Tipos Vegetais Aplicados Ao Paisagismo: Eu Rico João Salviatí
Tipos Vegetais Aplicados Ao Paisagismo: Eu Rico João Salviatí
Tipos Vegetais Aplicados Ao Paisagismo: Eu Rico João Salviatí
9
cada trecho da área a ser tratada, particularm ente os tipos de solo e as variações
de umidade e iluminação, fatores que irão influir decisivamente na escolha de
finitiva das espécies.
Por esta razão é conveniente adotar uma classificação com a qual se possa
trabalhar nesta fase inicial de predefinição do estudo de vegetação dentro do
projeto. A classificação mais comum de tipos vegetais utilizada na prática
refere-se a uma definição que leva em conta exclusivamente o tipo de caule
vegetal. Assim, as árvores são plantas providas de um tipo de caule resistente e
lenhoso, que se ramifica a uma certa altura do nível do solo, enquanto que os
arbustos possuem caule lenhoso, geralmente ramificado desde sua base. Os
subarbustos possuem caule apenas parcialmente lenhosos, pois seu
prolongamento é herbáceo, enquanto as trepadeiras caracterizam-se por seu
caule sempre pronto a se desenvolver e se apoiar sobre outras estruturas mais
resistentes. Plantas cujo caule é completamente desprovido de lenho são
consideradas herbáceas, independentemente de sua forma e tamanho: diversas
musáceas como as helicônias ou as bananeiras, por exemplo, são consideradas
herbáceas, da mesma forma que qualquer pequena erva rasteira.
10
ainda assim apresentam entre si diferenças tais que não podem ser inteiramente
desprezadas.
QUADRO:
TREPADEIRAS: Plantas de
caule não autoportante, que 4 TREPADEIRAS
crescem apoiadas em outras
estruturas.
PLANTAS ARBUSTIVAS:
Plantas até a altura de 5 ou 6
metros, caule em geral <: * d rt iç t o q
subdividido junto ao nível do
solo, resistente ao m enos
parcialmente.
PLANTAS HERBACEAS:
Plantas de caule não resistente,
7. FORRAÇÕES: Plantas herbáceas, rasteiras, geralmente em comunidades
herbáceo, com altura raramente
densamente enraizada, com altura até 30 cm,
acima de 1 metro.
aproximadamente, que não admitem pisoteio.
11
á M rtZ t*
fis& vjtíto
u » e« ^ jstã íP ^ í
s ^ U tA O
ÁRVORES
12
distinguir as árvores das coníferas e palmeiras por considerar que elas
desempenham funções diferenciadas na paisagem, pois a árvore pode ser
pensada como um verdadeiro teto vegetal, provido de um suporte único,
permitindo franca transparência para um observador localizado próximo a sua copa.
altura até 8 m 8 a 15 m + de 15 m
diâmetro até 6 m 6 a 12 m + de 12 m
13
forma específica da árvore é aquela adotada quando a mesma se desenvolve
isoladamente em condições de plena insolação.
A forma de uma árvore quando plenam ente desenvolvida, poderá ser atribuída
ao resultado da combinação de duas variáveis: o tipo de fuste e a forma de sua
copa, a qual se relaciona intimamente com a estrutura e a conformação de seus
ramos. O fuste é geralmente definido como sendo a porção do caule que
permanece não subdividido. Para efeito do que interessa ao paisagismo pode ser
definido como sendo a porção de caule que se apresenta visualmente liberado,
desobstruído da folhagem da copa, não interessando muito onde se inicia sua
divisão. Pode se considerar como baixo o fuste com até 2,5 metros, médio o que
tem sua altura entre 2,5 e 4 metros, e alto o que atinge mais de 4 metros.
