas;
permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente;
não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do
entrevistado.
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exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias, conduz a
graves deformações nos resultados da investigação;
impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou
perguntas;
impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser
importante na avaliação da qualidade das respostas;
não oferece a garantia de que a maioria das pessoas devolvam-no devidamente
preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da
amostra;
envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que
questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de nãoserem respondidos;
proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter
significados diferentes para cada sujeito pesquisado.
a) Componentes do questionário
A determinação das informações a serem buscadas deve fluir naturalmente neste momento do
processo, desde que as etapas precedentes da pesquisa tenham sido meticulosamente elaboradas.
O desenvolvimento do questionário está ligado à formulação exata do problema a ser pesquisado
e ao objetivo da pesquisa
Em relação ao conteúdo das perguntas, pode-se tentar verificar factos, crenças quanto à factos,
crenças quanto a sentimentos, descoberta de padrões de acção e de comportamento presente ou
passado dos alunos.
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Conclusão
A importância da entrevista como instrumento de colecta de dados na sala de aulas está ligada ao
facto de que, por meio do relato verbal, apreendem-se o nível de conhecimento, as crenças, as
motivações, as expectativas, os planos e as atitudes dos alunos e professores, pois, trata-se de um
diálogo assimétrico em que uma das partes busca colectar informações da(s) outra(s). Pelo seu
nível de estruturação, as entrevistas apresentam categorias variadas. Pode-se considerar dentre as
modalidades, a entrevista informal, aberta, não dirigida ou espontânea cujo objectivo é
eminentemente exploratório e não segue roteiro preestabelecido, ou pode ser alterado, sem
prejuízo metodológico.
Um questionário é um conjunto de perguntas que se faz para obter informação com algum
objectivo em concreto. O questionário é um dos instrumentos maus utilizados. Sua linguagem é
simples e directa para que o participante entenda de forma clara. O questionário completo é
composto por uma carta de explicação, dados gerais do respondente e as questões a serem
respondidas. Tais questões podem objectivas ou assertivas.
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Referências bibliográficas
ARNOLDI, M. A. G. C. “A entrevista na pesquisa qualitativa: mecanismos para a validação dos
resultados”. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2006.
GIL, Antonio Carlos. “Métodos e técnicas de pesquisa social”. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
RICHARDSON, Roberto Jarry. “Pesquisa social: métodos e técnicas”. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1999.