14
O sombreamento proporcionado por uma árvore está relacionado principalm en
te com a densidade de sua folhagem, em função da qual a sombra projetada
poderá ser densa, média ou rala. No caso da copa densa os raios de sol não
chegam praticamente a atravessar a folhagem e o sombreamento provocado não
permite o desenvolvimento de gram a ou forrações na projeção da copa. E o
caso, por exemplo, da m unguba (Pachira aquaíica) ou do amendoim-bravo
(Pterogine nitens). Abaixo da copa das árvores de sombra média pode ocorrer o
crescimento de plantas umbrófilas, sendo ainda considerável a proteção
proporcionada pelo sombreamento que produz, como acontece com o pau-ferro
(Caesalpinea ferrea), com o pequi (iCaryocar brasiliensé) ou com a sucupira-
branca (Pterodon pubescens), enquanto no caso de sombra rala esta proteção
torna-se pouco eficiente, como podemos ver, por exemplo, no angico
(Piptadenia macro carpa). As árvores com pouca densidade de folhagem podem
ser muito úteis em situações onde se necessita de proteção contra a insolação,
especialmente sol poente, sem obstruir muito o visual, pois a folhagem pouco
densa chega a propiciar uma certa transparência que pode ser muito útil quando
se quer proporcionar algum sombreamento sem comprometer totalmente as
visuais de maior interesse.
16
caso, tirar partido plástico das formas caprichosas e esculturais que poderão
surgir, como acontece com algumas figueiras. Contudo é preciso se considerar
que mesmo as árvores de raízes profundas, em especial as de maior porte, po
dem desenvolver raízes robustas próximo à superfície do solo, tornando-se um
problem a sério para as fundações dos edifícios ou para suas canalizações externas.
Folhagens, flores e frutos: Pode parecer irrelevante fazer distinções entre o as
pecto da folhagem das árvores, pois observando-se a paisagem, as massas vege
tais por elas compostas são até certo ponto uniformes ou muito pouco diferenci
adas, especialmente em nosso clima tropical, onde nem mesmo a variação das
estações chega a produzir sensível modificação no aspecto da massa foliar,
principalm ente nas regiões onde a estação seca não é muito pronunciada. E ntre
tanto, na pequena escala dos espaços livres bem delimitados e de tamanho re
17
duzido, detalhes menores como a textura da copa e as nuances de coloração da
folhagem podem assumir importância significativa na caracterização do espaço.
Além destes quatro tipos de textura poderíamos acrescentar outros, mais especí
ficos, entre os quais o mais significativo é o das árvores com folhas pingentes,
como por exemplo o salgueiro chorão (Salix babylonica) onde o aspecto da copa
é tão singular que a diferencia nitidamente dos outros tipos.
A coloração das folhas, embora sendo um aspecto de m aior perm anência que a
floração, está longe de ter o mesmo efeito visual. A cor das folhas das árvores
não chega mesmo a ser tão variada e atrativa quanto as dos arbustos, onde é
muito comum a ocorrência de diferentes tipos de pigmentação. Podemos citar
seis tonalidades diferentes mais comuns para as folhas das árvores: verde-mé
dio, verde-escuro, verde-esbranquiçado, verde-acinzentado, verde-amarelado,
verde-variegado, além da coloração prateada que é bastante típica, por exemplo,
no eucaliptus argentino (Eucalyptus cinerea). O brilho também pode contribuir
muito para distinguir as folhas, como no Ficus benjam im , uma pequena árvore
muito utilizada em paisagismo.
São raros os trabalhos de paisagismo onde se nota uma atenção especial para a
textura e coloração das folhagens. Raramente o nível de preocupação vai muito
pouco além do uso da vegetação, baseado em seus aspectos de forma e volume e,
quando muito leva-se também em conta a época e cor da floração. Isto não deixa
18
de ser uma forma de empobrecimento, pela redução dos recursos disponíveis,
deixando-se de lado aqueles que exigiriam um conhecimento mais aprofundado
e maiores sutilezas no seu tratamento.
Portanto, uma primeira distinção que se pode fazer em relação ao tipo de flora
ção das árvores diz respeito ao fato de serem visualmente atraentes ou não. Um
outro aspecto a se considerar é o que se refere à época e persistência da floração.
Como as flores e frutos constituem importantes recursos alim entares para a
fauna, é de se esperar uma certa distribuição de diferentes florações e frutifica
ções ao longo do ano, o que efetivamente ocorre, embora com m aior abundância
em certos períodos, em função da variação climática. Espécies com floração
contínua ao longo do ano constituem exceções, sendo mais comum que o flo
rescimento ocorra em períodos determinados para cada espécie, embora possam
acontecer variações de um ano para outro.
Aqui também é importante fazer uma distinção entre árvores em que a floração
dura períodos mais ou menos longos (sibipiruna, cambuí), daquelas onde a flo
ração irrompe toda ao mesmo tempo, de forma espetacular, com rápida duração
(ipê, flamboian). Este efeito pode ser bastante acentuado no caso de árvores que
perdem todas as suas folhas antes de florescer. O conhecimento preciso das épo
cas de florescimento pode ser muito útil para que se possa program ar a ocor
rência de floradas sucessivas, possibilitando uma variação de diferentes efeitos e
combinação de cores ao longo do ano todo.
19
nuances do espectro visível estão nelas representadas. Entretanto certas colora
ções são mais comuns em nossa flora, onde os tons de amarelo e azul são pre
dominantes, enquanto espécies com flores vermelhas ou alaranjadas, por exem
plo, são bem menos freqüentes, o que de certa forma explica o sucesso, entre
nós, de algumas espécies exóticas, tais como o flamboian e a espatódea
(Spatodea campanulatá).
CONÍFERAS
20
ção do fruto feminino, um cone formado por escamas resistentes e lenhosas,
onde se encaixam as sementes nuas, estes são alguns dos aspectos mais
importantes da conífera típica. Porém é im portante salientar que existem muitos
casos de exceção e as características citadas nem sempre comparecem em todas
as espécies, servindo para referenciar o grupo apenas quando tomadas em seu
conjunto.
21
latifoliadas. As formas arbustivas, que existem em grande profusão, são na ver
dade variedades das espécies nativas comuns, geralmente criadas em viveiros a
partir do cultivo intensivo das plantas originais, e denominadas cultivares. Não
se encontram, entre as plantas tropicais cultivadas, uma igual quantidade de es
pécies arbustivas baixas, tão variadas em cores e texturas, e que, além disso, te
nham um crescimento lento a ponto de dispensar podas freqüentes e replantios.
Embora a conífera típica tenha sua altura de fuste praticam ente desprezível, es
pecialmente quando jovem, existe uma certa variação entre os tipos de fuste en
contrados nas plantas que atingem sua m aturidade, de tal forma que podemos
adotar em relação às coníferas o mesmo critério adotado para as árvores:
Relativamente à copa é preciso lembrar que não são raras as formas amplas ou
muito irregulares. Formas em chapéu de sol também, embora não muito co
muns, existem em espécies muito importantes para o paisagismo como, por
exemplo, o Pinas pinea, um tipo de pinheiro italiano cuja forma de certo modo
se assemelha com a da Araucaria angustifolia, o nosso pinheiro-do-Paraná.
Mais comuns, entretanto, são formas regulares e simétricas, entre as quais po
demos citar as do tipo colunar, as cônicas e aquelas em forma de morro. Com
binadas com os diferentes tipos de fustes que começam a surgir nas espécies que
perdem seus ramos inferiores com a idade, resultam formas das quais represen
tamos algumas das mais características:
22
freqüência as tonalidades são surpreendentes. Além dos matizes já citados para
as árvores latifoliadas ocorrem muitos outros, como as diferentes tonalidades de
azul, cinza, ferrugem, encontrando-se também folhagens douradas e prateadas.
Os frutos das coníferas, em geral, são cones de cor esverdeada, quando em for
mação, que se tomam castanhos ao am adurecer e raram ente chegam a ser visto
sos ou atraentes, embora em alguns casos tais frutificações possam ser real
mente extraordinárias como quando ocorrem tons amarelos ou avermelhados
que os destacam muito em contraste com as folhagens. Em alguns gêneros,
como nos teixos, ocorrem frutos semelhantes a bagas, vistosos e perfumados, de
uma brilhante coloração vermelha, mas que constituem casos de exceção.
PALMEIRAS
As palmeiras são plantas muito singulares pelo seu aspecto e únicas como ele
mento de destaque na paisagem. A palm eira típica tem seu caule esguio, vertical
ou inclinado, às vezes tortuoso, coroado por uma roseta de folhas grandes e
muito característica em forma de pena ou de leque, aspectos que as tornam in
substituíveis como elemento de referência e marcação da paisagem , utilizados
isoladamente ou em diversos tipos de agrupamentos. Entretanto, nem todas se
parecem com a palmeira típica: muitas espécies possuem troncos robustos, po
dem ter porte baixo ou ainda ocorrem em touceiras, existindo também as que se
comportam como trepadeiras.
24
FORMAS DAS PALMEIRAS (exemplos) 1. Tronco simples: 1.1 Arecastrum romanzoffianum (jerivá)
1.2 Caryota urens (rabo-de-peixe) 2. Tronco múltiplo: Euterpe oleracea (açaí) 3. Tronco inclinado:
Cocos nucifera (coqueiro-da- Bahia) 4. Tronco dividido: gênero Hyphaene.
25
muito pouco pronunciados (palmeira-imperial), com ranhuras no sentido
vertical (guariroba), fortemente anelada (jerivá), com espinhos (macaúba),
provida de remanescentes do pecíolo (Corypha) ou das próprias folhas falsa-
latânia (Livistona chinensis).
O tipo de caule naturalmente ram ificado é muito raro, mas pode ser induzido
em determinados tipos de palm eiras que, um a vez seccionadas, regeneram-se
produzindo ramificações. É importante ainda se fazer distinção entre palm eiras
de caule único e múltiplo, um a vez que têm efeitos muito diversos na paisagem:
uma palm eira que forma touceiras produz um efeito muito diferente das que
possuem caule único, chegando a lem brar um grande arbusto. Isto fica muito
claro quando comparamos duas palm eiras do mesmo gênero, a Cariota mitis
(entouceirada), com a Cariota urens (tronco único).
Folhas, flores e frutos: A distinção mais importante que se pode fazer entre as
folhas das palmeiras diz respeito ao tipo de disposição dos folíolos, que pode se
dar em forma de pena (folhas pinadas), como acontece na grande maioria dos
casos ou em forma de leque, às vezes bastante amplo e desenvolvido, dando as
sim origem às chamadas palm eiras-leque, com dois tipos diferentes: as de leque
fechado, mais raras, como a Licuala grandis, e as de leque-aberto, como as la-
tânias. Nas palmeiras mais comuns, de folhas pinadas, os folíolos são geral
mente estreitos, dando à copa um a aparência de grande leveza. Nos casos em
26
que as folhas apresentam folíolos mais largos, as palm eiras podem se tornar
muito elegantes e vistosas como, por exemplo, a pinanga (.Pinanga kuhlii) ou,
ainda, em gêneros mais raros, que podem ter folhas semelhantes às das bananeiras.
As flores das palm eiras, que geralmente não chegam a ter um grande signifi
cado ornam ental, agrupam -se em grandes cachos pendentes, com sua origem no
ponto de inserção das folhas no caule, nascendo sempre protegidas por uma
lâmina recurvada e dura denominada espádice. Quanto aos frutos, é importante
distinguir entre os ornam entais que podem ser muito significativos pelo seu co
lorido, e aqueles sem interesse ornamental, da mesma forma que é necessário
distinguir entre os comestíveis, em geral de extraordinária importância
econômica, e os não comestíveis. É usual na linguagem popular se utilizar o
termo "coqueiro" para designar as palmáceas, cujos frutos são comestíveis, re
servando a palavra "palmeira" apenas para aquelas ornam entais. Entretanto, é
bastante mais comum se utilizar "palmeira" para designar qualquer planta da
família das palmáceas, indistintamente, como também é usual se designar por
"coco" qualquer fruto das palmáceas, comestível ou não.
TREPADEIRAS
27
de fixação, expandem-se sobre ela, em geral com bastante rapidez, assumindo
sua forma. São, assim, plantas ideais para recobrir cercas, muros, pérgolas, co
lunas, arcos e em certos casos servir como forrações recobrindo o próprio solo.
Porte e hábito: No que diz respeito a seu hábito podemos considerar a existên
cia de três tipos de trepadeiras. No primeiro grupo estão plantas que não possu
em qualquer órgão específico de fixação, além de seus caules m uito longos, com
ramificações e folhagens cuja disposição lhes permite uma certa ancoragem em
outras plantas arbóreas e arbustivas, a qual vai se consolidando cada vez mais
com seu crescimento. Esta ancoragem pode ser facilitada pela existência de es
pinhos nos caules ou nas folhas ou ainda pela adaptação de determinadas peças
da planta, vindo a constituir órgãos muito rudimentares de fixação como é o
caso de folhas pegajosas ou em forma de ganchos.
28
As trepadeiras têm uma grande variação em relação ao porte, altura ou extensão
que podem atingir, sendo útil considerar a existência de três grupos: pequenas
trepadeiras, como a flor-de-cera (Hoya carnosa) ou a dama-da-noite (Cestrum
noturnum), que não atingem mais do que 2 ou 3 metros, em geral com cresci
mento um pouco lento, servindo para cercas, pilares e treliçados baixos; plantas
de porte médio, como o am or-agarradinho (Antigonon leptopus) e a lágrimas-
de-Cristo (Clerodendron thonsonae), boas para o revestimento de pergolados,
treliças ou muros com altura de um pé direito simples, com ramos que não vão
além de 5 ou 6 m de comprimento; trepadeiras grandes, como a sete-léguas
(Pandorea ricassolianá) ou a glicínia (Winsteria sinensis), com ramificações
m uito longas, que em algumas espécies podem ultrapassar os 40 m de extensão.
Neste último caso, como em geral tratam -se de plantas muito vigorosas, não se
aconselha sua utilização em espaços com dimensões muito limitadas.
TREPADEIRAS (exemplos) 1. Pequeno porte Hoya carnosa (flor de cera) 2. Médio porte
2.1 Arrabidea magnificat (arrabidea) 2.2 Tumbergia misoríensis (sapatinho-de-judeu) 3. Grande porte
- Pandorea ricassoliana (sete-léguas).
Já as flores de boa parte das trepadeiras são comumente muito vistosas, e consti
tuem a principal razão para o seu indiscutível sucesso no mundo das plantas
cultivadas. Em relação ao paisagismo é importante distinguir entre dois tipos de
floração diferentes, pois enquanto existem trepadeiras cujas flores ornamentam
a superfície externa de sua copa, como acontece na maioria dos casos, outras
29
tomam-se especialmente interessantes quando observadas por baixo, uma vez
que a floração ocorre em cachos pendentes, como, por exemplo, o sapatinho-de-
judeu (Thumbergia misoriensis).
ARBUSTOS
A forma peculiar dos arbustos, com seus diferentes caules aflorando junto ao
solo, permite a formação de conjuntos vegetais uniformes onde as plantas per
dem sua individualidade e passam a funcionar associadamente, o que pode ser
muito útil para a formação de sebes, maciços ou cortinas vegetais.
Porte e forma: quanto ao seu porte podem ser distribuídos em dois grupos: ar
bustos de porte baixo, com altura até 1 m, os quais, mesmo podendo constituir
uma forte barreira física, não chegam a obstruir consideravelmente o campo
visual e os de porte alto, acim a da altura mencionada, que além de barreira físi
ca são capazes de lim itar inteiram ente o campo visual. Embora a grande maio
ria dos arbustos de clim a tropical ultrapassem este limite de altura, existem
30
muitas espécies de porte naturalmente baixo como, por exemplo, a violeta-do-
cabo (Tlumber gia erecta) ou a salvia (Salvia splendens). Podem ainda ser en
contrados arbustos baixos entre as variedades anãs de plantas que normalmente
possuem porte maior, como acontece com as azaléias (Rhododendron), que pos
suem diversas variedades anãs e a rom anzeira (Punica), que possui a variedade
denom inada "nana”.
A forma dos arbustos varia muito de acordo com os tipos de caule, que podem
se apresentar inteiramente lenhosos ou apenas parcialmente, com o lenho guar
necendo somente sua porção inferior e dispondo assim de um prolongamento
31
herbáceo. A resistência do caule vegetal e também o tipo de ramificação que
apresenta, constituem os dois fatores que definem a forma adotada pelo arbusto
ao se desenvolver.
O arbusto típico é aquele cujos múltiplos caules são inteiram ente lenhosos e
voltam-se para cima, espalhando-se e desenvolvendo seus ramos mais ou menos
regularmente no espaço, como é, por exemplo, o caso dos hibiscos (Hibiscus
rosa sinensis). Quando os ramos se distribuem de m aneira bastante homogênea
temos como resultado uma forma que se assemelha aproxim adam ente a um le
que, como no caso das espirradeiras (Nerium oleander). Quando estes caules
crescem em direção acentuadamente vertical, como na cortina-de-pobre
(Polyscias balfouriana) temos a forma colunar. Os que se desenvolvem mais
horizontalmente ou lançam suas ramificações neste sentido, como a flor-de-São-
João (Euphorbia puleherrim a), constituem arbustos de forma espalhada ou ho
rizontal. Arbustos que dispõem de prolongamentos de caule herbáceos longos,
podem assumir a forma escandente e, dependendo da resistência da extremidade
superior do caule, ou de suas ramificações, podem assum ir a forma pendente,
bastante característica e atrativa.
32
kesiana), ou ainda as folhagens m anchadas por tons de vermelho, verde e
am arelo, tais como ocorrem nos diversos tipos de croton (Codiaeum variegatum).
AS PLANTAS HERBÁCEAS
33
por ervas cespitosas, que crescem horizontalmente sobre o terreno, muito resis
tentes ao pisoteio e às podas severas executadas rente ao solo, na sua grande
maioria pertencendo à família das gramíneas.
Estes três tipos de plantas podem ser reunidos em composições vegetais, fre
qüentemente utilizadas nos tratamentos paisagísticos de áreas relativamente
pouco extensas, quando se deseja um paisagismo colorido e diversificado, e se
pode garantir um alto nível de manutenção.
1. HERBÁCEAS
As plantas com ciclo de vida longo, também cham adas perm anentes, embora
muito raramente apresentem espécies com florações tão intensas e chamativas
quanto as anuais, são muito mais duráveis. Por este motivo são preferidas em
nosso clima, principalm ente no tratamento paisagístico de grandes áreas, onde a
substituição freqüente de espécies se tornaria proibitiva. Podem ser divididas em
dois grupos: as de folhagem persistente, que se mantém sempre providas de fo
lhas no decorrer do ano e as de folhagem caduca. Este segundo grupo é
constituído por plantas que em certa época do ano, por ocasião do inverno, ou
34
durante a estação seca, perdem completamente sua parte aérea, mantendo
órgãos subterrâneos vivos em estado de dormência, dos quais, na época
apropriada, brotarão novos rebentos.
Estes órgãos subterrâneos são de três tipos: os bulbos, que podem ser constituí
dos por uma série de camadas sobrepostas, como as cebolas, ou com sua porção
central maciça, apresentando escamas só na superfície exterior (cormo), tal
como se apresentam nos gladíolos. Os rizom as, caules que se desenvolvem hori
zontalm ente abaixo da superfície do solo, tornando-se espessos, emitindo raízes
e brotações e podendo assim se expandir para colonizar terrenos mais amplos,
como acontece com as espécies de íris ou com o copo de leite. Os tubérculos,
que podem ser de origem caulinar (túbera), como na batata inglesa e certos tipos
de begônias, ou radicular (soqueira), como por exemplo no caso das clívias.
Porte e forma: Providas de uma estrutura mais simples que as plantas arbóreas
e arbustivas, as hebáceas são de m enor porte, sendo que a maioria de suas espé
cies não atingem mais do que 1 m de altura. Muito poucas entre elas, como al
gumas espécies da família das musáceas (entre as quais as bananeiras e heli-
cônias), conseguem atingir um porte relativamente grande, podendo chegar a
mais de 5 m. Nestes casos, o reforço provido pelas bainhas das folhas, que se
enrolam formando um caule herbáceo bem estruturado, proporciona resistência
suficiente para que estas plantas assumam o porte comparável ao de uma pe
quena árvore.
A forma e estrutura das herbáceas é tão variada que apenas será possível dar al
guns exemplos mais comuns ou significativos. Além da estrutura, a forma vai
depender também dos tipos de folhas que podem ser exuberantes e vistosas.
35
grupo são as que se caracterizam pela singularidade da forma e dimensões de
suas folhagens, freqüentemente exibindo desenhos e coloridos surpreendentes,
como é o caso das aráceas e m arantáceas, que são plantas adaptadas a lugares
úmidos e sombreados, geralmente originárias das matas e florestas tropicais ou
temperadas.
A m aior parte das herbáceas não apresenta frutificações que sejam de interesse
ornam ental. Na verdade boa parte das herbáceas cultivadas é reproduzida vege-
tativam ente e nem chega a produzir frutos bem desenvolvidos ou com sementes
viáveis. Há, entretanto, notáveis exceções como no caso de algumas aráceas que
produzem frutos muito interessantes, compostos por um corpo em forma de es
piga, parcialm ente envolvido por uma capa recurvada, a espata. Muitas brome-
liáceas têm florações e frutificações vistosas e até comestíveis como por exemplo
o abacaxi, além de certas musáceas, como as helicônias, da mesma família à que
pertencem as bananeiras.
2. FORRAÇÕES
A altura da planta neste caso deve ser desprezível em relação à extensão da área
coberta, de tal maneira que a cobertura vegetal possa ser percebida mais como
elemento de superfície do que de volume, permitindo ao observador uma visão
de conjunto, ampla e desimpedida. As herbáceas erguidas, como foram defini
37
das anteriormente, podem também ser utilizadas para cobrir trechos mais ou
menos extensos de terreno, mas neste caso passam a ser vistas como maciços
vegetais, constituindo antes elementos de volume que de superfície.
Formas, folhas e flores: As forrações podem ser constituídas por uma enorme
variedade de plantas, às vezes muito diferentes entre si, gram íneas suculentas,
ervas prostradas, bulbosas, plantas anuais ou perenes, as quais, sempre de porte
rasteiro, podem ser utilizadas para constituir múltiplas composições de formas,
cores e texturas.
38
um-dia (.Hemerocallis), também com folhas alongadas, tem uma textura mais
grossa e suas flores, de pedúnculos alongados, formam um tapete colorido que
se estende sobre as folhagens desta forração.
Muito atraentes entre os diferentes tipos de forrações são aquelas que dispõem
de folhagens coloridas, e servem para estabelecer vivos contrastes com outras
espécies. A cotonária (Helichrysum petiolatum ), com sua cor prateada, a
Setcreasea purpúrea com sua vistosa coloração púrpura, a Hemigraphis color ci
ta, de uma incomparável coloração roxo-escura, ou ainda a brilhantina (Pilea
mus cosa), de tonalidade verde-clara bastante incomum, constituem algum as es
pécies indispensáveis quando se pretende obter uma composição de forrações
atraente e diversificada. Muito importantes também são as forrações que pos
suem florações vistosas e persistentes, sejam elas plantas persistentes, vivazes
ou mesmo anuais.
3. PISOS VEGETAIS
A maior parte das gramas cultivadas como pisos vegetais possui estolões ou ri-
zomas, que são prolongamentos horizontais do caule, subterrâneos ou superfi
ciais que, no caso dos estolões, enraízam nos nós e produzem novas plantas e,
tratando-se de rizomas, formam novas plantas nas suas extremidades. Em am
bas situações os gramados tornam-se densas comunidades de plantas que che
gam, como no caso da grama-batatais (Paspalum notatum), a cobrir rapida
mente o terreno disponível e ainda podem invadir os espaços vizinhos. Esta es
pécie é notável também por formar gramados que são resistentes ao fogo. Nativa
do cerrado a grama-batatais, por ocasião das queimadas, tem apenas sua parte
39
aérea afetada pelo fogo, mantendo-se viva abaixo da superfície do solo, pronta
para rebrotar tão logo as condições externas o permitam.
Folhas, flores e frutos: Entre as espécies mais comuns de pisos vegetais culti
vados, as principais variações no seu aspecto residem nas diferenças de colora
ção e textura. A coloração da folhagem se restringe a algumas tonalidades de
verde, raram ente apresentando variações mais significativas, como, por exem
plo, no caso da grama-inglesa, que tem uma variedade verde-amarela na espécie
denominada Stenotaphrum secundatum var. variegata, cujas folhas apresentam
listas longitudinais amareladas.
Diferenças de textura são mais notáveis, no caso das gramas, que se podem
apresentar com uma textura fina, como no caso da grama-bermudas (Cynodon
dactilon) ou da grama-coreana (Zoysia japonica), cujas folhas não chegam a 0,5 cm
de espessura, com textura média, como por exemplo a grama-batatais, com
folha de espessura até um máximo de 1,5 cm de largura, ou ainda com textura
grosseira, no caso de gramas com folhas mais largas que 1,5 cm, como por
exemplo a grama-de-folha-larga (Axonopus obtusifolia).
PLANTAS ATÍPICAS
40
Existem dois tipos de bambus: aqueles cujas touceiras crescem em tam anho e
densidade, mas se mantêm dentro de uma zona razoavelmente delim itada, e os
que possuem a propriedade de emitir extensos estolões por baixo da terra, for
mando touceiras muito abertas que ocupam grandes áreas de terreno. Algumas
gramíneas altas, como o capim-dos-Pampas ou Cortadeira sellowana, são muito
utilizadas em paisagismo e embora não sejam arbustos, produzem efeito similar
na paisagem.
As cactáceas são plantas suculentas que pertencem a uma família botânica bas
tante diferenciada, apresentando certas adaptações, tais como o caule inchado e
folhas transformadas em espinhos. Estas características reduzem ao extremo a
transpiração, o que as torna plantas muito adequadas à sobrevivência em climas
quentes e secos, podendo passar vários meses sem chuvas.
Boa parte das cactáceas e suculentas são mais apropriadas para vasos ou jardins
rochosos, ou ainda para serem utilizadas em trechos mais ressequidos da paisa
gem, onde podem ser cultivadas em ambiente mais apropriado às suas caracte
41
rísticas naturais. Muitas espécies, entretanto, têm uma utilização mais am pla e
extensiva, sendo normalmente empregadas, dependendo da espécie, como forra-
ções, herbáceas ou arbustivas.
As cycas, embora façam parte das coníferas, pelo tipo de frutificação que pro
duzem, são muito assemelhadas às palm eiras, podendo ser incluídas entre estas
na classificação anteriormente adotada para os tipos vegetais.
Espécies que se desenvolvem sobre o caule de outras, sem chegar com suas raí
zes ao solo, parasitando ou não a planta hospedeira, constituem um grupo de
42
plantas tão específico que não se enquadram em nenhum dos tipos descritos. No
paisagismo estas plantas poderão ser utilizadas apenas como complementos,
sem chegar a participar da estrutura da composição propriam ente dita.
CONCLUSÃO
A categorização de tipos vegetais conforme foi estabelecida, perm ite uma abor
dagem gradual do estudo da vegetação dentro de um projeto de paisagism o, tra
balhando-se inicialmente com aspectos mais gerais como forma e volume e che
gando-se aos poucos aos aspectos mais particulares e detalhados, até que se che
gue à especificação propriam ente dita. Saber explorar todos os aspectos, mesmo
os mais sutis, como textura, coloração, tonalidades, por exemplo, vai sem dúvi
da exigir um conhecim ento apurado das espécies vegetais, o que só será possível
através de uma am pla experiência, e mesmo uma certa convivência com as es
pécies vegetais, apoiada por informações precisas sobre todas as peculiaridades
de cada espécie, obtidas na bibliografia específica, as quais nem sem pre existem
ou são encontradas facilmente.
Algumas espécies vegetais são mais adequadas quando utilizadas como elemen
tos de destaque na paisagem, enquanto outras prestam-se mais à formação de
massas vegetais com aspecto neutro, utilizadas em segundo plano, para delimi
tação do espaço ou fechamento da composição.
43
ções e herbáceas, e ainda um sem número de outros tipos de combinações possí
veis. Contudo esta discussão foge ao escopo principal do presente trabalho.
Resta finalmente reforçar o que foi dito no início, a respeito da relação da vege
tação com o seu ambiente. Embora as plantas cultivadas tenham uma grande
capacidade a se adequar ao ambiente, existem limites que precisam ser conheci
dos. Algumas espécies são muito pouco exigentes e por isso mesmo utilizadas
com muita freqüência nas mais diversas situações, enquanto outras, adaptadas
apenas a condições mais restritas, têm que ser utilizadas com m aior cuidado.
Nos casos em que se pretenda um paisagismo mais exuberante ou de maior
qualidade visual, é conveniente que seja previsto desde o projeto arquitetônico à
existência de ambientações variadas, que permitam uma aplicação mais rica e
diversificada dos recursos vegetais.
BIBLIOGRAFIA
BRUCE, H., altri. Taylor's Guide to Shrubs. Boston: Houghton Mifflin Company, 1987.
FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas. São Paulo: Nobel, 1982.
HALLÉ, F. & Altri. Tropical trees and forests, an architectural analysiss. Berlim:
Springer-Verlag, 1978.
44
HOYOS, J. Flora tropical ornamental. Caracas: Sociedad de Ciências Naturales La
Salle, 1978.
JOHNSON, H. The international book o f trees. London: Mitchel Bearley Limited, 1977.
KUNKEL, G. Flowering trees in subtropical gardens, Dr. W. Junk b.w. Publishers, The
Hague, 1978.
LANZARA, P., Pizzetti, M. Guide to trees. New York: Simon Schuster Inc., 1977.
MCCURRACH, James C. Palms o f the World. New York: Harper & Brothers, 1977.
OAKES, A. J. Ornamental grasses and grasslike plants. New York: Van Nostrand
Reinhold, 1990.
45